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Financiadores Gestão administrativa e financeira Implementação ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA CADEIA DA MADEIRA NO MATO GROSSO COM FOCO NA REGIÃO NOROESTE Relatório Final 20/07/2016 Autor: Ricardo Woldmar Revisão: Cecilia Simões Coordenação: Andrea Aguiar Azevedo Este trabalho tem como objetivo trazer elementos técnicos de apoio à tomada de decisão, bem como levantar os principais dados disponíveis sobre a sustentabilidade econômica, ambiental e social da cadeia produtiva florestal no estado do Mato Grosso.

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Financiadores Gestão administrativa e financeira Implementação

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA CADEIA DA MADEIRA NO MATO GROSSO COM FOCO

NA REGIÃO NOROESTE Relatório Final

20/07/2016

Autor: Ricardo Woldmar Revisão: Cecilia Simões Coordenação: Andrea Aguiar Azevedo

Este trabalho tem como objetivo trazer elementos técnicos de apoio à tomada de decisão, bem como levantar os principais dados disponíveis sobre a sustentabilidade econômica, ambiental e social da cadeia produtiva florestal no estado do Mato Grosso.

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Rua Cursino do Amarante, 588. Bairro do Quilombo, Cuiabá – MT / CEP: 78043 - 435

OBJETIVO DO TRABALHO

Objetivo: Identificar e analisar elementos chave para o processo de decisão sobre

a sustentabilidade econômica, ambiental e social do mercado da madeira no

noroeste do Mato Grosso.

Duração : Março 2016 - Maio 2016

INFORMAÇÕES SOBRE A CONTRATADA:

Nome da instituição: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

Tipo de instituição: Organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP)

Ano de estabelecimento: 1995

Endereço de localização da sede: SHIN CA 5, Bloco J2, Sala 309 - Lago Norte,

Brasília - DF, 71503-505

Endereço de localização no Mato Grosso: Rua Cursino do Amarante, 588 – Bairro

do Quilombo, Cuiabá – MT, 78043-435

Website: www.ipam.org.br

ELABORAÇÃO

Coordenação geral: Andrea Azevedo, PhD; Bióloga e Diretora Adjunta do IPAM

com foco em Políticas Públicas de uso do solo.

Pesquisador responsável: Ricardo Woldmar, Msc; Economista Ambiental e

Pesquisador Auxiliar do IPAM com foco em estudos de viabilidade econômica de

cadeias produtivas.

Pesquisador assistente: Cecília Simões, PhD; Bióloga e Pesquisadora Auxiliar do

IPAM com foco em pesquisas científicas e REDD.

Consultoria: ECO2 Serviços Ambientais Ltda

Agradecimentos: Marisa Cristina Larios Vieira

CONTRATAÇÃO DO TRABALHO

Nome da Instituição: ONF Brasil

Tipo de instituição: Fundada em 1999, a ONF Brasil é uma empresa florestal

brasileira, filial da ONF International (ONFI), uma companhia do grupo ONF - Office

National des Forêts (ONF)

Endereço: Fazenda São Nicolau – Caixa Postal 63 – 78330-000 – Cotriguaçu/MT

Website: www.reflorestamentoecarbono.com.br.

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Sumário

Lista de Acrônimos ........................................................................................................................ 6

1. Sobre as instituições envolvidas no trabalho ...................................................................... 9

2. Introdução............................................................................................................................. 9

3. Sumário Executivo .............................................................................................................. 10

4. Material e métodos ............................................................................................................ 13

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E SÍNTESE DO MERCADO DA MADEIRA .............................................. 16

5. Aspectos mercadológicos do setor florestal ...................................................................... 16

a) Síntese do mercado mundial ........................................................................................... 16

b) Síntese do mercado nacional........................................................................................... 17

c) Síntese do mercado estadual .......................................................................................... 18

d) Síntese do mercado na região noroeste do Mato Grosso ............................................... 22

6. Aspectos econômicos do setor florestal ............................................................................ 22

a) Preços e viabilidade econômica em Mato Grosso ........................................................... 22

b) Custo de produção e viabilidade econômica de Eucalipto e Teca no Mato Grosso ........ 23

c) Custo de produção e viabilidade econômica do manejo florestal em Cotriguaçú .......... 24

d) Custo de processamento no Mato Grosso e Cotriguaçu ................................................. 25

7. Transporte e logística no setor florestal ............................................................................ 25

8. Aspectos legais e tributários do setor florestal ................................................................. 27

a) Legislação federal e estadual .......................................................................................... 27

b) Principais tributos do setor florestal no Mato Grosso ..................................................... 29

c) Carga tributária no setor florestal em nível nacional ..................................................... 31

9. Aspectos produtivos de espécies exóticas e nativas ......................................................... 32

a) Descrição do processo de exploração de madeira nativa ............................................... 32

b) Descrição do processo de implantação de florestas plantadas ...................................... 33

10. Aspectos sociais do setor florestal ................................................................................. 34

a) Número de empregos no estado do Mato Grosso .......................................................... 34

b) Região noroeste do Mato Grosso .................................................................................... 35

c) Aspectos sociais gerais do manejo florestal .................................................................... 36

d) Aspectos sociais gerais das florestas plantadas .............................................................. 37

11. Aspectos ambientais de florestas e melhores práticas do setor .................................. 38

a) Florestas plantadas ......................................................................................................... 38

b) Florestas nativas e ilegalidade ........................................................................................ 39

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ESTUDOS DE CASO ...................................................................................................................... 41

11.1 Estudos de caso - TECA ................................................................................................ 41

11.2 Estudos de caso - EUCALIPTO ...................................................................................... 45

11.3 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 1 ..................................................................... 49

11.4 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 2 ..................................................................... 52

11.5 Estudos de caso – PROCESSAMENTO PRIMÁRIO......................................................... 58

11.6 Estudos de caso – PROCESSAMENTO SECUNDÁRIO .................................................... 62

11.7 Compilação das simulações dos estudos de caso............................................................ 65

12. Leis e licenças que mais impactaram a atividade florestal ........................................... 67

13. Certificação e exigência internacionais.......................................................................... 69

14. Análise SWOT .................................................................................................................. 69

15. Comentários finais .......................................................................................................... 73

16. Referências Bibliográficas .............................................................................................. 76

ANEXO ......................................................................................................................................... 80

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Volume e comércio nacional ....................................................................................... 18

Tabela 2. Volume e comércio estadual ....................................................................................... 20

Tabela 3. Valor Bruto da Produção (VBP) por setor no Mato Grosso ......................................... 21

Tabela 4. Número, consumo, produção, empregos e receita bruta na região noroeste............ 22

Tabela 5. Diferença de preço praticado por produto no mercado nacional e internacional ..... 23

Tabela 6. Principais Leis que impactam o setor florestal ............................................................ 27

Tabela 7. Incidência tributária de acordo com a etapa da cadeia de produção ......................... 30

Tabela 8. Histórico de arrecadação tributária no Mato Grosso .................................................. 31

Tabela 9. Variação e distribuição dos postos de trabalho na cadeia produtiva florestal ........... 35

Tabela 10. PIB per capta dos municípios do Mato Grosso .......................................................... 35

Tabela 11. Principais indicadores sociais da região noroeste ..................................................... 36

Tabela 12. Estabelecimentos da agricultura familiar na região noroeste................................... 36

Tabela 13. Desmatamento na região noroeste ........................................................................... 40

Tabela 14. Certificação no Mato Grosso ..................................................................................... 40

Tabela 15. Receitas de Teca ........................................................................................................ 43

Tabela 16. Indicadores de viabilidade econômica da Teca ......................................................... 44

Tabela 17. Variáveis para o fluxo de caixa da Teca ..................................................................... 44

Tabela 18. Análise de sensibilidade - TIR .................................................................................... 45

Tabela 19. Análise de sensibilidade - VPL ................................................................................... 45

Tabela 20. Receitas de Eucalipto ................................................................................................. 46

Tabela 21. Indicadores de viabilidade econômica do Eucalipto ................................................. 47

Tabela 22. Variáveis para o fluxo de caixa de Eucalipto ............................................................. 48

Tabela 23. Análise de sensibilidade - TIR .................................................................................... 48

Tabela 24. Análise de sensibilidade - VPL ................................................................................... 48

Tabela 25. Preços de espécies nativas ........................................................................................ 50

Tabela 26. Custo de um manejo florestal sustentável ................................................................ 51

Tabela 27. Indicadores de viabilidade econômica de um manejo florestal sustentável ............ 51

Tabela 28. Variáveis para um fluxo de caixa de manejo florestal sustentável ........................... 52

Tabela 29. Análise de sensibilidade - TIR .................................................................................... 52

Tabela 30. Análise de sensibilidade - VPL ................................................................................... 52

Tabela 31. Preço de espécies nativas - FSN ................................................................................. 54

Tabela 32. Custos de um manejo florestal sustentável - FSN ..................................................... 55

Tabela 33. Indicadores de viabilidade econômica - FSN ............................................................. 56

Tabela 34. Indicadores de viabilidade econômica - FSN (sem aquisição de terra) ..................... 57

Tabela 35. Variáveis do fluxo de caixa - FSN ............................................................................... 57

Tabela 36. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 25 anos) ............................................ 57

Tabela 37. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 25 anos) ........................................... 58

Tabela 38. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 10 anos) ............................................ 58

Tabela 39. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 10 anos) ........................................... 58

Tabela 40. Logística rodoviária de uma Serraria ......................................................................... 60

Tabela 41. Volumes e preços de uma Serraria ............................................................................ 60

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Tabela 42. Custo de mão de obra de uma Serraria ..................................................................... 61

Tabela 43. Custos de produção de uma Serraria ........................................................................ 61

Tabela 44. Logística rodoviária de uma Beneficiadora ............................................................... 63

Tabela 45. Volume e preços de uma Beneficiadora .................................................................... 63

Tabela 46. Custos de mão de obra de uma Beneficiadora .......................................................... 64

Tabela 47. Custos de produção de uma Beneficiadora ............................................................... 64

Tabela 48. Compilação das simulações de viabilidade econômica dos estudos de caso ........... 65

Tabela 49. Compilação dos resultados das Análises de Sensibilidade dos estudos de caso ...... 66

Tabela 50. Leis e licenças que mais impactam a atividade florestal dos estudos de caso ......... 68

Tabela 51. Certificação e exigências internacionais para os estudos de caso ............................ 69

Lista de Figuras

Figura 1. Custos de produção de Teca ........................................................................................ 43

Figura 2. Custos de produção de Eucalipto ................................................................................. 46

Figura 3. Exemplo de um processamento primário .................................................................... 59

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Lista de Acrônimos

ABIMCI Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada

Mecanicamente

APF Autorização Prévia de Funcionamento

APP Área de Proteção Permanente

AUTEX Autorização de Exploração Florestal

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

C&F Cost and Freight

CAR Cadastro Ambiental Rural

CDB Convenção de Diversidade Biológica

CIF Cost Insurance and Freight

CIPEM Centro das Industrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do

Estado do Mato Grosso

CITES Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e

Fauna Selvagens em Perigo de Extinção

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPP Centro de Pesquisas do Pantanal

CRA Cotas de Reserva Ambiental

CSS Contribuição Social para a Saúde

DAP Declaração de Aptidão ao Pronaf

DOF Documento de Origem Florestal

FAMAD Fundo de Apoio à Madeira

FCO Fundo Constitucional do Centro Oeste

FETHAB Fundo Estadual de Transporte e Habilitação

FGV Fundação Getúlio Vargas

FIPLAN Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças

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FOB Freight on Board

FSN Fazenda São Nicolau

FUNRURAL Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IFT Instituto Florestal Tropical

IMA Incremento Médio Anual

IMAZON Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia

IMEA Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária

IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

IPI Imposto de Produtos Industrializados

ITR Imposto Territorial Rural

LI Licença de Instalação

LO Licença de Operação

LP Licença Prévia

MDF Medium-Density Fiberboard

MDP Medium-Density Particleboard

MO Mão de Obra

NR Normas Regulamentadoras

ONF Organização Nacional de Florestas

PCI Estratégia Produzir, Conservar e Incluir

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PDFS Plano de Desenvolvimento Florestal Sustentável

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PIB Produto Interno Bruto

PMFS Planos de Manejo Florestal Sustentável

POA Plano Operacional Anual

PPRA Programa de Controle Médico de Saúde Ambiental

PRA Programa de Regularização Ambiental

PSS Plano de Suprimento Sustentável

REDD+ Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação

RL Reserva Legal

SAE Proposta de Anteprojeto de Lei da Política Nacional de Florestas

Plantadas

SAG Secretaria Adjunta de Agricultura

SEDEC Secretaria de Desenvolvimento Econômico

SEFAZ Secretaria de Estado da Fazenda

SEUC Sistema Estadual de Unidades de Conservação

SFB Serviço Florestal Brasileiro

SICAR Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural

SWOT Strengths , Weaknesses, Opportunities and Threats

TIR Taxa Interna de Retorno

TMA Taxa Media de Atratividade

VBP Valor Bruto da Produção

VPL Valor Presente Líquido

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1. Sobre as instituições envolvidas no trabalho

O IPAM é uma organização ambiental sem fins lucrativos, fundada em 1995. O

Instituto tem a missão de contribuir para um processo de desenvolvimento da

Amazônia que atenda às aspirações sociais e econômicas da população e, ao mesmo

tempo, mantenha a integridade funcional dos ecossistemas da região. O IPAM atua em

diversas áreas, como pesquisa científica, desenvolvimento e avaliação de políticas

públicas, capacitação e apoio a populações tradicionais, desenvolvimento rural de

baixas emissões de carbono, fortalecimento e implementação de políticas de REDD+.

A ONF Brasil, junto com o Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) e a ONF

International, implementam o projeto PETRA, financiado pelo FFEM entre 2012 e 2016.

O objetivo do projeto é contribuir para o desenvolvimento sustentável da região

noroeste do Mato Grosso, considerada como uma região teste e piloto para que as

políticas públicas permitam tornar compatível o crescimento das regiões de fronteira

agrícola e preservação das florestas. O projeto permitirá, em particular, desenvolver o

potencial da fazenda São Nicolau como plataforma de recursos em benefício dos

agentes locais, do Estado do Mato Grosso e da região amazonense brasileira.

2. Introdução

O IPAM busca por meio deste trabalho, fazer um levantamento técnico e econômico

do setor florestal do Mato Grosso, com foco na região noroeste com o objetivo de

reunir os principais elementos que influenciam o desenvolvimento econômico, social e

ambiental do setor florestal na região. Adicionalmente este estudo busca trazer

elementos de decisão para a ONF Brasil sobre a sustentabilidade econômica da

Fazenda São Nicolau (FSN). O estudo colabora para a estratégia Produzir, Conservar e

Incluir (PCI) que junto com o Governo do estado do Mato Grosso, setor privado e

sociedade civil, buscam dentre outros, acabar com o desmatamento ilegal até 2020 e

aumentar a área de manejo florestal sustentável em 3,2 milhões de hectares bem

como aumentar a área de florestas plantadas em 500 mil hectares até 2030.

Portanto este estudo almeja trazer informações de caráter técnico-econômico como

suporte para a tomada de decisão de atores da sociedade de forma a contribuir com o

desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva florestal madeireira no estado do

Mato Grosso.

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3. Sumário Executivo

Este estudo levantou os principais fatores que influenciam o desenvolvimento do

setor florestal no Mato Grosso. O trabalhou abordou os aspectos mercadológicos,

econômicos, fiscais e tributários, sociais e ambientais da fase produtiva de florestas

nativas e plantadas, bem como o processamento primário e secundário, pois estes dois

setores desempenham um papel crucial como consumidores e geradores de demanda

dos produtos florestais.

Nesse sentido, realizamos uma extensa revisão da literatura desde a produção

de espécies nativas e plantadas até a fase de processamento primário e secundário de

madeira. Os aspectos estudados foram à demanda de mercado, aspectos econômicos,

regulatórios, produtivos e aspectos ambientais.

A começar pelos aspectos mercadológicos, o tamanho do setor florestal

mundial em 2012 foi da ordem de aproximadamente US$ 240 bilhões dos quais 42%

foram de papel e papelão e o restante pelos demais produtos e subprodutos florestais

com destaque à celulose, serrados e compensados. Desse total, cerca de 91% foi

comercializado na fase de transformação primária e secundária e apenas 9% realizado

na fase de produção. Isso indica a importância da industrialização como gerador de

emprego e renda em uma economia florestal e consequentemente sua influencia na

demanda sobre matéria prima de origem florestal (CIPEM, 2014)

No Mato Grosso em particular, dos 10,3 milhões de metros cúbicos produzidos

em 2013, a grande maioria (96%) foi de origem nativa dos quais apenas 1,4 milhões

foram provenientes de PMFS - Planos de Manejo Florestal Sustentável. A madeira

nativa é vendida em sua maioria em tora para industrialização no estado e muitas

vezes exportada. De acordo com os produtores entrevistados neste estudo, o seu

principal diferencial competitivo é a alta qualidade se comparada a madeira plantada.

Já o restante da matéria prima florestal (4%) foi proveniente de

reflorestamento, dos quais 317 mil hectares foram de Eucalipto e 61 mil hectares de

Teca. A produção de madeira de eucalipto é em grande parte para abastecer a

crescente demanda de biomassa para a agricultura, embora haja também uma

tendência de produção de tora para processamento. Já a produção de Teca é em

grande parte destinada a exportação em tora devido à alta demanda internacional de

produtos de qualidade intrínseca à especie.

Embora o estado conte com uma indústria de transformação florestal

consolidada com um grande número de empresas, o setor vem enfrentando

dificuldades. Em termos gerais, os principais desafios estão relacionados à competição

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desleal com madeira ilegal, insegurança regulatória, excessiva burocracia e

morosidade pelos órgãos ambientais, escassez de mão de obra qualificada, dificuldade

de acesso a financiamento e logística precária.

Uma característica importante do setor florestal se comparado com

importantes cadeias da agricultura no Mato Grosso é sua capacidade na geração de

divisas financeiras por meio de impostos e geração de empregos. Com um VBP de

apenas R$ 233 milhões (ou 0,5% do VBP agrícola-pecuário do MT) o setor foi capaz de

gerar um Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de R$ 3,5 bilhões em 2012, que

corresponde a 0,5% de todos os bens e serviços produzidos no estado.

No que se refere aos aspectos fiscais e tributários, o ICMS, FETHAB e FAMAD

juntos tiveram uma arrecadação media de R$ 90 milhões entre 2010 e 2014, com

destaque ao ICMS que sozinho foi responsável por 76% do total. Entretanto o setor

apresentou redução de 20% de receitas tributárias nesse período o que pode ser

atribuído a perda de competitividade da indústria de transformação devido a baixa

competitividade do setor.

Dados oficiais indicam que o setor gerou em 2015 aproximadamente 18 mil

empregos diretos no estado, dos quais a maioria (55%) foram na fase transformação e

desdobramento de madeira e apenas 5% na exploração de madeira nativa e 9% na

produção de madeira plantada. Fontes não oficiais indicam a geração de

aproximadamente 100 mil empregos diretos e indiretos no setor. Tais números

indicam grande informalidade na fase de exploração de madeira nativa, em parte

devido a exploração ilegal e maior concentração de empregos formais na fase de

transformação.

O maior impacto ambiental do setor florestal é sem dúvida e exploração ilegal.

Em 2012, a maior parte da área explorada (54%) não possuía PMFS, configurando

exploração de matéria prima ilegal. Se realizada de forma correta, dentro do limite de

exploração de 30m³/hectare por POA, a exploração é considerada sustentável por

manter constante o estoque florestal. É importante mencionar também que este é

uma importante fonte de renda e por sua vez serve como incentivo para o produtor

manter as florestas de pé ao invés de converter florestas nativas para a agricultura e

pecuária por exemplo.

O reflorestamento de espécies exóticas por sua vez é uma atividade que pode

apresentar benefícios se realizada de forma correta, entre eles, o reaproveitamento de

terras degradadas pela pecuária para plantios florestais que possibilitam maior

sequestro de carbono, além de proteção do solo contra erosão e redução da pressão

sobre as florestas nativas a partir da oferta adicional de madeira plantada.

No final de 2014 o estado instituiu o Plano de Desenvolvimento Florestal do

Mato Grosso (PDFS), que prevê alocar os recursos florestais de uma forma mais

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eficiente, bem como aumentando a geração de empregos e renda no estado. O

programa prevê até 2030 a incorporação de 8 a 10 milhões de hectares de floresta

nativa ao manejo sustentável e aumento dos atuais 4,8MM para 6,0MM de m³ de

matéria prima nativa. Simultaneamente, estão previstos o aumento de 500 mil

hectares de florestas plantadas em áreas já desmatadas para produção de 10MM m³

de tora e lenha de origem plantada. As florestas plantadas podem também ajudar o

estado a atingir a meta proposta pelo programa Produzir, Conservar e Incluir (PCI),

anunciado durante a COP 21 de Paris, onde se estabelece o compromisso de restaurar

um total de 2,9MM de hectares de área degradada até 2030.

Para a fase de industrialização o PDFS-MT prevê aumentar a competitividade

do setor industrial no Mato Grosso, reduzindo a exportação de matéria prima bruta e

aumentando a agregação de valor dentro do estado para posterior exportação de

produtos de valor agregado.

Neste contexto, buscamos por meio deste estudo trazer elementos técnicos e

econômicos para apoiar a tomada de decisão em projetos de investimento de base

florestal. Sendo assim, analisamos seis empresas que atuam em diferentes fases da

cadeia produtiva florestal, desde a produção de plantadas e exploração de nativas até

o processamento primário e secundário. Os resultados mostraram viabilidade

econômica praticamente em todos os estudos de caso, muito embora os retornos

sejam relativamente baixos com Taxas Internas de Retorno em torno de 15%, sendo as

opções de Teca e de manejo florestal com período de exploração em 10 anos os

estudos de caso mais atrativos.

Visto que a viabilidade econômica do setor florestal está sujeita a variáveis internas

e externas, que podem em grande parte ser influenciadas por ações do PDFS-MT, Lei

PSS, comando e controle, investimentos em infraestrutura, dentre outros, realizamos

uma análise de sensibilidade a partir das variáveis que melhor refletem tais fatores,

que são: o preço da madeira, custos de produção, frete rodoviário, produtividade a

taxa de câmbio.

A partir desta simulação foi possível encontrar não apenas o ponto de equilíbrio

onde cada atividade se torna viável, mas principalmente encontrar, mesmo com dados

conservadores, os cenários mais otimistas com TIRs de até 23% para o manejo florestal

sustentável, 22% para a Teca e 16% para o Eucalipto. Tais simulações ajudam a

mostrar a viabilidade econômica que as empresas florestais podem vir a ter caso as

melhorias no setor venham a ocorrer.

No que se refere à fase de industrialização, os preços encontrados para a madeira

serrada de espécies nativas da região noroeste foram em torno de R$ 1.100,00/m³. Já

na fase de beneficiamento os preços de venda variaram entre R$ 3.000,00 até R$

5.000,00/m³ para pisos de madeira e entre R$ 3.500,00 até R$ 8.000,00/ m³ para

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Decks. A alta lucratividade é, em parte, resultado da visão de curto prazo dos

empresários do setor como reflexo da instabilidade no clima de negócios do setor.

4. Material e métodos

Dados secundários

Para o presente trabalho foi realizado uma extensa revisão da literatura da cadeia

florestal no Mato Grosso abrangendo desde a produção de espécies nativas e

plantadas até o processamento primário e secundário de madeira.

A revisão se inicia com uma análise dos aspectos mercadológicos do setor florestal,

com o objetivo de ter uma dimensão do potencial de mercado do estado do Mato

Grosso e região noroeste para os subprodutos florestais. A seguir foram levantados os

aspectos econômicos do setor envolvendo fluxos de caixa da fase de produção e

custos de logística com o intuito de entender a viabilidade econômica do setor.

Mais adiante, descrevemos o processo de produção para melhor entendimento da

dinâmica produtiva das espécies nativas e plantações. Nos aspectos sociais,

procuramos o número de empregos gerados no setor florestal e sua distribuição ao

longo da cadeia de produção e distribuição bem como os prós e contras de cada

atividade. Por último, fizemos uma breve descrição dos aspectos ambientais, com uma

descrição sucinta das alternativas de produção de menor impacto e melhores práticas

adotadas no setor florestal além da exploração ilegal de madeira nativa no Mato

Grosso. Estes dados foram levantados através de publicações e por acesso a endereços

eletrônicos listados no final deste estudo nas referências bibliográficas.

Dados primários

Para o levantamento de dados do setor e estudos de viabilidade econômica, foi

realizada uma viagem de campo com duração de quatro dias no mês março de 2016

para entrevistar empresários e produtores de seis empresas que atuam no setor

madeireiro em sua maioria na região noroeste do Mato Grosso. A escolha pelas

empresas se deu pelo nível de consolidação das mesmas na região, em geral empresas

de maior porte, bem como pelo relacionamento com algumas dessas empresas,

visando maior acesso a informações e dados.

Para a coleta de dados foram utilizados questionários semiestruturados de perguntas

dissertativas, aplicados em geral na própria fazenda ou fábrica dos entrevistados

contendo questões quali-quantitativas, compreendendo aspectos produtivos;

mercadológicos; custos e receitas de produção; questões regulatórias; impactos

ambientais; e riscos e oportunidades da atividade. Adicionalmente, foram realizadas

outras 3 entrevistas não estruturadas com empresas relacionadas ao setor para dar

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suporte na coleta de dados, sendo uma delas especializada em plantio de mudas e

outras duas de processamento primário e secundário.

O estudo de viabilidade econômica foi realizado apenas para a fase de produção, dada

a complexidade de dados necessários para simulações desse tipo na fase de

processamento e industrialização. Para as simulações foram levantados os principais

subgrupos de custos que compõem o fluxo de caixa, posteriormente validado pelos

entrevistados para ajustes finais. Na sequência foram atribuídos valores máximos e

mínimos para as principais variáveis que apresentam maior nível de incerteza e

oscilação para dimensionar o risco do negócio e avaliar a viabilidade econômica de

cada cadeia em cada um dos cenários.

Indicadores Econômicos utilizados

A partir dos dados levantados em campo foram elaborados fluxos de caixa que

permitiram calcular os principais indicadores de viabilidade econômica e por meio

destes, comparar a atratividade de cada um dos sistemas de produção estudados.

O critério Valor Presente Liquido – VPL (em inglês net presente value – NPV) é o mais

utilizado e conhecido critério para a análise de projetos de investimento, pelo fato de

ser conceitualmente correto. O VPL é a diferença entre as receitas financeiras do

projeto, descontados a valor presente, menos os custos do projeto no valor presente.

Quando o VPL for positivo o projeto vale mais do que custa, ou seja, é lucrativo. E se o

VPL for negativo ele custa mais do que vale, ou seja, gera prejuízo.

O critério Taxa Interna de Retorno, TIR (ou Internal Rate of Return – IRR), é a taxa de

desconto (i) que anula o VPL de forma que o valor presente de um investimento seja

igual aos valores futuros gerados pelo fluxo de caixa. Portanto se a TIR for menor do

que a taxa (i), o projeto não será capaz de pagar o seu custo de capital e, portanto, não

será um projeto economicamente viável. Entretanto se a TIR for maior do que a taxa (i)

o mesmo será viável e economicamente atrativo.

A TIR permite resumir a viabilidade do projeto em um único número, sua rentabilidade

intrínseca expressa em percentuais. Portanto a TIR mede o retorno do projeto, sendo

assim quanto maior for o seu valor, mais atrativo será o projeto.

O critério payback (em português “pegar de volta”) avalia o tempo necessário para

recuperar o investimento. Portanto deve ser utilizado na análise de investimento como

um indicador adicional ao critério VPL e TIR. Ressalva-se que este indicador leva em

consideração o custo do capital no período de investimento descontando os valores

projetados do fluxo de caixa a seus valores presentes a taxa (i) de forma a obter o

payback descontado.

15

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Uma Análise de Sensibilidade foi utilizada em cada estudo de caso deste trabalho para

mensurar o impacto das variáveis que apresentam maior elasticidade de preços, de

forma que possamos visualizar diferentes combinações e cenários. Desta forma,

podemos verificar os limites de até onde o projeto pode suportar condições extremas

e, consequentemente, ter maior capacidade de análise sobre os riscos dos projetos de

investimento.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E SÍNTESE DO MERCADO DA MADEIRA

5. Aspectos mercadológicos do setor florestal

a) Síntese do mercado mundial

A economia florestal ocorre predominantemente em países em

desenvolvimento com extensas áreas de florestas tropicais, bem como em países de

clima temperado como o Canadá e Rússia que detêm grandes áreas de cobertura

florestal. Vários são os subprodutos de matéria prima florestal e que variam conforme

o nível de industrialização da madeira. A agregação de valor é maior nas fases mais

avançadas, onde a demanda por mão de obra é superior. Na fase de industrialização

ocorre o processamento primário por serrarias (que incluem o desdobro, o refilamento

e o empacotamento das peças) e o processamento secundário por beneficiadoras

(secagem, aplainamento e expedição de peças).

Em 2012, o comércio mundial de produtos florestais foi na ordem de US$ 240

bilhões dos quais 42% foram de papel e papelão, perfazendo um total aproximado de

US$ 100 bilhões. Os outros 58% foram representados pelos demais produtos e

subprodutos florestais com destaque à celulose, serrados e compensados1.

Na fase de produção primária, foram produzidos cerca de 1.661 milhões de

metros cúbicos de madeira em tora, comercializados por cerca de US$ 14,3 bilhões e

outros 1.887 milhões de metros cúbicos de lenha, comercializados por cerca de US$

481 milhões (CIPEM, 2014). A lenha é um produto menos nobre e de menor valor

agregado e, portanto, geralmente consumida em nível local para geração de energia.

Já as toras, por ser a matéria prima utilizada para a produção da maior parte dos

produtos da cadeia florestal, possuem maior valor comercial e têm maior presença nas

exportações. O volume total de madeira exportada em 2012 foi de 112 milhões de

metros cúbicos, sendo que a Rússia foi o maior exportador (16%) e a China o maior

importador (32%) de matéria prima florestal madeireira. No mesmo período o Brasil

exportou US$ 2.762 milhões, equivalente à 3,69% do total do valor comercializado

(US$ 238.3 milhões) (CIPEM, 2014).

Na fase de processamento primário2, foram comercializados

aproximadamente US$ 119 bilhões, dos quais 30% foram de celulose, 26% de serrados,

1 Neste capítulo a grande maioria dos dados foram obtidos pela STCP Engenharia, uma vez que um extenso

diagnóstico florestal foi realizado para o estado do Mato Grosso entre 2011 e 2013, cujo objetivo foi dar suporte na elaboração do Plano de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Mato Grosso 2 Processamento primário é a primeira fase de transformação ou industrialização de madeira de tora em madeira serrada (cortada em peças retangulares ou quadradas).

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12% de compensados, 11% de MDP e MDF, 2% de laminados, 1% de carvão vegetal e

18% de outros subprodutos. Os EUA foram o maior produtor (30%) e também maior

consumidor de celulose (28%), enquanto o Brasil foi o 3° maior produtor (8%) e 9°

maior consumidor (3%) deste produto. No que se refere aos serrados, os EUA foram

responsáveis por 16% de toda a produção, enquanto o Brasil produziu 6% desse total

(o 4° maior produtor). Em termos de consumo, a China foi o maior (19%) e o Brasil o 3°

maior consumidor de serrados em (CIPEM, 2014).

Para a fase de processamento secundário3, foram comercializados R$ 101

bilhões no ano de 2012, que equivale a 42% de toda a comercialização do setor

florestal. A China foi o maior produtor (17%) e maior consumidor (26%) dos produtos

secundários, tais como papel e papelão. Já o Brasil figurou como o 11° maior produtor

(3%) e 7° maior consumidor (2%) neste setor. Por fim, o mercado de borracha natural

comercializou 12 milhões de metros cúbicos naquele ano, o que representou um

comércio de US$ 3,4 bilhões (CIPEM, 2014).

b) Síntese do mercado nacional

Em 2012, o Brasil possuía uma cobertura vegetal de aproximadamente 517

milhões de hectares. Desse total 98,6% eram florestas nativas e 1,4% de florestas

plantadas. No mesmo ano, o relatório da STCP apontou que a produção de toras

passou a ser maior do que a produção de lenha, seguindo uma tendência mundial de

industrialização do setor florestal, atingindo um volume total de 145 milhões de

metros cúbicos. A maior parte dessa produção foi direcionada para exportação (US$

17,7 milhões ou 89% do total).

Na fase de processamento primário, o carvão foi o produto mais relevante em

termos volumétricos, com uma produção de 25 milhões de MDC4. Já a celulose foi o

produto mais exportado: 13,9 milhões de metros cúbicos que equivaleram a US$ 4,7

bilhões (ou 84% do total exportado pelo processamento primário e 53% do total

exportado pelo setor florestal).

Em termos de madeira serrada, foram produzidos 15,2 milhões de metros

cúbicos (4% do valor total exportado). Outro produto do processamento primário que

se destacou em 2012 no Brasil foram os painéis reconstituídos (MDF, MDP e chapa

dura), que totalizaram 7,3 milhões de metros cúbicos (representando 1% do valor total

3 O processamento secundário é a segunda fase de transformação ou industrialização de madeira e

consiste no acabamento da madeira, que envolve o arredondamento das bordas, desenhos e formatos de acordo com as demandas dos clientes. 4 MDC é uma unidade de medida para o carvão vegetal, equivalente à quantidade de carvão produzido relativo a um metro cúbico de madeira.

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exportado), seguindo uma constante tendência crescente de produção de 9% ao ano

que se iniciou em 2000, impulsionada principalmente pela produção de móveis

associado à construção civil. Por fim, foram produzidos 2,6 milhões de metros cúbicos

de madeira compensada que representaram 5% do valor total exportado em 2012

(CIPEM, 2014).

No que se refere ao processamento secundário, foram produzidos 28,8

milhões de metros cúbicos de subprodutos, dos quais 35% foram de papel e papelão,

34% de pisos maciços, 28% de portas e janelas e 3% de molduras. O valor total

exportado de produtos do processamento secundário é equivalente a 36% (ou US$ 3,1

bilhões) do total exportado pelo setor florestal no Brasil em 2012 (CIPEM, 2014).

Tabela 1. Volume e comércio nacional

Classe Produto Produção Consumo Exp. Imp.

US$ MM

Matéria Prima Florestal Madeireira

Lenha 145 MM m³ 146 MM m³ 0,2 0,3

Tora 146,8 MM m³ 146,8 MM m³ 17,7 2,2

Processamento primário

Carvão Vegetal 24,9 MM mdc 25,2 MM mdc 0,5 8,7

Serrados 15,2 MM m³ 14,2 MM m³ 351,9 22,6

Compensados 2,6 MM m³ 1,5 MM m³ 408,0 2,6

Painéis Reconstituídos*

7,3 MM m³ 7,2 MM m³ 117,1 54,2

Celulose 13,9 MM m³ 5,8 MM m³ 4.700,0 339,2

Processamento Secundário da

Madeira

Móveis ND ND 421,3 41,0

Portas e Janelas 8 MM m³ ND 209,5 6,3

Pisos Maciços 9,9 MM m³ 4,9 MM m³ 507,2 15,4

Molduras 982 mil m³ ND 20,4 2,3

Papel e Papelão 10,0 MM ton 9,6 MM ton 2.000,0 1.606,0

Produtos Não-Madeireiros

Borracha Natural 295 mil ton 479 mil ton 48,6 662,0

TOTAL

8.802,4 2.762,8

* Incluindo materiais 'case', cavacos e partículas, hardboard, painéis 'insulated', outras fibras para polpa e resíduos de madeira Fonte: STCP Engenharia, 2013

c) Síntese do mercado estadual

O Mato Grosso é o segundo maior produtor de madeira nativa do Brasil, com

aproximadamente 3 milhões de hectares de áreas de manejo florestal licenciadas

(Silgueiro et al., 2015).

O estado conta com uma indústria florestal consolidada, principalmente no

processamento de toras de madeira nativa que abastece o mercado local e

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internacional. Atualmente, a maior parte da produção é voltada para a transformação

de produtos primários. Em 2012, foram produzidos 10,3 milhões de metros cúbicos de

madeira em Mato Grosso, dos quais 5,1 milhões foram de madeira em tora (96%

oriundas de florestas nativas e 4% de florestas plantadas) (CIPEM, 2014).

No que tange à produção de madeira nativa, apenas 1,4 milhão de metros

cúbicos foram provenientes de PMFS - Planos de Manejo Florestal Sustentável. No

total foram exportados US$ 7,7 milhões de madeira em tora, representando 8% do

total exportado pelo setor florestal naquele ano (CIPEM, 2014).

Na fase de processamento primário, a maior parte da produção foi de serrados,

com 1,7 milhão de metros cúbicos, representando uma exportação de US$ 43,3

milhões. Quanto a produção de compensados e laminados, estes totalizaram 138 mil

m³ (US$ 2,1 milhões exportados) e carvão vegetal, com 359 mil MDC. As exportações

totais do processamento primário foram de US$ 45,8 milhões e representaram 45% do

total exportado pelo setor florestal em 2012 (CIPEM, 2014).

No que se refere ao processamento secundário, foram produzidos 280.000 m³

de subprodutos, dos quais 42% foram de portas e janelas, 41% de aplainados e

beneficiados e 17% de pisos maciços. As exportações totais do processamento

secundário foram de US$ 47,4 milhões e representaram 47% do total exportado pelo

setor florestal. Por fim, a produção de borracha natural foi de 26 mil toneladas em

2012 (CIPEM, 2014).

A área total de florestas plantadas cresceu de 145 mil hectares em 2007 para

317 mil hectares em 2013 e as projeções para 2030 são ambiciosas, conforme as metas

do PDFS, representando um crescimento de 119% no período. A principal espécie é o

eucalipto, que ocupa 59% da área total, seguido pela Teca, com 21%.

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Tabela 2. Volume e comércio estadual

Classe Produto Produção Exp. Imp.

US$ MM

Matéria Prima Florestal Madeireira

Lenha 2,8 MM m³ Ausente Ausente

Tora 5,1 MM m³ 7,7 0,4

Resíduos 2,4 MM m³ Ausente Ausente

Processamento primário

Carvão Vegetal 359 mil mdc Ausente Ausente

Serrados 1,7 MM m³ 43,7 Ausente

Compensados e Lâminas 138 mil m³ 2,1 Ausente

Painéis Reconstituídos* Ausente Ausente Residual

Celulose Ausente Ausente Ausente

Processamento Secundário da

Madeira

Móveis ND Ausente Residual

Portas e Janelas 117 mil m³ 1,2 Residual

Pisos Maciços 48 mil m³ 46,1 Residual

Aplainados e Beneficiados 115 mil m³ 0,1 0,1

Papel e Papelão Ausente Residual Residual

Produtos Não-Madeireiros

Borracha Natural 26 mil ton Ausente Ausente

TOTAL

100,9 0,5

* MDF, MDP e Chapa Dura Fonte: STCP Engenharia, 2013

Em 2014 o estado do Mato Grosso instituiu o Plano de Desenvolvimento

Florestal Sustentável do Mato Grosso - PDFS/MT (RESOLUÇÃO 14/2014). Um programa

envolvendo as principais instituições do setor florestal que em conjunto definiram uma

série de ações para desenvolver o setor florestal até 2030. Estas ações envolvem

redução da burocracia, treinamento e capacitação, aumento de acesso a credito e

desenvolvimento de mercado.

O programa prevê nesse período reverter a distribuição de recursos de forma a

aumentar a matéria prima florestal e reduzir a pressão sobre florestas nativas, em

especial sobre exploração ilegal através da incorporação de 8 a 10 milhões de hectares

de floresta nativa ao manejo sustentável e aumento dos atuais 4,8MM para 6,0MM de

m³ de matéria prima nativa. Em contrapartida estão previstos um aumento para 500

mil hectares de florestas plantadas em áreas já abertas para uma produção de 12MM

de m³ de madeira plantada até 2030. O detalhamento das metas encontra-se ao final

desse documento no anexo 3.

Para a fase de industrialização o PDFS-MT prevê aumentar a competitividade

do setor industrial no Mato Grosso, reduzindo a exportação de matéria prima bruta e

aumentando a agregação de valor dentro do estado para posterior exportação de

produtos de valor agregado. Os benefícios são muitos uma vez que é na agregação de

valor onde existe a maior demanda por capital humano e maior geração de divisas

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para o estado através de receitas tributárias e consequentemente desenvolvimento

econômico e social. Embora o plano esteja pronto, o estado ainda não conta com o

orçamento necessário para a implementação das ações previstas.

De acordo com o CIPEM (2014), existem 3.538 empresas florestais operando no

estado do Mato Grosso na área de exploração florestal, industrialização e comércio,

das quais 883 são indústrias madeireiras.

Já o IMAZON, Fatos Florestais, 2010 demonstra que haviam 592 indústrias

madeireiras no Mato Grosso, das quais 70% eram serrarias de serra fita, 11%

beneficiadoras, 9% microsserrarias, 8% laminadoras e 2% fábricas de compensados.

Embora as receitas agregadas do setor florestal sejam relativamente altas, o

Valor Bruto de Produção (VBP)5 é baixo quando comparado com as demais cadeias

produtivas do Mato Grosso. Em 2014, o VBP somado dos setores da agricultura,

pecuária e floresta foi de R$ 43 bilhões, dos quais apenas R$ 236 milhões

corresponderam ao setor florestal (0,5% do total) (IMEA, 2014).

É importante ressaltar que isso não é necessariamente ruim, uma vez que em

geral a maior parte da geração de receitas de um determinado setor ocorre na

agregação de valor, e não na fase de produção. Isto é uma realidade no setor florestal

que, embora tenha um VBP baixo, apresentou um PIB alto em 2012, de cerca de R$3,2

bilhões, com grande potencial de expansão se o estado aumentar a sua

competitividade industrial (CIPEM, 2014).

Tabela 3. Valor Bruto da Produção (VBP) por setor no Mato Grosso

Valor Bruto de Produção (VBP)

Agricultura e Floresta 2013 2014* Participação no

total Variação 2013/14

Soja 19.196 21.693 49,9% 13,0%

Pecuária¹ 10.385 11.354 26,1% 9,3%

Milho 4.811 4.035 9,3% -16,1%

Algodão 3.421 4.530 10,4% 32,4%

Cana de Açúcar 1.047 1.230 2,8% 17,5%

Arroz 364 410 0,9% 12,6%

Produtos Florestais e Lenha 244 236 0,5% -3,3%

VBP Agricultura e Floresta 39.468 43.488 100,0% 10,2%

¹Inclui Boi, Aves, Leite e Suínos *Estimativas IMEA (setembro/14)

Fonte: IMEA, 2014 (elaborado por IPAM).

5VBP é diferente do PIB, uma vez que o VBP é igual ao Preço vezes a Produção. Já o PIB é igual ao VBP do

setor menos o VBP dos setores que fornecem insumos para produção. Em outras palavras, o PIB considera os produtos e serviços gerados ao longo da cadeia de produção e não apenas a receita agregada da fase de produção.

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d) Síntese do mercado na região noroeste do Mato Grosso

A região noroeste do Mato Grosso é composta pelos municípios de Colniza,

Aripuanã, Cotriguaçu, Juína, Juara, Juruena e Tabaporã. De acordo com um

levantamento realizado pelo Instituto Florestal Tropical (IFT) em 2009, a região

contava com 173 empresas madeireiras que consumiram 1.652 milhões de metros

cúbicos de toras, com uma geração de 24.233 empregos e uma arrecadação de US$

352 milhões em receita bruta. No mesmo ano, o município de Cotriguaçú ocupava o 5º

lugar no ranking geral de polos madeireiros da região noroeste do Mato Grosso, com

15 empresas madeireiras, totalizando um consumo de 129 mil metros cúbicos de

madeira em tora e arrecadação anual de 28 milhões de dólares (IFT, 2010).

Tabela 4. Número, consumo, produção, empregos e receita bruta na região noroeste

Polo Madeireiro Número de Empresas

Consumo Anual de Toras

(Milhares de m³)

Produção Processada

(Milhares de m³)

Empregos Gerados

Receita Bruta (US$ Milhões)

Aripuanã¹ 30 461 211 6.176 99,3

Colniza² 36 260 155 5.099 86,9

Cotriguaçú³ 15 129 57 2.048 27,7

Juara¹² 39 460 187 5.023 76,2

Juína 32 177 79 2.910 33,8

Juruena 9 64 30 1.346 15,2

Tabapoarã 12 101 32 1.631 13

Noroeste MT 173 1.652 751 24.233 352,1

¹Inclui distrito de Conselvan; ² Inclui distrito de Guariba; ³Inclui distrito de Nova União; ¹²Inclui distrito de Porta do Céu e o município de Porto dos Gaúchos Fonte: IFT, 2010

6. Aspectos econômicos do setor florestal

a) Preços e viabilidade econômica em Mato Grosso

Em 2009, os preços de madeira em tora de espécies nativas no Mato Grosso

ficaram em torno de R$ 486,00/m³, variando desde R$ 359,00/m³ para as espécies de

baixo valor econômico até R$ 702,04/m³ para as espécies de alto valor econômico. Já

os preços de madeira serrada no mercado nacional, atingiram uma média R$

1.695,00/m³, variando desde R$ 1.320,00/m³ até R$ 2.433,00/m³ para as espécies de

alto valor econômico (IMAZON - Fatos Florestais, 2010)6.

6Os valores foram originalmente informados em moeda americana e convertidos em reais pela taxa de

Câmbio do dia 27/Fev/2016 (US$ 1,00 = BRL 3,99).

23

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Para os demais produtos beneficiados (pisos, portas, decks, móveis e outros)

os preços médios praticados foram de R$ 1.385,00/m³ para os laminados, R$

1.584,00/m³ para os compensados e R$ 2394,00/m³ para os produtos beneficiados.

Tabela 5. Diferença de preço praticado por produto no mercado nacional e internacional

Preços Médios (R$/m³)¹

Produtos Mercado Nacional Mercado

Internacional Média

Laminados 1.101 1.676 1.385

Compensados 1.373 1.799 1.584

Outros Produtos 2.051 2.725 2.394

¹Valores originalmente informados em moeda americana e convertidos em reais pela taxa de Câmbio do dia 27/Fev/2016 (US$ 1,00 = BRL 3,99) Fonte: IMAZON - Fatos Florestais, 2010

b) Custo de produção e viabilidade econômica de Eucalipto e Teca no Mato Grosso

Considerando que os estudos de caso de florestas plantadas deste trabalho

foram realizados em plantios de Eucalipto e Teca, foi feito um breve levantamento dos

principais trabalhos encontrados sobre a viabilidade econômica destas espécies no

Mato Grosso.

Em 2013, o IMEA publicou o segundo diagnóstico de florestas plantadas do

Mato Grosso. Através de reuniões, painéis e por meio de consenso, responderam

questões relativas aos custos de produção do setor. Este é o levantamento mais

recente disponível para revisão e indica que ambos os projetos de investimento de

Eucalipto e Teca são economicamente viáveis no estado.

De acordo com um estudo realizado pelo IMEA em 2013, os custos de

produção de eucalipto com destinação para lenha em uma área de 200 hectares, com

uma estimativa de produção de 350 st7 ou 233 m³, conduzidos por um período de sete

anos, foram de R$18.162,29 por hectare8. Para o uso múltiplo, a colheita é feita após

12 anos, porém, com desbastes intermediários, totalizando um custo total por hectare

de R$22.345,549. Neste caso, o investimento inicial do produtor, incluindo instalações,

equipamentos auxiliares e maquinário é de R$449.550,00 ou 2.247 reais por ha

(IMEA, 2013).

Para a produção de Teca em uma propriedade de R$ 1.000 hectares, com

produção de 300 m³/ha para com período entre 20 a 21 anos, o investimento inicial

em máquinas e equipamentos foi de R$1.178.525,00 e o custo total de produção após

7 A medida ”estéreo” ou “st” é uma medida de volume (neste caso o IMEA considerou 1,00st = 0,66m³).

8 Os custos fixos são de R$ 2.650,88 e os custos variáveis são de R$ 15.511,41

9 Os custos fixos são de R$ 5.959,85 e os custos variáveis são de R$ 16.385,69

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a colheita foi de R$103.126,90 por hectare para todo o ciclo de produção10. Para a

simulação de viabilidade econômica foi encontrado uma TIR11 de 9,91% para a lenha

de Eucalipto, 12,40% para a madeira serrada de Eucalipto e 17% para a produção de

madeira serrada de TECA12 (IMEA, 2013). Portanto, para o eucalipto a produção de

madeira serrada se demonstrou mais atrativa do que a madeira serrada devido a maior

demanda interna do estado13.

Para efeito de comparação, levantamos outros dois estudos que, embora

tenham mais ênfase na simulação econômica do que nos custos de produção, dão

parâmetros adicionais sobre a viabilidade econômica do setor.

Em 2006, foi realizada uma avaliação econômica de diferentes alternativas em

um manejo de eucalipto em uma propriedade localizada no município de Viçosa,

Minas Gerais, com área plantada de 5 ha e 72 meses de idade. A taxa de desconto

utilizada no estudo foi de 10% e a TIR encontrada foi de 13,34% para o projeto de

manejo de eucalipto para biomassa (Paixão et al., 2006).

O segundo estudo foi realizado em 2003, com fontes de dados do estado do

Mato Grosso para um plantio de Teca com 6.000 mudas e espaçamento de 3 X 2 (ou

3,27 hectares). O investimento foi de 25 anos, com desbastes nos anos 4, 8, 12, 16, 20

e corte raso aos 25. A taxa de desconto utilizada foi de 10% ao ano, e a TIR encontrada

foi de 15,1% (Tsukamoto Filho et al., 2003).

Sendo assim, a partir deste breve levantamento é possível concluir que todos

os projetos estudados se mostram economicamente viáveis, sendo a produção de Teca

a opção de investimento mais atrativa se comparado com o Eucalipto. Entretanto, é

importante salientar que esta é a opção mais arriscada, uma vez que o projeto de

investimento é mais longo (>20 anos) e cujo mercado em geral é o externo, além de se

embasar em cotações de preços em dólares e, por isso, deve ser bem analisada antes

de ingressar na atividade.

c) Custo de produção e viabilidade econômica do manejo florestal em Cotriguaçú

Em 2010, o Instituto Florestal Tropical realizou um estudo na região de

Cotriguaçu, onde foram realizadas simulações de fluxos de caixa de POAs14 de 595

hectares, com projetos de investimento em um horizonte de 8 anos, comparando

10

Os custos fixos são de R$ 44.589,05 e os custos variáveis são de R$ 58.537,84 11

TIR – Taxa Interna de Retorno. 12

Para simulação da viabilidade econômica das atividades o IMEA considerou para o Eucalipto um preço de R$

110,36 st para os 122,5 metros estéreos de tora e R$ 55,00 para os 477,5 metros estéreos de lenha e R$ 1000,00/m³ para os 300m³/há de Teca 13

Neste trabalho, a taxa de desconto utilizada pelo IMEA é exatamente a taxa de juros do capital de terceiro (5% para BNDES; 4,12% FCO no ano de 2013), pois foi considerado que o investimento seria realizado 100% através de capital de terceiros 14

Planos de Operação Anual serão explicados mais adiante no capítulo “Etapas do licenciamento de florestas nativas”.

25

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diferentes tecnologias (e.g. trator Skidder15 versus trator Girico16) e 25 anos (no ano

zero versus adquiridas gradualmente). Os investimentos iniciais no ano zero foram de

aproximadamente R$3,2 milhões e de R$17,4 milhões, se considerada, além do

maquinário, a aquisição de terras. Os resultados indicaram uma TIR muito atrativa nas

simulações sem aquisição de terra, sendo a tecnologia de arraste de trator Girico com

uma TIR de 25,6% e Skidder com TIR 24,1%).

Na simulação do cenário de aquisição total de terras no ano zero, a TIR

encontrada foi de 5,1%, o que configurou uma opção economicamente inviável. No

entanto, quando o modelo considerou a aquisição gradual de terras a cada 5 anos, a

TIR encontrada foi de 22,9%, portanto, similar às simulações iniciais (IFT, 2010). Esse

resultado mostra que quando se dilui o investimento inicial ao longo do projeto de

investimento a taxa interna de retorno do projeto passa a ser maior devido ao custo

do capital ao longo do tempo.

d) Custo de processamento no Mato Grosso e Cotriguaçu

Foi identificado um custo médio de processamento de madeira na Amazônia

Legal a R$279,00/m³ no ano de 2009, tendo a madeira laminada um custo inferior, de

R$196,00/m³, e a madeira beneficiada apresentou o maior custo de produção,

equivalente a R$480,00/m³. Os custos intermediários foram das madeiras serrada e

compensada, a R$255,00/m³ e R$394,00/m³, respectivamente (IMAZON - Fatos

Florestais, 2010)17.

Na região de Cotriguaçú, os custos médios de processamento da madeira em

tora (madeira em tora para madeira serrada) foram estimados em aproximadamente

R$ 133,29 por metro cúbico com base em 7 serrarias identificadas pelo instituto na

região (IFT, 2010)18.

7. Transporte e logística no setor florestal

A distância entre a matéria prima e os centros de processamento primários e

secundários no Mato Grosso é variável, uma vez que as indústrias primárias ficam

próximas aos locais de produção, em um raio médio de 150 km, enquanto as indústrias

secundárias podem estar localizadas em qualquer região, dentro ou até mesmo fora

do estado.

15

Equipamento florestal utilizado para extração de madeira 16

Veículo rústico adaptado para transporte de madeira 17

Valores atualizados com base na inflação acumulada do período. 18

Valores atualizados com base na inflação acumulada do período.

26

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Os custos de frete podem ser pagos pelo produtor ou por terceiros e variam

de acordo com a espécie comercializada. Em um levantamento realizado em 2015 pelo

IPAM quatro empresas de Teca e cinco de Eucalipto foram contatadas informalmente

e questionadas quanto aos seus custos de transporte. Todos os produtores de Teca

informaram que objetivo era a exportação, sendo que uma Trading Company arca com

os custos de frete desde o local de origem da produção até o porto. Entretanto, no

caso do Eucalipto, por ter sua produção com destino às serrarias locais, o frete foi pago

pelo produtor em todas as cinco empresas contatadas.

No Mato Grosso a maior parte da madeira em tora oriunda de florestas

nativas foi extraída por terceiros (72%), enquanto que a menor parte (28%) foi extraída

pelas próprias indústrias processadoras. A distância média da floresta para a indústria

no Mato Grosso foi de 131 km e a maior parcela do volume extraído foi transportada

por meio de estradas piçarradas (64%), seguido de 19% em estradas não piçarradas19 e

17% em estradas asfaltadas. Essa distância é maior do que a distância média na

Amazônia Legal (117 km) e a participação das estradas asfaltadas no volume total

extraído é inferior: em média 19% das entradas são asfaltadas na Amazônia Legal

(IMAZON – Fatos Florestais 2010).

Segundo a informação dos empresários entrevistados pelo IFT em Cotriguaçú,

o custo médio de transporte de madeira nativa em tora da floresta até o pátio das

serrarias é de R$34,50 por metro cúbico de madeira explorada (aproximadamente 41%

do custo médio de processamento de madeira em tora). O autor também mensurou a

composição média dos tipos de estradas na região, concluindo que a maior parte do

trajeto é de terra não piçarrada, explicando assim os altos custos com transporte na

região (IFT, 2010).

Quanto à logística do setor de florestas plantadas no Mato Grosso, em 51%

dos casos o produtor fecha o negócio com o frete incluso e nos demais casos o frete

fica por conta do produtor. O custo pago varia de acordo com a distância, sendo

R$11,35/m³ em distâncias inferiores a 100km, R$19,82/m³ em distâncias até 140 km e

R$24,61/m³ em distâncias acima de 140 km (IMEA, 2013). Em termos gerais os custos

de transporte de florestas plantadas são bem inferiores aos de florestas nativas uma

vez que as estradas de acesso às regiões manejadas são em geral de baixa qualidade,

por sua vez aumentando significativamente o custo de transporte.

19

De acordo com o autor as “estradas piçarradas geralmente possuem melhores condições de rodagem do que as

não piçarradas, pois possuem melhor drenagem, nivelamento e conservação”.

27

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8. Aspectos legais e tributários do setor florestal

a) Legislação federal e estadual

Esta seção tem como objetivo levantar as principais leis que tratam da

questão do uso do solo e ocupação da área rural que tem impacto no setor florestal,

incluindo convenções internacionais. Mais adiante nas entrevistas de campo serão

direcionadas perguntas relativas a legislação florestal na fase de produção de nativas e

plantadas, bem como na fase de processamento, com o objetivo de identificar as

normas e licenças que mais impactam o setor florestal.

Tabela 6. Principais Leis que impactam o setor florestal

NÍVEL FEDERAL LEIS DE CARÁTER GERAL

Constituição Federal de 1988

Lei Complementar Federal n 140/11

LEGISLAÇÃO FLORESTAL

Novo Código Florestal de 2012 (Lei Federal n 12.651/12), com as Modificações Introduzidas pela Lei

Federal n 12.727/12 e Regulamentação do Decreto Federal

n 7.830/12: a) Área de Proteção Permanente (APP); b) Reserva Legal (RL); c) Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR); d) Cadastro Ambiental Rural (CAR); e) Programas de Regularização Ambiental (PRA); f) Cota de Reserva Ambiental (CRA).

Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta - Lei Federal n 12.805/13

Lei de Gestão de Florestas Públicas - Lei Federal n 11.294/06

Proposta de Anteprojeto de Lei da Política Nacional de Florestas Plantadas (SAE)

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Lei da Política Nacional de Meio Ambiente - Lei Federal n 6.938

Lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos – Lei Federal n 12.305/10

Lei da Política Nacional Sobre Mudança do Clima - Lei Federal n 12.187/09

Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal n 9.605/98

Sistema Nacional de Unidades de Conservação - Lei Federal n 9.985/00

LEGISLAÇÃO FUNDIÁRIA

Lei da Reforma Agrária – Lei Federal n 8.629/1993

Legislação de recursos hídricos

Política Nacional dos Recursos Hídricos – Lei Federal n 9.433/97 e Código das Águas – Decreto Federal

n 24.643/1934.

LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (107.000-2)

28

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NR-9 Programa de Controle Médico de Saúde Ambiental – PPRA

NR-12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

NR-15 Atividades e Operações Insalubres

NR-31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração florestal e Aquicultura

CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

Convenção da Diversidade Biológica – CDB

Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção – CITES

Convenção Ramsar

NÍVEL ESTADUAL CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE MATO GROSSO (1989)

LEGISLAÇÃO FLORESTAL

Lei da Política Florestal do Estado de Mato Grosso (Lei Complementar n 233/2005)

Gestão Florestal do Estado de Mato Grosso (Decreto n 8.188/2006)

Alterações no Regulamento da Gestão Florestal do Estado de Mato Grosso – Reposição Florestal

(Decreto n 1.214/2008)

Instituição do Selo Verde no Estado de Mato Grosso (Lei n 8.397/2005)

Programa de Desenvolvimento Florestal do Estado de Mato Grosso (Lei n 7.709/2002)

Programa de Desenvolvimento do Agronegócio da Madeira no Estado de Mato Grosso (Lei n 7200/99)

Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Lei n 7.958/03)

Lei do Programa Mato-grossense de Regularização Ambiental Rural - MT LEGAL (Lei Complementar n 343/08)

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Código Estadual do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (Lei Complementar n 38/1995)

Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) – Lei Estadual n 9.502/11

Política Estadual sobre Mudança Climática de Mato Grosso – Minuta de Lei Aprovada em 27-10-2010

Sistema Estadual de REDD+ no Estado de Mato Grosso – Lei n 9.978/13

Política Estadual de Educação Ambiental – Lei n 7.888/03

LEGISLAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Política Estadual de Recursos Hídricos – Lei Estadual n 6.945/97

Administração e Conservação das Águas Subterrâneas de Domínio do Estado - Lei Estadual n 9.612/11

LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO;

NR-9 Programa de Controle Médico de Saúde Ambiental – PPRA;

NR-12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos;

NR-15 Atividades e Operações Insalubres

Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração florestal e Aquicultura

Fonte: CIPEM, 2014 (adaptado por IPAM).

29

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b) Principais tributos do setor florestal no Mato Grosso

Os impostos, tributos e taxas que incidem sobre a cadeia da madeira no Mato

Grosso variam de acordo com a etapa da cadeia produção, tipo e natureza do imposto.

Na fase de produção incide o ICMS, que é um imposto estadual cumulativo e diferido

para o momento da saída e cuja alíquota sobre o volume de madeira varia de estado

para estado, sendo 17% quando comercializado dentro do estado e 12% quando

comercializado para outros estados20.

O FETHAB (Fundo Estadual de Transporte e Habilitação), é uma contribuição

com o objetivo de financiar um fundo para o planejamento, execução,

acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e habitação no

estado do Mato Grosso, cuja alíquota é de 9,305% sobre a UPF (Unidade Padrão Fiscal)

por metro cúbico de madeira comercializada (lei n 7.263/ 2000)21.

O FAMAD (Fundo de Apoio à Madeira), para o financiamento de ações

voltadas ao apoio e desenvolvimento do setor de base florestal e organização do

sistema de produção por meio de entidades representativas do segmento, cobra

alíquota de 1,855% sobre o UPF por metro cúbico de madeira comercializada (lei n

7.263/2000)22.

FUNRURAL (Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural) é uma contribuição social

destinada ao custeio do seguro de acidente do trabalhador rural. A alíquota é de

2,3% sobre a venda da madeira em tora com (Lei nº 8.212/91)23.

A Tabela 7 extraída do IMEA (2013), traz indicadores sobre a incidência

tributária da madeira em tora ao longo da cadeia produtiva florestal. Entretanto, com

base no Decreto 545/2016 não haverá mais o diferimento do ICMS para empresas de

micro e pequeno porte que se enquadram no simples nacional (grande maioria das

empresas do setor florestal do MT), portanto aumentando significativamente a carga

tributária do ICMS sobre o setor. A incidência tributária sobre a madeira serrada é

praticamente a mesma, com exceção do FETHAB que passa ser pago na pela indústria

na fase do processamento.

20

De acordo com a lei Kandir, Lei Complementar n° 87, o ICMS não incide sobre os produtos e matérias primas destinados à exportação. 21

http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/07FA81BED2760C6B84256710004D3940/3866792553B6DE7B032568B30044C0D4 22

http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/07FA81BED2760C6B84256710004D3940/3866792553B6DE7B032568B30044C0D4 23

http://www.cipem.org.br/storage/webdisco/2013/10/03/outros/6a8071f42fa80643fe2eaaa48210d83b.pdf

30

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Tabela 7. Incidência tributária de acordo com a etapa da cadeia de produção

Operação De Para ICMS/FETHAB/FAMAD

Saída interna de madeira in

natura (toras)

Produtor ou extrator

Industria (para industrialização)

ICMS: Diferido para o produtor FETHAB: Não incidência FAMAD: Deve ser recolhido pelo industrial adquirente da madeira in natura

Saída interna de madeira in

natura (toras) Industrial

Comercial (para revenda)

ICMS: Diferido pelo industrial remetente FETHAB: Apenas sobre a madeira serrada FAMAD: Tributação encerrada (se recolhida na 1° operação)

Saída interna de madeira in

natura (toras) Comercial

Industria (para industrialização)

ICMS: Devido pelo comercial remetente FETHAB: Não incidência FAMAD: Tributação encerrada (se recolhida na 1° operação)

FONTE: IMEA, 2013 (adaptado por IPAM)

Os demais impostos são em geral comuns a outros setores, tais como: ITR de

0,3% a 20% sobre o imóvel rural, conforme o valor da terra nua e CSS, cuja alíquota é

de 2,3% sobre o faturamento bruto proveniente da comercialização da produção rural.

Em termos de mão de obra, incidem o Imposto de Renda sobre pessoa jurídica,

variando de 0% a 27,5% de acordo com o nível progressivo de renda, Imposto de renda

sobre pessoa física, de acordo com a tabela progressiva de renda e INSS de 8 a 11%

pago sobre os rendimentos dos funcionários (IMEA, 2013).

Com o objetivo de levantar o histórico de arrecadação dos principais tributos

no Mato Grosso, foram acessados os dados ano a ano do Sistema Integrado de

Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN) da SEFAZ/MT para levantar a

arrecadação total de receitas relativas ao FETHAB e FAMAD do setor florestal, bem

como dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SEDEC) para contabilizar

informações relativas à arrecadação de ICMS.

Como verificado na Tabela 8, o ICMS foi o principal tributo arrecadado com

uma média de R$76 milhões/ano (ou 85% do total arrecadado), seguido do FETHAB

com R$10,3 milhões (11% do total) e FAMAD com R$3 milhões/ano (ou 3% do total).

Com base nos dados obtidos, pôde-se inferir que a arrecadação total diminuiu de

R$100 milhões em 2010 para R$80 milhões em 2014 (20% de redução no período).

Não se sabe ao certo as causas dessa redução.

31

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Tabela 8. Histórico de arrecadação tributária no Mato Grosso

2010 2011 2012 2013 2014 Média Participação (%)

ICMS 87,0 94,0 76,0 69,0 57,0 76,6 85%

FETHAB Madeira 9,7 9,0 7,9 5,0 20,124

10,3 11%

FAMAD 3,0 2,8 3,1 3,2 3,2 3,0 3%

TOTAL 100 106 87 77 80 90,0 100%

Fonte: Fiplan/ SEFAZ, 2015 e SEDEC, 2015 elaborado por IPAM

c) Carga tributária no setor florestal em nível nacional

Em 2013, o Serviço Florestal Brasileiro publicou um estudo técnico com um

mapeamento da carga tributária incidente sobre os produtos florestais madeireiros,

dentro de uma estratégia para o desenvolvimento florestal sustentável do setor

florestal no Brasil, principalmente no bioma Amazônico. A seguir, as principais

conclusões do estudo são apresentadas:

A carga tributária total da madeira serrada e do compensado desde a

produção até ao consumidor final é de 5% a 32%, variando de acordo com o

enquadramento das empresas e destino dos produtos, sendo de 5% para uma

cooperativa de exploração florestal com produção voltada à exportação e de

32% para uma empresa privada de exploração com produção voltada ao

mercado interno;

O ICMS é o tributo com o maior peso na carga tributária da cadeia da madeira,

exceto no caso de exportação ao exterior;

O Simples Nacional é o segundo tributo com o maior peso na carga tributária

da cadeia florestal, uma vez que a margem de lucro do setor terciário é alta

(40%) e que a incidência do tributo ocorre sobre a receita bruta do

faturamento, consequentemente, elevando o peso da carga tributária sobre o

produto;

O IPI é o terceiro tributo que mais onera a cadeia produtiva (6% sobre o

produto final, exceto exportação) e por se tratar de um tributo extrafiscal, cujo

objetivo é regular a demanda e oferta e não a arrecadação em si, há boas

possibilidades de desoneração tributária;

24

O grande aumento da arrecadação do FETHAB de 2013 para 2014 se deu pela elevação UPF no período.

32

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O enquadramento da empresa de produção e processamento como

agroindústria torna a carga tributária mais elevada se o destino final for o

mercado interno. De acordo com o estudo, se a produção for para exportação

haverá redução de 41% das contribuições sociais sobre a folha de pagamento,

uma vez que não haverá incidência de tributação sobre a receita de

exportação.

9. Aspectos produtivos de espécies exóticas e nativas

a) Descrição do processo de exploração de madeira nativa

A exploração da madeira nativa pode ocorrer através de diferentes métodos,

sendo a exploração ilegal uma das formas mais preocupantes. Neste caso ocorre o

corte raso e não há qualquer preocupação ambiental. Estradas são abertas sem

planejamento, não há inventário das espécies derrubadas e geralmente essas terras

são convertidas em áreas agrícolas e de pastagens provocando degradação florestal

(FGV, 2011).

Outro método utilizado é o desmatamento autorizado, quando o proprietário

é autorizado a desmatar até 20% da sua área localizada na Amazônia, para conversão

em áreas agrícolas e pastagens. Há também o Manejo Florestal Sutentável, que pode

ser realizado em áreas de reserva legal, sendo realizado por meio do planejamento

completo da atividade florestal em que há a seleção de espécies comerciais potenciais

e posterior corte direcionado das árvores, gerando assim menor impacto ambiental

durante a extração da madeira. O Manejo Florestal também apresenta vantagens

socioambientais, pois há um compromisso com as questões socioambientais das áreas

adjacentes ao local de extração da madeira, como conservação da água, eliminação de

resíduos e garantias ocupacionais (FGV, 2011).

Assim, o Manejo Florestal realizado através de Planos de Manejo Florestais

Sustentáveis (PMFS) é a forma mais sustentável de exploração de florestas nativas,

cujo processo de exploração consiste nas seguintes fases:

Fase pré-exploratória: Esta etapa possui várias fases desde o planejamento no

manejo, que consiste na localização e definição do tamanho dos pátios,

definição do tamanho dos ramais e a direção da queda das árvores e aprovação

do PMFS, até o planejamento e instalação de infraestrutura (rotas de acesso e

estradas, pátios de armazenamento e escoamento da produção). Esta fase é

realizada de forma a reduzir os custos operacionais, minimizar os impactos

ambientais e otimizar a produtividade das máquinas de corte e arraste (CIF

Florestas25).

25

http://www.ciflorestas.com.br/texto.php?p=naturais

33

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Fase exploratória: A primeira atividade da fase de exploração é a demarcação

de estradas (localizar estradas existentes, abrir trilhas, fazer eventuais desvios

etc). Posteriormente ocorre a demarcação dos pátios de acordo com o

planejamento inicial onde a madeira será estocada, e a demarcação dos ramais

de arraste. Em seguida há o pré-corte, cujo objetivo é a definição da direção da

queda das árvores, limpeza dos troncos a serem cortados (de cipós por

exemplo) e preparação de caminhos de fuga no ato da derrubada. Na fase pós-

corte ocorre o desponte (separar a copa do tronco) e divisão da tora em toras

menores (traçamento). Por fim, acorre o arraste da madeira para os pátios, que

é realizado por diferentes equipamentos até chegar ao trator florestal de pneus

(skidder) (IMAZON, 1998).

Fase pós exploratória: Nesta etapa haverá a manutenção e acompanhamento

da área explorada para avaliar a possibilidade de intervenção de tratamentos

silviculturais com objetivo de restaurar a área e garantir a recuperação da

floresta. Esta etapa é importante pois as áreas desmatadas criam mosaicos com

acumulo de material comburente, que com a incidência solar pode resultar em

incêndios. A avaliação de regeneração da área depende da legislação vigente

para cada estado e fixado pela SEMA. Em geral, ocorre um a dois anos após a

exploração (IMAZON, 1998).

b) Descrição do processo de implantação de florestas plantadas

A implantação de florestas plantadas deve ser pautada por processos

silviculturais, tais como a escolha da região, limpeza da área, controle de pragas e

doenças, definição do método de plantio e tratos culturais. O ciclo de produção varia

de acordo com a espécie, clima, condições do solo da região e método de manejo,

sendo em geral de 5 a 7 para biomassa e a partir de 12 anos para uso múltiplo de

Eucalipto e de 20 a 30 anos para a Teca. A seguir, a descrição geral das fases de

produção de florestas plantadas:

Fase de pré-plantio: Na fase de implantação da floresta deve haver

planejamento e preparação da área, que deve contemplar vias de acesso,

aceiros e posicionamento adequado dos talhões, o que irá facilitar ações de

combate ao fogo, assim como o processo de trato e retirada da madeira. Nesse

período, também é necessária a realização de operações de combate a

formigas e o preparo do solo, que deve ser feito por meio de subsolagem,

calagem e adubação (STCP, 2010)

34

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Fase de plantio: O plantio pode ser realizado de três formas: manual,

semimecanizado ou mecanizado, sendo o semimecanizado o mais utilizado

atualmente. Nesse momento, deve haver atenção especial para o espaçamento

das mudas de acordo com o objetivo de comercialização. Alguns números

apontam que se houver índices de sobrevivência inferior a 90%, pode haver a

necessidade de replantio. Nos meses e anos posteriores a plantação, a área

deve passar por tratos culturais que incluem coroamento, capinas e roçadas. Já

por volta do terceiro a quarto ano, se iniciam os tratos silviculturais com a

prática da desrama (visando melhorar a qualidade da madeira com a ausência

de nós), do desbaste (para evitar a competição entre as árvores) e aplicação de

herbicida (STCP, 2010).

Fase Exploratória: A fase de extração da madeira engloba todas as atividades

relacionadas desde a derrubada até o transporte para o pátio da indústria

consumidora. O corte pode ocorrer através do sistema de toras longas (se faz

apenas o desgalhamento e o destopo das árvores no local) ou do sistema de

toras curtas, onde todos os procedimentos de corte (desgalhamento, destopo,

toragem e descascamento) são realizados no local. As formas de extração

podem ocorrer através de arraste, baldeação ou forma suspensa, de acordo

com as condições topográficas do local. O carregamento é a etapa final, sendo

o transporte primário realizado no local do talhão até a beira da estrada e o

transporte principal é aquele que leva a madeira até o pátio da indústria (STCP,

2010).

10. Aspectos sociais do setor florestal

a) Número de empregos no estado do Mato Grosso

A produção de base florestal é um setor importante no Mato Grosso e gera

cerca de 100.000 empregos diretos e indiretos (ICV, 2015). Segundo dados da

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o total de postos de trabalho diretos no

setor florestal em dezembro de 2014 foi de 18.020, reduzidos para 17.232 em julho de

2015, indicando uma redução absoluta de 788 empregos no período. Ainda segundo a

SEDEC, 55% dos empregos no setor madeireiro são gerados por empresas de

desdobramento de madeira, 12% por empresas fabricantes de móveis, 9% por

fabricantes de laminados, 9% pela plantação florestal, 5% na produção de florestas

nativas, 4% por fabricantes de estruturas de madeira e artigos de carpintaria, 4% por

atividades de apoio florestal, e 2% no comércio atacadista de madeira e produtos

derivados.

35

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Tabela 9. Variação e distribuição dos postos de trabalho na cadeia produtiva florestal

SEGMENTOS FLORESTAIS

Produção Nativas

Produção Plantadas

Atividades de Apoio

Laminados e Chapas

Artigos de Carpintaria

Móveis Comércio Atacadista

Desdobramento Total

no Período

Total de Admissões

390 823 339 338 242 704 146 3.694 6.676

Total de demissões

459 809 348 595 247 757 221 4.028 7.464

Indicadores

Empregos em 01/12/14

865 1.511 649 1.756 745 2.188 430 9.876 18.020

Empregos em 31/07/15

796 1.525 640 1.499 740 2.135 355 9.542 17.232

Variação -69 14 -9 -257 -5 -53 -75 -334 -788

Distribuição de empregos (%) 5% 9% 4% 9% 4% 12% 2% 55% 100%

* Unidades Fonte: SAG/SEDEC adaptado por IPAM.

b) Região noroeste do Mato Grosso

A área total da região noroeste é de 108.013 hectares e sua população é de

122.311 habitantes dos quais 63% residem na região urbana e 37% no meio rural. No

que se refere ao PIB per capita (Tabela 10), o município mais elevado foi de Aripuanã

enquanto que a Cotriguaçu registrou em 2010 o menor PIB per capita.

Tabela 10. PIB per capta dos municípios do Mato Grosso

Municípios Área (em Km²) População

Total População Urbana População Rural PIB per capita

(R$)

Aripuanã 25.056,78 18.656 11.681 6.975 19.396,07

Castanheira 3.909,54 8.231 3.921 4.310 11.343,63

Colniza 27.946,83 26.381 14.987 11.394 9.154,53

Cotriguaçu 9.460,47 14.983 5.132 9.851 8.520,83

Juína 26.189,96 39.255 33.960 5.295 14.866,05

Juruena 2.778,96 11.201 6.801 4.400 11.147,08

Rondolândia 12.670,49 3.604 950 2.654 13.523,23

Total 108.013,03 122.311 77.432 44.879 NA

Fonte: IBGE 2010.

36

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Tabela 11. Principais indicadores sociais da região noroeste

Municípios Incidência da pobreza*

Índice de GINI*

IDH** PIB per capta**

Aripuanã 35,45% 0,41% 0,675 19.396,07

Castanheira 29,92% 0,40% 0,665 11.343,63

Colniza NE NE 0,611 9.154,53

Cotriguaçu 32,56% 0,41% 0,601 8.520,83

Juína 31,92% 0,42% 0,716 14.866,05

Juruena 33,55% 0,43% 0,662 11.147,08

Rondolândia NE NE 0,640 13.523,23

IBGE: (*2003; **2010)

Tabela 12. Estabelecimentos da agricultura familiar na região noroeste

Municípios Nº de estabelecimentos da agricultura familiar

Pessoal ocupado na agricultura familiar

DAP - Pessoa Física26

Aripuanã 1.312 2.884 693

Castanheira 980 2.175 289

Colniza 2.689 7.921 903

Cotriguaçu 2.013 5.079 455

Juína 1.608 4.571 1.054

Juruena 763 2.326 487

Rondolândia 289 1.091 151

Total 9.654 26.047 4.032

Fonte: MDA, 2010.

Estimativas do IFT indicaram que o município de Cotriguaçu gerava em 2010

entre 2.172 e 2.292 empregos diretos e indiretos no setor florestal, dos quais 574

empregos na indústria eram diretos e aproximadamente 150 a 190 empregos eram

especificamente na fase de exploração (IFT, 2010). Segundo as fontes do portal da

prefeitura do município de Cotriguaçú, existem 590 empregos na indústria madeireira

da cidade27.

c) Aspectos sociais gerais do manejo florestal

Como levantado anteriormente, a menor parte da mão de obra do setor

florestal está na fase primária (extração de madeira). Isso se dá pela natureza da

atividade que exige menor capital humano para a agregação de valor, mas também

sugere maior informalidade na fase de produção de florestas nativas.

26

DAP = Declarações de Aptidão ao Pronaf 27

http://www.cotriguacu.mt.gov.br/Cotriguacu-em-Numeros/

37

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Em um estudo realizado pela FGV (2011) foi citado que:

“A exploração ilegal não controla danos, não paga impostos, usa mão-

de-obra em condição quase escrava e, em muitos casos, a área não é

comprada ou arrendada, mas invadida, como ocorre nas terras públicas

ou unidades de conservação”.

Em outro estudo elaborado pelo IFT (2010), foi mencionado que:

“Ao longo de sua história, o setor florestal da Amazônia se desenvolveu

com poucos investimentos em capacitação. Existem no Brasil, hoje,

diversas universidades e escolas técnicas florestais, mas os profissionais

formados nessas escolas possuem experiência prática insuficiente para a

aplicação do manejo florestal. O mesmo grau de desconhecimento em

relação às melhores práticas de manejo florestal é observado na maioria

dos trabalhadores do setor e comunidades florestais”.

d) Aspectos sociais gerais das florestas plantadas

Quanto aos aspectos sociais das florestas plantadas, Cossalter & Pye-Smith

(2003) constataram que o setor traz bem menos benefícios em termos de geração de

empregos do que é de fato informado pelas empresas florestais. Não que não haja

benefícios, de fato o desenvolvimento de florestas plantadas em algumas

circunstâncias pode levar a criação de escolas, empregos, saúde e prosperidade em

determinadas regiões remotas, mas dependendo das circunstâncias pode, ao revés,

trazer conflitos locais com comunidades que perderam suas terras para os plantios

florestais.

Em contrapartida, Carrere (1999) faz uma análise mais negativa da atividade,

chamando atenção principalmente para sua característica sazonal, uma vez que o

setor geralmente contrata no período do plantio e depois apenas no período de

desbaste, o que gera desemprego na maior parte do ciclo de plantio. O autor também

argumenta que o setor geralmente emprega mão de obra de baixo capital humano e

com más condições de trabalho.

.

38

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11. Aspectos ambientais de florestas e melhores práticas do setor

a) Florestas plantadas

A plantação de florestas é uma atividade que pode apresentar benefícios se

realizada de forma correta, entre eles, o reaproveitamento de terras degradadas pela

pecuária para plantios florestais que possibilitam maior sequestro de carbono, além de

proteção do solo contra erosão e diminuição da pressão sobre florestas nativas a partir

da oferta de madeira plantada.

Uma maneira de se aumentar os benefícios ambientais associados às práticas

silviculturais é a plantação em mosaico, onde se mescla em uma mesma área o cultivo

de uma espécie florestal e fragmentos de floresta nativa. Ao se basear em teorias

ecológicas, como biogeografia de ilhas e metapopulação, o método apresenta maior

sucesso na manutenção dos processos ecológicos em paisagens que permitam a

interligação dos habitats. Assim, esse modelo de produção gera amplas extensões

florestais que funcionam como corredores ecológicos, permitindo o fluxo gênico da

fauna, além de haver a diminuição da incidência de pragas nas plantações (Vital, 2007;

Conrado et al., 2014).

As boas práticas florestais incluem o preparo do solo com adubação e aragem

para garantir uma boa circulação de oxigênio, bem como técnicas de controle de

erosão também podem ser utilizadas visando à conservação do solo e redução de risco

de incêndio. Inclui-se também a prevenção de riscos profissionais, na qual se deve

implantar um conjunto de princípios para garantir segurança, higiene e saúde (SHS)

dos colaboradores para melhorar as condições de trabalho (Vital, 2007; Conrado et al.,

2014).

Em relação à produção de plantios de Eucalipto, é possível minimizar os

impactos ambientais decorrentes de sua produção ao se escolher plantar em áreas

com índice pluviométrico maior que 400 mm/ano, pois desse modo não há risco de

ressecamento do solo. Outro fator que deve ser observado é a distância da área de

produção dos cursos d’ água e a profundidade do lençol freático (Vital, 2007), já que a

raiz do eucalipto cresce em torno de 2 a 2,5 m. Assim, as plantações devem ser

implantadas em regiões com lençol freático com maior profundidade do que o

crescimento médio da raiz. Se compararmos o consumo de água com outras culturas,

o eucalipto apresenta um consumo bem inferior ao que é observado nas plantações de

cana-de-açúcar, batata, milho, soja e pastagens para produção de carne bovina, por

exemplo (Vital 2007). Mesmo assim, para reduzir o impacto das plantações é crucial

respeitar as regras de plantio que protegem os cursos d’água.

39

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Um estudo realizado em mais de 100 propriedades detectou diferentes

espécies de fauna e flora presentes em florestas de eucaliptos, o que mostra que essas

florestas também podem ser usadas como refúgio da fauna se comparados com outras

regiões, tais como pastagens degradadas, por exemplo. Essa taxa de detecção foi ainda

maior quando o sub-bosque em regeneração não era manejado. Nesse sentido, é

possível observar que a utilização de diferentes técnicas de manejo possibilita que a

produção florestal caminhe em consonância com a conservação ambiental (Gabriel et

al, 2013).

b) Florestas nativas e ilegalidade

As florestas nativas são as maiores fontes de biodiversidade ecológica

existentes no planeta e oferecem uma série de serviços ecossistêmicos tais como:

regulação do clima, sequestro e armazenamento de carbono, conservação do solo,

regulação do clima e moderação de eventos extremos, tratamento de águas residuais,

prevenção de erosão e manutenção de fertilidade do solo, polinização, controle

biológico, dentre outros 28.

No entanto, apesar de sua importância ambiental o setor é marcado pela

ilegalidade no Brasil, especialmente no estado do Mato Grosso. De acordo com o ICV

(2012), no ano de 2011, 47% da área explorada era ilegal e em 2012 essa proporção

chegou a 54%.

A maior parte da exploração ilegal acontece em áreas privadas, devolutas ou

sob disputa. Outra parte, no entanto, ocorre também em terras indígenas, unidades de

conservação e assentamentos rurais. Dentre os municípios da região noroeste do Mato

Grosso, Colniza teve o maior desmatamento com 74 km², seguido por Juína (24 km²),

Aripuanã (15 km²) e Cotriguaçu (12 km²)29. Em um refinamento realizado pelo ICV

(2015) foi identificado um desmatamento de 71,4 km² em Colniza e 5,9 km² em

Cotriguaçú.

28

http://www.florestal.gov.br/snif/recursos-florestais/bens-e-servicos-que-a-floresta-fornece 29

Lista dos 20 municípios com maior área desmatada no Prodes entre Agosto/2014 e Janeiro/2015 (ICV, 2015).

40

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Tabela 13. Desmatamento na região noroeste

Desmatamento na região Noroeste em 2014

Municípios (km²) Ranking NO

Colniza 145,5 1

Cotriguaçu 45,0 2

Aripuanã 40,0 3

Juína 33,2 4

Castanheira NA NA

Juruena NA NA

Rondolândia NA NA

Total Noroeste 125

Fonte: PRODES (elaborado por IPAM)

Esses números demonstram que os atuais sistemas de monitoramento e

controle florestal não garantem a legalidade da madeira. De acordo com o ICV, os

atuais sistemas de monitoramento (Sisflora, CC-SEMA e DOF), apresentam fragilidades

e incompatibilidades entre si, permitindo assim fraudes e irregularidades na cadeia

produtiva florestal. Desta forma, a madeira ilegal passa a ser encoberta por

documentos legais, gerando a falsa percepção de legalidade dos produtos florestais.

Essa situação gera uma concorrência desleal da madeira legal frente a madeira de

origem ilegal, gerando prejuízos ao setor florestal e ao meio ambiente.

Há, no entanto, modos de se garantir a qualidade, legalidade e

sustentabilidade do processo de exploração de madeira nativa, tais como processos de

certificação de madeira. Entretanto, conforme podemos ver na tabela abaixo, apenas

1% das indústrias utiliza certificação de madeira em Mato Grosso. A mesma pesquisa

aponta que as indústrias que mostraram interesse na certificação, alegaram

dificuldades para consegui-la, devido à ausência de informações, falta de pessoal

capacitado, dificuldade de acesso à crédito e dificuldade de acesso a mercados (CIPEM,

2014). A resolução desses gargalos é fundamental para incentivar a produção mais

sustentável de madeira no estado.

Tabela 14. Certificação no Mato Grosso

Macrorregião Possuem Certificação Não Possuem Certificação

Centro-Sul 0% 100%

Médio-Norte 1% 99%

Noroeste 2% 98%

Norte 1% 99%

Mato grosso 1% 99%

Fonte: CIPEM, 2014

41

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ESTUDOS DE CASO

Nesta sessão apresentamos os dados que foram levantados no estudo de caso

realizado em seis empresas entrevistadas, sendo uma de Teca, uma de Eucalipto, duas

de Manejo Florestal de espécie nativas, sendo uma delas a própria Fazenda São

Nicolau (FSN), bem como uma empresa de processamento primário (Serraria) e outra

de processamento secundário (Beneficiadora).

As informações obtidas incluem os dados gerais da empresa, aspectos produtivos,

mercado consumidor, logística e os custos e receitas de produção. Além destes dados

a fase de manejo e reflorestamento contará com uma simulação de viabilidade

econômica bem como uma análise de sensibilidade.

Para os indicadores econômicos, foi calculado o fluxo de caixa acumulado, sendo este

a somatória dos custos e receitas acumulados ao longo de todo o período de

investimento. Posteriormente foi calculado o fluxo de caixa descontado que por sua

vez desconta os fluxos de caixa a valor presente com base na taxa de juros.

Posteriormente foi realizada uma análise de sensibilidade, em que foram escolhidas as

duas variáveis que mais influenciaram a viabilidade econômica da atividade e a partir

delas foram realizadas 16 combinações com o objetivo de visualizar todos os cenários

possíveis dentro do intervalo escolhido, o ponto de equilíbrio onde a atividade é

economicamente viável bem como os valores mínimos e máximos de TIR e VPL obtidos

de cada atividade estudada.

De forma a manter consistência em todos os estudos de caso, consideramos a

aquisição de terra no ano zero e sem as respectivas receitas de venda da terra no ano

final da produção uma vez que as empresas almejam permanecer na atividade após o

final do ciclo produtivo. Naturalmente isso implica em resultados mais conservadores

do que os reais uma vez que a valorização da terra passa a não integrar os fluxos de

caixa dos estudos de caso analisados.

11.1 Estudos de caso - TECA

Para o presente estudo, foi analisada uma fazenda localizada na região de Alta

Floresta com reflorestamento de Teca de 1.200 hectares, realizado em sistema de

integração pecuária floresta.

Aspectos produtivos

Os tratos silviculturais utilizados pela fazenda envolvem a análise de solo,

gradagem e subsolagem, limpeza química e mecânica, além de desrama e desbaste.

Não há uso de fertilizantes, adubação ou herbicidas e fungicida, apenas aplicação de

42

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formicida na fase de plantio. O incremento médio anual da produção nos diferentes

lotes de plantio da propriedade varia em torno de 15 a 20m³/hectare, com altura

média de 26 a 30 metros de altura nos plantios de 20 anos de idade, que é o ano de

corte, e índices de mortalidade inferiores a 1%.

Mercado

O mercado consumidor de tora é majoritariamente internacional, embora

vendas de madeira serrada dentro do Brasil também ocorram. O uso final da Teca é a

construção civil, indústria naval e madeireira. As vendas são em geral antecipadas e

realizadas via Trading Company, com coleta na fabrica ou FOB30 e C&F31 nas vendas

diretas, com entregas no porto marítimo. Quando comercializado no mercado interno,

o perfil de clientes em geral é de pequenas marcenarias. Um dos principais diferenciais

competitivos da Teca é a resistência e durabilidade, além de não ter grande regulação

ambiental como a madeira nativa. Além disso, por ser uma matéria prima de alta

qualidade, existe uma grande demanda por produtos desse tipo, desde que os mesmos

tenham um bom tratamento e qualidade final. Isso sugere que a maior dificuldade no

setor não é a falta de demanda ou preço baixo, mas sim a capacidade de empresas

locais em ofertar madeira de alta qualidade.

Logística

A logística de transporte envolve desde o trecho entre a fazenda e a cidade de

Alta Floresta, com distancia aproximada de 100km em terreno bom (asfalto), até a

entrega no porto marítimo de Paranaguá, no estado do Paraná, distante cerca de

2.600km de Alta Floresta. Esse transporte ocorre ao custo de R$ 470/m³ para madeira

em tora, e R$ 280/m³ para madeira serrada. Também é necessário apoio para

transporte dos funcionários que se locomovem da fazenda para Alta Floresta ao menos

uma vez por mês.

Análise de Viabilidade Econômica

Para calcular a viabilidade econômica de um plantio de Teca na região de Alta

Floresta, foi considerado um fluxo de caixa relativo a um plantio de 60 hectares32 em

um período de 20 anos, com desbaste de madeira serrada no ano 6, desbastes de

madeira serrada e tora nos anos 11 e 15, e colheita final de tora no ano 20. As receitas

de produção variam de acordo com o produto (madeira serrada ou tora), com a idade

do plantio (quanto mais velho o plantio maior o valor da tora comercializada) e de

30 Freight on Board – FOB é uma das modalidades utilizadas no comércio internacional onde o comprador assume todos os riscos e custos com transporte da mercadoria assim que ela é colocada a bordo do navio. Ou seja o fornecedor é responsável pela mercadoria apenas até o porto. 31 Cost Insurance and Freight – CIF é quando o fornecedor é responsável pela entrega da mercadoria até o local de destino. Ou seja ele paga os custos de frete e seguro. 32

Muito embora a maioria dos plantios sejam dinâmicos, envolvendo novos plantios e colheitas anuais, faremos uma simulação

de uma parcela de 60 hectares, de forma que o fluxo de receitas de uma área de 1.200 hectares possa ser constante durante um após o ciclo de produção de 20 anos, configurando sustentabilidade econômica da atividade.

43

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acordo com o câmbio na data de venda de madeira em tora. Para facilitar a

visualização, as receitas e custos foram informados por hectare conforme Figura 1.

Tabela 15. Receitas de Teca

R$/ hectare Ano 6 Ano 11 Ano 15 Ano 20

Preço - TORA US$ 385 US$ 500

Produtividade (m³/hectare) 20 314

Preço – SERRADA R$ 310 R$ 430

Produtividade (m³/hectare) 7 9

Os custos de produção abrangem desde os investimentos de capital inicial, que

incluem infraestrutura, maquinário33, aquisição de terra, e preparo da área e plantio

(limpeza de área, combate a formigas, sulcagem e adubação, gradagem, dentre outras

operações), até os custos operacionais de manutenção e corte (desrama, afiação de

serra, manutenção de estradas, desbaste, corte, mão de obra, logística etc)34. O custo

total por hectare no ano da colheita totalizou R$ 134.166,00/ha conforme a tabela

abaixo:

Figura 1. Custos de produção de Teca

O fluxo de caixa acumulado foi calculado a partir da somatória de todos os

custos e receitas do período, e totalizou R$ 30,8 milhões para uma área de 60

hectares. Considerando-se o custo de capital ao longo do tempo e a taxa de juros de

8,53%35, obtivemos o fluxo de caixa descontado acumulado de R$ 5,2 milhões. A tabela

abaixo mostra os resultados dos indicadores econômicos dessa simulação, indicando

um projeto economicamente viável a um VPL de 4.798.380,55, TIR de 18,68% e

Payback de 20 anos36.

33 Visto que o entrevistado possui instalações antigas (para produção e processamento) não foi possível acessar tais valores. Como alternativa utilizamos os dados do Diagnóstico de Florestas Plantadas, IMAE 2013 para esta simulação. 34

Os custos foram obtidos pelo Diagnóstico de Florestas Plantadas do IMEA e validados na pesquisa de campo. 35 Foi considerado a linha de financiamento do FCO para 2016 para produtores com menos de R$ 90milhões de faturamento (sem bônus de performance) 36 Nessa simulação foi considerado uma taxa cambial de R$ 3,80, uma produtividade de aproximadamente 17,5m³/há/ano (IMA), um custo de frete médio de R$ 470,00/m³ e preço de venda de tora no ano 20 de US$ 500,00.

R$ 0

R$ 10.000

R$ 20.000

R$ 30.000

R$ 40.000

R$ 50.000

R$ 60.000

R$ 70.000

R$ 80.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Cu

sto

An

ual

de

Pro

du

ção

44

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Tabela 16. Indicadores de viabilidade econômica da Teca

Indicadores Econômicos R$/ 60 hectares

Taxa de Desconto 8,53%

Fluxo de caixa acumulado R$ 30.878.770

Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 5.207.682

VPL do Fluxo de Caixa R$ 4.798.380,55

Taxa Interna de Retorno - TIR 18,68%

Payback 20 anos

Análise de Risco

Visto que existem diversas variáveis que impactam positivamente e

negativamente o fluxo de caixa durante um projeto de investimento, levantamos junto

ao entrevistado as variáveis que apresentam maior oscilação de valores, e atribuímos

valores mínimos e máximos conforme apresentado na Tabela 1737:

Tabela 17. Variáveis para o fluxo de caixa da Teca

Câmbio Produtividade

Custo de Frete Rodoviário (Tora)

Preço – SERRADA

Preço - TORA

MIN R$ 2,00 15m³/há/ano R$ 420,00/ m³ US$ 300 US$ 250

MAX R$ 4,00 20m³/há/ano R$ 520,00/ m³ US$ 440 US$ 900

Dentre as variáveis analisadas, escolhemos a taxa de câmbio, e o preço da madeira em tora. Como podemos ver na tabela 18, a atividade é economicamente viável com a tora sendo comercializada acima de US$ 250,00/m³ e com câmbio acima de R$/US 2,00. Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação nos ajuda a mostrar que em cenários mais otimistas a atividade pode ser bastante atrativa com uma TIR de 22,91% e um VPL de R$ 10,6 milhões. No entanto é importante lembrar que que essa simulação considera apenas duas variáveis, e que por sua vez outras análises de sensibilidade podem ser realizadas com as demais variáveis do fluxo de caixa apresentando novos resultados.

37 Os valores mínimos e máximos de câmbio foram considerados com base em séries históricas de câmbio no Brasil, já os custos de frete, produtividade e preços de madeira foram definidos com base na entrevista de campo.

45

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Tabela 18. Análise de sensibilidade - TIR

Preço - TORA

TIR $900 $683 $467 $250

Câmbio (R$/USD)

R$/USD 4,00 22,91% 21,15% 18,70% 14,53%

R$/USD 3,33 21,39% 19,57% 17,01% 12,52%

R$/USD 2,66 19,51% 17,61% 14,90% 9,88%

R$/USD 2,00 17,10% 15,07% 12,07% 6,00%

Tabela 19. Análise de sensibilidade - VPL

Preço - TORA

VPL(R$Mil) $900 $683 $467 $250

Câmbio (R$/USD)

R$/USD 4,00 R$ 10.696,0 R$ 7.665,0 R$ 4.747,0 R$ 1.816,0

R$/USD 3,33 R$ 8.369,0 R$ 5.928,0 R$ 3.499,0 R$ 1.059,0

R$/USD 2,66 R$ 6.141,0 R$ 4.192,0 R$ 2.252,0 R$ 302,0

R$/USD 2,00 R$ 3.947,0 R$ 2.481,0 R$ 1.023,0 -R$ 442,0

11.2 Estudos de caso - EUCALIPTO

Para o estudo de caso das plantações de Eucalipto, analisamos uma fazenda

localizada no município da Reserva do Cabaçal (próximo a Tangará da Serra), com

reflorestamento de Eucalipto cobrindo uma área de 1.200 hectares comercializados

para uso múltiplo (madeira em Tora e Lenha).

Aspectos produtivos

Os tratos silviculturais utilizados pela fazenda envolvem a análise de solo,

limpeza química e mecânica, adubação com fosfato, duas gradagens por ano para

preparo do solo, uso de formicida e desrama e desbaste. Não há uso de agricultura de

precisão. Devido ao solo arenoso da região, a taxa de crescimento, representada pelo

incremento médio anual, é mais baixa, com produtividades dos diferentes lotes de

produção da propriedade variando de 30 a 40 m³/ha/ano. A altura média do plantio é

de 25 a 30 metros, e a idade média da floresta, de 11 anos. Novos plantios são

realizados todos os anos pela empresa e desde o inicio das atividades já foram

realizados 3 desbastes. O índice de mortalidade é de até 5%.

Mercado

O mercado consumidor é inteiramente doméstico, embora a empresa pretenda

exportar no futuro. No passado, o Eucalipto foi comercializado em lenha para secagem

de grãos, entretanto, a produção está migrando para produção de toras para Serrarias

e Laminadoras. Os clientes em geral são pecuaristas que utilizam a madeira serrada

para construção de cercas, e para quem as vendas são normalmente realizadas à

46

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prazo. A principal vantagem competitiva do Eucalipto se comparado com a Teca são os

baixos custos de produção, além da baixa fiscalização do setor quando comparada ao

setor de florestas nativas. Também foi apontado um bom potencial de mercado para o

Eucalipto, em especial por madeira tratada (processada).

Logística

O custo de frete rodoviário varia de R$ 14/m³ para uma distância de 50km, até

R$ 28/m³ para uma distância de 120km. As estradas são em geral 50% de terra e 50%

de asfalto. Se faz também necessário o apoio para o transporte dos funcionários entre

a fazenda e Tangará da Serra, que fica a uma distância de 100km. Este transporte

ocorre ao menos uma vez por mês.

Análise de Viabilidade Econômica

Para calcular a viabilidade econômica, do plantio de Eucalipto na região de

Tangará da Serra, foi considerado um fluxo de caixa relativo a um plantio de 100

hectares, de forma que o produtor possa manter as receitas de exploração constantes

após o ciclo de produção38. Portanto, foram considerados ciclos de produção de 12

anos e desbastes de lenha nos anos 3 e 6, e desbastes de lenha e tora no ano 12. As

receitas de produção variam de acordo com o produto (lenha ou tora) e foram

informadas por hectare conforme a tabela a seguir:

Tabela 20. Receitas de Eucalipto

R$/ hectare Ano 3 Ano 6 Ano 12

Preço - TORA R$ 230,00

Produtividade (m³/hectare) 120

Preço – LENHA R$ 116,60 R$ 116,60 R$ 116,60

Produtividade (m³/hectare) 42 67,2 180

Os custos de produção abrangem desde os investimentos de capital inicial, que

incluem aquisição de terra, preparo da área e plantio (limpeza de área, combate a

formigas, sulcagem e adubação, gradagem, etc), até os custos operacionais de

manutenção e corte (desrrama, afiação de serra, manutenção de estradas, desbaste,

corte, mão de obra, logística etc)39. O custo total por hectare no ano da colheita

totalizou R$ 47.335,00, conforme a tabela abaixo:

Figura 2. Custos de produção de Eucalipto

38

Para essa estimativa foi dividido a área de 1.200 hectares por um ciclo de produção de 12 anos para encontrar uma área de

produção anual proporcional a 100 hectares. 39

Não foi considerado os custos com instalações e maquinas e equipamentos pois a produção é terceirizada e portanto tais custos

são diluídos nos demais custos operacionais.

47

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O fluxo de caixa acumulado para um plantio proporcional a 100 hectares foi

calculado a partir da somatória de todos os custos e receitas para o período, e

totalizou R$ 1.573 mil. Considerando-se o custo de capital e a taxa de juros de 8,53%40,

obtivemos o fluxo de caixa descontado acumulado negativo de R$ 212 mil. A tabela

abaixo mostra os resultados dos indicadores econômicos dessa simulação, indicando

um projeto economicamente viável com um VPL de R$ 195.393,71 uma TIR de 11,15%

e um Payback de 12 anos41.

Tabela 21. Indicadores de viabilidade econômica do Eucalipto

Indicadores Econômicos R$/ 100 hectares

Taxa de Desconto 8,53%

Fluxo de caixa acumulado R$ 1.573.473

Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 212.061

VPL do Fluxo de Caixa R$ 195.393,71

Taxa Interna de Retorno - TIR 11,15%

Payback (anos) 12

Análise de Risco

Visto que existem diversas variáveis que impactam positivamente e

negativamente o fluxo de caixa durante um projeto de investimento, levantamos junto

com o entrevistado as variáveis que apresentam maior oscilação de valores e

atribuímos valores mínimos e baixos conforme Tabela 2242:

40 Foi considerado a linha de financiamento do FCO para 2016 para produtores com menos de R$ 90milhões de faturamento (sem bônus de performance) 41 Nessa simulação foi considerado uma produtividade de 35m³/há/ano (IMA) e um custo de frete de R$ 21,00/m³. 42 Os custos de frete, produtividade e preços de madeira foram definidos com base na entrevista de campo.

R$ 0

R$ 5.000

R$ 10.000

R$ 15.000

R$ 20.000

R$ 25.000

R$ 30.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Cu

sto

an

ual

de

pro

du

ção

48

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Tabela 22. Variáveis para o fluxo de caixa de Eucalipto

Produtividade Custo de Frete

Rodoviário (Tora) Preço - LENHA

(m³) Preço - TORA

(m³)

MIN 20m³/há/ano R$ 14,00/m³ R$ 106,00 R$ 160,00

MAX 35m³/há/ano R$ 28,00/m³ R$ 127,20 R$ 300,00

Identificamos como as variáveis de maior impacto a produtividade e o custo de frete.

Como podemos ver, a atividade é economicamente viável desde que a produtividade

seja superior a 30m³/ha/ano. Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação

nos ajuda a mostrar que em cenários mais otimistas a atividade pode ser mais atrativa

a uma TIR de 15,99% e um VPL de R$ 639,3 mil. No entanto é importante lembrar que

que essa simulação considera apenas duas variáveis, portanto outras análises de

sensibilidade podem ser realizadas com as demais variáveis do fluxo de caixa e

apresentar novos resultados.

Tabela 23. Análise de sensibilidade - TIR

Produtividade (m³/há/ano)

TIR 40m³ 36,6m³ 33,3m³ 30m³

Frete (R$/m³)

R$ 14,00 15,99% 13,48% 10,66% 7,23%

R$ 18,67 15,42% 12,85% 9,93% 6,34%

R$ 23,33 14,84% 12,20% 9,17% 5,40%

R$ 28,00 14,25% 11,53% 8,39% 4,41%

Tabela 24. Análise de sensibilidade - VPL

Produtividade (m³/há/ano)

VPL(R$ Mil) 40m³ 36,6m³ 33,3m³ 30m³

Frete (R$/m³)

R$ 14,00 R$ 639,3 R$ 393,4 R$ 154,7 -R$ 83,9

R$ 18,67 R$ 584,4 R$ 338,5 R$ 99,8 -R$ 138,8

R$ 23,33 R$ 529,6 R$ 283,7 R$ 45,0 -R$ 193,6

R$ 28,00 R$ 474,7 R$ 228,8 -R$ 9,8 -R$ 248,5

49

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11.3 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 1

Para esta simulação, consideramos uma fazenda com área total de 6.000 hectares

localizada na região de Juína, com área destinada para manejo florestal de 4.800

hectares a ser manejado em 5 Planos de Operação Anual (POAs43) de 960 hectares

durante um período de 10 anos. A propriedade em estudo subcontrata o manejo

florestal para uma empresa terceirizada especializada em manejo florestal.

Aspectos produtivos

O volume disponível sem casca na exploração é de 26m³/hectare. A época do

ano usada para exploração é na estação da seca, entre abril até setembro. No total são

exploradas 18 espécies de madeira no POA.

Mercado

O mercado consumidor são em geral pequenas e médias serrarias nos

municípios próximos (Juína, Brasnorte e Juara) e o uso final das mercadorias é: 80%

para construção civil e 20% beneficiamento. A forma de venda é realizada a vista ou a

prazo. O principal diferencial competitivo da madeira nativa versus a plantada é a

qualidade superior da madeira nativa em termos de cor, densidade e durabilidade de

algumas espécies. A demanda se mostrou ser boa, mas não muito superior à oferta,

sugerindo que o mercado está equilibrado e estabilizado na região.

Logística

A distância média de transporte desde a região explorada (esplanada

principal44) até o mercado consumidor é de 45km a 150km. Os respectivos custos de

transporte são de até R$ 60,00/m³, pagos pelo cliente final, e portanto não integram o

fluxo de caixa deste estudo como custo de produção.

Análise de viabilidade econômica

Para calcular a viabilidade econômica do manejo florestal na região de Juína,

consideramos metade da área de um POA a ser explorado por ano correspondente a

480 hectares, de forma que toda a área de exploração, 4.800 hectares, seja explorada

dentro do ciclo de exploração de 10 anos implicando em pousio da área em 15 a 20

anos, valor este que depende da restauração em volumetria da floresta. A receita

anual de vendas foi considerada constante ao longo do ciclo de exploração e foi

43

O Plano de Operação Anual (POA) detalha as informações do Plano de Manejo Florestal Sustentável contendo dados sobre o

inventário florestal, espécies, volumes a serem colhidos bem como as atividades a serem realizadas no próximo ano. 44

A esplanada principal é o local de armazenagem de madeira e fica localizada nos arredores da área de exploração. Além da

esplanada principal existe as esplanadas secundária localizadas dentro da região de exploração.

50

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calculada da seguinte maneira: produtividade anual de 21,02m³/hectare45 multiplicado

pelo preço médio praticado por cada espécie a ser explorada de acordo com o POA.

Este cálculo totalizou uma receita anual de R$ 2,0 milhões. Visto que os preços

disponibilizados pela SEFAZ e pelo SISFLORA apresentam valores muito distantes da

realidade (SEFAZ muito altos e SISFLORA muito baixos), foram considerados valores

praticados no mercado e sugeridos pela ECO2 Ambiental. Na Tabela 25 são

apresentados os preços e volume de exploração anual de cada espécie:

Tabela 25. Preços de espécies nativas

Espécie - Nome Popular

Nome Científico SEFAZ (R$/m³)46

ECO2 (R$/m³) SEMA (R$/m³)

47

Amescla Trichilia sp. 725,00 180,00 50,00

Angelim pedra Hymenolobium sp. 960,00 230,00 40,00

Cambara Qualea sp. 725,00 200,00 20,00

Canela Ocotea sp. 725,00 200,00 30,00

Caroba Jacaranda copaia 725,00 160,00 30,00

Cedrinho Erisma uncinatum 725,00 230,00 63,50

Champanhe Dipteryx sp. 1.270,00 350,00 42,40

Guarita Astronium lecointei N/A 200,00 45,00

Jatobá Hymenaea courbaril 1.270,00 200,00 44,25

Louro Cordia sp N/A 200,00 60,00

Mandiocão Sterculia sp. 725,00 160,00 35,00

Marfim Chrysophyllum sp. 725,00 160,00 50,00

Pente de macaco Apeiba sp. 844,00 150,00 40,00

Peroba cupiuba Goupia glabra 844,00 200,00 44,00

Peroba mica Aspidosperma sp. 960,00 250,00 70,00

Roxinho Peltogyne sp. 844,00 200,00 50,00

Sucupira orelha de macaco

N/A N/A 180,00 N/A

Sucupira preta Bowdichia virgilioides

960,00 200,00 100,00

N/A – Não Encontrado

Fonte: SEFAZ, ECO2 Ambiental e SEMA.

Os custos de produção (Tabela 26) abrangem os investimentos de capital inicial

com a aquisição de área ao custo de R$ 43,00/m³. Os custos operacionais abrangem

aluguel de máquinas e equipamentos, e mão de obra de 14 pessoas (5 operadores de

45 Par calcular o volume comercial aplicamos um fator de perda de 21,5% (Volume Fuste ou Francon). Esse fator serve para calcular o volume perdido após se excluir as costaneiras, que são os resíduos eliminados para obtenção do volume esquadrejado. 46

http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/7C7B6A9347C50F55032569140065EBBF/A62B17461A8253E984257DD50041A

F75 47

http://monitoramento.sema.pa.gov.br/sisflora/index.php/relatorios

51

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máquina, 4 ajudantes, 2 operadores de motosserra, um técnico, um motorista e um

gerente), bem como contratação de empresa terceirizada para elaboração do projeto

de manejo (PMFS). O custo operacional total fica em R$ 94,00/m³. A tabela abaixo

mostra a distribuição dos custos de exploração:

Tabela 26. Custo de um manejo florestal sustentável

Descrição das despesas Tipo de Despesa Período (anos)

Custo (R$/m³)

INVESTIMENTOS INICIAIS

Aquisição de Terra¹ Próprio 0 R$ 43,00

CUSTOS OPERACIONAIS ANUAIS

Skidder Aluguel + MO 1 a 10 R$ 35,00

Caminhão Traçado Aluguel + MO 1 a 10 R$ 10,00

Trator de Esteira Aluguel + MO 1 a 10 R$ 10,00

Pá-Carregadeira Aluguel + MO 1 a 10 R$ 5,00

Motoniveladora Aluguel + MO 1 a 10 R$ 5,00

Insumos de exploração Próprio 1 a 10 R$ 10,00

Escritório Próprio 1 a 10 R$ 5,00

Alojamento e construção de Pátio Próprio 1 a 10 R$ 4,00

Projeto de Manejo + Taxas e Impostos Terceirizada 1 a 10 R$ 10,00

TOTAL R$ 137,00

*MO = Mão de Obra

¹ Custo proporcional de aquisição de terra (ano zero) sobre o volume total de exploração da área em

todo o ciclo de manejo.

O fluxo de caixa acumulado ao final do ciclo de exploração de 10 anos nos

4.800 hectares foi de R$ 3.486.910,00. Considerando a custo de capital e a taxa de

juros de 8,53%48, obtivemos o fluxo de caixa descontado acumulado de R$ 505.962,00.

A tabela abaixo mostra os resultados dos indicadores econômicos dessa simulação,

indicando um projeto economicamente viável a uma TIR de 10,69% e Payback de 9

anos.

Tabela 27. Indicadores de viabilidade econômica de um manejo florestal sustentável

Indicadores Econômicos 4.800 hectares

Taxa de Desconto 8,53%

Fluxo de caixa acumulado R$ 3.486.910

Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 505.962

VPL do Fluxo de Caixa R$ 466.195,82

Taxa Interna de Retorno – TIR 10,69%

Payback 9 anos

48 Foi considerado a linha de financiamento do FCO para 2016 para produtores com menos de R$ 90milhões de faturamento (sem bônus de performance)

52

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Análise de Risco

Tabela 28. Variáveis para um fluxo de caixa de manejo florestal sustentável

Elasticidade de Preço

(%) Custo de Produção

(R$/m³)

MIN 20% - R$ 75,00

MAX 20% + R$ 90,00

Como podemos ver a atividade é economicamente viável com custos de

produção de até R$ 90,00/m³, desde que a elasticidade de preços para baixo da média

não seja superior a 6,7%. Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação nos

ajuda a mostrar que em cenários mais otimistas a atividade pode ser mais atrativa a

uma TIR de 23,36% e um VPL de R$ 3,5 milhões. No entanto é importante lembrar que

que essa simulação considera apenas duas variáveis, portanto outras análises de

sensibilidade podem ser realizadas com as demais variáveis do fluxo de caixa e

apresentar resultados distintos.

Tabela 29. Análise de sensibilidade - TIR

Preço (R$/m³)

TIR (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%

Custo de Produção (R$/m³)

R$ 75,00 23,36% 16,79% 9,53% 1,13%

R$ 80,00 21,86% 15,18% 7,70% -1,14%

R$ 85,00 20,34% 13,52% 5,80% -3,18%

R$ 90,00 18,80% 11,82% 3,81% -6,25

Tabela 30. Análise de sensibilidade - VPL

Preço (R$/m³)

VPL (R$ MM) (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%

Custo de Produção (R$/m³)

R$ 75,00 R$ 3,5 R$ 1,9 R$ 0,2 -R$ 1,4

R$ 80,00 R$ 3,1 R$ 1,5 -R$ 0,1 -R$ 1,8

R$ 85,00 R$ 2,8 R$ 1,1 -R$ 0,5 -R$ 2,2

R$ 90,00 R$ 2,3 R$ 0,8 -R$ 0,9 -R$ 2,6

11.4 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 2

Para o estudo de caso 2 foram realizadas simulações para a fazenda São Nicolau-

FSN, localizada no município de Cotriguaçu/MT. A propriedade possui uma área total

de 10.287 hectares, dos quais 5.350 hectares são de Reserva Legal com potencial de

exploração comercial.

53

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Aspectos produtivos

As espécies comerciais utilizadas neste estudo foram de um inventário de

197,26 hectares cujo volume disponível sem casca foi de 24,87m³/hectare. Ao todo

foram utilizadas 37 espécies na simulação.

Análise de viabilidade econômica

Analisamos a exploração sendo realizada de 2 maneiras: 1) em 10 POAs de 493

hectares (opção 1) por um período de exploração de 10 anos e consequentemente

com maior fluxo de receitas; 2) em 25 POAs de 197 hectares (opção 2) por um período

de 25 anos, de forma que o primeiro POA possa ser explorado novamente no final do

ciclo de 25 anos e consequentemente possibilitando à fazenda um fluxo constante de

receitas após o ciclo de produção. A receita de vendas anual foi projetada para ser

constante ao longo do ciclo de exploração e calculado a partir da produtividade anual

de 19,52m³/hectare49 vezes o preço médio praticado por cada espécie a ser explorada.

Visto que os preços disponibilizados pela SEFAZ e pelo SISFLORA apresentam preços

muito distantes da realidade (SEFAZ muito altos e SISFLORA muito baixos), foram

considerados valores praticados no mercado e sugeridos pela ECO2 Ambiental. Abaixo

os preços e volume de exploração anual de cada espécie:

49 Para calcular o volume comercial partimos do volume com casca de 24,8m³/há previsto no inventário e aplicamos um fator de perda de 21,5% (Volume Francon) para encontrar o volume comercial de 19,52.

54

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Tabela 31. Preço de espécies nativas - FSN

Espécie - Nome Popular Espécie - Nome Científico SEFAZ (R$/m³)50

ECO2 (R$/m³) SEMA (R$/m³)51

Abiu Pouteria ramiflora N/A 180,00 110,00

Amescla-Aroeira Protium brasiliense N/A 180,00 45,00

Angelim Amargoso Vatairea sp 844,00 200,00 50,00

Angelim Pedra Hymenolobium sp. 960,00 230,00 48,40

Caixeta Simarouba amara 844,00 180,00 30,00

Cajueiro Anacardium sp. 725,00 140,00 50,00

Cambará Qualea sp. 725,00 200,00 27,00

Canela Ocotea sp. 725,00 200,00 20,00

Canela Fedida Ocotea sp. N/A 180,00 60,00

Canelão Ocotea sp. 725,00 180,00 50,00

Caroba Jacaranda copaia 725,00 150,00 40,00

Caucho Castilla ulei N/A 150,00 50,00

Cedro Marinheiro Guarea trichilioides 725,00 180,00 60,00

Cedro Rosa Cedrella odorata 1.720,00 345,00 100,00

Cumaru Ferro Dipteryx sp. 1.270,00 335,00 50,00

Figueira Ficus sp 725,00 120,00 103,00

Garapeira Apuleia sp. 960,00 265,00 50,00

Garrote Bagassa guianensis 960,00 200,00 200,00

Goiabão Planchonella sp. 844,00 180,00 65,00

Guaritá Astronium sp. 960,00 225,00 50,00

Ipê Amarelo Tabebuia sp. 1.720,00 400,00 45,00

Ipê Roxo Tabebuia sp. 1.720,00 400,00 300,00

Itaúba Mezilaurus itauba 1.270,00 400,00 40,00

Jatoba Mirim Hymenaea sp 1.270,00 230,00 45,00

Jequitiba Cariniana sp. 725,00 180,00 30,00

Jutai Pororoca Roxinho Dialium sp. 725,00 230,00 45,00

Mirindiba Buchenavia sp. 725,00 200,00 60,00

Paraju Manilkara sp 960,00 200,00 50,00

Peróba Cupiuba Goupia glabra 725,00 220,00 45,00

Peroba Rosa Aspidosperma polyneuron 960,00 340,00 120,00

Pinho Cuiabano Schizolobium sp. 725,00 140,00 60,00

Sucupira Preta Diplotropis sp. 960,00 200,00 50,00

Sumauma Ceiba sp. 725,00 120,00 60,00

Tachi Sclerolobium sp. 725,00 120,00 70,00

Tamarindo Tamarindus indica 725,00 230,00 25,00

Tauari Couratari sp. 725,00 190,00 200,00

Timburi Enterolobium contortisiliquum

725,00 180,00 54,00

N/A – Não encontrado Fonte: SEFAZ, ECO2 Ambiental e SEMA.

50

http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/7C7B6A9347C50F55032569140065EBBF/A62B17461A8253E984257DD50041A

F75 51 http://monitoramento.sema.pa.gov.br/sisflora/index.php/relatorios

55

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Os custos de produção variam de acordo com a metodologia a ser utilizada na

simulação (com e sem aquisição de terra) e de acordo com os interesses estratégicos

da FSN (aluguel ou aquisição de maquinário). A principio, a aquisição de terra deve ser

considerada em qualquer fluxo de caixa, já que esse foi pago pelo produtor em algum

momento e portanto deverá ser amortizado pelas atividades comerciais da empresa,

determinando os preços dos produtos a serem comercializados. Já os maquinários

(skidder, caminhão etc) podem ser adquiridos pela fazenda ou alugados.

Os custos operacionais abrangem desde aluguel de máquinas e equipamentos

(se forem alugados) até mão de obra de aproximadamente 13 pessoas52, bem como

contratação de empresa terceirizada para elaboração do projeto de manejo (PMFS). A

tabela abaixo mostra a distribuição dos custos de exploração:

Tabela 32. Custos de um manejo florestal sustentável - FSN

Descrição das despesas Tipo de Despesa Opção 1 Opção 2 Custo

(R$/m³) 10 anos 25 anos

INVESTIMENTOS INICIAIS

Aquisição de Terra Próprio Ano zero Ano zero R$ 43,00¹

CUSTOS OPERACIONAIS ANUAIS

Skidder Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 35,00

Caminhão Traçado Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00

Trator de Esteira Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00

Pá-Carregadeira Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 5,00

Motoniveladora Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 5,00

Insumos de exploração Próprio 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00

Escritório¹ Próprio 1 a 10 1 a 25 R$ 0,00

Alojamento e construção de Pátio² Próprio 1 a 10 1 a 25 R$ 3,00

Projeto de Manejo + Taxas e Impostos Terceirizada 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00

TOTAL R$ 131,00

* MO = Mão de Obra ¹ FSN já possui escritório ² FSN já possui alojamentos

¹ Custo proporcional de aquisição de terra (ano zero) sobre o volume total de exploração da área em

todo o ciclo de manejo.

Como pode ser verificado pela Tabela 33, ao rodar o modelo no cenário onde

são computados os custos de aquisição de terra e um horizonte de investimento de 25

anos (opção 1), o fluxo de caixa ficou negativo. Isso sugere que esta opção de

investimento não é viável, uma vez que os volumes de exploração são baixos e devido

ao custo do capital não é possível amortizar os investimentos iniciais nesse período de

tempo.

52

5 operadores de máquina, 4 ajudantes, 2 operadores de motosserra, um técnico, um motorista e um gerente.

56

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Entretanto, quando rodamos o modelo para o período de 10 anos (opção 2), o

fluxo de caixa se tornou positivo a uma TIR de 14,42% e um VPL de R$ 5.456.509,00, de

forma que o investimento é pago (payback) em 8 anos mesmo quando os custos de

aquisição de terra são contabilizados53. Entretanto quando se considerou o projeto de

manejo para um período de 25 anos a atividade não se mostrou economicamente

viável, com uma TIR abaixo da taxa de desconto. Isso ocorre por causa do custo do

capital ao longo do período de investimento. Se compararmos esse resultado com o

estudo de caso de Juína, podemos concluir que o aumento de rentabilidade se dá pelas

espécies de maior valor comercial presentes na FSN, bem como os custos inferiores de

produção devido às instalações existentes na fazenda.

Muito embora a opção 1 não tenha se mostrado atrativa, outros fatores devem

ser levados em consideração para a escolha do período de investimento, como por

exemplo os aspectos sociais que são mais benéficos na opção 1 (exploração em 25

anos) por possibilitar uma oferta de emprego constante e estável para a população

local.

Tabela 33. Indicadores de viabilidade econômica - FSN

Indicadores Econômicos

Opção 1 Opção 2

25 anos 10 anos

Taxa de Desconto 8,53% 8,53%

Fluxo de caixa acumulado R$ 4.716.784 R$ 5.456.509

Fluxo de caixa acumulado descontado -R$ 1.476.648 R$ 1.592.731

VPL do Fluxo de Caixa -R$ 1.360.590,07 R$ 1.467.549,37

Taxa Interna de Retorno - TIR 5,26% 14,42%

Payback N/A 8 anos

Entretanto, se considerarmos que a FSN adquiriu a terra há cerca de 20 anos

atrás por uma doação financeira destinada a experimentação científica, esses custos já

foram amortizados pelo doador. Desta forma, realizamos a mesma simulação de

viabilidade econômica excluindo a aquisição de terra e considerando apenas os custos

operacionais e suas respectivas receitas com o objetivo de mensurar os indicadores

econômicos nestes casos.

Como podemos ver na Tabela 34, ambos os projetos de investimento se

mostram extremamente atrativos uma vez que não existem investimentos no ano zero

a serem amortizados. Os lucros provenientes da exploração iniciam-se no primeiro ano

com R$ 418.721,00 na opção 1 (exploração em 25 anos) e R$ 1.120.776,00 na opção 2

(exploração em 10 anos), resultando em um fluxo de caixa acumulado descontado de

R$ 4,2 milhões na opção 1 e de R$ 7,3 milhões na opção 2. Portanto, embora o volume

comercializado seja exatamente o mesmo nos dois casos, a opção 1 é mais atrativa

devido ao custo do capital aplicado em períodos de investimento diferentes.

53 Para essa simulação consideramos o custo médio de R$ 77,00/m³ e perda média de 25%.

57

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Tabela 34. Indicadores de viabilidade econômica - FSN (sem aquisição de terra)

Indicadores Econômicos

Opção 1 Opção 2

25 anos 10 anos

Taxa de Desconto (TMA) 8,53% 8,53%

Fluxo de caixa acumulado R$ 10.468.034 R$ 11.207.759

Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 4.274.602 R$ 7.343.981

VPL do Fluxo de Caixa R$ 3.938.635,95 R$ 6.766.775,39

Taxa Interna de Retorno – TIR + 30% + 30%

Payback 1 ano 1 ano

Análise de Risco

As principais variáveis que podem impactar na viabilidade econômica da FSN

são os preços por espécie que variam com base na demanda de mercado, o volume

disponível de espécie no restante da área a ser manejada e os custos de produção.

Nesta simulação foram realizadas análises de sensibilidade apenas dos preços e dos

custos de produção (Tabela 35), devido às incertezas relacionadas à disponibilidade de

volumes por espécie no restante da área de reserva legal da FSN.

Tabela 35. Variáveis do fluxo de caixa - FSN

Elasticidade de Preço

(%) Custo de Produção

(R$/m³)

MIN 20% + R$ 69,00

MAX 20% - R$ 84,00

Os resultados da Tabela 36 permitem inferir sobre a viabilidade econômica na

opção 1 (exploração em 25 anos) com os custos de produção abaixo de R$ 79,00/m³ e

preço médio das espécies 20% acima do valor médio. Em contrapartida a opção 2

(exploração em 10 anos) é economicamente viável em qualquer cenário com preços de

até 6,7% abaixo dos preços médios e custos de produção elevados a R$ 84,00/m³

Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação nos ajuda a mostrar que em

cenários mais otimistas nas duas opções de exploração, com uma TIR podendo chegar

a 9,87% na opção 1 (exploração em 25 anos) e a uma TIR de 25,63% na opção 2

(exploração em 10 anos).

Tabela 36. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 25 anos)

Preço (R$/m³)

TIR (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%

Custo de produção (R$/m³)

R$ 69,00 9,87% 7,47% 4,63% 1,83%

R$ 74,00 9,36% 6,92% 4,22% 1,10%

R$ 79,00 8,84% 6,36% 3,59% 0,32%

R$ 84,00 8,32% 5,79% 2,93% -0,51%

58

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Tabela 37. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 25 anos)

Preço (R$/m³)

VPL (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%

Custo de produção (R$/m³)

R$ 69,00 R$ 0,6 -R$ 4,0 -R$ 1,5 -R$ 2,5

R$ 74,00 R$ 0,4 -R$ 68,0 -R$ 1,7 -R$ 2,8

R$ 79,00 R$ 0,1 -R$ 0,9 -R$ 1,9 -R$ 3,0

R$ 84,00 -R$ 0,1 -R$ 1,2 -R$ 2,2 -R$ 3,2

Tabela 38. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 10 anos)

Preço (R$/m³)

TIR (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%

Custo de produção (R$/m³)

R$ 69,00 25,63% 19,76% 13,41% 6,39%

R$ 74,00 24,38% 18,43% 11,95% 4,72%

R$ 79,00 23,11% 17,08% 10,46% 2,97%

R$ 84,00 21,83% 15,70% 8,93% 1,15

Tabela 39. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 10 anos)

Preço (R$/m³)

VPL (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%

Custo de produção (R$/m³)

R$ 69,00 R$ 4,6 R$ 2,9 R$ 1,2 -R$ 0,4

R$ 74,00 R$ 4,2 R$ 2,5 R$ 0,8 -R$ 0,8

R$ 79,00 R$ 3,8 R$ 2,1 R$ 0,4 -R$ 1,2

R$ 84,00 R$ 3,5 R$ 1,8 R$ 0,1 -R$ 1,6

11.5 Estudos de caso – PROCESSAMENTO PRIMÁRIO

Para este estudo de caso foi entrevistada uma empresa produtora e processadora

de madeira nativa na região de Alta Floresta. A empresa processa madeira serrada com

capacidade de 12.000m³ de madeira/ano e comercializa produtos de Viga, Caibro e

Prancha.

Aspectos produtivos

A primeira fase do processamento de madeira consiste na transformação

(desdobro) de madeira em tora em madeira serrada (cortada em peças retangulares

ou quadradas). O processo é bruto e relativamente simples, iniciando com o estoque

das toras no pátio e seguindo para a mesa de entrada onde as toras de madeira são

descascadas.

A seguir, a madeira é cortada por uma maquina Serra Fita para desdobro da

tora em espessura (horizontal) ou por uma Refiladeira para divisão de madeira em

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peças. Posteriormente a madeira segue para uma Destopadeira onde a madeira

serrada é cortada por comprimento. As sobras laterais da madeira (costaneiras) são

comercializadas como cavacos ou usadas como resíduo pelas caldeiras para secar a

madeira serrada na época do ano mais úmida. A seguir, a madeira permanece em

estoque de ilhas ou fardos para a comercialização (ABIMCI, 2004).

Figura 3. Exemplo de um processamento primário

Fonte: ABIMCI, 2004.

Embora a capacidade de processamento da fábrica seja de 12.000 m³/ano a

mesma tem processado em torno de 8.000m³ desde 2012 até 2015 representando

uma capacidade ociosa de 33%. Uma das principais causas é a baixa regularidade de

suprimento ocasionada pela dificuldade de autorizações de planos de manejo. Como

consequência, há necessidade de transferir maiores preços de venda para cobrir os

custos fixos de processamento.

Mercado

A madeira serrada é comercializada no mercado domestico nos estados de São

Paulo e Rio de Janeiro, sendo que 80% das vendas são realizadas a prazo, e 20% a vista.

O uso final dessa madeira se divide em construção civil (80%) e indústria moveleira

(20%). Seu diferencial competitivo é um produto de característica homogênea, bem

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limpa, sem rachaduras, queimas ou fungos, além de serbitolada, que consiste no bom

acabamento e sem diferença de medidas. A demanda é alta para produtos que

atendem a estes padrões de qualidade.

Logística

O frete rodoviário inclui a coleta de matéria prima de madeira em tora na

floresta, distante 150kmda Serraria em Alta Floresta, ao custo de R$ 60,00/m³, até a

entrega da madeira serrada no estabelecimento do cliente final no Rio de Janeiro ou

São Paulo, a uma distancia de 1.500 à 1.900 km ao custo de R$ 250,00/m³ a R$

300,00/m³. Embora o frete rodoviário seja maior no último trecho, o peso do frete

sobre o custo de produção é menor devido a agregação de valor do processamento

primário.

Tabela 40. Logística rodoviária de uma Serraria

Manejo Alta Floresta Alta Floresta Cliente Final

SP RJ

Distância (Km) 150km 1.500km 1.900km

Terreno terra e asfalto asfalto asfalto

Preço (R$/m³) R$ 60,00m³ R$ 250/m³ R$ 300/m³

Aspectos econômicos

Atualmente, os preços praticados pela empresa na região de Alta Floresta

variam de R$ 1.160,00 à R$ 1.260,00 por m³, sendo as Vigas responsáveis por 50% da

quantidade comercializada, seguido por Tábuas, Ripas e Pranchões respectivamente.

As perdas na produção por sua vez são em média de 38% do volume processado e por

sua vez compõe a base de cálculo do faturamento da empresa.

Tabela 41. Volumes e preços de uma Serraria

Descrição do Produto Quantidade

Comercializada (m³/ano)¹

Participação (%)

Preço de Venda (R$/m³)¹

Vigamento 2.480 50% R$ 1.210,00

Tabua 1.488 30% R$ 1.160,00

Ripa 496 10% R$ 1.160,00

Pranchão 496 10% R$ 1.260,00

TOTAL 4.960 100%

¹ Foi considerado na base de cálculo uma perda de 38% no processamento

61

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Os custos com mão de obra totalizam R$ 150,57/m³ de madeira processada e

são compostos por 14 funcionários de fabrica, 3 administrativos e um gerente.

Tabela 42. Custo de mão de obra de uma Serraria

Mão de Obra

Colaboradores Número (R$/m³)

Fabrica¹ 14 R$ 99,07

Administrativo² 3 R$ 37,74

Gerencia 1 R$ 13,76

TOTAL 18 R$ 150,57

¹Operador de serra fita, ajudante de serra fita, operador de alinhadeira, ajudante de alinhadeira, auxiliar geral, afiador, operador pá carregadeira.

² Serviços gerais de escritório

Os custos totais de produção foram estimados em torno de R$ 428,41 por m³

de madeira processada, dos quais 54% são com frete rodoviário da floresta para o

processamento e do processamento até o porto marítimo, 23% com custos variáveis

de aquisição de matéria prima, energia, água e combustível, 22% com mão de obra

para 14 funcionários de fábrica, 3 administrativos e um gerente, e o restante com

custos fixos de aluguel e impostos.

Tabela 43. Custos de produção de uma Serraria

Custos Operacionais

(R$/ano) (R$/m³) Participação (%)

Custos Fixos¹ R$ 36.500,00 R$ 4,56 1%

Custos Variáveis² R$ 800.000,00 R$ 100,00 23%

Mão de Obra³ R$ 746.850,00 R$ 93,35 22%

Frete Rodoviário R$ 1.844.000,00 R$ 230,50 54%

TOTAL R$ 3.427.350,00 R$ 428,41 100%

¹ Incluso aluguel e impostos sobre a empresa

² Aquisição de matéria prima, energia, agua, combustível e impostos sobre a produção ³ Custos para 18 funcionários (14 de Fábrica, 3 Administrativos e 1 Gerente)

62

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11.6 Estudos de caso – PROCESSAMENTO SECUNDÁRIO

Para este estudo de caso foi entrevistada uma empresa de grande porte que atua

nas três etapas da cadeia de exploração e processamento de madeira nativa

(exploração, processamento primário e processamento secundário). A mesma realiza

manejo florestal e possui uma Serraria no Município de Aripuanã, e uma Faqueadora/

Beneficiadora de madeira em Várzea Grande no município de Cuiabá. A empresa é

considerada de médio porte com capacidade de processamento de 24.000 m³ ano e

uma área fabril de 5 hectares. Os produtos comercializados são Decks e Piso.

Aspectos produtivos

A segunda fase do processamento de madeira consiste no acabamento da

madeira em plaina pneumática, que envolve o arredondamento das bordas, desenhos

e formatos de acordo com as demandas dos clientes. O processo inicia-se com a

madeira serrada no pátio para a gradeação, onde ocorre a separação de madeira. A

seguir, a madeira vai para a estufa de secagem onde a mesma permanece em

descanso por 10 a 15 dias para estabilização da madeira e para evitar empenos, por

exemplo. Posteriormente a madeira segue para a linha de processamento onde a

mesma passa por uma série de processos a partir da desmontagem do fardo,

desengrosso de expessura, plaina, classificação e destopadeira, encaixes no piso (no

topo da peça), separação e montagem do pacote, montagem dos fardos e embalagem

e estoque.

A capacidade de processamento da fabrica é de 24.000m³/ano e atualmente

opera com apenas 20% de capacidade ociosa. A perda no processamento é de

aproximadamente 15% e os principais produtos comercializados são Pisos e Decks com

50% de participação cada no volume total comercializado.

Mercado

A madeira beneficiada é destinada 80% à exportação e 20% ao mercado

interno, sendo 20% para empresas grandes, 70% para empresas médias e 10% para

empresas pequenas. Quando exportado, 5 a 10% são realizados via intermediários

(Trading Company) e o restante das vendas realizadas diretamente. A negociação é

FOB e entregue nos portos de Paranaguá (para a Europa e Ásia) e Navegantes (para os

EUA). A forma de venda é a prazo com seguro na América do Sul, e o restante via

cobrança documentaria (transferência mediante entrega dos documentos). O uso final

dos produtos são 50% indústria moveleira e 50% construção civil. O diferencial

competitivo da madeira é a alta demanda que países de clima frio têm por madeira

nativa de boa qualidade, além de uma demanda aparente maior do que a oferta,

refletindo um potencial de crescimento do setor.

63

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Logística

A logística inclui a coleta da matéria prima de madeira em tora Região Noroeste

(Colniza e Aripuanã) a 1.100km de distância de Várzea Grande. A rodovia é 80% asfalto

e o custo de transporte varia de R$ 180,00 a 210,00/ m³. Após o processamento

primário e secundário, o produto acabado segue para os portos de Paranaguá e

Navegantes, a uma distância aproximada de 1.850km, em estradas 100% asfaltadas e

ao custo de R$ 165,00 a R$ 185,00/ tonelada.

Tabela 44. Logística rodoviária de uma Beneficiadora

Manejo Fábrica Fabrica Porto

Distância (Km) 1.100km 1.850km

Terreno terra e asfalto Asfalto

Preço (R$/ton) R$ 180 a R$ 210/m³ R$ 165 a 185/m³

Aspectos econômicos

Por serem produtos de maior valor agregado os preços variam de R$ 3.000,00

até R$ 8.000,00/ m³.

Tabela 45. Volume e preços de uma Beneficiadora

Descrição do Produto Quantidade

Comercializada (m³/ano)¹

Participação (%)

Preço de Venda (R$/m³)¹

Preço de Venda (R$/m³)¹

MIN MAX

Piso 8.500 50% R$ 3.000,00 R$ 5.000,00

Deck 8.500 50% R$ 3.500,00 R$ 8.000,00

TOTAL 17.000

¹ Foi considerado na base de cálculo uma perda de 15% no processamento

Os custos com mão de obra totalizam aproximadamente R$ 292,50/m³ e são

compostos por aproximadamente 120 funcionários de fabrica, 10 administrativos, 26

pessoas para o transporte e 4 gerentes.

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Tabela 46. Custos de mão de obra de uma Beneficiadora

Mão de Obra

Colaboradores Número (R$/m³)

Fabrica de Lâmina 80 R$ 91,00

Fabrica de Piso 40 R$ 97,50

Administrativo 10 R$ 48,75

Gerencia 4 R$ 4,55

Transporte 26 R$ 50,70

TOTAL 160 R$ 292,50

Os custos totais de produção foram estimados em aproximadamente R$

2.761,00/m³, dos quais 50% são custos variáveis com matéria prima, insumos de

produção, combustível, manutenção e combustível de equipamentos e veículos e

impostos sobre a produção, 20% são custos de frete rodoviário desde a coleta da

matéria prima na floresta até a entrega no porto marítimo, 19% são custos fixos com

energia, agua, taxas e impostos sobre a empresa, e 11% são despesas com mão de

obra para 160 funcionários.

Tabela 47. Custos de produção de uma Beneficiadora

Custos Operacionais

(R$/m³) Participação (%)

Custos Fixos¹ R$ 525,00 19%

Custos Variáveis³ R$ 1.380,00 50%

Mão de Obra³ R$ 292,50 11%

Frete Rodoviário R$ 564,00 20%

TOTAL R$ 2.761,50 100%

¹ Energia, agua, taxas e impostos sobre a empresa ² Matéria prima, insumos de produção, combustível, manutenção e combustível de equipamentos e veículos e impostos sobre a produção

³ 120 funcionários de fabrica, 10 administrativos, 26 pessoas para o transporte e 4 gerentes

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11.7 Compilação das simulações dos estudos de caso

Com o objetivo de facilitar a visualização das simulações de cada estudo de

caso, compilamos os principais resultados na tabela abaixo. Embora sejam atividades

bastante distintas, com períodos de investimento e custos de produção muito

variados, as atividades apresentaram taxas de retorno relativamente similares com

TIRs entre 11% e 19% (com exceção da opção de exploração em 25 anos do estudo de

caso 4, que se mostrou inviável quando considerado o custo da terra)54.

Tabela 48. Compilação das simulações de viabilidade econômica dos estudos de caso

Estudo de

Caso 1 Estudo de

Caso 2 Estudo de

Caso 3 Estudo de

Caso 4

Teca Eucalipto

Manejo Florestal

Manejo Florestal (FSN)

Região Alta Floresta Tangará da

Serra Juína Cotriguaçu

Período de investimento 20 anos 12 anos 10 anos 25 anos 10 anos

Área de implementação 1.200 ha 1.200 ha 4.800 ha 5.350 ha 5.350 ha

Custo de Aquisição de Terra (R$/há)

R$ 8.500 R$ 3.000 R$ 1.075 R$ 1.075 R$ 1.075

Custos totais de produção (R$/há)¹

R$ 134.166 R$ 47.335 R$ 2.496 R$ 2.165 R$ 2.015

Fluxo de Caixa Acumulado (R$ mil)

R$ 30.878 R$ 1.573 R$ 3.486 R$ 4.716 R$ 5.456

VPL (R$ mil) R$ 4.798 R$ 195 R$ 466 R$ -1.360 R$ 1.467

TIR 18,68% 11,15% 10,69% 5,26% 14,42%

Payback 20 anos 12 anos 9 anos N/A 8 anos

¹ Inclui aquisição de terra e não considera frete rodoviário

Foram identificadas as seguintes causas para a baixa competitividade dos estudos de

caso estudados:

FLORESTAS PLANTADAS

O custo de transporte é um fator importante que influencia ambos os estudos de caso.

Muito embora os custos de frete sejam maiores para o estudo de caso de Teca (região

de Alta Floresta), ao se analisar o fluxo de caixa constatamos que este custo teve maior

54 Todavia é importante ressaltar que estes resultados são conservadores, uma vez que foi considerado os custos de aquisição de

terra no ano zero mas sem a inclusão de receitas de venda no ano final do projeto por dois motivos: (1) Este estudo não pretende

abordar os aspectos relacionados a valorização de terra, (2) Os entrevistados pretendem permanecer com a terra após o ciclo de

produção analisado.

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impacto sobre o estudo de caso de Eucalipto uma vez que o custo é

proporcionalmente maior devido ao baixo valor agregado do Eucalipto se comparado

com a Teca. Outro fator importante é a baixa produtividade do Eucalipto,

principalmente por estar localizado em uma região de terreno arenoso, mas também a

baixa disponibilidade de material genético. A qualidade da madeira, em especial de

Teca, é provavelmente o fator mais importante e que determina a competitividade da

atividade. De acordo com o estudo de caso, “sempre haverá demanda para uma Teca

de alta qualidade”.

MANEJO FLORESTAS DE ESPÉCIES NATIVAS

Os preços relativamente baixos de madeira nativa podem ser influenciados pela

competitividade desleal com madeira ilegal. Assim, é fundamental implementar a Lei

PSS55 e fortalecer ações de comando e controle para redução de desmatamento ilegal

e que por sua vez deve ajudar o setor a praticar preços mais altos, e por sua vez

influenciar a viabilidade e competitividade da atividade. No que se refere aos custos

de produção, muito embora o custo de transporte não tenha integrado os fluxos de

caixa desse estudo56 os mesmos são o principal determinante nos custos de produção

da atividade.

A tabela abaixo mostra a compilação das análises de sensibilidade das

simulações dos estudos de caso, que buscam refletir os melhores e piores cenários

econômicos influenciados pelos fatores descritos nos estudos de caso.

Tabela 49. Compilação dos resultados das Análises de Sensibilidade dos estudos de caso

Estudo de Caso 1

Estudo de Caso 2

Estudo de Caso 3

Estudo de Caso 4

Teca Eucalipto

Manejo Florestal

Manejo Florestal (FSN)

Período de investimento

20 anos 12 anos 10 anos 25 anos 10 anos

VPL (R$Mil) MIN (-) R$ 442 (-) R$ 248 (-) R$ 2.600 (-) R$ 3.200 (-) 1.600

MAX R$ 10.696 R$ 639 R$ 3.500 R$ 600 R$ 4.600

TIR (%) MIN 6,0% <0% <0% <0% 1,15%

MAX 22,91% 15,99% 23,36% 9,87% 25,63%

55

O Plano de Suprimento Sustentável (Lei 12.651/2012) garante aos que consomem de matéria prima florestal venham a prover

de produtos florestais de origem legal e sustentável, criando assim um equilíbrio entre o consumo e a produção, logo, sendo uma das ações norteadoras para evitar o desmatamento ilegal 56

Uma vez que o custo de frete rodoviário é pago pela Serraria no estudo de caso da região de Juína.

67

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12. Leis e licenças que mais impactaram a atividade florestal

Tendo em vista a complexidade regulatória sobre o setor florestal, os entrevistados

de cada fase da cadeia produtiva deste trabalho foram questionados sobre as

principais leis e licenças que incidem sobre a sua atividade, de forma que possamos

visualizar com maior facilidade as ocorrências em cada etapa da cadeia produtiva do

setor florestal no Mato Grosso.

Desta forma a tabela abaixo apresenta as respostas de cada estudo de caso de

forma a ajudar na visualização dos aspectos regulatórios da cadeia produtiva florestal.

A descrição das leis e licenças pode ser encontrada no anexo 5 ao final desse relatório.

68

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Tabela 50. Leis e licenças que mais impactam a atividade florestal dos estudos de caso

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5

Teca Eucalipto

Manejo Florestal

Processamento Primário *

Processamento Secundário **

Periodicidade

Leis que impactam o

negócio

Código Florestal X X X

CONAMA 237 X X X X X

CONAMA 406 X X X

CONAMA 411

X X

Decreto Estadual 1.862 X X X

NR 12 X X

NR 14 X X

Licenças necessárias

para a operação

Alvará X X Todo ano

APF X X Cadastro 1 vez

AUTEX X A cada POA

Cadastro CC-SEMA X X X Anual

Cadastro IBAMA X X X X X 1 vez + Taxa trimestral

CAR X X X 1 vez

DOF X Cadastro 1 vez

Inscrição Secr. Fazenda X X X X X 1 vez

Licença Ambiental (LP, LI e LO)

X X 3 anos¹

Plano de corte final plantadas (taxa vistoria)

X X

* Serraria ou laminadora

** Beneficiamento

¹ LI e LP uma única vez vez e LO a cada 3 anos

FONTE: Estudos de caso e ECO2 Ambiental (elaborado por IPAM)

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13. Certificação e exigência internacionais

No que se refere a origem da madeira, nenhum dos cinco estudos de caso informou

ter alguma modalidade de cerificação de madeira. Tampouco houve demonstração de

interesse pelos clientes das empresas entrevistadas em adquirir madeira certificada.

Entretanto, quatro dos cinco estudos de caso informaram ter interesse em certificar

sua madeira se houver apoio financeiro. No que se refere às exigências internacionais,

a única empresa entrevistada que exporta madeira nativa informou que as

exportações para os EUA devem atender as exigências da lei Lacey Act, 1900 e

portanto, atende às exigências internacionais.

Tabela 51. Certificação e exigências internacionais para os estudos de caso

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5

Teca Eucalipto

Manejo Florestal

Processamento Primário *

Processamento Secundário **

Possui algum mecanismo de verificação ou certificação em atividade?

Não Não Não Não Não

Se houvesse algum tipo de apoio, a empresa se certificaria? Se sim, qual o tipo de apoio necessário?

Sim, apoio financeiro

Sim, apoio financeiro

Sim, apoio financeiro

Não há interesse

Sim, apoio Financeiro.

A produção é para exportação? Se sim, quais as exigências internacionais?

Exportam mas não há exigências.

não exportam

não exportam

não exportam

Todas as exportações para os USA

tem que atender Lancey

Act

A(s) ferramenta(s) de gestão da informação / rastreabilidade utilizadas pela sua empresa auxiliam no cumprimento dessas exigências?

Não possuem

Não possuem

Sim Não possuem Sim

*Serraria ou laminadora ** Beneficiamento

14. Análise SWOT

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TECA

EUCALIPTO

Forças Fraquezas Forças Fraquezas

- Clima favorável - Solo de boa qualidade - Baixo custo de terra - Existência de empresas de mudas

- Falta de mão de obra qualificada - Logística ruim aumenta o custo de produção - Dificuldade de fornecimento por ser um setor incipiente com processamento não associado a produção de madeira plantada - Dificuldade de obter financiamento

- Clima favorável - Baixo custo de terras - Conhecimento acumulado no setor - Setor consolidado com grande demanda por Lenha - Existência de empresas de mudas

- Falta de mão de obra qualificada - Setor incipiente com processamento de Tora não associado a produção de madeira plantada - Baixo material genético disponível - Dificuldade de obter financiamento - Restrição de compra de terra por estrangeiros

Ameaças Oportunidades Ameaças Oportunidades - Risco de não haver melhorias logísticas (rodovia, hidrovia) para escoamento da produção - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor - Fenômenos naturais (incêndios,

inundações, etc.)

- pragas e doenças

- Possibilidade de escoamento através de hidrovias na região noroeste do MT e melhorias rodoviárias - Demanda internacional por Teca de alta qualidade é maior do que oferta - Aumento da demanda interna devido ao aumento da procura por indústrias processadoras

- Pecuária como alternativa para silvicultura - Produtos substitutos como madeira recomposta (MDF, OSB) e sintéticos (plástico, PVC) - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor - Fenômenos naturais (incêndios, inundações, etc.) - pragas e doenças

- Substituto da madeira nativa (devido ao aumento do preço da nativa) - Aumento da demanda por biomassa pela crescente produção de grãos no estado - Oportunidade de crescimento

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PROCESSAMENTO PRIMÁRIO

PROCESSAMENTO SECUNDÁRIO

Forças Fraquezas Forças Fraquezas

- Disponibilidade de matéria prima devido a floresta nativa abundante - Setor consolidado favorece demanda por industrias de processamento

- Elevado custo tributário e de energia elétrica aumenta o custo de produção - Opinião publica ruim da atividade florestal nativa prejudica a atividade - Dificuldade de obter financiamento - Logística ruim aumenta o custo de produção

- Boa qualidade da matéria prima - Alta disponibilidade de matéria prima (grande área de florestas nativas a serem manejada)

- Logística de difícil acesso para coleta de matéria prima nativa - Elevado custo tributário e de energia elétrica aumenta o custo de produção - Logística ruim aumenta o custo de produção

Ameaças Oportunidades Ameaças Oportunidades - Competição desleal de madeira ilegal induz a preços mais baixos de madeira legal - Insegurança Jurídica - Possibilidade de criação de áreas protegidas

- Possibilidade de escoamento através de hidrovias na região noroeste do MT

- Competição desleal de madeira ilegal induz a preços mais baixos de madeira legal - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor

- Alta competitividade do setor através de produtos de qualidade - Demanda maior do que oferta (principalmente por países frios)

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MANEJO FLORESTAL Forças Fraquezas

- Floresta nativa abundante - Qualidade e tipo de espécies - Setor consolidado favorece demanda por indústrias de processamento

- Opinião pública ruim da atividade florestal nativa - Dificuldade de obter financiamento - Logística ruim aumenta o custo de produção - Excessivos entraves ambientais

Ameaças Oportunidades - Competição desleal de madeira ilegal induz a preços mais baixos de madeira legal - Possibilidade de criação de áreas protegidas pode restringir potencial de exploração em alguns locais - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor - Fenômenos naturais (incêndios, chuvas, etc.)

- Demanda maior do que oferta

Com o objetivo de compreender a atual situação da cadeia florestal, foi realizada uma

análise SWOT57 de cada fase da cadeia produtiva do setor florestal. Desta forma, foram

aplicadas perguntas a cada estudo de caso sobre as forças e fraquezas dos aspectos internos

da empresa, bem como as ameaças e oportunidades sobre os aspectos externos..

Em termos gerias, no ambiente interno, as principais forças apontadas pelo setor de

florestas plantadas foram o clima, baixo custo de terras frente a outros estados, existência

de empresas de mudas como fator determinante no potencial de desenvolvimento do setor,

e demanda consolidada por lenha de eucalipto. No manejo e industrialização, por serem

processadoras de matéria prima nativa, os entrevistados mencionaram como principal força

a disponibilidade de matéria prima nativa e de boa qualidade.

Ainda no ambiente interno, as principais fraquezas apontadas pelo setor de florestas

plantadas foram a falta de mão de obra qualificada, alto custo logístico (principalmente de

Teca para exportações) e maior dificuldade de comercialização para indústrias locais se

comparado com o setor de florestas nativas. Na parte de manejo de nativas foram

mencionados os excessivos entraves ambientais, imagem negativa sobre a atividade florestal

e dificuldade em obter financiamento para a atividade. Na fase industrial foi apontado a

elevada carga tributária e custos com energia elétrica e logística de difícil acesso para coleta

de matéria prima.

57

Análise SWOT (em inglês; Strenghts, Weeaknesses, Oportunities and Threats) é conhecido em português como Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças).

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No que se referem ao ambiente externo, as principais oportunidades apontadas pelos

entrevistados do setor de florestas plantadas foram o potencial de aumento de demanda

das indústrias locais por lenha de teca e tora de eucalipto como substituto a madeira nativa,

grande demanda internacional por teca de alta qualidade, e o potencial de melhoria logística

via transporte fluvial ou melhorias na malha rodoviária. Para o manejo e indústria de

processamento de madeira nativa, foi apontada como oportunidade a maior demanda por

madeira nativa se comparado com a plantada, devido a alta qualidade da matéria prima

nativa.

E por fim, as principais ameaças apontadas foram a instabilidade jurídica e

regulatória, bem como os riscos de não haver investimentos em infraestrutura de

transporte, fatores apontados por todos os entrevistados da cadeia. Esses fatores reduzem o

incentivo dos empresários em realizar investimentos de longo prazo no setor.

Para o setor de manejo florestal de nativas, a competição desleal com madeira nativa

de origem ilegal se mostrou a principal ameaça que por sua vez obriga produtores legais a

operar com baixas margens de lucro ou muitas vezes encerrar suas atividades. Para o setor

de Eucalipto foi apontado como ameaça a possibilidade de haver produtos substitutos como

madeira recomposta (MDF e OSB) e sintéticos (plástico e PVC), bem como a atividade de

pecuária como uma atividade econômica potencial para substituir a silvicultura devido ao

baixo risco da atividade.

15. Comentários finais

Este estudo levantou os principais fatores que influenciam o desenvolvimento do setor

florestal no Mato Grosso. O trabalhou abordou os aspectos mercadológicos, econômicos,

fiscais e tributários, sociais e ambientais da fase produtiva de florestas nativas e plantadas,

bem como o processamento primário e secundário, uma vez que os mesmos desempenham

um papel crucial na demanda dos produtos florestais.

O principal desafio da pesquisa foi acessar os custos detalhados de produção uma vez

que estes são parte estratégica dos negócios das empresas entrevistadas ou nem sempre

são contabilizados de forma detalhada pelos empresários.

Três entrevistados, sem mesmo terem sido questionados, informaram uma disposição a

receber de US$ 100 a US$ 150/ hectare/ano para deixar de exercer o manejo florestal e

manter as florestas de pé. Isso é um dado importante pois reflete o custo de se manter as

florestas em pé na região.

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A analise das seis empresas estudadas, aponta que os principais desafios são a

competição desleal com madeira ilegal, insegurança regulatória, excessiva burocracia e

morosidade pelos órgãos ambientais, escassez de mão de obra qualificada, dificuldade de

acesso a financiamento e logística precária. Por outro lado, os principais pontos positivos

apontados são a alta demanda por produtos madeireiros do Mato Grosso, grande potencial

de crescimento do setor, qualidade de matéria prima, clima favorável e baixo custo de

terras.

Os estudos de viabilidade econômica a partir dos quatro estudos de caso da fase de

produção mostraram viabilidade econômica praticamente em todos os casos, muito embora

os retornos sejam relativamente baixos com Taxas Internas de Retorno abaixo de 15%. Isso

se deve principalmente aos desafios mencionados acima na análise SWOT.

Em particular na FSN, realizamos quatro simulações com exploração da área realizada

em um período de 25 anos (consequentemente configurando sustentabilidade econômica

de longo prazo após o 25° ano) bem como exploração da área em 10 anos. Testamos esses

dois cenários com e sem o custo de aquisição de terra no ano zero. Quando considerado o

custo de terra, a simulação de exploração em 25 anos não se mostrou economicamente

viável devido às baixas receitas anuais comparadas com os altos investimentos iniciais, bem

como o custo do capital em um projeto de investimento de longo prazo (25 anos). Já a

exploração em 10 anos se mostrou viável com uma TIR de 14,42% e payback de 8 anos.

Visto que o custo de terra da FSN já foi amortizado pela ONF devido à doação financeira

da fazenda, portanto, realizamos a mesma simulação sem o custo de terra. Ambas as opções

se mostraram bastante viáveis com um VPL e de R$ 6,7 milhões na exploração em 10 anos e

de R$ 3,9 milhões na opção de exploração em 25 anos (devido ao custo do capital do longo

período de investimento). Isso mostra que ambos as opções são viáveis muito embora a

exploração em 10 anos seja financeiramente mais atrativa. Nesse sentido, sugerimos que

uma análise ecológica de impacto na região seja realizada nos dois cenários com o objetivo

de integrar a análise de custo-benefício na escolha pelo período de tempo do manejo

florestal sustentável da FSN.

Visto que a viabilidade econômica do setor florestal está sujeita a variáveis internas e

externas, que podem em grande parte ser influenciadas por ações do PDFS-MT, Lei PSS,

comando e controle, investimentos em infraestrutura, dentre outros, realizamos uma

análise de sensibilidade a partir das variáveis que melhor refletem tais fatores, que são: o

preço da madeira, custos de produção, frete rodoviário, produtividade a taxa de câmbio.

A partir desta simulação foi possível encontrar não apenas o ponto de equilíbrio onde

cada atividade se torna viável, mas principalmente encontrar, mesmo com dados

conservadores, os cenários mais otimistas com TIRs de até 25% para o manejo florestal

sustentável, 20% para a Teca e 13% para o Eucalipto.

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Tais resultados demonstram a viabilidade econômica que as empresas florestais podem

vir a ter caso as melhorias no setor venham a ocorrer, em especial as ações previstas no

PDFS que ainda não possuem recursos suficientes para a sua plena implementação. Também

é necessário reunir esforços para criar sistemas de monitoramento e controle mais

eficientes na cadeia de custódia na operacionalização do PSS, por sua vez reduzindo a

competição desleal com madeira ilegal no Mato Grosso.

Portanto, esperamos por meio desse estudo que a análise SWOT, em conjunto com as

simulações financeiras, venha mostrar com maior clareza os gargalos e oportunidades bem

como a viabilidade econômica do setor florestal no Mato Grosso até 2030.

76

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Pesquisas Agrícolas e Florestais – FEPAF. Botucatu, São Paulo, 25 p, 2008. ISBN 978-85-

98187-10-5.

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ANEXO

Anexo 1. Regiões de coleta de dados

81

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Anexo 2. Empresas entrevistadas

Empresas Contatadas Etapa da Cadeia Produtiva Questionário Entrevista Município Tamanho

Bacaeri Florestal Reflorestamento de Teca e

processamento primário X Alta Floresta Médio

Emaflor Agroflorestal Ltda Reflorestamento de

Eucalipto e processamento primário

X Reserva do

Cabaçal Pequeno

ECO2 Ambiental (Manejo Camanducaia)

Manejo Florestal Sustentável

X Juína Pequeno

Fazenda São Nicolau - FSN Manejo Florestal

Sustentável X Cotriguaçu Pequeno

"Confidencial"¹ Manejo florestal de nativas e processamento Primário

X Alta Floresta Pequeno

SM Madeiras Manejo florestal de nativas, processamento primário e

secundário X

Aripuanã e Cuiabá

Grande

Flora Sinop Mudas de Teca X Sinop Médio

Brazil Tropical Reflorestamento,

processamento primário e secundário

X Alta Floresta Médio

¹ A empresa não autorizou divulgar o nome mas permitiu o uso das informações neste este estudo ² Consideramos os critérios do BNDES para estabelecer as faixas de faturamento das empresas: Empresa de pequeno porte: Faturamento anual de até 16 milhões Empresa de médio porte: Faturamento anual de até R$ 90 milhões Empresa de médio-grande: Faturamento acima de R$ 90 milhões http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/porte.html

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Anexo 3. Impactos esperados com a implementação do Plano de Desenvolvimento Florestal do Mato Grosso (PDFS)

SETOR FLORESTAL NO MATO GROSSO EM 2012

Classe Produto

1.000 m³ Distribuição

Nativa Plantada EUCALIPTO TECA Total Nativa Plantada

Matéria-Prima

Toras 4.852 212 157,42 55 5.064 96% 4%

Lenha 2.168 739 549 190 2.907 75% 25%

Resíduos 2.426 0

2.426 100% 0%

Processamento Primário

Carvão 359 0 0 0 359 100% 0%

Serrados 1.728 0 0

1.728 100% 0%

Laminados 138 0 0 0 138 100% 0%

Processamento Secundário

Aplainados e Beneficiados

115 0 0 0 115 100% 0%

Pisos 48 0 0 0 48 100% 0%

Outros (portas,janelas, forros)

117 0 0 0 117 100% 0%

Produtos Não-Madeireiros

Látex 0 26

26 0% 100%

Fonte: STCP Engenharia, 2014

SETOR FLORESTAL NO MATO GROSSO EM 2030 (META APÓS IMPLANTAÇÃO DO PDFS)

Classe Produto 1.000 m³

Distribuição

Nativa Plantada EUCALIPTO TECA Total

Nativa Plantada

Matéria-Prima

Toras 6.000 3.550 1.750 1.800 9.550

63% 37%

Lenha 500 6.560 5.600 960 7.060

7% 93%

Resíduos 3.000 1.775 1.065 710 4.775

63% 37%

Processamento Primário

Carvão 500 1.093 774 319 1.593

31% 69%

Serrados 1.300 710 503 207 2.010

65% 35%

Laminados 200 178 126 52 378

53% 47%

Processamento Secundário

Aplainados e Beneficiados

270 178 126 52 448

60% 40%

Pisos 210 133 94 39 343

61% 39%

Outros (portas,janelas, forros)

270 133 94 39 403

67% 33%

Produtos Não-Madeireiros

Látex 0 100 100

0% 100%

Fonte: STCP Engenharia, 2014 (adaptado por IPAM)

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Anexo 4. Fotos de processos de produção e exploração

Viveiro de mudas

Muda em tubete

Teca Plantio no ano 0

Teca Plantio ano 12

Teca Madeira Serrada no pátio

Teca Madeira Beneficiada S4F (aplainada 4 faces)

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Eucalipto Plantio em solo arenoso no ano 1

Eucalipto Desrrama

Plantio de Eucalipto

Após a desrrama

Eucalipto

Resultado da desrrama

Manejo de Nativas

Corte

Manejo de Nativas Arraste por Skidder

85

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Manejo de Nativas

Carregamento na esplanada secundária

Manejo de Nativas

Transporte

Processamento Primário

Serra Fita

Processamento Primário

Destopadeira

Processamento Primário

Refiladeira

Processamento Primário

Estoque

86

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Processamento Secundário

Madeira serrada no pátio (estoque)

Processamento Secundário

Estufas de Secagem

Processamento Secundário Estabilizadora de madeira

Processamento Secundário

Desengrosso para espessura desejada

Processamento Secundário

Plaina para remover irregularidades

Processamento Secundário

Classificação dos defeitos das peças

87

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Processamento Secundário

Destopadeira para cortes transversais

Processamento Secundário

Fresadora para usinagem de madeira

Processamento Secundário

Montagem e amarração de fardos

Processamento Secundário

Montagem de fardo e estoque de madeira beneficiada

Fonte: Eco2 Ambiental

88

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Anexo 5. Descrição das principais leis e licenças relatadas pelos estudos de caso

APF - Autorização Provisória de Funcionamento (Decreto Nº 230/2015)

A APF fica instituída, no âmbito da Licença Ambiental Única, para autorizar o exercício da

atividade de agricultura e pecuária extensiva e semiextensiva58.

AUTEX - Autorização de Exploração Florestal

Documento expedido pelo órgão competente que autoriza o início da exploração e

especifica o volume máximo por espécie permitido para exploração, com validade de 12

(doze) meses podendo ser prorrogada por mais 12 (doze) meses, desde que devidamente

justificada no relatório técnico de exploração acompanhado de ART/CREA;

Alvará

O Alvará é um documento ou declaração emitido pela prefeitura, que garante a autorização

de funcionamento para qualquer tipo de empresa ou comércio.

Código Florestal - Lei Nº 12.651/2012

“Estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação

Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-

prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos

incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus

objetivos.”

CONAMA 237/1997

"Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o

licenciamento ambiental".

CONAMA 406/2009

Estabelece parâmetros técnicos a serem adotados na elaboração, apresentação, avaliação

técnica e execução de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) com fins madeireiros,

para florestas nativas e suas formas de sucessão no bioma Amazônia.

CONAMA 411/2009

“Dispõe sobre procedimentos para inspeção de indústrias consumidoras ou transformadoras

de produtos e subprodutos florestais madeireiros de origem nativa, bem como os

respectivos padrões de nomenclatura e coeficientes de rendimento volumétricos, inclusive

carvão vegetal e resíduos de serraria.”

58 A APF-Rural vai substituir a LAU provisoriamente até 31 de agosto de 2017.

89

Rua Cursino do Amarante, 588. Bairro do Quilombo, Cuiabá – MT / CEP: 78043 - 435

CAR - Cadastro Ambiental Rural

O CAR é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade

integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação

Permanente – APP; das áreas de Reserva Legal; das florestas e dos remanescentes de

vegetação nativa; das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e

posses rurais do país.

Cadastro IBAMA

Cadastro obrigatório para pessoas físicas ou jurídicas que exercem atividades

potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais.

Cadastro CC-SEMA - Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais (Portaria Nº

601/2015)

A inscrição do CC-SEMA deverá ser realizada pelas pessoas físicas e jurídicas que produzam,

extraiam, coletem, serrem, beneficiem, transformem, industrializem, comercializem,

utilizem, armazenem e consumam produtos e subprodutos de origem florestal no Estado de

Mato Grosso.

Decreto Estadual 1.862/2009

Regulamenta a Lei Complementar nº 233, de 21 de dezembro de 2005 no que diz respeito

aos procedimentos de elaboração, análise e acompanhamento dos Planos de Manejo

Florestal Sustentável no Estado de Mato Grosso.

NR 12

Estabelece as medidas de prevenção de segurança e higiene do trabalho a serem adotadas

pelas empresas em relação à instalação, operação e manutenção de máquinas e

equipamentos, visando à prevenção de acidentes do trabalho.

NR 14

Estabelece as recomendações técnicos-legais pertinentes à construção, operação e

manutenção de fornos industriais nos ambientes de trabalho.

DOF - Documento de Origem Florestal (Portaria Nº 253/2006)

Licença obrigatória para o transporte e armazenamento de produtos e subprodutos

florestais de origem nativa, contendo as informações sobre a procedência desses produtos,

gerado pelo sistema eletrônico.

Licença Ambiental - LP, LI e LO (Portaria Estadual Nº 129/1996)

Estabelece a obrigatoriedade das licenças ambientais para a construção, instalação,

ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos

ambientais, considerados efetiva ou potencialmente degradadores.