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RISK ANALYSIS AND INTERNATIONAL AFFAIRS

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RISK ANALYSIS AND INTERNATIONAL AFFAIRS

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Coordenação geral Prof. Dr. Rodrigo Cintra (Coordenador Relações Internacionais)

Direção editorial e texto Profa. Dra. Denilde Holzhacker (RAIA-ESPM)

Pesquisadores Prof. Dr. Gunther Rudzit Prof. Dr. Raphael Videira Profa. Dra. Raquel Rocha Prof. Dr. Rodolpho Barnabel

RevisãoVia de Acerto

Direção de arteMarcio Penna

EXPEDIENTE

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RAIA-ESPM2018

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É verdade que o mundo em geral está bem mais complexo e competitivo do que em 1951, quando a ESPM foi fundada. Mas o ideal de nossos fundadores continua sendo o nosso lastro e suas lições continuam sendo o nosso norte.

A ESPM foi criada com um objetivo claro: desenvolver a publicidade e o marketing no Brasil, produzindo conhecimento e entregando ao mercado talentos bem pre-parados. Nunca fomos motivados por lucro, nem pela ambição de fazer a maior escola do mundo. Mas queremos ser a melhor. Em todos os nossos atuais e mais amplos campos de atuação. E queremos fazer isso para sempre.

Excelência e perenidade. Não é pouca coisa. Mas nós somos a ESPM.

Nossos compromissos com os estudantes e suas famílias, com o mercado, com a sociedade e com o Brasil só crescem. Ganham mais volume a cada turma que entregamos e a cada turma que recebemos. E, nestes tempos de revolu-cionária transformação, o mercado espera de nós que apontemos o caminho.

O Relatório Risco para Negócios Internacionais é mais um passo da ESPM para contribuir com a inserção das empresas brasileiras no exterior.

Nos 12 anos de existência, o curso de Relações Internacionais mostra seu ca-ráter inovador e alinhado às dinâmicas do mercado global, produzindo ferra-mentas atuais e importantíssimas para o desenvolvimento do Brasil.

Mantemos o nosso compromisso. Excelência e perenidade.

DALTON PASTORED I R E TO R - P R ES I D E N T E ES PM

EXCELÊNCIA E PERENIDADE

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DIPLOMACIA CORPORATIVA E OS RISCOS NOS NEGÓCIOS

Com uma realidade cada vez mais pautada pela lógica da competição in-ternacional e de novas demandas para as empresas, a ESPM foi pioneira na formação de um novo perfil profissional, de caráter multidisciplinar e pre-parado para atuar em vários contextos políticos, econômicos e culturais: o diplomata corporativo.

Ao longo dos últimos 12 anos, o curso promove o desenvolvimento de um conjunto de ações e de projetos direcionados a algumas competências es-pecíficas e que são inerentes e imprescindíveis ao exercício da diplomacia corporativa.

Estudantes e professores desenvolvem modelos de estratégias de interna-cionalização, técnicas de diálogo entre governos e empresas, comunicação e relacionamento com investidores externos.

Nosso objetivo é sempre estar à frente das necessidades da sociedade e em-presas brasileiras, antecipando riscos e desafios em um mundo de incertezas.

Continuando com o perfil inovador que sempre marcou a ESPM e o curso de Relações Internacionais, lançamos este relatório que apresenta o Índice de Risco para Negócios Internacionais. Uma nova ferramenta e metodologia para as empresas navegarem neste ambiente em constante mudança.

Mantemos o nosso compromisso com a excelência, a inovação e a formação atenta às demandas da sociedade e empresas brasileiras.

RODRIGO CINTRACO O R D E N A D O R D O C U RSO D E

R E L AÇÕ ES I N T E R N AC I O N A I S

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SOBRE RISK ANALYSIS AND INTERNATIONAL AFFAIRS (RAIA)

As instabilidades política, econômica e social presentes no mundo atual estimularam estudantes e professores do curso de Relações Internacionais a desenvolver metodo-logias de análise de riscos globais. Assim, em 2016, o curso de Relações Internacionais da ESPM criou o Risk Analysis and International Affairs.

O Risk Analysis and International Affairs é o laboratório de análise de risco da ESPM. O RAIA-ESPM produz índices de risco político e econômico, planejamento de cená-rios e análises de conjuntura internacional. Além de acompanhar o estado da arte na área, os analistas do RAIA-ESPM também desenvolvem metodologias próprias que somente uma equipe multidisciplinar de pesquisadores com formação avançada pode fazer. Além da produção de conhecimento e de novas metodologias, o RAIA-ESPM atua em parceria com empresas de diversos setores, sobretudo os de indústria, ser-viços e tecnologia.

O RAIA-ESPM tem entre seus objetivos: elaborar análises sobre conjuntura interna-cional e identificar fatores de tendências internacionais que impactam nas decisões de negócios; mapear riscos globais nos âmbitos políticos, econômicos, regulatórios e sociais que afetam as decisões de negócios nacionais e internacionais; elaborar cenários sobre temas da agenda global; produzir indicadores e índices políticos e econômicos; bem como organizar seminários, fóruns e workshops sobre conjuntura internacional e agenda global.

Pretende, dessa forma, fornecer informações valiosas para tomadores de decisão a respeito dos riscos e oportunidades de investimentos no Brasil e no exterior, prestan-do um serviço de alto valor agregado para o planejamento estratégico de empresas e setores econômicos.

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PESQUISADORES• Profa. Dra. Denilde Holzhacker (coordenação)Doutora em Ciência Política pela USP (2006). Professora no curso de Relações Internacionais da ESPM-SP. Foi professora visitante na Bentley University (EUA) (2007-2008). Participou do Global Fellow Program (2007-2009) do Institute for Higher Education (EUA). Foi coordenadora do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco (2012-2013). Desde 1994 integra a equipe de pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da USP. Integra como pesquisadora o Centro de Estudos e Pesqui-sas sobre Diplomacia Corporativa–ESPM. • Prof. Dr. Gunther RudzitDoutor em Ciência Política pela USP (2003). Mestre em Natio-nal Security pela Georgetown University. Mestre em Geografia Humana pela USP. Foi coordenador dos cursos de Relações In-ternacionais da FAAP (2005-2013) e das Faculdades Integradas Rio Branco (2013-2017). Foi diretor da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) para os biênios 2010-11 e 2012-13. Foi assessor do Ministro da Defesa nos anos de 2001 e 2002. Tra-balhou como pesquisador no Núcleo de Análise Interdisciplinar de Política e Estratégia (NAIPPE/USP) por mais de dez anos.

• Profa. Dra. Raquel RochaDoutora em Relações Internacionais pela USP (2017). Mestra em Estudos Internacionais (Manutenção da Paz Internacional) pela Universidade de Birmingham, Reino Unido. Professora no curso de Relações Internacionais da ESPM–SP. Integra como pesquisadora o Centro de Estudos e Pesquisas sobre Diplomacia Corporativa – ESPM.

• Prof. Dr. Raphael VideiraDoutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (2010). Mestre em Economia pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. Professor no curso de Relações Internacionais da ESPM--SP. Integra como pesquisador o Centro de Estudos e Pesquisas sobre Diplomacia Corporativa – ESPM. • Prof. Dr. Rodolpho BernabelDoutor em Ciência Política pela New York University (2017). Pro-fessor no curso de Relações Internacionais da ESPM-SP. Profes-sor no curso de Relações Internacionais da USP. Pesquisador do Centro de Estudo das Negociações Internacionais da USP. Integra como pesquisador o Centro de Estudos e Pesquisas sobre Diplo-macia Corporativa – ESPM.

Analistas Juniores 2018/1Anna Clara Vianna de AlmeidaAna Luisa Capparelli GranadoChayenne Silva ValentiniJúlia LousaMarcelo Micalli Corrêa de Oliveira SantosRafael Martins da Silva Analistas Juniores 2017Alexandre GalassiAna Carolina Prado SilvaAnna Clara Vianna de AlmeidaBeatriz NakamuraDeborah Carvalho HommaLeonardo MoscatelliMaria Antonia Santiago Pinho da SilvaMariana Possari LibrelottoMiguel Al Behy Kanaan CoelhoNatalia Marotta Reis RosaRafael Martins da SilvaRafaela Del Negro P. SnieskoThomaz Viegas

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INTRODUÇÃO 9

1.NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, INCERTEZAS E RISCOS GLOBAIS 10Maior protecionismo e governos nacionalistas: o que esperar do futuro? 10O comércio internacional e a crise do multilateralismo 13Segurança internacional e terrorismo: antigas e novas ameaças para os negócios 14Doméstico versus internacional – ameaças da segurança 15O crescente fluxo de pessoas como ameaça ou oportunidade de mão de obra? 18Tecnologia – As profundas transformações da Revolução Industrial 4.0 20Automação 20Criptomoedas 21Segurança Cibernética 22

2. ÍNDICE RISCO PARA NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 23Metodologia – Riscos para negócios internacionais 24Riscos políticos – Quando a política impacta os negócios 26Riscos de segurança – Quando a segurança internacional, o terrorismo e a segurança pública impactam os negócios 28Riscos de economia – Ambiente macroeconômico doméstico e setor externo 30Os efeitos dos riscos climáticos nos negócios 32Os riscos para os negócios por país 33Quando e como usar o índice ESPM-IRNI 38

3. RISCO PAÍS EM INVESTIMENTOS INTERNACIONAIS 39

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

Hoje, passamos por um período convulsio-nado, com forças globalizantes muito for-tes em termos sociais e econômicos, como também, forças nacionalistas reagindo em ambas as áreas e que têm direta ou indire-tamente impactos nos negócios.

Neste cenário temos crescentes demandas e pressões competitivas que levam as empresas a explorar as oportunidades apresentadas no am-biente internacional. Em geral, as empresas ope-raram no âmbito de uma Cadeia Global de Valor (CGV), que requer um fluxo coordenado de infor-mações, serviços e mercadorias além das frontei-ras nacionais. Otimizar os lucros e obter menores custos de aquisição, montagem, fabricação e co-mercialização são distintos em cada país. Dessa forma, as empresas ficam expostas às incertezas nas suas operações tanto no nível tático, quanto nos níveis operacional e estratégico.

As instabilidades globais colocam novos desafios para a gestão dos riscos, que já não se limitam aos aspectos operacionais e táticos dos negócios, sendo que a realidade exige, cada vez mais, uma visão abrangente e sistêmica dos impactos de fa-tores globais na agenda de negócios. A análise dos riscos, considerando seus impactos na cadeia de valor, é importante para prever eventuais prejuízos para os negócios. Torna-se, neste contexto, essen-cial a construção de ferramentas que ofereçam uma visão abrangente e sistêmica da realidade internacional e de importantes países.

Com o intuito de oferecer uma ferramenta eficaz para o entendimento sobre os riscos que impac-tam negócios, nossa equipe de pesquisadores elaborou o Índice de Risco para Negócios Interna-cionais da ESPM (ESPM-IRNI).

O Índice de Risco para Negócios Internacionais (ESPM-IRNI) agrega informações sobre a situ-ação de 47 países nas dimensões políticas, ma-croeconômicas, segurança, regulatórias e am-bientais. Além de apresentar o quadro interno de cada país, o ESPM-IRNI também permite a análise comparativa dos países. Diferentemente de outras ferramentas que mensuram o risco, o ESPM-IRNI busca agregar um conjunto amplo de informações, estatísticas e dados sobre a realida-de complexa dos países.

Os estudos sobre análise de risco, em geral, ba-seiam-se em dados qualitativos e, muitas vezes, em opiniões e percepções sobre a realidade em um país. Por ser um instrumento consolidado nos estudos sobre risco, poucos avançaram na construção de índices baseados em informações quantitativas. O ESPM-IRNI busca preencher essa lacuna e, a partir da coleta de mais de 50 variáveis, apresenta um quadro dos riscos que afetam os negócios em diferentes países. Com isso, pretende-se contribuir para um maior co-nhecimento das empresas no seu processo de expansão nos negócios internacionais.

Este relatório está organizado da seguinte forma: na primeira parte é feita uma análise das tendên-cias e riscos atuais na esfera global. Nesta parte são apresentados os principais pontos que afetam a dinâmica internacional e seus desdobramentos para os negócios. A segunda parte do relatório apresenta os riscos a partir da análise do ESPM--IRNI e a posição dos países. A terceira parte apre-senta a relação entre risco e investimento direto, que foi elaborado pelo Prof. Dr. Frederico Turolla do Programa de Mestrado e Doutorado em Gestão Internacional da ESPM (PMDGI).

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1. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, INCERTEZAS E RISCOS GLOBAIS

O mundo passa por uma nova fase de transformações e turbulências políti-cas, sociais e econômicas. Os ideais de democracia, direitos humanos e livre comércio que, desde os anos 1990, ga-nharam maior aceitação, atualmente sofrem contestações nas sociedades e criam desafios tanto aos governos, quanto para o setor privado.

Há outros fatores que reforçam essas tendên-cias, como a alteração de valores advinda de uma mudança geracional, novas tecnologias que impactam nas estruturas sociais, assim co-mo nos processos de organização das cadeias globais de valor (CGV). Em praticamente todos os países há uma nova geração que questiona alguns dos princípios estabelecidos em suas sociedades, sejam elas democráticas ou não. A disseminação da combinação internet/celular/redes sociais faz com que a capacidade de mo-bilização das pessoas se torne quase que ime-diata, levando ao questionamento não só das políticas governamentais, como também das práticas produtivas e comerciais de empresas.

As disputas entre forças conservadoras e libe-rais, entre posições liberalizantes e protecionis-tas ou democráticas e autoritárias mostram que as coalizões nem sempre são óbvias ou aque-las que esperamos a priori. Existem países cujo regime político interno é autoritário, mas que buscam um relacionamento de maior integra-ção com o mundo exterior. Por outro lado, exis-tem democracias já bem estabelecidas que se

encontram numa fase de retração com relação aos outros países. Assim, fatores políticos, eco-nômicos, culturais, ambientais e de segurança exercem influências complexas que exige moni-toramento e análise.

MAIOR PROTECIONISMO E GOVERNOS NACIONALISTAS: O QUE ESPERAR DO FUTURO?A eleição de Donald Trump, em 2016, e a deci-são da saída do Reino Unido da União Europeia, conhecido como Brexit, evidenciaram uma con-junção entre visões de cunho nacionalistas e de ressentimentos antiglobalização que, em 2017 e 2018, se ampliaram nos debates eleitorais em diversos países europeus, como França, Itália e Alemanha.

Como consequência da ascensão de movimen-tos políticos antiglobalização nos países, uma temática crescente na pauta da agenda eco-nômica é o protecionismo. Este conceito está relacionado à imposição de barreiras ao co-mércio, sejam elas tarifárias (como tarifas de importação) e não tarifárias (como barreiras sanitárias e fitossanitárias, procedimentos alfandegários, entre outras). Segundo dados do Global Trade Alert (2017), a utilização de ins-trumentos de políticas comerciais foi, em sua maioria, contrária ao aumento do comércio, em uma proporção de 30% de políticas positivas ao aumento do fluxo comercial e 70% na direção contrária. O gráfico a seguir representa as prin-cipais barreiras e os principais drivers relativos à política comercial.

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O protecionismo é reflexo das ondas conserva-doras que emergem no âmbito doméstico e que, consequentemente, acabam por delinear novos rumos nas negociações entre os países e os blo-cos econômicos. Além do Brexit, outro movimento que ilustra essa tendência foi a saída dos Estados Unidos do Acor-do Transpacífico (TPP). O risco de futuras rupturas de acordos ou blocos econômicos não pode ser descartado em futuro não muito distante.

O reflexo dessas políticas protecionistas pode desencadear eventos em que tratativas multi-laterais sejam preteridas por acordos bilaterais, tal como ocorreu no caso norte-americano com o aço. Essa sinalização pode levar com que paí-ses que sofreram sanções comerciais também pratiquem a retaliação (seja por tarifas, seja por investimentos), o que ocasionaria uma perda para a economia global. Iniciativas como essa sugerem a tendência de negociar com grupos menores de países, ou mesmo de forma isolada,

P O L Í T I C A S DA N OSA S AO COMÉRC I O I N T ERN AC I O N A L %

2011–2016

P O L Í T I C A S L I B ER A L IZ A N T ES AO COMÉRC I O I N T ERN AC I O N A L %

2011–2016

F O N T E : W TO (2 016 )

TARIFAS DE IMPORTAÇÃO

TARIFAS DE IMPORTAÇÃO

26,5%

69,6%

7,5% 4,2%4,8% 4,1%9,8%

10,3%

18,2%

6,7% 6,6%

31,7%

MEDIDAS ANTIDUMPING

QUOTAS TARIFAS DE

IMPORTAÇÃO

SUBSÍDIO FINANCEIRO

QUOTAS DE IMPORTAÇÃO

EMPRÉSTIMO ESTATAL

TAXAÇÃO INTERNA DE

IMPORTADOS

CONTRATOS PÚBLICOS

IMPORTAÇÃO MEDIDAS

NÃO-TARIFÁRIAS

OUTROS

OUTROS

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fato este que se apresenta de forma contrária à globalização preconizada na década de 1990. Os países que concentram sua produção e, con-sequentemente, suas exportações, em produtos

primários, tais como as commodities agrícolas ou minerais são os países que mais sofrerão com uma redução do crescimento global. Ao analisarmos o caso dos países da América Latina é perceptível que tais países são sensíveis a tais produtos.

Os países emergentes, especialmente os sul-ame-ricanos, sofreram nos últimos anos com a queda no preço das commodities, o que prejudicou o crescimento de tais economias no ano de 2016, em que a região apresentou uma retração no produto de aproximadamente -2,5% (FMI, 2018). O cenário em 2017 foi positivo para tais países pela recu-peração no preço dos produtos exportados, que propiciou um crescimento médio para a região de aproximadamente 1,7% (FMI, 2018). Com o cenário de estagnação econômica até o ano de 2016, e o evidente desestímulo para o in-vestimento do setor privado na economia, a par-ticipação do governo cresceu nesses países, o que se traduziu em um cenário de endividamento crescente dos mesmos. A média do endividamen-to bruto dos países latino-americanos passou de 48% do PIB em 2011 para 59% em 2017 (FMI, 2018).

1. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS , INCERTEZ AS E R ISCOS GLOBAIS

PA RT I C I PAÇ ÃO DA S C AT E G O R I A S D E PRO D U TOS N O TOTA L

DA S E X P O RTAÇÕ ES – % DA S E X P O RTAÇÕ ES

E N D I V I DA M E N TO B R U TO D O S PA Í S ES L AT I N O - A M E R I C A N O S – % D O P I B

F O N T E : W TO (2 016 )

Países Produtos agrícolas CombustíveisArgentina 60 5

Bolívia 17 74

Brasil 41 19Chile 31 54

Colômbia 19 54

Equador 51 37

Paraguai 63 26

Peru 22 43

Uruguai 74 0,5

Venezuela 0,3 94

F O N T E : FM I (2 018 )

■ P E R C E N T U A L D E E N D I V I D A M E N TO E M R E L A Ç Ã O A O P I B■ TOTA L D O P I B

2011 2017

5948

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Segundo dados do FMI (2018), as projeções de crescimento da economia mundial para 2018 e 2019 são otimistas (3,7% e 3,6%, respectivamen-te), e conjugados ao crescimento da economia mundial encontram-se os fluxos comerciais que funcionam como um importante indutor para o crescimento dos países emergentes, que depen-dem de exportações de commodities para movi-mentar a sua economia. Caso ocorra um acirra-mento das medidas protecionistas, a tendência é que o crescimento dos países emergentes possa ser afetado de forma significativa.

Além disso, o elevado grau de endividamento dos países emergentes e a sua necessidade imperativa de reformas estruturais, especialmente relaciona-das ao lado fiscal, também deve afetar de forma im-portante o crescimento dos países, visto que em um panorama de liquidez abundante, o endividamento

se torna mais atrativo. Porém, com uma contração nos fluxos de capital, o impacto seria importante e negativo tanto nas taxas de juros, como na desva-lorização cambial que atingiria tais países. As consequências de tais impactos não ficariam restritas apenas ao endividamento público e à queda do fluxo de comércio por parte das medi-das protecionistas. O setor privado também seria impactado com a redução dos investimentos na produção, o que ocasionaria uma redução da pro-dução e comercialização de commodities e que traria um impacto negativo para a cadeia global de valor em diversos níveis de produto. Uma con-sequência social do ponto de vista doméstico, com o aumento do desemprego em setores asso-ciados diretamente à produção de commodities, o que potencializaria ainda mais o efeito negativo sobre o produto de tais países.

A gestão da ordem internacional ficou mais com-plexa, colocando em xeque o papel dos organis-mos multilaterais estabelecidos no período pós--Segunda Guerra Mundial. Após a crise de 2008, a capacidade do Grupo das Sete Maiores Econo-mias (G-7) gerir a economia mundial ficou eviden-te. A fim de salvar algumas economias maduras, o Fundo Monetário Internacional (FMI) precisou de vultoso aporte de recursos advindo justamente dos países em desenvolvimento, que em troca exigiam maior participação nas decisões desse organismo, que ficou explícito pela ação con-centrada de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul em formar o BRICS. Nem mesmo o grupo das vinte maiores economias do mundo (G20) não tem conseguido tomar decisões efetivas a fim de solucionar os problemas financeiros e comerciais que estão latentes.

Mesmo com dificuldades em diminuir as dife-renças entre seus membros, os países do BRICS questionam o papel do FMI e do Banco Mundial. Eles têm feito isso por meio do Novo Banco de Desenvolvimento, pois neste os interesses fi-nanceiros falam mais alto – mas ainda não es-tá clara a real efetividade do Banco ou mesmo quais são as regras aplicadas aos programas de financiamento – focados em projetos de in-fraestrutura.

Já a Organização Mundial do Comércio (OMC) sofre as maiores ameaças ao seu funcionamento. Os impasses da Rodada Doha que se arrasta des-de 2001 e o avanço do populismo nas economias maduras, fazem com que a organização corra sérios riscos de ser relegada a segundo plano, dando lugar para acordos bilaterais ou regionais.

O COMÉRCIO INTERNACIONAL E A CRISE DO MULTILATERALISMO

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Com o fim da Guerra Fria a tendência de diminuição das guerras se acentuou, mas, por outro lado, outras ameaças que não eram percebidas como de alto risco para os negócios ganharam nova dimensão.

As regiões nas quais as ameaças tradicionais persistem com iminência de conflitos são Orien-te Médio e Leste da Ásia, sendo que o Sudeste da Ásia e o Leste Europeu passaram a ser considera-das como de risco maior que no passado recente para eclodir alguma forma de conflito.

No Oriente Médio o Irã, um mercado atraente para vários produtos brasileiros, é um exemplo de risco associado às ameaças tradicionais. Com a mudança no governo norte-americano e a possível reversão do acordo multilateral em relação ao programa nuclear, assim como a cres-cente tensão com a Arábia Saudita e Israel, a possibilidade de uma nova guerra na região vol-tou a ganhar peso. Tal evento, apesar de baixa probabilidade, causaria grandes impactos eco-nômicos e sociais não só nesses países como na região como um todo. Ele ainda traria profundos impactos em escala global, uma vez que rompe-ria a produção em dois dos maiores produtores de petróleo do mundo, trazendo de volta o es-pectro de mais um choque do petróleo e todos os impactos econômicos advindos. Já do ponto de vista das ameaças não tradicionais, o terrorismo ganhou destaque. Apesar de não re-presentar mais a possibilidade de grandes ruptu-ras em infraestrutura, os ataques passaram a ser de menor magnitude, mas em maior quantidade, como ficou claro em relação à França e a vários países do Oriente Médio, como o Iraque. Assim, o risco de interrupção de produção ou distribuição

de mercadorias diminuiu, mas, por outro lado, a possibilidade de ocidentais serem alvo de atenta-dos cresceu, e não só em regiões notórias como o Oriente Médio, Sul da Ásia e Sudeste Asiático, mas em alguns países desenvolvidos, em especial na França. Assim, medidas para prevenção e redução destes incidentes têm que ser consideradas como prementes a fim de garantir a integridade de repre-sentantes de empresas que atuem nessas regiões.

1. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS , INCERTEZ AS E R ISCOS GLOBAIS

SEGURANÇA INTERNACIONAL E TERRORISMO: ANTIGAS E NOVAS AMEAÇAS PARA OS NEGÓCIOS

Países 2015 2016Argélia 16 9

Angola 0 2

Argentina 1 2

Bangladesh 469 88

Brasil 5 1

Canadá 5 6

Chile 1 17

China 17 5

Colômbia 135 85

Equador 1 2

Egito 582 365

França 36 26

Alemanha 64 41

Hungria 1 1

Índia 882 1020

Indonésia 29 19

Irã 9 10

Iraque 2743 3356

N ÚMERO D E I N C I D EN T ES T ERRO R ISTA S (2015 E 2016)

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Países 2015 2016Itália 5 11

Japão 10 1

Casaquistão 0 3

Kuwait 1 2

Malásia 5 19

México 19 5

Marrocos 1 0

Nigéria 637 531

Paquistão 1239 861

Paraguai 19 15

Peru 10 3

Filipinas 721 633

Polônia 0 2

F O N T E : S TA R T (2 017 )

Países 2015 2016Catar 1 0

Rússia 21 54

Arábia Saudita 103 124

África do Sul 5 27

Sudão 158 173

Tailândia 277 329

Turquia 421 540

Reino Unido 114 104

Ucrânia 637 60

Emirados Árabes Unidos 0 0

Uruguai 0 1

Estados Unidos 39 61

Venezuela 3 6

A busca por soluções multilaterais para contro-vérsias e contenciosos baseados na democracia e nos direitos humanos impactou também temas de segurança. A tendência é de declínio em con-flitos diretos entre países e aumento de conflitos internos, ou seja, conflitos civis, violência polí-tica e terrorismo – altamente influenciados por questões de autodeterminação, religião e desi-gualdades econômicas. Esses conflitos sofreram queda até 2014, com a incidência dos conflitos da Síria e Ucrânia. Dessa forma, é evidente que os temas mais latentes da agenda da segurança são terrorismo, violência política e conflitos internos – fatores que impactam diretamente o dia a dia da atividade econômica de qualquer país.

Outro fator advindo da diminuição dos confli-tos tradicionais foi a ascensão de ameaças não tradicionais no âmbito da segurança nacional e internacional – principalmente de atores não estatais. O narcotráfico ganhou destaque após o fim da Guerra Fria, levando alguns países prati-camente ao colapso devido à sua capacidade de influência nas atividades econômicas e políticas do Estado – trazendo instabilidade generalizada.

Hoje, a violência associada a esse tipo de crime ganhou força, especialmente nas Américas, em particular, no Brasil. Tal instabilidade faz com que diversas empresas deixem de se instalar em cidades que estão tomadas pelo poder do

DOMÉSTICO VERSUS INTERNACIONAL – AMEAÇAS DA SEGURANÇA

N ÚMERO D E I N C I D EN T ES T ERRO R ISTA S (2015 E 2016)

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tráfico, como é o caso de San Salvador, Caracas e Rio de Janeiro.

Já o terrorismo passou a ser uma questão cen-tral após os atentados de 2001 nos Estados Uni-dos, mas com o advento do autodenominado Estado Islâmico acaba ganhando ainda mais destaque pelo grau de extremismo de ação e uso das redes sociais na propagação do medo. O terrorismo gera incertezas, diminui a confiança dos países que são vistos como “porto-seguro” para células terroristas e àqueles que sofrem atentados – ao escancarar as suas fragilidades institucionais, além de aumentar a volatilidade de bolsas de valores.

O que estamos vendo é a volatilidade das frontei-ras, onde vulnerabilidades domésticas se tornam incertezas internacionais e vice-versa, fato que

é agravado com a piora generalizada da questão da segurança pública. Mais uma vez, na América Latina em especial, a violência vem ganhando uma dimensão quase igual a países que estão em guerra civil. Das cinquenta cidades mais vio-lentas, mensurado pelo número de mortes a ca-da cem mil habitantes, oito não estão na região. Dessa forma, roubos de cargas e sequestros, por exemplo, podem ser riscos altos para um ambien-te de negócios. Mas, vale ressaltar que conforme as fronteiras se tornam cada vez mais frágeis e os fluxos de pessoas entre os Estados cada vez mais intensos, essas ameaças também se tornam mais latentes. Essa volatilidade das fronteiras gera maiores incertezas e riscos para atividades eco-nômicas, principalmente para aquelas que tra-balharam com modais variados de logística, pois acabam se expondo mais a esses riscos. Logo, quanto mais inseguro o país, menos atrativo será.

1. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS , INCERTEZ AS E R ISCOS GLOBAIS

Posição Cidade País Taxa (a cada mil habitantes)

1 Los Cabos México 111,33

2 Caracas Venezuela 111,19

3 Acapulco México 106,63

4 Natal Brasil 102,56

5 Tijuana México 100,77

6 La Paz México 84,79

7 Fortaleza Brasil 83,48

8 Victoria México 83,32

9 Guayana Venezuela 80,28

10 Belém Brasil 71,38

11 Vitória da Conquista Brasil 70,26

12 Culiacán México 70,10

13 St. Louis Estados Unidos 65,83

14 Maceió Brasil 63,94

15 Cape Town África do Sul 62,25

16 Kingston Jamaica 59,71

17 San Salvador El Salvador 59,06

A S 5 0 C I DA D ES M A IS V I O L EN TA S EM 2017

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Posição Cidade País Taxa (a cada mil habitantes)

18 Aracaju Brasil 58,88

19 Feira de Santana Brasil 58,81

20 Juárez México 56,16

21 Baltimore Estados Unidos 55,48

22 Recife Brasil 54,96

23 Maturín Venezuela 54,43

24 Guatemala Guatemala 53,49

25 Salvador Brasil 51,58

26 San Pedro de Sula Honduras 51,18

27 Valencia Venezuela 49,74

28 Cali Colômbia 49,59

29 Chihuahua México 49,48

30 João Pessoa Brasil 49,17

31 Obregón México 48,96

32 San Juan Porto Rico 48,70

33 Barquisimeto Venezuela 48,23

34 Manaus Brasil 48,07

35 Distrito Central Honduras 48

36 Tepic México 47,09

37 Palmira Colômbia 46,65

38 Reynosa México 41,95

39 Porto Alegre Brasil 40,96

40 Macapá Brasil 40,24

41 Nova Orleans Estados Unidos 40,10

42 Detroit Estados Unidos 36,69

43 Mazatlán México 39,32

44 Durban África do Sul 38,12

45 Campos de Goytacazes Brasil 37,53

46 Nelson Mandela Bay África do Sul 37,53

47 Campina Grande Brasil 37,29

48 Teresina Brasil 37,05

49 Vitória Brasil 36,07

50 Cúcuta Colômbia 34,78

F O N T E : C O N S EJ O C I U D A D A N O PA R A L A S E G U R I D A D P Ú B L I C A Y L A J U S T I C I A P E N A L (2 018 )

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A maior fragilidade das fronteiras e o aumento do fluxo de pessoas também geram transbordo das realidades domésticas para as dinâmicas da política internacional no mundo contemporâneo. Desde 1994 a questão da migração internacio-nal e sua relação com o desenvolvimento tem aumentado de forma significativa na agenda da comunidade internacional. O crescente volume

de fluxos migratórios é um processo contínuo que envolve a mobilidade dentro e através de fronteiras e é fonte de debate político atual. Essas pessoas vêm deixando os seus países de forma voluntária em busca de melhores oportunidades econômicas e estabilidade política ou de maneira forçada, para escapar da violência, perseguição política ou desastres.

1. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS , INCERTEZ AS E R ISCOS GLOBAIS

O CRESCENTE FLUXO DE PESSOAS COMO AMEAÇA OU OPORTUNIDADE DE MÃO DE OBRA?

F O N T E : N A Ç Õ E S U N I D A S (2 017 )

OBS: AN refere-se a América do Norte, ALC refere-se a América Latina e Caribe e N/C refere-se a Não Conhecida

N ÚMERO D E MI G R A N T ES I N T ERN AC I O N A IS C L A S S I F I C A D O S P O R R E G I ÃO E D ES T I N O (2 017 )

ÁfricaÁfrica 19 milhões

ÁsiaÁsia 63 milhões

EuropaÁsia 20 milhões

AN

Ásia

17 milhões

EuropaEuropa

41 milhões

ALCAN

26 milhões

EuropaAN

8 milhões

Euro

pa

África

9 m

ilhõe

s

EuropaÁsia

7 milhões

Am

éric

a La

tina

e Ca

ribe

Europa

Ásia

África

América do Norte

N/COceania

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Os conflitos da Síria, Iêmen e Sudão, entre 2012 e 2015, marcaram um aumento de pessoas sain-do de suas casas devido a violência e persegui-ção. Fazendo com que a mobilidade humana nos tempos atuais se torne uma prioridade política devido à sua capacidade de criar desafios para os países de primeiro asilo, trânsito e destino, bem como nos países de origem. Esses desafios incluem o impacto dessas populações quando são acolhidas, na aceitação da população local em termos de preconceito e xenofobia, bem co-mo na composição da força de trabalho dos pa-

íses hospedeiros – sendo então fonte de riscos políticos, sociais e econômicos.

O volume desses fluxos de pessoas é signifi-cativo e a projeção é de aumento, conforme é possível notar no gráfico abaixo, uma vez que os conflitos e desigualdades sociais não estão sen-do controlados na origem, de modo a barrar as saídas. Por isso, é necessário compreendermos os padrões de destino dessas pessoas, pois eles terão impacto direto nas atividades econômicas dos países que os recebem.

Por mais que o padrão histórico seja a busca por acolhida em países desenvolvidos – seja dos migrantes econômicos ou forçados – desde 2015 a demanda aumentou para países emer-gentes, como Brasil, Índia e África do Sul. O interesse é por grandes centros, ou seja, busca por oportunidades econômicas e costumam

ocorrer dentro da região do país de origem. Um em cada cinco migrantes vivem nas principais 20 cidades do mundo – cidades que possuem vasta população, alta produtividade em servi-ços, grandes economias e são hubs políticos e culturais de significância internacional, segun-do o We Forum (2017).

F O N T E : U N D E S A (2 017 )

NÚMERO DE MIGR ANTES INTERNACIONAIS AO REDOR DO MUN DO

0

50.000.000

100.000.000

150.000.000

200.000.000

300.000.000

250.000.000

2000 2005 2010 2015 2017

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Dessa forma, políticas públicas, como moradia, educação e emprego, são alguns dos principais desafios para os migrantes e para os Estados que os acolhem. E o que temos assistido é um alto nível de intolerância e diversas dificuldades governa-mentais ao receber esses fluxos, como é o caso de Reino Unido, França e Estados Unidos. Polônia, Hungria e República Tcheca, por exemplo, pararam de aceitar refugiados – mesmo que a medida seja contrária às decisões da União Europeia. Até a Ale-manha, conhecida pela sua política de abertura, vem declinando sua acolhida.

Contudo, dados do UN DESA (2017) demons-tram que é possível reverter o declínio demo-gráfico em alguns países ou áreas através dos fluxos migratórios, o que gera impacto direto na composição da força de trabalho, principal-

mente por que a grande maioria dos migrantes estão na faixa de 20 a 64 anos.

Na Europa, o tamanho populacional teria decli-nado na ausência de imigração e a estimativa é que o fluxo continuado para os próximos anos não seja capaz de equilibrar as baixas taxas de natalidade sobre as altas taxas de mortes entre 2020 e 2025.

Essa alteração no crescimento populacional e na formação da força de trabalho terá um impacto negativo significativo tanto na economia local desses países quanto na inserção desses nas Ca-deias Globais de Valor. Não obstante, à medida em que países desenvolvidos impõem dificuldades de entrada, a procura por países menos desenvolvi-dos e com uma política mais aberta aumenta.

1. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS , INCERTEZ AS E R ISCOS GLOBAIS

Embora seja complicado estabelecer um indica-dor comparativo preciso do ambiente tecnoló-gico dos países, esse é um fator que precisamos observar na elaboração de cenários prospecti-vos. As grandes revoluções industriais sempre trazem impactos gigantescos para a sociedade e, portanto, precisam ser objeto de estudo e aten-ção para os investidores.

AUTOMAÇÃOA substituição massiva de força de trabalho huma-na por força de trabalho mecânica vem em ondas

na história da humanidade. O que estamos presen-ciando nesse momento é mais uma dessas ondas, cujo impacto para as relações de trabalho deve ser muito grande, alterando até mesmo impor-tantes traços culturais e de organização societal para muito além do próprio mercado de trabalho. Temos hoje a substituição de trabalho humano em tarefas muito mais complexas que aquelas resolvidas nas revoluções industriais anteriores. Essa automação toma cada vez mais espaço até mesmo no setor de serviços, e não só nos setores de extração, agropecuária e de manufatura.

TECNOLOGIA – AS PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 4.0

ENTRE 2000 E 2015 A IMIGRAÇÃO CONTRIBUIU EM 42% COM O CRESCIMENTO POPULACIONAL

NORTE-AMERICANO E EM 31% NA OCEANIA

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Esse fenômeno pode tanto representar um risco quanto uma oportunidade. Para o investidor cuja indústria está a ser automatizada, vale a pena olhar para as incertezas que essas novas dinâ-micas podem implicar. Por exemplo, o estabele-cimento de uma fábrica que use trabalho manual intensivo pode render o empreendimento pouco competitivo em pouco tempo, caso a indústria de fato transite para processos automatizados. Já um investidor na área de automação pode ter uma boa oportunidade justamente promovendo essa transição em uma indústria passível de ser robotizada, por exemplo.

CRIPTOMOEDASOutro fenômeno que vem ganhando o noticiário são as moedas descentralizadas. Comumente chamadas de criptomoedas, e menos precisa-mente de moedas virtuais, as moedas descen-tralizadas são, em sua maioria, o equivalente conceitual do ouro como moeda nos dias atuais.

Trata-se de um meio usado para facilitar trocas entre bens, e que são produzidas de maneira descentralizada, ou seja, não estão sob o con-trole de um banco central. Assim como o ouro, as criptomoedas têm um valor que é dado a elas pelos próprios usuários, e a obtenção de novas moedas requer um esforço que, não por acaso, é chamado de mineração.

É verdade que alguns países começam a lançar suas próprias criptomoedas, mas o fazem com a intenção de trocar o papel moeda por um meio mais eficiente num mundo computadorizado. Todavia, a grande mudança societal que as crip-tomoedas podem trazer é justamente o fato de serem descentralizadas; essa é uma questão mais importante do que o fato de se basearem em criptografia para existir.

A tabela a seguir mostra o valor de mercado de 10 das 24 criptomoedas que em 13/4/2018 va-

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liam mais de 1 bilhão de dólares. Vale lembrar que há milhares de criptomoedas em circu-lação. O valor de mercado total apontado na tabela corresponde a algo em torno de 80% do market share das criptomoedas.

Ainda é muito cedo para dizer que elas tomarão o lugar das moedas nacionais mas, essa tomada, se ocorrer, será revolucionária no que tange às políticas econômicas dos países e mesmo na inflação como um todo. A substituição das mo-edas nacionais por criptomoedas ainda parece ser algo distante, menos certo do que a automa-ção de processos produtivos, por exemplo, mas é um cenário para o qual também se deve prestar atenção, sobretudo nas questões regulatórias envolvidas e, ainda mais, caso o investidor es-trangeiro decida negociar em criptomoedas. Muitos países têm tido uma postura defensiva com relação à produção descentralizada de mo-edas e vêm regulando o uso dessas, às vezes até mesmo criminalizando o seu uso.

SEGURANÇA CIBERNÉTICAO mundo conheceu a extensão dos ataques ci-bernéticos em maio de 2017, quando o WannaCry infectou milhares de computadores ao redor do globo, causando um prejuízo estimado em mais

de um bilhão de dólares. Além desse ataque de cunho econômico, temos agora também a pers-pectiva de que países passem a utilizar esses ataques como arma de guerra, para comprome-ter a infraestrutura dos Estados inimigos.

A segurança cibernética é um problema relativa-mente recente, quando tomado em escala glo-bal. O uso de ataques cibernéticos por Estados nacionais, grupos políticos e sua abrangência global é o que os distingue dos já antigos ata-ques por vírus de computador. Porém, ainda é muito difícil obter informações sobre esse tipo de ataque. Não há dados compilados por univer-sidades, think tanks ou organismos internacio-nais para que se possa fazer inferências mais robustas sobre essa questão.

Dessa forma, é preciso aliar prevenção e estra-tégias de mitigação de riscos, para que os negó-cios internacionais sofram o mínimo possível com tais ataques. É preciso que as recomen-dações de segurança sejam sempre seguidas e que, se possível, se contrate um seguro para o caso de falhas na segurança. Porém, a contra-tação de um seguro precisa ser bem informa-da, com uma análise dos riscos reais a serem enfrentados pela empresa. Também para isso é relevante conhecer o posicionamento relativo do país de interesse em relação aos outros po-tenciais destinos de investimento.

Quando se trata de investimentos estrangeiros, é importante considerar que o elo relevante da cadeia alocado no exterior esteja seguro do pon-to de vista cibernético, ou seja, é preciso que os atores envolvidos no gerenciamento do elo es-tejam treinados na prevenção desses possíveis ataques. Por ser relativamente nova, a área de segurança cibernética nem sempre é lembrada pelos administradores de investimentos estran-geiros. E é essa falta de preocupação a maior debilidade na questão da segurança cibernética. O investidor, portanto, não pode deixar de consi-derar estratégias de prevenção de ataques ciber-néticos também nos elos da cadeia presentes no exterior, já que, como vimos, esses ataques não respeitam mais as fronteiras nacionais.

1. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS , INCERTEZ AS E R ISCOS GLOBAIS

Moeda Market Capital ($)Bitcoin 137.316.184.571

Ethereum 51.066.697.635

Ripple 26.106.093.363

Bitcoin Cash 12.991.201.968

Litecoin 7.347.918.423

EOS 7.136.338.505

Cardano 5.525.499.492

Stellar 4.849.349.377

NEO 4.318.990.000

IOTA 4.102.781.265

TOTAL 260.761.054.599

PRINCIPAIS CRIPTOMOEDAS (EM US$)

F O N T E : C O I N M A R K E TC A P.C O M (2 018 )

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2. ÍNDICE RISCO PARA NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Como analisamos na parte anterior, di-versos acontecimentos geraram maior instabilidade política dentro de países ou em suas relações internacionais. O Brexit, por exemplo, chegou a ganhar descrições catastróficas quando de sua votação, o mesmo ocorrendo com a eleição de Donald Trump para a pre-sidência dos Estados Unidos. No curto prazo, o que pudemos constatar é que as visões mais pessimistas não se realiza-ram. Contudo, não podemos descartar a hipótese de que consequências mais sérias ainda surjam, como deve aconte-cer com o desenrolar das negociações do Brexit e com a completude do man-dato presidencial de Trump. O que não podemos deixar de fazer, portanto, é monitorar essas questões, as propostas das partes envolvidas, a força dessas partes e estimar as probabilidades dos possíveis cenários.

O Índice de Riscos para Negócios Internacionais possui algumas particularidades em sua con-cepção que influenciam as escolhas metodoló-gicas da equipe de analistas do RAIA. Vale frisar que se trata de um índice de risco sobre um as-sunto específico: negócios. Esse ponto norteou a construção do índice e, consequentemente, a escolha dos países a serem monitorados, das variáveis, das fontes, da técnica de imputação múltipla, da ponderação, da escala e do modelo matemático que resultaram na pontuação que cada país recebeu ao final.

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Como estamos interessados em riscos para ne-gócios, precisamos que nosso índice tenha mais rigor com a informação a ser utilizada na análise de problemas específicos dos negócios interna-cionais. Assim, os fatores econômicos, políticos e geopolíticos foram pensados nessa relação, e não em termos absolutos, como ocorre com os outros índices existentes na área. Nosso índice não é simplesmente um índice de risco geral, mas um índice de risco que busca quantificar um problema específico.

ESCALANosso índice foi modelado para que os países recebam notas que variem entre 0 e 100. Essa é uma prática consagrada no mercado e traz um entendimento intuitivo e rápido para o leitor. A média em cada ano é sempre 50. Assim, nosso índice funciona como uma ferramenta de com-paração entre países naquele ano.

CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DOS PAÍSESA escolha dos países em primeiro lugar conside-rou a classificação de países emergentes feita pelo Fundo Monetário Internacional – que é bas-tante holística, deixando de fora praticamente os países ricos somente. Nesse subconjunto da classificação do FMI foram selecionadas as economias com um produto interno bruto de mais de 90 bilhões de dólares. Além disso, os interesses brasileiros em nossa região nos le-varam a incluir os países da América do Sul que não entraram na classificação inicial. Os países

do G7 também foram incluídos para termos uma base de comparação entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento.

METODOLOGIA – RISCOS PARA NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

ESC A L A D E R I SCO

0 5030 70 9010 20 6040 80 100

% P I B D OS PA ÍS ES S E L E C I O N A D OS E N ÃO S E L E C I O N A D OS

■ PA Í S E S S E L E C I O N A D O S ■ PA Í S E S N Ã O S E L E C I O N A D O S

I N C LU S ÃO D O S PA Í S E S D O G7

L I S TA D E PA Í S E S E M E R G E N T E S D O FM I

I N C LU S ÃO D E PA Í S E S DA A M É R I C A D O S U L

S E L E Ç ÃO D O S PA Í S E S C O M P I B AC I M A D E U$ 9 0 B I L H Õ E S

F O N T E : FM I (2 016 )

17

83

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CATEGORIAS E VARIÁVEISNossa equipe de analistas selecionou uma vas-ta gama de variáveis em três principais áreas: economia, política doméstica e relações inter-nacionais. Essas três grandes áreas englobam também variáveis sobre meio ambiente, ambien-te regulatório, segurança pública e terrorismo. Além disso, trabalhamos com diversos indica-dores que agregam outras variáveis. Essa carac-terística faz com que a relação sinal/ruído seja

maximizada. A maioria das variáveis é de natu-reza quantitativa, o que diminui o problema dos vieses subjetivos introduzidos em avaliações de opinião, tão frequente nos índices de risco. Ape-nas incluímos variáveis que agregam opiniões de especialistas em determinada área quando essa variável tem sua qualidade reconhecida na comunidade acadêmica e um histórico longo de uso, o que permite uma melhor avaliação da qua-lidade da mesma no momento da ponderação.

C AT E G O R I A S Q U E COM P Õ EM O Í N D I C E ES PM - I R N I

E X P O RTAÇ ÃO E I M P O RTAÇ ÃO

■ PA Í S E S S E L E C I O N A D O S ■ PA Í S E S N Ã O S E L E C I O N A D O S

S I T UAÇ ÃOM AC R O -

E C O N Ô M I C A

E S TA B I L I DA D E P O L Í T I C A E S O C I A L

COMÉRC IO INTERNACIONAL

A M B I E N T E D E N E G Ó C I O

I NTE RV E N ÇÕ ES D O ES TA D O

N A ECO N OMI A

P E R F O R M A N Ç E R E G U L ATÓ R I A

S E G U R A N Ç A P Ú B L I C A C O R R U P Ç ÃO

TERRORISMO E SEGUR ANÇ A

INTERNACIONAL

R I S C O C L I M ÁT I C O

F O N T E : FM I (2 016 )

39,2 36,6

63,460,8

IMPORTAÇÕES (%)EXPORTAÇÕES (%)

0

10

20

30

40

50

60

70

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Todos os dados utilizados vêm de fontes re-conhecidamente confiáveis, sejam da aca-demia – incluindo importantes institutos de pesquisa independentes –, do mercado, ou de instituições interestatais. Os dados são todos públicos.

IMPUTAÇÃO MÚLTIPLAEmbora usemos dados de fontes insuspeitas, não é raro haver casos faltantes, dada a difi-culdade de acesso ou por falta de coleta dos governos nacionais. Uma vez que nosso índice indica a instabilidade do ambiente de um país para se fazer negócios, tomamos a decisão de, no caso de dado faltante, atribuirmos o pior valor daquela variável encontrada naquele ano entre os países de nossa população. Essa prá-tica é usada no meio acadêmico e se trata de uma postura conservadora, se comparada à alternativa de, por exemplo, atribuir-se a mé-dia daquela variável, daquele ano, dos países

da nossa população. A atribuição da média de determinada variável como valor para os ca-sos faltantes não seria uma boa solução para o nosso índice por premiar países com serviços estatísticos ruins e/ou que atuem propositada-mente para camuflar dados ruins de sua situa-ção político-econômica.

ATUALIZAÇÃO DO ÍNDICE DE RISCOTrabalhamos com uma perspectiva científica na construção e manutenção do ESPM-IRNI. Na produção de conhecimento, estamos sem-pre em busca da verdade, seja ela aquilo que desejamos ou não. Assim, o que determina a validade científica de um resultado é sua me-todologia. Por isso nossa metodologia está sob constante inspeção. Monitoramos novos dados, novas variáveis e novas técnicas de mo-delagem constantemente, para, sempre que possível, aprimorarmos nossa metodologia e atualizarmos os resultados.

2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Muitas são as formas com que a política pode influenciar negativamente os negócios interna-cionais. Um país pode nacionalizar investimentos feitos por estrangeiros por meio de uma expro-priação de bens; um movimento popular pode, por razões ideológicas, destruir o patrimônio de empresas estrangeiras; um inflação gerada

por políticas monetárias expansionistas pode afetar o planejamento de um negócio ao tornar os preços mais instáveis e menos informativos; um governo protecionista pode erguer barreiras tarifárias e não tarifárias para a importação de produtos estrangeiros, tornando a competição desigual para os produtores internacionais.

RISCOS POLÍTICOS – QUANDO A POLÍTICA IMPACTA OS NEGÓCIOS

A MAIORIA DAS VARIÁVEIS É DE NATUREZA QUANTITATIVA, O QUE DIMINUI O PROBLEMA DOS

VIESES SUBJETIVOS INTRODUZIDOS EM AVALIAÇÕES DE OPINIÃO, TÃO FREQUENTE NOS ÍNDICES DE RISCO

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E L A B O R A Ç Ã O : R A I A - E S PM (2 018 )

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T EN D ÊN C I A D E I N T ERV EN ÇÕ ES ESTATA I S N A E CO N OM I A

2012 2013 2014 20152013 2014 2015 2016 2016

30

25

20

15

10

5

0

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A N O

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Todos esses exemplos devem ser modelados como riscos para os negócios internacionais. Precisamos calcular a frequência com que eles ocorreram no passado, no país, na região e no mundo, para estimarmos a probabilidade de virem a ocorrer novamente no futuro. Também temos que inferir o impacto de cada um desses fatores, caso venham a ocorrer. Dessa forma, podemos quantificar o risco de cada um desses fatores e, mais ainda, o risco geral dos países para fazermos uma comparação entre eles e to-mar decisões de investimento mais informadas, mais seguras, ainda que nunca determinísticas. Vale sempre lembrar que a análise de riscos políticos é uma ciência probabilística, onde não se pode afirmar nada com certeza, dada a aleatoriedade intrínseca do comportamento humano e das relações sociais.

O ESPM-IRNI foi pensado como uma ferramenta para auxiliar a análise de economias emergen-tes. A inclusão dos países do G7 serve como um benchmark, para compararmos os resultados dos demais países e para validarmos a classifica-ção proposta. Dessa maneira, seria de se espe-rar que os países do G7 obtivessem boas notas no ESPM-IRNI. Os resultados mais extremos encontrados em nossa mensuração corroboram as análises mais intuitivas encontradas na área.

Essa correspondência serve de validação exter-na para o ESPM-IRNI e nos dá maior segurança com relação aos valores intermediários, que por vezes trazem algumas surpresas e que são o grande valor que o índice traz. É um exercício bastante difícil quantificar a distância dos riscos entre os países intermediários; e é precisamente isso que fazemos. Assim, não somente mostra-mos que alguns países comumente vistos como muito atrativos para investimentos são opções mais arriscadas que outros países menos fala-dos, como também apontamos uma medida de diferença entre eles.

Com relação à política doméstica dos países, agregamos dados tais como a estabilidade das instituições políticas, o cumprimento da lei, o ambiente legal regulatório, o livre mercado, as intervenções estatais na economia e a corrup-ção. Esses fatores nos dão uma radiografia dos potenciais riscos que a política interna de um país pode trazer para os negócios. Para além desse diagnóstico, o cotejamento dessas va-riáveis com as variáveis de economia, relações internacionais e economia nos permite analisar com maior nuance situações que, por vezes, são comentadas de maneira superficial, com gene-ralizações que pecam por não atentar para ou-tras condicionantes das situações pesquisadas.

2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

O objetivo desta seção do relatório é explorar algumas temáticas da segurança que podem impactar o ambiente de negócios, buscando assim desenhar o panorama atual dos riscos de segurança para esse recorte. As questões de segurança aqui analisadas envolvem a incidên-

cia existente em um país de roubos, roubos de veículos, roubo de cargas, sequestros, inciden-tes terroristas e conflitos. Vale ressaltar que os dados utilizados para análise, em geral, são disponibilizados pelos governos através de suas agências de controle criminal e verificados por

RISCOS DE SEGURANÇA – QUANDO A SEGURANÇA INTERNACIONAL, O TERRORISMO E A SEGURANÇA PÚBLICA IMPACTAM OS NEGÓCIOS

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organizações internacionais e também nossa equipe de analistas. Dados sobre segurança, sejam eles do âmbito internacional ou públicos demonstram fragilidade ou estabilidade de um país no controle institucional de sua seguran-ça. Isso quer dizer que a própria ausência, não coleta ou não informação de dados dessa natu-reza por parte de um país já nos leva a algumas conclusões sobre seu ambiente e gestão local, que por sua vez impactam diretamente as insti-tuições e atividades econômicas locais.

Logo, o que buscamos realizar é observar padrões e tendências que demonstram o comportamento de um país nas temáticas apontadas acima para que seja possível compreender a probabilidade de ocorrência e impacto futuros desses crimes, atos de terror e violência para então calcularmos o possível risco de operar em um determinado país. Por exemplo, para um empresário atuando no setor de turismo é altamente relevante saber os dados de segurança pública e internacional de um país, pois não somente os seus clientes estão expostos ao ambiente local, mas também seus funcionários e prestadores de serviço e o seu produto final é a atratividade daquele local como um todo. Já setores como siderurgia de-pendem sempre da malha rodoviária local para o escoamento dos seus produtos e se tornam vulneráveis também ao comportamento desses dados de segurança ao exporem suas cargas a possíveis roubos, por exemplo.

Em linhas gerais, é possível dizer que na área de segurança o que vem gerando maiores preocu-pações para o empresário são as questões de se-gurança pública nas Américas e as de segurança internacional no Oriente Médio e norte da África. Isso ocorre principalmente devido aos altos índi-ces de criminalidade em países, como Equador e Argentina, com taxas de roubos de 571 e 1.021, respectivamente no ano de 2015 (UNODC, 2017). Vale ressaltar que esses índices altos não são exclusividade de países em desenvolvimento. Es-tados Unidos e Reino Unido também possuem al-tas taxas de roubos de veículos, principalmente, com 220 e 344 casos, respectivamente (UNODC, 2017). Além dos conflitos e incidentes terroristas em países como Sudão, com 173 incidentes terro-

ristas em 2016, e Nigéria, com 531 incidentes, que transbordam e se tornam ameaças internacio-nais (START, 2017). Países instáveis como esses atraem somente aqueles empresários com alto apetite ao risco ou que trabalham em mercados específicos, como é o caso do Sudão e Nigéria e o setor petrolífero.

Um dos motivos do Irã aparecer em nosso índice com um alto risco, ou seja, com alto risco para negócio é o seu risco de segurança. Isso não quer dizer que o Irã seja um país perigoso ou com alta incidência criminal. Contudo, é um país com um regime político nacionalista e religioso que não divulga seus dados de segurança pública. Assim, na construção do índice ficam com notas ruins por terem dados faltantes. Mas o que se sa-be do país em termos de segurança pública é um cenário estável, pois existe alta participação do Estado na manutenção e no cumprimento das leis, baseadas na religião – que conta inclusive com uma polícia da moral.

Já no caso do Iraque, é possível afirmar que seu alto risco tem relação direta com a alta incidên-cia de ataques terroristas ocorridos no último ano, 3356, e é altamente discrepante dos demais países da amostra. Mas é necessário ressaltar que a leitura do ESPM-IRNI deve ser feita sem-pre como um conjunto de temas e não somente sob um de forma exclusiva. E mais uma vez, é importante ressaltar que conhecer o setor e os mercados locais fará o empresário definir qual é o seu apetite por risco para então definir onde vale a pena investir.

AS MAIORES PREOCUPAÇÕES PARA

O EMPRESÁRIO SÃO AS QUESTÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA

NAS AMÉRICAS E AS DE SEGURANÇA

INTERNACIONAL NO ORIENTE MÉDIO E NORTE DA ÁFRICA

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Esta seção do relatório do Índice Risco para Ne-gócios Internacionais (ESPM-IRNI) irá apresen-tar o comportamento dos principais grupos de variáveis econômicas utilizados na composição do indicador. Essas variáveis foram utilizadas para captar movimentos associados à atividade econômica, aos fundamentos fiscais e à influên-cia do setor externo sobre o país.

Tais temas fornecem para o empresário uma am-pla perspectiva macroeconômica do país, mas que não podem ser compreendidas de forma isolada, pois o ESPM-IRNI não se resume apenas aos aspectos econômicos. Logo, o objetivo des-ta seção é passar por um panorama geral de in-dicadores que refletem o potencial de mercado, o crescimento da renda e do poder de compra, a sustentabilidade do endividamento do setor público e dos indicadores externos.

ATIVIDADE ECONÔMICA O conjunto de variáveis ligadas à atividade eco-nômica pode ser representado pelo compor-tamento do PIB (em dólares e em crescimento percentual) para ilustrar ao empresário uma perspectiva de quão grande e potencial é deter-minado país em termos de mercado. Para o caso do ESPM-IRNI, temos espectro bem amplo de valores que consideram desde os mais elevados, como os Estados Unidos e a China, que ultrapas-sam a casa dos 10 trilhões de dólares, até países que chegam à casa dos 30 bilhões de dólares, como Bolívia e Paraguai. A média da amostra de países é de cerca de 1,3 trilhões de dólares, sendo que o Brasil está situado entre os 10 pri-meiros com valor do PIB na casa de 1,8 trilhões de dólares, segundo dados do FMI (FMI, 2017).

Ao analisarmos apenas e tão somente a ques-tão do PIB em dólares, a indicação de que seria mais vantajosa a entrada em um mercado como o norte-americano seria a mais óbvia e menos arriscada. Porém, ao atentarmos para o fato do crescimento econômico ao longo do tempo, é importante analisar de forma conjunta o cres-cimento do PIB ao longo de um período mais ex-tenso. Nesse caso, especificamente, a economia boliviana apresentou um crescimento acima da média mundial, com taxas médias de 5,25% nos últimos cinco anos, graças à elevação dos pre-ços das commodities de forma acentuada, bem como suas exportações de gás natural para a Ar-gentina, mesmo com uma redução na demanda brasileira por esse produto.

RISCOS DE ECONOMIA – AMBIENTE MACROECONÔMICO DOMÉSTICO E SETOR EXTERNO

2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

VA R I AÇ ÃO D E N Í V E L D E AT I V I DA D E E C O N Ô M I C A N OS PA Í S ES

P ES Q U I S A D OS

F O N T E : FM I (2 017 )

C H I N A > U S $ 10 T R I L H Õ E S

BRASILUS$ 1,8 TRILHÃO

PARAGUAIUS$ 30 BILHÕES

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Com relação à estabilidade monetária, a análise da inflação para os países da amostra do ESPM-IRNI ilustra a estabilidade da moeda, bem como o poder de compra da população, quando associada ao crescimento do PIB. A amostra conta com dados dos mais diversos, seja para o caso venezuelano, que em 2016 atingiu a casa dos 250% de inflação anual, como o caso romeno que apresentou uma deflação de 0,5%, segundo dados do FMI (FMI, 2017). A média da amostra situa-se perto dos 11%, e o Brasil apresentou uma inflação de 6,2% em 2016, segundo os dados do FMI (FMI, 2017).

O caso romeno é importante, pois ilustra o peso de diversos fatores e influências no índice de preços. A Romênia apresentou desaceleração dos preços nos últimos anos devido a fatores conjunturais, como a queda no preço dos ali-mentos e dos combustíveis, bem como a redu-ção de impostos em produtos selecionados, que fizeram com que a inflação se reduzisse. Em 2012, a inflação era cerca de 4,5%, e em 2016 fechou com uma deflação de cerca de 0,5% (FMI, 2017).

FUNDAMENTOS FISCAISEsse indicador é fundamental para o direciona-mento de políticas domésticas, que podem im-pactar diretamente a decisão de investimento de um empresário em um dado país. O impacto que um país pode sofrer em caso de endividamento crescente é, entre outros aspectos, uma deterio-ração no fluxo de investimentos externos para o país (lembrando que esse conceito não está liga-do necessariamente à atuação do empresário, mas também ao fortalecimento do mercado de capitais como um todo), um aumento no custo de capital para um país que apresente situação de en-dividamento insustentável, entre outros fatores.

Uma das variáveis analisadas no ESPM-IRNI foi o nível de endividamento bruto do governo central em proporção ao PIB. Existem países que pos-suem uma elevada relação desse endividamento na amostra do índice, como Japão (com cerca de 240% do PIB), Itália (cerca de 130% do PIB) e Estados Unidos (com 107% do PIB). Tomando os dados amostrais e que a média do endividamento da amostra para 2016 é 55% do PIB, o Brasil apre-

senta um valor um pouco superior que é de 78% do PIB, segundo dados do FMI (FMI, 2017).

Lembrando que o valor do endividamento não pode ser tomado isoladamente, mas sim como uma trajetória. Nesse caso, é importante a análi-se de como o setor público irá se comportar com relação aos choques externos que o país pode sofrer, como foi o caso da crise norte-americana de 2008 ou mesmo a crise grega no começo desta década. Tal análise deve ser realizada levando-se em conta os resultados de uma crise e a devida reação governamental, esperando sempre que o governo atue de forma anticíclica.

INDICADORES EXTERNOS O setor externo é uma importante força na determi-nação do produto e do crescimento de um país. Ain-da hoje, muitos países dependem dele como indutor para o crescimento econômico, como visto pelo caso boliviano citado, com as exportações de um recurso abundante para o país, que é o gás natural.

Além do ponto central que são as exportações e uma consequente abertura do país ao comércio internacional, com as importações também, é im-portante realizar uma análise sobre o investimento estrangeiro direto (IED). O IED é uma força impor-tante na determinação da estrutura produtiva do país, pois é a concretização do investimento por parte de um empresário estrangeiro, seja por in-vestimento em novas plantas e empresas, seja por empréstimos intercompanhias.

Na amostra utilizada para a construção do índice ESPM-IRNI, o valor médio é de cerca de 33 bilhões de dólares, apontando como grandes destaques os Estados Unidos (479 bilhões de dólares), Reino Unido (299 bilhões de dólares) e China (170 bilhões de dólares). O Brasil vem logo a seguir com a cap-tação de 78 bilhões de dólares.

Existem diversos estudos acadêmicos que apon-tam que o IED não segue apenas fundamentos econômicos para a sua determinação no país. Questões políticas e regulatórias são importan-tes para a tomada de decisão do empresário no momento de gerir o IED no país de destino.

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2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Mudanças extremas de temperatura, aumento da poluição e a falta de políticas de mitigação dos riscos ambientais são riscos que devem ser monitorados pelas empresas.

Segundo a Organização Internacional de Meteoro-logia (2018), aproximadamente, 30% da população mundial vive em situações climáticas extremas. Em 2017 aconteceram eventos climáticos de forte impacto para os setores econômicos, como, por exemplo, os furacões que atingiram os Estados Unidos e o Caribe, as grandes monções que inun-daram o subcontinente indiano e contínua seca que atinge o Oeste Africano.

De acordo com as estatísticas National Centers for Environmental Information (NCEI), os três furacões que atingiram os Estados Unidos em 2017 represen-taram custos na ordem de US$ 265 bilhões e causa-

ram 251 mortes (incluído Porto Rico e Ilhas Virgens) atribuídas aos furacões Harvey, Maria e Irmã.

Entre os países asiáticos que compõem o ESPM--IRNI, Tailândia, Filipinas, Bangladesh e Vietnã fo-ram os mais afetados economicamente na região pelos eventos climáticos. No entanto, estudos do FMI apontam que as chuvas que atingiram os países da região têm contribuído para o aumento da produção de arroz e outros grãos. Os efeitos negativos são maiores para setores de infraes-trutura e turismo.

De acordo com o FMI (2018), os países afetados por eventos climáticos tendem a reduzir a pro-dução agrícola com os prejuízos nesse setor em torno de 26% (FAO, 2017). Além disso, os riscos ambientais atingem a produtividade dos tra-balhadores, especialmente, aqueles que ficam expostos a temperaturas extremas.

A falta de políticas públicas consistentes de mi-tigação e prevenção dos impactos dos riscos ambientais elevam os impactos dos riscos climá-ticos, segundo o World Economic Forum (2018).

OS EFEITOS DOS RISCOS CLIMÁTICOS NOS NEGÓCIOS

Ano Variação2016 +0.56

2017 +0.46

2015 +0.45

2014 +0.30

2010 +0.28

2005 +0.27

2013 +0.24

2006 +0.22

2009 +0.21

1998 +0.21

OS A N OS RE CO RD E D E AUMEN TO DA T EMPER AT U R A MÉD I A º C (19 98 -2017 )

F O N T E : W O R L D M E T E O R O LO G I C A L O R G A N I Z AT I O N ( WM O ) , 2 018 .

PA ÍS ES A S I ÁT I COS M A IS A FE TA D OS P O R E V EN TOS C L IM ÁT I COS EN T RE 19 97-2016

F O N T E : G E R M A N WATC H I N S T I T U T E , 2 018

PaísTotal de perdas

por milhões US$ (PPP)

% Perda no PIB

Bangladesh 2 311.07 0.678

Filipinas 2 893.41 0.611

Vietnã 2 029.80 0.549

Tailândia 7 696.59 0.967

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BRASIL

MÉXICO

VENEZUELA

NIGÉRIA

ANGOLA

ARGÉLIA

FRANÇA

ALEMANHA

REINO UNIDO

ÁFRICA DO SUL

POLÔNIA

UCRÂNIA

ESLOVÁQUIA

ITÁLIA

EGITO

TURQUIA

ARÁBIA SAUDITA

ARGENTINA

URUGUAI

PARAGUAI

EQUADOR

BOLÍVIA

PERU

COLÔMBIA

ESTADOS UNIDOS

CANADÁ

RÚSSIA

CHINAIRÃIRAQUE

CAZAQUISTÃO

SUDÃO

Numa escala que inclua tanto países como Es-tados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Canadá e Japão quanto países como Angola, Iraque, Vene-zuela, Sudão e Irã, é natural que o primeiro grupo de países figure nas melhores posições e o segundo grupo nas piores.

Não raro, ouvimos no Brasil sobre as oportunida-des de investimento na Índia e na África do Sul, mas não se observa que o próprio Brasil seja um ambiente menos arriscado para investimentos

do que os outros dois países. Da mesma forma, a depender do setor, é menos arriscado investir no México, no Vietnã ou na Romênia do que no Kuwait ou na Rússia.

Do ponto de vista dos riscos políticos, China, Polô-nia, Hungria, Emirados Árabes Unidos e Chile são mais estáveis do que México, Malásia, Uruguai e Brasil, por exemplo, e esses últimos apresentam riscos menores para investimentos do que África do Sul, Índia, Ucrânia e Argentina.

OS RISCOS PARA OS NEGÓCIOS POR PAÍS

País ESPM-IRNI 2018Estados Unidos 13Reino Unido 32Alemanha 33Canadá 35Japão 36Angola 62Iraque 68Venezuela 70Sudão 71

País ESPM-IRNI 2018Irã 90México 44Vietnã 45Romênia 45Brasil 48África do Sul 52Índia 55Kuwait 51Rússia 52

F O N T E : R A I A (2 017 )

M APA | ÍNDICE DE R ISCO PAR A OS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 2017

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G7: DISCREPÂNCIA ENTRE OS PAÍSESOs menores riscos encontrados no ESPM-IRNI são os de Estados Unidos, Reino Unido, Alema-nha, Canadá e Japão. Já França e Itália receberam notas um pouco piores, com destaque para a Itália, que obteve o pior resultado entre os países do G7. No caso dos Estados Unidos, temos uma grande influência positiva do seu Produto Interno Bruto, que é o maior do mundo, da quantidade de investimentos estrangeiros diretos no país, da liberdade econômica e da baixa percepção de corrupção. O caso da Itália requer um olhar um pouco mais detido sobre as variáveis para buscar-mos respostas para a sua nota mais distante da média do G7, embora ainda melhor do que a mé-dia dos países amostrados no índice. Ocorre que não há um grande fator, ou alguns importantes fatores, que estejam a impactar muito a nota do país. O que existe é uma combinação de diversos indicadores com valores um pouco piores do que os dos outros países. Dessa forma, não pode-mos atribuir a nota relativamente baixa da Itália

a uma variável somente, mas perceber que em diversos quesitos o desempenho do país deixou a desejar, como por exemplo os problemas inter-nos de disputas eleitorais, a crise de refugiados e a economia pouco dinâmica. Além disso, o país tem problemas de segurança pública e riscos cli-máticos que impactam sua nota. Porém nenhum dos fatores mencionados pode ser considerado calamitoso, mas o agregado de diversos indica-dores com notas não tão boas faz com que a Itália destoe um pouco dos outros países do G7.

No caso dos países europeus, percebe-se que as condições econômicas, bem como a aplicação de maiores políticas regulatórias afetam negati-vamente os negócios.

2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

País ESPM-IRNI 2018Estados Unidos 13

Itália 44

(1) O SCORE VARIA DE 0 A 100, SENDO QUANTO MAIOR O SCORE, MAIOR O RISCO PARA OS NEGÓCIOS FONTE: RAIA - ESPM (2017)

■ 2013 ■ 2015■ 2014 ■ 2016 ■ 2017

ITÁLIA

FRANÇA

ESTADOS UNIDOS

ALEMANHA

REINO UNIDO

CANADÁ

JAPÃO

48 46 46 46 44

43 43 43 43 41

42 41 40 40 36

38 39 37 38 35

44 43 42 42 32

37 3736 36 33

21 21 21 17 13

ÍNDICE DE R ISCO NOS PA ÍSES DO G7

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BRICS: ESTABILIDADE NOS RISCOSOs países do BRICS mostram estabilidade no índice de risco ao longo dos anos, além de índices bastante similares. Os principais aspectos que afetam os países do BRICS são a alta corrupção, a baixa eficiência da performance regulatória e insegurança pública.

CHILE: MENOR RISCO NA AMÉRICA DO SULO Chile se destaca na América do Sul pela estabilidade institucional, menor corrupção, menor interven-ção estatal na economia e menor insegurança pública, sempre comparativamente aos seus vizinhos.

■ 2013 ■ 2015■ 2014 ■ 2016 ■ 2017

VENEZUELA

EQUADOR

ARGENTINA

CHILE

URUGUAI

MÉXICO

PARAGUAI

PERU

BRASIL

COLÔMBIA

BOLÍVIA

57 57 57 60 70

55 54 55 63 61

57 55 55 54 55

50 49 51 49 52

52 52 51 51 49

45 45 44 47 48

48 49 49 49 47

45 46 46 47 46

48 47 46 46 44

44 44 44 43 44

41 42 42 42 40

ÍNDICE DE R ISCO NOS PA ÍSES DA AMÉRICA L AT INA

ÍNDICE DE R ISCO NOS PA ÍSES DO BRICS

■ 2013 ■ 2015■ 2014 ■ 2016 ■ 2017

ÍNDIA

ÁFICA DO SUL

CHINA

BRASIL

RÚSSIA

34 3232 34 36

45 4445 47 48

51 5250 54 52

54 5454 52 52

55 5254 54 55

(1) O SCORE VARIA DE 0 A 100, SENDO QUANTO MAIOR O SCORE, MAIOR O RISCO PARA OS NEGÓCIOS FONTE: RAIA - ESPM (2017)

(1) O SCORE VARIA DE 0 A 100, SENDO QUANTO MAIOR O SCORE, MAIOR O RISCO PARA OS NEGÓCIOS FONTE: RAIA - ESPM (2017)

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O BRASIL FRENTE AOS OUTROS PAÍSES EMERGENTESO Brasil encontra-se em uma posição intermediária no ESPM-IRNI. Isso ocorre devido à sua fragilidade institucional, altos índices de corrupção e considerável insegurança pública. Por outro lado, o Brasil possui o 9º PIB do mundo e sofre baixas ameaças de segurança internacional.

PAÍSES COM MAIORES RISCOSEntre os países com maiores riscos para negócios, estão Angola, Iraque, Venezuela, Sudão e Irã. Além dos problemas políticos, econômicos e de segurança que esses países notoriamente apresentam, há também a questão da falta de dados para os indicadores. Seja propositalmente ou por conta de dificuldades institucionais, muitas das variáveis do IRNI-ESPM acabam ficando com dados faltantes. Isso é também informação para o tomador de decisão em negócios estrangeiros, pois traz inseguran-ça para os investimentos.

2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

■ 2013 ■ 2015■ 2014 ■ 2016 ■ 2017

ÍNDICE DE R ISCO NOS PA ÍSES EMERGENTES

TURQUIA

CATAR

INDONÉSIA

MÉXICO

FRANÇA

EMIRADOS ÁRABES

ITÁLIA

ROMÊNIA

VIETNÃ

MALÁSIA

BRASIL

ARÁBIA SAUDITA

MARROCOS

50 50 49 51 50

54 52 51 50 51

54 54 55 51 50

51 51 55 50 49

47 47 47 47 48

45 45 44 47 48

51 50 50 48 47

50 59 47 45 45

49 48 47 47 45

48 46 46 46 44

46 47 46 46 44

43 43 42 43 41

43 44 44 43 40

NÃO RARO, OUVIMOS NO BRASIL SOBRE AS OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO NA ÍNDIA

E NA ÁFRICA DO SUL, MAS NÃO SE OBSERVA QUE O PRÓPRIO BRASIL SEJA UM AMBIENTE MENOS ARRISCADO PARA INVESTIMENTOS

DO QUE OS OUTROS DOIS PAÍSES

(1) O SCORE VARIA DE 0 A 100, SENDO QUANTO MAIOR O SCORE, MAIOR O RISCO PARA OS NEGÓCIOS FONTE: RAIA - ESPM (2017)

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ÍNDICE DE R ISCO NOS PA ÍSES COM MAIOR R ISCO

■ 2013 ■ 2015■ 2014 ■ 2016 ■ 2017

EGITO

ARGENTINA

BANGLADESH

UCRÂNIA

ÁFRICA DO SUL

FILIPINAS

BOLÍVIA

RÚSSIA

KUWAIT

ARGÉLIA

EQUADOR

ÍNDIA

TAILÂNDIA

NIGÉRIA

PAQUISTÃO

60 61 61 60 61

60 58 58 58 60

55 54 55 63 61

66 65 63 60 60

53 54 54 55 58

56 68 67 64 56

55 54 52 54 57

57 55 55 54 55

48 48 49 48 54

46 47 46 46 44

54 54 54 52 52

56 55 55 54 53

50 49 51 49 52

51 50 52 54 52

51 51 50 49 51

ANGOLA

IRÃ

VENEZUELA

SUDÃO

CAZAQUISTÃO

IRAQUE

52 61 70 77 90

68 68 67 67 71

57 57 57 60 70

76 70 65 64 68

51 48 53 57 67

58 57 58 56 62

(1) O SCORE VARIA DE 0 A 100, SENDO QUANTO MAIOR O SCORE, MAIOR O RISCO PARA OS NEGÓCIOS FONTE: RAIA - ESPM (2017)

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O ESPM-IRNI pode ser uma ferramenta de auxílio ao investidor internacional em sua tomada de decisão. É comum encontrarmos análises que colocam países muito diferentes num mesmo conjunto como, por exemplo, economias emer-gentes. Porém, como nosso índice tem em foco as economias emergentes, conseguimos fazer uma classificação muito mais precisa entre elas e, assim, o usuário pode perceber que algumas economias emergentes têm um ambiente mais estável do que outras.

Embora o índice não deva ser a única informação a ser consultada, ele é um excelente ponto de par-tida para uma análise mais detalhada dos riscos de um negócio internacional em determinados países. Vale lembrar que o índice deve sempre

ser cotejado com uma análise mais ampla, que leve em conta o setor específico do investimen-to. Dessa forma, pode ser que mesmo os Estados Unidos sendo, em geral, um país mais seguro para investidores estrangeiros, pode ser que, num se-tor específico, a Itália se sobressaia. A análise de risco deve, portanto, partir do índice, como uma baseline, e se aprofundar na relação dos riscos apontados com o setor em tela. Um investidor no setor agropecuário provavelmente estará mais seguro nos Estados Unidos do que na Itália, mas um investidor em segurança privada pode en-contrar um mercado mais promissor na Itália, por exemplo. A análise mais detalhada dos riscos em relação ao setor específico pode revelar oportu-nidades de negócios que uma visão mais super-ficial da nota de risco de um país não apontaria.

QUANDO E COMO USAR O ÍNDICE ESPM- IRNI

2. ÍNDICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

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3. RISCO PAÍS EM INVESTIMENTOS INTERNACIONAIS

Prof. Dr. Frederico Turolla (PMDGI/ESPM)*

A mensuração do risco país para investidores depende do tipo de investidor considerado. Os investimentos em produção, em qualquer setor, têm seu risco melhor avaliado por medidas de competitividade da economia. Os investimentos financeiros têm seu risco melhor avaliado por medidas mais contínuas, formadas a partir do preço de ativos ou derivativos negociados em mercados financeiros.

O RISCO DO INVESTIMENTO DIRETOPara investimentos diretos estrangeiros (FDI, de foreign direct investiments), que são realizados a longo prazo e com foco produtivo, a medida de risco país é tipicamente indireta. Aqui, estamos falando geralmente de empresas que conduzem projetos de ampliação ou de novos negócios, que buscam uma taxa de retorno esperada sobre o capital investido e reconhecem que essa taxa de retorno esperada está sujeita a um risco. Na maioria dos casos, o FDI tem baixa liquidez, ou seja, os investidores não são capazes de reverter rapidamente sua exposição a um determinado país, pois a venda dos ativos envolve um longo e complexo processo de M&A (mergers and acqui-sitions, ou fusões e aquisições).

As medidas de risco dos investimentos diretos, em geral, não são puramente índices de risco. Estão mais relacionados a índices de confiança e rankings de competitividade que levam em conta diversos fatores, como as instituições jurídicas e econômicas do país, os padrões de regulação de

mercados, a frequência de mudanças de regras, a quantidade e a qualidade da oferta de infraes-trutura, entre outros.

A situação de competitividade e de confian-ça, tanto absoluta quanto relativa, reflete, em termos gerais, a situação de risco de cada eco-nomia para FDI. É preciso, entretanto, cautela no uso dessas medidas em cada caso particu-lar, pois há elementos idiossincráticos de cada negócio que devem ser ponderados de forma diferente do que se obtém nas ponderações gerais, muitas vezes médias aritméticas, que são incorporadas nos índices hoje oferecidas no ambiente internacional.

Uma medida famosa tem sido o ranking de com-petitividade do World Economic Forum (WEF), apresentada anualmente no Relatório Global de Competitividade. Outros índices disponíveis incluem o ranking internacional de competitivi-dade do IMD – Institute for Management Deve-lopment e o Índice de Confiança da consultoria ATKearney.

Neste momento, há uma importante novidade na mensuração do risco país para investidores produtivos. O índice desenvolvido pela equipe do RAIA-ESPM é mais uma nova iniciativa na mensuração do risco considerando variáveis políticas, econômicas, regulatórias e de segu-rança que afetam o ambiente de negócios e as estratégias das empresas. Trata-se de uma fer-ramenta de auxílio ao investidor internacional em sua tomada de decisão, com foco principal-

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mente nos investidores do tipo produtivo que são mais afetados pelos riscos desse tipo de investimento.

O RISCO DO INVESTIMENTO FINANCEIROPara investimentos financeiros, também conhe-cidos como investimentos em portfólio ou car-teira, a medida de risco país tem características diferentes. Esses investimentos muitas vezes têm prazo certo, frequentemente mais curto do que o horizonte de um investidor produtivo. Sua principal característica é a liquidez, pois são realizados tendo como veículos os títulos de dívida ou de propriedade de companhias, com preferência para ativos negociados em merca-dos organizados. A venda de um título financeiro ou de uma ação é relativamente mais simples e rápida que o desinvestimento em um ativo real. É frequente que instrumentos de investimento financeiro contem com precificação contínua dos atributos relevantes através do mercado financeiro, tornando o risco subjacente men-surável e continuamente atualizado pelo jogo entre oferta e demanda nos mercados financeiro e de capitais.

Uma medida conhecida de risco dos investimen-tos financeiros internacionais é o EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) que é calculada pelo banco J. P. Morgan Chase a partir de uma cesta de títulos brasileiros negociados no mercado in-ternacional de capitais. Essa medida é reavaliada continuamente nas negociações desses títulos no mercado financeiro, de forma que o investidor financeiro pode ter uma medida, a qualquer mo-mento, da percepção dos mercados sobre o risco que ele corre ao aplicar nos títulos de um país.

Outra medida de risco, de natureza mais quali-tativa, conhecida como rating, é oferecida pe-

las agências internacionais de avaliação de ris-co. As principais agências internacionais são a Moody’s, Standard and Poors’ e Fitch Ratings.

AVALIAÇÃO DE RISCOS EM INVESTIMENTOS INTERNACIONAIS Este artigo mostra que a avaliação de riscos em investimentos internacionais depende essen-cialmente do tipo de investidor considerado. Investimentos financeiros contam com medi-das menos precisas, voltadas para aspectos de confiança e de competitividade, e enfrentam o desafio de particularizar suas medidas existen-tes para seus setores de atuação e para a natu-reza dos investimentos. Investidores financeiros tendem a contar com medidas com precificação contínua, com riscos determinados em merca-dos de maior liquidez.

Essas medidas de riscos em investimentos in-ternacionais servem também como parâme-tros úteis a governos interessados em melhorar o posicionamento internacional de suas eco-nomias. Obter melhoras em índices de confiança, competitividade, risco país financeiro ou ratings de crédito são meios importantes de abrir o acesso, pelo país, a capitais internacionais que podem contribuir significativamente para os processos de crescimento e de desenvolvimen-to econômico.

* Frederico Turolla é vice-coordenador e professor titular do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração com ênfase em Gestão Interna-cional (PMDGI/ESPM). É economista com douto-rado em Economia de Empresas, e pesquisa os investimentos diretos estrangeiros em setores regulados de infraestrutura através de parcerias público-privadas. Sua experiência profissional vem do mercado financeiro (Banco WestLB) e em consultoria econômica (Pezco Econmics).

3. R ISCO PAÍS EM INVEST IMENTOS INTERNACIONAIS

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ANEXO I

País 2013 2014 2015 2016 2017Argélia 48 48 49 48 54Angola 58 57 58 56 62Argentina 55 54 55 63 61Bangladesh 60 58 58 58 60Bolívia 50 49 51 49 52Brasil 45 45 44 47 48Canadá 38 39 37 38 35Chile 41 42 42 42 40China 34 32 32 34 36Colômbia 52 52 51 51 49Equador 57 55 55 54 55Egito 60 61 61 60 61França 43 43 43 43 41Alemanha 37 36 37 36 33Hungria 41 40 39 40 38Índia 55 54 52 54 55Indonésia 54 52 51 50 51Irã 52 61 70 77 90Iraque 76 70 65 64 68Itália 48 46 46 46 44Japão 42 41 40 40 36Cazaquistão 51 48 53 57 67Kuwait 51 51 50 49 51Malásia 51 50 50 48 47México 48 47 46 46 44Marrocos 51 51 55 50 49Nigéria 53 54 54 55 58Paquistão 66 65 63 60 60Paraguai 45 46 46 47 46Peru 48 49 49 49 47Filipinas 56 55 55 54 53Polônia 42 43 42 41 38Catar 54 54 55 51 50Romênia 49 48 47 47 45Rússia 51 50 52 54 52Arábia Saudita 47 47 47 47 48África do Sul 54 54 54 52 52Sudão 68 68 67 67 71Tailândia 56 68 67 64 56Turquia 50 50 49 51 50Ucrânia 52 49 54 57 53Emirados Árabes 43 44 44 43 40Reino Unido 44 43 42 42 32Estados Unidos 21 21 21 17 13Uruguai 44 44 44 43 44Venezuela 57 57 57 60 70Vietnã 50 59 47 45 45Média 50 50 50 50 50

ÍND ICE R ISCO PAR A NEGÓCIOS INTERNACIONAIS (2013 -2017)

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ANEXO II

País 2013-2014 2014-2015 2015-2016 2016-2017Argélia -2 -1 -2 5Angola 7 8 6 13Argentina 4 5 13 12Bangladesh 8 8 8 11Bolívia -1 1 -1 3Brasil -5 -6 -3 -1Canadá -11 -13 -12 -14Chile -8 -8 -8 -9China -18 -18 -16 -13Colômbia 2 1 1 0Equador 5 5 4 6Egito 11 11 10 12França -7 -7 -7 -8Alemanha -14 -13 -14 -16Hungria -10 -11 -10 -11Índia 4 2 4 6Indonésia 2 1 0 2Irã 11 20 27 41Iraque 20 15 14 19Itália -4 -4 -4 -5Japão -9 -10 -10 -13Cazaquistão -2 3 7 18Kuwait 1 0 -1 2Malásia 0 0 -2 -2México -3 -4 -4 -5Marrocos 1 5 0 0Nigéria 4 4 5 9Paquistão 15 13 10 11Paraguai -4 -4 -3 -3Peru -1 -1 -1 -2Filipinas 5 5 4 4Polônia -7 -8 -9 -11Catar 4 5 1 1Romênia -2 -3 -3 -4Rússia 0 2 4 3Arábia Saudita -3 -3 -3 -1África do Sul 4 4 2 3Sudão 18 17 17 22Tailândia 18 17 14 7Turquia 0 -1 1 1Ucrânia -1 4 7 4Emirados Árabes -6 -6 -7 -9Reino Unido -7 -8 -8 -17Estados Unidos -29 -29 -33 -36Uruguai -6 -6 -7 -5Venezuela 7 7 10 21Vietnã 9 -3 -5 -4

DIFERENÇA ENTRE ÍNDICE RISCO PARA NEGÓCIOS INTERNACIONAIS ENTRE OS ANOS

3. R ISCO PAÍS EM INVEST IMENTOS INTERNACIONAIS

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O RISK ANALYSIS AND INTERNATIONAL

AFFAIRS É O LABORATÓRIO DE ANÁLISE

DE RISCO DA ESPM. O RAIA-ESPM PRODUZ

ÍNDICES DE RISCO POLÍTICO E ECONÔMICO,

PLANEJAMENTO DE CENÁRIOS E ANÁLISES

DE CONJUNTURA INTERNACIONAL.

R . DR . Á LVARO ALV IM, 123 V I L A MARIANA – SÃO PAULO – SP

TELEFONE: 11 5085 - 46 0 0HT TP ://R A IA . ESPM .BR

E - MAI L : R A IA@ESPM .BR