aula 5-descartes-e-o-racionalismo

19
Aula 5 Descartes e o Racionalismo

Upload: rafael-soares

Post on 11-Jul-2015

288 views

Category:

Economy & Finance


9 download

TRANSCRIPT

Page 1: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Aula 5 Descartes e o Racionalismo

Page 2: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Algumas perguntas...

Qual é a fonte de nossos conhecimentos?

É possível confiar em quem nos engana uma vez?

Como podemos ter certeza de que

estamos acordados e que

tudo o que vivemos não é um

sonho?

Page 3: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Quem é o sujeito?

Passamos agora por mais uma virada na

história, a chegada da filosofia moderna.

É com o francês René Descartes (1596 – 1650) que veremos como isso

começa. Fonte: FRATESCHI, Yara. “Revolução Científica,

Mecanicismo e Método do Conhecimento”. In: Curso de

Filosofia Política. São Paulo: Atlas, 2010

Page 4: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Um velho conhecido.Descartes é (ou será) seu

conhecido pelas suas importantes conquistas no

campo da matemática.

De onde você acha que vem o plano cartesiano?

O filósofo também contribuiu com a

Física (na Óptica) e com a Astronomia

Page 5: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

É preciso método para conhecer.Descartes, contudo, é também aquele quem define ométodo de investigação das ciências modernas, ouseja, como elas procedem para conhecer a natureza.

Como podemos ser capazes de separar os conhecimentos seguros, corretos e verdadeiros

daqueles falsos e enganosos?

Bastaria aceitar que o conhecimento

vem de Deus e que temos de aceitá-lo

apenas pela fé, como diziam alguns

filósofos medievais?

Page 6: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Com ele uma nova e importante forma de se perguntar sobre o conhecimento surge:

como é possível o conhecimento da verdade pelo homem?

O problema central não é mais saber definir o que ascoisas são (pergunta pelo OBJETO), mas antes comonós podemos conhecê-las (pergunta pelo SUJEITO).

A busca pela certeza.

SUJEITO OBJETO

Como as coisas são conhecidas?

Como conhecemos as coisas?

Page 7: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Sozinho no seu quarto...Sem mais o que fazer, Descartes inaugura a Filosofia do Sujeito.

... Não encontrando nenhuma conversação que me divertisse e não tendo, além disso, por felicidade, preocupações ou paixões que me perturbassem, ficava todo o dia fechado sozinho num cômodo

aquecido por uma estufa onde dispunha de todo o tempo para me entreter com meus pensamentos

Veremos como no Discurso do método parabem conduzir a razão e procurar a verdadenas ciências (1637) Descartes se ocupa disso.

Page 8: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Entrando no DiscursoNote que este método de Descartes terá namatemática um modelo, pois esta é capaz deencontrar certezas fixas e imutáveis.Descartes é influenciado pelo desenvolvimentocientífico do renascimento e do surgimento de umaconcepção mecanicista do mundo e do homem.De acordo com o método para conhecer é preciso:1. Clareza e distinção (não tomar como

verdadeiro o que não eu não puder provar comotal).

2. Análise (dividir um problema em quantas partefor possível).

3. Ordem (conduzir os pensamentos a partir doque há de mais fácil até o mais complexo).

4. Enumeração (enumerar de modo completopara não perder nada do que se quer conhecer).

Page 9: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Da dúvida ao cogito.Problema de partida: encontrar um caminho seguro para asciências (garantir que é possível o conhecimento verdadeiro)

Arma: a dúvida radical e hiperbólica (se algumconhecimento for duvidoso, será tomado como falso. Algoresistirá?)

Cogito, ergo sum: a condição para se duvidar é opensamento. Este não pode ser colocado em dúvida. Opensar é a primeira certeza penso, logo existo

O conhecimento parte da razão: racionalismo

Garantia dos nossos conhecimentos: Deus (ele existe e énecessário que exista)

Podemos pensar nas ideias de infinito e perfeição, mas deonde tais ideias vem, se não vem dos sentidos e nem de nósmesmos, que somos imperfeitos e finitos?

Se podemos saber que Deus existe, é possível oconhecimento de objetos metafísicos.

OBS: Sobre Deus: ver 2º exercício de vestibular

Page 10: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Trabalhando com o texto – Discurso do Método

Na leitura da quarta parte doDiscurso do Método a seguirprocure identificar os passos daargumentação de Descartes. Asseguintes perguntas podem servircomo guia de leitura. Mas só pensenelas após uma primeira leitura dotexto.• Qual o problema colocado por

Descartes?• O que é necessário afastar na

busca por seu objetivo? Por queDescartes segue a ordem quesegue?

• O que Descartes conseguealcançar de certo e seguro?

Lembre-se, a divisão do texto podeauxiliar sua compreensão!

Page 11: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

QUARTA PARTE

[1] Não sei se deva falar-vos das primeiras meditações que aí realizei; pois são tãometafísicas e tão pouco comuns, que não serão, talvez, do gosto de todo mundo. E,todavia, a fim de que se possa julgar se os fundamentos que escolhi são bastante firmes,vejo-me, de alguma forma, compelido a falar-vos delas. De há muito observará que,quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos serem muitoincertas, tal como se fossem indubitáveis, como já foi dito acima; mas, por desejarocupar-me somente com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário agirexatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em quepudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meucrédito, que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos nosenganam às vezes, quis supor que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nosfazem imaginar. E, porque há homens que se equivocam ao raciocinar, mesmo no tocanteàs mais simples matérias de Geometria, e cometem aí paralogismos, rejeitei como falsas,julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razões que eu tomaraaté então por demonstrações. E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentosque temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem quehaja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisasque até então haviam entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusõesde meus sonhos. Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar quetudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E,notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas asmais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei quepodia aceita-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.

Trabalhando com o texto – Discurso do Método

Page 12: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

[2] Depois, examinado com atenção o que eu era, e vendo quepodia supor que não tinha corpo algum e que não haviaqualquer mundo, ou qualquer lugar onde eu existisse, mas quenem por isso podia supor que não existia; e que, ao contrário,pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade dasoutras coisas, seguia-se mui evidente e mui certamente que euexistia; ao passo que, se apenas houvesse cessado de pensar,embora tudo o mais que alguma vez imaginara fosseverdadeiro, já não teria razão alguma de crer que eu tivesseexistido; compreendi por aí que eu era uma substância cujaessência ou natureza consiste apenas no pensar, e que, paraser, não necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquercoisa material. De sorte que esse eu, isto é, a alma, pela qualsou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e, mesmo, queé mais fácil de conhecer do que ele, e, ainda que este nadafosse, ela não deixaria de ser tudo o que é.

Trabalhando com o texto – Discurso do Método

Page 13: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

[3] Depois disso, considerei em geral o que énecessário a uma proposição para serverdadeira e certa; pois, como acabava deencontrar uma que eu sabia ser exatamenteassim, pensei que devia saber também em queconsiste essa certeza. E, tendo notado que nadahá no eu penso, logo existo, que me assegure deque digo a verdade, exceto que vejo muitoclaramente que, para pensar, é preciso existir,julguei poder tomar por regra geral que ascoisas que concebemos mui clara e muidistintamente são todas verdadeiras, havendoapenas alguma dificuldade em notar bem quaissão as que concebemos distintamente.

Trabalhando com o texto – Discurso do Método

Page 14: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

Exercícios de vestibular(UEL-2004)

“Tomemos [...] este pedaço de cera que acaba de ser tirado da colméia: ele não perdeuainda a doçura do mel que continha, retém ainda algo do odor das flores de que foirecolhido; sua cor, sua figura, sua grandeza, são patentes; é duro, é frio, tocamo-lo e, senele batermos, produzirá algum som. Enfim, todas as coisas que podem distintamentefazer conhecer um corpo encontram-se neste. Mas eis que, enquanto falo, é aproximadodo fogo: o que nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua cor se modifica, suafigura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemostocar e, embora nele batamos, nenhum som produzirá. A mesma cera permanece apósessa modificação? Cumpre confessar que permanece: e ninguém o pode negar. O que é,pois, que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção? Certamente não podeser nada de tudo o que notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisasque se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição,encontravam-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece.” (DESCARTES, René.Meditações. Trad. De Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 272.)

Com base no texto, é correto afirmar que para Descartes:

a) Os sentidos nos garantem o conhecimento dos objetos, mesmo considerando as alterações em suaaparência.

b) A causa da alteração dos corpos se encontra nos sentidos, o que impossibilita o conhecimento dosmesmos.

c) A variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos revela que o conhecimento destesexcede o conhecimento sensitivo.

d) A constante variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos comprova ainexistência dos mesmos.

e) A existência e o conseqüente conhecimento dos corpos têm como causa os sentidos.

Page 15: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

COMENTÁRIO

Nesta passagem sobre o pedaço de será nota-se que a questão central abordada porDescartes diz respeito aos conhecimentos que os sentidos nos fornecem dos objetos. Ofilósofo aponta diversas características presentes na cera que podem ser percebidaspelos sentidos: sua doçura (paladar), seu odor (olfato), sua forma física (tato, visão),entre outras. No entanto, uma vez que se aproxime a cera do fogo esta será submetida aalgumas transformações, de modo que todas as características inicialmente percebidasdesaparecem: “o que nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua cor semodifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemos tocar e, embora nele batamos, nenhum som produzirá”. Oconhecimento trazido pelos sentidos é fugaz, não permanece, pois certas qualidadessensíveis de um corpo podem se alterar ou se esvair deste.

Descartes então se pergunta se a mesma cera permanece, ao que responde que sim,afinal, embora derretida, ainda teremos cera. Mas afinal, o que “se conhecia destepedaço de cera com tanta distinção”, ou seja, se todas as coisas que percebemos comnossos sentidos antes de queimarmos a cera agora se foram, mas ainda a reconhecemoscomo cera, que é esse conhecimento que permanece? Esta é a passagem fundamental,pois a partir desta questão Descartes irá questionar os sentidos como fonte de todo oconhecimento. O que de fato conhecemos da cera então? Descartes diz: “não pode sernada de tudo o que notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas quese apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição, encontravam-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece”, logo, o conhecimento dos objetosdeve depender de algo que esteja para além dos sentidos. Isso nos conduz a alternativaC.

RESP: C

Page 16: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

(UEL-2005)

“E quando considero que duvido, isto é, que sou uma coisa incompleta edependente, a idéia de um ser completo e independente, ou seja, de Deus,apresenta-se a meu espírito com igual distinção e clareza; e do simples fatode que essa idéia se encontra em mim, ou que sou ou existo, eu que possuoesta idéia, concluo tão evidentemente a existência de Deus e que a minhadepende inteiramente dele em todos os momentos da minha vida, que nãopenso que o espírito humano possa conhecer algo com maior evidência ecerteza”. (DESCARTES, René. Meditações. Trad. de Jacó Guinsburg e BentoPrado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 297-298.)

Com base no texto, é correto afirmar:

a) O espírito possui uma idéia obscura e confusa de Deus, o que impede queesta idéia possa ser conhecida com evidência.

b) A única certeza que o espírito humano é capaz de provar é a existência desi mesmo, enquanto um ser que pensa.

c) O conhecimento que o espírito humano possui de si mesmo é superior aoconhecimento de Deus.

d) A idéia da existência de Deus, como um ser completo e independente, éuma conseqüência dos limites do espírito humano.

e) A existência de Deus, como uma idéia clara e distinta, é impossível de serprovada.

Page 17: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

COMENTÁRIO

Descartes começa o fragmento lembrando do fato de que ele é umser que duvida (lembre-se, a dúvida radical e metódica é o caminhoseguido por Descartes para por à prova os conhecimentos); afirmaem seguida que por duvidar é algo incompleto e dependente. Pensarnisso lhe conduz a ideia de que haja algo contrário: se há algoincompleto, como ele, deve haver algo que seja completo; se há algodependente, como ele, deve haver algo independente – este ser nãoserá algo que tem duvidas, tal como o filósofo. A ideia de um sercompleto e independente então encontra-se no filósofo – tal como aideia de que ele é um ser pensante – e por pensar nisto, na ideia deum ser como este, completamente oposto a ele, Descartes, podeconcluir que há um Deus, que é este ser. Conclui então que Deuspode ser conhecido, sendo um ser completo e independente,diferente do ser humano e de quem a existência humana depende:“concluo tão evidentemente a existência de Deus e que a minhadepende inteiramente dele em todos os momentos da minha vida”. Porfim conclui que este conhecimento de Deus é aquele que o espíritohumano pode alcançar commais certeza e clareza

RESP: D

Page 18: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

UNESP 2012 – 2ª FASE

Texto 1

Segundo Descartes, a realidade é dividida em duas vertentes claramente distintas e irredutíveisuma à outra: a res cogitans (substância pensante) no que se refere ao mundo espiritual e a resextensa (substância material) no que concerne ao mundo material. Não existem realidadesintermediárias. A força dessa proposição é devastadora, sobretudo em relação às concepções dematriz animista, segundo as quais tudo era permeado de espírito e vida e com as quais eramexplicadas as conexões entre os fenômenos e sua natureza mais recôndita. Não há grausintermediários entre a res cogitans e a res extensa. A exemplo do mundo físico em geral, tanto ocorpo humano como o reino animal devem encontrar explicação suficiente no mundo damecânica, fora e contra qualquer doutrina mágico-ocultista.

(Giovanni Reale e Dario Antiseri. História da filosofia, 1990. Adaptado.)

Texto 2

Se você, do nada, começar a sentir enjoo, mal-estar, queda de pressão, sensação de desmaio oudores pelo corpo, pode ter se conectado a energias ruins. Caso decida procurar um médico, elepossivelmente terá dificuldade para achar a origem do mal e pode até fazer um diagnósticoerrado. Nessa hora, você pode rezar e pedir ajuda espiritual. Se não conseguir, procure umcentro espírita e faça a sua renovação energética. Pode ser que encontre dificuldades parachegar lá, pois, no primeiro momento, seu mal-estar poderá até se intensificar. No entanto, seficar firme e persistir, tudo desaparecerá como em um passe de mágica e você voltará aonormal.

(Zibia Gasparetto. http://mdemulher.abril.com.br. Adaptado.)

A recomendação apresentada por Zibia Gasparetto sobre a cura espiritual é compatível com asconcepções cartesianas descritas no primeiro texto? Explique a compatibilidade ou aincompatibilidade entre ambas as concepções, tendo em vista o mecanicismo cartesiano e adiferença entre substância espiritual e substância material.

Page 19: Aula 5-descartes-e-o-racionalismo

COMENTÁRIO

O exercício segue a estrutura de comparação entre textos, no caso um texto de manual defilosofia e outro jornalístico. Analisando a questão ela exige que se avalie acompatibilidade ou incompatibilidade entre ambos os textos tomando por base a posiçãode Zíbia Gasparetto sobre a cura espiritual em comparação com as posições filosóficas deDescartes.

O primeiro texto busca mostrar a concepção dual de mundo de Descartes, de acordo comhá um mundo material, onde se localiza a substância material e um mundo espiritual,onde se localiza a substância pensante. Há apenas essas duas realidades, não há outrasintermediárias, e elas não podem ser reduzidas uma a outra. Ao formular esta concepçãodualista Descartes ataca as chamadas “concepções de matriz animista”, ou seja, aquelasformas de compreender o mundo que tomam os objetos da natureza como seresanimados, que tem alma. Para aquele que se assustar com a expressão, veja que opróprio texto a explica; estas concepções de matriz animista são aquelas “segundo asquais tudo era permeado de espírito e vida e com as quais eram explicadas as conexõesentre os fenômenos e sua natureza mais recôndita”. Por fim, os autores expõem umaconsequência desta separação: se a alma não pode mais ser considerada como atributo domundo físico, este deve ser explicado de acordo com suas própria lógica e apenas atravésdos objetos que contem, ou seja, não se deve recorrer a explicações de ordem espiritualpara responder a algo no mundo físico.

Assim é notável que há uma contraposição com o texto 2 de Zíbia Gasparetto. Para ela osproblemas do mundo físico como mal estar, dores, enjôos, entre outras mazelas devemter por causa eventos sobrenaturais, ou ainda, explicações que derivam de um mundoespiritual. Também é este, e primordialmente este, que deve fornecer a solução para osproblemas do mundo físico. Para Zíbia então o mundo espiritual é não só a causa do queocorre no mundo físico ou material, mas a fonte das soluções.

A articulação da resposta deve considerar então a incompatibilidade entre os textos:enquanto Descartes separa rigidamente o mundo físico do espiritual, dizendo que oprimeiro não pode ser explicado através do segundo, uma vez que são domínios distintose irredutíveis, Zíbia diz o contrário, que o mundo espiritual exerce determinações, efeitos,sobre o físico, contrapondo-se a concepção dualista de mundo de Descartes e a sua formade explicação mecanicista do mundo material.