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Análise ambiental estratégica do município de Foz do Iguaçu Bases de estratégia para a sustentabilidade municipal 1. Finalidade dos estudos A finalidade dos presentes estudos é a de atender objetivamente às questões apresentadas pela ACIFI (Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu), a saber: - Impacto na hotelaria e turismo de Foz do Iguaçu pela concessão da instalação por mais 15 ou 30 anos de hotel/resort com as mesmas dimensões do atual, em frente às cataratas; - Impacto na hotelaria e turismo de Foz do Iguaçu pela concessão da instalação por mais 15 ou 30 anos de hotel/resort com dimensões maiores do que o atual, em frente às cataratas; - Impacto na hotelaria e turismo de Foz do Iguaçu pela não permissão da concessão da instalação de hotel/resort e sim transformação do espaço em novo atrativo dentro do parque, por exemplo, um museu, centro de estudo, entre outras opções; - Impacto nas redes hoteleiras e de entretenimento com manifestado interesse em instalar-se em Foz do Iguaçu não havendo mais somente um hotel no lado brasileiro com local privilegiado em frente às cataratas ou dentro do parque; - Impacto nos meios ambientais nacionais e internacionais que em Foz do Iguaçu optou pela não concessão da instalação de hotel/resort dentro do parque por respeito ao meio ambiente, criação de mais atrativos, sustentabilidade da fauna e flora do parque, cidade ecologicamente responsável com a preservação, e ainda com a preocupação do desenvolvimento sustentável, proporcionando incentivos e infraestrutura às redes hoteleiras e de entretenimento que vierem a se instalar na cidade em outros locais privilegiados do corredor turístico (exemplo: estrada das cataratas).Em outras palavras, os estudos visam a formulação de respostas às seguintes questões: Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu com a concessão de instalação de mais um Hotel, em frente as cataratas, com a mesma dimensão do atual; Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu com a ampliação do Eco-Resort existente (duplicação do número de apartamentos); Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu com a concessão de instalação de mais um Hotel, em frente as cataratas, com dimensão maior do que o atual;

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Page 1: Análise ambiental estratégica do município de Foz do Iguaçu · A equipe técnica dos estudos efetuou uma visita de 3 (três) dias ao município de Foz do Iguaçu, visando a atualização

Análise ambiental estratégica do município de Foz do Iguaçu

Bases de estratégia para a sustentabilidade municipal

1. Finalidade dos estudos

A finalidade dos presentes estudos é a de atender objetivamente às questões apresentadas

pela ACIFI (Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu), a saber:

“- Impacto na hotelaria e turismo de Foz do Iguaçu pela concessão da instalação por mais 15

ou 30 anos de hotel/resort com as mesmas dimensões do atual, em frente às cataratas;

- Impacto na hotelaria e turismo de Foz do Iguaçu pela concessão da instalação por mais 15

ou 30 anos de hotel/resort com dimensões maiores do que o atual, em frente às cataratas;

- Impacto na hotelaria e turismo de Foz do Iguaçu pela não permissão da concessão da

instalação de hotel/resort e sim transformação do espaço em novo atrativo dentro do parque,

por exemplo, um museu, centro de estudo, entre outras opções;

- Impacto nas redes hoteleiras e de entretenimento com manifestado interesse em instalar-se

em Foz do Iguaçu não havendo mais somente um hotel no lado brasileiro com local

privilegiado em frente às cataratas ou dentro do parque;

- Impacto nos meios ambientais nacionais e internacionais que em Foz do Iguaçu optou pela

não concessão da instalação de hotel/resort dentro do parque por respeito ao meio ambiente,

criação de mais atrativos, sustentabilidade da fauna e flora do parque, cidade ecologicamente

responsável com a preservação, e ainda com a preocupação do desenvolvimento sustentável,

proporcionando incentivos e infraestrutura às redes hoteleiras e de entretenimento que

vierem a se instalar na cidade em outros locais privilegiados do corredor turístico (exemplo:

estrada das cataratas).”

Em outras palavras, os estudos visam a formulação de respostas às seguintes questões:

� Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do

Iguaçu com a concessão de instalação de mais um Hotel, em frente as cataratas, com

a mesma dimensão do atual;

� Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do

Iguaçu com a ampliação do Eco-Resort existente (duplicação do número de

apartamentos);

� Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do

Iguaçu com a concessão de instalação de mais um Hotel, em frente as cataratas, com

dimensão maior do que o atual;

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� Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do

Iguaçu com a transformação do Eco-Resort existente em um grande centro de estudos

e pesquisas ambientais;

� Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do

Iguaçu, caso nada seja realizado, dentro ou fora do Parque Nacional;

� Outros cenários considerados, como, por exemplo, o referente à construção de mais

dois hotéis e de um centro de convenções dentro do Parque Nacional de Iguaçu.

Complementarmente, também foi considerada como finalidade dos estudos a formulação de

hipóteses alternativas de incremento e consolidação do turismo no Município de Foz do

Iguaçu, considerando que um de seus principais vetores vocacionais é o turismo (ou eco-

turismo) e que turismo se faz e se mantém com base em um tripé firme e sustentável,

envolvendo três variáveis clássicas: (i) Atratividade, natural ou construída, (ii) Infraestrutura

dedicada ao suporte das atividades turísticas e das vivências das atratividades disponíveis e,

por fim, (iii) a disponibilidade e qualidade dos Serviços associados a esta infraestrutura,

garantindo e o interesse de maior permanência do visitante, bem como a quase certeza de

seu retorno.

Nesta conceituação deve ficar claro que essas três variáveis contemplam e consolidam o

processo de turismo em qualquer ponto ou parte do mundo: a atratividade turística, que

expressa a força de estímulo ao visitante potencial para que ele se transforme em um turista.

A infraestrutura associada às atratividades, fazendo com que o tempo de permanência do

turista seja ampliado. E, por fim, os serviços de efetiva qualidade disponíveis para a

infraestrutura oferecida, capazes (i) de diferenciar as atratividades e a infraestrutura

oferecidas, (ii) de homenagear o visitante, (iii) de estimular e incrementar seus dispêndios, (iv)

de fazer com que indique a seus amigos a mesma estada e, por fim, (v) de fazer com que o

turista seja capaz de retornar ao encontro inesquecível de sua primeira viagem.

Evidentemente, todos os cenários considerados no presente estudo contemplam apenas o o

município de Foz do Iguaçu e o lado brasileiro do parque nacional.

2. Visita ao Município de Foz do Iguaçu

A equipe técnica dos estudos efetuou uma visita de 3 (três) dias ao município de Foz do

Iguaçu, visando a atualização de informações acerca do município, especificamente com o

foco voltado para o turismo.

2.1. Preliminares

Segundo dados da Embratur, os visitantes de Foz do Iguaçu são primordialmente motivados

por cinco tipos de atividades, as quais, em média, refletem-se da seguinte forma, para cada

100 visitantes:

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� 89 são motivados pela realização de turismo e lazer;

� 6,8, negócios e congressos;

� 3,2, a convite de parentes e amigos;

� 1 está simplesmente de passagem.

Mesmo assim, um total de 99 visitantes realizam algum tipo de atividade turística que,

segundo informações estatísticas, apresentam um dispêndio médio diário de US$ 80.00, para

uma permanência média de 2,5 dias.

As finalidades da viagem de campo da equipe foram:

� Identificar as atratividades disponíveis em Foz do Iguaçu;

� Identificar a infraestrutura associada a estas atratividades;

� Identificar a qualidade dos serviços oferecidos ao visitante;

� Tomar conhecimento de posições estratégicas de entidades públicas e privadas

acerca do cenário futuro desejado para o Município de Foz do Iguaçu;

� Documentar e registrar dados e informações obtidas; e, por fim,

� Realizar um mínimo de turismo.

2.2. Atratividades do Município de Foz do Iguaçu

Considerando apenas a atividade turística, é possível afirmar que dois fatores geram toda a

atratividade de Foz do Iguaçu. O primeiro é de ordem natural e está representado pelas

Cataratas do Iguaçu, no âmbito do Parque Nacional, e demais elementos primitivos

associados, envolvendo a paisagem, os rios, a flora e a fauna.

Figura 1 - Vista parcial da Cataratas do Iguaçu

Este primeiro fator de atração possui vários vetores de permanência associados, os quais

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constituem concessões específicas exploradas por empresas privadas. Dentre estas

concessões encontram-se:

� o Macuco Safári de barco (Figura 2);

� o Macuco Safári (Pescaria);

� a Trilha do Poço Preto;

� a Trilha da Bananeira;

� a Linha Martins;

� o Campo de Desafios – arvorismo, rapel, escalada no Cânion Iguaçu;

� o Passeio da Lua Cheia;

� o Giro Rápido em Porto Canoas;

� o Iguaçu Explorer; e

� o HELISUL Táxi Aéreo (passeio de helicóptero com diversas opções – cataratas, Itaipu

e outras).

Figura 2 – Passeios de barcos infláveis

O segundo atrativo de expressão é um fator construído, representado pela Usina Hidrelétrica

de Itaipu e todas as suas estruturas constituintes (barragem, lago, vertedouro, turbinas,

iluminação, etc e projetos de tecnologia associados – veja figura 3). Nos dias de hoje, a

missão empresarial de Itaipu considera o turismo como um produto de venda, compondo

harmoniosamente com sua atividade essencial de geração de energia.

Dentre os vetores de permanência associados a Itaipu que merecem ser destacados estão (i)

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o Centro de Recepção de Visitantes da margem esquerda, (ii) o Eco-Museu, (iii) o Parque da

Piracema, (iv) o Mirante Central, (v) o Painel do Poty, (vi) a Usina de Itaipu propriamente dita,

(vii) o Refúgio Biológico e a (viii) Iluminação Monumental.

É possível afirmar que, afora estes dois vetores legais de polarização turística, não existem

outros atrativos de ordem global e legal que sejam capazes de se traduzir em incremento

relevante de turistas por ano para o município de Foz do Iguaçu, em especial considerando o

tempo hábil individual para a prática do turismo e a disponibilidade de outros sítios,

municípios e regiões de interesse turístico, no Brasil e fora dele.

Figura 3 - Vista parcial da hidrelétrica de Itaipu

Considerando o seu espaço de inserção municipal, tri-fronteiriço, Foz do Iguaçu tem a sua

atratividade ampliada em função dos processos de compras que podem ser realizados em

Cidade do Leste (Paraguai, próxima à margem do Rio Paraná) e, complementarmente, em

Porto Iguaçu (Argentina, próxima à margem do Rio Iguaçu).

Todavia, além das compras legalmente realizadas nestas instâncias, há ainda envolvimentos

sistemáticos em atividades ilegais dos denominados “sacoleiros”, bem como de contrabando

em maior escala, do tráfico de drogas, do comércio de armas e munições em Cidade do

Leste e da “lavagem de dinheiro”. Muito embora esta realidade torne Foz do Iguaçu em uma

área de risco potencial de segurança, não estão aqui consideradas as populações de

“compristas”, “sacoleiros” e outros grupos mais organizados que afluem diariamente,

sobretudo, à Cidade do Leste. Esses grupos, via de regra formados por brasileiros, contando

com “sócios” e suporte locais, praticamente não realizam quaisquer despesas em Foz do

Iguaçu, não trazendo, por conseguinte, nenhuma vantagem para o município, muito ao

contrário.

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2.3. Infraestrutura associada ao turismo

A infraestrutura essencial associada à promoção do turismo deve envolver, no mínimo, os

seguintes instrumentos operacionais:

� Agências de viagem;

� Meios de transporte aéreo;

� Meios de hospedagem;

� Meios de transporte terrestre;

� Restaurantes, bares e similares;

� Convenções e eventos;

� Produtos locais típicos – cultura e artesanato; e

� Informação ambiental e marketing.

Antes de apresentar os dados referentes a estes itens de interesse, apresentam-se os dados

reativos à quantidade de visitantes no período de 2000 a 2004, acrescidos dos dados de

1986 e 1987, os quais possuem uma expressão distinta da curva de visitação, com totais de

visitantes até hoje não alcançados.

Somente para o período de 2000 até 2004, estas informações estão completas, com a origem

dos visitantes, ou seja, nacionais e estrangeiros.

PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

VISITANTES ( 1986 / 2005 )

MÊS/ANO TOTAL GERAL

1986 1.061.052

1987 1.084.205

2000 767.157

2001 735.775

2002 645.832

2003 764.709

2004 980.937

2005 (*) 323.798

Fonte: IBAMA. (*) Somente JAN, FEV e MAR.

SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO

ORIGEM DOS VISITANTES

PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU - 2000/2005

ANO VISITANTES QUANTIDADE

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2000

NACIONAIS 393.271

ESTRANGEIROS 373.886

TOTAL 767.157

2001

NACIONAIS 389.752

ESTRANGEIROS 346.023

TOTAL 735.775

2002

NACIONAIS 337.965

ESTRANGEIROS 307.867

TOTAL 645.832

2003

NACIONAIS 295.130

ESTRANGEIROS 469.579

TOTAL 764.709

2004

NACIONAIS 405.847

ESTRANGEIROS 575.090

TOTAL 980.937

2005

NACIONAIS 138.803

ESTRANGEIROS 184.995

TOTAL 323.798

ITAIPU BINACIONAL

VISITANTES ( 1986 / 2005 )

ANO TOTAL GERAL

1986 628.817

1987 626.425

2000 370.571

2001 339.467

2002 307.807

2003 378.350

2004 452.695

2005 (*) 116.633

Fonte: Itaipu Binacional - C.R.V. - Centro de Recepção de Visitantes. Nota: Mês de setembro de

2001: visitação suspensa por 20 dias; (*) Somente JAN e FEV

SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO - ORIGEM DOS VISITANTES

ITAIPU BINACIONAL - 2000/2005

ANO VISITANTES QUANTIDADE

2000

NACIONAIS 144.488

ESTRANGEIROS 226.083

TOTAL 370.571

2001

NACIONAIS 142.492

ESTRANGEIROS 196.975

TOTAL 339.467

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2002

NACIONAIS 145.914

ESTRANGEIROS 161.893

TOTAL 307.807

2003

NACIONAIS 153.504

ESTRANGEIROS 224.846

TOTAL 378.350

2004

NACIONAIS 198.294

ESTRANGEIROS 254.401

TOTAL 452.695

2005

NACIONAIS 55.152

ESTRANGEIROS 48.114

TOTAL 103.266

Segundo dados da Embratur, em média, nos últimos dez anos (1993-2003) 89% das viagens

eram motivadas pela prática do turismo, 6,8% pela realização de negócios e 5,5% pela visita

a parentes e amigos.

O fator de decisão destas viagens sempre foram e continuam sendo, fundamentalmente, os

atrativos turísticos básicos do município – Parque Nacional e Itaipu.

Motivo da Viagem, em %

Opções 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Média

Turismo 96,6 97,8 92,7 91,6 82,0 84,6 80,5 75,7 89,0

Negócios e Congressos 0,9 1,1 4,9 6,0 15,6 10,0 8,8 12,5 6,8

Parentes e Amigos ... ... ... ... 1,2 3,6 7,4 9,7 5,5

Estudo e Ensino ... ... ... ... ... 0,9 1,4 1,2 1,2

Religião e Peregrinação ... ... ... ... ... ... 0,3 0,3 0,3

Tratamento de Saúde ... ... ... ... ... ... 0,3 ... 0,3

Outros 2,5 1,1 2,4 2,5 1,1 0,9 1,4 0,6 1,6

Fonte: EMBRATUR, Nota: (...) Dados indisponíveis

Finalizando a análise dos visitantes de Foz do Iguaçu, é verdadeiro o fato de que no período

de 2000 a 2004, a visitação de Itaipu foi cerca de 45% da visitação de Parque Nacional do

Iguaçu. Além disso, embora não hajam dados suficientes para confirmar, é bastante provável

que o visitante do Parque Nacional não é obrigatoriamente um visitante de Itaipu. E a

recíproca não é verdadeira, ou seja, é normal que o visitante de Itaipu seja um visitante do

PNI.

Seguem as demais tabelas de dados referidas ao período de 2000 até 2004.

Agências de viagem

Agências de Viagens 2000 2001 2002 2003 2004

141 ... 151 148 157

Nota: (...) Dados indisponíveis

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Para os próximos anos, a quantidade de agências de viagens deverá permanecer estável

com pequenas variações, em função de capacidade de atração do município, das condições

salariais dos viajantes e da competência gerencial do turismo, tanto em âmbito público,

quanto privado.

Neste período, cerca de 75% das viagens foram organizadas individualmente ou em grupo,

mas sem qualquer participação de agências de viagens.

Estrutura de Transporte Aéreo

Elementos 2000 2001 2002 2003 2004

Companhia Aérea 7 ... 5 5 6

Empresa de Táxi Aéreo 1 ... 2 2 2

Média diária de vôos 18 ... 16 16 26

Terminal Aéreo 1 ... 1 1 1

Fonte: SMTU - Divisão de Planejamento e Estudos Turísticos, Nota: (...) Dados indisponíveis

O dado mais expressivo relativo à estrutura do transporte aéreo neste período refere-se à

média diária de vôos, que equivale a cerca de 780 vôos por mês, ou seja, uma média de

9.360 vôos por ano.

Meios de Hospedagem

Natureza dos Estabelecimentos

2000 2001 2002 2003 2004

Total Leitos Total Leitos Total Leitos Total Leitos Total Leitos

Hotel Classificado 38 10.677 149 ... 122 19.052 118 18.568 114 18.287

Hotel sem Classificação 103 11.015 ... ... ... ... ... ... ... ...

Motel 16 670 19 ... 19 711 20 716 20 653

Pousada 18 355 13 ... 14 397 15 405 11 310

Hospedaria 2 100 0 ... 0 0 0 0 0 0

Apart-Hotel (Flat) 2 337 2 ... 1 160 1 160 1 160

Albergue 2 135 2 ... 1 139 1 139 2 169

Camping 3 0 2 ... 2 0 2 0 2 0

Total Geral 184 23.289 187 ... 159 20.459 157 19.988 150 19.579

Fonte: SMTU - Divisão de Planejamento e Estudos Turísticos, Nota 1 : Sem considerar o

potencial de camas extras, Nota: (...) Dados indisponíveis

Estrutura para o Transporte Terrestre

Elementos 2000 2001 2002 2003 2004

Terminal Rodoviário 1 ... 1 1 1

Empresa Nacional 16 ... 17 17 18

Empresa Internacional 2 ... 5 5 6

Transporte Urbano/ ônibus circulando 197 ... 185 185 ...

Número de Linhas 63 ... 61 61 123

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Fonte: SMTU - Divisão de Planejamento e Estudos Turísticos, Nota: (...) Dados indisponíveis

Transporte Terrestre

Veículos 2000 2001 2002 2003 2004

Auto de Passeio 78 ... 116 210 215

Kombi 58 ... 103 69 81

Lumosine 0 ... 1 1 1

Micro-ônibus 7 ... 25 19 19

Ônibus 31 ... 86 109 115

Van 113 ... 210 297 340

Total 287 ... 541 705 771

Fonte: DRM – FOZTRANS, Apresentação: SMTU - Divisão de Planejamento e Estudos Turísticos,

Nota: (...) Dados indisponíveis.

Estabelecimentos gastronômicos

Natureza dos estabelecimentos 2000 2001 2002 2003 2004

Bar/ Café 25 ... 7 4 8

Confeitaria e Panificadora 23 ... 19 18 16

Churrascaria 22 ... 21 17 16

Lanchonete 21 ... 13 14 14

Restaurante 116 ... 94 90 78

Sorveteria 6 ... 6 5 4

Pizzaria ... ... 13 ... 16

Pastelaria ... ... ... ... 5

Outros 39 ... ... ... ...

Capacidade 38.782 ... 26.242 24.306 24.707

Total de estabelecimentos 252 ... 177 170 157

Fonte: SMTU - Divisão de Planejamento e Estudos Turísticos. Nota: (...) Dados indisponíveis

Locais de Convenções e Exposições

Estrutura para eventos 2000 2001 2002 2003 2004

Centro de Convenções 1 ... 1 1 1

Clubes Sociais 14 ... 22 22 20

Escolas 5 ... 5 5 ...

Estádios de Futebol 2 ... 2 2 ...

Ginásios de Esporte 7 ... 6 6 ...

Parques e Pavilhões 3 ... .... .... ...

Salões e Auditórios 117 ... 69 72 72

Outros Salões ... ... ... ... 12

Total 149 ... 105 108 105

Fonte: SMTU - Divisão de Planejamento e Estudos Turísticos, Nota: (...) Dados indisponíveis

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Produtos locais típicos – cultura e artesanato

“(...) a Cooperativa de Artesanato da Região Oeste e Sudoeste do Paraná - COART, tem

como seu principal objetivo organizar, estruturar e divulgar a atividade artesanal, dotando o

artesão de um ponto de venda para a produção e, ao mesmo tempo, orientar novos

elementos na atividade artesanal, preservando assim a arte e a cultura antiga da região.

Atualmente são comercializado um número superior a 2.000 peças de artesanato por mês,

das mais variadas técnicas e materiais, confeccionado por artesãos do município e

proximidades.

A cerâmica é o principal produto comercializado, sendo encontrada sob as mais variadas

técnicas (...).”

Existem “(...) no Eco-museu peças e objetos utilitários de cerâmica que datam de mais de

3000 anos, encontrados em escavações feitas na região do Lago de Itaipu.”

Informação ambiental e marketing

Existem inúmeras fontes de informação ambiental a respeito de Foz do Iguaçu. A quantidade

é tal que, em curtos espaços de tempo, é pouco provável colecionar as melhores informações

e os dados mais expressivos. Além de dados e informações disponíveis na Prefeitura

Municipal, na Secretaria de Turismo, na Embratur, na Itaipu Binacional, há ainda a Internet.

Em uma pesquisa na Internet com a palavra “Iguaçu” verifica-se que ela está presente cerca

de 536.000 vezes. As palavras “Rio Iguaçu” possuem quase 300.000 referências. As palavras

“Foz Iguaçu” aparecem aproximadamente 272.000 vezes. As palavras “Cataratas Iguaçu”

aparecem cerca de 29.000 vezes. Por outro lado, a palavra “Itaipu” possui aproximadamente

107.000 referências.

O website da Prefeitura de Foz do Iguaçu é pouco interessante. A seção relativa à prefeitura

propriamente dita é menos visitada do que a página de entrada (4 em 10 contra 5 em 10, de

acordo com a contagem da ferramenta de busca).

Há uma seção interna da prefeitura em construção e as seções denominadas Intranet não

permitem o acesso do usuário comum. Portanto, sequer deveriam estar disponíveis para o

público. A Prefeitura 24 horas é apenas burocrática e as utilidades disponibilizadas são

simples, não acarretando interesse externo pelo website.

O website da Prefeitura Municipal deveria ser o maior centro de informação e de marketing do

município. Mas não é. No seu todo, é de muito mal gosto, podendo ser bastante beneficiado,

de forma a atender, além da burocracia municipal, sobretudo ao turismo e à infraestrutura a

ele dedicada: agências de viagem; transporte aéreo; hotéis classificados; transporte terrestre;

restaurantes, bares e similares; convenções e eventos.

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Qualidade dos serviços oferecidos ao visitante

Listando os serviços, públicos e privados, que devem ser oferecidos ao turista, está efetuada

uma classificação em cinco níveis: Ruim, RAzoável, Bom, Muito Bom, Excelente. É

importante observar que um dado serviço pode ter mais de uma classificação, indicando que

há vários níveis de qualidade envolvidos

Serviços básicos Classificação

R RA B MB E

Serviço de Hotel X X X X

Serviço de Restaurante X X

Serviço de Bar X

Serviço de Shopping X X

Serviço de agência de viagem X X X

Serviço de transporte terrestre X X

Serviço aeroportuário X

Atendimento público X X

Sinalização pública X X

Serviço de Internet para o público Inexistente

A qualidade dos serviços deve ser beneficiada e a variedade de serviços pode ser ampliada.

Há muito o que realizar neste sentido, sobretudo se for considerado que a qualidade dos

serviços é, sem dúvida, uma das responsáveis pelo retorno no visitante e por sua indicação a

terceiros.

3. Cenário ambiental básico

Este cenário representa uma modelagem da transformação ambiental passível de ocorrência

no município de Foz do Iguaçu, com a construção de um hotel com cerca de 200 (duzentos)

apartamentos (ou maior) e suas estruturas anexas (bares e restaurantes, piscina, sauna,

campo de esportes etc), dentro do Parque Nacional do Iguaçu, ou com obras de melhoria e

duplicação do hotel já existente.

3.1. Base teórica

A modelagem da transformação ambiental proporcionada por um empreendimento em um

dado território, alterado ou não, urbano, rural ou primitivo, pode ser compreendida e analisada

através de uma árvore de eventos, à qual correspondem ações e processos que afetam a

qualidade ambiental da área territorial de interesse.

A figura 4, abaixo, apresenta uma imagem do modelo da árvore da transformação ambiental

e seus eventos constituintes: empreendimento (uma qualquer organização produtiva),

intervenções, alterações e fenômenos.

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Empreendimento

IntervençãoAmbiental

AlteraçãoAmbiental

FenômenoAmbiental

Dinâmicado ambiente

M

N

P

M

N

P

P

i

i

i

Figura 4 - Modelo da Transformação Ambiental

O significado desta árvore pode ser assim resumido: um empreendimento é sempre

conformado por intervenções de engenharia sobre o ambiente (intervenções ambientais), as

quais podem demandar e ocasionar reorganizações físicas, biológicas e antrópicas no

espaço ambiental (alterações ambientais), afetando sua dinâmica do ambiente em que se

insere o empreendimento e estimulando a mudança de comportamento de fatores ambientais

básicos ocorrentes (fenômenos ambientais modificando o comportamento ou a funcionalidade

do ar, da água, do solo, da flora, da fauna e do homem). Estes fenômenos, por sua vez,

podem afetar a dinâmica do ambiente (impacto ambiental i), induzindo a manifestação de

novos reordenamentos (novas alterações ambientais) e impactando de forma benéfica ou

adversa o próprio empreendimento.

3.3. Construção do cenário básico

Assumimos que o empreendimento, para efeito do cenário básico, refere-se à construção de

um hotel de luxo (�����), com 200 apartamentos, mais piscina, bares e restaurantes (na

piscina e internos), salão de ginástica, sauna, salão de jogos, lojas comerciais e artesanato,

sala de Internet, salas de estar, biblioteca e sala de leitura, estacionamento.

Para construirmos o cenário básico consideramos os eventos ambientais em duas fases

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distintas do empreendimento: a fase de obras do hotel e suas estruturas e a fase de operação.

Cenário básico da fase de obras do hotel

Intervenções ambientais Alterações ambientais Fenômenos ambientais

Canteiro de obras Alteração do tratamento legalmente estabelecido para um Parque Nacional

Variação de processos erosivos

Pátio e estacionamento Contratação de projetos Variação de processos de assoreamento

Vila operária Contratação de empreiteira Variação da qualidade da água

Usinas (solo, brita) Contratação da gestão ambiental das obras Variação da qualidade ao ar

Hotel Contratação e alocação de mão-de-obra

Variação dos níveis de ruídos

Piscina Operação de máquinas e equipamentos

Variação da abundância de espécies da flora

Bares e restaurantes Desmatamento Variação da abundância de espécies da fauna

Áreas complementares Limpeza de terrenos Variação da competição intra e inter-específica

Área comercial Operação de jazidas de empréstimo

Variação dos processos de desenvolvimento comercial

Operação de bota-foras Variação dos processos de prestações de serviços

Movimento de solo Variação da arrecadação tributária

Alteração da drenagem superficial Variação da renda familiar

Geração de particulados Variação da pressão sobre o sistema viário

Geração de resíduos sólidos Variação da pressão sobre serviços médico-hospitalares

Geração de efluentes líquidos

Variação da pressão sobre a educação básica

Geração de efluentes gasosos

Variação dos níveis de risco de acidentes

Geração de águas servidas Variação do fluxo de visitantes

Geração de ruídos Variação do comportamento do setor hoteleiro instalado em Foz do Iguaçu

Evasão da fauna Variação da atratividade natural

Atração de fauna com hábitos peridomiciliares

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Alteração de habitats preferenciais

Oferta de empregos (diretos e indiretos)

Alteração da oferta de serviços de suporte ao turismo

Alteração temporária de operação do Parque Nacional do Iguaçu

3.3.1. Intervenções ambientais

Canteiro de obras

Instalação e operação da infraestrutura básica necessária à realização das obras, com

escritório, almoxarifado, gestão de engenharia das obras, setor de compras e setor de

contratações. É recomendável que haja um escritório na cidade de Foz do Iguaçu para

realizar entrevistas, triagens e contratações de pessoal.

Pátio e estacionamento

Anexo ao Canteiro de Obras foca o pátio de manobras e o estacionamento para máquinas e

equipamentos.

Vila operária

Trata-se da vila de moradia dos engenheiros e operários que trabalham nas obras. É possível

que esta vila seja apenas de operários, com os engenheiros é técnicos residindo no município

de Foz do Iguaçu.

Usinas (solo, brita)

São unidades operacionais destinadas a preparar o solo e a brita destinados às obras, em

conformidade com a qualidade requerida.

Hotel

Conforme a hipótese apresentada, trata-se de um hotel de luxo (��������������������), com 200

apartamentos, bar e restaurante internos, salão de ginástica, sauna, salão de jogos, lojas

comerciais e artesanato, sala de Internet, salas de estar, biblioteca e sala de leitura,

estacionamento.

Piscina

Unidade com dimensões arquitetônicas adequadas para atender aos hóspedes, admitindo a

carga máxima do hotel.

Bares e restaurantes

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Um bar interno e um bar na piscina, de maior porte. Um restaurante interno e um restaurante

na piscina, de menor porte.

Áreas complementares

Envolvendo salão de ginástica, sauna, salão de jogos, sala de Internet, salas de estar,

biblioteca e sala de leitura, estacionamento

Área comercial

Envolvendo lojas comerciais e artesanato regional.

3.3.2. Alterações ambientais

Alteração do tratamento legalmente estabelecido para um Parque Nacional

A primeira alteração que se delineia refere-se aos aspectos legais de todo e qualquer Parque

Nacional. Suas funções e finalidades não prevêem, nos respectivos planos de manejo,

qualquer atividade de uso público intensivo. No caso específico do Parque Nacional do

Iguaçu, as normas estabelecidas são claras:

“Uso público de baixo impacto é permitido, de acordo com as especificações do Programa de

Uso Público.

Serão permitidas embarcações motorizadas ou não nessa Zona.

A sinalização admitida é aquela indispensável à proteção dos recursos do Parque e à

segurança do visitante.

A construção de infraestrutura permitida é aquela indispensável às atividades de fiscalização

e uso público.

Uso de veículos motorizados em áreas dessa Zona, como trilhas das Bananeiras e do Poço

Preto, é admitido somente em casos de pesquisa, prestação de socorro e outras situações

especiais.

A implementação das atividades de público nessa dependerá da elaboração de projeto

específico, conforme indicado no respectivo subprograma.”

O plano de manejo do PNI fala do Hotel das Cataratas de forma sumária. A equipe que

desenvolveu este plano certamente assumiu a presença do hotel como um dado do problema,

inaugurado em 1958, com base na legislação ambiental brasileira vigente naquela

oportunidade, ou seja, nenhuma legislação.

Todavia, com base na legislação ambiental atual, a ficha técnica do IBAMA para a unidade de

conservação é clara:

Nome da unidade de conservação: Parque Nacional do Iguaçu (PNI)

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Unidade Gestora: Parque Nacional do Iguaçu

Endereço da Sede IBAMA – PARNA Iguaçu

Rodovia BR-469

85851-970 - Foz do Iguaçu - PR

Telefone/Fax (045) 523-8383

E-mail [email protected]

Superfície 185.262,5 hectares

Perímetro 420km , sendo 300km constituídos por limites naturais

Municípios que abrange e percentual abrangido pela UC e municípios que margeiam o PNI

Céu Azul (49,56%), Foz do Iguaçu (7,48%), Matelândia (19,87%), São Miguel do Iguaçu (11,73%) e Serranópolis do Iguaçu (16,92%); margeiam, ainda, o PNI: Capanema, Capitão Leônidas Marques, Lindoeste, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste e Santa Terezinha de Itaipu

Unidades da Federação que abrange

Estado do Paraná

Coordenadas geográficas

25º05’ a 25º41’ Latitude Sul

53º40’ a 54º38’ Longitude Oeste

Número do Decreto e data de criação

Decreto No 1.035, de 10/01/1939

Marcos importantes (limites)

Limite norte: rodovia BR-277; limite leste: rio Gonçalves Dias; limite sul: rio Iguaçu; limite oeste: rio São João e a estrada velha de Guarapuava, estrada entre as Cidades de Foz do Iguaçu e Céu Azul

Bioma e ecossistemas Floresta Estacional Semidecídua, Floresta Ombrófila Mista e Formações Pioneiras Aluviais

Atividades desenvolvidas:

Educação ambiental Sim, em 1997

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Uso Público Sim: caminhada na trilha das Cataratas; interpretação na trilha do Macuco; passeio de barco às Cataratas; piquenique no Porto Canoas; hospedagem; observação guiada de aves

Fiscalização Sim

Pesquisa Sim: bioecologia da onça-pintada e levantamento de morcegos

Atividades conflitantes

Caça, pesca, retirada de palmito, roubo de madeira, funcionamento de hotel dentro do Parque, uso da estrada do Colono, cursos d’água contaminados, barramentos antigos nos rios São João e Macuco, vôo de helicóptero, ocupação irregular das ilhas e atividades ainda em aí curso, invasão de área do PNI pela plataforma do Posto de Pedágio na BR-277, em Céu Azul, número excessivo de visitantes e operação da trilha do Macuco, incluindo a parte aquática, destinação final de esgoto doméstico das instalações existentes na área do PNI, intensidade e velocidade do tráfego na BR-469, dentro do PNI e alimentação de animais silvestres pelos visitantes

Contratação de projetos

O investidor realiza a contratação de empresas de projetos de engenharia: arquitetura,

estrutura, hidráulica, eletricidade etc.

Contratação de empreiteira

O investidor realiza a contratação de empreiteira para a construção do hotel e suas estruturas

anexas.

Contratação da gestão ambiental das obras

O investidor certamente será obrigado pela agência ambiental do Paraná e pelo IBAMA a

realizar a gestão ambiental das obras (admitindo que elas fossem permitidas, evidentemente).

Para esta gestão, deverá contratar empresa especializada na matéria.

Contratação e alocação de mão-de-obra

A empreiteira contratada realiza a contratação de mão-de-obra para as obras, envolvendo

engenheiros, pessoal técnico e operários.

Operação de máquinas e equipamentos

Máquinas e equipamentos necessários às obras iniciam suas operações.

Desmatamento

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As áreas a serem ocupadas pelas estruturas do empreendimento sofrerão desmatamento,

caso sejam vegetadas.

Limpeza de terrenos

As áreas muito alteradas que venham a receber qualquer uma das estruturas projetadas

sofrerão limpeza do terreno.

Operação de jazidas de empréstimo

Solo, areia e brita são retirados de áreas e jazidas de empréstimo e são gradativamente

amontoados junto às áreas de obras.

Operação de botaforas

Com o início das obras são produzidos restos de obras, os quais são endereçados a áreas

denominadas de bota-foras, as quais são controladas, monitoradas e posteriormente

reabilitadas pela empreiteira.

Movimento de solo

O relevo das áreas que recebem estruturas deve ser compatível com os projetos destas

mesmas estruturas. Assim sendo, muitas vezes torna-se necessário movimento de solo,

também chamados de movimentos de terra, com o uso de máquinas de terraplenagem

(cortes e aterros).

Alteração da drenagem superficial

As atividades de desmatamento, limpeza de terrenos e movimento de solo retiram obstáculos

e alteram a topografia, fazendo com que a drenagem superficial seja modificada, com o solo

exposto.

O resultado objetivo desta simplificação do sistema ecológico é o fato de que vento e água

das chuvas carrearão sedimentos em maior quantidade.

Geração de particulados

Máquinas e equipamentos operando, caminhões com insumos construtivos, caminhões com

carga para bota-foras e solo exposto. Resultado: particulados em suspensão durante boa

parte das obras, com depósitos diferenciados, afetando a imagem do parque.

Geração de resíduos sólidos

A geração de resíduos sólidos é conseqüência da operação do canteiro de obras e da vila

operária.

Geração de efluentes líquidos

Idem para efluentes líquidos.

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Geração de efluentes gasosos

Operação de máquinas e equipamentos e de usina são as responsáveis pelos efluentes

gasosos.

Geração de águas servidas

Idem para águas servidas, acrescidas das águas de lavagem de todas as naturezas.

Geração de ruídos

Decorrência das presença humana, das obras e da operação de máquinas e equipamentos.

Evasão da fauna

Desmatamento, limpeza de terrenos, geração de ruídos e efluentes, presença humana, fazem

com que as espécies mais sensíveis ocorrentes na área lindeira às obras busquem novos

caminhos para consolidar noivos espaços domiciliares.

Atração de fauna com hábitos peridomiciliares

Inversamente, as espécies ruderais da fauna buscam as cercanias de habitações humanas, o

convívio com o homem e com seus detritos, especialmente os orgânicos. Essa fauna será

atraída para a fronteira da área das obras e merece alguma atenção, especialmente cobras e

aracnídeos (gambás, ratos, insetos, quatis, alguns aracnídeos e cobras, dentre outros).

Alteração de habitats preferenciais

Todo o processo de transformação ambiental até aqui descrito pelas alterações ou manejos

são responsável pelas mudanças e alterações de habitats preferenciais, sobretudo os das

espécies mais sensíveis.

Oferta de empregos (diretos e indiretos)

A obra faz a oferta direta de empregos. Atividades associadas às obras e ao turismo podem

constituir a oferta indireta.

Alteração da oferta de serviços de suporte ao turismo

A equipe entende que a simples possibilidade de construção de um novo hotel no PNI deverá

acarretar mudanças no comportamento do setor hoteleiro instalado no município, fora do

parque. Deve ser esperada uma resposta empresarial imediata e coordenada, sobretudo

pelos hotéis de maior porte.

Alteração temporária da operação do Parque Nacional do Iguaçu

Durante o período de obras, certamente o turismo dentro do Parque Nacional de Iguaçu, será

fortemente afetado, sobretudo pela operação de máquinas e equipamentos, pela presença de

pessoas que não são turistas, não são gestores, não são concessionários de serviços. São

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construtores.

Por certo, acontecerá o que poderia ser denominado de “constrangimento ambiental”,

impactando negativamente o turismo no parque.

Esse impacto ocorrerá durante as obras, mas poderá permanecer por mais tempo, em função,

sobretudo, do turismo internacional, que hoje supera o turismo interno. O turista estrangeiro

decerto realizará migrações de interesse por algum tempo. Perde o município de Foz do

Iguaçu.

3.3.3. Fenômenos ambientais

Variação de processos erosivos

Na área de desmatamento, limpeza de terrenos e movimento de solo os processos erosivos

deverão ser intensificados.

Variação de processos de assoreamento

Em decorrência, o mesmo acontecerá com os processos de assoreamento. Em ambos os

casos, erosão e assoreamento, os processos podem ser minimizados com ações preventivas

específicas e eventuais ações corretivas.

Variação da qualidade da água

As gerações de efluentes líquidos, de resíduos sólidos, de particulados e a intensificação dos

processos erosivos podem afetar a qualidade das águas dos corpos receptores. Medidas

específicas devem ser realizadas preventivamente, de sorte a minimizar os efeitos adversos

sobre a qualidade das águas. É importante considerar, no entanto, que esses efeitos sobre

qualidade da água serão mínimos, tanto pela quantidade e volume das contribuições, quanto

pelas vazões dos corpos d´água envolvidos e suas respectivas capacidades de auto-

depuração.

Variação da qualidade ao ar

Durante todo o período de obras, o solo exposto, a geração de particulados e a geração de

efluentes gasosos, conforme já descritos, poderão acarretar variações micro-localizadas na

qualidade do ar. No entanto, em um ambiente extremamente sensível. Espécies da flora

poderão ter a superfície de suas folhas recobertas, trazendo efeitos sobre seus processos

vitais de evapotranspiração. A diversidade e a abundância de algumas espécies da fauna de

pequeno porte (por exemplo, os coleópteros) poderá ser bastante alterada nessas áreas.

Variação dos níveis de ruídos

Máquinas e equipamentos, caminhões entrando e saindo, usinas operando. Equipamentos

utilizados em desmontes sem explosivos (tipos de britadeiras), todos gerando ruídos

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impressionantes e insuportáveis, até mesmo em áreas urbanas abertas, com ruídos

concorrentes. O que dizer desta família de ruídos operando dentro de um Parque Nacional?

Não há dúvida de que, para o homem, muitos helicópteros que operam sobre as cataratas

sequer são vistos ou ouvidos. Seus ruídos metálicos são diluídos pelo ruído primitivo das

águas. No entanto, para uma grande quantidade de espécies da fauna os níveis de ruídos

das obras serão claramente alarmantes, causando estresses e fuga.

Variação da abundância de espécies da flora

O desmatamento será o responsável por este fenômeno. Pelo que verificamos in loco, não há

área antropizada (alterada pelo homem) e adequada à construção de um hotel, dentro dos

parâmetros estabelecidos, dentro do PNI.

Qualquer construção demandará, no mínimo, desmatamento de mata alterada, mas de

expressiva abundância e diversidade.

Sequer deve ser cogitado um desmatamento expressivo em mata estacional semidecidual

(única mancha do Paraná e provavelmente a maior mancha conhecida no Brasil) para a

construção de um hotel. Em especial pelo fato de que existem inúmeras terras, limítrofes ao

PNI, extremamente adequadas para esta atividade, no eixo da Estrada das Cataratas.

Variação da abundância de espécies da fauna

Novamente o desmatamento é o grande responsável inicial pela queda de abundância

localizada da fauna. Agregar-se-ão a ele a geração de ruídos, a geração de particulados e a

variação da qualidade do ar.

Variação da competição intra e inter-específica

Este evento decorre da redução relativa dos espaços domiciliares, em função da presença

humana em áreas sensíveis.

Não se trata, evidentemente, da presença física do homem. Trata-se de todo o aparato

dinâmico das obras, durante um razoável período de tempo, para construir o hotel idealizado

neste cenário básico. Algo entre 12 a 15 meses, admitindo uma obra em operação plena.

Com a redução dos espaços domiciliares, espontaneamente acontecerão competições entre

indivíduos da mesma espécie e indivíduos de espécies distintas, todos buscando o mesmo

habitat preferencial, a mesma área de dessedentação, a mesma área de reprodução.

Desse fenômeno pode até mesmo resultar, além de perdas para a abundância, perdas para a

biodiversidade.

Após a apresentação dos fenômenos de ordem física e biológica, segue uma breve e objetiva

análise dos eventos antrópicos.

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Variação dos processos de desenvolvimento comercial

Este fenômeno apresenta dois sentidos distintos. Durante as obras, poderá ocorrer uma

pequena queda dos processos de desenvolvimento comercial, caso aconteça uma redução

da atividade turística para as Cataratas do Iguaçu. Considerando que esta queda do turismo

interno já vinha acontecendo um termos do visitante nacional, somente se recuperando em

2004 (em 2000, 393.271 turistas nacionais; em 2001, 389.752 turistas nacionais; em 2002,

337.965; em 2003, 298.130; em 2004, 405.847), será razoável antever um cenário crítico,

onde obras no interior do Parque Nacional do Iguaçu não se coadunam com a prática turística

lá realizada por visitantes nacionais.

Por outro lado, considerando o visitante estrangeiro, verifica-se um quadro invertido: em 2000,

373.886 visitantes estrangeiros; em 2001, 346.023; em 2002, 307.867; em 2003, 469.579; em

2005, 575.090. Todavia, também é crível admitir a redução da visitação estrangeira em um

ambiente primitivo em obras.

Esses dois fenômenos ficarão mais nítidos em seus comportamentos nos meses de janeiro,

para o visitante nacional, e julho, para o visitante estrangeiro, quando acontecem os picos de

visitação turística no PNI e em Itaipu.

Variação dos processos de prestações de serviços

Os processos de prestação de serviços acompanharão o comportamento do processo

comercial, a menos das atividades mais ou menos isoladas de engenharia consultiva e

engenharia ambiental, demandadas pela construção de um novo hotel. Ainda assim, cabe

admitir que essas empresas venham a ser contratadas fora de Foz do Iguaçu, mais

provavelmente em Curitiba.

Variação da arrecadação tributária

Em qualquer quadro não adverso, o crescimento da arrecadação tributária municipal deverá

ser desprezível. Ocorrendo uma redução da visitação ao PNI e a Itaipu, o município poderá

ter uma perda monetária expressiva.

Variação da renda familiar

A variação da renda familiar ficará associada aos empregos diretos proporcionados pelos

projetos e pela obra. Não será uma variação expressiva e, considerando uma eventual

redução da visitação em decorrência das obras no PIN, a geração de empregos indiretos será

minimizada e suas conseqüências também.

Variação da pressão sobre o sistema viário

Máquinas e equipamentos, caminhões de insumos construtivos e caminhões de bota-fora

efetuarão uma boa pressão sobre o trânsito e sobre o sistema viário, com ênfase na Estrada

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das Cataratas e no centro de Foz do Iguaçu.

Variação da pressão sobre serviços médico-hospitalares

É razoável admitir que ocorra algum acréscimo de pressão sobre os serviços médico-

hospitalares, por força das famílias de operários, auxiliares técnicos e engenheiros

contratados para a realização das obras.

Variação da pressão sobre a educação básica

Da mesma forma, devem ser esperadas variações na pressão sobre a educação, pelos

mesmos motivos acima apresentados.

Em ambos os casos, o reconhecimento destas possibilidades poderá auxiliar ao governo

municipal na tomada de decisões sobre ações preventivas que visem anular eventuais faltas

de respostas adequadas a estes processos.

Variação dos níveis de risco de acidentes

Os níveis de riscos de acidentes aumentam durante as obras, por dois motivos: pelos

processos das obras em si mesmas e pela pressão sobre p trânsito e o sistema viário,

decorrente do incremento diário de viagens utilizando equipamento pesado.

Variação do fluxo de visitantes

É mais do que razoável antever uma substancial redução do fluxo de visitação ao Parque

Nacional do Iguaçu durante as obras, ou seja de 12 a 15 meses. Os argumentos que

justificam esta previsão estão a seguir discriminados:

� somente existe um acesso ao parque nacional com o uso de veículos motorizados. Isto

não se trata de uma falha. Ao contrário, trata-se de um elemento que impede ações de

retirada de madeira, de palmito e de degradações em geral, proporcionando ainda

condições mínimas de controle dos visitantes e propiciando condições de segurança

aos mesmos.

� O fluxo de caminhões máquinas e equipamentos durante o período de obras (12 a 15

meses) concorrerá com o fluxo de visitantes nacionais e estrangeiros. Operações de

jazidas e áreas de empréstimo, com caminhões trazendo brita, saibro e areia para as

áreas de obras; operações com outros insumos construtivos, tais como vergalhões,

cimento, metais, vidros, madeira e outros; operações de bota-fora, com caminhões

operando para levar restos e descartes das obras a áreas adequadas e controladas,

fora do PNI; entrada e saída diária de técnicos e engenheiros contratados; entrada e

saída de equipes de empresas sub-contratadas para realizar serviços especializados,

tudo isto trará efeitos brutais sobre o fluxo de visitação, mesmo nos períodos de baixa.

Nos meses de pico da visitação este quadro de obras será caótico.

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� Os processos de transformações ambientais requeridos pelas obras, envolvendo

desmatamento, limpezas de terreno, processos erosivos, processos de assoreamentos,

geração e depósito de particulados, dentre outros, decerto criarão um aspecto ruim

para os visitantes (ninguém sente prazer em conviver com uma cirurgia na qualidade

de cliente, mesmo quando ela é necessária, o que não é o caso).

� Grande parte dos turistas, especialmente os visitantes estrangeiros, realizará novas

programações, podendo ampliar o período de queda da visitação ao PNI e do turismo

no município de Foz do Iguaçu.

� O esforço da Itaipu Binacional em tornar o turismo em um de seus produtos de venda

será diretamente afetado, uma vez que o foco da visitação de Foz do Iguaçu é, antes

de tudo, o Parque Nacional.

Restaria ainda um argumento a favor da construção, no sentido de tentar reduzir o choque de

interesses direto entre obras e os visitantes do parque: produzir o hotel fora do parque, pré-

fabricando-o e realizando apenas a sua montagem e acabamentos dentro do PNI.

O que é possível afirmar é o fato de que a pré-fabricação de partes fora do parque reduziria

em muito pouco o impacto sobre a clientela e, ao contrário, prejudicaria a qualidade do

produto final: um hotel de luxo 5 estrelas.

Variação do comportamento do setor hoteleiro instalado em Foz do Iguaçu

A redução do número de turistas nacionais e estrangeiros e a provável redução do seu tempo

médio de permanência em Foz do Iguaçu trará efeitos adversos consideráveis sobre a

economia hoteleira. Dado que a principal vocação do município é o turismo, o impacto

econômico adverso será sentido pelas companhias de aviação, pelas agências de viagem,

pelas empresas de transporte terrestre, por bares e restaurantes, enfim, efeitos sobre todo o

ciclo econômico municipal, afetando inclusive a sua arrecadação tributária, por um período

mínimo de um ano.

Sem dúvida, muitos hotéis classificados poderão achar mais adequado fechar suas portas.

Variação da atratividade natural

Durante as obras a atratividade natural de Foz do Iguaçu será profundamente afetada na

figura de seu principal vetor de turismo – o PNI. As imagens originais darão lugar às de um

novo parque, primeiramente em função das obras de implantação do novo hotel e, em

conseqüência, posteriormente, com seu cenário primitivo afetado por equipamentos urbanos

operando, incompatíveis com suas finalidades definidas em seu plano de manejo.

Cenário básico da fase de operação do hotel

Intervenções ambientais Alterações ambientais Fenômenos ambientais

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Hotel Alteração do tratamento legalmente estabelecido para um Parque Nacional

Variação de processos erosivos

Piscina Alocação de mão-de-obra Variação de processos de assoreamento

Bares e restaurantes Geração de resíduos sólidos Variação da qualidade da água

Áreas complementares Geração de efluentes líquidos Variação da qualidade ao ar

Área comercial Geração de águas servidas Variação dos níveis de ruídos

Estacionamento Geração de ruídos Variação dos processos de desenvolvimento comercial

Evasão da fauna Variação dos processos de prestações de serviços

Atração de fauna com hábitos peridomiciliares

Variação da arrecadação tributária

Oferta de empregos (diretos e indiretos) Variação da renda familiar

Alteração da oferta de serviços de suporte ao turismo

Variação da pressão sobre o sistema viário

Variação da pressão sobre serviços médico-hospitalares

Variação da pressão sobre a educação básica

Variação dos níveis de risco de acidentes

Variação da visitação turística

Variação do comportamento do setor hoteleiro instalado em Foz do Iguaçu

Variação da atratividade natural

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3.3.4. Análise expedita dos cenários propostos

A análise dos cenários propostos está realizada a partir do cenário básico desenvolvido no item 2. Ao final deste item, o leitor encontrará uma

matriz consolidada, abordando todos os impactos ambientais prognosticados e sua escala de relevância e intensidade. Segue uma análise

objetiva e expedita aos cenários considerados.

Cenário 1: Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu com a concessão de

instalação de mais um Hotel, em frente as cataratas, com a mesma dimensão do atual

Este cenário enfoca o cenário básico desenvolvido. A transformação ambiental foi amplamente analisada e os impactos foram apresentados. A

conclusão a que chegamos é a de que este não é o melhor cenário para o município. Trata-se de um cenário de risco estratégico, onde um novo

hotel no parque poderá acarretar efeitos adversos sobre o sistema hoteleiro implantado e, ao mesmo, tempo, reduzir a visitação nacional e

estrangeira durante pelo menos um ano.

Cenário 2: Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu com a ampliação do Eco-

Resort existente (duplicação do número de apartamentos)

O cenário da ampliação do Hotel das Cataratas é fundamentalmente o mesmo cenário de um novo hotel. Apenas mais desgastante, dado que

nem mesmo o existente hotel poderia ser utilizado.

Novamente, trata-se de um cenário de risco estratégico, onde a ampliação do hotel no parque poderá acarretar efeitos adversos sobre o sistema

hoteleiro implantado e, ao mesmo, tempo, reduzir a visitação nacional e estrangeira durante pelo menos um ano.

Cenário 3: Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu com a concessão de

instalação de mais um Hotel, em frente as cataratas, com dimensão maior do que o atual

Para este cenário a transformação ambiental certamente será ainda mais adversa. A intensidade dos impactos negativos será maior e a sua

duração também. Seria algo como propor a semi-urbanização de um parque nacional constituído em uma área pouco alterada e conformada com

ecossistemas expressivos e representativos da Floresta Estacional Semidecídua, da Floresta Ombrófila Mista e das Formações Pioneiras de

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Influência Fluvial.

Cenário 4: Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu com a transformação do Eco-

Resort existente em um grande centro de estudos e pesquisas ambientais

Enquanto os cenários acima apresentados representam apenas a confirmação de uma série histórica de investimentos realizados no passado,

dos quais pouco existe de uma análise a avaliação de suas conseqüências. De investimentos já realizados sem a necessária e imprescindível

conjugação multisetorial, tendo como vértice as vocações essenciais do município de Foz do Iguaçu, este cenário propõe uma mudança estrutural

e, provavelmente uma forma distinta de navegar no futuro deste município paranaense.

Um aspecto importante consiste no fato de que a transformação do Hotel das Cataratas em um centro de estudos e pesquisas representa uma

redução da capacidade de recepção do município. Assim sendo, associada a esta iniciativa, deve ser realizada uma audiência pública para a

concessão de uma área próxima ao Parque Nacional do Iguaçu (fora dele), na qual possa ser construído um complexo do tipo Spa-Hotel-Resort,

aproveitando águas de diversas naturezas (encontráveis no sub-solo de ambientes vulcânicos) e cumprindo com sua função receptiva sem afetar

em momento algum a beleza cênica e a dinâmica do Parque Nacional do Iguaçu.

Cenário 5: Quais os impactos ambientais na atratividade e na infraestrutura de turismo de Foz do Iguaçu, caso nada seja realizado,

dentro ou fora do Parque Nacional

Esse cenário fica claro com a análise da matriz abaixo.

Matriz de análise integrada dos cenários solicitados

Partindo dos eventos identificados no cenário básico, a equipe considerou oportuno efetuar uma avaliação integrada de todos os cenários

segundo as manifestações destes eventos.

O critério adotado é que a cada evento corresponde um impacto de ordem ambiental, que pode ser positivo ou negativo, com valores atribuídos

escalarmente, variando de 0 a 5 pontos.

Cenário básico da fase de obras do hotel

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Fenômenos ambientais

Novo hotel, dentro PNI,

mesmas dimensões

Ampliação do hotel

existente no PNI

Novo hotel, dentro PNI, dimensões ampliadas

Hotel existente em

Centro de Estudos

Mantém a concessão

existente, sem obras

Variação de processos erosivos -3 -3 -5 -1 0

Variação de processos de assoreamento -3 -3 -5 -1 0

Variação da qualidade da água -1 -2 -2 0 0

Variação da qualidade do ar -2 -3 -5 -1 0

Variação dos níveis de ruídos -4 -4 -5 -1 0

Variação da abundância de espécies da flora -3 -3 -5 -1 0

Variação da abundância de espécies da fauna -3 -3 -5 -1 0

Variação da competição intra e inter-específica -1 -1 -1 0 0

Variação dos processos de desenvolvimento comercial 1 1 1 1 0

Variação dos processos de prestações de serviços 1 1 1 1 0

Variação da arrecadação tributária 1 1 1 1 0

Variação da renda familiar 1 1 2 1 0

Variação da pressão sobre o sistema viário -5 -5 -5 -1 0

Variação da pressão sobre serviços médico-hospitalares -1 -1 -2 -1 0

Variação da pressão sobre a educação básica -1 -1 -2 -1 0

Variação dos níveis de risco de acidentes -4 -4 -4 -2 0

Variação do fluxo de visitantes -5 -5 -5 -1 0

Variação do comportamento do setor hoteleiro instalado em Foz do Iguaçu -4 -4 -5 3 0

Variação da atratividade natural -4 -4 -5 0 0

Totalização (Adversidade ; Benefícios) (-44 : +4) (-46 ; +4) (-61 ; +5) (-12 ; + 7) (0 ; 0)

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Cenário básico da fase de operação do hotel

Fenômenos ambientais

Novo hotel, dentro PNI,

mesmas dimensões

Ampliação do hotel

existente no PNI

Novo hotel, dentro PNI, dimensões ampliadas

Hotel existente em

Centro de Estudos

Mantém a concessão existente, sem obras

Variação de processos erosivos -1 -1 -2 -1 -1

Variação de processos de assoreamento -1 -1 -2 -1 -1

Variação da qualidade da água -2 -2 -3 -1 -1

Variação da qualidade do ar 0 0 0 0 0

Variação dos níveis de ruídos -1 -1 -2 0 -1

Variação dos processos de desenvolvimento comercial 2 2 3 1 1

Variação dos processos de prestações de serviços 1 1 2 3 1

Variação da arrecadação tributária 1 1 2 0 1

Variação da renda familiar 2 2 3 1 1

Variação da pressão sobre o sistema viário -1 -1 -2 -1 -1

Variação da pressão sobre serviços médico-hospitalares -1 -1 -1 -1 -1

Variação da pressão sobre a educação básica 1 1 1 5 1

Variação dos níveis de risco de acidentes -1 -2 -2 -1 -1

Variação do fluxo de visitantes 2 2 3 1 1

Variação do comportamento do setor hoteleiro instalado em Foz do Iguaçu -4 -4 -5 3 0

Variação da atratividade natural -2 -2 -3 1 -1

Totalização (Adversidade ; Benefícios) (-14 ; +9) (-15 ; +9) (-22 ; +14) (-5 ; +15) (-7 ; +5)

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4. Conclusões

Dos cinco cenários apresentados pela ACIFI, considerando os fenômenos e respectivos

impactos identificados como responsáveis pela transformação ambiental na região do PNI,

com efeitos diretos e indiretos sobre a sede municipal de Foz de Iguaçu; considerando as

bases legais vigentes acerca das Unidades de Conservação Ambiental e, especificamente, o

Plano de Manejo do PNI; e considerando, por fim, os dados e informações fornecidos pela

Secretaria de Turismo (SMTU-FOZ), temos a concluir:

• O cenário ambiental mais atraente e viável para a sede municipal do Foz do Iguaçu e

para o PNI consiste na transformação do Hotel das Cataratas em um amplo Centro

de Estudos e Pesquisas, envolvendo a possibilidade de introdução de campi

avançados de universidades nacionais e internacionais, com o apoio da UNESCO;

• Para que este cenário seja também atraente do ponto de vista socioeconômico faz-se

necessário que as iniciativas de investimentos em um ou mais hotéis de alto nível no

interior do PNI sejam transformadas em investimentos de igual porte em área limítrofe

ao PNI, na Estrada das Cataratas;

• Curiosamente, a segunda alternativa é a simples manutenção da concessão existente,

em seus estado atual, sem qualquer obra de ampliação;

• Os demais cenários considerados e analisados (novo hotel dentro do PNI com as

mesmas dimensões do existente; ampliação do hotel existente dentro do PNI; novo

hotel dentro do PNI com dimensões ampliadas em relação ao existente), segundo

nossos estudos constituem vetores razoavelmente adversos para a garantia da

manutenção da estabilidade e da sensibilidade ambientais do PNI;

• A proposta de construção de mais dois hotéis e um centro de convenções dentro do

Parque Nacional é fora de cogitação e os motivos são inúmeros, mas simples de

serem entendidos. Primeiramente não existe nenhum local no PNI onde coubessem

esses equipamentos, sem que fosse realizado um expressivo desmatamento na

maior mancha de Floresta Estacional Semidecídua do Paraná (talvez do Brasil, com o

título de Patrimônio da Humanidade). Alguém poderia dizer, “mas isso é uma tolice,

coisa de ambientalistas inexperientes”. Não é, realmente não. Construir um hotel ao

longo do eixo de uma BR seria necessário resguardar um corredor de passagem para

a rodovia, com cerca de 100 metros em cada lado. Isso seria um absurdo em termos

de desmatamento, mesmo esquecendo de que se trata de um parque nacional e que

seu plano de manejo não prevê a construção de mais hotéis e limita-se a chamar o

Hotel Resort existente de “atividade conflitante”.

• Do ponto de vista físico, biológico e sócio-econômico-cultural, o Centro de Estudos e

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Pesquisas constitui a única alternativa de atendimento às finalidades formais do PNI,

segundo seu Plano de Manejo, configurando o princípio de uma mudança estrutural

na economia do turismo do município de Foz do Iguaçu.

Em síntese conclui-se que a alternativa selecionada envolve a construção de pelo menos um

hotel de alto luxo, em área limítrofe ao Parque Nacional do Iguaçu, mas fora dele, de forma a

que o seu processo construtivo não tenha qualquer efeito sobre a visitação turística.

Paralelamente, criando mais uma motivação turística e científica, transformar o Hotel das

Cataratas em um completo centro de estudos e pesquisas, com unidades avançadas de

universidades nacionais e internacionais, buscando o apoio da UNESCO.

5. Sugestões e recomendações

Compras

como

turismo

Sugerimos que as atratividades resultantes das compras em Cidade do Leste

e Porto Iguassú, realizadas especialmente por visitantes brasileiros, seja

avaliada de forma a estabelecer propostas de integração turística com o

município de Foz.

Segurança

pública

Recomendamos que seja realizado e implementado um Programa Preventivo

de Segurança Pública e Institucional, considerando todas as hipóteses de

risco ocorrentes na zona da tríplice fronteira.

Evento Água Sugerimos, dados as características hidrológicas, hidrográficas, geológicas e

geomorfológicas da tríplice fronteira, que seja realizado bianualmente um

grande evento no Centro de Convenções de Foz do Iguaçu.

Tal evento sobre “Água como recurso” deve ser formulado e planejado pela

iniciativa privada, com o apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu e demais

prefeituras dos municípios lindeiros – integração com as ações para o evento

que vem sendo denominado de Rio +15.

Esta proposição é extremamente importante, pois, a título de exemplo, o

Anhembi, na cidade de São Paulo, e o Rio Centro, no Rio de Janeiro, são

organizações onde se realizam eventos, os quais são responsáveis por cerca

de 45% da ocupação hoteleira das respectivas cidades em certas épocas do

ano.

Criação de

imagem

Sugerimos que seja criado um concurso para a proposição de jingles

associando fator ambiental Água em Foz do Iguaçu à qualidade de vida, ao

turismo, à geração de energia, à educação ambiental e à continuidade dos

demais fatores ambientais.

Identidade Fortalecer, por meio de eventos típicos, em calendário complementar, a

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cultural identidade cultural da cidade de Foz do Iguaçu.

Ambientação

urbana

Recomendamos que seja considerado no Plano Diretor de Foz do Iguaçu a

melhoria da ambiência da sede municipal, visando aumentar a permanência

e o retorno de seus visitantes.

Gesta do PNI Sugerimos que seja desenvolvido e implementado um novo modelo de

gestão integrada para a infraestrutura das concessões e atividades no

parque.