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Educação Patrimonial

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[travessa luís teotónio pereira, cova da piedade, almada][212 766 975 | 967 354 861]

[[email protected]][http://www.caa.org.pt]

[http://www.facebook.com]

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EDITORIAL

II Série, n.º 22, tomo 1, Janeiro 2018

Proprietário e Editor |Centro de Arqueologia de Almada,Apartado 603 EC Pragal, 2801-601 Almada PortugalNIPC | 501 073 566Sede | Travessa Luís TeotónioPereira, Cova da Piedade, 2805-187 AlmadaTelefone | 212 766 975E-mail | [email protected] | www.almadan.publ.ptISSN | 2182-7265Estatuto editorial |www.almadan.publ.ptDistribuição | http://issuu.com/almadanPatrocínio | Câmara M. de AlmadaParceria | ArqueoHoje - Conservaçãoe Restauro do PatrimónioMonumental, Ld.ªApoio | Neoépica, Ld.ªDirector | Jorge Raposo([email protected])Publicidade | Centro de Arqueologiade Almada ([email protected])Conselho Científico |Amílcar Guerra, António Nabais, Luís Raposo, Carlos Marques da Silvae Carlos Tavares da SilvaRedacção | Centro de Arqueologia deAlmada (sede): Vanessa Dias,Ana Luísa Duarte, ElisabeteGonçalves e Francisco Silva

Resumos | Jorge Raposo (português),Luisa Pinho (inglês) e Maria Isabel dosSantos (francês)Modelo gráfico, tratamento de imageme paginação electrónica | Jorge RaposoRevisão | Vanessa Dias, José CarlosHenrique, Fernanda Lourenço e SóniaTchissoleColaboram neste número |André Albuquerque, Nelson J. Almeida,Clementino Amaro, Ferran Antolín, José M. Arnaud, Ruben Barbosa, Ana C.Basílio, Luísa Batalha, João Belo, MarianBerihuete Azorín, Nuno Bicho, FlávioBiscaia, Carlos Boavida, Anabela

Borralheiro, Patrícia Brum, GuilhermeCardoso, António R. Carvalho, DanielR. de Carvalho, João Cascalheira,Enrique Cerrillo Cuenca, FernandoCoimbra, Luís Costa, Paulo Costa, Maria Isabel Dias, Mariana Diniz, Graça Cravinho, Pedro Cura, Joséd’Encarnação, Lídia Fernandes, CristianaFerreira, António Fialho, Rui RibolhosFilipe, José P. Francisco, Jorge Freire,Sara Garcês, Manuel García-Heras,Marijo Gauthier-Bérubé, Carolina Grilo,Vanda B. Luciano, Luís Luís, Ana P.Magalhães, João Marques, AndreaMartins, Ana Mateos Orozco, AlexandreMonteiro, César Neves, Luiz Oosterbeek,

Capa | Jorge Raposo

Imagem de visita à Rocha 1 da Ribeira dePiscos, no Parque do Côa, cerca de ummês após cheia registada no Inverno de2014. A linha tracejada a branco, à direita,marca a cota de inundação, aquievidenciada pela sobreposição de filtro quemescla a imagem original com umasuperfície aquática.

Foto © Luís Luís, Fundação Côa Parque,parcialmente sobreposta por imagemdisponível na Internet.

A abrir, esta Al-Madan Online confronta-nos com uma séria ameaça à integridade epreservação de uma das jóias da Arqueologia portuguesa, justamente integrada na listado Património Mundial da UNESCO: a arte rupestre do Vale do Côa, que em 1996 se

livrou da submersão provocada pela construção de uma barragem, mas está desde então sujeita acheias prolongadas. “As gravuras não sabem nadar” deu mote a um movimento que abalou asociedade portuguesa nos já distantes anos 1990. Presumimos hoje que continuarão a não saber.Contudo, constatamos que boa parte delas teve de desenvolver entretanto uma invulgar aptidãopara o mergulho em apneia!Conhecidas as condições ambientais da região, é expectável que a acção dos agentes naturaisaumente sazonalmente o caudal do rio Côa. Mas não é admissível permitir que esse efeito sejafortemente agravado pela ensecadeira que deveria ter funcionado só alguns meses, durante aconstrução da barragem, mas lá permanece quase 25 anos depois! É um enorme factor de riscopara um Património único e insubstituível, e também uma severa condicionante à suainvestigação, conservação e fruição pública. Identificar o problema e detalhar as suas causas econsequências tem o inegável mérito de alertar para a urgência de medidas correctivas quemerecem a atenção imediata da DGPC e da Fundação Côa-Parque.O Parque e o Museu do Côa justificam ainda outra abordagem nas páginas desta Al-MadanOnline, onde é defendido um modelo alternativo de gestão patrimonial. É um dos textos deopinião, que também se ocupam da investigação do século VIII e do paradigma dos orçamentosparticipativos. Os artigos dedicados a trabalhos e estudos arqueológicos são diversificados,temática e cronologicamente, e tratam contextos e materiais que vão da romanidade ao século XIX: da villa romana de Fundo de Vila (Tábua) à rede viária dessa época na zona doVimieiro (Arraiolos); das várias ocupações do Alto da Casa Branca (Lisboa) aos fornos de calcontemporâneos em Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Trofa; de 1/4 de dirham almóadarecolhido na zona de Alcácer do Sal, às gemas gravadas em alfaia litúrgica dos séculos XIV-XV eaos projécteis de armas ligeiras usados nos confrontos do século XIX. Há ainda um contributopara a história do ensino da Arqueologia em Portugal, a análise de fontes documentais relativasaos Paços do Município de Alcácer do Sal e à arte do guadameci em Évora e Vila Viçosa nosséculos XVI e XVII, e espaço para defender a tese que Fernão Lopes (≈1380/1390-1460) teránascido e sido sepultado no Alandroal. Por fim, desenvolvido noticiário arqueológico antecede ocomentário a diversos eventos e a agenda dos que são conhecidos para os próximos meses.E para começar bem, tem já a seguir uma reflexão sobre o binómio Arqueologia - Turismo.

Votos de boa leitura!

Jorge Raposo

Pedro Patacas, Franklin Pereira, MiguelPessoa, Rui Pinheiro, Inês V. Pinto,Leonor Pinto, Sandro Pinto, LuísRaposo, Raquel C. Raposo, ClodoaldoRoldán García, Maria Isabel Sarró, ChrisScarre, Isabell Schmidt, João L. Sequeira,Fernando R. Silva, Elisa Sousa, João P.Tereso, André Teixeira, André Texugo,João Torcato, António Valera, AntónioValongo e Gerd-Christian Wenigeru

Os conteúdos editoriais da Al-Madan Onlinenão seguem o Acordo Ortográfico de 1990.No entanto, a revista respeita a vontade dosautores, incluindo nas suas páginas tantoartigos que partilham a opção do editorcomo aqueles que aplicam o dito Acordo.

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ÍNDICE

II SÉRIE (22) Tomo 1 JANEIRO 2018online

EDITORIAL ...3

CRÓNICAS

ARQUEOLOGIA

As Gravuras Ainda não Aprenderam a Nadar:impacto das cheias na arterupestre do Vale do Côa entre 1996 e 2016 |Luís Luís...10

A Arqueologia e o Turismo:útil binómio a acautelar |

José d’Encarnação...6

ESTUDOS

Quinta das Covas, uma Villa Romana em

Fundo de Vila, Tábua |Raquel Caçote Raposo

...29

O Sítio Arqueológico do Alto da Casa Branca (Tapada da Ajuda, Lisboa) | GuilhermeCardoso, Clementino Amaro e Luísa Batalha...35

Os Fornos de Cal Artesanais nosConcelhos de Vila do Conde, Póvoa

de Varzim e Trofa na ÉpocaContemporânea: contributo para

o seu estudo | Fernando Ricardo Silva...41

A Rede Viária Romana como Objeto de Reflexão: a propósito dos troços calcetados da Herdade das Postas e da ponte da Fargelinha(Vimieiro, Arraiolos) |Ruben Barbosa...50

Gemas Gravadas numa Alfaia Litúrgica |

Graça Cravinho...60

Bater a Caçoleta: subsídio para o estudo da coleção de projéteis de armas ligeiras do Museu Leonel Trindade | Rui Ribolhos Filipe...74

Breve Nota sobre 1/4 de Dirham Perfurado de Cronologia AlmóadaEncontrado Junto a Qasr al-Fath / Alcácer [do Sal] | António RafaelCarvalho...68

..

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5

O Ensino da Arqueologia no Século XIX: uma abordagem preliminar de propostas,programas e cursos | Daniel Martins da SilvaRodrigues de Carvalho...80

¿Por qué no se estudia el siglo VIII? Una reflexión historiográfica y bibliométrica |Ana Mateos Orozco...98

HISTÓRIA DA ARQUEOLOGIA PORTUGUESA

Museu do Côa: dodiscurso institucional

ao museu participativo |José Paulo Francisco

...86

OPINIÃO

Guadamecis e Guadamecileiros de Évora e Vila Viçosa: uma arte

de luxo em 1500-1600 |Franklin Pereira...131

Do Castelo até à Ribeira: um olhar sobre os Paços do Município de Alcácer do Sal | AntónioRafael Carvalho...114

Textos de...

José d.’Encarnação [pp. 182-184]; João P. Tereso et al. [pp. 185-187]; João Cascalheira et al. [pp. 187-189];Fernando Coimbra e Luiz Oosterbeek [pp. 190-191];António Valera [pp. 192-193];João P. Tereso [pp. 193-194];Manuel García-Heras et al. [pp. 195-196];José M. Arnaud et al. [pp. 197-198]

EVENTOS...182

Agenda...199

PATRIMÓNIO O Estranho Caso da Ota: o paradigma dos Orçamentos Participativos e os resultadosde um projecto “comunitário” | AndréTexugo e Ana Catarina Basílio...104

Textos de...

Nelson J. Almeida et al. [pp. 150-151]; Rui Pinheiro [pp. 152-157];Guilherme Cardoso [pp. 158-159]; João L. Sequeira e António Valongo [pp. 160-161]; Vanda B. M. Luciano [pp. 162-163];André Albuquerque et al. [pp. 164-165]; Alexandre Monteiro et al. [pp. 166-170];Ana Patrícia Magalhães et al. [pp. 171-173];Lídia Fernandes e Carolina Grilo [pp. 174-176];Miguel Pessoa [pp. 177-181]

NOTICIÁRIO

ARQUEOLÓGICO...150

Fernão Lopes, natural do Alandroal | João Torcato

e José d’Encarnação...145

HISTÓRIA LOCAL

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junto do público e, muito especialmente, da po -pulação local, uma vez que se pretende que esteespaço seja entendido também como um centrode encontro e partilha, para além da natural di -vulgação do monumento romano e da históriado sítio que se preconiza.Desde a reabertura do museu (setembro de 2015),o Museu de Lisboa - Teatro Romano oferece umaprogramação variada a todos quantos veem nomuseu um local de partilha de conhecimentos.Pa lestras, visitas guiadas, percursos na envolventedo museu, encenações clássicas nas ruínas e múl-tiplas outras atividades, têm demonstrado umin teresse crescente por este equipamento. Também com o objetivo de abrir o teatro ro -mano, recuperando a função para a qual foi cria-do, acontece em julho, nas suas vetustas ruínas,o Teatro Clássico. Com peças do repertório clás-sico greco-latino levadas à cena exclusivamentepara este monumento arqueológico, o grupo deTeatro Maizum tem desenvolvido um importantetrabalho de encenação. Em 2016, foi levada àce na a peça A Paz, do poeta grego Aristófanes,e, em 2017, a peça O Misantropo, do poeta Me -nandro, que subiu ao palco entre 6 e 23 de julho.

Uma das atividades de maior sucesso é a “Horade Baco”. Nas últimas quintas-feiras de cada mês,entre as 18 e as 20h, o museu abre gratuitamente,oferecendo, de modo informal, pequenos con-certos musicais acompanhados de provas de vi -nhos patrocinadas pela Cooperativa Agrícola deSanto Isidro de Pegões. Recupera-se, afinal, afunção do post scaenium dos teatros romanos: por

Ofacto de um monumento romano do sé -culo I d.C. permanecer no coração de uma

capital é notável. Se pensarmos que sobreviveuao casario compacto que sobre ele se erigiu, aosmuitos terramotos que assolaram a cidade e àpi lhagem de quase todas as suas pedras que per-mitiram reerguer a cidade após o terramoto de1755, é verdadeiramente admirável que ele sub-sista, reconhecível, sob o chão que pisamos.As vicissitudes da descoberta do monumento re -velam contornos não menos interessantes. O es -forço de alguns, o azar de algumas situações e ascoincidências felizes, em outros casos, uniram--se para forjar uma história plena de episódiosinsuspeitos, recheados por pessoas que viveramno local e cujo destino se enredou com a históriado antigo teatro romano, construído nos iníciosdo século I d.C. E como somente se protege o que se conhece, éobjetivo do Museu de Lisboa - Teatro Romanodar a conhecer o monumento cénico romano.Abrir as portas a todos os públicos, divulgar o es -pólio recolhido ao longo de muitas intervençõesarqueológicas, transmitir alguns dos conheci-mentos que uma longa investigação, iniciada hámais de cinquenta anos, permitiu recolher, é amis são que se impõe.A reabertura do Museu de Lisboa - Teatro Ro -mano em 2015, após obras de renovação e valo-rização implementadas nos dois anos anteriores,levou a que se preconizasse uma maior divulgaçãodeste equipamento após aquele período de encer-ramento. O objetivo é, naturalmente, divulgaro mu seu, mas também torná-lo mais acolhedor

NOTICIÁRIO ARQUEOLÓGICO

detrás da fachada cénica dos teatros latinos loca-lizavam-se grandes praças, onde a população seentretinha antes e no final dos espetáculos. Oobjetivo é, assim, abrir o museu a todos, em ho -rário alargado, e promover a iniciativa da “Horade Baco” como um elo de ligação da comunidadedesta nova intensa e extensa freguesia de Lisboa:Santa Maria Maior. Tecer uma teia de relações que una populaçõestão diversas como as que habitam o território vas -to que se estende desde a Baixa Pombalina a SãoVicente, Santo Estevão, o Bairro do Castelo oua zona da Sé, constitui um desafio difícil, mas ver -dadeiramente aliciante. Neste intento, o papelda Junta de Freguesia de Santa Maria Maior temsido decisivo, e é também por essa razão que mu -seus e instituições locais têm de unir esforços pa -ra formar uma rede informativa fortemente iden-titária. Na “Hora de Baco”, apela-se aos vizinhosdo Museu de Lisboa - Teatro Romano que ve -nham encontrar-se e fruir este local, que que re -mos que vejam como seu.No projeto Saudades da Rua da Saudade, que oMuseu de Lisboa - Teatro Romano tem vindo adesenvolver desde os finais de 2016, é o museuque sai ao encontro dos vizinhos mais antigos,querendo conhecê-los e registar as memórias queainda persistam sobre o longo processo de im -plan tação deste equipamento cultural na zonaem que residem. São simultaneamente recorda-ções e informações preciosas que concorrem paraum mais profundo conhecimento do teatro roma-no, e para a compreensão do impacto social dascampanhas arqueológicas no local.

174 II SÉRIE (22) Tomo 1 JANEIRO 2018online

Saudades da Rua da Saudade. O teatro romano e a sua envolventenas memórias da cidade

um projeto museológico e de investigaçãode ligação à comunidade através da música,da história e da memória, desenvolvidopelo Museu de Lisboa - Teatro Romano

Lídia Fernandes 1 e Carolina Grilo 2

1 Arqueóloga. Coordenadora do Museu de Lisboa - Teatro Romano (EGEAC / CML) ([email protected]);2 Arqueóloga. Museu de Lisboa - Teatro Romano (EGEAC / CML) ([email protected]).

Por opção das autoras, o texto segue as regras do Acordo Ortográfico de 1990.

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através das suas magníficas fotografias, um terri-tório repleto de história e de histórias.Não poderíamos deixar de agradecer o contributodos muitos depoimentos que nos foram dadospor habitantes, uns mais antigos outros mais rec -entes, sobre a sua visão de como é habitar e usu-fruir desta zona da cidade. Também um agrade-cimento a Maria Miguel Lucas que participouneste projeto e que colabora na iniciativa da“Ho ra de Baco” no museu desde o seu início.No entanto, este é um projeto que parte da ar -que ologia e que pretende devolver à comunidadeos contributos desta ciência. O sítio arqueológico

Este projeto entende-se como um trabalho decontinuidade que pretende recolher este patrimó -nio imaterial. Os resultados deste primeiro anode investigação do projeto Saudades da Rua daSaudade junto da comunidade local foram apre-sentados ao público através de uma exposição queinaugurou no dia 9 de novembro de 2017, naGaleria de Exposições da Junta de Freguesia deSanta Maria Maior (patente até março de 2018),e de um espetáculo musical nas ruínas do teatroromano, que ocorreu no dia 21 de outubro de2017. A entrada, gratuita em todos os eventos,apela à participação de todos e abre o sítio arqueo-lógico do teatro romano a toda acomunidade de vizinhos e ao pú -blico em geral.Num território tão ligado ao Fa -do e à Música Popular, pensamosque as Saudades da Rua da Sau -dade (um dos arruamentos fron-teiro ao Teatro Romano) não po -deriam deixar de estar associadasa Ary dos Santos, poeta maiorque aí residiu até à sua morte,em 1984. A colaboração dos“Flor de Sal” (grupo de músicatra di cional / world music) e da fa -dista Marifá (residente na Graça),foi pensada no sentido de oferecera Lisboa um espetáculo que sepretendeu que fosse simultanea -men te um Tributo a Ary dos San -tos e à tradição cultural desta áreatão antiga da cidade. Porque amúsica popular, também ela, temuma história, é diversa e evolui,o Mu seu de Lisboa - Teatro Ro -mano dá o seu contributo para oaliar da tradição à modernidade,para a partilha de histórias quefa çam do quotidiano e do futurolugares melhores para viver e pen-sar.

Sublinha-se, neste projeto, a apresentação deuma pequena monografia que contou com algu-mas colaborações institucionais, e a participaçãode investigadores vocacionados para a recolhado património imaterial sobre o qual este projetotambém se debruça. Neste âmbito, o contributode vários antropólogos que nele participaram foiimprescindível [Ana Cosme (CML), DanielaAraújo e Rui Coelho (Museu de Lisboa, EGEAC)].A exposição pretende mostrar “o antes e o agora”da área envolvente ao teatro romano. Para tal, aco laboração do Arquivo Municipal de Lisboa(CML) foi determinante, permitindo ilustrar,

FIGS. 1 E 2 - Aspetos doespetáculo Saudades da Rua da

Saudade - Tributo a Ary dosSantos, inserido no projeto

Saudades da Rua da Saudade. O teatro romano e a sua envolvente nas memórias

da cidade. FOTO

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passado. São eles que relembram a demo-lição dos edi fícios, a incerteza de perma-necerem na zona ou de aguardarem a des-locação para outro local. São eles que assis-tiram às primeiras descobertas dos ves -tígios do teatro romano, as primeiras colu-nas, as primeiras pedras, os pavimentos,muros e construções que testemunha vama existência de um teatro romano no mes-mo sítio onde moravam.São estas testemunhas que assistem, tam-bém, ao 25 de abril de 1974 e aos novosva lores que então se impõem. Como aim prensa de então sublinha, “descobertasde mero valor arqueológico” são contráriasà expropriação dos moradores e à demo-lição dos edifícios.

O objetivo que se impõe é o de dar um contributofísico para que estas memórias, e as recolhas rea-lizadas até ao momento, não se percam. A análisesocial e antropológica liga-se, de forma natural eirremediável, ao tecido histórico e à herança ar -queológica deste local. Apenas conhecendo a ri -quíssima herança histórica que nos coube, a po -demos proteger e estabelecer uma ligação entreo passado e o nosso presente.É também esta a missão do Museu de Lisboa - -Teatro Romano, a de constituir um repositóriode informações, memórias do teatro romano eda sua envolvente ao longo da nossa história. Es -te compromisso articula-se com o próprio ob je -tivo deste espaço museológico: o Museu de Lis -boa - Teatro Romano tem como missão a inves-tigação, salvaguarda e preservação das estruturasarqueológicas que integram o seu espaço museo-lógico. É objetivo do museu a divulgação destepatrimónio – composto pelas ruínas do teatroro mano, mas também pelas ocupações humanasreconhecidas no local, anteriores e posteriores àconstrução do monumento romano. O profundoconhecimento que se possui sobre esta zona daci dade, transforma este equipamento num museude sítio, possibilitando o usufruto do conheci-mento diacrónico do local.O teatro da antiga cidade romana de FelicitasIulia Olisipo é o monumento romano melhorco nhecido em Lisboa. Edificado nos inícios dosé culo I d.C. e tendo capacidade para quasequatro mil espectadores, testemunha a impor-tância da cidade desde os primeiros tempos daconquista romana.

do teatro romano continua a representar nosnos sos dias um marco da paisagem urbana. Ummarco pela ausência, uma vez que o espaço atual-mente escavado constitui um sítio em negativo:uma área escavada visível da rua e que ocupacer ca de 1.500 m². Do processo de demolição eescavação, operados num tempo longo, aindaper manecem as marcas, quer nas empenas ondefi caram marcados os negativos de edifícios, querno que persiste dos alicerces de outros já de mo -lidos, mas que perduram na zona limítrofe daárea intervencionada.Deste complexo processo de escavação arqueo-lógica em pleno coração da cidade antiga, outrasmarcas atestam uma intervenção interrompidae cujas soluções arquitetónicas e urbanísticas ado-tadas não foram pensadas como permanentes,an tes como solução de recurso que foram ficandoao longo dos anos. Passadiços provisórios queaguardam substituição para se tornarem maisacessíveis, tapumes que esperam por opções maisagradáveis, constrangimentos da área viária quenão demarcam o espaço museográfico ou a áreaarqueológica.Um sítio arqueológico no meio de Lisboa é umprivilégio. No entanto, pode tornar-se um incó-modo para muitos dos moradores que, paredesmeias com o sítio, assistem durante anos seguidosa um “estaleiro” de escavação que não tem fim àvis ta.É especialmente para estes moradores que o Mu -seu de Lisboa - Teatro Romano tem voltado asua atenção. Os vizinhos mais antigos são, natu-ralmente, os que guardam memórias vivas desse

NOTICIÁRIO ARQUEOLÓGICO

176 II SÉRIE (22) Tomo 1 JANEIRO 2018online

Espetáculo Saudades da Rua da Saudade - tributo aAry dos Santos

Museu de Lisboa - Teatro Romano: nas ruínas doteatro, frente à Rua de São Mamede, n.º 3-A.

21 de outubro de 2017, 21h; entrada gratuita; maiores de 6 anos.

Exposição e publicaçãoSaudades da Rua da Saudade:o teatro romano e a suaenvolvente nas memórias da cidade

Galeria de Exposições da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior

9 de novembro de 2017 a 2 de março de 2018;entrada gratuita.

índice da publicação

Saudades da Rua da Saudade e o Museu de Lisboa - - Teatro Romano, Joana Gomes Cardoso (Presidentedo Conselho de Administração da EGEAC)

Saudades da Rua da Saudade, Joana Sousa Monteiro(Diretora do Museu de Lisboa / EGEAC)

O Projeto “Saudades da Rua da Saudade”. Génese eenquadramento, Lídia Fernandes (Coordenadorado Museu de Lisboa - Teatro Romano / EGEAC)

O Teatro Romano de Felicitas Iulia Olisipo. Um monumento romano e um museu no centro da cidade, Lídia Fernandes (Coordenadora doMuseu de Lisboa - Teatro Romano / EGEAC)

Tão Perto e Tão Longe: a transformação da paisagemurbana da zona envolvente do museu do teatroromano, Carolina Grilo (Arqueóloga. Museu deLisboa - Teatro Romano / EGEAC)

Memórias da Saudade, Daniela Araújo e Rui Coelho(Antropólogos. Museu de Lisboa - Palácio Pimenta/ EGEAC); Ana Cosme (Antropóloga. CâmaraMunicipal de Lisboa)

Do Teatro à Cidade: renovação de um espaço, novas funções e novas pessoas, Maria Miguel Lucas(Arqueóloga. Colaboradora do Museu de Lisboa - Teatro Romano)

O Que a Arqueologia nos Conta, Lídia Fernandes(Coordenadora do Museu de Lisboa - TeatroRomano / EGEAC), Carolina Grilo, (Arqueóloga do Museu de Lisboa - Teatro Romano / EGEAC),Rani Almeida (Aluna do curso História da Arte daFCSH da Universidade Nova de Lisboa. Estagiáriado Museu de Lisboa - Teatro Romano).

Novos Desafios: a Junta de Freguesia de Santa MariaMaior: um coração que não pode parar de bater,Miguel Coelho (Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior).

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