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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 28, pp. 218 - 246, 2010 TESES DE DOUTORADO E DISSERTAÇÕES DE MESTRADO DEFENDIDAS (Maio de 2009 a Novembro de 2010) Teses de Doutorado Os lavradores da floresta: um estudo sobre as contradições das políticas públicas de conservação na proteção do modo de vida tradicional. Cristina de Marco Santiago Orientador: Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues Este trabalho teve por objetivo aprofundar a reflexão e a compreensão sobre a lógica da relação sociedade-natureza nas culturas tradicionais, bem como sobre as contradições existentes nas políticas públicas territoriais de conservação da natureza, no que se refere à valorização do modo de vida tradicional. A pesquisa foi realizada a partir da análise dessas políticas e do estudo de um bairro rural tradicional caipira, o bairro dos Paulo, localizado no município de Ibiúna - São Paulo, na área de abrangência do Parque Estadual do Jurupará. O estudo de caso apresentou os elementos empíricos necessários para aprofundar a compreensão da problemática tratada pela pesquisa, ou seja, a maneira pela qual se processaram os conflitos sociais, em um contexto histórico, entre dois tipos de racionalidade e de modo de vida: um rural tradicional e, outro, contemporâneo, urbano-industrial. O desenvolvimento da pesquisa em campo se deu segundo o método da pesquisa participante, adotando-se a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados. A análise dos documentos legais e das entrevistas foi realizada com base no método de análise textual discursiva. Foi efetuado ainda o estudo comparativo do uso do solo, das glebas pertencentes à família dos Paulo, em diferentes momentos históricos: 1962, 1978 e 2009, a partir de dados secundários e de fotografias aéreas. Trata-se de um estudo geográfico de abordagem cultural crítica, em que foram definidas três categorias centrais de análise foram definidas: o território, o modo de vida tradicional e as políticas públicas territoriais de conservação da natureza. Categorias estas que, articuladas, possibilitaram identificar as formas de adaptação e a alta capacidade de resistência da cultura caipira frente aos impactos a que foi submetida, particularmente, com as transformações advindas do progresso brasileiro e, posteriormente, com a investida do Estado em criar uma Reserva Florestal, posteriormente transformada em um Parque Estadual em território caipira. A pesquisa demonstrou que os territórios tradicionais se configuram a partir de uma conduta ética diferenciada na relação sociedade-natureza. O modo de vida tradicional reflete saberes e valores que configuram um tipo específico de território, onde sua permanência no tempo, ao longo de sucessivas gerações, bem como a conservação da natureza são condições para a reprodução material e social das chamadas populações tradicionais. Na sua construção histórica, enquanto patrimônio territorial, delineia- se um tipo de gestão e de planejamento específicos, onde princípios, normas, critérios, formas de comando e hierarquias existem calcados em uma forte condição de autonomia,

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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 28, pp. 218 - 246, 2010

TESES DE DOUTORADO E DISSERTAÇÕESDE MESTRADO DEFENDIDAS

(Maio de 2009 a Novembro de 2010)

Teses de Doutorado

Os lavradores da floresta: um estudo sobreas contradições das políticas públicas de

conservação na proteção do modo de vidatradicional.

Cristina de Marco Santiago

Orientador: Adyr Apparecida BalastreriRodrigues

Este trabalho teve por objetivo aprofundar areflexão e a compreensão sobre a lógica da relaçãosociedade-natureza nas culturas tradicionais, bemcomo sobre as contradições existentes naspolíticas públicas territoriais de conservação danatureza, no que se refere à valorização do modode vida tradicional. A pesquisa foi realizada a partirda análise dessas políticas e do estudo de umbairro rural tradicional caipira, o bairro dos Paulo,localizado no município de Ibiúna - São Paulo, naárea de abrangência do Parque Estadual doJurupará. O estudo de caso apresentou oselementos empíricos necessários para aprofundara compreensão da problemática tratada pelapesquisa, ou seja, a maneira pela qual seprocessaram os conflitos sociais, em um contextohistórico, entre dois tipos de racionalidade e demodo de vida: um rural tradicional e, outro,contemporâneo, urbano-industrial. Odesenvolvimento da pesquisa em campo se deusegundo o método da pesquisa participante,adotando-se a entrevista semiestruturada comoinstrumento de coleta de dados. A análise dosdocumentos legais e das entrevistas foi realizada

com base no método de análise textual discursiva.Foi efetuado ainda o estudo comparativo do usodo solo, das glebas pertencentes à família dosPaulo, em diferentes momentos históricos: 1962,1978 e 2009, a partir de dados secundários e defotografias aéreas. Trata-se de um estudogeográfico de abordagem cultural crítica, em queforam definidas três categorias centrais de análiseforam definidas: o território, o modo de vidatradicional e as políticas públicas territoriais deconservação da natureza. Categorias estas que,articuladas, possibilitaram identificar as formasde adaptação e a alta capacidade de resistênciada cultura caipira frente aos impactos a que foisubmetida, particularmente, com astransformações advindas do progresso brasileiroe, posteriormente, com a investida do Estado emcriar uma Reserva Florestal, posteriormentetransformada em um Parque Estadual em territóriocaipira. A pesquisa demonstrou que os territóriostradicionais se configuram a partir de uma condutaética diferenciada na relação sociedade-natureza.O modo de vida tradicional reflete saberes evalores que configuram um tipo específico deterritório, onde sua permanência no tempo, aolongo de sucessivas gerações, bem como aconservação da natureza são condições para areprodução material e social das chamadaspopulações tradicionais. Na sua construçãohistórica, enquanto patrimônio territorial, delineia-se um tipo de gestão e de planejamentoespecíficos, onde princípios, normas, critérios,formas de comando e hierarquias existem calcadosem uma forte condição de autonomia,

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características estas incompatíveis com asdiretrizes legais estabelecidas nos territórios deconservação da natureza. Território e modo de vidaforam categorias a partir das quais se pôde, ainda,neste estudo, delinear dez premissas para aatuação do Estado junto aos territórios tradicionaiscaipiras, segundo seus próprios padrões dedesenvolvimento, sem o que se entende que nãohá como falar em reconhecimento e respeito aomodo de vida tradicional. A coerência destaspremissas foi discutida tendo-se por referênciamodelos teóricos de desenvolvimento econômico,considerados compatíveis com as característicasdo território tradicional.

Urbanização e educação: da escola debairro à escola de passagem

Gilberto Cunha Franca

Orientador: Odette Carvalho de Lima Seabra

Esta pesquisa aborda a relação da escola públicacom a geografia dos lugares. Analisa os nexosentre a urbanização e as políticas educacionaisem São Paulo. A questão consiste em compreendera situação das escolas centrais, que pertenceramaos antigos bairros, diante das adequaçõesfuncionais e do desinteresse das camadas médiase altas. As localidades centrais foramtradicionalmente compreendidas como espaços dacidade-bairro, da cidade subúrbio. Na dinâmicada urbanização difusa, e de ampliação dasfronteiras periféricas, estas localidades centraisvivenciaram o esvaziamento generalizado e ofechamento de dezenas de suas escolas.Paradoxalmente, isto tem ocorrido onde as escolaspúblicas apresentam melhor desempenho. Ofechamento destas escolas restringe aspossibilidades dos moradores locais e inviabilizao uso dos alunos que vêm das periferias urbanas.Neste contexto o terreno destas antigas escolasficou na mira do mercado imobiliário e dasestratégias administrativas do Estado. O estudode caso da EE Prof. Antonio Alves Cruz permitiuapreender a metamorfose da escola de bairro, eseu dilema para sobreviver no centro da cidade.

Encontrou solução na ampliação do seu raio deação, atingindo pontos distintos da metrópole; noseu momento mais dramático incorporou umaOrganização Não Governamental para realizaratividades que seriam difíceis com a estrutura darede oficial; adequou-se a diversas modalidadesde ensino; aceitou diversas formas de uso. Emalguns momentos seus personagens seencontram, porém, o que ressalta é o quadropreocupante de desintegração da comunidadeescolar, que a deixa vulnerável perante os ajustesdos órgãos superiores de ensino.

O ensino de geografia na educação básica:os desafios do fazer geográfico no mundo

contemporâneo

Gliceide Rodrigues da Silva

Orientador: Francisco Capuano Scarlato

A pesquisa intitulada o ensino de geografia naeducação básica: os desafios do fazer geográficono mundo contemporâneo toma a fenomenologiacomo método de investigação para o ensino degeografia no nível médio a partir de uma análisepautada na descrição da realidade, colocando nocentro da reflexão o próprio ser, o ser aluno, o serprofessor, ser humano, descrevendo o cotidianoescolar. No pensamento fenomenológico nãoexiste um mundo sem sujeito, tampouco umsujeito sem mundo. E ainda pensar que não existeum sujeito sem espaço e ressalta-se, não équalquer espaço, mas o espaço vivido. Então, paracompreender o ensino de geografia, adotamosuma ação de intencionalidade, pois este é um dospressupostos para se entender a fenomenologia,a partir de uma consciência intencional. Dessemodo, a pesquisa se alinha aos pressupostos dageografia cultural para uma análise do potencialda escola, a partir da identidade com/no lugar,onde nasce a cidadania, capaz de possibilitar acompreensão do mundo vivido no ensino degeografia, o lugar, onde efetivamente as pessoasvivem, onde o passado e o presente se manifestamno espaço e na memória das pessoas, onde asrelações de vizinhanças e de conflitos sãoestabelecidas, onde os jovens desenvolvem

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atividades de lazer e eventos culturais.Compreendemos o território como sinônimo deespaço vivido, apropriado, usado, delimitado queconfiguram os aspectos políticos, econômicos eculturais. Assim, em consonância com as novasformas de compreensão da geografia cultural,abordamos o ensino de geografia na educaçãobásica, permitindo uma compreensão do mundocontemporâneo. A pesquisa utilizou comoinstrumentos de análise, dados primários, comoos relatórios de estágios supervisionadosdesenvolvidos na disciplina de prática de ensinode geografia, nos anos escolares do nível médioda Escola de Ensino Fundamental e Médio MinistroJarbas Passarinho, da rede pública estadual domunicípio de Sobral - Ceará. A pesquisa consideraque é preciso tornamos organizadores deaprendizagens, de aprendizagens por via dosnovos meios informáticos, por via dessas novasrealidades virtuais e reais. Mostrarmos que acompetência do fazer geografia está associada àsua compreensão do conhecimento, compreendera ponto de reorganizar, de ser capaz de reelaborare de transpô-lo em situação didática em sala deaula.

Migração e reprodução social: tempos eespaços do cortador de cana e de sua

família

Lucia Cavalieri

Orientador: Marta Inez Medeiros Marques

Esta pesquisa tem por objetivo entender comoocorre o processo contraditório da reproduçãosocial das comunidades rurais à luz de uma análisedas práticas cotidianas e das estratégias dereprodução social da família do migrante, cortadorde cana do Vale do Jequitinhonha. Os homensmigrantes vivem ora mais próximos da condiçãocamponesa, ora sorvidos como proletários nacana. Não se realizam plenamente em nenhumadas duas condições. No território da cana estãoproletários; no território camponês não têm maisterras para o trabalho e a família não conta comos homens em suas práticas cotidianas. Essescamponeses-migrantes encontram-se na margem.

A pesquisa de campo se realizou em duascomunidades rurais: Alfredo Graça e EngenheiroSchnoor localizadas no município de Araçuaí, noVale do Jequitinhonha. Estas comunidades têmalgumas características comuns: a migração doshomens para o corte de cana em São Paulo e umasérie de custos imputados à família, em especialàs suas mulheres. Nosso interesse consiste ementender como esse sujeito, na condição decamponês-migrante, perdura no tempo e quaissão as fissuras que essa condição provoca em suafamília e em seu território.

Um homem, um lugar: geografia da vida eperspectiva ontológica

Samarone Carvalho Marinho

Orientador: Júlio César Suzuki

Este trabalho tem por objetivo estudar asdeterminações geográficas da objetivação humanaconcernentes às realizações dos indivíduosmanifestadas relativamente na objetivaçãopoética. Para tanto, no nível de crítica expositiva,revela-se uma perspectiva capaz de contemplara relação de objetivação entre homem e lugar.Apresenta-se então a perspectiva ontológica que,em sustentação ao temário que compõe aGeografia da vida, privilegia a busca pelas relaçõesde objetivações inerentes às realizações humanas,as artísticas algumas delas. Num momentoposterior, no nível de análise compreensiva,aderente à crítica expositiva, demonstra-se aoperacionalização do temário utilizando comoveículo da idéia o estudo geográfico do homemem suas três dimensões (corporeidade,individualidade, socialidade). A partir de tal estudoexpõe-se uma relação objetivadora de um serconsciente de geograficidade indivisa (FerreiraGullar) com específico espaço de existência(Buenos Aires) produtora, de maneiracoparticipativa, dos efeitos estéticos a umaespecial objetivação humana (o Poema sujo). Aose tomar de empréstimo o método progressivo-regressivo quer-se mostrar certo equilíbrio tensivoao registro ontológico da gênese da objetivaçãopoética. Assim, no âmbito da análise, ao longo do

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trabalho, aprofunda-se o “vaivém” (o ir e vir) entreum lugar (Buenos Aires) e um homem (FerreiraGullar) com intuito de se buscar as determinaçõesgeográficas evidenciadoras do fenômeno estético(Poema sujo). Por meio de cisão respeitosa dasinstâncias (sociopolítica, econômica, cultural),chega-se a um quadro crítico-existencial darealização poética (Poema sujo) de determinadopoeta (Ferreira Gullar). Por fim, em termos deevidência empírica, evidencia-se uma realizaçãopoética em que um poeta brasileiro regride, emexílio, à esfera de significados aderentes àArgentina pretérita (1976-1983) para, em relaçãoa esta, recolocar a si próprio no impulso históricoglobalizante, aprofundando a época e a própriaobjetivação poética.

Sistema de indicadores e desigualdadesocioambiental intraurbana de São Luis -

MA

Zulimar Márita Ribeiro Rodrigues

Orientador: Wagner Costa Ribeiro

Aplicação de um sistema de indicadoresintraurbano à cidade de São Luís para mensurar asua desigualdade socioambiental. Comoinstrumentos para medir e informar sobre ascidades, os indicadores urbanos podem serclassificados em: indicadores intermunicipais eintramunicipais. Com base nesta divisão, utiliza-se a escala intraurbana para propor um sistemade indicadores aplicado à capital maranhense,subdividido em quatro dimensões: habitabilidade,saneamento, educação e renda. Para compor osindicadores das respectivas dimensões, foramutilizados os dados secundários do censo IBGE/2000, desagregados ao nível dos 780 setorescensitários de São Luís (MA). A análise estatísticados dados é fundamentada em técnicasmultivariadas, a saber: Análise Fatorial (AF) eAnálise de Clusters (AC). A primeira técnicapermitiu resumir e reduzir os dados censitários,sem perda significativa das informações originais.A segunda técnica proporcionou a definição e aagregação dos setores censitários em quatroclusters distintos. Com os resultados estatísticos

dos indicadores que componham cada uma dasquatro dimensões, os clusters identificados forammapeados e comparados entre si para dimensionara desigualdade intraurbana. Na dimensãohabitabilidade, avaliou-se dois aspectos: padrãode moradia e o acesso à propriedade. Observou-se que não há grandes desigualdades intraurbanasna dimensão habitabilidade. A segunda dimensãofoi o saneamento, com ênfase em trêssubdimensões: abastecimento de água, redecoletora de esgotos e de lixo. Nesse tópico a maiordesigualdade intraurbana está relacionada aoserviço de coleta de esgotos, seguido do serviçode coleta de lixo e abastecimento de água. Nadimensão educação, abordaram-se duassubdimensões: alfabetização da população porfaixa etária e escolaridade do responsável pelasresidências. As desigualdades intraurbanas nãorevelaram grandes discrepâncias quanto aosindicadores educacionais entre os quatro clustersna cidade, exceto para a subdimensão,escolaridade do responsável com 15 anos deestudo, sobretudo, quando comparado às áreasnorte e sul do espaço urbano. A dimensão rendado responsável foi o tópico que revelou a maiordiscrepância intraurbana em relação às demaisdimensões avaliadas e entre os clusters. Atravésdo sistema de indicadores intraurbanos, propostopara São Luís, concluiu-se que espaço urbano édesigual social e ambientalmente. As diferençasinternas da cidade foram avaliadas ecartograficamente representadas, utilizou-se paraelaboração dos mapas, o programa ArcGIS versão9.3.

Geografia Política e os recursos hídricoscompartilhados: o caso Israelo-Palestino

Gilberto Souza Rodrigues Junior

Orientador: Wagner Costa Ribeiro

O trabalho aqui apresentado busca analisar acentralidade dos recursos hídricos no conflitoisraelo-palestino e em suas negociações de paz,no que diz respeito à configuração territorial tantodo Estado de Israel quanto de um possível EstadoPalestino, a partir da perspectiva da Geografia

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Política. Partindo desse pressuposto busca discutirquestões relacionadas à segurança internacional,à soberania dos Estados, e uma suposta mudançade paradigmas em relação a esses temas a partirda emergência das questões ambientais nasúltimas décadas. A discussão acerca daspossibilidades de conflitos envolvendo recursoshídricos é de grande relevância. Assim, analisaresse assunto tendo como área de estudo o Estadode Israel e os Territórios Ocupados da Palestina,acrescenta ao tema elementos de maiordramaticidade, devido a diversos fatores tais comoa pouca oferta hídrica e a importância estratégicada região, o que decorre de fatores de ordemeconômica, política e cultural. A partir de talrecorte regional, foi feita uma análise do conflitonum constante variar de escalas, possibilitandoassim, compreender os eventos locais desde umaperspectiva da totalidade, de forma que essacompreensão possa servir também como basepara estudos de ordem global. Foi possívelperceber as dificuldades encontradas pelo povopalestino, bem como as preocupações do Estadode Israel em relação à sua segurança hídrica. Aágua se torna então um elemento político nadisputa por territórios e também nas mesas denegociações do conflito

O uso do território brasileiro e asinstituições de ensino superior

Cassiano Caon Amorim

Orientador: Maria Adélia Aparecida de Souza

O presente estudo defende o pressuposto de quea localização específica das Instituições de EnsinoSuperior, no processo de formação territorialbrasileira, comprova que a seletividade espacialrepresenta a ação dada em lugares escolhidospelos agentes sociais. Com formas e conteúdosbastante diferenciados, com variadas densidadeshumanas, o território brasileiro, no tempopresente, encontra-se inteiramente apropriado.Ainda que de forma bastante desigual quanto àsua distribuição, constata-se, num crescentenúmero de lugares, maior densidade técnicaacompanhada de maior densidade informacional.

Trata-se de constatações concretas quandocomparamos o crescimento de modernizações emparcelas do território que, até recentemente,encontravam-se pouco conectadas a outrossubespaços do país. O crescimento do número deinstituições de ensino superior, em cidades foradas regiões metropolitanas e com mais de 100mil habitantes, sinaliza para o fato de umainteriorização desse evento, correspondendo auma verdadeira conquista do território. Éimportante destacar que, nesse movimento,embora o que se amplia seja uma demanda porqualificações específicas em todo o território, aoferta de vagas em tais instituições acompanhaas especializações produtivas dos lugares. Emconsonância com as necessidades do períodotécnico-científico-informacional, o ensino superiordesenvolve-se de forma que suas ofertas ajudama configurar o território. É nesse contexto quecompreendemos a realidade de Juiz de Fora/MG:historicamente, a cidade aglutina fixosfavorecendo fluxos que, por conseguinte,impulsionaram a atração de investimentos, depessoas, de instituições, enfim. Ratificando a teseque defendemos, a cidade exibe, portanto, oprocesso de seletividade espacial na alocação deinstituições de ensino superior.

Divisão do trabalho e circuitos da economiaurbana em Londrina - PR

Edilson Luís de Oliveira

Orientador: Maria Laura Silveira

O objetivo central desta tese é analisar astransformações da economia urbana londrinense,particularmente de seu circuito inferior, à luz dasvariáveis que caracterizam o período atual, operíodo da globalização. Para tanto, dividimos apresente tese em duas partes. Na primeira,analisamos as sucessivas modernizaçõesefetivadas em Londrina e as transformações nadivisão territorial do trabalho que redundaram emdiferentes especializações produtivas a partir dadécada de 1930. Na segunda parte, analisamos aorganização e o funcionamento de três atividadesdo circuito inferior da economia urbana: o pequeno

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comércio estabelecido no Camelódromo deLondrina, o serviço de Mototáxi e o serviço deEntregas Urbanas realizado por motoboys. Asconclusões a que chegamos revelam que, noperíodo atual, a dinâmica do meio construído éum dado fundamental da economia urbana. Osfluxos que se efetivam a partir das atividadesinvestigadas envolvem a redefinição dos papéisde intermediação que caracterizam Londrina comouma cidade média da Região Concentrada. Ocircuito inferior atual apresenta diferençasimportantes em relação àquele que se formou emLondrina ao longo dos anos 1970, tais como: astrajetórias dos trabalhadores no mercado detrabalho, a importância dos processos migratóriosdo campo para a cidade, as escalas de ação decada circuito, suas formas de integração, entreoutras. Estas diferenças são conseqüências dasmodernizações na economia urbana inerentes àexpansão e difusão espacial do meio técnico-científico-informacional.

O professor de Geografia e os saberesprofissionais: o processo formativo e odesenvolvimento da profissionalidade

Claudivan Sanches Lopes

Orientador: Nidia Nacib Pontuschka

Esta tese trata do processo de apropriação,produção e desenvolvimento dos conhecimentos/saberes necessários à docência em Geografia.Considerando a especificidade desse campodisciplinar no currículo escolar, busca identificar eapreender aqueles conhecimentos/saberes queprofessores de Geografia, ao atuarem na EducaçãoBásica, devem dominar para desenvolver umtrabalho pedagógico-geográfico que promovaaprendizagens significativas e edifique suaprofissionalidade. No bojo das pesquisas que têmpor escopo a profissionalização dos professores eseu principal corolário, os saberes docentes,pretende-se contribuir, de maneira geral, para oreconhecimento e maior valorização social dotrabalho docente e, particularmente, com amelhoria dos processos de formação do professorde Geografia. Para tanto, além de pesquisa

bibliográfica, que focaliza esse campo deinvestigação, obtiveram-se dados e informaçõesem observações de aula e entrevistas com cincoprofessores experientes e especialistas nessa áreado currículo escolar que atuam no município deMaringá, PR. Orientados pela metodologia deanálise de conteúdo, foi construído um conjuntode categorias para explicitar, de acordo com osobjetivos propostos, os resultados alcançados.Verificou-se que o olhar global dos professoresde Geografia sobre seu trabalho e profissãocarrega as marcas do campo disciplinar. Osprofessores percebem que a afirmação do discursogeográfico, seus temas, conceitos e procedimentosno currículo escolar são importantes para ofortalecimento não somente da identidade dadisciplina, como da própria profissionalidade. Elesse definem como professores em seu sentido maisgenérico, mas buscam-se reconhecer e seremreconhecidos como professores de Geografia.Nesse movimento, apropriam-se de umadeterminada tradição geográfica escolar que,alimentada pelo desenvolvimento histórico daciência de referência e pelo próprio saberproduzido e acumulado pela experiênciaprofissional, é avaliada, criticada e recriadacontinuamente. Constatou-se, assim, que oprocesso de reflexão pedagógica que osprofessores desenvolvem com o intuito de tornaracessível, atraente e útil aos alunos osconhecimentos geográficos selecionados pelocurrículo não ocorre à margem da natureza dostemas e conteúdos. Destaca-se que, ao seenvolverem nesta complexa tarefa, os professoresproduzem saberes profissionais específicos,categorizados na literatura educacional comoConhecimento Pedagógico do Conteúdo e que,nesta tese, entende-se ser adequado denominá-lo de conhecimento pedagógico geográfico. No atodocente, o conhecimento geográfico e de ciênciasafins, conhecimentos pedagógicos gerais econhecimentos do contexto da ação educativanotadamente da vivência dos alunos se mesclame dão origem ao conhecimento pedagógicogeográfico. Esse tipo de conhecimento é, semdúvida, um sinal evidenciador da compreensãoespecial dos conteúdos que uma docência dequalidade exige e revela, também, o

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desenvolvimento da profissionalidade docente.Entre as estratégias relativas ao seu processoformativo e, especialmente, na formação inicial,ficou evidenciada a necessidade de conceber eimplementar uma arquitetura curricular queproporcione aos futuros professores umacompreensão orgânica da relação entreconhecimentos específicos da Geografia e osconhecimentos pedagógicos e, ao mesmo tempo,oferecer-lhes meios adequados para odesenvolvimento de disposições que os levem aconceber e desenvolver uma docência sensível aosdiversos contextos sociogeográficos da práticaprofissional do professor.

Contribuição ao estudo do poder local emOsasco: um estudo geográfico-político

Celso Roberto de Brito

Orientador: José William Vesentini

A cidade de Osasco, que faz parte da Região daGrande São Paulo, possui uma superfície de 64,94Km², uma população absoluta de 701.012habitantes e 478.190 eleitores (IBGE, 2007). Aorigem da cidade de Osasco deve-se realmente aum italiano de nome Antônio Giuseppe di PietroAgu, funcionáriol da Estrada de Ferro Sorocabana,que em 1893 comprou uma gleba de terracompreendida entre os córregos Bussocaba eAguadinha, e tornou-se fornecedor da Estrada deFerro Sorocabana, à qual vendia areia, telhas etijolos. É cortada no sentido leste oeste pelo rioTietê, cujo vale foi aproveitado para construir otraçado da Estrada de Ferro Sorocabana,responsável pelo nascimento da nossa cidade. Alocalização de Osasco, próxima à capital, mais asfacilidades apresentadas por ser servida pelaferrovia, contribuíram para o desenvolvimento daregião, pois esses fatores atraíram para cá grandenúmero de empresários e trabalhadores,incentivando o progresso e o desenvolvimento. Acidade de Osasco se torna, cada vez mais, umespaço que se organiza para abrigar as grandesempresas, isso reduz os recursos públicospossíveis de serem destinaddos à população,agravando a crise social. Costuma-se considerar

no Brasil a existência de dois principais tipos depoder local: o tradicional (coronelismo) e omoderno (dinâmica de lutas, com a participaçãoda sociedade civil). O caso de Osasco, hoje, é ode um poder local moderno e complexo. O poderlocal, com os seus instrumentos básicos, que sãoa participação comunitária e o planejamentodescentralizado, constitui, nesse sentido, ummecanismo de ordenamento político e econômicoque já deu provas de eficiência nos paísesdesenvolvidos. Ele é sem dúvida o grande recursosubutilizado na nossa cidade.

Escala de análise e cartografia: estudoda representação gráfica de fenômenos

complexos, no âmbito da ciência geográfica

Marta de Paiva Macêdo

Orientador: Marcello Martinelli

Neste estudo, partimos do pressuposto de que oconhecimento dos fenômenos da realidade, emseu aspecto qualitativo, são manifestações de seuconteúdo que devem estar à frente de qualquerprocesso de apreensão apoiado em basesquantitativas, em que pese ser este umanecessidade ao conhecimento, demandada pelapossibilidade de reconhecimento do real por suaestrutura. O conhecimento do específicopressupõe, em nosso entender, a particularidadeque assume força de compartilhamento ourelações específicas entre o ser social e aespacialidade produzida. Espaço geográfico é,assim, o resultado de processos sempreinacabados da realidade, e, a região é nessesentido, um reflexo de espacialidade provisória.A região é entendida neste estudo como fenômenocomplexo, devendo ser compreendida através daincerteza que caracteriza o real, e que comorealidade precisa ser compreendida. E, uma formaadmitida para isto, é o mapa, tido comoinstrumento capaz de sintetizar o que osconteúdos da apreensão do aspecto regional, apartir do real, refletem. Desse modo, o processode apreensão de tais conteúdos pensados à luzde conceitos geográficos de região, e,consubstanciados por uma Teoria do

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Conhecimento, com vistas à sua representaçãoem mapa, foi o que, de certo modo, nos conduziuno percurso deste estudo. Entender a região, nãofoi objetivo principal aqui, mas a força dos diversosconceitos que a representa. Essa pluralidadeconceitual e a persistência destes, ao lado dasteorias que os fundamentam, terminam porinfluenciar várias escolhas na sua cartografia. Aforça dos conceitos a que nos referimos aqui, estáem sua dimensão empírica, portanto, na realidade.Para tanto, a realização cartográfica depende daescala de apreensão do fenômeno. A escala nonível conceitual é para o fenômeno da região, oalcance da manifestação regional, o ponto departida admitido a que este estudo se refere aregião compreendida a partir da realidadeempírica. Encontra-se desse modo, como soluçãomais adequada às cartografias da região, a formade entendimento que cada pesquisador admite noexercício da reflexão sobre a realidade, cujaconsciência e compromisso com critérios deverdade, conferem ao lado dos instrumentostécnicos, a conformação do aspecto regional.Ressalta-se, entretanto, que limitações própriasdo processo de conhecimento, o seu caráterestruturador e generalizador, associadas aosmétodos cartográficos que privilegiam funçõesautomáticas nesse processo, terminam porelaborar um mapa inadequado. Contudo, o métodopara a solução disso repousa, em nosso entenderentre a síntese do concreto pensado e a síntesecartográfica, designada nesse estudo de esforçode totalidade, ou ainda, síntese raciocinada. Essemétodo, entretanto, caracteriza-se por refutarveementemente critérios quantitativos apenas,como ponto de partida da realização cartográfica,às vezes, desprezando aspectos qualitativos. Alémdisso, consideramos que a força da razão mobilizatais aspectos qualitativos na apreciação crítica darealidade pelo sujeito cognoscente, e que está emsua intenção as motivações do fazer cartográfico.Desse modo, as l imitações próprias daestruturação do conhecimento não participam tãoativamente da escolha dos conteúdos a seremconsiderados na cartografia para a Geografia. Istose dá pela consciência de que somos influenciadospor uma dimensão da realidade que não égeométrica. Assim, o esforço de totalidade pode

validar a concepção do mapa da realidadecomplexa, desde que se priorize uma leituraqualitativa, e que não se prescinda da eleição deum conceito de região ancorado na dimensãoempírica da realidade, como procedimento queanteceda a todo o processo.

Evolução urbana e dinâmica da paisagemem setores periféricos da metrópole

paulistana: o caso de Taboão da Serra - SP

Wellison Tatagiba de AraújoOrientador: Adilson Avansi de Abreu

A pesquisa tem por objetivo, analisar as influênciasda urbanização concentrada (compacta), e decomo essa característica altera as condiçõesambientais e o equilíbrio das formas de relevo local, modificando o estrato geográfico da paisagem.Para essa análise tivemos como supor te omapeamento da evolução do uso da terra urbanaem Taboão da Serra em dois momentos distintos,no período compreendido entre 1962 e 2007. Ouso da terra tem contornos distintos no contextointraurbano, fato este que é traduzido pelaevolução e pelo tipo de uso e ocupação dado àpaisagem urbana em Taboão da Serra. Osprocessos geoecológicos encontram- semodificados na sua gênese e na sua estrutura, oque resulta em formas mais antropizadas do queem décadas passadas. A cidade de Taboão daSerra, é a sexta cidade mais compacta do Brasil ,fato este que tem reflexos negativos sobre osprocessos naturais onde, a morfogênese édominante por conta do intenso uso da terra sejaele para fins imobiliários como também peloprocesso de intensificação da cobertura dasuperfície por materiais que interrompem apercolação das águas pluviais associado à retiradada cobertura vegetal . A escolha da cidade comoárea de estudo deu-se pelos motivos explicitadosacima mas também, pelo fato de que através dacomparação de dois momentos da ocupaçãourbana (1962 e 2007) que são caracterizadas pelaintensificação do uso da terra (utilizandofotografias aéreas ) , é possível mapear erepresentar como o tipo de uso e ocupação podecomprometer em maior ou menor grau as

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condições geoecológicas de um geossistema. Asunidades de paisagem urbana serãocompartimentadas tendo como final idade acomparação para diagnosticar a relação atualentre relevo/ solo e uso da terra nesta c idade,que serão representadas na carta de Uso da Terra.

Variabilidade climática e sua influência naprodutividade da cultura da cana-de-açúcar

(Saccharum spp) na região norte enoroeste do Paraná

Ivonete de Almeida Souza Domingues

Orientador: Emerson Galvani

A atividade agrícola é essencialmente importantepara o estado do Paraná, onde a região desteestudo é a porção Norte e Noroeste, representadaspelos municípios de Cambé e Mirador. Regiõesestas localizadas sob solos distintos, argilosos earenosos, respectivamente. Nessas se destacamo cultivo da cana-de-açúcar, objeto deste estudo,por apresentar condições climáticas maisfavoráveis ao seu ciclo vegetativo, que temduração que varia de 12 a 18 meses. Sendo avariabilidade dos controles do clima um fatorinfluenciador principalmente da sua produtividade.Essa cultura exige duas estações meteorológicasbem definidas, uma quente e úmida no estádiode desenvolvimento vegetativo e outra seca oufria no estádio de maturação. As necessidadestérmicas e hídricas são em torno de 20º a 30º C eem torno de 1000 milímetros. Assim, esta teseteve por objetivo determinar a relação entre avariabilidade térmica, hídrica e produtividade docultivo da cana-de-açúcar para o período de 1981/82 a 2005/06. Os procedimentos metodológicosdestinaram-se a evolução espaço-temporal dacana-de-açúcar; à dinâmica climática doscontroles chuva e temperatura; à contabilizaçãodo Balanço Hídrico (BH Normal, Sequencial e deCultura) para EXC, DEF, e Extrato do BH; e àcorrelação dos dados climáticos com aprodutividade da cana-de-açúcar. Os dados dechuva e temperatura, período de 30 anos, foramfornecidos pelo IAPAR. Os dados de produção dacana-de-açúcar foram obtidos por meio do PAM/

IBGE para um período de 17 anos para todos osmunicípios paranaenses e por meio dos anuáriosde produção agrícola do IBGE para um período de25 anos apenas para os municípios de Cambé eMirador. Os dados de produtividade foramsubmetidos à verificação da tendência tecnológica.Os dados de clima foram mensurados por meiodas médias aritméticas do período, anual e mensale juntamente com os dados de produtividadeefetuaram-se análises dos desvios em relação àmédia e análise de correlação e regressão. Pormeio desses procedimentos identificou-se que aevolução espaço-temporal da produtividade nosanos de 1990 a 2006, analisada de quatro emquatro anos em escala de mesorregiões,microrregiões e municípios, apresentaram maioresprodutividades no ano de 1998 seguido de 2002.As médias das produtividades foram de 82,4 ton/ha em Cambé e de 76,2 ton/ha em Mirador. Asmédias de chuvas foram de 1604,0 mm em Cambée de 1485,0 mm em Mirador. As temperaturasmédias variaram de 21,0º C em Cambé e de 22,2ºC em Mirador. Com a análise dos desvios emrelação à média obteve-se para Cambé, que opercentual de anos com desvios coincidentes entrea variável hídrica (chuva e EXC) versusprodutividade esteve entre 66,0% a 76%. E paraa DEF versus produtividade o percentual foi de36,0% a 44,0%. Em Mirador esses valores ficaramentre 40,0% a 60,0% para a variável hídrica eprodutividade e entre 28,0% a 48,0% para DEF eprodutividade. A correlação entre os dados dasvariáveis analisadas foi significativa ao nível de5% e 10% para: chuva e produtividade; DEF noestádio de maturação (BH Sequencial) eprodutividade; EXC e DEF no estádio dedesenvolvimento (BH de Cultura); temperatura nasérie temporal estudada em anos de La Niña eem anos ENOS (BH Cultura) em Cambé; emMirador a correlação significativa para EXC do BHSequencial Decendial para o período de vinte ecinco anos e para DEF do BH Cultura em anos deLa Niña no estádio de desenvolvimento. Atemperatura apresentou correlação significativana série temporal (BH Cultura) no estádio deEstabelecimento e para anos ENOS (BH de Cultura)nos estádio de Estabelecimento em EL Niño edesenvolvimento em La Niña. Assim, anos com

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chuva acima da média (El Niño) e anos com chuvana média do período (Neutro), apresentamcorrelação pouco significativa com a produtividadeda cana-de-açúcar que em anos com chuva abaixoda média (La Niña).

Contribuição ao estudo da vegetação daporção leste da Ilha de Marajó

Carlos Tadeu de Carvalho GambaOrientador:

A manutenção dos ecossistemas florestais daAmazônia é, sem dúvida, de suma importânciapara preservação da biodiversidade do planeta.Utilizar e avaliar dados de última geração queforneçam informações sobre estes ecossistemastorna-se então fundamental para o gerenciamentodos mesmos. Projeto pioneiro realizado na décadade 1970, o RADAM teve como objetivo levantar, apartir de imagens de RADAR obtidas na banda X,informações sobre os recursos naturais daAmazônia. O avanço dos sistemas sensoresbaseados nas tecnologias de RADAR (RadioDetection and Ranging), com a introdução deplataformas capazes de imagear a superfície emcomprimentos de onda maiores e em mais de umapolarização, trouxe uma nova perspectiva nocampo de estudo destes recursos. Este trabalhoemergiu a partir da constatação da necessidade,e possibilidade, de se obter informações maisprecisas e atualizadas sobre o ambienteamazônico, levando em conta, inclusive, avelocidade das transformações que recaem sobreessa região. O objetivo primário do estudo foianalisar o potencial das imagens produzidas pelosradares de abertura sintética (SAR) nas bandas Le nas polarizações HH, HV e VV, na avaliação detipologias vegetais da porção leste da Ilha deMarajó. Entendemos que essa pequena parcelado ambiente amazônico nos cede uma chave depadrões de classificação que podem ser replicadosem outras regiões da Amazônia Legal, ou mesmo,em novos projetos de mapeamento similares aoRADAM. Os resultados obtidos por meio deanálises das imagens de radar e através do estudode diversas propostas de classificaçãofitogeográfica, evidenciaram um alto potencial de

util ização destes recursos, bem como apossibilidade de avançarmos na escala de análise,produzindo mapeamentos de maior detalhe e maisabrangentes do ponto de vista das classesvegetais. A tecnologia para incrementar omapeamento da região amazônica, de forma maiscriteriosa e precisa, já existe há algum tempo eestá disponível às instituições nacionais. Dar essesalto, importantíssimo para o conhecimento,preservação e monitoramento daquele que éconsiderado hoje o bioma mais importante domundo, só depende de uma mudança nos critériose de uma atualização das ferramentas usadas atéo momento.

O microclima de uma vereda degradada: estudo de caso no Parque Estadual

Veredas do Peruaçu - MG

Sergio Serafini Junior

Orientador: Ailton Luchiari

O Bioma Cerrado, ao longo da história de ocupaçãopelo homem, vem sendo explorado em detrimentoda redução de sua biodiversidade. Dentre as váriascaracterísticas típicas da vegetação do cerrado,nesta tese, um maior destaque é dado às veredasque se alinham ao sistema hidrográficoacompanhando seu traçado e formando umcorredor de cobertura vegetal de porte arbóreo,muito utilizado pela fauna local como fonte dealimentação, reprodução e abrigo, favorecendo ofluxo gênico local, como parte do processo naturalde manutenção dos ecossistemas ali presenteformadores do Bioma Cerrado. Em vista daimportância da preservação ambiental do cerrado,foi criado o Parque Estadual Veredas do Peruaçuque está localizado na região norte de MinasGerais, onde também, estão instaladaspropriedades rurais que concentram suasatividades na exploração agrícola e pecuária.Neste contexto, o próprio rio Peruaçu configura-se como o limite geográfico entre esta Unidadede Conservação e as propriedades rurais alipróximas que, frequentemente, o ultrapassamcomo forma de ampliação de suas áreas

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produtivas, além da caça e corte de madeira paraprodução de carvão, comprometendo apreservação dos ambientes de veredas aliexistentes, modificando também as característicasmicroclimáticas daquele ambiente, verificada naárea de estudo, através da coleta de dados,quando verificou-se que aqueles ambientesmodificados pela ação antrópica apresentaramtemperatura do ar (°C) mais altas e umidaderelativa do ar (%) menor.

Contribuição ao estudo da vegetação da porção leste da Ilha de Marajó

Carlos Tadeu de Carvalho Gamba

Orientador: Ailton Luchiari

A manutenção dos ecossistemas florestais daAmazônia é, sem dúvida, de suma importânciapara preservação da biodiversidade do planeta.Utilizar e avaliar dados de última geração queforneçam informações sobre estes ecossistemastorna-se então fundamental para o gerenciamentodos mesmos. Projeto pioneiro realizado na décadade 1970, o RADAM teve como objetivo levantar, apartir de imagens de RADAR obtidas na banda X,informações sobre os recursos naturais daAmazônia. O avanço dos sistemas sensoresbaseados nas tecnologias de RADAR (RadioDetection and Ranging), com a introdução deplataformas capazes de imagear a superfície emcomprimentos de onda maiores e em mais de umapolarização, trouxe uma nova perspectiva nocampo de estudo destes recursos. Este trabalhoemergiu a partir da constatação da necessidade,e possibilidade, de se obter informações maisprecisas e atualizadas sobre o ambienteamazônico, levando em conta, inclusive, avelocidade das transformações que recaem sobreessa região. O objetivo primário do estudo foianalisar o potencial das imagens produzidas pelosradares de abertura sintética (SAR) nas bandas Le nas polarizações HH, HV e VV, na avaliação detipologias vegetais da porção leste da Ilha deMarajó. Entendemos que essa pequena parcelado ambiente amazônico nos cede uma chave de

padrões de classificação que podem ser replicadosem outras regiões da Amazônia Legal, ou mesmo,em novos projetos de mapeamento similares aoRADAM. Os resultados obtidos por meio deanálises das imagens de radar e através do estudode diversas propostas de classificaçãofitogeográfica, evidenciaram um alto potencial deutil ização destes recursos, bem como apossibilidade de avançarmos na escala de análise,produzindo mapeamentos de maior detalhe e maisabrangentes do ponto de vista das classesvegetais. A tecnologia para incrementar omapeamento da região amazônica, de forma maiscriteriosa e precisa, já existe há algum tempo eestá disponível às instituições nacionais. Dar essesalto, importantíssimo para o conhecimento,preservação e monitoramento daquele que éconsiderado hoje o bioma mais importante domundo, só depende de uma mudança nos critériose de uma atualização das ferramentas usadas atéo momento.

Território, cidade e rede: o papel deRondonópolis na expansão da soja no

Cerrado Mato-Grossense

Elias da Silva

Orientador: Júlio César Suziki

A presente pesquisa tem como objetivo analisaro papel da cidade de Rondonópolis no processoem rede de expansão territorial da soja no cerradomato-grossense, particularmente no sudeste doestado, desde suas pré-condições à atualidade,buscando como pressupostos dos processosconstituidores a herança histórico/territorial,econômica e localizacional que vem seestruturando ao longo de mais de 3 décadas,iniciado no período de 1970, mais especificamente,a partir de meados deste, qual ocorreram asmudanças político/territorial/local/globalmediadas pelas mudanças socioeconômicasbrasileiras. Assim, a tese está fundada no períodoem que se deu a divisão do estado, cuja situaçãocolocou Rondonópolis e região em posiçãoprivilegiada, passando de área secundária a

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prioritária para a soja, situação cujas bases podemser atribuídas à herança histórica de apropriaçãoterritorial e produção agropecuária iniciada noperíodo 1950/1960. Nesse sentido, justifica-senosso caminho teórico-metodológico que nospermitiu ver e compreender melhor a realidadeatual, qual seja, o da busca da herança histórico/geográfica na produção da localização, visandoos processos localmente (re)construídos em suasespecificidades. Deve-se considerar o papel doEstado como imprescindível no processo dedesenvolvimento da soja: sua introdução,consolidação e diversificação, seja produzindo oterritório e/ou como parceiro no processo deconstrução das infraestruturas e constituiçãodesse ambiente produtivo. O impulsomodernizador e urbanizador inaugurado comchegada da soja, a partir de suas pré-condições,ao atribuir posição de destaque a Rondonópolisno contexto da modernização agrária do cerradomato-grossense, a partir da sua região, fez surgircidades a partir da soja, especialmente Primaverado Leste e Campo Verde, como dois fortes ecaracterísticos exemplos que representam seusurto modernizador cidade/campo, resultando noprocesso de valorização territorial, cuja paisagem,sobretudo a urbana, demonstra de formacaracterística as contradições socioespaciais dalógica da acumulação capitalista com base napropriedade da terra, concomitantemente àexclusão de grande parte da população do direitodesta. O processo, assim, é marcado pela (re)estruturação desta cidade no âmbito deatendimento da demanda de produção e expansãoda soja numa atribuição de progressivaimportância local, regional e até extraregional,destacando como situações inerentes ao seupapel: o mercado de trabalho, a pesquisa etecnologia, a indústria, comércio e serviçosespecializados, o marketing como discurso, asatribuições em perspectivas e a gestão políticada localização, esta última, perpassando asdemais, uma vez que significa a força da elite local,de forma que Rondonópolis está sendo promovidacabeça de rede urbana desse modelo econômicoimplantado no cerrado mato-grossense conhecidocomo complexo da soja. A gestão política dalocalização, na atualidade e, em perspectiva, é

exercida no sentido do adensamento da logísticados transportes rodo/ferroviário com todo oincremento de investimentos que já sãovislumbrados.

Metodologia de classificação de imagensmultiespectrais aplicada ao mapeamento

do uso da terra e cobertura vegetal naAmazônia: exemplo de caso na região de

São Félix do Xingu, sul do Pará.

Fernando Shinji Kawakubo

Orientador: Ailton Luchiari

Este trabalho apresenta uma metodologia declassificação de imagens multiespectrais aplicadaa análise e mapeamento da evolução do uso daterra/cobertura vegetal em São Félix do Xingu,Sul do Pará. Imagens frações representando asproporções de sombra, vegetação e solo foramestimadas a partir das bandas 1 a 5 e 7 doLandsat-5 TM e relacionadas com as estruturasdas classes de uso da terra/cobertura vegetal. Asimagens frações geradas do modelo linear demistura espectral foram importantes para reduzira massa de dados e ao mesmo tempo realçar alvosde interesse na imagem. A banda do infravermelhopróximo (TM-4) foi importante para realçar áreasde queimadas. A classificação adotada foi dividaem etapas combinando técnica de segmentaçãopor crescimento de regiões e uso de máscaras.Por meio da máscara foi possível restringir oprocesso de segmentação em regiões pré-estabelecidas com o intuito de adquirir um melhorparticionamento da imagem. Adotando esteprocedimento, ao invés de realizar uma únicasegmentação para mapear todas as classes emuma única vez, foram realizadas váriassegmentações ao longo das etapas. As regiõessegmentadas foram agrupadas com umclassificador não-supervionado batizado deISOSEG. Os resultados mostram que ametodologia é bastante eficiente. A matriz de errogerada para a classificação de 2008 apontou queas confusões mais freqüentes ocorreram entre asclasses que apresentaram em certas localidadesproporções de misturas parecidas: Capoeira e

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Campo/Pastagem-2; Campo/Pastagem-1 eCampo/Pastagem-2; Queimada-1 e Queimada-2;Solo Exposto e Campo/Pastagem-1. Considerandonove classes, o índice Kappa atingiu 0,58, o querepresenta um valor de concordância classificadacomo moderada. Quando o numero de classes foireduzido para 6, agrupando as classes queapresentaram as maiores confusões, o índiceKappa subiu para 0,80, atingindo um valor deconcordância quase perfeita. A comparação dos

dias. Com auxílio de uma base teórica advinda devárias áreas do conhecimento trabalhouse comdados coletados em campo, com os registros denotas e de fotografias. Esses dados serviram debase para a confecção do questionário deentrevistas (semiestruturadas). Os depoimentosforam colhidos de pessoas-chave quetestemunharam o processo de implantação doturismo na região. A coleta de depoimentosocorreu entre os meses de março e abril de 2010.Os dados levantados foram sistematizados eagrupados por categorias que continhaminformações do histórico, dos recursos naturais,infraestrutura e serviços, mídia, marketing epromoção, pesquisa na região, visitação, educaçãoambiental, conflitos e gestão ambiental. Essesdados compuseram um quadro histórico dosacontecimentos e foram usados, posteriormente,para compor a análise através de três indicadores- conservação, sustentabilidade ambiental einterpretação ambiental. O intuito foi o de verificarse cabe o uso do rótulo eco para o turismodesenvolvido na região. Concluiu-se que aconservação está garantida, mas ressalta-se quefoi observado um efeito bolha já que muitos seapresentaram como cenários apenas ao redor dosatrativos turísticos naturais, desvinculados darealidade do entorno. Os mecanismos de gestãonão asseguraram a sustentabilidade ambiental daatividade, já que careceram de compromissosmais amplos com relação às responsabilidadessocioambientais. A atividade de interpretaçãoambiental ainda é pouco presente nos programasde turismo pesquisados. Como tal, estasatividades não devem ser promovidas como

Bonito para quem? Um estudo sobre umdestino turístico no Mato Grosso do Sul: situação atual e perspectivas, Bonito,

MS, Brasil

Marcelo Teixeira César de Oliveira

Orientador: Sueli Angelo Furlan

A região de Bonito, localizada no estado do MatoGrosso do Sul, tornou-se a mais visitada comoturismo de natureza nos últimos anos no Brasil. Oobjetivo principal desta pesquisa foi o turismopraticado na região desde o seu surgimento nadécada de 1980 e avaliar alguns aspectos da suagestão ambiental de sua implantação a seudesenvolvimento. O estudo abrangeu osmunicípios de Bonito, Jardim e Bodoquena ondea atividade turística se desenvolve. Bonito foiapresentado através da propaganda dasoperadoras e na mídia como um destino deecoturismo. O crescimento deste produto deturismo nos últimos 20 anos, a facilitação dosacessos, a expansão dos meios de hospedagem ea recente construção do aeroporto sinalizam paraum fluxo em massa que agrava um quadropreocupante que pode ampliar conflitos jáexistentes entre conservacionistas e o turismo. Aexperiência somada de 25 anos acompanhandodiretamente a atividade de ecoturismo junto agrupos em atividades dirigidas em várias áreasnaturais do Brasil serviu como referencial departida para condução deste trabalho. As viagensa Bonito foram realizadas em quatro períodos nosanos de 1989, 1990, 2000, 2004 num total de 21

resultados das classificações de 1987, 1992, 2000e 2008 juntamente com a analise de dadosauxiliares permitiu traçar um modelo de evoluçãodo desmatamento e do uso da terra para São Félixdo Xingu. O intenso desmatamento observadoprincipalmente a partir de 2000 foi relacionadocom o incremento da atividade pecuária, sendoSão Félix do Xingu o município que detématualmente o segundo maior rebanho bovino doPaís.

Dissertações de Mestrado

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ecoturismo. Vale nota, no entanto, o fato de queforam identificadas algumas propriedades ondeforam aplicados os princípios da conservação,sustentabilidade ambiental e as atividades deinterpretação

Opções de adaptação às mudanças doclima para a bacia do rio Aricanduva

Gustavo Costa Moreira da Silva

Orientador: Maria Elisa Siqueira Silva

Como as mudanças climáticas globais vêmocorrendo de maneira acelerada, o agravamentodos problemas característicos de regiões comgrande concentração de população só tende aaumentar. Este estudo tem como objetivossecundários, a avaliação das principaisvulnerabilidades existentes na Bacia Hidrológicado Rio Aricanduva e, que se agravarão com asmudanças climáticas, principalmente com respeitoaos recursos hídricos, saúde humana e desastresnaturais, através de avaliação interdisciplinar,envolvendo as questões sociais e ambientais queinteragem na dinâmica das regiões urbanasbrasileiras, chegando ao objetivo principal que éidentificar as opções de adaptação em função davulnerabilidade, propondo assim, ações privadase políticas públicas, sem negligenciar asimportantes interações entre as opções deadaptação e a mitigação. Para chegar ao resultadofinal foram analisadas as projeções climáticas prao Século XXI através de cinco modelos regionaispara três cenários de emissões, sendo eles, o A2(altas emissões), o B2 (baixas emissões) e o A1B(estabilização das emissões), assim como osdados climatológicos da cidade e da área da baciapara se determinar a evolução do clima. Apósessas análises o objetivo foi de identificar osimpactos que a região da bacia sofrer em relaçãoàs essas mudanças no clima. Para se identificaras atuais vulnerabilidades foram coletados dadossocioeconômicos e ambientais, sendo dadosbrutos e georreferenciados que serão cruzados eidentificados em gráficos, tabelas e mapas.Identificadas as áreas e setores vulneráveis daBacia do Aricanduva, será possível analisar e expor

as opções de adaptação, propondo assim, açõesprivadas e políticas públicas de acordo com osimpactos das mudanças climáticas que agravarãoessas vulnerabilidades.

Conectividade insular: um estudo dapresença de Spartina alterniflora nas Ilhas

de Cananéia e Comprida

Jonathan Américo Nascimento Ferreira

Orientador: Sueli Angelo Furlan

Os manguezais do Sistema Lagunar Cananéia-Iguape, no extremo sul do litoral do estado deSão Paulo, possuem, em suas franjas maisexternas, a presença da gramínea Spartinaalterniflora, que exerce papel fundamental nafixação de sedimentos que poderão se tornar áreasde propagação do mangue. Pioneiras na regiãoalagada do mangue, a Spartina segura e preparao substrato para as plântulas de espécies demangue se instaurarem. O mapeamento daSpartina alterniflora nas Ilhas de Cananéia eComprida, onde estas ilhas margeiam o mesmocanal lagunar, possibilitou identificar as áreaspropensas ao seu crescimento. Os pontos de baixaenergia do fluxo de água do canal mostraram-sefavoráveis ao surgimento de bancos de Spartina.A troca contínua de sedimentos e nutrientesexistentes em um ambiente lagunar rico emmanguezais, associada à grande capacidade decaptação e fixação da Spartina, resultou em umestudo de conectividade entre duas ilhas.

Das leituras da paisagem e suarepresentação cartográfica: as unidades da

paisagem do município de Ubatuba - SP.

Kelly Cristina de Mello

Orientador: Sueli Angelo Furlan

No âmbito da Geografia, verifica-se que o estudoda paisagem é de fundamental importância paraa compreensão dos fenômenos resultantes darelação entre a dinâmica social e a dinâmica danatureza, permitindo avaliar os resultados da

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relação entre o tempo/espaço social e o tempo/espaço natural. Este trabalho de pesquisa tratada identificação de Unidades de Paisagem nomunicípio de Ubatuba (SP), partindo da avaliaçãoda paisagem através do estudo das condicionantesdo meio físico, social e cultural, destacando-setambém a importância da espacialização paraconstrução da síntese, representada por meio daCartografia Ambiental. O referencial teóricobaseou-se na abordagem sistêmica, preconizadana Teoria Geral dos Sistemas. Os procedimentosoperacionais e metodológicos desenvolveram-seem etapas, desde a pesquisa bibliográfica,trabalho de campo, sistematização de dados,caracterização e mapeamentos. O modo de análisebuscou ser integrador, contendo elementosnorteadores, estabelecimento de escalas espaciaisde abordagem, definição e mensuração de áreasdenotando formas sustentáveis de utilização, emaspectos históricos, espaciais e ecológicos.

Práticas de pesquisa de campo comcomunidades tradicionais: contribuições

para a gestão participativa do Arquipélagode Ilhabela - SP

Mariana Soares de Almeida Pirró

Orientador: Sueli Angelo Furlan

O presente trabalho vem contribuir com aabordagem acadêmica dos processosparticipativos para envolvimento de populaçõestradicionais no planejamento e gestão de áreasprotegidas insulares, trabalhando com populaçõescaiçaras que habitam ilhas e trazendo reflexõespor experiências com pesquisa, educação populare gestão participativa no Arquipélago de Ilhabela.São apresentados os referenciais teóricos nocampo da geografia e antropologia marítima, aabordagem de planejamento e ordenamentoterritorial, e questões sobre áreas protegidas epolíticas de inserção social. Buscou-se fazer umaconstrução da concepção de pesquisa-ação-participativa a partir da educação popular,apresentando formas de trabalho e abordagensdo pesquisador em campo para trabalho comcomunidades tradicionais e trazendo ferramentas

de pesquisa e diagnóstico participativo para estudodas comunidades e levantamento de população.Por fim são apresentados dados e informaçõessobre as Comunidades Tradicionais Caiçaras doArquipélago de Ilhabela, obtidos a partir daaplicação das ferramentas descritas e doconhecimento dos sujeitos trabalhados,demonstrando que informações necessárias paradiscutir as relações das comunidades com asunidades de conservação podem ser obtidas apartir de práticas de pesquisa de campo. Entãosão trazidos argumentos para subsidiar a reflexãoe planejamento da gestão do Parque Estadual deIlhabela, tendo como foco o reconhecimento dapresença da população tradicional no interior eentorno da unidade e pensando a inserção dessacomunidade no manejo e gestão participativa danatureza protegida. Para concluir demonstra-seque, com este tipo de abordagem, é possível obterdados fundamentais para pensar o ordenamentoambiental e territorial; além deste se configurarcomo uma maneira de envolvimento, aproximaçãoe troca de informação. Porém, o processo deapropriação e protagonismo de populações locaisna gestão de seus lugares requerem um longocaminho, com trabalhos complementares quefomentem a participação.

Estudo de dinâmicas de paisagens no baixocurso do Rio Ipojuca, Pernambuco:

potencial para sustentabilidadesocioeconômica e cultural da região

Paulo Alves Silva Filho

Orientador: Yuri Tavares Rocha

Um dos grandes desafios na esfera doplanejamento e gestão ambiental reside nanecessidade de superar as distintas formas deregionalização. Desde os primórdios são inúmerosos esforços de unificação de bases que permitamuma gestão conciliatória de limites e intervençõesno espaço. O presente trabalho tem como objetivoanalisar a dinâmica de paisagens no Baixo Cursodo Rio Ipojuca (Pernambuco), possibilitando aidentificação de diferentes níveis de complexidadepara o planejamento e gestão dessa área objeto,

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a partir das transformações e permanências deatividades econômicas responsáveis pela dinâmicasócio-espacial da área. O recorte aqui adotadotem sua escolha justificada por pontos de pressãoque caracterizam significativos impactos nadinâmica da bacia em sua totalidade, sendo estes:a presença do Complexo Portuário-Industrial deSuape e a existência secular de atividades emlarga escala relacionadas à produção etransformação da cana-de-açúcar. O entendimentode paisagem neste trabalho se dá de formasistêmica e integrada, pela qual os constituintesabióticos, bióticos e antrópicos são compreendidosde forma interdependente. A análise dessaspaisagens possibilitou uma aproximação de suaatual configuração, assim como projetaram-setendências no sentido das alteração mediantealteração, introdução ou ainda modificação de seupadrão por meio de grandes empreendimentosestatais e privados. O Complexo IndustrialPortuário de Suape recebe uma atenção maior, jáque apresenta uma um contexto em termos deplanejamento totalmente diferenciado do seuentorno, a partir da verificação de umaregionalização que privilegia aspectossocioeconômicos e coloca os elementos / recursosnaturais em segundo plano. A sobreposição dessequadro junto à uma análise regional por meio dedados estatísticos apontam para umdirecionamento de total modificação da região,demandando urgentemente novas políticas deplanejamento voltadas para a geração de umquadro de sustentabilidade socioeconômica ecultural.

Infraestrutura de dados espaciais emunidades de conservação: uma proposta

para disseminação dainformaçãogeográfica do Parque Estadual de

Intervales - SP

Eduardo Tomio Nakamura

Orientador:Alfredo Pereira de Queiroz Filho

Esse trabalho apresenta uma proposta deInfraestrutura de Dados Espaciais de nívelorganizacional para o Parque Estadual de

Intervales-SP, que visa compartilhar suasinformações geográficas com a sociedade emgeral. Nos processos de elaboração da IDE sãodiscutidas questões como interoperabilidade,padronização, metadados, especificação deserviços geográficos e o relacionamento dos nósdas Infraestrutura de Dados Espaciais que vãopermitir a disseminação da informação geográficade fácil acesso a usuários externos. Osprocedimentos, benefícios e limitações são listadose problematizados de forma que demonstrem asetapas necessárias na elaboração daInfraestrutura de Dados Espaciais de nívelorganizacional para uma Unidade de Conservação.Conclui-se que uma Infraestrutura de DadosEspaciais depende de variáveis administrativas,culturais, técnicas e financeiras, o que leva a umaproposta de implementação por estágios. Tambémsão elaboradas críticas aos recursos existentes esugestões para melhorias e estudos futuros.

Estudo microclimático do ambiente decavernas, Parque Estadual Intervales, SP

Bárbara Nazaré Rocha

Orientador: Emerson Galvani

A proteção ambiental dos recursos geológicos éuma questão com crescente interesse. Aexploração de cavernas é uma das formas deturismo associada a recursos geológicos maisdifundida. Por isso, deve-se conhecer suascaracterísticas ambientais, tais como os climáticas,para definir estratégias de gestão e conservaçãoambiental associadas a seu uso turístico. Assim,o objetivo geral da pesquisa é detectar asprincipais alterações microclimáticas ocorridas noambiente cavernícola em decorrência das visitasturísticas no interior das grutas do PEI, SP. Comoobjetivos específicos, definiu-se: caracterizar omicroclima do ambiente de caverna em condiçõesnaturais e elencar características físicas dacavidade que influenciem em seu microclima. Ametodologia consistiu na coleta de dados detemperatura e umidade relativa do ar de novecavidades com registradores autônomos. Tambémforam registrados os valores de CO2. A variação

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dos atributos do clima foi analisada em situaçãonatural e na presença de visitantes. Os resultadosmostram que o microclima das cavernas tende àestabilidade dos valores de temperatura do ar eapresentam umidade relativa do ar e concentraçãode gás carbônico elevada. Cavernas com rioscaudalosos e claraboias não apresentam impactoem sua atmosfera decorrente do turismo, pois astrocas gasosas com o meio externo são facilitadas.Nas grutas secas e afóticas, com entradas ecorredores estreitos, o microclima tende àestabilidade, estando mais sujeito a impactos,especialmente elevações na temperatura do ar. Ouso de carbureteira também gera acréscimossignificativos nas concentrações de gás carbônico.

Geomorfologia da planície fluvial do rioPinheiros entre os bairros de Pinheiros,Butantã e Cidade Jardim, São Paulo (SP)

Rodolfo Alves da Luz

Orientador: Cleide RodriguesNa presente pesquisa investiga-se a geomorfologiada planície fluvial do rio Pinheiros entre os bairrosde Pinheiros, Butantã e Cidade Jardim, na cidadede São Paulo. Para tal, propõe-se uma cartageomorfológica de detalhe deste setor da planíciena escala de 1:20.000, confeccionada a partir depesquisa arquivística prévia e, principalmente, defotografias aéreas e de mapas antigos. A análiseda carta e a sua correlação com informaçõessedimentológicas e estratigráficas encontradas,principalmente, em recentes relatórios deengenharia para a construção do Metrô de SãoPaulo, permitem a caracterização do sistemafluvial deste setor do rio Pinheiros, bem como departe da morfodinâmica atuante no sistema antesda perturbação antrópica de alto impactodecorrente da urbanização que ali se instalou apartir da década de 1930. A pesquisa permitiutambém a interpretação de uma provávelsequência de eventos geomorfológicos atuantesno setor estudado durante o Pleistoceno Superiore o Holoceno. Parâmetros morfométricos tais comoíndice de sinuosidade de canais e paleocanais elargura da planície no trecho estudadoevidenciaram aspectos da influência da estrutura

geológica em sua evolução. O reconhecimento desistemas geomorfológicos em seu estágio pré-perturbação antrópica é essencial para acompreensão dos processos atuais, principalmenteem meios intensamente modificados como asáreas urbanas. A pesquisa apresenta então estetipo de reconhecimento, colaborando assim nacompreensão dos processos antecedentes àsgrandes rupturas que se instalam no sistema apartir das ações antrópicas na superfície.

Contribuições da geografia aolicenciamento e ao estudo de impacto

ambiental

Hélio Garcia Paes

Orientador: Luis Antonio Bittar Venturi

Este trabalho tem o objetivo principal dedemonstrar o potencial de atuação dos geógrafosna elaboração de Estudos de Impacto Ambiental(EIAs), a partir da formação multidisciplinar desteprofissional, alcançada pelo seu preparoteóricometodológico, técnico, sua formaçãocientífica e sua postura crítica, as quais embasamsua participação em diferentes relatórios contidosdentro dos EIAs, bem como na coordenação dosmesmos, ou na produção de mapas queacompanham os diagnósticos. São tambémdemonstrados exemplos práticos dos relatóriospassíveis de serem executados pelos geógrafos,além de ter sido realizado um levantamentoquantitativo e qualitativo da participação desteprofissional neste ramo de atividade, por meio daanálise de quarenta EIAs, inseridos no período de2000 a 2009, tendo como espacialização, o Estadode São Paulo. Assim, objetivou-se também, queeste trabalho pudesse servir de subsídio paraquem pretende ingressar nesta carreira, indicandocaminhos e demonstrando a diversidade decontribuições a serem oferecidas pelos geógrafos.

Ilhas do litoral norte do estado de SãoPaulo: paisagem e conservação

Ricardo Sartorello

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Teses de Doutorado e Dissertações de Mestradodefendidas (Maio de 2009 a Novembro de 2010), pp. 218 - 246 235

Orientador: Sueli Angelo Furlan

Para se chegar a modelos mais precisos deunidades de conservação devemos pensar aimportância do desenvolvimento do conhecimentosobre a dinâmica insular. O principal objetivo dapesquisa foi avaliar a relação entre as fisionomiasvegetais encontradas em oito ilhas do litoral nortepaulista e alguns de seus aspectos estruturais,com área, forma e distância da costa (isolamento),utilizando como indicadores espécies vegetais dediferentes estágios de sucessão ecológica, emmatas de encosta. Foram selecionadas oito ilhascom diferentes áreas, formas e distâncias dacosta: ilhas do Prumirim, Porcos Pequena,Comprida, das Couves (Ubatuba), ilhas do MarVirado, Tamanduá e Maranduba (Caraguatatuba)e ilha da Vitória (Ilhabela). O trabalho foidesenvolvido com em três etapas: primeiro aapreensão sobre a área de estudo, por meio daprodução de bases e produtos cartográficos emescala 1:10.000, incluindo um mapeamento dasfisionomias vegetais com base em ortofotos eimagens de satélite; segundo, a produção dedados primários, por meio de estudo sobre asmétricas de paisagem para todas a ilhas do litoralnorte, avaliando e área, forma e isolamento. olevantamento bibliográfico das espécies arbóreasque ocorrem nas ilhas, e um trabalho de campofocal na ilha do Prumirim; e terceiro, omapeamento de unidades de paisagens das ilhase elaboração de proposta para o planejamento deseu uso testando três variáveis, conservação,assentamento e turismo. Dentre os resultadosdestacamos: os mapas de vegetação, com os quaisfoi possível mensurar e comparar os tipos defisionomias que cobrem as ilhas; a análise daforma, do tamanho e isolamento da ilhas do litoralnorte, que resultou em dados mais precisos sobreesses ambientes insulares e trouxe parâmetrosde comparação para as ilhas selecionadas, nocontexto da região costeira; o levantamento deespécies, revelando que das treze mais frequentesnas ilhas slecionadas, sete são pioneiras,características de formações secundárias,evidenciando o aspecto geral de mata alteradaem estágio de regeneração e ressaltando daimportância dessas espécies generalistastas; a

alta correlação entre o número de espécies emcada ilha com a área e forma, um dos preceitosda teoria biogeográfica de ilhas; e por último, apartir da delimitação das unidades de paisagens,a proposta de uso para as ilhas na qual, emsíntese, identificamos um forte potencial para aconservação e o turismo ordenado, equação daqual acreditamos, depender o futuro das ilhas.Esperamos que este trabalho traga além de umaprofundamento sobre o conhecimento dessesambientes insulares, uma inquietação sobre asformas de se pensar a conservação não só de ilhas,mas de tantos outros ambientes isolados, comoos fragmentos continentais da mata Atlântica.

Cartografia tátil escolar: experiências coma construção de materiais didáticos e com

a formação continuada de professores

Waldirene Ribeiro do Carmo

Orientador: Regina Araujo de Almeida

O presente trabalho aborda a Cartografia TátilEscolar, com destaque para a análise e discussãoda importância do mapa tátil na formaçãocontinuada de professores, assim como suaaplicação no ensino de Geografia e Cartografiapara pessoas com deficiência visual, em escolasde ensino fundamental e médio. Foi incluído umestudo sobre a produção e uso de materiaisdidáticos táteis, de forma a orientar professorese prepará-los para o ensino de Geografia voltadoa estudantes com deficiência visual. A CartografiaEscolar está na interface entre a Cartografia, aEducação e a Geografia, na busca de desenvolvermetodologias de ensino/aprendizagem do mapae de construção do espaço pela criança. Asatividades cartográficas nas aulas de Geografiasão importantes para auxiliar análises e paradesenvolver habilidades de observação, percepçãoe representação do espaço. Daí a importância domanuseio, reprodução, interpretação e construçãode mapas. Os PCNs (Parâmetros CurricularesNacionais) do Brasil destacam a importância daCartografia Escolar ao apontar como um dosobjetivos do ensino da Geografia no ensinofundamental saber util izar a l inguagem

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cartográfica para obter informações e representara espacialidade dos fenômenos geográficos. OsPCNs também sugerem blocos temáticos, listandoconteúdos que incluem a leitura e compreensãodas informações expressas em linguagemcartográfica. As representações gráficas que sãoapreendidas essencialmente pela visão, tambémpodem ser percebidas pelo tato, desde queconstruídas com este objetivo. A inclusão deestudantes com deficiência visual em classesregulares requer que as escolas possamdisponibilizar materiais cartográficos adaptadosao tato e professores preparados para lidar comesta realidade. Este trabalho apresenta e discuteexperiências com cursos de formação continuadade professores e sua aplicação no ensino deCartografia na educação básica, particularmentepara pessoas com deficiência visual, tanto emescolas especializadas no atendimento destesestudantes, quanto em escolas em geral. Fez parteda pesquisa, uma descrição e análise dos cursose oficinas sobre cartografia tátil e ensino degeografia para pessoas com deficiência visual,realizados entre agosto de 2006 e outubro de2009, no Brasil e no Chile, dentro de um projetointernacional desenvolvido em conjunto pelaUniversidade de São Paulo e UniversidadeTecnológica Metropolitana. Durante estes cursospercebeu-se a dificuldade dos professores emtrabalhar a cartografia em sala de aula,particularmente, a cartografia tátil. Os cursos deformação continuada significam um avanço naqualidade de ensino de estudantes com deficiênciavisual e a difusão de técnicas de construção demateriais didáticos adaptados, assim comoorientações para sua utilização são renovaçõespedagógicas significativas que ampliam o uso dosmateriais para todos os estudantes.

Sistema de Informações Geográficasdestinado ao planejamento da atividadeapícola no assentamento ‘Padre Josimo

Tavares’- PA

Rodrigo Veneziani de Paula

Orientador: Jorge Gustavo da Graca Raffo

Atualmente, a apicultura é aproveitada de formaeconômica pelo homem na polinização dasplantações, assim como na produção de própolis,geléia real, apitoxina e o mais conhecido eexplorado pelo homem, o mel. A apicultura temse consolidado como uma das atividades maisimportantes do ponto de vista econômico, sociale ambiental, uma vez que ao empregar mão-de-obra familiar e proporcionar geração de fluxo derenda, reduz a dependência dos produtos agrícolasde subsistência e favorece a fixação do homemno campo. Todavia, sem utilizar nenhum recursocomputacional ou uma metodologia sistemática,os apicultores escolhem o local para instalar suascolméias, seja dentro dos perímetros dapropriedade, ou numa região geográfica maisabrangente, como, por exemplo, um município. OSistema de Informações Geográficas (SIG) é umaferramenta computacional, resultado decombinação da Cartografia com a Informática, quepermite efetuar análise espacial e cruzamento deinformações espaciais de uma forma, antes, quaseimpossível de se pensar, pelo enorme esforçorequerido, tempo exigido e o custo resultante. Estetrabalho visa criar um SIG destinado a escolha dolocal que possa otimizar a produção apícola. Comoconseqüência desta metodologia, surge tambémum melhoramento na polinização de zonasescolhidas, afetando e acelerando o processo derecuperação de áreas degradadas. As técnicas demanejo apícola desenvolvidas têm conseqüênciaseconômicas e sociais para as populaçõesenvolvidas, como é o caso do exemplo utilizadoneste trabalho, assentamento rural Padre JosimoTavares.

Mapeamento de biótipos: instrumento parao fomento da qualidade ambiental

Marcos Antonio de Mello

Orientador: Sueli Angelo Furlan

O mapeamento de biótopos pode ser consideradocomo uma ação prática do planejamento dapaisagem. O método surgiu para conduzir a análisee o entendimento das características estruturaise funcionais da paisagem, demonstrando

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Teses de Doutorado e Dissertações de Mestradodefendidas (Maio de 2009 a Novembro de 2010), pp. 218 - 246 237

identidades ecológicas entre porções territoriaismediante o estudo/diagnóstico dos componentesbiofísicos, antrópicos e das inter-relaçõesexistentes. Além do estabelecimento deindicativos, qualitativos e quantitativos quedenotem e mensurem parâmetros de qualidadeambiental. Destarte, a realização destemapeamento visa o estabelecimento de bases parao planejamento territorial, tendo a mensuraçãoda qualidade ambiental como elemento primordialpara sua efetivação, justificando assim, aaplicabilidade da referida metodologia, inspiradaem experiências européias, onde taismapeamentos são realizados em escalas dedetalhe. O referencial teórico adotado parte deuma abordagem geossistêmica, onde a paisagempode ser representada por um conjunto debiótopos, denotando a integração de variáveisnaturais e antrópicas, configuradas em unidadeshomogêneas. Os procedimentos teóricos eoperacionais atendem a variadas etapas,constituídas em trabalhos de levantamentos decampo, sistematização de dados, caracterizaçãoe mapeamentos. Os resultados obtidos, segundopreceitos teóricos, metodológicos e procedimentospropostos, foram organizados em forma de dadosalfanuméricos e espaciais, inseridos em banco dedados com interfaces com SIGs. Assim, foramgeradas cartas temáticas em escalas de detalhe(1:10000) cartografando e correlacionando asinformações produzidas, traduzidas emparâmetros de qualidade ambiental, com destaquepara a cobertura vegetal.

Técnicas cartográficas e aerotogramétricasno estudo da erosão: alta bacia do Ribeirão

Araguá – São Pedro e Charqueada / SP

Marcos Roberto Pinheiro

Orientador: Rosely Pacheco Dias Ferreira

Este trabalho teve como objetivo fazer uminventário das feições erosivas lineares da altabacia do ribeirão Araquá, municípios de São Pedroe Charqueada/SP, com base em técnicascartográficas e aerofotogramétricas analógicas edigitais. O levantamento foi realizado em 2 escalas

de abordagem diferentes: 1:50.000 (semi-detalhe) e 1:15.000 (detalhe). Na escala de semi-detalhe, produziu-se uma carta hipsométrica, umacarta clinográfica e um mapa morfológico, ondeforam representadas as feições erosivas. Essesprodutos, aliados com as informações sobre solos,litologia e o uso da terra, deram origem ao mapamorfopedológico da sub-bacia. Com base nessemapa, foi definida a sub-bacia do Córrego doQuerosene para o estudo em escala de detalhe.Na sub-bacia do Córrego do Querosene foramproduzidas as cartas hipsométrica e clinográficae os mapas de morfologia do relevo, solos, usoda terra e formas erosivas lineares. Olevantamento do uso da terra e das formaserosivas lineares foi realizado com base emfotografias de 4 períodos diferentes, 1962(1:25.000), 1978 (1:35.000), 1995 (1:25.000) e2006 (1:30.000). Esse diagnóstico possibilitourealizar correlações das formas erosivas com ascaracterísticas do meio físico, o que deu origem aum mapa de suscetibilidade à erosão, além de terpermitido uma avaliação da evolução temporal dasfeições. Os resultados mostraram que a áreaatingida por sulcos diminuiu 38,18% no períodode 1962 a 2009. Em contrapartida, as afetadaspor linhas de pisoteio subiram 137%. No mesmoperíodo, o número de ravinas aumentou em87,5%, e as voçorocas cerca de 300%. Os dadosmostraram também que as ravinas e voçorocasse instalaram preferencialmente em setorescôncavos das vertentes, com declividades acimade 10%, principalmente, e em áreas como solosmuito arenosos, profundos, homogêneos,permeáveis e cobertos por pastagens ouvegetação ciliar. As técnicas de interpretação erestituição aerofotogramétricas digitais semostraram muito superiores às analógicas,embora o processo digital tenha se mostrado maismoroso que o analógico. As técnicas digitaispermitiram a correção de grande parte dasdistorções geométricas das fotos, facilitando,dessa forma, as medidas das ravinas e voçorocas.

A modernização do Vale do Jequitinhonhamineiro e o processo de formaçãodotrabalhador “boia-fria” em suas

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condições regionais de mobilização dotrabalho

Ana Carolina Gonçalves Leite

Orientador: Heinz Dieter Heidemann

Nessa dissertação, procuramos discutir o processode territorialização do que veio a ser instituídoem Minas Gerais, a partir da década de 1960, comoo Vale do Jequitinhonha. Abordamos esse processode territorialização em seus contornos coloniais,uma vez que seu sentido conformou as relaçõessociais de produção particulares que passaram aviabilizar a acumulação de capital com ageneralização do trabalho livre. Nesse contexto,instaurou-se no nordeste mineiro uma dinâmicaregional de expansão da fazenda agropecuária,fundada na relação de agregação de lavradores,na qual o controle territorial, por meio dapossibilidade do emprego direto da violência,condicionou a subordinação do trabalho. Essasrelações sociais de produção regionais, por suavez, passaram a ser objeto da intervenção estatala partir das décadas de 1960 e 1970. Abordamosessa intervenção como parte do processo demodernização retardatária, movido nacionalmentecomo esforço de industrialização e de superaçãode formas de acumulação tidas como arcaicas.Modernização que, por meio da imposição de umaforma determinada de desenvolvimento, fundadana consolidação da propriedade da terra e naformação do trabalhador assalariado, deveriaalimentar a indústria em formação no centro-suldo país. Por fim, partimos do processo deexpropriação dos antigos lavradores do Vale doJequitinhonha para observar a transformação dosmesmos em trabalhadores bóias-frias, emcondições definidas pelos limites da modernização,que explicita seu caráter crítico.

Élisée Reclus e a geografia da Colômbia:cartografia de uma interseção.

David Alejandro Ramirez Palacios

Orientador: Manoel Fernandes de Souza Neto

O seguinte ensaio interessa-se pelos momentosde conjunção entre a obra do geógrafo e cartógrafoanarquista francês Élisée Reclus (1830-1905) eum país chamado Colômbia, em cujas montanhaschegou a morar por um par de anos quando aindatinha por nome Nova Granada e incluía o Panamáe sobre o qual escreveu em diferentes ocasiões.Procura avançar na compreensão das lógicasdominantes do projeto intelectual deste autormediante o mapeamento do jogo de referênciasdesatado por ele nos capítulos «Colômbia» (1893)e «Panamá» (1891) da sua Nova GeografiaUniversal, tentando identificar e organizar seuselementos, procurando obter algum tipo deretorno em termos de filosofia política. Consideraespecialmente a participação do geógrafo ecartógrafo colombiano Francisco Javier Vergara yVelasco, interlocutor e colaborador de Reclus noprocesso de criação desses capítulos por meio doestudo da correspondência inédita dirigida a elepelo francês, formulando a partir da mesmaalgumas questões sobre o funcionamento doeurocentrismo. Aspira, enfim, deixar preparado oterreno para uma imersão mais vertical nestestextos, centrada na procura da formação territorialda Colômbia.

Globalização na escola, para além de umconteúdo

Edna Celeste Vieira Bonassi

Orientador: Nidia Nacib Pontuschka

Esta dissertação trata do ensino da globalização,enquanto conteúdo no último ano do EnsinoFundamental. A pesquisa envida nos caminhos decompreensão da globalização no campo teórico,mas enfocada principalmente em suamaterialização no lugar de vivência do aluno,expresso no cotidiano e as relações dialéticas aígeradas a fim de oportunizar condições decontexto dessa temática para encaminhamentodo tema nas aulas de Geografia. O nascedourodesta proposta ocorreu em função de contradiçõese paradoxos no comportamento dos alunos emrelação à posse e uso de aparelhos tecnológicosde última geração, e também, das dificuldades,

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Teses de Doutorado e Dissertações de Mestradodefendidas (Maio de 2009 a Novembro de 2010), pp. 218 - 246 239

enfrentadas por nós professores, no ensino desseconteúdo. Assim, o objetivo da pesquisa estádirecionado para a possibilidade de contextualizaro conteúdo da globalização na perspectivadialética, considerando as variáveis que se lheconstituem, as dimensões: tecnológica, cultural,política, econômica e social, manifestas eimbricadas no cotidiano. Antes, porém é dedicadoum espaço de compreensão do jovem e suacondição no contexto da e na globalização, seperfazendo no lugar do vivido, do cotidiano. Ojovem, neste início de século, vive em presentesperpétuos, fragmentados pelas imagens, signose significados; o tempo presente é um momentoaparentemente único, descolado de um passadoe supostamente sem vínculo com o futuro. Ajuventude, enquanto condição está equacionadanos moldes da racionalidade econômica edisponibilizada à globalização através dos sentidosorientados para o mercado de consumo nestemomento sócio histórico e cultural, quando ossignos, produtos e cultura, tomam a forma demercadoria e delineiam comportamentos quesugerem o imediatismo e a efemeridade.Demonstramos as relações do contexto atravésdas respostas dadas pelos alunos, seja noquestionário de perguntas fechadas ou abertas.Para tanto, se fez necessária a compreensão deelementos constitutivos da globalização, no caso,destaca-se a tecnologia e o consumo, este comconotação cultural, em decorrência da ênfase dadaàs mercadorias-signos, imagens e bens que, emgeral, ganham novos significados no processo,assim como a cidadania atrelada aos direitos deconsumo a serviço do capitalismo. Tem-se nessadialética a relação ensino aprendizagem da e naglobalização objetivado no desenvolvimentoformativo do aluno. Nesse sentido, destacamosas entrevistas com os professores, a fim de apurarcomo é articulado o conteúdo da globalização, noúltimo ano do Ensino Fundamental, na intençãode evidenciar as dificuldades desses profissionaiscom relação ao tema para um posicionamentomediante às questões relevantes e proporsugestões. O encaminhamento, por sua vez, seconstitui como eixo de sugestões possíveis paracompor a articulação do conteúdo da globalizaçãono movimento dialético das dimensões que lheperfazem, a fim de favorecer o ensino e

aprendizagem desse tema tão complexo. Faz-senecessário ainda tornar significativo o conteúdo apartir da realidade vivida por esses jovens econtribuir para um modo de pensar maisconsciente e formador do aluno nodesenvolvimento da cidadania.

Estado de São Paulo: análise geográfica daeducação básica e mapeamento temático

Jorge Luiz Prando

Orientador: Marcello Martinelli

Esta dissertação intenciona realizar uma análisegeográfica com o apoio da cartografia temáticaacerca da qualidade da educação básica públicado Estado de São Paulo. Objetivamos adicionarconhecimentos, materiais e informações sobre aatual condição da escola e contribuir com o futuroplanejamento da educação. Esse trabalho enfatizaa ótica da dinâmica regional, a dicotomia entre odesempenho educacional das pequenas e grandescidades do Estado, a fim de com analisar eentender porque as cidades do interior paulistavêm obtendo ultimamente desempenhos maissatisfatórios em indicadores educacionais emrelação à capital e os municípios metropolitanosde São Paulo. Há ainda a preocupação em utilizara cartografia temática para contribuir com aprópria Geografia; então, produzimos mapastemáticos desenvolvidos a partir de indicadoreseducacionais dos anos de 2000, 2002, 2004 e2006, além disso há um layout complementar emcoluna destes mapas, que procurou demonstrar aevolução dos indicadores através do tempo. Então,utilizamos um rico acervo de dados estatísticos etambém análises críticas a respeito do temaestudado, evidenciando a importância dalinguagem gráfica para a Geografia, a Educação eoutras ciências.

A cartografia ambiental de síntese:procedimentos e aplicações para

omunicípio de Limeira - SP

Fredy Ravazzi Lima

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Orientador: Marcello Martinelli

O município de Limeira SP enfrentou umcrescimento urbano intenso e desordenado, apósa segunda metade do século XX, oriundo dosincentivos públicos de descentralização industrialda capital paulista, que provocou grandesproblemas socioambientais. O presente estudoprocura analisar as fragilidades e potencialidadesda organização do espaço em Limeira através dametodologia da Cartografia Ambiental de Síntese,pois esta possibilita a delimitação de unidadesindividualizadas da paisagem a partir da síntesedos atributos físicos e sociais presentes no espaço.Para tanto, foi realizado um levantamentobibliográfico dos principais conceitos emetodologias dos estudos ambientais naGeografia, dando destaque à Cartografia e aosnovos instrumentos de coleta e manipulação dedados espaciais. Em seguida, foram coletadasinformações sobre o município através de pesquisabibliográfica, imagens de satélite e trabalhos decampo. Estas informações foram organizadas nosoftware SPRING para a confecção dos mapastemáticos e do mapa ambiental de síntese. Deposse do mapa final foi possível analisar cadaunidade de paisagem isoladamente segundo seusatributos, podendo servir de suporte a outrosestudos no município e para a administraçãopública a fim de subsidiar um planejamentoterritorial mais compatível com a realidade local.

Os Centros Logísticos e IndustriaisAduaneiros e a atual indústria paulista

Lucas Ferreira Rosa Penha

Orientador: Maria Mónica Arroyo

Frente a um período no qual a escala de ação paramuitos agentes sociais sobretudo as empresashegemônicas no mercado globalizado correspondeao mundo, os territórios nacionais são mobilizadose transformados de maneira a viabilizar aorganização e eficiência dos circuitos espaciaisprodutivos internacionalizados. A criação dosCentros Logísticos e Industriais Aduaneiros(CLIAs) é, além de muitas outras, uma dessas

adaptações do território. São recintos que exercemfunção aduaneira de despacho/admissão demercadorias importadas ou a serem exportadas,mas que se situam fora da zona primária de portose aeroportos, constituindo-se como alternativa àsalfândegas tradicionais para a importação ouexportação de mercadorias. São, então, novosobjetos geográficos que aumentam a porosidadeterritorial brasileira criando caminhos mais fluidospara as trocas internacionais, principalmente paraalguns circuitos espaciais produtivos. A presençadeles no estado de São Paulo liga-se diretamenteao processo de industrialização desse territóriouma vez que são utilizados em grande parte pelaindústria química e pela indústria automotiva.Torna-se importante, assim, a individualização dasrelações estabelecidas entre os CLIAs e asindústrias às quais são funcionais. Por fim, alémda participação dos CLIAs nesses circuitosespaciais produtivos, também podem implicardiferentes relações com o lugar onde sãoinstalados, criando modalidades diversas deintegração ao território verticais e horizontais. Éjustamente o entendimento dessa dinâmicaterritorial complexa que constitui o objetivo centraldo presente trabalho.

As enchentes do rio Aricanduva (MSP) e aconstrução de conhecimentos no ensino de

Geografia

Marcia Yoko Kobayashi

Orientador: Vanderli Custódio

O objetivo geral da pesquisa é verificar até queponto a Geografia ensinada em escolas cujacomunidade é afetada por enchentes tem realizadoa leitura do espaço de vivência dos alunos e umaaprendizagem significativa. O trabalho de campofoi realizado em cinco escolas públicas (estaduaise municipais) situadas no entorno do rioAricanduva, no baixo e médio cursos do rio, naárea de maior inundação. Foram entrevistadosDiretores, Coordenadores Pedagógicos,Professores e alunos da 6ª série do ensinofundamental. Os questionários (abertos) versamsobre a construção do conhecimento em Geografia

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e a noção de enchentes. Também foram analisadasas Propostas Curriculares Oficiais e os livrosdidáticos (adotados nas escolas). Observou-se quehá um descompasso, entre o que se intencionaensinar, a concepção de ensino e de Geografia e oque se aprende na disciplina. De um lado osprofessores (Propostas Curriculares e os livrosdidáticos) têm uma concepção que se preocupacom a realidade e o desenvolvimento dopensamento crítico, por outro lado; os alunos,possuem uma concepção da disciplina e da escolaligada à localização, ao mercado de trabalho e aoconhecimento enciclopédico. Em relação àsenchentes prevalecem, entre os entrevistados,explicações destituídas de elaboração científica,embora, entre os professores, haja algumacompreensão da questão das inundações urbanasenquanto produto do processo de urbanização,como pensamos deveria ser. Os resultadosdemonstram a relevância da concepção de ensinobaseada na construção de conhecimentos comreferência no conhecimento cotidiano e situadono espaço vivido dos alunos.

As cidades médias e a reestruturação darede urbana amazônica: a experiência de

Marabá no Sudeste paraense

Rovaine Ribeiro

Orientador: Hérvi Émilien René Théry

Ao tratarmos da temática da urbanização, e nestecaso, da urbanização na Amazônia, devemos levarem conta suas peculiaridades. As cidades devemser entendidas a partir da maneira como seinserem, em maior ou menor grau na divisão dotrabalho, e como historicamente foram afetadaspela divisão inter-regional do trabalho. (SANTOS,2005) Assim, voltamos nosso olhar para aimportância assumida pela cidade de Marabá nosudeste do Pará, tendo em vista sua centralidadena dinâmica de reestruturação socioespacial daregião amazônica. Duas questões centraisnorteiam esse trabalho: a) qual a importânciaexercida pela cidade de Marabá, enquanto umacidade média, na rede urbana e no processo dareestruturação produtiva e espacial, da região

amazônica? b) que elementos contribuem paraque a cidade de Marabá se torne central nesseprocesso de reestruturação regional? Dessa forma,buscamos compreender, como, nesse processo dereestruturação da região amazônica, a cidade deMarabá, foi assumindo relevância na dinâmicaurbana do sudeste paraense. Entrementes, essadinâmica urbana regional, nos remete àinvestigação das possíveis centralidades quealgumas cidades da região vêm assumindo nasredes de circulação do território, a partir dareestruturação produtiva regional. Finalmente,nossas preocupações se apresentam como pontosde partida para o entendimento desse conjuntode relações desencadeadas no âmbito da redeurbana regional, em que as especificidades dascidades na Amazônia, a exemplo de Marabá,acabam sendo fundamentais para a compreensãodesse processo.

A nova ordenação territorial das finançasno Brasil

Clarisse Coutinho Ribeiro

Orientador: Wanderley Messias da Costa

Esta pesquisa aborda a relação entre território efinanças. O objetivo é analisar a nova ordenaçãoterritorial das finanças no Brasil, entre 1996 e2006, como esta ocorreu, quais foram os seusprincipais fatores de formação e suasconseqüências. A metodologia utilizada, pelo ladoteórico, baseia-se na abordagem do David Harveysobre os ajustes temporal e espacial, e ordenaçãoespaçotemporal e na teoria Pós-keynesiana sobrefinanças regionais. Pelo lado empírico, utiliza-seanálises estatísticas do índice de concentraçãoHerfindahl-Hirschman (IHH) e taxas decrescimento acumulado, bem como a análise decartografia temática digital. A pesquisa mostrouque a nova ordenação territorial das finançasocorreu sobretudo devido ao grande crescimentoe expansão territorial das atividades deintermediação financeira. Sendo assim, os seusprincipais fatores de formação foram: a aberturafinanceira da década de 1990, a reestruturaçãodo sistema bancário nacional, estabilidade da

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moeda, o aumento da demanda financeira regionalde baixo volume e o avanço do meio técnico-científico-informacional. As principaisconseqüências foram: a mudança na estrutura decomposição do Sistema Financeiro Nacional, quepassou a ter a atividade de intermediaçãofinanceira como principal atividade financeira dopaís e apesar da redução da concentração dasfinanças, esta não descentralizou as mesmas,como também não implicou na redução daconcentração econômica do Brasil.

Parque Nacional do Jaú, Unidade deConservação e Patrimônio Natural Mundialna Amazônia Brasileira: a articulação de instrumentos permite melhor proteção?

Fabiana Cunha da Silva

Orientador: Néli Aparecida de Mello ThériO Parque Nacional do Jaú unidade de conservaçãode proteção integral protegida pelo SNUC (SistemaNacional de Unidades de Conservação daNatureza) localiza-se, aproximadamente, 200kma noroeste de Manaus e está inserido dentro doslimites territoriais dos municípios de Barcelos eNovo Airão, no estado do Amazonas. Sendo omaior Parque Nacional do Brasil com 2.272.000hectares, cobrindo a segunda maior extensão deflorestas tropicais úmidas contínuas do mundo naAmazônia, foi criado com o objetivo de protegera bacia hidrográfica do Rio Negro, suabiodiversidade e seus recursos naturais.Reconhecido por paisagens notáveis e de belezanatural, por importantes processos ecológicos ebiológicos relacionados à conservação dabiodiversidade, e por ser detentor de importantesformações naturais relevantes tanto para a Ciênciaquanto à História da Humanidade, o PNJ foiselecionado como área de proteção do patrimônionatural da Humanidade pela Convenção daUNESCO (Organização das Nações Unidas para aEducação, Ciência e Cultura). No ano de 1993 éestabelecido um convênio de cogestão do PNJentre o IBAMA (Instituto Brasileiro de MeioAmbiente e Recursos Naturais Renováveis) e aFundação Vitória Amazônica (FVA), responsávelpela elaboração do Plano de Manejo do Parque,

cuja adoção de uma postura de envolver osmoradores no planejamento, nas ações de manejo,criando espaços de discussão e socialização deexperiências, possibilitou a consolidação da UC,definindo, assim, normas para o acesso e utilizaçãodos recursos naturais (previstos no SNUC)vinculadas às necessidades de sobrevivência dapopulação tradicional residente no Parque.

Metropolização e segregações urbanas emCampo Limpo Paulista - SP

Juliana Andrade Moura

Orientador: Júlio César Suzuki

Este trabalho tem como objetivo analisar de quemaneira o município de Campo Limpo Paulista temsido historicamente atingido pelos processos demodernização capitalista a partir do avanço dametrópole de São Paulo em direção ao seuentorno. Trata-se de compreender asespecificidades da produção do espaço urbano emrelação ao processo de metropolização. CampoLimpo por volta do ano de 1950 era consideradoum pequeno povoado-estação do cinturão caipira,após deu origem ao modesto subúrbio industriale residencial, tornando-se, mais recentemente,mais um dos espaços de reprodução periféricametropolitana. A industrialização e a urbanizaçãopossibilitadas e direcionadas por seus tentáculos- a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí em 1881,depois as rodovias Anhanguera (1948) e MáximoZamboto (1971) têm aglutinado mais fortementenovos lugares, contribuindo para a desagregaçãoda unidade espacial interna do município, ondese tem verificado dinâmicas de autosegregaçãodos ricos vindos de São Paulo a ocupar as chácarasurbanas da Estância Figueira Branca e temsegregado os pobres entre seus iguais, noConjunto Habitacional São José, além de ser ummunicípio receptor da dispersão industrial.

A nova geografia militar: logística,estratégia e inteligência

Filipe Giuseppe Dal Bo Ribeiro

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Teses de Doutorado e Dissertações de Mestradodefendidas (Maio de 2009 a Novembro de 2010), pp. 218 - 246 243

Orientador: André Roberto Martin

O presente trabalho tem como propósitoestabelecer parâmetros de um campo poucoestudado pela ciência geográfica, a geografiamilitar. O conceito da geografia militar estárelacionado com aspecto histórico de cada lugare não está relacionado a uma escola depensamento específica, não só a escola depensamento geográfico, mas às escolas depensamento marciais, portanto o propósito centralé aprimorar e expandir o arcabouço teórico emetodológico da própria geografia. Não se trataaqui de realizar uma história da geografia militar,mas o presente trabalho tem como finalidadedemonstrar o papel da geografia como aspectomais concreto do fenômeno da guerra, da logística,da estratégia e da inteligência. Os temasestratégicos, embora pouco freqüentes napesquisa geográfica brasileira ultimamente, sãocada vez mais comuns em outras áreas doconhecimento, notadamente entre economistas,administradores, e claro, cientistas políticos. Aimportância de estudarmos a geografia sobreestes aspectos nos permite detectar se a evoluçãodesta ciência influenciou nas concepções da táticae da estratégia; a correspondente relação entregeoestratégia e geopolítica; analisar conflitosespecíficos como a guerrilha, o terrorismo, aguerra nuclear, a guerra tática e confrontos deoutras ordens. A geografia militar está relacionadacom a condução das operações militares. Por outrolado, a geopolítica está mais relacionada àsestratégias, por ser mais ideológica do que prática,portanto a geografia militar é a prática queviabiliza a estratégia. Por fim, será feita umaanálise na nova geografia militar empregada pelonovo imperialismo mundial.

O álibi cultural: novas formas para avalorização e reprodução do espaço na

metrópole contemporânea

Júlio Cesar ferreira Santos

Orientador: Ana Fani Alessandri carlos

A (re)produção das metrópoles para a venda nomercado mundial ocorre através da produção denovas formas espaciais associadas à urbanizaçãocontemporânea. Até então reconhecidamenteespaço produzido pela indústria, agora ametrópole tende a conformar-se pela dispersãorelativa da atividade produtiva. No bojo dessemovimento, novos processos e estratégias sãoengendrados, voltados à reestruturação urbana,reproduzindo a metrópole de acordo com novasestratégias que apontam para a produção doCentro, ora em deterioração, como novacentralidade. Estas estratégias apontam para arecuperação de áreas urbanas degradadas, demodo a trazer de volta aos centros ou outras áreasem vias de revitalização as classes sociais commaior poder aquisitivo. Para isso, neste momento,a cultura é instrumentalizada como produto elógica potencializada por uma ideologiadesenvolvimentista. Assim, o objeto de nossapesquisa consiste no estudo das políticas espaciaisvoltadas à revitalização de centros urbanos,políticas que atuam sob o discurso culturalistaarticuladas pelo Estado e pelo capital para asuperação das barreiras existentes à valorizaçãodo valor e à circulação do capital. Neste sentido,dá-se a relação entre o Político e o econômico noprocesso de produção de novos espaços,util izando-se de ideologias que ganhammaterialidade nas novas formas e relaçõesengendradas na área central da metrópole. Dessaforma, nosso objetivo principal é discutir os termosnos quais a cultura aparece no interior do processode (re)produção do espaço urbano a partir doCentro. Temos então como hipótese o seguinte:esses empreendimentos apoiados em um álibicultural que criam marcos nas novas paisagensde poder e de dinheiro que se constituem no Riode Janeiro e em São Paulo são elementos-chavepara decifrar a mudança estrutural pela qualpassamos atualmente e, particularmente, um novomomento da urbanização brasileira.Imprescindível nesta empreitada é resgatar osfundamentos históricos do processo deurbanização do Rio de Janeiro, das origens àatualidade, tendo a Lapa como recorte privilegiadonesta análise. São Paulo insere-se nestainvestigação ao final do trabalho através de um

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244 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 28, 2010

estudo sobre a revitalização da área conhecidacomo Cracolândia, na periferia do Centro. Coloca-se, então, a necessidade de um paralelo com SãoPaulo a fim de apontar tendência no movimentoda reprodução hoje.

Os donos do campo e os donos da bola:alguns aspectos da globalização do futebol

Paulo Miranda Favero

Orientador: André Roberto Martin

Nesta pesquisa, proponho analisar o futebol apartir de três pontos de vista diferentes, mas quese complementam: a globalização, a geopolíticae a mercantilização. O futebol transformou-se emuma indústria e, independentemente da habilidadedos jogadores dentro de campo, o podereconômico dita os rumos como o futebol vai serealizar como prática social e não há como fazeruma análise geográfica do futebol sem levar issoem conta. Em tempos de globalização, asmudanças ocorrem também no esporte, em todosos níveis, em todos os lugares, em escalas eproporções diferentes. A intenção deste trabalhoé mostrar como ocorre a concentração do dinheiroem poucos clubes e revelar a transformação dojogador em mercadoria.

O processo de conformação da periferiaurbana no município de Guarulhos: os

loteamentos periféricos como (re)produçãode novas espacialidades e lugar de

reprodução da força de trabalho

Nilton César de Oliveira Gama

Orientador: Júlio César Suzuki

Esta pesquisa buscou analisar o processo deconformação da periferia urbana na zona leste domunicípio de Guarulhos, considerando osloteamentos periféricos como acesso à moradiaoperária. Deste modo, a pesquisa toma comoobjeto central o padrão periférico de crescimentona conformação da periferia do município deGuarulhos. A produção doméstica como técnica

de construção viabilizou a materialização da casaprópria contribuindo para reprodução da força detrabalho. Para que os loteamentos pudessemexistir o parcelamento das terras consideradasrurais foram destinadas ao parcelamento ecolocadas a venda como lotes urbanos,possibilitando a extração da renda da terra. Oespraiamento urbano da capital paulista emsentido à Guarulhos consolidaria anos mais tardea Região Metropolitana. As implicações doprocesso de regionalização ou simplesmente, aestruturação da Grande São Paulo passou adeterminar a reprodução do espaço periférico e asujeição do seu planejamento aos interesses dacapital. Assim, uma nova espacialidade urbanasurge em Guarulhos determinada principalmentepelos loteamentos periféricos instalados ao longoda região leste do município e em torno de umdos mais significativos equipamentos urbanos daregião metropolitana paulista: o AeroportoInternacional de Cumbica/São Paulo.

As geotecnologias como instrumento degestão territorial integrada e participativa

Vanessa Garcia Fravin

Orientador: Reinaldo Paul Pérez Machado

O presente trabalho apresenta formascontemporâneas da administração pública lidarcom seu usuário final: os cidadãos. Discute o queexiste de mais moderno em tecnologias deinformação e comunicação para melhorar ascondições de governabilidade, controle doterritório, aplicações de políticas de segurança,educação, saúde, habitação, etc. Esse tema éatualmente muito discutido no mundo e nestapesquisa pretende-se incorporar à discussão osbenefícios das Geotecnologias potencializando ogoverno. É perceptível que há um consenso sobrenovos paradigmas na gestão pública neste iníciode milênio. Encontros mundiais, fóruns,elaboração de Agendas de Meio Ambiente,Habitação, etc. falam sobre os mesmos conceitos:gestão, planejamento estratégico,desenvolvimento sustentável, cidade sustentável,desenvolvimento local, participação e

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Teses de Doutorado e Dissertações de Mestradodefendidas (Maio de 2009 a Novembro de 2010), pp. 218 - 246 245

representação popular. Com o incremento doGeoprocessamento na gestão pública, osbenefícios do gerenciamento de todas as áreasdo município possibilitam um amplo e realdiagnóstico da cidade, serve tanto no apoio àspolíticas públicas como na democratização dainformação. A prestação de serviços de governocom apoio das tecnologias de informação ecomunicação e a presença do governo-eletrônicoé um processo que só avança e melhora, comouma empresa vai aperfeiçoando seu site,tornando-o mais dinâmico, mais completo, ogoverno nas suas diversas esferas vai ampliandocada vez mais suas interfaces com os cidadãos.Pode-se sentir isso à medida que maisprocedimentos se tornam disponíveis no meioeletrônico, possibilitando que uma pessoa ouempresa tenha informações on line . A pesquisamostrou que as inúmeras inovações tecnológicasestão de fato contribuindo para a melhora dasgestões municipais, porém, poderiam melhorarainda mais se existisse um direcionamento doGoverno Federal para tal. A visualização doterritório com o geoprocessamento não é a soluçãomágica para os problemas das cidades, nempretende substituir a sensibilidade dos técnicos,mas o diálogo travado através destas inovações éúnico e aponta para um futuro com maiorparticipação popular.

As propostas metodológicas para acartografia ambiental: uma revisão

Maria Cristina Salvadeo de Souza

Orientador: Marcello Martinelli

A temática ambiental tem despertado enormeinteresse em diversos seguimentos da sociedade,especialmente de pesquisadores da área, quevêem contribuindo com a produção de inúmeraspublicações. No entanto, a bibliografia produzidapara a Cartografia Ambiental tem apresentadolacunas, principalmente no trato do embasamentodas pesquisas com enfoque teórico-metodológico.Este trabalho revisa as propostas metodológicaselaboradas por André Journaux, Jean Tricart,Helmut Troppmair e Carlos Augusto de Figueiredo

Monteiro para o mapeamento ambiental. Tratainicialmente da conexão existente entre aGeografia, os estudos ambientais e a ciênciacartográfica, que é a própria interface entre osdois primeiros, expondo, dentro de um contextohistórico, várias visões da relação sociedade-natureza. Adotamos uma postura fundamentadapelo construto do Geossistema e da SemiologiaGráfica para que as representações possam refletiro espaço geográfico como um todo indissociávelde objetos e ações. Alguns critérios inerentes àcartografia também foram abordados, para queservissem de baliza ao estudo: o problema dasordens de grandeza; a questão do dinamismo domundo real versus a condição estática dos mapas;a almejada síntese cartográfica, a qualconsideramos ser a forma ideal para os mapasambientais; e a busca por uma legendasignificativa, que auxilie o usuário em desvendaro mapa.

Educação ambiental por projetos - Águahoje e sempre: consumo sustentável.

Secretaria de Estado da Educação 2004 a2007

Marlene Gardel

Orientador: Sonia Maria Vanzella Castelar

Este trabalho analisa a implementação do Projetode Educação Ambiental Água hoje e sempre:consumo sustentável, de 2004 a 2007, pelaSecretaria de Estado da Educação de São Paulo,por meio de ações de formação continuada e dapublicação Água hoje e sempre: consumosustentável. O objetivo central é investigar se osprofessores do ensino fundamental e médiodesenvolveram projetos interdisciplinares, tendocomo ponto de partida uma problemática local,integrando-a em um contexto da bacia hidrográficaonde se localiza o município da escola, refletindosobre as questões socioambientais regionais epropondo, junto à comunidade escolar, soluçõespara transformar o ambiente escolar e o seuentorno. A análise do trabalho apoiou-se nasteorias críticas de currículo, nas teorias sobre odesenvolvimento de projetos interdisciplinares e

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de educação ambiental crítica. Foram aplicados eaferidos questionários de 180 ProfessoresCoordenadores de Oficinas Pedagógicas (PCOP)das 89 Diretorias de Ensino e de 637 professores,pelo software da SE. Em um segundo momentooptou-se por uma pesquisa qualitativa comentrevista de grupo com 11 professores. Quantoaos resultados obtidos, o trabalho com projetospromoveu a inclusão de problemática local,envolvimento da comunidade, proposta e/outransformação local, tratamento inter/multidisciplinar e mudança de atitude dos alunos,

demonstrando que os objetivos do projeto foramalcançados. Ampliou-se a concepção de meioambiente, a sensibilização e conscientização dosalunos, tornando-os mais responsáveis eprotagonistas. Evidenciou-se, porém, que háresistência de professores e diretores para otrabalho com projetos em razão da falta deidentidade profissional com a escola e o alunado,corroborada pelo currículo tradicional. Hánecessidade de reformulação no currículo, naconcepção de formação inicial e continuada dosprofessores para assegurar a inserção da educaçãoambiental na Educação Básica.