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PROJETO E DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO PRODUTO: ANILHA DE ENCHER mariana simiao brasil de oliveira (UFERSA) [email protected] MARILIA SOUSA TEIXEIRA (UFERSA) [email protected] KATIA PRISCILA FERNANDES MAIA MEDEIROS (UFERSA) [email protected] Renato Bezerra Reis (UFERSA) [email protected] Izaac Paulo Costa Braga (UFERSA) [email protected] Nos dias atuais, em uma economia globalizada, a vantagem competitiva de uma empresa está diretamente relacionada à sua capacidade de inserir novos produtos e serviços no mercado, apresentando características de qualidade, desempenho, custo e conteúdo tecnológico que satisfaçam as exigências dos seus possíveis consumidores. Na literatura podem ser encontradas várias metodologias para o desenvolvimento de novos produtos, cabendo a cada empresa encontrar ou adequar àquela que melhor se adapte a sua realidade e cultura. A maior dificuldade, geralmente, enfrentadas pelas empresas é encontrar profissionais com capacidade de gerenciar processos sistêmicos, que possuem certo grau de complexidade e, ainda, envolvem várias áreas da organização, como marketing, P&D, engenharia e produção. Neste contexto, este artigo tem como objetivo principal apresentar o projeto e desenvolvimento de um novo produto, de baixa complexidade, denominada de Anilha de Encher. Palavras-chave: Desenvolvimento de novos produtos, engenharia de produção, anilha de encher. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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PROJETO E DESENVOLVIMENTO DE

UM NOVO PRODUTO: ANILHA DE

ENCHER

mariana simiao brasil de oliveira (UFERSA)

[email protected]

MARILIA SOUSA TEIXEIRA (UFERSA)

[email protected]

KATIA PRISCILA FERNANDES MAIA MEDEIROS (UFERSA)

[email protected]

Renato Bezerra Reis (UFERSA)

[email protected]

Izaac Paulo Costa Braga (UFERSA)

[email protected]

Nos dias atuais, em uma economia globalizada, a vantagem

competitiva de uma empresa está diretamente relacionada à sua

capacidade de inserir novos produtos e serviços no mercado,

apresentando características de qualidade, desempenho, custo e

conteúdo tecnológico que satisfaçam as exigências dos seus possíveis

consumidores. Na literatura podem ser encontradas várias

metodologias para o desenvolvimento de novos produtos, cabendo a

cada empresa encontrar ou adequar àquela que melhor se adapte a

sua realidade e cultura. A maior dificuldade, geralmente, enfrentadas

pelas empresas é encontrar profissionais com capacidade de gerenciar

processos sistêmicos, que possuem certo grau de complexidade e,

ainda, envolvem várias áreas da organização, como marketing, P&D,

engenharia e produção. Neste contexto, este artigo tem como objetivo

principal apresentar o projeto e desenvolvimento de um novo produto,

de baixa complexidade, denominada de Anilha de Encher.

Palavras-chave: Desenvolvimento de novos produtos, engenharia de

produção, anilha de encher.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

Nas últimas décadas, tem-se observado movimentos de globalização econômico-financeira

seguidos de globalização de produto e consumo. Essas transformações no cenário econômico

têm gerado forte concorrência nunca antes vista entre organizações. O sucesso na gestão do

sistema de desenvolvimento de produto é crucial para a competitividade e sobrevivência de

qualquer empresa na era atual. (CHENG & FILHO, 2007).

Assim, ressalta-se que em uma economia globalizada, a vantagem competitiva de uma

empresa está diretamente relacionada à sua capacidade de introduzir novos produtos e

serviços no mercado, apresentando características tecnológicas de qualidade, bem como

desempenho, custo e distribuição que satisfaçam as exigências dos consumidores. Desta

forma, desenvolver novos produtos que atendam as novas exigências dos clientes, ou que por

sua vez as antecipem, constitui um ponto fundamental para a longevidade das organizações.

Para Takahashi e Takahashi (2007) é de suma importância a atividade de desenvolvimento de

produtos no mundo dos negócios, pois determina cerca de 70% a 90% do custo final dos

produtos e de outros desempenhos relacionados à qualidade, à diversificação e ao tempo de

introdução no mercado. Demonstra objetivos, intenções e concretiza novas ideias, produtos ou

soluções pelos quais os consumidores pagarão para satisfazer suas necessidades. Assim, o

desenvolvimento de produto é um dos mais importantes processos responsáveis pela

agregação de valor aos negócios.

O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) pode ser definido como um conjunto de

atividades por meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das

possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de

produto da empresa, chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de

produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo. O desenvolvimento de produto,

também envolve o acompanhamento do produto após o lançamento, bem como o

planejamento da descontinuidade do produto no mercado incorporando estes conceitos na

especificação do projeto atendendo assim, todas as necessidades do produto ao longo do seu

ciclo de vida (ROSENFELD et al., 2006).

Na literatura, encontram-se diversas propostas de metodologias para o desenvolvimento de

novos produtos, cabendo às empresas encontrar ou adequar aquela que melhor se adapte à sua

realidade e cultura. Segundo Montgomery e Porter (1998), o mercado está, cada vez mais,

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exigindo estudos mais sérios e eficazes sobre metodologias do PDP para que reduzam riscos e

intervalos que compõem as atividades. Desta forma, é necessário que cada empresa (pequena,

média ou grande porte), empregue o seu próprio processo de desenvolvimento de produto,

definindo processos precisos e detalhados, e em casos mais simples, definir processos com

pouca estruturação, ou até mesmo, seguir vários tipos de processos para cada tipo diferente de

PDP (TAKAHASHI & TAKAHASHI, 2007).

Uma das dificuldades enfrentadas pelas empresas é encontrar profissionais capazes de

gerenciar esse processo, com características sistêmicas, que envolve diversas áreas da

organização, como P&D, marketing, engenharia e produção. O desenvolvimento de produtos

e a gerência desta atividade é função típica e afeta a engenharia de produção, de forma que a

maioria dos cursos de graduação oferece a disciplina Projeto e Desenvolvimento do Produto,

permitindo ao futuro profissional compreender todas as etapas necessárias para o

desenvolvimento de um novo produto, bem como a gerência deste processo.

Neste contexto, este artigo tem como objetivo apresentar a aplicação de uma metodologia,

utilizada na disciplina Projeto e Desenvolvimento do Produto, para o desenvolvimento de um

novo produto de baixa complexidade. O produto proposto foi uma anilha de encher. Para isso,

foi adotada uma metodologia composta pelas seguintes etapas: geração do conceito, projeto

preliminar, projeto detalhado e protótipo, definição do custo do produto e do processo de

produção e por último, transformação da ideia em negócios.

2. Referencial Teórico

O processo de desenvolvimento de produtos pode ser caracterizado como uma atividade

multidisciplinar. Citado como um processo que lista todas as informações sobre o produto,

essas serão medidas para identificar e formar conceitos sobre demanda, desenvolvimento

técnico e uso desse produto. Para Clarck e Fujimoto (1991), quando as empresas transformam

dados e oportunidades de mercado em informações proveitosas para fabricação e

desenvolvimento de um produto, logo obtendo sucesso no mercado ainda faz parte do

desenvolvimento de produtos.

Segundo Barbosa Filho (2009), o surgimento de novos produtos existe a partir do momento

que as necessidades dos clientes não foram atendidas, no entanto o desenvolvimento de um

produto para o mercado consumidor vai além do empreender, já que são analisados vários

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fatores como: questões ambientais referentes às escolhas de matéria-prima, resíduos gerados

na produção, poluição, etc.

Para Rosenfeld et al. (2006), o PDP é um processo de negócio cada vez mais decisivo devido

ao comercio internacional, aumento da variedade de produtos e a diminuição do seus ciclos de

vida, significando entrada de novos produtos buscando atender partes peculiares do mercado,

aliando novas tecnologias e se adequando a novos padrões e restrições legais.

O desenvolvimento de novos produtos é uma tarefa importante e com riscos para a empresa

fabricante, onde pode se tornar um grande sucesso, no entanto com grande fracasso no

mercado. São citados três fatores que podem determinar o sucesso no lançamento de produtos,

como: a forte orientação para o mercado, planejamento e especificação prévias e fatores

internos à empresa (BAXTER, 2011).

Para Takahashi & Takahashi (2007) existem várias decisões que o projeto concretiza para a

transformação englobar as áreas técnicas, bem como a econômica de mercado. O ajuste de

decisões das fases de desenvolvimento busca reduzir as incertezas ao longo do tempo,

assimilando o PDP a um “funil”. Tais autores definem o processo em 05 fases, sendo essas:

Fase 1 – Avaliação de conceito: analise das oportunidades de produto e começar o processo

de desenvolvimento do produto.

Fase 2 – Planejamento e especificação: deixar o produto claro, conciso, quais vantagens

competitivas, definir funções e determinar a viabilidade desse.

Fase 3 – Desenvolvimento: nessa fase é o desenvolvimento do produto em si, focado na

tomada de decisão da fase anterior. Todo o detalhamento do projeto e atividades são definidos

na fase 3.

Fase 4 – Teste e avaliação: realização de um teste final, preparação da produção e o

lançamento do produto.

Fase 5 – Liberação do produto: nessa fase irão ser verificadas se a produção, o marketing, o

sistema de distribuição e o suporte ao produto estão prontos para darem início as atividades.

Atualmente o modelo referencial mais aplicado no PDP é o modelo de Rozenfeld et al.

(2006), exposto na Figura 1, representado por três macrofases: pré-desenvolvimento,

desenvolvimento e pós-desenvolvimento, contando com os processos de apoio:

gerenciamento de mudanças de engenharia e melhoria do processo.

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Figura 1 – Modelo de Referência

Fonte: Rozenfeld (2006)

(1) Pré-desenvolvimento: nessa fase será estabelecido o produto a ser desenvolvido, ou seja, o

escopo, avaliação econômica e de risco, quais indicadores para monitoramento do projeto e

definição de planos de negócio. Contando com o planejamento estratégico do produto, feito

anteriormente para que sejam atendidos os objetivos da organização.

(2) Desenvolvimento: essa fase permite um número maior de atividades relacionadas com o

projeto de um produto, sendo dividida em 04 etapas: Projeto Informacional; Projeto

Conceitual; Projeto Preliminar e Projeto Detalhado.

(3) Pós-desenvolvimento: nessa fase ocorre inicialmente um planejamento de como o produto

será acompanhado e retirado do mercado. Como serão realizadas alterações, reparos de falhas

e propor melhoria continua até atingir as metas impostas no PDP. Cabendo a retirada do

produto do mercado e atitudes relacionadas ao descarte do material para o meio ambiente

devem ser adotadas.

Segundo Rozenfeld et al. (2006), dentro das primeiras fases do PDP as soluções fundamentais

e especificações do produto como: itens, tecnologias aplicada, tipo de manufatura, são

idealizadas e correspondem cerca de 85% do seu custo final, sendo nessas fases a

possibilidade de obter maior grau de incerteza sobre o produto, processo e como

desempenhará no mercado.

3. Desenvolvimento do projeto do produto

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O modelo de PDP utilizado neste trabalho é o proposto por Faria (2007), no entanto são

consideradas todas as outras metodologias descritas no referencial teórico, bem como

conhecimentos adquiridos na disciplina. Para o autor, o modelo para o desenvolvimento do

produto, apresentada na Figura 2, incide no levantamento de informações e execução das 5

etapas:

1ª Etapa – Geração do conceito: (1.1) Geração de ideias; (1.2) Especificação de

oportunidades.

2ª Etapa – Projeto preliminar.

3ª Etapa – Projeto detalhado e protótipo.

4ª Etapa – Definição do custo e processo de produção: (4.1) Composição do custo do

produto/serviço; (4.2) Descrição do processo de produção (layout); (4.3) Fluxo do

processo/equipamento/mão de obra.

5ª Etapa – Transformando Ideias em negócios: (5.1) Exploração da oportunidade; (5.2)

Lógica do negócio.

Figura 2 – Modelo PDP

Fonte: Faria (2007)

Tais etapas serão abordadas com mais detalhas no decorrer desse tópico, para que o

desenvolvimento do produto seja realizado.

1ª Etapa – Geração do conceito

Nessa etapa é definido o tipo de produto que o mercado almeja, então faz-se necessário

conhecer as expectativas dos clientes em potencial e mencionar as funcionalidades deste

produto, formando assim o conceito do produto. No presente trabalho foi realizada uma

pesquisa do mercado “fitness” verificando quais suas oportunidades e restrições para novos

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produtos. A partir dessa pesquisa foi possível determinar onde seria produzido este produto,

como seria vendido, utilizado e descartado. Já a investigação da necessidade do produto,

estabelecimentos dos requisitos e limitações, o design do produto são feitos através da análise

de viabilidade.

A primeira limitação constatada para o produto seria o tipo de material a ser utilizado para

que fosse leve, maleável e resistente. Assim, o material escolhido foi o polipropileno que

compõe todas as características supracitadas.

Geração de ideias:

O grupo do trabalho deveria conceber um produto inovador, útil, técnico e economicamente

viável para a solução de um problema explorado a partir da oportunidade de mercado. Então,

a ideia surgiu através da técnica de brainstorming tendo com foco atender a necessidade de

um consumidor "fanático" frequente em academias de ginástica e viajante (logo não poderia

transportar excesso de peso e fixar-se em uma academia). Foi realizada uma pesquisa deste

produto, via online, onde o mesmo não foi encontrado.

O produto idealizado será denominado “Anilha de encher”, que poderá ser cheia com água,

areia ou bolas de chumbo. Para avaliação, inicialmente, a viabilidade da ideia, o grupo

respondeu aos questionamentos apresentados no Quadro 1.

Quadro 1 – Questões analisadas na geração de ideias para a “Anilha de encher"

Mercado para a produção Nacional.

Clientes Pessoas que gostem de praticar exercícios

físicos.

Potenciais concorrentes Fabricantes de equipamentos de

academias.

Caráter inovação Manuseio e praticidade.

Características

Este produto possibilita transporte com

facilidade, material de plástico resistente,

fácil fechamento da rosca. Permite

mudança de peso conforme material

utilizado para encher e um treino em casa

quando não for possível ir a uma

academia.

Processo produtivo Processo de fabricação discreto, com

baixa complexidade.

Fornecedores Fabricantes de matéria-prima e compostos

do “plástico” utilizado.

Embalagem Produto embalado em caixas de papelão e

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plástico.

Perfil técnico da equipe Pessoas com habilidades específicas para

fabricação desses produtos. Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)

Ainda para análise de viabilidade foi realizada pesquisa junto ao Instituto Nacional de

Propriedade Industrial (INPI) para verificar se havia algum registro de propriedade industrial

como patente ou modelo de utilidade. Como palavras-chave da pesquisa foram utilizadas:

“anilha de encher”, “anilha para encher”, “anilha vazia”, “anilha de plástico” e outros. O

resultado de uma das pesquisas é apresentado na Figura 3.

Figura 3 – Resultado da pesquisa junto ao INPI para a “Anilha de encher"

Fonte: http://www.inpi.gov.br/portal

Especificação de oportunidades

Para esse quesito foram avaliadas as características do mercado, buscando identificar os

possíveis clientes. O público alvo do novo produto denominado “Anilha de encher” poderá

ser composto por praticantes de musculação que desejam manter um treino continuo, podendo

malhar em casa ou em qualquer lugar que viaje, sem gerar excesso de bagagem e ainda com

ajuste do peso. Sem restrição de classe social, visto que é um produto de fácil aquisição, bem

como a pratica de esporte abrangem todas as classes. As características deste público

basicamente se resumem em pessoas que gostam de praticar exercícios, praticidade, fácil

manuseio e a um preço acessível. O sucesso do produto está condicionado à qualidade com

um preço que os clientes estejam dispostos a pagar.

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Para avaliar a viabilidade da ideia, foi realizada uma comparação de produtos concorrentes ou

semelhantes, disponíveis no mercado, conforme Quadro 2.

Quadro 2 – Avaliação de produtos similares e potenciais concorrentes

Concorrente Descrição Desvantagem Preço

1 Anilha de ferro

Não atende outras necessidades dos

consumidores como, por exemplo,

difícil transporte e pesada.

R$ 12,00*2kg

2 Anilha de Plástico

A carga é limitada, já que é feita de

material leve. A unidade é feita em até

2 kg.

R$ 8,00

Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)

2ª Etapa - Projeto preliminar

O projeto preliminar é uma etapa onde há a necessidade de uma tomada de decisão mais

cautelosa, pois as decisões definidas no início do desenvolvimento do projeto podem acarretar

em problemas difíceis de serem revertidos nas fases seguintes, agregando um alto custo para o

projeto e desenvolvimento do produto.

O projeto preliminar da “Anilha de encher” é constituído por uma peça única, formada por

dois componentes, o corpo e a tampa. O corpo tem a forma circular com outro círculo no

centro dele e a tampa também é circular, tendo seu fechamento pelo método do enroscamento.

Serão fabricados dois tipos da anilha, a que pode atingir até os 5 kg na cor vermelha e de 10

kg na cor azul. A partir de medidas padrões foram feitos o desenho preliminar do produto,

conforme apresentado na Figura 4.

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Figura 4 – Modelo Anilha de Encher

Fonte: Autoria Própria (2015)

3ª Etapa - Projeto detalhado e protótipo

No projeto detalhado é analisada a forma geométrica do produto, fazendo a devida seleção de

materiais para a execução do projeto. Nesta etapa deve-se detalhar o produto, planejar os

processos de fabricação, montagem e embalagem do mesmo, além de realizar a reavaliação

ergonômica e executar algumas alterações caso sejam necessárias.

O material escolhido, polipropileno, suporta altas temperaturas, impacto e é reciclável.

Algumas de suas propriedades são: resistência química, soldável e moldável permitindo a

fabricação de tanques e conexões, resistente à absorção de umidade, ótima resistência

dielétrica, alta tenacidade, bom isolamento térmico, boa resistência à abrasão, bom equilíbrio

de propriedades térmicas e elétricas, resistência mecânica moderada, boa resistência ao

impacto, atóxico, baixo custo, fácil usinagem, pode ser aditivado, alta resistência ao entalhe,

opera até 115°C, leveza.

4ª Etapa - Definição do custo e processo de produção

No projeto de um produto devem ser considerados aspectos relacionados com a estratégia da

empresa, o mercado, o marketing, a tecnologia envolvida, as inovações desejadas e o processo

de produção. Os custos dos recursos empregados em cada atividade de desenvolvimento e

produção servem para compor uma estimativa de custo do produto final. Para avaliar a

viabilidade técnica e econômica de um novo produto é necessário projetar o seu processo de

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produção. Somente com o layout do processo produtivo é possível estimar corretamente o

custo final do produto.

O Quadro 3 abaixo apresenta uma estimativa dos custos para a fabricação de uma unidade da

“Anilha de encher”, a partir do projeto detalhado. Para avaliar o custo do produto, também é

necessário avaliar os custos de produção, considerando mão-de-obra, energia e outros

insumos, o que não foi possível realizar, de forma detalhada, considerando o contexto

acadêmico deste projeto, no âmbito da disciplina Projeto e Desenvolvimento do Produto.

Quadro 3- Custos de produção da anilha de encher

Item Material Diâmetro de

anilha

Peso da

anilha

1m² de

polipropileno

Corpo da

anilha

Polipropileno 40cm 10kg 2 unidades

Corpo da

anilha

Polipropileno 25cm 5kg 1 unidade

Rosca Polipropileno 3cm - 3 unidades

Fonte: Autoria Própria (2015)

Observa-se a partir desse quadro que com 1m² do material polipropileno, fabrica-se pelo

menos três anilhas, duas de 10kg e uma de 5kg. O custo de 1m² do material custa em média

R$39,90, dado obtido através de pesquisas na internet com alguns fornecedores.

A Figura 5 ilustra uma proposta do processo de produção e layout para a “anilha de encher”,

que está descrito no Quadro 4.

Figura 5 – Processo de produção e layout da “Anilha de encher”

142 3

6 57

Fonte: Adaptado de Faria (2008)

Quadro 4 – Fluxo do processo das etapas de produção da Anilha de encher

Item Processo Equipamentos Descrição

1 Estoque Local onde fica armazenada a matéria-prima.

2 Corte Seccionadores O material polipropileno passa por um setor de

corte, onde vão ser esquadrejadas. O corte dentro

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de uma indústria é executado normalmente por

seccionadoras que possuem uma função

semelhante às serras circulares, mas são

utilizadas para corte de vários painéis ao mesmo

tempo.

3 Fresagem Serras e tupias

superiores

Depois de serem cortadas nos tamanhos pré-

definidos, as peças que compõem a anilha vão

para máquinas que executam operações, como

arredondamento em bordas e cantos, entalhes na

superfície das peças, ou até mesmo formas

diferenciadas com curvas. O maquinário que

executa esse tipo de trabalho é chamado centro

de usinagem, composto por ferramentas como

serras, tupias superiores e brocas. Em alguns

casos, são usadas serras fitas e tupias, no entanto

este maquinário não permite a produção em

grande escala.

4 Furação e

revestimento

de borda

Furadeiras

múltiplas e

coladeira de

borda

As anilhas irão necessitar de revestimento nas

bordas, que normalmente é feito com fita de

borda, aplicada por uma máquina chamada

coladeira de borda, que aplica a cola, coloca a

fita e corta as rebarbas. Quando as peças já estão

no formato desejado, elas passam para a furação,

para a colocação das roscas. As máquinas usadas

para executar esta operação são as furadeiras

convencionais verticais e horizontais, além de

serem usadas também as furadeiras múltiplas que

executam uma sequência de furos ao mesmo

tempo.

5 Montagem Realização da montagem final das anilhas com

as roscas.

6 Controle de

Qualidade

O controle de qualidade é feito a partir de

amostragens e avaliação dos requisitos produto

final.

7 Embalagem Os produtos acabados são embalados e estocados

até que sejam expedidos ao cliente. Fonte: Adaptado de Faria (2008)

5ª Etapa - Transformando ideias em negócios

Diante do exposto ressalta-se a importância de transformar ideias novas em negócios de

sucesso, fazendo-se necessário explorar oportunidades que o mercado oferece (Quadro 5) e

identificando a lógica do negócio (Quadro 6).

Quadro 5 – Exploração da oportunidade

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Que “nicho” de mercado pretende

explorar? Quem comprará os

produtos/serviços? Por quê?

O nicho de mercado será composto por praticantes

frequentes de academia que não se dispuserem de

tempo para ir ao local desejado.

Onde estarão localizados os potenciais

clientes?

Estarão localizados em várias regiões do Brasil,

assim como outros países, que dependerá do

sucesso do novo produto desenvolvido.

Qual será o volume e frequência de

compras dos clientes?

Este produto conterá um mix, apresentando 2

tamanhos diferentes que dependerá da evolução de

cada pessoa. Por este produto ser novo no

mercado, ainda não temos uma certeza do volume

e frequência de compras dos potenciais

consumidores, porém fazendo-se uma comparação

com produtos similares identificamos um grande

potencial de compradores nos dias atuais, “era da

geração saúde”.

Como influenciar na decisão de

compra dos clientes?

Mostrar a utilidade e o diferencial do novo

produto, sendo portátil, flexível, preço acessível e

material de qualidade.

Podem existir novos concorrentes no

mercado que está explorando?

Sim, devido ao processo produtivo não ser tão

complexo e o produto apresentar formação simples

é possível à existência de novos concorrentes, além

dos que já fabricam produtos similares (anilhas de

ferro), que podem atuar como concorrentes diretos.

Como fazer com que os clientes

passem a comprar os produtos?

Investir, potencialmente, no marketing do produto,

seguindo o provérbio: “a propaganda é a alma do

negócio”; além de oferecer o produto eficiente e de

qualidade, ainda com preço acessível. Desta forma,

acreditamos que o PDP será sucesso. Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)

Quadro 6 – Lógica do negócio

Qual será ponto ideal

para a instalação do

negócio?

Neste tipo de negócio, não necessariamente necessita de um

ponto fixo. O ponto ideal para o fornecimento do produto será

nas próprias academias de ginásticas e sites de compras online,

onde pode-se atender os potenciais clientes, bem como outros

clientes interessados no novo produto.

Qual o perfil e o papel

dos sócios a serem

escolhidos?

Os sócios deverão ter formação em engenharia de produção,

conhecimentos específicos sobre o negócio (know-how), visão

sistêmica e empreendedora, além de possuir capital para

investimento inicial do produto.

Devo registrar a “minha

marca”?

Sim. É necessário registrar a marca, pois será dessa forma que o

produto será conhecido, além de apresentar qualidades,

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confiabilidade, dentre outras vantagens que será associada ao seu

registro.

Devo patentear o “meu

produto”?

Sim, pois este produto lançado será novo no mercado e

pertencente à empresa pioneira. Patenteando o produto, o mesmo

será protegido por lei e, consequentemente, todos os benefícios

gerados pelo mesmo serão pertencentes à empresa que o lançou

durante um determinado período de tempo.

A informatização é

fundamental para

iniciar o negócio?

Sim. É necessário informatizar o negócio, pois facilitará todas as

transações financeiras, compras, estoque, distribuição e vendas,

etc.

Qual será a melhor

forma e meio de

divulgação da empresa

e do produto?

Divulgação direta ao consumidor a partir de abordagens em

locais públicos, academias de ginásticas, sites e panfletos.

Que preço deverá ser

praticado para ser

competitivo e gerar

lucro?

Entre R$ 12,00 e 15,00 (5kg); Entre 15,00 e 20,00 (10kg)

Como deverei medir o

nível de satisfação dos

clientes?

Através de pesquisa de satisfação realizada diretamente aos

consumidores, além de questionários previamente elaborados via

online. Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)

4. Considerações finais

O processo de desenvolvimento de produtos é um processo de negócio cada vez mais decisivo

devido ao comercio internacional, aumento da variedade de produtos e a diminuição dos seus

ciclos de vida, significando entrada de novos produtos buscando atender partes peculiares do

mercado, aliando novas tecnologias e se adequando a novos padrões e restrições legais.

A metodologia para o desenvolvimento de produtos utilizada na disciplina mostrou-se

adequada como experiência didática. Apesar da simplicidade do produto proposto foi possível

compreender a importância das várias etapas propostas no PDP, como a geração da ideia a

partir de uma necessidade ou oportunidade, a pesquisa de mercado, os projetos preliminares e

detalhados e a definição do processo de produção. O trabalho, também, permitiu verificar as

competências e habilidades necessárias de um gerente de desenvolvimento de produtos.

O produto desenvolvido apresentou-se viável, mas para transformar a ideia em um negócio

seria necessário um estudo de viabilidade técnica e econômica mais apurada e ainda registrá-

lo como Propriedade Industrial (INPI), devido a não identificação do mesmo. As análises das

demais questões envolvidas na produção e comercialização como: público alvo, localização

de uma possível fábrica, custos, competitividade do mercado e logística, mostraram-se

viáveis, demonstrando que o desenvolvimento do produto “anilha de encher” pode ser uma

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oportunidade de negócio real, que poderá se tornar um sucesso na atual era da “geração

saúde”.

REFERÊNCIAS

BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Projeto e desenvolvimento de produtos. São Paulo: Atlas, 2009.

BAXTER, Mike. Projeto do projeto: guia prático para o projeto de novos produtos. São Paulo: Edgard Blucher,

2011.

CLARK, K. B. e FUJIMOTO, T. Product development performance: strategy, organization and management

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FARIA, A. F. Roteiros para as aulas de laboratório da disciplina projeto de produto. Universidade Federal

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