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[email protected] Farmacodinâmica 2 Aspectos moleculares da ação farmacológica

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Page 1: Aula 4 Medicina

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Farmacodinâmica 2

Aspectos moleculares da ação farmacológica

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História do conceito de sítio de ação (“receptor”)

• John Locke (1690): “Se soubéssemos as afecções mecânicas entre as partículas de ruibarbo (...) ópio e um homem (...) deveríamos ser capazes de prever de antemão que o ruibarbo irá purgar, e o ópio irá fazer com que o homem durma (...)”

• 1865: Kekulé hipotetiza a estrutura do anel benzênico.

• 1878: John Langley enuncia a existência de uma substância com a qual a pilocarpina e a atropina formam “compostos”.

• 1905: Langley usa o termo “substância receptiva” para explicar as ações da nicotina e do curare no músculo esquelético.

• 1909: A. V. Hill enuncia o conceito quantitativo de receptor em termos de uma reação que segue a lei da ação das massas

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A. V. Hill (1909)

• Foca-se no curso temporal da contração do músculo reto abdominal do sapo, produzida pela nicotina.

• Demonstra que a curva concentração-efeito, no equilíbrio, é descrita pela equação

• “Essa é a exata forma (...) e é forte evidência em favor de uma combinação entre a nicotina e algum constituinte do músculo”.

MkNk

Ny

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Paul Ehrlich

• Enuncia o conceito moderno de receptor (“Corpora non agunt nisi fixata”), a partir de seu interesse na imunologia e quimioterapia de doenças infecciosas.

• 1909: descobre o Salvarsan, primeiro tratamento efetivo da sífilis.

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Alvos para a ação dos fármacos

• Receptores– Receptores ligados a canais iônicos (alosterismo)– Receptores de membrana– Receptores ligados à tirosina quinase– Receptores nucleares

• Canais iônicos

• Enzimas

• Moléculas transportadoras

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Receptores

Agonista

Classe EfeitoAbertura/fechamento

canais iônicos

Antagonista Bloqueio dos mediadores

Ex.: Nicotina(Agonista nAChRs)

Ex.: Danazol(Bloqueador rcpt estrogênio)

Ativação / inibiçãoenzimáticaEx.: THC(Agonista CB1)

Modulação de canaisiônicos

Ex.: Diazepam(Ligante BZD)

Expressãogênica

Ex.: Etinilestradiol(Ligante rcpt estrogênio)

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Superfamílias de receptores

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Receptor 5-HT3

Peters et al., 1993

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Receptor GABAA

Bicuculina

Clordiazepóxido

Berezhnoy et al., 2007

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Receptores ligados a proteínas G heterotriméricas

Free et al., 2007

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Famílias de proteínas G heterotriméticas

• Gi/o

– Gαs

– Gαolf

– Gα1,2,3

– GαoA,B

– Gαt1,2

– Gαz

• Gβ

– β1- β4,

β6– β5

• Gq– Gαq

– Gα11

– Gα14

– Gα15

– Gα16

• G12

– Gα12

– Gα13

• Gγ

AC

↓ AC

K+ ↓ Ca2+

PDE6 ↓ cGMP

↓ AC

PLC β1

Troca do ρGTP

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Proteínas G monoméricas

Lodish et al., 2005

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Famílias de proteínas G monoméricas

• Ras: Associadas à MAPK; ativadas nas cascatas de rcpts ligados a TRK.

• Rho: Associadas à via JNK e p160MAPK; Ativadas por GEFs.

• ARF: Fatores de ribosilação; associados à ribosilação das proteínas Gs heterotriméricas (cólera).

• Rab: Facilitam a formação de complexos SNARE.

• Ran: Associadas ao tráfego de proteína e RNA para e do núcleo; ativadas por GEFs como a RCC1.

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Transdução de sinal e proteínas G

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S

Adenilato ciclase

Free et al., 2007

SildenafilTeofilinaCafeína

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Adenilato ciclase

Lodish et al., 2005

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Isoforma Proteína G Proteínoquinases Cálcio

AC1 S Gαs

I Gβγ

I Gαo

PKC: S fraca

CAMKIV: I

S pela I de Ca2+-CaM

AC2 S Gαs

S Gβγ (cond. atv. Gαs)

PKC: S

AC3 S Gαs PKC: S fraca

CaMKII: I

S Ca2+-CaM

AC4 S Gαs

S Gβγ (cond. atv. Gαs)

PKC: I

AC5 S Gαs

I Gβγ

I Gαi

PKA: I

PKACGα,ς

I Ca2+

AC6 S Gαs

I Gβγ

I Gαi

PKA: I

PKC: I

I Ca2+

AC7 S Gαs

S Gβγ (cond. atv. Gαs)

PKC: S

AC8 S Gαs S Ca2+-CaM

AC9 S Gαs

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Alvos do AMPc

• PKA (proteínoquinase dependente do AMPc): Quinase direcionada a serina/treonina

• CNG (canais ligados a nucleotídeos cíclicos) no epitélio olfatório e nodo sinoatrial.

Page 19: Aula 4 Medicina

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PKA

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Canais iônicos ligados nucleotídeos cíclicos

Free et al., 2007

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Fosfolipase C

Free et al., 2007

Page 24: Aula 4 Medicina

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Proteínoquinase C• Quinase direcionada a serina/treonina.

• É ativada na presença de altas [Ca2+]i

• Ativação prolongada na presença de ésteres de forbol.

• PKCα, γ, βI & βII: S por DAG, fosfatidilserina (PS) e Ca2+

• PKCδ, ε, η, θ: Estimuladas por DAG e PS.

• PKCς, ι/λ: Estimuladas por PS.

• Associadas à liberação de trmtr, regulação de canais iônics, controle do crescimento e diferenciação, e modificação da plasticidade neural.

Page 25: Aula 4 Medicina

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PKC

Lodish et al., 2005

Page 26: Aula 4 Medicina

[email protected] et al., 2005

Page 27: Aula 4 Medicina

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Cálcio como sinalizador

• Células em repouso apresentam [Ca2+]i de ~100 nM.

• Fontes externas: Canais de Ca2+ operados por voltagem, canais de Ca2+ operados por ligantes.

• Fontes internas: canais de Ca2+ operados por depósitos IP3R e rcpt de rianodina.

• Tampões citosólicos: Parvalbumina, calbindina, calretinina regulam a forma e a duração do sinal e limitam-no espacialmente.

Page 28: Aula 4 Medicina

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Ca2+-calmodulina

• Sensor de cálcio que medeia a ligação do cálcio e a atv. bioquímica.

• Regula a contração da musculatura lisa (ligação a MLC), interação entre vias de sinalização, transcrição gênica, modificação de canais iônicos, e metabolismo.

• Diversas enzimas ativadas pela Ca2+/CaM são fosforilases.

Page 29: Aula 4 Medicina

[email protected] et al., 2005

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Tráfego de agonistas

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Tráfego de agonistas

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βarr, dessensibilização e eficácia colateral

Lodish et al., 2005

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Fosforilação de proteínas

• Processo proeminente de diversas vias de sinalização.

• Associado a proteínoquinases e proteínofosfatases.

• PKs: Divididas em dois grupos, em função do aminoácido que fosforilam (serina/treonina e tirosina).

Page 34: Aula 4 Medicina

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Fosforilação como via de regulação

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Fosforilação como via de regulação

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Resumo: Rcpts ligados a proteínas G

• Ligantes: Aminas biogênicas, glucagon, vasopressina, ACTH, adenosina.

• Receptores: Receptores 7TM; domínio citosólico associado a uma prot. G heterotrimérica.

• Transdução de sinal: Segundos-mensageiros envolvendo AMPc, IP3/DAG ou GMPc.

Page 37: Aula 4 Medicina

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Tirosina quinases

• Catalizam a transferência de um fosfato para um resíduo tirosina em um polipeptídeo.

• Dividem-se em quinases receptoras e não-receptoras.

Page 38: Aula 4 Medicina

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Receptores ligados à tirosina quinase (RTKs)

Lodish et al., 2005

Page 39: Aula 4 Medicina

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RTKs

Lodish et al., 2005

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Receptores de citocinas

Lodish et al., 2005

Page 41: Aula 4 Medicina

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Epidermal growth factors (EGFs) e proteínas G monoméricas

Lodish et al., 2005

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Epidermal growth factors (EGFs) e proteínas G monoméricas

Lodish et al., 2005

Page 43: Aula 4 Medicina

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Epidermal growth factors (EGFs) e proteínas G monoméricas

Lodish et al., 2005

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PI-3 quinase

Lodish et al., 2005

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Guanilil ciclasesSítio de ligação do transmissor (ANP ou BNP)

Atv

Produção de NO• Relaxa// mus. liso• Vasodilatação• Agr. plaquet.• Trans. sínáptica

• Natriurese• PA

Free et al., 2007

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Alvos do GMPc

• PKG (proteínoquinase dependente do GMPc): Quinase direcionada a serina/treonina vasodilatação, regulação da pressão arterial, modulação da liberação de cálcio, modulação de receptores NMDA, regulação da apoptose e sobrevivência de nrns.

• CNGs: Fotorreceptores e epitélio olfativo.

• Fosfodiesterases: Regulação da atividade do AMPc.

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Nitratos orgânicos como vasodilatadores

• Os nitratos orgânicos reduzem o tônus da musculatura lisa vascular ativando a guanilato ciclase e elevando os níveis intracelulares de GMPc

• O agente causativo desse processo é o NO gerado a partir do nitrato orgânico.

• A geração de NO a partir do nitrato (via uma aldeído desidrogenase mitocondrial) depende de uma fonte de grupos sulfidrila livres.Lüllmann et al., 2005

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TNF

Lodish et al., 2005

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Antagonistas do TNF

Salfeld & Kupper, 2007

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Resumo: Rcpts com atv. enzimática intrínseca

• Rcps RTK– Ligantes: Insulina, EGF, fator de

crescimento de fibroblastos (FGF), neurotrofinas, outros fatores de crescimento.

– Receptores: α-hélice transmembranar única; atv. tirosina quinase intrínseca no domínio citosólico.

– Transdução de sinal: Via Ras-MAPK; via IP3/DAG; via PI-3 quinase.

• Rcpts citocinas– Ligantes: Interferonas, eritropoietina,

hormônio de crescimento, algumas interleucinas, outras citocinas.

– Receptores: α-hélice transmembranar única; folha β conservada no domínio extracelular; JAK quinase associada com domínio intracelular.

– Transdução de sinal: Ativação direta de fatores de transcrição STAT; via PI-3 quinase; via IP3/DAG; via Ras-MAPK.

• GCs– Ligantes: Pleiotrofinas, hormônios.– Receptores: α-hélice transmembranar

única; atv. guanilato ciclase intrínseca no domínio citosólico.

– Transdução de sinal: Geração de GMPc.

• Vias NF-κB– Ligantes: Fator de necrose tumoral α,

interleucina 1, antagonistas da TNF-α.– Receptores: Toll.– Transdução de sinal: Degradação

dependente de fosforilação de proteína inibitória com liberação do fator de transcrição NF-κB no citosol.

Page 51: Aula 4 Medicina

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Receptores nucleares

Lodish et al., 2005

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Glicocorticóides: Mecanismos de ação

A. Mecanismo de trans-ativação básica: Maquinaria de transcrição opera em nível baixo; o complexo ligante-rcpt liga-se a um ou mais elementos de resposta a glicocorticóides (GREs) ‘positivos’ dentro da seqüência promotora, sobre-regulando a transcrição.

B. Mecanismo de trans-repressão básica: Maquinaria de transcrição ativada constitucionalmente por fatores de transcrição (TF); o complexo ligante-rcpt liga-se a um GRE ‘negativo’ (nGRE), deslocando esses fatores e ↓ a expressão gênica.

C. Mecanismo de transcrição precoce: A transcrição é conduzida, em altos níveis, pelos fatores de transcrição Jun e Fos, ligados ao sítio regulatório AP-1. Esse efeito é reduzido na presença do GR.

D. Mecanismo de fator nuclear kB: Os fatores de transcrição P65 e P50 ligam-se ao sítio NFkB, promovendo a expressão gênica; esse mecanismo é bloqueado na presença do GR, que liga-se aos fatores de transcrição e bloqueia suas ações.

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Glicocorticóides: Mecanismos de ação

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Resumo: Rcpts nucleares

• Ligantes: Moléculas lipofílicas, incluindo hormônios esteróides, tiroxina, retinóides e ácidos graxos.

• Receptores: Domínio de ligação ao DNA, domínio de ligação de hormônios, domínio variável.

• Transdução de sinal: Ativação do fator de transcrição pelo complexo ligante-receptor.

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Canais iônicos

Bloqueadores

Classe Efeito

Permeabilidadebloqueada

ModuladoresAumento ou redução da

probabilidade de abertura

Ex.: Amilorida(Bloquedora canais Na+)

Ex.: Diidropiridina(Moduladora canais Na+)

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Canais iônicos

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TRPV1

• A ativação desse receptor produz um influxo de cátions por um canal iônico, levando à despolarização de nrns nociceptivos.

• O influxo de cálcio no nrn nociceptivo, através do TRPV1, causa a liberação de substância P e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, um fenômeno chamado de inflamação neurogênica.

• Expressão em um subconjunto de nrns sensoriais pequenos ou médios que projetam-se da raiz dorsal, gânglio trigêmeo e gânglio nodoso para as camadas superficiais da medula e do trato solitário.

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Fatores que ativam o TRPV1

• Capsaicina

• Prótons

• Calor

• Essa ativação produz correntes de cátions retificadoras, direcionadas para fora, com alta permeabilidade ao cálcio.

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Prostaglandinas modulam a atividade do TRPV1

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Canais de sódio voltagem-dependentes

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Resumo: Receptores ligados a canais iônicos

• Ligantes: Neurotransmissores, GMPc, estímulos físicos, IP3.

• Receptores: 4 ou 5 subunidades com um segmento homólogo em cada subunidade alinhando o canal.

• Transdução de sinal: Mudança localizada no potencial de membrana devido ao influxo de íons; elevação do Ca2+ citosólico.

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Enzimas

Inibidores

Classe Efeito

Inibição da reação normal

Substratofalso

Produção de metabólito anormal

Pró-droga Produção da droga ativa

Ex.: Sinvastatina(Inibidora HMG-CoA

redutase)

Ex.: Metildopa(Substrato falso

HMG-CoA redutase)

Ex.: Cortisona(Pró-droga p/

hidrocortisona)

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Mecanismo de ação do captopril

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Moléculas transportadoras

Inibidores

Classe Efeito

Bloqueio do transporte

Substratofalso

Acúmulo de compostonão-natural

Ex.: Cocaína(Inibidora recaptação NE)

Ex.: Metildopa(Substrato falso Recaptação NE)

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Transportadores de glutamato

Kanner e Zomot, 2008

Page 67: Aula 4 Medicina

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Transportador bacterial de leucina

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