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Congresso do Desporto Politicas Educativas e Sociais no Desporto
Professora Doutora Paula Reis Departamento de Ciências do Desporto Drª Dina Miragaia Universidade da Beira Interior 1
Congresso do Desporto
“Políticas Educativas e Sociais no
Desporto”
Professora Doutora Paula Reis
Drª Dina Miragaia
Departamento Ciências do Desporto - Universidade da Beira Interior
UBI, 1 Fevereiro de 2006
Congresso do Desporto Politicas Educativas e Sociais no Desporto
Professora Doutora Paula Reis Departamento de Ciências do Desporto Drª Dina Miragaia Universidade da Beira Interior 2
Considerando as orientações expressas no Programa do actual governo, o desafio lançado a
diversas organizações, pela Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto visando a
concepção de “um modelo de desenvolvimento desportivo aberto e sustentável […] num
mundo globalizado”, deverá equacionar a complexidade de abordagem que o fenómeno –
Desporto – exige, quer ao nível das politicas de desenvolvimento, quer ao nível das
estratégias necessárias à sua implementação.
É considerando esta complexidade, que a presente comunicação propõe que o debate
contemple, em termos metodológicos, diferentes escalas de análise e diferentes níveis de
intervenção.
Análise Macro Análise Micro
DESPORTO
Politicas
Competências
Processo adaptação homem
Legislação Solicitações
Mercados
Cultura
Estratégias
Estruturas reguladorasSociedade
Intencionalidades
Formação
ContextosNecessidades
EconomiaEstruturas organizacionais
Transformações
Tecnologia
Registos
Efeitos
Dos diversos documentos orientadores, publicados neste âmbito, como sejam, o do Ano
Internacional do Desporto e da Educação Física (UN 2005); o do Ano Europeu da Educação
pelo Desporto (UE 2003); o Programa do XVII Governo Constitucional (2005-2009), assim
como os referentes às acções promovidas pela Secretaria de Estado da Juventude e do
Desporto e pelo IDP, verificamos que existe uma concordância quanto ao potencial do
desporto como um meio para a promoção da educação, da saúde, da cultura, do
desenvolvimento, da cidadania.
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No entanto, encontramos aqui uma carência estrutural, dado não estarem expressos os
pressupostos que vão permitir fundamentar as opções, determinar as coerências, utilizar os
instrumentos, que melhor se adaptem aos objectivos visados.
No Desporto, o seu peso social, por um lado, e a variabilidade da sua utilização para os mais
diversos fins, por outro, levanta-nos questões de fundo a que não podemos ser indiferentes.
Da catarse das multidões ao significado no PIB, do espectáculo desportivo a um meio para
alcançar a liberdade, o desporto tem coabitado com um conjunto de características confusas e
muitas vezes até contraditórias, entre ser um meio para…, ou um fim em si mesmo, onde é
prestígio, é violência, é moda, é performance, é doping, é saúde, é educação, entre tantas
outras.
Sendo um instrumento de actuação, quer individual, quer social, é sem dúvida alguma, um
meio para…
Sendo um meio para…a delimitação de um caminho é essencial, equacionando as
problemáticas que permitam um debate coerente em termos dos efeitos individuais e sociais
que diferentes finalidades nas suas utilizações irão certamente provocar.
Finalidades e utilizações que terão naturalmente de considerar, as modificações e as
transformações galopantes do contexto actual.
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Vivemos num contexto em acelerada transformação
TransformaTransformaççãoão
CriseCrise
RupturaRuptura
MudanMudanççaa
Um contexto onde não podemos ignorar a existência de uma crise,
- uma crise no processo educativo
- uma crise na estrutura social
- uma crise na organização e estruturação do conhecimento
- uma crise a nível epistemológico e metodológico
E Uma crise …. pede Mudança… (veja-se o conceito de crise epistemológica)
Não esqueçamos porém, que para realizar uma mudança com profundidade, teremos de
encarar a necessidade de não nos podermos apoiar unicamente numa continuidade de
processos existentes, mas de ser necessário efectuar um conjunto de rupturas a diferentes
níveis, do estrutural ao metodológico, do instrumental ao controlo da sua evolução.
O Desporto, um instrumento de actuação sobre os indivíduos, que faz parte deste
contexto, vive naturalmente todos estes processos…
- de transformação
- de crise
- de ruptura
- de mudança,
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O DESPORTO O DESPORTO –– um Instrumentoum Instrumento
TransformaTransformaççãoão
CriseCrise
RupturaRuptura
MudanMudanççaa
o que nos dá um enquadramento, que não podemos ignorar quando queremos pensar o
desporto, no curto, médio e longo prazos.
Sem esquecer que estamos balizados por estes condicionamentos, não podemos portanto,
deixar de definir
PARA QUEM?
QUE DESPORTO?
QUE CONTEXTO?
que que transformatransformaççõesões??
que que intencionalidadesintencionalidades??
que que sentidosentido??
que que evoluevoluççõesões??
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QUE DESPORTO? – que finalidades e funções a desempenhar – Que desporto para quê?,
Que desporto para quem? - PARA QUE HOMEM? ,
Que desporto, EM QUE CONTEXTO?,
ou seja, não podemos deixar de definir:
que transformações é que deverão ser provocadas nos indivíduos?,
com que intencionalidade? e com que sentido?,
considerando as características do contexto para onde estamos a evoluir…
Centrarmo-nos num debate do desporto terá de passar pela definição das coerências
pretendidas neste todo amplo, pois é na coerência das interacções deste quadro que temos de
alicerçar a análise e discussão dos aspectos mais circunscritos ao desporto.
Sem se estabelecer estes alicerces, tantas vezes esquecidos (pois o desporto, tem sido muitas
vezes pensado e debatido, sobretudo nos seus aspectos mais operativos, sem uma preocupação
da coerência com os aspectos fundamentadores) dificilmente será possível encontrar uma
intencionalidade que possibilite a optimização dos processos, assim como a coordenação dos
meios, dos instrumentos, dos objectivos, das metodologias.
Propomos desta forma que o debate contemple:
- um Nível de Análise Macro - que permita a compreensão do Homem no contexto ;
- um Nível de Análise Micro – que permita a compreensão de aspectos funcionais do
indivíduo,
considerando que estes níveis se delimitam mutuamente.
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Análise Macro Análise Micro
A compreensão A compreensão
de aspectos de aspectos
funcionais do funcionais do
indivindivííduoduo
A compreensão A compreensão
do Homem no do Homem no
contextocontexto
Um Nível de Análise Macro, que foque os condicionamentos, definidos pelo contexto em
que o indivíduo se integra, aos objectivos visados.
Um Nível de Análise Micro, que foque os condicionamentos, definidos pelo
funcionamento do indivíduo, aos objectivos visados, considerando as características das
solicitações desencadeadas na relação com os efeitos provocados.
Em ambos os níveis de análise deverá procurar-se balizar a gama de problemáticas hoje
debatidas em torno dos objectivos visados, considerando a vasta produção de orientações
políticas, educativas, sociais, económicas, culturais, prospectivas, através da :
A. interpretação dos sinais das tendências evolutivas gerais, procurando salientar as
implicações dos processos que lhes estão subjacentes;
B. identificação de contradições entre as diferentes perspectivas apresentadas,
- balizando possibilidades contraditórias, alternativas e suas implicações,
- salientando zonas de bloqueios e/ou pontos críticos fundamentais;
C. capacidade de gerar dinâmicas estruturantes que permitam a objectivação de processos e o
controlo da sua evolução.
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Dada temática deste painel, propomos agora fazer, um zoom ao Mercado Educativo e à
estrutura organizacional Escola, recapitulando o que foi até aqui apresentado:
Análise Macro Análise Micro
DESPORTO
Mercado Educativo
Escola
Quando o Programa do actual governo, sugere a reavaliação do papel da disciplina de
Educação Física e Desporto Escolar, questionamos,
Como intervir nas partes sem olhar o todo?
Não poderemos incorrer em riscos estruturais profundos,
- sem reavaliar a Estrutura Organizacional - ESCOLA ?
- sem olharmos as transformações do contexto e as novas exigências do
MERCADO EDUCATIVO?
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Para responder às questões
PARA QUE HOMEM?
QUE DESPORTO?
QUE CONTEXTO?
Consideremos o CONTEXTO e o HOMEM,
As exigências que passaram a ser colocadas ao indivíduo, onde
De De umauma posiposiççãoão estestáávelvel e e previsprevisíívelvel, , umaumasequênciasequência de de revolurevoluççõesões, , colocaramcolocaram o o HomemHomem::
Envolvimento Dinâmico,
Indefinição,
Imprevisibilidade,
Incerteza
conduzem à necessidade de uma formação que promova competências:
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AutonomiaAutonomia parapara compreendercompreender e e actuaractuar,,
Capacidade de Adaptação a novos problemas,
Capacidade Crítica,
Capacidade para assumir a mudança e a novidade
Capacidade de Decisão perante novas situações,
Partindo das COMPETÊNCIAS QUE OS PROCESSOS EDUCATIVOS TERÂO DE
DESENVOLVER E OPTIMIZAR , o DESPORTO, para ser um instrumento de actuação
coerente com estas necessidades de formação, terá de assumir a necessidade de passar:
- do físico (numa perspectiva dualista e redutora do homem) à complexidade
- da dominância do gesto ao acto intencional
- da forma para a funcionalidade (do Como? para o Porquê?…Para Quê?)
- de um Desporto para todos para um Desporto para cada um (TODOS DIFERENTES)
- da repetição à compreensão (passando da vulgar actuação centrada nas imitações dos efeitos
ou até mesmo na simples repetição de processos semelhantes, ao treino de estratégias de
compreensão e resolução de problemas).
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QUE DESPORTOQUE DESPORTO??
MASSIFICAMASSIFICAÇÇÃOÃO
ESTABILIDADEESTABILIDADE
FORMAFORMA O FUNCIONALO FUNCIONAL
TRANSFORMATRANSFORMAÇÇÃOÃO
INDIVIDUALIZAINDIVIDUALIZAÇÇÃOÃO
Consideremos o NÍVEL de ANÁLISE MICRO –
Análise Macro Análise Micro
DESPORTO
Mercado Educativo
Solicitações
Necessidades
Registos
Efeitos
Processo de Adaptação do Homem
IntencionalidadesEscola
Ao nível individual estamos perante uma especificidade de funcionamentos biológicos, pelo
que, as intencionalidades e sentido das solicitações a desencadear pelo processo educativo
deverão ser equacionados, considerando:
a) que as adaptações serão diferentes, em função dos processos seguidos para as atingir,
não sendo indiferentes, assim, os tipos de registos a que sujeitam os indivíduos;
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b) que este processo de adaptação terá que ser ajustadas às características das
capacidades e potencialidades dos indivíduos
Se considerarmos os grandes debates actuais sobre o processo de Aprendizagem, verificamos
que as discussões se centram, fundamentalmente, nas transformações das estruturas cognitivas
dos indivíduos e nas suas implicações.
Tendo como referência orientações e recomendações várias, ao nível da estruturação dos
processos de aprendizagem, nomeadamente os trabalhos realizados pela OCDE, enfatizamos:
- a necessidade dos processos de aprendizagem incidirem sobre a interacção e integração
dos conhecimentos com ligação à resolução de problemas reais;
- a integração de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, deverá permitir a
realização de situações-problema, onde as actividades promovidas possibilitem ao aluno
manipular, experimentar e interpretar fenómenos, segundo diferentes perspectivas;
- a necessidade de promover um raciocínio científico, pela experimentação de processo e
meios, que conduzam ao desenvolvimento de estratégias de actuação no sentido
pretendido.
O desenvolvimento da capacidade de levantar perguntas pertinentes e de procurar interpretar
de uma forma crítica os indicadores disponíveis para encontrar as melhores soluções
possíveis, passa por uma mudança de atitudes e por uma transformação profunda do
indivíduo, exigindo um trabalho sistemático e sustentado.
A curiosidade, a capacidade crítica, a resolução de problemas, que dê suporte ao
desenvolvimento e treino do raciocínio científico, i.e., levantar e testar hipóteses, analisar
dados, interpretar possibilidades, pensar sobre soluções e suas implicações, tirar conclusões,
poderá ser, assim, desenvolvido.
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A transdisciplinaridade deverá estar na base de todo este tipo de actividades, dado que
consideramos que o desenvolvimento:
- de uma atitude de interesse e procura do conhecimento,
- da compreensão e domínio de instrumentos de actuação (sigla ASK - attitudes, skills and
knowledge – proposto pela OCDE/2002),
dificilmente se efectivará através de alguns acontecimentos pontuais, mas fundamentalmente
pela dinâmica das relações que se estabelecem.
Neste enquadramento, o Desporto, poderá ser um meio por excelência, para a colocação de
Problemas com Objectivos Reais, para despoletar no aluno a necessidade de dominar e
utilizar instrumentos (no fundo, os conteúdos de diferentes das áreas científicas) que
contribuam de uma forma integrada, na resolução dos problemas com que são confrontados.
Considerando o NÍVEL de ANÁLISE MACRO
Análise Macro Análise Micro
DESPORTO
Mercado Educativo
Legislação
Mercados
Estruturas Reguladoras
Contextos
Estruturas Organizacionais
Transformações
Escola
Para que um projecto educativo com estas características seja implementado, é fundamental
que a estrutura orgânica da Escola o possibilite.
Assim, julgamos necessária a implementação de uma estrutura que seja flexível, de forma a
permitir optimizar os projectos educativos desenvolvidos de acordo com especificidades
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locais, mas que simultaneamente, actue em conformidade com as orientações definidas pelo
sistema educativo nacional, considerando as directrizes europeias.
Mas, estarão as escolas nacionais preparadas para um projecto educativo com esta dinâmica?
Permitirá o actual sistema de contratação do pessoal docente a operacionalização de um
projecto educativo com estas características?
Possibilitará, a forma como se têm estruturado os horários escolares, conceber e
operacionalizar projectos que visem a transdisciplinariedade?
- Estarão as interacções entre a(s) escola(s), o(s) clube(s), a(s) autarquia(s) a ser optimizadas,
no sentido serem potenciadas sinergias em torno de objectivos comuns (salvaguardando a
competência de intervenção de cada um)?
Análise Macro Análise Micro
DESPORTO
Politicas
Competências
Processo de Adaptação do Homem
Legislação Solicitações
Mercados
Cultura
Estratégias
Estruturas ReguladorasSociedade
Intencionalidades
Formação
Contextos
Necessidades
EconomiaEstruturas Organizacionais
Transformações
Tecnologia
Registos Efeitos
Mercado Educativo
Escola
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Naturalmente, para conceber e implementar um processo com estas características, não
nos poderemos restringir à solução de pequenos problemas pontuais, numa ou noutra
escala de análise, num ou noutro nível de intervenção. Consideramos assim, que a
abordagem da problemática educativa obriga a um diálogo que terá de conseguir
articular e integrar as interacções que se estabelecem, desde as Estruturas
Organizacionais que enquadram o Processo Educativo até ao que se passa com o Aluno
em termos cognitivos, o que irá, certamente, muito para além da disciplina…