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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11  

Oficina de Estratégia   

Oficina de Estratégia

Nº 4  

   

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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11  

Oficina de Estratégia   

 

 

Setor de vinhos passa por transformações e inspira novos negócios

O mercado mudou com a chegada dos chineses, dispostos a comprar

grandes vinícolas.

Programa Mundo SA1

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1404116-7823-SETOR+DE+VINHOS+PASSA+POR+TRANSFORMACOES+E+INSPIRA+NOVOS+NEGOCIOS,00.html

                                                            1 Este Estudo de Caso foi veiculado no

Programa da GloboNews Mundo SA – http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1639317-17665-315,00.htmlacesso em 13/01/2011.

Dois críticos de vinho, uma profissão das mais respeitadas na França, criaram um modelo de empresa em que fazem da credibilidade que eles conquistaram o ponto de partida para outros negócios. Entre eles, publicações especializadas e um salão de vinhos que reúne os maiores produtores do país, em um formato que começa a ser exportado e vai chegar ao brasil. Veja as transformações que o setor está passando na França, com a chegada dos chineses, dispostos a comprar grandes vinícolas, e como uma bebida milenar consegue ser inspiração para novos negócios que não param de ser inventados.

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Vinhos e petróleo, muita coisa em

comum

Por Javier Blas, Financial Times, de Londres -

11/01/2011

Investimentos Alternativos: Estudo de

economistas do FMI mostra que aplicação em

bebida traz pouca diversificação.

Jornal Valor Econômico2

O sabor é muito melhor, mas vinhos finos como os Bordeaux e os Rioja não oferecem mais diversificação ao investidor do que o petróleo bruto do tipo Brent. A constatação é de uma pesquisa feita por dois economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Os investimentos em vinhos aumentaram muito nos últimos anos, em parte pela crença de que eles são uma diversificação ao riscos de se ter apenas ações, bônus e commodities como o petróleo e o cobre.

Mas os economistas Serhan Cevik e Tahsin Saadi Sedik estão agora lançando dúvidas sobre isso. Eles descobriram que o comportamento dos preços do petróleo e dos vinhos finos têm uma similaridade incrível. "Nossos resultados sugerem que, embora os

                                                            2 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal

Valor Econômico – – http://www.valoronline.com.br/impresso/investimentos/119/366393/vinhos-e-petroleo-muita-coisa-em-comum acesso em 13/01/2011.

vinhos finos possam ser considerados investimento, seu comportamento não é significativamente diferente do de outras commodities, e desse modo eles podem não servir para melhorar a diversificação de uma carteira", escreveram eles.

Cevik e Sedik afirmam que fatores que influem na oferta - como clima, qualidade das uvas, envelhecimento e classificações de qualidade - conduzem os preços. "Os preços dos vinhos finos são sensíveis aos choques macroeconômicos, assim como o petróleo e de outras commodities", disseram, acrescentando que a demanda é o que realmente importa. "O comércio de vinhos aumentou rapidamente na última década, assim como os níveis de renda, sobretudo nas economias emergentes, estimulando os vinhos 'investment grade' como ativo alternativo."

Os dois economistas estudaram o comportamento do petróleo e os preços dos vinhos finos entre janeiro de 2002 e junho de 2010. A correlação entre eles se fortaleceu desde a crise financeira, aponta o estudo dos economistas, intitulado "A Barrel of Oil or a Bottle of Wine: How Do Global Growth Dynamics Affect Commodity Prices?"

Eles constataram que "o comportamento estatístico do petróleo bruto e os preços dos vinhos finos demonstraram uma correlação de mais de 90% durante o período de amostra". Após caírem em conjunto durante a recessão, a recuperação do pós-crise proporcionou uma alta aos preços do petróleo e dos vinhos finos, que foi respectivamente de 86% e 62% entre janeiro de 2009 e junho de 2010.

Segundo as estimativas dos economistas, uma queda de pontos

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porcentuais no crescimento da produção industrial nos mercados emergentes, que estão conduzindo os preços das commodities, induziria a uma queda de 22% nos preços do petróleo e uma queda de 15% nos preços reais dos vinhos.

Cevik disse ter ficado surpreso com os resultados, que ele chamou de experimentais. Ele disse que a pesquisa não se concentrou inicialmente na correlação dos preços do petróleo e dos vinhos, e sim em quais eram os fatores mais importantes que estavam conduzindo os preços das commodities para cima.

Novos ricos da China anseiam por vinhos

europeus caros

Plantão | Publicada em 03/01/2011 às

13h01m - Reuters/Brasil Online

Por Farah Master

Jornal O Globo3

XANGAI (Reuters Life!) - Depois da explosão na demanda por bolsas de estilistas, ternos italianos e carros velozes, os vinhos caros franceses e italianos estão prestes a se tornarem o

                                                            3 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal

O Globo – – http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/01/03/novos‐ricos‐da‐china‐anseiam‐por‐vinhos‐europeus‐caros‐923409309.asp acesso em 13/01/2011.

próximo acessório fundamental para todo consumidor chinês rico.

Vinherias estão se espalhando rapidamente por Xangai, a reluzente capital financeira do país, onde jovens profissionais chineses se reúnem depois do trabalho e costumam gastar cerca de 1.000 iuans (152 dólares) em uma garrafa de vinho.

"O povo chinês tem muitas ambições e é muito materialista, portanto, tão logo tenha comprado a melhor marca local eles começam a procurar algo melhor e mais caro", disse Ch'ng Poh Tiong, colunista especializado em vinhos e editor da revista The Wine Review, que tem como base o Sudeste Asiático, Hong Kong e China continental.

Embora a China tenha uma crescente produção interna de vinho, peritos do setor dizem que está mais na moda beber o produto importado. Eles prevêem que o consumo vá dobrar nos próximos cinco anos.

Os favoritos incluem rótulos de vinícolas francesas como o Chateau Lafite Rothschild, cujo preço inicial é de 1.000 dólares uma garrafa, e o Chateau Latour.

"Há pelo menos duas camadas de apreciação de vinho na China. Se uma pessoas está comprando e servindo o vinho para agradecer muito a alguém que lhe fez um favor, então há uma classificação social que significa que ela vai oferecer o vinho caro", disse Ch'ng.

"Mas você tem também a mesma pessoa bebendo com amigos e família, e aí não há mais status ligado à garrafa".

Aficcionados por vinho dizem que o consumo na China continental cresceu na base de dois dígitos nos últimos dez

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anos, resultando em forte incentivo para vinícolas e empresas que visam o lucrativo mercado chinês, o qual deve superar fortemente a demanda no Ocidente nos próximos anos.

O Chateau Lafite Rothschild incorporou o caracter chinês do número 8 nas garrafas de sua safra 2008, que deverá ser colocada no mercado em 2011.

Para ampliar as vendas, a vinícola não só usou o auspicioso número "oito", mas também a cor vermelha, considerada um símbolo da sorte na tradição chinesa.

O Chateau Mouton Rothschild usou um design do artista chinês Xu Lei para sua garrafa vintage 2008.

Em cidades cosmopolitas como Xangai e Pequim, há também robusto apetite por vinho como investimento de classe.

Aumenta fatia do vinho nacional no

mercado MARIANA BARBOSA da Reportagem Local - 26/04/2010 - 11h21

Jornal Folha de São Paulo4

Os vinhos finos nacionais estão em alta e ganharam mercado sobre os

                                                            4 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal

Folha de São Paulo – – http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u725978.shtml acesso em 13/01/2011.

importados. O consumo de vinhos tintos finos (feitos de uvas vinífera, de melhor qualidade) produzidos em solo nacional cresceu 14,6% em 2009, ante uma alta de apenas 2% do produto do exterior.

As vinícolas gaúchas, que representam 90% do mercado nacional, produziram 13 milhões de litros de vinhos finos tintos, ante uma comercialização de 59 milhões de litros de vinhos finos de procedência internacional. Incluindo vinho de mesa (de menor qualidade), além das variedades branca e rosada, a produção gaúcha de vinhos sobe para 240 milhões -alta de 12% ante 2008.

"O setor vive um momento de recuperação", diz Júlio Fante, presidente do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). "Nos últimos dez anos, foi feito um investimento forte na viticultura, no plantio da uva, na escolha dos terrenos e em termos de variedade das mudas."

Dados inéditos compilados pelo Ibravin mostram que a indústria nacional de vinhos e espumantes movimentou R$ 2,5 bilhões no ano passado --considerando como base os valores pagos pelo consumidor final.

A importação de vinhos somou R$ 345 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento.

Considerando os valores pagos pelo consumidor, o faturamento da categoria de importados sobe para quase R$ 900 milhões, de acordo com estimativas do Ibravin.

Além de ganhar mercado em relação aos importados, os vinhos finos conquistam espaço dentro da produção nacional. O Ibravin projeta que a participação dos vinhos finos em relação ao total dos vinhos produzidos

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no país deve passar dos atuais 18% para 80% até 2025. Mas isso não significa o fim do plantio das chamadas uvas híbridas, ou americanas, usadas para produzir vinho de mesa. Estas continuarão sendo plantadas, mas com foco na produção de suco.

Produto saudável

Com apelo de produto saudável, o suco de uva tem crescido a taxas de 40% ao ano. Tradicionalmente, 30% da safra de uva americana é destinada à produção de sucos. Mas, no ano passado, essa fatia subiu para 45% e a expectativa é que, neste ano, 60% da safra seja transformada em suco. Além da crescente demanda pelo produto, o suco de uva garante retornos financeiros melhores para as vinícolas.

Enquanto o vinho tinto de qualidade garante prestígio para as vinícolas, o suco de uva e os espumantes (que crescem 20% o ano) impulsionam o crescimento e os novos investimentos no setor.

A cooperativa Garibaldi reúne 340 produtores localizados em dez municípios da Serra Gaúcha e pretende investir R$ 7 milhões em aumento de capacidade nos dois segmentos. Segundo o presidente da Garibaldi, Oscar Ló, a produção de espumantes, que foi de 1,2 milhão de garrafas no ano passado, deve crescer 30%. O suco deve avançar na mesma proporção, para 2,1 milhões de litros. "Os vinhos de uvas viníferas também estão crescendo, mas é um mercado mais difícil, com forte concorrência com as estrangeiras", diz Ló.

Com um faturamento de R$ 44 milhões no ano passado, a Garibaldi pretende alcançar o time das grandes vinícolas como Miolo, Salton ou Aurora, cujo faturamento, com vinhos,

é da ordem de R$ 100 milhões. "Nós somos grandes no Rio Grande do Sul, mas nossa ideia, para este ano, é conquistar o mercado de São Paulo." A cooperativa já fechou com algumas redes de supermercados, como Sonda e Hirota, e está investindo em degustação no ponto de venda.

Estratégia similar tem a vinícola Perini, que faturou R$ 40 milhões no ano passado e planeja investimentos de R$ 4,5 milhões para este ano. A intenção de Benildo Perini, presidente da vinícola, é triplicar o faturamento em cinco anos.

Há hoje 1.200 vinícolas em atividade no Brasil, o dobro de cinco anos atrás. A maioria é formada por vinícolas de pequeno porte. Juntas, elas faturaram R$ 1,2 bilhão no ano passado, alta de 60% em relação a 2007. "O volume de uvas se manteve praticamente igual nos últimos dois anos. O crescimento, portanto, representa aumento do valor agregado."

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Setor de vinhos precisa de

especialistas em marketing

Talita Abrantes, de EXAME.com - Veja São Paulo/Arquivo

Revista Exame5

São Paulo – De olho no crescimento do consumo de vinho no Brasil, setor de vinhos quer consolidar reputação do produto brasileiro no país. E, para isso, precisa de profissionais especializados em posicionamento de marca.

Geridas por grupos familiares, as principais vinícolas brasileiras viveram uma revolução nos últimos dez anos. As mudanças foram materializadas em investimentos em novas tecnologias de

                                                            5 Este Estudo de Caso foi publicado na Revista

Exame – – http://exame.abril.com.br/carreira/galerias/profissoes‐em‐alta/setor‐de‐vinhos‐precisa‐de‐especialistas‐em‐marketing acesso em 13/01/2011.

produção, reconversão de vinhedos e até na contratação de profissionais mais especializados.

“Ainda há carência de profissionais que tenham entendimento do mercado para elaborar estratégias de posicionamento, comercialização e distribuição dos vinhos nacionais”, afirma Flávio Eduardo Martins, coordenador do curso de pós-graduação em marketing do vinho da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

O espaço no mercado de trabalho para quem consegue conciliar técnicas de marketing com um profundo conhecimento do mercado de vinhos nacional é extenso. As opções vão desde um trabalho mais próximo das vinícolas e centros de distribuição até os chamados setores no entorno do vinho, como supermercados, hotéis e restaurantes.

Esse ano, a ESPM que já mantém uma pós em marketing do vinho no Rio Grande do Sul irá lançar um curso nos mesmos moldes em São Paulo. Já a unidade paulista da Fundação Getúlio Vargas deve abrir um curso de extensão em Negócios do Vinho em março.

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Setor de vinhos finos investe R$ 3,8

milhões na promoção de exportações

Segunda-Feira, 03 de março de 2008

News Comex6

Nos próximos dois anos serão investidos R$ 3,8 milhões em ações de marketing internacional e de aproximação com o comprador. As exportações brasileiras de vinhos cresceram mais de cinco vezes nos últimos cinco anos, passando de US$ 772 mil em 2003 para US$ 4 milhões em 2007, sendo que as empresas participantes do Wines From Brazil foram responsáveis por 57% deste valor. O Brasil começou a exportar vinhos finos no início desta década. Desde então, as exportações de vinhos finos das empresas beneficiadas pelo projeto de promoção passaram de US$

                                                            6 Este Estudo de Caso foi publicado na News

Comex – – http://www.newscomex.com.br/mostra_noticia.php?codigo=8732 acesso em 13/01/2011.

165,4 mil, em 2002, para um valor estimado de cerca de US$ 2,2 milhões em 2007, ou seja, um crescimento superior a 1.200 % em cinco anos.

O projeto iniciou suas atividades com a adesão de apenas seis vinícolas brasileiras. Hoje, já são 28, sendo que 75% delas já efetivaram exportações e outras estão em processo de preparação. O mercado internacional tem mostrado uma tendência de demanda por vinhos vindos de áreas de produção mais novas, como é o caso do Brasil. A meta de exportações do Wines From Brazil até o final de 2009 é chegar a US$ 4 milhões, com crescimento ainda maior para os próximos anos. “Queremos cada vez mais mostrar não só para o nosso mercado, mas também para o mundo, que temos um produto de qualidade e queremos poder encher a boca para dizer que temos um dos melhores vinhos do mundo”, disse o Presidente da Apex-Brasil, Alessandro Teixeira, durante o evento de assinatura do convênio.

De acordo com o Presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Denis Debiasi, os resultados alcançados até agora atestam o sucesso do projeto que tem por objetivo promover internacionalmente o vinho brasileiro. Ele salienta que as ações do WFB incluindo a participação em feiras e eventos internacionais trouxeram inúmeros benefícios às vinícolas participantes do projeto. Entre eles destacam-se: o volume exportado e o número de empresas exportadoras que era de apenas duas e chegou a 14 no ano passado.

Outros resultados positivos apresentados pelo Wines From Brazil referem-se ao Projeto Comprador e ao Projeto Imagem. O primeiro, contou com 23 participantes e uma expectativa

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de negócios de U$ 1 milhão em 12 meses. Já o Projeto Imagem reuniu 37 jornalistas, resultando em 57 publicações na mídia especializada, sendo 50 só em 2007.

Importação de vinhos no Brasil cresce 28% no

semestre  

Retração do mercado consumidor europeu favorece o Brasil 

- Consumo | 31/07/2010 11:25

Crise na Europa impulsiona exportações para o Brasil

Revista Exame7

São Paulo - O ritmo de entrada de vinhos importados no mercado nacional acelerou. No primeiro                                                             7 Este Estudo de Caso foi publicado na Revista

Exame – – http://exame.abril.com.br/economia/noticias/importacao‐vinhos‐brasil‐cresce‐28‐semestre‐583508 acesso em 13/01/2011.

semestre, a estimativa é que o crescimento médio tenha ficado em 28% em relação ao mesmo período do ano passado.

As razões que impulsionam esse cenário são, de um lado, a retração do mercado consumidor europeu, que faz do Brasil um destino para os produtores desovarem estoques, de outro, um movimento de antecipação de compras pelos importadores para evitar gastos com a entrada em vigor, em novembro, do novo selo fiscal de controle.

Entre janeiro e maio, segundo os dados consolidados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), com base em informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a importação de vinho italiano aumentou 58,57%. A alta nas importações de vinho português foi de 24,8%, quase similar à compra de vinhos espanhóis, que cresceu 22,32%. Já a de vinhos franceses aumentou 11,76%.

Como a demanda não experimenta uma explosão de consumo, a tendência é que o preço do vinho caia, já que a oferta vai se expandir e o produto é perecível. "O mercado europeu está realmente muito ruim", diz o dono da Mistral, Ciro Lilla. Ele alerta: "Há muito vinho ruim nessa oferta, produtores de pouca tradição e adegas pequenas sem produto de qualidade."

A implantação do selo fiscal para garantir maior fiscalização sobre o contrabando e diminuir a informalidade era uma reivindicação antiga do setor vitivinícola do País. Os produtores acreditam que o selo servirá para estimular a competitividade do vinho nacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O vinho "Verde" Cresce a procura pelos vinhos orgânicos, feitos sem adição de 

substâncias químicas ‐‐ e que, dizem os admiradores, não dão dor de 

cabeça no dia seguinte 

Marcelo Onaga, da EXAME - 15/12/2006 17:48

Em alguns países da Europa, há lojas

especializadas que vendem apenas vinhos

orgânicos

Revista Exame8

O que uma garrafa de Romanée-Conti pode ter em comum com aqueles saquinhos estufados de rúcula que ficam à venda nos balcões refrigerados dos supermercados? Nada, responderá, com razão, quem pensar apenas em preço e sabor. Mas os consumidores

                                                            8 Este Estudo de Caso foi publicado na

Revista Exame – – http://exame.abril.com.br/seu‐dinheiro/noticias/o‐vinho‐verde‐m0119342 acesso em 13/01/2011.

que só comem frutas e verduras que nunca tiveram contato com substâncias químicas podem ficar felizes ao saber que um dos melhores vinhos do mundo é tão orgânico quanto as folhas de alface, chicória e acelga que eles adoram devorar. O Romanée-Conti é o mais célebre representante de um tipo de bebida que vem causando frisson entre os ecochatos: o vinho orgânico. Trata-se de uma classificação pouco utilizada até poucos anos atrás, mas que começou a ganhar força com a onda natureba que vem invadindo os mercados do mundo inteiro. A procura é tão grande que já surgiram na Europa lojas especializadas na comercialização dos vinhos ecochatos.

Os vinhos naturais entraram na moda nos últimos anos, principalmente na França. Atualmente, são consumidos cerca de 160 milhões de litros da bebida, o que representa 5% do total de 3,2 bilhões de litros vendidos por ano. Há cinco anos, a participação dos orgânicos não chegava a 2% do consumo total. "A divulgação dos produtos orgânicos como um todo e a conscientização das pessoas, que se preocupam mais com a saúde e com a preservação da natureza, foram decisivas para elevar o consumo de vinhos orgânicos", diz Jean Pierre Amoreau, dono do Château Le Puy, que desde 1610 produz vinhos naturais. É da vinícola de Amoreau que sai o Barthélemy, um dos melhores vinhos naturais da França na opinião de especialistas. "É um vinho sem nenhuma adição de sulfito", diz o consultor francês Jacques Trefois, um dos maiores especialistas no assunto. O sulfito, aliás, é uma espécie de satanás dos vinhos para um ecoenófilo. Segundo os críticos, essa substância, utilizada para ajudar a conservar o vinho, é a culpada pelas dores de cabeça que aparecem na manhã seguinte a uma noite de degustação de

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taças e mais taças de vinhos comuns. "Vinhos naturais não dão dor de cabeça. A ressaca é culpa do sulfito", diz o cantor Ed Motta, assumidamente radical na defesa dos vinhos naturais. "Hoje em dia só bebo vinhos orgânicos da Borgonha."

Mais sabor

A predileção de Ed Motta pelos naturais nada tem a ver com o cuidado com o corpo. O cantor é um dos entusiastas que tentam reproduzir no Brasil o sucesso que os vinhos orgânicos fazem na França. Ele é responsável, junto com o executivo Marcos Mikulis, pela nova carta de vinhos do Hotel Emiliano, de São Paulo. Parte dela terá vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais. "Os clientes começam a procurar produtos desse tipo e queremos mostrar o que há de melhor entre os vinhos", diz Mikulis. Também o restaurante paulistano D.O.M., do premiado chef Alex Atala, começa a trabalhar com vinhos naturais. "É uma tendência. Os vinhos naturais são melhores que seus pares não-orgânicos", diz Celso La Pastina, dono da World Wine, maior importadora de vinhos orgânicos do país. Por ter uma produtividade reduzida e um processo de fabricação quase artesanal, os vinhos orgânicos são mais caros do que seus similares não-orgânicos -- chegam a custar o dobro de um vinho de qualidade equivalente. Muitas vezes, toda uma colheita é perdida porque pragas que não foram combatidas com agrotóxicos degustaram as uvas antes de elas virarem vinho.

Os fãs do produto dizem que vale a pena. "São vinhos feitos por gente preocupada não só com dinheiro mas também em espalhar um estilo de vida mais saudável", diz Ed Motta. A classificação de orgânico, no entanto,

não garante qualidade ao vinho. "Há orgânicos maravilhosos e outros que são intragáveis", diz Veronique Raskin, fundadora da Organic Wine, uma das primeiras lojas de vinho orgânico da Califórnia. "O problema é que quem prova um orgânico de má qualidade acha que todos os vinhos do tipo são ruins."

A classificação orgânica entre os vinhos é um pouco mais complexa que a usada entre verduras, frutas e legumes. Há três divisões: orgânicos simples, biodinâmicos e naturais. Os primeiros são vinhos que usam apenas uvas cultivadas sem nenhum agrotóxico, mas que podem ter substâncias químicas adicionadas durante o processo de produção da bebida (como o odiado sulfito). Os biodinâmicos são uma espécie de "orgânicos esotéricos". Além de não utilizar química no plantio das uvas, os produtores respeitam o calendário lunar e fazem preparos com ervas, água da chuva e até chá de pêlos de rabo de cavalo e raspas de chifres de boi para borrifar nas parreiras. Mas, durante o processo de fabricação, a adição de compostos químicos também é permitida. Já os naturais são os xiitas, os mais radicais -- e os mais desejados entre os ecoenófilos. O cultivo das uvas é feito com base nos preceitos orgânicos ou biodinâmicos. A grande diferença está no processo de fabricação. "Nada pode ser acrescentado. É um vinho totalmente natural que reflete toda a sua origem", diz o consultor Trefois.

Tem até chifre de boi

Não basta ser livre de agrotóxicos para o vinho agradar aos enonaturistas mais radicais

Orgânicos

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Feitos com uvas cultivadas de forma totalmente natural, sem inseticidas, pesticidas nem agrotóxicos. Mas permitem a adição de substâncias químicas para conservação ou correção de sabor

Biodinâmicos O cultivo das uvas também é totalmente livre de produtos químicos. Os produtores respeitam o calendário lunar e utilizam poções à base de ervas, água da chuva e até raspas de chifre de boi para borrifar nas parreiras

Naturais São os melhores. Podem usar uvas produzidas de forma orgânica ou biodinâmica, mas os produtores não acrescentam nenhuma substância (química ou não) durante e depois do processo de fermentação

Claro, a ausência completa de conservante traz reflexos negativos (por exemplo, as lesmas que acompanham as folhas de alface orgânica). A maioria dos vinhos naturais não pode ser guardada por muito tempo, tampouco suporta ser deslocada por grandes distâncias. Qualquer variação de temperatura pode provocar uma nova fermentação -- e, nesse caso, o melhor que se consegue é um vinagre para temperar a rúcula orgânica.

Setor de vinhos cresce e atrai

empreendedores

Por Jorge Lucki | De São Paulo - 09/09/2010

Jornal Valor Econômico9

Há cerca de seis anos, uma amiga que trabalhava em uma importadora de vinhos havia recebido convite de uma concorrente com significativa presença no mercado para mudar de empresa. O que a atraia na proposta não era, a rigor, eventuais vantagens financeiras nem o posto que iria ocupar, mas a possibilidade de poder dar continuidade a um trabalho que desenvolvera e lhe dava prazer. Imaginava que corria o risco perder o que conquistara se ali permanecesse em função de uma suposta tendência de concentração do setor, o que levaria ao enfraquecimento/desaparecimento das pequenas e médias importadoras.

Tentei mostrar que no médio e longo prazos o cenário seria diferente do que ela supunha. Argumentei que o mercado brasileiro estava se alargando e que havia um número cada vez maior de novos e bons produtores surgindo mundo afora, e que era inviável uma importadora montar uma estrutura que pudesse abranger tantos nomes

                                                            9 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal

Valor Econômico – – http://www.valoronline.com.br/impresso/consumo/117/306310/setor‐de‐vinhos‐cresce‐e‐atrai‐empreendedores?quicktabs_3=0 acesso em 13/01/2011.

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novos e trabalhá-los com eficiência. Acreditava que novas importadoras apareceriam, o que seria benéfico para o mercado, atingindo mais e melhor o consumidor, o que de fato ocorreu. Favorecido pelo bom comportamento da economia, o mercado nacional de vinhos cresceu de forma consistente nos últimos anos, atraindo cada vez mais interessados em abrir novas importadoras.

O que realmente deve ser levado em consideração é que o setor de vinhos importados é bastante competitivo, exigindo profissionalismo. Mais do que um ou outro bom produtor, é essencial definir foco e ter um portfólio adequado, além de estruturas administrativa e comercial bem montada.

Atendendo esses requisitos foi montada a Ravin, importadora comandada por Rogério d'Avila, que foi diretor comercial da Expand durante vários anos, e Alberto Porto Alegre, responsável por três anos pela Wine Premium, empresa do grupo Expand. A Ravin é tema da coluna de hoje e dá início a uma série de artigos abordando algumas dessas novas importadoras.

Rogério e Alberto - as iniciais dos dois compõem o nome da importadora - se conhecem há 20 anos, desde o tempo em que trabalhavam na antiga Antarctica - um era diretor comercial e o outro, diretor financeiro. Fizeram MBA juntos e resolveram montar a empresa em março de 2009, trazendo junto alguns produtores que supostamente estavam descontentes com sua então representante no Brasil.

O primeiro nome foi a Bodega Argentina Zuccardi, conhecida por aqui sobretudo pelos rótulos mais populares Santa Julia. Vieram a seguir vinícolas italianas e francesas,

conseguidas nas feiras Vinitaly e Vinexpo de 2009, e no fim daquele ano chegaram os vinhos sul-africanos e chilenos da Viña Maipo. A proposta é chegar a 200 rótulos em 5 anos, cobrindo os cinco continentes e suas regiões mais importantes, e depois de estabilizar, fazendo um trabalho de implantação das marcas, estender um pouco a linha de produtos.

Como canais de atuação a Ravin estabeleceu dividir suas atenções entre restaurantes, delis e lojas especializadas, e supermercados, representando 30% cada, e 10% para o consumidor final por meio da loja virtual (www.ravin.com.br), conjunto que deve atingir receita de R$ 20 milhões neste ano. Nada mal para quem investiu R$ 6,5 milhões no negócio. A boa gestão faz com que não haja necessidade de mais aportes, e a "máquina" está rodando com o próprio fluxo.

O segredo para atingir essas metas é estar bem representado nos principais centros de consumo espalhados pelo Brasil. Nesse aspecto, a Ravin conta com representantes e equipe própria, essa encarregada de mercados importantes, caso de São Paulo, capital e interior, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.

Na tabela, o portfólio completo da importadora, comentado, com as respectivas avaliações.

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A aposta na qualidade

As vinícolas nacionais lançam uma leva de vinhos considerada a melhor 

da história do país 

Tiago Lethbridge e Ricardo Cesa, da EXAME - 06/10/2006 17:56

Barricas de carvalho na Salton: origem francesa

Revista Exame10

O vinho brasileiro passou por duas revoluções na última década. A primeira delas, iniciada em meados dos anos 90, tirou o produto nacional do patamar anterior -- o intragável. Até então, o vinho brasileiro típico era                                                             10 Este Estudo de Caso foi publicado na

Revista Exame – – http://exame.abril.com.br/revista‐exame/edicoes/0878/negocios/noticias/a‐aposta‐na‐qualidade‐m0113175 acesso em 13/01/2011.

vendido em garrafão e não era sequer feito com uvas próprias para a vinificação. Em suma, um desastre completo. Foi quando as vinícolas familiares do sul do país decidiram apostar com mais força em vinhos elaborados com castas européias, como cabernet sauvignon e merlot, vendidos na faixa dos 20 reais. Nada que colocasse o Brasil em lugar de destaque no mundo do vinho, porém. Entendidos como o crítico americano Robert Parker jamais enfiaram o nariz numa taça que contivesse exemplar dessa categoria. A segunda revolução, que ainda está em andamento, pretende levar os vinhos do país para outro nível. Com investimento inédito na qualidade das uvas e na tecnologia de produção, os fabricantes nacionais estão colocando no mercado o que os especialistas consideram os melhores já feitos no país. Comercializados por cerca de 70 reais, vinhos como Talento, da Salton, e Terroir, da Miolo, desbravam um território desconhecido para os nacionais, no qual a competição com os importados pode ser ainda mais ingrata do que nas faixas de preço inferior. "O vinho brasileiro vai surpreender", diz Ângelo Salton Neto, presidente da Salton.

Para elaborar vinhos com capacidade para disputar esse segmento de mercado, as empresas nacionais foram forçadas, basicamente, a passar uma borracha no modo de produção anterior -- e investir pesadamente na modernização das vinícolas. A Miolo, por exemplo, aplicou 50 milhões de reais nos últimos anos. Entre as práticas mais comuns estão a troca das videiras antigas por novas variedades, importadas da Europa, a aquisição de barricas de carvalho produzidas na França e nos Estados Unidos e a adoção de novas técnicas de cultivo. A Salton, uma das maiores do país, importa 300 barricas por ano. Cada

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uma custa quase 3 000 reais. Além disso, os produtores estão desbravando outras áreas, como a Campanha Gaúcha e o Vale do São Francisco, o que requer ainda mais investimento na compra de lotes de terra. Tome-se o exemplo da importadora Expand, do empresário Otávio Piva de Albuquerque. A empresa iniciou há três anos a produção de vinhos. Em vez de apostar no tradicional Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, optou pelo Nordeste. Os primeiros exemplares não chamaram atenção, mas a versão reserva do Rio Sol, produzido com a uva syrah, foi vista como promissora. Piva, então, tomou uma atitude rara entre seus pares: mandou um exemplar para avaliação da conceituada revista inglesa Decanter, que então recomendou sua compra. "Nas próximas semanas, vamos lançar nosso mais ousado vinho, o Paralelo 8, que custará 68 reais", diz Piva. O Paralelo 8 já chega com boas credenciais. Recentemente, o vinho recebeu a classificação 83 -- de um total de 100 -- da prestigiada revista Wine Spectator.

As novidades dos brasileiros

Os vinhos premium que as vinícolas nacionais estão lançando no mercado

Salton Desejo R$ 70

Por que é caro Elaborado com as melhores uvas merlot da Salton, teve toda a produção acompanhada por enólogos estrangeiros

Miolo Terroir R$ 58

Por que é caro Com tiragem de apenas 18 000 garrafas, o Terroir é considerado o melhor tinto já produzido pela Miolo

Paralelo 8 R$ 68

Por que é caro Produzido com cinco uvas do Vale do São Francisco, o novo tinto da Expand terá produção limitada de 3 000 garrafas

Fonte: empresas

O maior desafio dos Produtores nacionais, claro, é convencer o consumidor de que investir 70 reais num vinho brasileiro não é um ato de loucura ou um sinal de patriotismo patológico. De acordo com os especialistas, as prateleiras de importadoras e supermercados estão repletas de excelentes vinhos nessa faixa de preço, especialmente argentinos e chilenos. "A grande dificuldade das vinícolas é apagar a imagem do produto nacional como sinônimo de vinho de garrafão", diz Adriano Miolo. Para auxiliar nessa tarefa, os brasileiros têm contratado especialistas consagrados do mundo do vinho, que atuam como consultores na produção -- e podem servir para convencer os consumidores céticos, já que seus nomes são vistos como uma espécie de atestado de qualidade. O mais destacado membro dessa turma é o francês Michel Rolland. Considerado um dos mais experientes enólogos do planeta, Rolland foi contratado há três anos para transformar a produção da Miolo. Uma de suas sugestões foi um drástico corte na produção. Com o objetivo de aumentar a concentração de açúcar nas uvas, Rolland mandou reduzir de 20 para apenas 2 quilos a quantidade de uvas produzidas por videira. As outras vinícolas fizeram o mesmo. Para elaborar seu vinho mais caro, o Talento, a Salton trouxe da argentina um consultor que ganhou fama na Trapiche, Angel Mendoza. Nos próximos meses, a companhia lança o primeiro vinho produzido do início ao

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fim com o auxílio de Mendoza, o Salton Desejo, elaborado com uvas merlot e vendido por 70 reais. "Os melhores vinhos brasileiros são até comparáveis aos chilenos, argentinos e australianos da mesma faixa de preço", diz Arthur Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers. "Isso já é um grande feito para o Brasil, pois há poucos anos não cabia comparação alguma."

Nessa aposta de qualidade, os produtores nacionais tentam seguir caminho semelhante ao trilhado por seus pares argentinos. Até dez anos atrás, o vinho do país vizinho era destinado basicamente ao consumo interno. Empresários como Nicolás Catena, da Catena Zapata, transformaram o vinho argentino investindo em pesquisa do solo, seleção de videiras e, inclusive, adotando uma uva "nacional", a malbec. O resultado é que hoje alguns vinhos argentinos atingem pontuações altíssimas nas degustações internacionais. O malbec Achaval Ferrer, considerado o melhor da América do Sul, levou 96 pontos da Wine Spectator, feito inimaginável até uma década atrás. No Chile, a Concha y Toro elabora o Don Melchor, que já ganhou 95 pontos da mesma revista e é vendido no Brasil por 250 reais. É justamente nessa faixa de preço que os brasileiros miram quando preparam sua próxima investida. "Vamos lançar um vinho de 100 dólares nos próximos cinco anos", diz Adriano Miolo. Resta ao consumidor torcer para que a qualidade cresça na mesma proporção do preço.

Hora de brindar? Depois de quase falir, a Vinícola Aurora volta a lucrar. Mas ainda é cedo demais para comemorar 

Suzana Naiditch - 05/03/2002 17:48

Revista Exame11

Na segunda semana de novembro do ano passado, a gaúcha Aurora, a maior fabricante brasileira de vinhos, não tinha mais o espumante da marca Marcus James para atender aos pedidos do varejo. As vendas alcançavam 192 mil garrafas, quase 130% a mais que o volume comercializado em 2000. Alguns meses antes o espumante já havia sido aprovado pela crítica -- sua versão Brut 2000 recebeu medalha de ouro no concurso Vinalies Internationales 2001, em Paris, França. "Ganhar medalha de ouro na terra do champanhe é como ganhar um Oscar", diz o advogado Hermes Zaneti, 58 anos, superintendente da empresa. "A consagração do nosso produto simboliza a recuperação da Aurora."

Por recuperação entenda-se ter fechado o ano passado com um lucro de 2 milhões de reais, modesto para o faturamento de 100 milhões, mas uma mudança -- perdoem o trocadilho -- da

                                                            11 Este Estudo de Caso foi publicado na

Revista Exame – – http://exame.abril.com.br/revista‐exame/edicoes/0761/empresas/noticias/hora‐de‐brindar‐m0052387 acesso em 13/01/2011.

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água para o vinho, já que seis anos atrás a empresa enfrentava um prejuízo de 34 milhões de reais (veja quadro na pág. XX). Controlada por uma cooperativa de produtores de uva de Bento Gonçalves, a Aurora havia chegado a um ponto crítico: para cada real de faturamento contabilizava 2,84 reais de dívida vencida. No início de 1996, um comitê de 12 bancos credores liderado pelo Banco do Brasil afastou a diretoria da empresa e indicou dois executivos para negociar o passivo de 84 milhões de reais, somente com as instituições financeiras. No total, considerando atrasos com fornecedores, impostos, associados e outros, o débito chegava a 127 milhões.

Alguns meses depois, Zaneti, nascido e criado entre parreirais da serra gaúcha, foi chamado pelos associados da cooperativa para assumir as rédeas do negócio e representá-los perante os bancos credores. Ele ficara conhecido no Rio Grande do Sul na década de 70 por sua atuação como líder sindical dos professores, quando se acostumou a comandar greves do magistério. Depois, fez carreira política como deputado federal e representou a região vinícola em Brasília por dois mandatos. "Meu maior desafio passou a ser recuperar uma empresa que estava praticamente quebrada", diz.

Como a Aurora havia chegado a tal situação? A crise financeira da empresa resultou de uma combinação de má gestão com investimentos mal dimensionados e falta de condições para concorrer com os vinhos estrangeiros que invadiram o mercado brasileiro desde a abertura da economia, na primeira metade dos anos 90. Um dos projetos que sangraram o caixa da vinícola foi o da construção de um vinhoduto de 4,5 quilômetros de extensão entre as duas unidades de produção em Bento

Gonçalves. Orçado inicialmente em 6 milhões de reais, no fim de 1995 já havia consumido uma soma quase cinco vezes maior. Outro projeto, o de uma fábrica de suco concentrado, foi ainda mais infeliz: engoliu pelo menos 8 milhões de reais e é hoje um esqueleto abandonado. "Queríamos eliminar a ociosidade dos produtores e fugir da monocultura, mas a crise nos pegou", diz José Alberici, ex-presidente da Aurora e hoje dono de uma distribuidora de vinhos. "Com a abertura do mercado, o setor de vinhos sofreu muito."

A Aurora também foi prejudicada por uma orientação assistencialista. Entre 1989 e 1996, cerca de 40 milhões de reais, boa parte deles emprestada por bancos, foram gastos com planos de saúde, odontológico e farmacêutico para os associados da cooperativa e seus familiares. "Estávamos investindo no bem-estar do cooperado", afirma Alberici. Eram cerca de 6 mil pessoas recebendo benefícios bancados pela empresa. "A política de assistência tinha de acabar ou iria afundar de vez a Aurora", diz Zaneti. "Os associados estavam distanciados do negócio, e foi duro explicar a eles que não eram funcionários, e sim os donos." Zeferino Riboldi, o presidente da cooperativa, confirma a falta de informação dos associados. "Foi um baque para nós", diz. "Os antigos gestores escondiam as coisas. Éramos donos de direito, mas não de fato." Uma das providências de Zaneti foi criar canais de comunicação. Atualmente, os associados acompanham o dia-a-dia da empresa por um programa de rádio de cinco minutos. Na festa dos 70 anos da Aurora, em abril de 2001, a família dos produtores foi convidada a visitar a sede, no centro de Bento Gonçalves. Muitos cooperados nunca haviam colocado os pés lá.

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A ruína financeira comprometeu a tal ponto a competitividade da Aurora que ela perdeu seu principal contrato de exportação. Os vinhos Marcus James, vendidos nos Estados Unidos desde 1988, garantiam à cooperativa 12 milhões de dólares em 1997. Mas, no fim daquele ano, a importadora americana rompeu o contrato. Zaneti então reuniu sua equipe de vendedores e fez um discurso inflamado como nos tempos de sindicalista. Pediu a eles que conseguissem o que parecia impossível -- colocar no mercado interno os vinhos que não iriam mais para os Estados Unidos. Deu certo. Sem exportar, a Aurora faturou em 1998 os mesmos 57 milhões de reais que havia registrado quando ainda contava com o contrato de exportação.

As relações políticas do ex-deputado foram fundamentais para conseguir um acordo com os bancos credores, firmado como protocolo de intenções em 1997, mas só assinado dois anos depois. Ele resultou na formação de duas novas empresas: a Ativos e a Aurora Vinhos, ambas controladas pela Cooperativa Vinícola Aurora. A Vinhos é a gestora do negócio. A Ativos assumiu o patrimônio, as marcas e as dívidas com os bancos, hoje ainda na casa dos 76 milhões de reais. O acordo, atualmente sob análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), prevê a abertura de capital da Ativos para que sejam emitidas debêntures no valor de 56 milhões de reais, com prazo de resgate de até 20 anos. Um patrimônio estimado em 20 milhões de reais será vendido para quitar o restante da dívida.

Dos débitos com fornecedores e impostos, que somavam 21 milhões de reais em 1996, mais de 85% foram quitados e o restante foi renegociado. A cooperativa ainda deve também aos próprios associados o pagamento de

safras passadas. "O que manteve a Aurora de pé foi a confiança dos cooperados", diz Cézar Lindemeyer, hoje gerente-geral da SLC Alimentos e, na época, consultor da Aurora. "Eles continuaram entregando sua produção sem saber se receberiam por ela e se as dívidas acumuladas seriam pagas." Para convencê-los, Zaneti promoveu 15 assembléias. "Eles acabaram compreendendo que precisávamos pagar primeiro os fornecedores e os impostos atrasados", diz.

Mesmo há dois anos, quando faltou uva e os produtores da Aurora foram assediados por outras vinícolas, a maioria deles resistiu. "Outras empresas esfregaram cheques no nariz dos associados, oferecendo preço superior, à vista, enquanto a Aurora pagava o preço de mercado em dez vezes", diz Zaneti. Os que sucumbiram foram expulsos da cooperativa. Alguns saíram por vontade própria. Das 1,5 mil famílias que havia em 1996, restam 1,2 mil. Para cortar custos, o quadro de funcionários também foi reduzido: de 518 há seis anos para 280 atualmente.

A relação mais pragmática com os associados permitiu contornar um problema comum da cooperativa: não conseguir vender toda a produção que é obrigada a receber. "A Aurora está fazendo o associado produzir aquilo que o mercado pode absorver", diz Adolfo Lona, diretor de operações e enólogo responsável da concorrente Bacardi, Martini do Brasil. Adaptar a produção às mudanças do mercado é vital no setor. Há poucos anos, o país viveu a euforia dos vinhos brancos -- chegou a importar grandes volumes dos alemães de garrafa azul, de qualidade duvidosa. Depois, veio a onda do tinto. Foi quando faltou matéria-prima para as vinícolas. Em 1998, percebendo que não teria condições de atender à expansão do

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mercado, a Aurora montou uma subsidiária no Uruguai, onde produz vinhos tintos, como o Marcus James e o Conde de Foucauld.

O acordo com os bancos deu fôlego à cooperativa para investir na qualidade do produto. Os rótulos e as garrafas foram renovados e a Aurora passou a aproveitar a força dos produtos mais tradicionais, como os vinhos Marcus James, para manter a liderança. Muitas marcas e linhas foram retiradas do catálogo: dos 179 itens que vendia em 1996, restam 62. Entre eles, marcas populares tradicionais, como o Sangue de Boi, que explicam por que a Aurora é líder do mercado em volume, com 28% da comercialização de vinhos comuns engarrafados no país. A aposta principal, porém, se dá nos vinhos finos, a categoria mais rentável e que mais tem crescido -- nos últimos dois anos, o consumo per capita no Brasil aumentou 15%.

Ainda é cedo para dizer se a recuperação da empresa é sólida. Segundo o ex-presidente Alberici, ela se deve, principalmente, à mudança na conjuntura, hoje propícia ao vinho nacional. Pode ser. Além de reduzir um endividamento ainda elevado, Zaneti e seu time têm agora o desafio de tentar recuperar a posição da Aurora como exportadora e abrir novos mercados. Em 2001, a Aurora faturou 500 mil dólares com exportações para países como Japão, Finlândia e Paraguai. A meta para 2002 é exportar 6 milhões de dólares. A empresa começou o ano embarcando sua primeira remessa de vinhos e espumantes para a China. "Meu sonho é vender uma colher de vinho para cada chinês", diz Zaneti.

DA ÁGUA PARA O VINHO

O desempenho da Vinícola Aurora melhorou em comparação com o de cinco anos atrás

1996 2001

Faturamento* 43 100

Lucro líquido* -34 2

Dívidas* 127 91

Volume de vendas** 25 38

Funcionários 518 250

(Quase) como na Borgonha

Surgem no Brasil pequenos produtores que apostam no 

artesanato de vinhos 

Ricardo Cesar, da EXAME - 02/03/2007 17:08

Revista Exame12

Os amantes de vinhos podem ser divididos em duas esferas ideológicas -- a pragmática e a romântica. A primeira é formada por defensores da tecnologia e da produção em larga escala, combinação cujo resultado é um tipo de vinho moderno, sempre ao gosto dos maiores mercados

                                                            12 Este Estudo de Caso foi publicado na

Revista Exame – – http://exame.abril.com.br/revista‐exame/edicoes/0887/consumo/noticias/quase‐como‐na‐borgonha‐m0123036 acesso em 13/01/2011.

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consumidores. Os ídolos dessa turma são o influente crítico americano Robert Parker e o onipresente francês Michel Rolland, o mais destacado consultor globalizado do mundo. As regiões produtoras onde essa ideologia grassa são a Califórnia e a Austrália. Já o grupo dos românticos é formado pelos adeptos da produção artesanal, que empregam técnicas tradicionais de plantio e vinificação e acham que Parker e Rolland são responsáveis por uma padronização dos vinhos que ameaça antigas tradições. Esse pessoal tem entre seus mais fervorosos defensores os pequenos produtores italianos e franceses. Sua região-símbolo é a Borgonha, conhecida pela infinidade de pequenas vinícolas. Até recentemente, esse embate ideológico não existia entre os produtores brasileiros. Os fabricantes que dominam o mercado, como Salton e Miolo, são exemplares típicos do primeiro grupo (a Miolo usa os serviços de Rolland, por sinal). Nos últimos anos, porém, o pessoal pró-Borgonha começou a surgir. De forma discreta, apareceram no sul do país pequeníssimos produtores artesanais, que fazem quantidades muito limitadas de vinhos -- e a boa notícia é que alguns têm qualidade surpreendente.

O avanço dos pequenos

O que diferencia as microvinícolas das grandes produtoras do país

O que eles fazem Qual o resultado

Colhem e selecionam os grãos manualmente, enquanto as grandes usam máquinas sofisticadas

Isso evita que galhos ou grãos defeituosos sejam fermentados por engano, melhorando a qualidade do produto final

Procuram um Os vinhos

estilo de vinho que seja "natural" ao clima da região

ganham características regionais e não são padronizados

Evitam uso excessivo de barris de carvalho na produção de seus vinhos

As características da uva ficam mais evidentes e não são disfarçadas pelo gosto e pelo aroma de madeira

Supervisionam toda a vinificação

São vinhos de autor, que levam a assinatura e a marca de quem produz

Em sua maioria, os novos produtores brasileiros são tão apaixonados por vinho que largaram tudo e decidiram estudar enologia para produzir os próprios rótulos. Enquanto uns sonham em sair da cidade para abrir sua pousada na praia, eles decidiram construir vinícolas. Foi o que fizeram o administrador de empresas Luís Henrique Zanini, da Vallontano; Werner Schumacher, da Quinta Ribeiro de Mattos, que durante 26 anos vendeu equipamentos e insumos para vinícolas, mas nunca havia produzido; o economista Álvaro Escher, da Cave Ouvidor; e o publicitário e fotógrafo profissional Marco Danielle, da Tormentas. Todos trabalham com poucos recursos, produção reduzida -- alguns não chegam a 300 garrafas anuais, menos de 1% do volume dos concorrentes de maior estrutura --, nenhuma verba de marketing e, em alguns casos, nem contam com distribuidores. Quem estiver interessado tem de entrar em contato direto para efetuar a compra. É preciso muita curiosidade e persistência para dar-se ao trabalho de descobrir esses vinhos e encomendar algumas garrafas.

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O que diferencia esses produtores das vinícolas comerciais é que para eles o vinho não é apenas um negócio, mas um estilo de vida. Escher, da Cave Ouvidor, refugiou-se em um sítio sem eletricidade em Garopaba, em Santa Catarina, onde usa a rara uva peverella para produzir o branco Insólito, um dos vinhos que estão ganhando entusiastas nas rodas de especialistas. Seu método de produção é a antítese dos grandes projetos de Salton e Miolo. Alguns produtores, como Marco Danielle, da Tormentas, exigem que a seleção das uvas que serão vinificadas seja manual, grão por grão -- e não por meio de máquinas, como acontece nas maiores vinícolas. "Quero expressar o que o solo e o clima nos dão", diz Schumacher, da Ribeiro de Mattos. "Meu trabalho é artesanal, nunca vou competir com empresários que têm 700 hectares de vinhedos." O resultado são garrafas que, se ainda estão a anos-luz de ícones da Borgonha, como o Romanée-Conti, entusiasmam alguns conhecedores. Um deles, o músico Ed Motta, escreveu recentemente que o Insólito o "emocionou além da conta" e que o Minimus Anima, da Tormentas, é o tinto brasileiro de maior personalidade que já degustou.

Se os microprodutores brasileiros já começam a conquistar os especialistas, seu estilo nem sempre agradará bebedores habituados aos chilenos e argentinos que invadiram o Brasil na década de 90. Por recusar fórmulas modernas a que os consumidores estão acostumados -- vinhos muito concentrados, com uso intensivo de barris de carvalho e teor alcoólico elevado --, alguns produtos artesanais podem causar estranheza em um primeiro momento. A Villa Francioni, da região serrana de Santa Catarina, é vista como a com mais potencial para agradar ao grande público. A vinícola reúne uma produção extremamente

caprichada com métodos modernos de vinificação, o que resulta em vinhos que se encaixam com mais facilidade no gosto popular. Outra vinícola que tem recebido muitos comentários favoráveis de especialistas é a gaúcha Dal Pizzol, espécie de precursora na fabricação de vinhos de qualidade no Brasil. Recentemente, o americano Jonathan Nossiter, autor do documentário Mondovino e notório defensor do jeitão da Borgonha, levou uma garrafa do Dal Pizzol Merlot da safra 1981 para que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, o degustasse às cegas (ou seja, sem que soubesse de que vinho se tratava). Boni, dono de uma das maiores adegas do país, chutou alto. "Ele achou que era um Saint-Emilion, uma sub-região de Bordeaux", diz Nossiter. Para um brasileiro que sonha em fazer vinhos como na Borgonha, ver seu produto confundido com um Bordeaux não chega a ser má notícia.