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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO DANIELA GUERREIRO CARNEIRO
2014/2015 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA – 6ºAno
2009154
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Índice INTRODUÇÃO 2
ESTÁGIOS PARCELARES 2
Estágio de Medicina Interna 2
Estágio de Cirurgia Geral 3
Estágio de Medicina Geral e Familiar 3
Estágio de Pediatria 4
Estágio de Ginecologia e Obstetrícia 4
Estágio de Saúde Mental 5
Estágio Opcional: Anestesiologia 5
ELEMENTOS VALORATIVOS 5
REFLEXÃO CRÍTICA 6
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INTRODUÇÃO
O relatório que apresento relata sumaria e cronologicamente as atividades por mim
realizadas nos estágios parcelares que constituem o 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina
(MIM) na FCM-UNL. Os objetivos comuns a todos os estágios são a profissionalização do aluno,
aproveitando os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo do curso e expondo-o à
realidade do mundo do trabalho na medicina portuguesa. Por outro lado, proporcionam a
oportunidade de dar a conhecer ao aluno vertentes distintas de especialidades consideradas pilares
na formação do médico e podem ajudar a elucidar o mesmo sobre o seu caminho futuro.
O meu objetivo pessoal relativo ao 6º ano foi essencialmente tornar-me o mais funcional
possível, absorvendo de cada especialidade os traços gerais que me permitem encarar o doente
como a personagem central e única da abordagem médica.
ESTÁGIOS PARCELARES
Estágio de Medicina Interna - 15 de Setembro a 7 de Novembro
Iniciei o 6º ano com o estágio de Medicina Interna no Serviço IV do Hospital de São Francisco
Xavier (HSFX), liderado pelo Dr Luís Campos e tornei-me parte integrante da tira da Drª Alice
Sousa. Realizei, maioritariamente, atividades na enfermaria, tendo a meu cuidado diversos
doentes. Com a minha tutora e internos discuti diagnósticos, pedidos de métodos complementares
de diagnóstico e terapêuticas, aprendi a redigir notas de alta e aperfeiçoei as técnicas de realização
de gasimetria arterial e ECG. Atendi à visita clinica, que reunia todo o Serviço uma vez por semana
para apresentação e discussão de casos mais problemáticos ou menos comuns.
Uma vez por semana integrei o Serviço de Urgência acompanhando internos e especialistas
na abordagem da patologia aguda e, pela primeira vez, foram-me atribuídos doentes no SU, sempre
com a supervisão do chefe de equipa.
Por fim, realizei e apresentei ao Serviço um trabalho de revisão com o tema Polimiosite e
Dermatomiosite, proposto pelo Dr. Luís Campos, no âmbito das Doenças Auto-Imunes.
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Estágio de Cirurgia Geral - 17 de Novembro a 16 de Janeiro
Sob a regência do Prof. Dr. Rui Maio, realizei o estágio de Cirurgia Geral no Hospital da Luz,
tutelada pelo Dr. José António Pereira. No bloco operatório, acompanhei o meu tutor e outros
cirurgiões na realização de diversos procedimentos, tendo tido a oportunidade de me desinfetar e
participar em várias cirurgias tanto em cirurgia de ambulatório como eletiva. Assisti à consulta de
Cirurgia Geral e ao acompanhamento do doente no pós-operatório.
Uma vez por semana, foram realizadas uma reunião multidisciplinar, em conjunto com
imagiologistas, oncologistas, internistas e gastroenterologistas, uma reunião da equipa de Cirurgia
Geral e uma sessão clinica sobre os mais variados temas com vista a incluir toda a equipa médica
do hospital.
Durante duas semanas realizei o estágio opcional de Anestesiologia com a Drª Cristina
Pestana em que aprendi e pratiquei inúmeras técnicas anestésicas, sendo extraordinariamente
bem recebida, integrada e tutelada por todos os anestesistas e enfermeiros. Também efetuei uma
proposta anestésica posteriormente avaliada pela tutora. Sob orientação da Drª Cláudia Febra
realizei atividades no SU durante uma semana, com avaliação final dos conteúdos aprendidos, pela
mesma.
O estágio foi, também, composto por uma semana de aulas teóricas lecionadas no Hospital
Beatriz Ângelo (HBA) pela equipa de médicos, enfermeiros e psicólogos do mesmo hospital.
Finalmente, preparei juntamente com as minhas colegas Luísa Matos, Catarina Valente e Inês
Ferreira, um caso clínico para exposição no minicongresso de Cirurgia no HBA, Caso Clínico –
Diverticulite de Meckel.
Estágio de Medicina Geral e Familiar - 26 de Janeiro a 20 de Fevereiro
Na UC de Medicina Geral e Familiar foi-me concedida a oportunidade de realizar o estágio
na USF São Domingos de Gusmão em Cascais, que elegi com o objetivo de alargar o meu
conhecimento sobre a população da minha área de residência. Acompanhei o Dr. José Carlos
Gomes na realização de consultas do adulto, consultas do dia, consultas da mulher,
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acompanhamento da grávida, consultas de saúde infantil, de Diabetes e Hipertensão. Também fui
tutelada pela equipa de enfermagem na sala de tratamentos, consulta de planeamento familiar e
aconselhamento para a Diabetes. Realizei um Diário de Exercício Orientado, sujeito a posterior
avaliação pela Drª Teresa Libório e pelo Dr Daniel Pinto.
Estágio de Pediatria - 23 de Fevereiro a 20 de Março
Orientada pela Drª Ana Casimiro, estagiei no Serviço de Pneumologia do Hospital Dona
Estefânia. Assisti ao seguimento de doentes maioritariamente crónicos na consulta, à sua relação
e do seu entorno familiar com a patologia e adaptação ao tratamento. Tive também a oportunidade
de melhorar as técnicas de auscultação pulmonar na enfermaria.
No SU aprendi sobre a abordagem das diferentes patologias pediátricas agudas. Assisti a
consultas de outras especialidades, sendo elas Gastroenterologia, Reumatologia e consulta do
Adolescente. Realizei uma História Clinica, orientada e avaliada pela minha tutora. Diariamente
realizaram-se reuniões clinicas para discutir os entrados com os restantes pediatras e uma vez por
semana eram apresentadas sessões clinicas por internos e especialistas. No último dia de estágio,
apresentei um seminário sobre Cetoacidose na Urgência em conjunto com as minhas colegas Luísa
Matos e Teresa Mendes.
Estágio de Ginecologia e Obstetrícia - 23 de Março a 24 de Abril
Realizei o estágio de Ginecologia e Obstetrícia, sob a tutela da Drª Alexandra Cordeiro, no
Hospital dos Lusíadas. Junto à minha tutora, assisti à consulta de Ginecologia e Obstetrícia e à
consulta de Patologia do Colo e, uma vez por semana, frequentei o Bloco Operatório/Serviço de
Urgência onde observei vários partos por via vaginal e cesarianas, assim como a abordagem da
condição aguda. Também me foi proporcionada a oportunidade de acompanhar outros profissionais
na realização de Ecografia Obstétrica, Histeroscopia e Consulta de Procriação Medicamente
Assistida. Realizei e expus ao Serviço, na reunião clinica semanal, uma apresentação intitulada
Abordagem das Anomalias Cardíacas Fetais.
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Estágio de Saúde Mental - 27 de Abril de 2015 a 22 de Maio
O estágio de Saúde Mental foi realizado no HSFX-Cascais e foi dividido em duas semanas
de Pedopsiquiatria orientadas pela Drª Graciete Carvalho e duas semanas de Psiquiatria do Adulto
orientadas pela Drª Dóris Reis, com seminários lecionados pelo Prof. Dr Miguel Xavier, regente da
UC, na FCM.
O estágio de Pedopsiquiatria foi composto pela observação da consulta comunitária e
discussão dos casos com a tutora, e pelas sessões de serviço realizadas uma vez por semana no
HSFX. Realizei uma História Clinica com observação psiquiátrica de um doente, um trabalho de
revisão e uma apresentação sobre Anorexia e Depressão em conjunto com os meus colegas André
Garrido e Inês Barros.
Durante o estágio de Psiquiatria assisti à consulta comunitária e à consulta no Hospital Egas
Moniz, frequentei o SU e estive presente numa reunião de serviço que visava articular a passagem
dos doentes psiquiátricos que atingiam a maioridade, para a Psiquiatria do Adulto.
Estágio Opcional: Anestesiologia - 25 de Maio a 5 de Junho
Frequentei o estágio opcional de Anestesiologia no Hospital da Luz, sob a tutela da Drª
Cristina Pestana. O objetivo por mim definido e largamente atingido foi o de realizar diversas
técnicas. Foram elas a prática da ventilação manual, entubação orotraqueal, algaliação, colocação
de cateteres venosos centrais (CVC), linhas arteriais, acessos venosos, sondas nasogástricas,
máscaras laríngeas, termómetros esofágicos e realização de raquianestesias.
ELEMENTOS VALORATIVOS
Associação Portuguesa de Portadores de Pacemakers e CDI’s: No presente ano tornei-me
associada da APPPC e fui convidada pelo atual Presidente António Gomes para me candidatar à
presidência da associação, tendo o mandato inicio em Janeiro de 2016; convite este que pretendo
aceitar.
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27ª Jornadas de Cardiologia do Hospital Egas Moniz: organizado pelo Serviço de Cardiologia
do CHLO, a 17 e 18 de Outubro de 2014. (Anexo 1)
1ª Jornadas do Internato Médico: organizado pelo CHLN no Edifício Egas Moniz da FML, de 14
a 16 de Novembro de 2014. (Anexo 2)
Curso Básico e Avançado de Eletrocardiografia: coordenado pelo Dr. Nuno Cortez-Dias,
Hospital de Santa Maria, a 16 de Novembro de 2014. (Anexo 3)
Curso Europeu de Primeiros Socorros: Escola de Socorrismo da Cruz Vermelha Portuguesa,
em 2012, com validade até Agosto de 2015. (Anexo 4 e 5)
Voluntariado Fundación Síndrome de Down de Madrid: realizado durante o programa Erasmus
em Madrid, em 2013. (Anexo 6)
REFLEXÃO CRÍTICA
Refletir sobre o 6º ano do MIM no preciso instante em que me encontro, implica olhar não
para uma meta final, mas para uma curva cujo ângulo desconheço, porque nunca antes me foi
pedido um posicionamento sobre deixar de ser estudante. Considero que um ano profissionalizante
deve ser sobretudo um atenuar dessa passagem do aluno a médico e recordo as palavras da Drª
Alexandra Cordeiro: “Cada vez mais o interno chega à especialidade mais aluno e menos médico.”
Como qualquer outro colega, segui as orientações da faculdade e de cada tutor e não duvido
ter atingido os objetivos propostos pelas UCs, mas partiu de mim ver cumpridos os meus objetivos
pessoais de me tornar funcional, sincrónica dentro de uma equipa e confiante na abordagem do
doente. A Medicina Interna permitiu-me atingir estas três vertentes que tanto prezo e teve um papel
particularmente esclarecedor: Considero-a a especialidade médica por excelência e, para mim, de
eleição, colocando muitas vezes ao longo do ano a questão se fosse internista o que poderia retirar
deste estágio? Rapidamente me comecei a deparar com as dificuldades e frustrações da
especialidade, algumas das quais vivi bem de perto e que não me agradaram. Aprendi, acima de
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tudo, que se há lugar que exige a toma de decisões e a imposição de respeito, esse lugar é a
Medicina Interna.
Mas foi a Anestesia que verdadeiramente me transmitiu calma, poder e confiança por me
ensinar que se não nos atiramos à água, não aprendemos nunca a nadar. Se tivesse que escolher
um momento no 6º ano, seria a primeira vez que coloquei um CVC sozinha. Hoje, não consigo
imaginar acabar o curso sem ter sido educada pela Drª Cristina Pestana, que se tornou a minha
“Madrinha em Medicina” e para o Internato levo uma lição importante: transmitir aprendizagens ao
próximo estudante, porque também é de mim que ele vai aprender. Curiosamente, a minha primeira
passagem por um hospital privado revelou-se totalmente contrária à minha perspetiva inicial. O
estágio de Cirurgia Geral superou largamente as minhas expectativas pela forma como a inclusão
do aluno foi feita e estou muito grata por ter estagiado ao lado de tal equipa.
A minha passagem por Medicina Geral e Familiar foi gratificante pelo pouco contacto que
tinha tido com a especialidade até então. Ao realizar o estágio na USF da minha área de residência
alarguei o meu conhecimento sobre a população que me rodeia e surpreendeu-me saber que no
Concelho de Cascais existem 30.000 pessoas sem médico de família, das quais quase metade
pertencem à freguesia da Parede.
O estágio que mais me surpreendeu foi Pediatria, uma vez que foi a minha terceira passagem
pela especialidade e sem dúvida a mais proveitosa, em parte por ser acompanhada pela Drª Ana
Casimiro a quem estimo e admiro pela enorme capacidade de resiliência. Não esperava defrontar-
me com a realidade de que a grande maioria dos doentes da Pneumologia Pediátrica são crónicos
e acabaram por falecer precocemente por intercorrências respiratórias, apesar dos esforços
incansáveis do médico. Vejo na Drª Ana Casimiro o modelo de chefe de equipa que eu escolheria
para me liderar.
Em Ginecologia e Obstetrícia, apesar de valorizar todo o esforço da minha tutora no meu
ensino e extensa discussão de diagnósticos, não me foi possível realizar exame objetivo por me
encontrar num hospital privado e o estágio acabou por se revelar meramente observacional. Por
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outro lado e ironicamente, tive a oportunidade de participar numa cesariana ao lado do Dr. Pina
Pereira. Desta vez, ao contactar novamente com uma instituição privada, pude aperceber-me de
algumas diferenças monumentais para as instituições públicas e eliminar outros estigmas que
acreditava existirem.
A Pedopsiquiatria não era, de longe, uma área pela qual nutria particular interesse, mas ao
conhecer a especialidade foi-me muito fácil entende-la pelo meu background familiar estar
extensamente ligado à educação, inclusive de alguns desses doentes. Na Psiquiatria do Adulto foi-
me muito útil a abordagem do doente no SU, questão esta que há uns meses me “aterrorizava” por
me ter sentido insegura em vários momentos na Medicina Interna. Ao expressar o meu
desapontamento por não ter passado todo o tempo que achava necessário no SU de Psiquiatria, a
minha tutora imediatamente se disponibilizou para me receber novamente sempre que eu achar
conveniente; como tal considero que os meus objetivos relativos a este estágio se cumprirão pouco
a pouco. Apreciei bastante os seminários do Prof. Dr. Miguel Xavier, pelo seu carácter prático de
abordagem do doente na urgência e admiro a importância que deu ao saber o que fazer e o que
não fazer aquando da entrada no Ano Comum.
Refletir sobre o 6º ano é também refletir sobre a Prova Nacional de Seriação (PNS) porque
a preparação ocupa grande parte do tempo do estudante e priva-o da total dedicação aos estágios.
Isto é um facto e a esmagadora maioria dos meus colegas partilha desta visão. A PNS é de extrema
importância para o aluno e apesar de considerar que a maior parte dos meus tutores se mostrou
bastante flexível, penso que todos aqueles que recebem alunos devem estar atualizados quanto
ao atual percurso académico para entenderem o porquê da sua tolerância e prestação de formação
serem essenciais. Com a eliminação do Ano Comum, calculo que esta necessidade se mostrará
cada vez mais gritante.
Penso que a FCM apresenta um bom currículo prático que fomenta a atualização constante
e que é passível de ser proporcionado pelo rácio tutor/alunos, o que não se verifica na maior parte
das outras faculdades do país e essa diferença faz-se notar principalmente no Ano Comum, pelo
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que pude observar. Também considero muito positivas as exposições orais que o aluno realiza
desde o primeiro ano. No entanto, raramente é incentivado a dedicar-se à investigação, ponto este
que me parece crucial na formação de qualquer profissional das ciências. Por outro lado, considero
lamentável o tempo que se dedica a estágios compostos unicamente por aulas teóricas com a
duração de semanas em detrimento de estágio de tempo reduzido (1 semana) como
Gastroenterologia ou Pneumologia, nos anos clínicos. Também acho incompreensível que durante
6 anos de curso, o aluno não tenha uma UC dedicada ao ensino de primeiros socorros com suporte
básico de vida (SBV) e que se veja obrigado a procurar essa aptidão fora de uma faculdade de
medicina se a desejar adquirir, quando o SBV deveria ser fornecido a toda a instituição pública,
como dever cívico. Sinto que é necessário educar o aluno não apenas para a ciência e para o
humanismo, mas também para a organização e funcionamento das instituições, gestão de recursos
e entendimento sobre como as decisões politicas e económicas afetam o sistema em que se
encontra; a faculdade pode ter um papel muito relevante nesta área que vi infra valorizada.
Refletir sobre o 6º ano na FCM é, finalmente, reconhecer as equipas que integrei e o trabalho
conjunto com os colegas de curso. Inúmeras vezes vi o companheirismo da FCM ser elogiado por
profissionais da saúde e essa foi uma das principais razões que me fez colocar esta faculdade em
primeira opção. O caminho na medicina deve ser percorrido em sincronia com os outros elementos
da equipa, seja durante a aprendizagem, na preparação de exposições orais, discussão
diagnóstica, terapêutica ou outros tipos de atuação relativos ao doente ou à instituição. Observei
equipas com ótima complementaridade no trabalho e equipas com péssima coordenação e
organização, acabando por verificar a importância de aprender a trabalhar em equipa na nossa
área.
Não posso deixar de agradecer aos meus colegas por nunca terem deixado de caminhar
comigo. E aos meus professores, a melhor forma que encontrei de retribuir a minha formação é
ensinando o próximo.