arquitetura comercial / institucional em containers · 2018. 9. 6. · conforme kronenburg (2007),...
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Nicole Ramos de Carvalho
IC - Voluntária 2014
Arquitetura Comercial /
Institucional em Containers
Orientador: Prof. Dr. Antonio Castelnou (DAU-UFPR)
Projeto: Manual de reciclagem arquitetônica de containers
BANPESQ/THALES: 2014015430
Objetivos
Fazer um estudo introdutório sobre concepção e execução
de espaços arquitetônicos comerciais e/ou institucionais
realizados a partir do reaproveitamento de contêineres.
Descrever e analisar este tipo de reciclagem, relacionando-a
à questão da sustentabilidade arquitetônica, além de apontar
seus pontos positivos e negativos.
Selecionar, caracterizar e analisar um caso internacional em
particular, avaliando-o em termos funcionais, técnicos e
estéticos.
Metodologia
De caráter teórico-descritivo e cunho exploratório, esta
pesquisa de iniciação científica foi baseada na revisão
web e bibliográfica, tendo as seguintes etapas:
Levantamento e coleta de fontes impressas nacionais e
internacionais; ou ainda publicadas online
Leitura e fichamento de textos com seleção de ilustrações
Descrição e análise de um caso específico
Redação de relatório e montagem da apresentação oral
A definição do que hoje se
entende como CONTÊINER ou
container surgiu em 1937 com o
norte-americano Malcolm Purcell
McLean (1913-2001) (DONOVAN
et BONNEY, 2006).
Este recipiente padronizado e pré-
fabricado revolucionou o
armazenamento e transporte de
matérias-primas e bens
industrializados, tendo sido
regulamentado nos anos 1970.
Introdução
Foi justamente a partir da
década de 1970 que a relação
entre homem e meio ambiente
passou a ser debatida mundial-
mente, culminando com o
surgimento do conceito de
SUSTENTABILIDADE, criado
em meados dos anos 1980.
Com a Eco’92, passou-se a
discutir o que seria um
desenvolvimento sustentável;
ideia que atingiu todas as
áreas, incluindo a arquitetura e
construção civil, as quais se
voltaram para uma prática mais
consciente dos seus impactos
sobre o meio ambiente.
SUSTENTABILIDADE
NA ARQUITETURA
Desde então, profissionais em
todo o mundo têm procurado a-
tender os pressupostos de uma
arquitetura mais sustentável,
através do uso de materiais
alternativos, de menor impacto
ambiental, além da diminuição
do desperdício e melhoria da
eficiência energética.
Aqui se enquadra o reaprovei-
tamento de CONTAINERS de
carga, os quais possuem
características que possibilitam
seu reuso em uma arquitetura
mais eficiente, como: pré-fa-
bricação, modulação, disponi-
bilidade e versatilidade.
Jimm Poteet
Studio
(San Antonio,
Califórinia)
Google Modular
Data Center
(Mountain View,
Califórnia)
Desde 2007, existe o CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO
SUSTENTÁVEL (CBCS), o qual vem incentivando práticas
consideradas “verdes”. Entre 2009 e 2012, o número de
certificações de prédios segundo padrões ecológicos cresceu
412% no Brasil (BARBOSA, 2014).
Tais edificações “verdes” garantem o retorno financeiro e a
economia dos custos operacionais, além de aumentarem o valor
do imóvel no mercado. Quando comparadas às convencionais,
promovem uma diminuição de 20 a 50% do consumo de energia;
de 40 a 50% de água; de 50 a 80% de resíduos gerados; e de
35% de emissões de CO2 (SUSTENTARQUI, 2014).
Revisão Bibliográfica
A construção em container,
segundo Kotnik (2013),
consiste em uma alternativa
para a arquitetura “verde”, pois
reúne várias características
que contribuem para projetos
de qualidade ambiental.
Isto se dá pelo fato dos con-
tentores, além de serem modu-
lados e padronizados, são
compactos, robustos e resis-
tentes às mudanças de tempe-
ratura; poderem ser facilmente
transportados e instalados de
forma rápida; e estarem dis-
poníveis devido ao seu des-
carte (KOTNIK, 2013).
Keetwonen
Dorm
(Amsterdã,
Holanda)
Aether Store
(San Francisco,
Califórnia)
Casa
Container
(Santiago
Chile)
Starbucks
Coffee Bar
(Denver
Colorado)
São inúmeras as possibili-
dades da construção em con-
têineres, as quais vão desde
moradias até postos de ga-
solina, escritórios, hotéis, es-
colas, bares, restaurantes,
lojas e estandes em eventos.
Conforme Kronenburg (2007),
as principais vantagens de
construções comerciais e insti-
tucionais pré-fabricadas são a
flexibilidade e baixo custo. Os
recipientes têm qualidade e
preços acessíveis, além de
promoverem um perfil inovador
e experimental, podendo ser
reciclados e substituídos por
outros no futuro.
Royal Wolf
Office
(Sunshine,
Austrália)
Group8
Office
(Genebra,
Suíça)
Escola
Valladolid
(México)
Bayside
Marina Hotel
(Yokohama
Japão)
Para Fossoux et Chevriot
(2013), este tipo de construção
está se tornando gradualmente
um produto popular: uma
alternativa ecológica às
edificações convencionais.
Os empreendedores brasileiros
estão descobrindo recente-
mente o potencial das lojas
portáteis – ou permanentes –
customizadas com containers.
Os mais reutilizados são os
CONTAINERS DRY, feitos de
aço e destinados ao transporte
marítimo de mercadorias líqui-
das e não-poluentes, norma-
tizados pelo Padrão ISO.
Covent
Garden
E-Bay
(Londres,
Inglaterra)
Boxman
Stand
No mercado náutico, possuem
uma vida útil de oito anos, mas
duram cerca de 100 anos. São
descartados nos portos porque
é mais barato comprar novos
que enviá-los de volta.
Os contêineres podem ser em-
pilhados em até 12 unidades,
mas a partir de quatro, neces-
sitam de reforço externo. São
facilmente encaixados e trans-
portados (METALICA, 2014).
Na construção, podem ser
utilizadas tintas à base d’água,
painéis solares, teto verde e
isolante de pet, entre outras
aplicações de cunho ecológico.
Loja
Container
Baby & Kids
(Blumenau,
S.Catarina)
Container
Ecology Store
(Campinas,
São Paulo)
Restaurante
Madero
(Campo Largo
Paraná)
Loja
Box Container
(Valinhos
São Paulo)
Um dos cuidados no reuso de
containers está na questão de
ISOLAMENTO TÉRMICO, o
qual pode ser de duas formas: Interno: forma mais econômi-
ca, porém menos eficiente
(espessura máxima de 10cm)
Externo: mais caro, mas mais
eficiente (de 10 a 30cm)
Corte e soldagem exigem mão-
de-obra especializada. Além
disso, o aço do contêiner deve
ser jateado com um abrasivo e
repintado com uma tinta não-
tóxica, a fim de evitar a proba-
bilidade de contaminação
(FOSSOUX et CHEVRIOT,
2013).
Loja Decameron
(2011, São Paulo)
MK27 Studio
Marcio Kogan
Estudo de Caso:
Puma City LOT-EK Studio (2008)
Obra pioneira construída com 24
contêineres de 40’ empilhados em três
níveis, que foi instalada, transportada
e reinstalada em várias localidades,
tais como: Alicante (Espanha), Boston
(EUA), Estocolmo (Suécia) e Brasil.
Puma City
Fundado em 1993 pelos arqui-
tetos italianos Ada Tolla (1964-)
e Giuseppe Lignano (1963-), o
LOT-EK Studio tem sede em
Nova York (EUA) e explora o
conceito de um espaço arqui-
tetônico mais flexível que reci-
cla materiais descartados atra-
vés da reutilização adaptativa
(upcycling).
O escritório obteve grande
visibilidade por sua abordagem
sustentável e inovadora para
construção, materiais e espa-
ços, sendo seu maior êxito a
PUMA CITY, premiada
mundialmente (CHEN 2008).
Puma City
PUMA CITY é um edifício
transportável que viaja através
do mundo e leva vantagem na
rede de transporte marítimo
global em vigor, pois é
totalmente desmontável e viaja
tanto em navios de carga como
barcos à vela (LOT-EK, 2013).
Atendendo questões de confor-
to, foi desenhado respeitando o
código internacional de cons-
trução, mudanças climáticas
dramáticas, plug-in de siste-
mas elétricos e climatização,
além da facilidade de monta-
gem e operações (JODIDIO,
2014).
Localização: Portos ao redor do mundo
Uso: Misto (Loja, bar e lounge)
Ano de construção: 2008 em diante (2009, Rio de Janeiro)
Número de contêineres: 24 (vinte e quatro)
Área total: 1.022 m²
Área útil: 929 m2
Autoria: LOT-EK Studio (A. Tolla + G. Lignano)
Colaboradores: Keisuke Nibe; Koki Hashimoto
INTERIOR DA PUMA CITY
Puma City
Além dos contentores marítimos, o
conjunto utiliza uma série de
conectores destinados a juntar os
recipientes de forma segura, tanto
horizontal quanto verticalmente
(JODIDIO, 2014).
ASPECTOS DA CONSTRUÇÃO DA PUMA CITY
Considerações Finais
A arquitetura em containers vem ganhando terreno ao longo
dos últimos anos, seja devido ao seu caráter sustentável,
seja devido às suas vantagens ligadas à praticidade, rapidez
de execução, flexibilidade espacial e custo econômico.
Seu maior potencial deve-se ao fato de ser um sistema
modular, produzindo baixo impacto no terreno e fácil monta-
gem, embora enfrente problemas técnicos e preconceito.
Seu emprego confere atualidade, excentricidade e sustenta-
bilidade aos ambientes, melhorando o marketing empresarial
e o clima organizacional de funcionários e clientes.
BARBOSA, V. O mercado da construção sustentável em números. Disponível
em: <http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/o-mercado-de-construcao-
sustentavel-em-numeros>. Acesso em: 29.abr.2014.
CHEN, O. Prefab Friday: “Puma City” Shipping Container Store (2008).
Disponível em: <http://inhabitat.com/prefab-friday-puma-city-container-architecture/>.
Acesso em: 20.ago.2014.
DONOVAN, A.; BONNEY, J. The box that changed the world. East Windsor NJ:
Commonwealth Business Media, 2006.
FOSSOUX, E.; CHEVRIOT, S. Construire sa maison container. 2. ed. Paris:
Eyrolles, 2013.
JODIDIO, P. Temporary architecture now! Köln: Taschen, 2014.
KOTNIK, J. New container architecture: Design guide + 30 case studies. 2. ed.
Barcelona: Links Books, 2013.
KRONENBURG, R. Flexible: Arquitectura que integra el cambio. Barcelona: Art
Blume, 2007.
LOT-EK. Lot-Ek Studio. Disponível em: <http://www.lot-ek.com/ABOUT-Studio>.
Acesso em: 20.ago.2014a.
METALICA. Container City: Um novo conceito em arquitetura sustentável.
Disponível em: <http://www.metalica.com.br/container-city-um-novo-conceito-em-
arquitetura-sustentavel>. Acesso em: 23.abr.2014.
SUSTENTARQUI. Porque construir sustentável? Disponível em:
<http://sustentarqui.com.br/construcao/porque-construir-sustentavel/>. Acesso em:
29.abr.2014.