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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E
AMBIENTAL
Jardênia Rodrigues Feitosa
INDICADORES DE QUALIDADE DE ARGISSOLO SOB CULTIVO ORGÂNICO DE VIDEIRA DE VINHO NA REGIÃO DO SUBMÉDIO
SÃO FRANCISCO
Juazeiro – BA 2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E
AMBIENTAL
Jardênia Rodrigues Feitosa
INDICADORES DE QUALIDADE DE ARGISSOLO SOB CULTIVO ORGÂNICO DE VIDEIRA DE VINHO NA REGIÃO DO SUBMÉDIO
SÃO FRANCISCO
Trabalho apresentado a Universidade Federal do Vale do São Francisco- UNIVASF, Campus Juazeiro, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental. Orientador: Profª. DSc. Nelci Olszevski
Juazeiro – BA 2011
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF
Feitosa, Jardênia Rodrigues.
F311i Indicadores de qualidade de Argissolo sob cultivo orgânico de videira de vinho na região do submédio São Francisco / Jardênia Rodrigues Feitosa. – Juazeiro, 2011.
85 f. : il.: 29 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Agrícola e Ambiental) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro-BA, 2011.
Orientador (a): DSc. Nelci Olszevski.
1. Uva - cultivo orgânico. 2. Vitivinicultura – Vale do São
Francisco (Brasil) . 3. Solos. Título. II. Olszevski, Nelci.
CDD 634.8
Aos meus pais Antonia Marly A. Feitosa e
Joaquim Rodrigues N. de Alencar e irmã Isabel
Cristina Rodrigues Feitosa.
AGRADECIMENTOS
A Deus por todas as oportunidades a mim concedidas.
Aos meus pais pelo incentivo, paciência e confiança; por me permitirem estar aqui e
estarem sempre comigo independentemente da distância;
A minha irmã por todas as vezes que me mandou manter a calma, pelas inúmeras
técnicas criadas para isso e, pelo companheirismo.
A Prof. DSc. Nelci Olzevski, pela orientação durante os anos de iniciação científica,
paciência e conselhos; pelo conhecimento compartilhado e, pelo trabalho que dei.
A DSc. Alessandra Monteiro S. Mendes pela co-orientação e inúmeras contribuições
para a realização deste trabalho e, por todos os emails respondidos em pleno
domingo.
Ao Prof. DSc. Jorge Wilson Cortez pela sua contribuição na minha formação
acadêmica e na iniciação científica.
À UNIVASF e a todos os professores do Colegiado de Engenharia Agrícola e
Ambiental.
Ao CNPQ pela concessão da bolsa de Iniciação Científica.
As minhas amigas Mayara e Juliana por serem parte essencial de tudo isto, por me
agüentarem todo esse tempo e, por todos os momentos que vivemos e ainda
viveremos juntas.
Aos meus amigos Nyegirton, Tárcio, Daniel, Naedja, Rosemary, Daniela, Josenara e
Larissa e, a todos os meus colegas, pelo companheirismo durante os anos de
faculdade.
Aos amigos, Elton, Olavo e Hideo, que foram importantes em diferentes momentos
destes cinco anos.
A Izanete Bianchetti Tedesco e Ineldo Tedesco, por permitirem a realização do
experimento na área da Adega Bianchetti.
E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho.
Diante de mim havia duas estradas
Escolhi a estrada menos percorrida
E isso fez toda a diferença.
Robert Frost
FEITOSA, J. R. Indicadores de qualidade de Argissolo sob cultivo orgânico de
videira de vinho na região do submédio São Francisco. 2011. 85 f. Monografia,
Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Juazeiro-BA.
RESUMO
A vitivinicultura é uma atividade em expansão no Vale do São Francisco e que requer a utilização de solos de boa qualidade, cujas propriedades físicas, químicas e biológicas garantam o bom desenvolvimento e a alta produtividade da cultura. O sistema orgânico de cultivo é apontado como uma das práticas capazes de aliar a produtividade à sustentabilidade agrícola, proporcionando a conservação e melhoria da qualidade do solo. Para tanto, requer a realização de estudos que contribuam para a definição de estratégias adequadas à região. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do cultivo orgânico nas características de um Argissolo Amarelo, ao longo de um ano de cultivo com videira de vinho na região do submédio São Francisco. Foram avaliados indicadores físicos e químicos do solo, tais como a estabilidade de agregados, a densidade do solo e o teor de matéria orgânica. O experimento foi desenvolvido em área pertencente à Adega Bianchetti Tedesco Ltda., localizada no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho, onde foram coletadas amostras de solo deformadas e inderformadas, na linha e entrelinha de cultivo e, em área de pousio, nas profundidades de 0,0-0,10, 0,10-0,20, 0,20-0,30 e 0,30-0,60 m. As coletas foram realizadas aos seis e doze meses após a implantação da cultura e, as amostras utilizadas na avaliação dos indicadores de qualidade do solo, sendo os resultados obtidos submetidos à análise estatística. A adoção do cultivo orgânico de videira contribuiu para o processo de agregação do solo, obtendo-se após um ano de cultivo, maiores diâmetros de agregados e índice de estabilidade, que aos seis meses após a implantação da cultura. As médias de densidade e porosidade do solo não diferiram significativamente entre as avaliações, entretanto, encontraram-se entre os limites críticos para solos arenosos agricultáveis. Foram encontrados maiores teores de matéria orgânica para a área de pousio, ocorrendo redução em todas as áreas no decorrer do período avaliado, provavelmente, devido a altas taxas de oxidação encontradas na região. A floculação das argilas do solo, não exerceu grande influência na formação de agregados, sendo este processo influenciado principalmente pela matéria orgânica. O período de um ano foi considerado curto, para a obtenção de resultados conclusivos quanto a melhoria da qualidade do solo pelo cultivo orgânico, esperando-se obter resultados mais significativos em avaliações posteriores. Palavras - chave: cultivo orgânico, estabilidade de agregados, matéria orgânica do solo, vitivinicultura
FEITOSA, J. R. Quality indicators Ultisol under organic cultivation of wine
grapes in the region of submedium San Francisco. 2011. 85 f. Monografia,
Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Juazeiro-BA.
ABSTRACT
Viticulture is an expanding activity in the San Francisco Valley and which requires the use of good-quality soil, whose physical, chemical and biological ensure the proper development of culture and high productivity. The organic system of cultivation is considered one of the practices that can combine the productivity of agricultural sustainability, providing the conservation and improvement of soil quality. To this end, requires conduct studies that help to define appropriate strategies for the region. In this sense, the objective of this study was to evaluate the effects of organic cultivation in the characteristics of a Yellow Ultisol over a year of cultivation with wine grapes in the region of submedium San Francisco. We evaluated physical and chemical indicators of soil such as aggregate stability, soil bulk density and organic matter content. The experiment was conducted at the Cellar belonging Bianchetti Tedesco Ltda., located in the district of Senator Nilo Coelho Irrigation, where soil samples were collected deformed and undisturbed, line spacing and cultivation and fallow area at depths of 0,0-0,10, 0,10-0,20, 0,20-0,30 and 0,30-0,60 m. Samples were collected at six and twelve months after the implementation of culture, and the samples used in the evaluation of soil quality indicators, and the results submitted to statistical analysis. The adoption of organic cultivation of grapes contributed to the process of soil aggregation, resulting in after a year of cultivation, larger diameters and aggregate stability index, which for six months after the implementation of culture. The mean density and soil porosity did not differ significantly between assessments, however, found among the critical limits for agricultural sandy soils. We found higher levels of organic matter to the fallow, leading to a reduction in all areas during the study period, probably due to high oxidation rates found in the region. The flocculation of soil clays did not exert great influence in the formation of aggregates, this process is influenced mainly by organic matter. The period of one year was considered too short to obtain conclusive results as to improve the quality of soil organic farming, is expected to get more significant results in subsequent reviews. Keywords: organic cultivation, aggregate stability, soil organic matter, viniculture
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Cultivo orgânico de videira de vinho – Fazenda Adega Bianchetti ............. 35
Figura 2. Tamisamento úmido em aparelho de Yooder ............................................ 38
Figura 3. Densidade do solo pelo método da proveta. .............................................. 40
Figura 4. DMP nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 43
Figura 5. DMG nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 44
Figura 6. DMP nos diferentes locais e profundidades doze meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 46
Figura 7. DMG nos diferentes locais e profundidades doze meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 47
Figura 8. IEA nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 49
Figura 9. IEA nos diferentes locais e profundidades doze meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 50
Figura 10. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de
tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos seis meses
após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 53
Figura 11. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de
tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos doze
meses após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 54
Figura 12. DS nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 55
Figura 13. DS nos diferentes locais e profundidades doze meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 56
Figura 14. PT nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 59
Figura 15. PT nos diferentes locais e profundidades doze meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 59
Figura 16. IF nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 62
Figura 17. IF nos diferentes locais e profundidades doze meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 63
Figura 18. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de
coleta seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas:
comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras
maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento.
Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a
1% de probabilidade. ........................................................................................ 65
Figura 19. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de
coleta doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas:
comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras
maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento.
Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a
1% de probabilidade. ........................................................................................ 66
Figura 20. Ca2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 70
Figura 21. Ca2+ nos diferentes locais de coleta e profundidades doze meses
após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 71
Figura 22. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 72
Figura 23. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após a
implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 73
Figura 24. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após
a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 75
Figura 25. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após
a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os
tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre
as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 75
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição granulométrica em diferentes profundidades do
Argissolo Amarelo, após revolvimento. ............................................................. 36
Tabela 2. Comparação entre os dados meteorológicos referentes aos meses
que antecederam a coleta das amostras de solo. ............................................. 36
Tabela 3. Análise química do composto orgânico aplicado na área cultivada. ......... 37
Tabela 4. Comparação das médias de DMP entre as duas épocas de coleta
nos locais e profundidades avaliados. .............................................................. 47
Tabela 5. Comparação das médias de DMG entre as duas épocas de coleta
nos locais e profundidades avaliados. .............................................................. 48
Tabela 6. Comparação das médias de IEA entre as duas épocas de coleta nos
locais e profundidades avaliados. ..................................................................... 50
Tabela 7. Comparação das médias de densidade do solo ( ) entre as duas
épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 58
Tabela 8. Comparação das médias de porosidade total ( ) entre as duas
épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 60
Tabela 9. Comparação das médias do índice de floculação (IF) entre as duas
épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 64
Tabela 10. Comparação das médias do teor de matéria orgânica entre as duas
épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 67
Tabela 11. Comparação das médias do teor de cálcio (Ca2+) entre as duas
épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 71
Tabela 12. Comparação das médias do teor de magnésio (Mg2+) entre as duas
épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 74
Tabela 13. Comparação das médias do teor de sódio (Na+) entre as duas
épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 76
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 17
2.1. VITIVINICULTURA NO BRASIL ................................................................................... 17
2.1.1. VITIVINICULTURA NO VALE DO SÃO FRANCISCO .................................................... 18
2.2. AGRICULTURA ORGÂNICA ....................................................................................... 19
2.2.1. VITICULTURA ORGÂNICA ...................................................................................... 21
2.3. O SOLO COMO SUPORTE PARA A PRODUÇÃO AGRÍCOLA. ........................................... 23
2.4. QUALIDADE DO SOLO ............................................................................................. 24
2.5. INDICADORES FÍSICOS ............................................................................................ 26
2.5.1. ESTABILIDADE DE AGREGADOS ............................................................................ 27
2.5.2. DENSIDADE DO SOLO .......................................................................................... 28
2.5.3. POROSIDADE TOTAL ............................................................................................ 29
2.6 INDICADORES QUÍMICOS .......................................................................................... 31
2.6.1 MATÉRIA ORGÂNICA ............................................................................................. 31
2.6.2. ATRIBUTOS QUÍMICOS ......................................................................................... 32
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................. 35
3.1. CARACTERIZAÇÃO DO EXPERIMENTO E COLETA DE AMOSTRAS .................................. 35
3.2. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DOS AGREGADOS ....................................................... 37
3.3. DENSIDADE DO SOLO, DENSIDADE DE PARTÍCULAS E POROSIDADE TOTAL. ................. 39
3.4. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA, ARGILA DISPERSA EM ÁGUA, ÍNDICE DE FLOCULAÇÃO E
ÍNDICE DE DISPERSÃO. .................................................................................................. 41
3.5. TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA E ATRIBUTOS QUÍMICOS. ............................................. 42
3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................ 42
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 43
4.1. AGREGAÇÃO DO SOLO............................................................................................ 43
4.2. DENSIDADE DO SOLO E POROSIDADE TOTAL ............................................................ 55
4.3. ÍNDICE DE FLOCULAÇÃO ......................................................................................... 61
4.4. TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA ................................................................................. 64
4.5. TEORES DE CÁLCIO, MAGNÉSIO E SÓDIO .................................................................. 69
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 78
15
1. INTRODUÇÃO
Dentre as atividades agrícolas realizadas no Brasil, a viticultura merece
destaque pela importância econômica adquirida nas últimas décadas. Essa atividade
consiste na produção de uvas destinadas ao consumo in natura, e ao
processamento visando à produção de vinhos, sucos e outros produtos, destinados
ao consumo interno e às exportações.
A produção brasileira de uvas ocorre em várias regiões, com destaque para
as regiões Sul, Sudeste e Nordeste, desenvolvendo-se em condições
edafoclimáticas diversas. Na região Nordeste, concentra-se no Vale do São
Francisco, que atualmente é considerada a principal região vitícola tropical do país,
destacando-se pela produção de uvas para consumo in natura (incluindo uvas sem
semente), e mais recentemente, pela produção de uvas destinadas a fabricação de
vinhos (vitivinicultura).
A vitivinicultura do Vale do São Francisco encontra-se em expansão e, assim
como a produção de uvas de mesa, tem se adaptado bem a região, que apresenta
vantagens como a possibilidade de se obter até duas safras por ano, a
disponibilidade de água, os altos rendimentos obtidos, a qualidade das uvas
produzidas e os investimentos em pesquisa e formação de profissionais
capacitados.
Como qualquer atividade agrícola, a vitivinicultura requer a utilização de solos
de boa qualidade, que reúnam as características físicas, químicas e biológicas
necessárias à garantia de uma alta produtividade. No entanto, a intensa utilização
dos solos no cultivo, contribui para a sua degradação, ocasionada principalmente
pelo intenso preparo e pelo manejo inadequado.
Além disso, alguns solos requerem a adoção de práticas que proporcionem a
melhoria de sua qualidade dinâmica, possibilitando o desenvolvimento satisfatório
das culturas e, ao mesmo tempo, a conservação das suas características. Uma das
alternativas que podem ser utilizadas com este propósito é a adoção do cultivo
orgânico, que tem como princípio a adição contínua de matéria orgânica ao solo e a
não utilização de agroquímicos, tais como fertilizantes industriais e agrotóxicos.
Na agricultura orgânica a adição de matéria orgânica é a prática responsável
pela manutenção da fertilidade do solo: do ponto de vista químico, por meio da
16
disponibilização de nutrientes às plantas; do ponto de vista físico, por atuar na
melhoria da estrutura do solo por meio da agregação das partículas e, conseqüente
melhoria da aeração, infiltração e retenção de água; e do ponto de vista biológico,
por favorecer o aumento da diversidade e atividade microbiana no solo, importante
para os processos de ciclagem dos nutrientes.
Por outro lado, o recente aumento da preocupação com as questões
ambientais e a necessidade de fornecimento de alimentos de alta qualidade,
condicionou a expansão do mercado de produtos orgânicos, surgindo a necessidade
de se aprimorar este setor produtivo de modo a atender às novas demandas.
No Vale do São Francisco, onde as condições edafoclimáticas incluem altas
temperaturas, altos níveis de radiação solar, chuvas irregulares, e solos muitas
vezes, arenosos, a incorporação de matéria orgânica ao solo por meio da adoção do
sistema de cultivo orgânico, surge como uma alternativa às práticas convencionais
de cultivo, possibilitando ao mesmo tempo a melhoria e conservação das
propriedades do solo e, a abertura de novos mercados aos produtos da fruticultura
local.
Com base nisto, objetivou-se com este trabalho, avaliar os efeitos do cultivo
orgânico em características de um Argissolo Amarelo, ao longo de um ano de cultivo
com videira de vinho na região do submédio São Francisco, buscando-se contribuir
com a caracterização da dinâmica dos processos ocorridos no solo, a partir da
adoção desse sistema.
17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Vitivinicultura no Brasil
A videira foi introduzida no Brasil em 1532, pelos colonizadores portugueses
no atual estado de São Paulo, expandindo-se posteriormente para outras regiões do
País (PROTAS et al.,2008). Entretanto, a viticultura tornou-se uma atividade
economicamente significativa somente a partir de 1875, com a colonização italiana
no Rio Grande do Sul (ROSA; SIMÕES, 2004).
De acordo com o IBGE, em 2009 a área ocupada pela viticultura no Brasil era
de 81.677 hectares, dos quais 59.227 ha situavam-se na região Sul, 12.129 ha na
região Sudeste e 9.939 na região Nordeste (IBGE, 2011).
O Brasil apresenta pólos vitícolas com características diferenciadas devido à
diversidade das condições ambientais existentes ao longo de seu território. Existem
pólos com viticultura característica de regiões temperadas, pólos em áreas
subtropicais e aqueles em que se desenvolve a viticultura tropical. Esta última,
começou a se desenvolver a partir da década de 1960 com a instalação de vinhedos
comerciais na região do Vale do São Francisco (PROTAS et al., 2008).
A produção de uvas brasileira é destinada ao processamento para fabricação
de vinhos, suco de uva e derivados e, para o consumo in natura. Dados da Embrapa
Uva e Vinho apontam que em 2010, 43,07 % da uva produzida no Brasil foi
destinada ao processamento, sendo o restante destinado ao consumo in natura
(MELLO, 2011).
A produção de vinhos, sucos de uva e derivados da uva e do vinho,
concentra-se principalmente no Rio Grande do Sul, responsável pela elaboração de
cerca de 330 milhões de litros de vinho e de mosto por ano, representando 95% da
produção nacional (PROTAS et al., 2008).
A maior parte dos fabricantes nacionais de vinho localiza-se na região do Vale
dos Vinhedos, Rio Grande do Sul. O restante encontra-se no Vale do São Francisco,
na região de São Roque, em São Paulo e, nas regiões de Caldas em Minas Gerais e
do Vale do Rio do Peixe em Santa Catarina (ROSA; SIMÕES, 2004).
18
2.1.1. Vitivinicultura no Vale do São Francisco
O Vale do São Francisco, situado no trópico semiárido brasileiro, em latitude
9º S, longitude 40º W e altitude de aproximadamente 350 m, é a principal região
vitícola tropical do Brasil, apresentando cerca de 8.000 hectares de vinhedos
distribuídos entre os estados da Bahia e de Pernambuco (PROTAS et al., 2008).
A região produz cerca de 170 mil toneladas de uva por ano, provenientes de
pequenos produtores geralmente associados em cooperativas, e de médios e
grandes produtores que atuam em escala empresarial (PROTAS et al., 2008).
Entre as vantagens competitivas do Vale do São Francisco apontadas pelo
Banco do Nordeste, estão: mão-de-obra abundante, infraestrutura de irrigação
implantada e em expansão, proximidade com os mercados europeu e norte-
americano; ciclo produtivo precoce e alta produtividade (VITAL, 2009).
O cultivo da uva para produção de vinhos teve início no município de Floresta-
PE por volta de 1950, expandindo-se posteriormente para Santa Maria da Boa Vista.
No início dos anos 80 iniciou-se, em Santa Maria da Boa Vista, a fabricação de
vinhos finos com uvas produzidas na Fazenda Millano, pertencente ao Grupo
Pérsico-Pizzamigli, que lançou no mercado o Vinho Botticelli (VITAL, 2009).
De acordo com levantamento realizado por Vital (2009), a região do Vale do
São Francisco conta com oito vitivinícolas, as quais apresentam origens e situações
diferenciadas. São elas: Vinícola Vale do São Francisco Ltda.; Adega Bianchetti
Tedesco Ltda.; Vitivinícola Lagoa Grande Ltda.; Vinibrasil; Ducos Vinícola Comércio
Indústria e Exportação Ltda; Ouro Verde Ltda; Vitivinícola Vale do Sol Ltda; e
Indústria e Comércio de Bebidas Rodrigues da Silva Ltda. Tais empresas estão
distribuídas nos municípios pernambucanos Santa Maria da Boa Vista, Lagoa
Grande e Petrolina, e no município baiano Casa Nova.
O Sistema Produtivo do Vinho do Vale do São Francisco encontra-se em
processo de consolidação, encontrando barreiras como a concentração do mercado
interno de vinhos na região Sul e Sudeste, os baixos preços dos produtos
importados e a baixa divulgação, que embora tenha melhorado, ainda é tênue
(VITAL, 2009).
19
Ainda assim, os vinhos do Vale do São Francisco vêm sendo divulgados por
meio da participação em concursos no país e no exterior, divulgação em revistas
especializadas e em feiras, além do enoturismo. Destaca-se ainda a obtenção de
selos de reconhecimento internacional que facilitam a abertura do mercado, tais
como o adquirido pela empresa Adega Bianchetti, cujos vinhos possuem o selo IBD
da Associação de Certificação Instituto Biodinâmico, que certifica produtos orgânicos
e biodinâmicos no país e possui reconhecimento internacional (VITAL, 2009).
2.2. Agricultura orgânica
De acordo com a Lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003 considera-se
sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotem técnicas
específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos
disponíveis (BRASIL, 2003). Tal sistema deve ter por objetivo a sustentabilidade
econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, redução da
dependência de energia não-renovável, empregando métodos culturais, biológicos e
mecânicos.
O sistema de produção orgânica apresenta as seguintes finalidades conforme
a Lei acima citada:
Oferecer produtos saudáveis isentos de contaminantes;
Preservar a diversidade biológica dos ecossistemas naturais e recompor ou
incrementar a diversidade biológica do ecossistema modificado em que o
sistema de produção está inserido;
Incrementar a atividade biológica do solo;
Promover o uso saudável desse recurso, bem como da água e do ar,
reduzindo ao mínimo a contaminação destes ocasionada pelas práticas
agrícolas;
Manter ou incrementar a fertilidade do solo no longo prazo;
Reciclar resíduos de origem orgânica, de modo a reduzir o uso de recursos
não-renováveis;
20
Na agricultura orgânica, a unidade de produção é tratada como um organismo
integrado com a flora e a fauna. Um de seus princípios básicos consiste em tratar o
solo como um organismo vivo, adotando-se um manejo que privilegia práticas que
garantam o fornecimento constante de matéria orgânica ao solo por meio do uso de
adubos verdes, cobertura morta e aplicação de composto orgânico. Estas práticas
estimulam os componentes vivos e favorecem os processos biológicos responsáveis
pela construção da fertilidade do solo (RICCI; NEVES, 2006).
Nesse tipo de sistema de produção os insumos tecnológicos são substituídos
por processos biológicos. A monocultura, por exemplo, que está apoiada na
utilização de fertilizantes químicos e agrotóxicos, dá lugar na produção orgânica à
rotação de culturas, diversificação, uso de bordaduras, consórcios, entre outros
(RICCI; NEVES, 2006).
Admite-se ainda, que a fertilidade do solo é função direta da matéria orgânica
nele presente e que, os elementos químicos e minerais necessários ao
desenvolvimento vegetal são disponibilizados por meio da atividade de
microrganismos presentes nos compostos biodegradáveis já existentes, ou
adicionados ao solo (ORMOND, 2002).
Mazzoleni e Nogueira (2006), analisando a cadeia de produção orgânica
concluíram que 97% dos estabelecimentos que possuem certificação quanto a esse
sistema utilizam as práticas da adubação verde e da cobertura do solo e, cerca de
73% destas propriedades utilizam equipamentos de preparo do solo, o que contribui
para elevar a eficiência da mão-de-obra.
O uso da adubação verde ou de plantas de cobertura, na entressafra, por
exemplo, contribui para o controle da erosão e oferece proteção ao solo, recicla
nutrientes, evita perdas ocasionadas pela lixiviação e melhora as propriedades
físicas do solo (ROEL, 2002).
Os fertilizantes necessários à produção agrícola orgânica podem ser obtidos
utilizando técnicas de compostagem e de produção de biofertilizantes, as quais
baseiam-se na decomposição da matéria orgânica vegetal e animal. Já, o manejo
das pragas é feito através do monitoramento periódico e aplicação de medidas
corretivas quando necessário, sendo estas, a aplicação de inseticidas naturais feitos
a base de plantas, controle biológico, entre outras alternativas (ROEL, 2002).
As técnicas usadas na agricultura orgânica buscam mobilizar de forma
harmônica os recursos disponíveis na unidade de produção, baseado na reciclagem
21
de nutrientes e maximização do uso de insumos gerados in loco. Procura-se obter
ainda, uma redução do impacto ambiental e da poluição, ao mesmo tempo em que
são produzidos alimentos de alta qualidade (ROEL, 2002). O cultivo orgânico é
considerado uma das formas de melhorar a qualidade do solo (LIMA, C. et al.,
2007).
A fruticultura orgânica no Brasil, ainda se encontra incipiente, o que explica a
oferta geralmente irregular dos produtos. No entanto, este mercado vem crescendo
com taxa média anual de 22,5%. Já a demanda internacional por produtos orgânicos
cresce cerca de 40% ao ano. Banana, acerola e laranja (suco) estão entre as
principais frutas orgânicas brasileiras exportadas (BORGES; SOUZA, 2005).
Martins et al. (2006) afirma que o sistema de produção orgânica é importante
para o Brasil, por visar a sustentabilidade econômica agregada aos benefícios
sociais, podendo assim contribuir para o abastecimento, além de incrementar a
pauta de exportações.
O crescimento da demanda pelos produtos orgânicos ocorre devido não
apenas a busca por produtos saudáveis, mas também por aqueles produzidos em
sistemas que busquem a conservação das condições físicas, químicas e biológicas
do solo além de outros aspectos (BORGES, et al., 2003).
Trata-se de um sistema economicamente viável que resgata práticas antigas
e o conhecimento empírico de populações rurais, empregando tecnologias
modernas, eficazes e não agressivas ao meio ambiente, melhorando a qualidade de
vida do produtor, bem como da população urbana (ROEL, 2002).
Do ponto de vista governamental, a agricultura orgânica é uma oportunidade
para a formulação de políticas públicas que poderiam, por exemplo, induzir ao
desenvolvimento do setor por meio da capacitação e incentivo à prática da
agricultura orgânica por agricultores familiares (MAZZOLENI; NOGUEIRA, 2006).
2.2.1. Viticultura orgânica
A viticultura orgânica consiste em um sistema de plantio de uvas baseado não
apenas na planta, mas no gerenciamento racional e sua interação com a fauna e a
22
flora do ambiente, sendo de fundamental importância o respeito aos ciclos biológicos
(BOLONHEZ, 2009).
A viticultura orgânica foi oficialmente e legalmente reconhecida na França, em
1982, devido a pressões do mercado e de produtores adeptos da prática na época.
Consiste basicamente na proibição do uso de pesticidas, fungicidas e fertilizantes
sintéticos no cultivo das uvas, e preocupa-se principalmente com o solo
(BOLONHEZ, 2009).
Procura-se fomentar as atividades microbiológicas do solo e evitar que
substâncias não derivadas diretamente da natureza sejam adicionadas a ele. Os
produtores da vitivinicultura orgânica têm como argumento importante o respeito à
saúde do consumidor, principalmente no que diz respeito a não existência de
pesticidas residuais no vinho (BOLONHEZ, 2009).
O vinho produzido a partir da matéria prima oriunda desse sistema é
rotulado como “vinho produzido a partir de uvas cultivadas organicamente”
(VITICULTURA..., 2010).
A viticultura orgânica está mostrando cada vez mais aceitação e procura na
França, conhecida pelo seu tradicionalismo. Em 2010 a área dedicada ao cultivo de
uvas orgânicas nesse país aumentou cerca de 40% em relação a 2009. O número
de vinícolas orgânicas atingiu cerca de 31%, enquanto o números daquelas que
deram início ao processo para se tornarem orgânicas chegou aos 72%
(VITICULTURA..., 2010).
De acordo com Camargo et al. (2011), a produção orgânica de uvas no Brasil
ainda é pequena, sendo em grande parte proveniente da agricultura familiar,
dispondo-se de poucas informações consistentes sobre a mesma. No Rio Grande do
Sul, dados extraoficiais apontam que a produção orgânica de uvas no estado, ocupa
em 2011, uma área de 517 ha, com uma produção de cerca de 7.000 toneladas.
No Vale do São Francisco, já existem empresas instaladas com o intuito de
produzir somente uvas orgânicas, como por exemplo, o Grupo Carrefour
(CARNEIRO; COELHO, 2007). Destaca-se ainda a Adega Bianchetti, que em 2004
transformou todo o seu cultivo de uvas convencional em orgânico, adquirindo a
certificação para produtos orgânicos do IBD – Associação de Certificação Instituto
Biodinâmico, lançando em 2008, os primeiros vinhos e espumantes produzidos a
partir de uvas orgânicas no Nordeste (OS VINHOS..., 2011).
23
2.3. O solo como suporte para a produção agrícola.
O solo é um dos recursos naturais mais estudados, principalmente devido a
sua grande diversidade de características e dinamicidade e, pela sua importância
não apenas do ponto de vista agrícola, mas também como suporte para a
construção civil e inúmeros outros usos.
De acordo com Pedrotti e Mélo Junior (2009), do ponto de vista pragmático de
produção agrícola, solo é definido como o meio natural onde os vegetais se
desenvolvem. De fato, o solo é um dos principais suportes à produção agrícola,
sendo o seu comportamento determinado por um conjunto complexo de fatores
físicos químicos e biológicos, submetidos à ação do clima, e que estão
constantemente interagindo entre si.
Na perspectiva agrícola um solo ideal para a agricultura é composto por 45%
de material mineral, 5% de material orgânico e 50 % de espaço poroso, sendo
metade deste preenchido com água e metade preenchido com ar. No entanto, cada
local apresenta solos com propriedades únicas determinadas pelo resultado dos
processos de formação (GLIESSMAN, 2002).
Para Pedrotti e Mélo Júnior (2009) o solo ideal para a agricultura deve ser
bem drenado; possuir volume adequado de poros; não ser severamente ácido ou
alcalino; não apresentar impedimentos físicos ou químicos e ser capaz de suprir as
plantas com nutrientes livres de elementos tóxicos. Aconselha-se ainda que tenha
um teor moderado de matéria orgânica.
Nas regiões tropicais e subtropicais a intemperização por fatores climáticos é
intensa e, quando submetidos ao uso indevido, os solos podem perder sua
capacidade produtiva. Dentre os principais problemas que restringem o uso agrícola
estão a alta susceptibilidade a erosão, a mineralização acelerada da matéria
orgânica, a acidificação, a redução da fertilidade, dentre outros (PEDROTTI; MÉLLO
JÚNIOR, 2009).
24
2.4. Qualidade do solo
A qualidade do solo está relacionada com sua capacidade em desempenhar
funções capazes de interferir na produtividade de plantas e de animais e no
ambiente (LIMA, C. et al., 2007) e, é uma combinação de propriedades físicas,
químicas e biológicas que fornece os meios para a produção animal e vegetal, para
regular o fluxo de água no ambiente e para atuar como filtro ambiental na atenuação
e degradação de componentes ambientalmente danosos ou perigosos (SOUZA et
al., 2003).
Karlen et al. (1997) apresentam duas concepções por meio das quais o
processo de avaliação da qualidade do solo pode ser organizado. A primeira
concepção trata a qualidade como uma característica inerente a cada solo
determinada pelos processos de formação. Assim, cada solo possui habilidade
natural pra desempenhar suas funções que é definida por um conjunto de fatores
que refletem seu máximo potencial.
A segunda concepção assume que o solo apresenta excelente qualidade
quando está funcionando de acordo com o seu máximo potencial para determinado
uso. Quando isto não ocorre, o potencial do solo pode ter sido alterado pelo uso ou
manejo, ou ele naturalmente apresenta baixa qualidade (KARLEN et al., 1997).
Independentemente da concepção adotada, duas questões devem ser
respondidas: qual é a função desempenhada pelo solo; e quais indicadores são
adequados para se fazer a avaliação (KARLEN et al, 1997).
Doran e Parkin (1994) apud Araújo et al. (2007) afirmam que a qualidade do
solo pode ser medida por meio da quantificação de alguns atributos, ou seja,
propriedades químicas, físicas e biológicas que possibilitem o monitoramento de
mudanças ao longo do tempo.
Tal monitoramento, que deve ser orientado de modo a identificar mudanças
mensuráveis em período longo de tempo, pode ser feito na propriedade agrícola ou
em áreas mais abrangentes como a microbacia hidrográfica. Para tanto, podem ser
estabelecidos índices de qualidade do solo, os quais procuram facilitar a
comparação entre solos nativos e aqueles já modificados pelo uso (ARAÚJO et al.,
2007).
25
Um índice de qualidade do solo (IQS) é constituído por um conjunto de
propriedades do solo e deve ser capaz de elucidar processos do ecossistema e
relacioná-los a processos-modelos; integrar propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo e seus respectivos processos; ser acessível e aplicável às
condições de campo; sensível a variações de manejo e clima ao longo do tempo;
entre outros aspectos (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).
O estabelecimento do IQS é importante para identificar problemas de
produção nas áreas agrícolas, fazer estimativas realistas da produção de alimentos,
monitorar mudanças na sustentabilidade e qualidade ambiental em relação ao
manejo agrícola, além de orientar a formação de políticas públicas voltadas para o
uso sustentável do solo (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009)
Os indicadores de qualidade do solo usados na obtenção desses índices
podem ser divididos em três grupos: indicadores efêmeros, que podem sofrer
alterações em curto espaço de tempo ou são modificados pelo manejo (umidade do
solo, densidade, pH, disponibilidade de nutrientes); os permanentes, que são
inerentes ao solo (profundidade, textura, mineralogia e camadas restritivas); e os
indicadores intermediários, considerados os mais importantes na avaliação da
qualidade do solo por exercerem grande influência na capacidade deste para
desempenhar suas funções (agregação, biomassa microbiana, quociente
respiratório, carbono orgânico total e ativo) (ISLAM; WEIL, 2000). Podem ser
classificados ainda em indicadores físicos, químicos e biológicos.
A escolha dos indicadores a serem utilizados em determinada situação
depende da finalidade com a qual está se realizando a avaliação. Por exemplo, uma
avaliação voltada para a produção de uma cultura pode incluir indicadores físicos e
químicos diferentes daquela voltada para a análise da susceptibilidade a erosão
(PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009).
O uso adequado dos indicadores de qualidade do solo permite identificar se o
manejo dado a área está contribuindo para melhor ou para pior em termos de
manejo sustentável e fazer a identificação inicial do problema. Quando a degradação
do solo for indicada, torna-se necessário implementar práticas de manejo que
melhorem a qualidade do solo, sejam benéficas ao meio ambiente e ao mesmo
tempo lucrativas. A qualidade do solo é inseparável da sustentabilidade agrícola
(PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009).
26
2.5. Indicadores físicos
De acordo com Reinert et al. (2006), a qualidade física do solo depende de
sua composição ou de características intrínsecas como a profundidade efetiva, a
mineralogia e a textura, assim como de características que variam com o tempo. A
profundidade efetiva, a mineralogia e a textura são aspectos importantes na
comparação entre diferentes sítios, enquanto as propriedades dinâmicas do solo são
importantes para detectar efeitos de sistemas de manejo ao longo do tempo no
mesmo sítio.
Gomes e Filizola (2006) afirmam que do ponto de vista agrícola os
indicadores físicos adquirem importância pela sua relação com processos
hidrológicos, tais como taxa de infiltração, escoamento superficial, drenagem e
erosão, além de possuir função essencial no armazenamento de água, nutrientes e
oxigênio no solo.
Um dos principais parâmetros utilizados para avaliar a qualidade do solo é a
sua estrutura (PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009). Sua avaliação pode ser feita por
meio de determinações indiretas (quantidade de agregados estáveis em água ou a
seco, ou a resistência dos agregados a chuva simulada), ou por determinações
diretas por meio de parâmetros como a densidade do solo, porosidade, índices de
floculação e infiltração de água no solo (MENDES et al., 2006).
A estrutura do solo consiste no arranjamento de suas partículas e do espaço
poroso entre elas, incluindo ainda a forma, tamanho e arranjamento dos agregados
formados. Do ponto de vista agrícola, a estrutura é considerada uma das
propriedades mais importantes por ser fundamental no estabelecimento das
relações solo-planta. De maneira geral, quanto mais bem agregado for o solo,
melhor é a distribuição de poros no perfil, e consequentemente melhor é a
percolação de água e as trocas gasosas (PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009).
A estrutura é bastante afetada pelo manejo dado ao solo, principalmente
pelas operações de preparo as quais inicialmente proporcionam um aumento da
porosidade e redução da densidade, mas que também podem levar a ocorrência de
processos de compactação. Essas alterações podem influenciar a produtividade das
culturas.
27
A resistência do solo em manter a forma atual ou adquirida ao longo do tempo
é que define a estabilidade estrutural, a qual pode ser elevada pela manutenção da
cobertura vegetal, aumento da atividade microbiológica e do teor de matéria
orgânica (REINERT et al., 2006). Esta se relaciona de forma direta com a agregação
das partículas, e indireta com as demais propriedades físicas do solo (AGUIAR,
2008).
2.5.1. Estabilidade de agregados
Os agregados consistem em conjuntos de partículas primárias do solo com
forma e tamanho definidos (GUERRA et al., 2010), e são freqüentemente,
agrupados em macroagregados e microagregados.
De acordo com Pedrotti e Méllo Júnior (2009), a formação de agregados no
solo é afetada por diferentes fatores entre os quais estão:
Os cátions, que pela sua natureza alteram a espessura da dupla
camada difusa, causando a dispersão ou floculação das partículas;
Matéria orgânica que atua como agente cimentante;
Sistema de cultura e sistema radicular, que influenciam pelo nível de
cobertura do solo, tipo e densidade de raízes das culturas, modo e
freqüência de cultivos e tráfego de máquinas;
Condições de umidade do solo durante o preparo;
E, microrganismos, que secretam no solo substâncias que contribuem
para a agregação.
Fatores adversos à manutenção da agregação do solo são: a ausência de
cobertura do solo, o número excessivo de operações agrícolas, o aumento da
concentração de sódio em relação ao cálcio e magnésio e, a temperatura que eleva
a taxa de decomposição da matéria orgânica (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).
O revolvimento intenso do solo durante operações de preparo ocasiona a
quebra dos agregados reduzindo sua estabilidade. O rompimento dos agregados
expõe a matéria orgânica existente em seu interior o que faz com seu processo de
decomposição seja acelerado, diminuindo cada vez mais a resistência dos
agregados (AGUIAR, 2008).
28
A estabilidade dos agregados apresenta grande importância no estudo do
processo de erosão do solo. Tal parâmetro depende principalmente, da textura do
solo, de sua mineralogia, do teor e do tipo de matéria orgânica presentes e da
umidade e, pode ser determinado por vários métodos que diferem quanto ao tipo e
quantidade de energia fornecida ao sistema, e que de maneira geral utilizam um
jogo de peneiras com diferentes aberturas de malhas nas quais se distribuem os
agregados (LIER; ALBUQUERQUE, 1997).
Determinam-se então, alguns índices usados na avaliação da estabilidade,
sendo eles o diâmetro médio ponderado (DMP), o diâmetro médio geométrico
(DMG) e o índice de estabilidade de agregados (IEA).
Os agregados de maior tamanho, expressos pelo diâmetro médio ponderado
pela massa, são considerados indicativos de boa estrutura para a maioria dos
propósitos agronômicos. De acordo com Kiehl (1979), o diâmetro médio geométrico
seria a melhor aproximação do diâmetro médio dos agregados de um solo. Ambos
(DMP e DMG) são calculados considerando que o diâmetro médio de cada classe
de agregados é dado pela média aritmética entre seus limites inferior e superior
(LIER; ALBUQUERQUE, 1997).
O índice de estabilidade de agregados consiste em uma medida da
agregação total do solo e não considera a distribuição por classes de agregados.
Quanto menor for a quantidade de agregados de menor diâmetro maior será o IEA
(AGUIAR, 2008).
A estabilidade da estrutura do solo depende da estabilidade de sua unidade
estrutural, a qual é induzida pela ação de substâncias agregantes que por meio de
diferentes mecanismos constituem o processo de agregação. A estruturação do solo
relaciona-se diretamente com sua mineralogia, influenciando outras propriedades
como a porosidade, a capacidade de armazenamento de água e a resistência à
penetração das raízes (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).
2.5.2. Densidade do solo
A densidade do solo representa a relação entre a massa de sólidos e o
volume total que essa massa ocupa, ou seja, o volume do solo incluindo o espaço
29
ocupado pelo ar e pela água e, reflete o arranjamento das partículas, o qual
determina as características do sistema poroso. Assim, os fatores que exercem
influência sobre a disposição das partículas do solo refletem diretamente nos valores
de densidade do solo, os quais geralmente estão entre 0,9 e 1,5 Mg.m-3
(PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).
Além de se relacionar com a estrutura, a densidade do solo relaciona-se
ainda com sua textura, sendo os maiores valores encontrados para solos arenosos
devido ao maior peso das partículas de quartzo que compõem a fração areia e ao
menor conteúdo de matéria orgânica (AGUIAR, 2008). Conforme Reinert et al.
(2008), em ambientes não cultivados essa propriedade depende apenas dos fatores
pedogenéticos.
Menores valores de densidade favorecem a retenção de água, o crescimento
das raízes, as trocas gasosas e a atividade microbiana e, portanto, conhecer a
densidade de determinado solo pode auxiliar na tomada de decisão quanto ao
manejo adequado para uma área, de modo a provocar as menores alterações
possíveis no ambiente do solo, ou ainda, a identificar condições de compactação e
impedimento mecânico a penetração das raízes (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR,
2009).
Para atuar como um indicador adequado da qualidade física do solo, a
densidade do solo deve ser associada a outras propriedades e características, ou
ainda referenciada com os valores de densidade máxima que o solo pode atingir
(AGUIAR, 2008).
Embora não sejam as propriedades mais influenciadas pela modificação da
estrutura do solo, a densidade do solo e a porosidade têm sido bastante usadas
como indicadores de qualidade, principalmente pela sua fácil determinação e por
serem pouco influenciadas pelo teor de água no momento da coleta da amostra
(PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).
2.5.3. Porosidade total
A porosidade pode ser definida como a proporção do volume do solo que não
é ocupada por partículas sólidas e sim, por água e ar (ARAÚJO et al., 2007;
30
PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009). Para Aguiar (2008), a porosidade reflete
diretamente a estrutura e a textura do solo, sendo os poros determinados pelo
arranjo e geometria das partículas e, diferindo quanto à forma, o comprimento, a
largura e a tortuosidade.
Partículas mais uniformes proporcionam ao solo maior porosidade total. Isso
ocorre por que nos solos formados por partículas com grande desuniformidade de
tamanho, as partículas mais finas tendem a preencher os espaços livres existentes
entre as maiores (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).
Os poros do solo podem ser classificados em macroporos e microporos de
acordo com o seu diâmetro, sendo os primeiros associados à drenagem e os últimos
à retenção de água (AGUIAR, 2008). Portanto, a alteração no tamanho dos poros
tem implicação direta na velocidade de infiltração da água, nas trocas gasosas, na
atividade microbiana e no crescimento das raízes (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR,
2009). A distribuição dos poros por seu tamanho condiciona o comportamento físico-
hídrico do solo, influenciando a sua potencialidade agrícola (RIBEIRO et al., 2007).
A caracterização da porosidade total do solo possui grande importância para
a adoção de um manejo adequado. Quando a porosidade de um solo se apresenta
com 0,500 m³.m-3 do seu volume total, é referida como ideal. Nesse caso a
microporosidade variaria entre 0,250 e 0,330 m³.m-3, enquanto a macroporosidade
ficaria entre 0,170 e 0,250 m³.m-3 (LIMA, C. et al., 2007).
O tamanho dos poros e sua distribuição podem ser alterados em decorrência
da realização do número excessivo de operações agrícolas, e da realização destas
em condições inadequadas quanto ao teor de água no solo, ou seja, fora da faixa de
friabilidade (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).
A macroporosidade do solo ou porosidade de aeração aumenta com a
agregação do solo e com o tamanho dos agregados. A porosidade do solo pode ser
melhorada com a adição de matéria orgânica, que leva a redução da densidade
aparente e conseqüente aumento dos espaços vazios (KIEHL, 1979).
31
2.6 Indicadores químicos
2.6.1 Matéria orgânica
A matéria orgânica é um dos mais importantes indicadores de qualidade do
solo por estar relacionada a diversas outras propriedades. No solo, ela pode ser
encontrada em diferentes estádios de decomposição e, seu conteúdo e composição
são condicionados por diversos fatores dentre os quais, o tipo de vegetação, a
topografia e o clima (KIEHL, 1979).
Pode-se definir a matéria orgânica do solo como sendo os materiais vegetais
e animais crus, em fase de decomposição ou humificados. O húmus, por sua vez, é
definido como todos os compostos vegetais e animais que sofreram um processo de
decomposição biológica por meio da ação de microrganismos, encontrando-se em
uma forma resistente a novos ataques microbianos e por isso acumulando-se no
solo (KIEHL, 1979). Quando na forma de húmus, a matéria orgânica traz benefícios
como o aumento da capacidade de troca de cátions e o aumento do poder tampão,
ou seja, da resistência a mudança brusca de pH (PRIMAVESI, 2002).
As práticas de manejo que favorecem o aumento do conteúdo de matéria
orgânica no solo podem contribuir para a melhoria da produtividade e para a
manutenção da qualidade ambiental (VEZZANI; MIELNICZUK, 2009). Solos com
baixo teor de matéria orgânica são naturalmente mais susceptíveis a degradação e
seu manejo deve priorizar a manutenção do teor de matéria orgânica e o aporte de
resíduos vegetais (REINERT et al., 2006). De acordo com Oliveira et al. (1992) o
teor de matéria orgânica varia amplamente entre os diferentes tipos de solo,
oscilando desde menos de 1% em solos de deserto até altos valores em solos
orgânicos.
Primavesi (2002) afirma que a matéria orgânica é um dos fatores
responsáveis pela manutenção da produtividade do solo, destacando-se por
fornecer ao mesmo, substâncias agregantes tornando-o grumoso, ou seja, por
formar a bioestrutura do solo, além de liberar ácidos orgânicos e alcoóis durante sua
decomposição, que servem como fonte de carbono aos microrganismos e,
32
substâncias intermediárias produzidas na decomposição que podem ser absorvidas
pelas plantas.
Reinert et al. (2006) afirma que em condições tropicais e subtropicais o
manejo da matéria orgânica torna-se mais complexo devido às altas taxas de
oxidação. Essa oxidação é favorecida pela mobilização do solo resultante do
preparo a qual possibilita um incremento nas trocas gasosas criando ambiente
oxidativo, além de reduzir a proteção física dos fragmentos de matéria orgânica
presentes no interior dos agregados. O aumento gradativo do teor de matéria
orgânica no solo depende das condições edafoclimáticas, do manejo adotado e da
qualidade dos resíduos vegetais adicionados.
Além de influenciar propriedades físicas como a densidade, a porosidade, a
superfície específica, a estrutura e a retenção de água, a matéria orgânica exerce
influência ainda sobre a cor, consistência, permeabilidade, aeração e temperatura, e
é importante para a capacidade de troca catiônica e para o conteúdo de bases
trocáveis no solo (KIEHL, 1979).
Distribui-se no solo de forma variável tanto em profundidade quanto
horizontalmente, e nos solos brasileiros pode contribuir com até 80% das cargas
negativas, o que explica o fato de a capacidade de troca de cátions (CTC) está em
grande parte associada a matéria orgânica (MADARI et al., 2009).
Vezzani e Mielniczuk (2009) destacam que manejar o solo de modo a
aumentar matéria orgânica pode melhorar a produtividade e a qualidade ambiental
e, reduzir a severidade e os custos financeiros de fenômenos naturais como secas,
alagamentos e doenças.
2.6.2. Atributos químicos
A dispersão de agentes cimentantes nos agregados do solo pode ocorrer
naturalmente ou devido à ação antrópica, causando modificações na estrutura do
mesmo. Este, responderá a ação das forças desagregantes de acordo com suas
características químicas, físicas e mineralógicas (ALMEIDA NETO, 2007).
Os íons Na+, Ca2+ e Mg2+, que podem ser encontrados na solução do solo,
estão relacionados aos fenômenos de dispersão e floculação das partículas, sendo
33
Ca2+ e Mg2+ considerados íons floculantes e o Na+ dispersante, afetando entre
outros aspectos a formação da estrutura do solo. Além disso, relacionam-se ainda
com a capacidade de troca de cátions do solo.
Edwards & Bremer (1967) apud Dufranc et al. (2004), afirmam que cátions
polivalentes são cruciais para unir a fração orgânica e os minerais de argila do solo.
Essa união faz com que as frações argila e orgânica não se dispersem devido às
cargas negativas permanentes presentes em ambas. Dessa forma os cátions
trocáveis do solo influenciam o processo de agregação.
De acordo com Dufranc et al. (2004), quando uma partícula seca de argila é
uamedecida ocorre interação entre as moléculas de água e a superfície das argilas,
na qual algumas moléculas ficam adsorvidas. Outras moléculas, no entanto, são
adsorvidas por íons (cátions e ânions). A capacidade de adsorção de água pelos
cátions eleva-se de acordo com o seu número de cargas e tamanho.
O cálcio é um íon floculante cujo efeito tem sido estudado especialmente nos
solos sódicos existentes no semiárido nordestino (PRADO, 2003), nos quais a
presença de sódio no complexo de troca é uma das principais causas da dispersão da
argila, fenômeno que restringe as propriedades físicas do solo (GOLDBERG;
FORSTER, 1990).
A substituição do sódio trocável pelo cálcio obtida com a aplicação de sulfato
de cálcio, e a lixiviação dos íons sódio apresentam efeito benéfico para as condições
físicas do solo. A substituição do Na+ pelo Ca+2 leva a um predomínio deste último
no complexo de troca, predomínio de cátions de maior valência e aumento da
concentração eletrolítica da solução, diminuindo a espessura da dupla camada
difusa e aumentando a floculação do solo (PRADO, 2003).
O íon Na+ apresenta grande raio iônico hidratado podendo por isso, dispersar
os colóides do solo com mais facilidade e influenciar a permeabilidade deste à água
a depender de sua concentração (ALMEIDA NETO, 2007).
Almeida Neto (2007) afirma que a formação de agregados no solo possui
relação direta com a floculação e com o comportamento da dupla camada difusa.
Solos com dupla camada difusa compacta apresentam-se em condição de
floculação da argila, possibilitando a formação de agregados estáveis em água. Já
solos com grandes quantidades de sódio na dupla camada tendem a permanecer
dispersos. Nesse caso, a formação de agregados estáveis exige a cimentação das
partículas floculadas (GAVANDE, 1976 apud ALMEIDA NETO, 2007), condição
34
proporcionada pelo conteúdo de matéria orgânica presente no solo, entre outros
fatores.
35
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização do experimento e coleta de amostras
O experimento foi instalado em área pertencente à Adega Bianchetti Tedesco
Ltda. localizada no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho – DISNC, em Petrolina-
PE, (09º23' S; 40º30' W), a uma altitude de 376 m, e consistiu no cultivo de seis
variedades de videira para vinho em Argissolo Amarelo de textura arenosa
(Tabela 1), sendo que de cada variedade foram transplantadas seis linhas de 290
metros (Figura 1).
Figura 1. Cultivo orgânico de videira de vinho – Fazenda Adega Bianchetti
O clima da região de acordo com a classificação de Köppen é o tropical
semiárido, tipo Bsw, caracterizando-se pela escassez e irregularidade da
precipitação. A área cultivada é irrigada através de sistema de gotejamento.
36
Tabela 1. Composição granulométrica em diferentes profundidades do Argissolo Amarelo, após revolvimento.
Profundidade Argila Areia Silte
m kg.kg-1
0,00 - 0,10 0,064 0,893 0,043
0,10 - 0,20 0,080 0,888 0,032
0,20 - 0,30 0,093 0,875 0,032
0,30 - 0,60 0,112 0,856 0,032
Utilizando os dados meteorológicos disponibilizados pela Embrapa Semiárido
referentes à Estação Agrometeorológica de Bebedouro, localizada em
Petrolina (09º09'S; 40º22'W), foram calculadas as médias de diversas variáveis para
os seis meses que constituíram cada um dos intervalos entre as coletas de solo
realizadas: abril de 2010 (implantação da cultura) a setembro de 2010; outubro de
2010 (primeira coleta) a março de 2011 (Tabela 2), obtendo-se uma caracterização
climática da área, para o período de realização do experimento.
Tabela 2. Comparação entre os dados meteorológicos referentes aos meses que antecederam a coleta das amostras de solo.
Dados meteorológicos - Estação Agrometeorológica de Bebedouro – Petrolina-PE (2010/2011)
Variável 04/10 – 09/10 10/10 – 03/11
Média Soma Média Soma
Temperatura média mensal (ºC) 25,2 - 27,0 -
Temperatura maxima mensal (ºC) 31,5 - 33,7 -
Precipitação mensal (mm) 31,5 189,1 48,0 288,1
Radiação solar global media (ly/dia) 304,7 - 397,8 -
Insolação média mensal (horas) 6,3 - 6,8 -
Evaporação média (mm) 6,8 40,8 7,4 44,6
Fonte: EMBRAPA SEMIÁRIDO (2011).
As covas receberam adubação de fundação composta por torta de mamona,
potássio e esterco, aplicada a aproximadamente 60 cm de profundidade, sendo o
plantio das mudas realizado em 05 de abril de 2010. Semanalmente, o cultivo
recebe a aplicação de composto orgânico (10 g/planta) cuja composição é de 50 kg
de torta de mamona (5%N, 35%C), 10 kg de K (sulfato de potássio e magnésio =
21% K2O + 10% Mg + 21% S), 10 kg de P (fosfato natural gafsa = 28% P2O5 total),
10 kg de Mg (óxido de magnésio = 52% Mg) e 20 mL vetor 1000 (Marca Lieknin). A
análise química do composto é apresentada na Tabela 3.
37
Tabela 3. Análise química do composto orgânico aplicado na área cultivada.
N P K Mg S B Cu Fe Mn Zn Na
-------------------g.kg-1
--------------------- -------------------------------mg.kg-1
-------------------------
37.99 20.18 26,69 53,00 58,00 48,04 20,67 2210,00 112,00 98,00 2111,57
Nas entrelinhas do plantio foi semeado inicialmente, um coquetel formado por
sementes de guandu (Cajanus cajan), feijão de porco (Canavalia ensiformis),
mucuna (Mucuna spp.), girassol (Helianthus annuus), crotalária (Crotalaria spp.),
milheto (Pennisetum glaucum) e sorgo (Sorghum bicolor). Aproximadamente 50 dias
após o plantio, tais plantas foram cortadas rente ao solo e deixadas sobre a
superfície.
A área é mantida com cobertura vegetal proporcionada pela vegetação
espontânea e pelo plantio de espécies para formação de adubo verde ou ainda, pela
deposição de material orgânico produzido ex-situ.
A coleta das amostras de solo deformadas e indeformadas, foi realizada em
dois momentos: aos seis e doze meses após a implantação da cultura, nas
profundidades 0,0-0,10 m, 0,10-0,20 m, 0,20-0,30 m, 0,30-0,60 m. Para tanto,
utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, sendo os tratamentos definidos
como manejo na linha de plantio, na entrelinha e em área de pousio, com três
repetições para cada tratamento.
As amostras deformadas foram destinadas a avaliação da textura do solo e
determinação da argila dispersa em água com posterior cálculo dos índices de
dispersão e floculação; à análise de densidade do solo e densidade de partículas e,
posterior cálculo da porosidade total; e às analises químicas. Já as amostras
indeformadas destinaram-se a avaliação da estabilidade dos agregados.
3.2. Avaliação da estabilidade dos agregados
A estabilidade dos agregados foi determinada por meio do método por via
úmida ou tamisamento úmido adaptado de Kiehl (1979), cujo objetivo é medir a
quantidade e distribuição do tamanho dos agregados que são estáveis em água
38
(EMBRAPA, 1997). Para isso, parte da amostra de solo foi colocada sobre um
conjunto de peneiras com aberturas de 4 e 2 mm e umedecida com um borrifador. O
solo umedecido foi peneirado levemente e da porção retida na peneira de 2 mm foram
pesadas 25 g para a análise de agregados e 5 g para a determinação da umidade.
As 25 g destinadas a análise de estabilidade foram então colocadas em
conjunto de peneiras de malhas 2,00 mm; 1,00 mm; 0,5 mm; 0,250 mm; e 0,125 mm
sendo este submetido a agitação vertical em um aparelho de Yooder durante 15
minutos (Figura 2). Passado esse tempo o material retido em cada peneira foi
cuidadosamente retirado com o auxílio de uma pisseta e transferido para capsúlas
de alumínio devidamente identificadas e levadas à estufa para secagem a 105ºC
durante 24 horas.
Posteriormente, as latinhas foram transferidas para um dessecador e depois
pesadas, corrigindo-se então a umidade inicial do solo com base nos valores de
umidade obtidos.
Figura 2. Tamisamento úmido em aparelho de Yooder
Os índices de estabilidade de agregados DMG (Diâmetro médio geométrico) e
DMP (Diâmetro médio ponderado) foram então calculados a partir dos dados
obtidos.
O cálculo do DMP foi feito por meio da Equação 1 apresentada por Kiehl
(1979) e Castro Filho et al. (1998):
39
Eq. (1)
Em que,
DMP: diâmetro médio ponderado (mm);
xi: diâmetro médio da classe (mm);
wi: proporção de cada classe em relação ao total
Quanto ao DMG utilizou-se as Equações 2 e 3 apresentadas por Melo et al.
(2008):
Eq. (2)
Sendo:
Eq. (3)
Em que:
DMG: diâmetro médio geométrico (mm);
n: massa dos agregados retida em determinada peneira (g);
d: diâmetro médio da classe (mm).
O índice de estabilidade de agregados (IEA) foi calculado por meio da
Equação 4 dada por Moraes et al. (2002):
Eq. (4)
3.3. Densidade do solo, densidade de partículas e porosidade total.
A densidade do solo foi determinada pelo método da proveta adaptado de
EMBRAPA (1997). Para tanto, 20 mL de terra fina seca ao ar (TFSA) foram
40
colocados em proveta com volume de 25 mL e peso conhecido, e em seguida
compactados batendo-se 10 vezes a proveta sobre uma placa de isopor (Figura 3).
Repetiu-se a operação mais uma vez completando o volume da proveta com solo
(acima da marca de aferição).
Figura 3. Densidade do solo pelo método da proveta.
Pesou-se a proveta com o solo obtendo-se em seguida o peso do solo. A
densidade do solo foi calculada pela Equação 5.
Eq. (5)
A densidade de partículas foi obtida conforme metodologia da EMBRAPA
(1997), cujo princípio é determinar o volume necessário de álcool para completar a
capacidade do balão volumétrico, contendo terra fina seca em estufa (TFSE).
Para isso, 10 g de solo foram levadas a estufa a 105ºC por 12 horas.
Decorrido esse tempo a amostra foi levada ao dessecador e depois pesada, sendo
então transferida para um balão de 25 mL, ao qual adicionou-se álcool etilíco e
agitou-se para eliminar as bolhas de ar. A operação foi repetida até completar o
volume do balão.
O volume de álcool gasto foi anotado e usado para calcular a densidade de
partículas dada pela Equação 6.
Eq. (6)
41
Obtidos os valores de densidade do solo e densidade de partículas calculou-
se a porosidade total por meio da Equação 7.
Eq. (7)
3.4. Análise granulométrica, argila dispersa em água, índice de floculação e
índice de dispersão.
A análise granulométrica foi realizada utilizando o método da dispersão
mecânica lenta conforme metodologia descrita por Ruiz (2004). Para tanto 10 g de
terra fina seca ao ar foram pesadas e colocadas em garrafa plástica, acrescentando-
se em seguida 50 ml da solução dispersante de NaOH 0,1 mol/L e 150 mL de água
destilada. A mistura foi submetida à agitação no agitador tipo Wagner por 16 horas,
a 50 rpm.
Passou-se então a suspensão obtida para proveta de 500 mL por meio da
peneira de malha 0,053 mm, forçando-se a passagem do silte e argila com jatos de
água (pisseta). Completou-se o volume da proveta até a marca de aferição
determinando-se em seguida a temperatura da suspensão. A areia retida na peneira
foi transferida para recipiente previamente pesado e levada a estufa.
Em seguida agitou-se a suspensão com bastão por cerca de 20 segundos,
após o que ela foi deixada em repouso por um período de tempo determinado por
meio de tabela baseada na Lei de Stokes (EMBRAPA, 1998) em função da
temperatura da suspensão e velocidade de decantação das partículas.
Decorrido o tempo necessário coletou-se 25 mL da suspensão a uma
profundidade de 0,05 m na proveta, os quais foram levados a estufa a 105º C por
48 horas, assim como a areia separada no início do processo. Passadas as 48 horas
o material foi levado ao dessecador e posteriormente pesado. Os dados de peso
obtidos foram utilizados para determinar as frações de areia, silte e argila da
amostra de solo, sendo a fração de silte determinada por diferença.
A determinação da argila dispersa em água foi feita da mesma forma que a
análise granulométrica diferenciando-se desta pela não utilização de dispersante
42
químico e pela não separação das areias. Para tanto foram utilizados 10 g de solo e
200 mL de água destilada submetidos a agitação mecânica lenta.
Obtidos os valores da argila total e da argila dispersa em água de cada
amostra realizou-se o cálculo dos índices de dispersão (ID) e de floculação (IF) por
meio das Equações 8 e 9, respectivamente.
Eq. (8)
Eq. (9)
Onde:
: proporção da argila dispersa em água
: proporção da argila total
3.5. Teor de matéria orgânica e atributos químicos.
A determinação do teor de matéria orgânica do solo e a quantificação dos
teores de cálcio, magnésio e sódio foram realizadas conforme metodologia da
EMBRAPA (1997) no Laboratório de Análises de Solo e de Plantas da Embrapa
Semiárido.
3.6. Análise estatística
Os resultados obtidos em cada avaliação (seis e doze meses após a
implantação da cultura) foram submetidos separadamente a análise de variância e
teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o software Assistat 7.6
(SILVA; AZEVEDO, 2002). A comparação entre as duas épocas de avaliação foi
feita por meio do Teste t para amostras dependentes, utilizando-se o software
Statistica 7 (CALADO; MONTGOMERY, 2003).
43
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Agregação do solo
A estabilidade da estrutura do solo diz respeito à resistência que os
agregados oferecem às forças de desagregação da água e de operações
mecânicas. O estado de agregação do solo pode ser avaliado através de índices
como o diâmetro médio ponderado (DMP), diâmetro médio geométrico (DMG) e
índice de estabilidade dos agregados (IEA). No presente trabalho essa avaliação foi
realizada em dois momentos: aos seis e dozes meses após a implantação do cultivo
orgânico de videira.
Seis meses após a implantação os maiores valores de DMP foram
encontrados na área de pousio (Figura 4), o que pode ser justificado pela maior
quantidade de agregados grandes encontrada nessa área, em relação às demais
analisadas, tendo em vista que o DMP é tanto maior quanto maior for a percentagem
de agregados grandes.
Figura 4. DMP nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
44
Independentemente da profundidade, linha e entrelinha do cultivo não
diferiram significativamente entre si quanto ao DMP. No entanto observou-se
interação significativa entre os locais e profundidades avaliadas.
Na linha de plantio, o maior DMP foi observado entre 0,0 e 0,10 m de
profundidade, enquanto o menor foi observado entre 0,10 e 0,20 m (Figura 4). Na
área de pousio foram encontrados valores semelhantes entre as profundidades
sendo os menores diâmetros encontrados também entre 0,10 e 0,20 m. Já na
entrelinha, não foram encontradas diferenças significativas entre as profundidades.
Silva (2003) avaliando a distribuição de classes de agregados obtida por via
úmida de um Argissolo Amarelo coeso cultivado com cana de açúcar, observou uma
redução dos valores de agregados de maior diâmetro (> 2,00 mm e 2-1 mm) nas
camadas de 0,0 a 0,20 m e 0,20 a 0,40 m.
Da mesma forma que o DMP, o DMG, apontado como sendo o índice que
melhor se aproxima do diâmetro médio dos agregados do solo (LIER;
ALBUQUERQUE, 1997), apresentou os maiores valores para a área de pousio,
ainda que entre 0,10 e 0,60 m não tenha diferido significativamente entre os locais
de coleta (Figura 5). O DMG não diferiu significativamente quando consideradas
apenas as profundidades de coleta, não ocorrendo também interação significativa
entre os pontos de coleta e as profundidades.
Figura 5. DMG nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
45
Os menores valores de DMP e DMG (Figuras 4 e 5, respectivamente)
encontrados na área cultivada na época 1, podem ser justificados pelo efeito das
operações de preparo do solo a que esta área foi submetida. As operações de
preparo ocasionam a quebra dos agregados maiores em agregados de menor
tamanho, modificando a estrutura do solo. Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam
que as práticas de manejo tais como o trabalho mecânico e o teor de matéria
orgânica, podem modificar a estrutura. A aração, principalmente se feita em
condições de umidade desfavoráveis, pode causar alterações na estrutura por um
período relativamente longo.
De maneira geral, os diâmetros médios dos agregados obtidos para as áreas
estudadas foram menores que 1 mm e portanto, inferiores ao que seria desejável
para o manejo do solo. A textura do Argissolo em estudo é um dos fatores que
contribuem para a ocorrência de menores diâmetros, já que em solos arenosos a
agregação é dependente principalmente de processos biológicos devido ao baixo
teor de argila. Além disso, os agregados de menor tamanho tendem a ser mais
estáveis, sendo mais difícil a manutenção de agregados maiores.
Tisdall e Oades (1982) apud Silva et al. (2006) afirmam que o acúmulo de
agregados de menor diâmetro ocorre devido a maior resistência destes às práticas
de manejo, pois os agentes ligantes que estabilizam esses agregados são formados
por substâncias húmicas associadas a óxidos de ferro e alumínio e por isso, mais
persistentes, enquanto os macroagregados são ligados por agentes temporários
(hifas de fungos e raízes de plantas) e, portanto, mais afetados pelo manejo.
Doze meses após a implantação da cultura, o maior diâmetro na camada
superficial foi encontrado na área de pousio, enquanto os valores para linha e
entrelinha não diferiram significativamente (Figura 6). Nas camadas de 0,10-0,20 m
e de 0,30-0,60 m não ocorreram diferenças significativas entre os valores de DMP
para as diferentes áreas. Já na camada de 0,20-0,30 m ocorreu maior estabilidade
de agregados para a linha de plantio.
Os pontos de coleta apresentaram comportamento diferenciado quanto aos
valores de DMP nas diferentes profundidades, não ocorrendo diferenças
significativas entre estas para as amostras coletadas na entrelinha de plantio. Na
linha de plantio os maiores valores foram encontrados para as camadas de 0,20 a
0,30 m e de 0,30 a 0,60 m, enquanto na área de pousio o maior valor foi obtido na
camada de 0,0 a 0,10 m (Figura 6).
46
Figura 6. DMP nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
O diâmetro médio geométrico comportou-se de maneira semelhante entre
locais e profundidades nesta avaliação (Figura 7), não ocorrendo interação
significativa entre locais e profundidades, concluindo-se que o estado de agregação
do solo após um ano de cultivo era semelhante em todos os pontos de coleta.
De acordo com Kiehl (1979), não se conhecem números absolutos para
interpretar por meio dos resultados da análise de agregados quando o solo
apresenta boas ou más propriedades físicas, aceitando-se de maneira geral que
solos com diâmetro médio ponderado dos agregados menor que 0,5 mm tenham
baixa estabilidade.
Comparando este valor com as médias de DMP obtidas na segunda avaliação
foi possível constatar que o Argissolo em questão, apresentou valores maiores que
0,5 mm tanto para a área cultivada, quanto para a área de pousio, o que, de acordo
com Kiehl (1979), faz com que este possa ser considerado relativamente resistente
ao esboroamento e à dispersão.
47
Figura 7. DMG nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tanto as médias de DMP, quanto as de DMG aos 12 meses foram superiores
as médias obtidas seis meses após a implantação da cultura. Comparando-se as
médias do DMP entre as duas épocas, para cada local e profundidade, por meio do
teste t para amostras dependentes simples, observou-se que na maioria dos pontos
não ocorreu diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade. No entanto, os
diâmetros encontrados aos doze meses foram maiores que aqueles obtidos aos seis
meses, em todas as profundidades na linha e entrelinha (Tabela 4).
Tabela 4. Comparação das médias de DMP entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
DMP
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
---- m ---- -------- mm ------- --------- mm--------- -------- mm -------
0,0-0,10 0,597 0,698 ns 0,478 0,823 ns 0,881 1,110 ns
0,10-0,20 0,444 0,800 * 0,562 0,808 ns 0,724 0,714 ns
0,20-0,30 0,514 1,177 ns 0,472 0,849 * 0,876 0,805 ns
0,30-0,60 0,503 0,968 * 0,549 0,735 ns 0,854 0,727 ns
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
Na linha de plantio o maior acréscimo no valor do DMP ocorreu na camada
de 0,20 a 0,30 m e, o menor acréscimo na camada superficial (0,0-0,10 m),
48
ocorrendo o mesmo na entrelinha. A elevação nos diâmetros médios dos agregados
nestas áreas sugere que a adição de matéria orgânica ao solo proporcionada pelo
cultivo orgânico vem contribuindo para o processo de agregação das partículas. Os
agregados de maior tamanho encontrados na segunda avaliação foram
provavelmente formados a partir da união de agregados de menor tamanho
presentes no solo.
De acordo com Kiehl (1979), a formação de agregados no solo depende de
duas condições fundamentais: a aproximação das partículas ocasionada por uma
força mecânica qualquer, como por exemplo, o movimento ocasionado pelo
crescimento das raízes, por animais de hábito terrestre e fenômenos de contração e
expansão do solo, provocados pela alternância entre molhamento e secagem; e da
existência de agentes cimentantes que possam consolidar a união das partículas,
gerando o agregado. Kiehl (1979) destaca ainda, que em solos arenosos a
ocorrência de agregados está correlacionada com a matéria orgânica, a qual é mais
eficiente que a argila na formação de agregados estáveis.
A área cultivada avaliada reúne vários dos fatores associados ao processo de
agregação do solo, tendo em vista que além da aplicação de composto orgânico na
linha de plantio, ocorreu a aplicação de adubação verde e manutenção da cobertura
vegetal na maior parte da superfície, de modo a proporcionar a adição contínua de
substâncias orgânicas por meio dos processos de decomposição da matéria
orgânica.
A comparação entre os valores de DMG obtidos nas duas avaliações
(Tabela 5) evidencia o aumento da agregação do solo.
Tabela 5. Comparação das médias de DMG entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
DMG
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
---- m ---- ------- mm ------- -------- mm -------- -------- mm --------
0,0-0,10 0,452 0,453 ns 0,303 0,485 ns 0,517 0,549 ns
0,10-0,20 0,347 0,580 ns 0,340 0,549 ns 0,414 0,442 ns
0,20-0,30 0,334 0,474 ns 0,357 0,546 * 0,528 0,437 ns
0,30-0,60 0,349 0,444 ns 0,380 0,472 ns 0,427 0,410 ns
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
49
Observa-se, porém, que os acréscimos nos diâmetros médios geométricos
foram inferiores aos obtidos para o DMP, o que pode estar associado ao fato de que
este último índice dá mais peso aos agregados de maior tamanho, o que não ocorre
no DMG (KIEHL, 1979).
Diferentemente da área cultivada, a área de pousio apresentou maior DMG
aos 12 meses apenas nas camadas de 0,0 a 0,10 m e de 0,10 e 0,20 m, e
decréscimo nas demais profundidades.
O índice de estabilidade dos agregados não diferiu significativamente entre as
áreas e profundidades amostradas na primeira avaliação, realizada aos seis meses
após a implantação da cultura (Figura 8). De maneira geral apresentou valores em
torno de 60%. Já na segunda avaliação (Figura 9), foi maior para a linha de plantio,
decrescendo para a entrelinha e pousio, não apresentando também diferenças
significativas entre as profundidades, sendo a média geral de aproximadamente
72%.
Figura 8. IEA nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
50
Figura 9. IEA nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Assim como o DMP e o DMG, o índice de estabilidade dos agregados
aumentou nos seis meses após a primeira avaliação na linha e entrelinha de plantio
(Tabela 6), embora na maioria dos pontos não tenham sido obtidas diferenças
significativas pelo teste t. Na área cultivada o maior acréscimo no IEA ocorreu para a
camada de 0,10 a 0,20 m, enquanto na área de pousio houve redução no IEA nas
camadas de 0,10 a 0,20 m e de 0,20 a 0,30 m.
Tabela 6. Comparação das médias de IEA entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
IEA
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
---- m ---- --------%-------- --------%-------- --------%--------
0,0-0,10 65,349 71,906 ns 46,653 69,299 ns 56,634 68,185 ns
0,10-0,20 53,822 77,427 ns 51,322 75,219 * 67,502 62,060 ns
0,20-0,30 61,464 71,096 ns 58,632 77,015 ns 67,940 65,461 ns
0,30-0,60 63,635 79,629 ns 67,395 71,579 ns 59,142 70,365 ns
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
Oliveira et al. (2010) avaliando o índice de estabilidade de agregados de um
Argissolo Amarelo Distrocoeso latossólico, textura média/argilosa cultivado com
cana-de-açúcar, observou que este índice não sofreu influência do manejo
51
(fertirrigação com vinhaça, com irrigação e sem irrigação), nem da interação entre
manejo e profundidades avaliadas.
Avaliando a estabilidade de agregados por via úmida em solos de textura
franco-arenosa submetidos a cultivo orgânico de algodão em comparação com
áreas cultivadas convencionalmente, Lima, H. et al. (2007) observou que a
estabilidade dos agregados foi maior nas áreas cultivadas em bases orgânicas,
atribuindo esse resultado à adição de resíduos orgânicos e a diminuição no
revolvimento do solo.
Albuquerque et al. (2005), por sua vez, encontrou de maneira geral maior
estabilidade de agregados em sistemas conservacionistas com utilização de plantas
de cobertura como gandu, mucuna e feijão-de-porco, quando comparados a
sistemas convencionais, sendo ambos estabelecidos em Latossolo Vermelho
distroférrico. Observou ainda, correlação positiva entre o carbono orgânico do solo e
o diâmetro médio ponderado dos agregados.
Wohlenberg et al. (2004), afirma que espécies de cobertura aliadas as
práticas de manejo e conservação, contribuem para a recuperação ou manutenção
de características físicas do solo como a agregação. Estes autores também
encontraram correlação positiva entre o teor de carbono, DMG e IEA para Argissolo
Vermelho-Amarelo de textura superficial franco-arenosa, evidenciando a importância
da matéria orgânica como agente de agregação das partículas do solo, já que com o
incremento no teor de carbono ocorreu aumento do DMG, IEA e da percentagem de
agregados maiores.
Apesar de não ter sido encontrada correlação significativa entre o teor de
matéria orgânica e os índices de agregação do solo nas duas épocas avaliadas,
atribuiu-se o aumento observado para DMP, DMG e IEA, principalmente as
características propiciadas pelo manejo orgânico do solo em questão, tendo em vista
o baixo teor de argila encontrado.
Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam que a correção da estrutura solta de
solos arenosos pode ser feita com a incorporação de matéria orgânica, sendo que o
efeito na estabilidade dos agregados só é conseguido após ocorrer a decomposição.
Estes autores afirmam ainda, que a adubação verde em sistemas de
adubação orgânica tem a vantagem de ser estabelecida em qualquer cultura e,
produzida no próprio solo em que será incorporada, constituindo umas das formas
mais baratas de incorporar matéria orgânica ao solo. A adubação com esterco de
52
curral ou com composto orgânico, por sua vez, melhora as condições para o
desenvolvimento das culturas e, contribui para a redução das perdas de solo e água
por erosão (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005).
De acordo com Kiehl (1979), a vegetação é um importante fator na formação
de agregados influenciando-a diretamente pela ação mecânica das raízes e pela
excreção de substâncias com ação cimentante e, indiretamente por fornecer
alimento para macro e microrganismos. A atividade dos microrganismos é
intensificada com a adição de matéria orgânica ao solo. Estes agem como
cimentantes das partículas através dos micélios de fungos e actinomicetos e das
substâncias viscosas produzidas, entre as quais se destacam os polissacarídeos.
Já a fauna terrestre, tem como organismos mais importantes para a
agregação, as minhocas, que ao se alimentarem dos resíduos vegetais ingerem uma
porção de terra fazendo com que seus dejetos, em forma de grânulos esponjosos,
sejam relativamente ricos em nutrientes, tenham alta capacidade de troca catiônica
e resistência a desagregação pela água (KIEHL, 1979). Embora não se tenha
realizado a quantificação da fauna nas amostras de solo coletadas, foi possível
observar sua maior presença nas amostras referentes a avaliação feita aos doze
meses podendo-se supor que esse fator talvez tenha contribuído para a maior
agregação observada.
Avaliando a forma como os agregados se distribuíram por classes de
diâmetro, através do peso do solo retido em cada peneira usada, observou-se na
primeira avaliação, que para a classe de agregados com diâmetros maiores que dois
milímetros houve uma maior concentração destes agregados na área de pousio, em
todas as profundidades (Figura 10), sendo a diferença mais significativa observada
para a camada de 0,0 a 0,10 m. O mesmo comportamento foi observado na classe
de 2,00-1,00 mm, com exceção da camada de 0,0-0,10 m em que linha e pousio
apresentaram valores muito semelhantes. Esses resultados contribuem para explicar
os maiores valores de DMP obtidos para a área de pousio e, podem ser atribuídos
ao não revolvimento do solo pelo preparo, possibilitando a ocorrência de agregados
com diâmetros maiores.
53
Figura 10. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos seis meses após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
De maneira geral observa-se que para a linha e entrelinha de plantio ocorreu
maior concentração de agregados nas classes 0,50-0,25 mm e 0,25-0,125 mm e,
que estatisticamente, foram poucas as diferenças encontradas na distribuição em
peso dos agregados, entre os pontos de coleta em cada profundidade.
Na segunda avaliação (Figura 11), observou-se a ocorrência de uma
distribuição mais uniforme do peso dos agregados entre os pontos de coleta para
uma mesma classe, principalmente nas camadas de 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m, nas
quais os maiores valores de peso foram encontrados para a classe de 0,500-0,250
mm, ocorrendo inclusive um aumento quando comparado aos dados da primeira
avaliação.
O fato de terem sido encontrados pesos semelhantes dos agregados para os
locais, pode explicar a não obtenção de diferenças significativas entre os valores de
DMP e DMG para linha, entrelinha e pousio aos dozes meses.
Moraes et al. (2009) encontrou para Argissolo Vermelho-Amarelo com textura
franco-arenosa no horizonte A, rotineiramente cultivado com oleráceas e frutíferas
adubadas organicamente, a maior massa de agregados para a classe maior que
54
2,00 mm, havendo portanto predominância de agregados de maior tamanho cuja
formação, foi atribuída pelos autores ao maior acúmulo de carbono.
Figura 11. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos doze meses após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Espera-se que com a manutenção do manejo orgânico na área por um
período superior a 1 ano de cultivo, sejam obtidos em avaliações posteriores valores
de DMP, DMG e IEA superiores aos encontrados no período avaliado, tendo em
vista que o processo de agregação do solo é dinâmico e recebe influência de
inúmeros fatores.
De acordo com Kiehl (1979) a recuperação da granulação do solo é um
processo lento necessitando-se de muitos anos para se obter resultados
significativos. No entanto, apesar de um ano ser um período curto para que sejam
obtidas grandes melhorias na qualidade do solo, no que diz respeito a agregação, os
avanços encontrados, evidenciados pelo aumento dos índices de agregação
avaliados, permitem concluir que o manejo orgânico adotado tem contribuído para a
melhoria das condições físicas do solo, não se descartando a influência de outros
fatores.
55
A maior agregação do solo influencia beneficamente diversos fatores ligados
à produtividade das culturas tais como a penetração e distribuição das raízes, a
aeração, infiltração da água no solo e resistência a erosão.
4.2. Densidade do solo e porosidade total
A densidade do solo (DS) é definida como a massa por unidade de volume de
solo seco e é afetada por fatores como a textura do solo e a profundidade no perfil.
Avaliando-se a densidade do solo para o Argissolo em estudo seis meses
após a implantação do cultivo orgânico de videira, foram observadas diferenças
significativas entre linha, entrelinha e pousio nas camadas de 0,0 a 0,10 m e 0,30 a
0,60 m, sendo que na primeira foi menor para a linha de plantio, não ocorrendo
diferenças entre a área de pousio e a entrelinha (Figura 12). Já entre 0,30 e 0,60 m
de profundidade, linha e entrelinha igualaram-se, apresentando valores inferiores a
área de pousio.
Figura 12. DS nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
O menor valor de DS encontrado para a linha de plantio na camada de 0,0-
0,10 m pode estar associado à realização do preparo do solo por ocasião da
56
implantação do sistema, tendo em vista, que a princípio, o preparo do solo ocasiona
a quebra das unidades estruturais levando a obtenção de menores valores de
densidade e, a influência da matéria orgânica.
Para a linha de plantio os valores de densidade não diferiram
significativamente entre as profundidades, ocorrendo o mesmo para a área de
pousio. Na entrelinha as principais diferenças ocorreram entre a camada de 0,0 a
0,10 m e a de 0,30 a 0,60 m, respectivamente maior e menor valor.
Na segunda avaliação, a densidade do solo foi significativamente menor na
área cultivada quando comparada ao pousio (Figura 13), não sofrendo influência da
profundidade no perfil. Diferentemente do encontrado aos seis meses após a
implantação do cultivo, aos doze meses não ocorreu interação significativa entre
locais e profundidades amostradas.
Na primeira avaliação a densidade do solo variou de 1,50 Mg.m-3 na linha de
plantio a 1,57 Mg.m-3 na área de pousio. Valores semelhantes foram obtidos para a
segunda avaliação: 1,50 Mg.m-3 na linha e entrelinha e 1,55 Mg.m-3 no pousio.
Figura 13. DS nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
De acordo com Moraes et al (2009), a relação entre a massa e o volume do
solo avaliada para as camadas do perfil, oferece informações, embora não muito
57
precisas, sobre a existência de adensamento ou de compactação que poderiam
prejudicar o desenvolvimento do sistema radicular.
Cortez et al, (2011) encontraram para Argissolo Amarelo Distrófico típico de
textura arenosa/média localizado em Petrolina-PE, submetido a diferentes sistemas
de preparo, valores de densidade que oscilaram entre 1,30 e 1,43 Mg.m-3,
considerando-se todas as camadas avaliadas. Segundo os autores esses valores
não são tidos como críticos, uma vez que valores altos de densidade do solo, para
Argissolos de textura superficial arenosa, também foram encontrados em outros
trabalhos.
Silva et al. (2002) encontrou para Argissolo Amarelo eutrófico com textura
superficial franco-arenosa de Petrolina valores de densidade entre 1,46 e 1,50 Mg.
m-3, nos horizontes A, AB, E, e, de 1,66 a 2,01 Mg.m-3, nos horizontes
subsuperficiais, sendo estes últimos valores, evidência da presença de camadas
adensadas.
Em Argissolo Amarelo distrófico, Araújo et al. (2004) encontraram valores de
porosidade total variando de 0,45 a 0,80 m³. m-³ e, de densidade variando de 1,34 e
1,73 Mg.m-³, em área de mata, provavelmente, por ser ambiente pouco perturbado.
Kiehl (1979) afirma que solos com densidade entre 1,7 e 1,8 Mg.m-3 já
ocasionam dificuldades à penetração de raízes. Valores de 1,6 a 1,8 Mg.m-3 são
citados como críticos para solos francos e arenosos por Reichert et al. (2003).
Assim, pode-se admitir que os valores de densidade do solo encontrados neste
trabalho, não são limitantes ao desenvolvimento do sistema radicular da cultura
implantada, a qual apresenta raízes estruturais lenhosas (de sustentação) cujas
espessuras aumentam através dos anos, com diâmetros variando entre 6 e 100 mm;
e raízes permanentes com 2 a 6 mm de diâmetro que crescem vertical e
horizontalmente através do solo (RICHARDS, 1983 apud SOARES; NASCIMENTO,
1998). Solos com textura arenosa podem permitir distribuição mais uniforme do
sistema radicular da videira através do perfil.
Comparando-se os valores de densidade do solo obtidos nos diferentes
pontos de coleta e profundidades, entre as duas épocas, não foram encontradas
diferenças significativas na maioria dos pontos, conforme apresentado na Tabela 7.
58
Tabela 7. Comparação das médias de densidade do solo ( ) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
DS
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
--- m --- ------- Mg.m-3
------- ------- Mg.m-3
-------- ------- Mg.m-3
-------
0,0-0,10 1,477 1,496 ns 1,607 1,516 * 1,589 1,591 Ns
0,10-0,20 1,512 1,519 ns 1,529 1,503 ns 1,567 1,552 Ns
0,20-0,30 1,547 1,501 ns 1,511 1,477 ns 1,550 1,530 Ns
0,30-0,60 1,479 1,478 ns 1,468 1,496 ns 1,575 1,545 *
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
Esperava-se que a densidade do solo reduzisse com o aumento da
agregação, no entanto os processos de agregação não foram suficientes para gerar
tal resultado no período de tempo decorrido. Reinert et al. (2008) trabalhando com
Argissolo Vermelho com textura superficial média, esperavam obter após o cultivo
com plantas de cobertura, uma redução da densidade do solo, a qual foi obtida
apenas na camada mais superficial. Segundo os autores, um dos fatores que podem
ter contribuído para isso seria o curto período após o qual foi realizada a avaliação
da densidade, que correspondeu a dois ciclos das plantas de cobertura (1999 a
2001).
Reinert et al (2008) destacam, no entanto, que a inclusão de plantas de
cobertura está ligada a criação de poros biológicos de alta funcionalidade, os quais
representam normalmente menos de 3% do volume do solo e, cuja formação reduz
pouco a densidade, mas tem efeitos importantes nos fluxos de ar e água no perfil,
muitas vezes não detectados por métodos tradicionais.
A porosidade total do solo apresentou comportamento inverso ao da
densidade, tendo em vista que quanto menor a densidade do solo, maiores são os
valores de porosidade encontrados. Assim, aos seis meses após a implantação da
cultura (Figura 14), a porosidade total foi maior para a área cultivada, variando de
0,46 a 0,43 m3.m-3. Não houve variação dessa propriedade ao longo do perfil e, nem
interação significativa entre os locais de coleta e as diferentes profundidades.
A porosidade total é determinada pela forma como se arranjam as partículas
sólidas do solo e, é baixa quando as partículas se arranjam em íntimo contato,
ocorrendo predominância de sólidos na amostra de solo; quando as partículas se
encontram arranjadas em agregados, ocorre uma predominância de vazios na
amostra elevando a porosidade (RIBEIRO et al., 2007).
59
Figura 14. PT nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Aos doze meses (Figura 15), os valores de porosidade continuaram a ser
maiores para linha e entrelinha de plantio (0,46 m3.m-3 na área cultivada e
0,43 m3.m-3 na área de pousio). Quanto às profundidades e interação, o
comportamento também foi semelhante ao encontrado na primeira avaliação.
Figura 15. PT nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
60
Comparando-se as médias de porosidade obtidas para as duas avaliações
(Tabela 8), verificou-se que as mesmas não apresentaram diferenças significativas
entre si pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade.
Tabela 8. Comparação das médias de porosidade total ( ) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
PT
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
-- m -- -------- m.m-3
-------- -------- m.m-3
-------- -------- m.m
-3 -------
-
0,0-0,10 0,487 0,456 Ns 0,432 0,449 ns 0,420 0,410 ns
0,10-0,20 0,460 0,452 Ns 0,449 0,468 ns 0,435 0,440 ns
0,20-0,30 0,453 0,464 Ns 0,456 0,468 * 0,441 0,423 ns
0,30-0,60 0,462 0,472 ns 0,471 0,446 ns 0,437 0,443 ns
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
Cortez et al. (2011) encontraram para Argissolo Amarelo Distrófico típico de
textura arenosa/média localizado em Petrolina-PE, valores médios de porosidade de
0,45, 0,46 e 0,43 m3.m-3 para as camadas de 0,0-0,10, 0,10-0,20 e 0,20-0,30 m,
respectivamente, em área submetida a preparo do solo com diferentes implementos.
Para o solo sem preparo, a porosidade variou de 0,48 m3.m-3 entre 0,0 e 0,10 m, à
0,42 m3.m-3 entre 0,20 e 0,30 m. Silva et al. (2002), encontraram para Argissolo
Amarelo eutrófico também localizado em Petrolina, valores de porosidade variando
entre 0,44 e 0,37 m3.m-3 até 0,60 m de profundidade no perfil.
Já Aguiar (2008), não encontrou diferenças significativas para a porosidade
total entre áreas de mata e áreas cultivadas de um Argissolo Vermelho Amarelo
Eutrófico abrúptico de textura arenosa, localizado no semiárido cearense, atingindo
em média valores em torno de 0,50 m3.m-3.
Lima, H. et al. (2007), ao avaliar solos com textura franco-arenosa no
município de Tauá-CE, também não encontraram diferenças significativas ao
comparar valores de densidade do solo e porosidade total entre os cultivados
organicamente e, os submetidos ao cultivo convencional.
De acordo com Kiehl (1979), os solos arenosos apresentam menor
porosidade, variando em média de 35 a 50% e apresentando maior proporção de
macroporos que de microporos. O autor salienta que a melhoria da porosidade do
61
solo pode ser obtida adicionando-se matéria orgânica, a qual reduz a densidade do
solo, e realizando o preparo em condições corretas de umidade, de modo a não
provocar a compactação.
Na agricultura, a porosidade é responsável pela regulação das relações entre
as fases sólida, líquida e gasosa dos solos, sendo de grande importância conhecer a
distribuição do tamanho dos poros, a qual apresenta significância maior que a
porosidade total na determinação das propriedades do solo (KIEHL, 1979).
Contrariamente ao observado no trabalho, Bertoni e Lombardi (2005) afirmam
que solos cultivados têm menor porcentagem de porosidade, quando comparados
com os mesmos solos não cultivados, sendo a perda de porosidade associada à
redução do teor de matéria orgânica, a compactação e aos impactos das gotas de
chuva. Acredita-se que a adição continua de matéria orgânica e a manutenção da
cobertura do solo, tenham contribuído para a manutenção dos valores de porosidade
encontrados na área cultivada.
4.3. Índice de floculação
O índice de floculação do solo representa a proporção de argila naturalmente
floculada em relação à argila total, permitindo obter respostas sobre o processo de
estruturação do solo.
Seis meses após a implantação da cultura não foram encontradas diferenças
significativas nas camadas de 0,0 a 0,10 e de 0,30 a 0,60 m, quanto ao índice de
floculação, não ocorrendo o mesmo para as camadas intermediárias, em que este
parâmetro foi igual para linha e área de pousio e, significativamente maior que a
entrelinha (Figura 16).
A obtenção de um menor IF para a entrelinha de plantio entre 0,10 e 0,30 m,
pode estar correlacionada com os resultados obtidos para o teor de matéria orgânica
nessa época, os quais foram significativamente menores para essa área, uma vez
que o processo de floculação das argilas também pode ser influenciado pela matéria
orgânica.
62
Figura 16. IF nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Beutler et al. (2001) encontraram correlações significativas entre a matéria
orgânica e o índice de floculação na camada de 0,0 a 0,05 m de Latossolo Vermelho
distrófico típico, cultivado em sistema de semeadura direta, comprovando o efeito da
matéria orgânica na floculação das argilas.
O menor teor de matéria orgânica e a baixa floculação das argilas podem ser
tidos como os fatores responsáveis pelos menores diâmetros de agregados
encontrados para a entrelinha nesta época.
Prado e Centurion (2001), avaliando a floculação da argila do horizonte
superficial de um Latossolo Vermelho-Escuro, textura média, submetido ao cultivo
contínuo por 25 anos com cana-de-açúcar, observou que o grau de floculação
reduziu com o aumento da profundidade, tanto para a área cultivada quanto para a
área de mata, apesar de não ter apresentado diferença estatística, atribuindo esses
resultados a menor contribuição da matéria orgânica em profundidade, uma vez que
as camadas superficiais foram beneficiadas com a deposição de resíduos vegetais
nas duas áreas.
Entrelinha e área de pousio apresentaram índices de floculação
estatisticamente iguais para todas as profundidades, ocorrendo o mesmo para a
linha de plantio até 0,30 m de profundidade, já que a camada de 0,30 a 0,60 m
apresentou um valor significativamente menor.
63
Grugiki et al. (2009), trabalhando com Argissolo Vermelho Amarelo cultivado
com mandioca, eucalipto e sorgo, também não encontraram diferenças significativas
para o índice de floculação para as diferentes profundidades estudadas .
Um ano após a implantação da cultura, a área cultivada apresentou índice de
floculação superior à área de pousio, não diferindo significativamente entre as
profundidades e, não apresentando interação significativa entre estas e os locais de
coleta (Figura 17). Os valores inferiores encontrados para a área de pousio podem
estar relacionados aos valores maiores de densidade do solo encontrados para a
área no mesmo período, tendo em vista que menores índices de floculação implicam
em maior dispersão das argilas, as quais podem preencher parte do espaço livre
existente.
Figura 17. IF nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Comparando-se as médias do índice de floculação obtidas para as duas
épocas de coleta não foram observadas diferenças significativas para a linha de
plantio e, entre 0,10 e 0,60 m na área de pousio (Tabela 9), ocorrendo na maioria
dos casos uma pequena redução no índice de floculação, para o solo coletado doze
meses após a implantação do cultivo, em relação ao coletado aos seis meses.
64
Tabela 9. Comparação das médias do índice de floculação (IF) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
IF
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
--- m ---
0,0-0,10 0,972 0,970 ns 0,969 0,954 * 0,983 0,939 *
0,10-0,20 0,985 0,980 ns 0,955 0,952 ns 0,977 0,947 Ns
0,20-0,30 0,977 0,968 ns 0,948 0,954 * 0,970 0,931 Ns
0,30-0,60 0,948 0,954 ns 0,958 0,964 ns 0,963 0,947 Ns
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
Tais resultados não são muito significativos do ponto de vista da agregação
do solo, uma vez que foram obtidos valores maiores para os índices usados para
avaliar essa propriedade (DMP, DMG e IEA), na segunda época de coleta.
Evidenciam, portanto a menor influência atribuída a fração argila no processo de
agregação dos solos arenosos, o qual depende principalmente da matéria orgânica,
como já relatado neste trabalho uma vez que a quantidade de argila presente é
muito pequena.
4.4. Teor de matéria orgânica
A matéria orgânica é um dos atributos do solo mais sensíveis às práticas de
manejo adotadas, e por isso é considerada um dos mais importantes indicadores de
qualidade do solo e sustentabilidade agrícola (REINERT et al., 2006), relacionando-
se diretamente com as funções e processos biológicos, físicos e químicos que
ocorrem no solo (VEZZANI; MIELNICZUK, 2009).
Avaliando-se o teor de matéria orgânica nas áreas cultivadas e de pousio,
seis meses após a implantação da cultura, observou-se que o maior teor de matéria
orgânica ocorreu para a área de pousio, seguida da linha e entrelinha (Figura 18).
Esse resultado pode ter recebido influência da realização do preparo do solo na área
cultivada, o qual ocasiona o revolvimento do solo e a quebra dos agregados
expondo a matéria orgânica presente e, aumenta a aeração nas camadas
superficiais elevando as taxas de oxidação, responsável pela redução da M.O. em
relação à área não cultivada.
65
Figura 18. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de coleta seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
De acordo com Reinert et al. (2006) a mobilização do solo pelo preparo
resulta em um incremento das trocas gasosas, criando um ambiente oxidativo que,
associado à redução da proteção física de fragmentos de matéria orgânica dentro de
agregados, resulta em rápido declínio do teor matéria orgânica.
Leite et al. (2010) afirma que em estudo realizado em Argissolo Amarelo
localizado em Petrolina, objetivando-se verificar as alterações no estoque de
carbono promovidas pela antropização do bioma Caatinga, foram encontrados
estoques de carbono significativamente superiores na Caatinga preservada, quando
comparados a Caatinga alterada, pastagem com capim buffel e cultivo irrigado de
mangueira até a profundidade de 0,10 m. Na profundidade de 0,10 a 0,20 m, a
Caatinga preservada, a alterada e o capim buffel, não diferiram entre si, mas foram
significativamente superiores ao cultivo de mangueira.
Observou-se que de maneira geral o teor de matéria orgânica decresceu com
o aumento da profundidade (Figura 18), o que já era esperado, tendo em vista que o
maior acúmulo de M.O. se dá na camada superficial, na qual se depositam os restos
vegetais e onde ocorre maior influência da exsudação radicular e atividade de
microrganismos.
Souza e Alves (2003), trabalhando com Latossolo sob diferentes sistemas de
manejo, constataram uma diminuição dos teores de matéria orgânica em
66
profundidade, ocorrendo de maneira mais acentuada da camada superficial para as
subseqüentes, estando relacionada a uma maior deposição superficial de resíduos
orgânicos.
Aos doze meses após a implantação da cultura, também ocorreu interação
significativa entre os pontos de coleta e profundidades ao nível de 5% de
probabilidade (Figura 19). Na camada de 0,0-0,10 m a matéria orgânica decresceu
da área de pousio para linha e entrelinha, observando-se o mesmo na camada de
0,30-0,60 m. Na camada de 0,10-0,20 m, o maior teor de M.O. foi encontrado para a
linha de plantio, seguida da área de pousio e entrelinha, enquanto na de 0,20-0,30 m
não ocorreram diferenças entre as áreas avaliadas.
Figura 19. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de coleta doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
Na entrelinha não foram observadas diferenças significativas entre as
profundidades amostradas, ao contrário da linha, em que houve redução com a
profundidade e, da área de pousio, em que ocorreu redução até a camada de 0,20-
0,30 m.
De maneira geral, as médias do teor de matéria orgânica obtidas para a
segunda avaliação, foram inferiores as obtidas na primeira avaliação, ao contrário do
que se esperava. Comparando-as por meio do teste t, foram obtidas diferenças
67
significativas ao nível de 5% de probabilidade, conforme Tabela 10. Observa-se que
as maiores reduções ocorreram nas camadas superficiais.
Tabela 10. Comparação das médias do teor de matéria orgânica entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
M.O.
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
--- m--- --------g.kg-1
-------- --------g.kg-1
-------- --------g.kg-1
------
0,0-0,10 9,05 5,33 * 4,40 1,79 * 10,62 6,41 *
0,10-0,20 7,83 4,24 * 5,17 1,85 * 7,98 2,97 *
0,20-0,30 4,60 3,59 ns 3,52 1,55 * 4,65 2,50 Ns
0,30-0,60 3,47 1,64 * 3,69 1,24 * 5,07 6,98 Ns
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
De acordo com Reinert et al. (2006), o manejo da matéria orgânica em
condições tropicais e subtropicais é complexo, devido as taxas de oxidação muito
elevadas. Os autores afirmam ainda, que o incremento de matéria orgânica no solo
depende das condições de clima, solo, manejo e da quantidade e qualidade dos
resíduos vegetais adicionados.
Referindo-se ao cultivo irrigado de mangueira, Leite et al. (2010), afirmam que
as elevadas temperaturas e intensidade de insolação, características do clima
semiárido, associadas a disponibilidade de água dos sistemas irrigados, aumentam
a entropia do sistema, implicando na redução do estoque de carbono.
Silva et al. (2007), afirmam que apesar de apresentar altos índices de
produtividade, o Vale do São Francisco está inserido em uma região cujas condições
edafoclimáticas promovem a rápida oxidação da matéria orgânica, devido a elevada
temperatura, insolação e aeração do solo, favorecida ainda pelas boas condições de
umidade alcançadas pelos sistemas de irrigação de alta freqüência, como o
gotejamento.
Observando-se os dados agrometeorológicos referentes a Estação
Agrometeorológica de Bebedouro (Tabela 2), nota-se que os seis meses que
antecederam a segunda coleta, intervalo no qual ocorreu a redução do teor de
matéria orgânica, tiveram temperaturas médias mensais superiores aos primeiros
seis meses de cultivo, ocorrendo o mesmo para as temperaturas máximas. A
radiação solar global média também atingiu médias superiores no segundo período
avaliado, assim como o período de insolação, que foi em média, 0,5 horas superior.
68
Entre outubro de 2010 e abril de 2011, choveu cerca de 288 mm, enquanto
que nos seis meses anteriores, a precipitação foi aproximadamente 99 mm inferior.
A maior precipitação e maior incidência de radiação solar condicionaram a
ocorrência de maiores taxas de evaporação nos seis meses anteriores à segunda
coleta (Tabela 2).
Acredita-se então, que a reunião de tais fatores, aliados a uma maior
atividade microbiana na área cultivada, tenha contribuído para a perda de matéria
orgânica observada quando comparadas as médias da primeira e da segunda
avaliação, uma vez que as reduções se estenderam a área de pousio.
Gonçalves et al. (2011), estudando o efeito de fatores climáticos como a
temperatura, a precipitação e a evaporação ao longo de 12 anos, sobre a
decomposição de resíduos de milho e soja, em condições de campo, em sistema de
plantio direto e convencional, realizado em Latossolo Vermelho distroférrico de
textura argilosa na região norte do Paraná, clima subtropical, encontrou
correspondências entre as maiores taxas de decomposição dos resíduos e os
períodos de maior precipitação observados.
Gonçalves et al. (2011) concluiu que em regiões agricultáveis, a umidade
advinda das chuvas exerce um papel primordial na decomposição, sendo que
quanto mais alta for, maior será a porcentagem diária de decomposição dos
resíduos orgânicos.
Silva et al. (2007), avaliando a decomposição de três tipos de resíduos
orgânicos (torta de mamona, esterco caprino e bovino), aplicados em área cultivada
com videira de vinho irrigada por gotejamento, em Petrolina, obtiveram interação
significativa entre os fatores tempo e resíduo, verificando que a decomposição
aumentou ao longo do tempo para todos os resíduos orgânicos estudados, sendo
encontrada a seguinte ordem de intensidade: torta de mamona > esterco caprino >
esterco bovino.
Apesar de não se ter dados dos teores de matéria orgânica para o tempo
zero, ou seja, no momento de implantação da cultura, é possível que a associação
de altas temperaturas com a maior umidade do solo, tenha propiciado maior
decomposição da matéria orgânica da área em estudo no segundo período avaliado
(outubro de 2010 a abril de 2011). A realização de avaliações posteriores poderá
proporcionar a obtenção de conclusões mais significativas quanto ao acúmulo de
matéria orgânica no solo, proporcionado pelo cultivo orgânico de videira.
69
De acordo com Reinert et al. (2006), a presença de matéria orgânica no solo
nos vários estágios de decomposição, a atividade e os tipos de microrganismos,
associados à ação do sistema radicular de plantas, são altamente variáveis,
considerando-se a grande variedade de fontes de matéria orgânica, a variação de
microrganismos, os tipos de sistema radiculares e as condições edafoclimáticas
locais.
As substâncias produzidas e liberadas no solo durante o processo de
decomposição, provavelmente contribuíram significativamente para o aumento do
diâmetro dos agregados do solo observado neste experimento, tendo em vista que
nos solos arenosos a matéria orgânica é responsável direta pela agregação das
partículas.
4.5. Teores de cálcio, magnésio e sódio
Entre os principais cátions trocáveis presentes no solo estão o cálcio (Ca2+), o
magnésio (Mg2+) e o sódio (Na+), cuja concentração está relacionada à capacidade
de troca de cátions, que por sua vez influencia no crescimento das plantas pela
disponibilização de nutrientes.
Além de estarem ligados a fertilidade, cálcio, magnésio e sódio, estão
relacionados aos fenômenos de dispersão e floculação de argilas, as quais formam
agregados ligando-se umas às outras através de moléculas dipolares (água), sendo
orientadas de acordo com suas cargas em direção aos cátions trocáveis (KIEHL,
1979).
Avaliando-se o teor de cálcio para o Argissolo em estudo, foram encontradas
aos seis meses após a implantação da cultura, maiores concentrações para a área
de pousio, seguida de linha e entrelinha (Figura 20).
70
Figura 20. Ca2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Silva et al. (2006), trabalhando com Argissolo Amarelo Coeso latossólico
textura média/argilosa localizado em Alagoas, observou que os teores de Ca2+ e
Mg2+ trocáveis foram significativamente menores em áreas cultivadas com cana-de-
açúcar, quando comparados ao solo sob mata nativa na camada de 0,0 a 0,20 m.
Analisando-se as médias obtidas para as profundidades de coleta (Figura 20),
observou-se que o teor de cálcio decresceu à medida que aumentou a profundidade,
comportando-se de modo semelhante à matéria orgânica para o mesmo período.
Na linha de plantio não ocorreram diferenças significativas entre as
profundidades, enquanto na entrelinha, à medida que a profundidade aumentou, os
teores de cálcio decresceram (Figura 20). A área de pousio se comportou de
maneira semelhante a entrelinha, sendo que o maior teor foi encontrado na camada
de 0,0 a 0,10 m, não ocorrendo diferenças significativas entre as demais.
Na segunda avaliação (Figura 21), os valores de cálcio foram maiores para a
área de pousio e linha, no entanto, sem diferir significativamente da entrelinha de
plantio, não sendo encontradas também diferenças significativas entre as
profundidades e, nem interação significativa entre estas e os pontos de coleta.
71
Figura 21. Ca2+ nos diferentes locais de coleta e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Comparando-se as médias dos teores de cálcio obtidas para as duas
avaliações realizadas, não foram encontradas diferenças significativas pelo teste t a
5% de probabilidade, com exceção das amostras coletadas entre 0,0 e 0,30 m na
área de pousio e, de 0,10 a 0,20 m na entrelinha (Tabela 11). Observou-se, no
entanto, que ocorreu uma pequena elevação desses teores em todas as camadas
de solo na linha de plantio, o que pode estar associado à adição de Ca2+ por meio do
composto orgânico em cuja composição está o fosfato natural gafsa que apresenta
alto teor desse elemento. Já as médias para a área de pousio, decresceram em
relação a primeira avaliação até a terceira camada amostrada.
Tabela 11. Comparação das médias do teor de cálcio (Ca2+) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
Ca
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
--- m--- -----cmolc.dm-3
---- -----cmolc.dm
-3---
-
-----cmolc.dm-3
----
0,0-0,10 1,833 2,300 ns 1,600 1,050 ns 5,633 2,767 *
0,10-0,20 1,700 2,233 ns 1,117 1,167 * 3,100 2,333 *
0,20-0,30 1,433 2,467 ns 0,783 1,167 ns 2,533 2,433 *
0,30-0,60 1,153 2,300 ns 0,567 1,040 ns 2,633 2,800 ns
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
72
Quanto ao teor de magnésio (Figura 22), aos seis meses após o plantio,
foram encontradas maiores concentrações para a área de pousio e linha de plantio.
Observou-se também que não ocorreram diferenças significativas entre as
profundidades em nenhum dos locais de coleta. Também não ocorreu interação
significativa entre os locais e profundidades amostradas.
Figura 22. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Lima, H. et al. (2007) trabalhando com solos de textura franco-arenosa no
Ceará, submetidos a cultivo orgânico e convencional, encontrou os maiores valores
de soma de bases na camada superficial das áreas orgânicas, sendo que os
elementos que mais contribuíram para essa elevação foram o Ca2+ e o Mg2+.
Doze meses após o plantio (Figura 23), o magnésio apresentou a mesma
distribuição observada na primeira avaliação, exceto pela não ocorrência de
diferença significativa entre as profundidades.
Este resultado contraria o obtido por Maia e Ribeiro (2004), que encontraram
maiores valores de cálcio e magnésio em Argissolo Amarelo distrófico abrupto
fragipânico, no solo em condições naturais, observando uma redução significativa
nos perfis do solo sob cultivo de cana-de-açúcar.
73
Figura 23. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Entretanto, Silva et al. (2011) avaliando o efeito da aplicação de adubo
orgânico no solo em Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico Latossólico de textura
média, cultivado com videira e, localizado em Petrolina, concluiram que a aplicação
de adubo orgânico eleva os valores de matéria orgânica, pH, condutividade elétrica,
fósforo, potássio, cálcio, magnésio, soma de bases, saturação por bases e
capacidade de troca de cátions.
Costa (2009), avaliando alterações na fertilidade dos solos de áreas
cultivadas com videira, na região do Submédio São Francisco, encontrou
correlações significativas positivas da matéria orgânica com Ca, Mg, CTC e SB, na
profundidade de 0,0-0,20 m, e com o P, Ca, Mg, Na, CTC e SB, na profundidade de
0,20-0,40 m, para a área cultivada.
Luchese et al. (2002) afirmam que a rigor, a matéria orgânica é uma forma de
incorporação de magnésio e cálcio aos solos, tendo em vista que durante o
processo de mineralização, esses elementos vão para a solução do solo.
Comparando-se as médias obtidas para as duas avaliações (Tabela 12),
foram encontradas diferenças significativas na maioria dos pontos, observando-se
que ocorreu um aumento do teor de magnésio em todos os pontos amostrados,
ainda que em diferentes proporções. Na linha e área de pousio, os maiores
74
acréscimos ocorreram para as camadas de 0,10-0,20 m e 0,20-0,30 m, enquanto na
entrelinha, foram observados nas de 0,20-0,30 m e 0,30-0,60 m.
Tabela 12. Comparação das médias do teor de magnésio (Mg2+) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
Mg2+
Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
---m--- --- cmolc.dm-3
--- --- cmolc.dm-3
--- --- cmolc.dm-3
---
0,0-0,10 0,933 1,500 ns 0,633 0,717 * 1,000 1,333 *
0,10-0,20 0,600 1,267 * 0,417 0,500 * 0,733 1,667 ns
0,20-0,30 0,533 1,133 ns 0,300 0,733 * 0,667 1,167 *
0,30-0,60 0,513 1,067 * 0,300 0,727 * 0,800 1,200 *
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
Seis meses após a implantação da cultura, não ocorreram diferenças para os
valores de sódio entre os pontos de coleta nas camadas de 0,10 a 0,20 e de 0,20 a
0,30 m, enquanto que na camada de 0,30 a 0,60 m, os maiores valores ocorreram
para a área de pousio, que diferiu significativamente da linha, mas não da entrelinha
(Figura 24).
A camada de 0,0 a 0,10 m apresentou o maior teor de sódio nos três locais,
sendo que na entrelinha, as diferenças entre as camadas não foram consideradas
significativas. Na linha e na área de pousio, a camada de 0,0 a 0,10 m diferiu das
demais, que não apresentaram grandes diferenças entre si.
Os maiores valores de Na+ encontrados na camada superficial na linha de
plantio, podem estar relacionados a adição deste elemento ao solo por meio da água
de irrigação, uma vez que esta é realizada por gotejamento e concentra-se na linha
de plantio. Outro fator que pode ter contribuído para este resultado é presença de
altos teores de sódio no composto orgânico aplicado na linha conforme Tabela 3.
Em Argissolo Amarelo Coeso latossólico textura média/argilosa, Silva et al.
(2006), encontrou maior saturação por sódio, no solo sob sistema irrigado, quando
comparado a área de sequeiro e área cultivada com aplicação de vinhaça, atribuindo
tal resultado aos teores de sódio encontrados na água de irrigação.
75
Figura 24. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Aos doze meses após o plantio os maiores valores de sódio foram obtidos
para a linha de plantio, sendo que entrelinha e pousio não diferiram
significativamente (Figura 25). Não ocorreram diferenças significativas entre as
profundidades, embora o teor de sódio tenha decrescido à medida que esta
aumentou. Nesta avaliação, a interação entre locais e profundidades não foi
significativa.
Figura 25. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
76
As médias obtidas para a primeira e segunda avaliação diferiram
significativamente entre si apenas para entrelinha e área de pousio, conforme
apresentado na Tabela 13, notando-se, que para entrelinha e pousio ocorreu uma
redução do teor de sódio.
Tabela 13. Comparação das médias do teor de sódio (Na+) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.
Na+
Prof. Linha Teste t Entrelinha
Teste t
Pousio Teste t
Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2
--- m --- -----cmolc dm-3
---- -----cmolc dm-3
---- -----cmolc dm-3
----
0,0-0,10 0,220 0,100 ns 0,043 0,020 * 0,063 0,027 *
0,10-0,20 0,033 0,080 ns 0,030 0,020 * 0,030 0,013 *
0,20-0,30 0,020 0,037 ns 0,027 0,017 * 0,030 0,017 *
0,30-0,60 0,020 0,020 * 0,030 0,023 * 0,037 0,017 *
* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.
77
5. CONCLUSÕES
A avaliação dos indicadores físicos e químicos de qualidade do solo para o
Argissolo em estudo permitiu concluir que:
A adoção do cultivo orgânico de videira contribuiu para o processo de
agregação do solo, obtendo-se após um ano de cultivo, maiores diâmetros de
agregados e índice de estabilidade, que aos seis meses após a implantação
da cultura;
As médias de densidade e porosidade do solo não diferiram
significativamente entre as avaliações, encontrando-se, no entanto, entre os
limites críticos para solos arenosos;
A área de pousio apresentou maiores teores de matéria orgânica quando
comparada a área cultivada;
As condições edafoclimáticas, nas quais o experimento foi conduzido,
favoreceram a elevação das taxas de oxidação da matéria orgânica, que
sofreu redução significativa no segundo período avaliado;
A floculação das argilas do solo, não exerceu grande influência na formação
de agregados, sendo este processo influenciado principalmente pela matéria
orgânica.
O período de um ano foi considerado curto, para a obtenção de resultados
conclusivos quanto à melhoria da qualidade do solo pelo cultivo orgânico,
esperando-se obter resultados mais significativos em avaliações posteriores.
78
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