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Uso da bandagem funcional na estabilização da fasceíte plantar:
revisão bibliográfica
Cleuciane Salins Souza1
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Traumato-Ortopedia com Ênfase em Terapia Manual – Faculdade Cambury
Resumo
Nos tempos do mundo atual, o ser humano em seu cotidiano, de acordo com pesquisas, passa
a maior parte do seu tempo em pé ou se locomovendo de lugar a lugar, causando estresse
excessivo em um dos seus principais pontos de equilíbrio corporal que é o pé. O trabalho
aqui apresentado de como finalidade a explanação de uma das principais patologias
decorrentes desse estresse na aponeurose plantar, ou seja, abordará o tema: Uso da
bandagem funcional na estabilização da fasceíte plantar, com objetivo de conhecer
inteiramente tal patologia e um dos tratamentos conservadores utilizados em seu processo de
recuperação e estabilização, assim como, tornar uma ferramenta precisa aos demais
pesquisadores que vierem a se interessar e aumentar seus conhecimentos em tal enfermidade.
A pesquisa foi realizada através de revisões bibliográficas, utilizando meios metodológicos e
aporte teóricos com embasamento teórico em bibliotecas tradicionais e também fonte de
dados encontrados no BVS, LILACS, entre outros. Tendo como seguimento metodológico
revisões bibliográficas com busca e interpretação do tema abordado.
Palavras-chave: Fasceíte plantar; Bandagem funcional; Estabilização plantar.
1. Introdução
A fasceíte plantar é definida como dor provocada pela inserção da fáscia plantar, com ou sem
esporão no calcanhar (DUTTON, 2010).
Atualmente, segundo pesquisas, quando falamos de patologias causadas por estresse ou uso
repetitivos das articulações, em especial do pé, nos deparamos com paradigmas de que todo
portador é obrigatoriamente ativo. Mas segundo Dutton (2010), apesar de ser uma patologia
tipicamente de pessoas ativas, a fasceíte plantar também afeta indivíduos sedentários, apesar
de as razões para isso continuarem imprecisas.
Portanto, o trabalho apresentado, tem como o seguinte título: Uso da bandagem funcional na
estabilização da fasceíte plantar: revisão bibliográfica, devido à abordagem da patologia
estudada, ter seguimento de fundamentação em revisão de bibliografias, para a comparação
das diversas formas de visão de autores diferenciados, pois apesar do estudo ser voltado para
1 Fisioterapeuta, pós-graduando em Traumato-ortopedia com ênfase em terapias manuais. 2 Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia de Ensino Superior, Mestrando em Bioética e Direito em Saúde.
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uma única patologia e um único seguimento de tratamento, as conclusões obtidas foram
variadas.
Tem como objetivo principal, a colaboração para o aprendizado do autor assim como
contribuição aos demais que utilizarem este trabalho para aprimorarem seu intelecto. Está
constituído pela metodologia através de revisões de literaturas e artigos publicados em fontes
confirmadas.
Como é uma patologia oriunda praticamente da atualidade, o trabalho sobre fasceíte plantar
consiste da seguinte divisão: anatomia da estrutura do pé, mas precisamente a aponeurose
plantar, fatores predisponentes ao processo patológico, biomecânica do pé ou estresse sofrido
através do processo de deambulação do indivíduo, finalizando pela patologia que é a fasceíte
plantar e seu tratamento conservador. Pode-se observar também, os resultados e discussões,
que através de obras e estudos de casos confirmados e publicados, houve um resultado
positivo, para a estabilização da fáscia plantar, ou seja, o ganho de amplitude e diminuição da
dor é bastante reduzido com o uso da bandagem funcional.
Logo, como nos tempos modernos, uma das principais doenças causadas ao homem é obtida
através do estresse gerado em seu corpo, o trabalho toma como justificativa o foco de visão na
fasceíte plantar como a patologia do século, já que apesar de ter vários fatores predisponentes
de causas, mas sua principal etiologia é dada por fatores biomecânicos, seja ele em indivíduos
ativos ou sedentários.
2. Fundamentação teórica
2.1. Anatomia do pé
Segundo Oliveira (2011), o esqueleto do pé compõe-se de três ligamentos: o tarso, o
metatarso e as falanges ou ossos distais. O tarso é formado por sete ossos que geram o
esqueleto da metade posterior do pé, sendo eles ossos curtos dispostos em duas fileiras;
posteriormente, contém o tálus e o calcâneo; anteriormente, o cuboide, o navicular e os três
ossos cuneiformes. O metatarso é formado por cinco ossos metatársico. São ossos longos em
miniaturas e numerados a partir da face medial do pé, e cada osso compõe-se de uma base
(proximal), um corpo ou diáfise e uma cabeça (distal). As bases dos metatársicos articulam-se
com as falanges proximais. Já as falanges, são ossos que constituem os dedos, divididas em:
proximal, medial e falange distal. O hálux possui duas falanges; os outros dedos possuem três.
A falange proximal de cada dedo apresenta base quadrangular, corpo mais fino e cabeça
expandida. A cabeça tem forma tróclea, com superfície articular dorsalmente. As falanges
proximais diminuem e tornam-se mais finas do primeiro ao quinto dedo. As falanges distais
são curtas, exceto a do hálux de pontas levemente aumentadas, mas quase sem cor; são
rudimentares. Já Larosa (2008), confirma em sua obra que o pé é formado pelos ossos tarsais,
metatarsais e falanges.
De uma forma mais explicativa Pina (2010), relata que o pé é constituído por 26 ossos,
divididos em três grupos: o tarso, com sete ossos dispostos em duas fileiras; o metatarso, com
cinco metatarsais e os dedos, em número de cinco, constituído por três falanges à exceção do
primeiro dedo (hálux) que tem apenas duas.
Portanto, o pé é dividido em três segmentos:
Retropé: o tálus e o calcâneo formam o segmento posterior;
Mediopé: o navicular, o cubóide e três cuneiformes formam o segmento mediano;
Antepé: cinco metatarsais e 14 falanges constituem o segmento anterior. Cada
aparelho tem três falanges, exceto o hálux, que possui duas. (KISNER, 2005)
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Figura 1 – anatomia esquelética do pé. LAROSA, Paulo Ricardo Ronconi e NETO, João Gregório. Atlas de
anatomia humana básica. São Paulo: Martinari, 2008.
As articulações do pé constituem um conjunto de articulações que podem ser classificadas em
quatro grupos:
a) Articulação do tornozelo, que se faz entre ossos do pé e da perna;
b) Articulações intertársicas, entre os ossos do tarso;
c) Articulações tarsometatársicas e intermetatársicas, entre o tarso e os ossos do
metatarso, e entre os ossos do metatarso;
d) Articulações metatarso-falângicas e interfalângicas, entre o metatarso e as falanges dos
dedos, e entre as falanges.
Para se finalizar com relação aos osso do pé, Lossow (1980), confirma em sua obra que os
ossos do tarso constituem em um grupo de sete pequenos ossos que se assemelham com os
ossos cárpicos do punho, mas são maiores. Os ossos tarsianos estão dispostos na porção
posterior e anterior do pé. A porção posterior do pé consiste nos ossos calcâneo, tálus,
navicular e cuboide. O calcâneo é o maior osso deste grupo e forma a proeminência do
calcanhar. A porção anterior do pé consiste no cuneiforme medial, cuneiforme intermediário,
cuneiforme lateral, metatársicos e falanges.
Os principais músculos do pé são: músculos intrínsecos do pé, ou músculos curtos do pé,
dispõe-se no dorso e planta do pé, no dorso só existe um musculo intrínseco, o extensor curto
dos dedos; músculos intrínsecos da planta; aponeurose plantar, a fáscia muscular se torna
espessada e resistente na planta do pé, análoga à que existe na palma da mão, posteriormente
ela se fixa no calcâneo e se expande anteriormente, dividindo-se em cinco faixas ou cintas que
se inserem, nas bainhas fibrosas flexoras e nos lados das articulações metatarsofalângicas,
entretanto, ao contrário do que sucede no pé, com o hálux, o polegar não recebe nenhuma
faixa da aponeurose palmar, pois isto limitaria sua mobilidade, a aponeurose plantar é
importante na manutenção dos arcos longitudinais do pé. Músculos da primeira camada
(superficial), compreendem-se o abdutor do 5º dedo, flexor curto dos dedos e abdutor do
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hálux, músculos da segunda camada, compreendem o flexor longo dos dedos, flexor longo do
hálux, o quadrado plantar e lumbricais. (DANGELO & FANTTINI, 2009)
Figura 2 – anatomia do pé, aponeurose plantar. Fonte: LAROSA, Paulo Ricardo Ronconi e NETO, João
Gregório. Atlas de anatomia humana básica. São Paulo: Martinari, 2008.
2.1.1. Biomecânica do pé
Movimentos do pé e do tornozelo
Movimento no plano sagital: dorsiflexão ou flexão dorsal é o movimento no sentido dorsal;
flexão plantar é o movimento no sentido plantar em torno do eixo frontal. Movimento no
plano frontal: inversão é o movimento de rodar o pé para dentro e eversão é rodar para fora
em torno do eixo sagital, normalmente, o movimento puro para dentro e para fora é descrito
pelos termos abdução e adução; contudo, como o pé está em ângulo reto com a perna, eles
não são usados. Plano de movimento transverso: abdução é o movimento que se afasta da
linha média e adução é o movimento em direção a linha média (KISNER, 2005)
articulação subatalar: é uma articulação móvel em inúmeras direções, porém
bloqueadas em amplitude pelo ligamento interósseo e por outros ligamentos
poliarticulares;
articulação médio-társica: flexão plantar, dorsiflexão, rotações, abdução e adução;
Articulação tarso-metatársica: as três direções de movimentos são sempre possíveis,
mas são os movimentos de flexão plantar e dorsiflexão que dominam;
Articulações metatarsofalangianas: permitem movimentos em três planos, sagital,
frontal e horizontal;
Articulações interfalangianas proximais: permitem apenas movimentos de flexão
plantar;
Articulações interfalangianas distais: permitem mais movimentos que a precedente,
flexão plantar e dorsal (BLANDINE & LAMOTTE, 1991).
Ainda sobre a biomecânica do pé, uma parte muito importante são os arcos plantares, que de
acordo com Hall (2009), são três, os arcos longitudinais, medial e lateral, que se estendem
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desde o calcâneo até os ossos do tarso e metatarso. O arco transverso é formado pelas bases
do metatarso. Sendo sustentados por ligamentos e fáscia plantar. O ligamento
calcâneonavicular plantar é o principal sustentador do arco longitudinal medial, o ligamento
plantar longo fornece sustento ao arco longitudinal lateral, com auxilio do ligamento plantar
curto. Essas faixas fibrosas interligadas são conhecidas como fáscia plantar. À medida que os
arcos se deformam durante a sustentação do peso, a energia mecânica é armazenada nos
tendões, ligamentos e fáscia plantar distendidos. Uma quantidade de energia adicional é
armazenada nos músculos gastrocnêmios e sóleo conforme eles desenvolvem tensão
excêntrica. Durante a fase de impulsão, a energia que foi armazenada em todas essas
estruturas elásticas é liberada, contribuindo assim para a forca de impulsão e reduzindo
efetivamente o custo de energia metabólica da marcha ou da corrida.
Com relação à biomecânica do pé, estipulando a ação ocorrida na fáscia plantar, Corrigan e
Maitland (2000), relatam que durante a marcha a fáscia plantar distende-se com o
achatamento do arco medial ou na fase de impulso, quando a extensão dos dedos do pé puxa a
fáscia mais para a distal. A distensão produz tração do ligamento calcâneo e tensão na fáscia,
que pode chegar a duas vezes o peso do corpo.
2.2. Fasceíte Plantar
A fasceíte plantar é uma causa comum de dor no calcanhar. Ocorre em pacientes de ambos os
sexos, em geral após os 40 anos, exceto em esportistas, quando o paciente, em geral do sexo
masculino, pode estar na casa dos 20 anos. É comum em pessoas cuja ocupação envolve
andar ou ficar muito tempo em pé. A dor é precisamente localizada sobre a tuberosidade do
calcâneo, quase sempre na região medial, mas pode irradiar-se pela face plantar. Pode ser
intensa e geralmente interfere com a função. Piora com a atividade, como andar ou subir
escadas, pode estar presente à noite e frequentemente ocorre quando a pessoa levanta da
cama, pela manhã. Tende a diminuir com o repouso. Pode começar subitamente durante a
atividade, provocada pela ruptura de algumas fibras da fáscia plantar, ou pode decorrer de um
trauma direto na região (CORRIGAN & MAITLAND, 2000).
Segundo, Sant’anna (2004), define em seu trabalho de pesquisa que a fasceíte plantar refere-
se a uma dor plantar, no ponto de origem da fáscia plantar, na tuberosidade medial do
calcâneo. Caracteriza-se por uma inflamação ocasionada por microtraumatismos de repetição
na origem da tuberosidade medial do calcâneo.
“A fasceíte plantar refere-se a dor na parte plantar do calcanhar que
ocorre no local onde a fáscia plantar se origina da tuberosidade
medial do calcâneo.” (SNIDER, 2000)
A confirmação sobre os sinais e sintomas da fasceíte plantar é relatada também por Snider
(2000), onde indica em sua obra que os pacientes relatam dor local e sensibilidade
diretamente sobre a tuberosidade calcaneal medial, e 1 a 2 cm distalmente ao longo da fáscia
plantar. Frequentemente a dor é mais intensa ao despertar, ou quando o paciente ergue-se de
uma posição de repouso, quando os primeiros passos estiram a fáscia plantar. A ausência de
sustentação do peso tipicamente alivia os sintomas.
2.2.1. Exame físico
O exame revela dor localizada diretamente sobre a tuberosidade medial plantar do calcâneo, e
distalmente ao longo da fáscia plantar. Frequentemente, haverá necessidade da aplicação de
uma pressão considerável sobre essa área durante o exame, para que seja reproduzida a
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pressão de sustentação do peso e os sintomas do paciente. Provavelmente os pacientes
também apresentarão um retesamento no tendão de Aquiles, o que contribui para o aumento
da tensão na fáscia plantar durante a deambulação. Via de regra, a dorsiflexão passiva dos
dedos (mecanismo de molinete) não agrava os sintomas (SNIDER, 2000)
Figura 3- Ponto de máxima sensibilidade num paciente com encarceramento do ramo do nervo plantar. Fonte:
LAROSA, Paulo Ricardo Ronconi e NETO, João Gregório. Atlas de anatomia humana básica. São Paulo:
Martinari, 2008.
A fasceíte plantar, é relatada na obra de Netter (2006), como a causa mais comum de dor no
calcanhar em adultos, onde resulta da periostite do calcâneo na origem da fáscia plantar. O
autor também relata que a patologia é mais comum em mulheres e pessoas obesas, mas não
está associada a nenhum tipo particular de pé. Pacientes relatam o início insidioso de dor que
é particularmente intensa com os primeiros passos da manhã ou quando levantam de uma
posição sentada no final do dia. E de acordo com os exames físicos de Netter (2006), palpação
com pressão demonstra sensibilidade no processo medial da tuberosidade do calcâneo. A
radiografia mostra um osteófito (esporão do calcâneo) em 50% dos pacientes; entretanto, este
esporão não é a causa da dor e é observado em 20% de adultos assintomáticos. O diagnóstico
diferencial inclui síndrome do túnel do tarso, ruptura traumática da fáscia plantar,
espondiloartropatia soronegativa e fratura de estresse do calcâneo.
Também conhecida como Esporão de Calcâneo, a fasceíte plantar tem como definição mais
precisa de síndrome da dor crônica, com as condições inflamatórias aceitáveis, como a
epicondilite. A etiologia da fasceíte plantar é pouco entendida, embora uma série de fatores
tenha sido proposta:
Obesidade: a obesidade foi constatada em 40% dos homens e 90% nas mulheres com
fasceíte plantar. Índices de massa corporal superiores a 30kg/m2 aumentam o risco de
desenvolver dor plantar no calcanhar;
Ocupacional: há associação entre fasceíte plantar e caminhar e ficar de pé por muito
tempo, ou mudanças súbita nos estresses colocados sobre o pé, comparando essa
condição com outros distúrbios de estresse repetitivo, como a síndrome do túnel do
carpo e o cotovelo de tenista;
Lesão aguda: embora menos comum, a patologia pode estar associada a uma lesão
aguda do calcanhar. Alguns indivíduos recordam em pisar em algum seixo ou em
outro objeto duro antes de a dor começar;
Anatômica: o coxim do calcanhar é especialmente constituído como um eficiente
absorvedor de choques para atenuar os picos nas forças dinâmicas e para amortecer as
vibrações. Parte da energia impactante envolvida no deslocamento do coxim do
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calcanhar durante a movimentação é dissipada e parte dela é recuperada no recuo
elástico subsequente;
Causas biomecânicas: pessoas com pé cavo ou pé plano correm risco aumentado por
causa do estresse repetitivo que esta sendo colocado sobre a fáscia. Da mesma forma,
o encurtamento adaptativo dos músculos da panturrilha e do tendão do calcâneo,
movimento excessivo da parte posterior do pé ou parte posterior rígida do pé varo
podem também colocar o paciente em risco de estresse sobre a fáscia plantar
(DUTTON, 2010).
Figura 4 – Ponto de pressão no exame físico da fasceíte plantar. Fonte: DUTTON, Mark. Fisioterapia
ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Para finalizar as definições causas e sintomas da fasceíte plantar, Hebert (2009), confirma que
a inflamação ocorre por microtraumatismos de repetição na origem da tuberosidade medial do
calcâneo. As forças de tração durante o apoio levam ao processo inflamatório, que resulta em
fibrose e degeneração. O quadro clínico caracteriza-se pela dor de início insidioso,
principalmente no primeiro apoio matinal, que em geral, melhora após um período de
atividade, durante o sono, a inatividade dos músculos dorsiflexores posiciona o pé em equino,
o que, como consequência, promove o encurtamento da fáscia plantar.
2.2.2. Tratamento conservador
A maioria dos pacientes pode ser tratada conservadoramente, mas eles devem ser advertidos
de que leva de 6 a 12 meses para a resolução dos sintomas. Modalidades efetivas incluem
palmilhas para aliviar a carga no calcanhar, exercícios para alongar o tendão do calcâneo,
imobilização noturna para manter o tendão do calcâneo alongado e injeções de corticóides.
Sintomas recalcitrantes podem requerer liberação parcial da fáscia plantar (NETTER, 2006).
Segundo Dutton (2010), relata em sua obra que foram feitos testes não cegos onde o resultado
com uso de bandagens foi positivo para o tratamento da fasceíte plantar, ou seja, o uso da
bandagem após todo o processo de tratamento conservador, o uso da bandagem é considerado
uma maneira de reforçar o coxim gorduroso do calcanhar e o arco longitudinal medial.
Aconselha-se escolher uma de molde baixo de 2,5 cm. Antes de aplicá-la, o paciente deve
estar relaxado, e o calcanhar e o pé colocados em posição neutra. A tensão excessiva por meio
das tiras leva a queixas durante a atividade. É importante fazer o paciente sustentar peso por
todo o pé antes de aplicar as bandagens de fechamento finais. Deve-se tomar cuidado ao
aplicá-las na região medial, lateral ou dorsal do pé. A tensão no fluxo da bandagem é
essencial se a ruptura da pele for evitada com sua aplicação repetida.
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O uso da bandagem funcional em fasceíte plantar deve-se dar suporte ao arco longitudinal,
podendo ser de forma simples ou complexa. Na simples coloca-se 3 ou 4 faixas circularmente
em torno do pé. No complexo usa-se uma âncora em torno do pé, onde partindo da mesma
estendem-se faixas sucessivas que passam em torno do calcanhar e retornam ao ponto de
partida, podendo colocar também um acolchoamento longitudinal no arco para que a
bandagem fique mais eficaz (AGUIAR, 2012 apud PERRIN, 2008).
Ao iniciar a aplicação o ponto de partida são as âncoras, que são voltas iniciais da bandagem,
proporcionam as bases da técnica aplicada, todas as outras voltas da bandagem iniciam e
finalizam sobre as âncoras, e em seguida, é realizado os estribos, que são tiras de bandagem
que descem pela âncora, passando em volta do calcanhar e sobem pelo lado oposto da perna
(AGUIAR, 2012 apud SILVA JR, 1999).
Ainda segundo Aguiar (2012, apud Silva Jr,1999), o processo da técnica do arco longitudinal
consiste nas seguintes etapas:
Será necessário fita adesiva de três quartos e uma polegada e meia. Deve-se aplicar spray de
bandagem aderente ao longo do pé evitando os dedos, e os mesmos devem está limpos e secos
para que se tenha uma aderência com maior eficácia da fita adesiva. Paciente deve está
sentado com a perna estendida sobre a borda de uma mesa e o pé deve está relaxado.
Coloca-se uma âncora de fita adesiva ao redor da cabeça dos metatarsos, iniciando na borda
medial, na primeira articulação do hálux do pé afetado, passando por debaixo do arco
longitudinal do pé. Conforme a fita é levada para o bordo lateral do pé, deve-se utilizar a
palma da mão para estender o pé, assim finalizando a volta no dorso do pé, mas sem juntar as
duas extremidades da fita. Feito a âncora, deve iniciar o estribo.
Sobre o bordo lateral do pé é aplicado uma tira, iniciada na extremidade proximal da cabeça
do quinto metatarso e levando ao redor do calcanhar, sob a inserção do tendão de Aquiles.
Segure a tira no bordo medial, sob a cabeça do primeiro metatarso e deve pressionar a fita
contra o arco longitudinal medial.
Para certifica-se que o bordo lateral permanece numa posição neutra e relaxada, coloque a
palma da mão no quinto metatarso, com o polegar sob o segundo metatarso, o dedo médio
deve abaixar a cabeça do primeiro metatarso. Deve-se realizar com objetivo de criar um arco
longitudinal, para que se tenha uma melhor absorção de choques, e para reduzir o
esgarçamento na fáscia plantar.
Em seguida deve-se repetir o procedimento de estribo duas vezes, recobrindo a primeira
bandagem completamente. Faça outra âncora em volta da cabeça dos metatarsos.
As tiras de apoio devem ser feitas acima do estribo lateral, próximo à cabeça do quinto
metatarso. Leve a fita por baixo do pé, levando-a do bordo lateral ao bordo medial,
pressionando o pé por cima para alargar a fita. No bordo medial puxe firme para cima, para
que a fita seja presa sobre a pele, acima das tiras laterais. Esse procedimento deve ser repetido
em direção do calcanhar. Cada tira anterior deve ser recoberta pela metade da sua largura, até
que todo arco esteja coberto.
Para realizar o fechamento o paciente deve está na posição ortostática e as fitas devem ser
aplicadas sobre o dorso do pé, assim as prendendo no arco medial, puxando para cima do
bordo lateral do arco, para proporcionar um maior apoio ao arco e manter as tiras juntas.
Após o término da aplicação o fisioterapeuta deve observar se a mesma foi bem feita, pois se
o primeiro dedo estiver tracionado para dentro ou se o paciente relatar desconforto ao ficar na
posição ortostática, significa que o estribo está muito apertado, assim pode ocasionar cãibras,
e ferimentos se for colocada muito sob tendão de Aquiles e se, a bandagem não estiver bem
lisa, pode causar bolhas na planta do pé. Antes de realizar a aplicação de bandagem funcional
tem que realizar teste para verificar como a pele do paciente irá responder ao procedimento e
quando aplicado orientá-lo para observar se vai desenvolver processo alérgico no local, se
sim, tem que retirar a bandagem, caso não ocorra alergia mantem a aplicação por 4 horas.
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Devido a esses problemas que podem ocorrer, a bandagem não é aconselhável em
determinados pacientes.
O tempo de aplicação de bandagem funcional é explicado através da adaptação dos receptores
sensoriais, os mesmo se adaptam a qualquer estímulo constante, após certo período de tempo.
Quando é aplicado estímulo contínuo o receptor responde inicialmente com alta frequência de
impulso e depois com frequência progressivamente mais lenta, até que a frequência dos
impulsos do potencial de ação diminuir chegando até interromper os impulsos. Devido a esse
processo de adaptação neural que os receptores apresentam, segue o tempo de aplicação de
bandagem funcional (AGUIAR, 2012 apud GUYTON, 2002).
Técnicas Modificadas – Alternativas
Existem dois outros métodos para apoiar o arco longitudinal. Ambas iniciam e terminam da
mesma forma, sendo a diferença entre elas o modo de aplicar as tiras de apoio.
Técnica I: As tiras devem ter metade da largura da fita. Inicia-se na cabeça do
primeiro metatarso, cruzando a planta do pé, em volta do calcanhar e voltando para a
cabeça do quinto metatarso.
Técnica II: Deve-se usar tiras com metade da largura da fita, inicia-se na cabeça do
primeiro metatarso, cruzando a planta do pé, em volta do calcanhar e voltando para
cabeça do primeiro metatarso.
A aplicação de bandagem funcional no calcanhar tem sido eficaz devido à resolução da
claudicação pelo deslocamento anatômico do calcâneo em relação ao tálus. Uma outra forma,
de bandagem funcional é feita com duas tiras com aproximadamente dois centímetros de
largura, a primeira sobreposta pela segunda, é aplicada obliquamente, desde a posterior do
calcanhar até a extremidade distal da perna. Inicialmente ao andar, o paciente poderá ter
dificuldade, porém a marcha será indolor. A bandagem funcional é mantida durante 48 horas,
caso não ocorra nenhuma alteração como, por exemplo, um processo alérgico (AGUIAR,
2012 apud MULLIGAN, 2007).
3. Metodologia
O trabalho apresentado fez uso do critério da metodologia científica, o método através da
pesquisa bibliográfica, através de uma pesquisa de cunho qualitativo em bibliotecas e
publicações em fontes confirmadas. Uma pesquisa bibliográfica pode ser desenvolvida como um
trabalho em si mesmo ou constituir-se numa etapa de
elaboração de monografias, dissertações, etc. (ANDRADE,
1997)
A escolha do título foi feita através do critério de acessibilidade de bibliografias contendo o
tema abordado, para um melhor desenvolvimento da pesquisa. A coleta dos dados foram
feitas em bibliotecas através de livros e revistas, bibliografias contendo o assunto, fontes
autenticadas em bibliotecas virtuais como LILACS e BVS, dentre outros banco de dados
importantes para o desenvolvimento do trabalho.
Cronograma da leitura para o processo de iniciação à pesquisa:
Leitura prévia ou pré-leitura: procura-se o índice ou sumário, os títulos e subtítulos,
pesquisando informações sobre o assunto, e assim selecionando as obras que serão
examinadas;
Leitura seletiva: o objetivo desta leitura é verificar, mais atentamente, as obras que
contêm informações úteis para o trabalho;
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Leitura crítica/analítica: a leitura deve objetivar o entendimento do texto, que será
submetido à análise e à interpretação;
Leitura interpretativa: analisado o texto, procura-se estabelecer relações, confrontar
ideias, refutar ou confirmar opiniões (ANDRADE, 1997)
Após toda essa coleta e análise sobre o assunto abordado, foi possível desenvolver e
aprimorar o conhecimento e desenvolvimento do trabalho em questão.
4. Resultados e Discussão
Falar sobre tratamento conservador nos tempos de hoje, ainda é uma dificuldade muito
grande, pois a comprovação de resultados positivos com relação ao tratamento conservador
utilizando a bandagem funcional no tratamento da fasceíte plantar ainda é pequena.
Porém, de acordo com estudos realizados, pode-se verificar ao meio de todas as bibliografias
pesquisadas, a eficácia da bandagem funcional no alívio da dor e manutenção da amplitude de
movimento.
A aplicação de bandagem funcional no calcanhar tem sido eficaz devido à resolução da
claudicação pelo deslocamento anatômico do calcâneo em relação ao tálus (AGUIAR, 2012
apud MULLIGAN, 2007). Outro resultado positivo, encontramos na literatura de Netter
(2006), onde o mesmo relata que a maioria dos pacientes podem ser tratados
conservadoramente, mas eles devem ser advertidos de que leva de 6 a 12 meses para a
resolução dos sintomas.
A bandagem funcional promove imobilização, mantem o ganho da correção da amplitude de
movimento, evita sobrecarga nas estruturas, proporciona estabilidade e mobilidade seletiva
(BOVÉ, 2000). Ainda segundo os benefícios da bandagem funcional, David e Lloyd (2001),
confirmam em sua obra que a bandagem funcional pode ser utilizada no tratamento
conservador para o alívio da dor, aumento da amplitude de movimento e melhora na marcha.
Portanto, apesar das dificuldades encontradas para o tratamento conservador da fasceíte
plantar, existe sim a positividade na eficácia do tratamento com o uso da bandagem funcional,
apesar do tempo prolongado o resultado sempre será positivo.
Conclusão
Na atualidade falar de patologias de membros esta ficando cada vez mais comum, porém o
presente trabalho tem por objetivo principal analisar a estrutura do pé, mais precisamente a
aponeurose plantar. Umas das principais patologias, que esta ficando cada vez mais frequente
nessa estrutura do corpo humano é a fasceíte plantar, já que, hoje passamos a maior parte do
tempo em posição ortostática ou em deambulação. Atualmente, certa de 60% a 70% da
população, segundo pesquisas realizadas, sofrem de fasceíte plantar, devido ao processo de
deambulação, calçado inadequado, peso em excesso ou até mesmo posturas inadequadas.
A fasceíte plantar é um tema pouco analisado ainda, o que se torna um processo dificultoso
para a análise e estudo sobre tal patologia, sobretudo de acordo com o desenvolvimento da
pesquisa, pode-se observar que a patologia esta presente em nosso dia-a-dia, se tornando
assim um ponto positivo, pois a mesma quanto mais observada e melhor estudada melhor será
o seu processo de crescimento com relação aos procedimentos usados em seu tratamento,
tratamento esse que pode ser realizado com o beneficio do tratamento conservador.
Fica claro durante todo o percorrer do trabalho apresentado, que o tratamento da fasceíte
plantar não se pode ser somente realizado através do tratamento conservado, já que, todo
processo de melhora e ganho de função deve ser sempre associado a outro tipo de tratamento.
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Tratamentos esses que poderão ser cirúrgicos, medicamentosos, ou até mesmo associados a
outros métodos conservadores, como a eletroterapia, a cinesioterapia, etc. Mas logo, é sim, de
suma importância a cada término desses tratamentos, associar a bandagem funcional, para
assim, evitar o risco da perda de todo ganho de função durante os intervalos de uma sessão a
outra.
Portanto, a bandagem funcional no uso da fasceíte plantar, é de suma importância para se
manter a mobilidade do pé lesionado e até mesmo amenizar cada vez mais partes dolorosas
dessa estrutura anatômica. Como já bem aborda o tema, após um longo processo de
tratamento conservador, com alongamentos e exercícios, ocorre o ganho da melhora de tal
patologia, mais para manter esse ponto positivo é necessário o uso da bandagem funcional por
um certo período de tempo, mantendo por tempo prolongado os resultados positivos desse
tratamento.
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