relatório prática i - diagnóstico e projeto

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Prática I Educação Social 3º ano, 1º semestre Pós Laboral ÍNDICE Introdução ................................................................................................................................... 1 1. Procedimentos Metodológicos e enquadramento teórico da Metodologia ..................... 3 2. Diagnóstico ......................................................................................................................... 5 2.1 Enquadramento Sociogeográfico da Instituição ............................................................. 5 2.2 História, Missão e Objetivos ........................................................................................... 8 2.3 Áreas de Intervenção, Organização e Recursos ............................................................. 9 3. Projeto de Educação Social ................................................................................................. 12 3.1 Apresentação do Projeto ................................................................................................ 12 3.2 Campos de intervenção e discussão teórica .................................................................. 13 3.3 Objetivos gerais e específicos ....................................................................................... 16 3.4. Plano de atividades, calendarização e recursos ........................................................... 17 3.5. Método de avaliação previsto ....................................................................................... 21 Referências ............................................................................................................................... 23 Anexos ...................................................................................................................................... 25 Anexo 1 Análise SWOT ....................................................................................................... 26 Anexo 2 Quadro Autodiagnóstico 1 .................................................................................... 27 Anexo 3 Quadro Autodiagnóstico 2 .................................................................................... 28 Anexo 4 Guião de entrevista A1 .......................................................................................... 29 Anexo 5 Protocolo da entrevista A1 .................................................................................... 31 Anexo 6 tratamento da entrevista A1 ............................................................................. 48 Anexo 7 Pré-categorização da entrevista A1 - Unidades de sentido .................................. 57 Anexo 8 - Grelha de categorização de unidades de sentido (Entrevista A1) ....................... 63

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Page 1: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

ÍNDICE

Introdução ................................................................................................................................... 1

1. Procedimentos Metodológicos e enquadramento teórico da Metodologia ..................... 3

2. Diagnóstico ......................................................................................................................... 5

2.1 Enquadramento Sociogeográfico da Instituição............................................................. 5

2.2 História, Missão e Objetivos ........................................................................................... 8

2.3 Áreas de Intervenção, Organização e Recursos ............................................................. 9

3. Projeto de Educação Social ................................................................................................. 12

3.1 Apresentação do Projeto ................................................................................................ 12

3.2 Campos de intervenção e discussão teórica.................................................................. 13

3.3 Objetivos gerais e específicos ....................................................................................... 16

3.4. Plano de atividades, calendarização e recursos ........................................................... 17

3.5. Método de avaliação previsto ....................................................................................... 21

Referências ............................................................................................................................... 23

Anexos ...................................................................................................................................... 25

Anexo 1 – Análise SWOT ....................................................................................................... 26

Anexo 2 – Quadro Autodiagnóstico 1 .................................................................................... 27

Anexo 3 – Quadro Autodiagnóstico 2 .................................................................................... 28

Anexo 4 – Guião de entrevista A1 .......................................................................................... 29

Anexo 5 – Protocolo da entrevista A1 .................................................................................... 31

Anexo 6 – 1º tratamento da entrevista A1 ............................................................................. 48

Anexo 7 – Pré-categorização da entrevista A1 - Unidades de sentido .................................. 57

Anexo 8 - Grelha de categorização de unidades de sentido (Entrevista A1) ....................... 63

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

Anexo 9 - Categorização das unidades de sentido entrevista A1 .......................................... 63

Anexo 10 - Quadro geral de comparação de dados ................................................................ 71

Anexo 11 - Protocolo da entrevista A2 .................................................................................. 72

Anexo 12 - 1º. Tratamento da entrevista A2 .......................................................................... 74

Anexo 13 - Pré-categorização da entrevista A2 - Unidades de sentido ................................ 76

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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INTRODUÇÃO

O trabalho que nos propomos apresentar de Diagnóstico e Projeto de Educação Social

para a Unidade Curricular de Prática I centra a sua elaboração a partir da entidade Junta de

Freguesia de Almodôvar.

Pretendemos conhecer de perto a realidade da população desta freguesia, para além da

caracterização deste território, através dos dados demográficos e da caracterização a nível

funcional e em termos de ocupação, pretendemos um olhar mais profundo identificando os

principais atores deste espaço, que problemas é que identificam e que necessidades e mais-

valias são sentidas na comunidade. É na tentativa de perceber estas relações e interações

pessoais e coletivas bem como a sua organização social que surge o nosso trabalho e é neste

sentido que o Educador Social poderá ter um papel relevante, sendo o seu “traço” marcante,

sem dúvida, «… a capacidade para saber encontrar e ajudar a percorrer caminhos que vão no

sentido do bem-estar da pessoa e da sociedade.» (Cardoso, 2006, p.14).

Pretendendo conhecer de perto a realidade da população desta freguesia e, por considerar

a Junta a entidade que nos podia privilegiar nesse mesmo sentido, tivemos por objetivo o

desenvolvimento de um trabalho de diagnóstico social e, por consequência a elaboração de

um Projeto de Educação Social.

Este trabalho compreenderá as seguintes etapas:

Iniciaremos com a nossa proposta metodológica, metodologia esta que assenta em

técnicas que entendemos ser as mais adequadas à realidade da comunidade da vila de

Almodôvar.

Ao utilizarmos essas técnicas, pretendemos alcançar um diagnóstico assertivo, adequado

e sempre a pensar no bem-estar e na melhoria da qualidade de vida da comunidade.

Focaremos os nossos objetivos tendo em vista o tempo disponível para a realização do

projeto, concentrar-nos-emos também em ser realistas mediante os recursos disponíveis à

realização das atividades.

Para a apresentação do projeto, pretendemos enfatizar o nome do mesmo como algo que,

a nosso ver, demonstra o âmbito e a finalidade que se pretende alcançar. O título “LADO A

LADO” pretende oferecer ao leitor deste projeto um significado de parceria que pretendemos

estabelecer com as várias entidades da freguesia de Almodôvar, tal como o caminhar para o

objetivo comum, onde a comunidade não seguirá atrás do projeto, mas sim, lado a lado com

ele. Não fosse o projeto realizado com, e para a comunidade, ela própria.

Page 4: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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Alberto Melo (2006), numa comunicação, assinala pelo mesmo diapasão quando refere

que, a dinâmica educativa, não tem como objetivo ensinar algo a outrem, numa relação de

“face a face”, mas sim, a reciprocidade de aprendizagens que se vão criando numa clara

alusão de desenvolvimento “ombro a ombro”. Como missão do grupo, pretende-se promover

uma maior dinâmica participativa à população local, para que sejam desenvolvidas soluções

para alguns dos seus problemas, contribuindo assim para uma maior aprendizagem baseada

nos saberes locais e na capacitação individual dos sujeitos.

A participação das pessoas está intimamente ligada ao processo de conscientização, tal

como foi definido por Paulo Freire (1987), e todos os resultados conseguidos através desta

participação fazem com que as próprias pessoas sintam que é possível transformar a sociedade

que as rodeia e toda a sua realidade social. Esta conscientização, alargando os horizontes e

permitindo que as pessoas enfrentem desafios e os tomem como alavanca de dinamização,

autonomia, capacitação, espírito crítico e reflexivo, etc., irá contribuir para emancipar esta

comunidade e fazer com que exista uma maior potencialidade e competitividade saudável

entre todos, reforçando as suas próprias capacidades, que irão não só impulsionar, como

potenciar o desenvolvimento.

Page 5: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ENQUADRAMENTO TEÓRICO DA METODOLOGIA

Em qualquer trabalho em ciências sociais é necessário recorrer a métodos, técnicas, e

estratégias específicas consoante o assunto em questão (Albarello, L.; Digneffe, J.; Maroy, C.;

Ruquoy, D. & Saint-Georges, P., 1995). Sendo a metodologia seguida segundo os princípio

de Ander-Egg (1987), que a entende como a disciplina que se ocupa dos métodos e suas inter-

relações, e, partindo de uma recolha de dados primários (gerados pela investigação) e

secundários (já existentes). Esta recolha de dados primários, permitiu apurar informação

qualitativa, através de observação não participante, com o auxílio de notas de campo que

permitiram ver as caraterísticas culturais e organizacionais, através de fóruns auto

diagnóstico, entrevistas semi-diretivas e onde se apuraram as opiniões da comunidade bem

como a perceção dos investigadores e dos investigados sobre a problemática, pretendendo-se

realizar um fórum de apresentação do resultado dos dados e respetiva problemática

identificada à comunidade. Quanto aos dados secundários, além de permitirem chegar-se a

dados qualitativos, através das pesquisas documentais sobre a história, cultura, educação, etc.

em documentos oficiais e páginas web, obtiveram-se também dados quantitativos, através da

consulta de dados que nos forneceram informação oficial, estatística, organigrama

institucional; relatórios anuais, etc., e que nos conduziram para uma obtenção de dados mais

fiáveis e ricos, sendo esta a organização metodológica e crítica das práticas de investigação

(Almeida & Pinto, 1982). O trabalho de investigação no campo é flexível e sem

procedimentos rígidos e a metodologia está constantemente a ser adaptada e redefinida pelo

investigador (Burgess, 1997). Segundo Bell (1997) e Pérez Serrano (1994), a observação é

uma das técnicas fundamentais utilizadas no processo de investigação em Ciências Sociais e

pode tornar-se numa técnica poderosa. Aplicado a um determinado contexto social, fazem

parte da observação direta, entre outros, os cadernos de campo, os guias de observação e as

notas de campo, (Burgess, 1997; Machado, 2004; Pérez Serrano, 1994). Segundo Quivy e

Campenhoudt (1998), na observação direta, procede-se diretamente à recolha de informação,

onde devem estar presentes os indicadores pertinentes para o estudo em questão. Por outro

lado, diz Machado (2004) que a observação direta, com a realização das notas de campo,

permitem o registo de dados da vida quotidiana das pessoas. Estes dados, resultam de atitudes

espontâneas e que permitem ao investigador fazer o registo dos acontecimentos, perceções e

intuições, e foram regularmente escritos com as informações sobre as pessoas e as

infraestruturas que posteriormente servirão como auxílio na orientação do trabalho e durante o

seu percurso (Burgess, 1997).

Page 6: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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Neste estudo, iniciámos o trabalho de observação direta não participante, durante os

meses de Setembro, Outubro e Novembro, com recolha de registos fotográficos e com a

elaboração de notas em cadernos de campo, que optámos por ser feita individualmente para

melhor riqueza de recolha de dados, que posteriormente foram analisados e conciliados. Nesta

recolha de dados, procurámos saber como a comunidade está organizada, quer a nível

funcional - comércio, equipamentos, infraestruturas, espaço residencial e lazer e também a

nível de ocupação - quem são os moradores, quem utiliza este espaço, quem são os líderes e

representantes da população, tendo sido realizadas algumas conversas informais que nos

permitiram uma recolha de dados muito significativos e serviram para aprofundarmos a

observação. Estas conversas informais, segundo Duarte (2002), devem ser utilizadas na fase

preliminar da investigação para ajudar às questões pertinentes para o estudo e sempre que

possível devem ser registadas no caderno de campo.

É então nesta ordem de ideias que achámos relevante dinamizarmos dois Fóruns de

Autodiagnóstico, onde reunimos com várias entidades, líderes locais e sociedade civil, com o

objetivo claro de, além de promover o encontro/discussão/debate sobre alguns tópicos

previamente definidos, levar-nos à problemática social mais vincada nesta comunidade. Não

temos quaisquer dúvidas de que este tipo de procedimento, porque a coberto de

informalidade, permite estabelecer uma interação forte com as pessoas sem que estas sintam

quaisquer constrangimentos relativamente às temáticas abordadas.

Além dos métodos já descritos, realizamos também duas entrevistas: uma à Vereadora da

Cultura da Câmara Municipal de Almodôvar e outra ao nosso Tutor e Presidente da Junta de

Freguesia de Almodôvar, sendo estas duas instituições membros executivos do CLAS de

Almodôvar.

Cada entrevista foi efetuada apenas numa única vez, não tendo sido necessário recorrer a

mais atendendo à riqueza dos dados obtidos, sendo a forma de linguagem adaptada à de cada

entrevistado durante as entrevistas e mantida a aproximação e interação entre entrevistador e

entrevistado (Jovchelovitch & Bauer, 2002).

Page 7: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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2. DIAGNÓSTICO

Considerámos importante para a realização do diagnóstico munirmo-nos de elementos

que nos permitam intervir de uma forma mais incisiva e assertiva em áreas que se revelam

essenciais. Demos, primeiro que tudo, destaque à pesquisa bibliográfica na medida em que

sem ela este nosso trabalho se revelaria infrutífero. De um dos primeiros documentos que

consultámos inferimos, segundo Espinoza (citado por Serrano, 2008), que um diagnóstico «…

é o reconhecimento que se realiza, no próprio terreno em que se projeta a execução de uma

ação determinada, dos sintomas ou signos reais e concretos de uma situação problemática»

(p.29). Com efeito, para a elaboração de diagnósticos sociais é sabido que um dos aspetos que

devemos levar em consideração é o conhecimento de uma realidade para que, posteriormente,

possamos passar à ação.

2.1 Enquadramento Sociogeográfico da Instituição

A freguesia de Almodôvar, com sede na Vila de Almodôvar, situa-se neste concelho do

Baixo Alentejo, distrito de Beja, cuja área (do concelho) se enquadrada num contexto

territorial rural, dado o seu cariz agrícola por excelência, muito extenso, com uma área de

775,4 Km2 e uma população de 8145 habitantes (INE, 2001), embora os dados de 2011 do

INE indiquem uma diminuição de 696 habitantes nos últimos 10 anos, perfazendo um total

atual de 7449 habitantes residentes. É composto pelas freguesias (8) de Aldeia dos Fernandes,

Gomes Aires, Rosário, São Barnabé, Santa Clara – a – Nova, Senhora da Graça dos Padrões,

Santa Cruz e Almodôvar.

Consideramos este território, enquadrado no contexto tipológico, como sendo um

território rural, dado o seu cariz fundamentalmente agrícola, em que a atividade principal

deriva da agricultura e dos recursos naturais deste espaço, mas em via de urbanização (Reis,

2001). Dispõe de recursos naturais, sendo a sua principal riqueza a cortiça, a aguardente de

medronho, o queijo de cabra e o mel. Dadas as suas características estruturais, munidas de

várias infraestruturas, equipamentos e serviços e a sua relação de proximidade geográfica,

social, económica e política, existente entre este espaço rural, recorrendo-nos do paralelismo

referido por Campêlo (2000) entre o rural piscatório e rural agrícola, quer com a sua capital de

distrito, Beja, quer com os concelhos contíguos e respetivas freguesias sediadas no limítrofe

fronteiriço da sua área e mais concretamente pela proximidade com o Algarve, fazem com

que este território se envolva numa fonte de oportunidades benéficas para o seu

desenvolvimento e que seja enquadrado no novo conceito de território: “rurbano”.

Page 8: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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Almodôvar aparece pela primeira vez nos mapas do tempo dos Árabes, que tiveram como

é sabido uma grande influência na Península Ibérica, com o nome de Al-Mudura, que

significa «a coisa em redondo, ou cercada em redondo». E, de facto, Almodôvar foi

reedificada pelos árabes no século VII, altura em que a vila foi cercada de muralhas e

edificado um castelo, cujos vestígios, no entanto, desapareceram. Almodôvar pertenceu ao

mestrado de Santiago a quem concedeu Foral EL-Rei D. Dinis em 17 de Abril de 1285, o que

demonstra ser esta vila, já nessa época um centro importante.

Mas, para Almodôvar, há um acontecimento de grande valia e objeto de grande estima e

orgulho: trata-se da existência aqui da primeira espécie de Universidade de Teologia do Sul

de Portugal, que funcionou no Convento de S. Francisco, que ainda hoje existe, e foi fundado

em 1680 por Frei José Evangelista, catedrático jubilado da Universidade com os bens que

herdou dos seus pais, sendo lançada por si a primeira pedra a 2 de Setembro de 1680. Parte da

Biblioteca desta Universidade encontra-se hoje na Câmara Municipal.

O património histórico e arqueológico de Almodôvar constitui-se pelas igrejas edificadas,

com destaque para as igrejas Matriz de Almodôvar (é o mais imponente monumento da Vila

de Almodôvar, na simplicidade das suas colunas toscanas, na riqueza dos altares laterais e na

sumptuosidade do altar-mor, mandado construir por D. João V) e Santa Cruz e o Convento de

Nossa Senhora da Conceição, sendo de destacar a importância da estação arqueológica das

Mesas do Castelinho, em Sta. Clara a Nova, assim como dos achados ligados à mais antiga

escrita conhecida de Portugal, com mais de dois mil e quinhentos anos que podem ser

apreciados no Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar – ‘MESA’. Outro dos patrimónios

históricos marcantes é ainda o museu municipal Severo Portela - denominação em

homenagem a este artista (pintor) - que se radicou em Almodôvar, espaço este que tem

igualmente funções de galeria de exposições temporárias, e que reaproveita o imóvel onde

estiveram instalados, primeiro os Paços do Concelho (para cujas funções foi edificado) e,

depois, a cadeia civil.

Quanto à freguesia de Almodôvar, composta pelos aglomerados populacionais:

Almodôvar, Corte Zorrinho, Porteirinhos, Corvatos, Fontes Ferrenhas, Monte das Mestras,

Guedelhas, Monte da Vinha, Gorazes e Monte dos Mestres, tem, segundo dados apurados,

cerca de 221km2, com uma densidade populacional de 16,30 hab/Km2 e com uma população

residente (total) de 3596 pessoas, sendo a população ativa de 1645 pessoas e 122

desempregadas, à qual corresponde a taxa de desemprego de 7,40%, (INE, 2001), sendo a

Câmara Municipal e a empresa mineira Somincor os principais empregadores da região.

Aliás, o acontecimento mais significativo nestes últimos anos foi a abertura deste complexo

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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mineiro sito em Neves-Corvo, tendo o ano de 1982 marcado o início das atividades no couto

mineiro. Com uma área de 13,5 km², distribui-se pelos concelhos de Castro Verde e

Almodôvar, o seu início de atividade veio aumentar a oferta de emprego e uma certa

animação de alguns sectores do tecido social, tendo atualmente cerca de 1300 trabalhadores

(diretos e indiretos), dos quais 90% são oriundos da região envolvente (Castro Verde,

Almodôvar, Aljustrel, Ourique e Mértola). Em 2005, a Somincor, empregava 163

trabalhadores residentes em Almodôvar (CECA, 2006), com salários muito acima da média,

mostrando pouco significativos os índices de pobreza quer em Almodôvar quer na região.

Contudo, segundo os dados do INE (2011), existem 202 beneficiários do RSI no concelho.

Em 2002 (INE - Anuário estatístico da região Alentejo de 2003), o índice de

envelhecimento atingiu os 228 idosos por cada 100 jovens do concelho, valor este

ultrapassado atualmente em 9,1 ou seja, aponta um índice atual de envelhecimento de 237,1.

Um valor muito superior ao registado a nível nacional (105), à média da região Alentejo (168)

e à média da sub-região Baixo-Alentejo (175), concluindo-se deste modo, que Almodôvar

detém uma das populações mais envelhecidas do Baixo Alentejo (INE - Anuário estatístico da

região Alentejo de 2009).

Dos dados recolhidos, através das observações, notas de campo, conversas informais,

pesquisas documentais, entrevistas e fóruns de autodiagnóstico, verifica-se que as relações

internas entre a comunidade de Almodôvar não têm quaisquer barreiras, sendo dotadas de

espontaneidade e de tranquilidade e que marcam afinidade entre todas as pessoas e os

comportamentos e vida quotidiana manifestam-se essencialmente nas suas atividades. A

população vive, mormente, de atividades provindas do 2º setor (administração, construção

civil, indústria, função pública, comércio e serviços, etc.) e que desenvolve em paralelo com a

pequena agricultura.

Nesta comunidade da freguesia de Almodôvar existe uma propensão associativa

relativamente alta e de variadas dimensões. A dimensão cultural e de promoção ao

desenvolvimento local (Sociedade Popular e Cultural dos Porteirinhos; Associação de

Agricultores de Almodôvar; Esdime - Agência para o Desenvolvimento Local no Alentejo

Sudoeste, C.R.L.; Associação In Loco - Intervenção, Formação e Estudos para o

Desenvolvimento Local); dimensão artística (Trequelareque - Oficina de Comunicação e

Criatividade; Associação Os Malteses; Grupo Coral Feminino Flores do Campo; Grupo

Vozes de Almodôvar – cantares alentejanos); dimensão desportiva (Associação de Cavaleiros

da Vila Negra; Clube Desportivo de Almodôvar; Moto Clube de Almodôvar; Sociedade

Artística Almodovarense; Clube Columbófilo Asas de Almodôvar; Casa do Benfica de

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Almodôvar; Núcleo do Sporting de Almodôvar) e dimensão social (Associação Humanitária

dos Bombeiros Voluntários de Almodôvar; Grupo Sócio Caritativo da Paróquia de

Almodôvar; Associação Ajuda a Sorrir). No entanto, esta dinâmica voltada para o 3º setor,

como resultado emergente da colaboração entre as políticas sociais do Estado e projetos da

sociedade, que promove uma diversidade de organizações voluntárias, sem fins lucrativos e

com o princípio da solidariedade, é pouco significativa na comunidade no tocante a iniciativas

próprias, coletivas ou individuais, sendo que as associações têm pouco destaque em funções

de voluntariado, solidariedade e outras de cariz social, onde, comummente, apenas as

associações de caráter social participam em algumas atividades.

Institucionalmente, a Junta de Freguesia de Almodôvar, além de pertencer ao núcleo

executivo do Centro Local de Ação Social (CLAS), sendo o Presidente desta Junta de

Freguesia o representante das restantes Juntas do concelho no CLAS, mantém uma estreita

relação com todas, com as associações da vila, freguesia e do concelho, apoiando e

comparticipando, pelos meios adequados, no apoio a atividades de interesse da freguesia de

natureza social, cultural, educativa, desportiva, recreativa ou outra, e prestando às entidades

públicas toda a colaboração que lhe for solicitada, designadamente em matéria de estatística,

desenvolvimento, educação, saúde, ação social, cultura e, em geral, em tudo quanto respeite

ao bem-estar das populações.

2.2 História, Missão e Objetivos

Quanto à sua história, a instituição Junta de Freguesia de Almodôvar, apurou-se que foi

criada em 1941 (através do Decreto-Lei n.º 31.095, de 31 de Dezembro, in D.G. n.º 303, Série

I de 1940-12-31) como órgão executivo colegial da freguesia, o qual no âmbito do território

municipal, «visa a prossecução de interesses próprios da população residente em cada

circunscrição paroquial», sendo que, como todas as Juntas de Freguesia, remota ao ano de

1832, aquando da criação da paróquia ou freguesia como unidade administrativa, designando-

se então junta de paróquia e em 1916 passou a ter a atual designação. Como consagra a

Constituição da República Portuguesa no seu Art.º 246º, «A junta de freguesia é o órgão

executivo colegial de cada uma das freguesias de Portugal», sendo a Junta de Freguesia de

Almodôvar, cujas competências se encontram previstas nos Art.ºs 33º e 34º da Lei n.º 5 -

A/2002, de 11 de Janeiro, composta por um Presidente (com competências previstas no Art.º

38º do mesmo diploma), eleito pela Assembleia de Freguesia, um Tesoureiro e um Secretário,

um presidente da Assembleia (Art.º 19º e 17º, respetivamente), dois secretários e seis vogais.

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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O tipo de comunicação é vertical descendente, isto é, a comunicação é feita do vértice da

hierarquia (Presidente) em direção à base da estrutura (restante equipa).

A sua missão, está inserida na administração pública local, sendo que os seus objetivos

vão no sentido de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos seus residentes e dos

que exercem uma atividade económica e profissional, tendo como grande prioridade as

pessoas e a procura de soluções para os variados problemas da Freguesia, dar dignidade aos

equipamentos existentes, investir nos recursos próprios e/ou pressionar a Câmara Municipal e

outras entidades a colmatar as debilidades da Freguesia (Junta de Freguesia de Almodôvar).

Exerce uma liderança democrática, desenvolve uma forte cultura organizacional e uma

forte relação de pertença em relação à organização e à comunidade que representa.

2.3 Áreas de Intervenção, Organização e Recursos

Considerámos importante iniciar com a apresentação dos recursos da junta de freguesia

de Almodôvar para depois partirmos para os aspetos organizacionais e de intervenção.

Em termos de recursos físicos, a junta de freguesia de Almodôvar dispõe, além dos vários

espaços públicos (ruas, jardins, parques, etc.), de condições e instalações próprias e que se

adequam para a realização de várias atividades, como aulas, ensaios de grupos corais, salas de

formação, uma no piso inferior e outra no superior, gabinetes, divisão para os funcionários

(com 3 Pc`s, ligados em rede e com acesso à internet) uma fotocopiadora/impressora e

telefones), gabinete do presidente (com Pc`s portátil com internet e telefone) e WC`s, e como

recursos materiais dispõe, além do equipamento informático, de maquinaria e transportes

próprios. Dada a sua estreita relação com as várias entidades e associações do concelho,

consideramos ainda como recursos físicos as instalações afetas à Câmara Municipal

(pavilhões; salas de conferências; biblioteca; polidesportivos, etc.); instalações das Escolas

(primárias e E,B 2+3/S); instalações dos Bombeiros Voluntários, bem como instalações das

várias associações existentes na freguesia e até mesmo do concelho, dada a boa ligação e

articulação entre esta Junta de Freguesia com as mesmas.

Quanto a recursos humanos, além dos elementos que compõem a estrutura organizacional

da Junta, e em articulação com diversas entidades da região, das quais o Centro Distrital de

Segurança Social, o Centro de Emprego de Ourique, o Centro Apoio aos Toxicodependentes

(CAT) de Beja, a Câmara Municipal de Almodôvar, etc., que põem ao dispor os seus técnicos

ao serviço da Junta de Freguesia, emprega cerca de 34 funcionários, provenientes do RSI,

jovens em recuperação provenientes do CAT e desempregados sinalizados pelo Centro de

Emprego.

Page 12: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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No tocante aos recursos financeiros, a Junta de Freguesia de Almodôvar, limita-se ao

orçamento do estado, sendo atribuída uma parcela anual para efetivar a administração local.

Organizacionalmente, tem autonomia própria e exerce a administração pública local,

prestando serviços à comunidade bem como apoio social aos idosos e mais carenciados, com

prestação de serviços de apoio domiciliário; reparações; transportes hospitalares, etc., sendo

que ao nível de organização social mobiliza e apoia a comunidade para os eventos por si

protagonizados.

Assim, a Junta de Freguesia de Almodôvar, e como membro da Rede Social e Centro

Local de Ação Social de Almodôvar, direciona as suas áreas de intervenção social para a

comunidade mais idosa e carenciada, em risco de exclusão social (pobreza, desemprego,

toxicodependência e isolamento).

Contudo, e para uma melhor análise da comunidade, efetuamos uma análise SWOT (ver

anexo 1), que sistematiza os aspetos considerados mais pertinentes na comunidade, tendo

servido para uma melhor perceção dos recursos e necessidades existentes. Após a análise

descritiva procuramos identificar os fatores positivos e negativos, tendo em conta os fatores

internos e externos.

Desta análise detetámos que, além dos problemas sentidos, relacionados com o

desemprego, êxodo, envelhecimento, isolamento, pouco dinamismo e criatividade

(empreendorismo), resistência à mudança e um claro desânimo para o reaproveitamento dos

recursos (naturais, físicos e humanos), existe também uma fraca participação da comunidade

em envolver-se em ações sociais, que tende, de uma forma direta, a servir de propulsor e

condicionador das restantes (excetuando o envelhecimento que é uma caraterística intrínseca

ao ser humano). Sendo esta (pouca participação comunitária) a fragilidade que entendemos

ser a base para a ação do nosso projeto, e, para colmatar esta lacuna, desenvolvemos o nosso

trabalho tendo em conta os fatores positivos que esta comunidade apresenta. Numa visão

geral por este território, consideramos que o mesmo tem como potencialidades a identificação

da comunidade com o território e um forte sentimento de pertença; os recursos naturais; a

exploração agrícola; a gastronomia; a presença de estruturas de apoio ao turismo rural e lazer

e espaços lúdicos – biblioteca, jardins, museus, piscinas, cinema, complexos desportivos, etc.;

o movimento associativo; a segurança; o património natural/paisagístico, histórico, ambiental

e cultural; a localização geográfica; serviços e equipamentos; os recursos endógenos,

cinegéticos e energéticos e as suas paisagens únicas e acessíveis. É uma freguesia

vincadamente marcada pelas suas tradições e pelas suas atividades, quer culturais: Feira de

Santo Amaro; Feira dos Passos; Feira de Abril; Feira Nova; Feira de Setembro, Dia do Foral;

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

11

Dia da Liberdade; Festa de São João e Festa de São Pedro, quer tradicionais e de artesanato:

Mantas de Lã e de Retalhos; Trabalhos em Corda e em Couro; Trabalhos em Madeira e em

Cortiça; Calçado Artesanal; Cestaria; Rendas; Toalhas de Linho; Artigos de Cartucheira;

Ferro Forjado, e agro-alimentares: Cortiça, aguardente de medronho, enchidos de porco preto,

queijo de ovelha e cabra e mel, as quais consideramos quer como pontos fortes quer em

termos de oportunidades.

Page 14: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

12

3. PROJETO DE EDUCAÇÃO SOCIAL

3.1 Apresentação do Projeto

O presente trabalho baseia-se na comunidade da Vila de Almodôvar, sendo de esclarecer

o fato de condensarmos o projeto “apenas” para a comunidade da Vila de Almodôvar e não

para a sua freguesia, dado tratar-se de uma população densa e dispersa e logo necessitaríamos

de mais tempo e maior disponibilidade para efetuar uma abordagem tão abrangente.

Um projeto, tal como refere Ander-Egg (citado por Pérez Serrano, 2008), «… consiste

essencialmente em organizar um conjunto ações e atividades a realizar que implicam o uso e

aplicação de recursos humanos, financeiros e técnicos, numa determinada área ou setor, com

o fim de alcançar certas metas ou objetivos» (p. 19). Neste sentido, e tendo como base a

natureza do problema identificado (pouca participação da comunidade em ações sociais e

culturais), o grupo entendeu enquadrar o projeto no conceito de Animação Comunitária,

atuando nas suas dimensões informativas/formativas e de sensibilização, socioeducativas e

culturais, ao qual demos o nome de “LADO A LADO”. Esta denominação surge, em primeiro

lugar, pelo propósito de promover a união das pessoas e melhorar as suas relações pessoais e

coletivas e as suas interações (colocá-las lado a lado, com um objetivo comum, promovendo a

participação conjunta); em segundo pelo nosso acompanhamento a essas pessoas,

promovendo o seu envolvimento participativo e envolvimento em ações de informação,

formação cívica e sensibilização sobre aspetos educacionais, sociais, ambientais e culturais e

que são, de certa forma, pouco abordados na comunidade (estamos ao lado delas); em terceiro

para promover uma maior relação entre instituições e pessoas, e vice-versa (apoiando-se

mutuamente - lado a lado), pretendendo-se criar elos de ligação, de reflexão, espírito

comunitário e de participação social; e em quarto pela articulação do projeto com o grupo de

práticas de Alcoutim (vamos caminhar lado a lado). Neste caso, irão ser desenvolvidas ações

e dinâmicas de divulgação cultural (cantares alentejanos; gastronomia; produtos tradicionais

locais, artesanato, hábitos e tradições, etc.) e intergeracional entre ambas as comunidades

(Almodôvar e Alcoutim), com vista a criar uma maior aproximação comunitária entre todos

os segmentos populacionais, em todas as suas dimensões, e sensibilizar para um interior do

país cada vez mais desertificado e envelhecido, promovendo assim uma maior interação

relacional entre as populações. Como é óbvio não podemos ser alheios ao atual momento de

crise (política, económica e principalmente social) que o país atravessa, mas é nestes

momentos de crise que as populações mais se devem apoiar e unir como forma estratégica de

contribuir para o desenvolvimento dessas populações, sendo este, também, um dos princípios

basilares deste nosso projeto.

Page 15: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

13

A parceria com a Junta de Freguesia de Almodôvar, como entidade protocolada, visou

operacionalizar certos aspetos que de outra forma poder-se-ia tornar mais complexa e

burocrática, caso fôssemos acolhidos por alguma instituição mais formal. Temos a

consciência de termos pouco tempo para projetarmos um trabalho deste tipo direcionado para

a comunidade, sendo nossa intenção envolver a comunidade da Vila de Almodôvar, apoiados

por todos os atotes sociais locais, e com o objetivo de, e em conjunto, desenvolvermos

esforços em prol da população da vila, utilizando todos os recursos existentes e disponíveis,

visando o êxito das atividades projetadas e contribuir para o bem-estar da comunidade e da

plena cidadania.

3.2 Campos de intervenção e discussão teórica

Não existem somente três técnicas de diagnóstico, existem muitas mais, e só o tratamento

de dados num âmbito geral das técnicas utilizadas, possibilita-nos uma ótima construção dos

objetivos do projeto.

Assim, das observações efetuadas, das conversas informais, das notas de campo, dos

fóruns de autodiagnóstico realizados e das entrevistas elaboradas, tendo sempre por base a

filosofia do nosso projeto, onde a condição humana global está acima dos interesses

individuais e/ou de possíveis interesses grupais, cabe-nos concluir que a problemática de

fundo, que ramificará posteriormente para outras direções, é a falta de participação da

comunidade nas atividades desenvolvidas na vila. Esta parca participação social, abarca quer

ações dinamizadas e/ou organizadas pelas entidades existentes na região, quer simplesmente

pela iniciativa da própria comunidade em promover qualquer iniciativa cultural, social e até

mesmo económica ou que mostre orientação para o desenvolvimento local.

Queremos deixar aqui a citação da nossa entrevistada Dra. Sílvia Batista, Vereadora da

Câmara Municipal de Almodôvar, que nos transmite categoricamente essa falta de

participação da comunidade nas atividades desenvolvidas na vila: «… Vamos lá ver, não

tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas não é? Não tenho

nenhum estudo que me diga qual é o … aquilo que eu sinto é que realmente a participação é

uma lacuna». Esta nossa entrevistada remata ainda: «Não sei se foram muitos anos de não

participação mas parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em público… a não

ser que seja uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão das freguesias não é»? E

por último dá um exemplo: «Ou, se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer aqui à

porta não sei de quem, se calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e…

agora tirando isso, são muito cautelosos. Têm que pesar bastante...»

Page 16: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

14

Partindo do conceito de desenvolvimento participativo como finalidade deste projeto, e,

segundo Barroso (1998), que considera que a participação não se pode transformar num ritual

que se destina às grandes questões ou a momentos muito específicos, mas sim que terá de ser

encarada como uma forma de estar na vida em sociedade, a participação deve ser perspetivada

como um processo duradouro, que deve promover um equilíbrio constante entre as diferentes

forças ou entre os diferentes intervenientes no processo social. Talvez que um dos maiores

desafios que atualmente se coloca à comunidade é o desenvolvimento de uma cultura de

participação. Cada vez mais a participação comunitária é uma responsabilidade repartida por

toda a comunidade e não apenas por uma pessoa ou grupos de pessoas. Da informação

extraída na entrevista dois efetuada ao nosso tutor, o senhor Presidente Ricardo Colaço, essa

importância e/ou responsabilidade de todos os que estão envolvidos no processo de

participação fica bem vincado, quando o mesmo afirma que «A participação dos

atores/agentes sociais de ADV, tem sido ativa dentro do CLAS, no entanto na minha forma de

ver as pessoas, deveriam ser mais informadas sobre a ação deste órgão».

E é nesta perspetiva de participação permanente que a animação comunitária desenvolve

a sua função e introduz o seu contributo no desenvolvimento participativo comunitário. A

animação comunitária destina-se essencialmente a pessoas que querem e podem ter uma voz

ativa na comunidade e conduz a que cada pessoa participe ativamente no seio da comunidade

em que está inserida, como elemento válido, ativo e útil.

A motivação do investigador é a base fundamental para o sucesso numa intervenção

comunitária. Este, deve ter uma perceção o mais real e aprofundado possível do contexto que

irá experimentar, e, não basta saber ou conhecer os princípios da animação, sendo o lado

intrínseco (motivação, vontade, crer, ética, envolvimento pessoal, etc.) do investigador

fundamental para o seu progresso. Rui Fonte (s/d), afirma pelo mesmo diapasão na revista dos

animadores, «O destino da animação não depende da origem etimológica. Depende sim das

capacidades e motivações de cada animador» (p.22).

Além das competências técnicas o investigador tem que ter em linha de conta o contexto

de ação, os constrangimentos, a afinidade com o projeto, a orientação religiosa da

comunidade, a cultural, entre outras.

Pensamos que a utilização da animação comunitária como abordagem interventiva, será a

mais adequada perante o contexto, faixa etária populacional, finalidade e objetivo geral

identificado, e neste sentido, atendendo ao considerável índice de envelhecimento da

comunidade em estudo, Hervy (citado por Jacob, 2007), reitera isso mesmo quando afirma

que, «A importância da animação social das pessoas mais velhas é facilitar a sua inserção na

Page 17: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

15

sociedade, a sua participação na vida social e, sobretudo, permitir-lhes desempenhar um

papel, inclusive reativar papéis sociais» (p.6).

Numa perspetiva intergeracional, e como defende Patrício, (s/d), «A promoção da

educação e da aprendizagem de pessoas mais velhas através da convivência intergeracional,

torna-se num valor acrescentado, mais efectiva, verdadeira e com resultados

extremamente positivos fruto da interacção entre diferentes gerações» (p.3). Nesta direção,

pretende-se dotar a comunidade de maior empatia, interação e envolvimento entre todos os

segmentos populacionais, visando proporcionar uma melhoramento das relações sociais e

desenvolvimento sociocultural, levando ao bem comum do bem estar social.

A Animação Comunitária encontra ainda um campo fértil de atuação no estímulo do

associativismo, nas atividades de voluntariado e do trabalho juvenil, nas políticas de educação

cívica e de pedagogia de consciência crítica, nas iniciativas que promovam a identidade

comunitária, nomeadamente, a promoção do património cultural, natural e ambiental, símbolo

vivo da cultural local. Animar o desenvolvimento comunitário é educar para os valores do

“local”, sensibilizar para o papel que cada indivíduo pode cumprir para o bem comum e, de

acordo com Viveiros (2008), deve favorecer novas formas de olhar a realidade social por

parte das próprias pessoas, promovendo-lhes um «… conjunto de competências, valores e

princípios desde as suas raízes culturais, no sentido da valorização da auto-estima e da

cultura, elemento central da ideia de comunidade» (p.8).

O firmar espaços de construção alternativos à realidade presente, tende a provocar a

mudança social com a comunidade e as pessoas deverão assumir o protagonismo da ação

comunitária. Sabemos que é um processo difícil de se construir na sustentabilidade da

participação, mas certamente, mais ativo, consciente, democrático e libertador de preconceitos

culturais e estigmas sociais associados ao território local. A animação comunitária tem que

alimentar a sua ação num projeto de educação para o desenvolvimento e será entendida como

forma de educar para o sentido cívico, para a formação de cidadãos conscientes e

participantes no próprio processo de desenvolvimento. A educação para o desenvolvimento

está direcionada para a provocação da mudança de mentalidades, atitudes e comportamentos

individuais e coletivos. A animação enquanto método educativo tem que educar para a

solidariedade, para a responsabilidade coletiva, para a autoestima e valorização da cultura do

território (Viveiros, 2008).

Pretende-se assim estimular o desenvolvimento comunitário como desafio permanente,

espaço de construção de uma cidadania ativa e fundamento da democracia participativa. A

comunidade é o nervo central para a sustentabilidade da construção de alternativas de

Page 18: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

16

desenvolvimento dos territórios, capaz de gerar sinergias criativas localizadas no

envolvimento das populações.

Alguns princípios funcionais do desenvolvimento local ou comunitário encontram

correspondência no documento `Desenvolvimento de Comunidade e Serviços Conexos` das

Nações Unidas, de 1956, onde o desenvolvimento de iniciativas direcionadas para a economia

doméstica, tratando-se de um modo de educação informal das famílias rurais e outras de

educação para a saúde, para a capacidade produtiva e bem-estar da comunidade são alguns

dos serviços. O desafio do desenvolvimento local e comunitário reside na inspiração “pensar

global, agir local”, ou seja, é partindo da realidade social que devem ser encontradas soluções

participadas, integradoras e valorizadoras das gentes e dos recursos comunitários (Viveiros,

2008).

Ainda da avaliação do diagnóstico, consideramos que, quanto a estrangulamentos,

existem probabilidades de alguma parcela da população não aderir às atividades delineadas,

quer pelo desinteresse quer até mesmo pela pouca motivação e disponibilidade, cabendo-nos a

nós criar estratégias para que se envolvam, participem e percebam o objetivo das mesmas.

Contudo, consideramos que o território tem como potencialidades a existência de grupos

comunitários que aderem com alguma frequência a atividades socioculturais, a identificação

da comunidade com o território e um forte sentimento de pertença e que têm em conta os

recursos naturais e as paisagens alentejanas únicas e acessíveis; a gastronomia; a presença de

estruturas de apoio (ao turismo rural, de lazer e espaços lúdicos – biblioteca, museus, piscinas,

complexos desportivos, cinema, etc.); a presença de associações culturais, desportivas,

artísticas e sociais; a segurança; o património natural/paisagístico, ambiental, histórico e

cultural; a localização geográfica; serviços e equipamentos.

Esta avaliação de diagnóstico contribuiu, acima de tudo, como método reflexivo e que

nos permitiu decidir e preparar as atividades, sendo desta forma um veículo de decisão sobre

as opções estratégias de ação.

3.3 Objetivos gerais e específicos

A etapa dos objetivos num projeto, será aquela em que o investigador já terá na sua

posse, o levantamento de um quadro de necessidades recolhidos com base num quadro de

referências de diagnóstico.

Espinoza (citado por Pérez Serrano, 2008) invoca o conceito de objetivo geral no projeto,

referindo-o como sendo «… aqueles propósitos mais amplos que definem o quadro de

referência do projeto» (p.45).

Page 19: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

17

Tendo como finalidade o desenvolvimento participativo da comunidade da Vila de

Almodôvar, o presente projeto apresenta como objetivo geral a promoção da participação da

comunidade no exercício e envolvimento nas dinâmicas existentes, tal como despoletar e

motivar interesse da mesma na promoção cultural e dinamização social.

Os objetivos específicos assentam em pressupostos que identificam de forma mais

precisa aquilo que se pretende atingir na execução do projeto, desta forma, fletindo de fora

para dentro ou do geral para o especifico, o nosso grupo, de molde a promover dinâmicas no

sentido de colmatar a problemática da falta de participação da comunidade no

desenvolvimento e envolvimento nas atividades da vila, tentará utilizar os meios disponíveis

na vila em parceria com as instituições, tal como na utilização dos seus recursos físicos e

humanos disponibilizados e utilizáveis.

Utilizaremos os verbos de ação que nos levem a avaliar efetiva e realisticamente o

sucesso e a exequibilidade das dinâmicas em prol da comunidade, e a sua capacitação para

atenuar e romper com problemática identificada.

Este compromisso terá que ser selado entre todos os intervenientes no processo e terá que

haver um consenso dos objetivos a atingir.

Nesta lógica de compromisso considerámos os seguintes objetivos específicos:

- Desenvolver e capacitar a comunidade na utilização das novas tecnologias.

- Sensibilizar a comunidade para a valorização dos seus recursos naturais, ambientais,

patrimoniais e culturais.

- Incentivar a participação efetiva da comunidade para a prática de hábitos de vida

saudáveis

- Impulsionar a relação intergeracional da comunidade, dinamizando atividades que

promovam a valorização cultural.

- Dinamizar interações culturais entre todos os segmentos populacionais tendo em vista a

sua própria cultura e a sua promoção noutros contextos territoriais.

3.4. Plano de atividades, calendarização e recursos

Com o plano de atividades pretende-se a promoção de ações de formação na

comunidade quanto às novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) como veículo

de dinamização pessoal e social, alertando e sensibilizando não só para os seus benefícios mas

também para os perigos da sua utilização em certos aspetos (no caso do uso por menores),

abordando algumas temáticas pouco debatidas em comunidades com índices de

envelhecimento significativo (como por exemplo o caso da sexualidade) e que por vezes se

Page 20: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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tornam tabu. Em termos culturais pretende-se dotar a comunidade de criatividade expressiva e

artística, levando-a a dinamizar e desenvolver a forte dimensão cultural já existente (cantares

alentejanos, por ex.) e promover uma maior interação entre todos (crianças, jovens, adultos e

idosos), bem como possibilitar a difusão cultural, incentivando o gosto pelas formas culturais

e promovendo a cultura interna noutros contextos territoriais como veículo de

desenvolvimento social e cultural. Na vertente socioeducativa a animação pretende combater

desigualdades sociais, desenvolver a capacidade de participação, a solidariedade e o

associativismo e melhorar as relações humanas da comunidade. E ainda para a

responsabilidade coletiva, para a autoestima e valorização do território como património,

pretendendo ainda educar para o uso adequado dos recursos naturais, ambientais e para o

desenvolvimento sustentável. Com o propósito de educar para intervir, munindo-nos do

pensamento de Paulo Freire (1983), pretende-se provocar mudanças reais nas relações das

pessoas e na sua autonomia, no trabalho, na educação e na saúde. Estas devem poder ter os

meios para fazer uma reflexão constante sobre a sua vida e decidir conscientemente sobre ela.

O mesmo educador, também referiu que as pessoas, ao refletirem sobre determinados desafios

ou problemas do contexto que os rodeia, leva a que essas mesmas pessoas se vejam como

sujeitos, se valorizem, se organizem e acima de tudo que tenham capacidade de espírito

crítico e que lhe permitam lutar pelos seus direitos, não somente como um ser adaptado mas

sim integrado à realidade (1980).

Plano de Atividades

ATIVIDADE

OBJETIVO

RECURSOS

Humanos Físicos Materiais

Data

/Hora

:25

JA

N1

3

19H

00

Fórum Apresentação do Projeto

Recolha de opiniões e ideias

- Elementos de Práticas e Tutor;

- Responsável do CNO;

- Responsável GNR;

- Responsável Bombeiros;

- Responsável da CM; - Responsável Escola Secundária

- Responsável Cáritas

- Representante Lar Idosos;

- Associação de Estudantes;

- Responsáveis grupos corais;

- Sociedade civil.

- Salão dos

Bombeiros

Voluntários de Almodôvar ou

Sala da Junta

de Freguesia

- 1 datashow; 1 mesa e 20

cadeiras

Da

ta/H

ora

:15F

EV

13

19

H00

Formação TIC

(In)Formar sobre a

utilização do

computador e uso da

Internet; motivar para o

uso das TIC como

forma de comunicação

e dinamização cultural,

social e pessoal.

- 4 elementos do Grupo de

Práticas;

- 1 Formador;

- 25/30 formandos

- 1 sala de

informática

(Escola

Secundária/C

NO)

-15 Pc`s;

-25/30

Cadeiras e

mesas.

Page 21: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

19

Data

/Hora

:08M

AR

13

19

H30

Os perigos da Internet

Sensibilizar para os

perigos da Internet, no

que toca a abusos

sexuais e educar pais,

filhos, avós, netos e

professores sobre como

se pode e deve limitar

o uso por parte das

crianças.

- 4 elementos do Grupo de

Práticas;

- 1 Orador; - 1 Mediador;

- 70 espectadores

- 1 sala de

conferências/s

eminário

(Escola Secundária;

Bombeiros;

Biblioteca

Municipal)

- 1 mesa para

orador e

mediador e

2/3 cadeiras; - 1 projetor;

- som e

imagem;

- 70 cadeiras.

Data

/Hora

:30M

AR

13

19H

00

Ação de Sensibilização

sobre Recursos

Naturais e Ambientais

e Desenvolvimento

Sustentável

Educar e sensibilizar

para o uso apropriado

dos recursos naturais

(desenvolvimento

humano e sustentável)

e educar para a

valorização do

património histórico,

cultural, ambiental e paisagístico.

- 4 elementos do Grupo de

Práticas;

- 1 Orador;

- 70 espectadores

- 1 sala de

conferências/s

eminário

(Escola

Secundária;

Bombeiros;

Biblioteca

Municipal e

Junta de Freguesia)

- 1 mesa para

orador 2/3

cadeiras;

- 1 projetor;

- som e

imagem;

- 70 cadeiras.

Da

ta/H

ora

:13

AB

R13

10

H0

0

Envelhecimento ativo

Promover uma

caminhada, seguida de uma palestra sobre

envelhecimento ativo,

educando e

impulsionando para a

prática de desporto

como forma de

promover o bem-estar

físico, psíquico e

social.

- 4 elementos do Grupo de

Práticas;

- 1 Orador;

- 1 Mediador;

- 70 espectadores

- 1 sala

(edifício de

apoio das

piscinas

municipais)

- 1 mesa para

orador e mediador e

2/3 cadeiras;

- 1 projetor;

- som e

imagem;

- 70 cadeiras.

Da

ta/H

ora

:18

MA

I13

– T

OD

O O

DIA

Encontro

“interculturgeracional”

Promover a cultura

local noutros locais –

Alcoutim (cantares

alentejanos; artesanato;

gastronomia; tradições;

hábitos); estimular o

gosto e valor da cultura

entre todos os

segmentos

populacionais e

impulsionar a comunidade para

participar nas

atividades

socioculturais como

veículo de

desenvolvimento local.

- 7 elementos dos Grupos de

Práticas (4 de Almodôvar e 3 de

Alcoutim);

- 1 Orador;

- 1 Mediador;

- 70 participantes;

- 1 motorista

- Castelo e

centro da Vila

de Alcoutim

- 1 autocarro;

- Mesas e

cadeiras

suficientes

Tabela 1 - Plano de atividades

Page 22: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

20

Mês Fevereiro Março Abril Maio

Atividade Semana 1 2 3 4 1 2 3 4 5 1 2 3 4 1 2 3 4

Info

rmati

va /

Form

ati

va

TIC – formação na ótica

do utilizador

Os vários perigos da

Internet

Soci

oed

uca

tiva

Ação de Sensibilização

sobre Recursos Naturais

e Ambientais

e Desenvolvimento

Sustentável

Envelhecimento ativo

Cu

ltu

ral

Encontro

“interculturgeracional”

Tabela 2 - Calendarização das atividades

Legenda: Semana em que se realiza a atividade

Preparação e divulgação da atividade

Todas estas atividades calendarizadas, encontram-se articulados com os objetivos, gerais

e específicos, sendo estas atividades um veículo de intervenção sobre a realidade da

comunidade da Vila de Almodôvar. Estas atividades, são o conjunto de ações imprescindíveis

para alcançar propósitos traçados, com observância de todos os recursos (institucionais –

financeiros e logísticos – físicos, materiais e humanos) e que a seguir se delineiam:

Recursos Humanos

(disponíveis/utilizáveis)

Elementos do grupo de Práticas I; comunidade em

geral; técnicos e funcionários das várias entidades

envolvidas no projeto; oradores externos e

motoristas.

Recursos Físicos (disponíveis/utilizáveis)

Junta de Freguesia; Escolas, CNO, Bombeiros

Voluntários; Câmara Municipal, Piscinas; Jardins;

Pavilhão.

Recursos Institucionais (Financeiros e

Logísticos) Junta de Freguesia e Câmara Municipal.

Tabela 3 - Mapa de Recursos

Page 23: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

21

Entendemos que quanto a recursos, e mais concretamente a recursos institucionais

(financeiros e logísticos), serão necessários transportes e combustíveis (suportados pela

Câmara Municipal de Almodôvar - CMA e Junta de Freguesia de Almodôvar - JFA) para a

realização de algumas das atividades, as quais enquadradas e articuladas com os objetivos

geral e específicos, bem como material de som e imagem, sendo que os espaços físicos

diagnosticados anteriormente se mostram suficientes. Pretende-se ainda que as ações sejam

divulgadas pela internet, quer pelas redes sociais quer pelas páginas web da CMA e da JFA.

Em relação a recursos humanos, consideramos que, após análise do diagnóstico, que

serão necessários oradores para algumas temáticas das atividades programadas e motoristas

para efetuarem os transportes (se necessário) de pessoas para participarem em algumas das

atividades programadas.

Os recursos acima apresentados, resultam quer da investigação na fase de diagnóstico,

quer da avaliação deste mesmo diagnóstico e ainda já no decurso da fase de projeto. Foram

tidos em conta todos os recursos existentes e disponíveis, sendo os agora apresentados aqueles

que temos como utilizáveis para a execução das atividades programadas.

3.5. Método de avaliação previsto

A avaliação é um processo de reflexão cuja finalidade é examinar, explicar e avaliar os

resultados das ações realizadas. Este estudo, compara o estado da realidade social de partida

com o estado da realidade social após a intervenção, com o propósito de descobrir o eventual

desvio entre os objectivos traçados e os resultados obtidos, permitindo-nos reconhecer os

erros e os sucessos da nossa prática. Para Espinoza (1986), «Avaliar é comparar num

determinado instante o que foi alcançado mediante uma acção e o que se deveria ter alcançado

de acordo com uma prévia programação» (p.14).

A citação de Espinoza, acima transcrita, é elucidativa e ilustra a nossa estratégia de

avaliação. Num plano de “intervenção comunitária” não devemos esquecer que “tudo diz

respeito a todos”, daí que é essencial envolver todos os atores sociais que terão sempre uma

palavra a dizer, ou uma ação a desenvolver, sobre algo que lhes diz respeito e contribui para a

prossecução dos objetivos. No entanto, a aproximação destes atores ao projeto pode ter graus

diferenciados, daí advém a necessidade de definir claramente a supervisão e coordenação do

projeto como forma de promover a clareza de processos, a motivação constante e a

clarificação de competências. Neste sentido, e partindo sempre da supervisão efetuada pelo

grupo de trabalho, é nossa intenção efetuar uma avaliação por cada dinâmica, tal como

também é de extrema importância termos uma perceção imediatamente após a atividade. Sem

Page 24: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

22

avaliação sistemática das tarefas não é possível “ler” o trabalho realizado, não sendo possível

agir retroativamente nem reformular as ações. Só é possível estabelecer estratégias adequadas

se se puder avaliar o trabalho realizado. Correu como planeado? A nossa expetativa foi

superada? Qual foi o feedback da comunidade? O que se poderia fazer para melhorar a

performance? Estas são algumas questões a que procuraremos responder após cada dinâmica.

Desta forma, conseguiremos ajustar nas atividades seguintes algumas imperfeições que

tenhamos diagnosticado e reconvertê-las de molde a atingir o nosso objetivo geral.

Propomo-nos realizar uma avaliação interna a qual compreende avaliadores internos que,

como refere Serrano (2008), «(…) é levada a cabo por pessoas implicadas no programa que

possam proporcionar um feedback continuo, de modo que possam integrar as adaptações

necessárias» (p.89). Estes avaliadores são os que pertencem à instituição acolhedora do

projeto, os parceiros, a comunidade, nós próprios executores do projeto e o docente,

orientador da UC.

Page 25: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

23

REFERÊNCIAS

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Barroso, J. (1998), Para o Desenvolvimento de uma Cultura de Participação na Escola.

Lisboa. Instituto de Inovação Educacional – Cadernos de organização e gestão escolar.

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Page 27: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

25

ANEXOS

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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ANEXO 1 – ANÁLISE SWOT

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

27

ANEXO 2 – QUADRO AUTODIAGNÓSTICO 1

DIMENSÕES

GNR B.V.ALMODOVAR CNO SÍNTESE

NECESSIDADES

- Passagem correta de

informações

- Adesão por parte da

comunidade às ações de

formação

- Transportes públicos

- Centro de Saúde a funcionar

com os serviços mínimos de

urgência

- Dar formação mais direcionada

para as necessidades da

comunidade

- Informação;

- Formação

DIFICULDADES

- Isolamento da população

- Dificuldade de deslocação

da população

- Constrangimento da

comunidade por parte de

certos temas

- Mobilidade da comunidade

- População isolada

- Insegurança população

devido ao isolamento

- Burocracia do Sistema

nacional de Saúde

- Baixos rendimentos das

pessoas

- Deslocação das pessoas ao Centro

da vila, devido à distância e falta de

transportes públicos.

- Isolamento;

- Mobilidade

POTENCIALIDADES

- Interação com outras

entidades, nomeadamente

com os B.Vol. Almodôvar e

Câmara Municipal

- Interação com GNR

- Apoio social e de saúde à

comunidade

- Bons recursos próprios,

(ambulâncias bem equipadas)

- Dinâmica do grupo de

formadores, com capacidade de

deslocação às diversas freguesias

do concelho;

- Vários protocolos com diversas

entidades locais

- Interação Institucional

OUTROS/NOTAS

- O Núcleo de programas

Especiais efetuam ações de

sensibilização,

nomeadamente, direcionado

para a população idosa.

- Proposta de intervenção:

Ação de sensibilização em

caso de incêndio.

- Sensibilização/informação

para pedidos de socorro.

- Importância da formação para

valorização pessoal e social das

pessoas.

- Capacitar e sensibilizar para

melhorar a integração na

comunidade.

- Ações de informação e

formação/sensibilização;

- Aproximar a comunidade

(interação social)

Page 30: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

28

ANEXO 3 – QUADRO AUTODIAGNÓSTICO 2

DIMENSÕES

Câmara Municipal

Grupo Coral «Flores do

Campo»

Associação «Vozes de

Almodôvar» Cáritas e Lar idosos -Sta.

Casa da Misericórdia Associação Estudantes

Síntese

NECESSIDADES

- Falta de participação da população

- Ações mais direcionadas para as necessidades da

comunidade

- Falta de pessoas no grupo

- Falta de participação

- Formação cultural

- Espaço próprio (instalações) - Pouco apoio do conselho executivo

para realização de

atividades;

- Fundos monetários

- Motivação - Participação

- Fundos

Monetários

- Formação

DIFICULDADES

- Falta iniciativa por parte

das pessoas

- Falta de participação da

comunidade

- Deslocação das pessoas à

Vila, devido à distância e

falta de transportes públicos

- Falta de valorização

-Desmotivação de

elementos do grupo que

saíram

- Falta de divulgação

- Dificuldade das pessoas na

deslocação a consultas

médicas (ao nível de

mobilidade e monetário);

- População isolada

- Poucos transportes

- Condicionamento

logístico-financeiro;

- Pouca participação da

comunidade estudantil;

- Falta de

motivação e

participação - Falta de

iniciativa

- Falta de

divulgação

POTENCIALIDADES

- Rentabilizar as estruturas

existentes

- Alguma motivação das

pessoas;

- Dinâmicas do sector

cultural;

- Grupo predisposto a

participar em tudo o que

acontece na freguesia

- Motivadas

- Alguns elementos são dos

montes, e usam os seus

transportes pessoais p/ se

deslocarem p/ ensaiarem

- Preservar e divulgar

as tradições da música

Alentejana;

- Boas relações entre

estas entidades, e outras

- Interajuda

-Equipa de voluntariado

- Boa ligação com todas as

entidades/instituições da

freguesia

- Articulação com entidades

do concelho no apoio social e

de saúde à comunidade

- Boa interação e

comunicação entre a

comunidade escolar;

- Dinâmica interna da

associação

- Rentabilizar

os espaços

existentes

- Há interajuda

entre

instituições

- Motivação

OUTROS/NOTAS

- A Câmara é membro do

Clas que é uma congregação

de várias instituições, faz a

monotorização de atividades,

acompanha, estabelece metas

e avalia;

- A comunidade aspira um

espaço, como um Centro de

Dia

- Importância da formação

para valorização pessoal das

pessoas.

- Capacitar e sensibilizar

para melhorar a integração

na comunidade.

- Colaboração da Junta em

todas as divulgações e

atuações

- Importância para as

ações de

formação/sensibilização

- Aproximar a

comunidade

-Tem muitas ajudas através de

doações

- Tem um Banco Alimentar

-Grupo voluntariado «Ajuda a

Sorrir»

- Recolheram

informação para

enquadrar algumas

atividades e promover

a participação

- Só conseguem fazer 1

atividade por período,

no âmbito escolar, na

área do desporto.

- Formação;

- Aproximar a

comunidade;

- Participação

Page 31: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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ANEXO 4 – GUIÃO DE ENTREVISTA A1

BLOCOS

TEMÁTICOS

OBJECTIVOS

ESPECÍFICOS

INDICADORES

DAS PERGUNTAS

FORMULÁRIO PARA

PERGUNTAS

1. Reconhecimento

e certificação

Identificar e

legitimar a

entrevista

Expor os ideais do curso de ES e

das práticas (projeto);

Importância da colaboração do

entrevistado;

Solicitar autorização para

gravação digital;

Agradecimento

2. Identidade e

Território

Identificação

local

Caraterísticas populacionais;

Sentimentos de pertença ao

território;

Recursos, valores e crenças;

Património.

I. Como carateriza a

população do concelho de

Almodôvar (ADV)?

II. Qual o sentimento de

identidade da população

com o território?

III. Sente que a população

de ADV está devidamente

informada sobre os

recursos existentes e

sensibilizada para o seu

aproveitamento?

IV. O território é encarado

como património e valorizado nas suas

dimensões históricas,

culturais e sociais?

3. Relações Sociais

Interações

pessoais,

coletivas e

institucionais

Relações entre os segmentos populacionais;

Relações entre a população e

instituições;

Articulações entre instituições;

V. Verifica interação entre

os segmentos

populacionais: crianças,

jovens, adultos e idosos? VI. Quais as relações de

afetividade destes

segmentos populacionais

na comunidade?

VII. Como se relaciona o

CLAS com outros atores

sociais locais,

nomeadamente com a Junta

de Freguesia ADV?

4. Participação

Social

Adesão

comunitária

Conhecer as dinâmicas sociais da

população;

Associativismo e voluntariado;

Atividade populacional;

Parcerias

VIII. Nas dinâmicas

socioculturais sente que a

comunidade mantém uma

participação ativa?

IX. Como vê o

associativismo e o

voluntariado em ADV?

Existe dinamismo?

X. Os idosos têm um papel

ativo? E os jovens?

XI. Acha relevante a

participação da

comunidade na definição

de estratégias para

colmatar lacunas existentes?

XII. Sendo a promoção do

desenvolvimento social

local um dos propósitos do

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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CLAS, sente que tem

existido a devida

participação dos

atores/agentes sociais de

ADV?

XIII. Considera que,

existindo uma promoção

para a participação cidadã,

os atores sociais locais

aceitariam estabelecer

parecerias e envolver-se-

iam num projeto (de

educação) social?

5. Problemáticas

Identificação de

problemas sociais

Problemas e necessidades mais

verificadas;

Dificuldades de mobilidade;

Exclusão social

XIV. Ao nível de

«possíveis» necessidades

sente haver diferentes tipos

relativamente no concelho

de ADV, mormente nos

«montes»?

XV. Verifica alguma

dificuldade de mobilização e utilização de serviços e

equipamentos por parte dos

residentes das restantes

freguesias?

XVI. Dada a atual

conjuntura económico-

financeira, sente que os

fenómenos de exclusão

social (pobreza,

toxicodependência,

racismo/xenofobia,

isolamento, iniquidades,

acesso à saúde, educação,

etc.) têm-se mostrado mais

expressivos ultimamente?

6. Ações Sociais

Características

Atividades sociais do CLAS;

Projetos;

Concretização

XVII. Que a atividades têm

sido promovidas pelo

CLAS?

XVIII. Projetos sociais

futuros e em que

dimensões?

XIX. Essas atividades são

executadas somente na vila

ou estendem-se ao concelho?

7. Caracterização

sociodemográfica

Identificar o

entrevistado

Nome completo; data de

nascimento; naturalidade;

Residência; profissão;

habilitações.

SOMENTE SE

NECESSÁRIO!

Page 33: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

31

ANEXO 5 PROTOCOLO DA ENTREVISTA A1

E – Podemos começar, como já tem conhecimento, nós ainda estamos na fase de

diagnóstico, queríamos diagnosticar aqui algumas necessidades, fragilidades,

problemáticas, qualquer coisa assim, mas não gosto muito de lhe chamar problemáticas,

mas mais em termos de necessidades, que é para depois a partir daí partirmos para a

ação, ou para o terreno. aa… estruturamos aqui mais ou menos as questões lá com o

orientador do estágio, das práticas, e em relação ao curso, já tem mais ou menos uma

ideia, não somos bem assistentes sociais, é um bocadinho diferente, eh eh.

e - Pois também não são animadores, é uma coisa ali entre uma coisa e outra.

E – É uma mescla ali das coisas, mas pronto. Pronto, aqui em termos de identidade e

território, isto partindo já para a parte da entrevista, aqui no bloco temático aa…, como

é que a Dr.ª. caracteriza a população do concelho de Almodôvar, caracterização…, as

características populacionais, aa…, relações entre a população…

e – Sim, pronto, começamos se calhar pl’a, pl’a… nós temos uma baixa demografia, a

população é muito dispersa, temos uma população envelhecida e… o território vai ficando

desertificado aa… talvez também por aí, e de facto nós temos cerca de 10 habitantes por km2,

o que é uma baixa densidade populacional, aa… penso que as pessoas têm uma forte

identidade cultural, penso que sim, têm, são muito ciosos das suas tradições, da sua cultura,

portanto vão continuando a por em prática aa… saberes que vêm de muitos e muitos anos, e

são ciosos disso, portanto tem algum orgulho nas suas tradições aa… estabelecem alguns

laços, entre eles, penso que sim, mas o facto de ser uma população muito dispersa e, e de

facto haver pequenos aglomerados populacionais com dois ou três habitantes às vezes essas

relações são dificultadas por isso, pelas distâncias, e pelo isolamento, mas onde há agregados

mais populacionais, o caso de Almodôvar, ou das freguesias aa… as pessoas juntam-se aa…

associam-se, fazem alguma coisa.

E – E mesmo em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em

termos de património, participam, mesmo os isoladas têm…

e – Sim, sim, nós temos uma experiência, aa…, que é em setembro, aa…, geralmente nas

jornadas do património, costumamos fazer algumas atividades descentralizadas nos

monumentos, e costumamos por transporte da Câmara aa… para que as pessoas possam ir

assistir aos espetáculos, geralmente são de música, e visitar os monumentos de outras

freguesias, e quando fazemos essa atividade há sempre muita gente interessada em ir,

principalmente de locais, aa… mais pequenos, portanto, se nós fazemos um circuito com o

autocarro, geralmente em todos os locais temos alguém interessado em participar, aa…, no

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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dia a dia a mobilidade não é muito fácil porque depende, se a pessoa tem carro até se desloca,

e vai não é, mas nas camadas da população mais idosa que não têm meio de transporte aa…,

depois os transportes públicos também não dão resposta a isso, tirando os transportes públicos

para a vila, tudo o que é inter freguesias já não existe, ou se existem é de passagem, não dá

para a pessoa ir e ficar, e regressar, portanto acaba por ser difícil a mobilidade quando as

pessoas não têm meios para se deslocar por si próprias.

E – Pois, mas acha que é mesmo uma lacuna ou é a Câmara que não consegue suportar

por exemplo essa… essa…

e – Não. Nem sequer é uma função da Câmara, nós, para garantir que as pessoas venham à

vila já suportamos alguns custos com a rodoviária, portanto a rodoviária só faz aquilo que lhe

dá lucro.

E – Nos transportes escolares não é?

e – Exatamente, portanto faz os transportes escolares, e associado aos transportes escolares

transporta a população, o que é que acontece, há locais onde não temos população escolar,

então a rodoviária pura e simplesmente não vai lá, porque as poucas pessoas que poderia

transportar aa… não lhe dá rentabilidade.

E – Não compensa, pois…

e – Então o que é que fazemos, com núcleos populacionais que estão mais distantes, e que

portanto, tem algumas pessoas que precisam de se deslocar, nós temos protocolos com a

rodoviária, em que pagamos mensalmente um montante para elas fazerem esses circuitos,

estou a falar por exemplo da Corte Pinheiro, fica na outra ponta do concelho, na freguesia de

Sta. Cruz, até com as Guedelhas que é aqui a dois passos, nós temos de pagar para eles irem lá

aa… e outros, temos vários, Portelas, Malhão, S. Barnabé, temos vários núcleos em que para

terem transporte público assegurado, e têm, nós pagamos à rodoviária para que isso aconteça.

E – Hum… hum… Ainda aqui em relação ao bloco temático da identidade e território,

sente que a população de Almodôvar está devidamente informada sobre os recursos

existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento?

e - É assim, não é fácil que a informação passe aa…rapidamente, portanto nós temos alguns

programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas vezes ainda vamos

encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento, é claro que agora já se calhar são

muito poucos, mas nos primeiros dois, três, quatro anos, nós tínhamos que fazer

sistematicamente campanhas de divulgação, mesmo nos núcleos populacionais, e nas

localidades íamos lá, informávamos, porque as pessoas aa… não leem os papéis, nós podemos

mandar muita informação para as juntas, podemos mandar muitos cartazes para a rua, mas há

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

33

uma certa dificuldade em passar a informação. Mas neste momento penso que já, se calhar

muito pouca gente, muitos poucos idosos, somente esses desconhecem os programas que nós

temos. Já são dez anos, não é, já vai passando.

E – E encaram este território com valor, encaram como património, as pessoas dão… a

Drª. à bocado falou que eles têm orgulho…

e - Têm algum orgulho, não são muito de exteriorizar, ou seja, às vezes até nos chamam a

atenção para determinadas coisas, mas quando somo nós a tomar a iniciativa e a ir falar lá

com as pessoas, isto é importante, isto é, tem valor, eles dizem na vale nada, então isso já

vem do tempo dos meu avós, e portanto as pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer,

de facto a riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem orgulhosos daquilo que têm.

E – Se partir deles… é a tal história, está bem. Então vamos aqui para mais a nossa

área, as relações sociais principalmente, interações, quer de pessoas, quer de grupos,

quer mesmo de pessoas, grupos e instituições, acha que há interação entre, entre a

população em si, quer entre os vários segmentos populacionais, crianças idosos, idosos

adultos, adultos crianças.

e- É assim, eu penso que no dia a dia, possivelmente essas interações acontecem na família,

porque interinstituições eu não vejo, eu vejo a escola aa… com as suas atividades dentro da

escola para aquela camada etária, vejo os lares, os IPSS, com os seus idosos dentro das

paredes com aquelas atividades, e de facto esse intercâmbio, ou essa troca de experiências

entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente aa…,

por exemplo, pode acontecer nuns festejos de São Martinho…

E – Pois acontece assim de uma ação da Câmara, por exemplo, não é? Agora partindo

das entidades em si, e entre elas não.

e- Pois não é muito fácil, não é muito fácil, não existe muito essa…, esse hábito, aa… essa

prática no dia a dia, e também acontece muito, eu penso que hoje também, os avós…, os avós

são mais jovens, e o que eu noto, é que aqui há uns anos atrás aa… os mais jovens recorriam

muito ao suporte dos avós para ficarem com os miúdos e para, mesmo depois da escola, e

neste momento há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário alargado,

mas sempre com a condição de ser para aquelas famílias que de facto necessitam, e não tem

suporte familiar em casa, porque isto sempre em parceria com a Câmara, porque os programas

são implementados na escola, mas são pela Câmara, e eu tenho sempre o cuidado, de chamar

a atenção dos pais, que é importante aquele espaço em que eles estão em casa com os avós, e

com os tios, mas há uma recusa disso, os pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até

às cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para ficarem com eles, e se isto

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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acontece nas grandes cidades e em Almodôvar está a acontecer a mesma coisa,

principalmente na vila, aa…

E – Mas por falta de disponibilidade?

e- Umas vezes dizem que sim, «ai ela tem mais que fazer, e tem as coisas dela e…», mas eu

não sei, ainda não consegui perceber.

E – Aí podem estar a falar dos laços, pode haver uma quebra aí…

e- Mas nota-se há uns anos pra cá, principalmente desde 2006, foi quando começou a haver

uma oferta maior em termos de horário na escola aa… pessoas que nós sabemos, que têm

pessoas de família, a quem podiam recorrer, até para dar o almoço aos miúdos, porque, é… os

miúdos almoçam na escola, mas é muito mais importante eles saírem ao meio dia, irem a casa

e estarem num espaço fora daquele ambiente e voltarem, e isto não acontece.

E- Por um lado, dá mais tempo e espaço à família, mas por outro lado, pode quebrar

também aí um bocadinho os laços afetivos entre eles, é gradual, hoje não posso, amanhã

nem tanto, hoje não veio… por outro lado é bom que a escola dê resposta como um ator

social ativo, e nestas coisas ver o aspeto positivo, mas quebra um bocadinho as relações

humanas…

e- É um bocadinho violento, crianças com seis sete anos irem para a escola às nove da manhã

e virem as sete da tarde, é … mas temos alguns casos desses, temos, depois vai-se refletir nos

próprios valores, e até no aproveitamento escolar, porque a criança chega a uma certa altura e

já está tão farta da escola, que aquilo para eles já não é nada.

E- Pois em termos de afetividade, pois acabou de responder aqui à segunda pergunta.

Em relação ao Clas, a, Câmara… é um dos parceiros aa… como funciona o Clas …,

como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, o Clas, ou o

funcionamento entre si

e- O CLAS é um órgão, é um fórum de discussão, que congrega várias entidades, não é a

Câmara, não é a Segurança Social, são todas, portanto, tem a Câmara, tem as escolas, tem a

Segurança Social, junta de freguesia, as associações locais, e aquilo acaba por ser um fórum

de discussão, e não só, portanto o Clas serve essencialmente para aglomerar todas as ações

que as várias entidades tem, ou associações, ou instituições tem, e no fundo faz a

monotorização dessas atividades aa…, e tem mais algumas, neste momento o que é… o

Clas…, o Clas reúne duas, três vezes por ano, não reúne mais, no inicio reunia mais, quando

estava em fase de construção, agora vai ter de reunir por causa do novo PDS, mas no fundo o

que é que fazemos, fazemos a elaboração de pareceres para candidaturas quando elas tem de

ser submetidas a… ao QREN… candidaturas, a tudo o que tenha a ver com a área social, nós

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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e que fazemos, damos o primeiro parecer e depois é que, a segurança social a nível distrital dá

o segundo, elaboram os instrumentos de planeamento e gestão aa…, são várias grelhas entre

eles que vão aferindo da execução ou não do plano social aa… , e no fundo acabam por ser

um, é um veículo de, de difusão da informação, portanto tudo vai parar ao CLAS, o Clas tem

por obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para todos os parceiros, e

divulgar, e incentivar, ou não a sua participação, aa… e depois tem várias atividades aa… ,

que são as atividades, de cada uma das instituições, que faz parte do CLAS, aa… por exemplo

agora foi feito uma coisa que eu achei muito interessante, foi em parceria com as juntas de

freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de toda a população sénior do concelho,

aa… mesmo em termos de localização, aos que estão isolados sem meio de comunicação com

o exterior, as condições em que vive, portanto foi feito esse trabalho, da responsabilidade da

GNR, mas que foi acompanhado sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho muito válido,

esse trabalho já tem vindo a dar alguns frutos, por exemplo aquela ação dos cafés Delta, a

operação Delta, e que neste momento está a disponibilizar telemóveis com algumas

características próprias para os idosos que estejam isolados e vivam sozinhos, portanto

rapidamente eles conseguem aceder a socorro, no caso de necessitarem. Depois temos aquelas

atividades aa… das entidades.

E – A GNR não faz parte do CLAS?

e- Faz

E – aa… e as relações entre todos

e- sim, são boas, são, aa… ás vezes tínhamos necessidade de uma maior participação, ou

seja, se a gente convoca o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito

pouca participação ativa, as pessoas vão, marcam presença, aa… fizeram o seu papel, mas

despois a discussão…

E – Estratégias para algum problema…

e- é complicado, muito complicado, é.

E – A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer

necessidade, e depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…

e- É que nós também temos outra estratégia que é assim, nós temos um gabinete de ação

social na Câmara com técnicos que são muitos a…, e como tal aa… fazem trabalho… e o que

é que acontece, quando há situações de problemáticas, geralmente são canalizados para o

gabinete de ação social, temos uma técnica no gabinete de ação social que faz parte do Clas,

que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o conselho executivo para reunir, ou

alguma entidade que tenha a ver mais com aquela problemática, por exemplo se for um caso

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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de doar, ela fala com as IPSS, se for o caso mais de algumas obras, um telhado que está a

meter água, de repente fala com a Câmara e fala com a junta de freguesia, portanto ela própria

faz essa articulação.

E- tem a ver com as próprias necessidades da população…

e- Ela própria faz essa articulação com aquelas entidades, que fazem parte do Clas que mais

rapidamente poderão dar resposta aquela situação, que é de emergência, as coisas até estão

a… a ter alguma resposta.

E - Vamos partir aqui para a parte das, da participação social, quer em termos

institucionais, quer em termos populacionais, sentem se.., se as dinâmicas são culturais

se a comunidade tem uma participação ativa, embora na primeira questão já tenha

respondido um pouco a esta pergunta…, acha que as pessoas acabam por se envolver,

participar?

e- Depende das atividades, aa… eu ainda não consegui perceber, o público de Almodôvar,

concelho, não vila, concelho, aa… quando as atividades já tem alguns anos e eu acho que

quando dizem alguma coisa às pessoas, elas até participam. Às vezes fazemos atividades e

achamos que aquilo vai ter algum resultado, e temos a casa às moscas aa…, mas eu acho que

depende das atividades, se as atividades focarem nos interesses das pessoas, e se de facto lhe

dizem alguma coisa, elas até participam aa…

E- então e partir apenas deles, quer institucional, quer a sociedade civil, isto porquê, por

exemplo nós já percebemos que as Flores do Campo, são um grupo de pessoas muito

ativas, elas próprias promovem os eventos delas, aa… vão aos lares, vão às creches, e é

nesse sentido.

e -Temos alguns casos desses e principalmente partindo dos grupos corais, por exemplo temos

aqui as Flores do Campo aqui em Almodôvar, que de facto fazem as suas próprias atividades,

e organizam, temos um outro grupo ali na Semblana que tem exatamente essa função, elas são

um grupo coral, mas acabam por ser um grupo que anima a localidade elas organizam a festa

de Natal, as festas da igreja, as festas, pronto acabam por ser ali um polo dinamizador,

portanto nós tínhamos lá um centro cultural, e que estava fechado à uma série de anos, elas

abriram-no e puseram-no a funcionar. Depois temos no Rosário também aa… que

timidamente está a começar o próprio grupo coral também é dinamizar, e despois temos as

associações, que dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas atividades anuais,

que são as festas de Verão e que tem sempre sucesso garantido. aa… depois outras

participações são muito específicas, por exemplo é conforme os gostos, temos o pessoal do

futebol que organiza, dinamiza e faz, o pessoal que gosta das bicicletas também, aa…, é um

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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bocadinho por polos de interesse não é. Nós temos muitas associações no concelho, lá está

algumas trabalham anualmente durante o ano quase não se dá por elas, e outras tem atividades

regulares.

E- Nós acabamos por fazer o nosso trabalho de casa, e em termos de associações, há

muitas associações.

e – Há.., há muitas.

E- e esta parte… algumas foram criadas e mais nada, ou para tirar aquele rendimento

da câmara, ou para gerir a associação, isto o movimento associativo… há que participar

um bocadinho também nas funções culturais e económicas

e- As associações aqui funcionam muito, algumas, não posso generalizar, não é, aa… em

função dos seus próprios interesses, aa.., e se eu gosto, se eu existo para angariar fundos, para

no futuro fazer um lar, eu só trabalho em função disso, aa…, e tem alguma dificuldade em

participar no global, é um bocadinho á volta dos seus próprios interesses.

E – Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas de associativismo, agora

no que consiste a base, e o objetivo, missão do associativismo não será bem assim. Mas

há dinamismo, e voluntariado há algum?

e- Voluntariado, há um grupo, mas que no fundo é um voluntariado um bocadinho escondido,

não é, não tem, não está reconhecido em termos ainda institucionais, nós a nível de, daquele

voluntariado que faz parte daqui do PDS, que é conhecido a nível nacional, penso que tem

três pessoas, mas depois há outro, aqui, concretamente o grupo «Ajuda a Sorrir», de carácter

sócio caritativo, aa… cujas pessoas acabam por fazer algum voluntariado, aa… se souberem

de alguém que está com problemas, tentarem ajudar, irem lá a casa, mas é um voluntariado

um bocadinho diferente daquele que estamos habituados, é mais na base da boa vontade.

E – E em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas, têm um papel ativo, nestas

participações sociais, ou pelo menos gosto, mostram interesse?

e- É assim, os idosos… há de tudo, de tudo aa…, nós organizamos atividades para eles. Nós

temos por exemplo uma atividade, em termos contínuos, que é a nível do desporto, em que

um técnico vai às freguesias dinamizar duas vezes por semana atividade física com eles, e

temos grupos grandes a participar, essencialmente mulheres, acho que os homens são menos

participativos nessas coisas, mas já vão aparecendo. Aa… se nós organizarmos um dos

passeios para ir aqui ou ali, até com objetivos definidos para eles conviverem para estarem,

para conhecerem, e temos grande participação. As atividades partindo deles é mais

complicado.

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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E – Só se fizerem parte de alguma associação ou grupo já mais ou menos organizado. E

em relação aos jovens como é a participação?

e – os mais jovens, é um problema aa… tirá-los da frente do computador, ou de alguns locais

onde eles se reúnem, é muito complicado. Tenho tentado à seis anos para cá, tento

implementar projetos, na biblioteca essencialmente, para que aquela camada dos quinze aos

vinte participe, e é sempre o grande problema que têm nessa faixa etária, tendo até aos quinze,

até participam e vão e , e estão, depois já há défice entre os quinze, e os vinte, nós ainda não

conseguimos descobrir como é que se dá volta a isso, e depois quando regressam, ou a partir

dos vinte e dois, ou quando já tem miúdos pequenos, já voltam.

E- finalizando o que a Dr.ª estava dizendo há esse handicap dos quinze aos vinte anos

dos miúdos participarem

e - Já organizamos, fizemos uma vez um projeto que saiu mesmo deles, baseado num

inquérito, em que eles disserem aquilo que eles gostariam de ver implementado e gostariam

como atividades bandas de garagem foram metidas na biblioteca, e depois daqueles trinta,

quarenta, também temos um universo muito pequeno, não é que participaram neste trabalho,

quando foi implementadas atividades, se calhar de quarenta passamos para trinta, os que

estiveram presentes.

E – Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe

algum tipo de relacionamento mais afetivo, eles dissociam-se uns dos outros, existe

algumas atividades nesse âmbito?

e - Podem existir atividades pontuais, aa… mas por sistema não existem, aa… mas se calhar

se quiser aa… uma festa em que se peça a colaboração de uns e de outros, essa relação existe

e é boa. Mas por espontaneamente, ou por sistema, não me parece que haja muito essa

ligação, a não ser os laços familiares em casa, mas em termos de sociedade, não me parece,

portanto isto também é uma ideia, é a minha opinião.

E – Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias, no

sentido da parte da sua responsabilidade, ou seja para saber a opinião da comunidade

no sentido de um diagnóstico, para saber o que ela precisa, não sei se existe?

e - Existe alguma preocupação nesse sentido, principalmente quando nós estamos na fase de

elaboração do orçamento, nos primeiros anos, eu estou a falar durante, portanto eu estou na

Câmara à onze anos, aa…, nos primeiros oito, nove anos, nós íamos a todas as localidades,

com mais de quinze habitantes e fazíamos reuniões com a população… sobre aa… no fundo

queríamos fazer um levantamento sobre as necessidades sobre as aspirações, sobre aquilo que

eles mais pretendiam que se concretizasse, aa… essas reuniões acabavam por ser um discurso

Page 41: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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do presidente da câmara sobre as intenções, daquilo que pretendia fazer, aa… participação da

população no global, e quando estavam todos reunidos era praticamente inexistente, não…, e

depois ficavam para o fim abordavam individualmente o presidente a pedir-lhe isto ou aquilo,

mas em termos pessoais, mais particulares, porque tudo o que fosse global a participação era

muito, muito pouca, aa…e tudo o que era atividades como culturais, ou… aa… passava-lhes

um bocadinho ao lado. Nos últimos três anos nós substituímos esses encontros com a

população, e chamávamos encontros com a população, por questionários, aa… e é muito

pouco participado, em termos de questionários, são questionários muito simples, em que tem

um espaço para observações, mas é com cruzinhas a maior parte das coisas, aa… eu

pessoalmente nunca acreditei nisso, nos questionários, até porque nós temos um nível de

iliteracia bastante grande, aa… mas pronto, aa…eu prefiro sempre mais as reuniões com as

pessoas e esses contactos com a população, mas de facto o que se tirava desses encontros

acabava por ser quase que um aval daquilo a que nós tínhamos intenção de fazer, mas ao

contrário, o feedback era muito….

E – pois e o que existia era mais a nível individual

e- individual, exatamente, não havia ali um pensar no coletivo. Nós, há dez anos para cá que

implementamos essas dinâmicas, aa… mas a participação, é muito baixa

E- Muito baixa, não tem havido nenhum progresso praticamente?

e - aa… até onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era nos jovens, e os

jovens praticamente não vão lá, a não ser que em determinada localidade haja qualquer coisa,

ou que seja polémico que possa vir a acontecer, em que… e aí as pessoas vão sim senhor, eu

posso lhe contar agora em relação às freguesias, à agregação de freguesias, aa… nós tínhamos

um menino nos braços não é, e é assim, ou fazíamos um estudo e mandávamos para a

Assembleia da República, ou que as freguesias fossem agregadas, e viam os seus

financiamentos aumentados, ou se nós disséssemos não nos queremos pronunciar eles

agregavam na mesma, e esses acréscimo não viria, e nós soubemos enfrentar as coisas, fomos

falar com as pessoas propomos quais seriam as freguesias agregadas, a câmara tinha uma

ideia, mas resolvemos ir consultar essas freguesias, as pessoas estavam lá em peso,

manifestaram-se dram a sua opinião, foram contra a opinião da câmara, portanto não tiveram

qualquer problema em manifestar isso, e de facto a vontade deles foi…, foi para a frente, sim

senhor vocês pensam dessa forma, nós temos uma opinião diferente, por isto e por isto, mas

vocês entendem que não, é a vossa opinião que vai para a frente, e foi com o parecer da

câmara, da Assembleia Municipal foi elaborado com base de facto na opinião das pessoas,

mas lá está, tem que ser qualquer coisa que mexa com a vida das pessoas, e mais a divulgação

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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não foi assim tão grande quanto isso, porque nós agendamos a reunião, e estava o prazo um

bocado apertado, e foi divulgado com um dia, dois dias de antecedência, e as pessoas estavam

lá todas. Depende dos interesses, e das motivações.

E – Relativamente aqui ao nível das possíveis necessidades que constata, sente haver

diferentes tipos, relativamente aos diferentes montes do concelho? Portanto temos vários

montes, Santiago…

e – Pois é assim, a grande, o grande problema que eu vejo aqui, em relação aos montes mais

dispersos, é de facto o envelhecimento dessas pessoas e o facto de estarem bastante isoladas

aaa… muitas sem qualquer laço familiar próximo, são pessoas aa… mas as necessidades em

termos gerais são muito idênticas…

E – No acesso a equipamentos aa… se calhar pois…

e – Pois, as pessoas que tão isoladas é mais difícil não…

E – Cá está, porque a outra questão e que não pode dissociar-se dessa, é essa questão

que se sente a nível de mobilização e a utilização de serviços e de equipamentos a nível

de…

e – Pois, as pessoas que estão mais isoladas é mais difícil. Nós temos aí uma localidade que

nós, durante aí quinze em quinze dias fazemos o transporte das pessoas porque não têm

qualquer transporte público nem lá próximo aa… e o acesso, pois eu acho que as pessoas nem

sequer pensam em aaa… em usufruir dessas de, de aa… dos equipamentos que existem. Por

exemplo pra vir à Biblioteca. Quem vem à Biblioteca? Aa… as pessoas que andam por aí, que

conseguem vir à vila, que conseguem aa… claro que nós temos uma biblioteca itinerante que

vai às localidades, mas vai a quais localidades? Às maiores, porquê? Nós começámos a ir a

localidades com cerca de vinte pessoas e acabámos por estar lá uma tarde inteira sem um

único utente, não é? Aa… portanto começámos inicialmente com vinte e tal localidades e

depois começámos a selecionar, aquelas que durante duas, três vezes fomos lá, não aparecia

ninguém interessado a usufruir daquele equipamento, nós tivemos que deixar de ir não é?

Portanto temos esse problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não sentem essa

necessidade…

E – Isso. Falou-me nesse exemplo especificamente, que se falava a nível do Centro de

Saúde…

e - Não, as pessoas aí organizam-se e principalmente com as Juntas de Freguesia, ou vêm com

aa… um transporte público aa… aqueles que têm, ou então pedem a colaboração da junta e aí,

a junta, são são muito colaborantes com os seus munícipes e fazem um grande trabalho nesse

sentido, especialmente em montes isolados, quando há mesmo dificuldades aa… que não têm

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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um filho que vá buscá-los ou algum familiar, a junta faz esse trabalho, há esse cuidado,

portanto ninguém fica sem assistência, pode não ser tão rápida quanto às vezes se pretendia

mas em termos dessas questões de saúde, de vir tratar de um documento, de de… se não tiver

transporte aa…, porque a junta está sempre muito atenta a isso mesmo juntas muito grandes,

com população muito dispersa, mas eles fazem muito bem esse trabalho e muitas vezes vão…

as pessoas deslocam-se até à sede de freguesia e os próprios funcionários resolvem problemas

aqui da… que tem que têm que ser tratados na, na sede do concelho. Há muito esse

intercâmbio, há essa colaboração.

E – Relativamente à conjuntura atual, económica e financeira que se vive neste

momento a nível dos fenómenos muito associados à exclusão social tais como a pobreza,

toxicodependência, racismo ou seja, tudo o que tenha a ver com esse tipo de fenómenos,

acha se tenham mostrado mais expressivos nestes últimos anos, ou acha que se têm

mantido…?

e - É assim, aquilo que eu noto e que , em relação a pessoas mesmo do concelho de

Almodôvar, não tenho notado grandes diferenças aa… porque aqui o desemprego que existe

hoje tem a ver com desemprego já de longa duração e pessoas com poucas qualificações ou,

mas e… não é muito. Agora o que eu tenho notado é, têm vindo muitos, muitos casais

problemáticos de fora, muitas famílias problemáticas têm vindo de fora, nós nos

interrogamos. Não sabemos se vêm porque têm cá alguns laços familiares e com esta

conjuntura regressam às, às origens mas têm-nos aparecido aqui algumas famílias com

problemáticas associadas, nomeadamente à toxicodependência, com desemprego, com

miúdos pequenos que muitas vezes acabam por ser encaminhados para a CPCJ porque aa…

existem problemas aa… depois, em termos de situação do concelho nota-se que havia

agregados familiares que viviam sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo

de desemprego aa… subsidio de desemprego e depois voltavam ao inicio faziam prática…

isto agora com a peneira que está a ser feita não é portanto aa… começa a haver alguns casos

preocupantes de pessoas a quem foram cortados o RSI, a quem foi cortado o subsidio de

desemprego porque depois, como a Junta de Freguesia como a Câmara, têm conseguido dar

resposta a todas aquelas situações que estão em RSI e recebem muito pouco, por exemplo

trinta euros mas, se a Câmara for requisitar para trabalhar ele passa a receber o ordenado

mínimo aa… e nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas, portanto

em colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e, e nas freguesias

à conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados. Porque é

diferente ganhar trinta euros e ganhar quatrocentos e oitenta não é? Portanto temos

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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conseguido dar resposta. Tou preocupada porque me parece que a situação vai piorar com os

cortes que tem havido em termos de rendimentos, desses rendimentos, neste momento, ainda

não, não posso dizer que seja uma situação de, de aflitiva não é? Pronto vão aparecer alguns

casos…

E – Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de

atividades é que o CLAS… não executa não é?

e – O CLAS é uma congregação de várias instituições e no fundo o que é que o CLAS faz?

Faz a monitorização dessas atividades…

E – Ah, ok pode não ser especificamente o CLAS e até se calhar até não é…

e – Não é, não é. Portanto existe um plano social de desenvolvimento, eu por acaso tenho-o

aqui e ele tá na Net, portanto pode ser consultado aa… em que aparecem as atividades que são

dinamizadas por cada uma das instituições e algumas são em conjunto. Nós portanto temos

aqui, um exemplo só, atividades em que são implementadas com as parcerias da Câmara,

Direção Regional da Educação, com a Segurança Social portanto, algumas são em conjunto

outras são individuais portanto o que é que o CLAS faz? No fundo faz a articulação com os

parceiros todos e faz o acompanhamento dessas atividades, faz a monitorização ou seja, tão a

ser implementadas não estão, a conseguir atingir as metas não conseguimos, o que é que

falhou… no fundo faz esse, esse acompanhamento. Faz a divulgação também de todos os

programas e de todas as informações que chegam aa… faz a análise de algumas situações que

possam surgir e o respetivo acompanhamento para os parceiros elaborarem os pareceres de

quando alguma instituição pretende candidatar um projeto ao QREN aa… também tem essa

responsabilidade mas, o essencial, é a articulação entre todos os parceiros e o

acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser implementadas.

E – Faz-se uma avaliação se foi cumprido…

e – Sim. Se foi cumprido, nós temos metas, não é? Portanto nós queremos atingir, queremos

dar resposta que aa… oitenta por cento das pessoas que estão no RSI tenham contratos de

inserção e então nós aa… temporariamente vamos fazendo o acompanhamento com a

Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos ou, aqui ainda não conseguimos. Atingir

mediante o número de pessoas que existe e o número de contratos que foram feitos e vamos

fazendo esse acompanhamento.

E – Aqui a nível , não sei se sinceramente se esse plano já dá enfase a isso, a nível de

projetos sociais no futuro já tá alguma coisa prevista?

e – É assim estamos a trabalhar no, no o PDS é para três anos, tivemos agora, tivemos o

2009/2011 e agora estamos a trabalhar no 2012/2015, salvo erro, aa… claro que isto tem que

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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ser tudo articulado com a Segurança Social de Beja e primeiro eles têm que fazer o a, a nível

distrital e nós, depois, o concelhio, sai desse distrital.

E – Têm que adaptar à vossa realidade e com as entidades que também fazem parte da

e – Que temos mas com aqueles que são a nível nacional, distrital e depois concelhio, portanto

neste momento está em fase de elaboração.

E – Pois porque o diagnóstico ou seja, para a elaboração relativamente à parte daquilo

que vos toca, também é feita um bocadinho na base do que as entidades também vos

trazem.

e – Exatamente, exato, mas segundo aa… eu tive com a técnica que tá com a responsabilidade

do, do PDS, ela diz-me que não há grandes alterações, a não ser estas novas medidas do

governo, nomeadamente as cantinas sociais e alguns programas novos mas, mais que isso…

portanto todas as outras se vão manter. Penso que a única diferença será aqui nas metas mas

que ainda não foram definidas.

E – Relativamente às atividades promovidas pelo CLAS neste caso, e parceiros, estas

atividades que são executadas estão centralizadas na vila ou estendem-se também aos

montes?

e – Não, não, tem a ver com o concelho todo. Todos os programas que estão implementados

aqui no PDS abrangem o concelho todo, todo.

E – Ok! Relativamente aqui à sequência penso que chegámos ao fim. Não sei se mais

alguém quer acrescentar o que quer que seja?

E – Algumas palavras impercetíveis!

e – O quê? Não percebi…

E – Em termos sociais, as necessidades…

e – Ah em termos sociais. As pessoas aqui aspiram, eu ainda à bocado estava à porta e tava

ouvindo. Aspiram muito a ter um espaço, não sei se é Centro de Dia se é aa… penso que será

muito por aí, Centro de Dia, aa… eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles

espaços que existem fossem devidamente aproveitados e dinamizados aa… nós temos, temos

espaços para tudo, se calhar neste momento não temos, porque nós temos muita coisa em

obras, não é? Portanto nós temos um Cine-Teatro que tirando as atividades que a Câmara faz,

raramente é solicitado para alguma coisa e ele pode ser solicitado para quem precisar dele,

portanto não é um edifício para tar ali fechado aa… nós temos aqui o fórum cultural que vai

ter espaço para várias dinâmicas, nomeadamente para os grupos corais para aa… é preciso é

que as pessoas de facto se apropriem desses espaços e, e dinamizem não é? Não tar sempre à

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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espera que seja a Câmara a fazer e eu tenho muitas dúvidas em relação aos Centros de Dia

porque apesar de eu concordar com eles nas localidades mais pequenas, aqui nós temos dois

lares aqui que podiam ter também a valência de Centro de Dia. O que eu acho é que cada uma

das instituições depois aa… se fecha muito e não há, aa… não se abre ao exterior. Eu acho

que no fundo, para mim a maior problemática é rentabilizar as estruturas que existem e pôr as

pessoas a participar. É claro que algumas pessoas dinâmicas e tal mas é um pequeno grupo

não é?

E – Como disse, este é um pequeno grupo dinâmico e que participa e quanto às outras

faixas etárias relativamente à participação? Olhe por acaso hoje conseguimos ter aí dois

miúdos da Associação de Estudantes no Forum Autodiagnóstico que promovemos aqui

na Junta…

e – que é, quem é agora o presidente da Associação de Estudantes?

E – É uma miúda que não pode vir…

e – Não aa… sabes quando é que a Associação de Estudantes me aparece lá na Câmara?

Quando há Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para ganhar dinheiro.

Quando há a Facal, porque querem ter lá a barraquinha para ganhar dinheiro é. E quando vão

pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os interesses deles… mas por exemplo eles

agora quiseram fazer (eu não tive oportunidade porque não tive oportunidade de lá ir),

quiseram fazer o baile de Halloween organizaram-se, pediram a colaboração da Câmara

naquilo que , que nós que é montar, não sei já o que é que foi, ah mas a escola tinha

organizado uma atividade lá durante o dia ou seja, o espaço não estava limpo, tinha lá uma

passerelle montada aa… pr’ó baile e eles não podiam fazer o baile, eles próprios organizaram-

se, pediram aos funcionários da Câmara que lhes ensinassem a desmontar a passerelle,

puseram tudo cá fora, organizaram tudo e fizeram o baile. Portanto participam quando querem

porque senão tinha que ir a Câmara lá desmontar e eu disse-lhes logo «olhem isso é

impossível porque os funcionários saem às quatro aa… o desfile acaba por volta dessa hora

portanto … «ah mas agente só quer aprender como é que se desmonta» tudo bem então

força… portanto quando querem, quando os motiva…

E – De facto sentimos e percebemos alguma queixa por parte da, da outra Associação de

Cantares, as vozes de Almodôvar, um senhor a manifestar isso mesmo que não

encontram nos jovens motivações para aderir a esse tipo de, de atividade. Neste caso

eles, culturalmente, a este nível, pelo menos há aqui alguma deficiência da parte deles

não é?

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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e - Pois é assim, é assim os grupos corais também têm uma forma, especialmente os homens,

as senhoras são mais abertas aa… são muito fechados, é só como eles querem e, com os

jovens não pode ser assim, não há explicação porque é que é aa… os jovens questionam não

é? Por exemplo eu tenho um projeto que tá, tá a ser implementado aqui nas escolas do

primeiro ciclo desde 2006 que é o canto nas escolas, eu substitui a educação musical por pl’o

canto, primeiro eu tinha dificuldades em arranjar um professor da educação musical e depois

tinha um bom animador a nível de canto que é um jovem também e que tem algumas

dinâmicas e que sabe o que está a fazer e então implementei essa atividade, o que é que

acontece os miúdos, durante o primeiro ciclo, mostram-se entusiasmados aa… depois quando

vão para o segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo mas depois desligam, o que eu tenho

notado é que alguns miúdos já vão integrando grupos corais. Tenho ali Santa Cruz que já tem

quatro ou cinco jovens que já saíram das escolas e que já tiveram o canto nas escolas e que

ficaram e que se interessaram por isso aa… aqui a nível das vozes de Almodôvar tem sido

mais complicado, os pequeninos que têm ido e que ainda estão no primeiro ciclo… depois,

quando saem acabam por sair mas já se vai notando aqui na Semblana… também temos

alguns miúdos que já fazem parte e que já tão no grupo, mas tem havido algum aa… alguma

resistência. A esperança que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos

regressem não é? Eu acho que sim, eu vejo pelos meus filhos, os meus filhos só começaram a

apreciar canto alentejano depois dos vinte e tal quando vieram da Universidade porque, até aí,

era, era foleiro, eh eh eh. Quando, quando o nosso animador chegou às escolas, no primeiro

ano e segundo, quando foi implementar esta atividade ele começava por perguntar aos miúdos

e a maior parte deles não sabia o que era o canto, não conheciam, não sabiam o que era o

canto alentejano? Ah essa coisa dos velhos?! Era a resposta, era a resposta.

E – Também percebemos ali, através daquela pessoa que estava ali a representar as

Vozes de Almodôvar, que mesmo o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir

porque estavam vinte e não sei quantos e agora estão doze não é?

e – Aquilo exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se

aborrecer e porque têm família e porque depois não é só, porque depois começa a haver aa…

são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles, entre dois há logo quem

tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só um sai meia dúzia não é? E

eu por exemplo, nós agora fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi

muito bom. O Inatel quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então

convidou os grupos corais e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em

que pudessem, os grupos corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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conjunto e aqui em Almodôvar. Ainda se chegou mais longe conseguiram juntar, coisa que eu

parecia-me um bocadinho difícil, conseguiram juntar as Vozes de Almodôvar com as Flores

do Campo, fizeram um grupo bom e acho que aquilo resultou em cheio, o espetáculo foi em

Beja e com os miúdos também, mas pronto se calhar são atividades pontuais que precisavam

ser feitas com mais aa… regularidade, às vezes nem sempre é fácil porque quando se mete os

miúdos das escolas é uma burocracia enorme, para os tirar das escolas se for em horário letivo

tem que se pedir a autorização dos pais, autorização do agrupamento, autorização da Direção

Regional, quando é fora dos horários letivos cada um vai para seu lado, os pais não têm

grande disponibilidade e acaba por não, por também não resultar e não é muito fácil conciliar

as duas coisas mas de vez em quando lá se vai conseguindo. Portanto eles agora fizeram o

espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia cinco de Dezembro vão estar em

Almodôvar com o mesmo espetáculo que, segundo o feedback que eu tive de Beja, resultou

muito bem.

E – Enquadrado no Inatel…

e – Sim, foi a Fundação Inatel que promoveu. Dia 5 de Dezembro, quarta feira à tarde.

Aproveitaram a tarde para tentar ter alguns jovens a assistir, da escola. No polivalente da

escola. Há outras atividades, é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um

bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um

bocadinho obcecados com programa, programa, programa, as provas de aferição aa… estão

muito pouco abertos a outras coisas e, e não sei se são exigências, eu tou afastada da escola há

dez anos portanto não sei se as coisas mudaram assim tanto e se de facto as exigências em

termos de escrita e de papeis é tão grande assim, porque tá a faltar na escola o espaço pr’a

levar lá a avó que ia lá contar a história e levar lá também a vizinha, que sabia como era a

ceifa antigamente e como é que era aa… e isso nós, aqui há dez anos atrás aa… eu fazia isso

na minha escola e resultava muito bem porque, a partir daí, nós fazíamos o português e

fazíamos a matemática e fazíamos todas as outras atividades nas aldeias. Não sei muito bem

qual é a dinâmica mas aqui a nível da vila aa… essa dinâmica não existe, foi quebrada

completamente, raramente nós vemos um adulto ir à escola contar qualquer coisa quando

podia ser uma experiência e, e por aí… e também, mas depois, ah e não temos tempo pr’a dar

o programa, pr’a dar a matemática. Eu penso que a escola poderia aa… tá tudo muito

compartimentado e é aa… mas depois isso não se reflete em resultados, porque depois nós

vamos ver os resultados das provas de aferição e das provas de avaliação e as coisas são

muito más. Eu às vezes questiono os professores, portanto eu sou colega e digo-lhes «pá

porque é que isso não se reflete em resultados»? - «Pois não sabemos…»

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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E – Olhe Dra. a nós cabe-nos, pronto agradecer então. Estamos numa fase de

diagnóstico, lá está, com levantamentos, com entrevistas e com estes fóruns onde vão ser

levantadas as várias problemáticas das, das entidades e depois de cruzarmos a

informação toda tentarmos depois sim, no segundo semestre passar às atividades.

e – É importante é quando precisarem de alguma colaboração da Câmara, em termos de

transporte vir o pedido com alguma antecedência porque temos marcações com alguma aa…

mas por exemplo sendo os grupos corais eles próprios fazem o pedido de transporte. São eles

que fazem…

E – Enquadrado aqui no projeto terá que ser o tutor. É que supostamente é a entidade…

e – Ah sim. Tá bem, tá bem, sim, sim, sendo os grupos ou sendo o presidente da Junta, só tava

a dizer que seria importante serem os grupos ou ser alguém daqui, daqui porque às vezes tem

mais peso se chegar lá um pedido de um grupo coral do que se chegar lá um pedido da

universidade do Algarve não é?

E – Isto, como tudo neste primeiro semestre, vai ter que ficar tudo planificado, pode não

ser uma data especifica mas pelo menos ali numa semana aa… vai dar para alguma

antecedência?

e – Sim, sim porque tudo aquilo que meta miúdos tem que ser aa… porque tenho que pedir à

Diretora de Agrupamento, pedir autorização aos pais. Sim, sim.

E – Depois vemos isso. Porque está programada a feira medieval, que o ano passado foi

a 18…

e – Sim ainda não tenho data mas aa… não deve ser aa… Vamos lá ver, não tenho dados

objetivos para vos dar respostas completamente concretas não é? Não tenho nenhum estudo

que me diga qual é o … aquilo que eu sinto é que realmente a participação é uma lacuna. Não

sei se foram muitos anos de não participação mas parece que as pessoas ainda têm algum

receio, às vezes, em público aa… a não ser que seja uma coisa que lhes toque muito, como

aquela questão das freguesias não é? Ou, se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer

aqui à porta não sei de quem, se calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e

aa… agora tirando isso, são, são muito cautelosos. Tem que pesar bastante. Ou então é uma

grande motivação e eles... é de referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias

são diferentes entre elas, há umas mais participativas que outras, mais ativas.

E – Então mais uma vez muito obrigado.

e – Obrigada também até à próxima e bom trabalho.

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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ANEXO 6 1º TRATAMENTO DA ENTREVISTA A1

[Como é que a Dr.ª. caracteriza a população do concelho de Almodôvar] (…) uma baixa

demografia, a população é muito dispersa, temos uma população envelhecida (…) o território

vai ficando desertificado, cerca de 10 habitantes por km2, o que é uma baixa densidade

populacional (…) as pessoas têm uma forte identidade cultural, (…) são muito ciosos das suas

tradições, da sua cultura, portanto vão continuando a por em prática saberes que vêm de

muitos e muitos anos, (…) tem algum orgulho nas suas tradições, estabelecem alguns laços,

entre eles (…) o facto de ser uma população muito dispersa (…), pequenos aglomerados

populacionais com dois ou três habitantes às vezes essas relações são dificultadas por isso,

pelas distâncias, e pelo isolamento, mas onde há agregados mais populacionais, o caso de

Almodôvar, (…) as pessoas juntam-se e associam-se (…)

[Em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em termos de

património, participam, mesmo os isoladas] (…) costumamos fazer algumas atividades

descentralizadas nos monumentos, (…) e pôr transporte da Câmara para que as pessoas

possam ir assistir aos espetáculos, geralmente são de música, e visitar os monumentos de

outras freguesias, (…) há sempre muita gente interessada em ir, principalmente de locais mais

pequenos, (…) a mobilidade não é muito fácil (…) nas camadas da população mais idosa que

não têm meios de transporte (…) os transportes públicos também não dão resposta (…)

portanto acaba por ser difícil a mobilidade quando as pessoas não têm meios para se deslocar

por si próprias.

[Acha que é mesmo uma lacuna ou é a Câmara que não consegue suportar] (…) Nem sequer

é uma função da Câmara, nós, para garantir que as pessoas venham á vila já suportamos

alguns custos com a rodoviária (…) faz os transportes escolares, e associado aos transportes

escolares transporta a população (…) há locais onde não temos população escolar, então a

rodoviária pura e simplesmente não vai lá (…) com núcleos populacionais que estão mais

distantes (…) temos protocolos com a rodoviária, em que pagamos mensalmente um

montante para elas fazerem esses circuitos (…)

[Sente que a população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos

existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento] (…) não é fácil que a informação passe

(…) tem alguns programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas vezes ainda

Page 51: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

49

vamos encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento (…) há uma certa

dificuldade em passar a informação (…)

[Encaram este território com valor, encaram como património] Têm algum orgulho, não são

muito de exteriorizar, (…) as pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer, de facto a

riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem orgulhosos daquilo que têm.

[Acha que há interação entre a população em si, quer entre os vários segmentos

populacionais, crianças idosos, idosos adultos, adultos crianças] (…) Penso que no dia-a-dia,

possivelmente essas interações acontecem na familia, porque interinstituições eu não vejo

(…) esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre uns e outros, ainda não acontece

com regularidade, pode acontecer pontualmente (…) não existe muito essa…, esse hábito,

aa… essa prática (…) há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário

alargado, (…) os pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até ás cinco, seis, sete horas,

do que propriamente pedir aos avós para ficarem com eles (…) quando começou a haver uma

oferta maior em termos de horário na escola (…) os miúdos almoçam na escola, mas é muito

mais importante eles saírem ao meio dia, irem a casa e estarem num espaço fora daquele

ambiente e voltarem, e isto não acontece (…) É um bocadinho violento, crianças com seis,

sete anos irem para a escola às nove da manhã e virem as sete da tarde (…) vai-se refletir nos

próprios valores, e até no aproveitamento escolar (…)

[Acontece de uma ação da Câmara, ou partindo das entidades em si] (…) não é muito fácil,

não existe (…) esse hábito, essa prática no dia a dia, (…) neste momento há uma retração a

esse nível, ou seja, a escola oferece um horário alargado (…) para aquelas famílias que de

facto necessitam, (…) sempre em parceria com a Câmara, (…) é importante aquele espaço em

que eles estão em casa com os avós, e com os tios, (…) os pais preferem deixar os miúdos

hoje na escola, até às cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para ficarem

com eles, e se isto acontece nas grandes cidades e em Almodôvar está a acontecer a mesma

coisa, principalmente na vila (…)

[Como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, ou o funcionamento

entre si] O Clas (…) é um fórum de discussão, que congrega várias entidades (…) tem a

Câmara, tem as escolas, tem a Segurança Social, junta de freguesia, as associações locais (…)

o Clas serve essencialmente para aglomerar todas as ações que as várias entidades têm, ou

Page 52: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

50

associações, ou instituições tem, e no fundo faz a monotorização dessas atividades (…)

reúne duas, três vezes por ano (…) um veículo de difusão da informação (…) o Clas tem por

obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para todos os parceiros, e divulgar,

e incentivar, ou não a sua participação (…) e depois tem várias atividades aa… , que são as

atividades, de cada uma das instituições, que faz parte do CLAS (…) em parceria com as

juntas de freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de toda a população sénior do

concelho (…) foi feito esse trabalho, da responsabilidade da GNR, mas que foi acompanhado

sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho muito válido (…)

[E as relações entre todos] (…) São boas (…) às vezes tínhamos necessidade de uma maior

participação (…) o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca

participação ativa, as pessoas vão, marcam presença, aa… fizeram o seu papel, mas despois a

discussão…

[A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer necessidade, e

depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…] (…) temos outra estratégia que

é assim, nós temos um gabinete de ação social na Câmara com técnicos (…) quando há

situações de problemáticas (…) temos uma técnica no gabinete de ação social que faz parte do

Clas, que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o conselho executivo para reunir, ou

alguma entidade que tenha a ver mais com aquela problemática (…) ela própria faz essa

articulação com aquelas entidades, que fazem parte do Clas que mais rapidamente poderão

dar resposta aquela situação

[Da participação social, institucional, populacionais, sente se as dinâmicas são culturais, se

a comunidade tem participação ativa, acha que as pessoas acabam por se envolver] Depende

das atividades (…) se as atividades focarem nos interesses das pessoas, e se de facto lhe

dizem alguma coisa, elas até participam (…) Temos alguns casos desses e principalmente

partindo dos grupos corais, por exemplo temos aqui as Flores do Campo (…) outro grupo ali

na Semblana que tem exatamente essa função (…) acabam por ser um grupo que anima a

localidade (…) acabam por ser ali um polo dinamizador (…) temos as associações, que

dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas atividades anuais (…) depois outras

participações que são muito específicas (…) é um bocadinho por polos de interesse (…) Nós

temos muitas associações no concelho, lá está algumas trabalham anualmente durante o ano

quase não se dá por elas, e outras tem atividades regulares (…) funcionam muito (…) em

função dos seus próprios interesses (…)

Page 53: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

51

[E partir apenas deles, quer institucional, quer a sociedade civil] (…) Temos aqui as Flores

do Campo aqui em Almodôvar, que de facto fazem as suas próprias atividades, e organizam,

temos um outro grupo ali na Semblana que tem exatamente essa função, elas são um grupo

coral, mas acabam por ser um grupo que anima a localidade, (…) um polo dinamizador,

Depois temos no Rosário…, está a começar o próprio grupo coral também é dinamizar (…)

temos muitas associações no concelho, lá está algumas trabalham anualmente durante o ano

quase não se dá por elas, e outras tem atividades regulares.

[Algumas foram criadas e mais nada, ou para tirar aquele rendimento da câmara, ou para

gerir a associação, isto o movimento associativo… há que participar um bocadinho também

nas funções culturais e económicas] (…) As associações aqui funcionam muito, algumas, em

função dos seus próprios interesses, (…) e tem alguma dificuldade em participar no global, é

um bocadinho á volta dos seus próprios interesses.

[Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas] Voluntariado, há um grupo (…)

não está reconhecido em termos ainda institucionais (…) voluntariado que faz parte daqui do

PDS, que é conhecido a nível nacional, penso que tem três pessoas (…) depois há outro o

grupo «Ajuda a Sorrir», de carácter sócio caritativo (…), é mais na base da boa vontade.

[Em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas] (…) há de tudo (…) nós organizamos

atividades para eles (…) em termos contínuos, que é a nível do desporto (…) um técnico vai

às freguesias dinamizar duas vezes por semana (…) temos grupos grandes a participar,

essencialmente mulheres (…) se nós organizarmos (…) temos grande participação. As

atividades partindo deles é mais complicado.

[Em relação aos jovens como é a participação] (…) é um problema tirá-los da frente do

computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem (…) á seis anos para cá, tento

implementar projetos (…) há défice entre os quinze e os vinte anos (…) fizemos uma vez um

projeto que saiu mesmo deles, baseado num inquérito (…) disserem aquilo que eles gostariam

de ver implementado (…) de quarenta passamos para trinta, os que estiveram presentes.

Page 54: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

52

[Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe algum

tipo de relacionamento] Podem existir atividades pontuais (…) mas por sistema não existem

(…)

[Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias] Existe

alguma preocupação nesse sentido principalmente quando nós estamos na fase de elaboração

do orçamento (…) íamos a todas as localidades, com mais de quinze habitantes e fazíamos

reuniões com a população (…) fazer um levantamento sobre as necessidades sobre as

aspirações, sobre aquilo que eles mais pretendiam que se concretizasse (…) participação da

população no global, e quando estavam todos reunidos era praticamente inexistente (…) o que

se tirava desses encontros acabava por ser quase que um aval aquilo a que nós tínhamos

intenção de fazer (…) há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a

participação, é muito baixa (…) onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era

nos jovens, e os jovens praticamente não vão lá (…). Depende dos interesses, e das

motivações.

[O que existia era mais a nível individual…] individual, exatamente, não havia ali um pensar

no coletivo. Nós, há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a

participação, são muito baixas.

[Não tem havido nenhum progresso praticamente] (…) onde nós poderíamos apostar para

haver algum progresso era nos jovens, e os jovens praticamente não vão lá, a não ser que em

determinada localidade haja qualquer coisa, ou que seja polémico que possa vir a acontecer,

em que… e aí as pessoas vão sim senhor (…) Depende dos interesses, e das motivações.

[Das possíveis necessidades que constata sente haver diferentes tipos] (…) o grande

problema que eu vejo aqui, é de facto o envelhecimento (…) de estarem bastante isoladas (…)

sem qualquer vínculo familiar próximo (…)

[E essa questão a nível de mobilização e a utilização de serviços e equipamentos] (…) pois

eu acho que as pessoas nem sequer pensam em usufruir dos equipamentos que existem (…)

Quem vem à Biblioteca? As pessoas que andam por aí, que conseguem vir à vila (…) temos

uma biblioteca itinerante que vai às localidades, mas vai a quais localidades? Às maiores,

porquê? (…) começámos inicialmente com vinte e tal localidades e depois começámos a

Page 55: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

53

selecionar, aquelas que durante duas, três vezes fomos lá, não aparecia ninguém interessado a

usufruir daquele equipamento, nós tivemos que deixar de ir não é? (…) Portanto temos esse

problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não sentem essa necessidade (…)

[E a nível de Centro de Saúde] (…) pedem a colaboração da junta e aí, a junta, são muito

colaborantes com os seus munícipes e fazem um grande trabalho nesse sentido, especialmente

em montes isolados, quando há mesmo dificuldades (…) ninguém fica sem assistência, pode

não ser tão rápida quanto às vezes se pretendia (…) a junta está sempre muito atenta a isso

(…) mesmo juntas muito grandes, com população muito dispersa, mas eles fazem muito bem

esse trabalho (…)

[A nível dos fenómenos muito associados à exclusão social tais como a pobreza,

toxicodependência, racismo acha que se tenham mostrado mais expressivos nestes últimos

anos] (…) aqui o desemprego que existe hoje tem a ver com desemprego já de longa duração

e pessoas com poucas qualificações (…) têm vindo muitos, muitos casais problemáticos de

fora, muitas famílias problemáticas têm vindo de fora (…) não sabemos se vêm porque têm cá

alguns laços familiares e com esta conjuntura regressam às, às origens mas têm-nos aparecido

aqui algumas famílias com problemáticas associadas, nomeadamente à toxicodependência,

com desemprego, com miúdos pequenos que muitas vezes acabam por ser encaminhados para

a CPCJ (…) em termos de situação do concelho nota-se que havia agregados familiares que

viviam sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo de desemprego, subsidio de

desemprego (…) começa a haver alguns casos preocupantes de pessoas a quem foram

cortados o RSI (…) nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas,

portanto em colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e nas

freguesias à conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados (…)

não posso dizer que seja uma situação aflitiva (…)

[Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de

atividades] (…) Faz a monitorização dessas atividades (…) existe um plano social de

desenvolvimento (…) que aparecem as atividades que são dinamizadas por cada uma das

instituições e algumas são em conjunto (…) parcerias da Câmara, Direção Regional da

Educação, com a Segurança Social portanto, algumas são em conjunto outras são individuais

portanto o que é que o CLAS faz? No fundo faz a articulação com os parceiros todos e faz o

acompanhamento dessas atividades (…) faz a análise de algumas situações que possam surgir

Page 56: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

54

e o respetivo acompanhamento para os parceiros elaborarem os pareceres de quando alguma

instituição pretende candidatar um projeto ao QREN (…) o essencial, é a articulação entre

todos os parceiros e o acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser

implementadas.

[Faz-se uma avaliação se foi cumprido] (…) queremos dar resposta (…) temporariamente

vamos fazendo o acompanhamento com a Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos

ou, aqui ainda não conseguimos (…)

[Esse plano já dá enfase a isso, a nível de projetos sociais no futuro já tá alguma coisa

prevista] (…) o PDS é para três anos, tivemos agora o 2009/2011 e agora estamos a trabalhar

no 2012/2015 (…) isto tem que ser tudo articulado com a Segurança Social de Beja e primeiro

eles têm que fazer a nível distrital e nós, depois, o concelhio (…)

[o diagnóstico é feito na base do que as entidades também vos trazem] (…) exato (…) tive

com a técnica que tá com a responsabilidade do, do PDS, ela diz-me que não há grandes

alterações, a não ser estas novas medidas do governo, nomeadamente as cantinas sociais e

alguns programas novos (…) a única diferença será aqui nas metas mas que ainda não foram

definidas.

[atividades promovidas pelo CLAS neste caso, e parceiros, estas atividades que são

executadas estão centralizadas na vila] (…) Não, não, tem a ver com o concelho todo (…)

[Em termos sociais as necessidades…] (…) As pessoas aqui aspiram (…) a ter um espaço

(…) não sei se é Centro de Dia (…) eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles

espaços que existem fossem devidamente aproveitados e dinamizados aa… (…) nós temos

um Cineteatro que tirando as atividades que a Câmara faz, raramente é solicitado para alguma

coisa e ele pode ser solicitado para quem precisar dele, portanto não é um edifício para tar ali

fechado (…) temos aqui o fórum cultural que vai ter espaço para várias dinâmicas,

nomeadamente para os grupos corais (…) é preciso é que as pessoas de facto se apropriem

desses espaços e, e dinamizem (…) Eu acho que no fundo, para mim a maior problemática é

rentabilizar as estruturas que existem e pôr as pessoas a participar. É claro que algumas

pessoas dinâmicas e tal mas é um pequeno grupo não são?

Page 57: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

55

[Como disse, este é um pequeno grupo dinâmico e que participa e quanto às outras faixas

etárias relativamente à participação] (…) sabes quando é que a Associação de Estudantes me

aparece lá na Câmara? Quando há Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para

ganhar dinheiro (…) e quando vão pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os

interesses deles (…) mas por exemplo eles agora quiseram fazer baile de Halloween

organizaram-se, pediram a colaboração da Câmara naquilo que… que nós que é montar, não

sei já o que é que foi, ah mas a escola tinha organizado uma atividade lá durante o dia ou seja,

o espaço não estava limpo, tinha lá uma passerelle montada aa… pr’ó baile e eles não podiam

fazer o baile, eles próprios organizaram-se, pediram aos funcionários da Câmara que lhes

ensinassem a desmontar a passerelle, puseram tudo cá fora, organizaram tudo e fizeram o

baile (…) portanto participam quando querem (…) quando os motiva.

[Não encontram nos jovens motivações para aderir] (…) os grupos corais também têm uma

forma, especialmente os homens, as senhoras são mais abertas aa… são muito fechados, é só

como eles querem e, com os jovens não pode ser assim (…) tenho um projeto que tá, tá a ser

implementado aqui nas escolas do primeiro ciclo desde 2006 que é o canto nas escolas, eu

substitui a educação musical por pl’o canto (…) durante o primeiro ciclo, mostram-se

entusiasmados aa… depois quando vão para o segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo

mas depois desligam, o que eu tenho notado é que alguns miúdos já vão integrando grupos

corais (…) aqui a nível das vozes de Almodôvar tem sido mais complicado (…) a esperança

que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos regressem (…) o nosso

animador chegou às escolas (…) quando foi implementar esta atividade ele começava por

perguntar aos miúdos (…) o que era o canto alentejano (…) Ah essa coisa dos velhos?! Era a

resposta (…)

[As Vozes de Almodôvar, o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir] (…) aquilo

exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se aborrecer e

porque têm família (…) são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles,

entre dois há logo quem tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só

um sai meia dúzia (…) fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi

muito bom. O Inatel quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então

convidou os grupos corais e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em

que pudessem, os grupos corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em

conjunto e aqui em Almodôvar (…) conseguiram juntar as Vozes de Almodôvar com as

Page 58: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

56

Flores do Campo, fizeram um grupo bom e acho que aquilo resultou em cheio (…) nem

sempre é fácil porque quando se mete os miúdos das escolas é uma burocracia enorme, para

os tirar das escolas se for em horário letivo tem que se pedir a autorização dos pais,

autorização do agrupamento, autorização da Direção Regional, quando é fora dos horários

letivos cada um vai para seu lado, os pais não têm grande disponibilidade e acaba por não, por

também não resultar (…) fizeram o espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia

cinco de Dezembro vão estar em Almodôvar (…)

[Enquadrado no Inatel] (…) é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um

bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um

bocadinho obcecados com programa, programa, programa, as provas de aferição (…) tá a

faltar na escola o espaço pra levar lá a avó que ia lá contar a história e levar lá também a

vizinha, que sabia como era a ceifa antigamente (…) não sei muito bem qual é a dinâmica

mas aqui a nível da vila aa… essa dinâmica não existe, foi quebrada completamente,

raramente nós vemos um adulto ir à escola contar qualquer coisa quando podia ser uma

experiência (…) tá tudo muito compartimentado (…) depois nós vamos ver os resultados das

provas de aferição e das provas de avaliação e as coisas são muito más (…)

[Estamos numa fase de diagnóstico, no segundo semestre passar às atividades] (…) não

tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas (…) eu sinto é que

realmente a participação é uma lacuna. Não sei se foram muitos anos de não participação mas

parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em público aa… a não ser que seja

uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão das freguesias (…) se eu disser que vou

fazer um mamarracho qualquer aqui à porta não sei de quem, se calhar a população é capaz de

se manifestar e dizer que não e aa… agora tirando isso, são, são muito cautelosos (…) é de

referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias são diferentes entre elas, há

umas mais participativas que outras (…)

Page 59: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

57

Nota:

Vereadora da Cultura da CMA – A (1)

Presidente da Junta de Freguesia – A (2)

ANEXO 7 PRÉ-CATEGORIZAÇÃO DA ENTREVISTA A1

UNIDADES DE SENTIDO

1. [Como é que a Dr.ª. caracteriza a população do concelho de Almodôvar] (…) uma

baixa demografia, a população é muito dispersa, temos uma população envelhecida

(…)

2. (…) o território vai ficando desertificado, cerca de 10 habitantes por km2, o que é uma

baixa densidade populacional (…)

3. (…) as pessoas têm uma forte identidade cultural, (…) são muito ciosos das suas

tradições, da sua cultura, portanto vão continuando a por em prática saberes que vêm

de muitos e muitos anos, (…) tem algum orgulho nas suas tradições, estabelecem

alguns laços, entre eles (…)

4. (…) o facto de ser uma população muito dispersa (…), pequenos aglomerados

populacionais com dois ou três habitantes às vezes essas relações são dificultadas por

isso, pelas distâncias, e pelo isolamento, mas onde há agregados mais populacionais, o

caso de Almodôvar, (…) as pessoas juntam-se e associam-se (…)

5. [Em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em termos de

património, participam, mesmo os isoladas] (…) costumamos fazer algumas

atividades descentralizadas nos monumentos (…)

6. [Sente que a população de Almodôvar está devidamente informada sobre os recursos

existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento] (…) não é fácil que a

informação passe (…)

7. (…) tem alguns programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas

vezes ainda vamos encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento (…)

8. (…) há uma certa dificuldade em passar a informação (…)

9. [Encaram este território com valor, encaram como património] (…) Têm algum

orgulho, não são muito de exteriorizar, (…) as pessoas às vezes têm dificuldade em

reconhecer, de facto a riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem

orgulhosos daquilo que têm (…)

10. [Acha que há interação entre a população em si, quer entre os vários segmentos

populacionais, crianças idosos, idosos adultos, adultos crianças] (…) Penso que no

dia-a-dia, possivelmente essas interações acontecem na família (…)

11. (…) Interinstituições eu não vejo (…) esse intercâmbio, ou essa troca de experiências

entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

58

(…) não existe muito essa…, esse hábito, aa… essa prática (…) há uma retração a

esse nível (…)

12. (…) escola oferece um horário alargado, (…) os pais preferem deixar os miúdos hoje

na escola, até ás cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para

ficarem com eles (…) quando começou a haver uma oferta maior em termos de

horário na escola (…) os miúdos almoçam na escola, mas é muito mais importante

eles saírem ao meio dia, irem a casa e estarem num espaço fora daquele ambiente e

voltarem, e isto não acontece (…) É um bocadinho violento, crianças com seis, sete

anos irem para a escola às nove da manhã e virem as sete da tarde (…) vai-se refletir

nos próprios valores, e até no aproveitamento escolar (…)

13. [Acontece de uma ação da Câmara, ou partindo das entidades em si] (…) não é muito

fácil, não existe (…) esse hábito, essa prática no dia-a-dia, (…)

14. (…) neste momento há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário

alargado (…) para aquelas famílias que de facto necessitam, (…) sempre em parceria

com a Câmara, (…)

15. (…) é importante aquele espaço em que eles estão em casa com os avós, e com os tios,

(…) os pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até às cinco, seis, sete horas, do

que propriamente pedir aos avós para ficarem com eles, e se isto acontece nas grandes

cidades e em Almodôvar está a acontecer a mesma coisa, principalmente na vila (…)

16. [Como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, ou o

funcionamento entre si] O Clas (…) é um fórum de discussão, que congrega várias

entidades (…) tem a Câmara, tem as escolas, tem a Segurança Social, junta de

freguesia, as associações locais (…) o Clas serve essencialmente para aglomerar todas

as ações que as várias entidades têm, ou associações, ou instituições tem, e no fundo

faz a monotorização dessas atividades (…) reúne duas, três vezes por ano (…) um

veículo de difusão da informação (…)

17. (…) o Clas tem por obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para

todos os parceiros, e divulgar, e incentivar, ou não a sua participação (…)

18. (…) depois tem várias atividades aa… , que são as atividades, de cada uma das

instituições, que faz parte do CLAS (…)

19. (…) em parceria com as juntas de freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de

toda a população sénior do concelho (…) foi feito esse trabalho, da responsabilidade

da GNR, mas que foi acompanhado sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho

muito válido (…)

20. [E as relações entre todos] (…) São boas (…) às vezes tínhamos necessidade de uma

maior participação (…)

21. (…) o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca

participação ativa, as pessoas vão, marcam presença (…)

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

59

22. [A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer

necessidade, e depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…] (…)

temos outra estratégia que é assim, nós temos um gabinete de ação social na Câmara

com técnicos (…)

23. (…) quando há situações de problemáticas (…) temos uma técnica no gabinete de ação

social que faz parte do Clas, que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o

conselho executivo para reunir, ou alguma entidade que tenha a ver mais com aquela

problemática (…)

24. [Da participação social, institucional, populacionais, sente se as dinâmicas são

culturais, se a comunidade tem participação ativa, acha que as pessoas acabam por

se envolver] (…) depende das atividades (…) se as atividades focarem nos interesses

das pessoas, e se de facto lhe dizem alguma coisa, elas até participam (…)

25. (…) Temos alguns casos desses e principalmente partindo dos grupos corais, por

exemplo temos aqui as Flores do Campo (…) outro grupo ali na Semblana que tem

exatamente essa função (…) acaba por ser um grupo que anima a localidade (…)

acabam por ser ali um polo dinamizador.

26. (…) temos as associações, que dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas

atividades anuais (…) depois outras participações que são muito específicas (…) é um

bocadinho por polos de interesse (…) nós temos muitas associações no concelho, lá

está algumas trabalham anualmente durante o ano quase não se dá por elas, e outras

tem atividades regulares (…) funcionam muito (…) em função dos seus próprios

interesses (…)

27. [Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas] Voluntariado, há um

grupo (…) não está reconhecido em termos ainda institucionais (…)

28. [Em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas] (…) há de tudo (…) nós

organizamos atividades para eles (…) em termos contínuos, que é a nível do desporto

(…) um técnico vai às freguesias dinamizar duas vezes por semana (…) temos grupos

grandes a participar, essencialmente mulheres (…)

29. (…) se nós organizarmos (…) temos grande participação (…) As atividades partindo

deles é mais complicado.

30. [Em relação aos jovens como é a participação] (…) é um problema tirá-los da frente

do computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem (…)

31. [Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe

algum tipo de relacionamento] Podem existir atividades pontuais (…) mas por sistema

não existem (…)

32. [Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias] Existe

alguma preocupação nesse sentido principalmente quando nós estamos na fase de

elaboração do orçamento (…)

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

60

33. (…) há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a

participação, é muito baixa (…)

34. (…) onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era nos jovens, e os

jovens praticamente não vão lá (…). Depende dos interesses, e das motivações.

35. [O que existia era mais a nível individual…] individual, exatamente, não havia ali um

pensar no coletivo (…)

36. [Das possíveis necessidades que constata sente haver diferentes tipos] (…) o grande

problema que eu vejo aqui, é de facto o envelhecimento (…) de estarem bastante

isoladas (…)

37. [E essa questão a nível de mobilização e a utilização de serviços e equipamentos] (…)

pois eu acho que as pessoas nem sequer pensam em usufruir dos equipamentos que

existem (…)

38. (…) quem vem à Biblioteca? As pessoas que andam por aí, que conseguem vir à vila

(…) começámos inicialmente com vinte e tal localidades e depois começámos a

selecionar (…)

39. (…) Portanto temos esse problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não

sentem essa necessidade (…)

40. (…) têm vindo muitos, muitos casais problemáticos de fora, muitas famílias

problemáticas têm vindo de fora (…) têm-nos aparecido aqui algumas famílias com

problemáticas associadas, nomeadamente à toxicodependência, com desemprego, com

miúdos pequenos que muitas vezes acabam por ser encaminhados para a CPCJ (…)

41. (…) em termos de situação do concelho nota-se que havia agregados familiares que

viviam sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo de desemprego,

subsidio de desemprego (…) começa a haver alguns casos preocupantes de pessoas a

quem foram cortados o RSI (…)

42. (…) nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas, portanto

em colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e nas

freguesias à conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados

(…)

43. [Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de

atividades] (…) faz a articulação com os parceiros todos e faz o acompanhamento

dessas atividades (…)

44. (…) faz a análise de algumas situações que possam surgir e o respetivo

acompanhamento para os parceiros elaborarem os pareceres de quando alguma

instituição pretende candidatar um projeto ao QREN (…) o essencial, é a articulação

entre todos os parceiros e o acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser

implementadas (…)

Page 63: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

61

45. (…) queremos dar resposta (…) temporariamente vamos fazendo o acompanhamento

com a Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos ou, aqui ainda não

conseguimos (…)

46. [Esse plano já dá enfase a isso, a nível de projetos sociais no futuro já tá alguma

coisa prevista] (…) o PDS é para três anos, tivemos agora o 2009/2011 e agora

estamos a trabalhar no 2012/2015 (…)

47. [o diagnóstico é feito na base do que as entidades também vos trazem] (…) exato (…)

tive com a técnica que tá com a responsabilidade do, do PDS, ela diz-me que não há

grandes alterações, a não ser estas novas medidas do governo, nomeadamente as

cantinas sociais e alguns programas novos (…) a única diferença será aqui nas metas

mas que ainda não foram definidas.

48. [Em termos sociais as necessidades…] (…) As pessoas aqui aspiram (…) a ter um

espaço (…) não sei se é Centro de Dia (…)

49. (…) eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles espaços que existem

fossem devidamente aproveitados e dinamizados aa… (…) nós temos um Cineteatro

que tirando as atividades que a Câmara faz, raramente é solicitado para alguma coisa e

ele pode ser solicitado para quem precisar dele, portanto não é um edifício para tar ali

fechado (…)

50. (…) temos aqui o fórum cultural que vai ter espaço para várias dinâmicas,

nomeadamente para os grupos corais (…) é preciso é que as pessoas de facto se

apropriem desses espaços e, e dinamizem (…)

51. (…) Eu acho que no fundo, para mim a maior problemática é rentabilizar as estruturas

que existem e pôr as pessoas a participar. É claro que algumas pessoas dinâmicas e tal

mas é um pequeno grupo (…)

52. (…) sabes quando é que a Associação de Estudantes me aparece lá na Câmara?

Quando há Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para ganhar dinheiro

(…) e quando vão pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os interesses deles

(…)

53. (…) portanto participam quando querem (…) quando os motiva.

54. [Não encontram nos jovens motivações para aderir] (…) os grupos corais também têm

uma forma, especialmente os homens, as senhoras são mais abertas aa… são muito

fechados, é só como eles querem e, com os jovens não pode ser assim (…)

55. (…) durante o primeiro ciclo, mostram-se entusiasmados aa… depois quando vão para

o segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo mas depois desligam, o que eu tenho

notado é que alguns miúdos já vão integrando grupos corais (…)

56. (…) a esperança que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos

regressem (…) o nosso animador chegou às escolas (…) quando foi implementar esta

atividade ele começava por perguntar aos miúdos (…) o que era o canto alentejano

(…) Ah essa coisa dos velhos?! Era a resposta (…)

Page 64: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

62

57. [As Vozes de Almodôvar, o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir] (…)

aquilo exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se

aborrecer e porque têm família (…)

58. (…) são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles, entre dois há

logo quem tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só um sai

meia dúzia (…)

59. (…) fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi muito bom. O

Inatel quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então convidou os

grupos corais e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em que

pudessem, os grupos corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em

conjunto e aqui em Almodôvar (…)

60. (…) nem sempre é fácil porque quando se mete os miúdos das escolas é uma

burocracia enorme (…)

61. (…) fizeram o espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia cinco de

Dezembro vão estar em Almodôvar (…)

62. [Enquadrado no Inatel] (…) é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um

bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um

bocadinho obcecados com programa…, as provas de aferição (…)

63. (…) tá a faltar na escola o espaço pr’a levar lá a avó que ia lá contar a história e levar

lá também a vizinha, que sabia como era a ceifa antigamente (…)experiência (…) tá

tudo muito compartimentado (…) depois nós vamos ver os resultados das provas de

aferição e das provas de avaliação e as coisas são muito más (…)

64. [Estamos numa fase de diagnóstico, no segundo semestre passar às atividades] (…)

não tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas (…) eu

sinto é que realmente a participação é uma lacuna. Não sei se foram muitos anos de

não participação mas parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em

público aa… a não ser que seja uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão

das freguesias (…)

65. (…) se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer aqui à porta não sei de quem,

se calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e aa… agora tirando

isso, são, são muito cautelosos (…)

66. (…) é de referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias são diferentes

entre elas, há umas mais participativas que outras (…)

Page 65: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

63

ANEXO 8 GRELHA DE CATEGORIZAÇÃO DE UNIDADES DE SENTIDO (ENTREVISTA A1)

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Unidades de Sentido

1. Caraterização da

Comunidade de

Almodôvar

1.1 Dimensão populacional 1

1.2 Dimensão territorial 2

1.3 Dimensão identitária 3

2. Plano de recursos

2.1 Dimensão patrimonial 9

2.2 Dimensão cultural 59-61

3. Sociabilidade

3.1 Comunidade 4-20-58

3.2 Segmentos populacionais 10-31

3.3 Institucional 11-13-14-16-18-22

3.4 População/Instituições 12-15-21-28

4. Problemática

4.1 Dimensão social 23-29-30-34-36-39-40-41-51-

60-64

4.2 Dimensão cultural 37-38-49-54-56-57-62-63

4.3 Comunicação/Informação 6-7-8

5. Plano participativo

5.1 Individual 35-52-55

5.2 Comunitário 24-25-32-33-50-53-65-66

5.3 Organizacional 5-17-19-26

6. Ação Social

6.1 Dimensão populacional 27-48

6.2 Dimensão institucional 42-43-44-45-46-47

ANEXO 9 CATEGORIZAÇÃO DAS UNIDADES DE SENTIDO ENTREVISTA A1

1. CARATERIZAÇÃO DA COMUNIDADE DE ALMODÔVAR

1.1 DIMENSÃO POPULACIONAL

(…) uma baixa demografia, a população é muito dispersa, temos uma população envelhecida

(…) (1)

1.2 DIMENSÃO TERRITORIAL

(…) o território vai ficando desertificado, cerca de 10 habitantes por km2, o que é uma baixa

densidade populacional (…) (2)

Page 66: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

64

1.3 DIMENSÃO IDENTITÁRIA

(…) as pessoas têm uma forte identidade cultural, (…) são muito ciosos das suas tradições, da

sua cultura, portanto vão continuando a por em prática saberes que vêm de muitos e muitos

anos (…) tem algum orgulho nas suas tradições (…) (3)

2. PLANO DE RECURSOS

2.1 DIMENSÃO PATRIMONIAL

[Encaram este território com valor, encaram como património] (…) Têm algum orgulho, não

são muito de exteriorizar, (…) as pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer, de facto a

riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem orgulhosos daquilo que têm (…) (9)

2.2 DIMENSÃO CULTURAL

(…) fizeram o espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia cinco de Dezembro vão

estar em Almodôvar (…) (59)

(…) fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi muito bom. O Inatel

quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então convidou os grupos corais

e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em que pudessem, os grupos

corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em conjunto e aqui em

Almodôvar (…) (61)

3. SOCIABILIDADE

3.1 COMUNIDADE

(…) o facto de ser uma população muito dispersa (…), pequenos aglomerados populacionais

com dois ou três habitantes às vezes essas relações são dificultadas por isso, pelas distâncias,

e pelo isolamento, mas onde há agregados mais populacionais, o caso de Almodôvar, (…) as

pessoas juntam-se e associam-se (…) (4)

[E as relações entre todos] (…) São boas (…) às vezes tínhamos necessidade de uma maior

participação (…) (20)

(…) são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles, entre dois há logo

quem tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só um sai meia dúzia

(…) (58)

Page 67: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

65

3.2 SEGMENTOS POPULACIONAIS

[Acha que há interação entre a população em si, quer entre os vários segmentos

populacionais, crianças idosos, idosos adultos, adultos crianças] (…) Penso que no dia-a-dia,

possivelmente essas interações acontecem na família (…) (10)

[Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe algum

tipo de relacionamento] Podem existir atividades pontuais (…) mas por sistema não existem

(…) (31)

3.3 INSTITUCIONAL

(…) Interinstituições eu não vejo (…) esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre

uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente (…) não

existe muito essa…, esse hábito, aa… essa prática (…) há uma retração a esse nível (…) (11)

Acontece de uma ação da Câmara, ou partindo das entidades em si] (…) não é muito fácil,

não existe (…) esse hábito, essa prática no dia-a-dia, (…) (13)

(…) neste momento há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário

alargado (…) para aquelas famílias que de facto necessitam, (…) sempre em parceria com a

Câmara, (…) (14)

[Como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, ou o funcionamento

entre si] O Clas (…) é um fórum de discussão, que congrega várias entidades (…) tem a

Câmara, tem as escolas, tem a Segurança Social, junta de freguesia, as associações locais (…)

o Clas serve essencialmente para aglomerar todas as ações que as várias entidades têm, ou

associações, ou instituições tem, e no fundo faz a monotorização dessas atividades (…) reúne

duas, três vezes por ano (…) um veículo de difusão da informação (…) (16)

(…) depois tem várias atividades aa… , que são as atividades, de cada uma das instituições,

que faz parte do CLAS (…) (18)

[A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer necessidade, e

depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…] (…) temos outra estratégia que

é assim, nós temos um gabinete de ação social na Câmara com técnicos (…) (22)

3.4 POPULAÇÃO/INSTITUIÇÕES

(…) escola oferece um horário alargado, (…) os pais preferem deixar os miúdos hoje na

escola, até ás cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para ficarem com

eles (…) quando começou a haver uma oferta maior em termos de horário na escola (…) os

miúdos almoçam na escola, mas é muito mais importante eles saírem ao meio dia, irem a casa

Page 68: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

66

e estarem num espaço fora daquele ambiente e voltarem, e isto não acontece (…) É um

bocadinho violento, crianças com seis, sete anos irem para a escola às nove da manhã e virem

as sete da tarde (…) vai-se refletir nos próprios valores, e até no aproveitamento escolar (…)

(12)

(…) é importante aquele espaço em que eles estão em casa com os avós, e com os tios, (…) os

pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até às cinco, seis, sete horas, do que

propriamente pedir aos avós para ficarem com eles, e se isto acontece nas grandes cidades e

em Almodôvar está a acontecer a mesma coisa, principalmente na vila (…) (15)

(…) o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca participação ativa,

as pessoas vão, marcam presença (…) (21)

[Em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas] (…) há de tudo (…) nós organizamos

atividades para eles (…) em termos contínuos, que é a nível do desporto (…) um técnico vai

às freguesias dinamizar duas vezes por semana (…) temos grupos grandes a participar,

essencialmente mulheres (…) (28)

4. PROBLEMÁTICA

4.1 DIMENSÃO SOCIAL

(…) quando há situações de problemáticas (…) temos uma técnica no gabinete de ação social

que faz parte do Clas, que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o conselho

executivo para reunir, ou alguma entidade que tenha a ver mais com aquela problemática (…)

(23)

(…) se nós organizarmos (…) temos grande participação (…) As atividades partindo deles é

mais complicado. (29)

[Em relação aos jovens como é a participação] (…) é um problema tirá-los da frente do

computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem (…) (30)

(…) onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era nos jovens, e os jovens

praticamente não vão lá (…). Depende dos interesses, e das motivações. (34)

[Das possíveis necessidades que constata sente haver diferentes tipos] (…) o grande

problema que eu vejo aqui, é de facto o envelhecimento (…) de estarem bastante isoladas (…)

(36)

(…) Portanto temos esse problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não sentem

essa necessidade (…) (39)

Page 69: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

67

(…) têm vindo muitos, muitos casais problemáticos de fora, muitas famílias problemáticas

têm vindo de fora (…) têm-nos aparecido aqui algumas famílias com problemáticas

associadas, nomeadamente à toxicodependência, com desemprego, com miúdos pequenos que

muitas vezes acabam por ser encaminhados para a CPCJ (…) (40)

(…) em termos de situação do concelho nota-se que havia agregados familiares que viviam

sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo de desemprego, subsidio de

desemprego (…) começa a haver alguns casos preocupantes de pessoas a quem foram

cortados o RSI (…) (41)

(…) Eu acho que no fundo, para mim a maior problemática é rentabilizar as estruturas que

existem e pôr as pessoas a participar. É claro que algumas pessoas dinâmicas e tal mas é um

pequeno grupo (…) (51)

(…) nem sempre é fácil porque quando se mete os miúdos das escolas é uma burocracia

enorme (…) (60)

[Estamos numa fase de diagnóstico, no segundo semestre passar às atividades] (…) não

tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas (…) eu sinto é que

realmente a participação é uma lacuna. Não sei se foram muitos anos de não participação mas

parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em público aa… a não ser que seja

uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão das freguesias (…) (64)

4.2 DIMENSÃO CULTURAL

[E essa questão a nível de mobilização e a utilização de serviços e equipamentos] (…) pois

eu acho que as pessoas nem sequer pensam em usufruir dos equipamentos que existem (…)

(37)

(…) quem vem à Biblioteca? As pessoas que andam por aí, que conseguem vir à vila (…)

começámos inicialmente com vinte e tal localidades e depois começámos a selecionar (…)

38)

(…) eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles espaços que existem fossem

devidamente aproveitados e dinamizados aa… (…) nós temos um Cineteatro que tirando as

atividades que a Câmara faz, raramente é solicitado para alguma coisa e ele pode ser

solicitado para quem precisar dele, portanto não é um edifício para tar ali fechado (…) (49)

[Não encontram nos jovens motivações para aderir] (…) os grupos corais também têm uma

forma, especialmente os homens, as senhoras são mais abertas aa… são muito fechados, é só

como eles querem e, com os jovens não pode ser assim (…) (54)

Page 70: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

68

(…) a esperança que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos

regressem (…) o nosso animador chegou às escolas (…) quando foi implementar esta

atividade ele começava por perguntar aos miúdos (…) o que era o canto alentejano (…) Ah

essa coisa dos velhos?! Era a resposta (…) (56)

[As Vozes de Almodôvar, o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir] (…) aquilo

exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se aborrecer e

porque têm família (…) (57)

[Enquadrado no Inatel] (…) é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um

bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um

bocadinho obcecados com programa…, as provas de aferição (…) (62)

(…) tá a faltar na escola o espaço pr’a levar lá a avó que ia lá contar a história e levar lá

também a vizinha, que sabia como era a ceifa antigamente (…)experiência (…) tá tudo muito

compartimentado (…) depois nós vamos ver os resultados das provas de aferição e das

provas de avaliação e as coisas são muito más (…) (63)

4.3 COMUNICAÇÃO/INFORMAÇÃO

[Sente que a população de Almodôvar está devidamente informada sobre os recursos

existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento] (…) não é fácil que a informação passe

(…) (6)

(…) há uma certa dificuldade em passar a informação (…) (7)

(…) tem alguns programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas vezes ainda

vamos encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento (…) (8)

5. PLANO PARTICIPATIVO

5.1 INDIVIDUAL

[O que existia era mais a nível individual…] individual, exatamente, não havia ali um pensar

no coletivo (…) (35)

(…) sabes quando é que a Associação de Estudantes me aparece lá na Câmara? Quando há

Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para ganhar dinheiro (…) e quando vão

pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os interesses deles (…) (52)

(…) durante o primeiro ciclo, mostram-se entusiasmados aa… depois quando vão para o

segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo mas depois desligam, o que eu tenho notado é

que alguns miúdos já vão integrando grupos corais (…) (55)

Page 71: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

69

5.2 COMUNITÁRIO

[Da participação social, institucional, populacionais, sente se as dinâmicas são culturais, se

a comunidade tem participação ativa, acha que as pessoas acabam por se envolver] (…)

depende das atividades (…) se as atividades focarem nos interesses das pessoas, e se de facto

lhe dizem alguma coisa, elas até participam (…) (24)

(…) Temos alguns casos desses e principalmente partindo dos grupos corais, por exemplo

temos aqui as Flores do Campo (…) outro grupo ali na Semblana que tem exatamente essa

função (…) acaba por ser um grupo que anima a localidade (…) acabam por ser ali um polo

dinamizador. (25)

[Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias] Existe

alguma preocupação nesse sentido principalmente quando nós estamos na fase de elaboração

do orçamento (…) (32)

(…) há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a participação, é

muito baixa (…) (33)

(…) temos aqui o fórum cultural que vai ter espaço para várias dinâmicas, nomeadamente

para os grupos corais (…) é preciso é que as pessoas de facto se apropriem desses espaços e, e

dinamizem (…) (50)

(…) portanto participam quando querem (…) quando os motiva. (53)

(…) se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer aqui à porta não sei de quem, se

calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e aa… agora tirando isso, são, são

muito cautelosos (…) (65)

(…) é de referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias são diferentes entre

elas, há umas mais participativas que outras (…) (66)

5.3 ORGANIZACIONAL

[Em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em termos de

património, participam, mesmo os isoladas] (…) costumamos fazer algumas atividades

descentralizadas nos monumentos (…) (5)

(…) o Clas tem por obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para todos os

parceiros, e divulgar, e incentivar, ou não a sua participação (…) (17)

(…) em parceria com as juntas de freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de toda a

população sénior do concelho (…) foi feito esse trabalho, da responsabilidade da GNR, mas

que foi acompanhado sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho muito válido (…) (19)

Page 72: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

70

(…) temos as associações, que dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas

atividades anuais (…) depois outras participações que são muito específicas (…) é um

bocadinho por polos de interesse (…) nós temos muitas associações no concelho, lá está

algumas trabalham anualmente durante o ano quase não se dá por elas, e outras tem atividades

regulares (…) funcionam muito (…) em função dos seus próprios interesses (…) (26)

6. AÇÃO SOCIAL

6.1 DIMENSÃO POPULACIONAL

[Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas] Voluntariado, há um grupo (…)

não está reconhecido em termos ainda institucionais (…) (27)

[Em termos sociais as necessidades…] (…) As pessoas aqui aspiram (…) a ter um espaço

(…) não sei se é Centro de Dia (…) (48)

6.2 DIMENSÃO INSTITUCIONAL

(…) nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas, portanto em

colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e nas freguesias à

conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados (…) (42)

[Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de

atividades] (…) faz a articulação com os parceiros todos e faz o acompanhamento dessas

atividades (…) (43)

(…) faz a análise de algumas situações que possam surgir e o respetivo acompanhamento para

os parceiros elaborarem os pareceres de quando alguma instituição pretende candidatar um

projeto ao QREN (…) o essencial, é a articulação entre todos os parceiros e o

acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser implementadas (…) (44)

(…) queremos dar resposta (…) temporariamente vamos fazendo o acompanhamento com a

Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos ou, aqui ainda não conseguimos (…) (45)

[Esse plano já dá enfase a isso, a nível de projetos sociais no futuro já tá alguma coisa

prevista] (…) o PDS é para três anos, tivemos agora o 2009/2011 e agora estamos a trabalhar

no 2012/2015 (…) (46)

[o diagnóstico é feito na base do que as entidades também vos trazem] (…) exato (…) tive

com a técnica que tá com a responsabilidade do, do PDS, ela diz-me que não há grandes

alterações, a não ser estas novas medidas do governo, nomeadamente as cantinas sociais e

alguns programas novos (…) a única diferença será aqui nas metas mas que ainda não foram

definidas. (47)

Page 73: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

71

QUADRO GERAL DE COMPARAÇÃO DE DADOS Enunciação das unidades de sentido

A1 A2 T1 T2 1. Caraterização da comunidade de Almodôvar

1.1 População envelhecida 1 1 2 2

1.2 O território é muito disperso e vai ficando desertificado 1 1 2 2

1.3 Identidade territorial e cultural 1 1 2 2

2. Plano de recursos 6

2.1 Encaram o território com valor, como património 1 1 2 2

2.2 As pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer de facto a riqueza que têm 1 1 2

3. Sociabilidade 3

3.1 Onde há agregados mais populacionais, no caso de Almodôvar, as pessoas relacionam-se bem 1 1 2 2

3.2 Interação entre a população em si e entre os vários segmentos populacionais 1 1 2

3.3 Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos existe mas em atividades pontuais 1 1 2

3.4 Entre instituições esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente 1 2 2

4. Problemática 6

4.1 Pouca participação ativa das instituições 1 1 2

4.2 Atividades organizadas pela CMA ou JFA há participação da comunidade 1 1 2

4.3 Os jovens é um problema tirá-los da frente do computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem 1 1 2

4.4 Rentabilização das estruturas que existem e pôr as pessoas a participar 1 1 2

4.5 Motivação cultural 1 1 2 2

5. Plano participativo 6

5.1 Se existirem atividades que foquem os interesses das pessoas, e se de facto lhe dizem alguma coisa, elas até participam 1 1 2 2

5.2 As associações funcionam muito em função dos seus próprios interesses 1 1 2

6. Ação Social 3

6.1 Continuidade dos programas sociais 1 1 2 2

ANEXO 10 A1 e A2 – Entrevistados / T1 (total 1) – Número de respostas / T2 (total 2) – Número de entrevistado

Page 74: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

72

ANEXO 11

PROTOCOLO DA ENTREVISTA A2

E – Como carateriza a população da freguesia de Almodôvar?

e - A população da freguesia de Almodôvar, ao igual das restantes freguesias do interior do

país, é uma população envelhecida na sua maioria, no entanto a presença de uma mina de

cobre no nosso território permite ainda a fixação de alguma juventude.

E – Qual o sentimento de identidade da população com o território?

e – Este sentimento de identidade da população com o território, está ainda muito enraizado,

seja com os que cá vivem ou com aqueles que por vicissitudes da vida tiveram que se afastar

da sua terra… a família, território e amigos são elos fortes de ligação.

E – Sente que a população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos

existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento?

e – Penso que sim. O município de Almodôvar tem sabido explorar muito bem este campo,

assim como passar a mensagem à população.

E – O território é encarado como património e valorizado nas suas dimensões históricas,

culturais e sociais?

e – Sim.

E – Verifica interação entre os segmentos populacionais: crianças, jovens, adultos e

idosos?

e - Sim. Tanto na sede de concelho como nas aldeias da freguesia.

E – Quais as relações de afetividade destes segmentos populacionais na comunidade?

e – São muito boas e observáveis em todas as iniciativas realizadas sejam elas de caracter

religioso, associativo ou institucional.

E – Sendo a Junta de Freguesia de Almodovar um membro do CLAS, como vê o

relacionamento entre todas as entidades? Há apoio desta com outras Juntas de

Freguesia do concelho?

e – Existe uma grande proximidade entre as entidades presentes no CLAS. Sendo eu o

representante das restantes juntas no CLAS, o trabalho realizado é um trabalho de grupo,

permanente e de muita proximidade com os outros presidentes.

E – Nas dinâmicas socioculturais sente que a comunidade mantém uma participação

ativa?

e - Sim.

E – Como vê o associativismo e o voluntariado em Almodovar? Existe dinamismo?

Page 75: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

73

e - O associativismo sempre foi e continua a ter uma expressão muito forte nesta área

territorial, observável no número de associações, quanto ao voluntariado começa a dar os

primeiros passos como forma organizada, já se notando alguma expressão e trabalho na

comunidade.

E – Os idosos têm um papel ativo? E os jovens?

e- As pessoas de mais idade revelam-se mais abertas ao voluntariado, enquanto que os jovens

estão mais voltados para o associativismo.

E – Acha relevante a participação da comunidade na definição de estratégias para

colmatar lacunas existentes?

e- Esta participação é de extrema importância, pois é a comunidade que vive e respira o

território.

E – Sendo a promoção do desenvolvimento social local um dos propósitos do CLAS,

sente que tem existido a devida participação dos atores, agentes sociais de Almodovar?

e- A participação dos atores/agentes sociais de ADV, tem sido ativa dentro do CLAS, no

entanto na minha forma de ver as pessoas, deveriam ser mais informadas sobre a ação deste

órgão.

E- Considera que, existindo uma promoção para a participação cidadã, os atores sociais

locais aceitariam estabelecer parcerias e envolver-se-iam num projeto (de educação)

social?

e- Penso que sim, seria uma mais valia para este território.

E- Ao nível de «possíveis» necessidades sente haver diferentes tipos relativamente no

concelho de Almodovar, mormente nos «montes»?

e- Realmente nos montes é onde mais se sente determinadas necessidades devido ao

isolamento.

E – Verifica alguma dificuldade de mobilização e utilização de serviços e equipamentos

por parte dos residentes das restantes freguesias?

e - Creio que não.

E – Dada a atual conjuntura económico-financeira, sente que os fenómenos de exclusão

social (pobreza, toxicodependência, racismo/xenofobia, isolamento, iniquidades, acesso à

saúde, educação, etc.) têm-se mostrado mais expressivos ultimamente?

e- Felizmente neste território, estes fenómenos continuam atenuados pela atividade mineira.

No entanto são visíveis os primeiros sinais de pobreza, por vezes escondida pela vergonha.

Page 76: Relatório Prática I - Diagnóstico e Projeto

Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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E – Que a atividades sociais têm sido promovidas pela Junta de Freguesia de

Almodovar?

e- Cicloturismo, caminhadas, btt, torneios de futebol, malha e chito, corridas de carrinhos de

rolamentos, seções de esclarecimento em conjunto com a GNR e Centro de saúde, Projecto

“Conhecer o nosso País” , cante alentejano, festas de verão nos bairros da sede concelho e

aldeias da freguesia, convívios de pesca à rede, passeio Todo Terreno, torneio de pesca, e

apoio habitacional.

E – Projetos sociais futuros da Junta e em que dimensões?

e- É nossa intenção manter todas estas atividades nos tempos mais próximos e se necessário

continuar a inovar, se assim for necessário.

E- Essas atividades são executadas somente na vila ou estendem-se ao concelho?

e- Todas as atividades sociais realizadas na sede do concelho estendem-se a todos os recantos

do concelho.

ANEXO 12

1º. TRATAMENTO DA ENTREVISTA A2

[Como caracteriza a população de Almodôvar] (…) igual das restantes freguesias do interior

do país, é uma população envelhecida na sua maioria, (…)

[Qual o sentimento de identidade da população com o território] (…) está ainda muito

enraizado (…) a família, território e amigos são elos fortes de ligação.

[A população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos existentes e

sensibilizada para o seu aproveitamento? (…) Sim (…) Almodôvar tem sabido explorar

muito bem este campo (…)

[O território é encarado como património e valorizado nas suas dimensões históricas,

culturais e sociais?] Sim.

[Verifica interação entre os segmentos populacionais] (…) Sim. Tanto na sede de concelho

como nas aldeias da freguesia.

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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[Quais as relações de afetividade destes segmentos populacionais na comunidade] (…) muito

boas e observáveis em todas as iniciativas realizadas (…)

[como vê o relacionamento entre todas as entidades] (…) grande proximidade entre as

entidades (…)

[A comunidade mantém uma participação ativa] Sim.

[Como vê o associativismo e o voluntariado em Almodovar] O associativismo sempre foi e

continua a ter uma expressão muito forte (…), quanto ao voluntariado começa a dar os

primeiros passos como forma organizada (…)

[Os idosos têm um papel ativo] As pessoas de mais idade revelam-se mais abertas ao

voluntariado, (…) os jovens estão mais voltados para o associativismo.

[Acha relevante a participação da comunidade] (…) é de extrema importância, pois é a

comunidade que vive e respira o território.

[tem existido a devida participação dos atores, agentes sociais de Almodovar] (…) tem sido

ativa dentro das CLAS (…) deveriam ser mais informadas sobre a ação deste órgão.

[os atores sociais locais aceitariam estabelecer parcerias e envolver-se-iam num projeto]

(…) seria uma mais-valia para este território.

[Ao nível de «possíveis» necessidades sente haver diferentes tipos] (…) nos montes é onde

mais se sente determinadas necessidades devido ao isolamento.

[Verifica alguma dificuldade de mobilização e utilização de serviços e equipamentos por

parte dos residentes das restantes freguesias] (…) Creio que não.

[Sente que os fenómenos de exclusão social, têm-se mostrado mais expressivos ultimamente]

(…) Felizmente neste território, estes fenómenos continuam atenuados (…) são visíveis os

primeiros sinais de pobreza (…).

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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral

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[Que a atividades sociais têm sido promovidas pela Junta de Freguesia de Almodovar]

Cicloturismo, caminhadas, btt, torneios de futebol, malha e chito, corridas de carrinhos de

rolamentos, seções de esclarecimento em conjunto com a GNR e Centro de saúde, Projecto

“Conhecer o nosso País” , cante alentejano, festas de verão nos bairros da sede concelho e

aldeias da freguesia, convívios de pesca à rede, passeio Todo Terreno, torneio de pesca, e

apoio habitacional.

[Projetos sociais futuros da Junta] (…) manter todas estas atividades (…) inovar (…)

[Essas atividades são executadas somente na vila] (…) as atividades sociais (…) estendem-se

a todos os recantos do concelho.

ANEXO 13

PRÉ-CATEGORIZAÇÃO DA ENTREVISTA A2

UNIDADES DE SENTIDO

1. [Como caracteriza a população de Almodôvar] (…) igual das restantes freguesias do

interior do país (…)

2. (… ) é uma população envelhecida na sua maioria, (…)

3. [Qual o sentimento de identidade da população com o território] (…) está ainda muito

enraizado

4. (…) a família, território e amigos são elos fortes de ligação.

5. [A população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos existentes

e sensibilizada para o seu aproveitamento? (…) Sim

6. (…) Almodôvar tem sabido explorar muito bem este campo (…)

7. [O território é encarado como património e valorizado nas suas dimensões históricas,

culturais e sociais?] Sim.