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  • 8/20/2019 redação senasp

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    Módulo 1 - Texto e Intenção

    Apresentação do módulo

    Neste módulo, você estudará sobre a importância de se desenvolver umaatitude decisiva ao redigir um texto, salientando quais são os aspectosfavoráveis a uma boa decisão linguística.

    Fique atento! Ao escrever textos seja capaz de identificar-se como decisorlinguístico, reconhecendo as implicações de tal postura na produção de textostécnicos, a partir do conhecimento dos elementos que os constituem e que os

    diferenciam de outros gêneros.

    Objetivos do Módulo

     Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

    Identificar-se como decisor linguístico, reconhecendo as implicações de talpostura na produção de textos técnicos;

    Diferenciar tipos de gêneros textuais;

    Reconhecer a importância das orientações contidas no Manual de Redação daPresidência da República;

    Compreender que a mesma palavra, empregada em contextos diferenciados, écapaz de ganhar novos sentidos, que podem ser figurados e carregados devalores.

    Estrutura do Módulo

    Este módulo compreende as seguintes aulas:

      Aula 1  – Decisor Linguístico

      Aula 2  – Gêneros Textuais

      Aula 3  – Redação Oficial: aspectos gerais

      Aula 4  – Os Diferentes Sentidos

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    Aula 1 - Decisor Linguístico

    Ser um bom decisor implica bom senso, capacidade crítica e conhecimento dalíngua. Você estudará agora a importância de se agir intencionalmente aoescrever um texto e como tomar as melhores decisões...

    Decidir como se escreve uma palavra não é hoje um grande problema!

    Existe o dicionário e o corretor ortográfico dos editores de texto para ajudar.

    Mas será essa a única decisão a ser tomada quando se escreve um texto,especialmente o texto técnico?

    Tomar uma decisão sob o ponto de vista linguístico é, acima de tudo, tornar-secapaz de fazer as melhores opções ao produzir um texto, qualquer que sejaele. Nesse sentido, é preciso considerar a adequação do texto a ser produzidoao contexto específico da comunicação.

    É com “Z” ou

    com “S”? É com “G”

    ou com “J”? 

    É com “X”

    ou “CH”? 

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    Daí a diferença entre escrever um bilhete para um colega de trabalho, deixando

    um recado, ou enviar um e-mail a uma chefia, por exemplo. Veja:

    Em relação à comunicação, é preciso, portanto, fazer escolhas das maisdiversas, como a adequação ou a inadequação de uma dada forma linguísticaque se quer utilizar; a melhor forma de apresentar uma ideia; o vocabulário aser utilizado; que estrutura gramatical deve ser usada ou as informações aserem dadas. O decisor deve ser capaz de refletir criticamente sobre suaprodução textual e realizar substituições quando for necessário, inclusivequando tiver dúvidas.

    Ele deve conhecer a língua e seus princípios linguísticos, o que não pode serconfundido com o conhecimento superficial de regras gramaticais. No tocante aesse respeito, é preciso compreender que as regras só passam a ter valorquando aplicadas em nossa produção. O decisor linguístico reconhece e utilizaintencionalmente seu estilo pessoal de escrever. É capaz de criar, aplicando talpotencial de maneira diversa e leva em consideração as possibilidades que alíngua lhe dá de compreender, analisar, sintetizar e posicionar-se criticamente,

    seja como leitor ou escritor de textos. A convivência com textos variados cria condições para que você se torne umdecisor na medida em que servem de modelos de escrita, bem como dediversos gêneros textuais disponíveis em nosso cotidiano. É uma necessidade,portanto, diversificar as leituras em prol de nosso capital cultural. Reconheceros diferentes gêneros e suas características ajuda a perceber,fundamentalmente, quais são os seus espaços de uso e, assim, se sentir maisà vontade para fazer as suas escolhas.

    Neste curso, espera-se que você se sinta como decisor linguístico capaz de

    perceber que comunicar uma ideia, principalmente ao escrever textos técnicos,

    Carlos,

    Chegarei tarde hj.

    Estou em diligência.

    Abs.

    Mônica

    Mônica 

    Prezado Eduardo,

    Informo que as ocorrências do dia de

    ontem já foram lançadas no sistema. Se

    houver alguma pendência ou dúvida, por

    favor, entre em contato. Atenciosamente.

    Mônica

    Mônica

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    não significa reproduzir modelos apenas. Mais do que isso, toda e qualquer

    forma de comunicação é uma atividade cognitiva complexa que nos leva acriar. Mas criar qualquer coisa? Na redação técnica, em definitivo, a resposta énão. Criar aqui implica conhecer profundamente a língua portuguesa e sabercomo utilizá-la. Por isso, mãos à obra. A seguir, você verá como poderá tomaras decisões de que precisa.

    O que deve ser considerado na decisão linguística?

     Ao emitir mensagens escritas, é fundamental definir:

      a informação que se quer transmitir;

      a quem se dirige a informação ou solicitação;

      o canal de comunicação a ser utilizado;

      quais são os objetivos do texto, levando em conta o contexto;

      quais os recursos disponíveis que podem contribuir para essadecisão;

      que atitude deve-se ter ante a necessidade da decisão.

    Sempre que você der início à produção de um texto, inclusive textos técnicos,tenha em mente que você transmite informações e, por isso, deve planejá-las eorganizá-las de maneira a alcançar seu intento.

    Dentre as possibilidades comunicativas dos textos técnicos existentes, vocêestudará neste curso:

    •  Ata;•  Requerimento;•  Ofício;•  Exposição de motivos;•  Relatório;•  Memorando;•  Circular;•  Despacho.

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    Em cada caso, a finalidade do texto determinará o tipo de informação 

    requerida, bem como o formato  próprio, devendo sempre ter como registrolinguístico adequado, o padrão culto da língua portuguesa.

    É preciso ainda conhecer seu interlocutor. Um especialista, por exemplo,necessitará de informações mais específicas e pormenorizadas, ao contrário doleigo, que deverá assimilar o conteúdo da mensagem de forma genérica,apesar da imprescindível clareza textual. Ao escrever textos, o redator dirige-sea públicos diversos, constituídos por interlocutores de diferentes níveiscognitivos, culturais e sociais.

    Pelo exposto, convém que o texto técnico seja produzido numa linguagem o

    mais neutra possível, visando a atingir a totalidade dos indivíduos, adequando-se à realidade comunicativa do momento. No caso específico da redaçãotécnica, na maior parte das vezes, prevalece relações comunicativassimétricas, em que os interlocutores apresentam as mesmas condiçõesculturais ao se comunicarem e, por isso, as dificuldades são minimizadas.

     A partir das decisões iniciais sobre o que e a quem se vai falar é preciso refletirsobre detalhes do que vai ser dito. Essa estruturação do texto pode ser mentalou escrita, como um esquema. Escolha a que melhor se ajusta ao seu jeito dese organizar. Com esses elementos bem definidos, está na hora de escrever otexto.

    O esquema é um dos melhores recursos para a produção de textos, emespecial, para aqueles que exigem maior elaboração, por constituir-se em uminstrumento de controle para o desenvolvimento de ideias, evitando adesconexão das partes do texto, a incoerência do todo e a inconsistência daspartes em si mesmas. Quando evitamos tais problemas, alcançamos o quechamamos de textualidade (coesão e coerência) e as diversas partes do textose intercomplementam formando uma rede de sentidos.

    Uma das opções para esquematização das ideias em um texto se relaciona

    diretamente com sua paragrafação, por meio da qual se identificam ideiasprincipais, secundárias e pormenores (detalhes, exemplos, descrições, etc.)daquilo que se quer afirmar, conforme o exemplo a seguir que se repete a cadaparágrafo:

    Ideia Secundária Pormenores

    Ideia principal Ideia Secundária Pormenores

    Ideia Secundária Pormenores

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    São inúmeras as dúvidas que surgem quando se escreve e isso acontece até

    com os mais experimentados escritores. É necessário, assim, ter à mão fontesde consulta que nos ajudem a solucionar tais questões, as quais não são sósuas, mas de todos aqueles que se propõem a trabalhar com as palavras.Dentre os materiais para consulta, destacamos os seguintes:

      dicionários1;

      gramáticas2;

      manuais de redação e estilo3;

      obras e textos técnicos4.

    Lembre-se, ainda, de que o corretor ortográfico do editor de texto é bastanteútil, mas tem limitações próprias. Por isso, na dúvida, recorra às possíveisfontes de pesquisa e garanta a produção de um texto claro e correto. Os textosmostram quem você é e o quanto sabe, por isso capriche ao escrever. Não sedeixe levar pela enganadora visão de que os textos ficam prontos e bemescritos logo em sua primeira versão. Kanitz (2010)5, assim escreve a esserespeito:

    Reescrevo cada artigo, em média, 40 vezes. Releio 40 vezes, seriaa frase mais correta porque na maioria das vezes só mudo uma ou

    outra palavra, troco a ordem de um parágrafo ou elimino umafrase, processo que leva praticamente um mês. No fundo, meusartigos são mais esculpidos do que escritos. Quarenta vezes édesnecessário para quem escreve numa revista menosabrangente, 20 das minhas releituras são devido a Veja, com seupúblico heterogêneo onde não posso ofender ninguém (KANITZ,2010).

    Calma! Não é uma sugestão que você reescreva documentos e outros textosquarenta vezes, mas que você os releia quantas vezes forem necessárias atéter a certeza de que sua produção está realmente boa.

    Outro hábito muito comum no ambiente de trabalho é recorrer aos colegasquando se tem dúvidas, mas submeter o texto a outro olhar não deve ser aúnica fonte a ser consultada, pois eles também podem estar errados e, comotodas as pessoas, carregam suas dúvidas, limitações e vícios de linguagem.

    1 Convencionais (de significados), etimológicos, enciclopédicos e ortográficos.

    2 Normativas, descritivas, pedagógicas, são fontes de consulta de aprofundamento.

    3  Governamentais, jornalísticos, empresariais, são instrumentos de homogeneização daredação institucional.4 Constituem fontes de consulta que sustentam opiniões de especialistas.

    5 Consultor de empresas, conferencista, colunista da Revista Veja no período de 1999 a 2009

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     Antes de terminar esta aula realize o exercício.

    Hora da Prática

    Exercício 1  - João necessita redigir um relatório sobre a viagem de trabalhoque realizou. Com base nos aspectos a serem considerados na emissão damensagem escrita, cite pelo menos três que deverão ser definidas por João naelaboração do relatório.

    Orientação para resposta6 

    Exercício 2 - Faça uma lista dos principais vícios ou aquelas dúvidas que vocêsempre identifica em seus textos e pesquise em dicionários e gramáticas qual oseu uso correto. Refletir sobre o percurso de escrita contribuirá muito para amelhoria de seus textos.

    Aula 2 - Gêneros Textuais

    Uma das habilidades relacionadas à produção textual refere-se aoconhecimento do gênero textual. Nesta aula, você será convidado a refletirsobre a natureza dos textos que circulam socialmente e que se constituemcomo gêneros, o que os distingue de outros textos e, inclusive, se na oralidade,ou seja, quando se fala, também se está, ou não, produzindo textos.

    Existe uma pluralidade de discursos e de possibilidades para a organização deum texto. Antes essas possibilidades eram limitadas à consideração de que“textos” eram apenas aqueles que seguiam as características da narração,descrição, dissertação, injunção e argumentação (era o que a escola ensinava,lembra?). Esses são tipos textuais que dizem respeito ao conteúdo e aoformato do texto. Só existem os cinco tipos textuais indicados. Vejam que, emum relatório (que se constitui um gênero textual), por exemplo, podem aparecerdois ou três tipos textuais ao mesmo tempo: a narração de um fato, a descrição

    de um objeto e a argumentação em defesa de uma atitude adotada.Para Marcuschi (2002), gêneros textuais são os textos que encontramos emnossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativasdefinidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composiçãocaracterística.

    6 A resposta do exercício é pessoal, mas para estar correta, você deverá ter selecionado pelo menos trêsdos seguintes aspectos: a informação que se quer transmitir; a quem se dirige a informação ousolicitação; o canal de comunicação a ser utilizado; quais são os objetivos do texto, levando em conta ocontexto; quais os recursos disponíveis que podem contribuir para essa decisão; que atitude deve-se ter

    ante a necessidade da decisão.

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    Exemplos de Gêneros Textuais:

     Ata, relatório, carta, ocorrência, ofício, boletim, bilhete, cartão-postal,horóscopo, bula de remédio, manual de instrução, edital, piada, cardápio, blog,lista de compras, receita culinária, charge, texto científico, resenha, notícia jornalística, artigo, ensaio, crônica, poema, conto, etc.

    Como se pode notar, a formação de um “escritor” crítico envolve outras práticasque passam pelo conhecimento das relações sociais e suas implicações napercepção e interpretação de textos veiculados por meio de diferentessituações de interação. Assim, pense em um enunciado comum como “escreviuma carta” e leia os textos a seguir: 

    Texto 1

    Este texto é uma carta escrita por Clarice Lispector ao escritor Lúcio Cardoso,em 1947.

    Berna, 23 de junho de 1947.Lúcio,

    Fiquei tão contente em receber seu livro e a cartinha. Li o livro imediatamente,

    e você bem sabe que alegria me dá ler coisas suas. Acho o livro lindo, e asmulheres de seus livros são as pecadoras mais violentas e inocentes... Durantetoda a leitura espera-se que alguma coisa mortal suceda e que de repente,fique tranquilo, pastoral, e ainda assim perigoso  – gosto tanto disso. A cena noanfiteatro é tão plástica e visível, na minha opinião um dos pedaços melhoresdo livro. Vejo, Lúcio, que você está cada vez melhor, e isso me alegra tanto naadmiração e na amizade. Estou esperando a professora Hilda. Irmgard não medeu logo o livro, só trouxe quando veio passar uns dias na Suíça. E depois nãorespondi logo, porque várias coisas pequenas e maiores sucederam.  –  Aquinada de novo. Eu com o desejo permanente de voltar para o Brasil não seiquando vamos. Ou então de viajar sem cessar, mas sobretudo não ficar parada

    gratuitamente num lugar. No meio disso tudo felizmente veio a primavera evocê não pode imaginar que boa notícia é a primavera depois de um invernolonguíssimo. Logo que ela chegou passei uns dias meio boba, tomandoqualquer sol que aparecia, farejando flor onde tivesse nascido. Uma das coisasque faço na Europa é mudar de estação...(...)

    Se você quiser me mandar  A professora Hilda, ficarei muito contente.Maury manda lembranças. Eu desejo muitas felicidades para você.

    Clarice.(LISPECTOR, 2002, p. 134)

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    TEXTO 2 

    Este texto também é uma carta e foi escrita por uma leitora do Jornal Folha de

    São Paulo à seção Painel do Leitor.

    (Ao editor )

    São Paulo, 23/10/2007.

    Gostaria de elogiar a reportagem do Folhateen sobre o filme “Tropa deElite”. Talvez tenha sido a única entre as que li que tratou   o filme com a

    seriedade que o assunto merece.Jovens que viram e amaram o filme dizem que ele “mostra a realidade”.Mas fica claro na entrevista com Rodrigo Pimentel que o filme mostra só umaparte  – editada e maquiada  – da realidade, com a função de entretenimento,coisa que a maioria das pessoas que assiste ao filme não se dá conta.

     Acho complicado, no nosso país, de tantas diferenças sociais, um filmeapresentar a guerra como solução para a violência, estigmatizar ONGs comoamigos de traficantes e mostrar ações sociais como algo banal.

    Sou professora na comunidade de Paraisópolis  –  a segunda maior emenos violenta de São Paulo  – e acredito sinceramente nas ações sociais dasinstituições ali presentes.

    Não seria ingênua de acreditar que a luta contra o tráfico prescinde dastropas de elite, mas acho que seria importante destacar que essas ações sãoapenas paliativas, e não a solução para esse problema.

     Andréia Morais

    (MORAIS, 2007)

    Você acabou de ler dois textos cuja classificação, como gênero textual, seria:carta. Repare, então, que, como práticas comunicativas, é possível a variaçãode um mesmo gênero quando se modificam as intenções dos participantes, osobjetivos do locutor, a linguagem. Além disso, um gênero pode sofrer uma“transmutação”. Veja o texto a seguir: 

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    Como é possível perceber, o texto é um e-mail enviado de Ana para Maria. Oe-mail, gênero atualmente muito utilizado, não deixa de ser uma variação dacarta. Assim, além do conteúdo temático e do estilo, um gênero se distinguetambém pela forma de sua composição.

    Então, é possível constatar, sem esforço, que não é fácil demarcar um númeroque limite os gêneros textuais na atualidade. Enfim, são textos que circulampelo mundo e que vão apresentar características e funções específicas e,logicamente, um público próprio. Diante dessa diversidade de gêneros textuais,a redação técnica exige uma atenção maior a aspectos como textualidade,coesão e coerência, técnicas de elaboração e argumentação, e impessoalidade

    no discurso.

    Importante!

    O texto é resultado de uma interação entre sujeitos. O texto escrito por vocêterá sempre um destino, portanto, além das formas da língua, é precisoentender as condições de produção e todo o processo mental envolvido nessaconstrução. Assim, mais do que uma aprendizagem meramente conceitual einformativa, ao escrevê-lo, você terá a oportunidade de pensar o texto a partirde seu funcionamento, de seu uso, o que, claramente, reflete um contextosocial (no caso da redação técnica, um contexto profissional) e histórico.

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    Hora da Prática

    Exercício 3  - As cartas listadas a seguir são diferentes das já apresentadasanteriormente. Observe que todas elas são classificadas e nomeadas apenascomo “cartas”, ou seja, todas obedecem a certa ordem, exibem os elementosmais básicos, como o remetente e o destinatário, embora apresentem estilos,conteúdos e objetivos bastante diferenciados.

     Analise cada uma delas e escolha a alternativa que melhor define o objetivo damensagem.

    Carta 1

    Belo Horizonte, 13 de novembro de 2012.

    Senhor xxxxxxxxx,

    Não consta, em nossos controles, o envio dos relatórios referentes àsações de formação de sua equipe no primeiro semestre de 2012. Entreem contato com o grupo de controle do Projeto de Formação dosPoliciais pelo telefone (31) 3333.9999 para que possamos solucionaressa pendência. Caso já tenha enviado os referidos relatórios, favorcomunique-nos o período e o número de protocolo da referidacorrespondência.

     Atenciosamente,xxxxxxxxxxxDiretor da Academia de Polícia xxxxxx

    Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem da

    carta 1

    ( ) Carta convite

    ( ) Carta recomendação

    ( ) Carta advertência

    ( ) Carta cobrança

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    Carta 2

    São Paulo, 20 de novembro de 2012.

    Senhor xxxxxxxxxxx,

    O senhor vem apresentando-se recorrentemente atrasado ao serviço,sem nenhuma justificativa satisfatória. Ademais, foi advertidoanteriormente por seu encarregado e continua reincidindo nessa falta.

    Esperando a sua colaboração nesse assunto, evitando a adoção demedidas administrativas.

     Atenciosamente,xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

    Chefe de Departamento

    Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem da

    carta 2

    ( ) Carta convite

    ( ) Carta recomendação

    ( ) Carta advertência

    ( ) Carta cobrança

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    Carta 3

    Belo Horizonte, 15 de Agosto de 2012

    Senhor xxxxxxxxxxxxxx,

     A ASPC/xx – Associação dos Servidores da Polícia Civil em xxxxxxxxxtem a honra de convidar a sua Escola ou Equipe de futebol paraparticipar da COPA ASPC DE ESCOLAS DE FUTEBOL DE SALÃO2012, a ser disputada, em outubro de 2012, visando o estreitamento dasrelações de amizade e o espírito de grupo entre os atletas participantes.

    xxxxxxxxxxxxDiretor do Clube ASPC/xx

     Anexo: Tabela de Jogos e períodos de realização 

    Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem dacarta 3

    ( ) Carta convite

    ( ) Carta recomendação

    ( ) Carta advertência

    ( ) Carta cobrança

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    Carta 4

    Belo Horizonte, 13 de novembro de 2012

    Prezados Senhores,

    Temos a satisfação de recomendar Fulano de Tal, servidor deste setordesde 2005, para o cargo de chefia ora em aberto.

    Ressaltamos que se trata de um excelente profissional, tendodesempenhado sua função com eficiência e lealdade durante o períodoem que trabalhou conosco.

     Atenciosamente,

    xxxxxxxxxxxxxxDelegado Chefe

    Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem da

    carta 4

    ( ) Carta convite

    ( ) Carta recomendação

    ( ) Carta advertência

    ( ) Carta cobrança

     Assim, para executar um trabalho qualquer ou estabelecer uma situação decomunicação eficiente (entender e ser entendido), é preciso determinar qual ogênero e o tipo de discurso são efetivamente necessários. Por exemplo, nauniversidade determinados gêneros tais como o resumo, a resenha e o artigosão muito importantes para a produção do texto científico. Em determinadasprofissões, como as executadas na área de segurança pública, é

    imprescindível o conhecimento dos elementos que estruturam o texto técnico.

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    Para aprender a produzir um texto que apresente características peculiares aoseu gênero (toda carta, por exemplo, apresenta data, remetente, corpo dainformação, despedida e assinatura do emitente), é necessário entrar emcontato com o corpus textual 7deste gênero para que, em situações definidas,sirva sempre como referência.

    Neste curso, você entrará em contato com algumas proposições apresentando passos para a produção específica de um gênero: o texto técnico. Antes disso,no entanto, pense um pouco sobre os elementos construtores desse gênero,realizando os exercícios. 

    Hora da Prática

    Exercício 4 - Leia os textos a seguir e responda as questões solicitadas:

    TEXTO 4

    (Fonte: http://www.matutando.com/charge-violencia-publica/)

    7 Conjunto de textos selecionados que servirão de base para análise terminológica

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    TEXTO 5

    Secretaria de Segurança Pública anuncia novos chefes das polícias emSão Paulo

    Coronel Benedito Roberto Meira assume Comando Geral da PM e LuizMaurício Souza Blazeck será o novo delegado-geral da Polícia Civil

    26 de novembro de 2012 | 10h 46

    SÃO PAULO - Os novos chefes das polícias Civil e Militar do Estado de SãoPaulo foram anunciados na manhã desta segunda-feira, 26, pela Secretaria de

    Segurança Pública, quatro dias depois de o ex-procurador-geral de JustiçaFernando Grella assumir a pasta. O Comando Geral da PM ficará com ocoronel Benedito Roberto Meira, atual chefe da Casa Militar do Governo, e ocargo de delegado-geral da Polícia Civil será ocupado por Luiz Maurício SouzaBlazeck. A Superintendência de Polícia técnico-científica continua com o peritocriminal Celso Perioli, na função desde 1998.

    Os nomes dos dois novos responsáveis pelas polícias serão publicados noDiário Oficial do Estado nesta terça-feira, 27. Eles substituem o coronelRoberval Ferreira França, ex-comandante da PM, e o delegado MarcosCarneiro Lima, ex-delegado geral.

     A troca na cúpula da segurança pública ocorre em meio a um onda de violênciano Estado, com alta no assassinato de PMs e na execuções de civis. A capitalpaulista registrou elevação de 114,6% nos homicídios em outubro, nacomparação com o mesmo mês do ano passado - foram 82 casos no mês em2011, contra 176 no mesmo período em 2012. Ao menos 94 policiais militaresmorreram no Estado até domingo, parte deles alvos de ações do PrimeiroComando da Capital (PCC).

    (Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,secretaria-de-seguranca-

    publica-anuncia-novos-chefes-das-policias-em-sao-paulo,965371,0.htm)

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    TEXTO 6

    A grande comadreCarlos Heitor Cony

    Não havia mídia naquela época: nem rádio, TV ou internet. Os poucos jornaiseram oficiais ou oficiosos, malfeitos, de circulação simbólica. As notícias erampoucas, nada acontecia de importante além do expediente funcional. Afinal,"era no tempo do rei" - a frase que inicia as "Memórias de um Sargento deMilícias".

    Não havia mídia, mas havia as comadres, sobretudo a "comadre", apersonagem mais importante da literatura brasileira depois de Capitu. Ela tudosabia, todos a procuravam para abastecê-la ou para se abastecer. Tinhaacesso aos quartéis, à copa e à cozinha das autoridades, às alcovas do podere da plebe. As coisas só aconteciam se passadas por ela, na mão ou nacontramão, sempre acrescidas pelo conhecimento da sociedade em geral. Além de noticiosa, era o arquivo, a pesquisa e a memória ambulante de seutempo.

    Evidente que não poderia concorrer com a eficiência midiática de hoje, masfazia o mesmo efeito. À primeira vista, poderia ser considerada uma fofoqueiraque bisbilhotava a vida alheia. Apurava muito, mas só "editava" o que julgavainteressar àqueles que nela procuravam informações e opiniões.Era honesta. Como famoso dono de um jornal do século 20, só se vendia porum almoço que ela mesma pagava.

    Se a comadre ainda estivesse em atividade, teríamos material mais suculentosobre os dois casos que estão emocionando a nossa mídia: as trapalhadas dopresidente do Senado e as confidências e inconfidências do Supremo TribunalFederal a propósito do mensalão.

     Apesar de desprovida de recursos tecnológicos, a comadre tinha a vantagemde ser amiga do major Vidigal, a suprema autoridade policial da época.

    Ela podia mandar prender ou soltar suspeitos e insuspeitos.

    (Fonte:http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=96&infoid=6026&sid=577)

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    TEXTO 7

    Resenha

    Resenha do livro Buracos Negros, Universos-Bebês e outros ensaios, deStephen Hawking, tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Editora Rocco.Publicada no Jornal Zero Hora: Caderno Cultura, Porto Alegre, 1995.

    Stephen Hawking, um dos mais carismáticos entre os físicos contemporâneos,brilhante cientista da Universidade de Cambridge, faz parte desse reduzido

    grupo de cientistas que, preocupados em transmitir seus conhecimentos aopúblico leigo, contribuem qualificadamente para a literatura de divulgaçãocientífica. Nos treze ensaios do seu mais recente livro, Buracos negros,universos-bebês e outros ensaios, Hawking retoma alguns dos temasabordados no seu primeiro best-seller, Uma breve história do tempo, e enfocacom singeleza questões pertinentes à sua vida pessoal.

    Os três primeiros capítulos do livro são breves ensaios autobiográficos sobresua infância, seu período de estudos nas Universidades de Oxford e deCambridge e sobre sua experiência com a ELA, esclerose lateral amiotrófica, adoença que vem minando sua vida há mais de trinta anos. Dados pessoaistambém estão presentes no último capítulo, onde se reproduz uma entrevistadada ao programa Desert Island Discs da BBC, no Natal de 1992.

     Além do festejo pelo lançamento de mais um título, sempre convém questionar:para que serve a divulgação científica? Abordando essa questão em um dosensaios do livro, Hawking defende o princípio de que numa sociedadedemocrática "o público precisa ter uma compreensão básica da ciência, demodo a poder tomar decisões com conhecimento de causa em vez de deixá-lasnas mãos dos especialistas", e dá como exemplo o caso das armas nucleares;para Hawking, esta é a mais importante questão sobre a qual o público terá de

    tomar decisões num futuro próximo.

    (Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~cas/resenhas/resenhas.html)

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    TEXTO 8

    TERMO DE ABERTURA

     Aos seis dias do mês de agosto do ano de dois mil e doze, na sede daPenitenciária do xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, torna-se aberto o presente livro,destinado ao Registro de Ordens de Serviço e Trâmite de Apuratórios,contendo 50 folhas mecanicamente numeradas.

    Fulano de Tal

    Chefe de Expediente –Penitenciária xxxxxxxxxxxxxxx

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    TEXTO 9

    A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL

    Na última década, a questão da segurança pública passou a ser considerada

    problema fundamental e principal desafio ao estado de direito no Brasil. A

    segurança ganhou enorme visibilidade pública e jamais, em nossa história

    recente, esteve tão presente nos debates tanto de especialistas como do

    público em geral.

    Os problemas relacionados com o aumento das taxas de criminalidade, o

    aumento da sensação de insegurança, sobretudo nos grandes centros

    urbanos, a degradação do espaço público, as dificuldades relacionadas à

    reforma das instituições da administração da justiça criminal, a violência

    policial, a ineficiência preventiva de nossas instituições, a superpopulação nos

    presídios, rebeliões, fugas, degradação das condições de internação de jovens

    em conflito com a lei, corrupção, aumento dos custos operacionais do sistema,

    problema relacionados à eficiência da investigação criminal e das perícias

    policiais e morosidade judicial, entre tantos outros, representam desafios para o

    sucesso do processo de consolidação política da democracia no Brasil.

    (Fonte: http://www.observatoriodeseguranca.org/seguranca)

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    TEXTO 10

    Orientações para celebração de convênios - SENASP

    Em suma, para propor a celebração de convênio, o interessado deveatentar para as seguintes medidas:

    •  Elaborar plano de trabalho (planejamento) de forma detalhada,precisa e completa, descrevendo suficientemente, de forma quantitativa equalitativa, o objeto proposto, suas metas, etapas e/ou fases.

    •  Estruturar orçamento realista do objeto programado.•  Certificar-se da existência dos recursos de contrapartida.•  Realizar previsão factível das fases do projeto e do prazo

    necessário para sua conclusão.(SENASP, 2012)

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    TEXTO 11

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    1. Explique como o autor, no texto 4,  associa linguagem verbal (o texto

    construído com o uso de palavras) e não verbal (o texto construído com o usode imagens). 8 

    2. O texto 5  adota a linguagem jornalística. Que características do textoapresentado são também comuns aos textos técnicos? 9 

    3. O texto 6  é uma crônica, gênero textual que oscila entre a literatura e o jornalismo. Cite dois aspectos desse gênero textual que o distinguefundamentalmente de um texto técnico.10 

    4. O texto 7  é uma resenha, um gênero de natureza crítica que tem como

    objetivo informar o leitor de forma argumentativa, sobre, neste caso, um livro.11 

    a. Você julgaria que o texto tem alguma qualidade persuasiva?

    b. A persuasão é uma qualidade importante em textos oficiais?Justifique.

    c. Compare o texto 7 e o texto 8 e verifique se os dois se sustentam napersuasão do leitor, explicando em que se assemelham e se distinguem.

    5. Os textos 9 e 10 se distinguem por seu caráter opinativo e instrutivo. Queelementos podemos evidenciar como decorrentes das escolhas realizadaspelos autores para as decisões linguísticas que tomaram? 12 

    8 O autor trata na linguagem verbal das 900 mortes ocorridas no ano e na imagem usa o tema mortepara tratar da queda da segurança pública9 A linguagem culta; a objetividade; a informatividade

    10 A linguagem, apesar de culta, não mantém objetividade, apresentando a visão subjetiva do autor

    sobre quem é a comadre e seu papel social. O autor cria uma personagem antiga “a comadre” que tudo

    sabe, tudo descobre, e é amiga da “suprema autoridade policial”, e a compara com a mídia atual, o queimplica a apresentação de um texto literário criativo e ficcional, diferente do texto técnico.11

     a. Sim, aborda o livro resenhado e seu autor de forma positiva, o que pode levar aos interessados pelotema a ler o livro.b. A persuasão é importante em textos oficiais que trazem instruções e solicitações, como ofícios ecomunicações.c. O texto 7 é notadamente persuasivo e o texto 8 não: trata-se de um texto de abertura de um livro deregistro, sem qualquer intenção persuasiva, mas apenas informativa.12 - a informação que se quer transmitir e os objetivos a alcançar: o texto 9 é conceitual e opinativo e otexto 10 é instrutivo.- o canal de comunicação a ser utilizado: o texto 9 é destinado a um portal da internet e o texto 10 é umManual.

    - como apresentar as ideias: um é necessariamente mais formal que o outro.

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    6. O texto 11 é um e-mail. 13 

    a. Há alguma relação entre este gênero e uma carta?

    b. Qual o tipo de linguagem empregada no texto? Como se justifica?

    13 a. Sim. Os elementos de composição básica: remetente, destinatário, etc.

    b. Normalmente utiliza-se de uma linguagem pouco formal. É preciso ter cuidado, no entanto, pois

    atualmente o e-mail é utilizado em múltiplas situações, algumas mais formais.

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    Aula 3 - Redação Oficial: aspectos gerais

    O principal documento que norteia a redação oficial no Brasil é o Manual deRedação da Presidência da República, que normatiza como devem ser escritosos documentos oficiais dos órgãos públicos, mais especificamente os do PoderExecutivo. Na apresentação dos aspectos gerais desse manual, enfatiza-se anecessidade de se manter determinadas qualidades textuais necessárias àadequada prestação de serviços públicos.

    Dentre as importantes recomendações gerais do referido Manual, destacamosa que trata do estilo a ser adotado quando da escritura de textos oficiais:

    Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazerdas características específicas da forma oficial de redigir não deveensejar o entendimento de que se proponha a criação  –  ou seaceite a existência  –  de uma forma específica de linguagemadministrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se chamaburocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a redaçãooficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases(BRASIL, 2002).

     Além de se evitar uma linguagem rebuscada e desatualizada, destacam-seainda outras qualidades como, por exemplo, a impessoalidade, que decorre

    dos seguintes aspectos:

    a) da ausência de impressões individuais de quemcomunica (...) que permite que comunicações elaboradasem diferentes setores da Administração guardem entre sicerta uniformidade;

    b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, comduas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,sempre concebido como público, ou a outro órgão público;

    c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se ouniverso temático das comunicações oficiais se restringe aquestões que dizem respeito ao interesse público, é naturalque não cabe qualquer tom particular ou pessoal. (BRASIL,2002)

    Ratificamos, em nosso curso, qualidades inerentes aos textos técnicos emgeral e que são destaques no Manual da Presidência, quais sejam aformalidade, a padronização, a clareza, a coesão e o padrão culto dalinguagem.

     Acesse o Manual da Presidência na íntegra:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm 

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

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    Aula 4 - Os Diferentes Sentidos

    Um dos elementos “diferenciadores” dos gêneros textuais, além do estilo, daforma, do objetivo, dentre outros aspectos, é o entendimento da significaçãodas palavras e suas possíveis construções, pois nem sempre a linguagemapresenta um único sentido. A mesma palavra, empregada em contextosdiferenciados, é capaz de ganhar novos sentidos, que podem ser figurados ecarregados de valores.

    Criar condições para que você possa pensar sobre a significação das palavrase suas possíveis construções é o propósito desta aula, especialmente selevarmos em consideração que textos técnicos não podem deixar margem a

    duplas interpretações ou a qualquer subjetividade. As escolhas que você faz aoempregar determinadas palavras ou expressões têm, portanto, impacto diretonão só no que diz respeito ao estilo do texto, mas também na transmissão damensagem que se quer manifestar.

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    Observe o emprego da palavra coração nos textos a seguir.

    TEXTO 12

    Anatomia do coração

    O coração localiza-se na cavidade torácica, no mediastino. Dois terços do seuvolume estão situados à esquerda da linha sagital mediana. Esta posição,chamada de levocárdica, é a mais frequente. Variações na posição do coraçãoem relação ao tórax podem ocorrer. A posição mesocárdica ocorre quando amaior parte do seu volume está situada na porção mediana do tórax. A posiçãodextrocárdica ocorre quando grande parte de sua massa localiza-se no

    hemitórax direito. Estes termos são utilizados com frequência ao descrevermosas más formações congênitas.

     A forma do coração é aproximadamente cônica, com a base voltada para trás epara a direita e o ápice para a frente e para a esquerda.

    Há três faces no coração: a anterior ou esternocostal, sobre a qual os pulmõesdireito e esquerdo se sobrepõem, deixando exposta apenas uma pequenaporção; a face inferior que repousa sobre o diafragma, recebendo também onome de face diafragmática; e a face lateral esquerda, formada principalmentepelo ventrículo esquerdo, que produz a impressão cardíaca na face medial dopulmão esquerdo. Estas faces são delimitadas pelas margens cardíacas. Adireita é bem definida, sendo chamada de aguda, enquanto que a esquerda ouobtusa é pouco definida. Anteriormente, além dos pulmões, o coraçãorelaciona-se também com o esterno, costelas e músculos intercostais;posteriormente com a aorta descendente, esôfago e veia ázigos; e lateralmentecom os pulmões, hilos pulmonares, nervos frênicos e vagos.

    (UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO, 2012)

    Repare que no plano do conteúdo (a abordagem do tema propriamente dito),assim como no plano de expressão (a forma como apresentamos as ideias), apalavra “coração”, no TEXTO 12, aparece no seu sentido denotativo, ou seja, étomada em seu sentido mais usual e sempre literal, com valor objetivo econstante.

    No entanto, leia o TEXTO 13, letra de uma música de Ivan Lins e, mais umavez, observe o emprego da palavra “coração”. 

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    TEXTO 13

    Perceba que, ao significado de “coração”, são acrescidos outros significadosque são resultantes de valores sociais, outras impressões e sentimentos, novasreações afetivas ou psicológicas que a palavra é capaz de evocar. “Coração”tem, no texto, o sentido de uma pessoa querida e, claro, como este sentido ésubjetivo, conotativo, é capaz de mudar de uma época para outra e, também,de uma cultura para outra.

    Observe a seguir, de que forma a palavra “coração” é utilizada, em umapropaganda do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

    Amor

    (Ivan Lins / Vitor Martins)(...)Vem me encantarMe tirar dos confinsFazer festa pra mim

    Vem coração  Acender meus balõesMinhas paixões

    Vem afastar as assombrações Arejar meus porõesVem acalmar os meus vendavaisMeus temores, meus ais

    Vem e me faz cada vez mais audazCada vez mais capaz

    De acreditarQue ainda posso tentar continuar

    Lutar, lutar, lutarPra gente ser felizCantar, cantar, cantarComo a gente sempre quis

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    Texto 14 

    Repare que, agora, a palavra coração exibe um duplo significado. Podeapresentar o sentido denotativo - “colocamos o coração em tudo o quefazemos”: reporta-se ao coração como órgão, pois o hospital é uma referênciamundial em cardiologia; ou o sentido conotativo, curiosamente na mesma frase“colocamos o coração em tudo o que fazemos”, pois alude à atitude dededicação profunda de todos aqueles que trabalham no hospital. Qual seria aanalogia possível neste caso? O fato de o coração representar, socialmente, ossentimentos humanos. Se formos ao dicionário encontraremos (muitas vezesde forma não tão abrangente) essa “distinção”. Observe a seguir. 

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    Nos textos técnicos, a linguagem a ser utilizada é a denotativa, que privilegia osentido literal, real e dicionarizado das palavras e frases, evitando malentendidos ou dubiedades. A denotação contribui diretamente para aconcretização de outras características como a imparcialidade e objetividade.

     A duplicidade de sentido é chamada ambiguidade. Muitas vezes, aambiguidade é gerada pela má colocação dos termos, expressões e palavras

    Acepções ■ substantivo masculino1  Rubrica: anatomia geral. 

    órgão muscular oco, na cavidade torácica, que recebe o sangue dasveias e o impulsiona para dentro das artérias; é dividido em duas partes(direito ou venoso, e esquerdo ou arterial) por um septomusculomembranoso, e cada metade contém uma câmara receptora(aurícula) e uma câmara ejetora (ventrículo)2  Derivação: por extensão de sentido.

    a parte anterior do tórax, onde se sente pulsar o coração; peitoEx.: levar a mão ao c.

    (...)6  Derivação: sentido figurado.a parte mais central ou mais profunda de algo; âmago

    Ex.: (...) 9  Derivação: sentido figurado. 

    a parte mais íntima de um ser; o berço dos sentimentos, das emoções,do afeto, do ânimo, da coragem etc.Ex.: 10  Derivação: por extensão de sentido, sentido figurado.

    lembrança, memóriaEx.: aquelas férias ficaram no c. do menino11  Derivação: sentido figurado. 

    pessoa a quem se ama12  Derivação: sentido figurado. 

    qualidade de bom, generoso; bondadeEx.: mulher sem c.13  Derivação: sentido figurado. 

    feitio moral; caráter, índole, temperamentoEx.: tem o c. obstinado dos fortes

    (HOUAISS, 2010)

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    nas frases. Deve-se, portanto, cuidar mais atentamente das construções frasais

    de maneira a garantir a clareza em nossos textos. Veja o exemplo a seguir:

    Exemplo:  "Secretarias de Segurança Pública que recebem apoio do Estadofrequentemente são mais eficazes na prevenção à violência."

     As Secretarias de Segurança Pública são mais eficazes porquefrequentemente recebem apoio do Estado ou são frequentemente maiseficazes na prevenção à violência porque recebem apoio do Estado?

    Observe que pode-se eliminar a ambiguidade com a colocação correta doadjunto adverbial (frequentemente):

    1) Secretarias de Segurança Pública que recebemfrequentemente apoio do Estado são mais eficazes na prevençãoà violência.

    2) Secretarias de Segurança Pública que recebem apoio doEstado são frequentemente mais eficazes na prevenção àviolência.

    Em outros casos, comparações feitas de maneira indevida são fontes deambiguidade:

    Exemplo:  "Em 2012, São Paulo não solicitou imediatamente ajuda daFederação para conter a violência, como aconteceu no Rio de Janeiro."

    O autor quis salientar a similitude na ação dos Estados de São Paulo ou Rio deJaneiro ou, ao contrário, quis salientar a dessemelhança, afirmando que oEstado do Rio de Janeiro solicitou de imediato a ajuda da Federação,diferentemente do Estado de São Paulo?

    Como se pode verificar, a ambiguidade é gerada pelo mau uso de algum termoe, por isso, considerada vício de linguagem. O cuidado com a correção e aclareza, garantidas por uma revisão criteriosa de nossos textos, pode, comcerteza, ajudar a evitar tais equívocos.

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    Hora da Prática

    Exercício 5  - Compare os textos a seguir e indique o que os assemelha ediferencia, considerando forma, estrutura, intenção e conteúdo.

    Texto 1514  Texto 1615  Texto 1716 

    Respostas17 

    14 Acessar Texto 15 nos anexos do curso.15

     Acessar Texto 16 nos anexos do curso.16

     Acessar Texto 17 nos anexos do curso.17 Os três textos referem-se ao problema dos menores que, por viverem situações adversas, acabam seenvolvendo em algum tipo de crime. O texto 15 está escrito em verso (é, inclusive, uma música docompositor Chico Buarque) e os textos 16 e 17 em prosa. O texto 15 tem sentido conotativo, linguagemliterária e preocupação estética; é mais subjetivo. O texto 16 é objetivo, dissertativo e informativo;apresenta dados numéricos em relação à criminalidade. O texto 17 é um texto técnico, trata-se de um

    memorando.

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    Finalizando...

    Neste módulo, você aprendeu que:

      Tomar uma decisão sob o ponto de vista linguístico é, acima de tudo,tornar-se capaz de fazer as melhores opções ao produzir um texto,qualquer que seja ele. Nesse sentido, é preciso considerar a adequaçãodo texto a ser produzido ao contexto específico da comunicação.

      Para Marcuschi (2002), gêneros textuais são os textos que encontramosem nossa vida diária e que apresentam característicassociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais,estilo e composição característica.

      O principal documento que norteia a redação oficial no Brasil é o Manualde Redação da Presidência da República que normatiza como devemser escritos os documentos oficiais dos órgãos públicos, maisespecificamente os do Poder Executivo.

      Nos textos técnicos, a linguagem a ser utilizada é a denotativa, queprivilegia o sentido literal, real e dicionarizado das palavras e frases,evitando mal entendidos ou dubiedades. A denotação contribui

    diretamente para a concretização de outras características como aimparcialidade e objetividade.