avaliando a avaliação: análise da produção científica ... · nos anais do enanpad no período...

16
1 Avaliando a Avaliação: Análise da Produção Científica sobre Avaliação de Desempenho nos Anais do Enanpad no Período de 2005 a 2009. Autoria: Marcelo Nascimento, Fernando Filardi, Karoline Gonzalez Casas, Ademar Dutra RESUMO O tema de Avaliação de Empresas é um dos que mais evoluiu nos últimos anos, partindo dos modelos tradicionais de avaliação baseados em dados financeiros até os mais recentes baseados no tripé da sustentabilidade, onde são incorporados também indicadores sociais e ambientais. Este artigo tem por objetivo investigar e analisar o desenvolvimento do campo de estudo de avaliação de desempenho no Brasil, através do levantamento dos artigos publicados nos últimos cinco anos no principal encontro científico na área de Administração, o ENANPAD (Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração), buscando as principais tendências e abordagens deste campo de estudo, a partir de um estudo bibliométrico, no período compreendido entre 2005 e 2009. Esta investigação possui caráter descritivo e exploratório, com destaque para as abordagens que buscam ampliar o escopo dos estudos realizados utilizando o método bibliométrico. Foram encontrados 65 artigos, que foram classificados entre avaliação de desempenho da organização, avaliação de desempenho do indivíduo e avaliação de desempenho do mercado. Foi utilizado um critério de localização por palavra-chave para selecionar os artigos, utilizando as seguintes palavras: avaliação de desempenho do indivíduo, organização e mercado. Foram considerados apenas artigos que abordavam avaliação de desempenho. Como objetivos específicos deste artigo enquanto estudo bibliométrico, destacam-se: (i) identificar a quantidade de artigos publicados no ENANPAD; (ii) analisar as dimensões mais referenciadas na avaliação do desempenho; (iii) caracterizar a quantidade de artigos de avaliação de desempenho por esfera organizacional, considerando a pública e a privada; (iv) identificar a quantidade de artigos por abordagem metodológica; (v) identificar as Instituições de Ensino que detêm o maior volume de publicações sobre o tema pesquisado; e (vi) identificar a quantidade de artigos publicados por autor. Os resultados do estudo evidenciam que a dimensão ‘organizacional’ prevalece nas pesquisas de avaliação de desempenho, a esfera privada responde pela maior parte dos estudos em comparação com a esfera pública, a USP é a instituição com o maior volume de artigos publicados sobre o tema pesquisado, porém a autoria de artigos publicados possui dispersão entre um grande número de pessoas, demonstrando que os pesquisadores não vêm pesquisando de forma específica na área de avaliação de desempenho. A principal conclusão e contribuição que este estudo revela é que, com a análise dos artigos publicados sobre avaliação de desempenho nos últimos 5 anos, percebe-se na revisão da literatura que este tema tem sua origem nos primórdios da teoria administrativa, com métodos precários que visavam somente a obtenção e mensuração dos resultados financeiros. No entanto, com a evolução das teorias, agregada à experiência dos administradores, este foco vem mudando, e após o mapeamento das subáreas e temas mais recorrentes da área, observa-se que os estudos sobre avaliação de desempenho se dividiram em três grandes dimensões, que são os mecanismos e técnicas de avaliação da organização, do indivíduo e do mercado. 1. INTRODUÇÃO As organizações estão inseridas em ambientes competitivos e dinâmicos, onde precisam se adaptar às transformações que muitas vezes são rápidas e agressivas. Em busca de maior eficiência, as técnicas e mecanismos de avaliação de desempenho vêm se transformando em importantes instrumentos de medição e controle da gestão contemporânea, servindo como apoio aos gestores em suas tomadas de decisão.

Upload: ngoxuyen

Post on 07-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Avaliando a Avaliação: Análise da Produção Científica sobre Avaliação de Desempenho nos Anais do Enanpad no Período de 2005 a 2009.

Autoria: Marcelo Nascimento, Fernando Filardi, Karoline Gonzalez Casas, Ademar Dutra

RESUMO

O tema de Avaliação de Empresas é um dos que mais evoluiu nos últimos anos, partindo dos modelos tradicionais de avaliação baseados em dados financeiros até os mais recentes baseados no tripé da sustentabilidade, onde são incorporados também indicadores sociais e ambientais. Este artigo tem por objetivo investigar e analisar o desenvolvimento do campo de estudo de avaliação de desempenho no Brasil, através do levantamento dos artigos publicados nos últimos cinco anos no principal encontro científico na área de Administração, o ENANPAD (Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração), buscando as principais tendências e abordagens deste campo de estudo, a partir de um estudo bibliométrico, no período compreendido entre 2005 e 2009. Esta investigação possui caráter descritivo e exploratório, com destaque para as abordagens que buscam ampliar o escopo dos estudos realizados utilizando o método bibliométrico. Foram encontrados 65 artigos, que foram classificados entre avaliação de desempenho da organização, avaliação de desempenho do indivíduo e avaliação de desempenho do mercado. Foi utilizado um critério de localização por palavra-chave para selecionar os artigos, utilizando as seguintes palavras: avaliação de desempenho do indivíduo, organização e mercado. Foram considerados apenas artigos que abordavam avaliação de desempenho. Como objetivos específicos deste artigo enquanto estudo bibliométrico, destacam-se: (i) identificar a quantidade de artigos publicados no ENANPAD; (ii) analisar as dimensões mais referenciadas na avaliação do desempenho; (iii) caracterizar a quantidade de artigos de avaliação de desempenho por esfera organizacional, considerando a pública e a privada; (iv) identificar a quantidade de artigos por abordagem metodológica; (v) identificar as Instituições de Ensino que detêm o maior volume de publicações sobre o tema pesquisado; e (vi) identificar a quantidade de artigos publicados por autor. Os resultados do estudo evidenciam que a dimensão ‘organizacional’ prevalece nas pesquisas de avaliação de desempenho, a esfera privada responde pela maior parte dos estudos em comparação com a esfera pública, a USP é a instituição com o maior volume de artigos publicados sobre o tema pesquisado, porém a autoria de artigos publicados possui dispersão entre um grande número de pessoas, demonstrando que os pesquisadores não vêm pesquisando de forma específica na área de avaliação de desempenho. A principal conclusão e contribuição que este estudo revela é que, com a análise dos artigos publicados sobre avaliação de desempenho nos últimos 5 anos, percebe-se na revisão da literatura que este tema tem sua origem nos primórdios da teoria administrativa, com métodos precários que visavam somente a obtenção e mensuração dos resultados financeiros. No entanto, com a evolução das teorias, agregada à experiência dos administradores, este foco vem mudando, e após o mapeamento das subáreas e temas mais recorrentes da área, observa-se que os estudos sobre avaliação de desempenho se dividiram em três grandes dimensões, que são os mecanismos e técnicas de avaliação da organização, do indivíduo e do mercado. 1. INTRODUÇÃO As organizações estão inseridas em ambientes competitivos e dinâmicos, onde precisam se adaptar às transformações que muitas vezes são rápidas e agressivas. Em busca de maior eficiência, as técnicas e mecanismos de avaliação de desempenho vêm se transformando em importantes instrumentos de medição e controle da gestão contemporânea, servindo como apoio aos gestores em suas tomadas de decisão.

2

Segundo Nelly (2002), A avaliação do desempenho é um tópico muitas vezes discutido, mas raramente definido. Literalmente, consiste no processo de quantificar a ação passada, em que a avaliação é o processo de quantificação e a ação passada determina o desempenho atual. De acordo com Pereira (1993) Avaliar desempenho constitui um processo complexo que incorpora, além das características informativas necessárias para se julgar adequadamente um desempenho, requisitos essenciais para se integrar ao processo de gestão, em suas fases de planejamento, execução e controle. Dutra e Ensslin (2008), citam algumas ferramentas de avaliação de desempenho disponíveis como o BSC – Balanced Scorecard, os critérios da FNQ e o EVA – Economic Valeu Added, entre outros.

Van Bellen (2002) afirma que o objetivo principal dos indicadores é o de agregar e quantificar informações de uma maneira que sua significância fique mais aparente. Os indicadores simplificam as informações sobre fenômenos complexos tentando melhorar com isso o processo de comunicação.

A relevância deste estudo está fundamentada na importância que as metodologias de avaliação de desempenho passaram a ter no cotidiano das organizações, principalmente em face das mudanças no ambiente. Dutra (2003) a conceitua como uma das funções essenciais da prática ‘gerenciar’, pois não existe gerenciamento efetivo sem que o gestor de uma organização utilize um processo de medição do desempenho organizacional. A bibliometria tem suma importância na área acadêmica, nos dando uma percepção maior sobre o campo em que pesquisamos, segundo Campos, Adam e Moed, (apud Jarros, Dias e Muller, 2008), a bibliometria é uma disciplina recente que permite a pesquisadores e bibliotecários acompanhar o desenvolvimento de determinado campo do conhecimento, visando quantificar e qualificar os produtos científicos correspondentes.

Considerando o exposto, este trabalho será útil para pesquisadores e profissionais que buscam conhecimento sobre o tema avaliação de desempenho, oferecendo uma base de artigos analisados e devidamente classificados, além de mostrar as tendências e demonstrar as dimensões mais presentes na produção científica em questão.

Como objetivos específicos deste artigo enquanto estudo bibliométrico, destacam-se: (i) identificar a quantidade de artigos publicados no ENANPAD; (ii) analisar as dimensões mais referenciadas na avaliação do desempenho; (iii) caracterizar a quantidade de artigos de avaliação de desempenho por esfera organizacional, considerando a pública e a privada; (iv) identificar a quantidade de artigos por abordagem metodológica; (v) identificar as Instituições de Ensino que detêm o maior volume de publicações sobre o tema pesquisado; e (vi) identificar a quantidade de artigos publicados por autor.

Assim, esta pesquisa analisou o desenvolvimento dos campos de estudo de avaliação de desempenho no Brasil baseado em palavras-chaves com o objetivo de averiguar, através de um levantamento dos últimos cinco anos do principal encontro científico na área de administração, buscando as principais tendências e abordagens deste campo de estudo.

Neste trabalho, foi analisada a produção científica em Avaliação de Desempenho utilizando indicadores bibliométricos e na seqüência são desenvolvidos conceitos sobre avaliação de desempenho, do indivíduo, da organização e do mercado. A seguir é apresentada a metodologia adotada, os resultados da pesquisa realizada e a conclusão. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Na administração Clássica, no início do século XX, Taylor já utilizava métodos para

avaliar o desempenho dos funcionários, em busca da racionalização do trabalho. Segundo, Narducci, Villardi, Dubeux (2006), avaliar o desempenho, para Taylor, resumia-se em

3

controlar os tempos e movimentos dos funcionários em suas atividades visando alcançar a produtividade máxima.

A avaliação de desempenho passou por uma notável reestruturação e alteração de foco e utilização durante o nascimento e desenvolvimento da Escola de Relações Humanas, e começou a ser vista como um termômetro que permite auxiliar as decisões relacionadas a pessoas nas organizações. Robbins (2002) ressalta que a avaliação de desempenho é entendida como um instrumento que fornece subsídios informacionais para os subsistemas relacionados à Gestão de Pessoas, tais como compensação, treinamento, carreira e planejamento de recursos humanos, conceito fortemente validado nos dias de hoje.

Para Morgan e Strong (2003, p. 166), muitas foram as razões para a evolução da avaliação do desempenho empresarial rumo a um enfoque multidimensional, inicialmente, em função das crescentes dificuldades de obtenção de largas margens de lucro, o desempenho com base nos mercados passou a ser considerado como um importante direcionador para o crescimento futuro, com uma valorização de variáveis externas à organização, como vendas e penetração de mercado por exemplo. Em segundo lugar, a utilização de métodos compostos por dimensões distintas de avaliação permitiria que se percebessem as sutilezas das organizações perante uma crescente avidez de informações mais amplas por parte dos gestores, analistas e investidores. Finalmente, deve-se considerar a ascendência do papel do consumidor e das inovações feitas pelas organizações para atendê-los nas mais diversas frentes.

Avaliações no âmbito interno das organizações são fundamentais, pois somente avaliando é possível verificar o desempenho, assim podem ser avaliados colaboradores, rotinas e procedimentos, processo produtivo, entre outros. A avaliação de desempenho trabalha sob três enfoques principais: assegurar a conformidade das tarefas, verificar os resultados e questionar o processo buscando ações para ajustá-lo. Essas avaliações servem para verificar se a organização está gerando valor ou riqueza acima do custo de oportunidade e se os processos estão sendo realizados da maneira correta.

Isto ocorre porque todas as empresas buscam um objetivo comum, ter mais lucro sem utilizar mais capital, e só terão isso a partir do momento que conseguirem alinhar seus procedimentos internos de forma que não ocorra desperdício de tempo e dinheiro (Andy e Neely, 1998). Avaliando é possível encontrar falhas de desempenho e planos de ação para corrigi-los.

Entre as ferramentas e modelos de Avaliação de Desempenho mais recentes, podem ser citados o BSC – Balanced Scorecard, os critérios da FNQ – Fundação Nacional de Qualidade e o EVA – Economic Valeu Added, entre outros. Essas ferramentas ajudam as organizações a descobrirem: (a) o que é importante e o que não é; (b) o quão bem está se fazendo (status quo, perfil de desempenho); (c) o quanto falta para alcançar as metas e o benchmarking; e (d) se são necessárias mudanças e onde (DUTRA e ENSSLIN, 2008).

Daldegan, Oliveira e Lage (2009), alerta que avaliar desempenho é um assunto complexo e polêmico, que gera insatisfações, desconfortos e frustrações, tanto em organizações privadas como públicas. No entanto, apresenta duas razões pelas quais não se pode prescindir da avaliação de desempenho: primeiramente, pelo fato de ser uma necessidade de toda organização econômica que precisa selecionar, promover e excluir pessoas. Segundo, por possibilitar às pessoas a satisfação de determinadas necessidades, induzindo-as a apresentarem melhores desempenhos.

Enfim, é necessário compreender a melhor forma de utilização das técnicas de avaliação de desempenho, visto que se as mesmas forem utilizadas apenas com o fim de classificação e avaliação a partir de critérios normativos, analisando quem será o primeiro e o último, torna-se uma prática destrutiva que irá incitar a competição entre os funcionários. Para uma avaliação que contribua para com o desenvolvimento da organização e do colaborador, a

4

avaliação deve ter solidas bases na análise e não no controle. As novas abordagens devem deixar de basear-se somente no controle para se fundamentar na participação do empregado como auto-avaliador, transformando-o em atuante no processo e com foco no futuro, misturando assim o desempenho do colaborador com as necessidades da empresa.

Na sequência serão estudados os subtipos que surgiram após o mapeamento dos artigos publicados no período do estudo sobre avaliação de desempenho, onde são classificados em avaliação de indivíduos, da organização e do mercado.

2.2 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE INDIVÍDUOS

Dentre os tipos de avaliação de desempenho, tem-se a avaliação de indivíduos que parte da premissa do valor humano, Bergamini (1988) ressalta que a avaliação de desempenho deveria funcionar como uma oportunidade de entendimento entre as pessoas, por meio da atualização e revisão constante do seu próprio comportamento. Assim, observa-se que depende menos de métodos revolucionários e de instrumentos técnicos sofisticados e mais de um ambiente espontâneo, aberto e confiante.

O processo de feedback é essencial como instrumento de avaliação e nesse sentido, Rios e Santanna (2008), afirma que em essência, de um processo de feedback que pode representar um importante instrumento para o desenvolvimento do indivíduo, assim como motivar a criação de um ambiente favorável a relacionamentos, troca de experiências e desenvolvimento organizacional e pessoal. Robbins (1998) destaca o desconforto que muitos gerentes sentem em processos de feedback e diz que isto pode estar no fato de terem que confrontar um desempenho negativo e, muitas vezes, a postura defensiva do avaliado. Assim ressalta-se a importância de um ambiente construtivo e de se ter supervisores bem treinados. Aliado a este último aspecto, Bergamini (1988) afirma que o fundamental objetivo do treinamento de avaliadores deve ser o desenvolvimento da atitude do bom avaliador, o que pode implicar, inclusive, o desenvolvimento de características de personalidade adequadas à função.

Para reduzir esse desconforto em relação ao feedback, houve uma evolução da avaliação, usando a avaliação 360 graus, que com práticas mais participativas, utiliza como objetivo a extração do feedback de todos da organização. O desempenho e a satisfação são aumentados quando a avaliação é baseada em critérios orientados para resultados e quando o subordinado tem oportunidade de participar da avaliação (ROBBINS, 2002).

A avaliação de desempenho de indivíduos também tem suas dificuldades e limitações, e torna-se preciso tomar alguns cuidados com sua aplicação, pois no que diz respeito à compensação, seja ela através de salários ou para alavancagem profissional, essa sendo mal utilizada (utilizando de métodos complexos ou inexatos e critérios errados), levará a resultados errôneos ou que não demonstraram a realidade, podendo super ou subavaliar o desempenho do colaborador, trazendo consequências desastrosas e indesejáveis para a gestão de pessoas e consequentemente para a empresa. Além disso, a falta de informação e de suporte da alta administração poderá levar ao fracasso da avaliação na organização (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2003).

Por fim deve-se buscar avaliar com fins de crescimento profissional e não apenas como método de classificação entre quem é o primeiro e o último, e assim levando o colaborador a participar de todo o processo com mais ênfase, e com isso sendo mais vantajoso para a empresa.

5

2.3 - AVALIAÇÃO ORGANIZACIONAL

A avaliação de desempenho como visto anteriormente torna-se um instrumento fundamental na gestão das organizações frente ao ambiente cada vez mais competitivo e dinâmico, onde as empresas estão inseridas. A avaliação de desempenho organizacional, formulada através de indicadores de desempenho mensuráveis, se justifica pela sua relação direta com os controles gerenciais (LAVIERI; CUNHA, 2009). Conforme Halachmi (2005), aquilo que não é possível mensurar, não se pode entender, e consequentemente, o que é incompreensível, também não se pode controlar, e por fim, a conseqüência de ter dificuldades de controle é não poder melhorar. Sendo assim, a avaliação de desempenho é uma das ferramentas existentes para que se possa auxiliar no progresso do negócio.

Entre os principais modelos de avaliação de desempenho organizacional identificados na literatura estão o modelo de metas, modelo de processos internos, modelo de sistemas abertos e modelo de relações humanas.

Machado, Machado e Holanda (2007) confirmam que a mensuração do desempenho tem como objetivo principal ser um instrumento de gestão capaz de proporcionar um gerenciamento eficaz da organização, e este é dependente de uma série de variáveis, tais como: bases informativas, variáveis consideradas, critérios, conceitos e princípios adotados.

Dutra (2003) destaca que, sem as medidas de desempenho, os gestores de uma organização não possuem fundamentos consistentes para: (i) comunicar aos seus colaboradores as expectativas de desempenho esperadas pela organização; (ii) saber o que está acontecendo em cada área de atuação da organização; (iii) identificar os aspectos deficientes e/ou eficientes no desempenho da organização, gerando oportunidade de eliminação ou revisão destes; (iv) fornecer feedback aos colaboradores que demonstrarem um desempenho aquém do planejado pela organização; (v) identificar os aspectos que apresentam melhor desempenho; e (vi) tomar decisões baseadas em informações sólidas, transparentes, que possam ser justificadas.

Com isso a avaliação é influenciada principalmente pelos objetivos e as metas da empresa, que se refletem no exercício do controle e estão correlacionados com as fases de execução e planejamento das atividades da empresa.

No início da década de 1990, surge um dos modelos mais populares e difundidos, o Balanced Scorecard criado por Kaplan e Norton. O BSC é um instrumento que mede o desempenho organizacional em quatro perspectivas – a financeira, a do cliente, a dos processos internos da empresa, e a do aprendizado e crescimento –, permitindo o acompanhamento da performance financeira e o monitoramento e ajustamento da estratégia. A perspectiva financeira no BSC agrupa medidas de desempenho que indicam se a estratégia de uma organização e a sua implementação estão contribuindo para os seus resultados financeiros.

Após a contextualização sobre a avaliação de desempenho organizacional, apresenta-se, na seqüência, a contextualização sobre avaliação de desempenho de mercado.

2.4 – AVALIAÇÃO DE MERCADO

A avaliação de mercado parte de vários indicadores para se chegar a um resultado, Matarazzo (2003) defende que trabalhar com indicadores é a técnica de análise mais empregada, e sua característica fundamental é fornecer uma visão ampla da situação econômica e financeira da empresa. Para ele, os grupos de indicadores mais utilizados na avaliação de desempenho das empresas são: estrutura de capitais, liquidez e rentabilidade.

6

A avaliação da organização perante o mercado surge dos indicadores que são citados pelos autores Matarazzo (2003), Iudícibus (1998), Silva (2005), com ênfase principalmente em Matarazzo. De forma breve os esses índices classificam-se em: • Indicadores de estrutura - representam o monitoramento do grau de endividamento, o nível de imobilização, e também a capacidade financeira da entidade; • Indicadores de liquidez - representam o instrumento de medida da capacidade da entidade em honrar seus compromissos de curto e longo prazo, nos casos de liquidez corrente e liquidez geral; • Indicadores de rentabilidade - A lucratividade assume grande importância nas análises, dada sua relação com a sobrevivência das entidades. O indicador de rentabilidade expressa a atratividade financeira do setor, indicando se os riscos incorridos na operação estão sendo adequadamente remunerados; • Indicadores operacionais ou de custos assistenciais - O indicador operacional evidencia o quanto a empresa gasta para colocar seus produtos à disposição do consumidor. Cada empresa e cada setor econômico terão seu indicador operacional próprio. Nos últimos anos as empresas buscam a redução do seu indicador operacional. Para assegurar a competitividade, a redução de custos passou a ser uma estratégia fundamental. (SCHRICKEL, 1999).

Segundo a pesquisa KPMG LLP (2001) realizada com líderes que representavam organizações globais, num encontro com membros do MIT – Massachusetts Institute of Tecnology, em 1999, indica a necessidade de uma nova geração de sistemas e ferramentas de medição de desempenho. 3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Conforme a classificação de Marconi e Lakatos (1990) e Chizzotti (1991) a pesquisa

realizada é de natureza exploratória e descritiva, ou seja, exploratória, pois envolve a pesquisa bibliográfica enquanto busca de ampliação e aprofundamento de conhecimentos que irão auxiliar a formação do referencial teórico e para elaborar a fundamentação dos resultados; e descritiva porque se propõe a observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos, sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule. A pesquisa do tipo exploratória procura descobrir, com precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com os outros, sua natureza e características. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados e assume, em geral, a forma de levantamento.

Esta pesquisa pretende descrever e analisar fatos e fenômenos da realidade com enfoque quantitativo qualitativo, Flick (2009), diz que a pesquisa qualitativa e a quantitativa não são opostos incompatíveis que não devam ser combinados. O presente artigo foi desenvolvido por meio de levantamento de dados, através de análises dos artigos publicados no ENANPAD no período entre 2005 a 2009, sendo que essa abordagem foi adotada, buscando conhecer os assuntos publicados sobre avaliação de desempenho dos artigos analisados, bem como identificar quais assuntos mais citados.

A presente pesquisa adota uma abordagem qualitativa-quantitativa, pois a análise realizada procura identificar características da produção científica e utiliza meios estatísticos para tabular os dados e informar os resultados. Por meio das técnicas qualitativas é possível interpretar os resultados e ampliar o conhecimento; por meio das técnicas quantitativas, é possível embasar as informações qualitativas com o apoio de métodos estatísticos (RICHARDSON, 1999).

Primeiramente a bibliometria foi voltada para a medida de livros (quantidade de edições e exemplares, de palavras contidas nos livros, espaço ocupado pelos livros nas bibliotecas), gradativamente foi se voltando para o estudo de outros tipos de produção

7

bibliográfica, como artigos de periódicos e outros tipos de documentos, e consequentemente, também, da produtividade de autores e do estudo de citações.

Segundo Ferreira (apud Pizzani, Silva e Hayashi, 2008), a realização de estudos na perspectiva da avaliação da produção científica justifica-se pela importância de levantar a produção científica da área, compilando a bibliografia existente nas bases identificando temas em que há produção significativa e realizando uma revisão crítica para identificar possíveis linhas de pesquisas prioritárias e para aumentar o intercâmbio entre profissionais e a disseminação da produção científica na comunidade.

Percebe-se, dessa forma, que a bibliometria vem se consolidando como método de estudo dentro de uma preocupação com leituras mais ricas da realidade, mais atentas às reivindicações contemporâneas do pensamento complexo (MORIN, 2001). Este estudo teve como objetivos analisar a visibilidade da produção científica na área de avaliação de desempenho, presente na base de dados do ENANPAD e produzir indicadores bibliométricos que melhor caracterizem a representação desta produção em base de dados da administração. Os dados analisados serviram para identificar as temáticas abordadas, verificar a autoria geográfica, o ano de publicação, os autores, entre outros.

Como objetivos específicos deste artigo enquanto estudo bibliométrico, destacam-se: (i) identificar a quantidade de artigos publicados no ENANPAD; (ii) analisar as dimensões mais referenciadas na avaliação do desempenho; (iii) caracterizar a quantidade de artigos de avaliação de desempenho por esfera organizacional, considerando a pública e a privada; (iv) identificar a quantidade de artigos por abordagem metodológica; (v) identificar as Instituições de Ensino que detêm o maior volume de publicações sobre o tema pesquisado; e (vi) identificar a quantidade de artigos publicados por autor.

Foram encontrados 65 artigos, que foram classificados entre avaliação de desempenho da organização, avaliação de desempenho do indivíduo, avaliação de desempenho do mercado, avaliação de desempenho da organização e do indivíduo, avaliação de desempenho da organização e do mercado e avaliação de desempenho do indivíduo e do mercado. Foi utilizado um critério de localização por palavra-chave para selecionar os artigos, utilizando as seguintes palavras: avaliação de desempenho do indivíduo, organização e mercado. Foram considerados apenas artigos que abordavam avaliação de desempenho.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A amostra de periódicos selecionados do ENANPAD para este estudo indica que a

produção científica brasileira em administração voltada para o tema de avaliação de desempenho se manteve oscilando a cada ano do período estudado, havendo um pequeno aumento no ano de 2007. Levando em conta o ano de 2005, início do levantamento, e 2009, último ano analisado, a produção científica sobre avaliação de desempenho, diminuiu aproximadamente 28,7% no periódico selecionado. Os detalhes dessa evolução cronológica estão demonstrados na Tabela 1 e Figura 1.

Observa-se na Tabela 1 e na Figura 1 que o maior número de publicações em todo o período analisado, foi em 2007, se destacando com 27,69% dos artigos analisados no período, que perfazem o total de 65 artigos publicados no ENANPAD sobre o tema de avaliação de desempenho. Embora haja um salto em 2007, há pouca variação de um ano para o outro demonstrando que é constante o número de publicações.

8

Tabela 1: Produção acadêmica de avaliação de desempenho por ano, quantidade e porcentagem

Por ano Quantidade %

2005 14 21,54%

2006 10 15,38%

2007 18 27,69%

2008 13 20,00%

2009 10 15,38%

Total 65 Fonte: Elaborada pelos autores

Figura 1: Quantidade de artigos de avaliação de desempenho por ano

Fonte: Elaborada pelos autores A Figura 2 contempla os artigos selecionados para esta pesquisa por dimensão analisada, sendo dividida em três perspectivas: organização, mercado e indivíduo.

Observa-se na Figura 2 que o maior número de publicações em avaliação de desempenho está voltado para avaliação da organização, chegando a 51% da totalidade dos artigos analisados, sendo mais da metade dos artigos avaliando as organizações, totalizando 33 artigos. A avaliação de indivíduos segue com 28% contra os 21% da avaliação de mercado, somando assim, 18 artigos sobre avaliação do indivíduo e 14 artigos sobre avaliação do mercado. Acompanhando a tabela 2 percebe-se que somente no ano de 2006 ocorre uma queda substancial na publicação de artigos relacionados à avaliação da organização, chegando a mais de 50% de diferença se comparado a outros anos.

9

Figura 2: Artigos por dimensão analisada

Fonte: Elaborada pelos autores

Tabela 2: Produção Acadêmica de Avaliação de Desempenho por Dimensão e Ano

Organização Mercado Indivíduo

2005 8 3 3

2006 3 4 3

2007 8 5 5

2008 7 1 5

2009 7 1 2

Total 33 14 18 Fonte: Elaborada pelos autores

Dando seqüência à pesquisa, uma importante análise diz respeito à classificação das esferas organizacionais às quais os artigos se referem, conforme se encontra ilustrado na Figura 3. A Figura 3 não deixa dúvida que a esfera privada é objeto de estudo da grande maioria dos artigos presentes na amostra com 72% dos estudos analisados, complementado pelos estudos sobre a esfera pública com 28%. Conforme Müller (2003) expõe, a exemplo de outras contribuições da ciência da Administração, os modelos de avaliação de desempenho foram inicialmente desenvolvidos dentro de instituições de natureza privada, o que torna essas práticas mais rotineiras em empresas do âmbito privado. Esse fato explica porque há um maior número de pesquisadores que focam suas pesquisas para a iniciativa privada.

A tendência a uma maior concentração dos estudos sobre a avaliação de desempenho na esfera privada se manteve conforme já havia sido verificado pelos autores Lyrio; Ensslin e Dutra (2007), que concluíram que a maior parte dos artigos de avaliação de desempenho diz respeito à área privada.

10

Figura 3: Artigos por esfera organizacional

Fonte: Elaborado pelos autores

Na Tabela 3 observa-se a cronologia da produção acadêmica de avaliação de desempenho por esfera organizacional. Tabela 3: Produção acadêmica de avaliação de desempenho por esfera organizacional e Ano

2005 2006 2007 2008 2009 total

Privada 10 4 17 10 6 47 Pública 4 6 1 3 4 18 Total 14 10 18 13 10 65

Fonte: Elaborada pelos autores

Na Tabela 3 percebe-se que 47 artigos da amostra abordam o setor privado e apenas 18 o setor público. Embora os estudos apresentem predominância na esfera privada, Drucker (2002) revela que as organizações públicas têm um caráter estratégico para o desenvolvimento econômico, social, cultural e político de um povo. Assim, com as mudanças ocorrendo em todas as esferas da sociedade e com a importância dos serviços prestados por organizações públicas sendo cada vez mais reconhecido, esforços têm sido empreendidos para melhorar o desempenho de tais organizações. Com base nos dados e análises percebemos que embora a esfera privada tenha um grande volume de publicações, a esfera pública tem suma importância para a economia, sendo que em 2006 teve mais publicações nessa esfera do que na privada.

Outra variável pesquisada diz respeito à abordagem metodológica adotada em cada artigo analisado, como se vê na Figura 4, predominando artigos estudo de casos, seguidos pelos empíricos e em último os artigos teóricos.

Analisando a Figura 4, percebemos que a abordagem científica mais utilizada é o estudo de caso, chegando a 46%, seguido do estudo empírico com 32% e o estudo teórico com 22% do total de artigos analisados.

11

Figura 4: Artigos por Abordagem Metodológica

Fonte: Elaborada pelos autores

Na Tabela 4, é possível visualizar a análise quanto à abordagem metodológica distribuída no período analisado, e percebe-se que a quantidade de artigos com a abordagem metodológica em estudo de caso, embora mais numerosa, decaiu no período analisado de 9 artigos publicados no ano de 2005 para 4 no ano de 2009, perfazendo um total de 30 artigos. Já a abordagem metodológica empírica aumentou bastante sua participação se comparada ao ano de 2005, se estabilizando entre 4 e 6 estudos por ano, somando 21 artigos publicados. A abordagem metodológica teórica não mantém grandes alterações nos períodos analisados, somando 14 artigos publicados no total do período.

Tabela 4: Produção acadêmica de avaliação de desempenho por abordagem metodológica e

Ano

Estudo de caso Empírico Teórico % Total

2005 9 1 4 21,54%

2006 3 5 2 15,38%

2007 10 6 2 27,69%

2008 4 5 4 20,00%

2009 4 4 2 15,38%

Total por ano 30 21 14 100,00% Fonte: Elaborada pelos autores

A seguir, a Tabela 5 apresenta a quantidade de artigos publicados por autor.

Tabela 5: Produção de avaliação de desempenho por autor Autores com mais publicações Número de artigos

Flavio Hourneaux Junior 3 Hamilton Luiz Corrêa 3 Vitor Hugo Bernstorff 3 Alfredo Benedito Kugeratski Souza 2 Auster Moreira Nascimento 2 Eloise Helena Livramento Dellagnelo 2 Tania Regina Sordi Relvas 2 Sadi Dal Rosso 2

Fonte: Elaborada pelos autores

12

A Tabela 5 destaca os autores com o maior número de publicações entre os anos de 2005 a 2009 sobre o tema avaliação de desempenho no ENANPAD, sendo que dos 8 autores relacionados, três respondem pelo maior número de artigos, ou seja, 3 artigos cada um, sendo dois autores representando a USP e o outro a UNB.

Constata-se ainda que não existem grandes expoentes nessa área de investigação, mas sim muitos pesquisadores que publicaram artigos sobre o tema, tendo em vista que foram encontrados 141 autores diferentes, considerando-se que e a maioria dos artigos analisados tinham menos de 4 autores. Isto demonstra que a área de avaliação de desempenho não tem sido muito focada pelos estudiosos e pesquisadores, que nesse caso devem se dedicar a mais de uma área de pesquisa.

Figura 5: Produção acadêmica de avaliação de desempenho por instituição

Fonte: Elaborada pelos autores

13

Na Figura 5 é apresentada à produção acadêmica por instituição de ensino no período analisado nesta pesquisa, e constata-se que a Universidade de São Paulo (USP) detém a hegemonia produzindo e apresentando o maior número de artigos publicados sobre o tema avaliação de desempenho, tendo envolvimento em 23 artigos, o que corresponde a 35,38% do total de artigos da amostra pesquisada. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aparece na 2ª posição com participação em 9 artigos (13,85% da amostra) e a FGV-RJ com colaboração em 6 artigos (9,23% da amostra).

Os dados verificados revelam que a USP é o maior centro de pesquisas de avaliação de desempenho do país, a julgar pelo elevado número de pesquisas realizadas com foco nessa temática e dentro dos limites da presente pesquisa.

Assim, considerando o objetivo do presente estudo e as variáveis selecionadas para fins de análise, constatou-se que: (i) foram publicados 65 artigos sobre o tema avaliação de desempenho no ENANPAD no período estudado; (ii) a dimensão ‘organizacional’ prevalece nas pesquisas de avaliação de desempenho, ou seja, a análise de desempenho da organização como um todo é a mais adotada; (iii) a esfera privada aparece com participação muito superior à esfera pública no alvo das pesquisas sobre avaliação de desempenho; (iv) predominam artigos de estudo de caso; (vi) a USP é a instituição com o maior volume de artigos publicados sobre o tema pesquisado; e, (vii) a autoria dos artigos publicados possui dispersão entre um grande número de pessoas, demonstrando que os pesquisadores não vêm pesquisando de maneira concentrada sobre a área de avaliação de desempenho. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisar a produção científica de um determinado campo do saber se mostra um exercício de investigação que revela a evolução dos conceitos chave, dos temas abordados, das ênfases propostas e das conclusões e contribuições para a ciência, neste caso da administração e da avaliação de desempenho.

Os resultados de uma análise bibliométrica revelam uma visão panorâmica sobre a pesquisa científica registrada na literatura até o momento em que é realizada, e tendem a ampliar a discussão sobre os temas pesquisados, desvendar lacunas de pesquisa inexploradas, campos carentes de investigação mais aprofundada, além de apresentar novos problemas e novas questões de pesquisa.

No estudo apresentado na forma deste artigo procedeu-se um levantamento bibliométrico da produção científica da área de avaliação de desempenho no Brasil, baseado na análise dos 65 artigos publicados no principal evento de pesquisa em pós-graduação do país, o ENANPAD, entre os anos de 2005 e 2009.

Com relação à quantidade de artigos publicados na área destaca-se o ano de 2007, com 18 artigos, representando 27,69% do total dos artigos analisados no período. A área de avaliação de desempenho apresenta forte oscilação entre os anos analisados e uma tendência de redução da quantidade de artigos apresentados se reforça, visto que após 2007, que foi o pico da produção científica sobre o tema, no ano de 2008 contempla 13 artigos nos anais e em 2009 apenas 10, cabendo nova análise dos próximos anos para confirmar tal tendência.

Outra consideração relevante que o estudo demonstrou foi a elevada concentração dos estudos na esfera privada que aparece como objeto de pesquisa em 72% dos estudos analisados e parece demonstrar que as organizações privadas estão mais abertas e mais propensas a avaliação de desempenho do que o setor público, seja por questões culturais, estruturais ou políticas.

Ainda sobre este tópico é importante ressaltar que a mesma função que a investigação sobre avaliação de desempenho nas empresas privadas tem deveria se aplicar também às instituições públicas, qual seja de informar e dar transparência aos seus clientes, usuários,

14

acionistas, fornecedores, e a todos os stakeholders da sua cadeia produtiva, portanto surge aqui uma lacuna importante para novas e profundas pesquisas sobre a avaliação de desempenho nas instituições públicas.

No tocante à abordagem metodológica foi possível verificar que os estudos de caso detêm a preferência entre os pesquisadores da área, chegando a 46% do total de pesquisas apresentadas, seguidos do estudo empírico com 32% e do estudo teórico com 22% do total de artigos analisados. Estes resultados reforçam o caráter e a natureza prática dos temas ligados à avaliação de desempenho, mas revela também carência de estudos comparativos, reflexivos e teóricos sobre a área.

Cabe destacar que a distribuição da produção acadêmica está ainda concentrada em poucas instituições, com as seis maiores sendo responsáveis por mais de 76% do total de artigos, ou seja, juntas USP, UFSC, FGV-RJ, PUC-PR, UFMG e UNB responderam por mais de três quartos das publicações no período, entretanto a autoria dos estudos publicados possui dispersão entre um elevado número de autores, demonstrando que a área ainda se encontra aberta e os temas ainda continuam em discussão.

A principal conclusão e contribuição que este estudo revela é que, com a análise dos artigos publicados sobre avaliação de desempenho nos últimos 5 anos, percebe-se na revisão da literatura que este tema tem sua origem nos primórdios da teoria administrativa, com métodos precários que visavam somente a obtenção e mensuração dos resultados financeiros. No entanto, com a evolução das teorias, agregada à experiência dos administradores, este foco vem mudando, e após o mapeamento das subáreas e temas mais recorrentes da área, observa-se que os estudos sobre avaliação de desempenho se dividiram em três grandes dimensões, que são os mecanismos e técnicas de avaliação da organização, do indivíduo e do mercado.

O maior número de publicações, representando mais da metade dos artigos do escopo de pesquisa, versou sobre a dimensão de avaliação da organização totalizando 33 artigos, o que parece apontar para uma visão mais tradicional dos estudos que pretendem avaliar o desempenho da empresa, deixando e segundo plano a avaliação de indivíduos que a compõe com 18 artigos, e ainda a dimensão da avaliação de mercado que aparece com 14 artigos do total.

Como indicação para pesquisas futuras destaca-se: (i) ampliar o intervalo de investigação dos estudos publicados, visando verificar o aumento ou queda na quantidade de artigos apresentados; (ii) expandir a quantidade de meios de publicação pesquisados, contemplando outros anais de eventos e periódicos classificados como ‘A’ no Sistema Qualis/CAPES; (iii) acompanhar e explorar as discussões sobre a avaliação de desempenho no setor público.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERGAMINI, C. W. Avaliação de Desempenho Humano na Empresa. São Paulo: Atlas, 1988. BOHLANDER, G.; SNELL, S.; SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991. DALDEGAN, J.; OLIVEIRA, M. R. C. T.; LAGE, E.L. Avaliação de Desempenho no Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais: Uma Análise do Modelo Atual e dos Desafios para sua Adequação às Premissas do Choque de Gestão. In: XXXIII ENCONTRO DA ANPAD, 2009, São Paulo. XXXIII ANPAD, 2009.

15

DUTRA, Ademar. Metodologia para Avaliar e Aperfeiçoar o Desempenho Organizacional: Incorporando a Dimensão Integrativa à MCDA Construtivista- Sistêmico-Sinergética. 2003. 320 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. ENSSLIN, Sandra Rolim; DUTRA, Ademar; ENSSLIN, Leonardo; PETRI, Sérgio Murilo; PETRI, S. M. Avaliação e Mensuração do Desempenho Organizacional: proposta de um estudo de caso em órgãos públicos. In: XVI ENANGRAD, 2005, Belo Horizonte. XVI ENAGRAD, 2005. FLICK, Uwe. Introdução a pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Armed, 2009. HALACHMI, A. Performance Measurement is the Only Way of Managing Performance. International Journal of Productivity and Performance Management, v. 54, n. 7, pp. 502- 516, 2005. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. JARROS, Rafaela Behs; DIAS, Hericka Zogbi J.; MULLER, Marisa Campio et al. Estudo bibliométrico da produção brasileira na interface da psicologia com espiritualidade-religiosidade. Psic, v. 9, p. 251-258, dez. 2008. KPMG LLP. Achieving Measurable Performance Improvement in a Changing World: the search for new insights. USA,White Paper, 2001. LAVIERI, C. A.; CUNHA, J. A. C. A Utilização da Avaliação de Desempenho Organizacional em Franquias. ENANPAD, São Paulo/SP, 2009. LYRIO, M. V. L.; ENSSLIN, L.; DUTRA, A.. Avaliação de desempenho em organizações públicas: análise de uma amostragem de publicações acadêmicas nas áreas de administração e contabilidade de 2002 a 2006. In: XIV CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 2007, João Pessoa. CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 2007. MACHADO, Márcia Machado; MACHADO, Márcio André; HOLANDA, Fernanda Marques. Indicadores de Desempenho Utilizados pelo Setor Hoteleiro da Cidade de João Pessoa/PB: um estudo sob a ótica do Balanced Scorecard. Turismo – Visão e Ação, v. 9, n. 3, p. 393-406, set./dez. 2007. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1990. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. São Paulo: Atlas, 2003. MORGAN, R.E.; STRONG, C. A. Business performance and dimensions of strategic orientation. Journal of Business Research, 56, p. 163-176, 2003. MORIN, Edgar. O método II: a vida da vida. Porto Alegre: Sulina, 2001.

16

MÜLLER, C. J. Modelo de Gestão Integrando Planejamento Estratégico, Sistemas de Avaliação de Desempenho Gerenciamento de Processos (MEIO – Modelo de Estratégias, Indicadores e Operações). 2001. 292 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção – PPGEP, Universidade Federal do Rio Grande Sul – UFRGS, Porto Alegre, 2003. NARDUCCI, V.; VILLARDI, B. Q.; DUBEUX, V. Uma Proposta de Análise Quantitativa da Avaliação de Desempenho por Competências para minimizar as restrições culturais do Poder Judiciário ao Modelo de Administração Pública Gerencial: O Caso de um Tribunal de Justiça. ENANPAD, Salvador/BH, 2006. NELLY, ANDY. Avaliação de Desempenho das Empresas – Porquê, o quê e como. Lisboa: Caminho, 2002. PEREIRA, Carlos Alberto. Estudo de um Modelo Conceitual de Avaliação de Desempenhos para Gestão Econômica. 1993. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 1993. PIZZANI, Lucian; SILVA, Rosemary C.; HAYASHI, Maria C. P. I. Bases de dados e bibliometria: a presença da Educação Especial na base Medline. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 4, n.1, p. 68-85, jan./jun. 2008. REIS, Germano Glufke. Avaliação 360 graus. São Paulo: Atlas, 2003. RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo. Atlas: 1999. RIOS, I. V.; SANTANNA, A. S. Integração entre Metodologias de Avaliação de Desempenho Organizacional e Individual: Um Estudo em Instituição Financeira. ENANPAD, Rio de Janeiro/RJ, 2008. ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. Rio de Janeiro: LTC, 1998. SCHRICKEL, W. K. Demonstrações financeiras: abrindo a caixa-preta: como interpretar balanços para a concessão de empréstimos. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1999. SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005. VAN BELLEN, Hans Michael. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Um Levantamento dos Principais Sistemas de Avaliação. ENANPAD, Curitiba/PR, 2002.