trabalho metodologia v2.5
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS CURITIBA
DEPARTAMENTO DE MECÂNICA
METODOLOGIA DE PROJETO DE PRODUTOS INDUSTRIAIS
EQUIPE B
DANIEL BUCH
ISABELLI VERTUAN
MARCUS VINICIUS PAES
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E PROTÓTIPO
DE UM DISPOSITIVO ERGONÔMICO PARA
MOVIMENTAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES DE
PARAPLÉGICOS
CURITIBA
DEZEMBRO - 2009
DANIEL BUCH
ISABELLI VERTUAN
MARCUS VINICIUS PAES
EQUIPE B
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E PROTÓTIPO
DE UM DISPOSITIVO ERGONÔMICO PARA
MOVIMENTAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES DE
PARAPLÉGICOS
Trabalho apresentado como requisito parcial à
aprovação na disciplina de Metodologia de
Projeto de Produtos Industriais, do Curso de
Engenharia Industrial Mecânica, ministrada
pelo Departamento Acadêmico de Mecânica,
do Campus Curitiba, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.
CURITIBA
DEZEMBRO – 2009
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer o apoio recebido da Associação dos Deficientes
Físicos do Paraná que nos cedeu a oportunidade de entrar em contato com pessoas
portadoras de deficiência física, público-alvo do presente trabalho. Agradecemos
especialmente ao Danilo Eisfeld, responsável por projetos e captação de recursos,
ao Moisés Batista, atleta paraolímpico, a Fabiana Scorsato, fisioterapeuta e todos os
deficientes físicos entrevistados. Todos contribuíram grandemente para o
desenvolvimento deste trabalho.
Agradecemos também ao Professor Carlos Cziulik por suas aulas
enriquecedoras que despertam a curiosidade e o interesse pela área de projetos.
RESUMO
O desenvolvimento de novos produtos para pessoas com deficiência física vem
crescendo a cada ano no país. Inserido nesse contexto está sendo desenvolvido um
protótipo para pessoas com deficiência física, mas especificamente para pessoas
que não possuem atividade motora nos membros inferiores. O desenvolvimento do
mesmo é baseado em uma concisa metodologia, esta descrita por Pahl & Beitz.
Após a equipe ter entrado em contato com pessoas com deficiência física,
iniciou-se uma busca por oportunidades de desenvolvimento de projetos que
pudessem beneficiar esta classe de pessoas. Após uma prospecção de
oportunidades levantadas a equipe decidiu desenvolver um produto voltado para
pessoas sue não possuem atividade motora nos membros inferiores e que se
utilizam de cadeiras de rodas para locomoção. Entretanto o produto é voltado para
aquelas pessoas que possuem os membros inferiores íntegros. A metodologia
empregada para o desenvolvimento deste projeto possui várias etapas (e.g.
Levantamento do Estado da Arte, Levantamento das Necessidades dos Clientes,
Benchmarking, entre outros). Com a aplicação da metodologia tem-se os dados
necessários para a realização de um bom projeto.
Baseado nisso desenvolver-se-á o protótipo para deficientes de locomoção,
isso terá a sua execução devidamente dentro dos conceitos estudados na sala de
aula.
Palavras-chave: metodologia, deficientes físicos, membros inferiores, protótipo.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– Causas de lesão de medula espinhal ........................................................ 11
Figura 2 - Coluna vertebral e medula espinhal .......................................................... 17
Figura 3 - Ex-soldado caminhando com o ReWalk ................................................... 21
Figura 4 – Parabike ................................................................................................... 22
Figura 5 - Cadeira Extensora .................................................................................... 22
Figura 6 - Cadeira Flexora ........................................................................................ 23
Figura 7 - Flexora deitada ......................................................................................... 23
Figura 8 - Função global do produto ......................................................................... 29
Figura 9 - Estrutura funcional do produto .................................................................. 29
Figura 10 - Sub-função A .......................................................................................... 30
Figura 11 - Sub-função B .......................................................................................... 30
Figura 12 - Sub-função C .......................................................................................... 30
Figura 13 - Sub-função D .......................................................................................... 30
Figura 14 - Sub-função E .......................................................................................... 31
Figura 15 - Concepção 1 ........................................................................................... 33
Figura 16 - Concepção 2 ........................................................................................... 34
Figura 17 - Concepção 3 ........................................................................................... 34
Figura 18 - Concepção 4 ........................................................................................... 35
Figura 19 - Modelo do dispositivo .............................................................................. 37
Figura 20 - Movimentação do dispositivo .................................................................. 37
Figura 21 - Propagador de restrição: Cadeira de rodas ............................................ 40
Figura 22 - Propagador de restrição: Limitações do usuário ..................................... 41
Figura 23 - Propagador de restrição: Peso da pernas ............................................... 41
Figura 24 - Propagador de restrição: Rolamentos ..................................................... 42
Figura 25 - Eixo escolhido para o dimensionamento ................................................. 42
Figura 26 - Principais dimensões do eixo .................................................................. 43
Figura 27 - Protótipo em construção ......................................................................... 45
Figura 28 - Protótipo sem acabamentos ................................................................... 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Prospecção de oportunidades .................................................................. 11
Tabela 2 - Benchmarking .......................................................................................... 24
Tabela 3 - Casa da Qualidade................................................................................... 27
Tabela 4 - Especificação do produto ......................................................................... 28
Tabela 5 - Matriz Morfológica .................................................................................... 32
Tabela 6 – Concepções selecionadas ....................................................................... 33
Tabela 7 - Matriz de Avaliação Relativa .................................................................... 35
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADFP - Associação dos Deficientes Físicos do Paraná
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
1.1 PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA DE LOCOMOÇÃO 10
1.1.1 INCIDÊNCIA E ETIOLOGIA 10
1.2 APRESENTAÇÃO DA OPORTUNIDADE 11 1.3 OBJETIVOS 12
1.3.1 OBJETIVO GERAL 12
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 12
1.4 JUSTIFICATIVAS 13 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO 13
2 PERDA DA CAPACIDADE MOTORA: CARACTERIZAÇÃO E OPORTUNIDADES 15
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS DE MEDULA ESPINHAL 15
2.1.1 PATOLOGIAS CONGÊNITAS 15
2.1.2 LESÕES TRAUMÁTICAS 16
2.1.3 DEGENERATIVAS 16
2.1.4 TUMORAIS 16
2.1.5 INFECCIOSAS 16
2.1.6 DOENÇAS NEUROLÓGICAS E SISTÊMICAS 17
2.1.7 DOENÇAS VASCULARES 17
2.2 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS LESÕES MEDULARES 17
2.2.1 TETRAPLEGIA 18
2.2.2 PARAPLEGIA 18
2.3 MOVIMENTAÇÃO DOS MEMBROS AFETADOS 18 2.4 LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES DO CLIENTE 19
2.4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CLIENTE 19
2.4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES 19
2.4.3 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 19
2.4.4 DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES 20
2.5 EQUIPAMENTOS ESPECIAIS PARA DEFICIENTES FÍSICOS 20
2.5.1 TRAJE MOTORIZADO PARA PARAPLÉGICOS 20
2.5.2 BICICLETA ERGOMÉTRICA PARA DEFICIENTES FÍSICOS 21
2.6 EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO DE PERNAS 22
2.6.1 CADEIRA EXTENSORA 22
2.6.2 CADEIRA FLEXORA 23
2.7 BENCHMARKING 24 2.8 CARACTERIZAÇÃO DA OPORTUNIDADE 24
3 PROJETO CONCEITUAL 26
3.1 INTRODUÇÃO 26 3.2 DEFINIÇÃO DA TAREFA 26
3.2.1 REQUISITOS DA QUALIDADE 26
3.2.2 CASA DA QUALIDADE 26
3.2.3 Especificação do produto 27
3.3 Desenvolvimento de Alternativas 28
3.3.1 Função global e estrutura funcional 29
3.3.2 Matriz morfológica 31
3.3.3 Geração de concepções 33
3.4 Avaliação de alternativas 35 3.5 Descrição da solução e layout 36 3.6 FECHAMENTO DO CAPÍTULO 38
4 PROJETO PRELIMINAR E DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO 39
4.1 INTRODUÇÃO 39 4.2 DESCRIÇÃO DOS PROPAGADORES DE RESTRIÇÃO 39
4.2.1 DIMENSÕES DA CADEIRA DE RODAS 40
4.2.2 DIMENSÕES DO USUÁRIO E LIMITAÇÕES DE MOVIMENTO 40
4.2.3 PESO DAS PERNAS DO USUÁRIO 41
4.2.4 ROLAMENTOS 42
4.3 DIMENSIONAMENTO DE UM COMPONENTE 42 4.4 PROTÓTIPO 43
4.4.1 METODOLOGIA ADOTADA 44
4.4.2 DESCRIÇÃO DO PROTÓTIPO 44
4.4.3 TESTES PRELIMINARES 46
4.4.4 RESULTADOS PRELIMINARES 46
4.4.5 FECHAMENTO DO CAPÍTULO 47
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 47
5.1 CONCLUSÕES 47 5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 48
REFERÊNCIAS 50
APÊNDICE A – DIMENSIONAMENTO DO EIXO DA POLIA 52
Capítulo 1 Introdução 10
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de produtos para indivíduos com deficiência física
representa, sobretudo, uma grande contribuição para a inclusão social desta classe.
Do ponto de vista econômico, esta atividade também é interessante, pois está
focada em um grupo resguardado por diversas leis federais que lhe garantem
emprego e facilitam sua aquisição de bens. O presente trabalho pretende vislumbrar
e explorar uma oportunidade de negócio nesta conjuntura.
1.1 PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA DE LOCOMOÇÃO
Segundo a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, são considerados
portadores de deficiência todos os indivíduos que possuem capacidade limitada de
relação e utilização do meio. Particularizando esta definição, segundo Greve et al.
(2001), deficientes físicos de locomoção são todas as pessoas que possuem alguma
dissonância na medula espinhal, gerada por sua má formação congênita, lesão pós-
traumática ou patologias, causando dificuldade ou impedimento de movimentação
dos membros corporais (GREVE et al., 2001).
1.1.1 INCIDÊNCIA E ETIOLOGIA
Para cada mulher existem cinco homens lesados. A maior incidência está na
faixa etária dos 20 aos 39 anos, com 49% dos casos (GARDNER et al., 1993 apud
STOKES, 2000). As principais causas de dano à medula espinhal são apresentadas
na Figura 1. Nota-se que 84% dos eventos são considerados traumáticos, ou seja,
houve destruição mecânica do tecido neural; o restante enquadra-se na categoria de
não-traumáticos. Mais detalhes quanto a estas definições podem ser encontrados no
capítulo 2.
Cada lesão e cada indivíduo exigem uma abordagem clínica distinta, que
engloba desde o tratamento psicológico, para a readequação à nova realidade, até
procedimentos fisioterápicos, objetivando evitar o enrijecimento das articulações e
atrofia muscular, além de readquirir parte da movimentação dos membros.
Capítulo 1 Introdução 11
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 1– Causas de lesão de medula espinhal
FONTE: (STOKES, 2000)
1.2 APRESENTAÇÃO DA OPORTUNIDADE
Inicialmente, a partir de discussões preliminares entre a equipe e os membros
da ADFP (Associação de Deficientes Físicos do Paraná), foi realizado um
levantamento das oportunidades de potencial promissor, que podem ser
visualizadas na Tabela 1. Após discussão e avaliação das oportunidades, optou-se
pelo desenvolvimento de um dispositivo para movimentação passivas dos membros
inferiores.
Tabela 1 - Prospecção de oportunidades
Tema Oportunidade Identificador valor
Esp
orte
Prancha de surf Marcus 7
Dispositivo de adaptação para prática de esgrima Danilo - ADFP 6
Cadeira para arremesso de peso
Moisés, atleta paraolímpico - ADFP 6
Tra
nspo
rte
Veículo monoposto adaptado à cadeira de rodas Marcus 8
Cadeira de rodas anfíbia Isabelli 7
Dispositivo facilitador de transposição de escadas Isabelli 8
Cadeira de rodas adaptada terrenos com areia (praia) Daniel 7
Reabilitação Dispositivo para movimentação passiva dos membros inferiores
Daniel 9
Capítulo 1 Introdução 12
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Segundo a fisioterapeuta Fabiana Scorsato, atuante na reabilitação de vítimas
de dano na medula espinhal pela ADFP, a movimentação passiva constante dos
membros afetados é crucial para sua recuperação (maiores detalhes constam na
seção 2.3), principalmente nos dois primeiros meses após a lesão; momento em que
o paciente não está inteiramente adaptado à sua nova realidade e, portanto, não
apresenta alto nível de independência, o que compromete sua motivação e
capacitação para execução de exercícios fisioterápicos. Estas condições são
agravadas pela carência de equipamentos disponíveis/ acessíveis que facilitem
esses exercícios. Nesta conjuntura, vislumbrou-se uma lacuna no mercado
destinado de deficientes físicos de locomoção.
1.3 OBJETIVOS
Os objetivos do trabalho foram divididos em objetivo geral e objetivos
específicos, conforme as seções seguintes.
1.3.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo do presente trabalho é o desenvolvimento do projeto e construção
do protótipo de um dispositivo destinado à movimentação das pernas de um
portador de deficiência física de locomoção acionado por força muscular do
utilizador.
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Foram definidos como objetivos específicos:
a) Levantar e analisar as necessidades de pessoas com deficiência de
locomoção;
b) Traduzir estas necessidades para requisitos de projeto e classificá-los de
acordo com sua relevância;
c) Analisar produtos existentes no mercado que exerçam funções semelhantes
às pretendidas pelo dispositivo em desenvolvimento neste trabalho,
apontando seus pontos fortes e fracos;
d) Desenvolver um produto que preencha uma lacuna do mercado destinado ao
grupo de portadores de deficiência física de locomoção;
Capítulo 1 Introdução 13
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
1.4 JUSTIFICATIVAS
O desenvolvimento de um dispositivo para movimentação de membros
inferiores de pessoa com perda de atividade motora nestes membros, através da
aplicação de uma força muscular do próprio usuário, irá promover diversos
benefícios à saúde do usuário. Apesar de se conhecer a importância da
movimentação de membros inativos, ou semi-inativos, ainda não se difundiu a idéia
do desenvolvimento de dispositivos práticos para esta finalidade. O cliente sinalizou
interesse na existência de um produto acessível em termos de custo e que pudesse
ser instalado em um cômodo de uma residência.
A equipe visualizou a oportunidade de desenvolver um produto que pudesse
ser comercializado, tendo como público-alvo as pessoas com perda de atividade
motora nos membros inferiores e entidades que prestam assistência a esta classe
de deficientes. Como será abordado em pormenores na seção 2.3, existem diversos
benefícios em se exercitar os membros com perda de atividade motora e atualmente
esta idéia é bastante difundida. Portanto, um dispositivo prático para a
movimentação dos membros inferiores, com baixo custo e de tamanho reduzido,
pode motivar o público-alvo a adquirir o produto para instalá-lo em residências,
entidades de amparo a deficientes físicos, clínicas de fisioterapia e até academias
adaptadas para deficientes físicos.
A oportunidade de projeto também apresenta um caráter social relevante, pois
visa desenvolver um produto destinado a melhorar a qualidade de vida de pessoas
com deficiência física. Portanto a equipe motivou-se consideravelmente a
desenvolver o projeto, pois considera também uma questão de responsabilidade
social.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
O capítulo 1 traz introdução a importância do desenvolvimento deste projeto.
Buscou-se caracterizar brevemente o público-alvo e a sua realidade atual e sua
representatividade.
O capítulo 2 descreve mais detalhadamente as lesões da medula espinhal,
além apresentar produtos que auxiliam na qualidade de vida de portadores de
deficiência física de locomoção. Na sequência, o benchmarking qualifica e compara
Capítulo 1 Introdução 14
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
as características de diferentes produtos destinados à movimentação passiva dos
membros inferiores. Este capítulo contém, ainda, o levantamento de necessidade e
caracterização dos clientes e da oportunidade.
O capítulo 3 apresenta a aplicação de ferramentas como casa da qualidade,
elaborada a partir da tradução das necessidades dos clientes em requisitos da
qualidade. Neste capítulo foi gerados os requisitos de projeto que nortearam a
geração de concepções para o produto. Ao final do capítulo é apresentado o layout
do produto, selecionado através da Matriz de Avaliação Relativa.
O capítulo 4 inicia com uma análise dos propagadores de restrições seguido do
dimensionamento de um componente do produto. Na sequência foram dedicadas
algumas seções para tratar do protótipo em escala desenvolvido pela equipe.
No capítulo 5 a equipe apresenta as conclusões a respeito do desenvolvimento
do projeto e também algumas sugestões para trabalhos futuros.
15
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
2 PERDA DA CAPACIDADE MOTORA: CARACTERIZAÇÃO E
OPORTUNIDADES
Neste capítulo será aborda as lesões medulares, buscando justificar a
importância do desenvolvimento de produtos que auxiliem as pessoas com perda de
função motora devido a lesões na medula espinhal. As pessoas com algum tipo de
lesão na medula espinhal normalmente necessitam, em menor ou maior grau, de
equipamentos especiais que auxiliem nas atividades cotidianas (e.g. tomar banho) e
que promovam a movimentação dos membros afetados para, por exemplo, manter a
amplitude dos movimentos.
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS DE MEDULA ESPINHAL
Segundo Grave et al. (2001), é possível classificar, didaticamente, as
patologias que comprometem a medula espinhal:
a) Congênitas
b) Traumáticas
c) Degenerativas
d) Tumorais
e) Infecciosas
f) Doenças neurológicas e sistêmicas
g) Doenças vasculares
2.1.1 PATOLOGIAS CONGÊNITAS
Este tipo de patologia está associada às falhas de desenvolvimento de
estruturas medianas, consistindo na causa mais freqüente de anomalias congênitas
do sistema nervoso central. Esta patologia ainda pode ser classificada em aberta ou
fechada, caracterizando a existência ou não de pele intacta sobre a malformação
(GRAVE et al., 2001).
16
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
2.1.2 LESÕES TRAUMÁTICAS
São lesões decorrentes de eventos catastróficos, causando destruição
mecânica do tecido neural e hemorragia intramedular. As causas mais freqüentes
são os acidentes com veículos automotivos, ferimentos por arma de fogo e quedas
em atividades esportivas ou recreativas (ibidem).
2.1.3 DEGENERATIVAS
São patologias que comprometem a medula espinhal devido às complicações
causadas por doenças degenerativas como a espondiose cervical degenerativa, que
consiste no comprometimento dos discos intervertebrais, ossos e articulações da
coluna vertebral. Estima-se que 50% da população acima de 50 anos exibe sinais de
espondiose em estudos radiológicos. Nas pessoas com mais de 70 anos, a
estimativa aumenta para 97% no caso dos homens e 93% no caso das mulheres.
Essa alteração normalmente é assintomática, mas podem comprometer a medula
espinhal (ibidem).
Outra patologia que pode comprometer a medula espinhal é a calcificação do
ligamento longitudinal posterior. Essa alteração também é degenerativa e
progressiva, mais frequentes nos descendentes asiáticos (TSUKIMOTO, 1960 apud
GREVE et al., 2001).
2.1.4 TUMORAIS
Pode ocorrer comprometimento das funções da medula espinhal pela
ocorrência de tumores próprios do sistema nervoso central, como o dos tecidos
adjacentes. Os tumores podem produzir compressão nos tratos longos ou ocasionar
isquemia (i.e. suspensão da circulação local de sangue) por compressão vascular
(GREVE et al., 2001).
2.1.5 INFECCIOSAS
As infecções do sistema nervoso central podem ser virais ou bacterianas. A
frequência dos casos de infecções do sistema nervoso central tem aumentado em
razão do crescente número de pacientes imunodeprimidos (e.g. pacientes com AIDS
e transplantados). A medula pode ser comprometida por infecções adjacentes (e.g.
osteomielite, meningite, radiculopatias, abscessos) (ibidem).
17
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
2.1.6 DOENÇAS NEUROLÓGICAS E SISTÊMICAS
Algumas doenças neurológicas e sistêmicas podem causar comprometimento
na medula espinhal, entre elas estão a Esclerose Múltipla, a Esclerose Lateral
Amiotrófica e as doenças reumáticas (ibidem).
2.1.7 DOENÇAS VASCULARES
A maioria dos quadros de isquemia medular está associada a patologias
traumáticas ou degenerativas da coluna vertebral, com compressão vascular,
podendo ocorrer também a isquemia em cirurgias da aorta (aneurismas
dissectantes). Ainda existem as patologias vasculares medulares, associadas a
malformações vasculares (ibidem).
2.2 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS LESÕES MEDULARES
A perda de função motora depende do nível da lesão. A lesão pode ser
completa ou parcial. O nível da lesão refere-se à altura na coluna vertebral, que é
formada por 33 vértebras e dividida em quatro níveis (cervical, torácico, lombar e
sacro). Quanto mais alto for o nível da lesão, maior será a amplitude do
comprometimento das funções motoras (RODRIGUES et al., 2006).
Na Figura 2 pode ser observada a coluna vertebral e a inervação dos principais
grupos musculares.
Figura 2 - Coluna vertebral e medula espinhal
FONTE: (Anatomiaonline, 2009)
18
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
As lesões medulares podem ser divididas em duas amplas categorias
funcionais descritas a seguir.
2.2.1 TETRAPLEGIA
Está associada a paralisia parcial ou completa dos quatro membros e do
tronco, incluindo músculos respiratórios, sendo resultante de lesões no nível dos
nervos cervicais (SULLIVAN, 1993).
2.2.2 PARAPLEGIA
Está associada a paralisia parcial ou completa do tronco (ou parte do tronco) e
dos membros inferiores, podendo ocorrer como consequência de lesões da medula
espinhal torácica, lombar ou das raízes sacrais (ibidem).
2.3 MOVIMENTAÇÃO DOS MEMBROS AFETADOS
A movimentação dos membros afetados e o fortalecimento da musculatura
preservada é um fator importante para pessoas com deficiência física. Os membros
não afetados irão assumir funções específicas na busca de suprir a deficiência dos
membros afetados, portanto a musculatura não afetada deve estar bem
condicionada para que as atividades cotidianas possam ser executadas de forma
adequada.
A equipe realizou uma entrevista na ADFP com a profissional da área de
Fisioterapia, Fabiana Scorsato. De acordo com a Fisioterapeuta, a movimentação
dos membros afetados é importante para evitar-se o enrijecimento das articulações e
ajudar a evitar o processo de atrofiamento da musculatura. Além disso, segundo a
Fisioterapeuta, a movimentação das pernas de cadeirantes auxilia na função
digestiva que, normalmente, é afetada pelo trauma ou até mesmo pela falta de
movimentação. Portanto, a movimentação dos membros afetados e o exercício da
musculatura preservam é importante tanto na fase de reabilitação quanto no
cotidiano de deficientes físicos.
Segundo Stokes (2000), a movimentação passiva dos membros afetados tem
os seguintes objetivos:
19
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
a) Auxiliar a circulação;
b) Manter a força muscular, evitando assim o encurtamento dos tecidos moles
de todas as estruturas paralisadas;
c) Manter a amplitude de movimento total articulações.
2.4 LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES DO CLIENTE
As necessidades do foram levantadas com o auxílio de instrumentos de coleta
de informações. A partir de observações feitas pela equipe, foi definido um público
alvo para o projeto. A seguir são descritos o público alvo e os instrumentos de coleta
de informações utilizados.
2.4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CLIENTE
O público alvo do desenvolvimento do projeto são as pessoas com perda da
capacidade motora dos membros inferiores, porém que possuam os tais membros
íntegros. Nesta categoria de pessoas se incluem principalmente as pessoas que
necessitam de cadeiras de rodas para locomoção.
2.4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES
Dentre os métodos de captura de informações mais aplicados, o selecionado
pela equipe foi a entrevista. Este método foi escolhido devido a grande
confiabilidade das informações coletadas. O inconveniente deste método é o tempo
necessário para sua aplicação, porém, mesmo com uma amostra reduzida, os
resultados foram satisfatórios.
Além da entrevista com o público alvo, foram entrevistados profissionais que
trabalham com deficientes físicos, entre eles, Fisioterapeutas.
2.4.3 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A entrevista foi aplicada a 17 portadores de deficiência física, todos eles
cadeirantes e adultos. Entre os entrevistados constam três pessoas do sexo
feminino e 14 pessoas do sexo masculino. Além disso, dois dos entrevistados são
atletas paraolímpicos.
20
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
2.4.4 DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES
As entrevistas foram aplicadas na ADFP nas duas visitas feitas pela equipe. A
primeira visita foi feita no dia 17/09/2009. Nesta primeira visita a equipe fez um
primeiro contato com o público alvo e uma busca de oportunidades. Além disso, a
equipe conversou sobre oportunidade com profissionais que trabalham na ADFP. Na
segunda visita, feita no dia 08/10/2009, a equipe já estava com a oportunidade
definida e foram então aplicadas as entrevistas.
2.5 EQUIPAMENTOS ESPECIAIS PARA DEFICIENTES FÍSICOS
Os avanços tecnológicos têm trazido muitos benefícios aos deficientes físicos,
proporcionando melhora da qualidade de vida e um aprimoramento das atividades
de reabilitação e adaptação.
A seguir serão apresentadas algumas soluções tecnológicas que
proporcionaram a disponibilização de equipamentos especiais para deficientes
físicos.
2.5.1 TRAJE MOTORIZADO PARA PARAPLÉGICOS
Um engenheiro israelense, Amit Goffer, desenvolveu um traje motorizado que
permite aos paraplégicos caminharem sobre os próprios pés, além de subir e descer
escadas e rampas. A única exigência do equipamento é que o paraplégico seja
capaz de se equilibrar com a ajuda de muletas, que são necessárias ao
funcionamento do equipamento. O equipamento foi denominado de ReWalk e pode
ser visto na Figura 3 onde o ex-soldado pára-quedista israelense Radi Kaiof, que
perdeu o movimento dos membros inferiores a pouco mais de 20 anos, aparece
caminhando com o equipamento após um treinamento com o ReWalk no Centro
Médico Sheba, de Tel-Aviv. O criador estima que seu invento chegue ao mercado
em 2010, custando em torno de 20.000 dólares, que é um preço equivalente ao das
cadeiras de rodas mais caras. O próprio criador do equipamento é deficiente físico,
porém não pode ser beneficiado pelo seu próprio invento pois Amit Goffer é
tetraplégico, não tendo alguns movimentos necessários para a utilização do ReWalk
(VEJA, 2008).
21
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 3 - Ex-soldado caminhando com o ReWalk
FONTE: (VEJA, 2008)
2.5.2 BICICLETA ERGOMÉTRICA PARA DEFICIENTES FÍSICOS
Uma empresa de equipamentos para fisioterapia situada em São Carlos no
estado de São Paulo desenvolveu uma espécie de bicicleta ergométrica para
portadores de deficiência física. O equipamento é destinado a usuários de cadeiras
de rodas.
O equipamento, denominado Parabike, permite que o usuário suba no
equipamento com a cadeira de rodas e através de manoplas e pedais, pode
movimentar as pernas utilizando a força proporcionada pelo movimento dos braços.
Além disso, existe a possibilidade de regular a carga do exercício e também de se
trabalhar apenas os braços, sem que haja movimento nas pernas. A Parabike pode
ser observada na Figura 4.
22
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 4 – Parabike
FONTE: (REDONDO, 2009)
2.6 EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO DE PERNAS
Atualmente a humanidade tem buscado meios de manter um bom
condicionamento físico em meio as atividades do cotidiano. Este fato tem motivado o
estudo e o desenvolvimento de equipamentos destinados ao exercício da
musculatura. Muitos equipamentos destinam-se a movimentação dos membros
inferiores e alguns deles serão brevemente descritos a seguir. Entretanto buscou-se
focar em equipamento onde o usuário permaneça sentado, simulando a situação de
um cadeirante.
2.6.1 CADEIRA EXTENSORA
A cadeira extensora destina-se ao exercício dos músculos utilizados para
realizar a extensão da perna. O equipamento é ilustrado na Figura 5.
Figura 5 - Cadeira Extensora
FONTE: (adaptado de UNIFESP, s/d)
23
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
O movimento é realizado através da extensão das pernas. A perna empurra um
anteparo almofadado que é conectado a um braço articulado. O centro da
articulação fica aproximadamente alinhado com a articulação do joelho do usuário. A
equipe observou que o acento é inclinado em relação ao solo, possibilitando a
movimentação livre das pernas e um melhor equilíbrio do corpo. O tronco fica a
aproximadamente 90° em relação às coxas do usuário.
2.6.2 CADEIRA FLEXORA
A cadeira flexora é um equipamento destinado a exercitar a musculatura
responsável pela flexão das pernas. A Figura 6 apresenta a cadeira flexora.
Figura 6 - Cadeira Flexora
FONTE: (KSFITNESS, 2009)
O equipamento também apresenta o assento inclinado em relação à horizontal
e possui um anteparo almofadado para a parte posterior da coxa do usuário.
Outro equipamento destinado a exercitar o mesmo grupo muscular é ilustrado
na Figura 7. Este equipamento utiliza outro conceito, onde o usuário posiciona-se
deitado no equipamento.
Figura 7 - Flexora deitada
FONTE: (UNIFESP, s/d)
24
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Observa-se uma característica construtiva importante que é a posição da
articulação do braço que sustenta o anteparo que é acionado pelas pernas do
usuário. A articulação fica aproximadamente alinhada com o joelho do usuário.
2.7 BENCHMARKING
O benchmarking é constituído pelo levantamento do estado da arte. É um
processo de comparação dos índices de desempenho dos produtos. É empregado
em várias empresas, já que é um método o qual ressalta os indicadores de
qualidade, quantidade e desempenho nas comparações. Juntamente se observa as
necessidades dos clientes por meio da análise das soluções encontradas e constada
a sua qualidade em comparação com as necessidades dos clientes.
Para a realização do benchmarking foi selecionado dois produtos, estes estão
inseridos na categoria de movimentação dos membros inferiores, sendo feita a
análise e a comparação dos resultados e soluções obtidas pelos fabricantes. Os
resultados estão na Tabela 2. Infelizmente a equipe não encontrou um grande
número de dispositivos que implementem a função proposta pela equipe, que
consiste em equipamentos para movimentação dos membros inferiores.
Tabela 2 - Benchmarking
Parabike Re-walk Cadeira Extensora Cadeira Flexora Flexora deitada
Característica
Preço Acessível Pouco acessível Acessível Acessível Acessível
Área projetada Alta Baixa Média Média Alta
Entretenimento Baixo Alto Baixo Baixo Baixo
Apelo visual Baixo Alto Baixo Médio Baixo
Estabilidade Alta Média Alta Alta Alta
Tipos de acionamento Força muscular Motores Força muscular Força muscular Força muscular
Força exercida Médio Baixo Alto Alto Alto
Posição de operação Sentado Em pé Sentado Sentado Deitado
Membro acionador Superior - Inferior Inferior Inferior
Equipamento
2.8 CARACTERIZAÇÃO DA OPORTUNIDADE
Com base no que foi exposto ao longo da abordagem deste capítulo nota-se
que a movimentação passiva de membros com perda de atividade motora tem uma
importância relevante. Também ficou evidente a existência de uma necessidade de
exercitar-se a musculatura não afetada em pessoas com lesões na medula espinhal.
25
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Tendo em vista o caráter importante da movimentação passiva e do exercício
controlado da musculatura preservada, a equipe visualizou a oportunidade de
favorecer o público alvo (i.e. pessoas com perda da capacidade motora dos
membros inferiores, porém que possuam os tais membros íntegros) com o
desenvolvimento do projeto de um dispositivo ergonômico para movimentar as
pernas do usuário através da transmissão da força proveniente da musculatura
preservada do próprio usuário.
26
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
3 PROJETO CONCEITUAL
3.1 INTRODUÇÃO
O projeto conceitual consiste na coleta de informações dos clientes, estas
informações são empregadas de acordo com os termos de grandeza da engenharia,
denominando-se esse método de Casa da Qualidade que permite de forma rápida
verificar qual é a ordem de importância dos requisitos do projeto que está sendo
desenvolvido. Nesse processo também é feito as especificações do produto, que é
um método de medir os requisitos de projeto da casa da qualidade.
Posterior a isso se tem o caminho para que se possa chegar a solução. Para
que isso possa ser feito têm-se a decomposição funcional do dispositivo, que
simplifica o estudo do mesmo. Logo depois é gerada uma série de idéias que serão
colocadas em uma matriz morfológica, onde a melhor idéia sairá da definição de
uma matriz de avaliações.
3.2 DEFINIÇÃO DA TAREFA
3.2.1 REQUISITOS DA QUALIDADE
É a mudanças dos termos usados pelos clientes de forma simples, usual e
genérica, para a linguagem técnica da engenharia. Para que então o projetista possa
trabalhar no desenvolvimento do produto, de acordo com as necessidades
apontadas pelos clientes.
3.2.2 CASA DA QUALIDADE
Com o relacionamento da necessidade dos clientes e requisitos da qualidade
tem se a casa da qualidade, que é visualizada na Tabela 3 - Casa da Qualidade.
27
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Tabela 3 - Casa da Qualidade
�
�
�
0
� � 0 0 � � 0 � � 4
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0 � 0 � 0 � � � � 5
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� � � � � � � � � 3
0 0 � 0 � 0 0 0 � 3
� 0 0 0 � 0 0 0 � 3
138 160 56 98 126 153 87 144 188
5º 2º 9º 7º 6º 3º 8º 4º 1º
NE
CE
SS
IDA
DE
S D
OS
CLI
EN
TE
S
Seg
uran
ça
Não ter cantos vivos
Proteção das partes mecânicas
Ser leve
Fácil transporte
Acionamento manual
Ajustar-se às dimensões do usuário
Ser confortável
For
ça d
e ac
iona
men
to a
just
ável
Tem
po d
e pr
epar
ação
lim
itado
Ser ergonômico
Evitar lesões
REQUISITOS DA QUALIDADES
Pre
senç
a de
mat
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is m
acio
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Ang
ulaç
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col
una
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OR
Pes
o lim
itado
Áre
a pr
ojet
ada
limita
da
Nív
el d
e ru
ído
Ser barato
Cus
to li
mita
do
VALOR DE IMPORTÂNCIA
CLASSIFICAÇÃO POR IMPORTÂNCIA
RELACIONAMENTOS
FORTE
MÉDIO
FRACO
NULO
Aju
ste
para
dife
rent
es e
stat
uras
Ter marcador de tempo e velocidade
Dim
ensõ
esO
pera
ção
Out
ros
Ser desmontável
Ter regulagem de carga
Ser prático
Ser divertido
Ser compacto
Ser silencioso
3.2.3 ESPECIFICAÇÃO DO PRODUTO
Esta etapa consiste em traduzir os requisitos da qualidade em fatores de
projeto, além de limitá-los de acordo com a relevância de demanda. Este processo
está documentado na Tabela 4
28
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
3.3 DESENVOLVIMENTO DE ALTERNATIVAS
Esta seção pretende formar o conjunto solução de alternativas de concepção
do produto. Primeiramente define-se a função global do produto e seu
desdobramento. Então, procura-se gerar alternativas tecnológicas pontuais que
implementem cada uma das sub-funções. E, finalmente, a partir da diferentes
Tabela 4 - Especificação do produto
29
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
possíveis combinações de tecnologias, selecionam-se e avaliam-se as mais
adequadas.
3.3.1 FUNÇÃO GLOBAL E ESTRUTURA FUNCIONAL
A função global do produto está representada na Figura 8.
Figura 8 - Função global do produto
O desdobramento desta etapa está representado na Figura 9.
Figura 9 - Estrutura funcional do produto
30
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
O detalhamento das entradas e saídas das sub-funções podem ser
encontradas nas Figura 10,Figura 11, Figura 12,Figura 13 e Figura 14.
Figura 10 - Sub-função A
Figura 11 - Sub-função B
Figura 12 - Sub-função C
Figura 13 - Sub-função D
31
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 14 - Sub-função E
3.3.2 MATRIZ MORFOLÓGICA
A formulação de alternativas foi desenvolvida a partir de uma atividade de
brainstorming. As principais idéias estão documentadas na matriz morfológica,
Tabela 5.
32
ME
TO
DO
LO
GIA
DE
PR
OJE
TO
S D
E P
RO
DU
TO
S IN
DU
ST
RIA
IS (2009)
Tab
ela 5 - Matriz M
orfo
lóg
ica
Posicionar indivíduo
adequadamente
ARampa +
Anteparo Guia
Rampa +
Alojamento
Conectar cadeira de rodas ao
dispositivo
B
Pinça Anteparo móvel Pino
Regular dispositivo de acordo
com as dimensõs do usuário
CRegulagem
discreta (furos)
Regulagem
contínua (guia) Rosca
Conectar indivíduo ao
dispositivo
Danteparo
almofadado Cinta Pedal com cinta
Transformar força humana em
movimento dos membros
inferiores (músculo +
transmissão)
Ebíceps +
cabo/roldana
tríceps +
cabo/roldana
Movimento
circular +
cabo/roldana
Costas +
cabo/roldana
Solução
Sub-função
S1 S2 S3 S4
33
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
3.3.3 Geração de concepções
A partir das inúmeras soluções propostas na Tabela X, foram escolhidas quatro
possíveis combinações, consideradas mais adequadas, para análise. Seria inviável
analisar as 324 possíveis concepções. As alternativas selecionadas encontram-se
representadas na Tabela 6:
Tabela 6 – Concepções selecionadas
Concepção
1 2 3 4
Sub
-fun
ção
A S2 S3 S1 S2
B S3 S1 S2 S1
C S1 S2 S1 S2
D S3 S2 S2 S1
E S3 S1 S2 S4
Os croquis das quatro concepções, desenvolvidos à mão, estão representados
nas Figura 15, Figura 16, Figura 17, eFigura 18.
Figura 15 - Concepção 1
34
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 16 - Concepção 2
Figura 17 - Concepção 3
35
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 18 - Concepção 4
3.4 AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS
Em consenso, a equipe optou pela utilização da Matriz de Avaliação Relativa.
O objetivo é estabelecer critérios de análise que, criados de acordo com a
especificação do produto (Tabela 4), embasarão a seleção da concepção mais
adequada. A avaliação, representada na Tabela 7, é encaminhada a partir de uma
concepção-referencial, escolhida aleatoriamente.
Tabela 7 - Matriz de Avaliação Relativa
36
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Conclui-se que a concepção mais adequada às especificações do produto é a
de número 4, selecionada para o desenvolvimento das etapas seguintes.
3.5 DESCRIÇÃO DA SOLUÇÃO E LAYOUT
A aplicação da Matriz de Avaliação Relativa apontou como melhor solução a
concepção 04.
A função de posicionar adequadamente o usuário em relação ao dispositivo é
feita incorporando-se a simplicidade do principio de uma rampa para colocar o
indivíduo numa posição ergonômica e equilibrada. Buscou-se atingir uma inclinação
semelhante a utilizada em equipamento empregados em musculação, a exemplo do
equipamento denominado cadeira extensora (Figura 5). Para completar o
posicionamento do indivíduo, as rodas dianteiras da cadeira de rodas são
posicionadas por guias, centralizando o usuário em relação ao dispositivo.
Para implementar a função de conectar a cadeira ao dispositivo, alavancas
laterais acionam as pinças que prendem as rodas traseiras da cadeira de rodas.
A função de regular as dimensões do dispositivo, permitindo uma ajuste para
diferentes estaturas, é implementada através de um sistema com regulagem
contínua com um curso limitado.
A função de conectar o usuário ao dispositivo é implementada por um anteparo
almofadado que mantém presas as pernas do usuário.
A função de transformação de força ficou por conta de um sistema de cabo e
roldanas, sistema amplamente empregado em equipamento de musculação.
O dispositivo permite que o usuário se conecte de forma segura. As pinças não
permitem que a cadeira recue na rampa e o anteparo almofadado sobre as coxas do
usuário impedem que a cadeira incline-se para traz. Assim o indivíduo pode
posicionar-se adequadamente e exercitar a musculatura responsável pelo
movimento executado ao trazer-se uma barra horizontalmente contra o peito. Ao
mesmo tempo suas pernas são movimentadas por um sistema que estende as
mesmas.
Na Figura 19 é apresentado o modelo do dispositivo desenvolvido com o
auxílio do software Inventor®. O dispositivo é basicamente constituído de uma
37
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
estrutura soldada de metalon. Possui diversas regulagem e um plataforma para que
o usuário posicione-se corretamente no dispositivo.
Figura 19 - Modelo do dispositivo
O dispositivo é dotado de uma barra para que o usuário, depois de
posicionado, puxe-a contra o peito. Esta barra está conectada em um cabo que
traciona um mecanismo que faz as pernas do usuário se estender. O movimento do
dispositivo é indicado na Figura 20.
Figura 20 - Movimentação do dispositivo
38
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
3.6 FECHAMENTO DO CAPÍTULO
Este capítulo apresentou o desenvolvimento da etapa de Projeto Conceitual.
Nesta etapa foram aplicadas ferramentas para auxiliar a equipe na tomada de
decisões. Desenvolveu também a estrutura funcional do produto e a partir desta
análise foram geradas alternativas para implementar cada uma das funções. Após
uma análise das alternativas a equipe gerou quatro concepções que foram avaliadas
e a que melhor se enquadrou nas especificações do produto foi escolhida para ser
encaminhada para a próxima etapa do projeto, Projeto Detalhado.
39
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
4 PROJETO PRELIMINAR E DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO
4.1 INTRODUÇÃO
Esta etapa de projeto é caracterizada pelo desenvolvimento da concepção
gerada e selecionada pela metodologia aplicada. Iniciaremos esta etapa realizando
uma análise de propagadores de restrição existentes para o layout da concepção
selecionada. Os propagadores de restrições são as características específicas do
projeto que não podem ser controladas pela equipe de projeto.
Após o levantamento dos propagadores de restrições o projeto segue com a
fase de dimensionamento dos componentes pertencentes ao layout selecionado. O
dimensionamento deve ser feito utilizando os conhecimentos de resistência dos
materiais e suas propriedades mecânicas de forma a estabelecer as regiões mais
críticas e compará-las ao esforço máximo ao qual o componente estará submetido.
É nessa etapa que as condições de uso do produto são determinadas, sendo
necessário realizar um levantamento dos carregamentos estimados. No presente
trabalho será feito o dimensionamento de apenas um componente.
Uma prática relevante na fase de desenvolvimento de produtos é a confecção
de um protótipo do dispositivo projetado. A produção de protótipos agrega um
determinado custo ao desenvolvimento do projeto, porém as vantagens de
materializar o projeto traz inúmeras vantagens (e.g. possibilidade de testar o
produto, possibilidade de visualizar erros de projeto, possibilidade de avaliar se
foram realmente atendidos adequadamente os requisitos do projeto).
4.2 DESCRIÇÃO DOS PROPAGADORES DE RESTRIÇÃO
A caracterização dos propagadores de restrição do projeto é uma atividade que
requer muita atenção da equipe de projeto. A etapa do projeto preliminar inicia-se
com o levantamento dos propagadores de restrição, pois assim a equipe pode
direcionar o desenvolvimento do projeto dos componentes do dispositivo, evitando
resultados inesperados nas fases futuras do projeto.
Para o desenvolvimento do presente projeto, a equipe visualizou diversas
restrições. A seguir são apresentadas as restrições visualizadas pela equipe de
40
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
projeto, apresentando um organograma onde é possível visualizar os efeitos
gerados por cada restrição.
4.2.1 DIMENSÕES DA CADEIRA DE RODAS
Uma restrição com um elevado grau de relevância para o desenvolvimento
deste projeto são as dimensões das cadeiras de rodas, conforme Figura 21. Para
tanto a equipe fez um levantamento medindo as principais dimensões das cadeiras
de rodas comuns.
Figura 21 - Propagador de restrição: Cadeira de rodas
4.2.2 DIMENSÕES DO USUÁRIO E LIMITAÇÕES DE MOVIMENTO
O usuário do dispositivo possui diversas limitações de movimento. Além das
limitações comuns de ordem dimensional e limitações impostas pelas articulações
do corpo, os usuários do dispositivo possuem perda total ou parcial das funções
motoras dos membros inferiores. Estas características devem ser observadas com
muita atenção pela equipe de projeto. Uma análise desta restrição é apresentada na
Figura 22.
41
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 22 - Propagador de restrição: Limitações do usuário
4.2.3 PESO DAS PERNAS DO USUÁRIO
A principal carga sobre o dispositivo durante a operação do mesmo é a parcela
do peso das pernas do usuário que é deslocada pelo dispositivo através da
aplicação de uma força mecânica pelo próprio usuário. Assim a equipe visualizou
esta característica como sendo um propagador de restrição conforme a Figura 23.
Figura 23 - Propagador de restrição: Peso da pernas
42
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
4.2.4 ROLAMENTOS
Outro importante propagador de restrições são os componentes of the shelf
(i.e. componentes padrão encontrados comercialmente). Para o presente projeto, os
rolamentos basicamente os únicos componentes que caracterizam esta categoria de
restrição, conforme a Figura 24.
Figura 24 - Propagador de restrição: Rolamentos
4.3 DIMENSIONAMENTO DE UM COMPONENTE
O componente escolhido para ser dimensionado foi o eixo das polias, que pode
ser visto no modelo da Figura 25.
Figura 25 - Eixo escolhido para o dimensionamento
43
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
O desenho do eixo com sua principais dimensões são apresentados na Figura
26.
Figura 26 - Principais dimensões do eixo
O eixo está submetido a um carregamento muito baixo e os diâmetros foram
escolhidos em função dos rolamentos escolhidos e de características construtivas do
dispositivo. O material selecionado foi o AISI 1020 laminado a quente. Este material
foi escolhido devido ao fato de ser um aço de baixo custo.
O dimensionamento considerou um carregamento por flexão alternada. Foram
considerados dos os fatores de correção de resistência a fadiga e os concentradores
de tensão no eixo. Também foi considerada uma carga bastante acentuada sobre o
anteparo acionador das pernas do usuário. Todos os dados e informações sobre o
dimensionamento são apresentados no Apêndice A. O dimensionamento
apresentado foi realizando com o auxílio do software Mathcad®.
O ponto mais crítico do eixo é o Ponto A, indicado no desenho da Figura 26.
Este ponto apresenta um coeficiente de segurança de 1,52.
O eixo poderia ser dimensionado apenas por carregamento estático, pois a
flexão rotativa é pouco expressiva, assim o coeficiente de segurança real é maior.
4.4 PROTÓTIPO
A equipe de projeto confeccionou um protótipo do produto desenvolvido. O
protótipo foi muito útil, pois além de caracterizar de forma materializada o produto e
44
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
demonstrar sua funcionalidade, permitiu uma visualização das dificuldades de
operação, preparação e montagem. Também, com o protótipo, a equipe visualizou
uma série de possíveis melhorias para o produto.
4.4.1 METODOLOGIA ADOTADA
A primeira decisão feita pela equipe foi a de confeccionar o protótipo em escala
reduzida e com materiais alternativos. Essa decisão foi tomada com base nos altos
custos que seriam agregados na confecção de um protótipo em escala real e com os
materiais especificados no projeto.
4.4.1.1 ESCALA DO PROTÓTIPO
A segunda decisão da equipe foi adquirir um boneco antropométrico. A escala
do protótipo foi definida a partir das dimensões do boneco e das proporções do
homem, conforme Provenza, 1992. O boneco tem 30 cm de altura e a altura média
do homem é de 175 cm. Assim a escala é obtida através da seguinte divisão:
A equipe decidiu arredondar para cima a escala e utilizou a escala de 1:6. Com
a escala definida, foi possível confeccionar todos os elementos do protótipo do
produto desenvolvido.
4.4.2 DESCRIÇÃO DO PROTÓTIPO
O protótipo é uma representação do produto, portanto nem todas as estruturas
foram devidamente representadas. O objetivo da equipe é demonstrar as
funcionalidades do produto. O protótipo foi feito utilizando-se materiais alternativos
(e.g. papelão, palito de picolé, palito de churrasco, argila, cola) e foram utilizadas
apenas ferramentas manuais (e.g. tesoura, compasso, estilete, pincel).
Para melhor demonstrar as funções implementadas pelo produto, a equipe
confeccionou também um protótipo de uma cadeira de rodas. O protótipo da cadeira
obedeceu a escala do protótipo e também foi confeccionada com materiais
alternativos e técnicas manuais de fabricação.
Procurou-se mostrar que é possível em um produto implementar as funções
que a equipe buscou com o desenvolvimento do projeto. A Figura 27 mostra o
45
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
protótipo em fase de construção e a Figura 28 mostra o protótipo concluído, faltando
ainda os acabamentos de pintura e colagem de adesivos representativos de
estruturas do produto.
Figura 27 - Protótipo em construção
46
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Figura 28 - Protótipo sem acabamentos
4.4.3 TESTES PRELIMINARES
Os testes tiveram como objetivo avaliar se a geometria atendia as correlações
necessárias para que o mecanismo tivesse o movimento projetado.
Foram feitos movimentos para verificar a consistência da representação do
protótipo. Foi também posicionado o boneco antropométrico para verificar as
questões geométricas do dispositivo, observando colisões e interferências com o
corpo do usuário ou com a cadeira de rodas.
4.4.4 RESULTADOS PRELIMINARES
Os testes comprovaram que é possível implementar as funções propostas pela
equipe no produto desenvolvido.
A movimentação é segura e o usuário consegue conectar-se ao dispositivo,
porém com uma certa dificuldade, principalmente porque é necessário passar as
pernas sobre o anteparo inferior. Outro detalhe observado pela equipe é que a
amplitude do movimento é pequena e existe uma dificuldade em ajustar o
comprimento do braço oscilante que transmite o movimento para as pernas. Existe
também uma instabilidade da cadeira de rodas até que o usuário prenda-se com o
47
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
anteparo superior ajustável. Esta instabilidade se refere ao fato da cadeira estar
sobre uma rampa, podendo inclinar-se para traz, porém a inclinação de projeto é
pequena. Não foi desenvolvido um estudo para determinar uma inclinação segura.
4.4.5 FECHAMENTO DO CAPÍTULO
Foi comprovada a funcionalidade do protótipo, apesar das diferenças entre o
protótipo fabricado e as especificações do produto. Um protótipo em tamanho real
poderia ser utilizado para testes em campo, e poderia até mesmo ser utilizado para
teste de satisfação com os clientes potenciais. Para a fabricação do protótipo ideal
seria necessário um investimento maior devido aos custos de fabricação. Essa
alternativa não foi adotada devido à falta de recursos, e devido ao fato de que este
produto foi desenvolvido para fins acadêmicos, sem nenhuma intenção comercial.
Para desenvolver um produto em escala comercial seria necessária uma revisão do
projeto e a utilização de maior quantidade de itens of the shelf (i.e. componentes
padrão encontrados comercialmente) para baratear os custos de produção.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÕES
Durante o desenvolvimento das etapas iniciais da metodologia aplicada no
desenvolvimento deste projeto, a equipe motivou-se bastante pelo tema do projeto,
pois nestas etapas a equipe decidiu entrar em contato com o público alvo. Assim
foram realizadas visitas à ADFP, onde a equipe teve a oportunidade de visualizar a
realidade das pessoas com deficiência física. A entrevista foi a ferramenta de
levantamento das necessidades dos clientes adotada pela equipe de
desenvolvimento. A equipe concordou que a escolha da entrevista como forma de
levantamento das necessidades dos clientes foi uma decisão estratégia adequada,
pois permitiu uma proximidade real entre a equipe de desenvolvimento e o público
alvo do projeto. Durante as entrevista foi possível visualizar muitas necessidades.
Assim, um grande número de oportunidades está disponível para serem exploradas
nesta área de desenvolvimento.
Na etapa do projeto conceitual foi possível caracterizar de uma forma mais
clara quais deveriam ser os requisitos para que o produto atendesse o desejo e as
48
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
necessidades dos clientes. Primeiramente a equipe destinou o desenvolvimento do
produto para paraplégicos. Com as especificações estabelecidas é possível criar
uma função que governa todo o processo bem como desenvolver um fluxo que
mapeie todas as atividades realizadas durante a utilização do produto. A função
determinada nesse trabalho foi: movimentar os membros inferiores do usuário.
Posteriormente é necessário gerar possíveis alternativas para cada função do
dispositivo. Por meio da técnica do brainstorm foi criada uma matriz morfológica que
com várias soluções para cada função. Com a matriz morfológica em mãos é
possível iniciar a criação concepções de produto. No presente projeto foram
desenvolvidas cinco soluções. A partir da aplicação da matriz de avaliação relativa,
foi escolhida a melhor opção dentre as cinco concepções geradas.
Com o layout definido, iniciou-se o estudo dos propagadores de restrição que
limitam as dimensões, materiais, elementos de conexão que podem ser utilizados no
projeto. Ao final foi realizada a etapa da construção do protótipo. O protótipo
possibilitou avaliar a funcionalidade do produto e permitiu ter uma noção de como
ele atende os requisitos de produto.
O objetivo principal do projeto foi finalmente alcançado, pois a concepção que
serviu de base para o protótipo conseguiu realizar a função para a qual foi projetada
e, também, atingir a maior parte dos requisitos dos clientes ordenados a partir da
Casa da Qualidade.
A metodologia de desenvolvimento de produto utilizada permitiu um bom
resultado, pois direcionou a equipe em todas as decisões importantes tomadas
durante o desenvolvimento das etapas do projeto.
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O público alvo deste projeto carece de soluções criativas para diversas
atividades. As pessoas com deficiência física necessitam de adaptações para tornar
possíveis suas atividades diárias e de lazer. Muitas oportunidades ainda estão
disponíveis e algumas das oportunidades visualizadas pela equipe foram listadas na
Tabela 1. Entretanto a equipe considera válida como oportunidade para trabalhos
futuros o desenvolvimento mais aprimorado da oportunidade explorada neste
trabalho.
49
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
Este tema é digno de atenção especial dos desenvolvedores de produtos, não
apenas pelo grande número de oportunidades existentes, mas também pelo apelo
social embutido no tema.
50
METODOLOGIA DE PROJETOS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS (2009)
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<http://www.anatomiaonline.com/neuro/medula.htm> Acesso em 18 de outubro de
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Paulo, Editora Roca, 2001.
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NORTON, Robert L. Projeto de máquinas. Porto Alegre: Bookman, 2004, 2ed.
PROVENZA, Francesco. Projeto de máquinas. São Paulo: Pro-tec, 1992, 7ed, (4-
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PAHL, Gehard; BEITZ, Wolfgang; FEULDHUSEN, Jorg; GROTE, Karl-Heinrich.
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APÊNDICE A – DIMENSIONAMENTO DO EIXO DA POLIA