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De coração 022 DEZEMBRO 2010 AnoVI | Preto total | Mesa posta | Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck | Hansgrohe apresenta Axor Urquiola

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Revista Matobra

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De coração 022DEZEMBRO 2010 AnoVI

| Preto total

| Mesa posta

| Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck

| Hansgrohe apresenta Axor Urquiola

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EDITORIAL 03

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ãoComprar nacional é a solução

Nesta fase de mudança de ano e em que, invariavelmente, somos levados a

pensar no que pretendemos, ou não, ver mudado, vale a pena incluir na lista de

prioridades uma nova atitude nos nossos hábitos de consumo.

Seja numa ida ao supermercado, na escolha de uma peça de roupa ou em

qualquer outra aquisição, comprar português (ou produzido em Portugal) deve

ser sempre um critério.

O aumento do consumo de bens de produção nacional é um daqueles

gestos básicos que está ao alcance de qualquer um de nós e que tem efeitos

importantíssimos na nossa economia, nomeadamente com a diminuição das

importações, em nome de uma escolha que facilmente se traduz em incentivo

às empresas, protecção do emprego, aumento do poder de compra e do nível

de vida da população em geral.

É uma daquelas situações em que, como não se vê ou sente directamente,

assumimos uma espécie de “complexo de S. Tomé”, fechamos os olhos e

recusamos ver. Mas os efeitos existem e são inegáveis, não são sequer uma

questão de fé.

Directamente ligada a esta necessidade de diminuição das importações, está a

adopção de comportamentos energeticamente mais eficientes, uma vez que,

uma parcela significativa destes fluxos está associada ao consumo de energia.

Nomeadamente, num contexto doméstico, faz todo o sentido investir na

reabilitação das nossas casas, por forma, a dotá-las de um comportamento

energético mais eficiente.

É um investimento que, a juntar às vantagens em conforto, rapidamente se

traduz em poupança nas facturas mensais de electricidade e gás.

Para além de que a reabilitação urbana vai ao encontro do objectivo expresso

de comprar português. É uma aposta em empresas locais, feita sobretudo com

produtos nacionais e num sector que movimenta grande número de postos de

trabalhos directos e indirectos.

A construção nova, se não devidamente justificada, não é necessariamente a

melhor opção.

Desprezar o edificado já existente é um erro e os efeitos nos centros históricos

das nossas cidades assim o comprovam.

Mais uma vez, mesmo em termos de eficiência energética - nomeadamente em

gasto de combustível - e em gestão de recursos humanos nos serviços de apoio

à população, ter as infra-estruturas mais dispersas está longe de ser a opção

mais racional.

Os exemplos repetem-se e são quase infindáveis. Mais importante do que insistir

nos argumentos será recordar a fórmula essencial: comprar nacional é a solução!

Presidente do Conselho de Administração da Matobra

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FICHA TÉCNICA

Entidade proprietária | Matobra - materiais de construção e decoração, S.A.

Coordenação | Marta Rio-Torto

Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto

Fotografia | Danilo Pavone

Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva

Tiragem | 2000 exemplares

Periodicidade | Trimestral

Impressão | FIG - Indústrias Gráficas, S.A. Rua Adriano Lucas 3020 Coimbra

Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar 8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a)

Índice

3 Editorial

7 Entrevista De coração | Jorge Cravo

16 Com assinatura Matobra

16 | Preto total 17 | Uma casa, um só espaço

22 | Mesa posta

24 Ideias e soluções 24 | Formato ultra-fino em dimensão XXL

26 | Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas com mobilidade condicionada 28 | Deixe-se surpreender no Mercado Popular

31 Entrevista |António Pereira da Silva 36 Estilus

36 | Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck 41 | Uma lufada de ar fresco

44 | Hansgrohe apresenta Axor Urquiola 46 Entrevista | Vítor Almeida

54 Galeria Matobra

54 | Tomar banho à Fontana

Rua

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ENTREVISTA 07

Entrevista De coraçãoJorge Cravo

“A Canção de Coimbra é uma causa.”

Canções d’uma cidade e d’um rio é o nome

do novo disco de Jorge Cravo. Mais um

contributo para o repertório da Canção de

Coimbra daquele que é, reconhecidamente,

um dos seus mais destacados intérpretes e

cultores.

Após anos de dedicação, poder-se-ia pensar

que é um caso de paixão, mas será talvez mais

do que isso… É com verdadeira militância

que Cravo se tem devotado a este género,

procurando renovar e dignificar o seu

património.

É esse respeito pelo que de mais genuíno

tem este Canto que o faz rejeitar tudo o que

desvirtue o seu traço essencial, em nome do

chavão da inovação.

Insistir no respeito pela herança de Goes

e Bettencourt, na designação Canção por

oposição a Fado e mesmo na forma de

apresentação pública, poderá levar alguns

a confundi-lo com um conservador, mas um

olhar mais justo revela-o como um defensor

(e criador) do novo, como garantia de

manutenção da contemporaneidade deste

género.

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08 ENTREVISTA

Quando e como surgiu a paixão pela

Canção de Coimbra?

Entre pais e tios, 12 familiares meus tiraram

as suas licenciaturas em Coimbra, pelo que

cresci num ambiente em que havia sempre

umas histórias sobre a Universidade, os

estudantes e a Académica.

Além disso, pontualmente, em alguns

jantares, o meu pai colocava no gira-discos

música de Coimbra. Tenho comigo o EP

da 1ª edição de José Afonso da Balada de

Outono, assim como os EPs do Quinteto de

Coimbra, de Luís Goes.

Portanto, fui crescendo com a ideia de uma

espécie de magia ligada a Coimbra. Mas

estava longe de pensar que viesse a cantar,

porque no meu tempo de liceu não havia

tradições académicas em Coimbra, em

consequência da crise de 69.

A minha aproximação à Canção de

Coimbra aconteceu porque essas tradições

ressurgiram.

Quem foram os seus mestres?

Primeiro, aqueles que me acompanham

e que me acompanhavam na altura. O

primeiro mestre foi Jorge Gomes, na Escola

do Chiado, a quem Coimbra muito deve,

pois desde a década de 70 que ensina

Guitarra.

Depois, o meu grande mestre foi Luís Goes,

é dele que recebo as maiores influências.

Mas também aprendi muito ouvindo os

bons cultores de Coimbra e ouvindo a

minha voz gravada, que é um método que

permite rectificar pequenas falhas que, de

outro modo, passariam despercebidas.

Tem insistido bastante na designação

Canção de Coimbra e não Fado de

Coimbra. Porque é que esta questão,

que é de terminologia, tem suscitado

tantas contradições?

Não me parece que seja só uma questão

de terminologia, porque realmente não há

Fado de Coimbra, como género musical

autóctone, enraizado nas suas gentes.

Como tenho uma licenciatura em história,

gosto de investigar o passado e quando se

analisa o que se canta e o que se cantou na

cidade essa conclusão é inegável.

A terminologia Fado de Coimbra é uma

questão de comodismo, tem origem numa

moda do século XIX, quando o Fado surgiu

em Portugal.

Há a ideia de que quando a guitarra está

presente é Fado, mas muitas vezes não é.

O primeiro tema que se intitula Fado de

Coimbra é uma cantiga de meados dos anos

40, 50 do século XIX e a verdade é que não

tem nada a ver com Fado.

Tem sido um estudioso deste género,

tem várias monografias publicadas.

O que é que lhe despertou esta

necessidade de saber mais?

Desde logo, eu gosto de saber o que é que

ando a cantar e acho que qualquer cantor de

Coimbra que se preze deve conhecer o que

está para trás, os cultores, o seu repertório,

as suas opções estéticas, temáticas e

musicais, para então procurar construir o

seu repertório também. Depois, porque

em termos de investigação, está tudo por

fazer na Canção de Coimbra, portanto, vou

dando um pequeno contributo naquelas

áreas que me interessam.

Além desta vertente de investigador é

também compositor e intérprete. Qual

destas facetas sente como mais vincada?

A de cantor, porque é através dela que eu

transmito o meu trabalho de composição

e de letras. E é por ser cantor que acabo

por investigar a Canção de Coimbra. Estou

convencido que se não o fosse estaria a

investigar uma outra área qualquer.

É verdadeiramente uma paixão que se

manifesta em diferentes facetas…

É mais do que uma paixão, para mim a

Canção de Coimbra é uma causa. Repare,

eu começo a cantar em Setembro de

1980, numa altura de ressurgimento das

tradições académicas, tratava-se, portanto,

de uma luta, uma causa. Depois, continuou

“Não há Fado de Coimbra, como

género musical autóctone,

enraizado nas suas gentes.”

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ENTREVISTA 09

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10 ENTREVISTA

a ser uma causa para mim porque não é

acarinhada, nem apoiada como devia ser.

Continuo a ter essa ambição de que a

Canção de Coimbra seja vista como uma

marca da cidade, capaz de a colocar num

patamar superior. Para isso, é preciso que

ela seja apoiada pela Universidade e pela

cidade.

A minha preocupação é sempre de saber

o que fazer pela Canção de Coimbra,

não utilizar-me dela ou o que fazer com a

Canção de Coimbra.

Nunca a encarei de ânimo leve, levo isto

muito a sério.

No entanto, nunca quis assumir uma

carreira nesta área. Porquê?

Em primeiro lugar, porque eu andei na

Universidade para tirar um curso. Tenho

uma especialização e é com ela que ganho

a vida.

Por outro lado, citando o Carlos Paredes,

que dizia que gostava imenso da Guitarra

para viver dela, eu também gosto demasiado

da Canção de Coimbra para viver dela. Se

entrasse numa via profissionalizante penso

que estaria muito mais condicionado,

provavelmente por uma editora que exigiria

que eu tivesse um disco pronto todos os

anos, pelos cachês... Tal como estou, tenho

a grande vantagem de poder exercer a

minha criatividade livremente.

Mas também é uma falsa questão achar que

é por falta de profissionalização que não há

apoios, porque os poucos profissionais que

eu conheço não os vejo a fazer espectáculos

nas grandes salas nacionais e internacionais,

nem a dar entrevistas nos jornais de

grande tiragem, como vejo os fadistas de

Lisboa. Portanto, se não houver o apoio

de toda a indústria cultural, discográfica

e de marketing, de nada adianta essa

profissionalização.

Em termos de produção discográfica,

gravou o primeiro disco em 89, passados

10 anos, em 99, gravou outro e depois

em 2005 e em 2010. Qual é a razão de

ser destes intervalos?

Em 89, gravei o “Canções d’aqui” com o

meu grupo de colegas da altura. Estávamos

a acabar o curso em 88 e depois do disco o

grupo acabou e ficou aquele trabalho.

Entretanto, ingressei na vida profissional e

houve um interregno.

Anos mais tarde, reencontrei amigos,

antigos estudantes de Coimbra e com eles

recomecei. Assim nasce o “Folha a folha”,

em 99.

A partir daí, procurei seguir um período de

tempo de 5 anos para gravar.

De modo que surge, em 2005, o “Canções

d’inquietude” e em 2010, o “Canções

d’uma cidade e d’um rio”.

Possivelmente, daqui a 5 anos, haverá um

outro disco.

Porque é que a Canção de Coimbra não

é uma aposta das editoras, ao contrário

do que acontece com o Fado de Lisboa e

os seus intérpretes?

Porque as editoras não reconhecem que

existe uma Canção diferente do Fado, que

tem um ritual de apresentação público

diferente, que tem uma forma de cantar e

de ser tocada à guitarra diferente.

Como estão sediadas em Lisboa, para elas

só existe o Fado de Lisboa e depois há todo

um conjunto de agentes que jogam no

ambiente do Fado que levam a subalternizar

a Canção de Coimbra.

Mas não vale a pena estarmos a armarmo-

-nos em vítimas, temos que criar um lobby

a partir de Coimbra. Tem que partir da

cidade – da Universidade, da Associação

Académica, da Câmara, das empresas – um

apoio efectivo aos bons projectos da Canção

de Coimbra.

Enquanto continuarmos a olhar para

o umbigo, em vez de nos juntarmos e

pensarmos a Canção de Coimbra como uma

causa e não no fulano A, B ou C não vamos

a parte nenhuma.

A solução para inverter esta situação tem que

partir de Coimbra. Em qualquer contexto,

quando queremos projectar uma marca não

“A minha preocupação é sempre

de saber o que fazer pela Canção

de Coimbra, não utilizar-me dela

ou o que fazer com a Canção de

Coimbra. ”

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ENTREVISTA 11

vamos ter com os outros para o fazerem.

Pelo contrário, primeiro valorizamos o

produto, para depois então o conseguirmos

projectar. Tem que haver uma aposta séria,

com objectivos muito concretos e um plano

pensado para 4, 5 anos, mas para isso tem

que existir vontade política e cultural.

Na questão da candidatura do Fado a

Património Cultural da Humanidade o

facto de Coimbra não estar representada

gerou polémica. Esteve envolvido nesse

processo, porquê esse desfecho?

Porque não queríamos subalternizar a

Canção de Coimbra, não queríamos que ela

fosse vista como um apêndice do Fado de

Lisboa.

Há uns anos atrás,, havia essa mentalidade,

a Canção de Coimbra era vista como filha

do Fado de Lisboa, um bocadinho mais

intelectual e erudita, por ser cantada por

estudantes, o que não é verdade, porque os

populares também cantam, mas havia esta

ideia...

Portanto, a Canção de Coimbra não tem

nada a ganhar por estar com o Fado de

Lisboa, estamos sempre a perder…

Temos é que pegar nela de forma séria. E

então, nessa altura, ela entrará nas editoras,

nas playlists, na televisão e terá uma série de

agentes a dar-lhe atenção e a perceber que

está aqui um filão de ouro, para explorar.

Mas assim também não será um produto

que fica esquecido, que não apareceu…

Não, porque repare que somos falados pela

ausência.

Há quem entenda que este género peca

por não inovar. Concorda?

Primeiro, temos que definir o que é a

inovação na Canção de Coimbra. Eu

costumo dizer que depois de tudo o que

está feito pelo Luís Goes não há mais nada

a inventar, mas com isso não estou a dizer

que não se pode fazer mais nada de novo.

O que eu acho é que para andarmos

para a frente, muitas vezes, temos que

revisitar o passado. E se formos à Escola

do Bettencourt e à Escola do Luís Goes e

procurarmos misturar um pouco aquilo,

avançamos e aparece um terceiro novo

Canto de Coimbra.

Há pessoas que não pensam assim,

procuram ir buscar novos instrumentos,

dar novas roupagens aos temas antigos e

pensam que estão a inovar muito.

Mas, quando vejo um novo instrumento a

retirar o papel da segunda guitarra, entendo

que não se está a contribuir em nada para

este género. Porque o toque tradicional

de Coimbra tem duas guitarras. E quando

um saxofone ou um piano faz o papel da

segunda guitarra, estamos a perder esse

diálogo das duas guitarras, que é uma

característica da Canção de Coimbra.

Eu creio que para inovar não basta fazer

novas roupagens dos temas antigos, são

precisos novos temas e eventualmente

ir procurando um ou outro instrumento,

justificando-o, não basta colocar o

instrumento só porque sim ou porque não.

É possível inovar, mas não podemos perder

as referências. Por isso é que eu digo que

é preciso fazer o retorno ao melhor da

Canção de Coimbra – Bettencourt e Goes –

para podermos avançar.

A Canção de Coimbra tem tradição

enquanto música amadora e de

minorias. Deve continuar a ser assim?

Sim, é uma música de minorias, mas também

tem direito a ser divulgada e apoiada. Há um

nicho no mercado português para ela. Aliás,

a Canção de Coimbra não deve ser dada em

doses industriais, porque cansa. Temos que

saber fazê-lo com razoabilidade.

Como é que vê a possibilidade de

termos mulheres a cantar?

Não me choca minimamente. Ninguém as

proíbe de cantar, ao contrário do que dizem

algumas pessoas. As mulheres não estão

a cantar porque ainda não optaram por

isso, mas já o fizeram com a guitarra, já há

mulheres a tocar.

“Tem que partir da cidade – da

Universidade, da Associação

Académica, da Câmara, das

empresas – um apoio efectivo

aos bons projectos da Canção de

Coimbra. ”

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12 ENTREVISTA

O que eu não acho admissível é que haja

homens a tentar empurrá-las para o Canto

com palavras de ordem e slogans mediáticos.

A mulher tem cabeça para pensar e quando

entrar na Canção de Coimbra, com a sua

inteligência e a sua criatividade, criará o seu

Canto.

Qual é o futuro que antecipa para a

Canção de Coimbra?

Podemos ver isso sob duas perspectivas.

Em termos académicos, todos os anos

surgem novos alunos, há sempre alguns

que resolvem tocar e cantar, portanto, por

aí as coisas estão asseguradas. O futuro

deste género, alargado a todo um leque

de antigos estudantes, populares, etc, vai

depender daquilo que a cidade quiser fazer

pela Canção de Coimbra.

Mas encara com optimismo esse futuro,

ou nem por isso?

Encaro, porque noto que nalgumas pessoas

a mentalidade está a mudar. Até pelo facto

do Fado de Lisboa ter esta projecção, há

muita gente a perguntar porque é que

a Canção de Coimbra não tem. E é a

partir dessa interrogação que as pessoas

começam a procurar perceber o que se

passa. Portanto, estou convencido que isto

vai dar uma volta.

Lançou um novo disco no passado dia 13

de Novembro - Canções d’uma cidade e

d’um rio. O que é que este disco tem de

diferente face a outros trabalhos seus?

A temática, que é essencialmente Coimbrã.

Tive a preocupação que os 10 temas

reflectissem quadros citadinos, quer da

actualidade, quer mais antigos, paisagens

humanas e físicas. Os outros discos têm

uma temática existencial, amorosa e de

intervenção social e neste foquei-me na

cidade de Coimbra.

Depois, em relação aos outros dois anteriores,

há também uma diferença, porque voltei a

ser acompanhado pelos meus amigos dos

anos 80, portanto, digamos que demos a

volta e fomos ao “Canções d’aqui”.

Quando resolve levar a cabo um projecto

destes depara-se com a dificuldade de

encontrar os apoios necessários. Isso é

uma preocupação desde o início?

Normalmente, só penso nisso no fim.

Exactamente porque não gosto de ser

pressionado e se eu for procurar esse

apoio antes de o trabalho estar concluído,

começam a perguntar-me, insistentemente,

pelo disco.

Prefiro fazê-lo quando ele já está finalizado.

Mas é muito difícil, porque as editoras não

apostam neste produto. Nós, felizmente,

tivemos o apoio da Matobra e da Prabitar,

mas outros não têm, o que leva muitos

projectos a ficar na gaveta.

Sente-se como alguém que tem o papel

de preservar para as gerações do futuro

este tesouro?

Eu vejo-me assim quando a minha maneira

de ser e de estar na Canção de Coimbra

me leva sempre a gravar coisas novas,

porque se um repertório não for renovado

acaba por morrer. Sinto que estou a dar

o meu contributo para o cancioneiro da

música de Coimbra e dessa forma, para a

continuidade desta tradição musical. Tem

que haver repertório novo, até porque as

pessoas também procuram a mensagem, o

texto. Não faz sentido que esta gente mais

nova ande a comunicar aquilo que outros

já gravaram há quarenta, cinquenta anos.

Não pode ser, pois dessa forma não se

consegue reflectir a sociedade que somos

nesta Canção.

“Depois de tudo o que está feito

pelo Luís Goes não há mais nada a

inventar, mas com isso não estou

a dizer que não se pode fazer mais

nada de novo. ”

[email protected]

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ENTREVISTA 13

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14 ENTREVISTA

Uma referência?Luis Goes.

A música que não se cansa de ouvir? Luis Goes.

O filme que o marcou? O Nome da Rosa.

Um livro? Vários, posso destacar autores, nomeadamente, Eugénio de Andrade e António Ramos Rosa.

Um objecto de que não se separa? Telemóvel.

Quando tem tempo gosta de…? Estar com a família e com os amigos.

O prato a que não resiste? Cozido à portuguesa.

Uma bebida? Vinho tinto.

Destino de férias?Açores.

Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar?

A minha maior qualidade é ser frontal, autêntico. O defeito é ser repentista.

De perfil…

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16 COM ASSINATURA MATOBRA

Preto total

O preto é uma cor clássica, apreciada

por muitos de nós, mas quase sempre

votada ao preconceito de ser um tom

lúgubre, pouco acolhedor, agressivo até

e que não deve ser usado na decoração

de uma casa em mais do que alguns

acessórios ou pequenos apontamentos.

O desafio da equipa de decoração da

Matobra foi, precisamente, o de mostrar

que é possível criar um ambiente de

quarto em preto quase total e ainda

assim, conseguir um espaço agradável

e acolhedor.

Desde logo, o tom é usado no papel

que forra as paredes: preto com um

riscado muito suave a castanho, cor que

é replicada na parede lateral e que faz

ligação ao mogno dos móveis.

A restante decoração mantém esta

inspiração, com apontamentos muito

suaves de brilho, dado pelo inox dos

acessórios escolhidos.

O tapete em pele de cordeiro aumenta

a sensação de conforto e calor.

Ao contrário do que se poderia pensar,

o resultado nada tem de sinistro. A

composição final é carismática e, ao

mesmo tempo, sóbria.

E no caso de alguém que goste de variar

com frequência a decoração do espaço,

a opção pelo preto tem a vantagem

de poder mudar com facilidade os

acessórios, sem estar limitado na

conjugação de tons.

Visite-nos no nosso showroom e

descubra outras propostas em que se

poderá inspirar. [email protected]

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COM ASSINATURA MATOBRA 17

Decorar todas as assoalhadas de um apartamento na mesma

paleta cromática era o desafio. Sobretudo quando se tratam

de espaços reduzidos, esta solução traz maior harmonia ao

conjunto, criando um efeito visual coerente, sem se tornar

repetitivo.

Tratando-se de espaços pequenos é sempre um bom princípio

optar por tons claros. Neste caso, a escolha recaiu em três cores

- branco, azul e bege.

A experiência foi feita no nosso showroom. O espaço é aberto o

que, numa situação real, funcionaria como vantagem em áreas

reduzidas, com a disposição dos móveis a criar uma eficaz divisão

por zonas: descanso, lazer e refeições.

Para o quarto, a inspiração foi um estilo romântico e feminino.

As peças chave desta decoração são a cabeceira do sommier e

os complementos de pele, presente nas caixas que substituem a

mesa-de-cabeceira, na manta aos pés da cama e no tapete em

pele de cordeiro.

Um sofá completa esta zona de descanso, criando um ambiente

destinado à leitura de um livro ou para um pequeno-almoço

mais tranquilo.

A sala, criada num espaço de configuração acentuadamente

rectangular, foi organizada por três zonas. Um primeiro espaço

de refeições, uma zona intermédia para ver televisão e um

terceiro ambiente, em que a disposição de lugares sugere uma

conversa entre amigos.

O resultado é um ambiente confortável, funcional e

contemporâneo, com tons que embora sendo de tendência,

perduram facilmente ao longo do tempo.

Uma casa, um só espaço

[email protected]

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18 COM ASSINATURA MATOBRA

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22 COM ASSINATURA MATOBRA

Mesa posta

Em qualquer celebração, a mesa é sempre o

elemento central do convívio entre familiares e

amigos. Daí que, em tempo de Festas, este seja

o cenário a que, naturalmente, dedicamos mais

tempo e atenção.

A proposta da equipa de decoração da Matobra

foi inspirada no conceito de fusão, desafiando

o leitor a dar nova vida às suas peças mais

antigas.

A ideia é, precisamente, demonstrar como

pode continuar a usar os seus serviços mais

clássicos e conjugá-los com outras peças

contemporâneas, que tenha adquirido mais

recentemente.

A paleta cromática foi inspirada nos tons da

estação que atravessamos – branco, conjugado

com o vermelho e verde.

O serviço de copos escolhido representa o

elemento mais clássico, que poderia ter sido

adquirido hoje ou há décadas atrás. Ao misturá-

-los com peças mais actuais, a combinação

é bem mais equilibrada do que à partida se

poderia pensar.

O contraste de estilos revela-se harmonioso e

com um sentido pragmático, sobretudo para

quem gosta de acompanhar as tendências,

adquirindo novos acessórios, mas não se quer

desfazer do que já tem, muitas vezes heranças

de família, com grande valor afectivo.

Os individuais em espelho reforçam o requinte

da mesa, marcando a diferença no resultado

final: um ambiente clássico e sofisticado mas,

em simultâneo, contemporâneo.

O centro de mesa é um elemento a que deve

estar atento. A sua opção decorativa não deve

comprometer a comunicação entre todos. Se

a sua preferência não for uma composição

assente na mesa, para ter maior disponibilidade

de espaço, deve garantir que esta está a uma

altura suficientemente elevada para não

criar um obstáculo visual entre os que estão

sentados.

No caso concreto, a escolha foi um arranjo de

inspiração tradicional, combinando diferentes

tipos de ramagem, que sintetizam, num mesmo

elemento, as cores escolhidas para a mesa. As

velas no centro criam mais charme na refeição.

A proposta apresentada foi pensada para

quatro pessoas, mas é facilmente replicada

para o número de lugares de que necessitar.

[email protected]

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COM ASSINATURA MATOBRA 23

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24 IDEIAS E SOLUÇÕES

KERION FLATFormato ultra-fino em dimensão XXL

As dimensões marcam, desde logo, a inovação deste revestimento cerâmico: 3m de

comprimento por 1m de largura e 3,5mm de espessura multiplicam as possibilidades de

utilização.

A facilidade de corte e resistência das peças conferem grande versatilidade ao material,

permitindo desde o revestimento de grandes superfícies - minimizando o efeito visual de

“grelha” criado pelas juntas - até uma série de aplicações e conjugações personalizadas,

proporcionadas pelos formatos e dimensões diversas.

Disponível nas medidas 100x300, 20x100, 50x100, 50x50 e 100x100, a placa cerâmica

revestida a tecido de fibra de vidro, com 3.5 mm de espessura, possui uma grande resistência

mecânica que permite maior facilidade de trabalho.

Colocada com cola e com uma junta mínima em revestimentos e pavimentos, Kerion Flat

reduz os resíduos resultantes dos cortes e assegura um trabalho final perfeito.

Resistente aos ácidos e às manchas é, de facto, um produto com óptimas características

técnicas, ideal para ambientes onde é fundamental a higiene e limpeza.

Indicada para revestir paredes e pavimentos – interior e exterior – graças à sua espessura

reduzida, Kerion Flat pode ser facilmente utilizada para projectos de reabilitação, renovando

o espaço sem necessidade de demolição. A placa cerâmica pode ser colada sobre o

revestimento ou pavimento existente - seja de cerâmica, de mármore, pedra, pvc ou madeira

- sem necessidade de demolição, evitando todo o pó e resíduos inerentes a esta operação.

Ficando dispensado de modificar a altura das portas ou alterar rodapés, reduz o tempo de

colocação, garantindo um bom trabalho e uma boa durabilidade.

Kerion Flat é produzida com uma lógica eco-sustentável. Realizada num material reciclável,

devido à fina espessura, as placas são produzidas com uma menor quantidade de matéria-

-prima e com uma tecnologia mais amiga do ambiente, reduzindo as emissões de CO2 e o

nível de resíduos gerados.

[email protected]

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IDEIAS E SOLUÇÕES 25

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26 IDEIAS E SOLUÇÕES

Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas com mobilidade condicionada

Mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos que lidar com problemas de incapacidade física. Quer sejam dificuldades do próprio ou

decorrentes da necessidade de apoio a um familiar, é inevitável que a questão se venha a colocar.

Os números falam por si. Actualmente, estima-se que em Portugal existam mais de milhão e meio de pessoas acima dos 65 anos e

ultrapassem os 900 mil os casos com alguma incapacidade ou deficiência. Com a esperança de vida a aumentar estes valores tenderão,

naturalmente, a crescer.

Para dar resposta a estas situações, a Sanindusa lançou, recentemente, duas novas banheiras para complemento da série New Wccare, uma

gama de sanitários e acessórios adequados a pessoas com mobilidade reduzida, que necessitam de cuidados especiais e uma acessibilidade

facilitada.

Aliando a funcionalidade ao design, minimizando a carga inestética que geralmente é associada a estes produtos, as duas banheiras estão

disponíveis nas dimensões 1700×750 e 1800x800mm e nas opções com e sem hidromassagem.

A banheira tem integrada uma porta de acesso ao interior, que permite ao utilizador entrar e sair facilmente, sem necessidade de ultrapassar

a barreira da altura das banheiras regulares.

A altura máxima a transpor pelo utilizador é de 18cm mas, caso opte por encastrar o equipamento, esta medida é diminuída para 13cm.

O resguardo integrado garante uma zona protegida para o duche.

São de destacar outros pormenores de conforto como a almofada de encosto para a cabeça ou o assento, que pode funcionar também

como prateleira de apoio para objectos.

Estas soluções permitem uma total liberdade de movimentos na assistência a crianças e idosos, facilitando em muito a rotina destas pessoas

ou, se for o caso, a prestação de cuidados de higiene. [email protected]

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IDEIAS E SOLUÇÕES 27

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28 IDEIAS E SOLUÇÕES

Deixe-se surpreender no Mercado Popular!

A época de Natal está patente no Mercado Popular durante o ano inteiro, o local

onde encontra qualidade e variedade a preços imbatíveis.

São grandes marcas que vão fazer a diferença na decoração do seu espaço interior,

com materiais de grande valor que vão garantir uma performance e um design que

a sua casa vai agradecer.

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IDEIAS E SOLUÇÕES 29

O conceito de Outlet da Matobra visa colocar o poder de compra ao serviço de todos os bolsos, com a garantia de produtos de qualidade. As prateleiras do Mercado Popular e Sala de Exposição aguardam a sua visita.

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Na vida escolhemos tudo: os nossos amigos, a maneira de vestir e a decoração da casa. Tudo. Agora, também pode escolher o seu espaço de banho. A nova colecção Meridian da Roca oferece a maior e mais abrangente gama de modelos, com um design inovador que lhe permite escolher a opção que melhor se adapta a si, ao seu gosto e às suas necessidades. Meridian Adaptabilidade Máxima.

Na vida temos várias opções.Agora, o seu espaço de banho também.

Para conhecer as nossas Soluções para o Espaço de Banho solicite gratuitamente a publicação “Soluções de Banho” para:Roca, S.A. - Apartado 575 - 2416-905 Leiria

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ENTREVISTA 31

Novas possibilidades de crescer

António Pereira da Silva é, aos 38 anos, o rosto da Alpesil que quer surpreender a economia com a aposta em novos

mercados, porque em cada problema vê uma possibilidade.

A Alpesil conta com cerca de dez anos de existência e é no Algarve e na Figueira da Foz que valoriza o seu produto de chave

na mão, porque em cada cliente está um amigo e em cada obra a vontade de fazer mais e melhor.

O ensino, a economia e a construção civil são temas apontados como fundamentais para que o futuro do país seja um futuro

melhor para todos nós.

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32 ENTREVISTA

Fale-nos um pouco do seu percurso

escolar.

Ingressei na Primaria no Casal Fernão

João, depois fui para a Escola Preparatória

de Pombal e fiz o Secundário na Escola

Tecnológica e Profissional, também em

Pombal. Depois fui para o Porto onde

tirei o Bacharelato, na Escola Superior

de Actividades Imobiliárias na área

do imobiliário e, finalmente conclui a

Licenciatura de Gestão Imobiliária, em

Lisboa. Mais tarde, fiz duas pós-graduações,

uma na ESAI e outra no Instituto Superior

Técnico, em Lisboa.

Sei que teve uma experiência anterior

numa empresa ligada ao sector

imobiliário. Isso foi fundamental para a

criação da Alpesil, em 1999?

Trabalhava muito na promoção imobiliária e,

a dado momento, percebi que esse mercado

não teria grande futuro, daí a aposta na

criação de uma construtora, em 1999, no

sentido de fazermos o enquadramento e a

prestação de serviços aos nossos clientes,

dominando o processo desde a concepção

do produto, inclusivamente na aquisição e

licenciamento do terreno, até à entrega do

produto chave na mão e, de algum modo

acabando com os intermediários.

Sente que a sua formação e educação

foram importantes para estar nesta

actividade?

Mais do que importantes, foram

fundamentais e sem essa ferramenta não

teria conseguido a mais valia técnica e

especializada. Seria impossível acompanhar,

compreender e sobreviver neste mercado

em constante mudança porque isso faz

a diferença em diversas ocasiões. Estou

muito grato ao meu percurso escolar e

aos professores com quem aprendi. No

que respeita à educação têm de existir

valores fundamentais como o bom senso,

uma forma de saber estar e de lidar com

situações de pressão e uma sensibilidade

que é precisa a cada momento, para que

sejam encontradas as decisões certas, sejam

elas comerciais ou burocráticas.

Já foi estudante e agora é um

empresário que trabalha com outros

estudantes. Qual é a análise que faz

sobre a preparação dos nossos jovens

quando integram o mundo do trabalho?

É uma análise bastante negativa porque

tenho a certeza de que o ensino não se

adapta às necessidades das empresas e do

mercado. Posso lhe dar um exemplo actual,

temos interesse em contratar um engenheiro

civil que domine duas áreas específicas, a do

Licenciamento e do Acompanhamento de

Obras e tem sido uma busca inquietante

porque nos temos apercebido que essa

habilitação não existe e estamos a falar

de dois pontos básicos. Até faço uma

comparação com os indivíduos que tiram a

carta de pesados e que depois não sabem

trabalhar com os tacógrafos… Não é uma

questão de incompetência, mas sim a forma

e os conteúdos que se leccionam para que

as pessoas possam estar preparadas para o

mercado real. E depois existe o outro lado,

porque as empresas investem na formação

destes jovens e quando eles começam a

perceber algumas questões, optam logo

por sair porque pensam que já estão

preparados para altos voos e isso são custos

acrescidos. Mas existe claramente um défice

de prática nos nossos cursos, considero que

a partir do primeiro ano deveria haver um

enquadramento prático com as empresas

que estão no terreno e que conhecem a

realidade.

Vamos então apontar os culpados…

Serão os políticos, os professores, os

alunos, as escolas? …

Acima de tudo, deve-se a uma mentalidade

mesquinha, que nos vai afogando, porque

quando sabemos fazer uma conta simples

pensamos que já estamos preparados para

ser cientistas. Mas nesta matéria existe

uma responsabilidade a ser imputada aos

directores pedagógicos dos cursos, porque

para eles conhecerem as necessidades do

mercado de trabalho têm de sair dos seus

gabinetes e falar com as empresas que

estão no terreno. Antes do lançamento de

um curso deveriam fazer-se seminários com

as empresas e estudos para se verificar as

necessidades de mercado e as pessoas

formadas que precisamos.

Como caracteriza os clientes e o mercado

que a Alpesil acompanha?

Estamos mais direccionados para clientes que

nos compram apenas construções ou que

nos compram terrenos e nos encomendam

construções, especializámo-nos nesse nicho

de mercado, que assenta essencialmente na

manutenção e não apenas na construção.

Para fazermos este acompanhamento

não nos sobra tempo nem estrutura para

estarmos noutros mercados, por enquanto.

Desde a sua criação consegue resumir

um pouco a vivência da empresa até aos

nossos dias?

Evidenciámos sempre uma postura

de sermos poucos mas bons e de nos

especializarmos não só na construção civil,

como também no aluguer de equipamentos

necessários à obra no seu todo, em nome

da economia e da qualidade. Definimos, por

exemplo, que os ladrilhadores são nossos

funcionários para um acompanhamento

eficaz e tentamos escolher sempre os

subempreiteiros e fornecedores que nos

garantam a qualidade desejada.

Notei que faz constantes considerações

sobre o mercado e pergunto se

imaginaria há dez anos atrás que ele

estivesse nesta situação?

As minhas indicações levavam-me a pensar

que estaríamos pior. Aliás, a Alpesil só

aparece para encurtar os agentes de mercado

com o objectivo de nos especializarmos

num nicho com uma filosofia mais directa e

menos burocrática.

A ambição de um jovem empresário

está sempre de acordo com as metas da

empresa que o acompanha?

Reconheço que temos algumas coisas

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ENTREVISTA 33

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34 ENTREVISTA

para melhorar, posso dizer que estamos a

meio da subida da nossa ladeira, ainda não

conseguimos chegar ao nível de organização

que ambicionamos, queremos ter instalações

que nos permitam projectar noutro tipo de

mercados, porque temos outros objectivos

no sector da construção civil. Mas queremos

percorrer esse caminho de forma sólida,

para não cairmos na escada.

Certamente que já alcançou alguns

objectivos importantes. Que metas tem

definidas para os próximos anos?

Queremos entrar em áreas de manutenção

de construção civil, nomeadamente nas

renovações e também no apoio a clientes,

como os hospitais, centros de saúde e

zonas comerciais, porque sentimos que é

um mercado que não está a ter a devida

atenção e acompanhamento. Também

existe outra variante que gostaríamos

de entrar e explorar, que é o das avenças

com os promotores imobiliários, porque

quando começarem a surgir esses processos

em tribunal pensamos que podem nascer

possibilidades de negócio.

Neste momento, que perspectivas

oferece o mercado para as empresas?

As que conseguirem ultrapassar esta crise

de uma forma sólida e sustentada podem

e vão ter muito trabalho pela frente, as que

têm estruturas brutais com custos elevados

e que não conseguem produzir vão sentir

os efeitos de não serem competitivos e vão

acabar.

A Figueira da Foz é uma região

procurada para se construir?

Também actuamos no Algarve, mas foi na

Figueira da Foz que começámos a trabalhar

e isso permite-nos alguma mobilidade em

termos de obras e em termos administrativos,

para além do conhecimento adquirido

do mercado da região. Mas sentimos que

existe uma carência de empresas com as

características da nossa, porque a cidade

está mais vocacionada para o turismo e

hotelaria.

Há pouco pedi-lhe que recordasse a

escola. E que escola tem encontrado na

sua actividade profissional?

Uma das coisas que tenho aprendido é

que não vale a pena fazer mal e barato

porque depressa aparece o resultado.

Depois é preciso ter muita sensibilidade,

muita capacidade de encaixe porque é

uma actividade que mexe com muitas

componentes e que está em constante

mudança, pelo que temos de estar sempre

actualizados e interessados. Em suma,

ao longo destes dez anos aprendemos o

conceito de construção, o que não é pouco

porque quem conhecer esse processo pode

fazer a diferença na especialização em nome

da qualidade do produto para o cliente final.

E o que tem ensinado aos que o

rodeiam?

Tento construir uma empresa de rigor e

de exigência mas admito que temos de

melhorar nos prazos de entrega. Mas no

que diz respeito à qualidade, entendemos

que não temos deixado de cumprir com

conhecimentos e materiais de bom nível.

No que se vai tornar o mercado da

construção?

Vamos ser mais profissionais e o mercado

vai estar mais sóbrio. A concorrência desleal

vai acabar e alguma da burocracia que está

ao serviço de alguns vai terminar. Estas são

as minhas previsões, até porque a realidade

nos vai obrigar a esta conclusão.

E o mercado da renovação é uma

hipótese plausível para as empresas?

O mercado da renovação tem duas

componentes distintas: uma é a filosofia

do conceito, segundo o qual, o acto de se

renovar é por si só uma atitude altruísta

e de grande dignidade. Mas existe a

componente económico-financeira e tem

de se estabelecer um ponto de equilíbrio

no investimento e no retorno. O mercado

da renovação só se vai desenvolver quando

todos os agentes chegarem à conclusão

que é para dar lucro e rendimento, porque

estamos a falar de situações bastante

dispendiosas e se não for para obter riqueza

as empresas vão optar por deixar cair. É

preciso entender que só se deve renovar se

for para criar melhor qualidade de vida para

o local, para o dono e para quem vai fazer a

obra, para sairmos todos a ganhar.

O que o assusta mais no país

actualmente?

O facto de toda a gente apontar os

problemas e fazer de conta que não os

vê, encarar as dificuldades sem tomar as

medidas de fundo necessárias e, com isso,

vamos ficando cada vez mais pobres e mais

marginalizados. Porque estamos a falar de

medidas que têm de ser tomadas e que

vão ficando na gaveta porque mexem com

os interesses de muita gente e isso tem de

acabar para o bem de todos nós.

Como é possível impulsionar as

empresas e as pessoas a produzir mais

e melhor?

Temos de responsabilizar e de criar condições

de competição para quem produz, para que

os agentes sejam menos e mais competentes

e para que o mercado funcione mais e

melhor. Só desse modo vai existir o filtro

para os que conseguem acompanhar este

mercado numa situação de crise.

Qual é o lema da empresa?

Termos em cada cliente um amigo, adoptar

sempre medidas de rigor e qualidade e de

projectar os bons resultados da promotora

para quem trabalhamos, porque o

crescimento será mútuo.

[email protected]

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ENTREVISTA 35

BREVES

Uma obra feita que gostaria de ter construído?O Centro Cultural de Belém.

Uma obra por fazer que quer construir?Residências Universitárias.

Uma lição que aprendeu na empresa?Vale a pena fazer bem.

Uma pessoa que o marcou profissionalmente?O meu avô materno.

Uma ementa?Naco na Pedra.

Um vinho?O Marquês de Borba.

Uma voz?Mariza.

Uma viagem?Madeira.

A notícia a ouvir amanhã?Que a economia portuguesa está em crescimento.

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36 ESTILUS

Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck

No ano em que comemora 40 anos de actividade, a Miele lançou recentemente uma nova

marca de cozinhas - “Warendorf” - que irá substituir a “Miele Die Küche”.

Os modelos assinados pelo conhecido designer Philippe Starck assinalam uma nova era nas

cozinhas Miele, apostando em criatividade, design e inovação, sem abdicar dos valores que

fizeram tradição na Miele: durabilidade, funcionalidade, versatilidade, qualidade e ecologia.

Direccionadas para um segmento de mercado alto, o conceito de Starck assenta numa

forma inovadora de pensar a cozinha, entendida como um espaço onde toda a família se

junta não só para a preparação e degustação dos alimentos, mas também para resolver

assuntos familiares ou simplesmente conviver.

Procurando ir ao encontro de diferentes gostos e tendências, Philippe Starck criou quatro

ambientes distintos.

O modelo Tower é, sem dúvida, o mais surpreendente, transformando profundamente o

aspecto típico da cozinha, reduzindo-a apenas a duas torres e uma mesa funcional.

Concentrando no seu interior os electrodomésticos de frio e quente, arrumação, despensa e

louceiro, a torre roda 340 graus, permitindo mudar constantemente a aparência do espaço,

dependendo do que se está a mostrar: o quadro de ardósia, o despenseiro ou o ecrã de TV.

O modelo Library permite combinar a preparação dos alimentos com a leitura ou o apoio

aos trabalhos de casa das crianças.

É composto por uma estante que emoldura a frente de trabalho central e uma escada

que desliza ao longo da mesma. Habitualmente encontrada em bibliotecas maiores e mais

clássicas, nesta versão em aço inox, a escada confere um toque especial à cozinha, ao

mesmo tempo que facilita o acesso a todas as zonas do móvel.

A ilha de cozinha integra funções de preparação, arrumação e confecção dos alimentos.

O amplo espaço de trabalho pode ter associada a função de mesa de refeições ou, em

alternativa, poderá acrescentar uma mesa em mármore.

Misturando cerejeira, aço inoxidável e mármore este modelo cria uma composição

simultaneamente clássica e elegante.

Primary é uma opção pensada para unidades pequenas que combina material de luxo, com

um toque de design neobarroco.

A unidade base em aço inoxidável, as prateleiras e o nicho proporcionam um contraste com

o vidro amarelo.

Os apliques de luz e os adornos gravados reforçam o carácter luxuoso deste modelo, ao

mesmo tempo que vincam o antagonismo da aparência quase asséptica do mobiliário em

inox.

Para famílias mais numerosas, pode ser complementada com um módulo free-standing, que

permite aumentar as zonas de arrumação.

Em Duality, Starck propõe um conceito em ilha com duas funções distintas: como separador

de espaços com um carácter comunicante, ou como instalação de parede. O próprio nome

sugere esta dupla funcionalidade.

As superfícies em inox são predominantes, apenas as prateleiras laterais e a abertura central

têm acabamento em lacado branco, que permite ampliar visualmente estas áreas abertas.

| Tower |

[email protected]

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ESTILUS 37

| Library |

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38 ESTILUS

| Primary | | Duality |

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ESTILUS 41

Uma lufada de ar fresco

A Ceracasa coloca no mercado

português uma nova tendência para

exteriores, as fachadas vegetais

Lifewall®.

O conceito foi desenvolvido pelo

Arquitecto Emílio Llobat, que

transformou a ideia numa solução

extraordinária, a de situar a vegetação

nas fachadas dos edifícios de forma

simples e com grandes vantagens para

o projectista, para o cliente e para o

ambiente.

Na prática, são painéis de 1 m2 que

permitem a disposição de qualquer tipo

de vegetação num processo que permite

a irrigação por gotas, optimizando a

economia da água.

Lifewall foi pensada para criar uma

simbiose perfeita juntamente com outro

produto da firma espanhola e premiado

com o Alfa de Oro, o denominado

Bionictile®.

Este produto descontamina o ar das

cidades dos prejudiciais óxidos de

nitrogénio (NOx) e capta o dióxido

de carbono da atmosfera, libertando

oxigénio.

Numa estimativa recente, chegou-se à

conclusão que, em duzentos edifícios

com Bionictile, se descontaminaria

cerca de 2.638 milhões de m3 de ar

num ano.

O que equivale a dizermos que mais

de quatrocentas mil pessoas podiam

respirar, durante um ano, um ar

mais saudável e livre dos prejudiciais

óxidos de nitrógeneo, libertados pelos

automóveis e industrias. [email protected]

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44 ESTILUS

Hansgrohe apresenta Axor Urquiola

A premiada designer espanhola Patrícia

Urquiola uniu-se à Hansgrohe para conceber

a linha Axor Urquiola.

O conceito apresentado junta num mesmo

espaço área de banho e quarto, num

encontro entre o descanso e o bem-estar e

cuidado do corpo.

Trata-se de uma noção inovadora, mas que

encontra justificação no ambiente criado:

um mundo de transições suaves, formas

delicadas combinadas com funcionalidade,

num estilo ecléctico em que estão presentes

diferentes estilos e culturas.

O desenho sensual e feminino, feito para

despertar os sentidos, foi aplicado em

lavatórios e banheiras, torneiras, acessórios

e aquecedores de parede.

Destaque para os lavatórios e banheiras,

que recuperam como inspiração os antigos

alguidares, com asas que podem ser usadas

para colocar as toalhas.

O aquecedor é um sistema modular, composto por painéis

independentes que servem também como divisórias.

[email protected]

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ESTILUS 45

Axor Urquiola abrange também uma colecção de

acessórios desenhados numa linha moderna e sóbria.

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46 ENTREVISTA

Abrir o coração das empresas ao Mundo

Vítor Almeida é o responsável comercial da Cerâmica de São Paulo (CSP) e percebe-se, ao longo desta entrevista, a importância de um homem de visão global, muito para além da realidade que se insere. A CSP coloca ao serviço do cliente uma filosofia de permanente reinvenção dos seus produtos, consoante as obrigações de mudança que o mercado impõe. Pasta vermelha, pasta branca, grés vidrado, porcelânicos e azulejos percorrem a Europa e Africa com uma bandeira de qualidade nacional. Crítico quanto baste, porque há que direccionar soluções para que o futuro do mercado cerâmico seja mais promissor, defende que compreender o modo como chegámos ao local onde estamos é estar um passo à frente na fuga para o sucesso.

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ENTREVISTA 47

Como acontece a entrada na área

comercial do sector cerâmico e, mais

particularmente, na São Paulo?

Aconteceu em 1979, depois de ter estado

a trabalhar em Angola, numa empresa

distribuidora de materiais de construção

no Algarve. Mais tarde, iniciei um percurso

de fábricas, sempre na área comercial,

primeiro na Masa, depois na Estaco e

Dominó, seguido da Recer e, actualmente,

na Cerâmica de São Paulo, desde 2006. Foi

um regresso a casa, já que, resido em Lisboa

e é onde estão as minhas raízes.

Consegue fazer um breve resumo do

percurso da empresa até à actualidade?

Foi fundada em 1961 pelas famílias

Garrett e Megre. Começou por fabricar o

produto de série original que é o prensado

a seco por pasta vermelha e que ainda é

reconhecidíssimo no país.

A empresa começou a modernizar-se em

1979, através da instalação de um forno

contínuo, mantendo o forno inicial.

Em 1982, a fabrica adquiriu o seu segundo

forno continuo, passando a produzir cerca

de 650.000 m2 por ano e, em 1989, passa

exclusivamente para a família Megre,

sendo que o Dr. João Megre é o actual

presidente do Conselho de Administração.

A partir de 2001, assistimos a um salto

qualitativo, porque se inicia o percurso no

mercado do grés vidrado, com o formato

33x33. É quando a empresa ganha enorme

capacidade internacional, que é actualmente

o nosso garante.

Em 2004, face a esse sucesso, investimos

numa nova fábrica, aumentando a nossa

capacidade, quer de quantidade produzida

quer da tipologia de produto.

Em 2006, iniciámos a produção nos

porcelânicos, o que se traduziu num

crescimento acentuado da São Paulo,

nomeadamente nos mercados externos,

onde a França ocupa o lugar de destaque,

seguido dos PALOP onde continuamos a ter

uma presença forte e até em contraciclo, já

que aumentámos este ano cerca de 15%.

Ainda há quem pense que a São Paulo

se especializou na Tijoleira...

Não é de todo verdade, mantivemos a nossa

série original e incrementámos a venda nos

PALOP, até porque o produto em Angola é

muito solicitado. Mas a nossa aposta e o que

traduziu verdadeiramente o crescimento

da São Paulo foi o porcelânico e foi com

esse produto que atingimos os mercados

da Europa, onde se situa o nosso mercado

nuclear.

Existe uma concorrência apertada nos

cerâmicos?

O mercado da cerâmica tem uma

concorrência apertadíssima, estamos em

mercados onde estão países com um

crescimento fabuloso, como a China, a

Turquia, a Indonésia e o Brasil que são

produtores muito fortes.

No entanto, o grande problema que este

sector enfrenta, de há dez anos a esta parte,

não tem só a ver com esse aumento de

concorrentes, bem como as crises cíclicas

que o mundo atravessa, como a actual,

que é a mais grave da história, mas tem

sobretudo a ver com a concorrência de

produtos.

A cerâmica, nomeadamente nos países do

sul, era um produto de utilização universal,

um apartamento podia levar cerca de 200

m2 e, através da introdução no mercado de

sucedâneos, de produtos como as madeiras,

as pedras, os linóleos, como pavimentos

contínuos, a cerâmica foi perdendo

intervenção no espaço. Teve de encontrar

formas naturais de reagir, copiando as

madeiras, as pedras, os linóleos, as superfícies

mates ou brilhantes e, nesse sentido, a

crise foi indutora de um comportamento

de inovação e de investigação, mas ainda

assim não deixou de perder intervenção e

foi uma perda dramática porque um prédio

que levava 4.000 m2 de cerâmica passou a

utilizar cerca de 1.000 m2. Esse é o grande

problema.

É evidente que o sector procurou outras

áreas de intervenção como as fachadas e

exteriores onde a São Paulo mais apostou

nos últimos anos, nomeadamente com os

porcelanicos, nos países do centro e norte

da Europa, onde o clima é mais frio e a

utilização desse produto no exterior se torna

indispensável porque é resistente ao gelo. Foi

esse o caminho traçado, tentando encontrar

forma de fazer face aos produtos que

concorrem com ela por um lado, e tentando

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48 ENTREVISTA

encontrar outras áreas de intervenção onde

esses produtos não são tão utilizados.

Tem-se conseguido sobreviver, mas

afiguram-se tempos difíceis porque a

construção na Europa vai passar muito e,

cada vez mais, pela recuperação de imóveis,

e a construção nova vai fazer-se cada vez

menos.

A tipologia de produtos influencia o

público-alvo da empresa?

A Cerâmica de São Paulo tem um projecto

que passa por crescer, o que se tem

verificado desde 2006 com a implementação

de uma gama de produtos com maior valor

acrescentado. O nosso crescimento não se

deveu à quantidade produzida, mas sim

ao preço médio apurado do produto, o

que arrastou a facturação global, sendo

que o público-alvo é a área residencial,

nomeadamente o consumidor final.

Em termos de volume de vendas que

oscilações têm existido nos últimos três

anos?

No período de 2007 para 2008 registámos

crescimentos na ordem dos 40% mas, neste

momento, penso que vamos terminar o

ano com uma facturação de 8,5 milhões

de euros, Em relação aos números de 2007

verifica-se uma perda no mercado doméstico

e isso foi superado com o crescimento no

mercado externo.

Hoje, a São Paulo é seguramente a fabrica

nacional que tem stocks mais modestos

porque nós, praticamente, vendemos o

que produzimos e atingimos a capacidade

máxima de produção, sem sacrificar o preço

médio dos produtos.

Há um factor que é transversal a todo o

mercado de produção de cerâmica, que é

a tal forte concorrência internacional, que

está a baixar os preços a um nível dramático

e, portanto, a nossa forma de contornar isso

é tentar fugir ao produto banal e explorar

nichos de produtos que ainda permitem

preços diferenciados e margens mais

alargadas.

Sei que existe uma política de expandir

o mercado da empresa. Como é que isso

se tem verificado?

É uma questão pertinente que temos

ajuizado com cuidado. Nós somos uma

fabrica pequena e a internacionalização e

diversificação dos mercados é um processo

bastante dispendioso. Temos optado por

garantir a solidificação e crescimento nos

mercados onde já estamos e, de forma

gradual, tentarmo-nos inserir noutros mais

próximos. Há que ter cautela nas apostas

que se fazem nos mercados emergentes

como a Rússia, que são imensos mas que

obrigam a um investimento muito elevado e

o retorno só se consegue num prazo muito

prolongado. Por exemplo, em Espanha

temos uma presença pequena e que

sofreu algum revés pelo crash no mercado

imobiliário espanhol, pelo que consideramos

que no próximo ano será a altura ideal para

aumentar a nossa pressão e tirarmos algum

resultado. É um mercado exigente, mas

que vê na cerâmica portuguesa garantias

de qualidade. Embora seja um país com

uma forte componente fabricante, só

um produto espanhol de gama alta pode

ser comparado a um produto nacional, o

que os obriga a preços mais elevados. Os

distribuidores espanhóis vêem com bons

olhos o concurso de fabricas portuguesas

porque nós vamos encarar a realidade

espanhola como um mercado externo e não

vamos pulverizar a nossa presença, e isso vai

dar território disponível aos armazenistas e

distribuidores para eles garantirem alguma

solidez no trabalho comercial que vão fazer

com o nosso produto.

A empresa tem uma forte componente

no mercado exterior. Pode traduzir essa

realidade em números?

A Cerâmica de São Paulo vende 30% do que

produz para o mercado nacional e 70% para

o exterior, onde se destaca a França com uma

taxa de 50%, os PALOP que apresentam

valores na ordem dos 25%, sendo que os

restantes 25% vão para mercados pontuais

com trabalhos muito específicos, como os

Estados Unidos e Canadá.

Como empresário e com experiência em

diversas situações de crises, nota alguma

diferença para a que atravessamos?

A diferença é total, anteriormente passámos

por crises domésticas com um envolvimento

interno, mas esta crise é global e acaba por

nos afectar de uma forma mais trágica. Para

além disso, as anteriores eram crises muito

conjunturais e passageiras e sempre com

possibilidades de compensarmos prejuízos

com as exportações, já que tínhamos uma

moeda fraca em relação ao dólar. Hoje, é

precisamente o contrário, porque o euro

está muito forte em relação ao dólar e com

isso é muito difícil entrar nos mercados

representados pela moeda americana. A

única coisa que defendeu o sector, nesta fase,

foi o facto de ele já estar internacionalizado,

porque se assim não fosse, desaparecia com

esta crise, porque era impossível manter-se

com 25% da sua produção.

Ao longo deste tempo como caracteriza

a economia portuguesa?

É evidente que a crise financeira global

acelerou e dramatizou a nossa realidade

porque temos uma economia com

problemas estruturais gravíssimos por

resolver e que está longe de ser moderna.

A maioria do nosso tecido empresarial é

composto por empresas muito frágeis que

não se modernizaram e que, sobretudo,

não se internacionalizaram. Por outro lado,

temos um estado pesadíssimo que consome

o pouco que nós conseguimos produzir e,

portanto, Portugal habituou-se a viver com o

dinheiro dos outros, que tem de ser rateado

porque há menos e porque têm medo de o

emprestar porque existe um elevado factor

de risco. Deixando de ter essa capacidade

de financiamento e não gerando o próprio

dinheiro suficiente entrámos numa crise

muito particular inserida nesta crise global.

Depreendo que é uma visão negativista

para o mercado europeu…

Em França temos mantido a nossa

facturação, verificou-se uma ligeira redução

nas quantidades vendidas, mas que foi

superada pelo valor acrescentado na

tipologia de produtos. As previsões apontam

para que a economia alemã cresça cerca

de 3,7%, tal como acontece em França e,

desse ponto de vista estamos optimistas. O

mercado francês é muito diferente do nosso

porque trabalham com planeamento, no

que respeita à escolha das referências que

vão comercializar no próximo ano e com

estimativas de compra, e considero que

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ENTREVISTA 49

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temos motivos para estar muito agradados,

em relação a 2011.

Como é que se verifica a adaptação

da empresa às mudanças técnicas e

tecnológicas constantes?

O investimento na nova fabrica, em 2004, foi

precisamente por sentirmos essa necessidade

e isso traduziu-se no crescimento do preço

médio dos produtos, pela capacidade de

produzirmos outra tipologia com uma

mais valia garantida. Temos uma unidade

de produção moderníssima de grande

rentabilidade, a empresa, ao nível dos

seus custos, é gerida com um extremo

cuidado porque operamos em mercados

muito competitivos, onde os preços são

muito importantes. Dessa conjuntura ainda

temos de tirar algum lucro, o que temos

conseguido, pelo que consideramos que

temos capacidade para enfrentar o futuro

através das nossas unidades de produção,

isso é indiscutível.

Sabemos que têm preocupação

ambiental, como é que a Natureza pode

cooperar com uma empresa que visa a

produção industrial?

A São Paulo foi das primeira cerâmicas em

Portugal que apostou na montagem de

uma Cogeração, nós produzimos energia

eléctrica, aproveitamos o calor desse gerador

a gás para atomizar o pó e desse ponto de

vista, é um ganho energético e ambiental

extraordinário. De resto, os nossos resíduos

são tratados numa ETAR, que felizmente

já são estruturas mais leves e modernas.

Mas esta é uma questão a ser estudada,

porque num mundo tão competitivo

existem concorrentes tão agressivos, como

a China e o Brasil, que não têm as mesmas

preocupações ambientais e há que lutar

pela transparência num bem que é comum,

com armas iguais.

A história da empresa está marcada nos

vossos produtos?

O nosso caminho começou pela série

original, depois iniciámo-nos na pasta

branca, com o formato 33x33. Por último,

apostamos nos porcelânicos, revestimento

e pavimento, com os rectificados e semi-

polidos. Enfim, temos já um portefólio

variado, tal como a nossa história, que

está escrita neste catálogo. Em relação

aos pergaminhos da empresa, vamos fazer

cinquenta anos e sempre adoptando uma

cultura com carácter no relacionamento

com os fornecedores, com os clientes e com

o mercado.

Como é que gostaria de ver a empresa

nos próximos dez anos?

A empresa precisa de investimentos que

estavam programados em 2007/2008 e

que a crise susteve, pelo que precisamos

de crescer num futuro próximo. Essa

é a nossa vontade, nomeadamente de

aumentar a produção na fabrica nova,

através da aquisição de outra prensa e de

uma nova linha de vidragem. Outro passo

extraordinariamente importante é de

um dia virmos a produzir a monoporosa,

o tradicional azulejo, porque é o nosso

próprio mercado e os nossos clientes que

nos motivam para essa resposta. Nós já

estamos no mercado francês com esse tipo

de produto, em regime de subcontratação,

mas confesso que gostaria que, num prazo

de dois ou três anos, tivéssemos uma fábrica

de revestimentos.

Ao longo da entrevista vejo um

observador atento a tudo o que o rodeia,

que vai para além de um responsável

comercial…

É uma empresa pequena num contexto

global em que os quadros são limitados,

pelo que existe uma comunhão das várias

áreas. Naturalmente que é ao Administrador

e presidente do Conselho de Administração,

Dr. João Megre, que cabe a definição das

principais linhas de desenvolvimento, mas

existe uma discussão permanente de um

projecto que felizmente é partilhado.

Gosta do que faz?

A cerâmica é extraordinariamente

interessante porque permite intervenções

a vários níveis. Por ser um mercado muito

competitivo obriga-nos a uma constante

vigilância, sobretudo, exercendo um

patriarcado de gosto e de design. Isso

encanta-me, o facto de nos ligarmos

pessoalmente ao produto real e de o

acompanharmos durante anos dá um

enorme prazer, fica registado na nossa

história.

Para finalizar, quer deixar alguma

mensagem?

Quero evidenciar o tal factor da

subcontratação que fazemos na área do

revestimento e que define um conceito

orientador num novo relacionamento entre

os produtores, que é a todos os níveis

desejável.

As fábricas têm vivido de costas voltadas e

olham para as outras fábricas apenas como

concorrentes e, se o sector quer assumir

uma postura internacional forte, tem de

saber juntar esforços porque temos de

perceber que uma fábrica no Brasil produz

mais do que o sector todo em Portugal.

É fácil constatar que se queremos ter

capacidade, o caminho não é o de dispersar

a nossa atenção por quinhentos produtos,

mas sim o de encontrar as sinergias de cada

um e integrarmos essa capacidade para

sermos melhores.

Porque o que vemos são cada vez mais

casinhas de materiais de construção que

não têm futuro e que pulverizam o mercado,

quando o remédio seria o de nos unirmos.

Nós queremos ter azulejo e produzi-lo,

mas enquanto não temos essa capacidade,

assumimos uma postura de subcontratação

com um concorrente e que, através dessa

união de esforços, passa a ser um parceiro

e, só desse modo, surgem depois uma série

de interesses comuns que são compatíveis.

[email protected]

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ENTREVISTA 51

Breves

Teatro, cinema, livros ou todos eles?Gosto muito de ler.

Autor favorito?Eça de Queirós.

Um monumento histórico?Mosteiro dos Jerónimos.

A cidade de eleição?Coimbra.

Uma viagem que sempre fica?Itália é a capital do mundo.

Uma pessoa que o tenha marcado?O meu pai.

Um provérbio que utilize? Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.

Um sonho realizado?A minha filha cresceu e é uma mulher independente.

Um sonho a realizar?Ter tempo para ler e viajar.

Defina sucesso?O sucesso não é um resultado e só se define com empenho.

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54 GALERIA MATOBRA

Tomar banho à Fontana

Por acréscimo de um novo conceito de casa de banho que surpreendeu os clientes mais

ousados, a Cerâmica Flaminia coloca ao serviço de Fonte a cereja no topo do bolo com a

criação de uma espécie de base de banho, até mais do que isso.

Mantendo as formas sensuais e arredondadas, Fontana apresenta-se como uma enorme

bacia de banho circular, com um design original na forma e espessura e é feita com um

material de grande qualidade, o pietraluce.

Com garantia de diversão, quer tome um duche rápido quer um banho mais cuidado,

Fontana imprime as ondulações ao serviço da higiene e conforto de toda a família,

especialmente as crianças.

O aspecto arredondado, lembrando uma concha, e o material acolhedor transmitem uma

sensação incomparável aos nossos sentidos, como se fosse um local de meditação e de

lazer, ao mesmo tempo. Fontana é uma evolução do conceito de banho Fonte e tem

correspondência com qualquer sanitário da Flaminia, assim solte o poder criativo que há

em si.

Disponível em Branco Tradicional, Preto Clássico ou outros tons mais ousados, como o Azul

Marinho, para que a sua intimidade pessoal tenha mais [email protected]

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