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De coração 028 NOVEMBRO 2012 AnoVIII Fusão de estilos Matobra propõe nova colecção Designers Guild Sugestão Cliper: o efeito da pedra e do cimento com as vantagens da cerâmica Cabine de duche da Jacob Delafon galardoada com Red Dot Award 2012

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Revista da Matobra

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De coração 028NOVEMBRO 2012 AnoVIII

Fusão de estilos

Matobra propõe nova colecção Designers Guild Sugestão Cliper: o efeito da pedra e do cimento com as vantagens da cerâmica

Cabine de duche da Jacob Delafon galardoada com Red Dot Award 2012

30... 30 anos de história falam por si

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Fórmulas de sucesso

Nesta edição, entrevistámos duas empresas portuguesas que se tornaram marcas de renome mundial – o

Licor Beirão e a Revigrés.

Num momento em que o futuro próximo parece irremediavelmente comprometido pela crise instalada -

no país, nas empresas e nas famílias - poder contactar de perto com dois casos de sucesso é revigorante.

A questão que se impõe de imediato é perceber o que estas duas empresas têm em comum, dito de outro

modo, o que as faz contrariar as tendências…

Desde logo, afrontando aquilo que parece ser do senso comum, não precisaram de estar sediadas em

Lisboa ou no Porto para terem sucesso. A fábrica do Licor Beirão está sedeada na Lousã e a Revigrés em

Águeda, o que é certamente motivo de ânimo para o resto do país.

Mas especificidades à parte, o denominador comum, está na associação entre esforço e uma boa dose

de inovação e criatividade.

E é precisamente esta capacidade de pensar e fazer diferente que parece faltar aos nossos governantes.

A velha fórmula do aumento da carga fiscal como solução para equilibrar as contas é injusta e – está à

vista de todos – ineficaz.

A política de austeridade tem vindo a matar os agentes centrais da economia – os consumidores - e por

acréscimo aquele que é o verdadeiro motor de produção de riqueza de um país - as empresas.

O resultado não oferece dúvidas, só pode ser desastroso!

A continuar com este rumo, o nível de desemprego subirá exponencialmente, o sistema de segurança

social entrará em falência e o país caminha a passos largos para o empobrecimento.

Para bem de todos, é preciso ouvir quem – como os empresários que aqui trazemos – já provou que sabe

o que é gerir com inteligência um orçamento.

É preciso acabar com fundamentalismos e posturas arrogantes e insultuosas para os empresários.

O momento não pode ser de guerrilhas. É tempo de mobilizar o país, fazê-lo voltar a acreditar e restituir

confiança à Economia.

Presidente do Conselho de Administração da Matobra

... 30 anos de história falam por si

FICHA TÉCNICA

Entidade proprietária | Matobra - Materiais de Construção e Decoração, S.A.

Coordenação | Marta Rio-Torto

Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto

Fotografia | Pedro Ramos

Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva

Tiragem | 2000 exemplares

Periodicidade | Trimestral

Impressão | Joartes, Lda | Águeda

Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar 8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a)

Índice

3 Editorial

7 Entrevista De coração | José Redondo

16 Com assinatura Matobra

16 | Nascido de um sonho 22 |Fusão de estilos 26 Ideias e soluções 26 | Correio do leitor: orçamento low cost para projecto de cozinha

28 | Sistemas de duche OLI para pavimentos 30 | Outlet da Matobra propõe linha Zeus para mobiliário de casa de banho

33 Entrevista | Rui Dias 39 Estilus

39 | In Art - Imagens dos nossos sentidos 40 | Matobra propõe nova colecção Designers Guild 42 | Cliper marca a diferença 47 Entrevista | Paula Roque

54 Galeria Matobra

54 | Cabine de duche da Jacob Delafon galardoada com Red Dot Award 2012

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ENTREVISTA 07

Licor BeirãoIrreverente por tradição

O que é que se bebe aqui? Licor Beirão! Provavelmente não precisou de ler para saber a resposta à pergunta, o que prova o sucesso de uma marca portuguesa que muito cedo soube reconhecer a importância de uma boa divulgação.A história da empresa confunde-se com a própria história da publicidade em Portugal e a receita do sucesso tem-se mantido igual, juntando doses generosas de criatividade e irreverência.Em pleno salazarismo, ironizar com o então governante; usar as formas generosas de uma pin-up pouco vestida, nos anos 50; simular o aparecimento de OVNIS ou, mais recentemente, contratar o Paulo Futre no rescaldo do episódio da conferência de imprensa, foram algumas das mais badaladas ousadias para promoção da marca.Mas não se pense que a “embalagem” vende só por si.Visitar a fábrica deste Licor é ter a certeza de estarmos perante um produto genuíno e de qualidade. Percebe-se assim que se entra na sala de especiarias, onde as 13 ervas que compõem o bem guardado segredo da fórmula inundam o espaço de aromas doces e intensos, que surpreendem o visitante comum pela diferença de intensidade face ao habitual produto de supermercado.A autenticidade da produção tem equivalência na do nosso entrevistado. Ao longo desta conversa, José Redondo é a personificação do espírito da marca: genuíno, irreverente e bem-humorado.

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08 ENTREVISTA

A marca Licor Beirão é hoje amplamente

conhecida, mas o que poucos saberão

é que o primeiro ponto de venda deste

Licor foi uma farmácia. Na época eram

reconhecidas propriedades terapêuticas

aos licores…

Exactamente, o Licor Beirão começou por

ser fabricado numa farmácia no séc XIX

mas, no começo do séc XX, foi proibido

vender licores como produtos medicinais.

A produção passou então a ser feita numa

pequena fábrica na Lousã, onde o meu

pai aos 14 anos trabalhou. Entretanto

teve outros empregos e quando começa a

II Guerra Mundial, a empresa onde estava

empregado retirou os escritórios de Portugal

e ficou desempregado. E foi nessa altura,

em 1940, que decidiu pedir a minha mãe

em casamento e comprar a fábrica do Licor

Beirão.

O seu pai, José Carranca Redondo,

com apenas 24 anos comprou a fábrica

investindo tudo o que tinha e teve como

primeira iniciativa pedir um empréstimo

para fazer publicidade. O que naquela

altura era inédito... Este episódio marca

a história da empresa e de certa forma

define-a…

Aí revelou o espírito dele, que se prolongou

pela vida fora e que me transmitiu, tal como

eu transmiti aos meus filhos. Pediu dinheiro

emprestado para fazer os primeiros cartazes

e como não tinha dinheiro para fazer muitos,

tinha que escolher os melhores locais para

os afixar, as melhores esquinas e estradas.

E então, por verem que ele era muito bom

nessa selecção, apareceram várias empresas

a pedir ao meu pai para afixar cartazes com

publicidade das suas empresas.

Entretanto, em 1961, sai uma lei que proíbe

a publicidade ao longo das estradas, com a

justificação de que provocava acidentes. Saiu

a lei e ninguém reagiu, excepto o meu pai

que continuou a afixar cartazes. Conclusão,

como éramos os únicos, desenvolveu-se um

negócio extraordinário. Entre as décadas

de 60 e 70 fomos a maior empresa de

publicidade nas estradas.

Mas estavam a correr riscos… Estavam a

infringir a lei…

Sim, por isso mesmo o meu pai teve que ir

a tribunal 93 vezes. Era rara a quinzena em

que não ia. Tinha acções em todo o país.

E só perdeu a primeira, que foi a única em

que levou advogado. A partir daí passou a

defender-se sozinho.

Entretanto, pode dizer-se que foi

acompanhando os negócios do seu pai

desde criança…

Comecei logo em miúdo. Depois da escola,

os meus tempos livres eram passados

aqui. Na altura, tínhamos várias empresas,

nomeadamente uma de brinquedos e outra

de material de campismo. Depois criámos

uma serigrafia para fazer a publicidade,

onde fazíamos todos os materiais de que

precisávamos.

Na serigrafia também se faziam os painéis

de publicidade que se viam ao longo da

estrada, que começaram por ser feitos em

madeira. A certa altura surgiu a ideia de os

fazer em fibra de vidro e tornámo-nos das

primeiras empresas do país a produzir nesse

material. Depois, passámos à sinalização

rodoviária. Entre meados dos anos 60 e 80

praticamente toda a sinalização rodoviária

do país, sobretudo a nível de Câmaras

Municipais, era fornecida por nós em fibra

de vidro. E como era necessário, tanto na

sinalização rodoviária como nos painéis

de publicidade, utilizar material e líquido

reflector (e só havia na altura uma empresa

no mundo que os fabricava) começámos

também a produzi-los. Eu tinha na altura

19, 20 anos. Vendemos muito para Espanha

e França.

Hoje em dia o único negócio é o Licor

Beirão?

Sim, é. O meu pai teve muitos negócios e

durante muitos anos o Licor Beirão funcionou

quase como um produto artesanal a que

nem dava grande atenção. Era mais a minha

mãe a desenvolvê-lo. Mas, a partir de 1985,

quando entrámos na grande distribuição,

começou a exigir uma atenção exclusiva.

Os negócios têm que evoluir. Qualquer

negócio em que a empresa não esteja

permanentemente atenta e a informar-se

tem por tendência cair. E não era possível

com a nossa capacidade de gestão atender

a todos os negócios que tínhamos.

Foi uma escolha racional, mas também

“ O meu pai teve que ir a tribunal

93 vezes. Era rara a quinzena em

que não ia. Tinha acções em todo

o país. E só perdeu a primeira, que

foi a única em que levou advogado.

A partir daí, passou a defender-se

sozinho.”

“Exportamos directamente para

cerca de 40 países, mas o Licor

Beirão é vendido em mais de 80.

Onde há um português, há um

Licor Beirão.”

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ENTREVISTA 09

José Redondo, CEO da Licor Beirão

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10 ENTREVISTA

emotiva… Por um lado, nessa altura o Licor

Beirão começou a crescer mais, mas também

sentíamos que era um produto da família.

Hoje, exportamos directamente para cerca

de 40 países, mas o Licor Beirão é vendido

em mais de 80. Onde há um português, há

um Licor Beirão.

Foi desde cedo uma marca que se

posicionou pela valorização de um

produto intrinsecamente nacional, o

que era um pouco contra o que estava

então em voga, que era o apreço pelo

que vinha de fora. O slogan “O Licor

de Portugal”, hoje parece fazer todo o

sentido, mas à época não era a escolha

mais óbvia…

Eu tinha 18 anos quando lancei essa frase e

na altura, os meus colegas gozaram comigo

porque entendiam que não lhe devia

chamar Licor de Portugal, para poder vender

teria é que lhe chamar Licor de França! Mas

eu insistia e dizia Beirão é de Portugal, não

tenho que ter vergonha de ser português.

A teoria de então era que para os produtos

portugueses serem vendidos teriam que ter

um nome estrangeiro, porque tudo o que

vinha de fora é que era bom.

Veja, passados tantos anos, o orgulho que

nós sentimos nos produtos nacionais e dá-

me grande satisfação verificar que, de certa

forma, iniciei um processo que na altura era

criticado. Hoje o título “O Licor de Portugal”

é uma marca registada.

Uma outra imagem de marca é a

irreverência e a ousadia. Nos anos 50,

o célebre cartaz da pin-up foi muito

contestado...

Sim, foi! Aliás um dos nossos funcionários,

por duas ou três vezes, quando estava a

afixar o cartaz, foi afastado pelos donos

das casas, numa delas de espingarda em

punho, dizendo: “Tire-me isso, que isto não

é nenhuma casa de meninas!” Na altura,

era uma coisa séria!

E em pleno Salazarismo a escolha

do slogan “O Beirão de quem todos

gostam” numa ironia que remetia para

o então governante…Foi preciso uma

boa dose de coragem…

Pois, o meu pai não era comunista, mas era

do reviralho, ou seja, do contra. Ele estava

sempre a contestar todas as decisões do

Salazar. Naquela altura, havia um professor

primário aqui na terra que chamou à

atenção ao meu pai: “Ó Carranca, olha

que não é o Beirão de quem todos gostam,

mas o Beirão de que todos gostam, o que

refere-se a coisas e o quem a pessoas”. E

o meu pai respondeu-lhe: “ Mas eu estou-

me a referir a pessoas!” Estava-se a referir

ao Salazar, que era Beirão. O Salazar viu o

cartaz e até achou graça. O secretário dele

(que era casado com uma senhora daqui da

Lousã) um dia estava a despacho com ele e

perguntou-lhe se ele conhecia o slogan e ele

sorriu e disse que sim: “Esse seu patrício tem

muita laracha!”

E é verdade que na década de 60 pôs os

jornais a noticiarem o aparecimento de

OVNIS aqui na zona?

Sim, é verdade. Na altura, falava-se muito

nos OVNIS e muita gente dizia que os

via. O meu pai lembrou-se de fazermos

umas estruturas circulares com 3m de

diâmetro, com ripinhas de cana, como se

fosse uma armação de um papagaio, e no

meio colocávamos meia dúzia de balões

com azoto e 2 ou 3 lanternas. Quando

começava a anoitecer, lançávamos o nosso

“OVNI”, que era transportado pelo vento.

Passava por Góis, Arganil, Castanheira

de Pera… Não imagina a quantidade de

notícias que apareciam de pessoas a dizer

que tinham visto um OVNI. O objectivo era

pôr as pessoas todas a falar no assunto e

depois, mais tarde, vinha-se a saber que

tinha sido uma brincadeira do José Carranca

Redondo, do Licor Beirão. O meu pai achava

que o importante era que falassem de

nós, nem que fosse a dizer mal. Portanto,

aproveitávamos todas as circunstâncias para

que a marca Licor Beirão fosse referenciada.

Hoje, estamos entre as empresas portuguesas

com maior dimensão em publicidade. A

nível de bebidas estamos em 3º lugar. Para

ter uma noção, estamos ao nível da Sagres

em investimentos publicitários.

Actualmente trabalham com as

melhores agências publicitárias do país.

Entre as últimas campanhas destaca-se

a que fizeram com o Futre. Como é que

“Um dos funcionários da empresa,

por duas ou três vezes, quando

estava a afixar o cartaz [da pin-up]

foi afastado pelos donos das casas,

numa delas de espingarda em

punho.”

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ENTREVISTA 11

foi essa experiência?

Qual era a empresa, para além da nossa,

que conseguia em 8 dias pôr a publicidade

do Futre cá fora? Na maioria era impossível,

mas foi assim que aconteceu! O Futre

tinha acabado de dar aquela célebre

conferência de imprensa, quando recebi o

contacto da agência de publicidade com

que costumamos trabalhar para saber se o

queríamos contratar. Eu disse logo que sim,

naturalmente era uma questão de preço.

Mas não tive problema nenhum com o facto

de naquela altura estar toda a gente a gozar

com a intervenção dele na conferência de

imprensa. Posso-lhe dizer que na primeira

abordagem da agência ele recusou, na altura

estava deprimido e não estava interessado

em ter visibilidade de novo e quando me

comunicaram eu pedi que insistissem com

ele, dizendo que quem o queria contratar

era o Licor Beirão. E a verdade é que ele

aceitou.

O primeiro contacto telefónico foi numa

quinta-feira, na sexta-feira ele aceitou

e marcámos a sessão fotográfica para a

quarta-feira seguinte em Lisboa.

Fomos para Lisboa ainda sem o contrato

assinado. Quando o vi disse-lhe que tinha

admiração por ele, pois só as pessoas

inteligentes têm capacidade de se rir de si

próprias. Ele deu-me um aperto de mão

sentido e passou as 4 horas seguintes numa

sessão fotográfica do mais cansativo que

possa imaginar, sempre com boa disposição.

Tirou mais de 1000 fotografias! Dois dias

depois saíram os primeiros múpis.

Repare, não passámos meses a fazer

estudos de mercado ou a discutir se a ideia

tinha ou não viabilidade. Faz parte do ADN

da empresa arriscar e a verdade é que foi

uma campanha fabulosa, que resultou

muito bem.

Passado um mês e meio, lançou o livro dele

e convidou-me para a apresentação. Eu ia

absolutamente convencido de que ele já

nem se lembrava de mim… Quando cheguei

encontrei uma sala com umas 200 pessoas.

Ele quando me viu, atravessou a sala, deu-

me um abraço, dois beijos e disse-me: “Sr.

Redondo, isto foi o casamento perfeito.

Muito obrigado por tudo!”

O marketing foi sempre uma área

fundamental desta empresa, mesmo

antes de o termo existir, tornando-a

um marco decisivo na história da

publicidade em Portugal. Hoje sente que

este licor vende tanto pela publicidade

como pela bebida em si?

Nós podemos ter o melhor produto do

mundo. Se não o soubermos publicitar não

o vendemos. Fica restrito a meia dúzia de

pessoas. Mas também podemos fazer as

melhores campanhas do mundo, se não

tivermos um produto de qualidade também

não vendemos. Esta interligação marketing /

qualidade do produto é fundamental.

Em termos de qualidade é um produto

inexcedível, não encontram melhor.

A receita do Licor Beirão é um

segredo muito bem guardado. Os seus

funcionários não a conhecem?

Só eu e um dos meus filhos conhecemos a

receita. Antes de mim, a minha mãe.

Está a preparar novos produtos para

chegar a outros públicos? O Caipirão,

por exemplo, teve boa aceitação…

Quando os meus filhos acabaram as

licenciaturas e vieram trabalhar para a

fábrica, como é natural, ainda estavam

ligados à Academia e às festas estudantis.

E então lançaram em 2002 o Caipirão,

para ser consumido por novos públicos. Há

pessoas que não gostam de licores, portanto

foi uma forma de levar o nosso produto a ser

apreciado de uma forma diferente, isto é,

como cocktail. O mesmo com o Morangão.

Tivemos muito boa aceitação.

O seu pai faleceu em 2005 e actualmente

tem o apoio de dois dos seus filhos a

trabalhar consigo. Como é que vê a

integração desta 3ª geração na empresa?

Eu fiz com os meus filhos aquilo que o meu

pai fez comigo. Tal como eu, também os

meus filhos, nos tempos livres, vinham para

a fábrica. Muitas vezes, andavam a brincar

e a fazer asneiras, mas os jovens têm um

poder de observação muito grande e o

facto de andarem por aí permitia-lhes ir

percebendo o funcionamento da fábrica.

É muito mais fácil um funcionário aceitar

uma ordem do filho do patrão quando sabe

que ele já esteve a colar rótulos, passou pelo

“Estamos entre as empresas

portuguesas com maior dimensão

em publicidade.”

“Qual era a empresa, para além

da nossa, que conseguia em 8 dias

pôr a publicidade do Futre cá fora?

Na maioria era impossível, mas foi

assim que aconteceu!”

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ENTREVISTA 13

alambique, pela caldeira, etc do que se vem

da Suíça ou da América com o curso XPTO.

Se quer alterar alguma coisa, a reacção é

logo de desconfiança e boicota-o, porque

não lhe dá crédito.

Também já faço o mesmo com os meus

netos. Nos tempos livres, vêm à fábrica,

fazem relatórios daquilo que produzem e

com base na sua produtividade recebem um

x, que é negociado. Um euro, dois euros, às

vezes três…

Com a crise os portugueses bebem

menos ou mais, para esquecer?

Não lhe sei responder…Felizmente, estamos

a conseguir aguentarmo-nos muito bem.

Sentimos quebras ligeiras no mercado

nacional, mas estão a ser suportadas pelo

mercado externo.

Numa fase em que muitos empresários

estão preocupados com a actual crise e

sentem grandes dificuldades em gerir

a sua empresa que conselho daria a

alguém nesta situação?

Eu acho que o grande drama de muitos

empresários é o facto de não terem sabido

criar reservas. Criou-se a ideia de que o país

iria crescer continuamente e não haveria

mais nenhuma crise tão cedo. E muitas

vezes os dinheiros que vieram do estrangeiro

não foram aproveitados para criar riqueza.

Foram gastos em coisas supérfluas e

neste momento muitas empresas não

estão a suportar a crise porque estão

descapitalizadas.

E isto também é válido para as famílias. Nos

últimos 30 anos não houve uma educação

para se criar poupança. Eram os próprios

bancos que incentivavam ao endividamento.

Muitos empresários fizeram empréstimos

sucessivos, para investir continuamente,

sem preocupação de criar reservas para

suportar qualquer momento menos bom.

Como é que vê a actuação deste

governo?

Nós estamos num momento péssimo.

Quer queiramos quer não temos que pedir

dinheiro emprestado para pagar toda

a gestão do Estado. E quando se pede

dinheiro emprestado, seja a quem for,

somos muitas vezes obrigados a aceitar as

condições de quem nos empresta. Portanto,

a troika já devia ter vindo há muitos anos

antes, porque talvez se os orçamentos de

estado não tivessem sido fiscalizados pelos

Tribunais de Contas, que também são

políticos, mas por uma entidade externa

ao país, não tivessem sido feitas as asneiras

que se fizeram. É calamitoso ter-se investido

tanto dinheiro em estradas, em estádios de

futebol, quando o dinheiro deveria ter sido

investido nas empresas que são quem gera

riqueza.

E os estímulos à Economia, onde estão?

Se não temos dinheiro como é que vamos

fazê-lo? Como é que é possível incentivar

a economia? Para já, a condição sine qua

non seria reduzir a despesa do Estado, mas

também não vejo nada disso. É acintosa

a megalomania do Estado que continua a

gastar como se estivéssemos no melhor

dos mundos. Tem que partir do próprio

governo a imagem de que é preciso poupar.

É escandaloso passar pela porta de um

organismo de Estado e ver durante o dia

quinze viaturas de estado paradas, com os

motoristas a conversarem uns com os outros.

Eu, como patrão, mesmo tendo condições

acima da média, tenho que dar o exemplo

de ser modesto. Não posso afrontar aqueles

que não tiveram as mesmas oportunidades

que eu tive.

“Nós podemos ter o melhor

produto do mundo. Se não o

soubermos publicitar não o

vendemos.”

“É acintosa a megalomania do

Estado que a continua a gastar

como se estivéssemos no melhor

dos mundos. Tem que partir do

próprio governo a imagem de que

é preciso poupar.”

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14 ENTREVISTA

De perfil…

Uma referência?

Nelson Mandela.

A música que não se cansa de ouvir?

A música do António Variações e da Amália.

O filme que o marcou?

Casablanca.

Um livro?

Pappilon, de Henri Charriére.

Um objecto de que não se separa?

Esferográfica.

Quando tem tempo gosta de…?

Passear com a mulher, o que faço todos os dias à noite.

O prato a que não resiste?

Qualquer um com bacalhau.

Uma bebida?

Licor Beirão.

Destino de férias?

Nova Zelândia.

Uma viagem que o tenha marcado?

Nova Zelândia.

Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar?

Como qualidade destaco a franqueza e como defeito a teimosia.

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16 COM ASSINATURA MATOBRA

Nascido de um sonho

Recuperar um antigo celeiro e transformá-lo num espaço para viver.

Foi este o desafio do proprietário da casa que seleccionámos para

este número.

O espaço está há várias gerações na família, daí que a intervenção

levada a cabo assuma toda a carga histórica da estrutura.

O velho e o novo, o passado e o futuro, assumem-se em dois volumes

marcadamente contrastantes entre a arquitectura tradicional e

contemporânea.

Feita a recuperação do edificado, à equipa da Matobra coube o apoio

no projecto de decoração.

Em sintonia com o gosto do cliente, optou-se por um estilo neo-

clássico, que sintetiza o espírito do edifício, com um mobiliário de

linhas estilizadas e atemporais.

Nas janelas, intencionalmente deixadas sem cortinados, o exterior

entra dentro de casa.

A Serra em redor dá o mote para uma decoração orgânica que realça

a nobreza dos materiais escolhidos. Ao toque quente da madeira é

associada a sofisticação do pau-ferro e o acabamento em alto brilho.

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COM ASSINATURA MATOBRA 19

Na zona mais rústica do edifício, para

equilibrar o toque frio da pedra, na escolha

das cores era importante privilegiar os tons

quentes. A opção foi para o vermelho, em

diferentes tonalidades, presente na sala e na

cozinha, duas divisões comunicantes que,

desta forma, assumem uma harmonia de

conjunto.

Na sala, um espaço mais nobre por definição,

o vermelho escuro, próximo do bordô, cria

um ambiente de maior requinte.

Já na cozinha, a aposta foi para um

ambiente fresco, mas não demasiado

garrido. O vermelho mais enérgico da mesa

de refeições é simetrizado pela sobriedade

dos móveis de cozinha.

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20 COM ASSINATURA MATOBRA

Nas casas de banho, o revestimento e

pavimento são Revigrés.

A opção foi para a série Xisto que remete

para a pedra natural, com vantagens na

facilidade de manutenção e limpeza do

material.

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22 COM ASSINATURA MATOBRA

Fusão de estilos

Até há uns anos atrás a maioria das casas eram mobiladas e não decoradas. O conceito era simples: escolhia-se uma linha de móveis e

compravam-se todas as peças do mesmo conjunto.

O resultado era demasiado previsível e por isso mesmo – à luz das tendências actuais de personalização - pouco interessante.

Hoje cada espaço deve ser visto como um desafio e sempre um resultado original.

Uma tendência forte é a fusão de estilos e de materiais, numa inspiração eclética que sintetiza a amálgama de influências culturais e

estéticas que circulam pelo mundo inteiro.

Os espaços adquirem uma personalidade multi-facetada e ainda que combinando peças aparentemente improváveis, consegue-se uma

harmonia visual.

Não tenha medo de arriscar, mas lembre-se que é importante encontrar um ponto de coerência. Verá que o resultado é bem mais apelativo.

O ambiente seleccionado pela equipa de decoração da Matobra é um bom exemplo.

Quem diz que a mesa e as cadeiras têm que ser da mesma linha?

Nesta sala de refeições, a mesa é um modelo neo-clássico em pau-santo que contrasta com o estilo romântico das cadeiras lacadas

a branco. Nos topos, as cadeiras forradas a tecido, acrescentam um novo elemento, ao mesmo tempo que suavizam o contraste dos

materiais.

O aparador é uma peça versátil que se adapta a qualquer tipo de decoração. Facilmente se integra num ambiente contemporâneo ou num

espaço marcadamente clássico.

Neste caso, o equilíbrio do conjunto é conseguido pelos tons branco e bege, que estão presentes no tecido, no papel de parede e nos

acessórios.

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26 IDEIAS E SOLUÇÕES

Comprei recentemente um T1 que precisa

de ser remodelado.

Para já quero dar prioridade à cozinha,

mas o orçamento não pode ultrapassar os

3500€, incluindo os electrodomésticos.

Da minha casa actual vou levar o frigorífico,

a máquina de lavar a louça e a mesa de

refeições, mas falta-me tudo o resto.

Qual é a melhor forma de aproveitar o

espaço, conseguindo uma solução funcional

e dentro do orçamento disponível?

Fernanda Ferreira, Figueira da Foz

Cara leitora,

A nossa proposta é um conjunto de móveis

da INATA que conjugue duas opções:

termolaminado com efeito de madeira de

carvalho para os inferiores e melamina com

acabamento beje mate para os superiores.

Esta conjugação aumenta o interesse

visual do conjunto e confere um aspecto

contemporâneo ao ambiente.

O tampo de cozinha é em silestone Branco

City.

Nos eletrodomésticos, o forno, a placa e o

exaustor são da Zanussi.

O lava louça e misturadora de cozinha são

da Rodi.

MÓVEIS + TAMPO + ELECTRODOMÉSTICOS = 3540€ (IVA incluído)

Correio do leitor:

Orçamento low cost para projecto de cozinha

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28 IDEIAS E SOLUÇÕES

Sistemas de duche OLI para pavimentos

Melhor acessibilidade e personalização dos espaços de banho. É esta a proposta da OLI com os sistemas de duche

para pavimento.

Com uma ampla gama que contempla várias medidas e diversas possibilidades de instalação, trata-se de uma

solução que garante maior liberdade de movimentos, permitindo em simultâneo maior criatividade na concepção

da zona de duche, com uma estética agradável e minimalista.

Com uma instalação extremamente simples, os sistemas de duche integrados no pavimento têm como base

painéis em poliestireno de alta densidade que garantem um correcto escoamento de águas e um isolamento

perfeito da zona de duche.

4 tipologias: Diferentes medidas, diferentes opções

X-CENTER

Drenagem central, com grelha quadrada.

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IDEIAS E SOLUÇÕES 29

X-CENTER

Drenagem central, com grelha quadrada.

X-CENTER 70

X-BORDER

Drenagem lateral, com grelha rectangular.

X-CORNER

Com a drenagem oculta, a água escorre pelas fissuras laterais que formam o canto.

Drenagem central, com grelha quadrada. O sifão é rebaixado, tornando esta solução

ideal para remodelação, ou para situações com altura do pavimento limitada.

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30 IDEIAS E SOLUÇÕES

Outlet da Matobra propõe linha Zeus para mobiliário de casa de banho

Preço imbatível, funcionalidade e design

Baixo preço, funcionalidade e um design agradável.

É esta a proposta do outlet da Matobra para o seu mobiliário de casa de banho com a linha Zeus.

Com um estilo simples e contemporâneo, estes móveis adaptam-se a todas as decorações, permitindo optar pelos acabamentos branco ou

wengue e com lavatório disponível em 6 cores – branco, pistacho, laranja, vermelho, negro e cerâmico.

Para além do impacto visual, estas peças garantem muito espaço para arrumação.

Com várias opções de tamanhos, para além do tradicional móvel de lavatório, esta linha inclui diversos móveis auxiliares. E porque cada

centímetro é precioso, destacam-se as colunas que aproveitam o espaço em altura, tornando-se uma excelente ajuda para acrescentar

áreas de arrumação extra.

De acordo com a sua preferência, esta peça pode ainda incluir a opção de tulha para roupa suja, facilitando a sua rotina matinal.

Recordamos que o outlet da Matobra - Mercado Popular - está aberto durante a semana entre as 8h45 e as 18h30 (com interrupção para

almoço entre as 13h00 e as 14h45) e aos sábados entre as 8h45 e as 13h00.

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IDEIAS E SOLUÇÕES 31

Mobiliário com opções branco e wengue

Lavatório disponível em 6 cores

MÓVEL + LAVATÓRIO A PARTIR DE 94,80

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ENTREVISTA 33

A honestidade constrói-se

Rui Dias não se tornou escravo do trabalho porque depressa aprendeu a gostar do que faz. Natural da Flor

da Rosa, Almalaguês, este construtor agitou o mercado, já que avançou com

a Hievila numa altura em que muitas empresas desaparecem. Critica a entrada

desmesurada de gente sem experiencia e competência no setor porque é fiel a princípios tao importantes como a

honestidade e o valor da experiência. Destaca a importância do serviço pós-venda e a atualização constante pela

qualidade e funcionalidade dos materiais porque o cliente é o primeiro, o último e o único objetivo desta estória que se

quer duradoura. Numa empresa jovem, um empresário experiente traça o seu

destino, o de o deixarem acreditar que é possível construir um futuro melhor, pelo

crédito aos bancos ou pela crença num mercado de reconstrução que pode ser

importante para o setor.

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34 ENTREVISTA

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ENTREVISTA 35

A sua atividade profissional sempre se

desenvolveu na construção civil?

Comecei a trabalhar por conta própria desde

os dezassete anos, tendo desempenhado as

funções de servente de pedreiro nos dois

primeiros anos, depois tive uma experiência

numa empresa construtora, em Coimbra.

Mais tarde, em 1988, iniciamos atividade na

Compralar, em que éramos dois sócios, uma

empresa que terminou no ano de 2010.

Independentemente dessa situação, já tinha

decidido avançar para outro projeto, assim

nasce a Hievila, em 2008, de modo que a

minha vida se tem passado neste ramo.

Porque é que resolve apostar neste

setor?

O meu percurso começa por necessidade e

não foi propriamente uma aposta, já que

depois de terminar o sexto ano, houve

a obrigação de fazer face às despesas

familiares. Daí que tenha começado a

trabalhar com um vizinho e tive a sorte

de descobrir que sentia um enorme gosto

a desempenhar estas funções e que

aprendia depressa os princípios e técnicas

do oficio. Passei por vários percursos desde

a subempreitada de construções próprias

até à venda de imoveis, de modo que tive

várias oportunidades de evoluir na minha

aprendizagem.

A Hievila aparece com que objetivos?

As empresas não duram para sempre e a

primeira experiência, que durou cerca de

vinte e dois anos, fez-me ter a noção da

necessidade de nos adaptarmos às leis do

mercado em constante mutação. Pelo que

resolvi, juntamente com a minha mulher,

traçar outro destino e aproveitar outras

possibilidades, daí o nascimento da Hievila,

em 2008. A filosofia da empresa, apesar

de ser uma construtora que também faz

construção nova, é a de complementar a sua

atividade na reconstrução, de se orientar e

direcionar para este mercado, aproveitando

novas oportunidades que surjam e dinamizar

este nicho que pode se apresentar como um

ponto fulcral para o sucesso deste setor.

Qual o cunho pessoal que tenta incutir

às empresas que gere?

A honestidade acima de tudo, que se

reflete no apoio ao cliente, no serviço pré

e pós-venda e é por esse comportamento

que mantenho os mesmos clientes há

muitos anos. Sei que o bom-nome demora

a construir-se e eu tenho sentido essa

reciprocidade por parte das pessoas. Depois,

na parte de obra, tento ser o mais exigente,

quer na mão-de-obra, quer na escolha de

materiais de qualidade porque só isso nos

garante alguma rentabilidade.

E como podemos verificar a qualidade

desses materiais?

Existe a obrigação de elaborar uma ficha

técnica que é entregue aos clientes, para

que tenham o devido conhecimento das

características técnicas dos materiais que

compram. Além disso, numa fase anterior,

nós levamos os clientes a casas especializadas

para que se possam informar devidamente

e possam estar mais conscientes sobre as

escolhas que fazem.

O que é que o faz continuar no contexto

de crise atual?

Acredito num futuro melhor e essa

atitude positiva é essencial, daí que

continuo a laborar e, neste momento,

estou a empreender um bloco de nove

apartamentos. Nos últimos dois anos, a crise

acentuou-se e tenho conseguido atingir os

objetivos, mas também não tenho ido em

grandes aventuras. Obviamente que as

empresas têm de se adaptar à realidade

e, as margens e lucros de outrora são

impraticáveis, daí que a prioridade seja

vender a preços baixos mas justos, para que

a empresa continue a sobreviver. Estamos a

assistir a uma filtragem de muitas empresas

que vieram para este setor para se servir dele

e acredito que quem tenha competência

e organização vai continuar a provar o seu

valor.

O que é que a Hievila tem dito à crise e

como se tem comportado?

Continuamos a fazer a aposta na qualidade

e de nunca abdicar de valores como a

honestidade. As empresas vivem uma fase

de grande pressão, já que os apoios das

instituições bancarias são difíceis e, se não

fossem os recursos próprios conseguidos

durante estes anos, a realidade ainda se

tornava mais dramática. Uma das questões

que mais preocupam os construtores é o

facto dos bancos se apresentarem como

concorrentes no setor, o que cria uma

desigualdade muito difícil de combater. Mas

volto a destacar a importância na esperança

de um futuro mais risonho e proveitoso.

A construção apresentou-se sempre

como o motor da economia. Acredita

que pode continuar a ser ou será

desejável que não volte a sê-lo?

O setor da construção civil jamais terá o

volume dessas décadas. Neste momento,

temos é de perceber a mudança do

paradigma a que estamos a assistir e de

saber adaptar-nos a essa nova realidade. A

reconstrução e a renovação têm de ser um

mercado de impulsionamento e que pode

permitir que várias empresas continuem a

laborar e a dinamizar a economia. Acredito

que esta fase de recessão vai abrandar e

que vão ficar aqueles que são competentes,

que têm a experiência e que acreditam na

reconstrução como complemento à sua

atividade. Existe uma clara mudança de

mentalidade, as pessoas dão mais valor ao

local onde se sentem bem e onde passaram

muitos anos, apostando numa reconstrução

mais moderna e funcional e é importante

perceber isso.

Tem de existir uma filosofia diferente

neste setor?

A minha perspetiva é de que devemos

apostar na remodelação das nossas

cidades e dos nossos bairros e não inventar

construções novas sem razão, que sempre

vão existir, desde que justificadamente. Em

termos de volume, a construção nova que

se vai verificar vai ser um nicho em relação

ao que se fez no passado. Outro fator que

pode ser potenciado é o do aluguer de

imoveis, pelas necessidades a que o ritmo

da vida moderna impõe e pela constante

mutação na vida profissional das pessoas.

Porque é que chegámos a este ponto de

rutura?

A vinda de vários indivíduos e empresas para

o setor, sem os conhecimentos necessários,

só porque tinham grandes reservas de capital

danificou o ramo sobremaneira, porque

criou uma realidade ilusória. Os clientes são

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36 ENTREVISTA

mais bem preparados e informados e passou

a existir uma necessidade de atualização

constante e que veio comprovar que muitas

empresas nunca se prepararam e já não

foram a tempo pela falta de experiência.

Atualmente, exigem-se alterações aos

projetos e quem só estiver agarrado ao

que está na memória descritiva é capaz

de ficar ultrapassado. A nossa obrigação

é de estarmos preparados para todas

as questões que os clientes nos possam

colocar sobre a qualidade e funcionalidade

dos mais diversos materiais e fases da

obra. Por exemplo, no passado, decorava-

se um prédio de dez apartamentos todos

da mesma forma e obedecendo ao mesmo

padrão, isso gerou alguma asfixia no campo

da oferta da qualidade porque essa filosofia

tornou-se impensável. Temos de pensar um

pouco na intemporalidade da decoração e

da construção.

De que forma é que empresas

aventureiras se podem fixar no setor?

Se não tiverem algum capital próprio que

lhes permita abertura de negociação com

as instituições bancárias não têm hipótese

de sobreviver. Sem esse suporte, as pessoas

nem devem ponderar em avançar com a

constituição de uma empresa, daí que a

dependência pelo setor bancário se tornou

um dos fatores que asfixiam o próprio setor

ainda, para mais com a concorrência desleal

que se verifica, já que se apresentam como

imobiliárias e que dão vantagens aos clientes

que comprem os seus imóveis.

Quer indicar alguns pontos de mudança

para que o setor seja sustentado?

Tem de existir outro tipo de postura política

porque os cidadãos não sentem a segurança

necessária e o fator da imprevisibilidade

acaba por fazer recuar alguns possíveis

clientes que possam surgir, pela

impossibilidade de se fazer planeamento de

vida, o que deveria verificar-se como uma

prioridade politica.

Coimbra tem sido um bom cliente na

crise atual ou tem-se comportado como

um enfant terrible na procura de novas

soluções?

Estamos a apostar em algumas

reconstruções, fora da cidade, e não em

construções novas para venda, como

acontece no centro. Pelo que conheço de

outros locais, Coimbra ainda é uma cidade

que agita o mercado, acredito que esteja e

que consiga sobreviver à crise. A ideia de

que é uma cidade do estudante e do doutor,

até tem ajudado a impulsionar o setor, já

que algumas pessoas nos procuram para

adquirir imoveis porque os filhos vieram

estudar para a cidade e depois acabam por

mudar-se e ficar.

Como é que a Hievila encara o mercado

da reconstrução?

Não vai ser um milagre que vem resolver

os problemas do setor mas vai permitir

a sustentabilidade de várias empresas,

creio mesmo que pode ser um mercado

dinâmico e forte. Neste campo, existe uma

forte concorrência em Coimbra e sentimos

que andamos aqui a prejudicar-nos uns

aos outros. Porque não está presente uma

estratégia empresarial, porque só podemos

ser competitivos até ao momento em

que os preços e margens permitam fazer

face aos custos da empresa. Outros criam

preços fictícios e acabam por destruir as

empresas que dirigem e por criar uma

imagem irreal do próprio mercado, o que

prejudica todos os elementos que têm

de sobreviver nele. Outro ponto a ter em

conta, é o acompanhamento constante ao

cliente, já que vamos ser obrigados a fazer

varias alterações e a fazer muitas vontades

porque, na reconstrução, passa a existir uma

maior proximidade do cliente com a casa, já

que o projeto passa a ser dele, nem que só

esteja na cabeça.

Como é que os nossos responsáveis

políticos devem impulsionar este

mercado?

Nos centros das cidades deteriorados não é

fácil trabalhar, pelas exigências autárquicas e

pela burocracia existente, parece que quem

deveria tornar mais simples o processo ainda

consegue complicar mais. As autarquias

estão atualizadas em termos de pessoal

especializado mas o que sentimos, é que

no processo burocrático, há ainda muito a

melhorar.

O que gostaria ainda de construir neste

percurso que já leva?

Gostaria de continuar neste ramo e de ser

coerente nas construções que faço com

as zonas onde estão inseridas. Construir

com rigor, com beleza e com atualização

constante, melhorando as condições de vida

dos locais e das pessoas.

Entre a experiência do percurso e a

juventude do empresário, para onde

quer seguir a Hievila?

Seguir em frente mas muito devagar, sem

nos preocuparmos muito com os projetos

para o futuro, viver o dia-a-dia com os pés

no chão.

Qual é o vício desta atividade?

Mexe com muitos pormenores, trabalhamos

e falamos com muita gente diferente,

com arquitetos, fornecedores e clientes.

Criamos uma mentalidade de aprendizagem

constante e de uma aposta contínua em

melhorar, pelo que isso cria um vício muito

saudável. O facto de incorporarmos uma

curiosidade constante, o de fazer diferente

e melhor, o facto de ver nascer um marco

para o futuro.

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ENTREVISTA 37

Breves

O que é um construtor?É um homem experiente no ramo e que tem a sensibilidade de aceitar a opinião daquele que sabe mais do que ele.

Uma obra que gostou de fazer?Uma moradia em Lordemão.

Um monumento construído que o fascina?A Torre no Dubai.

É possível construir um mundo melhor?Com honestidade.

A cidade mais bem construída?Lisboa.

Um sonho por construir?Uma viagem ao Dubai.

Um objetivo construído?A minha carreira.

O que é o sucesso em construção?Deixar o cliente satisfeito e dar-lhe o apoio que ele merece.

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ESTILUS 39

In Art – As Imagens dos Nossos Sentidos

A Novellini, pelas mãos da Arpirel, deixa a sua

marca na personalização dos espaços do banho pelo

rejuvenescimento constante das suas apostas.

Desta vez, destacamos a Coleção In Art que, para além

de dar cor e imagem à sua casa de banho, é vocacionada

para espaços de forte circulação, como os Hotéis, os

Resorts, Balneários, Centros Comerciais e Centros de

Saúde e Bem Estar.

Tanto a série Kuadra nas divisórias de vidro, como a

Sole nos radiadores, destacam-se pela versatilidade

de permitir escolher, num vasto banco de imagens, a

decoração que o utilizador pretende ver na sua casa de

banho.

Para além das imagens standartizadas, em ambos os

casos, é possível personalizar os equipamentos com uma

foto escolhida.

No caso dos radiadores destaque ainda para a opção de

comando à distância que permite uma maior fiabilidade

na regulação e controle da temperatura ambiente.

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40 ESTILUS

MATOBRA PROPÕE NOVA COLECÇÃO

DESIGNERS GUILD - PAVONIA

A colecção de Outono/Inverno de tecidos e papel de parede da

Designers Guild foi recentemente apresentada.

Inspirada na estética boémia de finais do século XIX realça as texturas

orgânicas e tons naturais que criam uma atmosfera colonial e eclética.

A paleta de cores dá predominância aos violetas e azul cobalto, mas é

também marcada pelo fúcsia, o verde e o cinza.

Os tons surgem muitas vezes com um efeito aguarela, com destaque

para o esfumado e o degradé.

Os padrões são elaborados, com forte inspiração na natureza, marcados

pelas formas exuberantes das flores XL, equilibradas pelo efeito suave

das cores esbatidas.

Para mais informações sobre este e outros produtos da Designers Guild,

visite o Showroom da Matobra de segunda a sábado entre as 9h30 e

as 19h00 (com interrupção para almoço entre as 13h00 e as 14h00).

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42 ESTILUS

Sugestão Cliper O efeito da pedra e do cimento

com as vantagens da cerâmica

A Cliper apresentou, na Cersaie, a sua nova linha de

produtos, no formato 60x60 em Grés Porcelânico. Visando

responder às necessidades actuais do mercado, aliando a

tendência cromática e a estética de modo a criar espaços

inovadores, a marca procura dar sentido aos nossos

sentidos.

A nova gama é composta por duas séries distintas, que

apostam na perfeição pela qualidade do produto: Soho e

Défense.

Soho tem a sua génese no cimento e apresenta quatro tons

(branco, cinza claro, cinza, antracite) e dois acabamentos

(rectificado e rectificado semi-polido).

Défense lembra a pedra natural, apresenta cinco

tonalidades (antracite, cinza, branco, bege, castanho) e

dois acabamentos (rectificado e rectificado antiderrapante).

Estas novidades geram ambientes sofisticados de pura

criação onde a integração de pastilha (5x5) com a base

(60x60) proporciona espaços de elegância e conforto.

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ESTILUS 43

Défense

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Italbox na vanguarda do banho

Indicado para espaços públicos, o móvel Cork de linhas retas, também pode fazer a diferença em

salas de banho modernas de gosto personalizado, pela textura e simbolismo dos materiais nobres,

como a cortiça. Cork é constituído por uma banca em madeira e um tampo de vidro, sendo

constituído por aglomerado de cortiça com uma espessura de 100 milímetros e ainda reforçado

com contraplacado marítimo e hidrófugado.

Já o lavatório Ortho, singular pela forma rectilínea e pela simplicidade do próprio formato,

apresenta cantos com ângulos perto de 90º, sempre preservando a segurança e funcionalidade

do utilizador. Apresenta-se como a solução ideal para espaços de banho atuais e modernos. O

resultado é arte pura, ao dispor do interior da sua casa.

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ESTILUS 45

Espaço Cozinha – Intra Revolucionaria

As cozinhas podem ser modeladas para espaços diferentes, consoante

os estilos e gostos de cada um. Intra foi concebida para habitações

que misturam história com modernidade, glamour com pureza,

distinguindo-se pela ausência total de puxadores.

É o tipo de cozinha que pode ser distribuída de forma perpendicular,

em que se opta pelo formato de ilha que prescinde de móveis na zona

superior. Desta forma, preservam-se as vistas e o interior e exterior da

moradia comunicam, numa simbiose tão natural e perfeita. A zona de

colunas pode ser instalada na perpendicular à ilha num conceito que

prescinde do acessório e que permite uma sensação de beleza sóbria

e discreta, capaz de gerar profundas emoções. Na zona de colunas

com modulação ao teto podem ser integrados os eletrodomésticos,

além dos espaços para arrumação.

Mas o detalhe que distingue Intra é claramente a ausência de

puxadores. Para tornar isto possível, a Santos desenvolveu um sistema

inovador de abertura em que a gola da gaveta se adapta para adquirir

as funções de puxador. Assim, as frentes mantêm-se completamente

limpas, realçando ainda mais a pureza das suas linhas. E para quem

tem crianças em casa, o mais certo é que o espaço da cozinha se

torne mais seguro e confiável.

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ENTREVISTA 47

Paula Roque, Administradora da Revigrés

O que é que têm em comum edifícios como

o aeroporto de Moscovo, o novo stand

da Rolls Royce em Londres, os armazéns

Harrod’s, o showroom da Hyundai em

Seul e a Basílica da Sagrada Família, em

Barcelona?

Em qualquer um deles pode encontrar

revestimento cerâmico Revigrés.

Impressionado? Então prepare-se para o

resto, pois conhecer esta marca tem tanto

de surpreendente, como de impressionante.

Nesta empresa, inovação e diferenciação

não são chavões, mas práticas efectivas

que integram as rotinas diárias.

Para além das muitas colecções de autor

que esbatem fronteiras entre as noções de

revestimento e objecto artístico, a marca

incorpora produtos que parecem saídos de

um cenário de ficção.

Um revestimento que mantém as fachadas

dos edifícios livres de sujidade? Cerâmica

que utiliza a luz solar para produzir energia?

Revestimento que dispensa o uso de

interruptores e pela simples aproximação

do utilizador activa a iluminação? Parece-

-lhe um sonho para o futuro?

Na Revigrés tudo isto é real.

“Tudo o que seja design e inovação, por princípio, interessa-nos.”

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48 ENTREVISTA

Actualmente, a Revigrés exporta cerca

de 45% da produção. Mas durante

muito tempo o mercado interno

absorvia quase tudo. Quando é que

se dá esse ponto de viragem para a

internacionalização?

Essencialmente, a partir de 2001, quando

fizemos o investimento nas novas unidades

fabris para a produção de grés porcelânico,

porque é um produto mais adequado

para ser aplicado em áreas públicas e tem

características específicas para poder ser

usado em climas mais frios ou com grandes

amplitudes térmicas. O que tínhamos até

aí era o revestimento cerâmico vidrado e o

grés, que são vocacionados principalmente

para áreas de interiores.

Sente que o contacto com o mercado

externo foi facilitado pelo apoio, desde

a década de 80, ao Futebol Clube do

Porto, nomeadamente por as camisolas

dos jogadores já terem introduzido a

marca no estrangeiro?

O patrocínio foi relevante a nível nacional,

mas também na projecção da imagem da

empresa no exterior. O facto de ser uma

empresa com capacidade para patrocinar

um clube que tem tido óptimos resultados,

gera a associação imediata de uma empresa

com capacidade financeira para isso. Na

altura, fomos pioneiros nesse patrocínio e

hoje (considerando o contexto europeu e

talvez mundial) somos a empresa que há

mais anos patrocina um clube de futebol da

primeira divisão. Já patrocinamos o FCP há

30 anos consecutivos.

De estudos que temos feito sobre a

notoriedade da marca, o Futebol Clube

do Porto ainda continua a aparecer com

bastante relevância na associação à Revigrés.

Conta-se a história de que foi um

contrato de aperto de mão. Isso

confirma-se?

Sim, é verdade. Sempre houve uma relação

de enorme confiança entre a Revigrés e o

Futebol Clube do Porto. Há um episódio

interessante, a propósito de um contacto

da Vodafone com o Sr. Pinto da Costa,

que pretendia saber se haveria no contrato

alguma cláusula que permitisse outra

empresa patrocinar o clube. E a resposta do

Sr. Pinto da Costa foi: “Só se me cortarem

a língua!”

Quais foram os vectores essenciais em

que a estratégia de internacionalização

assentou?

Uma enorme aposta que sempre tivemos

no design, na inovação e no serviço que

prestamos. Tudo o que seja design e

inovação, por princípio, interessa-nos.

Muitas vezes apostamos e verificamos

que são apostas ganhas. Isso permite-nos

ter um posicionamento completamente

diferente face a outras empresas. No design,

o facto de apostarmos nas colecções de

autor e no Concurso Nacional de Design

permite-nos ter novas fontes de inspiração.

Genericamente, as empresas de cerâmica

observam o que todas as outras fazem e

procuram fazer o mesmo. Portanto, quando

nós convidamos um artista plástico ou um

arquitecto – seja nacional ou internacional –

ou um jovem designer a fazer uma colecção

de autor, o resultado sai “fora da caixa”.

Porque é uma visão de alguém que sai do

circuito habitual. As colecções de autor

são uma oportunidade de procurar novas

matérias primas, novas formas de fazer,

com resultados diferenciadores que são

reconhecidos pelos nossos clientes.

Como referiu, a Revigrés tem dinamizado

várias colecções de autor, associando-se

a diversos artistas plásticos portugueses

e estrangeiros. Há alguma que destaque

ou cuja concretização tenha trazido uma

satisfação especial?

Eu vivo essas colecções de autor com

imenso entusiasmo, empenho e dedicação,

porque todas elas têm uma história de

desenvolvimento com o autor, a própria

colecção tem a sua história, todas me

fazem lembrar situações interessantes e

particulares, por isso não é fácil destacar

uma.

Mas, por exemplo, a colecção Chocolate,

desenvolvida em colaboração com a

arquitecta russa Alena Agafonova,

foi particularmente difícil de fazer,

nomeadamente por ter todos aqueles altos-

relevos. Ela esteve cá cerca de um mês e

foram necessárias muitas experiências,

muitos testes, reuniões entre a arquitecta e

o nosso departamento de desenvolvimento

de produto para ver - entre a ideia dela e

o que era exequível - onde é que se podia

chegar. O resultado é muito interessante.

Costumo dizer que até apetece comer! E

hoje é um ícone das colecções da Revigrés.

Outra colecção que também considero

muito interessante é a colecção H20

do pintor João Vaz de Carvalho. É uma

colecção com cores apelativas e que conta

uma história engraçada. E pode utilizar-se

de várias maneiras, não é só uma casa de

banho de crianças, é um espaço divertido.

Outra colecção interessantíssima foi a que

fizemos em parceria com o Mestre Júlio

Resende. Pelo entusiasmo que ele transmitia,

pelo pormenor, pela exigência acompanhada

por uma enorme amabilidade.

Também em parceria com ele desenvolvemos

o mural do Dragão. Foi um desafio enorme,

porque desenvolvemos azulejos com os

nomes e os números dos 50.000 sócios

que assistiram ao jogo da inauguração do

estádio. Imagine! Para um fã de um clube

tem um significado muito forte ter o nome

associado ao estádio do seu clube.

Como lhe disse, é difícil escolher uma

colecção.

Para além do enfoque no design,

a Revigrés tem também apostado

fortemente na inovação, com produtos

que parecem saídos de um cenário

de ficção. Destaco por exemplo dois:

azulejos autolimpantes e sensitivos.

Como funcionam estes produtos?

Cada vez mais, os revestimentos cerâmicos

terão que ter outras funções associadas:

além do simples pavimento ou revestimento,

têm que ser multifuncionais. E nesse sentido

temos estado a desenvolver vários projectos,

alguns que já estamos aptos a fornecer e

outros que ainda estamos a desenvolver.

Os azulejos autolimpantes são peças em

que, com a acção do sol e com as chuvas é

feita a auto-limpeza da cerâmica. Portanto,

são indicados para revestimento exterior.

Quanto aos azulejos sensitivos, sobretudo

em espaços públicos, não é higiénico

estarmos a tocar em sítios onde todas

as pessoas tocam. Com o revestimento

sensitivo basta aproximar a mão do azulejo

para activar o dispositivo electrónico, que

pode servir para accionar uma luz, ligar a

torneira, contactar uma central telefónica,

um alarme… E naturalmente que tem

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ENTREVISTA 49

Paula Roque, Administradora da Revigrés

“Cada vez mais os revestimentos

cerâmicos terão que ter

outras funções associadas:

além do simples pavimento

ou revestimento, têm que ser

multifuncionais.”

“Não é preciso ser difícil para ser

especial. Tem é que ser bem feito

e com os pormenores que fazem a

diferença.”

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50 ENTREVISTA

vantagens estéticas.

Mas temos outros projectos em curso.

Temos inclusivamente uma pessoa que tem

como função fazer a ligação permanente

às Universidades e outros Centros de

Investigação.

Porém, os projectos não têm de ser difíceis

para serem especiais. É o caso do Memo,

que usámos quando patrocinámos o Rock

in Rio. Forrámos as paredes de acesso à

casa de banho, com painéis do Memo e

uma chaveta a perguntar “O que faria por

um mundo melhor?” E as pessoas até se

encavalitavam para conseguirem escrever!

Foi um sucesso! E é uma ideia tão simples…

Por vezes, uma ideia simples é suficiente

para permitir soluções diferentes. Tento

sempre ter uma visão muito prática, tentar

imaginar a sua aplicação na vida real. Não

é preciso ser difícil para ser especial. Tem é

que ser bem feito e com os pormenores que

fazem a diferença.

A Revigrés tem fornecido para espaços

nobres pelo mundo inteiro, desde

o aeroporto de Moscovo, à estação

ferroviária de Haia, na Holanda, até ao

novo stand da Rolls-Royce em Londres

ou Universidades no Japão. Onde é que

lhe deu especial gosto chegar?

A Basílica da Sagrada Família, em Barcelona,

é o meu eleito. É um ícone mundial e por isso

uma grande conquista. Pelo monumento,

mas também pelo local, ou seja, um país

onde há uma produção de cerâmica muito

significativa.

Alguém que verifique todos os sítios

onde a Revigrés está presente e todas as

soluções que tem para oferecer imagina

uma grande multinacional...

Sim, dada a imagem de marca que a

Revigrés tem, as pessoas têm a percepção

de uma empresa de maior dimensão.

Neste momento quantos funcionários

têm e qual é o volume de negócios?

Cerca de 300 e facturámos aproximadamente

40 milhões de euros.

Para que mercados exporta?

Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão e

PALOPs. Vendemos para cerca de 50 países,

mas com maior concentração na Europa.

A mais recente aposta para conquistar

novos públicos é o formato 90x90 cm,

apresentado em Setembro na Cersaie.

Qual é a mais-valia desta colecção?

Acompanhar as tendências de mercado,

que são os formatos cada vez maiores, para

continuarmos com uma oferta competitiva

e diferenciadora, quer no reforço dos

mercados actuais, quer na conquista de

novos mercados.

Concentrando-nos menos na empresa

e mais na sua visão enquanto

empresária… Vivemos um momento de

grande dificuldade para o país e talvez

o maior obstáculo seja o sentimento de

desânimo generalizado. Que soluções

vê para conseguirmos ultrapassar esta

recessão?

Cabe às empresas trabalhar mais e de uma

forma mais eficiente. É preciso fazer bem

feito e à primeira. Muitas vezes, perde-se

muita eficiência por não haver uma cultura

de rigor e atenção ao pormenor. E claro, é

fundamental reforçar a procura de novos

mercados.

Hoje em dia, insiste-se muito na

necessidade de exportarmos mais.

Que tipo de incentivos seriam bem-

vindos para as empresas exportadoras

poderem ter esse incremento?

Temos a eterna questão da necessidade

de valorização da marca Portugal, embora

a AICEP tenha estado a fazer um bom

trabalho. As exportações já aumentaram

13% este ano e para os países fora da

Europa cerca de 37%. Seria bom reforçar a

identificação de oportunidades de negócio.

A nível de governo, em algumas viagens

de contacto com o mercado externo em

que tenho ido, tenho sentido que têm

estado bem organizadas. Genericamente, o

governo tem estado a fazer um bom trabalho

atendendo aos recursos disponíveis.

Como é que vê a actuação deste

governo?

É um desafio bastante árduo, de pessoas

que tiveram a coragem de aceitar esta

missão e que de uma forma honesta estão

a tentar ultrapassar esta situação, fruto de

uma herança terrível. São medidas anti-

populares, mas que têm de ser tomadas.

Talvez pudessem ser num prazo mais

dilatado…

Para além das directivas de austeridade,

não sente falta de outras medidas de

estímulo à economia?

Claro que nos dava muito jeito ter um

acompanhamento maior ao nível do seguro

de crédito. Porque há muitas situações em

que as empresas têm de arriscar. Também

os custos de energia são bastante elevados,

com um peso cada vez maior nos custos

de produção. Também seriam bem-vindas

melhores condições de logística dos

transportes. Seria importante a promoção

de mais cursos técnico-profissionais que

formassem mão-de-obra especializada.

Esta crise afecta de modo particular

o sector da construção. Como é que

perspectiva o futuro deste sector?

Nós temos a grande vantagem de

trabalharmos com o mercado externo,

mas para os revendedores, por exemplo,

que estão limitados ao mercado nacional,

é muito difícil contornar a situação. Os

incentivos à reabilitação urbana e ao

mercado de arrendamento poderão trazer

uma contribuição positiva.

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ENTREVISTA 51

De perfil…

Uma referência? O meu pai.

A música que não se cansa de ouvir? Mamma Mia, dos Abba.

O filme que a marcou? Genericamente, gosto de comédias, mas não tenho

nenhum que me tenha marcado especialmente.

Um livro? A biografia de Steve Jobs.

Um objecto de que não se separa? Telemóvel.

Quando tem tempo gosta de…? Estar com a família, com os amigos, viajar, fazer compras.

O prato a que não resiste? Mousse de chocolate.

Uma bebida? Coca-cola.

Destino de férias? Tróia.

Uma viagem que a tenha marcado?Japão.

Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar?

Tenho a qualidade de ser muito observadora e o defeito de ser teimosa.

“Cabe às empresas trabalhar mais

e de forma mais eficiente. É preciso

fazer bem feito e à primeira.”

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54 GALERIA MATOBRA

CABIDE DE DUCHE DA JACOB DELAFON GALARDOADA COM RED DOT AWARD 2012

A MARCA É UM EXCLUSIVO MATOBRA PARA A REGIÃO CENTRO

A linha de cabines de duche Torsion, da Jacob Delafon, foi distinguida com o prestigiado

prémio de design Red Dot Award, na categoria de melhor design do produto.

Um júri composto por 30 peritos internacionais elegeu esta peça entre 4515 produtos,

provenientes de 58 países diferentes, reconhecendo a sua robustez, qualidade e design.

O modelo em questão – um exclusivo Matobra para a zona centro - foi valorizado pelas

“linhas suaves e fluidas associadas em simultâneo à solidez do conjunto”. Especialmente

destacado foi o desenho do puxador – que pode colocar-se tanto na horizontal como na

vertical - um elemento de grande personalidade que define a estética desta cabine em

qualquer uma das suas três versões.

A excelente funcionalidade é também uma importante mais-valia desta peça.

Com uma altura de 195 cm está disponível em três modelos - pivotante, de correr e rebatível,

os quais seja entre paredes ou com lateral fixo se adaptam a todos os espaços de duche.

Em vidro temperado com espessura de 8 mm, possui tratamento anti-calcário que facilita

a limpeza.

Sem fixadores visíveis, é uma peça de acabamento perfeito e de instalação fácil por ser

fornecida pré-montada.

A atestar a qualidade deste produto está a garantia de 25 anos dada pela marca e o recente

reconhecimento internacional com a atribuição de um dos mais importantes galardões do

mundo, que desde 1995 premeia as propostas de design mais inovadoras.

Esta é também uma aposta ganha para a Matobra que no último ano estabeleceu uma

parceria com a Jacob Delafon, tornando-se distribuidor exclusivo para a Região Centro.

A empresa, que conta já com 46 anos, reafirma-se assim como líder na representação das

últimas tendências e inovação no sector dos ambientes de banho.