a conquista de ceuta e o início da expansão

22
As razões que levaram os portugueses até Ceuta Cadeira: História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa Regida por Prof. Doutora Maria Leonor da Garcia da Cruz Ano Letivo 2015/2016 2º Semestre Rita Peixeiro Lopes Esteves, Nº 50147

Upload: independent

Post on 04-Dec-2023

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

As razões que levaram os portugueses até Ceuta

Cadeira: História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa

Regida por Prof. Doutora Maria Leonor da Garcia da Cruz

Ano Letivo 2015/2016

2º Semestre

Rita Peixeiro Lopes Esteves, Nº 50147

ÍndiceÍndice.............................................................................................................................................................. 1

Introdução..................................................................................................................................................... 2

1. Análise de Fontes..............................................................................................................................3

2. Razões que motivaram a Conquista de Ceuta.........................................................................8

Bibliografia................................................................................................................................................ 17

Anexos........................................................................................................................................................ 21

1

Introdução

O trabalho a realizar na cadeira de História dos Descobrimentos e da Expansão

Portuguesa lecionada pela professora Maria Leonor da Garcia da Cruz, tem como

temática a Conquista de Ceuta, mais especificamente as razões pelas quais D. João I

decidiu conquistar a cidade.

Na primeira parte do trabalho irei fazer uma análise das fontes que tive por base

para o ponto de partida do trabalho de modo a tentar perceber da melhor forma as razões

que motivaram à conquista a partir de autores da época, em seguida irei apresentar e

analisar as causas que levaram os portugueses a tomar a decisão de conquistar a cidade,

já através de autores contemporâneos. Por último irei comparar as opiniões de vários

autores sobre o tema do trabalho, para que tente chegar a uma conclusão. Ao longo de

todo o trabalho irei, sempre que possível, relacionar as fontes com as ideias

apresentadas ao longo do trabalho.

Para desenvolver o trabalho tive por base várias histórias de Portugal e o livro de

António Dias Farinha, Os portugueses em Marrocos. Tendo também outros autores de

bastante importância e relevância para o tema. É de salientar que na bibliografia as

obras marcadas com * são as obras que foram consultadas para o trabalho, as restantes

são obras que foram pesquisadas mas não utilizadas na elaboração do trabalho.

2

1. Análise de Fontes

As fontes que irei analisar são Crónica de Gomes Eanes de Zurara que têm como

função mostrar a Portugal e ao mundo os feitos portugueses, e por isso dirigem-se a

toda a população em geral. As fontes que escolhi analisar no trabalho são fontes que

mostram a importância que Ceuta tinha, fosse na sua localização, nos seus produtos, daí

considerar que a sua análise é importante pois ajudam-nos a perceber algumas razões

que nos levaram a partir para a conquista da Cidade. Decidi escolher duas fontes que

não espelham diretamente as razões mas que considerei importantes porque nos dão

informações sobre o tempo antes da expedição e que se tornam elucidativas de

realidades que necessitamos de conhecer para que se consiga perceber por total a

conquista e não o porquê de esta acontecer mas também o como.

A primeira fonte que irei analisar faz parte de uma das crónicas de Gomes Eanes de

Zurara, a Crónica da Guiné e é um texto do capítulo V1. No texto que nos é apresentado

ficamos a saber que a cidade tem um grande valor estratégico, quando nas linhas quinze

a dezassete se pode constar que a cidade era a chave do Mediterrâneo, «não se pode

negar que a cidade de Ceuta não seja chave de todo o mar Mediterrâneo»2. É ainda de

destacar quando no início do texto Zurara refere a vitória que os portugueses tiveram na

tomada da cidade nas linhas quatro e cinco3.

Relacionada com as riquezas estão as segundas fontes que iram ser analisadas. Da

autoria do já referido Gomes Eanes de Zurara, faz parte da Crónica do Conde D. Pedro

de Menezes, do primeiro livro e capítulo XV4, e segundo livro e capítulo XXII5, que

serão respetivamente analisadas. Na primeira podemos ver as riquezas que a cidade

tinha antes da chegada dos portugueses, falando dos Paços que existiam na cidade que

os reis de Fez tinham mandado construir6, que eram fortificados e chamados de

«Aljazira»7, ao analisar o documento percebemos também qual a população que

1 Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Guiné, cap.V, antologia de Vítor Magalhães Godinho, p.56, in compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012.2 Vide idem, ibidem, ll.15-17.3 «cuja famosa vitória os céus sentiram glória e a terra beneficio?».4 Gomes Eanes de Zurara, Crónica do Conde D. Pedro de Menezes, cap.XV, vol.I, antologia de Vítor Magalhães Godinho, p.53, in compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012.5 Gome Eanes de Zurara, Crónica do Conde D. Pedro de Menezes, cap.XXII, vol.II, antologia de Vítor Magalhães Godinho, p.66, in compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012.6 «(…) uns Paços, que ali mandaram fazer os Reis antigos de Féz», ll.1-2.7 Vide idem, ibidem, l.12.

3

habitava a cidade, «os moradores da cidade pela maior parte eram mercadores, e

oficiais, e mareantes»8. Por fim a fonte dá-nos a conhecer algumas riquezas da cidade,

que iam desde pomares, a hortas e muitos bosques9. Por sua vez na segunda fonte em

que se pode analisar as riquezas de Ceuta, podemos observar que os comerciantes

achavam que nada havia para comprar numa cidade que estava quase constantemente

em guerra, e ao verem o que a cidade podia oferecer ficam admirados10, é dado o

exemplo de um Conde de Veneza que foi um dos que se surpreendeu com o que a

cidade podia oferecer e levou «muitas joias»11 para as suas filhas que se iam casar.

A terceira fonte que irá ser analisada é um texto que faz parte da Crónica da

Tomada de Ceuta, da autoria de Gomes Eanes de Zurara. É neste pequeno texto do

capítulo LXIII12 da crónica que o conhecido cronista nos dá a conhecer o facto de a frota

que partiu para Ceuta no ano de 1415 ter começado a ser preparada no ano de 1409 e

que foi feito com o maior secretismo, através de um diálogo o monarca tem. Podemos

observar os seis anos de preparação da frota nas linhas 8 a 9 quando o rei afirma «haver

acêrca de seis anos, que ando em êste trabalho». No que diz respeito ao secretismo que

envolveu toda a preparação da frota pode-se constatar quando o rei diz «fazendo sôbre

ele tantas circunstâncias como sabeis, pelas quais o mundo está com as orelhas abertas

para amim a fim da vitória»13.

A quarta e última fonte a ser analisada é a mais extensa das que foram apresentadas

para a execução do trabalho. Faz parte da Crónica da Tomada de Ceuta, sendo o

capítulo XII14. Neste documento o rei, D João I, apresenta cinco razões pelas quais não

sabe se deve lançar a expedição a Ceuta. Mesmo achando que Deus queria que esta

conquista acontecesse tinha medo de não ser forte o suficiente para cumprir o que

achava ser a vontade de Deus15. A primeira razão que o monarca apresenta passa pela

falta de dinheiro, pois achava que para fazer a expedição era necessário muito dinheiro

8 Vide Gomes Eanes de Zurara, Crónica do Conde D. Pedro de Menezes, cap.XV, vol.I, antologia de Vítor Magalhães Godinho, p.53, ll.4-6.9 «(…) grandes Hortas e Pomares acompanhados de muitos arvoredos.» ll.15-16.10 Vide Gome Eanes de Zurara, Crónica do Conde D. Pedro de Menezes, cap.XXII, vol.II, antologia de Vítor Magalhães Godinho, p.66, ll.7-10.11 Vide idem, ibidem, l.13.12 Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Tomada de Ceuta, cap.LXIII, antologia de Vítor Magalhães Godinho, pp.44-45, in compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012.13 Vide idem, ibidem, ll.9-12.14 Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Tomada de Ceuta, cap.XIII, antologia de Vítor Magalhães Godinho, pp.45-51, in compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012.15 Vide idem, ibidem, c.1, ll.9-12.

4

que ele não possuía, sendo a solução tributar mais a população que não iria gostar de ver

os impostos a serem aumentados mais uma vez e o segredo com que esta viagem era

organizada acabava também por se perder se houvesse a subida de tributação porque se

tinha de justificar o porquê de tal acontecimento, podemos ver esta realidade nas linhas

19 a 27 da primeira coluna, quando o monarca diz «considero como para semelhante

feito se requerem mui grande despesas, para as quais hei mister muito dinheiro, o qual

eu não tenho, nem sei pelo presente donde o haja nem como, porque pôsto que o

quisesse haver do povo lançando-lhe alguns pedidos (…) duas perdas, a primeira

escândalo do povo, e a segunda rompimento do segredo.»16.

A segunda dúvida que o rei apresenta é a falta de combatentes com que se ia

deparar, teria que recorrer não só a portugueses mas também a estrangeiros. Eram

necessários muitos mantimentos que rei também não possuía, sendo preciso igualmente

uma grande frota para os transportar, e podemos constatar esta realidade das linhas vinte

e sete a quarenta e três17.

Na terceira dúvida, ainda presente na primeira coluna do documento, D. João I

apresenta volta a referir que tem poucas pessoas e que iria ter que recorrer aos

estrangeiros a quem não tinha dinheiro para pagar e por isso acha melhor que se a

expedição acontecesse fosse apenas com o seu povo, «abastança da gente que não

tenho, (…) não tão somente aquela que tenho mas outra muita mais me seria

necessária»18, «E eu não tenho a de fora nem esperança como a haja principalmente pelo

falecimento do dinheiro que sinto em meu reino, e sobretudo porque o não posso haver

de meu povo pelos empachos que vos já disse. (…) com as minhas gentes me convém

somente fazer todo o meu feito.»19, por fim ainda nesta terceira dúvida o rei salienta o

medo que tem que Castela aproveite a sua saída para atacar o reino e que devia, para

segurança, deixar as fronteiras com alguns homens, homens esses que ele precisava na

frente de batalha20.

16 Vide idem, ibidem, ll.19-27.17 Vide idem, ibidem, «para cujo combate não somente havemos mister as gentes deste reino, mas ainda outras de fora se se oferecerem para nossa ajuda.» (ll.30-32), «mantimentos em grande abastança, porque não sabemos quanto tempo estaremos sôbre aquela cidade» (ll.35-37), «necessária uma grande frota de muitos navios (…) os quais não há em meus reinos, nem posso achar caminho como os de fora possa haver nem por que guisa» (ll.39-43).18 Vide idem, ibidem, ll.44-46.19 Vide idem, ibidem, ll.47-53.20 Vide idem, ibidem, «pode ser que sentindo como sou fora da minha terra, poder-se-ão mover contra o meu senhorio» (ll.56-57), «por a segurança disto convinha que eu deixasse minhas frontarias ao menos acompanhadas de alguma gente» (ll.61-63).

5

A quarta e penúltima razão que o monarca questiona-se se a conquista seria a

melhor coisas para si, em caso de vitória, considerando Granada um destino que seria

mais fácil de governar que uma cidade que tão longe do seu reino ficava, contudo ao

partir para o norte de África perdia Granada e achava que os seus súbditos não

concordariam com isso, pois só se daria mais poder a Castela21, informação que ainda

nos é dada na primeira coluna e primeiras treze linhas da segunda coluna.

Por fim, na segunda coluna e terceira, o monarca faz a referência à sua quinta e

última dúvida, D. João I preocupa-se com o facto de não conseguir manter a cidade, tem

uma divisão de pensamentos que o levam a crer que na possibilidade de vitória ele não

vai depois conseguir manter o seu domínio, «se não a pudermos manter e defender»

linhas trinta e quatro e trinta e cinco. Esta última dúvida aparece porque o rei vê na

tomada uma série de consequências que se podem dar e que podem dificultar a

manutenção do poder português em Ceuta. Encontra consequências como os gastos, que

seriam sempre maiores que todas as riquezas que pudessem encontrar22, preocupa-se

com a vingança que os mouros ataquem a costa Algarvia23, também podemos observar

mais um exemplo deste medo de consequências está presente da linha trinta e nove a

quarenta e um24.

O rei finaliza o seu discurso afirmando que achava melhor não ir por todas as razões

que tinha apresentado, e que quem não concordava com ele lhe devia mostrar que ele se

encontrava errado25.

Podemos concluir, da análise conjunta de todas as fontes que a expedição a Ceuta

foi envolta em grande mistério, de longa preparação mas nem sempre de total confiança

pois tinham de ser grandes esforços feitos para que tudo corresse como o previsto e os

portugueses conseguirem usufruir das riquezas que a cidade podia oferecer e que

podiam ajudar o nosso reino. Foi um sucesso, mas um sucesso que antes de ser atingido

fez ponderar bastantes fatores.

21 Vide idem, ibidem, col.I, ll.67-72; col.II, ll.1-13.22 Vide idem, ibidem, «porque por mui grande que a riqueza seja, nunca poderá ser igual à grandeza da nossa desprsa» ll.79-81.23 Vide idem, ibidem, «vingança carregam suas fustas e navios da froll flor de sua mancebia, e virão aos nossos do reino do Algarve» coll.III, ll.18-21.24 Vide idem, iibidem, ll.39-41.25 Vide idem, ibidem, ll.45-52.

6

2. Razões que motivaram a Conquista de Ceuta

As fontes analisadas no ponto anterior do trabalho, dão nos informações bastante

importantes e que ao longo do trabalho, caso sejam identificadas serão referidas. Até

aos dias de hoje a conquista de Ceuta e o plano em que esta se inseriu já foi muito

7

debatido, inúmeros historiadores foram os que estudaram este tema da história de

Portugal.

As razões pelas quais D. João I se terá interessado pelo Norte de África e pela sua

conquista continuam a ser discutidas, mesmo passados seiscentos anos da tomada de

Ceuta se ter dado. Ao longo dos anos vários foram os autores que sobre o tema

estudaram e debateram, tanto os autores da época como os mais atuais, os

contemporâneos.

Penso que primeiro seja importante conhecer o ponto geográfico em que a cidade se

encontrava, para se poder localizar facilmente a ação, por isso também ter analisado em

primeiro lugar uma fonte que nos mostra o lugar estratégico em que a cidade se

encontrava26. Ceuta é, assim, uma cidade do Norte de África, que tinha características

geográficas que a tornavam um ponto estratégico para o nosso reino, que em termos

geográficos podia em muito enriquecer com esta cidade. Construída sobre uma

península era passagem de duas rotas terrestes de Marrocos, a de Oriente com as

especiarias e sedas, e a de Tombuctu e Messa que trazia de África ouro e escravos 27, era

uma cidade com vastas riquezas, sendo que na segunda fonte analisada anteriormente se

pode constatar esta riqueza que a cidade tinha28. Tal como podemos ver pela terceira

fonte analisada29, a expedição foi organizada com tempo, pormenorizada e de forma

extremamente sigilosa30, que contou com uma enorme armada de Portugal e a ajuda de

outros reinos. Tal como nos diz António Dias Farinha, a expedição começou a ser

organizada seis anos antes de 1415, ou seja, começou a ser planeada a conquista no ano

de 140931.

A aramada partiu a 25 de Julho do ano de 1415 de Portugal, era uma enorme

expedição que chegou à cidade de Ceuta no dia 21 de Agosto do mesmo ano. Sabe-se

que a armada que saiu de Lisboa foi a maior força militar que tinha sido reunida na

história do nosso reino. Os números de combatentes e navios que compunham a armada

variam, segundo alguns autores. José Hermano Saraiva defende que a frota apresentava

cerca de 200 navios, os combatentes eram 19 000 e os tripulantes de mareantes 170032.

Já, quando analisamos Joaquim Veríssimo Serrão, os números que este defende são 26 Ter em conta o primeiro ponto do trabalho.27Vide António Borges Coelho, Raízes da Expansão Portuguesa, 5ªed., Lisboa, Horizonte Histórico, 1985, p.17.28 Ter em conta o primeiro ponto do trabalho.29 Ter em conta o primeiro ponto do trabalho.30Vide José Hermano Saraiva, História de Portugal, Vol. III, Lisboa, Publicações Alfa, 1983, p.98.31Vide António Dias Farinha, Os portugueses em Marrocos, 2ªed., Lisboa, Instituto Camões, 2002, p.3.32 Vide José Hermano Saraiva, op.cit,p.98.

8

diferentes, barcos de número superior a 200 e mais de 20 000 homens, fazendo ainda

referência a uma notícia que referia alguns números, “Notícias de Valência referia, 200

navios, 25 galeras e 45 000 combatentes”33, por último António Borges Coelho refere

que saiu de Portugal uma «esquadra» de «200 velas»34. Tais discrepâncias numéricas

mostram que tal como os números reais da frota também as razões pelas quais saiu são

uma incógnita.

Portugal passava por uma crise financeira, o que fez D. João I ter dúvidas sobre a

conquista, não tendo a certeza se devia ou não mandar partir a armada. As suas dúvidas

sustentavam-se em cinco grandes problemas: os recursos que se despenderiam e que só

seriam possíveis de obter com os impostos, que teriam de ser aumentados, e que iriam

acabar por sobrecarregar a população; o exército que era dispendioso e necessitava de

apoio de outros reinos; com a ausência do rei Castela podia tirar partido para atacar

Portugal; Castela conquistou Granada, o que aumentou o seu poder, o que poderia vir a

pôr a independência de Portugal em risco; por fim, o medo que os Mouros pudessem

atacar o Algarve como represália, mesmo que a conquista corresse bem35, dúvidas que

se encontram bem espelhadas na quarta fonte que foi analisada em que o rei refere cinco

dúvidas que tem em relação à conquista36.

O rumo que a expansão devia tomar também foi alvo de dúvidas; Granada teria sido

um objetivo inicial mas não seria bem aceite por Castela, porque era uma expansão

dentro da Península Ibérica e assim, surge a ideia de conquista das praças do Norte de

África37. Mesmo com as dúvidas apresentadas D. João I decide avançar com a

conquista.

Acreditava-se que a conquista podia ajudar em muito o reino. E por isso a esperança

que se depositava no seu sucesso era elevada. Como já dito anteriormente o reino

passava por um momento de crise, e a subida de D. João I ao poder não trouxe

benefícios imediatos a todas as camadas da população. A estrutura social e económica

mantinha-se e os grupos sociais pretendiam melhorias nas suas condições de vida. A

nova Nobreza estava impaciente e inativa depois de a guerra da reconquista ter

terminado; o Clero continuava a ser um grupo privilegiado, isento de imposto e com

33 Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, 3ª ed., vol. 2 - A formação do Estado Moderno (1415-1495), Lisboa, Editorial Verbo, 1980, pp. 22.34 Vide António Borges Coelho, op.cit., p.17.35 Vide idem, ibidem, p.19.36 Ter em conta o primeiro ponto do trabalho.37 Vide António Henrique de Oliveira Marques, Anaíza Peres Coelho e Maria Adelaide Salvador Marques, História, vol. I, Lisboa, Ministério da Educação-Secretaria de Estado do Ensino Superior, 1979, p.115.

9

vontade de ganhar mais poder e riqueza; o povo, dividia-se em dois grupos distintos,

uma burguesia formada por comerciantes e mercadores que tinha interesse numa

atividade mercantil, e, os que não tinham nada e também não obtiveram nada com a

mudança de governante, que eram uma grande fração da população e que por isso

criavam preocupações38.

Com a chegada à cidade os portugueses invadiram-na subindo as muralhas,

começando a “atacar” com rapidez os sacos que continham especiarias. O saque à

cidade durou treze dias39, procuram nos poços e na terra, que remexem, os «tesouros»40.

Muitas foram as razões que levaram D. João I a arriscar um plano de expansão que

em caso de sucesso poderia resultar numa consolidação da Dinastia de Avis, e onde, os

diferentes grupos sociais poderiam encontrar vantagens que fossem de encontro aos

seus interesses e que diminui-se o seu descontentamento. Considero por isso importante

explicar o que cada grupo social esperava encontrar na expansão. No que diz respeito à

nobreza, a sua ocupação militar além-fronteiras portuguesas proporcionava-lhes a

possibilidade de dominar territórios novos e evitava ainda que desentendimentos

pudessem levar a possíveis problemas internos que podiam levar a guerras civis ou

quezílias de menor importância, que acontecia por não terem ocupação num reino que já

se encontrava em paz. Acrescentando a isto podiam obter fama e novas rendas.

O Clero por sua vez também tinha os seus interesses na expansão, estes, sabiam que

poderiam fazer uma nova cruzada e evangelizar os povos estrangeiros, os considerados

“infiéis” e podiam também, tal como a nobreza, aumentar os seus poderes e

rendimentos.

A burguesia procurava novas oportunidades de comércio, novos locais de

abastecimento com novos mercados. Ao conseguirem estes objetivos aumentariam os

seus lucros, e Ceuta parecia ser o sítio certo para o aumento do comércio que este grupo

tanto desejava, visto que era um ponto de referência no que diz respeito a rotas de

comércio, onde chegavam especiarias, ouro e escravos vindos do Oriente e de África e

que eram depois levados para a Europa através de vários interpostos comerciais como é

o exemplo de Génova.

Por fim a população em geral, a “arraia-miúda”, que passava por dificuldades e

nada tinha, via a expansão como uma oportunidade de novas ofertas de trabalho, quer na

38 Vide idem, ibidem, p.114.39 Saquearam: canela, pimenta, jarros de mel, azeite e manteiga.40 A este propósito, tenha-se em conta, António Borges Coelho, op.cit., p.17.

10

construção de navios ou mesmo em portos, que poderia ajuda-los a melhorar as suas

condições de vida41.

Zurara na sua crónica tinha dito que uma das razões que levou D. João I a partir

para conquistar Ceuta tinha sido o facto de os infantes pedirem ao rei que se realizassem

grandes festas em sua honra para aí serem armados cavaleiros mas, o vedor da fazenda

João Afonso, convenceu-os que seria melhor se fossem armados em guerra, pois achava

que para serem grandes cavaleiros essa era a melhor hipótese42.

A fé cristã e as guerras santas são também evocadas como razão para a expedição à

cidade de Ceuta, pensava-se que era necessário levar “a fé de Cristo aos infiéis”43. A

pirataria moura era algo que persistia na costa do Algarve e a conquista de Ceuta, podia

levar a um maior controlo desta mesma pirataria que poderia diminuir, e a cidade,

poderia ainda ser um bom local para uma base naval.

Por fim, podemos ainda referir a ideia que certos autores têm de que a falta de

cereais em Portugal nos fez querer conquistar Ceuta, isto porque ela era, supostamente,

uma zona cerealífera bastante abastada44. Contudo essa é uma razão já afastada do leque

de possíveis razões motivadoras, pois a localização geográfica em que Ceuta se

encontrava não era a localização de África que mais cereais produzia, sendo semelhante

a Portugal tal como vários historiadores já têm vindo a afirmar.

Estas são todas as ideias que os vários historiadores foram encontrando ao longo do

tempo para explicar o porquê desta tomada, contudo, são ideias bastante debatidas e por

isso, é necessário confrontar as várias ideias que ao longo do tempo certos historiadores

foram defendendo, de forma mais pormenorizada pois nem todos consideram as

mesmas razões ou condicionantes para conquista de Ceuta.

Quando cruzados e analisados vários historiadores concluímos, que por vezes têm

visões diferentes uns dos outros, nem todos acreditam as mesmas causas. Oliveira

Martins, António Sérgio, David Lopes, Jaime Cortesão, José Hermano Saraiva, António

Dias Farinha e Abel dos Santos Cruz são os historiadores cujas ideias irão ser

analisadas, sem esquecer o cronista da época Zurara.

Para se seguir uma lógica cronológica começarei por falar do testemunho de Gomes

Eanes de Zurara. As razões que o cronista deu para esta conquista foram durante muitos

41 Vide idem, ibidem, pp.115.42 A este propósito, tenha se em conta, José Hermano Saraiva, op. cit., p.100.43 Vide Joaquim Veríssimo Serrão, op. cit., p.25.44 Sobre o assunto vide o que afirma Abílio Pires Lousada, “Ceuta 1415, «Ricua e muy Fermosa» Escola de Guerra Portuguesa”, Jornal do Exército, ano LVI, nº650, Lisboa, Agosto/Setembro, 2015, p.28.

11

anos, as que mais crédito receberam, um dos exemplos está presente no capítulo VIII da

sua crónica, capítulo em que o rei decide que fazer grandes festas para armar os Infantes

cavaleiros, e em conjunto com o capítulo seguinte, IX, forma uma das razões tida em

conta para a conquista e que historiadores como, é de destacar, Oliveira Martins

destacam nas suas obras45.

Reconstituída pelo historiador Oliveira Martins, a visão do cronista sobre o tema em

estudo manteve-se por alguns séculos. Era uma visão que se caracterizava por modelo

com base religiosa e guerreira, e que o cronista afirmava ter sido a impulsionadora da

conquista da praça marroquina e de poder levar à evangelização dos “infiéis”.

Oliveira Martins destaca ainda, a ação militar dos três Príncipes, dando, no contudo,

mais relevo ao Infante D. Henrique, mas, neste projeto vão fazer parte também os

antigos combatentes de Aljubarrota que segundo o historiador Oliveira Marques, teriam

incentivado o rei neste empreendimento tal como o conselho régio, que teve lugar em

Torres Vedras, e do qual saiu uma unidade patriótica, todos apoiaram positivamente a

expedição46.

Em 1919, o historiador António Sérgio, vem negar a tese Oliveira Marques e diz

que a conquista da praça Marroquina não tinha a ver nem com a evangelização dos

“infiéis”, nem com razões de natureza militar. Afirmava sim, que as razões eram de

contexto socioeconómico, devido ao facto de o reino ter escassez de cereais e ter de

recorrer frequentemente à importação de cereais que, e deste, considerar Ceuta um lugar

onde era possível efetuar esse abastecimento, tese que hoje em dia já não se pode

defender. António Sérgio destaca ainda o vedor da fazenda pública, João Afonso de

Alenquer, dizendo que este era um homem experiente nos negócios públicos, que nas

diligências que este tinha efetuado, teria impulsionado a burguesia na conquista de

novos mercados, bem como de teria dado um novo rumo à economia portuguesa. Foi

desta forma que António Sérgio diverge das ideias anteriores.

Em 1925 é a vez de David Lopes, de entrar no debate à volta dos motivos da

conquista. Para ele o problema era mais complexo, e apresenta três motivos para a

tomada da cidade: a dinastia de Avis queria mostrar a sua força política e queria

sobretudo mostra-lo ao resto da Europa e queria também expandir a fé cristã em

Marrocos. Como segunda razão o historiador apresenta o facto de ser possível evitar a

pirataria moura que atacava frequentemente as costas do Algarve e que punha em perigo 45 A este propósito, tenha-se em conta, Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Tomada de Ceuta. Introdução e Notas de Reis Brasil, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1992, capítulo VIII a IX.46 A este propósito, tenha-se em conta, Joaquim Veríssimo Serrão, op. cit., p.25.

12

a navegação portuguesa, por fim a terceira razão seria que haveria vantagens em ter uma

cidade no norte de África que poderia vir a servir de base naval para futuras expansões.

David Lopes refuta a ideia de António Sérgio por este não considerar que Ceuta

fosse um centro de produção e expansão de trigo47, razão que anteriormente já referi

como não sendo uma das razões que nos levaram a Ceuta, por esta não ser tão

abundante em cereais como alguns afirmaram.

Por vários motivos, e olhando com mais atenção para uma história económica,

parece mais certa a tese que Jaime Cortesão apresenta. A sua tese aborda a conquista da

cidade como uma tentativa de abertura para uma rota comercial do Ouro, afirmando

ainda que era a porta de abertura para o Estreito, considerando por fim que a sua

conquista tinha-se feito com a intenção de acabar com as incursões dos piratas

muçulmanos, que os navios portugueses sofriam48. José Hermano Saraiva não vai de

encontro às causas que Jaime Cortesão apontou e considerou, chegando mesmo a dizer

que estas não têm “fundamento histórico”49. Diz, por sua vez, que Ceuta não era um

terminal de ouro, logo daria qualquer abertura para esse tipo de comércio, pois esta

recebia tanto ouro como qualquer outra cidade da época, afirma ainda, que Ceuta não

era a chave do Estreito porque nunca tinha conseguido fechar a comunicação entre os

mares, dizendo por fim que não era solução para acabar com a pirataria muçulmana,

pois após a conquista os ataques não cessaram, e ainda aumentaram50. Não concordando

nesta última também com historiador David Lopes, que à semelhança de Jaime

Cortesão, considerava a tentativa da diminuição de pirataria muçulmana uma das causas

que incentivou os portugueses.

António Dias Farinha apresenta também na sua visão algumas razões ou

condicionantes que levaram os portugueses até ao Norte de África. Começa por dizer

que a conquista era para reforçar a Dinastia de Avis, que como já referenciado

anteriormente precisava de se afirmar perante a Europa e Roma51. Afirma ainda que

Granada não era uma opção por pôr em risco a recente paz que tinha sido conseguida

com Castela e por isso ser a única hipótese a expansão para o norte de África, e era

ainda um ponto estratégico no Estreito de Gibraltar e um «ancoradouro». Destaca

também por sua vez a necessidade de reconquista cristã que se queria levar a cabo e da

47 A este propósito tenha-se em conta, Joaquim Veríssimo Serrão, op. cit., pp.24-25.48 Vide José Hermano Saraiva, História de Portugal, op. cit., p.100.49 Vide idem, ibidem, p.100.50 Vide idem, ibidem, p.100.51 Vide António Dias Farinha, op.cit., p.3.

13

qual o território de Ceuta fazia parte. E por fim refere a vantagem que Portugal teria

sobre Castela por a cidade ser o melhor porto de ligação entre Granada e a Berberia52.

Por fim Abel dos Santos Cruz divide as suas ideias em quatro objetivos, os

políticos, estratégicos-militares, religiosos e económicos. Nos políticos ele salienta a

razão de fortalecer a nova dinastia, a possibilidade de legitimar perto de Roma a

conquista e assim conseguir as autorizações para a luta contra o infiel e por fim a

abertura para novos caminhos comerciais53. No que diz respeito aos estratégicos-

militares ele refere a vontade de o rei querer agradar à nobreza no ponto de vista de

armas, a já antes referida luta contra o infiel, a defesa da costa Algarvia e o domínio do

Estreito de Gibraltar e do comércio no Mediterrâneo que se abria54. E por fim um maior

número de ascensões nobiliárquicas de filhos secundogénitos que era possível55. Nos

terceiros objetivos, os religiosos, a já duas vezes referida nos anteriores pontos a luta

contra os infiéis e a evangelização dos mesmos, que era apoiada pela igreja56. Por último

nos objetivos económicos Abel Cruz salienta outra vez o comércio que Portugal podia

ganhar e cita ainda António Dias Farinhas, concordado com ele57.

Analisando as causas que cada historiador apresenta para a conquista da cidade de

Ceuta, concluímos que algumas ideias que têm são iguais divergindo em outras,

podemos observar e concluir que David Lopes e Jaime Cortesão, têm a mesma opinião

quando apresentam como causa a necessidade de diminuir a pirataria dos corsários

muçulmanos. Podemos também ver que a fé cristã, é outra das causas considerada por

mais do que um autor, Oliveira Martins, David Lopes, António Dias Farinha e Abel dos

Santos Cruz. A nova dinastia que precisava de se afirmar é também a causa para alguns

dos autores, como David Lopes, António Dias Farinha e Abel dos Santos Cruz. No que

diz respeito à posição estratégica que podia beneficiar o reino podemos comparar as

teses de Jaime Cortesão que considera a cidade uma abertura para a rota do ouro e uma

consequente abertura para o Estreito de Gibraltar, tal como António Dias Farinha e Abel

dos Santos Cruz.

52 Vide idem, ibidem, p.4.53 Abel dos Santos Cruz, A Nobreza Portuguesa em Marrocos no Século XV (1415-1464), Dissertação de Mestrado em História Medieval, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1995, p.26.54 Vide idem, ibidem, p.27.55 Vide idem, ibidem, p.28.56 Vide idem, ibidem, p.28.57 «Marrocos era — no dizer de António Dias Farinha — um vasto país com produção agrícola e mineral relevante, uma impressionante riqueza em gado, indústria de tecidos, de curtumes, de objectos de cobre...e surpreendentes bancos de pesca na orla marítima e no interior dos rios», vide idem, ibidem, p.29.

14

Por fim podemos comparar as opiniões que divergem em relação ao estudo em

curso. É de ter em atenção a opinião que António Sérgio apresenta em que refere o trigo

como uma das razões que teria levado D. João I a incutir e levar a cabo esta conquista e

que é desde logo refutada por David Lopes que não considera a razão válida e que pode

ser bem justificada pois como já anteriormente mencionado Ceuta não era um lugar de

tão grande produção de tripo. Por último é de destacar também a opinião de José

Hermano Saraiva que vai contra a opinião de Jaime Cortesão em relação a todas as

razões que apresenta e naturalmente contra os restantes autores que apresentam razões

iguais às de Jaime Cortesão. José Hermano Saraiva refuta assim as ideias do seu colega

dizendo que a cidade não era terminal de ouro, que a sua conquista não diminuíra as

investidas dos corsários e que não se conseguiria dominar o Estreito.

Para uma mais fácil comparação das ideias dos vários autores encontra-se em anexo

um quadro onde se esquematiza as opiniões de cada autor em separado58.

Conclusão

As ideias apresentadas ao longo de 600 anos que se passaram sobre a conquista de

Ceuta, continuam a suscitar debate como se pode observar pelas opiniões que foram ao

longo do trabalho apresentadas e abordadas. Apesar de alguns autores convergirem em

certas ideias, acabam na sua grande maioria por apresentar cada um, uma nova teoria

58 Ver anexo número 1.

15

sobre o tema abordado, pegando em várias das realidades que se viviam no reino de

Portugal, económicas, sociais e políticas.

Não se consegue por isso chegar, ainda, a uma conclusão sobre as causas que

fizeram com que os portugueses quisessem conquistar a cidade de Ceuta e iniciarem aí a

sua expansão, isto porque o leque de opções consideradas é ainda muito vasto, mesmo

que tal como as fontes analisados no primeiro ponto, outras nos deem alguma ideia do

que poderá ter despertado o interesse português por esta praça no Norte de África. O

debate é assim algo que continua em aberto.

BibliografiaFontes

1. Fontes Primárias

ZURARA, Gomes Eanes de

Crónica da Tomada de Ceuta, cap.XIII, antologia de Vítor Magalhães Godinho, pp.45-51, in compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012. *

16

IDEMCrónica da Tomada de Ceuta, cap.LXIII, antologia de Vítor Magalhães Godinho, pp.44-45, in compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012. *

IDEM

Crónica da Guiné, cap.V, antologia de Vítor Magalhães Godinho, p.56, in

compilação de documentos de História dos Descobrimentos e da Expansão

Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz, Lisboa, FLUL, ed. digitalizada,

2012.*

IDEM

Crónica do Conde D. Pedro de Menezes, cap.XV, vol.I, antologia de Vítor

Magalhães Godinho, p.53, in compilação de documentos de História dos

Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz,

Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012.*

IDEM

Crónica do Conde D. Pedro de Menezes, cap.XXII, vol.II, antologia de Vítor

Magalhães Godinho, p.66, in compilação de documentos de História dos

Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, org. de Maria Leonor García da Cruz,

Lisboa, FLUL, ed. digitalizada, 2012.*

2. Fontes Secundárias

LOPES, Fernão

Crónica de D. João I. Apresentação crítica, seleção, notas e sugestão para análise

literária de Teresa Amado, Lisboa, Seara Nova, 1980.

ZURARA, Gomes Eanes de

17

Crónica da Tomada de Ceuta. Introdução e Notas de Reis Brasil, Mem Martins,

Publicações Europa-América, 1992.*

Obras

1. Obras de Referência

RICARD, Robert

Dicionário da História de Portugal. Direção de Joel Serrão, vol. I., suplemento

A/D, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 2006, pp.558-560. *

2. Obras Globais

ALBUQUERQUE, Luís de

Os Descobrimentos Portugueses, Lisboa, Alfa, 1985.

IDEM,

Dúvidas na História dos Descobrimentos Portugueses, 2ªedição, Lisboa, Vaga,

1990.

IDEM,

Introdução à História dos Descobrimentos Portugueses, 4ªedição, revista, Mem

Martins, Publicações Europa América, 1989.

ARNOLD, David

A época dos Descobrimentos, Lisboa, Gradiva, 1983.

BRANDÃO, Fernando de Castro

História da expansão portuguesa 1367-1580: uma cronologia, Odivelas,

Europress, 1995.

COELHO, António Borges

Raízes da Expansão Portuguesa, 5ªed., Lisboa, Horizonte Histórico, 1985,

pp.15-25. *

CORTESÃO, Jaime

18

História da expansão portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da Moeda,

1993.

GODINHO, Vitorino Magalhães

A expansão quatrocentista portuguesa: problemas das origens e da linha de evolução, Empresa Contemporânea de Edições, 1944.

MARQUES, A. H. Oliveira

Breve História de Portugal, 8ª ed., Lisboa, Editorial Presença, 2012.

MARQUES, A. H. Oliveira, COELHO, Anaíza Peres e MARQUES, Maria Adelaide

Salvador

História, vol. I, Lisboa, Ministério da Educação-Secretaria de Estado do Ensino

Superior, 1979, pp.114-117.

PERES, Damião

História dos descobrimentos portugueses, 4ª ed., Porto, Vertente, 1992.

3. Obras Contextuais

BRAGA, Paulo Drumond

Uma lança em África, Lisboa, Esfera dos Livros, Julho de 2015.

CRUZ, Abel dos Santos

A Nobreza Portuguesa em Marrocos no Século XV (1415-1464), Dissertação de

Mestrado em História Medieval, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do

Porto, 1995, pp.23-61. *

FARINHA, António Dias

Os portugueses em Marrocos, 2ªed., Lisboa, Instituto Camões, 2002. *

FARINHA, António Dias

Portugal e Marrocos no séc. XV, dissertação de doutoramento em História,

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1990.

19

MARTINS, Oliveira

“Portugal em África”, História de Portugal, Lisboa, Edições Vercial, 2010.

4. Obras Específicas

BRAGA, Isabel M.R. Mendes Drumond, BRAGA, Paulo Drumond

Ceuta Portuguesa (1415-1656), Ceuta, Instituto de Estudios Ceutiés,1998.

COSTA, António Martins, MONTEIRO, João Gouveia

1415, a Conquista de Ceuta, Lisboa, Marcador, Julho de 2015.

LOUSADA, Abílio Pires

“Ceuta 1415, «Ricua e muy Fermosa» Escola de Guerra Portuguesa”, Jornal do

Exército, ano LVI, nº650, Lisboa, Agosto/Setembro, 2015, pp. 27-28. *

RICARD, Robert

“Ceuta”, Dicionário da História de Portugal. Direção de Joel Serrão, vol. I.,

suplemento A/D, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 2006, pp.558-560. *

SARAIVA, José Hermano

“A Conquista de Ceuta”, História de Portugal, Direção de […], vol. III, Lisboa,

Publicações Alfa, 1983, pp. 98-102. *

SERRÃO, Joaquim Veríssimo

“A Conquista de Ceuta”, História de Portugal, 3ª ed., vol. 2 - A formação do Estado

Moderno (1415-1495), Lisboa, Editorial Verbo, 1980, pp. 19-23. *

IDEM

“Razões da conquista”, História de Portugal, 3ª ed., vol. 2 - A formação do Estado

Moderno (1415-1495), Lisboa, Editorial Verbo, 1980, pp. 24-28.

Anexos

Autores Ideias defendidas

Gomes Eanes de Zurara -Infantes serem armados Cavaleiros;

20

-Religiosidade Guerreira (evangelização)

Oliveira Martins -Religiosidade Guerreira (evangelização)

António Sérgio -Razões económicas (trigo)

David Lopes -Mostrar o poder da dinastia de Avis;

-Expandir a fé cristã;

-Evitar a pirataria muçulmana;

-Ceuta ser base naval de futuras expansões

Jaime Cortesão -Abertura para a rota do ouro;

-Acabar com a pirataria muçulmana;

-Abertura do Estreito

António Dias Farinha -Granada não era opção;

-Ponto estratégico;

-Luta contra o infiel;

-Afirmação da dinastia de Avis,

-Vantagem sobre Castela

Abel dos Santos Cruz -Fortalecer a nova dinastia;

-Luta contra o infiel;

-Abertura ao novo comércio;

-Poder sobre o Estreito

José Hermano Saraiva ≠Jaime Cortesão

21

Tabela número 1: Ideias defendidas pelos autores