senso incomum 15 - abril/maio 2013

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A Universidade Federal de Uberlândia é a escolha de muitos na hora do vestibular, por motivos relacionados à cidade, ou por razões que dizem respeito à instituição. Fato é que a UFU tem se destacado dentre outras federais do país e a cidade tem apresentado um grande crescimento econômico e populacional. Uberlândia, cidade média promissora e com ares do interior. Hoje supera a cidade de Contagem, tornando-se a segunda maior cidade de Minas Gerais. De acordo com o Censo de 2010, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cidade apresentou, desde o ano de 2000, um crescimento maior do que todo o Estado de Minas Gerais. De 501.000 habitantes em 2000 para 604.000 em 2010. A busca por um bom emprego parece não vir desvinculada também de qualidade de vida. Quanto à UFU, possui mais de 50 anos de existência. Hoje, ainda com muitos problemas a serem solucionados. É um privilégio fazer parte, ou melhor, ser “filho” dessa instituição.

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Page 1: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

JORN

AL-

LABOR

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ANO03

Nº1

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UFU (in)segura

Glória!

música, sonhose superação

reabilitaçãovirtual

retomada cultural

Page 2: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

Por que escolherUFU e Uberlândia ?

A valorização diária do Regionalpor Carlos Gabriel Ferreira

atualidadesEditores-chefe: Daniela Ávila e Marília Coelho

Sub-editores: Aline Pires, Carlos Gabriel Ferreira, Igor

Miranda, Juliana Gaspar, Laura Junqueira, Letícia França,

Michelle Júnia, PriscilaMendonça e Verônica Jellyfes

ciência e tecnologiaEditores-chefe: Isabela Lavor e Taís Bittencourt

Sub-editores: Emílio Lins, Hugo de Sousa, Luísa Salviano e

Thiago Lima

cultura e lazerEditores-chefe: Isabel Gonçalves e Kênia Leal

Sub-editores: Ana Luiza Honma, Caio Nunes, Débora

Bringsken, Isabella Carvalho, Isley Borges, Lucas Bonon,

Lucas Tondini, Neimar Alves e Raissa Dantas

Cada cidade tem um jeito de exporsua cultura. Cada cidade é plural, é vidaque se descobre na esquina. Pluralida-de esta que se observa em entrelaça-mentos e significados que se fazem demaneira maravilhosa. O retorno aopassado, aprendendo com o populardas culturas, é algo que forma social-mente qualquer indivíduo, atribuin-do-lhe perspectivas imprescindíveissobre a sua própria história.Toda cultura é um amplo âmbito de

percepções que vão desde a negação,implícita ou explícita, de que os fatospor ela identificados contenham algu-ma forma de “saber”, até o extremo deatribuir-lhes a resistência contra a do-minação de classe. Tratá-la como “tra-dicional” nada mais é do que resquíciode uma cultura considerada “culta”.Pensar a cultura popular desta forma éo mesmo que reafirmar que a sua Idadede Ouro deu-se no passado, sendo vistahoje apenas como curiosidade.Quando é reproduzido este suposto

“passado” acaba-se por transmitir o quese acredita que é verdadeiro. É o queacontece quando retratam na mídia ca-sos deslocados de um movimento quetoma meses para ser construído, trans-formando-os em festa carnavalesca. Umacultura é indissociável à vida de seus par-

ticipantes e de seu momento histórico.Uberlândia, por sua vez, no que tan-

ge a sua rica cultura, tem como um dosprincipais elementos o congado. Suaorigem no Brasil nos remete à vindados escravos africanos, quando foramcristianizados e suas religiões, oprimidas.Suas manifestações passaram a se realizar,portanto, no meio do mato, às cegas daque-les que pensavam, coitados, ter o poder.A data de provável origem do Con-

gado em Uberlândia nos leva a 1874 e,desde então, existem diversos ternosque representam a cidade, como oCongo Prata e o Congo de Sainha, que,no mês de outubro, comemoram emnome de Nossa Senhora do Rosário.Suas danças, aos batuques da zabumba,nos transportam para um campo subje-tivo de apreciação... Sabemos que a cul-tura do povo resiste à globalização, masaté quando sem perder esta essência?Voltemos a dizer: o congado, meio às

suas saias que rodam no calor, e qual-quer outra manifestação, são culturas vi-vas que se modificam no presente. Suasraízes formam hoje um emanharado deideologias coexistentes. Os ternos encon-tram-se no centro da cidade para celebraruma cultura que ainda existe no imagináriopopular e ensina aos mais novos a alegriade continuar acima das diferenças.

A Universidade Federal deUberlândia é a escolha de muitos na horado vestibular, por motivos relacionados àcidade, ou por razões que dizem respeitoà instituição. Fato é que a UFU tem sedestacado dentre outras federais do paíse a cidade tem apresentado um grandecrescimento econômico e populacional.Uberlândia, cidade média promissora

e com ares do interior. Hoje supera acidade de Contagem, tornando-se asegunda maior cidade de Minas Gerais.De acordo com o Censo de 2010,realizado pelo IBGE (Instituto Brasileirode Geografia e Estatística), a cidadeapresentou, desde o ano de 2000, umcrescimento maior do que todo o Estadode Minas Gerais. De 501.000habitantes em 2000 para 604.000 em2010. A busca por um bom empregoparece não vir desvinculada tambémde qualidade de vida.Quanto à UFU, possui mais de 50

anos de existência. Hoje, ainda commuitos problemas a serem solucionados.Principalmente do ponto de vista deespaço físico para a quantidade de cursose alunos, a universidade já é referênciapara estudantes de todo o país. São 32unidades acadêmicas com 68 cursos degraduação, 37 programas de pós-graduação que oferecem 33 cursos demestrado acadêmico, quatro cursos demestrado profissional e 19 cursos dedoutorado, atuando em diversos campi,distribuídos nas cidades de Uberlândia,Ituiutaba, Patos de Minas e MonteCarmelo. O Hospital das Clínicas(HC) da universidade é o maiorprestador de serviços pelo SistemaÚnico de Saúde (SUS), além de serreferência para 30 municípios da região.É um privilégio fazer parte, ou

melhor, ser “filho” dessa instituição.

Bazinga!

Gabriel Zuccolotto

VOZESEDITORIALBrasil: país

proibicionista ehigienista

por Raíssa Dantas

No ano de 2012 os investimentosdo governo federal em política anti-drogas cresceram intensamente, tendocomo foco ações repressivas e higie-nistas que enclausuram, nos já super-lotados presídios, jovens negrosbrasileiros. A internação compulsóriase materializa enquanto ação concretaaplicada do ideário governamental,que, maquiada na recuperação efetivade usuários de drogas, mascara o cár-cere forçado dos marginalizados soci-ais desamparados de educação, saúde,políticas preventivas e assistência real du-rante seu processo de desenvolvimento.Neste sentido, o tráfico de drogas é a

primeira causa de crimes que mais en-carceram no país, contabilizando 24%do número total de presos. Mais preci-samente, nos últimos 16 anos, o Brasiltriplicou o número de encarceramentose 40% desse total são negros, pobres eestão na faixa etária de 18 a 24 anos. Oque se explicita é que a política de drogas go-vernamental é responsável, hoje, pela reclusãopunitivada juventude brasileira, negra e pobre.Entretanto, ainda há lucidez e

combate na retaguarda dos movimentosantiproibicionistas e antimanicominais or-ganizados. Como a mobilização na pes-quisa realizada pelo Observatório Mineirode Informações Sobre Drogas (OMID)que revela a desaprovação por 63% dosinternautas participantes sobre a práticada internação compulsória. Este númeroapresenta um importante avanço paraa população mineira, visto que SãoPaulo e Rio de Janeiro já aplicaram aprática higiene social, que poderá ser expe-rimentada em outros estados brevemente.Tais políticas públicas se mostram equi-

vocadas e urgentemente necessárias de mu-danças radicais. Defender uma política dedrogas que saiba respeitar os direitos huma-nos legalizando a produção, comércio e adistribuição como forma de combater o vi-olento tráfico é tarefa de todo e qualquersujeito comprometido com a construção deum mundo humano e justo. Fortalecer aspolíticas de redução de danos e educação ade-quada sobre as drogas é o principal passo paracombatermos a desinformação que costumacriar uma cortina de fumaça entorno de temastão delicados como a proibição das drogas.

Expediente

Reitor: Elmiro Resende Santos / Diretor da FACED:

Marcelo Soares Pereira da Silva / Coordenador do

curso de Jornalismo: Gerson de Sousa / Professores

responsáveis: Ana Spannenberg, Christiane Pitanga,

Marcelo Marques e Mirna Tonus / Edição de capa:

Laura Máximo e Monique França / Edição de

fotografia e arte: Guilherme Gonçalves, Lívia

Machado e Mariana Molina / Arte capa: Lucas

Angoti / Edição de opinião: Juliana Gaspar, Larissa

Rosa, Raissa Dantas e Túlio Calegari / Revisão: Ana

Spannenberg e Mirna Tonus/ Monitoria: Arthur

Franco / Finalização: Danielle Buiatti

"Não adianta. Todos sabem que ela vem. Todo mundo sabe o que ela causará"

Page 3: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

Sistema virtual recria membros superioresEstudo pode ser usado na recuperação de vítimas de AVE ou na adaptação a próteses motoras

SAÚDE

Coçar constantemente e com forçaos olhos, ficar muito tempo em frenteao computador, ler sob pouca luz e fu-mar são algumas situações que afetama saúde ocular. Essas ações podemcauar enfermidades que demandamtratamentos mais complexos, com re-médios ou cirurgias.Segundo a oftalmologista Paula

Borges, uma reclamação comum dospacientes jovens refere-se à baixa ca-pacidade visual. A médica explica asconsequências negativas da coceira noolho humano. “Ao coçar os olhos, po-demos gerar anormalidades, como aformação ou piora de astigmatismo,

Cuidados podem evitar doenças oftalmológicas

Neimar Alves

Repórter

descolamento de retina, desenvolvi-mento de úlceras corneanas e aquisi-ção de conjuntivites”, explica.Outra consequência pode ser o

ceratocone, que consiste na deforma-ção da espessura e formato da córnea,provocando a alteração de imagens.Essa doença ocorre por predisposi-ções genéticas, mas o principal fator éesfregar muito os olhos, especialmen-te em indivíduos que já apresentaramconjuntivite alérgica em alguma faseda vida. A enfermidade costuma sur-gir na adolescência e progride até os30 anos. A médica afirma que, paraesses casos, os tratamentos possíveissão o uso de óculos, lentes de contatorígidas, laser, transplante de córnea,entre outros.

Outro “vilão” da saúde ocularé o computador. Os efeitos atribuídosàs horas em frente à tela são denomi-nados por especialistas como Compu-ter Vision Syndrome (CVS) . Dentreos sintomas durante e após o uso es-tão: dor de cabeça, visão embaçada,vermelhidão, embaralhamento das le-tras, fadiga, sensibilidade à luz e securados olhos. Os universitários en-contram-se no grupo de risco, poispassam muito tempo em frente aocomputador, seja para estudar ou seentreter. O aluno de Engenharia Ae-ronáutica da UFU Higor Silva afirmaque sente “incômodo nos olhos, mal-estar, adiga, lacrimejamento e dor decabeça após longos períodos de utili-zação do aparelho”.

Consequência de hábitos

Ler com iluminação fraca também

pode se tornar um transtorno. Esse há-

bito faz com que haja mais esforço para

discernir as letras, tornando a leitura

mais desagradável. Faz, inclusive, com

que os olhos se cansem mais rápido

porque as pupilas se dilatam com a fina-

lidade de ampliar a entrada de luz, dimi-

nuindo a profundidade de foco.

Em entrevista publicada pelo Minis-

tério da Saúde, o retinólogo Sebastião

Neto aponta uma doença intimamente

ligada a esse vício. “O tabagismo aumen-

ta o risco em cinco ou sete vezes de apa-

recer de forma mais precoce e mais grave

a degeneração macular", diz.

Isabela Lavor

Repórter

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Assista a uma demonstração do equipamento

em vídeo no Blog do Senso (in) Comum:

http://sensoincomumufu.blogspot.com.br/

Pesquisadores da UFU nas áreasde Engenharia Biomédica e Enge-nharia Elétrica desenvolvem um es-tudo que propõe amenizarproblemas de adaptação às prótesesmédicas utilizadas por pessoas quetenham perdido membros superio-res , e na recuperação de movimentode pacientes que sofreram AcidenteVascular Encefálico (AVE) , anteri-ormente conhecido como AcidenteVascular Cerebral (AVC) . Para is-so , foi desenvolvido um sistema derealidade virtual que possibilita si-mulações de braços e próteses con-trolados por impulsos elétricos.Na Faculdade de Engenharia Elé-

trica (FEELT) , da UFU, dois núcle-os de pesquisa estão envolvidos noproj eto, o Núcleo de Realidade Vir-tual e Aumentada e o grupo de En-genharia Biomédica com a linha depesquisa em reabilitação. Estes últi-mos detectaram o problema no dia adia das pesquisas, em que é precisosubstituir o braço amputado ou au-sente por meio de próteses.Existem diversos tipos de próte-

ses, uma delas é a chamada mioelétri-ca, à qual a pesquisa é aplicada.Entretanto, a adaptação dos pacien-tes é trabalhosa, por ela ser pesada,normalmente esquentar muito e, deacordo com a parte amputada, ser

necessário um treinamento adequa-do e individual.O grupo de Engenharia Biomédica

tem desenvolvido a capacidade de pro-cessar sinais elétricos enviados pelo cé-rebro e recebidos pelos músculos, comuma exatidão cada vez maior. “Às ve-zes, uma mensagem é enviada ao braçopara movimentar em uma direção; seesse sinal não for processado de formacorreta, muitas vezes a prótese não vaifazer o movimento esperado. É precisoaperfeiçoar técnicas de processamentode sinal elétrico existentes entre o cé-rebro e o músculo do ser humano”, ex-plica Edgar Lamounier, um doscoordenadores do projeto.

Inovações

O projeto foi pensado inicialmentepara amputados, porém os pesquisadoresidentificaram aplicabilidade em pacientesde AVE. O protótipo vem sendo testadocom supervisão das fisioterapeutas epesquisadoras Debora Vieira e MaristelaSilva, no Laboratório de Engenharia Bi-omédica da UFU (BioLab) . As profissi-onais determinam os exercícios de forçaa cada sessão, o mais básico consiste empegar uma bola. O objetivo é proporcio-nar um estímulo paulatino no cérebro.Com a movimentação, o sinal chega aomúsculo e, embora ele não responda fa-zendo o movimento esperado dos bra-ços, virtualmente a função é exercida e

acontece um treinamento para que aatividade cerebral seja preservada.João Pereira, 58, teve AVE há no-

ve meses e é voluntário na pesquisa.Ele relata que sofreu uma tonturapor vários dias e perdeu o movimen-to do braço direito. “Faço hidrogi-nástica por recomendação médica háseis meses e melhorou muito”, avalia.“Antes do AVC eu só trabalhava eera muito sedentário”, completa.O projeto foi financiado pela Fun-

dação de Amparo à Pesquisa do Esta-do de Minas Gerais (Fapemig) epermitiu a compra de software ehardware necessários. O eletromió-grafo capta os sinais dos sensores lo-calizados nos músculos e deve serintegrado com o programa de compu-tador que permite as análises pelosespecialistas. “A gente está tentandoanalisar a capacidade do cérebro deentender o que o indivíduo está fa-zendo. Estamos colhendo dados dequando o paciente mexe a musculatu-ra, e depois, vamos processar os si-nais”, explica Vieira.A fisioterapeuta conta que, após o

processamento, será possível “avaliarse está havendo aprendizagem, cha-mada de plasticidade. O córtex temuma capacidade plástica de aprenderou se adaptar a novas situações, sendopreciso desenvolvê-la. A finalidade éque o cérebro treinado pode recupe-rar a capacidade física”.

Page 4: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

O REUNI teve a sua implementaçãofinalizada no último ano e, com ele,terminou o repasse de verbas pelo PlanoNacional de Assistência Estudantil(PNAES), que garantia suporte emtransporte, moradia e alimentação paraos estudantes. Neste contexto, o governoaprovou a Lei nº 12.711, chamada Lei deCotas, na qual as Instituições Federais deEnsino Superior (IFES) devem observarrecortes socioeconômico e étnico na seleçãodos alunos. Na UFU, já em 2013, serãodestinadas50%dasvagasaessepúblico.Mais cotistas, maior demanda por

assistência estudantil. A assistente socialresponsável pela Divisão deAssistência ao Estudante, Maria deFátima Oliveira, considera que “oREUNI foi um divisor de águas”. Apartir do PNAES as universidadesentenderam a importância de terverbas destinadas à assistência. “Antesde 2008, nós passamos por momentos

complicados. Tivemos que dizer nãopara o estudante muitas vezes”, relata.Segundo ela, o governo federal jáanunciou uma bolsa permanência deR$ 400,00 para alunos cotistas, masesse valor é inferior ao fornecidoatualmente, de quase um salário mínimo.O diretor de assuntos estudantis

Leonardo Barbosa esclarece que a UFUreceberá, no primeiro semestre de 2013,cerca de 500 estudantes cotistas.Entretanto, não é possível saber quantosirão solicitar assistência, pois ela somenteé concedida a alunos que pertencem àsclasses C, D e E, cuja renda familiar sejainferior a um salário mínimo e meio.“Nós não vamos nos contentar com osauxílios que temos. Contudo, eupreciso esperar um pouco paraconhecer o perfil do estudante cotista.A DIRES já solicitou ao CEPES umapesquisa para delinearmos o perfildesses indivíduos”, completa.

A trajetória de um estudanteuniversitário rumo ao mercado detrabalho consiste em muitas etapas,desde o aprendizado teórico até aspráticas do ramo. É nessa fase que oestágio se encaixa. Na teoria, é umaatividade de formação educativa esupervisionada, na qual o discentetem um maior contato com asatividades que ele vivenciará nomercado de trabalho. Na prática, hádenúncias sobre a distorção doobjetivo real do estágio.Ricardo Aiolfi, discente de

Comunicação Social da UFES eestagiário do Ministério PúblicoFederal no Espírito Santo, acreditaque, muitas vezes, o aluno sesubmete a práticas que não oauxiliam na sua formação. “Já vivários que faziam atividades desecretariado, como atender telefone,servir café”, afirma. Segundo ele, osprofessores não acompanham, e osestudantes passam a ver o estágiocomo o próprio emprego, sujeitando-se a situações desnecessárias.Do outro lado, temos as

empresas que determinam asfunções do estagiário. CristianoAlves Dias, gerente de recursoshumanos da empresa LandixSistemas, também crê que o estágionão esteja sendo aplicado da formacorreta. “Algumas empresas, atépouco tempo, exerciam a prática de

usar essa mão-de-obra para ‘eco-nomizar’ com encargos trabalhistas”,critica. O gerente defende queprecisa haver responsabilidade porparte das instituições para lidar comessas atividades.

Estágios dentro da UFU

Na universidade, o questiona-mento não é diferente. Na campanhade eleição para a gestão 2013 do DCE,uma das pautas foi que o estágiointerno não obrigatório da UFUestaria suprindo a falta de técnicosadministrativos em alguns setores.O estagiário da Diretoria de RelaçõesInternacionais Vinícius Soares acreditaque seja “errado utilizar esta-giáriospara lugares de técnicos em áreascríticas, que têm muita responsa-bilidade sobre a pessoa”.Geovana Teixeira, Diretora de

Ensino da UFU afirma que “não há, naPró-Reitoria de Graduação, estagiáriosque estejam em descompasso entreo que desenvolvem aqui no campo deatuação profissional e sua forma-ção estudantil”.Ela ressalta que a universidade está

fiscalizando os estágios dentro daUFU. “Nós estamos atentos aocelebrarmos os convênios e assinar-mos os contratos, para que o estagiárionão se configure como mão-de-obrabarata”, defende.

Emílio LinsRepórter

Isley BorgesRepórter

Diretor de assuntos estudantis ressalta importância de conhecer o perfil dos cotistas

Estudantes questionam afunção do estágio acadêmico

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Verba para apoio estudantil éconsiderado desafio para UFU

DDiirreeiittooss ddooss eessttaaggiiáárriioossGarantias determinadas pela Lei nº 11 .788, de 25 de setembro de 2008:

- O estágio não caracteriza vínculo de emprego de qualquer natureza, nãosendo devidos encargos sociais, trabalhistas e previdenciários.- No caso do estágio não obrigatório é compulsório o pagamento de bolsa eauxílio-transporte ou outra forma de remuneração; já no estágio obrigatório, abolsa é facultativa.- O estagiário tem direito a recesso de 30 dias quando o estágio tem duração deum ano; nos estágios com duração inferior, o recesso é concedidoproporcionalmente.

Mais informações no site do Ministério do Trabalho e Emprego:http://www.mte.gov.br

CCoonnttiinnuuaa??O movimento estudantil, por meio de sua entidade representativa UniãoNacional dos Estudantes (UNE), reivindica a continuação do programa deexpansão dos institutos federais de ensino superior. Os estudantes querem,agora, um REUNI 2, com foco da qualidade, melhora e aprimoramento doprimeiro momento de expansão. A Associação Nacional dos Dirigentes dasInstituições Federais de Ensino Superior (Andifes) caminha com a discussãono mesmo sentido, entendendo a importância da continuação da expansãodas universidades públicas.Acesse o site do Ministério do Trabalho e Emprego: http://www.mte.gov.br

Page 5: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

Ocupação do Glória reúnemais de 2 mil famíliasAdministração superior da universidade é sensível à reivindicação do Movimento Sem Teto

Luísa Salviano e Raissa DantasRepórteres

CONFLITO

FOTO: Luísa Salviano

FOTO: Raissa Dantas

Moradores vivem em condições precárias e lutam contra a falta de recursos no local

Assembléia de moradores do bairro Élisson Prieto delibera sobre assuntos da comunidade

O ano de 2012 ficou marcado nacio-nalmente como o ano com maior núme-ro de desocupações, incluindoUberlândia com 21 ocorrências. No dia13 de janeiro de 2012, aproximadamente500 famílias ocuparam uma área de 63hectares da Fazenda Glória, futuro Cam-

pus da Universidade Federal de Uber-lândia. Os moradores dessa região, hojenomeada de Bairro Prieto, vieram deacampamentos, ocupações e despejos,como o CEASAe Shopping Park.O líder do Movimento Sem Teto do

Brasil (MSTB) Wellington MarcelinoRomana, conhecido também como Mar-rom, entrou para o Movimento Sem Ter-ra (MST) aos 17 anos. Seus ideias sedistanciaram dos objetivos do MST e,então, surgiu a possibilidade de se con-ciliar ao Movimento Sem Teto, no qualas pessoas que habitam a área são tra-balhadores que precisam de local paraconstruir suas casas.Hoje, mais de 2,2 mil famílias vivem no

Bairro Élisson Prieto e lutam pelo direito àmoradia. Os moradores lidam com a faltade recursos no local, uma vez que, dianteda solicitação de despejo do MinistérioPúblico Federal (MPF), não é permitida aentrada de serviços da Prefeitura. Apenasno início desse ano, foi possível matriculartodas as crianças em creches e escolas,além de conseguir acesso às Unidades deAtendimento Integrado (UAIs).Aproximadamente 7 mil pessoas estão

cadastradas no programa “Minha Casa,Minha Vida” em Uberlândia. Parte dessaspessoas vive no Glória pois precisa ter

onde morar enquanto a fila do projetonão avança. Dona Geralda, que residena ocupação com seu marido há umano, conta que está cadastrada há dezanos no “Minha Casa, Minha Vida”,desde quando era “Casa Fácil”, progra-ma habitacional do município.

Projetos e parcerias

Após a concretização da ocupação, foifundada a Rede Élisson Prieto de Apoio àOcupação do Campus Glória, para forta-lecer a luta pelo direito à moradia, acom-panhar e contribuir na formação políticado movimento, nas atividades de comu-nicação e, ainda, na organização e acom-panhamento de atividades públicas.Fernando Araújo, membro da rede deapoio, afirma que o movimento precisade grupos que articulem por ele “A redenão invade o espaço e as decisões doMSTB, apenas ajuda a articular as deci-sões e os ideias do movimento”, diz.Os líderes do movimento destacam

que ele tinha “uma história, uma utopia”.Seu projeto arquitetônico contaria com2,2 mil residências, um local institucionaldo bairro Élisson Prieto, além de áreaspara sede do MSTB, Organizações NãoGovernamentais (ONGs), Associação deMoradores e um espaço gerenciador demão-de-obra. Marrom destaca a impor-tância do projeto e explica: “O sonhoconstruído era que nosso bairro fosse au-to-sustentável”, tanto em infraestrutura,quanto em organização das pessoas.A questão burocrática é o que impede

a realização das negociações nos casos dedesocupação. O prefeito de Uberlândiacidade Gilmar Machado propôs a verti-calização do bairro para que mais pessoassejam abrigadas no local. Marrom reto-ma que este não era o projeto inicial domovimento, mas se for condição parase manterem alocados, acatarão a pro-posta. A postura do MSTB e ocupantesé ficar na área até que o poder públicoconsiga a casa própria para esses quase9 mil habitantes da área.

Intermediação

O Conselho Universitário (CON-SUN) caracteriza a área ocupada co-mo desnecessária às finalidades daUniversidade pela Resolução Nº06/2010. O documento afirma que aárea ocupada não será utilizada paraconstrução do Campus e nem prejudi-cará qualquer projeto.Eduardo Nunes Guimarães, vice-reitor

da UFU, explicita que o contato comMu-nicípio e União se dá na tentativa de solu-ção do problema habitacional da área, quenão é incumbência da Universidade.“Quem tem como fazer é o governo fede-ral, através do Ministério das Cidades, ou aPrefeituraMunicipal”, esclarece.Enquanto administração superior, o

vice-reitor expõe sensibilidade no trato eacompanha diretamente o movimento deocupação do Campus Glória, tendo emvista a não intenção por parte da Univer-sidade ou do Movimento de enfrenta-mento para desocupação. “Na verdadenós não temos urgência, mas é que a le-

gislação tem prazos a serem cumpridos”,diz. Ele elucida, ainda, limitações legais naintervenção institucional, como umapossível doação da área, diante da ausên-cia de prerrogativas para tal.Muito se especula sobre formas de

negociação do perímetro uma vez que aadministração da UFU não se posicionano sentido de vendê-la em leilão, mas simno de negociar amplamente. Marromesclarece que o movimento não tinhaconhecimento da resolução do CON-SUN. “A partir do contato entre movi-mento e o professor Élisson Prieto, noúltimo ano, tivemos a sensibilidade deentender que a terra era do governo fe-deral, da UFU”, explica.Guimarães, questionado acerca das

probabilidades vislumbradas entre UFU,Prefeitura Municipal e governo federal,explica: “O que imaginamos como reso-lução é a Universidade fazer a doação daárea para o Ministério das Cidades e ogoverno fazer uma compensação finan-ceira pra Universidade, então não se tratade uma venda”. O vice-reitor afirmaainda que essa compensação pode sermonetária ou em forma de infraestru-tura para o Campus Glória, sem envol-ver transferência, visto que a área é daUnião. O que pode ser feito é a per-muta do perímetro para outro órgãodo governo. “Receberíamos umacompensação que nos garantiria acontinuação do nosso projeto de ex-pansão da educação com qualidade noCampus e a Prefeitura resolveria oproblema social dessas famílias”,acrescenta Guimarães.

Page 6: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

Falta de estrutura do Campus da UFU em Patos de MinasMichelle Júnia

Uma carta aberta foi enviada ao Conselho Universitário da UFU pelos diretores erepresentantes dos cursos de Biotecnologia, Engenharia Eletrônica e deTelecomunicação e Engenharia de Alimentos do Campus da UFU em Patos no dia 19de fevereiro. O documento apresenta o processo de implantação do Campus, oscompromissos assumidos pelos representantes da cidade e as condições para acontinuação dos cursos.

DenúnciasAcarta contém 11 paginas apresentando um histórico das ações da UFU desde maio de2010, quando o Campus foi criado. Os responsáveis afirmam que a UFU honrou oscompromissos firmados com o município e investiu quantias com locação e adaptaçãode espaços para atender as necessidades. Também destaca a situação do terreno doadopara construção da UFU. E ainda, que os compromissos firmados pela Prefeitura dacidade não foram cumpridos. O Palácio de Cristais, prédio cedido para as atividadesdos cursos, é insuficiente, e ainda, foi solicitado o segundo andar pelo Prefeito PedroLucas como gabinete, o que é um compartilhamento inadequado de espaço.

ReivindicaçõesO documento pede o uso exclusivo do prédio pela UFU, já que outra atividade nestemeio é uma falta de compromisso da Prefeitura Municipal com o ConselhoUniversitário. A situação preocupa a todos, incluindo o presidente da CâmaraMunicipal de Patos de Minas, vereador Otaviano Marques, que recebeu em seugabinete uma cópia da carta enviada ao CONSUN da UFU, e, preocupado com apossibilidade de extinção do Campus de Patos de Minas, criou uma comissão especialpara investigar os fatos contidos na carta.

Diretoria responsável pela saúde reconhece problemas e prevê mudanças no funcionamento

Normas

Segundo o Decreto 44.746 de 19 de fevereiro de 2008 são obrigatóriosextintores a cada 20 metros, alarmes, mangueiras, saídas de emergência eiluminação sinalizando portas. Para prédios com mais de 700 m2, tambémé, necessária a presença de hidrantes. Em áreas de maior risco, oprofissional técnico com especialização na área de combate a incêndio faz aproposição de acordo com o local e indica os meios preventivos ideais.

Situação dos blocos da UFU de acordo com as normas de segurança doCorpo de Bombeiros (em observação realizada pelo Senso (in)comumentre 7 e 20 de março de 2013):5O – SantaMônica: Irregular, faltam extintores de incêndio.5S – SantaMônica: Irregular, não existe nenhum extintor no bloco.5R–SantaMônica: Irregular, faltam extintores de incêndio.3Q–SantaMônica: Irregular, faltam extintores de incêndio.3D – SantaMônica: Regular.1B – SantaMônica: Irregular, faltam extintores e não há iluminação deemergência.1G – SantaMônica: Irregular, não há iluminação de emergência.8C – Umuarama: Regular.4G – Umuarama: Regular.2E – Umuarama: Irregular, não há iluminação de emergência.1N – Educação Física: Irregular, não há iluminação de emergência.

Laura Máximo

Repórter

Com cerca de 25 mil pessoas cruzando seus corredores todos os dias, a UFU é umadas trinta maiores universidades do país e conta com uma estrutura dividida em setecampi distribuídos em quatro cidades: Uberlândia, Patos de Minas, Ituiutaba e MonteCarmelo. Em cada campus, milhares de técnicos, docentes e estudantes passam grandeparte de sua rotina e, por isso, esperam estar seguros contra eventuais acidentes dentrodos muros da instituição. Para manter a segurança de alunos e prestadores de serviços énecessário que a universidade invista em medidas de prevenção de desastres, como in-cêndios.Visando a segurança dessa grande quantidade de pessoas que passa diariamente pela

instituição, a Diretoria de Infraestrutura da Universidade, após concluir o projeto arqui-tetônico de cada bloco, contrata empresas terceirizadas para realizarem serviços com-plementares. O responsável pela diretoria, Antônio Carlos dos Santos, afirma que a

UFU não tem uma estrutura de corpo técnico hidráulico, elétrico e pneumático capazde suprir as necessidades das edificações, por isso tem que transferir este trabalho.Segundo Santos, em casos de medidas contra incêndio, a empresa contratada desen-

volve o projeto, e então o corpo de bombeiros avalia, aprova e torna lícito o planeja-mento de cada prédio. Depois disso, a fiscalização e manutenção de extintores ealarmes é feita pela Diretoria de Logística da UFU. Entretanto, o Tenente Relson Mi-guel de Macedo, do 5º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM), afirma que a Universida-de não tem o auto de vistoria junto à entidade e que a inspeção dos blocos não éorientada por oficiais da corporação.É legalizada a contratação de pessoas qualificadas pelo Corpo de Bombeiros para

propor normas contra incêndio e pânico. Esses profissionais devem analisar, avaliar eemitir pareceres relativos aos casos que necessitarem de soluções técnicas complexas.

Mas a manutenção da segurança da UFU fica a cargo da universidade.Extintores de incêndio a cada 20 metros, alarmes, mangueiras, saídas de emergência

e iluminação adequada são condições obrigatórias para o funcionamento de prédios deporte semelhante aos blocos da universidade, mas foi constatado que, dos onze visita-dos nos campi de Uberlândia, apenas três estão regularizados segundo as normas geraisde segurança para evitar e combater acidentes (ver Box) .Ana Maria Guirado Rodrigues, chefe do Setor de Engenharia de Segurança do Tra-

balho (SESET) da UFU, declara que as irregularidades são causadas pela demora naefetivação de licitações. A empresa prestadora desse tipo de serviço encerrou seu con-trato e a nova ainda não começou a trabalhar nos campi. Segundo Rodrigues, outrosproblemas também ocasionaram a deficiência na manutenção, como dificuldade deacesso a determinados blocos no momento da fiscalização – já que alguns setores ficam

fechados –, escassez de profissionais responsáveis vinculados à universidade e falta deum projeto mais efetivo de combate a incêndio.

O que se observa é que a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grandedo Sul, em 27 de janeiro de 2013, fez intensificar a fiscalização de medidas contraincêndio. Em Uberlândia, houve 42 vistorias. Seis casas noturnas tiveram que ser in-terditadas e vários bares se retrataram diante da mídia. Das boates fechadas, cinco jáforam liberadas e uma recorreu à justiça contra o fechamento. O foco permaneceuprincipalmente nos pontos de lazer da cidade, sendo pouco questionadas as medidasde segurança de grandes prédios dedicados a atividades comerciais ou a instituiçõesacadêmicas com grande aglomeração de pessoas, como é o caso da UFU. Segundo aassessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, a prioridade no momento é atendera demanda do disque denúncia.

e sepegarfogo?

Universidade apresenta falhas na fiscalização de alarmes e extintores

#DISQUE DENÚNCIA 181

Page 7: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

Falta de estrutura do Campus da UFU em Patos de Minas

Serviço de assistência à saúde da Universidade no Campus Santa Mônica nãoatende as expectativas dos estudantes. Em situações de emergência, a universidadedisponibiliza uma ambulância que fica em frente ao bloco 1 A, até as 17h30, masnem sempre está no local por não ser exclusiva do Campus. O atendimento no am-bulatório, localizado no mesmo bloco, é voltado para os servidores e para o auxílioem casos de eventualidade na comunidade universitária em geral.Uma estudante de Ciências Contábeis da UFU, que não quis ser identificada, já

precisou de cuidados médicos no Campus e não conseguiu ser atendida. A alunasofre de problemas cardíacos e desmaiou durante a aula, no bloco 3Q. A ambulân-cia não se encontrava na UFU e não havia nenhum paramédico no momento.“Ninguém sabia o que fazer comigo, fiquei desacordada por mais de 20 minutos.Meu professor precisou parar a aula e me levar para o UAI”, conta a aluna. Ela ain-da afirma que seus amigos e a coordenação do curso demoraram muito na procurada ambulância do Campus, e que esse tempo era essencial no seu caso.O atendimento do ambulatório é oferecido para situações emergenciais, e não

de acompanhamento, mas muitas vezes os profissionais não estão capacitados paradar assistência em eventualidades. Mariana Assis, estudante de Relações Internaci-onais, também já ficou sem atendimento na UFU. A aluna cortou a boca e foi até oambulatório. “Quando cheguei a paramédica disse que não sabia dar ponto e meaconselhou a lavar o local e tomar um remédio para dor”, afirma. Mariana precisou

ir a um hospital particular e dar quatro pontos no ferimento. “É um caso bem sim-ples, mas não foram capazes de atender”, completa.José Humberto de Almeida, diretor da Diretoria de Qualidade de Vida e Saúde

do Servidor (DIRQS) comenta que a intenção é estender o horário de atuação daambulância para o período das 7 às 22 horas e explica que, dentro do serviço pú-blico, existem alguns trâmites a serem seguidos até que o horário seja alterado. “Éreconhecida a necessidade, mas agora é questão de tempo”, completa.O ambulatório também funciona na parte da noite, mas existem projetos de

ampliação do tipo e número de atendimento. No Campus Umuarama, o atendi-mento não é só voltado à saúde, mas existe uma diretoria que engloba assistênciarelacionada à saúde do servidor, engenharia de segurança, saúde ocupacional, pe-rícia e avaliações. José Humberto ressalta que o espaço é pequeno, “então precisaser feita uma diversificação dos horários para dar conta de atender tudo”.A DIRQS atualmente tenta uma parceria com o Hospital de Clínicas para dar

suporte quando a ambulância da UFU estiver em manutenção. Para que servidorese estudantes não fiquem completamente descobertos, uma parceria está sendopensada para que o hospital disponibilize um carro quando a ambulância não esti-ver disponível. “Muitos dos mal-estares não precisam necessariamente de ambu-lância, mas apenas do transporte até uma unidade de saúde mais próxima”, explicao diretor.

Marilía Coelho

Repórter

Alunos questionam atendimento médico na UFUDiretoria responsável pela saúde reconhece problemas e prevê mudanças no funcionamento

Com cerca de 25 mil pessoas cruzando seus corredores todos os dias, a UFU é umadas trinta maiores universidades do país e conta com uma estrutura dividida em setecampi distribuídos em quatro cidades: Uberlândia, Patos de Minas, Ituiutaba e MonteCarmelo. Em cada campus, milhares de técnicos, docentes e estudantes passam grandeparte de sua rotina e, por isso, esperam estar seguros contra eventuais acidentes dentrodos muros da instituição. Para manter a segurança de alunos e prestadores de serviços énecessário que a universidade invista em medidas de prevenção de desastres, como in-cêndios.Visando a segurança dessa grande quantidade de pessoas que passa diariamente pela

instituição, a Diretoria de Infraestrutura da Universidade, após concluir o projeto arqui-tetônico de cada bloco, contrata empresas terceirizadas para realizarem serviços com-plementares. O responsável pela diretoria, Antônio Carlos dos Santos, afirma que a

UFU não tem uma estrutura de corpo técnico hidráulico, elétrico e pneumático capazde suprir as necessidades das edificações, por isso tem que transferir este trabalho.Segundo Santos, em casos de medidas contra incêndio, a empresa contratada desen-

volve o projeto, e então o corpo de bombeiros avalia, aprova e torna lícito o planeja-mento de cada prédio. Depois disso, a fiscalização e manutenção de extintores ealarmes é feita pela Diretoria de Logística da UFU. Entretanto, o Tenente Relson Mi-guel de Macedo, do 5º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM), afirma que a Universida-de não tem o auto de vistoria junto à entidade e que a inspeção dos blocos não éorientada por oficiais da corporação.É legalizada a contratação de pessoas qualificadas pelo Corpo de Bombeiros para

propor normas contra incêndio e pânico. Esses profissionais devem analisar, avaliar eemitir pareceres relativos aos casos que necessitarem de soluções técnicas complexas.

Mas a manutenção da segurança da UFU fica a cargo da universidade.Extintores de incêndio a cada 20 metros, alarmes, mangueiras, saídas de emergência

e iluminação adequada são condições obrigatórias para o funcionamento de prédios deporte semelhante aos blocos da universidade, mas foi constatado que, dos onze visita-dos nos campi de Uberlândia, apenas três estão regularizados segundo as normas geraisde segurança para evitar e combater acidentes (ver Box) .Ana Maria Guirado Rodrigues, chefe do Setor de Engenharia de Segurança do Tra-

balho (SESET) da UFU, declara que as irregularidades são causadas pela demora naefetivação de licitações. A empresa prestadora desse tipo de serviço encerrou seu con-trato e a nova ainda não começou a trabalhar nos campi. Segundo Rodrigues, outrosproblemas também ocasionaram a deficiência na manutenção, como dificuldade deacesso a determinados blocos no momento da fiscalização – já que alguns setores ficam

fechados –, escassez de profissionais responsáveis vinculados à universidade e falta deum projeto mais efetivo de combate a incêndio.

O que se observa é que a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grandedo Sul, em 27 de janeiro de 2013, fez intensificar a fiscalização de medidas contraincêndio. Em Uberlândia, houve 42 vistorias. Seis casas noturnas tiveram que ser in-terditadas e vários bares se retrataram diante da mídia. Das boates fechadas, cinco jáforam liberadas e uma recorreu à justiça contra o fechamento. O foco permaneceuprincipalmente nos pontos de lazer da cidade, sendo pouco questionadas as medidasde segurança de grandes prédios dedicados a atividades comerciais ou a instituiçõesacadêmicas com grande aglomeração de pessoas, como é o caso da UFU. Segundo aassessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, a prioridade no momento é atendera demanda do disque denúncia.

Page 8: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

Junto ao palco, uma moça cantava ossons de um rock de décadas passadas.Com uma presença marcante, ela seguiacom o seu timbre único aos balanços dosinstrumentos ressoantes. Mari Tannús, demadeixas loiras, agradecia pela oportuni-dade de estar em contato com o públicouniversitário e falava, sobretudo, da im-portância da retomada cultural para a ci-dade. No dia nove de março, ocasiãooportuna após o Dia Internacional daMulher, reestreava o programa UFUzuêItinerante, projeto da Diretoria de Cultura(DICULT), agora em parceria com a Di-retoria de Assuntos Estudantis (DIRES),que esteve inerte desde meados de 2009.Nas quartas-feiras de 2003, às seis da

tarde, acontecia no bloco J do Campus

Santa Mônica uma série radiofônica quelevava ao público bandas do cenário al-ternativo. O programa mostrou grandestalentos da cidade e trouxe à tona gruposque tocavam apenas no interior de suascasas. O UFUzuê, que começou nas rádi-os no início do milênio, agora retoma seurumo itinerante, passando a cada mês pe-las unidades da UFU em Patos de Minas,Monte Carmelo, Ituiutaba e Uberlândia.O programa da DICULT é coorde-

nado atualmente pelo diretor Luiz Carlos

(Lu) de Laurentiz, mas sua história nasceem gestões passadas, perpassando desdecenas circenses até a companhia do céunoturno do antigo Centro de Convivên-cia. O mais importante é que o eventosurge despretensiosamente, como formaperformática, épica e transformadora daconvivência cultural universitária. Comorelata Lu, “o tempo histórico é outro, masainda respeitamos os ideais de ebulição.Não estamos passando a borracha emnada, mas mexendo em tudo”.Junto à retomada do UFUzuê, outros

projetos, que antes não estavam presentesna agenda acadêmica, retornam aos aresda efervescência cultural. Programas co-mo Clube de Cinema, O SambaMandouMe Chamar e o festival comemorativo de35 anos de federalização da UFU sãopropostas de eventos da DICULT quepossuem o desafio de recuperar a convi-vência das várias tribos urbanas queconstituem a universidade. Por meio daRádio Universitária, destaca Lu de Lau-rentiz, os eventos são divulgados a fim deevidenciar ao público externo que o queestá acontecendo dentro do âmbito uni-versitário também é deles.A parceria com a DIRES, por sua vez,

no caso do UFUzuê, surge como uma

oportunidade de financiamento para oseventos culturais da UFU. Como explicaLeonardo Barbosa, diretor do setor, a DI-CULT nunca recebeu um orçamento quecobrisse a sua demanda. A colaboração,por outro lado, também poderia ser umpontapé para promover a coletividade.“Ora buscam soluções lá fora, como pa-trocínios, ora a gente tenta resolver inter-namente com DIRES ou com a DIREC,por exemplo, sem perder a característicade cada diretoria”, conta Leonardo.

Convite à sociedade

O trabalho coletivo com a DIRES ain-da desenvolve a oportunidade do movi-mento estudantil de se comunicar em ummeio democrático, por meio de práticasculturais. Aos alunos, é concedida a pos-sibilidade de se apropriar do espaço pú-blico universitário: é o que acreditaLeonardo ao dizer que “precisamos pen-sar nas atividades de recepção dos calou-ros enquanto forma de conhecer aspotencialidades da Universidade. A UFUnão é só sala de aula”. Com estas ferra-mentas de intervenção cria-se um ele-mento capaz de auxiliar a formação socialdos estudantes, de modo a se propiciar

um conhecimento extraclasse. O fato éque o intercâmbio cultural nestes espaçosalternativos também amplia apossibilidade de conhecer gruposartísticos que não são vistos durante o diaa dia. Apesar de nunca ter tocado em umfestival da cidade, Guilherme Caixeta,estudante e vocalista de uma banda criadarecentemente, é uma pessoa com muitasexpectativas – principalmente comrelação a subir em um grande palco pelaprimeira vez: “Estamos treinando duropara conseguir mais do que jáconquistamos neste primeiro mês. Aindaestamos sem nome para nosso grupo,mas sabemos que é preciso focar emparcerias para ganhar o público”.É neste aspecto que a DICULT

promove a relação entre a academia e asociedade. Por meio de editais, o setorpretende selecionar artistas da região e daUniversidade que queiram se apresentarem seus espaços, seja de modo teatral,musical ou cinematográfico. Então,quem sabe, Guilherme e sua bandaapareçam no próximo UFUzuê!Para ficar por dentro das notíciassobre os próximos eventos, bastaacessar seu perfil no Facebook:facebook.com/dicult.ufu.

FOTO: Carlos Gabriel

Carlos GabrielRepórter

Bandas do cenário alternativo retomam espaço cultural da universidade com a volta do projeto UFUzuê

ALGUMAS ODESA DIONÍSIO EAPOLO

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Page 9: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

Iniciativa da Diretoria de AssuntosEstudantis (DIRES) , em parceria como Diretório Central dos Estudantes(DCE) e a Diretoria de Cultura(DICULT) da UFU, tem o intuito dereaproveitar o local conhecido porJambolão a partir de uma novaproposta artística-cultural. Os campi daUFU apresentam espaços livres,dedicados ao descanso e ao lazer. Oambiente aberto entre os blocos I e H,no Campus Santa Mônica, sempre foimovimentado. Estudantes se reúnemno local durante os intervalos das aulas,após o almoço e, até mesmo, no fim datarde. Historicamente, já foi palco paraa formação de muitas bandasindependentes, como a PorcasBorboletas, que hoje toca em festivaisao redor do mundo.O famoso Jambolão, árvore que

caracteriza o ambiente, é testemunhade ideias vanguardistas e nomeia ofestival Jambolada, cuja última ediçãoocorreu em 2010. Por ser um espaço deinteração de cursos ligados às artes,como Dança, Música e Teatro e ArtesVisuais ocorrem eventualmenteintervenções culturais. A universitária

de Ciências Sociais Bruna Cristine temaulas no bloco H e frequenta oambiente ao redor da árvore. Para ela, oJambolão é um importante local deconvivência. “Por ser um espaço abertoe cercado de natureza, é agradável,ótimo para shows e outros eventos.Devemos aproveitá-lo melhor”, afirma.Nícolas Dornelas trabalha no

Restaurante Universitário da UFU e,para ele, o Jambolão é um espaçoimportante à medida que as pessoasvão lá para relaxar e socializar. “Jáacompanhei muitas pessoas

discutindo os problemas, elaborandoseminários e até mesmo comentandoas eleições”, relembra.Reclamações de alguns professores

quanto ao uso de drogas no localacenderam a discussão sobre atemática. De acordo com LeonardoBarbosa, diretor da DIRES, pretende-sefazer intervenções culturais no sentidode reocupar o espaço do Jambolão. Aproposta foi colocada em uma reuniãocom a Pró-Reitoria de Extensão,Cultura e Assuntos Estudantis(PROEX) e o Movimento Estudantil,

mas ainda não é oficial. “A ideia é, nopróximo semestre, realizar umseminário sobre álcool e drogas e, desseseminário, surgir com algumaspropostas culturais que contem com aparticipação dos frequentadores doespaço”, explica Leonardo.A sugestão foi apresentada ao

Conselho Regional de Psicologia quemostrou interesse. “Queremos fazeruma abordagem não maniqueísta dosusuários, repensando a política do usode drogas, mas sem criminalizá-los”,explica o diretor. De acordo com ele, aintenção é atrair pessoas que jáfomentam o debate e, ao mesmotempo, estabelecer contato com oMovimento Estudantil.Quanto à utilização do espaço, a

proposta do DCE é aproveitá-lo juntocom o pessoal dos cursos de ArtesVisuais, Dança, Música, Teatro para apromoção de festivais de artesintegradas, saraus, shows,intervenções artísticas com stêncil egrafitti. “Não deve ser uma imposição,todos têm que dar sua contribuição eter o direito de participar”, completaIsadora Menezes, coordenadora deComunicação do DCE.

Novas propostas culturais para o JambolãoIntervenções artísticas estão entre as ideias para melhor ocupação do espaço no Santa Mônica

Lívia MachadoRepórter

CONVIVÊNCIA

Estudantes utilizam o espaço do Jambolão como forma de lazer

FOTO: Lívia Machado

Futuros engenheiros se rendem às acrobaciasMariana MolinaRepórter

Mais que líderes de torcida, ascheerleaders, bastante conhecidasnos filmes hollywoodianos, sãoatletas. A prática que se iniciou nosEstados Unidos, no século XIX, sóchegou ao Brasil em 2008,principalmente após o lançamentode filmes como “As Apimentadas” etambém com o seriado “Hellcats”,que retratam a vida das atletas.Ainda pouco conhecido, um

grupo de cheerleading está sendoformado na UFU. Pertencente àAssociação Atlética Acadêmica daFaculdade de Engenharia (AAAE) daUFU, a equipe formada por mulherese homens está, desde dezembro de2012, treinando a animação detorcida. Raynne Santos, aluna daEngenharia Mecânica eorganizadora dos Cheers, diz que oque motivou a criação do grupo foia vontade de entrosar as poucas

mulheres da engenharia. Além disso,ressalta: “Queremos estrear embreve, nos apresentando noEngenharíadas em Araxá”.

Apesar dos movimentos difíceis, oesporte é considerado democrático.Com dedicação e força de vontade,qualquer um consegue participar.Pessoas mais fortes, ou fora de forma,

podem ser base, enquanto um atletamais magro pode realizar asacrobacias, assim como alguém maisflexível fica responsável pelos saltos.O treinador e personal trainer do

grupo Cedrick Willian é bailarino eespecialista em ginástica artísticade formação. Ele ensina para osatletas desde movimentos simplesde dança, até acrobacias difíceis earriscadas . O treinamento acontecede duas a três vezes por semana noginásio G7, Campus EducaçãoFísica da UFU.Segundo Cedrick, a animação de

torcida é encantadora, por ser umamistura de música, dança e ginástica,em sincronia com acrobacias ecoreografia. Além disso, destaca que“existem pesquisas que afirmam quetimes com torcidas fortes vencemmais competições, e está é a funçãodos Cheerleaders”.Esporte exige esforço físico, coordenação e dedicação dos atletas

FOTO: Mariana Molina

Page 10: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

“Limitação é algo que a gente coloca na cabeça”EstherVaroto, graduada emmúsica pela UFU. Esclerose Múltipla. Conheceram-se emnovembro de 2008.

Com dois anos, começou a cantar.Aos três, compôs a primeira música.Como não sabia escrever, pediu à mãeque anotasse. Com cinco anos, já liapartitura ao tocar flauta doce. Gravouo primeiro CD nessa idade. Com 15,virou professora. Cursou oito anos deviolão, contrabaixo e guitarra noConservatório Estadual Cora PavanCapparelli, mas estudou sozinha para aprova de habilidade específica docurso de Música (Licenciatura emViolão Erudito) , ingressando no cursoem sétimo lugar, aos 19 anos.Um dia, após uma aula de canto na

UFU, na semana do seu casamento,Esther sentiu uma sensação estranhanos braços. Na manhã seguinte,acordou com metade do corpodormente. Não conseguia piscar o olhodireito e sentia tonturas e náuseas.Passou muito mal, por três meses,quando já estava casada. Os médicos,inicialmente, desacreditavam nodiagnóstico de Esclerose Múltipla. Eladesconfiava. E se preparou.Esther, que chora e em menos de

dez segundos enxuga as lágrimas, nãocancelou um dia de aula para seus alunos.Quando os movimentos da mãoesquerda, necessários para sua profissão,ficaram travados por dois meses, um dosalunos a consolou: "Enquanto vocêestiver falando, está bom, eu já aprendo".Antes de a Esclerose Múltipla manifestar-se, Esther pensava: “Eu sou jovem,aguenta corpo!” Sete meses depois dosprimeiros sintomas, e após passar por oito

médicos, o diagnóstico foi confirmado.Uma das primeiras coisas que fez, em

seguida, foi compor uma música emhomenagem aos portadores da doença. “Oque eu fiz os três primeiros anos depoisque eu descobri a Esclerose é o que euteria feito na minha vida toda se eu não ativesse descoberto”. Ela preparou aqualidade do seu futuro, mas viveu, e viveintensamente o presente. “Andei muito depatins. Se eu fosse pra cadeira de rodasamanhã, pelo menos iria lembrar asensação. Nadar, sentir seu corpo na água,como é importante! As pessoas deviampensar nisso”. Ela define a doença:“Esclerose Múltipla não é sinônimo deloucura. É uma doença rara e diferente queas pessoas deveriam conhecermais”.A jovem nunca perdeu o “bom humor

e a vontade de viver”. Nos inúmerosexames de ressonância magnética quefez, brincava com os sons do aparelhocomo se fossem notas musicais. Esther,que parece uma pessoa sem o diagnósticode uma doença degenerativa como aEsclerose Múltipla Surto-Remissão (verinfográfico) , reconhece: “É uma doençaque pode expor o portador a muitasdeficiências físicas, e muitas delasfelizmente podem ser revertidas com ouso de anti-inflamatórios potentes(corticosteróides)”.Esther adora passear no shopping,

fazer compras. Sempre acompanhadado seu grande amor, do seu apoio, ElkerTonini. Ele é o seu porto seguro. E se oassunto é ela, ele não hesita. “Ninguémderruba a Esther, é guerreira”. Ele pre-

tende curtir todos os momentos da vidajunto dela.A musicista fundou a Academia de

Música Varotonini em 2011 , dois anosantes de formar-se. Para o professor doCurso de Música da UFU AndréCampos, Esther é empreendedora ebatalhadora. Ela admite: "É fruto detudo que eu faço em minha vida, o queme move, me dá prazer, a música”.Esther é professora de canto, violão

popular e erudito, guitarra base e solo,contrabaixo, viola caipira, bateria e per-cussão, musicalização infantil, composi-ção, teoria e percepção musical, ediçãode partituras e preparação para habilida-de específica em violão erudito. Temcontrato como compositora com a Edi-tora Clube da Música, que é parceira daSony Music. Compôs, interpreta e pro-duz a trilha sonora da Novela Portal doCerrado. Objetivos futuros: Mestradoem Musicoterapia. Maior dedicação àcarreira solo. Expansão da Academia deMúsica Varotonini. “Esther pensa lá nafrente”, afirma a professora do curso deMúsica da UFU Sandra Alfonso.Uma mulher bem-sucedida? “Inti-

midade com Deus, prazer em viver eacreditar em mim”. Foi o que fez Estherser uma empresária de sucesso. O que aEsclerose Múltipla te ensinou, Esther?“Maturidade e paixão pela vida”. Qual aprimeira coisa que gostaria que alguémsoubesse sobre você? “Que eu curto avida”. Esther, o que é limitação para vo-cê? “Limitação é algo que a gente colo-ca na cabeça”.

Daniela Malagoli

PERFIL

Repórter

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ARTE: Leonardo Faria

Page 11: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

A banda norte-americana AlabamaShakes fez sua primeira apresentação emsolo brasileiro no dia 30 de março, nofestival Lollapalooza, em São Paulo.Considerados pela revista britânica NMEcomo “a melhor nova banda do mundo”,os quatro integrantes apresentaram asmúsicas do seu primeiro e aclamadoálbum "Boys & Girls".O grupo estourou em 2011 e tem

como fãs pesos-pesados da música comoAlex Turner, do Arctic Monkeys, JarvisCocker, do Pulp, Adele e Jack White,cantor que os carregou em sua últimaturnê, além de Paul Krugman, colunistado New York Times e vencedor doprêmio Nobel em 2008. Ouvindo o disco,é possível compreender tanto prestígio.A vocalista Brittany Howard, 23,

dona de uma voz potente, comparada aJanis Joplin, trouxe para o álbuminfluências da soul music, como OtisRedding e James Brown, do rock pesadocomo Led Zeppelin e de bandasmodernas como My Morning Jacket,

Radiohead e Drive-By Truckers. Abanda apresenta nas onze faixas quecompõem o disco, no meio de tantamistura, o soul em seu estado puro,autêntico e gritado.Na faixa de abertura, “Hold on”, o

guitarrista Heath Fogg traz à memória amelodia de “My girl”, dos Temptations,reforçando a idéia retrô. A letra sobre acrise existencial da cantora, o desesperocarregado na voz e o ótimo dedilhado deguitarra do refrão, imprimem de cara aidentidade da banda.Em “I found you”, torna-se nítido o

potencial instrumental da banda. Oteclado e a bateria constroem um refrãoexplosivo, mas é uma excelente paradinhapara um riffdo baixista Zac Cockrell, quedeixa toda a coisamais emocionante.Imprimindo uma aura rockeira, “Rise

to the sun” tem como destaque oselementos da bateria de Steve Johson.Marcada por um delicado riff de piano,“You ain’t alone”, uma power ballad,fecha a parte explosiva do álbum.“I ain’t the same”, devido aos vocais e

à melodia furiosa, lembra Jackson 5 emseu auge. Pra fechar o álbum, “On yourway” traz um solo de guitarra e a cantorapermite que os instrumentos de cordasganhem destaque. Alabama Shakesexpõe o que tem de melhor em "Boys &Girls" e nos mostra o motivo desse hypeno cenário musical.

Alabama Shakes

Para os amantes de fotografia, "Tudosobre fotografia" é um livro que reúne ahistória desta paixão, desde o seusurgimento até a atualidade. A obra,publicada no Brasil pela editoraSextante, tem 576 páginas cheias dehistória e, claro, fotografias. Tantofotógrafos aclamados, como Henry

Cartier-Bresson, quanto anônimos estãopresentes na obra. Cada tópico explorabem o assunto e detalha as imagens deforma extraordinária. É uma excelenteforma de conhecer um pouco mais sobrefotografia, sobre os processos pelos quaisela está passando e, ainda, estar pordentro das novidades desse universo.

Diga xis!Isabella Carvalho

Fernanda Young, que é conhecidapor suas prosas densas e envolventes,imerge em "Dores do amor romântico"(2005) na experiência de seu primeiro– e único – livro de poesias. Em meio àprimeira pessoa intensa, espontânea edireta, Fernanda deixa claro que emseu campo poético não existeengessamento de rigor técnico,possibilitando ao leitor provar talescrita aplicada à temática do livro: osamantes histéricos, o tédio dos casaiscômodos, a fúria dos abandonados e amelancolia dos platônicos. Tudo issocom pinceladas generosas de seuhumor ácido.

"Belos e eternos nada"Raissa Dantas

"Amor", de título original "Amour", éum filme de língua francesa dirigido porMichael Haneke que conta a históriaGeorges (Jean-Louis Trintignant) e Anne(Emmanuelle Riva), um casal de idososapaixonados por música clássica eliteratura. Eles vivem sozinhos eindependentes em uma bela casa em Paris,até que veem sua rotina mudarcompletamente com a chegada de umagrave doença degenerativa que acometeAnne. Aclamado pela crítica, Amor ganhouem 2013 o Oscar de Melhor FilmeEstrangeiro e levou também a Palma deOuro emCannes no ano passado.Como afirma a revista Bravo, "Amor"

retrata a doença de modo "terno efortemente emotivo sem, no entanto,querer amenizar a dureza da situação".O enredo do filme poderia ser dolorosoe pesado para o espectador, mas adireção de Michael Haneke deixou ahistória emocionante e sensibilizante,claro, deixando um pouco da dor, massem afugentar quem assiste à história."Amour" fez um retrato realista, sem

eufemismos e nada caricato da velhice, oque já era esperado de um diretor comoHaneke. Muito sério em seu trabalho esempre focado nas atitudes do ser

humano em condições extremas - comono filme "Violência gratuita" -, o diretoraustríaco jamais faria um filme água comaçúcar.Mas, talvez o maior destaque da

trama seja o belo trabalho do casalprotagonista, eles interpretaram comperfeição o relacionamento um com ooutro perante a dor e o desespero.Emmanuelle Riva, principalmente, nosfaz acreditar que realmente está doente,que não quer se alimentar, que temdificuldades pra falar e se movimentar.Um trabalho que mereceria, sim, aestatueta de melhor atriz - para a qual foiindicada mas não ganhou.O nome do filme não foi dado à toa,

ele retrata o que significa amar deverdade. Mostra que o amor vai além dedeclarações, flores e bombons. RicardoCalil, crítico da Folha de São Paulo,afirma com propriedade que o filme deprodução francesa "trata do mais nobre edecantado dos sentimentos sem cinismoou artificialidade". Mostra que osentimento é demonstrado emmomentos como esse. Mostra que amaré, acima de tudo, ser companheiro naadversidade. Fala sem firulas ousentimentalismo, um ótimo filme.

Amor em AmourLaura Máximo

FOTO: Raissa Dantas

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ARTE: Leonardo Faria

Isabel Gonçalves

FOTO: Divulgação

Page 12: Senso incomum 15 - abril/maio 2013

quando morar é um privilégio

"Minha casa ME ABRIGAMinha casa MINHA BRIGA."

Créditos:

Carlos Gabriel FerreiraIsley Borges

Luisa SalvianoRaissa Dantas

OCUPAR É UMA REGRA.!

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