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INFORME TÉCNICO INFLUENZA Área de Vigilância em Saúde Divisão de Vigilância Epidemiológica Abril 2018 INTRODUÇÃO A influenza (gripe) é uma infecção viral aguda, causada por vírus da família Ortomyxoviridae, que afeta o sistema respiratório, podendo ser responsável por epidemias sazonais, frequentemente associada ao aumento de taxas de hospitalização e óbito. O vírus é classificado em três sorotipos, A, B e C, sendo os subtipos A e B responsáveis por epidemias sazonais. Após a transmissão, que ocorre por meio de secreções das vias respiratórias da pessoa contaminada ao falar, tossir, espirrar ou pelas mãos ou a partir do contato com superfícies contaminadas com secreções respiratórias, o período para manifestação dos sintomas varia de um a quatro dias, com recuperação na maioria dos casos dentro de uma a duas semanas. Crianças, gestantes, puérperas, idosos e pessoas com doenças crônicas podem apresentar formas graves da doença, podendo levar ao óbito. DEFINIÇÕES Síndrome Gripal: Paciente com febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e ao menos um dos seguintes sintomas: cefaleia, mialgia ou artralgia, na ausência de outro diagnóstico específico. Em crianças menores de 2 anos, considera-se também como caso de síndrome gripal: febre de início súbito e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico. Síndrome Respiratória Aguda Grave: Indivíduo de qualquer idade, com síndrome gripal e que apresente dispneia ou os seguintes sinais de gravidade: Saturação de O2< 95% em ar ambiente; Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória avaliada de acordo com a idade. Piora nas condições clínicas de doença de base. Secretaria da Saúde

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INFORME TÉCNICO INFLUENZA

Área de Vigilância em Saúde

Divisão de Vigilância Epidemiológica

Abril 2018

INTRODUÇÃO

A influenza (gripe) é uma infecção viral aguda, causada por vírus da famíliaOrtomyxoviridae, que afeta o sistema respiratório, podendo ser responsável por epidemias sazonais,frequentemente associada ao aumento de taxas de hospitalização e óbito.

O vírus é classificado em três sorotipos, A, B e C, sendo os subtipos A e B responsáveis porepidemias sazonais.

Após a transmissão, que ocorre por meio de secreções das vias respiratórias da pessoacontaminada ao falar, tossir, espirrar ou pelas mãos ou a partir do contato com superfíciescontaminadas com secreções respiratórias, o período para manifestação dos sintomas varia de um aquatro dias, com recuperação na maioria dos casos dentro de uma a duas semanas.

Crianças, gestantes, puérperas, idosos e pessoas com doenças crônicas podem apresentarformas graves da doença, podendo levar ao óbito.

DEFINIÇÕES

Síndrome Gripal:

Paciente com febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor degarganta e ao menos um dos seguintes sintomas: cefaleia, mialgia ou artralgia, na ausência de outrodiagnóstico específico.

Em crianças menores de 2 anos, considera-se também como caso de síndrome gripal: febre deinício súbito e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outrodiagnóstico específico.

Síndrome Respiratória Aguda Grave:

Indivíduo de qualquer idade, com síndrome gripal e que apresente dispneia ou os seguintessinais de gravidade:

• Saturação de O2< 95% em ar ambiente;

• Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória avaliada de acordocom a idade.

• Piora nas condições clínicas de doença de base.

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• Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente.

OU

Indivíduo de qualquer idade com quadro de Insuficiência Respiratória Aguda, durante períodosazonal.

CASOS PARA NOTIFICAÇÃO

Devem ser notificados todos os casos que preencham critério de Síndrome respiratória agudagrave (SRAG) com início imediato do tratamento com oseltamivir. Nestes casos é indicado coleta deamostra para investigação de influenza.

COLETA DE AMOSTRAS

As amostras clínicas devem ser coletadas por swab nasal bilateral e de orofaringe, ecolocadas em meio de transporte (caldo comum) ou salina fisiológica estéril (NaCl 0,85%).Amostras por aspirados são obtidas principalmente em crianças menores de sete anos de idade.

Os materiais devem ser coletados, assepticamente, dentro dos cinco primeiros dias doaparecimento dos sintomas clínicos. Coletar as amostras e manter armazenadas de 2º a 8ºC por até72 horas, após esse período deverão ser congeladas para posterior transporte. Os hospitais devemmanter reserva de frascos para coleta de material, os quais serão fornecidos pela VigilânciaEpidemiológica.

MANEJO CLÍNICO

O uso de oseltamivir é indicado para todos os pacientes com SRAG e para pacientes comsintomas de síndrome gripal E que apresentem condições e fatores de risco para complicações:

• Grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as quetiveram aborto ou perda fetal).

• Adultos ≥ 60 anos.

• Crianças < 5 anos (sendo que o maior risco de hospitalização é em menores de 2 anos,especialmente as menores de 6 meses com maior taxa de mortalidade).

• População indígena aldeada.

• Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado de ácido acetilsalicílico (risco desíndrome de Reye).

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• Indivíduos que apresentem:

› Pneumopatias (incluindo asma).

› Pacientes com tuberculose de todas as formas (há evidências de maior

complicação e possibilidade de reativação).

› Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica).

› Nefropatias.

› Hepatopatias.

› Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme).

› Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus).

› Transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração (disfunção cognitiva, lesão medular, epilepsia, paralisia cerebral, síndrome de Down, acidente vascular encefálico – AVE ou doenças neuromusculares).

› Imunossupressão associada a medicamentos, neoplasias, HIV/aids ou outros.

› Obesidade (especialmente aqueles com índice de massa corporal – IMC ≥ 40 em adultos).

Estudos observacionais incluindo pacientes hospitalizados demonstraram maior benefícioclínico quando o fosfato de oseltamivir é iniciado até 48 horas do início dos sintomas. Entretanto,alguns estudos sugerem que o fosfato de oseltamivir pode ainda ser benéfico para pacienteshospitalizados se iniciado de quatro a cinco dias após o início do quadro clínico.

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DOSES DE OSELTAMIVIR PARA TRATAMENTO

Para o tratamento no periodo neonatal (tratamento durante 5 dias), recomenda-se:

• recém-nascido pré-termo: 1mg/kg/dose, de 12 em 12 horas até 38 semanas de idade;

• recém-nascidos entre 38 a 40 semanas de idade: 1,5mg/kg/dose, de 12 em12 horas;

• recém-nascidos com mais de 40 semanas de idade: 3mg/kg/dose, de 12 em 12 horas.

DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTO

O oseltamivir é medicação de dispensação em serviço público de saúde. Em nosso municípioencontra-se disponível em todas as unidades de Pronto Atendimento da rede SUS e em todas asunidades básicas de saúde. O paciente poderá retirar a medicação ao apresentar a receita médicasimples, que deverá ser emitida em duas vias, sendo que uma delas ficará retida na farmácia. Emanexo, modelo de prescrição.

MEDIDAS PREVENTIVAS

Precaução padrão:

A implementação da precaução padrão constitui a principal medida de prevenção datransmissão entre pacientes e profissionais de saúde e deve ser adotada no cuidado de todos ospacientes, independentemente dos fatores de risco ou doença de base.

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Precauções para gotículas:

Além da precaução padrão, devem ser implantadas as precauções para gotículas, que devemser utilizadas para pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por influenza. Recomenda-se:

• Uso de máscara cirúrgica ao entrar no quarto, a menos de 1 metro do paciente – substituí-la a

cada contato com o paciente.

• Higienização das mãos antes e depois de cada contato com o paciente (água e sabão ou álcool

gel).

• Uso de máscara cirúrgica no paciente durante transporte.

• Limitar procedimentos indutores de aerossóis (intubação, sucção, nebulização).

• Uso de dispositivos de sucção fechados.

• Manter paciente preferencialmente em quarto privativo.

• Quando em enfermaria, respeitar a distância mínima de 1 metro entre os leitos durante o

tratamento com fosfato de oseltamivir.

Situações em que haja geração de aerossóis:

No caso de procedimentos que gerem aerossóis – partículas < 5 µm, que podem ficar suspensas no arpor longos períodos (exemplo: intubação, sucção, nebulização), recomenda-se uso Uso deEquipamentos de Proteção Individual (EPI) – avental e luvas, óculos e máscara [respirador] tipo N95,N99, PFF2 ou PFF3 – pelo profissional de saúde durante o procedimento de assistência ao paciente.

QUIMIOPROFILAXIA

A quimioprofilaxia indiscriminada NÃO é recomendável, pois pode promover o aparecimentode resistência viral. A quimioprofilaxia com antiviral não é recomendada se o período após a últimaexposição a uma pessoa com infecção pelo vírus for maior que 48 horas.

Indicações de quimioprofilaxia:

• Pessoas com risco elevado de complicações não vacinadas ou vacinadas há menos de duassemanas, após exposição a caso suspeito ou confirmado de influenza..

• Crianças com menos de 9 anos de idade, primovacinadas, necessitam de segunda dose davacina com intervalo de um mês para serem consideradas vacinadas. Aquelas com condiçõesou fatores de risco, que foram expostas a caso suspeito ou confirmado no intervalo entre aprimeira e a segunda dose ou com menos de duas semanas após a segunda dose, deverãoreceber quimioprofilaxia se tiverem comorbidades.

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• Pessoas com graves deficiências imunológicas (exemplos: pessoas que usam medicamentos

imunossupressores; pessoas com aids com imunodepressão avançada) ou outros fatores quepossam interferir na resposta à vacinação contra a influenza, após contato com pessoa cominfecção.

• Trabalhadores de saúde, não vacinados ou vacinados a menos de 15 dias, e que estiveramenvolvidos na realização de procedimentos invasivos geradores de aerossóis ou namanipulação de secreções de caso suspeito ou confirmado de influenza sem o uso adequadode EPI.

• Residentes de alto risco em instituições fechadas e hospitais de longa permanência, durantesurtos na instituição.

Dose recomendada para profilaxia:

VACINAÇÃO

Em 2018, o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral do Programa Nacional deImunizações (CGPNI), do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, da Secretaria deVigilância em Saúde, lança a 20ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, no períodode 23 de abril a 01 de junho de 2017, sendo 12 de maio, o dia de mobilização nacional.

Na campanha de 2018, a vacina de influenza está indicada aos grupos prioritários abaixo:

• Crianças de seis meses a menores de cinco anos

• Gestantes

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• Puérperas: todas as mulheres no período até 45 dias após o parto estão incluídas no grupoalvo de vacinação.

• Trabalhador de Saúde: todos os trabalhadores de saúde dos serviços públicos e privados, nosdiferentes níveis de complexidade.

• Povos indígenas.

• Indivíduos com 60 anos ou mais de idade.

• Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas.

• População privada de liberdade e funcionários do sistema prisional.

• Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas

especiais independe da idade. Mantém-se a necessidade de prescrição médica especificando omotivo da indicação da vacina, que deverá ser apresentada no ato da vacinação.

• Professores das escolas públicas e privadas do ensino básico e superior.

Composição da vacina:

Segundo recomendação da OMS para a temporada de 2018 do hemisfério sul, cada dose da vacinainfluenza, contém cepas do vírus Myxovirus influenzae inativados, fragmentados e purificados,correspondente aos antígenos hemaglutinina (HA):

• A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09

• A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 (H3N2)

• B/Phuket/3073/2013

REFERÊNCIAS:

• Protocolo de Tratamento de Influenza, 2015. Ministério da Saúde.

• Protocolo Laboratorial para a coleta de amostras biológicas para investigação de vírusrespiratórios. IAL, 2014.

• Informe Técnico- 20ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, Ministério daSaúde, abril de 2018.

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