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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pedagogia
Gabriela Carolini Baptistini Camargo
Mariely Pianta
DESENVOLVIMENTO INFANTIL A PARTIR DA PROPOSTA DE MARIA MONTESSORI
LINS – SP
2018
1
GABRIELA CAROLINI BAPTISTINI CAMARGO
MARIELY PIANTA
DESENVOLVIMENTO INFANTIL A PARTIR DA PROPOSTA DE MARIA
MONTESSORI
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação do Profª Dra. Elaine Cristina Moreira da Silva e orientação técnica da Profª Ma. Fatima Eliana Frigatto Bozzo.
LINS – SP
2018
2
Camargo, Gabriela Carolini Baptistini; Pianta, Mariely Desenvolvimento infantil a partir da proposta de Maria Montessori / Gabriela Carolini Baptistini Camargo; Mariely Pianta,– – Lins, 2018.
40p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Pedagogia, 2018.
Orientadores: Elaine Cristina Moreira da Silva; Fátima Eliana Frigatto Bozzo.
1.Método Montessoriano. 2. Maria Montessori. 3. Ambiente e
Atividade. I Titulo.
CDU 37
C177d
3
GABRIELA CAROLINI BAPTISTINI CAMARGO
MARIELY PIANTA
DESENVOLVIMENTO INFANTIL A PARTIR DA PROPOSTA DE MARIA
MONTESSORI
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação do curso de
Pedagogia.
Aprovado em 05/12/2018
Banca Examinadora:
Profª Orientadora: Dra. Elaine Cristina Moreira da Silva
Titulação: Doutora em Educação pela Uninove
1º Prof(a): Fabiana Sayuri Sameshima
Titulação: Doutora em Educação pela Unesp de Marília/SP
2º Prof(a): Monalisa Gasoli
Titulação: Mestre em Educação pela Unesp de Marília/SP
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho de conclusão de curso de ao meu namorado Giovani,
pessoa que eu amo e quero partilhar а vida. Tenho muito que te agradecer, mais
principalmente obrigado pelo carinho, paciência, por sua capacidade de me trazer
paz na correria, e por me entender e não me deixar desistir, pois foi com você que
eu compartilhei cada angustia e conquista.
Dedico também á minha família, por acreditar em mim profissionalmente.
Mãe, seu cuidado е dedicação foi esperança para seguir e buscar crescer. Vó, sua
presença significou segurança е certeza de que não estou sozinha nessa caminhada
e sempre posso contar com você.
Gabriela Carolini Baptistini Camargo
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DEDICATORIA
Dedico este trabalho à minha família, principalmente aos meus pais, Maria
Helena e Luiz Carlos, que sempre me incentivaram e não deixaram que eu
desistisse quando os momentos difíceis surgiram. E com toda a força fizeram o
possível para me verem chegar ao final do curso. A história de vida de meus pais
fez com que eles colocassem os meus estudos sempre em primeiro lugar. Obrigada
por todo o apoio, ajuda, atenção e carinho que tiveram e tem por mim.
Mariely Pianta
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me abençoado e acompanhado
durante minha jornada acadêmica me proporcionando aprendizagens e experiências
incríveis.
Agradeço a minha mãe Cristiane Baptistini, minha avó Jasmira Baptistini, e ao
meu namorado Giovani Campiteli pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
Agradeço o curso de Pedagogia e ao Unisalesiano, е às pessoas com quem
convivi ao longo desses anos. А experiência acadêmica foi uma das melhores
experiências da minha vida, pois por meio dela descobri e aprendi a profissão que
eu amo.
Agradeço as minhas professoras Dra. Elaine Cristina Moreira da Silva e a Ma.
Fatima Eliana Frigatto Bozzo pelo suporte, paciência e sabedoria.
A minha parceira de pesquisa e amiga Mariely Pianta pelo esforço e
dedicação.
Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva
em minha vida.
Gabriela Carolini Baptistini Camargo
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelo dom da minha vida, por ter me abençoado, dado
forças e permitido que eu chegasse até aqui.
As minhas professoras, em especial as professoras Dra Elaine Cristina
Moreira da Silva e a Ma Fatima Eliana Frigatto Bozzo, por todos os ensinamentos,
paciência e compreensão.
A minha amiga e companheira de pesquisa Gabriela Carolini Baptistini
Camargo, meus sinceros agradecimentos, pela confiança, esforço e dedicação.
E a todos aqueles que de forma direta e indireta contribuirão para a minha
formação acadêmica.
Mariely Pianta
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RESUMO
O presente trabalho apresentara um olhar sobre o Método Montessoriano, criado pela educadora Maria Montessori, figura influente do movimento Escola Nova. Montessori acreditava na possibilidade de melhorar a humanidade por meio da educação, sua proposta pedagógica fundamentou-se em princípios científicos da psicologia desenvolvendo uma nova organização didática, associando, a teoria e a pratica e fornecendo uma educação com base cientifica trazendo como principais técnicas metodológicas observações e registros que tem como objetivo o processo de aprendizagem da criança. Os objetivos dessa pesquisa foram conhecer a história de Maria Montessori e verificar suas concepções de educação subjacente ao método, a preparação e organização do ambiente e os princípios dos materiais e das atividades montessorianas, e a função atribuída ao professor. A estratégia metodológica utilizada é baseada em pesquisas bibliográficas. Compreende-se nessa pesquisa a criança como um ser livre, objetivando sempre desenvolver e trabalhar com a liberdade e autonomia, a preparação do ambiente e materiais que respeitem as reais necessidades de desenvolvimento da criança, e reconhece que é por meio de experiências vivenciadas que ela consegue auto-educar e auto-disciplinar, tornado um adulto capacitado, independente e autônomo. O ambiente nesse sistema precisa ser convidativo e estimulante, aprimorando a criatividade, aprendizagem sendo necessário que os objetos estejam ao alcance das crianças e os materiais devem ajudar a criança a desenvolver-se, e mesmo não sendo o objetivo principal, preparar para a aprendizagem. Conclui-se que o método Montessoriano não visa preparar a criança para escola, mas para a vida e a infância é a fase critica e base de todo o desenvolvimento do individuo.
Palavras chave: Método Montessoriano. Maria Montessori. Ambiente e Atividades.
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ABSTRACT
The present work presents a look at the Montessori Method, created by the educator Maria Montessori, an influential figure of the New School movement. Montessori believed in the possibility of improving humanity through education, his pedagogical proposal was based on scientific principles of psychology developing a new didactic organization, associating, theory and practice and providing a science-based education bringing as main methodological techniques observations and records that aims at the child's learning process. The objectives of this research were to know the history of Maria Montessori and to verify its conceptions of education underlying the method, the preparation and organization of the environment and the principles of materials and montessorianas activities, and the function attributed to the teacher. The methodological strategy used is based on bibliographical research. It is understood in this research the child as a free being, aiming always to develop and work with freedom and autonomy, the preparation of the environment and materials that respect the real developmental needs of the child, and recognizes that it is through lived experiences that it can self-educate and self-discipline, become a capable, independent and autonomous adult. The environment in this system needs to be inviting and stimulating, enhancing creativity, learning that objects must be within the reach of children, and materials should help the child to develop, even if not the main goal, to prepare for learning. It is concluded that the Montessoriano method does not aim to prepare the child for school, but for life and childhood is the critical phase and basis of all development of the individual. Keywords: Montessori Method. Maria Montessori. Environment and Activities.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Atividade de encaixe..............................................................................27
Figura 2: Números em lixa....................................................................................28
Figura 3: Atividades do cotidiano..........................................................................31
Figura 4: Desenvolvendo os sentidos...................................................................32
Figura 5: Caixa do tato..........................................................................................32
Figura 6: Cilindros.................................................................................................33
Figura 7: Encaixe geometrico ...............................................................................33
Figura 8: Cores e tintas.........................................................................................34
Figura 9: Chocalhos..............................................................................................35
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12
CAPÍTULO I – MARIA MONTESSORI E O INÍCIO DO MÉTODO
MONTESSORIANO COM SUAS CONCEPÇÕES E METODOLOGIA
........................................................................................................................... 15
1 MARIA MONTESSORI BIOGRAFIA...................................................... 15
2 CONCEPÇÕES E METODOLOGIAS DE APRENDIZAGEM, EDUCAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO SUBJACENTES AO MÉTODO MONTESSORIANO
................................................................................................................ 18
3 MOVIMENTO MONTESSORI NO BRASIL............................................20
CAPÍTULO II – O AMBIENTE MONTESSORIANO E OS PRINCÍPIOS DE SEUS
MATERIAIS....................................................................................................... 23
1 PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE NO METODO
MONTESSORIANO ............................................................................... 23
2 OS PRINCÍPIOS DO MATERIAL MONTESSORI ................................ 26
CAPÍTULO III – O PROFESSOR E AS ATIVIDADES MONTESSORIANAS
........................................................................................................................... 31
1 ATIVIDADES PARA REALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
................................................................................................................ 31
1.1 Exercícios da vida pratica .......................................................................... 31
1.2 Atividades sensórias.................................................................................... 32
1.3 Atividades acadêmicas................................................................................ 33
1.4 Atividades Culturais..................................................................................... 34
2 EDUCADOR NO MÉTODO MONTESSORIANO ......................................... 35
CONCLUSÃO................................................................................................. 40
REFERÊNCIAS................................................................................................. 41
12
INTRODUÇÃO
O interesse pelo assunto inicia-se pelo reconhecimento da importante
afirmação de Maria Montessori que traz em seus estudos que a criança desde o seu
nascimento e em todas as fases do desenvolvimento, busca por sua própria
autonomia e para construção da própria personalidade. “O instinto mais forte da
criança é exatamente o de libertar-se do adulto.” (MONTESSORI, 1949, p.238).
O objetivo da pesquisa é salientar a vida e a obra de Maria Montessori, e sua
filosofia em relação à infância, verificando como ocorrem as concepções
subjacentes ao método, a aprendizagem do aluno no ambiente, a atribuição e
construção do educador, a utilização dos materiais e atividades montessorianas.
A estratégia metodológica utilizada é baseada em pesquisas bibliográficas.
Nascida em 1870 em Chiaravalle, Itália, Maria Montessori tornou–se figura
influente do movimento Escola Nova e acreditava na possibilidade de melhorar a
humanidade por meio da educação. (RÖHRS, 2010)
O método criado por Montessori tem como objetivo o processo de
aprendizagem da criança e suas principais técnicas metodológicas são as
observações e registros. Desenvolvendo em sua organização didática novos
instrumentos de trabalho, que buscam contemplar as peculiaridades e
especificidades de cada criança. (LILLAD, 2017)
O aspecto educacional instituído por Maria Montessori tem como destaque o
ambiente como elemento notável no processo de desenvolvimento da criança, pois é
durante a infância que se absorve tudo o que estiver no ambiente. O objetivo é
manter um ambiente convidativo, organizado, atraente apto e a fazer com que os
alunos sintam-se confortáveis e seguros para construir, buscar, descobrir, aprender
e enfrentar desafios. (FORTMOSINHO, 2007)
Por considerar a criança um ser livre, o método propõe que a criança seja
livre, podendo ter a liberdade e autonomia para poder se locomover no ambiente e
escolher qual atividade realizar.
Para a utilização do material Montessoriano é necessário observar qual a
funcionalidade dele e os objetivos a serem alcançados com a sua utilização. O
brinquedo é oferecido, após uma breve apresentação da maneira de utilização,
cabendo à criança escolher ou não manuseá-lo. (LILLARD, 2017)
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Para ser considerado um material adequado para utilização no método é
necessário ser respeitado alguns princípios, como, não apresentar mais de um
problema a ser resolvido, partindo do mais simples para o mais complexo, do
concreto gradativamente para o abstrato, ao preparar uma futura aprendizagem, a
criança deve ter cuidado com o material, ela deve utilizá-lo e após devolvê-lo ao
lugar onde estava deixando-o pronto para que outra criança o pegue. (LILLARD,
2017)
A função atribuída ao educador no Método Montessoriano é bastante
complexa e apresenta um nível de exigência e rigor. O professor precisa em sua
formação conhecer-se e conhecer a criança, pois nessa metodologia a criança é o
foco do processo de aprendizagem sendo assim o educador dedica-se em
acompanhar o aluno mantendo uma relação de colaboração, tornando um facilitador
da evolução individual e coletiva. Os professores montessorianos alem da formação
especifica, dispõe de algumas do prazer pela investigação, curiosidade pela
descoberta e contínuo aperfeiçoamento, incentivando a curiosidade e o processo de
auto-educação da criança. (MONTESSORI, 2017)
A pesquisa verifica a proposta do Método Montessoriano na preparação dos
ambientes e atividades na Educação Infantil, acreditando que o mesmo respeite a
autotomia e o desenvolvimento da criança. Os resultados foram de acordo com
esperado, pois, a manipulação e a relação com os materiais, objetos e com o
ambiente onde as crianças sejam livres para se movimentarem, potencializam os
aspectos multissensoriais que é fator essencial para o desenvolvimento da
linguagem e aprendizado nas áreas de matemática, ciências e prática de vida.
Conclui-se que o Método Montessoriano, tem grandes contribuições no
âmbito educacional, a harmonia entre o adulto preparado e o ambiente preparado,
serve de suporte para o desenvolvimento, proporcionando que as crianças cresçam,
tornado-se adultos, autônomos, críticos e utilizando a liberdade de maneira
responsável.
No capítulo I “Maria Montessori e o inicio do método Montessoriano com suas
concepções e metodologia” apresenta a biografia de Maria Montessori, as
concepções e metodologias de aprendizagem, educação e desenvolvimento
subjacentes ao método Montessoriano e o Movimento Montessori no Brasil.
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No capítulo II “O ambiente Montessoriano e os princípios de seus materiais”
fala sobre a preparação e organização do ambiente no método Montessoriano e os
princípios do Material Montessori
No capítulo III “O professor e as atividades motessorianas” diz sobre as
atividades para realização e desenvolvimento da criança e apresenta tópicos sobre
exercícios da vida pratica atividades sensoriais, atividades acadêmicas e atividades
culturais. Também abordamos sobre o educador do método Montessoriano.
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CAPITULO I
MARIA MONTESSORI E O INÍCIO DO MÉTODO MONTESSORIANO COM SUAS CONCEPÇÕES E METODOLOGIA
1 MARIA MONTESSORI BIOGRAFIA
Figura autentica do movimento Escola Nova, Maria Montessori, é exemplo
que sempre se esforçou em conjugar a teoria e pratica, com objetivo de atribuir em
seu trabalho o fornecimento de educação com base cientifica verificada pela
experiência.
O método criado por Montessori tem como objetivo o processo de
aprendizagem da criança. Assim sendo, o educador é um facilitador do
desenvolvimento individual e coletivo dos alunos. (LILLARD, 2017)
Suas principais técnicas metodológicas são as observações e registros. O
Professor (a) só faz intervenção caso perceba que um aluno necessite de ajuda,
além de oferecer condições necessárias para a aprendizagem da criança, essas
condições são a preparação do ambiente, material e das atividades.
A professora deve trazer não só a capacidade, mas o desejo de observar os fenômenos naturais. Em nosso sistema, ela deve se tornar uma influência passiva, muito mais do que ativa, e sua passividade deve ser composta por curiosidade cientifica ansiosa e respeito absoluto pelo fenômeno que deseja observar. A professora deve entender e sentir sua posição de observadora: a atividade deve se situar no fenômeno. (LILLARD, 2017, p.72)
Com base em suas observações intuitivas Montessori desenvolveu uma nova
filosofia sobre educação, essa filosofia enfatiza o potencial inato da criança.
A proposta pedagógica de Montessori tem como conceito fundamental a
necessidade de um ambiente apropriado, onde as crianças possam viver e
aprender. No ambiente de uma sala de aula Montessoriana o aluno tem a liberdade,
e a oportunidade de refletir sobre suas próprias ações. (LILLARD, 2017)
Montessori considerava a ênfase no ambiente um elemento básico de seu método. Ela descrevia esse ambiente como um lugar que nutria a criança, planejado para suprir as necessidades de autoconstrução e revelar a nós sua personalidade e padrões de crescimento. Isso significa que o ambiente não deve conter apenas aquilo de que a criança precisa, no sentido positivo, mas que todos os obstáculos ao crescimento dela devem ser removidos. (LILLARD, 2017, p. 45)
Montessori fundamentou-se em princípios científicos da psicologia, e a partir
desses conhecimentos desenvolveu uma nova organização didática e novos
instrumentos de trabalho que buscam contemplar as peculiaridades e
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especificidades de cada criança, a pedagogia Montessoriana objetiva a ajuda ao
desenvolvimento normal do indivíduo, e não a transmissão de conhecimento.
Maria Montessori nasceu em 31 de agosto 1870, em Chiaravalle, Itália. Filha
única de Alessandro Montessori e Renilde Stoppani. Quando criança seus pais
mudaram para Roma, visando oferecer para a filha oportunidades de uma educação
de qualidade. (LILLARD, 2017)
Montessori foi incentivada pelos pais a seguir a carreira de professora, pois
era a única carreira aberta a mulheres na época. Porém Montessori não aceitava
nenhum papel feminino tradicional imposto pela sociedade, cultivando seus
interesses pela matemática e biologia, tornou-se em 1896 a primeira mulher italiana
a se formar na Escola de medicina da universidade de Roma. (LILLARD, 2017)
Durante seu trabalho para equipe clínica da universidade, visitava as crianças
denominadas com retardamento mental internadas no hospício geral de Roma, com
objetivo estudar seu comportamento. No decorrer de sua experiência na clínica e
seu contato com as crianças, observou que elas brincavam com pedaços de pão no
assoalho por falta de brinquedo e ambiente adequando. (LILLARD, 2017)
Percebendo a maneira que aquelas crianças eram tratadas Montessori
decidiu dedicar-se aos problemas educativos, viajou para Londres e Paris para
estudar os trabalhos e obras de Jean Itard e Edouard Séguin, pois o convívio com as
crianças a fez concluir o ininterrupto desejo por brincar. (RÖHRS, 2010).
A causa principal dos retrocessos apresentados pelas crianças portadoras de
distúrbios de aprendizagem era o seu ambiente ausente de estímulos para o
desenvolvimento apropriado.
Em 1900 Montessori foi convidada para ministrar palestras aos professores
em Scuola Magistrale Ortofrenica. Montessori envolveu-se com a educação dessas
crianças com distúrbios de aprendizagem e foi escolhida para a co-direção da
instituição. (RÖHRS, 2010)
A escola Ortofrênia trabalhava os processos de tratamento das crianças com
necessidades especiais. Nessa instituição, o trabalho prioritário era o treinamento de
professores, e a educação dos alunos que eram retirados de orfanatos por
Montessori. Esses alunos faziam parte do projeto de pesquisa da educadora, nesse
projeto, Montessori observou o interesse dos alunos pelos materiais e objetos
sensoriais. (RÖHRS, 2010)
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Com base na utilização desses materiais, as crianças da instituição
Ortofrência se desenvolveram em relação à aprendizagem. Por meio dessa
conquista Montessori inscreveu seus alunos nos teste nacionais de educação da
Itália, pelos quais os alunos obtiveram um bom resultado, fazendo Montessori se
questionar sobre as escolas tradicionais.
Após ter estudado filosofia, psicologia e antropologia foi encarregada de
cuidar das crianças do projeto de modernização em um bairro pobre de Roma, San
Lourenzo. (RÖHRS, 2010).
Para atender as necessidades dessas crianças carentes, fundou a Casa dei
Bambini (Casa das crianças) onde estas podiam aprender a conhecer o mundo, e a
desenvolver sua aptidão para organizar a própria existência. (RÖHRS, 2010)
Ainda que sua ação fosse fundada sobre princípios científicos, Maria Montessori não considerava a infância menos que uma continuação do ato de criação. Essa combinação de pontos de vista diferentes constitui o aspecto verdadeiramente fascinante de sua obra fazendo experiências e observações precisas em um espírito cientifico, ela via na fé, na esperança e na confiança, os meios mais eficazes de ensinar às crianças a independência e a confiança em si. (RÖHRS,2010,p.14).
A Casa Dei Bambini eram ambientes equipados para acolher as
necessidades das crianças, esses locais eram adaptados para que os alunos se
movimentassem e vivessem como seres responsáveis que participassem do
trabalho criador.
Montessori desenvolveu uma nova filosofia de educação com base em suas observações intuitivas das crianças. Essa filosofia seguia a tradição de Jean Jacques Rousseaus, Johann Heinrich Pestalozzi e Fredrich Froebel, que tinha enfatizado o potencial inato da criança e sua capacidade de desenvolvimento em condições ambientais de liberdade e amor. Entretanto as filosofias educacionais do passado não enfatizavam a existência da infância como uma entidade por si mesma, essencial a completude da vida humana, nem discutiam a autoconstrução incomum da criança que Montessori tinha observado em sala de aula. Montessori acreditava que a infância não é meramente em estagio a ser completado a caminho da idade adulta, mas “o outro pólo da humanidade ’’. Ela acreditava o adulto dependente da criança, da mesma forma que a criança é dependente do adulto. (LILLARD; 2017 p.26).
Por meio das conquistas de seus trabalhos e pesquisas, Maria Montessori
viaja para vários lugares do mundo, ministrando palestras e cursos sobre seu
método, divulgando as descobertas que fizera, abrindo escolas, habilitando
professores, publicando artigos e escrevendo livros.
Tornando–se figura influente do movimento Escola Nova, Maria Montessori,
acreditava na possibilidade de melhorar a humanidade por meio da educação. Após
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sua morte em seis de maio de 1952, com 81 anos, teve seu trabalho e método
continuados pelo seu filho e neto, Mario Montessori, com o objetivo e preocupação
de conservar a educação dos seres humanos. (RÖHRS, 2010)
2 CONCEPÇÕES E METODOLOGIAS DE APRENDIZAGEM, EDUCAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO SUBJACENTES AO MÉTODO MONTESSORIANO
O Método Montessoriano compreende a criança como um ser livre,
reconhecendo que é através de experiências vivenciadas que ela pode se auto-
educar e se auto-disciplinar, tal afirmação é baseada na concepção de que as
crianças aprendem melhor pela experiência direta, pela descoberta, pela vivencia e
não pela imposição de fatos, situações e conhecimentos.
A relação construída pela criança em sua realização de escolhas é aspecto
importante para que ela incorpore e realize as atividades propostas de forma atuante
e imaginativa.
Para Maria Montessori, “o espírito da criança se forma a partir de estímulos
externos que precisam ser determinados” (MACHADO, apud FONTENELE E SILVA,
2012, p. 4). Em sua metodologia de ensino a criança é livre para escolher os
objetivos sobre os quais possam agir.
Segundo a filosofia da educadora a criança depende de um relacionamento
integral com o ambiente, tanto com os objetos quanto as pessoas. Só por meio
dessa integração é que ela compreende sua personalidade, para isso a criança
precisa de liberdade. (LILLARD, 2017)
Por tanto uma das principais características do método é a liberdade, pois
essa relação de permitir que as crianças se movimentassem pela sala de aula
ampliaria sua ação sobre os objetos e sobre o ambiente, ambiente esse preparado
adequadamente para cada faixa etária e para suas relações, utilizando materiais de
ensino propícios para sua aprendizagem. (LILLARD, 2017)
Por meio da liberdade que recebe em um ambiente Montessori, a criança tem uma oportunidade única de refletir sobre suas próprias ações, determinar as consequências para si mesma e para os outros, testar-se contra os limites da realidade, descobrir o que lhe dá senso de realização e o que lhe faz sentir- se vazia e insatisfeita, além de descobrir tanto suas capacidades quanto seus pontos fracos. A oportunidade de desenvolver o autoconhecimento é um dos resultados mais importantes da liberdade em uma sala de aula montessoriana.( LILLARD; 2017,p.51).
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Os educadores das escolas tradicionais se referem à liberdade oferecida no
Sistema Montessori, como uma reação negativa, causando desordem, quebra de
autoridade. Mas para Montessori a liberdade dependia de um desenvolvimento
prévio da independência e disciplina.
Segundo Montessori:
Liberdade e disciplina se equilibravam, e o princípio fundamental era que não podia ser conquistada sem a outra. Considerada sob este ângulo, a disciplinação era imposta do exterior, era antes um desafio a ultrapassar para se tornar digno da liberdade. Montessori escrevia a respeito disso: “Nós chamamos de disciplinado o individuo que é senhor de si mesmo ou seguir uma regra de vida (apud, RÖHRS, 2010, p.19)
Com a função de ajudar a criança a “crescer em paz” os materiais didáticos
utilizados no Sistema Montessoriano, tem como propósito servir as necessidades
das crianças, os materiais são planejados de maneira a prepará-las para futuras
aprendizagens.
A manipulação e a relação com os materiais e objetos elaborados, levam em
consideração os aspectos multissensoriais que é fator essencial para o
desenvolvimento da linguagem e aprendizado nas áreas de matemática, ciências e
prática de vida.
Os principais objetos utilizados para a realização de atividades são blocos de
madeira, cubos, fitas e todo o material capaz de estimular à audição, o tato, a visão,
incluindo a concentração.
A fim de servir ao propósito de formação interna, os materiais devem corresponder às necessidades internas da criança. Isso significa que qualquer material individual deve ser apresentado á criança no momento certo de seu desenvolvimento. Montessori sugeriu a idade ideal para apresentar cada um de seus materiais às crianças; porém, o momento sensível para apresentação qualquer criança deve ser determinado por observação e experimentação. (LILLARD, 2017 p.72)
O professor desempenha o papel de auxiliador para os alunos, ajudando-os e
estimulando-os, fazendo com que sozinhos desenvolvam seus próprios
pensamentos, conclusões e competências.
Além de desenvolver o papel de observador, o professor trabalha como
preparador e comunicador do ambiente para criança, planejando o ambiente com o
cuidado que ele requer. É dever da professora estar atenta ao ambiente fazendo
sua influencia indireta, sendo responsável pela atmosfera da sala de aula,
arrumando os materiais e programando as atividades.
A professora deve trazer não só a capacidade, mas o desejo de observar os fenômenos naturais. Em nosso sistema, ela deve se tornar uma influencia
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passiva, muito mais do que ativa, e sua passividade deve ser composta por curiosidade cientifica ansiosa e respeito absoluto pelo fenômeno que deseja observar. A professora deve entender e sentir sua posição de observadora: a atividade deve situar no fenômeno. (LILLARD, 2017 p. 72)
De acordo com a filosofia Montessoriana, toda a ação progressiva que
permite a apropriação das realizações deve ser empreendida sobre a
independência; e é sobre ela que deve ser edificada uma nova organização escolar,
levando em consideração que a independência nas ações por menores que possam
parecer é uma conquista gradual que se estabelece à medida que o indivíduo
adquire novas funções cognitivas e sociais no seu desenvolvimento.
Através da independência da criança e do fortalecimento de sua
personalidade a mesma avançará quando tenha alcançado o grau de maturidade
necessário das aquisições culturais, sociais e cognitivas.
3 MOVIMENTO MONTESSORI NO BRASIL
O Movimento Montessoriano está inserido no movimento Escola Nova. A
escola nova foi um movimento realizado com o objetivo de superar problemas
relacionados com o modelo de escola tradicional.
De acordo com Röhs (2010), utilizando dados da pesquisadora Avelar(1978),
o Método Montessoriano não chegou ao Brasil em 1955, com a primeira Semana
Pedagógica dirigida por Pierre Fauere, se considerar que em, 1935 em São Paulo,
D. Carolina Grossamann, fundou o Jardim escola São Paulo.
Em torno de 1920 a Escola Regional de Meriti, liderada pela professora
Armanda Álvaro Alberto, com base em Maria Montessori criou o que “parece” ter
sido no Brasil a mais complexa experiência de educação renovada pela intenção
socializadora, os procedimentos didáticos e a cooperação da família na obra da
escola” (LOURENÇO FILHO, 1978, apud RÖHRS HERMANN, 2010, p. 41).
Essas experiências e procedimentos adotados conferem ao método
montessoriano, “disseminação dos conhecimentos de higiene e de educação
doméstica” (RÖHRS, 2010).
Röhrs (2010) também afirma por meio da obra de Avelar, que entre 1925 e
1930, a professora italiana Joana Scalco, morando em Curitiba, trocou
correspondência com Montessori e insistiu junto aos órgãos oficiais para a
implementação de escolas Montessorianas no Brasil de forma experimental.
21
Porém Avelar (1978) recorda que em 1915, Dr. Miguel Calmon Dupin e
Almeida propalaram as ideias de Montessori na Bahia, com a palestra “As
promessas e os resultados da pedagogia moderna” e após adquiriu com a
educadora italiana a autorização para publicar no Brasil seu livro A pedagogia
cientifica: a descoberta da criança, em 1924.
Em junho de 1950 foi fundada, pela professora Piper de Lacerda Borges
Almeida, na cidade do Rio de janeiro, a Associação Montessoriana no Brasil. A
Escola Normal Anhanguera localizada em São Paulo também entrou em contato
com a Educadora, por meio de uma carta enviada por alunos.
Pode-se observar que não existem dados exatos de quando o método foi
implementado no Brasil pela primeira vez. Pois o mesmo começou a ser inserido aos
poucos, em partes, conforme suas ideias foram sendo difundidas no Brasil.
Avelar (1978), tratando da influência de Lubienska na educação brasileira,
lembra que são muitas as escolas que aplicam o método Montessori-Lubienska no
país e que todos os anos o Instituto Pedagógico Maria Montessori e a escola
experimental irmã Catarina preparam em são Paulo, novos professores
especializados na educação brasileira (RÖHRS, 2010)
Em alguns livros encontra-se o termo Lubienska ou Montessori-Lubienska.
Lubienska é uma proposta confessional, voltada para a espiritualidade e
religiosidade, Montessori-Lubienska é a proposta Montessoriana aplicada
juntamente com a proposta Lubienska. Entretanto este presente artigo não
trabalhará da proposta Montessori-Lubienska, trabalhando apenas o Método
Montessoriano idealizado por Maria Montessori.
O Método Montessoriano necessita de material especifico e de formação de
professores para serem aplicados e espaços apropriados para desenvolver as
atividades propostas. Com essas condições, ao contrário da Itália, sendo destinadas
as classes mais baixas, inseriu-se no Brasil quase que somente nas escolas
privadas destinadas as classes mais favorecidas
Essas escolas estão localizadas nas capitais dos estados e nas grandes
cidades, segundo informações da Organização Montessoriana no Brasil. Estão
distribuídas no Pará (2), Maranhão (1), Piauí (1), Pernambuco (1), Alagoas(1), São
Paulo(11), Minas Gerais(4), Mato Grosso do Sul(2), Rio de Janeiro(5), Paraná(1),
Santa Catarina(5) e Rio Grande do Sul(4).
22
Pode haver outras escolas que apresente os princípios Montessorianos,
porém não fazem parte da Organização Montessoriana no Brasil, e ou não estão em
pleno acordo com método, seguindo-o em partes.
Em 1973 na cidade de Valinhos localizada no estado de São Paulo a
Secretaria de Educação municipal implantou o sistema Montessoriano em suas
escolas de Educação Infantil. Poucos dados existem sobre escolas públicas
utilizando o sistema de Montessori no Brasil.
23
CAPITULO II
O AMBIENTE MONTESSORIANO E OS PRINCÍPIOS DE SEUS MATERIAIS
1 PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE NO METODO
MONTESSORIANO
O aspecto educacional instituído por Maria Montessori tem como destaque o
ambiente como elemento notável no processo de desenvolvimento da criança. As
escolas que seguem essa pedagogia residem em proporcionar as manifestações
espontâneas da personalidade de permitir o aflorar do livre desenvolvimento da
atividade no ser humano em sua infância, pois para Montessori a criança depende
de um relacionamento integral com o ambiente, tanto com os objetos quanto com os
móveis e com as pessoas que neles estão, pois é por meio dessa interação que a
constrói sua personalidade.
De acordo com Maria Montessori:
O principio básico que sustenta a educação e cultura da pessoa humana baseia se no estimulo de um ambiente adequado e motivador, que possa educar os sentidos, despertar a vida intelectual da criança e prepara- lá para as atividades de vida pratica, de vida cotidiana, oferecendo –lhe condições de bastar-se sem viver o isolamento. (FORTMOSINHO, KISHIMOTO E PIANAZZA, 2007, p.106)
A escola deve ser um lugar onde a instrução seja facilitada e o ensino deve
ser uma ajuda para orientar-se. A escola que se proponha a atingir essa proposta
educativa necessita estar devidamente preparada, e com o ambiente direcionado ás
condições de autonomia e independência, com matérias interessantes e
motivadores. A escola vem a ser um ambiente no qual o estudo é positivo e suas
atividades têm como base a realização do potencial da criança.
(FORTMOSINHO,2007)
Devido o crescimento social acontecer quando as crianças interagem com o
ambiente as classes em escolas montessorianas são preparadas de acordo com a
proposta pedagógica e são identificadas pela convivência entre crianças de
diferentes idades, para que os mais velhos possam ajudar os mais novos com os
materiais. Possibilitando também a o trabalho individual. Entretanto, as crianças não
são todas iguais, suas aptidões e possibilidades de aprender variam para distintas
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matérias, mas se o ambiente estimula e enfatiza o progresso social e moral, os
alunos aprendem a solucionar os problemas por si mesmos ou em grupo.
(FORTMOSINHO,2007)
As salas de aulas Montessorianas em sua composição física têm como
objetivo despertar o interesse das crianças, permitindo que eles se movimentem
livremente e utilizem os recursos disponibilizados. O ambiente deve ter objetos,
livros e brinquedos estimulantes. Apesar de que possam proporcionar distração a
ser usado como jogo recreativo deve ter como função ajudar a aprendizagem.
(LILLARD, 2017)
As principais características do ambiente são a adaptação dos móveis,
elementos naturais e recursos lúdicos que fiquem ao alcance da criança, e seus
recursos devem sempre estar ordenados de maneira que não sobrecarreguem a
criança.
A principal modificação ambiental dá-se no mobiliário escolar, que suprime os bancos e adota uma configuração de lar domestico de ‘’casa’’ á medida da criança: pequenas cadeiras, pequenas mesas (umas quadradas e individuais e outras de formas e dimensões diferentes, com toalha, jarra de flores e arranjo floral), algumas pequenas poltronas, um lavabo muito baixo (com as prateleiras laterais, brancas e laváveis para colocar sabão e com pequenas escovas e toalhas), armários baixos e compridos com varias portas (de fechadura e chave acessível para abrir e fechar e colocar objetos) e cobertos com toalhas, pequena bacia com peixes vivos, pequenas lousas nas paredes em volta e em baixo (entre elas, caixa com giz e apagadores), sobre as quais são alinhados quadros (de crianças, cenas familiares e campestres, animais domésticos). (FORTMOSINHO, KISHIMOTO E PIANAZZA, 2007, p.122)
O objetivo é manter um ambiente convidativo, organizado, atraente apto e a
fazer com que os alunos sintam-se confortáveis e seguros para construir, buscar,
descobrir, aprender e enfrentar desafios. Pois é durante a infância que se absorve
tudo o que estiver no ambiente e constrói sua personalidade
De acordo com Lillard, (2017), existem seis componentes básicos no
ambiente de uma sala de aula Montessoriana. Eles lidam com conceitos de
liberdade, estrutura e ordem, realidade e natureza, beleza e atmosfera, os materiais
Montessori e o desenvolvimento de uma vida em comunidade.
Liberdade é um componente fundamental em ambiente Motessoriano, pois
somente em um ambiente de liberdade a criança revelará seu potencial e ocorrera
uma espontânea pesquisa do ambiente. A criança desenvolve melhor os seus
aspectos mental, emocional e físico quando é livre para e explorar e movimentar-se.
25
A criança é reconhecida por Montessori como um explorador, um pequeno cientista a observar e desvendar o mundo. Para tanto, precisa ter definida sua área de atuação, delimitadas sua possibilidades de escolha e permitida à liberdade de ação em um ambiente preparado com materiais preestabelecidos para que seus períodos sensíveis possam ser atendidos. (FORTMOSINHO, KISHIMOTO E PIANAZZA, 2007, p.107)
As crianças descobrem uma nova alegria a descoberta, e desenvolvem
sentido de dignidade e de satisfação que anima a procurar ao redor de si sensações
novas, o que as torna espontaneamente observadoras. Para que o livre
desenvolvimento no ambiente aconteça de modo eficaz é necessária a preocupação
com a organização e o preparo do ambiente, para que a criança desenvolva os
princípios de autonomia e responsabilidade em suas escolhas, descobrindo o mundo
ao seu redor. É função de o educador preparar o ambiente adequado, interpretando
as necessidades das crianças.
O professor deve procurar compreender as complexidades do crescimento da idade adulta, instável, mais dinâmica. A impaciente urgência da criança de crescer quer dizer que possui já o empurrão para conhecer, comparar, classificar, julgar, o impulso de uma curiosidade sem fim e a busca da independência. (FORTMOSINHO, KISHIMOTO E PIANAZZA, 2007, p.122)
O segundo componente consiste em estrutura e ordem relacionadas à
organização do ambiente, essa ordem possibilita um ciclo completo de atividades,
onde a criança tem a facilidade de encontrar todos os materiais necessários,
influenciando a construir sua própria ordem mental. Mediante a essa ordem a
criança aprende a confiar em seu ambiente, interagindo de modo positivo. Para que
esse componente possa alcançar essa finalidade é necessário um ambiente limpo,
planejado, nenhum material pode esta faltando ou quebrado e os alunos tendem a
ser calmos e concentrados. (LILLARD, 2017)
O terceiro componente está relacionado à realidade e natureza. A criança
deve ter oportunidade de internalizar os limites da natureza e da realidade para que
possa se liberar de suas fantasias e ilusões, tanto físicas quando psicológicas.
(LILLARD, 2017). Assim sendo os equipamentos utilizados em uma classe de aula
Montessoriana é criado para colocar a criança em contato com a realidade. Nessa
realidade proposta no ambiente o mobiliário da sala de aula representa a vida
cotidiana e os materiais são projetados para incentivar o erro.
Montessori enfatizava a importância do contado com a natureza para a criança em desenvolvimento. O homem “ainda pertence á natureza e, especialmente quando é criança ele precisa extrair dela as forças necessárias ao desenvolvimento do corpo e do espírito”. O método desejado para o contado inicial com a natureza era o cuidado de plantas e animais. Montessori tinha consciência de que com a expansão da vida
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urbana, seria cada vez mais difícil satisfazer essa necessidade profunda da criança. (LILLARD, 2017, p.53)
O próximo conceito do ambiente também tem ênfase à natureza e está ligada
a beleza e atmosfera. Montessori considerava a beleza não como auxilio extra para
a criança em desenvolvimento, mas como uma necessidade positiva para evocar
seu poder para a vida. (LILLARD, 2017)
A sala de aula no ambiente Montessoriano não precisa ser elaborada, a
beleza se constitui na simplicidade, porém é necessário um design de qualidade, e
toda sua composição deve ser atraente e planejada. As cores devem ser brilhantes
e alegres e dispostas em modo harmônico. A atmosfera da sala de aula deve ser
relaxante e quente e estimular a participação. (LILLARD, 2017)
O quinto componente do ambiente é os materiais Montessorianos. Os
materiais Montessorianos são criados no conceito de realidade e são preparados
para serem manipulados pelos alunos e tem como objetivo auxiliar a autoconstrução
e o desenvolvimento psíquico da criança. (LILLARD, 2017)
O último componente tem ênfase na vida em comunidade, pois a criança
elabora seu conhecimento por meio de observações e construções dentro das
estruturas escolares e familiares, dentro desse ambiente deve ocorrer interação
social que é o instrumento principal para que o desenvolvimento cognitivo, social e
afetivo aconteça. Para que a criança progrida rapidamente é necessária que a vida
prática e social esteja intimamente misturada a sua cultura. (RÖHRS, 2010)
2. OS PRINCÍPIOS DO MATERIAL MONTESSORIANO
Dentro de uma escola Montessoriana as crianças têm a liberdade para
escolher as atividades que irão realizar dentro da sala de aula, sendo um dos
elementos principais do método Montessori que não deve ser infringida.
É preciso evitar empecilhos aos movimentos naturais das crianças e a
determinação de atividades contraria.
Antes de utilizar um material para a realização de exercícios é necessário que
a criança o conheça, para isso é necessário uma breve apresentação, dada pela
professora individualmente a cada aluno ou por meio da observação da utilização do
material por outra criança. A explicação deve ser breve, pois impede a liberdade do
aluno, que após a exposição estará livre para escolher.
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Para que a escolha da atividade realmente seja livre, não deve ser
estimulados a competições, induzidos a prêmios, nem a expostos a ameaças de
punições.
A liberdade da criança tem como limite o interesse coletivo, desenvolvendo o
lado social. Somente atos destrutivos e rudes devem ser limitados.
Nas escolas Montessorianas as crianças podem realizar suas atividades
individualmente ou em grupo sempre que desejarem.
Os materiais oferecidos à criança devem ser de acordo com as suas
necessidades e que auxiliam no seu desenvolvimento, assim como os estímulos. O
professor deve observar o momento e a utilização do material pela criança.
Uma quantidade excessiva de material educativo [...] pode dispensar a atenção, tornar mecânicos os exercícios com os objetos e fazer com que a criança passe seu momento psicológico de ascensão sem perceber e sem aproveitar. [...] A abundancia excessiva debilita e retarda o progresso. Isso foi provado repetidas vezes. (LILLARD, 2017, p. 55)
Como os materiais devem atender as necessidades do desenvolvimento da
criança, o professor pode omitir alguns materiais ou alterando alguma sequência,
sendo flexível e contribuindo para o pleno desenvolvimento do aluno.
Os materiais Montessorianos alem de serem escolhidos pela criança e tendo
seu significado, atende a cinco princípios. O primeiro deles esta relacionada à
dificuldade ou o erro a ser compreendido pela criança, devendo ser único na peça,
ajudando a criança a compreender rapidamente.
“Uma torre de blocos apresentará apenas uma variação em tamanho de bloco
a bloco, não uma variação em tamanho, cor, formatos e sons, como tantas vezes é o
caso com as torres de blocos nas lojas de brinquedos [...]”. (LILLARD, 2017, p.56)
Os brinquedos não devem oferecer mais que um problema a ser resolvido ou
fazer com que a criança perca tempo procurando erros onde não tem.
Figura 1 - Atividade de encaixe
Fonte: Google 2018
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Em segundo lugar os materiais devem variar do mais simples para o mais
complexo.
Um primeiro conjunto de hastes numéricas para ensinar seriação varia apenas em comprimento. Depois de descobrir o comprimento sensorialmente por meio dessas hastes, um segundo conjunto com cores vermelha e azul, em 1 metro de dimensão, pode ser usado para associar números e comprimento e para entender problemas simples de adição e subtração. Um terceiro conjunto de hastes, de tamanho muito menor (uma vez que a dependência inicial da aprendizagem sensorial e do desenvolvimento motor já tenha sido superada), é usado em associação com uma tabela ou placa para problemas matemáticos mais complicados e para a introdução da escrita em problemas numéricos. (LILLARD 2017 p.56)
É importante que o material tenha essa sequência, pois a cada obstáculo a
criança estará se desenvolvendo cada vez mais, um novo problema só deve surgir
quando já existe domínio sobre o atual e tem a capacidade e desenvolvimento
necessário para o próximo.
Em terceiro lugar, os materiais devem ser planejados para indiretamente
preparar uma futura aprendizagem, como a preparação para o ato de escrever.
Desde o início, os pinos dos materiais, pelos quais a criança os levanta e manipula, agem para coordenar a ação motora do indicador e do polegar. Por meio dos projetos que envolvem o uso de encaixes de metal para guiar seus movimentos, a criança desenvolve a capacidade de usar um lápis. (LILLARD 2017 p.56)
Os materiais devem ajudar a criança a desenvolver-se, e mesmo não sendo o
objetivo principal, preparar para a aprendizagem. Quando a criança realiza uma
atividade que exija a coordenação motora fina, ela estará sendo preparada quando
iniciar o processo da escrita, tendo o mínimo de frustrações possíveis.
Figura 2 – Números em lixa
Fonte: Google 2018
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Em quarto lugar, os materiais devem partir com a utilização do concreto e
gradativamente utilizar aspectos e representações abstratas.
Um triângulo sólido de madeira é explorado sensorialmente. Peças separadas de madeira, representando sua base e lados são introduzidas, e as dimensões do triângulo são descobertas. Mais tarde, triângulos planos de madeira são encaixados em bandejas de quebra-cabeças de madeira, depois em triângulos de papel de cores sólidas, depois em triângulos com uma linha de cor forte e, finalmente, na abstração de triângulos traçados com linhas finas. (LILLARD 2017 p.56)
Esse processo gradual, partindo do concreto para o abstrato, com a
exploração sensorial do objeto e aos poucos sua substituição, permite que a criança
não seja mais dependente do material fisicamente, pois ela já compreendeu sua
utilização e suas características.
É necessário que o processo de exploração do material aconteça, pois nesse
momento estará ocorrendo o desenvolvimento interno. Após esse contato a criança
se afasta naturalmente do objeto, uma vez que sua mente já faz abstrações.
Materiais Montessorianos são desenvolvidos para a autoeducação, perceber
e controlar os erros que serão feito pelo próprio aluno, durante a exploração, que
não deve sofrer interferências realizadas pelo professor, que o deve permitir o
processo de reconhecimentos dos seus erros.
Quando o processo de reconhecimento do erro não ocorre, significa que não
houve desenvolvimento capaz de perceber e corrigir, essa correção irá acontecer
com o tempo.
Outro princípio fundamental é à maneira de utilização do material, visto que o
material foi criado para o desenvolvimento, à criança precisa utilizá-lo e conservá-lo.
Quando realiza uma atividade a criança pega todos os materiais que forem
necessários e leva para sua mesa ou tapete mantendo-os organizados, no termino
ela os devolve para o lugar que os retirou e organiza para que outra criança possa
utilizá-lo.
Durante a atividade a criança tem o direito de não ser interrompida, pelo
professor e até mesmo pelos colegas de classe. Distrações devem ser evitadas para
que não atrapalhe o processo de desenvolvimento, por isso sorrisos e elogios
devem ser dados com cuido, pois tem crianças que deixam de dar continuidade a
sua atividade por essas pequenas expressões.
Os materiais Montessorianos estão divididos em grupos denominados como,
exercícios de vida prática, materiais sensoriais e materiais acadêmicos.
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Nos exercícios de vida prática a criança realiza atividades que observam os
adultos fazer na vida doméstica e por isso desejam imitar.
O objetivo dos materiais sensoriais é aprimorar a aprendizagem e o
desenvolvimento da sua inteligência por meio da exploração dos sentidos tátil,
visual, auditivo, olfativo, térmico, bárico, estereognóstico e cromático. Esse
desenvolvimento só ocorre quando esses sentidos estão desenvolvidos e em
equilíbrio. (LILLARD, 2017)
Os materiais acadêmicos são utilizados para o ensino da linguagem, escrita,
leitura, matemática, geografia e ciências sendo uma continuação das atividades
sensoriais.
Os materiais culturais e artísticos são para desenvolver a auto- expressão e a
comunicação de ideias, esses materiais muitas vezes estão ligados à cultura que a
criança está inserida. Porém, existem princípios estabelecidos como universais na
proposta elaborada por Maria Montessori que é a utilização da música, ritmos,
melodias e movimentos corporais.
Todos esses grupos de materiais, divididos por categorias, contém atividades
próprias que serão apresentadas em um capítulo posterior.
O PROFESSOR E AS ATIVIDADES MONTESSORIANAS
1 ATIVIDADES PARA REALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Nesse capitulo apresenta
em grupos denominados
acadêmicos e materiais culturais.
1.1 Exercícios de vida prática
Para a vida cotidiana e pratica apresenta
atividades consideradas apropriadas para cada faixa etária da criança, de acordo
com o método Montessori.
Figura 3 - Atividades Do Cotidiano
Fonte: www.google.com.br -
CAPITULO III
O PROFESSOR E AS ATIVIDADES MONTESSORIANAS
ATIVIDADES PARA REALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
lo apresenta-se atividades Montessorianas
em grupos denominados, exercícios de vida prática, materiais sensoriais, materiais
acadêmicos e materiais culturais.
Exercícios de vida prática.
Para a vida cotidiana e pratica apresenta-se a seguinte imagem com
atividades consideradas apropriadas para cada faixa etária da criança, de acordo
com o método Montessori.
Atividades Do Cotidiano
2018
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O PROFESSOR E AS ATIVIDADES MONTESSORIANAS
ATIVIDADES PARA REALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
que estão divididas
, exercícios de vida prática, materiais sensoriais, materiais
seguinte imagem com
atividades consideradas apropriadas para cada faixa etária da criança, de acordo
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1.2 Atividades sensoriais.
Figura 4 - Desenvolvendo os sentidos
Fonte: Google 2018
Os objetos acima quando explorados pela criança, ajudam no
desenvolvimento dos sentidos auditivos e táteis, pois os mesmo alem de fazer
diferentes sons, proporcionam que a criança observe a maneira de pegá-los
corretamente e movimentos a serem realizados para a produção sonora.
Figura 5 - Caixa do tato
Fonte: Google 2018
33
Essa atividade consiste em colocar os objetos na caixa e a criança precisa
descobrir por meio do tato qual é o objeto antes de retirá-lo, estimulando a
coordenação visomotora e o conhecimento sobre formas e texturas.
1.3 Atividades acadêmicas
Figura 6 – Cilindros.
Fonte: Google 2018
Essa atividade auxilia no desenvolvimento da coordenação motora, pois é
uma atividade de encaixe, porém, por seus objetos serem de diferentes tamanhos,
proporciona o desenvolvimento de conceitos matemáticos, como tamanho, espaço,
medidas, altura e peso.
Figura 7 – Encaixe geométrico.
Fonte : Google 2018
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Essa atividade consiste em encaixar o objeto a sua forma adequada,
desenvolvendo conceitos matemáticos sobre formas, tamanhos, espaços e medidas.
1.4 Atividades culturais.
Figura 8 – Cores e tintas.
Fonte: Google 2018
As atividades com tinta, quando utilizadas livremente estimula a criança a
usar sua imaginação é também uma forma de trabalhar a expressão de sentimentos,
expressões culturais e artísticas. Desenhos e pinturas podem ser realizados com
objetos diversos, não apenas os pinceis, podem ser usados palitos, folhas e as
próprias mãos, para se seja manipulado e observado a textura das tintas, os
movimentos realizados que produzem coloração diversa, a pressão e força utilizada
na realização das atividades propostas.
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Figura 9 – Chocalhos
Fonte : Google 2018
Atividades com chocalhos ou outros instrumentos musicais, são
desenvolvidas para que a criança aprenda ritmos, sons, gêneros musicais, musicas
regional, a expressões culturais diversas.
2. EDUCADOR NO MÉTODO MONTESSORIANO
Na ótica educacional do método tradicional o foco principal é na resolução de
exercícios e na memorização de fórmulas e conceitos. A relação entre professor e
aluno é marcada pelo autoritarismo, e somente o professor possui o conhecimento
para ensinar, a função do aluno é receber o conhecimento transmitido pelo
professor. É uma educação voltada para resultados quantitativos, sendo o professor
o centro do processo de aprendizagem. A criança nesse método não é reconhecida
em sua individualidade de rimo de aprendizagem.
Na pedagogia montessoriana invertem-se, pois, os papeis entre o adulto e a criança na sociedade e na escola tradicional, a ponto de ser acusada de utópica ou no mínimo de exagerada quando pretende “o mestre sem cátedra, sem autoridade e quase sem ensino e a criança transformada em centro de atividade, aprendendo sozinha, escolhendo livremente as suas ocupações e os seus movimentos” (apud FORTMOSINHO, KISHIMOTO E PIANAZZA, 2007 p.123)
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Atualmente quem deseja atuar na área da Educação Infantil e no ensino
fundamental anos iniciais deve necessariamente cursar Pedagogia. O professor
Montessori, assim como o professor do ensino tradicional, é um pedagogo por
formação. Ainda que tenha a mesma formação em seu currículo, o professor
Montessoriano segue outra trajetória profissional, por meio de capacitação, cursos e
treinamentos sobre o método. Nos cursos de capacitação, o profissional aprenderá
sobre o processo de aprendizagem da criança sob a perspectiva de Maria
Montessori. Além dessa formação teórica é essencial que se desenvolva um perfil
especifico de atuação, praticando a educação de forma abrangente.
O primeiro passo a ser dado pela professora montessoriana é a autopreparação. Ela deve manter viva a sua imaginação porque nas escolas tradicionais a professora conhece o comportamento imediato de seus alunos e sabe que deve cuidar deles e o que fazer para instruí-los, enquanto a professora montessoriana encontra diante de si uma criança que por assim dizer não existe ainda. Esta é a diferença principal. As professoras que vêm para fé de que a criança se revelará através do trabalho. Elas devem se libertar de toda a idéia preconcebida no tocante ao nível em que as crianças possam encontrar (MONTESSORI, 1949 p.297)
A função atribuída ao professor no Método montessoriano é bastante
complexa e apresenta um nível de exigência e rigor específicos. O professor precisa
em sua formação conhecer-se e conhecer a criança. Alem antes de qualquer
formação especifica requer algumas características metodológicas, ter prazer pela
investigação, ser curioso pela descoberta e estar em contínuo aperfeiçoamento,
desta maneira incentivara a curiosidade e o processo de auto-educação da criança,
respeitando o desenvolvimento de cada uma.
Para conceituar-se como professor montessoriano, o mesmo deve pautar sua
prática por princípios de autoeducação, educação cósmica, educação como ciência,
do ambiente e do adulto preparado.
O autoconhecimento como desenvolvimento pessoal do educador, significa
tornar-se mais consciente de si mesmo, de suas reações, crenças e de seus
pensamentos e sentimentos. O desenvolvimento da criança também depende do
desenvolvimento pessoal do educador. Um professor não preparado pode tanto
impedir como não conduzir, uma criança para o desenvolvimento de seus objetivos,
causando nela dispersões e equívocos
Insistimos na afirmação que o professor se deve preparar interiormente estudando-se com metódica constância para conseguir suprimir os próprios defeitos mais radicados, os que constituem um obstáculo nas suas relações com as crianças. Para descobrir esses defeitos de que não temos
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consciência, precisamos de ajuda exterior, de certa instrução, sendo por isso indispensável que alguém nos indique o que deveríamos ver em nós mesmos. (MONTESSORI,1966 p.218)
O processo de autoconhecimento do educador ocorre de maneira externa,
isso porque já errou e já se descobriu como administrador de sua própria vida; e
reconhece seus interesses e habilidades. “O treinamento da professora que vai
auxiliar a vida é algo muito maior do que a aprendizagem de idéias. Isso inclui o
treinamento do caráter; é a preparação do espírito.” (FORTMOSINHO, KISHIMOTO
E PIANAZZA, 2007 p.123)
É essencial o educador promover essa consciência dos processos internos e
externos para que consigam compreender seus alunos e auxiliá-los em sua
trajetória.
[...] a professora deve ser uma pessoa em desenvolvimento, alguém que esteja envolvido em sempre realizar seu próprio potencial. A fim de se envolver nesse processo de “tornar-se”, o individuo precisa ter um conhecimento realista de si mesmo e ser capaz de refletir objetivamente sobre as próprias capacidades e comportamento. Esse desenvolvimento do autoconhecimento é o primeiro passo essencial na direção de se tornar uma professora bem sucedida. (LILLARD, 2017, p.70)
O termo Educação Cósmica no Método Montessori se refere á progressiva
descoberta da ordem para uma criança, tem como objetivo ir muito além da
aquisição do conhecimento e desenvolvimento, fazendo a criança a ter uma
compreensão mais abrangente do mundo e também dela própria. Montessori
acreditava que crianças que recebessem uma educação cósmica na infância
estariam mais bem preparadas para ingressarem na adolescência como indivíduos
independentes, responsáveis e emocionalmente inteligentes e equilibrados tanto
fisicamente e intelectualmente.
A expressão tarefa cósmica se refere a um caminho para o ser humano encontrar um papel valoroso nesse mosaico da vida. Um papel que preencha as necessidades individuais física, mental e espiritual e ao mesmo tempo que contribua de alguma maneira para a criação da ordem ou equilíbrio no cosmos; para criar uma expressão pessoal, e responsabilidade nesse belo mosaido de vida. Simplificando, significa que queremos ajudar a criança a aprender sobre seu mundo e a fazer sentido e encontrar um caminho para torná-lo um lugar melhor. (STEPHENSON, 2015 p.01)
A educação como ciência refere-se à maneira que a educação acontece em
sala de aula. Pertencendo como atribuição do educador utilizar a observação
científica para analisar o desempenho e o comportamento da criança. A observação
é necessária para entender nosso entorno com precisão e tomar decisões corretas.
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É um requisito chave para qualquer experimentação e é vital para a investigação
científica. (MINATEL,sd, p.14)
Associando a isso a organização e apresentação do material, de maneira
objetiva, auxiliando a criança de modo natural, respeitando suas preferências e
escolhas, sem impor direcionamento. O professor comporta-se com a postura de um
cientista, apresentando os princípios e deixando a criança interagir com material e
com o ambiente de acordo com as suas percepções e interferindo o mínimo
possível.
A mestra se contenta com indicar e orientar, pondo á disposição das crianças uma graduação de exercícios mentais, estas progridem: tornam-se indivíduos de caráter firme, afeitos à disciplina; adquirem uma saúde interior que é precisamente, o resultado da libertação da própria alma. A tarefa da mestra é dupla: é necessário que ela conheça o trabalho que dela exige, e o papel reservado ao “material”, isto é, “aos meios de desenvolvimento”. Será difícil uma preparação “teórica” da mestra. Precisara “autoformar-se”, aprender a observar, ser calma, paciente e humilde, conter seus próprios ímpetos. Sua tarefa eminente prática; delicada é sua missão. E tem mais necessidade de um trampolim para sua alma que de um livro para sua inteligência. (MONTESSORI p.157)
É também incumbência do professor Montessoriano apresentar a criança à
sala de aula e seus recursos. Cabe ao educador Montessoriano a elaboração e
preparo do ambiente, a apresentação dos materiais e o dever de guiar o aluno, para
que não aconteça desperdício de tempo e energia nas as atividades tornando o
supérfluo a sua formação. Visto que nas salas de aula montessorianas as crianças
são de diferentes idades, o educador estimula critérios de cooperação e cuidado
coletivo com o ambiente.
Desta forma, a conduta do educador consiste em permitir a presença maior e
de intensa atividade em um ambiente educador. São de total responsabilidade da
professora a preparação e organização do ambiente, porem, esse procedimento
deverão ser de descrição, atuando por meio de uma educação indireta.
Todavia, a mestra tem inúmeras incumbências, difíceis, por certo; sua cooperação não deve ser excluída, mas há de ser prudente delicada e multiforme. Suas palavras, energia, ou seriedade não são necessárias. O que importa é um atento espírito de observação, sua visão ao servir, interferir, retirar-se, calar-se, segundo os casos e as necessidades. Deverá adquirir uma habilidade moral que nenhum método, anteriormente exigiria; habilidade feita de calma, de paciência, caridade e humildade. São virtudes, não as palavras, a sua máxima preparação (MONTESSORI, 2017, p.156)
O adulto preparado garante que cada criança encontre o equilíbrio interno e a
paz, percebendo desafios e elaborando estratégias, sem limitar seu potencial e
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criatividade. A prática docente Montessoriana deve ter como base o conhecimento
cientifico e filosófico da metodologia.
É necessário o professor compreender que nessa metodologia a criança é o
foco do processo de aprendizagem sendo assim o educador dedica-se em
acompanhar o aluno mantendo uma relação de colaboração, tornando um facilitador
da evolução individual e coletiva. Para realização desse trabalho sala de aula é
necessárias técnicas de observação e escrita o educador só faz intervenções caso
perceba necessidade do aluno em receber ajuda.
A professora devera aprender com a criança sobre a própria criança e sua natureza, por meio de uma observação atenta de seus períodos sensíveis, de seus interesses e necessidades latentes, permitindo- lhe o aflorar do potencial latente e da satisfação do mesmo. Para realização do papel profissional de educar, a professora deverá, em seu processo de formação e atuação, desenvolver o espírito do cientista, do observador da humanidade. (FORTMOSINHO, KISHIMOTO E PIANAZZA, 2007, p.122)
Contudo, é necessário compreender o estabelecimento de limites. O respeito
à criança aos seus processos de aprendizagem e desenvolvimento não significa que
o educador ficará apenas observando o mau uso dos recursos disponibilizados, ou
desrespeita os colegas. Longe disso, é tarefa do educador agir nesses casos,
deixando claro quais são os limites aceitos no ambiente escolar.
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CONCLUSÃO
O presente trabalho conclui que o Método Montessoriano, tem grandes
contribuições dentro do âmbito educacional, contemplando as peculiaridades e
especificidades de cada criança, contribuindo para o desenvolvimento normal do
indivíduo, e não a transmissão de conhecimento, proporcionando que as crianças
progridam e cresçam autônomos e críticos.
Tais feitos são possíveis, pois o processo metodológico é iniciado desde a
primeira infância, com o ambiente apropriado, onde as crianças possam viver e
aprender, organizado e apto a fazer com que as crianças enfrentem desafios, pois é
durante a infância que se absorve tudo o que estiver no ambiente e constroem a
personalidade.
A importância da liberdade no ambiente ocorre, pois desse modo à criança
revelará seu potencial melhorando os aspectos mental, emocional e físico. Os
materiais são desenvolvidos para a autoeducação, com o objetivo de aprimorar a
aprendizagem e o desenvolvimento da inteligência por meio da exploração dos
sentidos tátil, visual, auditivo, olfativo, térmico, bárico, estereognóstico e cromático.
Os materiais acadêmicos são utilizados para o ensino da linguagem, escrita,
leitura, matemática, geografia e ciências sendo uma continuação das atividades
sensoriais. As atividades são pensadas e preparadas, para que sejam utilizadas
pelas crianças, de acordo com o momento e a necessidade de cada uma, essa
individualização precisa ser respeitada, para garantir que cada aluno aprenda de
acordo com o seu desenvolvimento.
O educador tem a função de preparar o ambiente e as atividades,
interpretando as necessidades das crianças e promovendo a autoeducação de
forma adequada, fazendo o mínimo de intervenções possíveis, na concepção de que
as crianças aprendem melhor pela experiência direta, pela descoberta, pela vivencia
e não pela imposição de fatos, situações e conhecimentos.
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REFERÊNCIAS
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