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DIÁRIO DE BORDO: Experiências vividas e percebidas em 2013 durante estágio
curricular obrigatório nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental na modalidade de
Educação de Jovens e Adultos na escola comunitária Tia Joana em Caxias (MA)1
LOGBOOK: Lived Experiences and Perceived in 2013 during Internship Mandatory in
Years Elementary School Early in youth and Adult Education Mode in Community
School Aunt Joan in Caxias (MA)
Prof. Dr. Greilson Lima
Professor Doutor da Disciplina Metodologia da Pesquisa em Psicologia da Educação do Curso de Especialização
em Psicologia da Educação do Núcleo de Tecnologias para Educação (UemaNet) da Universidade Estadual do
Maranhão (UEMA)
Prof. Esp. Denílson Barbosa dos Santos Acadêmico do Curso de Especialização em Psicologia da Educação do Núcleo de Tecnologias para Educação
(UemaNet) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
E-mail: [email protected]
RESUMO
Este texto tem como objetivo relatar as experiências vividas, adquiridas e os resultados alcançados durante meu
Estágio Curricular Obrigatório nos anos iniciais do ensino fundamental do Curso de Pedagogia licenciatura
Plena da UEMANET (minha 2ª graduação, já que a minha 1ª graduação que fiz foi em Geografia Licenciatura
Plena/UEMA), o qual realizei na turma de 2ª Etapa do 1º segmento de EJA da Escola Comunitária Tia Joana da
cidade de Caxias-MA. A experiência do estágio curricular vivenciada na Escola Comunitária Tia Joana foi
produtiva e valeu apena, visto que me possibilitou uma experiência impar, onde adquiri subsídios e práticas que
me ajudarão ao longo do meu desenvolvimento profissional. Assim, em conformidade com Sousa e Serra (2011),
as visitas de campo à referida escola para observações não-participante; observações participante, aplicação dos
roteiros de entrevistas e regência em sala de aula se deram no período de 05 de abril à 08 de junho de 2013.
Palavras-chave: Relato de experiência. Estágio Curricular. Escola Comunitária Tia Joana. 1º Segmento de EJA.
Caxias-MA.
ABSTRACT
This text aims to report the experiences acquired and the results achieved during my Internship Mandatory in the
early years of elementary education in the Education course undergraduate Full of UEMANET (my 2nd degree,
since my 1st graduation I did was in Geography Full Degree / UEMA), which realized in the class of 2nd Stage
of 1 EJA segment Community School Aunt Joan in the city of Caxias, MA. The experience of the traineeship
lived in Community School Aunt Joan was productive and cost apena since enabled me an odd experience where
purchase subsidies and practices that will help me throughout my professional development. Therefore, in
accordance with Sousa and Serra (2011), field visits to that school for non-participant observations; participant
observations, application of scripts and conducting interviews in the classroom took place in the period from
April 5 to June 8, 2013.
Keywords: Experience report. Curricular Training. School Community Aunt Joan. 1st segment of adult
education. Caxias, MA.
1
Texto produzido pelo acadêmico Prof. Esp. Denílson Barbosa dos Santos e apresentado à Disciplina
Metodologia da Pesquisa em Psicologia da Educação do Curso de Especialização em Psicologia da Educação do
Núcleo de Tecnologias para Educação (UemaNet) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) como
requisito parcial de avaliação da aprendizagem, 2015.1, sob orientação do Prof. Dr. Greilson Lima.
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INTRODUÇÃO
Sabe-se que o Estágio Curricular Obrigatório Supervisionado nos anos iniciais Ensino
Fundamental, no Curso de Pedagogia da UemaNet, tem como objetivos oportunizar ao
acadêmico condições propícias ao desenvolvimento de sua prática docente, mediante
trabalhos pedagógicos, regência de classe e intervenção sistematizada em situações que se
apresentam no campo de estágio, bem como a articulação entre universidade e instituições
educativas e a promoção da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Desse modo, a atividade curricular tem como finalidade levar o acadêmico à
compreensão da prática docente na realidade escolar, instrumentalizando-o para a proposição
de alternativas para atuar na resolução de problemas característicos do cotidiano profissional,
por meio da observação, registro, investigação, análise e reflexão teórica a partir de situações
de ensino em sala de aula e de processos de gestão educacional e, ainda, planejamento,
elaboração e realização de atividades de ensino como exercício da docência supervisionada.
Assim sendo, na perspectiva de atender a uma das propostas de atividades avaliativas
da Disciplina Metodologia da Pesquisa em psicologia da Educação do Curso de
Especialização em Psicologia da Educação do Núcleo de Tecnologias para Educação
(UemaNet) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), este texto tem como objetivo
relatar as experiências vividas, adquiridas e os resultados alcançados durante meu Estágio
Curricular Obrigatório nos anos iniciais do ensino fundamental do Curso de Pedagogia
licenciatura Plena da UEMANET (minha 2ª graduação, já que a minha 1ª graduação que fiz
foi em Geografia Licenciatura Plena/UEMA), o qual realizei na turma de 2ª Etapa (4º e 5º ano
do Ensino Fundamental) do 1º segmento de EJA da Escola Comunitária Tia Joana da cidade
de Caxias-MA. A experiência do estágio curricular vivenciada na Escola Comunitária Tia
Joana foi produtiva e valeu apena, visto que me possibilitou uma experiência impar, onde
adquiri subsídios e práticas que me ajudarão ao longo do meu desenvolvimento profissional,
pois sou professor de Geografia do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental Regular e na
modalidade de EJA, nunca tinha tido uma experiência com alunos dos anos iniciais do Ensino
Fundamental (1º ao 5º ano). Assim, todas as atividades desenvolvidas foram satisfatórias, pois
atendeu ao nosso propósito, as quais foram pensadas e planejadas à luz dos Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, das Diretrizes Curriculares de EJA e da
Proposta Curricular de EJA do 1º segmento do MEC e do município de Caxias-MA.
Assim, em conformidade com Sousa e Serra (2011), as visitas de campo à referida
escola para observações não-participante; observações participante e entrevistas, bem como a
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regência em sala de aula se deram no período de 05 de abril à 08 de junho de 2013. Ao passo
que as observações, as entrevistas e atividades realizadas nesse período, encontram-se
descritas nas páginas a seguir deste texto, e as fotos, atividades encontram-se nos apêndices.
Portanto, este texto, foi concebido com a preocupação principal de perceber e/ou
melhor entender as principais teorias que fazem parte do campo de conhecimento denominado
Psicologia da Educação e que no nosso entender e dos demais acadêmicos e professores do
Curso de Especialização em Psicologia da Educação da UemaNet/UEMA e da Disciplina
Metodologia da Pesquisa em Psicologia da Educação, as discussões travadas nesse curso e
que serão travadas ao longo do curso e que foram travadas quando da realização de visitas de
campo às escolas para coleta de dados para produção deste e de outros textos desta natureza,
trazem e poderão trazer ainda ideias significativas para refletirmos sobre as questões relativas
à dimensão subjetiva da educação, sobretudo a escolar, em pleno século XXI (GATTI, 1997,
2003).
2 CARACTERIZÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO, DAS ATIVIDADES RELAIZADAS
E EXEPRIÊNCIAS VIVIDAS
2.1 Campo de estágio
A Escola Comunitária Tia Joana, está localizada a Avenida Volta Redonda, S/N,
Bairro Volta Redonda, Caxias-MA, E-mail: [email protected]. Tendo como Gestora
a Professora Joana da Silva e Coordenadoras Pedagógicas Maria Elisabeth Sumber e Cleide
Regina Ferreira Morais, as quais são responsáveis pelo planejamento (quinzenal),
acompanhamento dos alunos e da prática pedagógica e formação continuada dos professores.
Além de 12 professores (8 contratados e 4 efetivos); 03 vigias; 03 zeladoras; 02 merendeiras;
e 01 secretário.
Por sua vez, a Escola Tia Joana faz parte da Rede municipal de Ensino de Caxias-MA,
localizada à Avenida Volta Redonda, S/N, Bairro Volta Redonda, Caxias-MA. A cidade de
Caxias-MA (Figura 1) está localizada no Estado do Maranhão da região Nordeste, na
Mesorregião Leste Maranhense, na Latitude: 4º 51’32” S e Longitude: 43º 21’22” W,
distando 360 km da capital São Luís.
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Figura 1 - Localização Geográfica do município de Caxias no Estado do Maranhão e na
Mesorregião Maranhense.
Fonte: IBGE, 2011.
Buscando compreender o percurso histórico da escola campo de estágio, resolveu-se
entrevistar a Senhora Gestora Prof.ª Joana da Silva. Quando a ser questionada sobre o
histórico, as ações e a filosofia da Escola Tia Joana, ela foi taxativa ao dizer que:
“É uma escola comunitária, fruto da união entre professores e comunidade,
trata-se de uma entidade de luta e resistência desde 1989, ano de sua
fundação, situada na Avenida Volta Redonda, neste município. A
mantenedora desta escola é a Associação de Pais e Mestres da Escolinha
Tia Joana, que é a proprietária do espaço escolar, e recebe todo o apoio do
poder público municipal, desde a firmação do convenio com a prefeitura
municipal”. (Fonte: Relato da Gestora Escolar Prof.ª Joana da Silva,
entrevista, 13/05/2013).
Ainda em conformidade com documentos cedidos e relatos da Gestora Prof.ª Joana da
Silva, a ECOM. Tia Joana, desde sua fundação, atende crianças, jovens e adultos, uma vez
que foi exatamente para atender essa clientela que se encontrava sem acesso a educação, pela
pouca quantidade de escolas na cidade em 1989, para atender a demanda de alunos que ela foi
instituída, vale salientar que o objetivo desde então traçado pela escola é “Educar para instruir
e humanizar”, dando, pois prioridade e valorização a cultura (comemorações religiosas, festas
juninas, bumba-meu-boi, entre outros).
Esta escola também até o ano de 2004 desenvolveu com os alunos um grande projeto
chamado “circo sem lona”, o que dá o embasamento para afirmação que a escola é pioneira no
que se refere a ampliação da jornada e organização curricular no aspecto da educação integral,
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buscando desenvolver nos educandos sua formação e interação com o meio. Desde este
período a escola vem também desenvolvendo atividades de formação continuada e
profissional, como cursos, seminários, palestras formativas, envolvendo pais, professores,
alunos e toda comunidade escolar. A realização dessas atividades se dá por meio da parceria
estabelecida entre a escola e outras entidades que vislumbram também o desenvolvimento
social, como o Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Genésio (CDDHAG), que
desde a fundação da escola, sempre dispensou seu incondicional apoio as atividades
desenvolvidas. A igreja católica, é também outra grande parceira da Escola Tia Joana, foi por
meio da parceria com esta instituição cristã que se obteve conquistas fundamentais para a
instituição escolar, foi através da Diocese de Caxias, na pessoa do bispo D. Luís D’Andréa
(hoje em memória), que se conseguiu fazer a primeira reforma e adequação do prédio,
dividindo-o em salas de aulas e outras dependências, onde, na oportunidade foi desenvolvido
de forma pioneira oficinas de produção alternativa, onde foram oferecidos os cursos de corte e
costura, arte em serigrafia, confecção de bolsas, calçados e etc.
A Escola Tia Joana sempre esteve envolvida com os movimentos sociais de luta pela
melhoria da educação, por acreditar que uma boa educação, promove uma melhor qualidade
de vida. Para que se possa manter a qualidade e eficiência do ensino oferecido, a escola conta
com um rol de professores comprometidos e com a maciça participação da comunidade
escolar nas atividades desenvolvidas. Além do mais vale destacar que:
“Todas as atividades desenvolvidas na escola foram interrompidas no ano
de 2004 pelo governo municipal da época, pois a prefeita cancelou o
convenio firmado entre escola e prefeitura, obrigando assim a escola a
emitir a transferência de todos os alunos, uma vez que a APMETJ
(Associação de Pais e Mestres da Escolinha Tia Joaninha) não tinha
condição de manter a escola em funcionamento com seus quase 500 alunos.
Toda a tormenta teria fim e a escola voltaria a prestar serviços
educacionais com professores voluntários se a ex-prefeita não tivesse
sucateado a escola, levando todos os equipamentos conquistados pela
instituição, como máquinas de costura, equipamentos do “circo sem lona”,
do bumba meu boi, enfim, todos os materiais pedagógicos e facilitadores das
ações desenvolvidas. A prefeita se apossou do prédio e deu inicio a
depredação do mesmo, a APM, entrou na justiça e pelo trabalho prestado
pela escola a comunidade desde sua fundação, teve nessa luta grande apoio
da comunidade, que organizada pressionou a justiça a acelerar o processo,
a qual deu ganho de causa a APM. A justiça obrigou à senhora então
prefeita da época, a devolver os itens surrupiados da escola, porém todos
estavam completamente destruídos sem nenhuma condição de uso. Desde
então a escola passou por um processo de reorganização das atividades
complementares desenvolvidas”. (Fonte: Relato da Gestora Escolar Prof.ª
Joana da Silva, entrevista, 13/05/2013).
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Em 2005, noutra administração, o convênio com prefeitura e a escola foi restabelecido
e a escola totalmente reconstruída, ampliada e reequipada, passando a trabalhar apenas com a
educação infantil, com grande quantidade de alunos, desde 2006 a escola passa a inserir um
ano a mais em sua oferta de ensino, sendo que nos dias atuais atende mais de 500 alunos
sendo os mesmos do 1º ao 5º ano e 1ª e 2ª Etapa do 1º Segmento de Educação de Jovens e
Adultos (EJA). Desde então passou a ter 8 salas de aulas com mobília adequada a faixa etária
dos alunos atendidos, com carteiras padrão classe A do MEC, 01 cantina, 01 laboratório de
informática, 03 banheiros (1 alunos, 1 alunas e 1 professores), 01 pátio, 01 sala da Diretoria,
01 sala dos professores e 01 espaço externo. Em 2013 passou a contar com o Programa Mais
Educação desenvolvendo atividades no contra turno para os alunos da escola.
A proposta pedagógica e o PPP da escola ainda estão em processo de elaboração.
Todavia, entre outras coisas, nas práticas pedagógicas que se processam no interior da
ECOM. Tia Joana, percebe-se que o processo educativo dos alunos é concebido como um
processo integral, pois a escola tem a preocupação de “Educar para instruir e humanizar”,
dando, pois prioridade e valorização a cultura (comemorações religiosas, festas juninas,
bumba-meu-boi, entre outros), a interação família-escola, as produções literárias ou
linguísticas (livros produzidos pelos alunos em diferentes gêneros, jornal Mandacaru e jornal
mural da escola), artísticas e culturais dos alunos.
Por sua vez, o registro da prática educativa processadas no interior da escola é
realizado por meio do diário de classe, caderno da professora, portfólio, registro fotográfico.
Por outro lado, a responsabilidade e preocupação com a alimentação saudável e bem-estar das
crianças, jovens e adultos é uma constante da SEMEDUC e da ECOM. Tia Joana,
materializada quando da criação do Núcleo de Alimentação Escolar da SEMEDUC-
Secretaria Municipal de Educação de Caxias-MA, onde uma equipe de nutricionista prepara e
acompanha um cardápio balanceado e diversificado. Todos os espaços da escola são seguros,
limpos, higienizados, confortáveis, iluminados, arejados, amplos e salubres.
As práticas educativas, formativas e lúdicas que são processadas no interior da escola
Tia Joana são pensadas e planejadas com vista à promoção e desenvolvimento da autonomia
da criança, reconhecimento da identidade e valorização das diferenças e cooperação,
relacionamento saudável com o ambiente natural e social, tudo isso, por meio da exploração
de múltiplas linguagens. Além de promover a interação social das crianças, favorecendo o
respeito à dignidade, ao ritmo, as ideias, conquistas e produções e interação entre as crianças,
jovens e adultos, bem como enfatizam ainda, o respeito e acolhimento, o direito das famílias
de acompanhar as vivências e produções dos alunos.
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Finalizando a entrevista, pedi a Gestora Prof.ª Joana que comentasse sobre sua visão
de ensino-aprendizagem que a escola vem desenvolvendo junto ao seu corpo discente e
docente, e, mais uma vez ela foi taxativa ao dizer que:
“Em síntese, o ensino-aprendizagem é um processo tão abrangente quanto
às relações humanas. Assim, a ECOM. Tia Joana, entende que educação
excede o espaço escolar, pois ela ocorre em casa, na rua, na igreja ou na
escola. Além disso, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela. Por isso
que se devem estar todos os momentos realizando atos de aprendizagem e de
ensino; pela educação desenvolvemos nossa capacidade e potencialidades
para o saber e para fazê-lo. Em tudo isso se manifesta uma de suas
características que é o artifício. Educação não é um ponto de chegada, mas
um processo. Nesse processo está presente a dinamicidade das ações e
relações entre as pessoas e grupos o que faz desse processo um mecanismo
que pode produzir transformações sociais, mas que, em geral, esforça e
mantém a sociedade estratificada. Para reforçar esse meu posicionamento,
gostaria que você me desse licença pra mim ler duas citações que gosto
muito e tem tudo a ver com nossa escola, primeiro quero citar Lukesi (2001,
p.14), “Pode-se dizer, que em todas as dimensões da vida existem processos
educacionais”. E agora cita Carlos Brandão, pois entendo também que
ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de
um modo ou de outro, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela, seja,
para aprender, para ensinar ou para aprender e ensinar. Em outros termos,
“Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias
misturamos a vida com a educação” (BRANDÃO, 1985, p.7). (Fonte:
Relato da Gestora Escolar Prof.ª Joana da Silva, entrevista, 13/05/2013).
Portanto, em conformidade com os relatos da Gestora Prof.ª Joana da Silva e nas
observações feitas, pode-se aferir que a Escola Comunitária Tia Joana desenvolve suas
práticas educativas e formativas à luz de diversas correntes psicológicas, filosóficas e
sociológicas, dando ênfase a dimensão subjetiva e social dos sujeitos. Nesse sentido, Maria
Vilani Cosme de Carvalho, na introdução do livro “Psicologia da Educação: teorias do
desenvolvimento e da aprendizagem em discussão”, organizada por ela e por Kelma Socorro
de Matos (2009), reforça esse entendimento quando explica que:
Como a questão central da Psicologia da Educação é compreender a dimensão
subjetiva da educação (subjetividades que são constituídas no contexto educacional),
tendo como base teórica principal as teorias que explicam os processos de
desenvolvimento e de aprendizagem humana, há teorizações diferenciadas a serem
analisadas e escolhidas pelo professor formador.
Compartilhando da compreensão de que o ser humano desenvolve suas
características biopsicossociais à medida que vai se inserindo nos diferentes
contextos de socialização, escolhemos as teorias que, embora de modo diferente,
ressaltam a importância dos eventos educativos, sobretudo os que acontecem na
escola, no processo de individualização do ser humano. Como também são várias e
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díspares as teorias que compartilham dessa idéia, sendo abordadas nos cursos de
formação de professores no Brasil.
[...]. Além disso, temos, temos consciência de que a contribuição que o
conhecimento psicológico pode dar à educação não está no conhecimento em si
mesmo, mas na forma como nós, educadores, pensamos e questionamos os
processos psicoeducacionais que se desencadeiam nas pessoas, como as
aprendizagens e as ações de ensino que se desenvolvem nas escolas. (CARVALHO,
2009, p.12).
2.2 Entrevista do professor Marcos Gean Rodrigues, titular da turma de 2ª etapa de
EJA da escola.
Antes de tudo, esclareço os motivos que me levaram a optar por estagiar em uma
turma de EJA, se deve ao fato, que sou Coordenador Municipal de Educação de Jovens e
Adultos da Secretaria Municipal de Educação de Caxias, trabalho das 7h30 às 17h30, o que
inviabilizou estagiar no ensino fundamental regular nos turnos matutino ou vespertino, além
do mais, de 2005 a 2010, fui professor de Geografia da 3ª e 4ª Etapa do 2º Segmento de EJA e
no período de 2006 a 2008, trabalhei como professor de EJA na Central Custódia de Presos de
Justiça de Caxias/CCPJ com a alfabetização de jovens e Adultos e com alunos do 1º
Segmento de EJA (1º ao 5º ano do Ensino Fundamental).
Por outro lado, a LDB n.º 9.394/96 prevê que a educação de jovens, e adultos (EJA) se
destina àqueles que não tiveram acesso (ou não deram continuidade) aos estudos no Ensino
Fundamental e Médio, na faixa etária de 7 a 17 anos, e deve ser, oferecida em sistemas
gratuitos de ensino, com oportunidades educacionais apropriadas, considerando as
características, interesses, condições de vida e de trabalho do cidadão.
A resolução CNE/CEB n.º 1/2000, por sua vez, institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Essas diretrizes são obrigatórias tanto na
oferta quanto na estrutura dos componentes curriculares de Ensino Fundamental e Médio de
cursos desenvolvidos em instituições próprias, integrantes da organização da educação
nacional, à luz do caráter peculiar dessa modalidade de educação.
As diretrizes destacam que a EJA, como modalidade da educação básica, deve
considerar o perfil dos alunos e sua faixa etária ao propor um modelo pedagógico, de modo a
assegurar: equidade: distribuição específica dos componentes curriculares, a fim de propiciar
um patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade de direitos e de oportunidades
em face do direito à educação; diferença: identificação e reconhecimento da alteridade
própria e inseparável dos jovens, dos adultos e idosos, em seu processo formativo, da
valorização do mérito de cada um e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores.
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Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, é
necessário que a escola assuma a função reparadora de uma realidade injusta, que não deu
oportunidade nem direito de escolarização a tantas pessoas. Ela deve também contemplar o
aspecto equalizador, possibilitando novas inserções no mundo do trabalho, na vida social,
nos espaços de estética e na abertura de canais de participação. Mas há ainda outra função a
ser desempenhada: a qualificadora, com apelo à formação permanente, voltada para a
solidariedade, a igualdade e a diversidade.
Considerando, tudo isso, cumprindo determinação das tutoras à distância e presencial
e da Supervisora do Estágio do 7º período do Curso de Pedagogia da UemaNet, visitei em 05
de abril/2013 a sala de aula da turma de 2ª etapa( 4º e 5 º ano) do 1º Segmento de EJA do
Ensino Fundamental da ECOM. Tia Joana, com vista observar aspectos relevantes e presentes
na prática pedagógica do professor de EJA Marcos Gean Rodrigues, de modo que, após fazer
as observações necessárias, o entrevistasse, e assim, foi feito.
As repostas obtidas a partir da entrevista e de conversa travada com o professor e com
os alunos de EJA da ECOM. Tia Joana, trazem contribuições de grande importância e
interesse para a compreensão da prática e para nossa formação docente, bem como sobre
diferentes aspectos da EJA no primeiro segmento do Ensino Fundamental.
Um primeiro ponto que se destaca é o fato de que os professores de EJA têm, hoje, um
nível de formação bem mais elevado do que há algumas décadas. Mesmo assim, essa
formação ainda não é específica para esse trabalho, preocupação explicitada nas Diretrizes
Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica, do Conselho Nacional de
Educação, estimulando os cursos de licenciatura que tratem da especificidade da EJA. A esse
respeito, durante conversa com o Professor Marcos Gean, lhe fiz então, os seguintes
questionamentos: Professor: quem é você? Qual sua formação? Quanto tempo de
experiência? Eis que ele responde:
“Sou Professor Marcos Gean Rodrigues, tenho 24 anos. Sou casado.
Formado em Pedagogia Licenciatura Plena (UEMA), Curso Normal em
Nível Médio (Magistério) e Educador Popular pela Escola de Formação
Quilombo dos Palmares. Há 5 anos atuo em sala de aula como professor”.
(Fonte: Entrevista, realizada em 05 de abril de 2013, com o Professor
Marcos Gean Rodrigues).
A esse respeito, a proposta de formação de professores apresentada por Nóvoa (1995)
torna-se referência quando refletimos sobre os aspectos formativos mencionados acima pelo
Professor Marcos Gean, porque considera que a formação ocorra com base em três eixos
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estratégicos: o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional. Visto que, a formação
não se constrói por acumulação de cursos, de conhecimentos técnicos, mas por meio de um
trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e de reconstrução permanente de uma identidade
pessoal. Além disso, é mister, que as práticas formativas concebam a formação como um
processo interativo e dinâmico no qual a troca de experiências e a partilha de saberes
consolidam espaços de formação mútua. Por conseguinte, a formação que considera esse viés
contribui para emancipação profissional e para consolidação de uma profissão que é
autônoma na produção de seus saberes e dos seus valores, com reflexos positivos na qualidade
do ensino-aprendizagem dos alunos.
É justamente, com este entendimento, que a proposta do nosso estágio curricular
obrigatório foi elaborada, pensada, e, fomos instrumentalizados nos encontros presenciais
com a Supervisora Presencial Wilma Gultelaynne e com a Tutora Presencial Galba Syonne, e,
fora colocada em prática durante o Estágio Curricular Obrigatório do 1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental, na modalidade de EJA, por meio do projeto didático interventivo numa
perspectiva interdisciplinar, intitulado Projeto Prática de Leitura, Escrita e Contação de
História na 2ª Etapa de EJA da ECOM. Tia Joana, o qual foi desenvolvido no período de 13
de maio à 08 de junho/2013. E nesse caso, Marilda Aparecida Behrens (2005) em seu livro O
Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica, sugere que:
[...] o professor tenha conhecimento dos referenciais teóricos e práticos do
paradigma emergente, que, nesse momento histórico, apontam para uma tríplice
aliança metodológica: A visão sistemática que promove o desenvolvimento do aluno
em todo o processo, buscando superar a fragmentação e tentando criar novos
caminhos que completem a emoção, a intuição, a responsabilidade, a alegria, o
entusiasmo em poder produzir o conhecimento que beneficie a si mesmo e a
coletividade. A abordagem progressista, como mediadora, referendando a
participação, o espírito de grupo, a coletivização dos conhecimentos na busca da
transformação da realidade; e o ensino com a pesquisa como abordagem da
produção do conhecimento provocando o acesso às informações, a busca de
referenciais e o espírito investigativo do aprender a aprender. Essa aliança deve
apropriar-se da tecnologia inovadora como instrumental para desenvolver o projeto
metodológico em sala de aula (BEHRENS, 2005, p.107-108).
Buscando aprofundar a conversa, perguntei então, ao Professor Marcos Gean: Quando
e porque se tornou professor de EJA? E como é sua relação com os alunos? Quais as
principais características de seus alunos? A esse respeito expressou-se da seguinte forma:
“Há dois anos, mais precisamente em 2010, fui convidado a substituir uma
professora de EJA da ECOM. Tia Joana, que precisava se ausentar da sala
de aula para tratamento de saúde. Aceitei, meio que nervoso, por se tratar
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dos pais e das mães dos meus alunos do diurno da escola, mas não é que me
apaixonei, logo de cara, pelo interesse deles em querer aprender, pela
bagagem de conhecimentos e experiências que tinham e traziam para sala
de aula, o que enriqueceu e facilitou minha ação docente.
Minha relação com os alunos, como você bem viu é muito boa, afetuosa,
respeitosa... Gosto muito de escutá-los, de aprender com eles, sinto-me bem
acolhido por eles... São alunos de idade variadas, tem jovens de 18 a 24
anos, mas tem também alunos de idade já bem avançada com Dona
Raimunda de 52 anos,[...] são pragmáticos, deixaram de estudar a muito
tempo e agora estão retornando á sala de aula, depois de um dia inteiro de
trabalho” (Fonte: Entrevista, realizada em 05 de abril de 2013, com o
Professor Marcos Gean Rodrigues).
Pensando nessa colocação do Professor Marcos Gean, ressalto a dimensão integradora
da educação, bem como considero que, se o ambiente é harmonioso, acolhedor, motivador,
respeitoso e prazeroso da sala de aula, que deve ser criado pelo professor, de modo que, os
alunos adquiram mais segurança nas relações, perdem o medo de errar, se lançam mais e,
consequentemente, aprendem mais. Assim, propus ao professor Marcos Gean que, ao planejar
as situações didáticas, refletisse sobre os seus alunos de EJA, considerando o
desenvolvimento integral deles, contemplando as características culturais dos grupos a que
pertencem e as características individuais, tanto no que se refere aos modos como interagem
na escola, quanto às bagagens de saberes de que dispõem.
Na proposta freiriana (1987; 1996), o processo educativo não se caracteriza pelo
recebimento, por parte dos alunos, de conhecimentos prontos e acabados, mas pela reflexão
sobre os conhecimentos que circulam e que estão em constante transformação; professores e
alunos são produtores de cultura; todos aprendem e todos ensinam, são sujeitos da educação e
estão permanentemente em processo de aprendizagem.
Além do mais, percebi que, embora o Professor Marcos Gean, enfrente problemas e
faça reivindicações quanto às condições de trabalho, ele fala das vantagens de lidar com um
grupo de alunos amadurecidos, e com grande vontade de estudar e de ter sucesso, em sua
volta à escola.
No que se refere de modo geral, às concepções e às práticas dos professores de EJA,
além de algumas contradições, observa-se que ainda há muita falta de informação. Assim,
alguns deles afirmam servir-se de materiais didáticos que estão de acordo com as Diretrizes
Curriculares de EJA e com as especificidades de EJA; na verdade, ao longo de minha prática
como Coordenador de EJA, tenho percebido e estudos tem mostrado, que isso não ocorre, o
que fica claro ao analisar a relação de livros e outros materiais que listam como os mais
utilizados. Pensando nisso, questionei o Professor Marcos Gean, a esse respeito: Como você
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trabalha ou aborda os conteúdos? Quais as atividades ou estratégias adotadas por você
para facilitar a aprendizagem de seus alunos? E quais as dificuldades encontradas por
você em sua prática docente de EJA? Ele então se posicionou da seguinte forma:
“Os conteúdos são trabalhados de forma contextualizada, uma vez que sempre se
tem um exemplo de vida dos alunos de EJA que é colocada em pauta. A
dinaminzação na aplicação dos conteúdos, a inclusão dos problemas, dúvidas e
histórias que eles trazem, de modo que, contextualiza e facilita a aprendizagem.
As grandes dificuldades se dão por causa da não perspectiva de avanço nos estudos,
muitos alunos de EJA estudam apenas para facilitar sua vida cotidiana, como por
exemplo ler a Bíblia, cartas ou avisos, e, quando se sentem habilitados, acabam por
desistir da escola, mas já estou trabalhando no sentido de sensibilizá-los sobre a
importância de continuar os estudos em uma sociedade em contínua transformação
como a nossa” (Fonte: Entrevista, realizada em 05 de abril de 2013, com o
Professor Marcos Gean Rodrigues).
De fato, não é simples selecionar o que ensinar e como ensinar, os alunos de EJA,
mais o professor, deve refletir, sobre quais saberes, conteúdos, poderão ser mais relevantes
para formação escolar e convívio diário dos alunos de EJA e para inserção cada vez mais
plena nessa sociedade letrada, pois tem o direito de aprender os conteúdos das diferentes áreas
do conhecimento que lhes assegurem cidadania no convívio dentro e fora da escola.
É nessa mesma linha de pensamento que Silva (2003, p.10) aponta que:
O espaço educativo se transforma em ambiente de superação de desafios
pedagógicos que dinamiza e significa a aprendizagem, que passa a ser compreendida
como a construção de conhecimentos e desenvolvimento de competências em vista
da formação cidadã.
Para o professor superar os desafios pedagógicos, as dificuldades, é, necessário que
avalie sistematicamente o ensino-aprendizagem.
Sem dúvida, um dos maiores problemas apontados é o da permanente tensão entre o
tempo disponível e a tarefa de tratar os conteúdos propostos para o 1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental, na modalidade de EJA – em especial os contemplados nos livros didáticos.
Resta-lhes, portanto, realizar reduções e simplificações curriculares, que certamente trazem
um grande empobrecimento ao processo de aprendizagem.
Em conversa com os alunos de EJA do Professor Marcos Gean, eles foram enfáticos
ao dizer que gostam de estudar, mesmo cansados após um dia inteiro de trabalho, vão à escola
para estudar, pois gostam das aulas do professor, porque ele aborda assuntos e temáticas de
interesses e que refletem o cotidiano desses alunos. Informaram ainda que, as melhores
atividades que gostaram de participar e que querem que mais aconteçam, dizem respeito às
13
aulas práticas de Português e Matemática, como simulação de um comércio (compra e venda)
e confecção de ovos de chocolate, onde exercitaram na prática a linguagem oral e escrita e
operações e situações matemáticas.
Além disso, é interessante ressaltar ainda que, outro problema indicado com
frequência é o da falta de pré-requisitos para distribuição dos alunos de EJA por faixa etária,
com vista se evitar os conflitos Inter-geracionais. No estudo realizado, constata-se um
predomínio de jovens de 18 a 24 anos, fato também apontado nos levantamentos globais do
INEP. Essa característica traz novas implicações para a EJA, pois certamente os jovens dessa
faixa etária apresentam expectativas, interesses, comportamentos e valores bem diferentes
daqueles de alunos mais velhos. É marcante também a presença feminina, em especial de
donas-de-casa. Nesse sentido, na turma do Professor Marcos Gean, observei que os seus
alunos estão em faixa etária diferentes, variando de 28 a 52 anos. Contudo, devido a forma
como o Prof. Marcos Gean trabalha, não percebi nenhum conflito entre eles, pelo contrário as
relações são harmoniosas e todos se ajudam mutuamente.
Como apontam diferentes autores, entre os quais Coll (1996, p. 30):
[...] a inovação curricular não consiste apenas em mudar, ou tentar mudar, o que se
ensina e se aprende na escola. Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é
como se ensina e como se aprende. Na verdade, hoje sabemos que ambos os
aspectos são indissociáveis. O que finalmente os alunos aprendem na escola depende
em boa medida de como o aprendem; e o que finalmente nós professores
conseguimos ensinar aos nossos alunos é indissociável de como lhes ensinamos.
Desse modo, os desafios da Educação de Jovens e Adultos exigem do professor um
olhar cuidadoso sobre as questões que norteiam a relação entre professor, aluno e
conhecimento e podem interferir no sucesso escolar dos alunos. Implicam a consideração de
fatores importantes no processo de ensino e aprendizagem como o contrato didático, a gestão
do tempo, a organização do espaço, os recursos didáticos, a interação e a cooperação, e a
interação da escola com as práticas sociais.
As propostas de Paulo Freire (1987; 1996) se focalizam nas relações entre aluno e
professor, e entre aluno e conhecimento, salientando a importância do respeito à experiência e
à identidade cultural dos alunos e aos saberes construídos pelos seus fazeres.
Ao apontar as relações entre aluno e conhecimento, Freire coloca o aluno como
sujeito, e não como objeto do processo educativo, afirmando sua capacidade de organizar a
própria aprendizagem em situações didáticas planejadas pelo professor, num processo
interativo, partindo da realidade desse aluno.
14
Assim, uma boa situação de aprendizagem é aquela em que as pessoas podem interagir
coletivamente, permitindo a circulação de informações, em que os alunos tenham de colocar
em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o objeto de conhecimento, tenham problemas a
resolver e decisões a tomar em função do que será aprendido, que se coloquem desafios ao
mesmo tempo difíceis e possíveis e que o objeto a ser aprendido mantenha suas características
de objeto sociocultural real, sem se transformar em um objeto escolar vazio de significado.
Portanto, as reflexões sobre a atuação em sala de aula, os debates e as teorias
estudadas na Disciplina Psicologia da Educação e em outras disciplinas pedagógicas cursadas
nos diversos cursos de licenciaturas e pós-graduações, ajudam a conhecer os fatores que
interferem na aprendizagem. Ao serem considerados, provocam mudanças significativas no
diálogo entre o ensino e a aprendizagem e repercutem de maneira positiva no ambiente
escolar, na comunidade e na família, pois os envolvidos passam a atribuir sentido ao que
fazem e ao que aprendem.
2.3 Atividades desenvolvidas
O ensino da leitura e da escrita no cotidiano escolar tem inquietado educadores e
estudiosos que lidam diretamente com a problemática da alfabetização. No bojo dessas
inquietações, os educadores se dividem na escolha do método mais adequado para alfabetizar
crianças, jovens, adultos e idosos. A escolha desse método é feita na maioria das vezes,
considerando-se as contribuições de correntes psicológicas em detrimento das características
próprias da língua, ou seja, as diferenças entre os aspectos orais e escritos.
Neste contexto, tornou-se imperioso o desenvolvimento do meu estágio curricular por
meio do Projeto Prática de Leitura, Escrita e Contação de Histórias, pois reflete a preocupação
que se deve ter com as práticas de leitura, de escrita e de contação de histórias tecidas no chão
da escola, particularmente na turma de EJA da ECOM. Tia Joana. Neste âmbito, as reflexões
empreendidas por diversos teóricos, acerca das referidas práticas sinalizam a compreensão de
que a escola necessita investir na competente formação leitor/escritor, potencializando, no
contexto da sala de aula, usos da leitura e da escrita como práticas sociais. Ou seja, os atos de
ler e escrever são abordados numa perspectiva polissêmica, bem como emergem condições
essenciais para que os indivíduos exerçam com dignidade a cidadania.
Saber ler e escrever, para além da mera codificação/decodificação, possibilita ao
leitor/escritor a inserção em um mundo de amplas possibilidades, bem como condições de ler
o texto e seu contexto. Trata-se de pensar a prática pedagógica como lócus de letramento e de
15
formação do leitor/escritor proficiente. É, pois nesta acepção que se inseriu o projeto didático
“Práticas de Leitura, Escrita e Contação de História na 2ª Etapa (4º e 5º ano) do 1º Segmento
de EJA da Escola Comunitária Tia Joana”, contribuindo com o despertar do gosto e do prazer
pela leitura e pela escrita como hábito cotidiano.
Contudo, ao trabalhar, a escrita e a leitura com os alunos de EJA da Escola Tia Joana,
durante o meu estágio, percebi que exige paciência, disposição e reflexão. O texto na escola
deve ser materializado de práticas autênticas de linguagem e ao mesmo tempo objeto de
ensino e aprendizagem. É preciso trazer para dentro da sala de aula práticas cotidianas, e
situações reais de comunicações que mobilizem no aluno o desejo e a necessidade de
participar e de se fazer presente por meio da leitura e da escrita.
Os parâmetros Curriculares Nacionais, por sua vez, colocam como eixo básico na sua
justificativa a questão da leitura e da escrita pela dificuldade que a escola tem de ensinar a ler
e a escrever no ensino fundamental, particularmente, na modalidade de Educação de Jovens e
Adultos. São variáveis que envolvem o aluno, a língua e o ensino, sendo o aluno o sujeito da
ação de aprender. Além do mais, as pessoas começam a prática da leitura desde muito cedo,
mesmo antes de serem alfabetizadas, pois segundo Paulo Freire “a leitura do mundo precede a
leitura da palavra”.
Desse modo, a leitura, como formação de leitor, objetiva desenvolver no aluno a
familiaridade com a língua escrita mediante a leitura de vários gêneros textuais, de forma que
o faça gostar de ler e de perceber a importância da leitura para a sua vida pessoal e social,
transformando-a num hábito capaz de satisfazer o gosto e a necessidade desse ato. Segundo
Freire (2005, p.34) “a leitura boa é a leitura que nos empurra para a vida e nos leva para
dentro do mundo que nos interessa viver. E para que a leitura desempenhe esse papel é
fundamental que o ato de leitura e aquilo que se lê façam sentidos para quem está lendo”.
Nesta perspectiva, ao longo do desenvolvimento do meu estágio por meio deste
projeto, entre os alunos (as) da 2ª Etapa do 1º segmento de EJAI da ECOM. Tia Joana, o
gosto e o prazer pela leitura e escrita, aos pouco foi tornando-se um hábito, de maneira a
desenvolver a sua capacidade de linguagem e pensamento. E possa ainda, conviver com os
textos – os seus e os dos outros- de um modo mais vivo, mais livre e mais lúdico. Esses
alunos passaram escrever e ler com gosto, compreendendo melhor as ideias, analisando e
interpretando com maior clareza, tecendo relações entre o que se escreve e se lê e o que se
vive (claro do jeito deles, na escrita deles, até porque é impossível querer que nesse pouco
espaço de tempo, esses alunos escrevessem e lessem corretamente, conforme exigem a norma
16
culta). Descobrindo e desenvolvendo a sensibilidade, a imaginação, a inteligência, a partir das
palavras e com as palavras.
Fomentar a leitura, como formação de leitor, na perspectiva de desenvolver no aluno a
familiaridade com a língua escrita mediante a leitura de vários gêneros textuais e a escuta de
histórias, de forma que o faça gostar de ler e de perceber a importância da leitura para a sua
vida pessoal e social, transformando-a num hábito capaz de satisfazer o gosto e a necessidade
desse ato, por meio do Projeto Práticas de Leitura, Escrita e Contação de História na 2ª Etapa
(4º e 5º ano) do 1º Segmento de EJAI da Escola Comunitária Tia Joana, esse foi o objetivo
principal do referido projeto e as atividades desenvolvidas, de forma resumida são relatadas
abaixo. Para tal, a metodologia adotada, se deu a partir do entendimento, de que o processo
didático na construção do conhecimento passa por uma relação dialética entre o contexto e o
conteúdo, buscando significados reais com vista aos propósitos educacionais do ensino
fundamental, na modalidade de EJA, para a formação básica dos alunos de EJA.
Seguindo este propósito, o meu estágio por meio do referido projeto foi desenvolvido
a partir de uma metodologia problematizadora, investigativa e participativa, valorizando a
relação teoria e prática e a interdisciplinaridade de ações envolvidas no processo ensino-
aprendizagem, articulação dos conhecimentos prévios dos alunos ao conhecimento técnico-
científico (os conteúdos foram abordados de forma interdisciplinar e transdisciplinar, a partir
de temas geradores emergidos/extraídos dos textos, atividades e/ou discussões apresentados
e/ou travados em sala de aula e/ou situações trazidas pelos alunos durante seus comentários
ou posicionamentos em sala, convergindo sempre para as práticas de leitura, escrita e
contação de histórias), ou seja, priorizando as seguintes modalidades de organização do
trabalho pedagógico: atividades permanentes, sequências didáticas e atividades de
sistematização (confira fotos no Apêndice). Tais como:
Utilização de aulas expositivas e dialogadas;
Apresentação do Projeto para a turma, onde os alunos se posicionaram acerca do projeto,
leram e assinaram o termo de adesão e comprometimento ao projeto;
Aplicação de dinâmicas como “Meu fio de ouro” (onde os alunos receberam uma folha
de papel para escrever uma mensagem para o colega sorteado; depois cada um fez a
leitura da mensagem recebida; no dia seguinte, cada um trouxe para a sala de aula outra
mensagem respondendo o seu fio de ouro; Dinâmica “Rosto Coletivo”; Dinâmica
“Chapéu”;
Construção coletiva do mapa conceitual de leitura e escrita, por meio de fichas
didáticas para exposição, análise e discussão em sala de aula. Cada aluno recebeu duas
17
fichas para que em cada uma delas fosse escrito o que era leitura e escrita para eles,
somente, em uma palavra ou expressão;
Leitura compartilhada e discutida do breve histórico do surgimento da escrita aos dias
atuais;
Registro escrito das aulas no caderno da turma, imprimindo suas impressões, onde no
primeiro dia escolhi o Seu Luis, aluno para levar para casa o caderno da turma, relatando
nele de forma resumida o que fora abordado, discutido e aprendido na aula. No dia
seguinte, o aluno trouxe de volta o caderno, fez a leitura no começo da aula do que
escreveu sobre a aula anterior, repetindo o mesmo procedimento, escolheu outro colega
para levar para casa o caderno, essa atividade foi bem produtiva, e serviu o seu propósito
incentivar os atos de escrever e ler. O certo é que todos os alunos escreveram e leram os
seus respectivos registros reflexivos;
Roda de conversa sobre temáticas discutidas em sala de aula, assuntos extraídos das
aulas extraclasse, das contações de histórias ou das práticas de leitura e escrita;
Promoção de práticas de leitura, escrita e contação de histórias. Nessas atividades, os
alunos foram divididos em grupos: aqueles que gostavam de ler, escolhiam textos ou
livros de sua preferência e traziam para sala de aula e no momento solicitado faziam as
leituras e no final, socializaram com a turma o que o texto lhe disse e o que o aluno-leitor
disse ao texto lido; aqueles alunos que gostavam mais de escrever, escreviam textos livres
ou sobre as atividades desenvolvidas na e fora da sala de aula, e socializavam com a
turma as suas escritas; e por sua vez, os alunos que gostavam de contar histórias, as
escolhiam e contavam para a turma, esses momentos eram sempre riquíssimos, pois
possibilitaram que eles pudessem melhor se conhecer e desenvolverem e aperfeiçoarem
sua oralidade e a sua escrita;
Identificação da estrutura textual dos gêneros cartão-postal e bilhete, exercitando e
desenvolvendo a competência de produção textual dos referidos gêneros textuais. Para
esta atividade, no inicio da aula, eu recebi do Prof. Marcos Gean, um cartão-postal e um
bilhete em nome da Diretora da escola, fiz suspense, levantando hipóteses dos prováveis
assuntos, indagando os alunos se receberam ou conhecem essas correspondências; Fiz a
leitura do cartão-postal e do bilhete em voz alta; Apresentei a estrutura textual dos
mesmos; Orientei os alunos a confeccionar cartão-postal em retângulos de cartolina de
10X15 cm, colando ou desenhando imagens de lugares ou paisagens; solicitei que os
alunos escrevessem uma mensagem no cartão-postal confeccionado para um colega de
turma como se estivessem no lugar retratado no desenho ou imagem colada,
18
preenchendo-o com todas as informações necessárias; Depois cada aluno fez a leitura do
cartão-postal recebido e em casa confeccionou outro cartão respondendo o colega; Por
fim, li novamente o bilhete recebido, solicitando para os alunos responderem escrevendo
outro bilhete, o qual deveria ser lido e comentado em sala;
Realizados de Estudos do meio como:
Visita a ACL - Academia Caxiense de Letras, onde os alunos de EJA, durante a
visita conheceram um pouco da história e das finalidades da ACL e apreciaram as
declamações de poesias genuinamente caxienses feitas pelos Poetas Edmilson
Sanches e Wibson Carvalho, registraram em seus cadernos as suas impressões e
seus entendimentos daquilo que mais lhe chamou atenção e/ou que lhe foi
significativo, para posterior socialização e discussão em sala de aula. Na aula
seguinte discutimos em sala na roda de conversa a socialização da experiência e os
alunos elaboraram o mural de fotos dessa visita. Vale lembrar que o Poeta
Edmilson Sanches durante a apresentação da ACL para os alunos de EJA, disse
entre outras coisas que uma das formas de produzir conhecimento é a leitura e a
escrita; Nós aprendemos a escrever lendo. Primeiro ato de escrever é ler; A fonte do
conhecimento começa pela escrita e pela leitura; Um povo só é mais povo quando
tem identidade e não quando tem território, e a escrita e a leitura possibilitam o
registro e fortalecimento dessa identidade; Etimologicamente falando a academia é
formada pelas palavras ACA = distante, longe + DEMO = povo, portanto,
antigamente, academia significava lugar longe do povo; A Academia de Letras
tradicionalmente reúne 40 pessoas, mas a Academia Caxiense de Letras hoje só
tem 32 membros; A Academia de Letras serve primeiro para preservar a identidade,
a história do povo e segundo para preservar a língua, o idioma desse povo; Nesse
momento as alunas Joseane e Divina fizeram os seguintes comentários: “Eu até
leio, mas tenho dificuldade em entender o que estou lendo” (JOSEANE, 28 anos);
“Eu leio mas tenho dificuldade em escrever” (MARIA DIVINA, 52 anos); A esse
respeito o Poeta Edmilson Sanches posicionou-se da seguinte forma: “Escrever
exige concentração, atenção e paciência, nós podemos até estimular os outros a
escrever, mas a decisão é das pessoas, por isso elas tem que querer, ter vontade de
escrever”.
Visita ao Museu da Balaiada, onde os alunos ouviram as explicações da Prof.ª
Mercilene, Coordenadora do Museu sobre como era Caxias e como viviam os
caxienses na época da balaiada, apreciaram as obras de artes, os utensílios
19
domésticos entre outros, registrando em fotos e em seus cadernos, e na aula
seguinte socializou-se a experiência vivenciada, em sala de aula;
Visita ao Mercado Central, para investigação da origem e os preços das verduras,
frutas, legumes, peixes, carnes e outros produtos comercializados, a forma de
acondicionamento, higienização; ouviram dos verdureiros como é o seu dia á dia, e
conheceram a história do mercado central contada pelo Presidente da Associação
dos verdureiros e comerciantes do Mercado, registrando em fotos e em seus
cadernos, e na aula seguinte socializou-se em sala de aula, a experiência
vivenciada, elaborou-se o mural de fotos e fez uma simulação de um
comércio/quitanda;
Realização de Concurso de Soletração; Antônimos e Sinônimos; Adivinhas;
Palestras e Depoimentos:
Depoimentos de Moradores mais antigos do Bairro Volta Redonda, acerca da
origem do bairro, onde os alunos registraram em seu caderno as suas impressões e
seus entendimentos daquilo que mais lhe chamou atenção e/ou que lhe foi
significativo, socializando e discutindo na aula seguinte;
Palestra/Depoimento do Paulo Carneiro, Presidente da Associação dos Deficientes
Físicos de Caxias - ADEFIC, acerca da acessibilidade e como é o dia a dia de um
deficiente físico, onde os alunos registraram em seu caderno as suas impressões e
seus entendimentos daquilo que mais lhe chamou atenção e/ou que lhe foi
significativo, para socialização e discussão na aula seguinte;
Palestra da Socorro, Agente Comunitária de Saúde sobre a importância do
controle do peso, da altura e da pressão arterial para uma vida saudável, onde os
alunos ouviram a palestra, fizeram anotações, foram pesados, tiveram a
oportunidade de aferir e comparar as suas respectivas alturas e pressão arterial, e
debateram a temática em sala de aula, após observação, comparação e discussão da
tabela do peso, altura, peso e estado nutricional de cada aluno e diagnóstico da
Agente de Saúde. Conforme quadro 1 abaixo:
20
QUADRO DEMONSTRATIVO 1- PESO, ALTURA, PA E ESTADO NUTRICIONAL DOS ALUNOS DA 2ª
ETAPA DE EJA
ORD. ALUNO(A) PESO
(KG)
ALTURA
(M)
ESTADO NUTRICIONAL:
peso
altur
PRESSÃO
ARTERIAL
01 Nizete 90 kg 1,60 m 35,15 = obesidade (diminuir peso) 120X80 = normal
02 Maria José 75,200 kg 1,56 m 30,90 = obesidade (diminuir peso) 110X60 = normal
03 Elza 61,800 kg 1,55 m 25X60 = sobrepeso (alerta) 100X60 = normal
04 Conceição 48,200 kg 1,44 m 23,244 = peso adequado 120X80 = normal
05 Conceição Alves 57,900 kg 1,46 m 27,166 = sobrepeso (alerta) 100X60 = normal
06 Francisca 57,400 kg 1,46 m 27,166 = sobrepeso (alerta)
90X60 = normal,
porém, como ela é
diabética precisa está
sempre controlando
a PA, o peso e
alimentação.
07 Maria Divina 80 kg 1,47 m 37,071 = obesidade (diminuir peso) 120X80 = normal
08 Raimunda 60,900 kg 1,46 m 29,711 = sobrepeso (alerta) 120X80 = normal
09 Esmeralda 65,200 kg 1,50 m 28,977 = sobrepeso (alerta) 120X80 = normal
10 Geovane 57 kg 1,56 m 22,189 = peso adequado 120X70 = normal
11 Joana 69,700 kg 1,45 m 33,151 = obesidade (diminuir peso) 120X90 = normal
12 José Rios 66 kg 1,79 m 20,598 = peso adequado 120X80 = normal
13 Erinaldo 63,900 kg 1,60 m 24,960 = peso adequado 140X80 = normal
14 Luis 65,600 kg 1,58 m 26,277 = sobrepeso (alerta)
160X90 = alta
(precisa diminuir
PA)
15 Joseane 58,5 kg 1,52 m 25,320 = sobrepeso (alerta) 110X60 = normal
Discussão/debate sobre o significado das expressões linguísticas e dialetos usados pelos
alunos de EJA, pelos moradores do bairro e pelos convidados (líderes sociais)
participantes das práticas de leitura, escrita e contações de histórias, onde os alunos
fizeram o registro em seu caderno dos diferentes significados e contextos que foram
empregados (as);
Identificação em embalagens e rótulos de produtos as unidades de medidas de
estudadas e usadas no cotidiano;
Construção de representações mentais que favoreçam as estimativas, o cálculo e o
estabelecimento de relações entre a unidade de medida de capacidade e as outras
unidades usuais, com vista à diminuição e/ou eliminação do desperdício de água e de
outros recursos naturais, a partir da visualização de balde, copos, litros, caixas e outros
recipientes com e sem água, e objetos estimando se boia ou afunda (densidade). Para esta
atividade os alunos foram estimulados a pensar no tamanho real de determinados
recipientes e estimaram quantos litros cabem em um balde e em cinco (5) copos; Para
confirmar suas estimativas sobre a situação-problema proposta, os alunos encheram com
21
água uma garrafa de refrigerante de dois (2) litros vazia; Em seguida despejaram essa
água em um balde. Repetiram este procedimento até encher o balde, calculando a
quantidade de litros de água que usaram para isso; Depois fizeram o mesmo para calcular
quantos litros eles precisavam usar para encher cinco (5) copos comuns. Depois
observados os objetos e afirmavam se aboiavam ou não, para confirmar despejavam os
objetos num balde cheio de água;
Trabalho em grupo para escolha e fazer releitura/reescrita sintética de um dos textos e
livros lidos/declamados e/ou histórias contadas, dentro e fora da sala de aula,
estabelecendo conexões com os diferentes elementos linguísticos, matemáticos,
geográficos, históricos, científicos, artísticos, religiosos, filosóficos, sociais, culturais,
entre outros, constituintes destes textos/livros e/ou histórias;
Simulação de um mercado/comércio/feira;
Exibição de vídeos sobre a temática em discussão;
Documentação por escrito e por meio de fotografias e desenho livre, onde os ilustraram
ao seu modo, as práticas de leitura, de escrita e de contação de histórias, promovidas pelo
estagiário, dentro e fora da sala de aula, das leituras, declamações e contações de histórias
feitas, ouvidas e comentadas em cada uma das etapas do projeto, estabelecendo conexões
com as demais áreas do conhecimento, bem socializaram tudo isso em sala de aula;
Planejamento e organização do Sarau da turma de 2ª Etapa de EJA da ECOM. Tia Joana.
Nessa atividade os alunos seguindo minhas orientações elaboram os recursos que foram
utilizados no Sarau;
Realização de Sarau, com vista a exposição para comunidade estudantil e local seus
trabalhos produzidos, marcando assim, a culminância do projeto/estágio e expressão da
aprendizagem dos alunos.
2.4 Avaliação das atividades desenvolvidas
A experiência do estágio na Escola Comunitária Tia Joana foi produtiva e valeu apena,
visto que me possibilitou uma experiência impar, onde adquiri subsídios e práticas que me
ajudarão ao longo do meu desenvolvimento profissional, pois sou professor de Geografia do
6º ao 9º ano do Ensino Fundamental Regular e na modalidade de EJA, nunca tinha tido uma
experiência com os anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). Assim, todas as
atividades desenvolvidas foram satisfatórias, pois atendeu ao nosso propósito, as quais foram
pensadas e planejadas à luz dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental,
22
das Diretrizes Curriculares de EJA e da Proposta Curricular de EJA do 1º segmento do MEC
e do município de Caxias-MA.
Por conseguinte, os alunos são ativos e participativos nas atividades propostas,
afetivos, proativos e respeitosos.
Sem dúvida, duas das atividades que desenvolvi ao longo do meu estágio e que mais
me chamaram atenção e as quais, julgo ter tido desdobramentos além daqueles planejados por
mim, pois a princípio eu queria apenas estimular e melhorar o desenvolvimento da oralidade,
a relação interpessoal e a autoestima dos alunos, esses foram alguns dos entraves ao processo
educativo que percebi durante a visita que fiz a turma em 05 de abril/2013, durante a fase de
observação. A primeira atividade foi a “Construção Coletiva do Rosto da Turma”. Nessa
atividade distribui para cada aluno (a) uma folha de papel. Pedi que cada um escrevesse na
parte inferior da folha o seu respectivo nome e ao lado uma característica marcante sua. No
início quando fiz tal pedido, alguns alunos, acharam que isso era uma bobagem, pois pedi que
desenhasse uma orelha, depois passasse a folha adiante, na folha recebida, desenhasse outra
orelha, passe a folha, desenhe uma boca, passe a folha adiante, desenhe um olho, e assim, a
dinâmica seguiu até o rosto coletivo de cada um ser desenhado. Então, pedi que olhasse para o
desenho do rosto que estava em seu papel. Feito isso, indaguei a cada um “Esse rosto parece
com você ?”, a resposta foi um NÃO bem grande, pois segundo os alunos, eles não eram tão
feios quanto o desenho, que mais pareciam et’s. Então, disse a eles “De fato, esse rosto não
parece com nenhum de vocês, no entanto, os outros que não nos conhecem, às vezes nos
julgam assim, pois têm o hábito de julgar as coisas ou as pessoas sem ao menos conhecê-las”.
E vocês realmente se conhecem? “Não professor”, essa foi à resposta deles. Então, pedi que
cada um lesse a característica marcante sua que escreveste ao lado de seu nome, explicando
para turma o porquê de cada afirmar isto ou aquilo de si mesmo. O resultado foi sensacional,
pois eles falaram coisas que foram reveladoras de quem realmente eles são. Aproveitando este
momento, pedi que cada um balançasse a folha do desenho do seu rosto coletivo, em seguida
pedi que amassasse o seu desenho, colocando nele tudo aquilo que o faziam mal e que os
angustiavam. Depois pedi que desamassasse lentamente e com cuidado o desenho. Depois,
pedi que balançassem novamente, o papel do desenho. Então, os indaguei “O que aconteceu
quando todos vocês balançaram a folha do desenho pela primeira vez?” “Fez muito
barulho”, assim eles responderam em uma só voz. E quando, vocês amassaram e
desamassaram o papel e o balançaram pela segunda vez, o que aconteceu? “Nada, ficou em
silêncio”, assim os alunos responderam. Então disse a eles num momento de reflexão:
23
“Percebam que nós assim como o papel reagimos aos estímulos positivos e
negativos ou a maneira como os outros nos tratam, a folha de papel intacta
fez um barulho enorme ao ser balançado, no entanto, quando foi amassada
e ao ser balançada pela segunda vez, foi um silêncio total, pois foi a forma
que encontrou de reagir a agressão que vocês fizeram nele, assim somos
reagimos da mesma forma, por isso devemos ter cuidado aos tratarmos os
outros, pois somos pessoas, seres humanos, temos sentimentos, não somos
uma folha de papel, e para concluir lembro a vocês de um ensinamento de
Jesus Cristo “Façam aos outros aquilo que queres que façam a ti”. (Fonte:
Trecho do discurso do Professor de Estágio/Pesquisador/Autor do
Projeto/2013).
No final, da atividade pedi aos alunos que avaliasse ou comentasse a referida
atividade. Por sua vez, os alunos que acharam no começo a atividade uma bobagem, foram os
primeiros a dizerem que foi uma das atividades que mais gostaram de participar porque fez
com quê eles se conhecessem melhor e para mostrar que, embora muitos diferentes, eles
podem conviver juntos e ajudar uns aos outros em seus estudos, desde que sejam respeitados
os direitos e os deveres de cada um.
A segunda atividade foi a do “Você Tira ou não Tira o Chapéu”. Nessa atividade
coloquei um espelho dentro de um chapéu, pedi que os alunos colassem suas cadeiras em
circulo, disse a eles que dentro do chapéu eu havia colocado várias fotos de pessoas e figuras
de animais e que no sentido anti-horário, o chapéu iria passar na cabeça de cada um, na sua
vez, o aluno deveria tirar o chapéu da cabeça olhar atentamente para a imagem que estava
observando dentro do chapéu, mas não devia revelar o que havia visto, apenas dizer aos
colegas se tirava ou não o chapéu para a pessoa ou animal visto e o porquê de tirar ou não o
chapéu. No final pedi que cada um revelasse quem ou o quê eles viram dentro do chapéu,
obviamente, todos viram os seus rostos refletidos no espelho que estava dentro do chapéu.
Esta atividade cumpriu a mesma função da atividade “Construção Coletiva do Rosto da
Turma” comentada acima.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta do projeto Prática de Leitura, Escrita e Contação de História, por meio do
qual se deu minha regência, no âmbito da ECOM. Tia Joana, baseou-se no principio de que a
aprendizagem ocorre quando o educando interioriza e compreende o objeto de conhecimento,
apossando-se dele. Esse processo acontece à medida que o aluno observa, distingue,
generaliza e tira conclusões.
24
Assim, as ações estratégicas planejadas para a turma da 2ª Etapa de EJA, foram
organizadas e planejadas buscando criar oportunidades de participação efetiva de todos os
alunos de EJA, independente da hipótese de leitura e escrita, respeitando os jovens e adultos
em suas etapas e níveis de desenvolvimento.
Desse modo, o projeto didático “Prática de Leitura, Escrita e Contação de História”
desenvolvido durante meu estágio na referida escola, possibilitou aos alunos de EJA uma
mudança de mentalidade e de comportamento em relação ao ato de ler, escrever e contar
histórias, diferenciar suas próprias experiências das outras pessoas, pensarem o presente, o
passado e futuro, os sentidos das palavras empregadas nos textos lidos ou escritos, se são
sinônimos, se são antônimos, ou se tem o real sentido que foi empregado, aprender a conviver
e a trabalhar em equipe, promoveu o entrosamento entre os alunos, possibilitou aprendizagens
significativas de forma lúdica e prazerosa, pois os alunos de EJA vivenciaram situações por
meio das aulas práticas (campo) e teóricas, e extraclasses, como visita ao Museu da Balaiada e
a Academia Caxiense de Letras.
Portanto, essa experiência vivenciada pro mim durante meu estágio na Escola
Comunitária Tia Joana foi produtiva e valeu apena, visto que me possibilitou uma experiência
impar, onde adquiri subsídios e práticas que me ajudarão ao longo do meu desenvolvimento
profissional, pois sou professor de Geografia do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental Regular
e na modalidade de EJA, nunca tinha tido uma experiência com os anos iniciais do Ensino
Fundamental (1º ao 5º ano).
REFERÊNCIAS
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Petrópolis-RJ: Vozes, 2005.
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proposta curricular - 1º segmento. São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 2001.
CARVALHO, Maria Vilania Cosme de; MATOS, Kelma Socorro Alves Lopes de (Orgs.).
Psicologia da Educação: teorias do desenvolvimento e da aprendizagem em discussão.
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25
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Desenvolvimento Humano. Assessoria Especial de Política de Ensino. Proposta Curricular
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pesquisa e elaboração do trabalho de conclusão de curso. São Luís: UemaNet, 2011.
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a formação de leitores. Teresina: GRAFISET, 2009.
26
APÊNDICES
27
Foto 1: Aluno Seu Luis fazendo a leitura do Registro feito por ele no caderno da turma sobre
a aula anterior, em 14/05/13.
Foto 2: Alunos de EJA atentos a fala do Estagiário Denílson Barbosa dos Santos, durante aula
expositiva e dialogada sobre Leitura e Escrita: implicações Conceituais; Tipos de Leitura;
Histórico da Escrita; expondo diversos tipos de gêneros textuais, neste caso o Jornal
Mandacaru da escola, em 14/05/13.
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Foto 3: Alunos Seu Francisco e Ivana, após a leitura da mensagem feito por eles agradecendo
a mensagem recebida na aula anterior (13/05/13 na dinâmica “Meu fio de ouro”, selando este
momento em 14/05/13 com um abraço.
Foto 4: Dona Raimunda e demais alunos da 2ª Etapa de EJA produzindo bilhetes e cartões-
postais na aula do dia 15/05/13.
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Foto 5: Prédio da Academia Caxiense de Letras durante visita dos alunos de EJA em
16/05/13.
Foto 6: Poeta Edmilson Sanches conversando com os alunos de EJA sobre a Academia
Caxiense de Letras e sobre a importância da leitura e da escrita, durante visita em 16/05/13.
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Foto 7: Poeta Edmilson Sanches , Poeta Wibson Carvalho, Estagiário Denílson Barbosa dos
Santos e os alunos de EJA no encerramento da visita a Academia Caxiense de Letras em
16/05/13.
Foto 8: Prof.ª Joana da Silva, Diretora da ECOM. Tia Joana, contando uma história de sua
vida para as 3 turmas de EJA e falando da importância deles permanecer na escola estudando,
em 17/05/13.
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Foto 9: Esmeralda em 20/05/2013, aluna de EJA lendo o registro que ela fez no caderno da
turma sobre a aula anterior.
Foto 10: Estagiário Denílson Barbosa em 20/05/2013, introduzindo a aula sobre unidades de
medidas.
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Foto 11: Aluna Maria Divina despejando litros de água para confirmar sua estimativa sobre
quantos litros são necessários para encher um balde em 20/05/2013.
Foto 12: Dona Joana, aluna de assinando a frequência da aula do dia 20/05/2013, depois de
um dia cansativo de trabalho.
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Foto 13: João, aluno de EJA ao lado de se filho, assinando a frequência do dia 20/05/2013,
depois de um dia cansativo de trabalho.
Foto 14: Paulo Carneiro, Presidente da Associação de Deficientes Físicos de Caxias-
ADEFIC, iniciando a sua palestra sobre acessibilidade e a questão dos deficientes físicos em
Caxias, começando por falar de como se tornou um deficiente físico na aula do dia
21/05/2013.
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Foto 15: Paulo Carneiro, Presidente da Associação de Deficientes Físicos de Caxias-
ADEFIC, comandando a dinâmica “Céu, Terra e Mar” com os alunos de EJA na aula do dia
21/05/2013.
Foto 16: Estagiário Denílson, Coordenadora Pedagógica Cleide Regina da ECOM. Tia Joana,
alunos de EJA e Paulo Carneiro, Presidente da ADEFIC, no encerramento de sua palestra
sobre acessibilidade e a questão dos deficientes físicos em Caxias, na aula do dia 21/05/2013.
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Foto 17: Alunos trabalhando em grupo, escrevendo redação, desenhando, colando sinônimos
e antônimos na aula do dia 22/05/2013 no concurso de soletração.
Foto 18: Alunos sendo acompanhados e orientados pelo estagiário Denílson na produção de
redação e desenhos na aula do dia 22/05/2013.
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Foto 19: Aluna Esmeralda fazendo a apresentação de seu desenho livre representando seu
grupo na aula do dia 22/05/2013 no concurso de desenho livre.
Foto 20: Aluna Esmeralda jogando boliche matemático na aula do dia 22/05/2013 no
concurso de jogos matemáticos, onde o grupo adversário deveria resolver as operações
propostas nos pinos que ela derrubasse.
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Fotos 21 e 22: Premiação dos grupos vencedores com medalha de honra ao mérito na aula do
dia 22/05/2013 nos concursos realizados, como deu empate, os dois grupos foram campeões.
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Foto 23: Prof.ª Mercilene, Coordenadora do Museu da Balaiada, orientando os alunos de EJA
sobre o percurso visita-guiada em 23/05/2013.
Foto 24: Alunos de EJA ouvindo atentamente as explicações da Prof.ª Mercilene na Praça
Duque de Caxias em frente ao Museu da Balaiada em 23/05/2013.
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Foto 25: Alunos de EJA ouvindo atentamente as explicações da Prof.ª Mercilene no Hall de
entrada do Museu da Balaiada em 23/05/2013.
Foto 26: Alunos de EJA observando objetos e relíquias da época da Balaiada e ouvindo
atentamente as explicações da Prof.ª Mercilene dentro do Museu da Balaiada em 23/05/2013.
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Foto 27: Alunos de EJA observando a maquete da Vila de Caxias e ouvindo atentamente as
explicações do Prof. Murilo dentro do Museu da Balaiada em 23/05/2013.
Foto 28: Socorro, Agente Comunitária de Saúde, iniciando sua palestra em 27/05/2013 na
turma de 2ª Etapa de EJA.
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Foto 29: Alunos de EJA ouvindo atentamente a palestra da Socorro, Agente Comunitária de
Saúde em 27/05/2013.
Foto 30: Socorro, Agente Comunitária de Saúde, pesando a aluna Dona Raimunda em
27/05/2013 na turma de 2ª Etapa de EJA.
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Foto 31: Socorro, Agente Comunitária de Saúde, aferindo a pressão arterial da aluna Dona
Maria José em 27/05/2013 na turma de 2ª Etapa de EJA.
Foto 31: Aula sobre orçamento familiar. Logo em seguida os alunos resolveram os problemas
matemáticos envolvendo o uso do dinheiro propostos no livro didático, conforme foto.
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Foto 32: Aula sobre orçamento familiar. Logo em seguida os alunos resolveram os problemas
matemáticos envolvendo o uso do dinheiro propostos no livro didático, conforme foto.
Foto 33: Alunos construindo o glossário de sua linguagem cotidiana.
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Foto 34: Produção textual a vida dos alunos Divina e Erinaldo de fraseada.
Foto 35: Alunos de EJA participando da Dinâmica tiro ou não tiro o chapéu.
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Foto 36: Alunos de EJA participando do Varal da Leitura E Produção de quadras ilustradas e
bilhetes.
Foto 37: Seu Francisco, aluno de EJA lendo texto escolhido no Varal da Leitura.
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Foto 38: Alunos de EJA lendo textos escolhidos no Varal da Leitura
Fotos 39: Alunos de EJA em momentos de Práticas de Leitura.
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ANEXOS
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ANEXOS 1: Atividades produzidas pelos alunos de EJA
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