presto veloce out · musical importante é valery gergiev. com o violoncelista steven isserlis...

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10 11 OUT Presto Veloce FORTISSIMO Nº 18 / 2019

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Page 1: Presto Veloce OUT · musical importante é Valery Gergiev. Com o violoncelista Steven Isserlis apresenta-se em duo há trinta anos. Intérprete destacado da música de Prokofiev,

1011

OUT

Presto

Veloce

F O R T I S S I M O N º 1 8 / 2 0 1 9

Page 2: Presto Veloce OUT · musical importante é Valery Gergiev. Com o violoncelista Steven Isserlis apresenta-se em duo há trinta anos. Intérprete destacado da música de Prokofiev,

P R O G R A M A

LUDWIG VAN BEETHOVEN Abertura “A consagração da casa”, op. 124

WOLFGANG AMADEUS MOZART Concerto para piano nº 24 em dó menor, K. 491 Allegro

Larghetto

Allegretto

I N T E R VA L O

OLLI MUSTONEN Tríptico Misterioso

Furioso

Ad astra

JEAN SIBELIUS Sinfonia nº 5 em Mi bemol maior, op. 82 Tempo molto moderato – Allegro moderato – Presto

Andante mosso, quasi allegretto

Allegro molto – Misterioso

1 0 / 1 0

1 1 / 1 0

Presto

Veloce

O LL I M USTO N E N , R E G E N T E C O N V I DA D O E P I A N O

Ministério da Cidadania,Governo de Minas Gerais e Itaú A P R E S E N TA M

Page 3: Presto Veloce OUT · musical importante é Valery Gergiev. Com o violoncelista Steven Isserlis apresenta-se em duo há trinta anos. Intérprete destacado da música de Prokofiev,

Diretor Artístico e Regente Titular

da Orquestra Filarmônica de Minas

Gerais desde sua criação, em 2008,

Fabio Mechetti posicionou a orques-

tra mineira no cenário mundial da

música erudita. Além dos prêmios

conquistados, levou a Filarmônica

a quinze capitais brasileiras, a uma

turnê pela Argentina e Uruguai e

realizou a gravação de nove álbuns,

sendo quatro para o selo interna-

cional Naxos. Natural de São Paulo,

Mechetti serviu recentemente como

Regente Principal da Filarmônica

da Malásia, tornando-se o primeiro

regente brasileiro a ser titular de

uma orquestra asiática.

Nos Estados Unidos, Mechetti esteve

quatorze anos à frente da Orquestra

Sinfônica de Jacksonville e, atual-

mente, é seu Regente Titular Emérito.

Foi também Regente Titular das

sinfônicas de Syracuse e de Spokane,

da qual hoje é Regente Emérito.

Regente Associado de Mstislav

Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Nacional de Washington, com ela

dirigiu concertos no Kennedy Center

e no Capitólio. Da Sinfônica de San

Diego, foi Regente Residente. Fez

sua estreia no Carnegie Hall de Nova

York conduzindo a Sinfônica de Nova

Jersey. Continua dirigindo inúmeras

orquestras norte-americanas e é

convidado frequente dos festivais

de verão norte-americanos, entre

eles os de Grant Park em Chicago

e Chautauqua em Nova York.

Igualmente aclamado como regente

de ópera, estreou nos Estados Unidos

dirigindo a Ópera de Washington. No

seu repertório destacam-se produções

de Tosca, Turandot, Carmem, Don

Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

Madame Butterfly, O barbeiro de

Sevilha, La Traviata e Otello.

Suas apresentações se estendem

ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca,

Escócia, Espanha, Finlândia, Itá-

lia, Japão, México, Nova Zelândia,

Suécia e Venezuela. No Brasil ,

regeu todas as importantes orques-

tras brasileiras.

Fabio Mechetti é Mestre em Regência

e em Composição pela Juil l iard

School de Nova York e vencedor do

Concurso Internacional de Regência

Nicolai Malko, da Dinamarca.

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

FABIO MECHETTI

D I R E T O R A R T Í S T I C O

E R E G E N T E T I T U L A R

Não é comum encontrarmos músicos

que tenham o talento e a capacidade

técnica e artística de se projetarem

nas várias esferas de atividade dessa

arte. Grandes compositores não são

e não foram, necessariamente, gran-

des regentes; grandes regentes não

são também grandes instrumentistas

ou cantores. Mas esse não é o caso

do nosso convidado desta noite.

Olli Mustonen faz sua estreia com a

Filarmônica regendo uma das abertu-

ras mais tardias de Beethoven e tam-

bém a Quinta Sinfonia de Sibelius.

Ele também se apresenta como so-

lista do belíssimo Concerto nº 24

de Mozart. E, se isso não bastasse,

é de sua autoria a peça Tríptico,

escrita para orquestra de cordas.

Neste programa de grande variedade

tímbrica e estilística, nossos ouvintes

terão a oportunidade de viajar através do

tempo e presenciar os talentos múltiplos

de um grande músico da atualidade.

A todos, um bom concerto.

FAB IO MECHET T I

FOTO

: BRU

NA

BRA

ND

ÃO

Page 4: Presto Veloce OUT · musical importante é Valery Gergiev. Com o violoncelista Steven Isserlis apresenta-se em duo há trinta anos. Intérprete destacado da música de Prokofiev,

Olli Mustonen tem um lugar único na

cena musical de hoje. Seguindo a tradi-

ção de grandes mestres, ele combina sua

musicalidade como compositor, pianista

e regente em um balanço excepcional.

Durante 35 anos de carreira, como solis-

ta, regente, recitalista ou músico de câ-

mara, relacionou-se com os mais emi-

nentes músicos da atualidade e traba-

lhou com orquestras como as filarmôni-

cas de Berlim, Nova York e Los Angeles,

Sinfônica de Chicago, orquestras de

Cleveland e de Paris, Royal Concertge-

bouw e todas as orquestras de Londres.

Mustonen tem conduzido muitas obras

de sua autoria. Realizou a estreia mun-

dial de sua Sinfonia nº 1, “Tuuri”, com a

Filarmônica de Tampere, e a Sinfonia

nº 2, “Johannes Angelos”, com a Filar-

mônica de Helsinki. Também conduziu a

estreia de sua Sonata para violino com a

Sinfônica de Melbourne e a Sonata para

violoncelo com a Australian Chamber

Orchestra. Na música de câmara, es-

treou seu Piano Quintet no Spannungen

Festival. Em 2017, foi compositor em

residência no Festival de Davos.

Umas das mais importantes amizades

musicais de Mustonen é com Rodion

Shchedrin, que dedicou seu quinto

concerto para piano a ele. Outro parceiro

musical importante é Valery Gergiev.

Com o violoncelista Steven Isserlis

apresenta-se em duo há trinta anos.

Intérprete destacado da música de

Prokofiev, Mustonen tocou e gravou

todos os concertos para piano do

compositor com a Sinfônica da Rádio

Finlandesa e Hannu Lintu. Ele também

apresenta o ciclo completo de sonatas

para piano de Prokofiev. De Beethoven,

tocou e conduziu todos os concertos com

a Sinfônica de Melbourne; apresentou

o ciclo de concertos de Bartók com a

BBC Scottish Symphony.

Seu catálogo de gravações inclui os

concertos para piano de Prokofiev

(Ondine), sua própria Sonata para

violoncelo com Steven Isserlis (BIS) e

os Prelúdios de Shostakovich e Alkan

(Decca), álbum ganhador do prêmios

Edison e Gramophone.

OLLI MUSTONEN

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GÊN

IO S

ÁVIO

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INSTRUMENTAÇÃO

2 flautas, 2 oboés,

2 clarinetes, 2 fagotes,

4 trompas, 2 trompetes,

3 trombones, tímpanos,

cordas.

ED ITORA

Breitkopf & Härtel

PARA OUV IR

CD Beethoven – Overturen –

The Philharmonia Orchestra

– Otto Klemperer, regente –

EMI – 1993

PARA ASS IST IR

Radio Symphony Orchestra

Saarbrücken – Stanislaw

Skrowaczewski, regente

Acesse: fil.mg/bconsagracao

PARA LER

Roger Fiske – Beethoven,

Concertos e Aberturas – Guias

Musicais BBC – Zahar – 1983

B O N N , A L E M A N H A , 1 7 70 V I E N A , ÁUST R I A , 1 8 27

Ludwig van BEETHOVENNos doze anos finais de sua vida, Beethoven tende ao

isolamento. A partir de 1815, passa cerca de cinco anos

quase sem trabalhar, e sua saúde se agrava. Mas ele já

era uma lenda. Entre 1822 e 1823 recebe as visitas de

Rossini, Schubert, Weber e Liszt. Essas demonstrações

de deferência talvez tenham animado de novo o espírito

inquieto de Beethoven que, a partir de 1822, começa

a legar à Humanidade obras monumentais nas quais,

já completamente surdo, desenvolve uma abstração

e uma transcendência das formas clássicas até então

nunca vistas. Essas obras impressionariam muitas

gerações de compositores e até hoje se mostram

surpreendentes. Em 1822, ele compõe a sua última

sonata para piano. Em 1824 são ouvidas pela primeira

vez a Nona Sinfonia e a Missa Solemnis. Entre 1825

e 1826, ele compõe o Quarteto de Cordas op. 130,

cujo último movimento é a assombrosa Grande Fuga.

É interessante notar que, se por um lado ele transcende

as formas clássicas, que nunca abandona, por outro

lado, ele se volta para técnicas antigas de composição.

Nelas, o contraponto toma protagonismo. Beethoven

dominava o contraponto com mestria. Diversas obras

suas o atestam, principalmente em sua última fase:

ouçam-se o Scherzo da Nona Sinfonia, ou o terceiro

movimento da Sonata op. 110, por exemplo. Mas, em

algumas obras, o contraponto parece ser realmente o

norte do processo criador, e ele se volta, à sua maneira,

para os oratórios de Haendel, dos quais era grande

admirador. Já não se diga da Missa

Solemnis ou da Grande Fuga (que,

mais tarde, ele tornou obra autô-

noma), por razões óbvias. Diga-se,

antes, de A consagração da casa,

op. 124, cuja concepção não é nada

mais do que a de um grande prelúdio

e fuga. Uma grande reelaboração

beethoveniana do prelúdio e fuga!

A consagração da casa foi com-

posta para a reinauguração, em

3 de outubro de 1822, do Theater

in der Josefstadt, ainda hoje ativo

em Viena. Para o concerto de rea-

bertura do teatro, Beethoven utilizou

a música de As ruínas de Atenas,

obra incidental composta em 1811

para a peça homônima de August

von Kotzebue, mas fez nela algu-

mas modificações: acrescentou

um novo coro, alterou algumas

seções e substituiu a abertura

por A consagração da casa. Em

7 de maio de 1824, a Abertura foi

executada novamente em Viena,

no antológico concerto em que o

mundo ouviu, pela primeira, vez a

Nona Sinfonia.

A despeito da técnica do contra-

ponto, não se pode em absoluto

dizer que, em A consagração da

casa , ouve-se a um Beethoven

arcaizante. Tampouco se pode

reduzir a obra a um mero prelúdio

e fuga. Como forma e contraponto

se trata, aqui, da concepção e da

técnica: do substrato, da infra-

estrutura . Se as duas seções

contrastantes da obra evocam

procedimentos antigos, proposi-

talmente ou não, basta lembrar-

se do pr imeiro movimento da

Sonata Patética op. 13, para se ter

certeza de que Beethoven nunca

deixou de ser sempre ele mesmo,

do começo até o fim, em constante

afirmação. Paradoxalmente, o con-

traponto do Beethoven da última

fase o faz ainda mais moderno.

MOACYR

L ATERZA F ILHO Pianista e cravista,

Doutor em Literaturas de Língua

Portuguesa, professor da Universidade

do Estado de Minas Gerais e da Fundação

de Educação Artística.

1 8 2 2 1 2 M I N U TO S

Abertura “A consagração da casa”,

op. 124

Última apresentação:

21 de março / 2015

Fabio Mechetti, regente

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INSTRUMENTAÇÃO

Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas,

2 trompetes, tímpanos,

cordas.

ED ITORA

Bärenreiter

PARA OUV IR

CD Mozart – The great piano

concertos – Academy of

St. Martin in the Fields –

Sir. Neville Marriner, regente

– Alfred Brendel, piano –

Philips – 1994

PARA ASS IST IR

Wiener Philharmoniker –

Rudolf Buchbinder,

regência e piano

Acesse: fil.mg/mpiano24

PARA LER

H. C. Robbins Landon (org.) –

Mozart: um compêndio –

Zahar – 1996

Norbert Elias – Mozart:

sociologia de um gênio –

Zahar – 1995

SALZBURGO, ÁUSTRIA , 1756 V IENA, ÁUSTRIA , 1791

Wolfgang AmadeusMOZARTA vida de Mozart pode ser dividida em três fases. A

primeira vai do nascimento aos dezesseis anos de

idade (1756 a 1772). Mozart passou praticamente esses

dezesseis anos de sua vida em viagens pela Europa,

exibindo-se como menino prodígio, estudando o cravo

e o violino e aprendendo a compor. A segunda fase é a

fase de Salzburgo, dos dezesseis aos 25 anos de idade

(1772 a 1781). Embora fosse, provavelmente, o melhor

músico da época, ele jamais conseguiu um emprego

estável em qualquer das ricas cortes da Europa. Esta-

beleceu-se em sua cidade natal e tornou-se empregado

do Arcebispo Colloredo, príncipe de Salzburgo. São

dessa fase, principalmente, grande número de obras

sacras e a série de peças destinadas ao entretenimento,

geralmente denominadas serenatas e divertimentos. A

terceira e última fase de sua vida vai dos 25 aos 35

anos (1781 a 1791), fase em que, dispensado do ser-

viço do Arcebispo Colloredo, Mozart viveu em Viena

e iniciou uma carreira de músico freelancer. Foi um

período extremamente fértil como compositor, quando

ele compôs suas obras mais admiráveis.

A rica vida musical e intelectual da cidade, as possibilida-

des de apresentações públicas e as inúmeras encomen-

das foram o estímulo necessário para que, no universo de

28 concertos para piano (27 concertos, mais o Concerto

Rondó, K. 382), dezoito fossem compostos em Viena.

Os concertos para piano eram um importante meio de

divulgação de suas habilidades como instrumentista e

compositor. Mozart frequentemente

os compunha para alguma apresen-

tação pública. Por isso, a composi-

ção de seus concertos para piano

da fase de Viena está intimamente

ligada à ascensão e queda de sua

popularidade na cidade: de 1781 a

1786, época de maior sucesso, Mozart

compôs dezesseis concertos (os

dois remanescentes foram compostos

em 1788 e em 1791). O Concerto para

piano no 24 em dó menor, K.491, faz

parte dessa última fase de sua vida.

Segundo seu catálogo temático, a

data final da composição foi 24 de

março de 1786. Acredita-se que ele

o tenha estreado em seu último con-

certo por assinatura no Burgtheater,

em Viena, no dia 7 de abril de 1786.

O primeiro movimento (Allegro) pos-

sui uma profusão de temas, execu-

tados pela orquestra e pelo piano;

ao serem apresentados com muita

proximidade, criam a dramaticidade

própria do movimento. Ao final somos

surpreendidos por um desfecho mis-

terioso. Extraordinário em sua simpli-

cidade formal e melódica, o segundo

movimento (Larghetto) nos reserva

momentos encantadores, como o

delicado diálogo das madeiras com

o piano. Sua estrutura formal é a de

um rondó, forma mais comumente

utilizada, na época de Mozart, para

o terceiro movimento. Neste caso, o

Finale (Allegretto) é um tema com

variações. Mozart evita o efeito mais

comum de apresentar o tema ao

piano para, então, reapresentá-lo,

em caráter forte, na orquestra. Ao

contrário, ele apresenta o tema, deli-

cadamente, na orquestra, para só

depois o ouvirmos ao som do piano,

que o reapresenta, surpreendente-

mente, ainda com muita leveza. A

grandiosidade do Finale é adquirida

apenas aos poucos, por um acúmulo

progressivo de tensão ao longo de

todo o movimento. O concerto termina

com uma longa e arrebatadora coda.

GU ILHERME

NASC IMENTO Compositor, Doutor

em Música pela Unicamp, professor na

Escola de Música da UEMG, autor dos

livros Os sapatos floridos não voam

e Música menor.

1 78 6 3 0 M I N U TO S

Concerto para piano nº 24

em dó menor, K. 491

Última apresentação:

25 de fevereiro / 2014

Marcos Arakaki, regente

Joyce Yang, piano

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INSTRUMENTAÇÃO

Cordas.

ED ITORA

Schott Music

Representante:

Barry Editorial

PARA OUV IR

CD Olli Mustonen – Triple

Concerto; Petite Suite; Nonets

1 & 2 – Tapiola Sinfonietta –

Olli Mustonen, regente –

Ondine ODE 974-2 – 2001

VANDA, F INLÂNDIA , 1967

Olli20 1 6 1 2 M I N U TO S

MUSTONENConhecido na Finlândia como o menino de ouro dos

anos de 1980, Olli Mustonen iniciou seus estudos de

cravo aos cinco anos de idade. Aos sete, passou a

estudar piano com Ralf Gothóni e, em 1977, ingressou

na Academia de Música de Helsinki, onde foi orien-

tado por Eero Heinonen. Entre 1975 e 1985, estudou

composição com Einojuhani Rautavaara e conquistou,

em 1987, o famoso Young Concert Artists International

Auditions, o que lhe permitiu estrear no Carnegie Hall.

Intérprete premiado, seu primeiro CD, com as gravações

dos prelúdios de Shostakovich e Charles-Valentin Alkan,

recebeu os prêmios Gramophone e Edison de 1992.

Sua carreira distingue-se pelo balanceado modelo

de atuação tripla. Mustonen apresenta-se igualmente

como regente, compositor e solista. Considerado um

intérprete criativo e inteligente, surpreende por sua

excentricidade e iconoclastia. Sua performance é con-

cebida em conjunto com sua persona composicional,

uma vez que defende que toda interpretação deve ser

capaz de restituir à obra o frescor e a inventividade

de sua estreia. Para ele, cabe ao intérprete fazer com

que toda obra seja ouvida em sua contemporaneidade,

isto é, como produto do tempo em que é executada.

Seu estilo composicional combina elementos carac-

teristicamente tonais com materiais tradicionalmente

finlandeses e linguagens neobarrocas, neoclássicas,

românticas e minimalistas. Ele compartilha, desse modo,

da tradição dos virtuosísticos com-

positores-intérpretes, tais como

Busoni, Enescu e Rachmaninov, e se

insere na linhagem de compositores

do século XX que valorizaram uma

escrita contrapontística e influências

estilísticas dos séculos XVII e XVIII,

tais como Hindemith, Martinu, Res-

pighi, Shostakovich e Stravinsky. A

paisagem de seu país perpassa sua

compreensão musical. Sua casa à

beira do lago e no meio de uma flo-

resta, em Hausjärvi, estimula, desse

modo, as diversas metáforas às quais

o compositor recorre para falar de

música. Ele compara a música de

Bach, Beethoven e Sibelius a um

passeio na floresta, onde sempre se

descobre algo de novo, e descreve

a obra musical como uma planta e

o compositor como um jardineiro.

Mustonen confessa que não se inte-

ressa muito pela composição para

piano, preferindo dedicar-se às cordas,

como evidenciam seus dois nonetos

(para dois quartetos de cordas e um

contrabaixo), seu Concerto para três

violinos, e seu Tríptico para orquestra

de cordas. Originalmente escrito para

três violoncelos a cappella, esta última

obra é uma homenagem póstuma

encomendada por Sam Steppel para sua

mulher e apresenta três movimentos

contrastantes: Misterioso, Furioso e

Ad astra, este último, uma passacaglia

dissonante que termina em ascensão

extática e que, de algum modo, sinte-

tiza os outros movimentos. Arranjado

para orquestra de cordas para os 50

anos do Instituto de Música Helsinki

Leste, a pedido do Grupo de Cordas

Júnior de Helsinki, o Tríptico foi estreado

na igreja São Miguel, Helsinki, no dia

28 de janeiro de 2016, pelo conjunto

regido por Jukka Rantamäki. Com

padrões rítmicos de caráter quase

minimalista, ele explora atmosferas

musicais que evocam Ligeti e Pende-

recki, embora sua principal influência

seja o misticismo de Rautavaara.

I GOR REYNER

Pianista, Mestre em Música pela

Universidade Federal de Minas Gerais

e Doutor em Literatura pelo King’s

College London.

TrípticoPrimeira apresentação

com a Filarmônica

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INSTRUMENTAÇÃO

2 flautas, 2 oboés,

2 clarinetes, 2 fagotes,

4 trompas, 3 trompetes,

3 trombones, tímpanos,

cordas.

ED ITORA

Whilhelm Hansen

Copenhague

Representante:

Barry Editorial

PARA OUV IR

CD Sibelius – Symphony No.5 –

Slovak Philharmonic Orchestra

– Adrian Leaper, regente –

Naxos 8550200 – 1991

PARA ASS IST IR

Wiener Philharmoniker –

Leonard Bernstein, regente

Acesse: fil.mg/ssinf5

PARA LER

François-René Tranchefort –

Guia da Música Sinfônica –

Nova Fronteira – 1990

HÄMEENLINNA, F INLÂNDIA , 1865 JÄRVENPÄÄ, F INLÂNDIA , 1957

Jean1 9 1 5 , R E V I SÃO 1 9 1 6 E 1 9 1 9 3 3 M I N U TO S

SIBELIUSSibelius viveu no conturbado período histórico da

Finlândia, marcado pela resistência do país à ocupação

russa. Foi violinista da primeira orquestra profissional

do país e, em 1896, tornou-se professor de violino na

Universidade de Helsinki. Com a independência de 1917,

sua obra adquiriu o status de símbolo patriótico, e o

Estado lhe ofereceu uma pequena pensão vitalícia para

que pudesse dedicar mais tempo à composição.

Curiosamente, Sibelius vinha de um ambiente familiar

marcado pela cultura sueca – embora apaixonado pelas

tradições literárias e pelos costumes finlandeses, ele

nunca se considerou um estudioso do folclore nacional.

Entretanto, tendo expressado espontaneamente a lingua-

gem de sua terra, tornou-se motivo de orgulho para seus

compatriotas e recebeu o reconhecimento internacional.

Mas manteve-se um artista solitário. Músico de rigorosa

formação acadêmica e de expressão anacronicamente

romântica, Sibelius manifestou intransigente severidade

para com os artistas de seu tempo, apesar de admirar

Debussy e Bartók. Ele próprio avaliou seu descompasso

com as preocupações musicais contemporâneas e, em

1929, sentindo que nada de novo tinha a dizer, Sibelius

retirou-se para sua residência em Järvenpää, permane-

cendo obstinadamente silencioso durante seus últimos

27 anos. Sua obra inclui vários poemas sinfônicos; o

Concerto para violino; música coral e de cena; peças meno-

res para instrumentos solistas; além das sete sinfonias.

Antes da versão definitiva, a Sinfonia

nº 5 passou por duas grandes modi-

ficações. A versão original (que tinha

quatro movimentos) foi estreada em

Helsinque em 8 de dezembro de 1915

– dia do 50º aniversário do músico.

Mas a partitura que prevaleceu como

definitiva foi a da terceira revisão,

publicada em 1919, com apenas três

movimentos. Tornou-se uma das

mais apreciadas obras de Sibelius.

O pr imeiro movimento (Molto

moderato), em Mi bemol maior,

talvez seja o mais original de toda

a produção sinfônica do autor, por

sua forma muito livre, com uma

dupla exposição de quatro elemen-

tos temáticos e inusitada associação

a um scherzo. Uma curta coda des-

taca os metais, sobretudo os trom-

petes, em uma verdadeira fanfarra.

No Andante mosso, quasi allegretto,

domina a simplicidade. Esse anda-

mento constrói-se inteiramente sobre

a repetição de pequena frase rítmica

apresentada, primeiro, pelas cordas

em pizzicato; depois, mais melódica,

nas flautas. Como único contraste

à permanente tranquilidade dessas

variações, surge um curto episó-

dio sombrio (sobre sons ligados

nos metais, como sinos). A coda é

dominada pelo fluente solo do oboé,

sobre o trêmulo das cordas.

O Allegro molto final tem forma so-

nata. Os segundos violinos estabe-

lecem um acompanhamento para

as violas, que apresentam um tema

com característica de moto perpetuo.

O segundo motivo será introduzido

pelas trompas; sobre um solene

tema dos sinos, as madeiras e os

violoncelos cantam uma bela me-

lodia. A Sinfonia termina com seis

acordes martelados, muito separa-

dos entre si, breves e poderosos.

PAULO SÉRG IO

MALHE IROS DOS SANTOS

Pianista, Doutor em Letras, professor na

UEMG, autor dos livros Músico, doce

músico e O grão perfumado – Mário

de Andrade e a arte do inacabado.

Apresenta o programa semanal Recitais

Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

Sinfonia nº 5 em Mi bemol maior,

op. 82

Última apresentação:

27 de março / 2015

Ariel Zuckerman, regente convidado

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ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA

Regente Associado

MARCOS ARAKAKI

Diretor Artístico e Regente Titular

FABIO MECHETTIOscip — Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

Lei 14.870 / Dez 2003

OS — Organização Social

Lei 23.081 / Ago 2018

* principal ** principal associado *** principal assistente **** musicista convidado

PRIMEIROS VIOLINOSRommel Fernandes –

Spalla associado

Ara Harutyunyan –

Spalla assistente

Ana Paula Schmidt

Ana Zivkovic

Arthur Vieira Terto

Joanna Bello

Laura von Atzingen

Luis Andrés Moncada

Roberta Arruda

Rodrigo Bustamante

Rodrigo M. Braga

Rodrigo de Oliveira

Wesley Prates

SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *

Hyu-Kyung Jung ***

Gideôni Loamir

Jovana Trifunovic

Luka Milanovic

Martha Pacífico

Matheus Braga

Radmila Bocev

Rodolfo Toffolo

Tiago Ellwanger

Valentina Gostilovitch

VIOLASJoão Carlos Ferreira *

Roberto Papi ***

Flávia Motta

Gerry Varona

Gilberto Paganini

Katarzyna Druzd

Luciano Gatelli

Marcelo Nébias

Mikhail Bugaev

Nathan Medina

VIOLONCELOSPhilip Hansen *

Robson Fonseca ***

Camila Pacífico

Camilla Ribeiro

Eduardo Swerts

Emília Neves

Lina Radovanovic

Lucas Barros

William Neres

CONTRABAIXOSNilson Bellotto *

André Geiger ***

Marcelo Cunha

Marcos Lemes

Pablo Guiñez

Rossini Parucci

Walace Mariano

FLAUTASCássia Lima *

Renata Xavier ***

Alexandre Braga

Elena Suchkova

OBOÉSAlexandre Barros *

Públio Silva ***

Israel Muniz

Maria Fernanda Gonçalves

CLARINETESMarcus Julius Lander *

Jonatas Bueno ***

Ney Franco

Alexandre Silva

FAGOTESCatherine Carignan *

Victor Morais ***

Francisco Silva

TROMPASAlma Maria Liebrecht *

Evgueni Gerassimov ***

Gustavo Trindade

José Francisco dos Santos

Lucas Filho

Fabio Ogata

TROMPETESMarlon Humphreys-Lima *

Érico Fonseca **

Daniel Leal ***

Tássio Furtado

TROMBONESMark John Mulley *

Diego Ribeiro **

Wagner Mayer ***

Renato Lisboa

TUBASEleilton Cruz *

Rafael Mendes ****

TÍMPANOSPatricio Hernández

Pradenas *

PERCUSSÃORafael Alberto *

Daniel Lemos ***

Sérgio Aluotto

Werner Silveira

HARPAClémence Boinot *

TECLADOSAyumi Shigeta *

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORAKarolina Lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Risbleiz Aguiar

ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi

ASSISTENTESClaudio Starlino

Jônatas Reis

SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro

MONTADORESHélio Sardinha

Klênio Carvalho

FORTISSIMO Outubro nº 18 / 2019

ISSN 2357-7258

Editora Merrina

Godinho Delgado

Edição de texto

Berenice Menegale

Capa View of Vienna

from the Belvedere, pintura

de Bernardo Bellotto

O Fortissimo está

indexado aos

sistemas nacionais

e internacionais de

pesquisa. Você pode

acessá-lo também

em nosso site.

Este programa

foi impresso em

papel doado pela

Resma Papéis.

CONSELHO ADMINISTRATIVOPresidente Emérito

Jacques Schwartzman

Presidente

Roberto Mário

Gonçalves Soares Filho

Conselheiros

Angela Gutierrez

Arquimedes Brandão

Berenice Menegale

Bruno Volpini

Celina Szrvinsk

Fernando de Almeida

Iran Almeida Pordeus

Ítalo Gaetani

Marco Antônio Pepino

Mauricio Freire

Octávio Elísio

Sérgio Pena

DIRETORIA EXECUTIVADiretor Presidente

Diomar Silveira

Diretor

Administrativo-

financeiro

Joaquim Barreto

Diretor de

Comunicação

Agenor Carvalho

Diretora de

Marketing e Projetos

Zilka Caribé

Diretor de Operações

Ivar Siewers

EQUIPE TÉCNICAGerente de

Comunicação

Merrina Godinho

Delgado

Gerente de

Produção Musical

Claudia da Silva

Guimarães

Assessora de

Programação Musical

Gabriela de Souza

Produtor

Luis Otávio Rezende

Analistas de

Comunicação

Carolina Moraes Santana

Fernando Dornas

Lívia Aguiar

Renata Romeiro

Analistas de

Marketing

Eventos — Lívia Brito

Projetos — Lilian Sette

Relacionamento —

Itamara Kelly

Assistente de

Marketing e

Relacionamento

Henrique Campos

Assistente

de Produção

Rildo Lopez

Auxiliar

de Produção

Jeferson Silva

EQUIPE ADMINISTRATIVAGerente

Administrativo-

financeira

Ana Lúcia Carvalho

Gerente Contábil

Graziela Coelho

Gerente de

Recursos Humanos

Quézia Macedo Silva

Analistas

Administrativos

João Paulo de Oliveira

Letícia Cabral

Secretária Executiva

Flaviana Mendes

Assistente

Administrativa

Cristiane Reis

Assistente de

Recursos Humanos

Jessica Nascimento

Recepcionistas

Meire Gonçalves

Vivian Figueiredo

Auxiliar Contábil

Pedro Almeida

Auxiliar

Administrativa

Geovana Benicio

Auxiliares de

Serviços Gerais

Ailda Conceição

Rose Mary de Castro

Mensageiro

Douglas Conrado

Jovem Aprendiz

Sunamita Souza

SALA MINAS GERAISGerente de

Infraestrutura

Renato Bretas

Gerente de Operações

Jorge Correia

Técnicos de Áudio

e de Iluminação

Daniel Hazan

Diano Carvalho

Assistente Operacional

Rodrigo Brandão

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Seja pontual.Cuide da Sala Minas Gerais.

Desligue o celular (som e luz).

Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.

Traga seu ingresso ou cartão de assinante.

Não coma ou beba.

Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.

Nos dias de concerto, apresente seu ingresso, cartão de Amigo ou Assinante

e obtenha descontos especiais. Saiba mais: fil.mg/restaurantes

Se puder, devolva seu programa de concerto.

Faça silêncio e evite tossir.

Evite trazer crianças menores de 8 anos.

NO CONCERTO

PRÓXIMOS CONCERTOS

Restaurantes parceiros

Rua Pium-í, 229

Cruzeiro

Tel: 3227-7764

R. Rio de Janeiro, 2076

Lourdes

Tel: 3292-6221

R. Rio Grande do Sul, 1236

Santo Agostinho

Tel: 2515-6092

Rua Curitiba, 2244

Lourdes

Tel: 3291-1447

17 e 18 out, 20h30 A L L E G R O E V I VA C E

31 out e 1º nov, 20h30 A L L E G R O E V I VA C E

7 e 8 nov, 20h30 P R E ST O E V E LO C E

16 nov, 18h F O R A D E S É R I E / M Ú S I C A E L I T E R AT U R A

19 nov, 20h30 F I L A R M Ô N I C A E M C Â M A R A

24 nov, 11h C O N C E R T O S PA R A A J U V E N T U D E

FO

TO

: B

RU

NA

BR

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Hoje temos Amigos que fazem a diferença na vida de milhares de crianças e jovens ao possibilitar cada vez mais o acesso ao universo sinfônico.

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Conheça e veja como é fácil:FILARMONICA.ART.BR/AMIGOS 3219-9029

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/ F I L A R M O N I C A M G

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F /

20

19

Sala Minas Gerais

www.filarmonica.art.br

R UA T E N E N T E B R I TO M E LO , 1 . 0 9 0 — B A R R O P R E TO

C E P 3 0 .1 8 0 - 0 7 0 | B E LO H O R I Z O N T E – M G

T E L : ( 3 1 ) 3 2 1 9.9 0 0 0 | FA X : ( 3 1 ) 3 2 1 9.9 0 3 0

R E A L I Z A Ç Ã O

M A N T E N E D O R

PAT R O C Í N I O M Á S T E R PAT R O C Í N I O

D I V U L G A Ç Ã OA P O I O C U LT U R A L

BMPI