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Combate Abuso sexual infantil e pedofilia

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Page 1: Abuso sexual infantil_e_pedofilia

Conhecer para enfrentar o problema!

GUIA PARA PAIS E PROFESSORES

Abuso sexual infantile pedofilia

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Abuso sexual infantil e pedofilia-2

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3 - Abuso sexual infantil e pedofilia

ABUSO SEXUAL e PEDOFILIA

Muito se tem visto na mídia sobre o assunto pedofilia/abuso sexual infantil ultimamente, porém sendo ainda difícil para muitos falar das questões ligadas à sexualidade, o assunto é infelizmente tratado superfi-ciamente e sem a abordagem dos pontos mais relevantes da detecção e prevenção do abuso sexual. Quando aprofundado, o estudo deste problema revela dados assustadores e demonstra que pais e educa-dores não estão capacitados para lidar com o isto e prote-ger as crianças de maneira eficaz, pois invariavelmente, desconhecem por completo ou têm concepções equivoca-das sobre o tema. Este pequeno guia tem o objetivo trazer à tona, de maneira direta e sucinta, os principais pontos relativos à suspeita, detecção, denúncia e prevenção da violência sexual infantil. Através deste guia, visa-se preparar a comuni-dade para reconhecer os sinais que podem indicar o abuso sexual, o que motiva o abusador a fazê-lo, quais os meios que ele utiliza para selecionar e seduzir as suas vítimas e quais os procedimentos a se adotar em caso de suspeita de violência sexual. Para garantir a segurança de todas as crianças é preciso mudar o enfoque da reação para prevenção, que pode ser efetivado por meio de campanhas de saúde pública e educação, apoiadas por mudanças no Código Penal e do monitoramento da internet. Somente quando toda a comunidade estiver envolvida neste enfrentamento, é que será transmitida uma mensagem única e forte de que não toleramos mais o abuso sexual!

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 4

Organização Mundial de Saúde classifica a violência sexual contra crianças e adolescentes como um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Um estudo de 1999, revelou que até 29% dos meninos e 36% das meninas serão abusados sexualmente até a idade de 14 anos, no mundo. O abuso é em geral estendido por vários anos, sendo as vítimas, em 42% dos casos abusadas antes dos 7 anos. Calcula-se que nos EUA, 1 criança seja abusada a cada 4 segundos e que um pedófilo faça, durante a sua vida, cerca de 260 vítimas. Estudos revelam que 50% dessas vítimas se tornarão abusadoras sexuais também, em conseqüência de um processo psicológico pós-traumático chamado de revitimização. No Brasil, estudo da Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência estima que são 165 vítimas/dia, isto é, 7 por hora! Outro dado indireto de extrema relevância é que, dos partos atendidos pelo SUS em 1999 de mães com menos de 14 anos de idade, 90% foram resultado de incesto (relação sexual entre parentes próximos).

O TAMANHO DO PROBLEMA!

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5 - Abuso sexual infantil e pedofilia

QUEM É O ABUSADOR?

Ao contrário da crença popular, o abusador sexual não é exclusivamente homem e muito menos desconhecido da criança. Em cerca de 90% dos casos, são pessoas com as quais a vítima convive, confia e ama. Tidos como normais e acima de qualquer suspeita, casados, com filhos e bem posicionados social-mente, não apresentam distinção quanto à religião, raça ou classe social. Alguns autores dividem-nos em 2 grandes grupos: o abusador ocasional, responsável pela maioria dos abusos e o dito pedófilo, que comporta apenas 10% do universo da violência sexual infantil. Entre os abusadores ocasionais, figuram padrastos, pais, avós, tios e outros membros da família, que respectivamente, são os respon-sáveis por cerca de 90% dos casos da violência sexual infantil,infantil, quebrando o mito do “homem do saco”, maltrap-ilho e sujo que vaga pelas cidades a procura de crianças para satisfazer-se sexualmente. O abusador ocasional não é considerado uma pessoa com problemas ou doenças mentais, ao contrário do pedófilo (parafilia pelo Código Internacional de Doenças). Mesmo assim, ambos têm plena consciência do que fazem, sabendo e reconhecendo que são atos crimino-sos e extremamente nocivos à criança/adolescente, não tendo, portanto, desculpa para se esquivar de uma punição severa e exemplar.punição severa e exemplar.

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 6

“Parece que o grande tabu não é o abuso sexual ou o fato de que ele realmente acontece, mas sim, falar sobre ele.

Não falar sobre o abuso sexual não o afasta, apenas colabora com a necessidade de silêncio que o abusador necessita.”

Christiane Sanderson

PEDÓFILO

Começam na adolescência

Muitas vítimas

Vítimas extra-familiares

Preferência sexual por crianças (parafilia)

São pessoas com valores ou São pessoas com valores ou crenças que suportam uma vida voltada para o abuso (profissões/atividades envolvidas com crianças).

ABUSADOR OPORTUNISTA

Abusos em períodos de estresse

Poucas vítimas

Vítimas dentro da família

Preferência sexual por adultos

São pessoas do convívio da vítima(pai, padrasto, avôs, irmãos, (pai, padrasto, avôs, irmãos,

tios, primos, etc).

Tabela 1. Tipos de abusadores e suas características principais.

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7 - Abuso sexual infantil e pedofilia

COMO OCORRE O ABUSO?

O abuso sexual em crianças pode ser violento, mas a maioria dos abusos sexuais implica uma lavagem cerebral sutil da criança, que é recompensada com agra-dos ou com mais amor e atenção ou, ainda, subornada para se manter em silêncio. Dentro de um progressivo método de alicia-mento, utilizando da posição de poder em relação à criança, seja por força física ou ameaça verbal, o abusador mantém o abuso em segredo, pois reforça constantemente que ninguém acreditará se ela contar. A criança, se vendo numa situação em que o próprio padrasto ou pai passa de defensor a agressor, sente-se aprisionada e não encontra meios de relatar o que acontece, e quando o faz, os adultos acham que ela está inventando, pois encarar tal violência ainda é muito difícil para a maioria de nós.

Maria tinha 3 anos e meio, adorava brincar de médico. Seu abusador brincava voluntária e frequentemente permitindo que ela começasse o jogo sempre que quisesse. Inicialmente, ela era a médica e examinava os ouvidos e a boca do abusador com seus brinquedos. Com o tempo, o abusador passou a examinar o coração por cima da roupa e depois, sem blusa. Mais tarde, começou a tocar outros orifícios, principalmente sua vagina, para checar se estava tudo bem “lá em baixo”. Ele recomendava remédios, mas em vez de tomá-los, ela tinha que colocá-los na vagina. Vários doces eram, então, introduzidos na sua vagina, os quais ele retirava com a boca, com os dedosdedos ou pinças. Para Maria, era apenas uma extensão da brincadeira de médico, gostava da atenção especial que recebia, pois os pais trabalhavam o dia todo. Ele lhe chamava de “minha princesinha” e dizia que eles tinham uma amizade muito valiosa. Embora Maria não se sentisse abusada por ele, os componentes sexuais da brincadeira eram temas recorrentes em seus desenhos.

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 8

A maioria dos casos de abuso sexual em crianças raramente começa com um ato violento ou estupro. O mais comum é que os abusadores invistam um tempo considerável seduzindo uma criança para objetivos sexuais. Esse processo é chamado de alicia-mento. O processo de aliciamento é de tal forma sutil, tanto para os pais quanto para a criança, que pode ser difícil detectar o que está por trás das intenções do contato. Em essência, este processo de sedução aumenta gradativamente o acesso à criança e diminui a chance de detecção do abuso. É fundamen-taltal que os pais/responsáveis e educadores estejam conscientes de como podem desco-brir o aliciamento sexual para que possam dar proteção. O único meio de progeção é ter a consciencia de como as crianças tem sido induzidas e manipuladas para propósitos sexuais. Ganhar a confiança da criança pode ocorrer tanto pessoalmente quanto pela internet (no caso do pedófilo), meio cada dia mais utilizado, devidos às facilidades que proporciona.proporciona.

Estágios do aliciamentoEstágios do aliciamento

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MAS O QUE É ABUSO SEXUAL?

Quando os pais percebem que os filhos estão sendo aliciados e abusados sexualmente, em geral reagem com descrença e horror, porque eles mesmos muitas vezes foram seduzidos durante o processo e se

sentem magoados , furiosos, traídos e culpados pelo papel que desempenharam no processo. É uma resposta humana comum para sentimentos tão fortes, é a negação do que aconteceu e de como

eles foram enganados.

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 10

ABUSO SEM CONTATO FÍSICO

- Aliciar uma criança/adolescente (pessoalmente ou pela internet).- Invadir inapropriadamente o espaço da criança/adolescente.- Insistir em comportamentos ou roupas sexualmente sedutores.- Estimular a nudez.- Fazer comentários verbais de natureza sexual.- Despir-se na frente da criança/adolescente.-- Forçar a criança a compartilhar a mesma cama com o adulto além da idade adequada ao seu desenvolvimento.- Expor a genitália deliberadamente.- Observar, de maneira inapropriada, o despir ou uso do banheiro pela criança/adolescente.- Encorajar a criança/adolescente a assistir a atos sexuais ou a ouví-los.-- Fotografar a criança/adolescente para gratificação sexual ou uso por-nográfico posterior.- Drogar (álcool, etc) a criança/adolescente a fim de fotografá-la em poses sexualmente provocantes ou como prelúdio do abuso sexual.- Usar comportamento evidentemente sexual na presença da criança/ adolescente.- Expor a criança à pornografia, para dessensibilizá-la - parte poderosa do processo de aliciamento.- Filmar a criança em poses sexualmente explícitas.- Coagir a criança a participar de um círculo de pedofila.- Fazer com que a criança recrute outras crianças para o abusador sexual.

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ABUSO COM CONTATO FÍSICO

- Beijar a criança com a boca aberta de maneira inapropriada.- Excitar a criança com toques e carícias.- Tocar os genitais ou as partes íntimas de uma criança para prazer sexual.- Fazer a criança tocar o genital de outra pessoa.- Brincar de jogos sexuais.-- Masturbar a criança, fazer com que ela masturbe o abusador ou que ambos se masturbem.- Fazer sexo oral (felação ou cunilíngua na criança, no abusador ou mútua).- Ejacular na criança.- Colocar objetos, doces, pequenos brinquedos na abertura vaginal/retal da criança e depois tirá-los.-- Introduzir na vagina ou ânus, grandes objetos, inclusive os usados por adultos.- Penetrar o ânus ou a vagina com os dedos.- Penetrar o ânus com o pênis (sodomia).- Penetrar a vagina com o pênis.- Colocar o pênis entre as coxas de uma criança e simular o coito - “coito seco”.-- Induzir a criança a praticar atividades sexuais com outros adultos ou crianças.- Coagir a criança a participar de um círculo de pedofilia.- Filmar atividade sexual com criança ou adultos.- Induzir a criança a praticar atividas sexuais com animais - bestialidade.

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QUEM SÃO AS VÍTIMAS?

O Estatuto da Criança e Adolescente classifica como crianças aqueles indivíduos com idade até 12 anos e a partir daí até 18 anos, como adolesncentes. Importante notar que os adolescentes, apesar de já possuírem características físicas de adulto, não apre-sentam desenvolvimento emocional suficiente para se esquivarem das investidas dos abusadores, que podem utilizar-se de outros artifícios para cumprirem seu intento, tais como ofertas de emprego, fotos para propaganda, promessas de casamento, etc. Estudo de 1985 feito em Campinas/São Paulo mostra que 68% das vítimas de abudo sexual tem entre 7 - 14 anos, 32% entre 2 - 7 anos e 1% abaixo de 2 anos, sendo que estes dados são apenas interpretativos, pois uma criança de 2 anos abusada sem penetração não terá marcas corporais nem conseguirá interpretar o ato de violência sexual, por isso não sendo capaz de delatá-lo.

Algumas ameaças comuns que asseguram a não revelação do abuso:- “Se você contar a sua mãe o que aconteceu, ela vai passar a odiá-lo”.- “Se você contar a seus pais o que aconteceu, eles simplesmente não vão acreditar”.- “Se você contar a seus pais, eles vão puní-lo”.- “Se você contar a sua mãe, isto a matará”.- “Se você contar a sua mãe, eu vou matá-la”.- “- “Se você contar a alguém, eu vou matá-lo”.

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Embora existam muitos sintomas em comum, há também muitas diferenças em relação a sua manifestação pela vítima do abuso sexual. Nem todas elas serão capazes de revelar o abuso, por temerem as consequências, mas podem encontrar múltiplas maneiras de comunicar seus medos e ansiedades aos adultos. Esses meios, de tão sutis, podem passar despercebidos ou serem muito evidentes e, ainda assim, ignorados.ainda assim, ignorados. Deve-se ter em mente, que as vítimas podem fazer de tudo para negar o abuso, mesmo quando outros já perceberam, pois estão paralizadas emocionalmente pelo medo. Uma comunicação menos direta pode ser obser-vada em crianças abaixo de 5 anos, que são incapazes de verbalizar a experiência, especialmente se elas são treinadas para acreditar que o contato sexual é uma parte normal de seu mundo. Crianças mais velhas (até 12 anos) e até mesmo adolescentes terão imensas dificuldades em falar abertamente, devido ao constrangimento natural e àqueleàquele ensinado pela educação sexual repressora e cheia de tabus que vemos atualmente, derivada de cuidadores pouco preparados.

COMO SUSPEITAR DO ABUSO SEXUAL?

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Ainda que um único sintoma individual não indique o abuso sexual, mudanças no comportamento da criança que apresente vários sinais de alarme combinados podem ser motivo de preocupação. Didaticamente pode-se dividir a manifestação do abuso sexual em 6 diferentes tipos, como vemos no esquema a seguir:

VÍTIMAEFEITOS EMOCIONAIS

EFEITOS COMPORTAMENTAIS EFEITOS DE RELACIONAMENTO

EFEITOS COGNITIVOS

EFEITOS FÍSICOS

EFEITOS DE SEXUALIZAÇÃO

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A criança está tão oprimida pelo abusador interna e externamente que se sente inútil, patética e estúpida, considerando-se incapaz de controlar tanto o incompreensível mundo externo, quanto seu caótico mundo interior e assim, sofre um enorme impacto na habilidade de equilibrar suas emoções. Ou ela não sente nada, ou se sente tão inundada pela intensidade das emoções que passa a temer explodir internamente.emoções que passa a temer explodir internamente.

1 A criança está tão oprimida pelo abusador interna e externamente que se sente inútil, patética e estúpida, considerando-se incapaz de controlar tanto o incompreensível mundo externo, quanto seu caótico mundo interior e assim, sofre um enorme impacto na habilidade de equilibrar suas emoções. Ou ela não sente nada, ou se sente tão inundada pela intensidade das emoções que passa a temer explodir internamente.

EFEITOS EMOCIONAIS

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A vítima sente-se profundamente enver-gonhada e tem a necessidade de encobrir ou negar o abuso (culpa). O medo da exposição é tão grande que ela evita a intimidade com membros da família e amigos, com temor de que seu segredo se revele inadvertidamente, assim como esportes ou atividades físicas em que seu corpo se torne foco de atenção.torne foco de atenção.

2EFEITOS de RELACIONAMENTO

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Brincar é um modo natural e criativo pelo qual a criança obtém significado a partir de sua experiência e dá um sentido ao mundo. Através do brincar, ela reencena a experiência, compreende-a e obtém uma sensação de domínio. Pode funcionar também como uma expressão purificadora e um alívio para a pertur-bação, a confusão e as ansiedades internas.bação, a confusão e as ansiedades internas.

3 Brincar é um modo natural e criativo pelo qual a criança obtém significado a partir de sua experiência e dá um sentido ao mundo. Através do brincar, ela reencena a experiência, compreende-a e obtém uma sensação de domínio. Pode funcionar também como uma expressão purificadora e um alívio para a pertur-bação, a confusão e as ansiedades internas.

EFEITOS COMPORTAMENTAIS

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Estes efeitos incluem processos como a percepção, a atenção e o modo de contar, consoli-dar a informação e retrabalhá-la (a forma como a criança compreende o mundo). Um relaciona-mento aparentemente amoroso se torna um pesadelo abusivo, levando à confusão de quais seriam os comportamentos adequados entre crianças e adultos.

EFEITOS COGNITIVOS

4 Estes efeitos incluem processos como a percepção, a atenção e o modo de contar, consoli-dar a informação e retrabalhá-la (a forma como a criança compreende o mundo). Um relaciona-mento aparentemente amoroso se torna um pesadelo abusivo, levando à confusão de quais seriam os comportamentos adequados entre

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Como geralmente o abuso não é realizado pela força bruta, seus efeitos físicos na vítima serão dificilmente detectados, por isso não se deve negar sua existência pelo fato de não haver lesão na região genital ou anal. Da mesma forma, na suspeita do abuso, nunca se deve deixar de lado o exame médico-judicial, pois fará toda a diferença para a punição do criminoso.diferença para a punição do criminoso.

5EFEITOS FÍSICOS

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A vítima pode tentar manifestar seu abuso sexual através de comportamento sexual-izado incomum, repetidos e persistentes. Podem ser dirigidos à outras crianças ou à adultos. Acha que é isso o que adultos querem e desejam, acred-itando que o único meio de se relacionar com os outros é tocá-los nas áreas sexuais ou se comportar de maneira sexualmente sedutora.

EFEITOS de SEXUALIZAÇÃO

6 A vítima pode tentar manifestar seu abuso sexual através de comportamento sexual-izado incomum, repetidos e persistentes. Podem ser dirigidos à outras crianças ou à adultos. Acha que é isso o que adultos querem e desejam, acred-itando que o único meio de se relacionar com os outros é tocá-los nas áreas sexuais ou se compor

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RESUMO DOS COMPORTAMENTOS MAIS FREQUENTES

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Figura 1. Desenho de criança que estava sendo abusada.

Milena - Seu abusador sempre dizia que ela era uma “garotinha muito suja” por levá-lo a fazer o que ele fazia com ela. Ela não entendia exatamente o que ele queria dizer com isso, porque na verdade ela não fazia nada. Milena detestava que o pênis dele espirrasse uma coisa esbranquiçada sobre ela, porque a fazia sentir-se toda grudenta e aquilo não cheirava bem. A primeira vez que isso aconteceu, achou que ele tinha urinado nela, o que a fez sentir-se muito suja. Sempre que ela pensava no que o abusador fazia com ela, sentia-se suja e precisava ir se lavar. Por mais que se lavasse, nunca se sentia limpa. Apesar de três banhos bem demobem demorados todos os dias, ainda se sentia imunda e não conseguia entender o motivo.Mesmo o ato de se esfregar com desinfetante e bucha de aço não mudava como se sentia por dentro, isto é, suja. Os seus pais não davam importância, pois achavam apenas ser uma “coisa de criança”.

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COMO DENUNCIAR O ABUSO SEXUAL?

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Para ajudar na detecção do abuso, Salvagni e col. desenvolveram um questionário simples, que se aplicado pelos pais ou professores de maneira adequada, pode inferir a probabilidade de abuso sexual, guiando assim a conduta a ser tomada (leitura de resultados na próxima página).

TOTAL

Adaptado de Salvagni EP, Wagner MB. Development of a questionnaire for the assessment of sexual

abuse in children and estimation of itsdiscriminant validity: a case-control study.

J Pediatr (Rio J). 2006;82:431-6.

Observou em seu(sua)filho(a) algumas das afirmações listadas?

Não

(0)

Acho queNão(1)

Acho queSim(3)

Talvez

(2)

Sim

(4)

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 26

Leitura do resultado dos pontos do questionário anterior.

PONTOS CLASSIFICAÇÃO AÇÃO

3 – 5

6 – 9

10 - 13

Mais de 14

Sem suspeita

Suspeita

Suspeita Forte

É abusada

Educação Sexual*

Educação Sexual + acompanhamento próximo**

Educação Sexual + acompanhamento próximo + avaliação específica***

DenúnciaDenúncia1 + encaminhamento a

atendimento especializado2

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27 - Abuso sexual infantil e pedofilia

Existem diferentes maneiras de se proceder à denúncia, porém tentaremos normatizar alguns pontos, pois sabe-se que, em média, apenas 10% dos casos de abuso sexual vão para o tribunal e destes, 5% são condenados (dados do Reino Unido). Estudiosos dizem que grande parte da impunidade que beneficia os abusadores, provêm de uma denúncia feita inapropriadamente. Uma notificação bem elaborada ajudará na interrupção da violência sexual, sendo peça chave na prevenção secundária.

COMO DENUNCIAR UMA SUSPEITA DE ABUSO SEXUAL?

Existem diferentes maneiras de se proceder à denúncia, porém tentaremos normatizar alguns pontos, pois sabe-se que, em média, apenas 10% dos casos de abuso sexual vão para o tribunal e destes, 5% são condenados (dados do Reino Unido). Estudiosos dizem que grande parte da impunidade que beneficia os abusadores, provêm de uma denúncia feita inapropriadamente. Uma notificação bem elaborada ajudará na interrupção da violência sexual, sendo peça chave na prevenção secundária.

COMO DENUNCIAR UMA SUSPEITA DE ABUSO SEXUAL?

O QUE FAZER QUANDO UMA CRIANÇA REVELA O ABUSO SEXUAL

- Ouça o que ela diz; - Mesmo perturbado com a notícia, não reaja de maneira que aumente a angústia da criança; - A criança precisa saber que ela não é culpada e que as pessoas acredi tarão nela; - Dê a ela a oportunidade de conversar sobre o que aconteceu, mas não a pressione a fazer isso; - Diga à criança que ela está agindo corretamente ao conversar com você; - Não a repreenda se o abuso ocorreu porque ela desobedeceu a regras básicas, como passear em lugar não autorizado; - Mantenha o contato em sigilo, só revelando ao gestor da escola e às autoridades competentes, evitando comentários de corredor ou sala de professores.

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 28

As notificações poderão ser encaminhadas de quatro maneiras aos órgãos competentes:

TELEFONE. O denunciante pode telefonar para o Conselho Tutelar, Delegacia de polícia ou Disque-100, comunicando a suspeita ou ocor-rência de violência sexual. Pode ser anônima, isto é, sem necessidade de se revalar o nome daquele que está ligando.

POR ESCRITO. Está é uma maneira rápida, fácil e apropriada, servindo como prova material em um processo judicial. Veja modelo na página 29 ou baixe do site www.educacaosexual.org.br.

PESSOALMENTE. O denunciante poderá também comparecer, só ou acompanhado da criança abusada, ao Conselho Tutelar ou Delegacia de Polícia, onde será ouvido e assinará um boletim de ocorrência.

ATENDIMENTOATENDIMENTO NA ESCOLA. Caso a pessoa ou a direção da escola não possam ir ao órgão competente, poderão requerer atendimento do conselho tutelar.

OO IDEAL, porém, é que a a pessoa ou a direção da escola assuma a denúncia por escrito e visite o órgão responsável, de preferência acom-panhada de membros não agressores da família que possam dar segui-mento tanto à denúncia quanto ao encaminhamento da criança ou adolescente abusado ao serviço educacional, médico e psicológico.

As notificações poderão ser encaminhadas de quatro maneiras aos órgãos competentes:

TELEFONE. O denunciante pode telefonar para o Conselho Tutelar, Delegacia de polícia ou Disque-100, comunicando a suspeita ou ocor-rência de violência sexual. Pode ser anônima, isto é, sem necessidade de se revalar o nome daquele que está ligando.

POR ESCRITO. Está é uma maneira rápida, fácil e apropriada, servindo como prova material em um processo judicial. Veja modelo na página 29 ou baixe do site www.educacaosexual.org.br.

PESSOALMENTE. O denunciante poderá também comparecer, só ou acompanhado da criança abusada, ao Conselho Tutelar ou Delegacia de Polícia, onde será ouvido e assinará um boletim de ocorrência.

ATENDIMENTOATENDIMENTO NA ESCOLA. Caso a pessoa ou a direção da escola não possam ir ao órgão competente, poderão requerer atendimento do conselho tutelar.

OO IDEAL, porém, é que a a pessoa ou a direção da escola assuma a denúncia por escrito e visite o órgão responsável, de preferência acom-panhada de membros não agressores da família que possam dar segui-mento tanto à denúncia quanto ao encaminhamento da criança ou adolescente abusado ao serviço educacional, médico e psicológico.

As notificações poderão ser encaminhadas de quatro maneiras aos órgãos competentes:

TELEFONE. O denunciante pode telefonar para o Conselho Tutelar, Delegacia de polícia ou Disque-100, comunicando a suspeita ou ocor-rência de violência sexual. Pode ser anônima, isto é, sem necessidade de se revalar o nome daquele que está ligando.

POR ESCRITO. Está é uma maneira rápida, fácil e apropriada, servindo como prova material em um processo judicial. Veja modelo na página 29 ou baixe do site www.educacaosexual.org.br.

PESSOALMENTE. O denunciante poderá também comparecer, só ou acompanhado da criança abusada, ao Conselho Tutelar ou Delegacia de Polícia, onde será ouvido e assinará um boletim de ocorrência.

ATENDIMENTO

As notificações poderão ser encaminhadas de quatro maneiras aos órgãos competentes:

TELEFONE. O denunciante pode telefonar para o Conselho Tutelar, Delegacia de polícia ou Disque-100, comunicando a suspeita ou ocor-rência de violência sexual. Pode ser anônima, isto é, sem necessidade de se revalar o nome daquele que está ligando.

POR ESCRITO. Está é uma maneira rápida, fácil e apropriada, servindo como prova material em um processo judicial. Veja modelo na página 29 ou baixe do site www.educacaosexual.org.br.

PESSOALMENTE. O denunciante poderá também comparecer, só ou acompanhado da criança abusada, ao Conselho Tutelar ou Delegacia de Polícia, onde será ouvido e assinará um boletim de ocorrência.

ATENDIMENTO

POR ESCRITO. Está é uma maneira rápida, fácil e apropriada, servindo como prova material em um processo judicial. Veja modelo na página 29 ou baixe do site www.educacaosexual.org.br.

PESSOALMENTE. O denunciante poderá também comparecer, só ou acompanhado da criança abusada, ao Conselho Tutelar ou Delegacia de Polícia, onde será ouvido e assinará um boletim de ocorrência.

ATENDIMENTOATENDIMENTO NA ESCOLA. Caso a pessoa ou a direção da escola não possam ir ao órgão competente, poderão requerer atendimento do conselho tutelar.

O

ATENDIMENTO NA ESCOLA. Caso a pessoa ou a direção da escola não possam ir ao órgão competente, poderão requerer atendimento do conselho tutelar.

OO IDEAL, porém, é que a a pessoa ou a direção da escola assuma a denúncia por escrito e visite o órgão responsável, de preferência acom-panhada de membros não agressores da família que possam dar segui-mento tanto à denúncia quanto ao encaminhamento da criança ou adolescente abusado ao serviço educacional, médico e psicológico.

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DENÚNCIA DE SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA OU ADOLESCENTE

DENÚNCIA DE SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA OU ADOLESCENTE

29 - Abuso sexual infantil e pedofilia

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Como primeira iniciativa para prevenir o abuso sexual, pais e educadores devem despir-se dos mitos e preconceitos que tenham criado ao longo de suas vidas, para falar claramente a seus filhos ou educandos sobre o tema sexo e abuso sexual. Através da informação correta e intencional-mente constante, aumentaremos o alerta da comunidade sobre o assunto, fazendo dos olhos e ouvidos da nossa sociedade, aqueles que protegerão e ouvirão as vítimas. Didaticamente, pode-se dividir a prevenção em 3 níveis: PRIMÁRIA: Informação à população e uma Educação Sexual intencional.

SECUNDÁRIA: Estar atento aos sinais que a criança dá (pedido de socorro silencioso), acreditar nela e denunciar.

TERCIÁRIA: Denunciar e punir o agressor, com posterior acompanhamento integral da vítima e do agressor.

COMO PREVENIR O ABUSO SEXUAL?

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INFORMAÇÃO À POPULAÇÃO

- Palestras, cursos, materiais de propaganda, comerciais; - Discussões em igrejas, associações, escolas, etc;-- Abordagem sem sensacionalismo da mídia (que mostra somente os casos de rapto e estupro, seguido de morte, perpetrados por desconhecidos, quando cerca de 90% dos abusos são cometidos por conhecidos da vítima e dentro de suas próprias casas).

PREVENÇÃO PRIMÁRIA

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 32

Material Auxiliar para Prevenção Primária

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Material Auxiliar para Prevenção Primária

33 - Abuso sexual infantil e pedofilia

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Material Auxiliar para Prevenção Primária

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ATENÇÃO AOS SINAIS DO ABUSO SEXUAL

- Não menosprezar os sinais indiretos que a vítima pode apresentar;- Educadores bem treinados para identificar risco entre seus alunos;- Lembrar que estatisticamente 30% de uma sala de aula contém crianças sob violência sexual;- Lembrar que atualmente, apenas 10% dos casos são levados à justiça;- Até 25% dos abusos são cometidos por mulheres.- Até 25% dos abusos são cometidos por mulheres.

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA

O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) é claro:-”...a denúncia deve ser realizada não só na confirmação, mas sim na SUSPEITA de violência sexual ou maus-tratos...”

AsAs escolas e instituições de ensino são amparadas pelo ECA caso haja questionamento de pais ou responsáveis. Além disso, são obrigadas por ele a comunicar às autoridades a SUSPEITA de abuso sexual, independente da vontade da família;

Todo e qualquer material anexado à denúncia (desenhos, boletins, depoi-mentos, testemunhos) são peças fundamentais no processo de punição do acusado.

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Abuso sexual infantil e pedofilia - 36

PUNIÇÃO E RECUPERAÇÃO DO ABUSADOR

- Partindo da denúncia, o sistema legal deve aperfeiçoar-se. Com a introdução de novas tecnologias, novos tipos de crimes podem ser cometidos, então novas leis têm de se criadas (internet);-- Não basta apenas puní-los exemplarmente. Os abusadores devem receber acompanhamento e tratamento adequados, para não virem a cometer os mesmos crimes posteriormente, com vítimas diferentes.

PREVENÇÃO TERCIÁRIA

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DICAS:

FILMES

Conta a trajetória de Maria, uma menina de 12 anos que é vendida pelos pais para trabalhar na "indústria" da prostitu-ição. Após ser comprada em um leilão de meninas virgens, ela vai parar na Amazonia, onde é recebida por Saraiva, dono de um prostíbulo. Cansada de ser maltratada e de vender seu corpo, ela foge do local e cruza o Brasil em busca de um futuro melhor.

Uma adolescente inteligente e charmosa, provavelmente não deveria ir a um café local se encontrar com Jeff, fotógrafo fashion de trinta e poucos anos que ela conheceu pela inter-net. Mas antes que ela perceba, já está preparando drinks na casa dele e prestes a fazer uma sessão de fotografia. Mas Hayley não é tão inocente quanto parece, e a caça vira caça-dor.

Um pedófilo condenado vive os desafios de retornar à socie-dade depois do seu período de reclusão. Encontra conforto nos braços de uma amiga, mas luta para se livrar os fantasmas do passado e dos seus desejos mais íntimos, que o fazem lhe sentir tão mal, mas ao mesmo tempo são sua fonte de prazer.

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DICAS:

SITES

www.educacaosexual.org.brwww.abrapia.org.brwww.abtos.com.brwww.cecria.org.brwww.cedeca.org.brwww.sedes.org.brwwwww.wcf.org.brwww.ceprev.vpg.com.brwww.mp.sc.gov.br/portal/ca/cijwww.pactosp.org.brwww.redeamigadacrianca.org.br/cdmp.htmlwww.usp.br/servicos/cearas/dearhopa.htmlwww.usp.br/ip/laboratorios/lacriwwwww.usu.brwww.sclat.orgwww.terradoshomens.org.brwww.visaomundial.org.brwww.vozlivre.comwww.ded.ufla.br/direitosexuais/www.direitosdacrianca.org.brwwwww.censura.org.br

INTERNET

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DICAS:

Oferece estratégias práticas para a proteção das crian-ças, além de capacitar pais e professores a distinguir o desenvolvimento normal do desenvolvimento sexual atípico e a reconhecer os sinais de advertência do abuso sexual infantil.

Autora: CHRISTIANE SANDERSONEditora: M. BOOKS/2005.

De uma maneira alegre e com gráficos chamativos, conta várias histórias em quadrinhos, ensinando as crianças como reagir em determinadas situações de risco. Excelente para pais e educadores lerem junto a seus pequenos.

Autora: SAULIERE,DELPHINE Editora: ESCALA EDUCACIONAL/2006.

LIVROS

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www.educacaosexual.org.br