anatomia humana enfermagem, módulo ii anatomia humana

99
ANATOMIA HUMANA Enfermagem, Módulo II Centro Técnico Lusíadas

Upload: independent

Post on 08-Mar-2023

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ANATOMIA HUMANA

Enfermagem, Módulo II

Centro Técnico Lusíadas

_______ Anatomia Humana

1

Sumário

Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana .................................................................. 5

1. Conceito ................................................................................................................................................. 5

2. Histórico da Anatomia Humana ............................................................................................................ 5

3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia ............................................................................................ 8

Capítulo II – Estudo da Anatomia ................................................................................... 13

1. Conceito de Anatomia ......................................................................................................................... 13

2. Normal e Variação Anatômica ............................................................................................................. 14

3. Nomenclatura Anatômica.................................................................................................................... 15

4. Posição Anatômica .............................................................................................................................. 16

5. Divisão do Corpo Humano ................................................................................................................... 17

6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano ............................................................................ 17

7. Termos de Posição e Direção .............................................................................................................. 19

8. Termos de Movimentos....................................................................................................................... 20

9. Divisão do Estudo da Anatomia ........................................................................................................... 22

Capítulo III – Sistema Esquelético .................................................................................. 23

1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 23

2. Coluna Vertebral .................................................................................................................................. 23

3. Classificação dos Ossos ........................................................................................................................ 25

4. Configuração Interna do Osso ............................................................................................................. 26

5. Características Ósseas ......................................................................................................................... 27

Capítulo IV – Sistema Articular ....................................................................................... 28

1. Definição .............................................................................................................................................. 28

2. Classificação das Junturas.................................................................................................................... 28

Capítulo V – Sistema Muscular ....................................................................................... 34

1. Conceito ............................................................................................................................................... 34

2. Funções dos Músculos ......................................................................................................................... 34

3. Mecanismo da Contração Muscular .................................................................................................... 35

Capítulo VI – Sistema Nervoso ....................................................................................... 37

1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 37

2. Funções do Sistema Nervoso ............................................................................................................... 38

3. Subdivisões do Sistema Nervoso ......................................................................................................... 38

3.1. Sistema Nervoso Periférico ............................................................................................................. 38

_______ Anatomia Humana

2

3.2. Sistema Nervoso Autônomo ............................................................................................................ 39

4. Condução de Informações no Sistema Nervoso .................................................................................. 40

5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso ................................................................................................ 40

5.1. Meninges ......................................................................................................................................... 40

5.2. Cérebro ............................................................................................................................................ 41

5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo .......................................................................................................... 42

5.4. Medula Espinhal .............................................................................................................................. 43

6. Tecido Nervoso .................................................................................................................................... 45

7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso ................................................................................................ 48

Capítulo VII – Sistema Esquelético ................................................................................ 52

1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 52

2. Circulação Sanguínea ........................................................................................................................... 52

3. Vasos Sanguíneos ................................................................................................................................ 54

3.1. Artérias ............................................................................................................................................ 55

3.2. Veias ................................................................................................................................................ 55

3.3. Capilares Sanguíneos ....................................................................................................................... 57

Capítulo VIII – Sistema Linfático .................................................................................... 58

1. Anatomia do Sistema Linfático ............................................................................................................ 58

2. Fisiologia do Sistema Linfático ............................................................................................................. 62

3. Mecanismo de Formação da Linfa ....................................................................................................... 64

4. Câncer e Sistema Linfático ................................................................................................................... 66

Capítulo IX – Sistema Respiratório ................................................................................ 67

1. Condições Gerais ................................................................................................................................. 67

2. Nariz ..................................................................................................................................................... 67

3. Faringe ................................................................................................................................................. 68

4. Laringe ................................................................................................................................................. 68

5. Traqueia ............................................................................................................................................... 68

6. Brônquios............................................................................................................................................. 68

7. Fisiologia da Respiração ...................................................................................................................... 68

Capítulo X – Sistema Digestivo ...................................................................................... 70

1. Conceito ............................................................................................................................................... 70

2. Boca ..................................................................................................................................................... 70

3. Dentes .................................................................................................................................................. 70

_______ Anatomia Humana

3

4. Línguas ................................................................................................................................................. 70

5. Palato ................................................................................................................................................... 71

6. Faringe e Esôfago ................................................................................................................................. 71

7. Estômago ............................................................................................................................................. 71

8. Intestino Delgado ................................................................................................................................ 72

9. Intestino Grosso .................................................................................................................................. 72

10. Glândulas Anexas ............................................................................................................................. 73

10.1. Glândulas Salivares ...................................................................................................................... 73

10.2. Pâncreas ...................................................................................................................................... 73

10.3. Fígado .......................................................................................................................................... 73

Capítulo XI – Sistema Excretor ....................................................................................... 75

1. Conceito ............................................................................................................................................... 75

2. Néfron .................................................................................................................................................. 75

3. Principais Catabólitos .......................................................................................................................... 76

4. Eliminação da Urina ............................................................................................................................. 77

4.1. Ureter .............................................................................................................................................. 77

4.2. Bexiga Urinária ................................................................................................................................ 77

4.3. Uretra .............................................................................................................................................. 78

Capítulo XII – Sistema Genital ........................................................................................ 79

1. Sistema Reprodutor Masculino ........................................................................................................... 79

1.1. Pênis ................................................................................................................................................ 79

1.2. Saco Escrotal, Bolsa Escrotal ou Escroto ......................................................................................... 80

1.3. Corpo Cavernoso ............................................................................................................................. 81

1.4. Corpo Esponjoso .............................................................................................................................. 81

1.5. Túbulos Seminíferos ........................................................................................................................ 81

1.6. Bexiga .............................................................................................................................................. 81

2. Sistema Reprodutor Feminino ............................................................................................................. 81

2.1. Órgãos Genitais Internos ................................................................................................................. 82

Capítulo XIII – Sistema Endócrino .................................................................................. 86

1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 86

2. Principais Glândulas Endócrinas .......................................................................................................... 87

Capítulo XIV – Sistema Sensorial ................................................................................... 89

1. Introdução ........................................................................................................................................... 89

_______ Anatomia Humana

4

2. Tato ou Somestesia ............................................................................................................................. 90

3. Audição ................................................................................................................................................ 90

4. Gustação .............................................................................................................................................. 92

5. Olfato ................................................................................................................................................... 93

6. Visão .................................................................................................................................................... 93

Capítulo XV – Sistema Tegumentar................................................................................ 95

1. Introdução ........................................................................................................................................... 95

2. Função da Pele ..................................................................................................................................... 96

3. Anexos da Pele..................................................................................................................................... 96

Capítulo XVI – Referencia Bibliográficas ....................................................................... 98

_______ Anatomia Humana

5

Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana

1. Conceito

A Anatomia (anã = em partes + tomein = cortar) estuda macroscopicamente a

constituição dos seres, identificando órgãos e sistemas. Por ser antiga, é considerada

uma ciência-mãe, uma vez que dá suporte para as demais ciências biológicas, o que

permite a identificação e o estabelecimento conceitual dos sistemas orgânicos.

Vários anos foram necessários para que uma linguagem padrão fosse estabelecida

pelos anatomistas. A nomenclatura anatômica, como foi chamada essa linguagem

universal, tornou possível a padronização nominal das estruturas do corpo, diminuindo o

vasto dicionário de termos anatômicos existentes, além de constituir um avanço no campo

conciliatório entre os anatomistas do mundo inteiro.

2. Histórico da Anatomia Humana

O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de

Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais.

Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do

ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as

ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que provavelmente eram

figuras baseadas na dissecação animal.

No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na

Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e

Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático.

A partir do ano 150 a.C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões

éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no

mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais.

Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas

que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios

para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para

trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de

“cocção dos ossos”.

_______ Anatomia Humana

6

O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a

causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia

matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade

infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana

cada vez mais frequente.

A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As

ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era

limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros tanto de

conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal quais os antigos e as ilustrações

realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo.

A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que

nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos

apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa

qualidade oposta à prática, as figuras não realistas e esquemáticas foram suficientes.

Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das

representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados

anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori

fabrica em 1453, um dos livros mais importantes da história do homem.

Vesálio nasceu em Bruxelas em 1514, no seio de uma família muito relacionada

com a casa de Borgonha e a corte do Imperador da Alemanha. Sua primeira formação

médica foi na Universidade de Paris (onde esteve com mestres como Jacques du Bois e

Guinter de Andernach), e foi interrompida pela guerra entre França e o Sacro Império

Romano.

Vesálio completou seus estudos na renomada escola médica de Pádua, no norte

da Itália. Após seu término começou a estudar cirurgia e anatomia. Após alguns trabalhos

preliminares, em 1543, com a idade de 28 anos, publicou seu opus magnun, que

revolucionou não só a anatomia como também o ensino científico em geral.

As ilustrações da Fabrica destacam-se precisamente pela sua estreita relação com

o texto, já que ajudam no entendimento do que este expressa com dificuldade. Supera a

pauta expositiva usada por Mondino, e cada um dos sistemas principais (ossos,

músculos, vasos sanguíneos, nervos e órgãos internos) é representado e estudado

separadamente. As partes de cada sistema orgânico são expostas tanto em conjunto

_______ Anatomia Humana

7

como individualmente e mesmo assim são consideradas todas as relações entre essas

estruturas. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos.

No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da

fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o

estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem

basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos

impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar.

Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e

comum ideia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida,

continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as

características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de

evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton.

Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas

hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa

(exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson em 1611 estabeleceu a

diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de

glândula apesar de não formar parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham

do cérebro.

A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças

às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica

referente à produção de sangue.

Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o

peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem

seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares

quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para

produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue

nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta

transformação.

A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII

foram dados passos importantes para seu esclarecimento. Robert Hook (1635-1703)

demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se

inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar

_______ Anatomia Humana

8

transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o

venoso, a qual se devia ao contato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679)

afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância

do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um

intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitro aéreo e ganhava os

vapores produzidos pelo sangue.

Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por

Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o

sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da

base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de

surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o

fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos

do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da

imaginação.

3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia

No século XVIII, Edinburgh, na Grã-Bretanha, era um grande centro de estudos

anatômicos. Na Universidade, a cátedra de Anatomia foi ocupada pela dinastia dos Monro

por três gerações. O primeiro deles, Alexander Monro primus lecionou de 1720 a 1758,

tendo sido substituído por seu filho Alexander Monro secundus, que se destacou como

autor de quatro importantes obras de Anatomia, numa das quais, publicada em 1797,

descreveu o chamado "buraco de Monro".

Sucedeu-lhe seu filho, Alexander Monro tertius, que não possuía as qualidades do

pai, e o ensino de Anatomia na Universidade entrou em declínio.

Na época, era permitido o ensino paralelo em escolas e cursos privados. Para o

ensino de anatomia destacava-se o curso extracurricular dirigido por John Barclay,

anatomista de grande renome e prestígio internacional. Barclay convidou para ser seu

assistente ao Dr. Robert Knox, que se tornou um dos personagens do episódio que

vamos narrar. Antes, precisamos saber quem era Robert Knox.

Robert Knox (1791-1862) era natural de Edinburgh, onde foi educado. No colégio

fora um aluno brilhante, tendo sido premiado por seu desempenho nos estudos e conduta

exemplar. Graduou-se em medicina em 1814, ingressando no ano seguinte no Exército

_______ Anatomia Humana

9

como cirurgião- auxiliar. Uma de suas primeiras atuações foi a de atender feridos da

batalha de Waterloo. Em 1815 foi promovido a cirurgião-assistente, indo servir na África

do Sul, onde permaneceu durante três anos. Durante sua estada na África do Sul

interessou-se por estudos de anatomia comparada, antropologia e características étnicas

dos povos africanos.

Retornando a Edinburgh em 1821 licenciou-se do Exército e foi estagiar em Paris

com Cuvier, um dos grandes anatomistas da época. De volta a Edinburgh aceitou o

convite de Barclay para ser seu assistente no curso de anatomia.

Entre 1821 e 1823 Knox publicou vários trabalhos científicos no Edinburgh Medical

Journal e em dezembro de 1823 foi eleito membro da Royal Society.

Barclay possuía uma grande coleção de peças anatômicas, que ele doou ao Royal

College of Surgeons de Edinburgh para instalação de um museu de anatomia e, em 1825,

Knox foi indicado para Conservador do museu. Este museu foi enriquecido com outra

grande coleção de anatomia e anatomia patológica adquirida pelo Colégio, em Londres,

de Charles Bell. Knox encarregou-se de organizar o museu, catalogando todas as peças.

Paralelamente a essas atividades, Knox firmou-se como professor de anatomia na escola

de Barclay. Suas aulas eram muito apreciadas pelos alunos por seu conteúdo, exposição

didática e, sobretudo, pelas demonstrações práticas em dissecções de cadáveres.

Em agosto de 1826 Barclay faleceu e Knox assumiu a direção da escola, que

contava, naquele ano, com 300 alunos matriculados.

Na ocasião, o ensino prático de anatomia era dificultado pela falta de cadáveres

para dissecção. A dissecção só era legalmente permitida em corpos dos criminosos

condenados ao patíbulo, pois fazia parte da pena de morte negar ao criminoso

sepultamento digno em terreno santificado pela Igreja.

O número de criminosos condenados à morte era insuficiente para prover as

necessidades do ensino de anatomia. Em consequência, surgiu o mercado negro de

cadáveres, os quais eram exumados por ladrões no cemitério, logo após o sepultamento,

e vendidos às escolas médicas. Os cadáveres deviam ser recentes, pois não havia os

métodos de conservação atuais. Os ladrões de cadáveres passaram a ser chamados de

ressurreccionistas.

As famílias dos mortos para se defenderem dos ressurreccionistas, costumavam

proteger o túmulo com grades ou pagar vigias noturnos. Alguns cemitérios foram

_______ Anatomia Humana

10

cercados de muros ou dispunham de torres de observação e policiamento contínuo.

Mesmo assim, os ladrões de cadáveres conseguiam ludibriar toda a vigilância.

Curiosamente, os ressurreccionistas, quando acusados, não eram condenados, por

falta de amparo legal, pois não havia lei prevendo este tipo de crime e a violação da

sepultura não se enquadrava como roubo, já que o cadáver não é propriedade de

ninguém.

Foi nesse ambiente que ocorreu o episódio macabro que abalou a opinião pública,

não somente na Inglaterra, como em todo o mundo. Dois irlandeses, William Hare e

William Burke, que residiam em Edinburgh, cometeram uma série de assassinatos com o

fim de vender os corpos das vítimas para dissecção nas aulas de anatomia.

William Hare residia em uma pensão, cujo proprietário, Mr. Log veio a falecer. Hare

casou-se com a viúva, Margaret, passando da condição de hóspede a dono da pensão.

William Burke e sua amante, Helen Mc Douglas, foram residir na referida pensão como

inquilinos.

Hare e Burke costumavam beber juntos e tornaram-se amigos. Em 29 de novembro

de 1827, um dos pensionistas, de nome Donald, aposentado que vivia só, morreu

subitamente, deixando uma dívida para com a pensão. Hare teve a ideia de vender o

cadáver para dissecção, com o fim de se ressarcir do prejuízo. Com a ajuda de Burke

simulou o sepultamento, colocando no caixão um peso equivalente ao de uma pessoa.

Hare tencionava vender o corpo para Alexander Monro, na Universidade, porém foi

informado por um estudante que a escola de anatomia do Dr. Knox pagaria um preço

melhor. O corpo foi vendido para o Dr. Knox por 7.1 libras.

Encorajados com o sucesso da operação, perceberam ambos que a venda de

cadáveres era um negócio muito lucrativo. Em lugar de violar sepulturas no cemitério, o

que era trabalhoso e arriscado idealizou um processo mais fácil de obter o cadáver, que

puseram em prática. A estratégia consistia em atrair para a pensão pessoas

desamparadas, pedintes de rua, cuja morte não seria notada pela comunidade, passando

despercebida.

A vítima era embriagada com whisky e, a seguir, morta por asfixia, comprimindo-se

com um travesseiro ou almofada seu rosto, impedindo-a de respirar. Esse método não

deixava vestígio da causa da morte. Burke se encarregava da execução e Hare de

negociar a venda do corpo.

_______ Anatomia Humana

11

Os estudantes do curso de Anatomia do Dr. Knox passaram a desconfiar de que

algo estranho estaria ocorrendo, dada a quantidade de corpos disponíveis para

dissecção, todos em bom estado, ao contrário da escassez habitual.

Dois corpos chegaram a ser identificados por alguns estudantes: o de uma

prostituta, de nome Mary Paterson, e de um homem popular conhecido por Daft Jamie.

Comunicaram o fato ao Dr. Knox, que não o levou em consideração, e os corpos

foram imediatamente dissecados.

Durante o ano de 1828 pelo menos 16 corpos foram vendidos à escola de

anatomia do Dr. Knox. A última vítima foi de uma irlandesa de nome Mary Docherty, que

desapareceu da pensão de um dia para outro, levantando suspeitas entre os demais

hóspedes, especialmente do casal Gray, que encontrou o corpo debaixo de uma cama. A

polícia foi avisada, porém quando chegou à pensão já o corpo não se encontrava no local.

Alguns vizinhos, contudo, relataram ter visto dois homens carregando uma grande caixa

de madeira. A polícia, já ciente da suspeita que pairava na escola de anatomia do Dr.

Knox, para lá se dirigiu, onde encontrou e identificou o corpo da vítima.

Em 24 de dezembro de 1828 foram presos Hare e sua mulher e Burke com sua

amante. Na impossibilidade de obter uma prova concreta de que se tratava de

assassinato, visto que não havia ferimentos ou sinais de violência no corpo da vítima, a

polícia propôs a Hare que, se ele confessasse somente Burke seria julgado pelo

assassinato de Mary Docherty.

Hare contou toda a verdade e foi posto em liberdade juntamente com sua mulher.

Burke foi julgado e condenado à forca. Sua amante, Helen Mc Donald, acusada de

cumplicidade, foi absolvida por falta de provas.

Antes de sua morte, Burke confirmou que havia matado, ao todo, 16 pessoas,

porém negou que jamais houvesse violado uma sepultura para roubo de cadáver.

Sua execução, na forca, ocorreu no dia 28 de janeiro de 1829 e foi assistida por

uma multidão de milhares de pessoas, de todas as classes sociais, que se acotovelavam

para ver de perto o criminoso. Fazia parte da sentença que o seu corpo fosse

publicamente dissecado pelo Prof. Alexander Monro tertius, o que foi feito.

Durante a dissecção, em presença de estudantes e de curiosos, houve um tumulto

e a maior parte da pele do criminoso, que já havia sido retirada, desapareceu. Tempos

_______ Anatomia Humana

12

depois apareceram à venda, livros encadernados com a pele curtida de Burke. Um de tais

livros pode ser visto no museu da Universidade, assim como o esqueleto de Burke.

Dr. Knox foi apontado como receptador dos corpos das vítimas assassinadas

levantou contra ele a suspeita de que teria conhecimento da procedência dos caiu em

desgraça perante a opinião pública. O seu curso de anatomia, que chegou a ter 504

alunos matriculados nos anos de 1827 e 1828, esvaziou-se progressivamente.

Em 1831, sentindo-se constrangido e alvo de desconfiança e de ataques, Knox

deixou o cargo de Conservador do museu e em 1842 mudou-se definitivamente para

Londres, onde viveu os últimos anos de sua vida.

Hare fugiu para Londres, onde terminou seus dias como indigente. Ignora-se o

destino de Margaret Hare e Helen McDouglas.

Os fatos ocorridos em Edinburgh repercutiram intensamente no Parlamento

britânico, que promulgou, em 1832, o Anatomy Act, segundo o qual passou a ser

permitido o uso de cadáveres não reclamados por familiares para o ensino de anatomia.

Com isto extinguiu-se na Grã Bretanha o mercado negro de cadáveres e a prática de

roubo de corpos nos cemitérios.

Este macabro episódio ficou marcado na história da língua inglesa pela criação do

neologismo burkism e do verbo to burk, com o sentido de sufocar, matar alguém para

venda do cadáver, assassinar sem deixar vestígio.

_______ Anatomia Humana

13

Capítulo II – Estudo da Anatomia

1. Conceito de Anatomia

Anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição e o

desenvolvimento dos seres organizados. Um excelente e amplo conceito de anatomia foi

proposto em 1981 pela american association of anatomists: anatomia é a análise da

estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em

resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a

compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a

descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos

mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas.

A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das

mudanças em longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das

mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento;

até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade

funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um

sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas

celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana =

através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é

equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência,

enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência.

Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da

civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos

corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras.

Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos:

Anatomia macroscópica;

Anatomia microscópica;

Anatomia do desenvolvimento.

A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu,

utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia

Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e

_______ Anatomia Humana

14

requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e

eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos

tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos).

A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do

ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do

desenvolvimento até o nascimento.

Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a

existência de estudos específicos.

2. Normal e Variação Anatômica

Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é

encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem

prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital.

Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila.

Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo funcional

trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que

deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida,

é uma monstruosidade.

_______ Anatomia Humana

15

3. Nomenclatura Anatômica

Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos

empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de

Nomenclatura Anatômica.

Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado,

graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França,

Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações

diferentes nestes centros de estudos e pesquisas.

Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20

000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5

000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica

internacional ocorreu em 1895.

Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas

revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura

Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatômica). Revisões

subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica

tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões

suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos

Internacionais de Anatomia.

A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país

pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a

nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas

traga também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste

princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os

termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o

seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações

(ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m.

levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e

situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados,

porque estão consagrados pelo uso.

_______ Anatomia Humana

16

4. Posição Anatômica

Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-

se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada

posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas,

quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o

indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada.

Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com

a face voltada para frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores

estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores

unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.

_______ Anatomia Humana

17

5. Divisão do Corpo Humano

O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça

corresponde à extremidade superior do corpo estando unido ao tronco por uma porção

estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas

cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na

cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou

pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte

livre.

6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano

Plano Sagital Mediano (ou, simplesmente, mediano): plano vertical que passa

longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em dois antímeros direito e

esquerdo.

_______ Anatomia Humana

18

Nota 1: chama-se, genericamente, de planos sagitais aos planos verticais que

passam através do corpo, paralelos ao plano mediano. Qualquer plano paralelo ao

plano mediano é sagital, por definição.

Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelo aos sagitais são denominados

laterais direito e esquerdo.

Plano Frontal Médio: plano vertical, que passa através do corpo em ângulo reto

com o plano mediano, dividindo-o em dois paquímeros ventral e dorsal.

Nota 1: denomina-se planos frontais (ou coronais) à quaisquer planos paralelos ao

frontal mediano e que dividem o corpo em partes anterior (frente) e posterior (de

trás).

Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelos aos frontais são denominados

ventral (ou anterior) e dorsal (ou posterior).

Planos Transversais (transversos): são planos horizontais, perpendiculares aos

planos sagitais e frontais, que dividem o corpo em metâmeros.

Nota 1: Ao plano paralelo aos transversais que tangencia a cabeça denomina-se

cranial ou superior; e ao que tangencia os pés é chamado de inferior ou podálico.

Nota 2: O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano que passa pelo

vértice do cóccix, o plano caudal.

_______ Anatomia Humana

19

7. Termos de Posição e Direção

A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos

planos de delimitação e secção.

Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamados de medial e

laterais conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano

mediano do corpo.

Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou

ventral) e posteriores (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou

mais distante do plano anterior.

Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial)

para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste

plano.

Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros empregam-se,

comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais

próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo empregam-se os

termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais

distante da boca.

Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de

intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra

posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou

ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média.

_______ Anatomia Humana

20

Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas,

sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana,

enquanto os outros termos de posição e direção são relativos, pois se baseiam na

comparação do seu posicionamento.

8. Termos de Movimentos

Na análise de movimento realizado, a determinação do eixo de movimento

realizado é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é

sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento. Assim, todo movimento é

realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é perpendicular àquele

plano.

MOVIMENTOS ANGULARES

Nestes movimentos há uma diminuição ou aumento do ângulo existente entre o

segmento que se desloca e aquele que permanece fixo.

Flexão e Extensão

Flexão: É a diminuição do ângulo de uma articulação ou aproximação de duas

estruturas ósseas.

Extensão: É o aumento do ângulo de uma articulação ou afastar duas estruturas

ósseas.

Adução e Abdução

São movimentos nos quais o segmento é deslocado, respectivamente, em direção

ao plano mediano (adução) ou em direção oposta, isto é, afastando-se dele (abdução).

Circundação

Em alguns segmentos do corpo, especialmente nos membros, o movimento

combinatório que inclui adução, extensão, abdução e flexão resultam na circundação.

Neste tipo de movimento, a extremidade distal do segmento descreve um círculo e o

_______ Anatomia Humana

21

corpo do segmento, um cone, cujo vértice é representado pela articulação que se

movimenta.

Rotação

É o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal (vertical).

Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial, quando a face anterior do

membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma rotação lateral, no movimento

oposto.

Mão: Rotação medial do antebraço = pronação.

Rotação lateral do antebraço = supinação.

Pé: Adução + Supinação (rotação medial) = inversão (do calcâneo).

Abdução + Pronação (rotação lateral) = eversão (do calcâneo).

_______ Anatomia Humana

22

9. Divisão do Estudo da Anatomia

Osteologia: parte da anatomia que estuda os ossos.

Miologia: parte da anatomia que estuda os músculos.

Sindesmologia ou Artrologia: parte da anatomia que estuda as articulações.

Angiologia: parte da anatomia que estuda o coração e os grandes vasos.

Neuroanatomia: parte da anatomia que estuda o sistema nervoso central e o

periférico.

Estesiologia: parte da anatomia que estuda os órgãos que se destinam à captação

das sensações.

Esplancnologia: parte da anatomia que estuda as vísceras que se agrupam para o

desempenho de uma determinada função como: fonação, digestão, respiração,

reprodução e urinária.

Endocrinologia: parte da anatomia que estuda as glândulas sem ducto, que

segregam hormônios, os quais são drenados diretamente na corrente sanguínea.

Tegumento comum: parte da anatomia que estuda a pele e os seus anexos.

_______ Anatomia Humana

23

Capítulo III – Sistema Esquelético

1. Considerações Gerais

Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de ossos,

cartilagens e ligamentos que se interligam para formar o arcabouço do corpo e

desempenhar várias funções, tais como: proteção (para órgãos como o coração, pulmões

e sistema nervoso central); sustentação e conformação do corpo; local de

armazenamento de cálcio e fósforo (durante a gravidez a calcificação fetal se faz, em

grande parte, pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo materno);

sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem os deslocamentos

do corpo, no todo ou em parte e, finalmente, local de produção de várias células do

sangue.

O sistema esquelético pode ser dividido porções:

Uma mediana, formando o eixo do corpo, composta pelos ossos da cabeça,

pescoço e tronco;

O esqueleto axial formado pelo trono e cinturas;

O esqueleto apendicular. A união entre estas duas porções se faz por meio de

cinturas: escapular (ou torácica), constituída pela escápula e clavícula e pélvica

constituída pelos ossos do quadril.

No adulto existem 206 ossos, distribuídos ao longo do corpo. Este número varia de

acordo com a idade (do nascimento a senilidade há uma redução do número de ossos),

fatores individuais e critérios de contagem.

2. Coluna Vertebral

No tronco destaca-se a coluna vertebral que é uma haste forte e flexível,

didaticamente dividida em duas porções: anterior, constituída pelo ligamento longitudinal

anterior, corpo vertebral, disco intervertebral e ligamento longitudinal posterior, e

outra, posterior, constituída pelo canal vertebral, ligamento amarelo, articulações inter-

apofisárias, ligamentos interespinhais e supra-espinhais, pedículos, lâminas, processos

transversos e espinhosos.

_______ Anatomia Humana

24

A flexibilidade é sua principal característica, pois as vértebras apresentam

mobilidade entre si. A estabilidade é fornecida por sua estrutura ligamentar e

osteomuscular.

Entre suas funções, temos: proteção da medula espinhal, movimentação e marcha,

manutenção da posição ereta, suporte do peso corporal e ligação de todas as suas

regiões desde a occipital até o sacro.

Os 33 corpos vertebrais constituem os principais pilares da coluna, todos eles com

características próprias, sendo:

7 cervicais

12 torácicos

5 lombares

5 sacrais

4 coccígeos

As vértebras são conectadas entre si pelas articulações posteriores entre os corpos

vertebrais e os arcos neurais. Elas se articulam de modo a conferir estabilidade e

_______ Anatomia Humana

25

flexibilidade à coluna, atributos necessários para a mobilidade do tronco, postura,

equilíbrio e suporte de peso, e em seu interior o canal vertebral, eixo central que contém a

medula espinhal.

3. Classificação dos Ossos

Há várias maneiras de classificar os ossos. Uma delas é classificá-los por sua

posição topográfica, reconhecendo-se ossos axiais (que pertencem ao esqueleto axial) e

apendiculares (que fazem parte do esqueleto apendicular). Entretanto, a classificação

mais difundida é aquela que leva em consideração a forma dos ossos, classificando-os

segundo a relação entre suas dimensões lineares (comprimento, largura ou espessura),

em ossos longos, curtos, laminares e irregulares.

Osso longo: Seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e a

espessura. Consiste em um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. A

diáfise apresenta, em seu interior, uma cavidade, o canal medular, que aloja a

medula óssea. Exemplos típicos são os ossos do esqueleto apendicular: fêmur,

úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, falanges.

Osso laminar: Seu comprimento e sua largura são equivalentes, predominando

sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal, frontal, occipital e outros

como a escápula e o osso do quadril, são exemplos bem demonstrativos. São

também chamados (impropriamente) de ossos planos.

Osso curto: Apresenta equivalência das três dimensões. Os ossos do carpo e do

tarso são excelentes exemplos.

Osso irregular: Apresenta uma morfologia complexa não encontrando

correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e osso temporal

são exemplos marcantes.

Osso pneumático: Apresenta uma ou mais cavidades, de volume variável,

revestidas de mucosa e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus ou

seio. Os ossos pneumáticos estão situados no crânio: frontal, maxilar, temporal,

etmoide e esfenoide.

_______ Anatomia Humana

26

Osso sesamóide: Que se desenvolve na substância de certos tendões ou da

cápsula fibrosa que envolve certas articulações. os primeiros são chamados

intratendíneos e os segundos periarticulares. A patela é um exemplo típico de osso

sesamóide intratendíneo.

4. Configuração Interna do Osso

A análise do osso por microscopia revela duas regiões que divergem entre si pelo

número de espaços livres entre as trabéculas ósseas, denominadas substância óssea

compacta e substância esponjosa. Embora os elementos constituintes sejam os mesmo

nos dois tipos de substâncias ósseas, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo

considerado, e, seu aspecto macroscópico também se difere.

Na substância óssea compacta as lamínulas de tecido ósseo encontram-se

fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto.

Por esta razão, esse tipo é mais denso e rígido.

_______ Anatomia Humana

27

Na substância óssea esponjosa as lamínulas ósseas, mais irregulares em forma e

tamanho, se arranjam de forma a deixar entre si espaços ou lacunas que se comunicam

umas com as outras.

5. Características Ósseas

No vivente e no cadáver o osso se encontra sempre revestido por delicada

membrana conjuntiva, com exceção das superfícies articulares. Esta membrana é

denominada periósteo e apresenta dois folhetos: um superficial e outro profundo, este em

contato direto com a superfície óssea.

A camada profunda é chamada osteogênica pelo fato de suas células se

transformarem em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso,

promovendo assim o seu espessamento.

Os ossos são altamente vascularizados. As artérias do periósteo penetram no

osso, irrigando-o e distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu

periósteo o osso deixa de ser nutrido e morre.

_______ Anatomia Humana

28

Capítulo IV – Sistema Articular

1. Definição

Os ossos unem-se uns aos outros para constituir o esqueleto. Esta união não tem a

finalidade exclusiva de colocar os ossos em contato, mas também de permitir mobilidade

e elasticidade ao esqueleto. Esta união não se faz da mesma maneira entre todos os

ossos, assim, uma maior ou uma menos possibilidade de movimento varia de acordo com

o tipo de união.

2. Classificação das Junturas

As junturas são classificadas em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e

sinoviais, cuja definição é feita de acordo com o elemento estrutural encontrado em cada

tipo de juntura.

ARTICULAÇÕES FIBROSAS: São formadas por tecido conjuntivo fibroso e

conferem mais elasticidade do que mobilidade; são encontradas principalmente no

crânio. É evidente que a mobilidade nestas junturas é extremamente reduzida,

embora o tecido conjuntivo interposto confira certa elasticidade ao crânio. Dentro

das articulações fibrosas, dois subtipos podem ser listados, a saber: suturas e

sindesmoses.

Articulações fibrosas suturas: apresentam forma variável e, por isso, podemos

classificá-las em: planas (união linear, retilínea ou aproximadamente retilínea),

escamosas (união em forma de bisel) e serreadas (união em “linha dentada”).

Sutura Plana

Sutura Escamosa

_______ Anatomia Humana

29

Sutura Serreada

E interessante comentar que, na vida pré e pós-natal, o tamanho das articulações

que separam os ossos do crânio é maior em alguns pontos pela presença de maior

quantidade de tecido conjuntivo fibroso.

Essas regiões são chamadas de fontanelas (popularmente conhecidas como

moleiras) e desaparecem após a ossificação completa do crânio.

Articulações fibrosas sindesmoses: apresentam também como tecido interposto o

conjuntivo fibroso, mas não ocorrem entre os ossos do crânio. Na verdade, só há

dois registros desse tipo de juntura: sindesmose tíbio-fibular, isto é, a que se faz

_______ Anatomia Humana

30

entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e rádio ulnar entre as

extremidades do rádio e da ulna.

ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS: Apresentam também pouca mobilidade,

são constituídas por cartilagem que pode ser hialina (cartilagem articular que

representa a porção do osso que não foi invadida pela ossificação) ou fibrosa. Se

na articulação o elemento encontrado for cartilagem hialina, ela será classificada

como articulação cartilaginosa sincondrose; se cartilagem fibrosa, articulação

cartilaginosa sínfise.

Sincondrose externa Cartilaginosa Sínfise

_______ Anatomia Humana

31

ARTICULAÇÕES SINOVIAIS: Apresentam como elemento estrutural a sinóvia, um

líquido viscoso que permite a mobilidade da junção óssea com o mínimo de atrito

entre as extremidades do osso.

Essas extremidades ósseas são formadas por cartilagem hialina, desprovidas de

suprimento sanguíneo e nervoso, o que torna lento e difícil a regeneração do tecido, em

caso de lesões.

Além disso, encontramos nesse tipo de articulação uma cápsula articular, que

envolve a articulação, e uma cavidade articular onde se encontra o liquido sinovial.

Dessa forma, a cápsula articular, a cavidade articular e o líquido sinovial são

características das articulações sinoviais.

Em várias junturas sinoviais, interpostas às superfícies articulares, encontram-se

formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida:

serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam ou seriam destinadas a

receber violentas pressões, agindo como amortecedores.

Meniscos, com sua forma de meia lua são encontrados na articulação do joelho e

disco intra-articular nas articulações esterno clavicular e têmporo mandibular.

_______ Anatomia Humana

32

Os critérios utilizados para classificar as articulações sinoviais são: a forma das

superfícies ósseas que entram em contato e o movimento realizado por elas, de forma

que as articulações sinoviais podem ser classificadas em: plana, gínglimo, trocóide,

condilar, em sela e esferoide.

Plana: As superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, permitindo

deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. Exemplo:

articulação sacro-ilíaca.

Gínglimo: Denominado também de dobradiça refere-se muito mais ao movimento

do que à forma das superfícies articulares: realizam flexão e extensão. Exemplo:

articulação do cotovelo.

Trocóide: Permite rotação. Exemplo: articulação rádio-ulnar proximal responsável

pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação ocorre

uma rotação medial do rádio e na supinação, rotação lateral.

Condilar: As superfícies articulares são elípticas. Permitem flexão, extensão,

abdução e adução, mas não permitem a rotação. Exemplo: articulação rádio-

cárpica (ou do punho), articulação têmporo mandibular.

_______ Anatomia Humana

33

Em sela: A superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela,

apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa

numa segunda peça onde convexidade e concavidades apresentam-se no sentido

inverso da primeira. Permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação

(consequentemente circundação). Exemplo: articulação carpo-metacárpico do

polegar.

Esferoide: As superfícies articulares são segmentos de esferas e se encaixam em

receptáculos ocos. Permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução,

rotação e circundação. Exemplo: articulação do ombro (entre úmero e escápula) e

do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur).

_______ Anatomia Humana

34

Capítulo V – Sistema Muscular

1. Conceito

O músculo é a unidade contrátil do ser vivo, que obedece aos comandos do

sistema nervoso central.

São estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância

que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração, estes últimos são

os elementos ativos do movimento. Além de tornar possível o movimento, a musculatura

também mantém unida.

A literatura relata que os músculos podem ser classificados em:

Músculo estriado esquelético: músculos do esqueleto humano.

Músculo estriado cardíaco: presente no coração.

Músculo liso: presentes em órgãos viscerais.

O ser vivo é disposto de uma variedade de músculos que estão fixados em regiões

posterior, anterior, lateral e medial no corpo humano.

2. Funções dos Músculos

Entre ao vários tipos de músculos existentes ao longo de nosso corpo, tanto os

músculos esqueléticos, quanto cardíaco e lisos realizam atividades específicas, tais como:

Contração muscular;

Locomoção;

_______ Anatomia Humana

35

Sustentação;

Proteção;

Regulação de temperatura;

Respiração;

Elasticidade;

Flexibilidade.

3. Mecanismo da Contração Muscular

A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral

representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair- se o ventre

muscular há um encurtamento do comprimento do músculo e consequente deslocamento

da peça esquelética.

O trabalho realizado por um músculo depende da potência do músculo e da

amplitude de contração do mesmo. A amplitude de contração depende do comprimento

das fibras musculares. Assim, um músculo longo tem o mais alto grau de encurtamento.

A potência (ou força) é função do número de fibras que se contraem e número de

fibras contido em uma secção transversal do músculo, o que é medido em ângulo reto

com o eixo maior dos fascículos musculares e não com o eixo maior do músculo como um

todo.

Desta forma, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha

em força.

Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo

deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como

potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos

lisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se produz

um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou seu

diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo.

A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está

completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras

musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo, vai

depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora ao

conjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Desta forma um

_______ Anatomia Humana

36

músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros,

enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta

precisão e delicadeza.

Outra forma de classificar os músculos é observando o trabalho que eles realizam,

ou seja, sua função. Assim, quando o músculo executa um movimento, ele é denominado

agonista; quando se opõe ao movimento do agonista, ele é denominado antagonista;

ainda, quando potencializa a ação do agonista, ele é denominado sinergista.

_______ Anatomia Humana

37

Capítulo VI – Sistema Nervoso

1. Considerações Gerais

O sistema nervoso é dividido em duas partes principais:

Sistema nervoso central, composto de cérebro e medula espinhal.

Sistema nervoso periférico, composto de nervos cranianos e espinhais e seus

gânglios associados.

O sistema nervoso central é composto de grande número de células nervosas e

suas ramificações, mantidas por tecido especializado denominado neuroglia. Neurônio é o

nome dado à célula nervosa e todas as suas ramificações. As ramificações longas de

uma célula nervosa são denominadas axônios, ou fibras nervosas.

O interior do sistema nervoso central é organizado em substância branca e

cinzenta.

A substância cinzenta consiste em células nervosas e das porções proximais; de

suas ramificações, encerradas em neuroglia.

A substância branca consiste em fibras nervosas encerradas em neuroglia.

Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os nervos cranianos e

espinhais são cordões de coloração branco-acinzentada. São constituídos de feixes de

fibras nervosas mantidos por fino tecido areolar.

_______ Anatomia Humana

38

Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e passam através de

foramens do crânio. Existem 31 pares de nervos espinhais que partem da medula

espinhal e passam através de foramens intervertebrais na coluna vertebral.

2. Funções do Sistema Nervoso

O sistema nervoso é um dos principais órgãos do organismo vivo que desempenha

as seguintes funções:

Controlar

Comandar

Executar

Produzir

Conduzir

Direcionar

Ordenar

Liberar

Todos os tipos de comandos para que o seu vivo possa realizar as tarefas com

todas as suas integridades.

3. Subdivisões do Sistema Nervoso

3.1. Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso periférico é composto por terminações nervosas, gânglios e

nervos. Estes são cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por

tecido conjuntivo e que têm por função levar (ou trazer) impulsos ao (do) SNC. As fibras

_______ Anatomia Humana

39

que levam impulsos ao SNC são chamadas de aferentes ou sensitivas, enquanto que as

que trazem impulsos do SNC são as aferentes ou motoras. Os nervos são divididos em

dois grupos: nervos cranianos e nervos espinhais.

3.2. Sistema Nervoso Autônomo

Tanto o SN somático quanto o SN visceral possuem uma parte aferente e outra

eferente. Denomina-se sistema nervoso autônomo (SNA) a parte eferente do SN visceral.

O SNA por sua vez é dividido em duas partes: o sistema simpático e o sistema

parassimpático.

O simpático estimula as atividades que ocorrem em situações de emergência ou

tensão, enquanto o parassimpático é mais ativo nas condições comuns da vida,

estimulando atividades que restauram e conservam a energia corporal.

O simpático tem origens nas regiões torácica e lombar da medula espinhal,

enquanto o parassimpático as tem porções no tronco encefálico e nos segmentos sacrais

da medula espinhal. Ambos possuem fibras pré-ganglionares que fazem conexões com

gânglios (acúmulo de neurônios fora do SNC) e dos quais partem fibras pós-ganglionares

que vão até os órgãos efetuadores; contudo as fibras pré- ganglionares simpáticas são

curtas e as pós-ganglionares são longas, enquanto no parassimpático ocorre o contrário.

Existem várias outras diferenças, como no tipo dos mediadores químicos, que fogem ao

objetivo deste tópico.

_______ Anatomia Humana

40

4. Condução de Informações no Sistema Nervoso

As informações que são transmitidas pelo sistema nervoso, são chamadas de

impulsos elétricos ou potenciais de ação que trafegam por estruturas chamadas de nervos

ou fibras, que na verdade é um conjunto de axônios unidos para realizar esta função.

Podendo então classificar este nervos em:

Fibras aferentes: levam todas as informações sensitivas ao sistema nervoso

central.

Fibras efetoras: trazem as informações do sistema nervoso central para a

realização dos movimentos.

5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso

5.1. Meninges

A proteção ao SNC dada pelo crânio e pela coluna é acentuada reforçada pela

presença de lâminas de tecido conjuntivo, as meninges, que são de fora para dentro:

dura-máter, aracnoide e pia-máter.

A dura-máter é a mais espessa delas. No crânio está associada ao periósteo da

face interna dos ossos, enquanto entre ela e a coluna vertebral existe um espaço, o

espaço extradural (ou epidural). A pia-máter é a mais fina e está intimamente aplicada ao

encéfalo e à medula espinhal. Entre a dura e a pia-máter está a aracnoide, da qual partem

fibras delicadas que vão à pia-máter, formando uma rede semelhante a uma teia de

aranha. A aracnoide é separada da dura-máter por um espaço virtual, o espaço subdural

_______ Anatomia Humana

41

e da pia-máter pelo espaço subaracnoideo, real, onde circula o líquido cérebro-espinhal

ou líquor, o qual funciona como absorvente de choques.

O líquido cérebro-espinhal, incolor, é constantemente produzido nos ventrículos do

encéfalo e constantemente deixa o espaço subaracnoideo para entrar no sistema venoso.

Atua na nutrição do SNC e como amortecedor, protegendo o SNC de movimentos súbitos.

O SNC é heterogêneo quanto à distribuição dos corpos dos neurônios e de seus

prolongamentos. As regiões onde predominam os corpos neuronais são chamadas de

substância cinzenta. Outras regiões contêm, predominantemente, prolongamentos

neuronais (em especial seus axônios). Estes prolongamentos são, muitas vezes,

revestidos por mielina, o que lhes dá coloração mais pálida, daí a denominação de

substância branca.

No cérebro e no cerebelo a estrutura geral é a mesma: uma massa de substância

branca, revestida externamente por uma fina camada de substância cinzenta e tendo no

centro massas de substância cinzenta constituindo os núcleos (acúmulos de corpos

neuronais dentro do SNC). Na medula, a substância cinzenta forma um eixo central

contínuo envolvido por substância branca, enquanto no tronco encefálico a substância

cinzenta central não é contínua, apresentando-se fragmentada, formando núcleos.

5.2. Cérebro

O cérebro responde pelas funções nervosas mais elevadas, contendo centros para

interpretação de estímulos bem como centros que iniciam movimentos musculares. Ele

armazena informações e é responsável também por processos psíquicos altamente

elaborados, determinando a inteligência e a personalidade.

Ele é constituído pelos hemisférios cerebrais e pelo diencéfalo. Os hemisférios

cerebrais são duas massas unidas por uma ponte de fibras nervosas, o corpo caloso e

separado por uma lâmina de dura-máter, a foice do cérebro. Cada hemisfério é dividido

em cinco lobos, quatro dos quais vistos na superfície do cérebro e correspondendo cada

um aos ossos do crânio com que guardam relações, os lobos frontal, parietal, temporal e

occipital. O quinto lobo, a insula, fica coberto por partes dos lobos temporal, frontal e

parietal.

Os hemisférios são formados por uma camada externa de substância cinzenta, o

córtex cerebral - convoluto, formando giros e sulcos - e por uma massa interna de

_______ Anatomia Humana

42

substância branca, na qual estão enterrados diversos grupos de núcleos, os núcleos da

base, que fazem parte do sistema motor, participando do controle dos movimentos,

facilitando e sustentando os movimentos em curso e inibindo movimentos indesejados. A

cavidade dos hemisférios cerebrais forma os ventrículos laterais e a parte rostral do

terceiro ventrículo.

O diencéfalo fica quase totalmente circundado pelos hemisférios cerebrais; sua

cavidade forma a maior parte do terceiro ventrículo. Constituído pelo tálamo, pelo

hipotálamo e pelo epitálamo.

O tálamo é centro de retransmissão de todos os impulsos sensitivos (exceto olfato)

para o córtex cerebral. O hipotálamo é local de regulação de atividades viscerais

(cardiovascular, temperatura corporal, do equilíbrio hidroeletrolítico, da atividade

gastrintestinal e fome e das funções endócrinas), do sono e da vigília, da resposta sexual

e das emoções. O epitálamo é formado principalmente pela glândula pineal, implicada no

controle dos ritmos circadianos e na regulação do início da puberdade. É produtora do

hormônio melatonina.

5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo

O tronco encefálico apresenta é formado por substância branca contendo núcleos no

seu interior. Divide-se em mesencéfalo, ponte e bulbo.

_______ Anatomia Humana

43

O mesencéfalo é responsável pelos reflexos visuais e auditivos (colículos superior e

inferior); seus núcleos e os pedúnculos cerebrais participam do controle da postura e dos

movimentos.

A ponte é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos

cranianos (III – VII); e controla o ritmo e força da respiração.

O bulbo é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos

cranianos (VIII-XII); e é centro autônomo visceral (respiração, ritmo cardíaco,

vasoconstrição).

O cerebelo tem estrutura geral parecida com a do cérebro (substância cinzenta

externa e substância branca interna) e atua na coordenação motora e no equilíbrio.

5.4. Medula Espinhal

Situada no interior do canal vertebral, se continua rostralmente com o bulbo. Ela

recebe informações do pescoço, do tronco e dos membros e os controla, por meio dos

trinta e um nervos espinhais. A medula consiste em uma parte central de substância

cinzenta e outra parte periférica, de substância branca.

A substância cinzenta tem a forma aproximada da letra H. As projeções posteriores

são os cornos dorsais, os quais tanto contêm neurônios aferentes, condutores de

impulsos sensoriais periféricos, quanto dão origem às vias ascendentes, condutoras de

impulsos sensoriais para o encéfalo. As projeções anteriores são os cornos ventrais, que

contêm os neurônios motores da medula espinhal. Nas partes torácica e lombar existem

projeções laterais, as colunas laterais, que contêm os neurônios pré-ganglionares

simpáticos.

_______ Anatomia Humana

44

A substância branca contém fibras nervosas de trajeto longitudinal (tratos

ascendentes e tratos descendentes). Os principais tratos ascendentes são:

Colunas dorsais (fascículos grácil e cuneiforme): tato discriminativo e

propriocepção.

Trato espinotalâmico: dor, temperatura, pressão e tato grosseiro.

_______ Anatomia Humana

45

Trato espinocerebelar: informação dos receptores musculares e articulares.

Os principais tratos descendentes são:

Trato corticoespinhal anterior: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores

corticais que não cruzaram de lado nas pirâmides do bulbo; termina na medula

torácica. Suas fibras cruzam para o lado oposto pouco antes de fazerem sinapse

com os neurônios motores medulares.

Tratos corticoespinhal lateral: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores

corticais que cruzaram de lado (decussaram) nas pirâmides do bulbo. Mais

importante por ter mais fibras está presente ao longo de toda medula.

Tratos rubro-espinhal, vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal: origem no tronco

encefálico; participam do controle motor.

6. Tecido Nervoso

O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos de celulares: os neurônios e

as células glias.

Neurônio: é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso que é

especializada para a comunicação rápida. Tem a função básica de receber,

processar e enviar informações. São células altamente excitáveis que se

comunicam entre si ou com outras células efetuadoras, usando basicamente uma

linguagem elétrica. A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por

funções especializadas: corpo celular, dendritos e axônios.

Corpo celular: é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de

todas as proteínas neuronais. A forma e o tamanho do corpo celular são

extremamente variáveis, conforme o tipo de neurônio. O corpo celular é também,

junto com os dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos

sinápticos.

Dendritos: geralmente são curtos e ramificam-se profusamente, a maneira de

galhos de árvore, em ângulos agudos, originando dendritos de menor diâmetro.

São os processos ou projeções que transmitem impulsos para os corpos celulares

dos neurônios ou para os axônios. Em geral os dendritos são não mielinizados. Um

_______ Anatomia Humana

46

neurônio pode apresentar milhares de dendritos. Portanto, os dendritos são

especializados em receber estímulos.

Axônios: a grande maioria dos neurônios possui um axônio, prolongamento longo e

fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal. O axônio

apresenta comprimento muito variável, podendo ser de alguns milímetros como

mais de um metro. São os processos que transmitem impulsos que deixam os

corpos celulares dos neurônios, ou dos dendritos. A porção terminal do axônio

sofre várias ramificações para formar de centenas a milhares de terminais

axônicos, no interior dos quais são armazenados os neurotransmissores químicos.

Portanto, o axônio é especializado em gerar e conduzir o potencial de ação.

Tipos de Neurônios

São três os tipos de neurônios: sensitivo, motor e interneurônio. Um neurônio

sensitivo conduz a informação da periferia em direção ao SNC, sendo também chamado

neurônio aferente. Um neurônio motor conduz informação do SNC em direção à periferia,

sendo conhecido como neurônio eferente. Os neurônios sensitivos e motores são

encontrados tanto no SNC quanto no SNP.

Portanto, o sistema nervoso apresenta três funções básicas:

_______ Anatomia Humana

47

Função Sensitiva: os nervos sensitivos captam informações do meio interno e

externo do corpo e as conduzem ao SNC;

Função Integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada ou

interpretada;

Função Motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC em direção

aos músculos e às glândulas do corpo, levando as informações do SNC.

Sinapses

Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram em

contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos são

denominados sinapses. Ou seja, os neurônios comunicam-se uns aos outros nas

sinapses – pontos de contato entre neurônios, no qual encontramos as vesículas

sinápticas, onde estão armazenados os neurotransmissores. A comunicação ocorre por

meio de neurotransmissores – agentes químicos liberados ou secretados por um

neurônio. Os neurotransmissores mais comuns são a acetilcolina e a norepinefrina.

Outros neurotransmissores do SNC incluem a epinefrina, a serotonina, o GABA e as

endorfinas.

Fibras nervosas

Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presente, seu envoltório de

origem glial.

O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina (camadas de

substâncias de lipídeos e proteína), que funciona como isolamento elétrico. Quando

envolvidos por bainha de mielina, os axônios são denominados fibras nervosas mielínicas.

Na ausência de mielina as fibras são denominadas de fibras nervosas amielínicas.

Ambos os tipos ocorrem no sistema nervoso central e no sistema nervoso periférico,

sendo a bainha de mielina formada por células de Schwann, no periférico e no central por

oligodendrócitos.

A bainha de mielina permite uma condução mais rápida do impulso nervoso e, ao

longo dos axônios, a condução é do tipo saltatória, ou seja, o potencial de ação só ocorre

em estruturas chamadas de nódulos de Ranvier.

_______ Anatomia Humana

48

Células Glias: compreende as células que ocupam os espaços entre os neurônios

e tem como função sustentação, revestimento ou isolamento e modulação da

atividade neural.

7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso

Do ponto de vista funcional, o sistema nervoso (SN) pode ser dividido em SN

somático e SN visceral. O SN somático é responsável por integrar o indivíduo ao meio

externo, uma vez que inerva estruturas periféricas, enquanto que o SN visceral regula a

atividade das vísceras, de forma a controlar a homeostase, ou seja, a constância do meio

interno.

A parte aferente do SN somático conduz aos centros nervosos impulsos originados

em receptores periféricos, informando a estes centros o que se passa no ambiente. Por

outro lado, a parte eferente do SN somático leva aos músculos esqueléticos o comando

dos centros nervosos, resultando movimentos que levam a um maior relacionamento ou

integração com o meio externo.

O SN visceral é muito importante para a integração da atividade das vísceras no

sentido da manutenção da constância do meio interno (homeostase). A parte aferente

conduz impulsos nervosos originados em receptores das vísceras a áreas específicas do

SNC. A parte eferente traz impulsos de certos centros nervosos até as estruturas

viscerais terminando pois em glândulas, músculo liso, músculo cardíaco.

Por definição, denominam-se SN autônomo apenas a parte eferente (componente

eferente) do SN visceral, que por sua vez divide-se em simpático e parassimpático.

FIGURA: DIVISÃO FUNCIONAL DO SN VISCERAL

DIFERENÇA ENTRE SN SOMÁTICO EFERENTE E SN VISCERAL EFERENTE

OU SN AUTÔNOMO

Os sistemas nervosos visceral e o somático apresentam algumas diferenças

anatômicas e funcionais, as quais podem ser listadas: a natureza dos órgãos inervados

(somático inerva músculo estriado esquelético, enquanto visceral inerva músculo estriado

_______ Anatomia Humana

49

cardíaco, músculo liso ou glândulas), número de neurônios que inervam o órgão efetor

(somático tem um neurônio e visceral tem dois neurônios) – no SN visceral dois neurônios

ligam o SNC ao órgão efetor, sendo que um desses neurônios tem seu corpo localizado

dentro do SNC e o outro fora do SNC.

O neurônio cujo corpo está localizado dentro do SNC é denominado neurônio pré-

glanglionar e o que está localizado fora do SNC, de neurônio pós-ganglionar.

Esse agregado de corpos neuronais fora do SNC recebe o nome de gânglio. Já no

SNC esse mesmo agregado de corpos celulares recebe o nome de núcleo.

Diferentemente, o somático apresenta somente um neurônio que liga o SNC ao órgão

efetor, ou seja, ao músculo esquelético, terminando em uma estrutura chamada de placa

motora. Para fins didáticos, podemos dizer que o SN somático está envolvido com ações

voluntárias, e o visceral com ações involuntárias.

DIFERENÇAS ENTRE SN AUTÔNOMO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO

O SN autônomo é dividido em dois ramos, simpático e parassimpático. Esses dois

ramos apresentam diferenças anatômicas, farmacológicas e fisiológicas.

DIFERENÇAS ANATÔMICAS:

Posição dos neurônios pré-ganglionares: Como se sabe, os neurônios pré-

ganglionares têm seus corpos localizados dentro do SNC na medula e tronco

encefálico. No tronco encefálico, eles se agrupam formando os núcleos de origem

de alguns nervos cranianos. Na medula eles ocorrem do 1º ao 12º segmentos

torácicos (T1 até T12), nos dois primeiros segmentos lombares (L1 e L2), e nos

segmentos S2, S3 e S4 da medula sacral. No SN simpático os neurônios pré-

ganglionares localizam- se na medula torácica e lombar (entre T1 e L2), sendo

chamados de SN simpático tóraco-lombar. No SN parassimpático eles se

localizam no tronco encefálico (portanto dentro do crânio) e na medula sacral (S2,

S3 e S4), sendo chamado de SN parassimpático crânio-sacral.

Posição dos neurônios pós-ganglionares: No SN simpático, os neurônios pós-

ganglionares estão localizados longe das vísceras e próximo da coluna vertebral.

No SN parassimpático os neurônios pós-ganglionares estão localizados próximos

ou dentro das vísceras.

_______ Anatomia Humana

50

Tamanho das fibras pré e pós-ganglionares: Em consequência da posição dos

gânglios, o tamanho das fibras pré e pós-ganglionares é diferente nos dois

sistemas. No SN simpático a fibra pré-glanglionar é curta e a pós-ganglionar é

longa. Já no SN parassimpático, temos o contrário: a fibra pré-glanglionar é longa e

a pós-ganglionar, curta.

Histologicamente, as fibras pós-ganglionares são amielínicos e as pré-

ganglionares são mielinizados.

DIFERENÇAS FARMACOLÓGICAS:

As diferenças farmacológicas dizem respeito à ação de drogas. Quando injetamos

em um animal certas drogas, como adrenalina e noradrenalina obtêm efeitos (aumento da

PA, da FC e etc.) que se assemelham aos obtidos por ação do SN simpático. Essas

drogas que imitam a ação do SN simpático são denominadas simpaticomiméticas.

Existem também drogas como a acetilcolina que imitam as ações do

parassimpático e são chamadas de parassimpaticomiméticas.

A descoberta dos mediadores químicos veio explicar o modo de ação e as

diferenças existentes entre estes dois tipos de drogas. Sabemos hoje que a ação da fibra

nervosa sobre o efetuador (músculo ou glândula) se faz por liberação de um mediador

químico, dos quais os mais importantes são a acetilcolina e a noradrenalina. As

fibras nervosas que liberam acetilcolina são chamadas de colinérgicas e as que liberam

noradrenalina são chamadas de adrenérgicas.

O SN simpático e parassimpático diferem no que se refere à disposição das fibras

adrenérgicas e colinérgicas. As fibras pré-ganglionares tanto simpáticas como

parassimpáticas e as fibras pós-ganglionares parassimpáticas são colinérgicas. Contudo,

a grande maioria das fibras pós-ganglionares do simpático é adrenérgica (exceto as fibras

que inervam as glândulas sudoríparas).

DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS:

Tanto o simpático quanto o parassimpático atuam juntos, regulando o

funcionamento visceral. É fato que, quase sempre, essa atuação é antagônica entre

_______ Anatomia Humana

51

esses dois ramos, sendo que em alguns casos eles exercem o mesmo efeito no órgão

efetor.

A maior parte dos órgãos é mista para o SN autônomo, ou seja, recebem fibras

simpáticas e parassimpáticas; entretanto, algumas estruturas apresentam somente um

tipo de inervação, ou simpática ou parassimpática, como por exemplo, as glândulas

sudoríparas, que são glândulas exócrinas. As glândulas endócrinas não possuem

inervação simpática ou parassimpática, uma vez que o controle de sua atividade é

hormonal. Nessas estruturas, a atuação do SN autônomo se restringe aos vasos que as

nutrem.

O SN autônomo está conectado a algumas áreas do telencéfalo e diencéfalo,

envolvidos com o comportamento emocional, a saber: hipotálamo e sistema límbico. Este

fato explica as alterações do funcionamento visceral frente a distúrbios emocionais e de

emergência. Outra característica é o número de neurônios pós-ganglionares que fazem

sinapse com o pré-ganglionar. No simpático, um neurônio pré- ganglionar pode fazer

sinapse com vários neurônios pós-ganglionares, enquanto que o neurônio pré-glanglionar

do parassimpático somente o faz com um único neurônio. Assim, a ativação do SN

autônomo produz uma descarga adrenérgica, levando o organismo a um estado de alerta

por ativar vários sistemas orgânicos.

O SN parassimpático tem ações sempre localizadas a um órgão ou setor do

organismo enquanto as ações do SN simpático tendem a ser difusas atingindo vários

órgãos.

_______ Anatomia Humana

52

Capítulo VII – Sistema Esquelético

1. Considerações Gerais

O sistema circulatório é dividido em:

Sistema circulatório sanguíneo, com as funções de levar oxigênio e nutrientes aos

tecidos e deles trazer seus produtos, que serão redistribuídos a outros órgãos e

tecidos e seus resíduos, que serão eliminados (ver sistema urinário).

Sistema circulatório linfático, que transporta para a circulação sanguínea o excesso

de líquido intersticial, bem como substâncias de grande tamanho, incapazes de

passar diretamente dos tecidos para aquela. Além disto, ajuda na defesa do

organismo contra o ataque de microrganismos.

Em síntese o sistema circulatório pode ser dividido em: sistema sanguíneo

composto por artérias, veias, capilares e coração e cujo fluido é o sangue e em sistema

linfático, formado por vasos linfáticos, linfonodos, tonsilas e órgãos hemopoiéticos e cujo

fluido é a linfa.

A principal estrutura do sistema circulatório é o coração, também conhecido como

bomba cardíaca.

2. Circulação Sanguínea

O coração, localizado no mediastino torácico (porção mediana do tórax,

compreendida entre as cavidades pulmonares é um órgão muscular oco que funciona

como uma bomba contrátil-propulsora).

_______ Anatomia Humana

53

O tecido muscular que forma o coração é de tipo especial, tecido muscular estriado

cardíaco, e constitui sua camada média, o miocárdio. Este é revestido internamente por

endotélio, o qual é contínuo com a camada íntima dos vasos que chegam ou saem do

coração. Esta camada interna é o endocárdio.

Externamente ao miocárdio, há uma serosa revestindo-o, denominada epicárdio. A

cavidade do coração é subdividida em quatro câmaras: duas à direita, o átrio e o

ventrículo direitos e duas à esquerda, o átrio e o ventrículo esquerdos. O átrio direito se

comunica com o ventrículo direito através do óstio atrioventricular direito, no qual existe

um dispositivo direcionador do fluxo, a valva tricúspide. O mesmo ocorre à esquerda,

através do óstio atrioventricular esquerdo, cujo dispositivo direcionador de fluxo é a valva

mitral. As cavidades direitas são separadas das esquerdas pelos septos interatrial e

interventricular.

Ao átrio direito, através das veias cavas inferiores e superior chega o sangue

venoso do corpo (com baixa pressão de O2 e alta pressão de CO2). Ele passa ao

ventrículo direito através do óstio atrioventricular direito e deste vai ao tronco pulmonar e

daí, através das artérias pulmonares direita e esquerda, dirige-se aos pulmões, onde

ocorrerá a troca gasosa, com CO2 sendo liberado dos capilares pulmonares para o meio

ambiente e com O2 sendo absorvido do meio ambiente para os capilares

pulmonares. Estes capilares confluem e, progressivamente, se formam as veias

pulmonares que levam sangue rico em O2 para o átrio esquerdo. Deste, o sangue passa

ao ventrículo esquerdo através do óstio atrioventricular esquerdo e daí vai para a artéria

aorta, que inicia sua distribuição pelo corpo.

O trajeto ventrículo esquerdo aorta artérias de calibres progressivamente

menores capilares veias de calibres progressivamente maiores veias cavas

superiores e inferior átrio direito, é chamado de grande circulação ou circulação

sistêmica.

O trajeto ventrículo direito tronco pulmonar artérias pulmonares direita e

esquerda, com redução progressiva de calibre capilares pulmonares veias

pulmonares com aumento progressivo de calibre átrio esquerdo, é chamado de

pequena circulação ou circulação pulmonar.

_______ Anatomia Humana

54

3. Vasos Sanguíneos

Os vasos sanguíneos são de três tipos: artérias, veias e capilares.

As artérias levam o sangue do coração e o distribuem para os vários tecidos do

corpo por meio de seus ramos.

As veias são vasos que levam o sangue de volta para o coração; multas delas

possuem valvas. As veias menores são denominadas vênulas.

Os capilares são vasos microscópicos com a forma de uma rede conectando as

arteríolas às vênulas.

_______ Anatomia Humana

55

3.1. Artérias

São tubos cilindróides, com propriedades elásticas e calibre variado, ou seja:

grande, médio, pequeno e arteríolas (com o menor diâmetro), cujos ramos podem ser

terminais (quando a artéria se ramifica e o tronco principal deixa de existir após a divisão),

colaterais (quando a artéria se ramifica e o tronco de origem continua a existir) e

recorrentes (quando o ramo colateral forma com a artéria tronco um ângulo obtuso, neste

caso o sangue circula em direção posta àquela da artéria de origem).

As artérias podem ser superficiais ou profundas, sendo que a maioria é profunda, o

que funcionalmente é interessante, uma vez que esses locais oferecem proteção a elas.

As artérias superficiais têm um calibre pequeno, se destinam à pele, ramificando-se a

partir de artérias musculares.

Os critérios mais comuns utilizados para designar as artérias estão relacionados

com: local por onde passam (artéria braquial), órgão irrigado (artéria renal) e peça óssea

mais próxima (artéria femoral).

3.2. Veias

São tubos que apresentam forma variada, dependendo, é claro, do volume de

sangue presente no vaso. Dessa forma, quando as veias estão cheias de sangue tornam-

se cilíndricas, mas quando estão com pouco sangue tornam-se achatadas. Essa

_______ Anatomia Humana

56

versatilidade na forma dos tubos é fruto da constituição de sua parede; esses vasos

apresentam pouca elastina e mais colágeno, o que confere ao tubo essa distensibilidade.

O diâmetro dos vasos é variável, podendo ser encontrados vasos de grande, médio

e pequeno calibre, além de vênulas (estruturas do sistema venoso com menor diâmetro).

Enquanto as artérias se ramificam, formando outros vasos de menor calibre, as veias de

menor calibre vão se unindo com outras veias, formando vasos de calibre maior. Essas

veias que se confluem são chamadas de tributárias ou afluentes.

Assim como as artérias, as veias podem ser superficiais e profundas, porém, pode

existir entre essas duas veias uma comunicação, estabelecida por vasos, de- nominados

veias comunicantes. As veias superficiais são subcutâneas, calibrosas e funcionam como

válvula de escape para o sangue venoso de origem muscular durante a contração. As

veias profundas são classificadas em satélites e solitárias; quando acompanham o trajeto

de uma artéria, são veias satélites, quando não acompanham, são veias solitárias.

Numerosas veias comunicam veias superficiais com veias profundas e são denominadas

veias comunicantes.

No corpo, a quantidade de veias é maior que as artérias. Fato justificado pelo

número de veias superficiais, superior ao de artérias, e pela presença de 2 veias

acompanhando o trajeto dos vasos arteriais, denominadas veias satélites. Ainda, as veias

podem ser classificadas de acordo com as estruturas que drenam, ou seja: veias que

drenam vísceras ou órgãos são denominadas de veias viscerais, enquanto as veias que

drenam as paredes das vísceras são denominadas veias parietais.

Outra característica das veias é a presença de válvulas no seu interior, formadas a

partir de uma projeção da membrana interna do vaso (prega membranosa da camada

interna da veia, em forma de bolso), cuja função é orientar o fluxo e impedir o refluxo de

sangue. Entretanto, veias do cérebro, pescoço e algumas veias do tronco não apresentam

válvulas, já que o fluxo sanguíneo nesses territórios é favorecido pela gravidade. A

falência das válvulas provoca estase sanguínea e dilatação dos vasos, o que é

acompanhado por muita dor. Esse quadro clínico é conhecido por varizes.

O fluxo sanguíneo venoso é contrário ao das artérias, ou seja, em direção ao

coração. Além disso, de modo geral, enquanto as artérias transportam sangue oxigenado

para os tecidos, as veias transportam sangue pobre em oxigênio e rico em produtos do

metabolismo celular para os sítios de excreção (pulmões e rins).

_______ Anatomia Humana

57

O sangue circula nas artérias por diferença de pressão, mas isso não acontece

com o sangue nas veias, onde a pressão é quase nula, o que torna o fluxo sanguíneo

lento. Dessa forma, outros mecanismos são necessários para que o sangue circule, a

saber: válvulas, peristaltismo (movimento das vísceras no tubo digestório), contração

muscular, movimentos respiratórios, pulsação das artérias e compressão da planta dos

pés.

3.3. Capilares Sanguíneos

São as menores estruturas do sistema circulatório, formadas por uma única

camada de células endoteliais, interpostas entre as artérias e veias e com distribuição

universal, exceto em tecidos nos quais a nutrição se dá por difusão, como por exemplo,

cartilagem hialina, epiderme, córnea e lente. Aqui ocorrem as trocas entre o sangue e os

tecidos.

_______ Anatomia Humana

58

Capítulo VIII – Sistema Linfático

1. Anatomia do Sistema Linfático

O sistema linfático tem sua origem embrionária no mesoderma, desenvolvendo-se

junto aos vasos sanguíneos. Durante a vida intrauterina, algumas modificações no

desenvolvimento embrionário podem surgir, constituindo assim, características

morfológicas pessoais, que variam entre os indivíduos (Garrido, 2000).

O sistema linfático tem como função imunológica à ativação da resposta

inflamatória e o controle de infecções. Através de sua simbiose com os vasos sanguíneos,

regula o balanço do fluído tissular. Esse delicado balanço é possível pelo transporte

unidirecional de proteínas do tecido para o sistema sanguíneo. Em conjunção com o

_______ Anatomia Humana

59

trabalho dos vasos, o sistema linfático mantém o equilíbrio entre a filtração e a reabsorção

dos fluídos tissulares (Miller, 1994).

As moléculas de proteínas transportam oxigênio e nutrientes para as células dos

tecidos, onde então removem seus resíduos metabólicos. Várias moléculas de proteínas

que não conseguem ser transportadas pelo sistema venoso são retornadas ao sistema

sanguíneo através do linfático. Consequentemente, o líquido linfático se torna rico em

proteínas, mas também transporta células adiposas, e outras macromoléculas. A

circulação normal de proteínas requer um funcionamento adequado dos vasos linfáticos,

caso contrário, os espaços intersticiais podem ficar congestionados (Miller, 1994).

Capilares Linfáticos

A rede linfática tem seu início nos capilares linfáticos, formando verdadeiros plexos

que se entrelaçam com os capilares sanguíneos. Através dos vasos pré-coletores e

coletores, a linfa prossegue até chegar ao canal linfático direito e ao ducto torácico, que

desembocam na junção das veias subclávia e jugular interna. (Camargo, 2000).

Os capilares linfáticos possuem um endotélio mais delgado em relação ao

sanguíneo. Suas células endoteliais sobrepõem-se em escamas, formando microválvulas

que se tornam pérvias, permitindo sua abertura ou fechamento, conforme o afrouxamento

_______ Anatomia Humana

60

ou a tração dos filamentos de proteção. Quando tracionados (conforme a pressão ou a

movimentação dos tecidos), os filamentos permitem a penetração de água, partículas,

pequenas células e moléculas de proteínas no interior do capilar, iniciando então a

formação da linfa. O refluxo linfático não ocorre devido ao fechamento das microválvulas

linfáticas (Garrido, 2000).

A rede capilar linfática é rica em anastomoses, sobretudo na pele, onde os

capilares linfáticos estão dispostos de forma superficial e profunda, em relação à rede

capilar sanguínea. O mesmo não ocorre nos vasos e ductos linfáticos Nos capilares

linfáticos, os espaços intercelulares são bem mais amplos, possuindo "fendas" entre as

células parietais, permitindo que as trocas líquidas entre o interstício e o capilar linfático

se façam com extrema facilidade não só de dentro para fora, como de fora para dentro do

vaso (Duque, 2000).

Vasos pré-coletores

Os vasos pré-coletores possuem uma estrutura bastante semelhante ao capilar

linfático, sendo o endotélio coberto internamente por tecido conjuntivo, onde, em alguns

pontos se prolongam juntamente com as células epiteliais, formando as válvulas que

direcionam o fluxo da linfa. Suas estruturas são fortalecidas por fibras colágenas, e

através de elementos elásticos e musculares, possuem também as propriedades de

alongamento e contratilidade (Camargo, 2000).

Coletores linfáticos

Os vasos ou coletores linfáticos correm longo percurso sem se anastomosar.

Entretanto, em condições patológicas, as comunicações anastomóticas existem como

vias alternativas de fluxo linfático.

O vaso linfático quer superficial ou profundo, possuem numerosas valvas

bivalvulares, sendo os espaços compreendidos entre cada válvula chamada de linfangion

(Garrido, 2000). Esses vasos são de maior calibre possuindo estrutura semelhante a das

grandes veias. Na constituição do vaso linfático estão as três camadas: íntima, média e

adventícia. A túnica íntima é a mais interna, apresentando um revestimento endotelial e

um retículo delicado, com fibras elásticas dispostas longitudinalmente. Seu lúmem possui

projeções internas formando as várias válvulas. A túnica média envolve a íntima, sendo

_______ Anatomia Humana

61

composta de três a seis camadas de células de musculatura lisa arranjadas em espiral,

circularmente, com algumas fibras dispostas no sentido longitudinal do vaso. Ela é

responsável pela contratilidade do vaso e consequente propulsão da linfa. A túnica

adventícia é a mais externa e espessa, sendo formada por fibras colágenas longitudinais,

entre as quais existem fibras elásticas e feixes de musculatura. Possui também tecido

conjuntivo, terminações nervosas e a vasa vasorum.

Os vasos linfáticos assim constituídos são chamados de coletores linfáticos pré ou

pós- nodais, conforme a sua relação com os linfonodos, sendo os pré-nodais linfáticos

aferentes e, os pós-nodais, eferentes (Camargo, 2000).

Troncos linfáticos

Os troncos linfáticos, ou coletores terminais são vasos de maior calibre que

recebem o fluxo linfático, e compreendem os vasos linfáticos lombares, intestinais,

mediastinais, subclávios, jugulares e descendentes intercostais. A união dos troncos

intestinais, lombares e intercostais forma o ducto torácico. Os troncos jugulares,

subclávios e broncos mediastinal direito formam o ducto linfático direito (Garrido, 2000).

Linfonodos

O linfonodo consiste em um aglomerado de tecido retículo-endotelial revestido por

uma cápsula de tecido conjuntivo. Desempenha importante papel imunológico, através da

filtração da linfa proveniente dos vasos linfáticos e da produção de células linfoides e

reticulares, que realizam a defesa do organismo através da fagocitose e da pinocitose.

Variam em tamanho, forma e cor. Cada linfonodo apresenta um hilo que

corresponde ao local de emergência, não apenas do vaso linfático, como da veia

linfonodal, que acompanha a artéria e se destina ao suprimento sanguíneo para o

linfonodo. A conexão entre o sistema linfático e o venoso é possível através da veia de

drenagem do linfonodo. O número de linfonodos varia entre as regiões e os indivíduos, e

seu volume também é variável, ocorrendo um importante aumento com a idade, em

decorrência dos processos patológicos ou agressões que a área de drenagem tenha

sofrido.

Os linfonodos recebem de três a oito vasos linfáticos aferentes, saindo apenas um

vaso linfático eferente. O número de vasos linfáticos, após a conexão com os linfonodos,

_______ Anatomia Humana

62

diminui sensivelmente, porém seu calibre pouco se modifica, devido às conexões

linfovenosas existentes, por onde ocorre a passagem gradual do fluxo linfático para o

venoso.

Os vasos linfáticos vão em direção à raiz dos membros, formando o grupo de

linfonodos axilares e inguinais. Nas regiões do cotovelo e joelho, algumas vezes, existem

pequenos linfonodos (de 1 a 3). Nos linfocentros, estão os linfonodos de maior

importância, sendo que na região cervical eles se dispõem em cadeias.

2. Fisiologia do Sistema Linfático

As circulações linfáticas e sanguíneas estão intimamente relacionadas. A macro e

a microcirculação de retorno dos órgãos e/ou regiões é feita pelos sistemas venoso e

linfático. As moléculas pequenas vão, em sua maioria, diretamente para o sangue, sendo

conduzidas pelos capilares sanguíneos, e as grandes partículas alcançam a circulação

através do sistema linfático. Entretanto, mesmo macromoléculas passam para o sangue

via capilares venosos, sendo que o maior volume do fluxo venoso faz com que, no total, o

sistema venoso capte muito mais proteínas que o sistema linfático. Contudo, a pequena

drenagem linfática é vital para o organismo ao baixar a concentração proteica média dos

tecidos e propiciar a pressão tecidual negativa fisiológica que previne a formação do

edema e recupera a proteína extravasada (Duque, 2000).

A captação das macromoléculas proteicas dos interstícios pode também ser feita

por estruturas interligadas ao sistema linfático canalicular e aos pré-linfáticos, chamadas

de sistema para-linfatico, uma vez que fazem o transporte paralelo e de suplência, ao

sistema linfático (Duque, 2000).

A formação e o transporte da linfa podem ser explicados através da hipótese de

Starling sobre o equilíbrio existente entre os fenômenos de filtração e de reabsorção que

ocorrem nas terminações capilares. A água, rica em elementos nutritivos, sais minerais e

vitaminas, ao deixar a luz do capilar arterial, desembocam no interstício, onde as células

retiram os elementos necessários ao seu metabolismo e eliminam os produtos de

degradação celular. Em seguida, o liquido intersticial, através das pressões exercidas,

retoma a rede de capilares venosos (Leduc, 2000).

Várias pressões são responsáveis pelas trocas através do capilar sanguíneo

(Vogelfand, 1996).

_______ Anatomia Humana

63

Pressão hidrostática (PH): a pressão hidrostática sanguínea (PHs) impulsiona o

fluido através da membrana capilar, em direção ao interstício, sendo sua pressão

aproximadamente de 30mmHg no capilar arterial e de 15mmHg no capilar venoso.

A pressão hidrostática intersticial (PHi) é a que tende a movimentar o fluido de

volta para os capilares. É considerada igual a zero, uma vez que nas condições de

normalidade do interstício ela se equilibra em ambos os extremos capilares.

Pressão osmótica: é originada pela presença de moléculas proteicas no sangue e

no fluido intersticial. A pressão osmótica sanguínea (POs) tende a movimentar o

fluido do interstício em direção ao capilar, sendo de aproximadamente 28 mm Hg

em ambos os extremos capilares. A pressão osmótica intersticial (POi) é a força

oposta, que tende a "sugar" fluido dos capilares, sendo de aproximadamente 6 mm

Hg nos extremos dos capilares.

Pressão de filtração (PF): surge da relação entre as pressões hidrostáticas e

osmóticas, sendo no extremo arterial igual à pressão positiva de 8 mm Hg ( PF =

_______ Anatomia Humana

64

(PHs + POi ) - (PHi + POs) ), produzindo assim a ultrafiltração. No extremo venoso,

corresponde a pressão negativa de 7 mm Hg, produzindo a reabsorção. Assim

sendo, 90% do fluido filtrado é reabsorvido, o restante (2 a 4 litros/dia) são

absorvidos pelo sistema linfático.

Pressão tissular: a pressão hidrostática tissular é a pressão exercida sobre o fluido

livre nos canais tissulares. É negativa na maioria dos tecidos. A pressão tissular

total é o resultado da soma vetorial da pressão hidrostática tissular e da pressão do

tecido sólido. Pode ser negativa, quando o interstício abre as junções endoteliais

através dos filamentos de ancoragem, ou positiva, quando os músculos se

contraem, comprimindo os linfáticos iniciais.

3. Mecanismo de Formação da Linfa

Ultrafiltração: é o movimento de saída de H2O, O2 e nutrientes do interior do

capilar arterial para o interstício, ocorrendo pela PH positiva no capilar arterial e a

PH negativa ao nível do interstício.

Absorção venosa: é o movimento de entrada de H2O, CO2, pequenas moléculas e

catabólitos do interstício para o interior do capilar venoso, ocorrendo por difusão,

quando a pressão intersticial é maior do que a existente no capilar venoso.

Absorção linfática: é o início da circulação linfática, determinada pela entrada do

líquido intersticial, com proteínas de alto peso molecular e pequenas células, no

interior do capilar linfático inicial, que ocorre quando a pressão é positiva e os

filamentos de proteção abrem as micro-válvulas endoteliais da parede do capilar

linfático. Este começa a ser preenchido pelo líquido intersticial e, quando o

preenchimento chega ao máximo, as microválvulas se fecham, iniciando a

propulsão da linfa através dos pré-coletores e coletores (Camargo, 2000).

Diversas forças conduzem à movimentação da linfa. Primeiramente, ocorre saída

de água e de proteínas dos capilares sanguíneos. O aumento da permeabilidade do

capilar sanguíneo, aumentando o volume e a pressão intersticial, provoca a formação de

mais linfa. Consequentemente, a permeabilidade capilar venosa aumenta, juntamente

com o extravasamento de líquido e de proteínas, levando também, ao aumento da

entrada de linfa dentro do capilar linfático. O aumento da temperatura, assim como a

_______ Anatomia Humana

65

hipotermia, age no mesmo sentido, aumentando o volume de líquidos intersticiais e o

fluxo da linfa.

No interstício, as grandes moléculas proteicas fracionam-se, adquirindo maior

poder osmótico, atraindo mais líquido para o interstício e potencializando os mecanismos

formadores da linfa.

A compressão do vaso linfático orienta e permite o fluxo da linfa. Agem neste

sistema as compressões externas sobre o tegumento cutâneo, assim como a

movimentação do membro, que desencadeia inúmeras formas de compressão sobre os

capilares e troncos linfáticos. A compressão muscular e a compressão subcutânea gerada

pela movimentação do corpo são, de certa forma, semelhantes ao "coração periférico"

das panturrilhas no mecanismo de refluxo venoso dos membros inferiores, entretanto, em

nível linfático, é mais difuso e é despertado com qualquer movimento de qualquer parte

do corpo.

A movimentação da linfa é facilitada pelas forças aspirativas torácicas, agindo

sobre os canais torácicos direito e esquerdos e sobre os troncos linfáticos do tórax.

Os batimentos arteriais também podem contribuir para conduzir e impulsionar a

linfa ao longo dos troncos linfáticos. Os batimentos das artérias fariam a compressão do

tronco linfático, gerando a movimentação da linfa com o auxílio das válvulas linfáticas.

Outra força adicional de movimentação da linfa advém dos shunts linfáticos

venosos que ocorrem ao nível dos linfonodos.

O sistema muscular é o grande impulsionador da linfa nos membros, pois no

momento da contração muscular, os troncos linfáticos são comprimidos pelos músculos

que os cercam e, graças ao sistema valvular, a movimentação da linfa é enormemente

aumentada.

Em resumo, a formação e a condução da linfa são condicionadas por diversos

sistemas. Um, em nível molecular, é o sistema angiolacunar de líquidos e eletrólitos.

Dentro deste sistema de difusão, e por ele potencializado, insere-se o sistema de

ultrafiltração capilar sanguíneo, ainda no nível microscópio, somam-se às trocas líquidas,

pressóricas e proteicas do plasma dos interstícios e dos capilares linfáticos. Nos

membros, instalam-se forças ainda mais grosseiras, e localmente mais intensas, que

surgem em determinadas situações, tais como qualquer movimentação e compressão

tecidual (Duque, 2000).

_______ Anatomia Humana

66

4. Câncer e Sistema Linfático

O sistema linfático, além de atuar como mecanismo regulador primário para

absorção de liquido proteico intersticial, é o principal sistema de defesa do organismo,

sendo o responsável pela filtração de bactérias, eritrócitos, êmbolos tumorais e partículas

inanimadas. Células malignas ou organismos infectantes são removidos em virtude da

impossibilidade mecânica das células tumorais atravessarem os linfonodos intactos ou,

então, elas são fagocitadas, dentro dos linfonodos, pelas células reticulo-endoteliais

(Alcadipani, 1996).

As células malignas, após a invasão local do estroma circunjacente, penetram nos

vasos linfáticos e vasculares, podendo crescer nos locais invadidos e desprender-se

na forma de células isoladas ou agregados celulares. O sistema linfático transporta então

estas células, chegando aos gânglios linfáticos, onde proliferam, passam para os gânglios

vizinhos e ingressam na circulação sanguínea. Durante a invasão das células tumorais, o

processo de infiltração e expansão das células dos tecidos pode trazer, como

consequência, a penetração dos vasos linfáticos de pequeno calibre, provocando

metástases nos gânglios regionais ou em outros órgãos (Nicolson, 1993).

_______ Anatomia Humana

67

Capítulo IX – Sistema Respiratório

1. Condições Gerais

O sistema respiratório contem os tubos que transportam o ar do meio externo aos

pulmões e vice-versa e os alvéolos dos pulmões, onde ocorrem as trocas gasosas.

Respiração é o processo pelo qual gases são trocados entre o meio ambiente e as

células do corpo.

2. Nariz

Formado por ossos e cartilagens, apresenta duas aberturas, as narinas, que

permitem a entrada do ar.

A cavidade nasal é o espaço situado posteriormente ao nariz e é dividida

medianamente pelo septo nasal. As paredes laterais da cavidade nasal

apresentam saliências, as conchas nasais que aumentam a superfície de contato

entre o ar e a mucosa da cavidade nasal. Esta mucosa filtra, aquece e umidifica o

ar inspirado.

_______ Anatomia Humana

68

Os seios paranasais são cavidades existentes em alguns ossos do crânio e que se

abrem na cavidade nasal. Seu revestimento é contínuo e idêntico ao da cavidade

nasal. Além de reduzirem o peso do crânio, apresentam as mesmas funções da

cavidade nasal.

3. Faringe

Apresenta três partes: naso, oro e laringofaringe. Destas três, a nasofaringe é,

exclusivamente, via aérea. A laringofaringe é somente via digestiva e a oro faringe é um

caminho comum ao ar e aos alimentos. Da orofaringe o ar inspirado vai para a laringe.

4. Laringe

Atua como passagem de ar e ajuda a evitar, através do reflexo da tosse, que

corpos estranhos penetrem na traqueia. Além disto, elas contem as pregas vocais

(errônea e popularmente chamadas de cordas vocais), saliências músculo-ligamentares

em sua luz, que produzem os sons básicos da fala, por vibrarem com a passagem do ar

durante a expiração. A movimentação das pregas vocais as leva a maior ou menor tensão

(o que regula se os sons serão mais ou menos agudos) e a uma maior ou menor

aproximação mediana (o que produz sons mais ou menos intensos).

5. Traqueia

Além de servir de passagem de ar também ajuda a aquecê-lo e a umidificá-lo.

Termina dividindo-se em brônquios principais direito e esquerdo.

6. Brônquios

Ramifica progressivamente, formando a árvore bronquial, que leva o ar da traqueia

aos alvéolos pulmonares. Os pulmões são formados pelo conjunto dos alvéolos, da maior

parte da árvore bronquial e de tecidos de sustentação.

7. Fisiologia da Respiração

A inspiração (entrada do ar) e a expiração (saída do ar) são acompanhadas de

alterações dos diâmetros da caixa torácica.

_______ Anatomia Humana

69

Para que a inspiração ocorra é necessário que o tórax se expanda, reduzindo

assim a pressão dentro dele, o que vai permitir a expansão dos tecidos pulmonares e a

sucção do ar do meio ambiente. Esta expansão do tórax ocorre no diâmetro crânio-

podálico à custa da contração e consequente abaixamento (em direção ao abdome) do

músculo diafragma, constituindo o principal movimento inspiratório. Os diâmetros látero-

lateral e anteroposterior aumentam devido movimento das costelas.

A expiração, ao contrário da inspiração, que sempre envolve gasto energético,

quando feita de forma tranquila, o que ocorre habitualmente, é passiva, sem gasto de

energia, pois é feita à custa da energia potencial acumulada nas fibras elásticas

pulmonares, distendidas durante a inspiração (como uma borracha estirada volta a seu

tamanho original sem ser preciso empregar energia).

_______ Anatomia Humana

70

Capítulo X – Sistema Digestivo

1. Conceito

Digestão é o processo de transformar os alimentos em formas possíveis de serem

absorvidas pelo organismo. O sistema digestivo, que realiza esta tarefa, é composto pelo

canal alimentar ou tubo digestivo e por várias glândulas anexas.

2. Boca

Adaptada a receber os alimentos e iniciar o processo de digestão. Também atua

como órgão da fala e do prazer. As bochechas são seu limite lateral, enquanto que os

lábios a delimitam superior e inferiormente. Os lábios são muito móveis e possuem

grande variedade e quantidade de receptores sensitivos, utilizados para analisar as

características do alimento.

3. Dentes

Vinte, primariamente e trinta e dois, secundariamente atuam cortando o alimento

em pedaços pequenos, aumentando assim a área exposta às ações digestivas.

4. Línguas

_______ Anatomia Humana

71

Basicamente, uma estrutura muscular revestida por mucosa que atua misturando o

alimento com a saliva e encaminhando-o à faringe. A superfície irregular da língua, além

de facilitar a movimentação dos alimentos também apresenta receptores gustativos.

5. Palato

Forma o teto da cavidade bucal e apresenta duas partes, o palato duro, ósseo e o

palato mole, muscular. Este se move e ajuda a ocluir a comunicação com a cavidade

nasal durante a passagem dos alimentos em direção à faringe.

6. Faringe e Esôfago

Atuam, somente, como tubos condutores, levando o alimento da boca até ao

estômago. A faringe é dividida em nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Destas três, a

nasofaringe é, exclusivamente, via aérea. A laringofaringe é somente via digestiva e a oro

faringe é um caminho comum ao ar e aos alimentos. A deglutição dos alimentos se inicia

com eles sendo misturados com a saliva, na boca, e empurrados para a orofaringe. A

seguir, reflexos involuntários encaminham o alimento até ao esôfago, do qual é

encaminhado ao estômago.

7. Estômago

Recebe os alimentos, mistura-os com o suco gástrico, absorve-os (limitadamente)

e os encaminha ao intestino delgado.

_______ Anatomia Humana

72

8. Intestino Delgado

Composto de três partes (duodeno, jejuno e ílio) mede, no vivo, cerca de 3 a 4

metros de comprimento. Após a morte, pela perda do tônus muscular, pode atingir até 7

metros. Ele recebe o bolo alimentar do estômago, mistura-o com secreções provenientes

do pâncreas, da vesícula biliar e dele mesmo e completa o processo de digestão,

absorvendo seus produtos e encaminhando seus resíduos ao intestino grosso.

9. Intestino Grosso

Formado pelo ceco, pelos colos ascendentes, transverso, descendente e sigmoide,

pelo reto e pelo canal anal, recebe os resíduos da digestão vindos do intestino delgado,

reabsorve a água e os eletrólitos neles contidos e forma e estoca as fezes. Estas

consistem de material não digerido, água, eletrólitos, secreções mucosas e bactérias.

_______ Anatomia Humana

73

10. Glândulas Anexas

10.1. Glândulas Salivares

Secretam a saliva, a qual umedece os alimentos, facilita a mastigação, possibilita a

gustação, inicia a digestão e ajuda a limpar a língua. Existem três pares de glândulas

salivares maiores (parótida, submandibular e sublingual) e um número variável de

glândulas salivares menores disseminadas pela cavidade oral.

10.2. Pâncreas

Estreitamente relacionado com o duodeno, produz o suco pancreático, Além disto,

tem ações como glândula endócrina, produzindo dois hormônios, a insulina e o glucagon,

que atuam no metabolismo dos açucares.

10.3. Fígado

É a maior glândula do corpo humano. Além de produzir diversas substâncias

fundamentais para a vida, ele atua na digestão através da produção da bile, a qual é

armazenada, concentrada e excretada pela vesícula biliar.

_______ Anatomia Humana

74

_______ Anatomia Humana

75

Capítulo XI – Sistema Excretor

1. Conceito

Designa-se como sistema excretor qualquer conjunto de órgãos que, num

organismo, é responsável pela manutenção do meio interno, regulação do teor de água e

sais minerais e eliminação de resíduos nitrogenados formados durante o metabolismo

celular. No ser humano podemos considerar como sistemas excretores o sistema urinário

(onde é produzida a urina) e a pele (que produz suor através das glândulas sudoríparas).

O sistema respiratório, ao eliminar dióxido de carbono, que é um dos principais resíduos

da respiração celular, é por vezes, também incluído neste grupo por alguns autores (ainda

que, na verdade, não seja responsável pela produção de uma "excreção" no sentido

próprio da palavra).

2. Néfron

Unidade funcional dos rins;

Etapas da atividade renal em cada néfron:

O filtrado glomerular passa para o túbulo contorcido proximal, ocorrendo

transporte activo de sódio de volta para o sangue. Processo este estimulado pelo

hormônio chamado aldosterona (das suprarrenais).

_______ Anatomia Humana

76

Na alça de Henle, há reabsorção de água, e a urina primária torna-se mais

concentrada. Este é o local de maior reabsorção de água.

No túbulo contorcido distal volta a acontecer o transporte ativo, com reabsorção de

glicose e aminoácidos. Mas neste local também há reabsorção passiva de água,

estimulada pelo ADH (hormônio antidiurético).

O líquido que chega aos tubos coletores já não contém mais aminoácidos, glicose

ou vitaminas, o seu teor de água é relativamente pequeno, e ele já pode ser

considerado urina.

Substâncias reabsorvidas:

Água, Glicose, Eletrólitos, Aminoácidos, Vitaminas.

Substâncias excretadas

Água, Ureia, Ácido Úrico, Amônia, Creatinina, Resíduos metabólicos; Controle.

Hormonal da Diurese: ADH Hormônio Antidiurético

Produção na Hipófise (glândula do cérebro que produz e armazena hormônios);

Atua no Néfron aumentando a reabsorção, e portanto diminuindo a diurese.

3. Principais Catabólitos

Amônia

_______ Anatomia Humana

77

Excretada por animais aquáticos, muito solúvel em água e muito tóxica, por isso

deve ser diluída em alto volume de água. Chamados de amoniotélicos.

Ureia

Excretada por animais terrestres não ovíparos (anfíbios e mamíferos), menos

tóxicos que a amônia. O que representa uma economia hídrica. Chamados de

ureotélicos.

Ácido Úrico

O menos tóxico dos três, e também o menos solúvel em água. Excretado por

insetos e vertebrados ovíparos terrestres (maioria dos répteis e aves). Chamados

de uricotélicos.

4. Eliminação da Urina

4.1. Ureter

Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem para formar canais

cada vez mais grossos. A fusão dos dutos origina um canal único, denominado ureter,

que deixa o rim em direção à bexiga urinária.

4.2. Bexiga Urinária

_______ Anatomia Humana

78

A bexiga urinária é uma bolsa de parede elástica, dotada de musculatura lisa, cuja

função é acumular a urina produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode conter mais

de ¼ de litro (250 ml) de urina, que é eliminada periodicamente através da uretra.

4.3. Uretra

A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na mulher, na região vulvar e, no

homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação com a bexiga mantém-se fechada

por anéis musculares - chamados esfíncteres. Quando a musculatura desses anéis

relaxa-se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se, urinamos.

_______ Anatomia Humana

79

Capítulo XII – Sistema Genital

1. Sistema Reprodutor Masculino

1.1. Pênis

Parte do sistema reprodutor masculino responsável pela copula, instrumento no

qual os espermatozoides são ejaculados no interior do aparelho reprodutor feminino.

Consiste de corpo cilíndrico coberto por pele relativamente frouxa, com a

extremidade expandida, formando a glande. A pele continua ao redor da glande,

identificada como o prepúcio. O pênis é formado por três corpos cilíndricos (dois corpos

cavernosos e um esponjoso), cada um dos quais é envolvido por uma bainha de tecido

conjuntivo que está coberta de pele. Tem sua origem no tecido conjuntivo ricamente

vascularizado chamado tecido erétil, e apresenta diversas cavidades esponjosas que se

enchem de sangue durante a estimulação sexual, promovendo o seu enrijecimento e

alongamento/ereção. Os dois corpos cilíndricos dorsais são chamados corpos cavernosos

do pênis.

Anatomia externa do sistema genital masculino

Testículos;

Epidídimo;

Corpos cavernosos;

Prepúcio;

Membrana;

_______ Anatomia Humana

80

Abertura da uretra;

Glande;

Corpo esponjoso;

Corpo do pênis;

Saco escrotal (escroto)

Tamanho e crescimento

O crescimento do pênis ocorre assim que o menino adentra a puberdade, fase em

que todas as características sexuais e os órgãos reprodutores começam a se

desenvolver. O crescimento do pênis se dará normalmente até aos 18 anos de idade.

Durante este processo ocorre também o crescimento dos pêlos púbicos. Como regra

geral o pênis de um animal é proporcional ao seu tamanho, mas tal fato varia muito entre

as espécies. O gorila, por exemplo, apesar de seu tamanho ser grande, tem o pênis

menor que o do chimpanzé. Comparativamente o pênis humano é maior em relação ao

seu tamanho do que qualquer outro primata.

1.2. Saco Escrotal, Bolsa Escrotal ou Escroto

Camada de pele que envolve e protege os testículos.

Um espermatozoide leva cerca de 70 dias para ser produzido. Eles não podem se

desenvolver adequadamente na temperatura normal do corpo (36,5°C).

Assim, os testículos se localizam na parte externa do corpo, dentro da bolsa

escrotal, que tem a função de termorregulação (aproximam ou afastam os testículos do

corpo), mantendo-os a uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3°C abaixo da

corporal.

Como a função do escroto é manter os testículos a uma temperatura inferior à do

resto do corpo. O calor excessivo destrói os espermatozoides. Sendo um músculo, o

escroto contrai-se e distende-se, conforme seja necessário aumentar ou reduzir,

respectivamente, temperatura no seu interior.

Embora a temperatura ideal varie conforme a espécie, nos animais de sangue

quente parece haver uma maior necessidade de controle, e daí a necessidade e evolução

do escroto, apesar dos riscos por não oferecer proteção aos testículos.

_______ Anatomia Humana

81

1.3. Corpo Cavernoso

No interior do pênis existe uma região abaixo da uretra, que pode ficar com seus

vasos sanguíneos muito cheios quando o homem está excitado. O corpo cavernoso é

cheio de vasos que ao se encherem de sangue promovem a ereção.

1.4. Corpo Esponjoso

No interior do pênis existe outra região, envolvendo a uretra que apresenta

espaços vazios, ou seja, cheios de ar, que permitem aos vasos sanguíneos ocuparem

espaços quando o homem fica excitado. Quando o vasos se enchem eles aumentam de

volume precisando se expandir e assim, ocupando mais volume.

1.5. Túbulos Seminíferos

São ductos que conduzem o líquido seminal produzido nas glândulas como a

próstata, as vesículas seminais e a glândula de Cowper.

1.6. Bexiga

Órgão do aparelho excretor, a bexiga é ligada ao pênis através da uretra. Sendo

muito ácida em sua composição, compromete a vida dos espermatozoides e por este

motivo antes da ejaculação uma pequena gota de sêmen ou esperma passa pela uretra

para limpar o caminho e tirar a acidez provocada pela urina, que é letal aos

espermatozoides. A uretra é também o canal por onde passa a urina, através do pênis.

Mas quando o esperma está saindo, um músculo perto da bexiga fecha a passagem da

urina. Por isso os dois nunca saem ao mesmo tempo.

2. Sistema Reprodutor Feminino

O sistema reprodutor feminino é responsável pela produção de óvulos e hormônios,

pela criação de condições propícias à fecundação e, quando esta ocorrer, pela proteção

ao desenvolvimento do embrião. Está constituído basicamente pelos ovários, trompas de

Falópio, útero, vagina.

_______ Anatomia Humana

82

O aparelho reprodutor feminino compõe-se de órgãos genitais externos, composta

pelos pequenos e grandes lábios vaginais e pelo clitóris que em conjunto formam a vulva.

O útero só começa a crescer na puberdade. Os ovários produzem os hormônios

femininos e armazenam os óvulos. As trompas de Falópio ligam o útero aos ovários e

estão posicionadas de tal forma que o óvulo, quando expelido do ovário no momento da

ovulação, consegue chegar a elas com facilidade. A anatomia da vagina permite receber

o pênis e serve de canal para o parto do bebê. O hímen é uma delicada membrana

incompleta que protege a entrada da vagina antes da primeira experiência sexual. Esta é

a membrana que se rompe quando a mulher tem a sua primeira relação sexual. Na

maioria das meninas, o hímen não é uma cobertura total, mas contém perfurações que

permitem a passagem de fluxo menstrual.

2.1. Órgãos Genitais Internos

Ovários

Representam as gônadas femininas. Correspondem a duas glândulas mistas com

um formato semelhante ao das amêndoas, medindo aproximadamente 4 cm de

comprimento por 2 cm de largura. Localizam seno interior da cavidade abdominal, nos

lados direito em esquerdo do útero.

São responsáveis pela produção de óvulos e secreção dos hormônios estrógeno e

progesterona. Cada ovário apresenta duas regiões distintas, sendo a mais externa

denominada de cortical, e a mais interna denominada de medular. A região cortical é

coberta pelo epitélio germinativo. Nas crianças, ele apresenta um aspecto liso de cores

_______ Anatomia Humana

83

branquiçada. Na mulher adulta, assume um tom acinzentado com uma série de cicatrizes

que correspondem às ovulações ocorridas. Após a menopausa, os ovários apresentam

superfície enrugada, devido às inúmeras ovulações ocorridas ao longo da vida reprodutiva

da mulher. No final do desenvolvimento embrionário de uma menina, ela já tem todas as

células que irão transformar-se em gametas nos seus dois ovários.

Estas células - os ovócitos primários - encontram-se dentro de estruturas

denominadas folículos de Graaf ou folículos ovarianos. A partir da adolescência, sob ação

hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a desenvolver. Os folículos em

desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno. Mensalmente, apenas um folículo

geralmente completa o desenvolvimento e a maturação, rompendo-se e liberando o

ovócito secundário (gameta feminino): fenômeno conhecido como ovulação. Após seu

rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo lúteo ou amarelo que

passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com o tempo, o corpo lúteo

regride e converte-se em corpo albicans ou corpo branco, uma pequena cicatriz fibrosa

que irá permanecer no ovário. O gameta feminino liberado na superfície de um dos

ovários é recolhido por finas terminações das tubas uterinas - as fímbrias.

Tubas uterinas ou ovidutos ou trompas de Falópio

São dois ductos que unem o ovário ao útero. A extremidade livre de cada trompa,

alargada e franjada, situa-se junto a cada um dos ovários. O interior dos ovidutos é

revestido por células ciliadas que suga o óvulo, juntamente com o líquido presente na

cavidade abdominal. No interior da trompa, o óvulo se desloca até a cavidade uterina,

impulsionado pelos batimentos ciliares. As tubas uterinas ou trompas de Falópio têm por

função encaminhar o óvulo em direção ao útero. Elas são formadas por dois condutos

com aproximadamente 12 cm de comprimento, localizados na cavidade abdominal.

Podemos distinguir três regiões diferentes em cada uma das trompas: a intramural,

a ístmica e a infundibular. A primeira localiza-seno interior da parede uterina,

atravessando-a e abrindo-se no interior do útero, através de um pequeníssimo orifício. A

porção intermediária ou ístmica representa maior parte da trompa e também a mais

estreita. Na extremidade oposta à porção intramural, encontra-se a porção infundibular

que é mais dilatada. Possui is bordas franjeadas (fímbrias) que ficam em contato com os

ovários e são responsáveis pela captura do óvulo quando ele eclode na superfície dos

_______ Anatomia Humana

84

ovários. É no interior da região infundibular das trompas que ocorrem o processo de

fecundação e a formação do zigoto, o qual é conduzido ao útero para a nidação.

Útero

É um órgão musculoso e oco, do tamanho aproximadamente igual a uma pera. Em

uma mulher que nunca engravidou, o útero tem aproximadamente 7,5cm de comprimento

por 5cm de largura. Os arranjos dos músculos da parede uterina permitem grande

expansão do órgão durante a gravidez (o bebê pode atingir mais de 4 kg).

Podemos distinguir três regiões diferentes em cada uma das trompas: a intramural,

a ístmica e a infundibular. A primeira localiza-se no interior da parede uterina,

atravessando-a e abrindo-se no interior do útero, através de um pequeníssimo orifício.

A porção intermediária ou ístmica representa maior parte da trompa e também a

mais estreita. Na extremidade oposta à porção intramural, encontra-se a porção

infundibular que é mais dilatada. Possui as bordas franjeadas (fímbrias) que ficam em

contato com os ovários e são responsáveis pela captura do óvulo quando ele eclode na

superfície dos ovários. É no interior da região infundibular das trompas que ocorrem o

processo de fecundação e a formação do zigoto, o qual é conduzido ao útero para a

nidação.

O colo do útero é uma zona que une o útero à vagina, através de uma passagem

chamada canal cervical. Por ação de um hormônio, o estrogênio, o colo do útero durante

a ovulação produz um liquido viscoso que favorece a progressão dos espermatozoides

para as trompas de Falópio. O colo do útero tem uma grande capacidade de dilatação que

é regulada a nível hormonal e se manifesta no momento do parto, pois a criança ao

nascer tem de passar através dele. O útero tem uma forma vagamente triangular, com a

ponta virada para baixo, em direção à vagina. Na maioria das mulheres, o corpo do útero

está dobrado ligeiramente para frente sobre a bexiga e de cada lado superior partem as

trompas de Falópio. Na extremidade de cada trompa, prolongamentos em forma de dedo

rodeiam cada um dos ovários. O interior do útero é revestido por um tecido ricamente

vascularizado (o endométrio). A partir da puberdade, todos os meses, o endométrio fica

mais espesso e rico em vasos sanguíneos, como preparação para uma possível gravidez.

Deixando de ocorrer por volta dos 50 anos, com a chegada da menopausa. Se a gravidez

_______ Anatomia Humana

85

não ocorrer, o endométrio que se desenvolveu é eliminado através da menstruação junto

ao sangue.

_______ Anatomia Humana

86

Capítulo XIII – Sistema Endócrino

1. Considerações Gerais

As glândulas endócrinas, juntamente com o sistema nervoso, coordenam a

atividade sincronizada entre os vários sistemas do corpo humano (digestivo, circulatório,

respiratório). O sistema endócrino nada mais é do que um conjunto de órgãos e

estruturas, capazes de produzir hormônios. Hormônios: Substancias químicas produzidas

pelas glândulas endócrinas, ou ate mesmo por células isoladas, que quando lançadas no

sangue, agirão a distancia, inibindo ou estimulando a função de certos órgãos-alvos.

Estes hormônios atuam sobre estruturas especializadas e especificas na membrana,

chamadas de receptores químicos de membrana.

As principais glândulas endócrinas ou mistas do corpo humano são:

Hipófise ou pituitária;

Tireoide;

Paratireoides;

Suprarrenais ou adrenais;

Pâncreas.

_______ Anatomia Humana

87

2. Principais Glândulas Endócrinas

Glândula Hormônio Efeito Principal Estimulante/

Moderador

Hipotálamo

(hormônios

acumulados e

liberados pela

neuro-hipofise)

Ocitocina

Contrações musculares

do útero (durante o parto)

e ejeção do leite nas

glândulas mamárias.

Estímulo nervoso

(SNC) / -.

ADH (Hormônio

antidiurético)

Controla a excreção de

água nos túbulos renais.

Concentração osmótica

sanguínea e receptores

nervosos no

hipotálamo.

Adeno – hipófise

(Lobo

anterior da hipófise)

STH (Hormônio

somatotrópico)

Crescimento corporal do

indivíduo.

Hormônio liberador no

hipotálamo / -.

TSH (Hormônio

tireotrófico)

Estimulante da tireoide

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Hormônios tireoidianos

no sangue.

ACTH (Hormônio

adrenocorticotrófico)

Estimulante do córtex das

adrenais

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Hormônios das

adrenais no sangue.

Prolactina

Estimula produção de leite

nas glândulas mamárias.

Estímulo nervoso

provocado pela sucção

da mama / -.

FSH (Hormônio folículo-

estimulante)

Na mulher: Regularidade

do ciclo menstrual.

No homem: produção de

espermatozoide.

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Estrogênios no sangue

da mulher.

LH (Hormônio luteinizante)

Na mulher: estimula

formação do corpo lúteo.

No homem: estimula a

produção de testosterona.

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Progesterona (mulher)

e testosterona (homem)

no sangue.

T3 (Triiodotironina) e T4

(Tetraiodotironina ou

Estimulantes do

metabolismo celular

(consomem iodo na sua

TSH/ Sistema nervoso

central bloqueando

liberação de TSH.

_______ Anatomia Humana

88

Tireoide

tiroxina) produção).

Calcitoninca

Dificulta a retirada de

cálcio dos ossos pelo

paratormônio.

Concentração de

Ca++/ Idem.

Paratireoides

Paratormônio

Mantém níveis normais de

cálcio no sangue,

retirando-o dos ossos e

aumentando sua absorção

no intestino.

Concentração de

Ca++/ Idem.

Córtex das adrenais

Cortisol

(Glicocorticoides)

Controle do metabolismo

de açúcares a partir de

gorduras e proteínas.

ACTH/ Concentração

de glicose sanguínea.

Androgênios (Hormônios

masculinos).

Liberação de hormônios

masculinos e femininos na

circulação.

ACTH/-.

Medula das adrenais

Adrenalina ou epinefrina

Aumento da pressão

arterial e do ritmo

cardíaco. Aumenta açúcar

no sangue.

Sistema nervoso/-.

Pâncreas

(Glândula mista)

Insulina

Baixa glicose sanguínea e

estimula produção de

glicogênio no fígado.

Concentração de

glicose no

sangue/Idem.

Glucagon

Quebra de glicogênio no

fígado.

Concentração de

glicose no

sangue/Idem.

Ovários (Glândulas

mistas)

Estrogênios

(Hormônios femininos)

Caracteres sexuais

secundários femininos.

FSH/Concentração de

estrogênios no sangue.

Progesterona Atuação sobre o útero. LH/ Concentração de

progesterona no

sangue. Testículos (Glândulas

mistas)

Testosterona

Caracteres sexuais

secundários masculinos.

_______ Anatomia Humana

89

Capítulo XIV – Sistema Sensorial

1. Introdução

O ser humano possui cindo órgãos dos sentidos e está em contato com o meio

ambiente através do tato, olfato, gustação, visão e audição.

Os órgãos dos sentidos levam informações do meio para o sistema nervoso e,

dessa forma, contribuem para a manutenção do perfeito funcionamento do organismo.

Em cada órgão do sentido há três elementos nervosos:

Receptor externo: recebe a impressão sensitiva na periferia do organismo;

Transmissor: transporta essas impressões através de fibras nervosas;

Receptor interno (cérebro): recebem do transmissor as impressões colhidas e as

transportam em sensações.

Este tipo de sistema é composto por um conjunto de sensores, localizados por todo

o organismo, que detecta todos os tipos de informações gerados no organismo ou fora

dele. Quando a informação é originada no interior do organismo, ela é interoceptiva;

quando originada no meio ambiente, é exteroceptiva. A audição, olfação, tato, visão e

_______ Anatomia Humana

90

gustação são modalidades sensoriais que nos permitem explorar o meio em que estamos

constituindo, portanto, informação exteroceptiva.

Uma vez detectada a informação, ela precisa ser conduzida até o SNC, onde é

decodificada. Assim, podemos classificar os elementos que formam os sistemas

sensoriais em: receptores sensoriais, que detectam o estímulo; circuitos sensoriais, por

onde os estímulos são transportados até o SNC na forma de sinais elétricos e os centros

superiores de integração, que identificam o sinal.

2. Tato ou Somestesia

A pele, mucosa, músculos, tendões, periósteo e algumas vísceras apresentam

receptores sensitivos na sua superfície, formando o sistema somestésico. Essa

modalidade sensorial é subdividida em tátil, térmica e dolorosa.

Na sensibilidade tátil, a transdução de sinal é mediada por receptores mecânicos

(mecanorreceptores), cuja estimulação se dá pela deformação da célula. Funcionalmente,

esses receptores são divididos em mecanorreceptores de adaptação rápida e de

adaptação lenta; os receptores de adaptação rápida respondem no início e no término do

estímulo e os receptores de adaptação lenta respondem durante toda a estimulação;

estão distribuídos pela epiderme (corpúsculos de Meissner e de Merkel, corpúsculos de

Pacini e de Ruffini).

Vale ressaltar que os termorreceptores refletem a temperatura ambiente e não

estão envolvidos com a regulação da temperatura interna do organismo; esta é detectada

por termorreceptores no hipotálamo, e não pêlos cutâneos.

Os receptores para dor, conhecidos como nociceptores estão localizados na pele e

em tecidos profundos, e sinalizam um estado de alerta, ou seja, se algo não está bem,

precisa ser identificado e resolvido.

3. Audição

O ouvido externo atua como receptor das ondas sonoras, sendo dividido em

pavilhão auditivo ou orelha e canal auditivo. Ao contrário de alguns animais que possuem

a capacidade de orientar livremente o pavilhão auditivo para captar com maior facilidade a

fonte sonora, a orelha humana é imóvel.

_______ Anatomia Humana

91

O pavilhão auditivo é recoberto por uma estrutura cartilaginosa, à exceção do

extremo inferior do lóbulo, que se apresenta carnoso e pendular. O rebordo externo, ou

hélice da orelha, circunda uma segunda dobra interna, ou antélice, a qual, por sua vez,

delimita a concha do canal auditivo. Na concha existem duas saliências, que constituem o

extremo da antélice. O canal auditivo, delimitado por uma estrutura fibrocartilaginosa,

apresenta pêlos e glândulas ceruminosas, que produzem o cerume ou cera, substância

que protege o acesso ao ouvido médio.

Várias cavidades ligadas entre si, que constituem a denominada caixa do tímpano,

formam o ouvido médio. Este se encontra limitado exteriormente pelo tímpano, membrana

sensível que transmite as vibrações sonoras aos ossos do ouvido. O primeiro desses

ossos, o martelo, está fixado à membrana timpânica, seguido da bigorna e do estribo,

comunicando-se este último com a chamada janela oval, que marca a transição para o

ouvido interno. A vibração desses minúsculos ossos, fixados à parede da cavidade

auditiva por meio de pequenos ligamentos, reduz a amplitude das ondas sonoras que os

atingem, ao mesmo tempo em que amplificam-lhes a intensidade. Esse sistema é

fundamental para que as ondas que se propagam nesse meio possam passar ao meio

líquido do ouvido interno.

A pressão do ar sobre ambos os lados do tímpano deve ser equivalente à

atmosférica para que a transmissão dos sons seja adequada. Esse equilíbrio é alcançado

pela trompa de Eustáquio, canal que comunica o ouvido médio à garganta. O ar contido

na cavidade auditiva é absorvido pela mucosa que a recobre, sendo substituído pelo que

penetra na trompa com a deglutição da saliva.

O ouvido interno, também denominado labirinto, devido a sua complexidade

estrutural, consta basicamente de um conjunto de cavidades situadas na região

mastoidea do osso temporal do crânio, as quais se encontram cheias de um líquido

denominado perilinfa; e de um grupo de membranas internas, em cujo interior flui a

chamada endolinfa. Assim, estabelece-se uma diferença entre o labirinto ósseo e o

membranoso. A estrutura óssea é formada por três cavidades: o vestíbulo, em contato

com o ouvido médio por meio da janela oval; a cóclea ou caracol, orgânulo disposto em

espiral em torno de um eixo cônico; e os três canais semicirculares, ligados ao vestíbulo

por cinco aberturas.

_______ Anatomia Humana

92

Aos orgânulos ósseos correspondem várias partes membranosas do labirinto.

Assim, ao vestíbulo correspondem dois divertículos membranosos, o utrículo e o sáculo,

enquanto os canais semicirculares apresentam os condutos homônimos como equivalente

membranoso. É nessas minúsculas estruturas que se localizam as células responsáveis

pelo equilíbrio, as quais contêm os chamados estatolitos e otólitos, corpúsculos

reguladores dessa função.

Na cóclea óssea está situado o canal coclear, sede do órgão de Corti. Este é o

sistema terminal acústico e compreende os bastonetes de Corti, as células auditivas e

seus correspondentes elementos de apoio. Em seu interior realiza-se a transformação das

vibrações sonoras em impulsos nervosos que, transmitidos ao nervo acústico, passam ao

cérebro.

4. Gustação

Os receptores gustativos estão agrupados em papilas gustativas e podem ser

encontrados não somente na língua, mas na faringe, epiglote e porção superior do

esôfago. Eles são capazes de identificar o doce, salgado, azedo e amargo. O azedo e o

amargo normalmente estão relacionados com substâncias nocivas, por isso produzem

sensações desagradáveis. As papilas gustativas detectam o azedo pela acidez dos

alimentos; o íon hidrogênio bloqueia os canais de potássio da célula gustativa, que, em

paralelo à entrada de sódio e cálcio, gera um potencial de ação.

_______ Anatomia Humana

93

As informações gustativas são transmitidas até o núcleo gustatório do núcleo do

trato solitário (NTS) pêlos nervos facial e glossofaríngeo, sendo que o vago também

transmite as sensações gustativas da epiglote e porção superior do esôfago.

5. Olfato

Os dendritos dos neurônios olfativos se projetam para a superfície epitelial da

cavidade nasal, expressando vários cílios na sua superfície. Nesses cílios são

encontrados receptores, denominados receptores odoríferos, especializados em detectar

o odor. A interação entre a molécula odorífera e seu receptor induz a geração de

segundos mensageiros que aumentam a condutância da membrana do neurônio ao sódio

e ao cálcio, disparando um potencial de ação que trafega até o córtex olfativo.

6. Visão

A visão é um dos sentidos que não nos permite somente detectar a luz e as

imagens, mas também nos permite interpretá-las, ou seja, vê-la. Por este motivo no

sentido da palavra visão, requer a intercessão de zonas especiais do cérebro, que é

_______ Anatomia Humana

94

chamado de córtex visual, essas zonas analisam e resumem as informações recolhidas

como as formas, as cores, as texturas, etc.

No interior do olho está a Retina, que é composta de cones e bastonetes, onde se

da os primeiros passos do processo perceptivo.

As principais partes do olho humano são:

A córnea: É a face do olho, é transparente e esférica.

O cristalino: Tem a função de uma lente, pois é capaz de focalizar a luz que chega

ao olho, formando a imagem na retina. A convergência do cristalino correta faz com

que a imagem de um objeto fique bem clara e bem definida.

A íris: é a parte colorida do olho, nela encontra-se a Pupila, que administra a

quantidade de luz que entra no olho. Quando a Pupila é exposta a um local muito

iluminado, ela diminui, este processo é chamado de miose, e quando está em um

lugar mais escuro a Pupila aumenta processo denominado midríase.

A retina: Parte do olho, onde é formada a imagem, ou seja, a retina capta as

imagens e interpreta para o cérebro. É formado por duas células os cones e

bastonetes.

_______ Anatomia Humana

95

Capítulo XV – Sistema Tegumentar

1. Introdução

Dentro desse tópico são abordados pele e seus anexos. A pele é formada por duas

camadas, uma mais superficial e outra adjacente a ela, denominadas epiderme e derme,

respectivamente. É muito distensível, característica assegurada pela presença de fibras

colágenas elásticas presentes na derme.

A derme é altamente vascularizada e apresenta elevações que se projetam para a

epiderme, conhecidas como papilas dérmicas; estas formam cristas que são separadas

por sulcos, visíveis somente na polpa dos dedos, constituindo as impressões digitais. A

derme repousa sobre uma tela subcutânea, ricas em tecido adiposo, cuja quantidade de

gordura varia nas diferentes partes do corpo. No entanto, essa tela de gordura está

ausente nas pálpebras e no prepúcio. O tecido subcutâneo é importante para impedir a

perda de calor e fornecer material nutritivo.

Na pele são encontradas glândulas cujo produto de secreção é liberado na

superfície da pele. Essas glândulas são as sudoríparas e sebáceas.

As glândulas sudoríparas estão localizadas na derme e tecido subcutâneo; seu

dueto se abre na pele por meio de um poro, permitindo a saída do suor; a palma das

mãos e a planta dos pés são locais que mais expressam essas glândulas.

_______ Anatomia Humana

96

As glândulas sebáceas estão localizadas na derme e o seu dueto se abre nos

folículos pilosos, o que é importante para a pele e para o pêlo, já que o produto de

secreção dessas glândulas serve para lubrificar o pêlo e a pele. O pigmento responsável

em dar cor à pele é a melanina, sendo que quanto maior for à quantidade de melanina na

pele, mais escura ela é.

2. Função da Pele

O tegumento comum compreende a pele e seus anexos, que desempenham várias

funções, tais como:

Recobrir a superfície do corpo como um envoltório protetor;

Participar do equilíbrio térmico através da sua rede de capilares e da excreção de

suor;

Proteger o organismo contra as agressões térmicas e a penetração de

microrganismos;

Sintetizam a vitamina D pela utilização dos raios ultravioleta do sol;

Ser responsável pela sensibilidade superficial do corpo através das terminações

nervosas para o tato, a temperatura e a pressão;

Eliminar substâncias tóxicas e residuais através do suor e do sebo;

Armazenar gordura e outros componentes do metabolismo.

3. Anexos da Pele

O pêlo, as unhas e a mama são considerados anexos da pele. Os pêlos

apresentam uma haste e uma raiz; esta se aloja em um tubo conhecido como folículo

piloso.

As unhas são formadas por um processo de proliferação e diferenciação de células

epiteliais; estas células se queratinizam para formar a unha. Assim como os pêlos, as

unhas apresentam um corpo e uma raiz. O corpo fica exposto, enquanto a raiz é coberta

por um prolongamento de uma das camadas da epiderme, a córnea.

As mamas são formadas por glândulas cutâneas que se especializam na produção

do leite, situadas ventralmente a músculos da região peitoral, entre as camadas

superficiais e profundas da tela subcutânea. A mama é constituída por 3 elementos:

_______ Anatomia Humana

97

parênquima, estroma e pele. O parênquima é o tecido funcional, formado pelas glândulas;

o estroma é o tecido conjuntivo que envolve o tecido funcional e a pele cobre toda

superfície externa da mama. As glândulas mamárias liberam seu produto em duetos que

se confluem formando duetos maiores; estes desembocam na papila mamaria. A papila

mamaria é uma projeção da mama, circundada por uma área hiperpigmentada, a aréola

mamária. Durante a gravidez o volume das mamas aumenta por ação hormonal.

_______ Anatomia Humana

98

Capítulo XVI – Referencia Bibliográficas

Anatomia - 2ª Ed. Autor: Richard S. Snell Editora: Medsi Editora Médica e Científica Ltda

Publicação: 1984

AMABIS & MARTHO. Biologia dos organismos. Volume 2. São Paulo, Editora Moderna,

1995.

AMABIS & MARTHO. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. São Paulo, Ed.

Moderna.

AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São

Paulo, Ed. Moderna, 1997.

cadernodigital.uol.com.br/guiadosexo/glossario/glossario3.htm

members.tripod.com/~Histology_2/orglinf.htm

www.saludhoy.com/htm/homb/articulo/infarca1.html

www.embarazada.com

www.masculin.com.br

www.uroped.com.br/tiraduv/fimose.htm

www.webciencia.com

www.unifesp.br/dmed/cardio/ch/cardio.htm

www.corpohumano.hpg.ig.com.br

www.saude.discovery.com/verticalz/archivoz.asp

www.santalucia.com.br/hemodinamica/angioplastia.htm