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De coração 022DEZEMBRO 2010 AnoVI
| Preto total
| Mesa posta
| Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck
| Hansgrohe apresenta Axor Urquiola
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oraç
ãoComprar nacional é a solução
Nesta fase de mudança de ano e em que, invariavelmente, somos levados a
pensar no que pretendemos, ou não, ver mudado, vale a pena incluir na lista de
prioridades uma nova atitude nos nossos hábitos de consumo.
Seja numa ida ao supermercado, na escolha de uma peça de roupa ou em
qualquer outra aquisição, comprar português (ou produzido em Portugal) deve
ser sempre um critério.
O aumento do consumo de bens de produção nacional é um daqueles
gestos básicos que está ao alcance de qualquer um de nós e que tem efeitos
importantíssimos na nossa economia, nomeadamente com a diminuição das
importações, em nome de uma escolha que facilmente se traduz em incentivo
às empresas, protecção do emprego, aumento do poder de compra e do nível
de vida da população em geral.
É uma daquelas situações em que, como não se vê ou sente directamente,
assumimos uma espécie de “complexo de S. Tomé”, fechamos os olhos e
recusamos ver. Mas os efeitos existem e são inegáveis, não são sequer uma
questão de fé.
Directamente ligada a esta necessidade de diminuição das importações, está a
adopção de comportamentos energeticamente mais eficientes, uma vez que,
uma parcela significativa destes fluxos está associada ao consumo de energia.
Nomeadamente, num contexto doméstico, faz todo o sentido investir na
reabilitação das nossas casas, por forma, a dotá-las de um comportamento
energético mais eficiente.
É um investimento que, a juntar às vantagens em conforto, rapidamente se
traduz em poupança nas facturas mensais de electricidade e gás.
Para além de que a reabilitação urbana vai ao encontro do objectivo expresso
de comprar português. É uma aposta em empresas locais, feita sobretudo com
produtos nacionais e num sector que movimenta grande número de postos de
trabalhos directos e indirectos.
A construção nova, se não devidamente justificada, não é necessariamente a
melhor opção.
Desprezar o edificado já existente é um erro e os efeitos nos centros históricos
das nossas cidades assim o comprovam.
Mais uma vez, mesmo em termos de eficiência energética - nomeadamente em
gasto de combustível - e em gestão de recursos humanos nos serviços de apoio
à população, ter as infra-estruturas mais dispersas está longe de ser a opção
mais racional.
Os exemplos repetem-se e são quase infindáveis. Mais importante do que insistir
nos argumentos será recordar a fórmula essencial: comprar nacional é a solução!
Presidente do Conselho de Administração da Matobra
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FICHA TÉCNICA
Entidade proprietária | Matobra - materiais de construção e decoração, S.A.
Coordenação | Marta Rio-Torto
Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto
Fotografia | Danilo Pavone
Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva
Tiragem | 2000 exemplares
Periodicidade | Trimestral
Impressão | FIG - Indústrias Gráficas, S.A. Rua Adriano Lucas 3020 Coimbra
Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar 8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a)
Índice
3 Editorial
7 Entrevista De coração | Jorge Cravo
16 Com assinatura Matobra
16 | Preto total 17 | Uma casa, um só espaço
22 | Mesa posta
24 Ideias e soluções 24 | Formato ultra-fino em dimensão XXL
26 | Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas com mobilidade condicionada 28 | Deixe-se surpreender no Mercado Popular
31 Entrevista |António Pereira da Silva 36 Estilus
36 | Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck 41 | Uma lufada de ar fresco
44 | Hansgrohe apresenta Axor Urquiola 46 Entrevista | Vítor Almeida
54 Galeria Matobra
54 | Tomar banho à Fontana
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ENTREVISTA 07
Entrevista De coraçãoJorge Cravo
“A Canção de Coimbra é uma causa.”
Canções d’uma cidade e d’um rio é o nome
do novo disco de Jorge Cravo. Mais um
contributo para o repertório da Canção de
Coimbra daquele que é, reconhecidamente,
um dos seus mais destacados intérpretes e
cultores.
Após anos de dedicação, poder-se-ia pensar
que é um caso de paixão, mas será talvez mais
do que isso… É com verdadeira militância
que Cravo se tem devotado a este género,
procurando renovar e dignificar o seu
património.
É esse respeito pelo que de mais genuíno
tem este Canto que o faz rejeitar tudo o que
desvirtue o seu traço essencial, em nome do
chavão da inovação.
Insistir no respeito pela herança de Goes
e Bettencourt, na designação Canção por
oposição a Fado e mesmo na forma de
apresentação pública, poderá levar alguns
a confundi-lo com um conservador, mas um
olhar mais justo revela-o como um defensor
(e criador) do novo, como garantia de
manutenção da contemporaneidade deste
género.
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08 ENTREVISTA
Quando e como surgiu a paixão pela
Canção de Coimbra?
Entre pais e tios, 12 familiares meus tiraram
as suas licenciaturas em Coimbra, pelo que
cresci num ambiente em que havia sempre
umas histórias sobre a Universidade, os
estudantes e a Académica.
Além disso, pontualmente, em alguns
jantares, o meu pai colocava no gira-discos
música de Coimbra. Tenho comigo o EP
da 1ª edição de José Afonso da Balada de
Outono, assim como os EPs do Quinteto de
Coimbra, de Luís Goes.
Portanto, fui crescendo com a ideia de uma
espécie de magia ligada a Coimbra. Mas
estava longe de pensar que viesse a cantar,
porque no meu tempo de liceu não havia
tradições académicas em Coimbra, em
consequência da crise de 69.
A minha aproximação à Canção de
Coimbra aconteceu porque essas tradições
ressurgiram.
Quem foram os seus mestres?
Primeiro, aqueles que me acompanham
e que me acompanhavam na altura. O
primeiro mestre foi Jorge Gomes, na Escola
do Chiado, a quem Coimbra muito deve,
pois desde a década de 70 que ensina
Guitarra.
Depois, o meu grande mestre foi Luís Goes,
é dele que recebo as maiores influências.
Mas também aprendi muito ouvindo os
bons cultores de Coimbra e ouvindo a
minha voz gravada, que é um método que
permite rectificar pequenas falhas que, de
outro modo, passariam despercebidas.
Tem insistido bastante na designação
Canção de Coimbra e não Fado de
Coimbra. Porque é que esta questão,
que é de terminologia, tem suscitado
tantas contradições?
Não me parece que seja só uma questão
de terminologia, porque realmente não há
Fado de Coimbra, como género musical
autóctone, enraizado nas suas gentes.
Como tenho uma licenciatura em história,
gosto de investigar o passado e quando se
analisa o que se canta e o que se cantou na
cidade essa conclusão é inegável.
A terminologia Fado de Coimbra é uma
questão de comodismo, tem origem numa
moda do século XIX, quando o Fado surgiu
em Portugal.
Há a ideia de que quando a guitarra está
presente é Fado, mas muitas vezes não é.
O primeiro tema que se intitula Fado de
Coimbra é uma cantiga de meados dos anos
40, 50 do século XIX e a verdade é que não
tem nada a ver com Fado.
Tem sido um estudioso deste género,
tem várias monografias publicadas.
O que é que lhe despertou esta
necessidade de saber mais?
Desde logo, eu gosto de saber o que é que
ando a cantar e acho que qualquer cantor de
Coimbra que se preze deve conhecer o que
está para trás, os cultores, o seu repertório,
as suas opções estéticas, temáticas e
musicais, para então procurar construir o
seu repertório também. Depois, porque
em termos de investigação, está tudo por
fazer na Canção de Coimbra, portanto, vou
dando um pequeno contributo naquelas
áreas que me interessam.
Além desta vertente de investigador é
também compositor e intérprete. Qual
destas facetas sente como mais vincada?
A de cantor, porque é através dela que eu
transmito o meu trabalho de composição
e de letras. E é por ser cantor que acabo
por investigar a Canção de Coimbra. Estou
convencido que se não o fosse estaria a
investigar uma outra área qualquer.
É verdadeiramente uma paixão que se
manifesta em diferentes facetas…
É mais do que uma paixão, para mim a
Canção de Coimbra é uma causa. Repare,
eu começo a cantar em Setembro de
1980, numa altura de ressurgimento das
tradições académicas, tratava-se, portanto,
de uma luta, uma causa. Depois, continuou
“Não há Fado de Coimbra, como
género musical autóctone,
enraizado nas suas gentes.”
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ENTREVISTA 09
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10 ENTREVISTA
a ser uma causa para mim porque não é
acarinhada, nem apoiada como devia ser.
Continuo a ter essa ambição de que a
Canção de Coimbra seja vista como uma
marca da cidade, capaz de a colocar num
patamar superior. Para isso, é preciso que
ela seja apoiada pela Universidade e pela
cidade.
A minha preocupação é sempre de saber
o que fazer pela Canção de Coimbra,
não utilizar-me dela ou o que fazer com a
Canção de Coimbra.
Nunca a encarei de ânimo leve, levo isto
muito a sério.
No entanto, nunca quis assumir uma
carreira nesta área. Porquê?
Em primeiro lugar, porque eu andei na
Universidade para tirar um curso. Tenho
uma especialização e é com ela que ganho
a vida.
Por outro lado, citando o Carlos Paredes,
que dizia que gostava imenso da Guitarra
para viver dela, eu também gosto demasiado
da Canção de Coimbra para viver dela. Se
entrasse numa via profissionalizante penso
que estaria muito mais condicionado,
provavelmente por uma editora que exigiria
que eu tivesse um disco pronto todos os
anos, pelos cachês... Tal como estou, tenho
a grande vantagem de poder exercer a
minha criatividade livremente.
Mas também é uma falsa questão achar que
é por falta de profissionalização que não há
apoios, porque os poucos profissionais que
eu conheço não os vejo a fazer espectáculos
nas grandes salas nacionais e internacionais,
nem a dar entrevistas nos jornais de
grande tiragem, como vejo os fadistas de
Lisboa. Portanto, se não houver o apoio
de toda a indústria cultural, discográfica
e de marketing, de nada adianta essa
profissionalização.
Em termos de produção discográfica,
gravou o primeiro disco em 89, passados
10 anos, em 99, gravou outro e depois
em 2005 e em 2010. Qual é a razão de
ser destes intervalos?
Em 89, gravei o “Canções d’aqui” com o
meu grupo de colegas da altura. Estávamos
a acabar o curso em 88 e depois do disco o
grupo acabou e ficou aquele trabalho.
Entretanto, ingressei na vida profissional e
houve um interregno.
Anos mais tarde, reencontrei amigos,
antigos estudantes de Coimbra e com eles
recomecei. Assim nasce o “Folha a folha”,
em 99.
A partir daí, procurei seguir um período de
tempo de 5 anos para gravar.
De modo que surge, em 2005, o “Canções
d’inquietude” e em 2010, o “Canções
d’uma cidade e d’um rio”.
Possivelmente, daqui a 5 anos, haverá um
outro disco.
Porque é que a Canção de Coimbra não
é uma aposta das editoras, ao contrário
do que acontece com o Fado de Lisboa e
os seus intérpretes?
Porque as editoras não reconhecem que
existe uma Canção diferente do Fado, que
tem um ritual de apresentação público
diferente, que tem uma forma de cantar e
de ser tocada à guitarra diferente.
Como estão sediadas em Lisboa, para elas
só existe o Fado de Lisboa e depois há todo
um conjunto de agentes que jogam no
ambiente do Fado que levam a subalternizar
a Canção de Coimbra.
Mas não vale a pena estarmos a armarmo-
-nos em vítimas, temos que criar um lobby
a partir de Coimbra. Tem que partir da
cidade – da Universidade, da Associação
Académica, da Câmara, das empresas – um
apoio efectivo aos bons projectos da Canção
de Coimbra.
Enquanto continuarmos a olhar para
o umbigo, em vez de nos juntarmos e
pensarmos a Canção de Coimbra como uma
causa e não no fulano A, B ou C não vamos
a parte nenhuma.
A solução para inverter esta situação tem que
partir de Coimbra. Em qualquer contexto,
quando queremos projectar uma marca não
“A minha preocupação é sempre
de saber o que fazer pela Canção
de Coimbra, não utilizar-me dela
ou o que fazer com a Canção de
Coimbra. ”
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ENTREVISTA 11
vamos ter com os outros para o fazerem.
Pelo contrário, primeiro valorizamos o
produto, para depois então o conseguirmos
projectar. Tem que haver uma aposta séria,
com objectivos muito concretos e um plano
pensado para 4, 5 anos, mas para isso tem
que existir vontade política e cultural.
Na questão da candidatura do Fado a
Património Cultural da Humanidade o
facto de Coimbra não estar representada
gerou polémica. Esteve envolvido nesse
processo, porquê esse desfecho?
Porque não queríamos subalternizar a
Canção de Coimbra, não queríamos que ela
fosse vista como um apêndice do Fado de
Lisboa.
Há uns anos atrás,, havia essa mentalidade,
a Canção de Coimbra era vista como filha
do Fado de Lisboa, um bocadinho mais
intelectual e erudita, por ser cantada por
estudantes, o que não é verdade, porque os
populares também cantam, mas havia esta
ideia...
Portanto, a Canção de Coimbra não tem
nada a ganhar por estar com o Fado de
Lisboa, estamos sempre a perder…
Temos é que pegar nela de forma séria. E
então, nessa altura, ela entrará nas editoras,
nas playlists, na televisão e terá uma série de
agentes a dar-lhe atenção e a perceber que
está aqui um filão de ouro, para explorar.
Mas assim também não será um produto
que fica esquecido, que não apareceu…
Não, porque repare que somos falados pela
ausência.
Há quem entenda que este género peca
por não inovar. Concorda?
Primeiro, temos que definir o que é a
inovação na Canção de Coimbra. Eu
costumo dizer que depois de tudo o que
está feito pelo Luís Goes não há mais nada
a inventar, mas com isso não estou a dizer
que não se pode fazer mais nada de novo.
O que eu acho é que para andarmos
para a frente, muitas vezes, temos que
revisitar o passado. E se formos à Escola
do Bettencourt e à Escola do Luís Goes e
procurarmos misturar um pouco aquilo,
avançamos e aparece um terceiro novo
Canto de Coimbra.
Há pessoas que não pensam assim,
procuram ir buscar novos instrumentos,
dar novas roupagens aos temas antigos e
pensam que estão a inovar muito.
Mas, quando vejo um novo instrumento a
retirar o papel da segunda guitarra, entendo
que não se está a contribuir em nada para
este género. Porque o toque tradicional
de Coimbra tem duas guitarras. E quando
um saxofone ou um piano faz o papel da
segunda guitarra, estamos a perder esse
diálogo das duas guitarras, que é uma
característica da Canção de Coimbra.
Eu creio que para inovar não basta fazer
novas roupagens dos temas antigos, são
precisos novos temas e eventualmente
ir procurando um ou outro instrumento,
justificando-o, não basta colocar o
instrumento só porque sim ou porque não.
É possível inovar, mas não podemos perder
as referências. Por isso é que eu digo que
é preciso fazer o retorno ao melhor da
Canção de Coimbra – Bettencourt e Goes –
para podermos avançar.
A Canção de Coimbra tem tradição
enquanto música amadora e de
minorias. Deve continuar a ser assim?
Sim, é uma música de minorias, mas também
tem direito a ser divulgada e apoiada. Há um
nicho no mercado português para ela. Aliás,
a Canção de Coimbra não deve ser dada em
doses industriais, porque cansa. Temos que
saber fazê-lo com razoabilidade.
Como é que vê a possibilidade de
termos mulheres a cantar?
Não me choca minimamente. Ninguém as
proíbe de cantar, ao contrário do que dizem
algumas pessoas. As mulheres não estão
a cantar porque ainda não optaram por
isso, mas já o fizeram com a guitarra, já há
mulheres a tocar.
“Tem que partir da cidade – da
Universidade, da Associação
Académica, da Câmara, das
empresas – um apoio efectivo
aos bons projectos da Canção de
Coimbra. ”
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12 ENTREVISTA
O que eu não acho admissível é que haja
homens a tentar empurrá-las para o Canto
com palavras de ordem e slogans mediáticos.
A mulher tem cabeça para pensar e quando
entrar na Canção de Coimbra, com a sua
inteligência e a sua criatividade, criará o seu
Canto.
Qual é o futuro que antecipa para a
Canção de Coimbra?
Podemos ver isso sob duas perspectivas.
Em termos académicos, todos os anos
surgem novos alunos, há sempre alguns
que resolvem tocar e cantar, portanto, por
aí as coisas estão asseguradas. O futuro
deste género, alargado a todo um leque
de antigos estudantes, populares, etc, vai
depender daquilo que a cidade quiser fazer
pela Canção de Coimbra.
Mas encara com optimismo esse futuro,
ou nem por isso?
Encaro, porque noto que nalgumas pessoas
a mentalidade está a mudar. Até pelo facto
do Fado de Lisboa ter esta projecção, há
muita gente a perguntar porque é que
a Canção de Coimbra não tem. E é a
partir dessa interrogação que as pessoas
começam a procurar perceber o que se
passa. Portanto, estou convencido que isto
vai dar uma volta.
Lançou um novo disco no passado dia 13
de Novembro - Canções d’uma cidade e
d’um rio. O que é que este disco tem de
diferente face a outros trabalhos seus?
A temática, que é essencialmente Coimbrã.
Tive a preocupação que os 10 temas
reflectissem quadros citadinos, quer da
actualidade, quer mais antigos, paisagens
humanas e físicas. Os outros discos têm
uma temática existencial, amorosa e de
intervenção social e neste foquei-me na
cidade de Coimbra.
Depois, em relação aos outros dois anteriores,
há também uma diferença, porque voltei a
ser acompanhado pelos meus amigos dos
anos 80, portanto, digamos que demos a
volta e fomos ao “Canções d’aqui”.
Quando resolve levar a cabo um projecto
destes depara-se com a dificuldade de
encontrar os apoios necessários. Isso é
uma preocupação desde o início?
Normalmente, só penso nisso no fim.
Exactamente porque não gosto de ser
pressionado e se eu for procurar esse
apoio antes de o trabalho estar concluído,
começam a perguntar-me, insistentemente,
pelo disco.
Prefiro fazê-lo quando ele já está finalizado.
Mas é muito difícil, porque as editoras não
apostam neste produto. Nós, felizmente,
tivemos o apoio da Matobra e da Prabitar,
mas outros não têm, o que leva muitos
projectos a ficar na gaveta.
Sente-se como alguém que tem o papel
de preservar para as gerações do futuro
este tesouro?
Eu vejo-me assim quando a minha maneira
de ser e de estar na Canção de Coimbra
me leva sempre a gravar coisas novas,
porque se um repertório não for renovado
acaba por morrer. Sinto que estou a dar
o meu contributo para o cancioneiro da
música de Coimbra e dessa forma, para a
continuidade desta tradição musical. Tem
que haver repertório novo, até porque as
pessoas também procuram a mensagem, o
texto. Não faz sentido que esta gente mais
nova ande a comunicar aquilo que outros
já gravaram há quarenta, cinquenta anos.
Não pode ser, pois dessa forma não se
consegue reflectir a sociedade que somos
nesta Canção.
“Depois de tudo o que está feito
pelo Luís Goes não há mais nada a
inventar, mas com isso não estou
a dizer que não se pode fazer mais
nada de novo. ”
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ENTREVISTA 13
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14 ENTREVISTA
Uma referência?Luis Goes.
A música que não se cansa de ouvir? Luis Goes.
O filme que o marcou? O Nome da Rosa.
Um livro? Vários, posso destacar autores, nomeadamente, Eugénio de Andrade e António Ramos Rosa.
Um objecto de que não se separa? Telemóvel.
Quando tem tempo gosta de…? Estar com a família e com os amigos.
O prato a que não resiste? Cozido à portuguesa.
Uma bebida? Vinho tinto.
Destino de férias?Açores.
Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar?
A minha maior qualidade é ser frontal, autêntico. O defeito é ser repentista.
De perfil…
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16 COM ASSINATURA MATOBRA
Preto total
O preto é uma cor clássica, apreciada
por muitos de nós, mas quase sempre
votada ao preconceito de ser um tom
lúgubre, pouco acolhedor, agressivo até
e que não deve ser usado na decoração
de uma casa em mais do que alguns
acessórios ou pequenos apontamentos.
O desafio da equipa de decoração da
Matobra foi, precisamente, o de mostrar
que é possível criar um ambiente de
quarto em preto quase total e ainda
assim, conseguir um espaço agradável
e acolhedor.
Desde logo, o tom é usado no papel
que forra as paredes: preto com um
riscado muito suave a castanho, cor que
é replicada na parede lateral e que faz
ligação ao mogno dos móveis.
A restante decoração mantém esta
inspiração, com apontamentos muito
suaves de brilho, dado pelo inox dos
acessórios escolhidos.
O tapete em pele de cordeiro aumenta
a sensação de conforto e calor.
Ao contrário do que se poderia pensar,
o resultado nada tem de sinistro. A
composição final é carismática e, ao
mesmo tempo, sóbria.
E no caso de alguém que goste de variar
com frequência a decoração do espaço,
a opção pelo preto tem a vantagem
de poder mudar com facilidade os
acessórios, sem estar limitado na
conjugação de tons.
Visite-nos no nosso showroom e
descubra outras propostas em que se
poderá inspirar. [email protected]
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COM ASSINATURA MATOBRA 17
Decorar todas as assoalhadas de um apartamento na mesma
paleta cromática era o desafio. Sobretudo quando se tratam
de espaços reduzidos, esta solução traz maior harmonia ao
conjunto, criando um efeito visual coerente, sem se tornar
repetitivo.
Tratando-se de espaços pequenos é sempre um bom princípio
optar por tons claros. Neste caso, a escolha recaiu em três cores
- branco, azul e bege.
A experiência foi feita no nosso showroom. O espaço é aberto o
que, numa situação real, funcionaria como vantagem em áreas
reduzidas, com a disposição dos móveis a criar uma eficaz divisão
por zonas: descanso, lazer e refeições.
Para o quarto, a inspiração foi um estilo romântico e feminino.
As peças chave desta decoração são a cabeceira do sommier e
os complementos de pele, presente nas caixas que substituem a
mesa-de-cabeceira, na manta aos pés da cama e no tapete em
pele de cordeiro.
Um sofá completa esta zona de descanso, criando um ambiente
destinado à leitura de um livro ou para um pequeno-almoço
mais tranquilo.
A sala, criada num espaço de configuração acentuadamente
rectangular, foi organizada por três zonas. Um primeiro espaço
de refeições, uma zona intermédia para ver televisão e um
terceiro ambiente, em que a disposição de lugares sugere uma
conversa entre amigos.
O resultado é um ambiente confortável, funcional e
contemporâneo, com tons que embora sendo de tendência,
perduram facilmente ao longo do tempo.
Uma casa, um só espaço
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18 COM ASSINATURA MATOBRA
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COM ASSINATURA MATOBRA 19
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22 COM ASSINATURA MATOBRA
Mesa posta
Em qualquer celebração, a mesa é sempre o
elemento central do convívio entre familiares e
amigos. Daí que, em tempo de Festas, este seja
o cenário a que, naturalmente, dedicamos mais
tempo e atenção.
A proposta da equipa de decoração da Matobra
foi inspirada no conceito de fusão, desafiando
o leitor a dar nova vida às suas peças mais
antigas.
A ideia é, precisamente, demonstrar como
pode continuar a usar os seus serviços mais
clássicos e conjugá-los com outras peças
contemporâneas, que tenha adquirido mais
recentemente.
A paleta cromática foi inspirada nos tons da
estação que atravessamos – branco, conjugado
com o vermelho e verde.
O serviço de copos escolhido representa o
elemento mais clássico, que poderia ter sido
adquirido hoje ou há décadas atrás. Ao misturá-
-los com peças mais actuais, a combinação
é bem mais equilibrada do que à partida se
poderia pensar.
O contraste de estilos revela-se harmonioso e
com um sentido pragmático, sobretudo para
quem gosta de acompanhar as tendências,
adquirindo novos acessórios, mas não se quer
desfazer do que já tem, muitas vezes heranças
de família, com grande valor afectivo.
Os individuais em espelho reforçam o requinte
da mesa, marcando a diferença no resultado
final: um ambiente clássico e sofisticado mas,
em simultâneo, contemporâneo.
O centro de mesa é um elemento a que deve
estar atento. A sua opção decorativa não deve
comprometer a comunicação entre todos. Se
a sua preferência não for uma composição
assente na mesa, para ter maior disponibilidade
de espaço, deve garantir que esta está a uma
altura suficientemente elevada para não
criar um obstáculo visual entre os que estão
sentados.
No caso concreto, a escolha foi um arranjo de
inspiração tradicional, combinando diferentes
tipos de ramagem, que sintetizam, num mesmo
elemento, as cores escolhidas para a mesa. As
velas no centro criam mais charme na refeição.
A proposta apresentada foi pensada para
quatro pessoas, mas é facilmente replicada
para o número de lugares de que necessitar.
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COM ASSINATURA MATOBRA 23
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24 IDEIAS E SOLUÇÕES
KERION FLATFormato ultra-fino em dimensão XXL
As dimensões marcam, desde logo, a inovação deste revestimento cerâmico: 3m de
comprimento por 1m de largura e 3,5mm de espessura multiplicam as possibilidades de
utilização.
A facilidade de corte e resistência das peças conferem grande versatilidade ao material,
permitindo desde o revestimento de grandes superfícies - minimizando o efeito visual de
“grelha” criado pelas juntas - até uma série de aplicações e conjugações personalizadas,
proporcionadas pelos formatos e dimensões diversas.
Disponível nas medidas 100x300, 20x100, 50x100, 50x50 e 100x100, a placa cerâmica
revestida a tecido de fibra de vidro, com 3.5 mm de espessura, possui uma grande resistência
mecânica que permite maior facilidade de trabalho.
Colocada com cola e com uma junta mínima em revestimentos e pavimentos, Kerion Flat
reduz os resíduos resultantes dos cortes e assegura um trabalho final perfeito.
Resistente aos ácidos e às manchas é, de facto, um produto com óptimas características
técnicas, ideal para ambientes onde é fundamental a higiene e limpeza.
Indicada para revestir paredes e pavimentos – interior e exterior – graças à sua espessura
reduzida, Kerion Flat pode ser facilmente utilizada para projectos de reabilitação, renovando
o espaço sem necessidade de demolição. A placa cerâmica pode ser colada sobre o
revestimento ou pavimento existente - seja de cerâmica, de mármore, pedra, pvc ou madeira
- sem necessidade de demolição, evitando todo o pó e resíduos inerentes a esta operação.
Ficando dispensado de modificar a altura das portas ou alterar rodapés, reduz o tempo de
colocação, garantindo um bom trabalho e uma boa durabilidade.
Kerion Flat é produzida com uma lógica eco-sustentável. Realizada num material reciclável,
devido à fina espessura, as placas são produzidas com uma menor quantidade de matéria-
-prima e com uma tecnologia mais amiga do ambiente, reduzindo as emissões de CO2 e o
nível de resíduos gerados.
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IDEIAS E SOLUÇÕES 25
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26 IDEIAS E SOLUÇÕES
Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas com mobilidade condicionada
Mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos que lidar com problemas de incapacidade física. Quer sejam dificuldades do próprio ou
decorrentes da necessidade de apoio a um familiar, é inevitável que a questão se venha a colocar.
Os números falam por si. Actualmente, estima-se que em Portugal existam mais de milhão e meio de pessoas acima dos 65 anos e
ultrapassem os 900 mil os casos com alguma incapacidade ou deficiência. Com a esperança de vida a aumentar estes valores tenderão,
naturalmente, a crescer.
Para dar resposta a estas situações, a Sanindusa lançou, recentemente, duas novas banheiras para complemento da série New Wccare, uma
gama de sanitários e acessórios adequados a pessoas com mobilidade reduzida, que necessitam de cuidados especiais e uma acessibilidade
facilitada.
Aliando a funcionalidade ao design, minimizando a carga inestética que geralmente é associada a estes produtos, as duas banheiras estão
disponíveis nas dimensões 1700×750 e 1800x800mm e nas opções com e sem hidromassagem.
A banheira tem integrada uma porta de acesso ao interior, que permite ao utilizador entrar e sair facilmente, sem necessidade de ultrapassar
a barreira da altura das banheiras regulares.
A altura máxima a transpor pelo utilizador é de 18cm mas, caso opte por encastrar o equipamento, esta medida é diminuída para 13cm.
O resguardo integrado garante uma zona protegida para o duche.
São de destacar outros pormenores de conforto como a almofada de encosto para a cabeça ou o assento, que pode funcionar também
como prateleira de apoio para objectos.
Estas soluções permitem uma total liberdade de movimentos na assistência a crianças e idosos, facilitando em muito a rotina destas pessoas
ou, se for o caso, a prestação de cuidados de higiene. [email protected]
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IDEIAS E SOLUÇÕES 27
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28 IDEIAS E SOLUÇÕES
Deixe-se surpreender no Mercado Popular!
A época de Natal está patente no Mercado Popular durante o ano inteiro, o local
onde encontra qualidade e variedade a preços imbatíveis.
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com materiais de grande valor que vão garantir uma performance e um design que
a sua casa vai agradecer.
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IDEIAS E SOLUÇÕES 29
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ENTREVISTA 31
Novas possibilidades de crescer
António Pereira da Silva é, aos 38 anos, o rosto da Alpesil que quer surpreender a economia com a aposta em novos
mercados, porque em cada problema vê uma possibilidade.
A Alpesil conta com cerca de dez anos de existência e é no Algarve e na Figueira da Foz que valoriza o seu produto de chave
na mão, porque em cada cliente está um amigo e em cada obra a vontade de fazer mais e melhor.
O ensino, a economia e a construção civil são temas apontados como fundamentais para que o futuro do país seja um futuro
melhor para todos nós.
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32 ENTREVISTA
Fale-nos um pouco do seu percurso
escolar.
Ingressei na Primaria no Casal Fernão
João, depois fui para a Escola Preparatória
de Pombal e fiz o Secundário na Escola
Tecnológica e Profissional, também em
Pombal. Depois fui para o Porto onde
tirei o Bacharelato, na Escola Superior
de Actividades Imobiliárias na área
do imobiliário e, finalmente conclui a
Licenciatura de Gestão Imobiliária, em
Lisboa. Mais tarde, fiz duas pós-graduações,
uma na ESAI e outra no Instituto Superior
Técnico, em Lisboa.
Sei que teve uma experiência anterior
numa empresa ligada ao sector
imobiliário. Isso foi fundamental para a
criação da Alpesil, em 1999?
Trabalhava muito na promoção imobiliária e,
a dado momento, percebi que esse mercado
não teria grande futuro, daí a aposta na
criação de uma construtora, em 1999, no
sentido de fazermos o enquadramento e a
prestação de serviços aos nossos clientes,
dominando o processo desde a concepção
do produto, inclusivamente na aquisição e
licenciamento do terreno, até à entrega do
produto chave na mão e, de algum modo
acabando com os intermediários.
Sente que a sua formação e educação
foram importantes para estar nesta
actividade?
Mais do que importantes, foram
fundamentais e sem essa ferramenta não
teria conseguido a mais valia técnica e
especializada. Seria impossível acompanhar,
compreender e sobreviver neste mercado
em constante mudança porque isso faz
a diferença em diversas ocasiões. Estou
muito grato ao meu percurso escolar e
aos professores com quem aprendi. No
que respeita à educação têm de existir
valores fundamentais como o bom senso,
uma forma de saber estar e de lidar com
situações de pressão e uma sensibilidade
que é precisa a cada momento, para que
sejam encontradas as decisões certas, sejam
elas comerciais ou burocráticas.
Já foi estudante e agora é um
empresário que trabalha com outros
estudantes. Qual é a análise que faz
sobre a preparação dos nossos jovens
quando integram o mundo do trabalho?
É uma análise bastante negativa porque
tenho a certeza de que o ensino não se
adapta às necessidades das empresas e do
mercado. Posso lhe dar um exemplo actual,
temos interesse em contratar um engenheiro
civil que domine duas áreas específicas, a do
Licenciamento e do Acompanhamento de
Obras e tem sido uma busca inquietante
porque nos temos apercebido que essa
habilitação não existe e estamos a falar
de dois pontos básicos. Até faço uma
comparação com os indivíduos que tiram a
carta de pesados e que depois não sabem
trabalhar com os tacógrafos… Não é uma
questão de incompetência, mas sim a forma
e os conteúdos que se leccionam para que
as pessoas possam estar preparadas para o
mercado real. E depois existe o outro lado,
porque as empresas investem na formação
destes jovens e quando eles começam a
perceber algumas questões, optam logo
por sair porque pensam que já estão
preparados para altos voos e isso são custos
acrescidos. Mas existe claramente um défice
de prática nos nossos cursos, considero que
a partir do primeiro ano deveria haver um
enquadramento prático com as empresas
que estão no terreno e que conhecem a
realidade.
Vamos então apontar os culpados…
Serão os políticos, os professores, os
alunos, as escolas? …
Acima de tudo, deve-se a uma mentalidade
mesquinha, que nos vai afogando, porque
quando sabemos fazer uma conta simples
pensamos que já estamos preparados para
ser cientistas. Mas nesta matéria existe
uma responsabilidade a ser imputada aos
directores pedagógicos dos cursos, porque
para eles conhecerem as necessidades do
mercado de trabalho têm de sair dos seus
gabinetes e falar com as empresas que
estão no terreno. Antes do lançamento de
um curso deveriam fazer-se seminários com
as empresas e estudos para se verificar as
necessidades de mercado e as pessoas
formadas que precisamos.
Como caracteriza os clientes e o mercado
que a Alpesil acompanha?
Estamos mais direccionados para clientes que
nos compram apenas construções ou que
nos compram terrenos e nos encomendam
construções, especializámo-nos nesse nicho
de mercado, que assenta essencialmente na
manutenção e não apenas na construção.
Para fazermos este acompanhamento
não nos sobra tempo nem estrutura para
estarmos noutros mercados, por enquanto.
Desde a sua criação consegue resumir
um pouco a vivência da empresa até aos
nossos dias?
Evidenciámos sempre uma postura
de sermos poucos mas bons e de nos
especializarmos não só na construção civil,
como também no aluguer de equipamentos
necessários à obra no seu todo, em nome
da economia e da qualidade. Definimos, por
exemplo, que os ladrilhadores são nossos
funcionários para um acompanhamento
eficaz e tentamos escolher sempre os
subempreiteiros e fornecedores que nos
garantam a qualidade desejada.
Notei que faz constantes considerações
sobre o mercado e pergunto se
imaginaria há dez anos atrás que ele
estivesse nesta situação?
As minhas indicações levavam-me a pensar
que estaríamos pior. Aliás, a Alpesil só
aparece para encurtar os agentes de mercado
com o objectivo de nos especializarmos
num nicho com uma filosofia mais directa e
menos burocrática.
A ambição de um jovem empresário
está sempre de acordo com as metas da
empresa que o acompanha?
Reconheço que temos algumas coisas
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ENTREVISTA 33
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34 ENTREVISTA
para melhorar, posso dizer que estamos a
meio da subida da nossa ladeira, ainda não
conseguimos chegar ao nível de organização
que ambicionamos, queremos ter instalações
que nos permitam projectar noutro tipo de
mercados, porque temos outros objectivos
no sector da construção civil. Mas queremos
percorrer esse caminho de forma sólida,
para não cairmos na escada.
Certamente que já alcançou alguns
objectivos importantes. Que metas tem
definidas para os próximos anos?
Queremos entrar em áreas de manutenção
de construção civil, nomeadamente nas
renovações e também no apoio a clientes,
como os hospitais, centros de saúde e
zonas comerciais, porque sentimos que é
um mercado que não está a ter a devida
atenção e acompanhamento. Também
existe outra variante que gostaríamos
de entrar e explorar, que é o das avenças
com os promotores imobiliários, porque
quando começarem a surgir esses processos
em tribunal pensamos que podem nascer
possibilidades de negócio.
Neste momento, que perspectivas
oferece o mercado para as empresas?
As que conseguirem ultrapassar esta crise
de uma forma sólida e sustentada podem
e vão ter muito trabalho pela frente, as que
têm estruturas brutais com custos elevados
e que não conseguem produzir vão sentir
os efeitos de não serem competitivos e vão
acabar.
A Figueira da Foz é uma região
procurada para se construir?
Também actuamos no Algarve, mas foi na
Figueira da Foz que começámos a trabalhar
e isso permite-nos alguma mobilidade em
termos de obras e em termos administrativos,
para além do conhecimento adquirido
do mercado da região. Mas sentimos que
existe uma carência de empresas com as
características da nossa, porque a cidade
está mais vocacionada para o turismo e
hotelaria.
Há pouco pedi-lhe que recordasse a
escola. E que escola tem encontrado na
sua actividade profissional?
Uma das coisas que tenho aprendido é
que não vale a pena fazer mal e barato
porque depressa aparece o resultado.
Depois é preciso ter muita sensibilidade,
muita capacidade de encaixe porque é
uma actividade que mexe com muitas
componentes e que está em constante
mudança, pelo que temos de estar sempre
actualizados e interessados. Em suma,
ao longo destes dez anos aprendemos o
conceito de construção, o que não é pouco
porque quem conhecer esse processo pode
fazer a diferença na especialização em nome
da qualidade do produto para o cliente final.
E o que tem ensinado aos que o
rodeiam?
Tento construir uma empresa de rigor e
de exigência mas admito que temos de
melhorar nos prazos de entrega. Mas no
que diz respeito à qualidade, entendemos
que não temos deixado de cumprir com
conhecimentos e materiais de bom nível.
No que se vai tornar o mercado da
construção?
Vamos ser mais profissionais e o mercado
vai estar mais sóbrio. A concorrência desleal
vai acabar e alguma da burocracia que está
ao serviço de alguns vai terminar. Estas são
as minhas previsões, até porque a realidade
nos vai obrigar a esta conclusão.
E o mercado da renovação é uma
hipótese plausível para as empresas?
O mercado da renovação tem duas
componentes distintas: uma é a filosofia
do conceito, segundo o qual, o acto de se
renovar é por si só uma atitude altruísta
e de grande dignidade. Mas existe a
componente económico-financeira e tem
de se estabelecer um ponto de equilíbrio
no investimento e no retorno. O mercado
da renovação só se vai desenvolver quando
todos os agentes chegarem à conclusão
que é para dar lucro e rendimento, porque
estamos a falar de situações bastante
dispendiosas e se não for para obter riqueza
as empresas vão optar por deixar cair. É
preciso entender que só se deve renovar se
for para criar melhor qualidade de vida para
o local, para o dono e para quem vai fazer a
obra, para sairmos todos a ganhar.
O que o assusta mais no país
actualmente?
O facto de toda a gente apontar os
problemas e fazer de conta que não os
vê, encarar as dificuldades sem tomar as
medidas de fundo necessárias e, com isso,
vamos ficando cada vez mais pobres e mais
marginalizados. Porque estamos a falar de
medidas que têm de ser tomadas e que
vão ficando na gaveta porque mexem com
os interesses de muita gente e isso tem de
acabar para o bem de todos nós.
Como é possível impulsionar as
empresas e as pessoas a produzir mais
e melhor?
Temos de responsabilizar e de criar condições
de competição para quem produz, para que
os agentes sejam menos e mais competentes
e para que o mercado funcione mais e
melhor. Só desse modo vai existir o filtro
para os que conseguem acompanhar este
mercado numa situação de crise.
Qual é o lema da empresa?
Termos em cada cliente um amigo, adoptar
sempre medidas de rigor e qualidade e de
projectar os bons resultados da promotora
para quem trabalhamos, porque o
crescimento será mútuo.
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ENTREVISTA 35
BREVES
Uma obra feita que gostaria de ter construído?O Centro Cultural de Belém.
Uma obra por fazer que quer construir?Residências Universitárias.
Uma lição que aprendeu na empresa?Vale a pena fazer bem.
Uma pessoa que o marcou profissionalmente?O meu avô materno.
Uma ementa?Naco na Pedra.
Um vinho?O Marquês de Borba.
Uma voz?Mariza.
Uma viagem?Madeira.
A notícia a ouvir amanhã?Que a economia portuguesa está em crescimento.
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36 ESTILUS
Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck
No ano em que comemora 40 anos de actividade, a Miele lançou recentemente uma nova
marca de cozinhas - “Warendorf” - que irá substituir a “Miele Die Küche”.
Os modelos assinados pelo conhecido designer Philippe Starck assinalam uma nova era nas
cozinhas Miele, apostando em criatividade, design e inovação, sem abdicar dos valores que
fizeram tradição na Miele: durabilidade, funcionalidade, versatilidade, qualidade e ecologia.
Direccionadas para um segmento de mercado alto, o conceito de Starck assenta numa
forma inovadora de pensar a cozinha, entendida como um espaço onde toda a família se
junta não só para a preparação e degustação dos alimentos, mas também para resolver
assuntos familiares ou simplesmente conviver.
Procurando ir ao encontro de diferentes gostos e tendências, Philippe Starck criou quatro
ambientes distintos.
O modelo Tower é, sem dúvida, o mais surpreendente, transformando profundamente o
aspecto típico da cozinha, reduzindo-a apenas a duas torres e uma mesa funcional.
Concentrando no seu interior os electrodomésticos de frio e quente, arrumação, despensa e
louceiro, a torre roda 340 graus, permitindo mudar constantemente a aparência do espaço,
dependendo do que se está a mostrar: o quadro de ardósia, o despenseiro ou o ecrã de TV.
O modelo Library permite combinar a preparação dos alimentos com a leitura ou o apoio
aos trabalhos de casa das crianças.
É composto por uma estante que emoldura a frente de trabalho central e uma escada
que desliza ao longo da mesma. Habitualmente encontrada em bibliotecas maiores e mais
clássicas, nesta versão em aço inox, a escada confere um toque especial à cozinha, ao
mesmo tempo que facilita o acesso a todas as zonas do móvel.
A ilha de cozinha integra funções de preparação, arrumação e confecção dos alimentos.
O amplo espaço de trabalho pode ter associada a função de mesa de refeições ou, em
alternativa, poderá acrescentar uma mesa em mármore.
Misturando cerejeira, aço inoxidável e mármore este modelo cria uma composição
simultaneamente clássica e elegante.
Primary é uma opção pensada para unidades pequenas que combina material de luxo, com
um toque de design neobarroco.
A unidade base em aço inoxidável, as prateleiras e o nicho proporcionam um contraste com
o vidro amarelo.
Os apliques de luz e os adornos gravados reforçam o carácter luxuoso deste modelo, ao
mesmo tempo que vincam o antagonismo da aparência quase asséptica do mobiliário em
inox.
Para famílias mais numerosas, pode ser complementada com um módulo free-standing, que
permite aumentar as zonas de arrumação.
Em Duality, Starck propõe um conceito em ilha com duas funções distintas: como separador
de espaços com um carácter comunicante, ou como instalação de parede. O próprio nome
sugere esta dupla funcionalidade.
As superfícies em inox são predominantes, apenas as prateleiras laterais e a abertura central
têm acabamento em lacado branco, que permite ampliar visualmente estas áreas abertas.
| Tower |
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ESTILUS 37
| Library |
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38 ESTILUS
| Primary | | Duality |
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ESTILUS 41
Uma lufada de ar fresco
A Ceracasa coloca no mercado
português uma nova tendência para
exteriores, as fachadas vegetais
Lifewall®.
O conceito foi desenvolvido pelo
Arquitecto Emílio Llobat, que
transformou a ideia numa solução
extraordinária, a de situar a vegetação
nas fachadas dos edifícios de forma
simples e com grandes vantagens para
o projectista, para o cliente e para o
ambiente.
Na prática, são painéis de 1 m2 que
permitem a disposição de qualquer tipo
de vegetação num processo que permite
a irrigação por gotas, optimizando a
economia da água.
Lifewall foi pensada para criar uma
simbiose perfeita juntamente com outro
produto da firma espanhola e premiado
com o Alfa de Oro, o denominado
Bionictile®.
Este produto descontamina o ar das
cidades dos prejudiciais óxidos de
nitrogénio (NOx) e capta o dióxido
de carbono da atmosfera, libertando
oxigénio.
Numa estimativa recente, chegou-se à
conclusão que, em duzentos edifícios
com Bionictile, se descontaminaria
cerca de 2.638 milhões de m3 de ar
num ano.
O que equivale a dizermos que mais
de quatrocentas mil pessoas podiam
respirar, durante um ano, um ar
mais saudável e livre dos prejudiciais
óxidos de nitrógeneo, libertados pelos
automóveis e industrias. [email protected]
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44 ESTILUS
Hansgrohe apresenta Axor Urquiola
A premiada designer espanhola Patrícia
Urquiola uniu-se à Hansgrohe para conceber
a linha Axor Urquiola.
O conceito apresentado junta num mesmo
espaço área de banho e quarto, num
encontro entre o descanso e o bem-estar e
cuidado do corpo.
Trata-se de uma noção inovadora, mas que
encontra justificação no ambiente criado:
um mundo de transições suaves, formas
delicadas combinadas com funcionalidade,
num estilo ecléctico em que estão presentes
diferentes estilos e culturas.
O desenho sensual e feminino, feito para
despertar os sentidos, foi aplicado em
lavatórios e banheiras, torneiras, acessórios
e aquecedores de parede.
Destaque para os lavatórios e banheiras,
que recuperam como inspiração os antigos
alguidares, com asas que podem ser usadas
para colocar as toalhas.
O aquecedor é um sistema modular, composto por painéis
independentes que servem também como divisórias.
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ESTILUS 45
Axor Urquiola abrange também uma colecção de
acessórios desenhados numa linha moderna e sóbria.
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46 ENTREVISTA
Abrir o coração das empresas ao Mundo
Vítor Almeida é o responsável comercial da Cerâmica de São Paulo (CSP) e percebe-se, ao longo desta entrevista, a importância de um homem de visão global, muito para além da realidade que se insere. A CSP coloca ao serviço do cliente uma filosofia de permanente reinvenção dos seus produtos, consoante as obrigações de mudança que o mercado impõe. Pasta vermelha, pasta branca, grés vidrado, porcelânicos e azulejos percorrem a Europa e Africa com uma bandeira de qualidade nacional. Crítico quanto baste, porque há que direccionar soluções para que o futuro do mercado cerâmico seja mais promissor, defende que compreender o modo como chegámos ao local onde estamos é estar um passo à frente na fuga para o sucesso.
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ENTREVISTA 47
Como acontece a entrada na área
comercial do sector cerâmico e, mais
particularmente, na São Paulo?
Aconteceu em 1979, depois de ter estado
a trabalhar em Angola, numa empresa
distribuidora de materiais de construção
no Algarve. Mais tarde, iniciei um percurso
de fábricas, sempre na área comercial,
primeiro na Masa, depois na Estaco e
Dominó, seguido da Recer e, actualmente,
na Cerâmica de São Paulo, desde 2006. Foi
um regresso a casa, já que, resido em Lisboa
e é onde estão as minhas raízes.
Consegue fazer um breve resumo do
percurso da empresa até à actualidade?
Foi fundada em 1961 pelas famílias
Garrett e Megre. Começou por fabricar o
produto de série original que é o prensado
a seco por pasta vermelha e que ainda é
reconhecidíssimo no país.
A empresa começou a modernizar-se em
1979, através da instalação de um forno
contínuo, mantendo o forno inicial.
Em 1982, a fabrica adquiriu o seu segundo
forno continuo, passando a produzir cerca
de 650.000 m2 por ano e, em 1989, passa
exclusivamente para a família Megre,
sendo que o Dr. João Megre é o actual
presidente do Conselho de Administração.
A partir de 2001, assistimos a um salto
qualitativo, porque se inicia o percurso no
mercado do grés vidrado, com o formato
33x33. É quando a empresa ganha enorme
capacidade internacional, que é actualmente
o nosso garante.
Em 2004, face a esse sucesso, investimos
numa nova fábrica, aumentando a nossa
capacidade, quer de quantidade produzida
quer da tipologia de produto.
Em 2006, iniciámos a produção nos
porcelânicos, o que se traduziu num
crescimento acentuado da São Paulo,
nomeadamente nos mercados externos,
onde a França ocupa o lugar de destaque,
seguido dos PALOP onde continuamos a ter
uma presença forte e até em contraciclo, já
que aumentámos este ano cerca de 15%.
Ainda há quem pense que a São Paulo
se especializou na Tijoleira...
Não é de todo verdade, mantivemos a nossa
série original e incrementámos a venda nos
PALOP, até porque o produto em Angola é
muito solicitado. Mas a nossa aposta e o que
traduziu verdadeiramente o crescimento
da São Paulo foi o porcelânico e foi com
esse produto que atingimos os mercados
da Europa, onde se situa o nosso mercado
nuclear.
Existe uma concorrência apertada nos
cerâmicos?
O mercado da cerâmica tem uma
concorrência apertadíssima, estamos em
mercados onde estão países com um
crescimento fabuloso, como a China, a
Turquia, a Indonésia e o Brasil que são
produtores muito fortes.
No entanto, o grande problema que este
sector enfrenta, de há dez anos a esta parte,
não tem só a ver com esse aumento de
concorrentes, bem como as crises cíclicas
que o mundo atravessa, como a actual,
que é a mais grave da história, mas tem
sobretudo a ver com a concorrência de
produtos.
A cerâmica, nomeadamente nos países do
sul, era um produto de utilização universal,
um apartamento podia levar cerca de 200
m2 e, através da introdução no mercado de
sucedâneos, de produtos como as madeiras,
as pedras, os linóleos, como pavimentos
contínuos, a cerâmica foi perdendo
intervenção no espaço. Teve de encontrar
formas naturais de reagir, copiando as
madeiras, as pedras, os linóleos, as superfícies
mates ou brilhantes e, nesse sentido, a
crise foi indutora de um comportamento
de inovação e de investigação, mas ainda
assim não deixou de perder intervenção e
foi uma perda dramática porque um prédio
que levava 4.000 m2 de cerâmica passou a
utilizar cerca de 1.000 m2. Esse é o grande
problema.
É evidente que o sector procurou outras
áreas de intervenção como as fachadas e
exteriores onde a São Paulo mais apostou
nos últimos anos, nomeadamente com os
porcelanicos, nos países do centro e norte
da Europa, onde o clima é mais frio e a
utilização desse produto no exterior se torna
indispensável porque é resistente ao gelo. Foi
esse o caminho traçado, tentando encontrar
forma de fazer face aos produtos que
concorrem com ela por um lado, e tentando
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48 ENTREVISTA
encontrar outras áreas de intervenção onde
esses produtos não são tão utilizados.
Tem-se conseguido sobreviver, mas
afiguram-se tempos difíceis porque a
construção na Europa vai passar muito e,
cada vez mais, pela recuperação de imóveis,
e a construção nova vai fazer-se cada vez
menos.
A tipologia de produtos influencia o
público-alvo da empresa?
A Cerâmica de São Paulo tem um projecto
que passa por crescer, o que se tem
verificado desde 2006 com a implementação
de uma gama de produtos com maior valor
acrescentado. O nosso crescimento não se
deveu à quantidade produzida, mas sim
ao preço médio apurado do produto, o
que arrastou a facturação global, sendo
que o público-alvo é a área residencial,
nomeadamente o consumidor final.
Em termos de volume de vendas que
oscilações têm existido nos últimos três
anos?
No período de 2007 para 2008 registámos
crescimentos na ordem dos 40% mas, neste
momento, penso que vamos terminar o
ano com uma facturação de 8,5 milhões
de euros, Em relação aos números de 2007
verifica-se uma perda no mercado doméstico
e isso foi superado com o crescimento no
mercado externo.
Hoje, a São Paulo é seguramente a fabrica
nacional que tem stocks mais modestos
porque nós, praticamente, vendemos o
que produzimos e atingimos a capacidade
máxima de produção, sem sacrificar o preço
médio dos produtos.
Há um factor que é transversal a todo o
mercado de produção de cerâmica, que é
a tal forte concorrência internacional, que
está a baixar os preços a um nível dramático
e, portanto, a nossa forma de contornar isso
é tentar fugir ao produto banal e explorar
nichos de produtos que ainda permitem
preços diferenciados e margens mais
alargadas.
Sei que existe uma política de expandir
o mercado da empresa. Como é que isso
se tem verificado?
É uma questão pertinente que temos
ajuizado com cuidado. Nós somos uma
fabrica pequena e a internacionalização e
diversificação dos mercados é um processo
bastante dispendioso. Temos optado por
garantir a solidificação e crescimento nos
mercados onde já estamos e, de forma
gradual, tentarmo-nos inserir noutros mais
próximos. Há que ter cautela nas apostas
que se fazem nos mercados emergentes
como a Rússia, que são imensos mas que
obrigam a um investimento muito elevado e
o retorno só se consegue num prazo muito
prolongado. Por exemplo, em Espanha
temos uma presença pequena e que
sofreu algum revés pelo crash no mercado
imobiliário espanhol, pelo que consideramos
que no próximo ano será a altura ideal para
aumentar a nossa pressão e tirarmos algum
resultado. É um mercado exigente, mas
que vê na cerâmica portuguesa garantias
de qualidade. Embora seja um país com
uma forte componente fabricante, só
um produto espanhol de gama alta pode
ser comparado a um produto nacional, o
que os obriga a preços mais elevados. Os
distribuidores espanhóis vêem com bons
olhos o concurso de fabricas portuguesas
porque nós vamos encarar a realidade
espanhola como um mercado externo e não
vamos pulverizar a nossa presença, e isso vai
dar território disponível aos armazenistas e
distribuidores para eles garantirem alguma
solidez no trabalho comercial que vão fazer
com o nosso produto.
A empresa tem uma forte componente
no mercado exterior. Pode traduzir essa
realidade em números?
A Cerâmica de São Paulo vende 30% do que
produz para o mercado nacional e 70% para
o exterior, onde se destaca a França com uma
taxa de 50%, os PALOP que apresentam
valores na ordem dos 25%, sendo que os
restantes 25% vão para mercados pontuais
com trabalhos muito específicos, como os
Estados Unidos e Canadá.
Como empresário e com experiência em
diversas situações de crises, nota alguma
diferença para a que atravessamos?
A diferença é total, anteriormente passámos
por crises domésticas com um envolvimento
interno, mas esta crise é global e acaba por
nos afectar de uma forma mais trágica. Para
além disso, as anteriores eram crises muito
conjunturais e passageiras e sempre com
possibilidades de compensarmos prejuízos
com as exportações, já que tínhamos uma
moeda fraca em relação ao dólar. Hoje, é
precisamente o contrário, porque o euro
está muito forte em relação ao dólar e com
isso é muito difícil entrar nos mercados
representados pela moeda americana. A
única coisa que defendeu o sector, nesta fase,
foi o facto de ele já estar internacionalizado,
porque se assim não fosse, desaparecia com
esta crise, porque era impossível manter-se
com 25% da sua produção.
Ao longo deste tempo como caracteriza
a economia portuguesa?
É evidente que a crise financeira global
acelerou e dramatizou a nossa realidade
porque temos uma economia com
problemas estruturais gravíssimos por
resolver e que está longe de ser moderna.
A maioria do nosso tecido empresarial é
composto por empresas muito frágeis que
não se modernizaram e que, sobretudo,
não se internacionalizaram. Por outro lado,
temos um estado pesadíssimo que consome
o pouco que nós conseguimos produzir e,
portanto, Portugal habituou-se a viver com o
dinheiro dos outros, que tem de ser rateado
porque há menos e porque têm medo de o
emprestar porque existe um elevado factor
de risco. Deixando de ter essa capacidade
de financiamento e não gerando o próprio
dinheiro suficiente entrámos numa crise
muito particular inserida nesta crise global.
Depreendo que é uma visão negativista
para o mercado europeu…
Em França temos mantido a nossa
facturação, verificou-se uma ligeira redução
nas quantidades vendidas, mas que foi
superada pelo valor acrescentado na
tipologia de produtos. As previsões apontam
para que a economia alemã cresça cerca
de 3,7%, tal como acontece em França e,
desse ponto de vista estamos optimistas. O
mercado francês é muito diferente do nosso
porque trabalham com planeamento, no
que respeita à escolha das referências que
vão comercializar no próximo ano e com
estimativas de compra, e considero que
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temos motivos para estar muito agradados,
em relação a 2011.
Como é que se verifica a adaptação
da empresa às mudanças técnicas e
tecnológicas constantes?
O investimento na nova fabrica, em 2004, foi
precisamente por sentirmos essa necessidade
e isso traduziu-se no crescimento do preço
médio dos produtos, pela capacidade de
produzirmos outra tipologia com uma
mais valia garantida. Temos uma unidade
de produção moderníssima de grande
rentabilidade, a empresa, ao nível dos
seus custos, é gerida com um extremo
cuidado porque operamos em mercados
muito competitivos, onde os preços são
muito importantes. Dessa conjuntura ainda
temos de tirar algum lucro, o que temos
conseguido, pelo que consideramos que
temos capacidade para enfrentar o futuro
através das nossas unidades de produção,
isso é indiscutível.
Sabemos que têm preocupação
ambiental, como é que a Natureza pode
cooperar com uma empresa que visa a
produção industrial?
A São Paulo foi das primeira cerâmicas em
Portugal que apostou na montagem de
uma Cogeração, nós produzimos energia
eléctrica, aproveitamos o calor desse gerador
a gás para atomizar o pó e desse ponto de
vista, é um ganho energético e ambiental
extraordinário. De resto, os nossos resíduos
são tratados numa ETAR, que felizmente
já são estruturas mais leves e modernas.
Mas esta é uma questão a ser estudada,
porque num mundo tão competitivo
existem concorrentes tão agressivos, como
a China e o Brasil, que não têm as mesmas
preocupações ambientais e há que lutar
pela transparência num bem que é comum,
com armas iguais.
A história da empresa está marcada nos
vossos produtos?
O nosso caminho começou pela série
original, depois iniciámo-nos na pasta
branca, com o formato 33x33. Por último,
apostamos nos porcelânicos, revestimento
e pavimento, com os rectificados e semi-
polidos. Enfim, temos já um portefólio
variado, tal como a nossa história, que
está escrita neste catálogo. Em relação
aos pergaminhos da empresa, vamos fazer
cinquenta anos e sempre adoptando uma
cultura com carácter no relacionamento
com os fornecedores, com os clientes e com
o mercado.
Como é que gostaria de ver a empresa
nos próximos dez anos?
A empresa precisa de investimentos que
estavam programados em 2007/2008 e
que a crise susteve, pelo que precisamos
de crescer num futuro próximo. Essa
é a nossa vontade, nomeadamente de
aumentar a produção na fabrica nova,
através da aquisição de outra prensa e de
uma nova linha de vidragem. Outro passo
extraordinariamente importante é de
um dia virmos a produzir a monoporosa,
o tradicional azulejo, porque é o nosso
próprio mercado e os nossos clientes que
nos motivam para essa resposta. Nós já
estamos no mercado francês com esse tipo
de produto, em regime de subcontratação,
mas confesso que gostaria que, num prazo
de dois ou três anos, tivéssemos uma fábrica
de revestimentos.
Ao longo da entrevista vejo um
observador atento a tudo o que o rodeia,
que vai para além de um responsável
comercial…
É uma empresa pequena num contexto
global em que os quadros são limitados,
pelo que existe uma comunhão das várias
áreas. Naturalmente que é ao Administrador
e presidente do Conselho de Administração,
Dr. João Megre, que cabe a definição das
principais linhas de desenvolvimento, mas
existe uma discussão permanente de um
projecto que felizmente é partilhado.
Gosta do que faz?
A cerâmica é extraordinariamente
interessante porque permite intervenções
a vários níveis. Por ser um mercado muito
competitivo obriga-nos a uma constante
vigilância, sobretudo, exercendo um
patriarcado de gosto e de design. Isso
encanta-me, o facto de nos ligarmos
pessoalmente ao produto real e de o
acompanharmos durante anos dá um
enorme prazer, fica registado na nossa
história.
Para finalizar, quer deixar alguma
mensagem?
Quero evidenciar o tal factor da
subcontratação que fazemos na área do
revestimento e que define um conceito
orientador num novo relacionamento entre
os produtores, que é a todos os níveis
desejável.
As fábricas têm vivido de costas voltadas e
olham para as outras fábricas apenas como
concorrentes e, se o sector quer assumir
uma postura internacional forte, tem de
saber juntar esforços porque temos de
perceber que uma fábrica no Brasil produz
mais do que o sector todo em Portugal.
É fácil constatar que se queremos ter
capacidade, o caminho não é o de dispersar
a nossa atenção por quinhentos produtos,
mas sim o de encontrar as sinergias de cada
um e integrarmos essa capacidade para
sermos melhores.
Porque o que vemos são cada vez mais
casinhas de materiais de construção que
não têm futuro e que pulverizam o mercado,
quando o remédio seria o de nos unirmos.
Nós queremos ter azulejo e produzi-lo,
mas enquanto não temos essa capacidade,
assumimos uma postura de subcontratação
com um concorrente e que, através dessa
união de esforços, passa a ser um parceiro
e, só desse modo, surgem depois uma série
de interesses comuns que são compatíveis.
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ENTREVISTA 51
Breves
Teatro, cinema, livros ou todos eles?Gosto muito de ler.
Autor favorito?Eça de Queirós.
Um monumento histórico?Mosteiro dos Jerónimos.
A cidade de eleição?Coimbra.
Uma viagem que sempre fica?Itália é a capital do mundo.
Uma pessoa que o tenha marcado?O meu pai.
Um provérbio que utilize? Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.
Um sonho realizado?A minha filha cresceu e é uma mulher independente.
Um sonho a realizar?Ter tempo para ler e viajar.
Defina sucesso?O sucesso não é um resultado e só se define com empenho.
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