petros - .:: biblioteca virtual espíritabvespirita.com/moises sem mascara (petros).pdf · ção de...

139
Petros GÊNESIS

Upload: vanhanh

Post on 05-Oct-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Petros

GÊNESIS

2

Fazia somente uma semana que o site deste livro estava no ar pela internet. Eu me encontrava naquela eufo-ria, mandando e-mails para conhecidos e desconhecidos, na ânsia que o lessem quando, de madrugadinha, abri a Caixa de entrada do Outlook Express e veja o que encontrei!

Site premiado!Site premiado!Site premiado!Site premiado! Um dos melhores do BrasilUm dos melhores do BrasilUm dos melhores do BrasilUm dos melhores do Brasil

**************************************************

L i n k s & S i t e s Seleção dos melhores Sites do Brasil! http://www.sites.jpa.com.br

Você faz parte desta seleção!

**************************************************

Parabéns pelo excelente Site!

Moisés sem Máscara Você está fazendo parte da melhor e maior

seleção de Sites do Brasil !!! - Só Sites Premiados - Seu Site foi selecionado pela nossa equipe e

está agora entre os melhores do Brasil! - Parabenizamos pelo ótimo trabalho! –

Confira o seu link no item: " SOCIEDADE " = Religiões

- Os links encontram-se rigorosamente em ordem alfabética – Caso ainda não tenha o selo, você

poderá pegá-lo na própria página! http://www.sites.jpa.com.br/selo.html

**************************************************** V I S I T E - N O S S E M P R E !

**************************************************** * Agradecemos a gentileza de nos confirmar

o recebimento deste e-mail! Dúvidas, críticas ou sugestões nos e-mail !

Um abraço, Dário Dutra

Webmaster - - Nosso Selo

-

Exiba-o com orgulho!

Ah, você nem faz idéia da felicidade que senti! Foi um dos mais emocionantes dias que me recordo de ter tido. Assim, estes escritos fazem parte da melhor e maior seleção de livros do Brasil!

3

“Conhecereis a Verdade e a verdade vos libertará.”

(João :8. 32)

“Jesus mudará os costumes que Moisés nos deu.”

(Atos. 6. 15 )

“Antigamente, servíeis a deuses que não o são. Mas agora que conheceis a Deus,

por que voltais aos rudimentos fracos e pobres que ainda vos escravizam?” (Gal: 4. 9)

“Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores.”

(João: 10. 8)

“Deus enviou Jesus para nos arrancar das leis humanas.”

(Gal: 4. 1)

“A lei e os profetas vigoraram até João Batista; daí em diante vem sendo anunciado o evangelho

de Deus e todo homem se esforça por entrar nele.” (Luc.:16. 16)

CONTEÚDO

Preâmbulo Introdução Cap. 1: Perfil de Moisés

Jesus x Moisés A lei mosaica Os falsos profetas

Cap. 2: Adão e Eva Cap. 3: Caim e Abel Cap. 4: Noé Cap. 5: Abraão – 1 Cap. 6: Abraão – 2 Cap. 7: Isaac Cap. 8: Jacó – 1 Cap. 9: Jacó – 2 Cap. 10: José Bibliografia

4

PREÂMBULO

Há alguns anos ganhei, de uma amiga protestante a quem muito estimo, um exemplar da bíblia acompanhado das pa-lavras: “Todos os dias abra-a ao acaso e leia um trecho”.

Eu nunca havia lido a bíblia e fiquei feliz com o presente. Ia, enfim, descobrir os motivos que levam grande parte da humanidade a um culto quase sagrado a este livro – e era possível que também eu me tornasse mais um dentre tantos a defendê-lo com garra, a recomendá-lo a outrem.

Antes de ir adiante, devo esclarecer que nasci em família católica pouco dada às práticas religiosas. Esclareço que co-nheci e freqüentei também o protestantismo e o espiritismo. Conheci, portanto, as três maiores organizações devocionais cristãs praticadas no Brasil, mas continuei em busca de filosofias - cristãs ou não - que pudessem, além de acrescentar conhecimentos em mim, auxiliar meu aprimoramento moral e espiritual.

Nesta busca conheci Teosofia, Umbanda, Mórmons, Rosacruzes, Seicho-No-Ie. Fiz dois cursos de Reiki, fiz os dois primeiros estágios do curso da Abrasce, freqüentei as reuniões das Chaves de Enoch; li vida de santos, estudei a energia das pirâmides, interesso-me por discos voadores e extraterrestres. Li Buda, li todos os livros de Ramatis, li autores maldi-tos e apócrifos, conheço algo sobre Krishnamurti, vim a conhecer Ashtar Sheron, conheço e procuro e praticar a filosofia dos Mestres Ascensionados. E há ainda muito a explorar.

Não nutro, pois, preconceito contra nem a favor de quaisquer manifestações religiosas ou filosóficas. Tudo eu analiso e tiro as próprias conclusões; em tudo busco conhecimentos; de tudo aproveitei um peneiradinho precioso, desprezando aquilo que me parecia desnecessário, supérfluo ou crendice.

Com aquele peneiradinho formei minha própria crença, que não é um retalho de cada filosofia, mas uma crença racio-cinada e, por isso mesmo, sólida em Deus. Da bíblia, eu conhecia trechos esparsos lidos e ouvidos aqui e ali. Sempre a-creditei que dentro dela houvesse um tesouro que me faltava aprender; sempre acreditei que sua mensagem fosse bastante consistente, considerando que os que a defendem são contados aos milhões, sendo grande parte formada por pessoas cul-tas, capazes de raciocinar e que teriam reconhecido e desprezado manifestações literárias não sérias.

Muito bem. Explicado este pormenor, prossigamos: De posse de meu exemplar da bíblia, me pus a fazer conforme dissera minha amiga: abrindo-a ao acaso, lia um trecho

todos os dias. Mas não chegou a me tocar porque o que eu lia não eram textos completos e elucidativos como na “Imita-ção de Cristo”, por exemplo, ou nos apontamentos da Seicho-No-Ie, nos ensinamentos dos Mestres Ascensionados, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos “Minutos de sabedoria” – páginas que, em cada parágrafo se obtém um ensina-mento possível de ser meditado, sentido e praticado.

Percebi que, na bíblia, os trechos eram continuidade de histórias, cujo início estaria nas páginas anteriores e cujo final, nas posteriores. Isoladamente, seu significado saía perdendo como neste exemplo escolhido ao acaso:

“Disse mais o Senhor a Moisés: ‘Faze duas trombetas de prata de obra batida; elas servir-te-ão para convocardes a con-

gregação e para a partida dos arraiais. Os sacerdotes, filhos de Aarão, tocarão as trombetas e isto vós servirá por estatuto perpétuo. Quando na vossa terra sairdes a pelejar contra os opressores, também tocareis as trombetas e, perante o Senhor vosso Deus haverá lembrança de vós e sereis salvos de vossos inimigos”. (Num. 10. 1 e 9).

Sem conhecer o início da narração, ficam as perguntas: Quem é Aarão? A resposta parece óbvia, mas só é óbvia a quem conhece a história inteira. A quem, como eu, não a

conhecia, este nome não dizia nada. “Disse mais o Senhor a Moisés...” Este “Senhor” seria Deus Verdadeiro e Único? Mas Deus Verdadeiro teria conversa-

do com um ser humano? E, se o fez, como se processou esta fala: Em sonhos? Numa visão? Mediunicamente? Pessoal-mente ao vivo e em cores?

A qual trombeta o Senhor se referia? Faz sentido se considerarmos ‘trombeta’ no sentido figurado, como clamor do povo, mas, neste caso, ‘trombeta de prata’, o quê seria? Clamor de prata?

Todos os filhos de Aarão são sacerdotes, ou só os filhos sacerdotes de Aarão tocariam as trombetas? Somente os sacerdotes podiam tocar as trombetas e, assim sendo, são trombetas físicas – e não em sentido figurado. A que congregação o narrador se referia? O que eram os arraiais? O que era feito nos arraiais? Partir de quais arraiais e ir para onde? Onde estavam? O que eram os estatutos perpétuos? Quais opressores eram aqueles que deveriam pelejar contra? Se, para que Deus ouça clamores for preciso que o povo toque trombetas, então Ele não sabe o que se passa na terra? E que Deus é este que protege uma facção contra a outra, se ambas são formadas por filhos dele? E, afinal, que sentido oculto tem este trecho? O que posso aprender com ele? Como posso me beneficiar com sua leitu-

ra? Como ele pode me tornar melhor?

5

Ou este trecho não tem sentido figurado nenhum? Como se viu neste exemplo, para que haja compreensão das falas da bíblia é imprescindível conhecer o contexto em

que foram escritas e, para conhecer este contexto não bastam leituras de trechos isolados. Falei isso à minha amiga, completando que sentia vontade de ler a bíblia inteira desde a primeira linha e indo adiante,

página por página, palavra por palavra – e não abrindo ao acaso e lendo relatos interrompidos. “- Como se fosse um romance? – fez ela – Não! Não é como um romance que se lê a bíblia. Continue como lhe ensinei, que

é o certo. Deus fala por enigmas, ninguém precisa entender. A bíblia é a Palavra do Senhor e você só tem de obedecer”.

Não concordei com o obedecer sem entender, mas não discuti; no entanto, o desejo de adquirir conhecimentos fez meus circuitos internos funcionarem ao contrário do sugerido. E me pus a ler a bíblia começando no primeiro parágrafo e indo adiante como num romance, sim! Por que não? A bíblia não está escrita como se fosse um romance? Por que não ler? Por que ler fragmentos, se posso conhecer o livro inteiro? Por que desprezar uma oportunidade de aprender?

Posso estar errando, mas antes de julgar alguém ou alguma coisa, costumo ponderar e formar juízo meu. Não me in-fluenciam opiniões alheias antecipadas; sou um ser inteligente e racional, capaz de avaliar e formar opinião própria. Fran-camente, sou devagar para ajuizar; demoro dias e até meses antes de chegar à mesma conclusão que outras pessoas chega-ram às primeiras horas; mesmo assim, não me precipito. Costumo desprezar os primeiros indícios, sejam positivos ou negativos. Prefiro reunir os pontos voltados para o mesmo sentido e os pontos voltados para o sentido oposto antes de dizer que é bom, ou que não é bom. Quero ter certeza de que minha avaliação será a mais justa possível.

Foi assim que iniciei a leitura da bíblia: com a mente limpa, destituída de quaisquer pré-julgamentos; não permiti que opiniões de outrem, já formadas, contagiassem minha avaliação pessoal.

Iniciei na primeira letra da primeira página do primeiro capítulo e fui embora, palavra por palavra. Acontece que, à medida que lia, algumas dúvidas foram aparecendo. Eram incoerências pequenas e outras grandes,

mas fiel ao costume de reunir pontos positivos e negativos em boa quantidade antes de formar juízo e emitir opinião, eu procurava não vê-las, procurava não pensar nelas. Buscava penetrar nos pontos que fundamentam a fé, não raciocinando de imediato sobre eles e ia em frente, deparando-me com outras e outras contradições e relatos inconsistentes, que me intrigavam:

“- Será que este livro que estou lendo é a bíblia? Ou será uma brincadeira daquela minha amiga? Terá ela me presenteado com um livro cujo nome, formato e aparência são da bíblia, mas com conteúdo trocado? Se não for isso posso estar enlouque-cendo, lendo coisas que não estão escritas”.

Crendo agora que aquilo fosse apenas uma brincadeira, continuei a ler – agora sem a mesma seriedade inicial –, pen-sando reunir elementos para desmascarar a autora do gracejo que, a meu ver, queria me testar. E, para ter certeza de que estava lendo uma imitação da bíblia apanhei, na escola onde lecionava, um exemplar da bíblia das Edições Paulinas (“Bí-blia Sagrada” – Pontifício Instituto Bíblico de Roma – Edições Paulinas – SP – 1967) e as comparei.

Iguais! Alguma diferença nas palavras – não contrariando, mas sinonimizando-as. Além disso, a bíblia católica contém alguns livros a mais. De resto, idênticas em todos os aspectos.

Sim, o que eu tinha em meu poder era a bíblia! Com a certeza de estar lendo o livro certo, retomei a leitura desde o início. Tudo outra vez bem devagar e agora, com

seriedade ainda maior que da primeira vez, procurando o significado camuflado das palavras. Analisei-as com a maior boa vontade querendo captar o sentido místico, alcançar aquela certeza que têm os que, depois de ler a bíblia apaixonam-se, de tal forma, que chegam ao fanatismo irritante. Mas parei no mesmo ponto em que havia parado a primeira leitura, incapaz de entender como é que podia alguém afirmar que aquelas coisas fossem de autoria de Deus Verdadeiro, sendo, pois a “Palavra de Deus”.

Retomei o exemplar das Edições Paulinas – aquele da escola – onde encontrei basta referência sobre as “sagradas es-

crituras” e o que li deixou-me em maior confusão:

De Leão XIII: “- A Divina inspiração está longe de admitir algum erro(...) pois Deus não pode ser autor de erro algum”. E eu pensava: Sim, é verdade! Deus não pode ser autor de erro. Deus não erra. Neste caso, quem errou foram escrito-

res e os tradutores bíblicos. No entanto, milhões de pessoas consideram estes erros como acertos irretocáveis, fazendo incrível ginástica mental na procura de “explicações” plausíveis. Por quê? Por que ninguém questiona os erros de tradu-ção, pelo menos? Por que eles são aceitos na sua totalidade?

Do Pe. Em Merck: “A relativa brandura dos hebreus derivava da legislação de Deus através de Moisés”. E eu pensava: Brandura dos hebreus? Onde está ela, que não encontro na bíblia? Os hebreus são uns abrutalhados, tos-

cos assassinos, homicidas grosseiros, ladrões, embusteiros, golpistas, trapaceiros – tudo isso com ajuda do deus deles.

6

Mas me senti consolado quando encontrei alguém que não escondeu a perplexidade. E este alguém é nada menos que

Santo Agostinho, o maior de todos os bispos católicos que, ao referir-se à bíblia, assim se expressou: “Aqui há algum engano de copista ou de tradutor – ou sou eu que não compreendo”. Aí, respirei com alívio. Bem... Se Santo Agostinho, íntimo da bíblia, alertou para algum engano e, como última alter-

nativa, cheio de humildade, culpou-se a si mesmo por não entendê-la, como é que um leigo com todas as letras feito eu, pode aceitar a “História Sagrada” sem uma palavra de contrariedade?

Na terceira leitura que fiz da bíblia (é incrível a minha teimosia), fui reunindo os pontos ilógicos e copiando-os num ca-

derno, com comentários meus. Escrevi por escrever; ou para poder despejar de alguma forma, meu desgosto em relação àquele livro. E passei a sentir pena das pessoas que decoram versículos e saem batendo de porta em porta “pregando a Palavra de Deus”, procurando aumentar o rebanho do Senhor e ganhar seu galardão. Passei a recebê-las com carinho mai-or do que fazia antes, por entender que são pessoas de boa vontade, mas que não lêem a bíblia. Decoram-na como se de-cora o Hino Nacional, sem entender o significado de “Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas”. Obedecem a quem, por sua vez, também não a leu; ou se leu, não compreendeu; ou se compreendeu, teme pecar rejeitando-a; ou, em última hipó-tese, tem objetivos íntimos indesculpáveis porque, a partir do dia em que parti em busca de explicações para aquelas inco-erências, tenho ouvido o seguinte:

“As Palavras do Senhor não são para ser atingidas à luz do entendimento, não podem ser raciocinadas. São para ser obe-decidas sem entrar em cogitações. Torna-se pecador aquele que quiser passá-las pelo crivo da razão e, por conseguinte, abri-gar alguma dúvida”.

Ora, quem inventou isso? Onde está escrita esta lei? Qual autoridade celeste terá afirmado que assuntos divinos não podem ser estudados à luz da razão? Qual supra-sumo garante que as coisas de Deus não podem ser compreendidas? Se não podemos usar o raciocínio nas coisas relacionadas ao Ser Supremo, por que o Ser Supremo nos deu a capacidade de compreensão?

Além disso, quem garante que as palavras escritas por Moisés partiram de Deus Verdadeiro? Se o foram, quem anda em erro sou eu, que procuro amar o meu próximo como amo a mim mesmo, que procuro adquirir as virtudes do amor e da humildade, que procuro perdoar setenta vezes sete... Mas não foi isso que o deus ensinou a Moisés!!!

Adiante: Por mais de dez anos, aquele caderno onde anotei minhas conversas de mim para mim tecendo considerações sobre o

Velho Testamento ficou guardado. Agora, relendo-o, senti fundo na alma o desejo de dividir as impressões sobre o livro que quase chegou a balançar a minha fé em Deus Verdadeiro.

Comecei a digitar este trabalho, mas importunou-me o seguinte pensamento:

“Calma, companheiro! Com que direito você vai assim, sem mais nem menos, jogar dúvida na fé de tanta gente? Não é me-lhor que as pessoas creiam em alguma coisa, que creiam num Moisés, mesmo que incoerente, do que em nada”?

O raciocínio dizia que sim, mas a vontade de escrever era muito mais forte. Algo me estimulava, me motivava, me empurrava, me impelia, me obrigava a continuar escrevendo. Eu já sentira antes, necessidade imperativa de escrever so-bre determinado tema; eu já conhecia esta energia sabendo que, quando ela me toca não há como retroceder, não há como me esquivar. Sob a ação desta força incrível e indescritível tenho escrito livros, cartas e artigos para jornal; tenho me re-belado publicamente contra desmandos de autoridades e tenho conseguido melhorias para a população, graças a Deus. E sempre que me assalta esta força interna, peço a Deus e a Jesus que me impeçam de continuar a escrever, caso o escrito venha a contrariar ou prejudicar de alguma forma, o Grande Serviço Divino.

Pois bem! No sábado, 16 de setembro de 2.000, sendo dia do Culto Doméstico ao Evangelho e, estando eu sem com-panhia – por causa do temporal, ninguém veio participar comigo –, aproveitei a solidão para falar fervorosamente com Deus, em voz alta:

“Senhor, estou sentindo profunda necessidade de continuar escrevendo sobre o que Moisés registrou. Sei que estarei con-trariando aos que creem neste profeta e poderei vir a criar polêmica desnecessária. Se esta força estiver chegando a mim por Sua Vontade, mande-me um aviso inequívoco para dar continuidade – ou, em caso contrário, mande-me uma advertência in-confundível, que destruirei o que já escrevi. Se sim ou se não, Sua Vontade será respeitada”.

Quero acrescentar que, no Culto Doméstico, lemos trechos abertos ao acaso de autores que nos falem das virtudes que devemos incorporar: perdão, paciência, benevolência, humildade... enfim, textos que nos façam pensar, tomar as rédeas de nós mesmos modificando mente, coração e palavras. Pouco nos importamos se os textos provêm desta ou daquela filo-sofia, desde que seu conteúdo seja aproveitável ao nosso grupo.

Retornando: Depois de minha breve oração, abri ao acaso um exemplar do Evangelho Segundo o Espiritismo. A página aberta tinha

por título: “Caracteres do verdadeiro profeta”. Eu já conhecia o texto, mas o li em voz alta, como é costume fazê-lo no

7

momento do Culto. De pronto, não me dei conta que aquele fosse o aviso que eu havia acabado de pedir. Aliás, nem pen-sei nisso. Acreditava que, se Deus me favorecesse com o aviso solicitado, seria no decorrer dos dias através de um fato, como já ocorreu antes. E talvez nem fosse dado sinal algum e eu teria de agir por mim, usando o livre arbítrio, tomando o melhor caminho de acordo com o Cristo Interno, que tem recebido o nome de consciência.

Pus-me a ler a página do citado livro. Era explicação das palavras do Mestre Jesus sobre quem se diz possuído de dons espirituais, mas que não passa de embusteiro. Senti, porém, certo arrepio ao ler: “... É contra esses impostores que se deve estar em guarda, tendo todo homem honesto, o dever de desmascará-los”.

Desmascarar! Foi quando li esta palavra, que me dei conta do que estava acontecendo. Desmascarar! Era este o termo que, naquele mesmo dia havia me ocorrido para compor o título deste livro, caso ele

chegasse a ser concluído! Esta palavra me fez agitar o peito, erguer os olhos para o Alto de boca aberta, ao pé da letra. Além disso, as demais palavras estavam intimamente relacionadas ao problema que me afligia naquele momento: estar

em guarda contra estes impostores, dever de desmascará-los... Este era o sinal! Até duvidei que o aviso que pedira há menos de cinco minutos me estivesse sendo oferecido. Impos-

sível confundi-lo, porém! Impossível acreditá-lo obra do acaso! Impossível crer em coincidência! A resposta estava ali, com todas as letras: a necessidade de mostrar ao mundo o certo e o errado; de diminuir os poderes de quem esteja usando, tenha usado ou venha a usar o nome de Deus Único e Verdadeiro em prejuízo de seus irmãos.

A partir deste momento, tive a certeza de que aquela necessidade íntima de trazer o tema a público não era provinda de o meu próprio ser, do meu cérebro ou coração. Não! Era uma força que ultrapassava a quaisquer vaidades pessoais ou desejos de contrariar crenças fincadas há milênios.

Continuei, pois, escrevendo sobre o tema, chegando a conclusões que jamais haviam feito parte do meu sistema de i-

deias. Eram conceitos que me assaltavam de improviso, bastava eu começar a digitar. Muitas outras pessoas, pelo que sei, chegaram às mesmas conclusões no tocante aos mesmos conteúdos, mas receiam

expô-las. Afinal, elas estão no “Livro dos Livros”, na “História Sagrada”. São a “Palavra do Senhor” sendo, pois, atrevi-mento imprudente e até risco de vida afirmar que Moisés foi falso profeta.

Mas as incoerências estão lá, para quem quiser comprovar. Nada mais faço que apontar pontos falhos que, um só deles seria capaz de colocar em dúvida a saúde mental do seu autor – e dizem ser Deus!

Quero deixar claro que minhas palavras referir-se-ão aos livros de Moisés e àquele deus por ele apresentado: um deus guerreiro com sede de sangue, cheio de preconceitos, imoral, mentiroso, chantagista, vingativo, incoerente. Jamais deixa-rei de reconhecer JESUS CRISTO – ele sim, o mensageiro de DEUS Único e Verdadeiro.

8

INTRODUÇÃO

Tudo o que eu disser aqui certamente você já sabe, mas não custa repetir: A bíblia é um conjunto de 73 escritos da antiguidade reunidos num só volume, após afastar aqueles considerados apó-

crifos ou não autênticos. Referido volume divide-se em Antigo e Novo testamento.

I – O Antigo Testamento começa falando sobre a criação do mundo, os primeiros humanos, a história do dilúvio. De-

pois, conta a história do povo hebreu desde Abraão, até mais ou menos dois séculos antes de Cristo. Fala da vida política da época e enaltece seus heróis. Prega os mandamentos mosaicos e é composto por quatro classes:

Pentateuco – cinco livros de autoria de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio; Livros Históricos, Livros Poéticos e Livros Proféticos.

II – O Novo Testamento expõe: Os quatro Evangelhos, Atos dos Apóstolos após a morte de Jesus, Cartas de Paulo, Cartas de outros discípulos e Apocalipse.

Os quatro evangelhos narram a vida de Jesus, seus ensinamentos, profecias e morte. Aqui, no Novo Testamento, a lei não é escrita na pedra, mas no coração de cada um e, por isso, é menos humana e mais divina; é mais fluídica e sutil, con-trariando frontalmente o Jeová de Moisés.

Aqui, Jesus não fala em guerra, em tomada de terras pela violência, proteção aos primogênitos masculinos de determi-nada família, rapinagem beneficiando uma raça, circuncisão, sacrifícios de pessoas ou animais para deleite do deus.

No Novo Testamento o espírito se eleva, aprende a entender o sofrimento; aprende a perdoar, a dar a outra face, a orar pelo inimigo, a amar o próximo seja ele quem for, a compreender – e não a temer – a morte.

No Novo Testamento, a ênfase recai nas virtudes morais, na compreensão dos preceitos, na fé raciocinada – e não na quantidade de ouro, nos bastos rebanhos, na força física, no sangue espargido no altar, na cega obediência ao deus.

O Novo Testamento não tem patriarcas nem super-homens; o único que aparece em relevo é o próprio Jesus pela man-sidão, pela transmissão e exemplificação do ensino altamente espiritualizado, pela oposição aos ensinamentos e práticas pagãs enraizadas dentre os da sua raça.

Quanto aos apóstolos, quem mais ocupa espaço é Paulo, que sequer foi contemporâneo de Jesus não havendo, portan-to, sido um apóstolo no rigoroso sentido da palavra; foi, porém, o maior dos apóstolos por sua tenacidade na defesa e expansão do cristianismo e das verdades trazidas por Jesus, porta-voz de Deus Autêntico. Paulo aparece, não por ser pri-mogênito, nem por ser descendente ou ascendente de Moisés, não pelo fato de pertencer a esta ou aquela raça. Paula apa-rece não pela beleza física –, pois que o deus de Moisés, ou o próprio Moisés, sei lá – era vidrado em homem bonito – mas devido à sua transformação interna radical ao reconhecer-se errado, mostrar-se arrependido, penitenciar-se e passar de perseguidor a perseguido por amor ao Mestre Jesus.

No Novo testamento, os envolvidos se esforçam por difundir o ensino do Mestre e, se são citados não o são pela habi-lidade em manejar a funda, nem por matar mais gente, nem pela capacidade de enganar, nem por resistir aos opositores pela violência ou através de prodígios circenses – e sim, pela autoridade de suas verdades, pela humildade, pela exempli-ficação dos ensinos através de lágrimas, sangue e suor, pela aceitação dos sofreres, pela não valorização das riquezas e do poder temporal. No Novo Testamento quem age é o espírito, em contradição ao deus mosaico, num desmentido textual e de atitudes.

Com a difusão dos livros bíblicos, com copistas e tradutores não fiéis, os erros foram perpetuados e são apresentados também no Novo Testamento. A diferença é que aqui, os absurdos podem ser contados nos dedos, mas como pingos no oceano, não modificam a sua força. O último livro do Novo Testamento é o Apocalipse, que fala sobre o final dos tem-pos; foi escrito por João Evangelista, o autor do quarto e último dos Evangelhos.

O objetivo do “Moisés sem máscara" – livro que está em suas mãos é, pois, o estudo com lente de aumento dos atos de Moisés, cujos escritos abrem o Antigo Testamento e, por conseguinte, a bíblia.

É difícil – até impossível – enfocar, à luz da razão, os fatos contraditórios que o “Livro Sagrado” traz sob autoria de Moisés porque são tantos, mas tantos mesmo que, quaisquer autores que se propuserem à análise profunda dos seus con-teúdos, dificilmente chegarão a enumerá-los todos. Também eu não o conseguirei, mas farei minha parte e, no futuro quem sabe, outro escritor completará o meu trabalho.

9

Capítulo 1

PERFIL DE MOISÉS

a - Personalidade

Impossível falar em bíblia sem falar em Moisés. Impossível falar em Moisés, fugindo à análise de sua pessoa. Impos-sível analisar Moisés sem sentir certa admiração por aquela figura segura de si, líder perseverante, espírito indomesticado.

Sim, ele ocupará sempre lugar de destaque, por negativa que tenha sido sua influência. Milhões de “cristãos” elegeram Moisés o maior líder mundial, maior até que o próprio Cristo.

Muitas religiões antigas e atuais equivocadamente se formaram à sombra do deus pagão criado por Moisés.

Antigamente, servíeis a deuses que não o são. Mas agora que conheceis a Deus, por que voltais aos rudimentos fracos e pobres que ainda vos escravizam? (Gal: 4. 9)

Quantas pessoas se dizem cristãs, mas seguem de olhos vendados o deus mosaico, deus pagão, sem notar que este se

antepõe a Deus Verdadeiro? Sem os comparar, sem perceber que são contrários entre si? Estas pessoas se dizem cristianizadas, mas não se deram conta que Cristo veio em carne a este nosso mundo miserável,

se misturou aos ignorantes, sofreu horrores exatamente para demonstrar o quão nefasto era o deus de Moisés. Sem com-preender que o objetivo de Jesus era mostrar o erro daquelas leis absurdas, eliminar a autoridade do falso deus e apresen-tar Deus Autêntico à humanidade.

Jesus mudará os costumes que Moisés nos deu. (Atos. 6. 15 )

Deus enviou Jesus para nos arrancar das leis humanas. (Gal: 4. 1

A lei vigoraram até João Batista; daí em diante vem sendo anunciado o evangelho do Reino e todo homem se esforça por entrar nele. (Luc.:16. 16)

O pior é que o Bom Pastor que não conseguiu abolir o domínio do deus mosaico conquanto, ainda hoje, muitos discur-sos inflamados misturam, na mesma frase, o deus de Abraão, de Isaac, de Israel e de Moisés a Deus Verdadeiro, sem notar que o Jeová deles é contrário a Deus de Verdade apresentado por Cristo.

Disse Jesus: Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores. (João: 10. 8)

Amado por uns e odiado por outros, Moisés não é indiferente a pessoa alguma. Ninguém poderá dizer: “Não sei quem

foi Moisés”. Ou: “Nada sinto por ele”. Impossível ignorar Moisés, porque ele teve seu papel. Ninguém, porém, traçou o perfil daquele gigante. Ninguém se aprofundou no estudo e análise psicológica de homem

tão admirável, cujos feitos foram elogiados e amaldiçoados na mesma proporção. Nem nós conseguiremos traçar tal perfil pela escassez de elementos históricos que nos chegam de tempos tão recuados. Procuraremos, no entanto, dar uma pince-lada baseando-nos nos poucos elementos que temos.

Conhecendo a natureza humana que nos anima é possível nos colocar no lugar de Moisés e, por empatia, procurando saber o que sentiríamos nós se fôssemos ele, poderemos chegar, muito imperfeitamente, ao que se passava naquele íntimo que não foge às regras naturais que nos regem a todos.

Quem foi aquele menino que ele próprio diz ter sido recolhido das águas do Nilo? Como foi sua infância? Como foi sua relação com as demais pessoas do palácio onde foi criado? Terá sido amado in-

condicionalmente por todos? Terá sido odiado por uns poucos e amado pela maioria? Ou vice versa? Não importa. Moisés foi invejado e odiado pelo menos por alguns – e estes alguns poucos, com certeza, conseguiram

tornar sua vida um inferno. Inferno de luxo, mas inferno. Teria mesmo sido um menino anônimo, de família desconhecida, recolhido no rio pela princesa Thermutis? Ou teria sido filho desta mesma princesa egípcia com algum hebreu, considerado de raça impura?

Segundo o Conde J. W. Rochester, no livro “O Faraó de Menerphtah” (tradução: Francisco Pires – LAKE – SP), Moisés foi filho de Thermutis, irmã do faraó, com Itamar, escultor semita a quem amava. Vendo-se grávida, re-fugiou-se em Tanis enquanto a Corte se encontrava em Thebas e lá ficou até dar à luz.

10

Ao nascer o bebê, o pai dele foi assassinado e a princesa entregou o filhinho a Jocabed, irmã de Itamar – que também tinha um filho pequeno –, para que o amamentasse e o cuidasse às escondidas. Meses antes, o faraó ha-via dado a ordem de sacrificar os recém nascidos semitas e, assim, o filho da princesa corria perigo por ser des-cendente de hebreu.

Thermutis casou-se com o assassino de Ithamar, Chenefrés, o qual descobriu o segredo dela e a tinha em su-as mãos. Continuando a matança dos pequenos hebreus, Jocabed comunicou à princesa que era impossível man-ter escondido o garotinho por mais tempo. Foi quando planejaram colocá-lo num cesto e depositá-lo no rio, em hora e local previamente escolhidos pela princesa para que esta, fingindo estar ali por acaso a banhar-se, “en-contrasse” o menino e o adotasse.

Assim fizeram. Mariana, filha de Jocabed e prima de Moisés, assistiu ao “achado” e se fez presente logo em seguida, quando

Thermutis mandou alguém à procura de uma ama de leite. A menina disse que conhecia uma ama hebréia e saiu em busca da própria mãe, a mesma que colocara o bebê no cestinho.

A princesa entregou – ou devolveu – a Jocabed o menino, o qual recebeu o nome Mesu – ou Moisés –, nome egípcio que significa filho das águas. A mulher hebréia levou o sobrinho de volta para casa, agora sem o perigo de ser morto por estar sob a proteção de Thermutis, irmã do faraó.

Sob os cuidados da tia, Moisés ficou até os quatro anos quando Thermutis, a mãe verdadeira, o levou para morar consigo no palácio.

Inteiramente hebreu – ou metade semita e metade egípcio –, jamais Moisés pôde pronunciar a doce palavra mãe. Nem

chamar pelo pai. Nunca deixaram que ele esquecesse que ali estava de favor, recolhido por caridade, fosse ou não filho de sangue da princesa. Aliás, se o foi mesmo, a família ignorava o fato e seria o escândalo dizer a verdade.

Não, Moisés não teve infância de veludo e mel com chocolate. Ele sofreu apesar de se apregoar o contrário. Com cer-teza, teria sido mais feliz se criado em bairro judeu, junto aos seus irmãos ou meio irmãos.

Dentro dele, uma certeza: Criado no palácio do faraó, sob a proteção do faraó, convivendo com o luxo dos faraós, edu-cado como herdeiro de faraó, recebendo conhecimentos reservados aos futuros faraós, jamais viria a ser faraó. Não tinha direito ao trono, devido à origem semítica. Porém, impossível viver num ambiente grande daqueles e não ser contagiado pelo desejo de grandeza. Se até o mais pobre dos judeuzinhos brincava de ser faraó, por que não o Moisés, que já percor-rera metade do caminho? Vivendo em tal meio, Moisés sonhava ser elevado à posição de rei do Egito; porém, mesmo que a princesa Thermutis o declarasse filho verdadeiro, jamais seria rei daquele país. A fortuna da princesa poderia vir a ser sua – mas o título, o trono, a coroa e o cetro, nunca.

Moisés alimentava a ilusão de subir ao trono, porém tinha consciência de quem era e, se não o tivesse, muitos maldo-sos, ali mesmo no palácio, se encarregavam de lembrá-lo sua situação de judeu abandonado nas águas do Nilo.

Moisés foi agraciado com certas qualidades físicas e morais. Outras qualidades que a Natureza lhe negou, ele se apro-

priou delas por si mesmo. Veja se este perfil não combina com a personalidade mosaica:

� Se considerarmos as proezas que fizeram dele um dos mais conhecidos homens do planeta de todos os tempos, Moisés terá sido forte, corajoso e inteligente.

� Supondo que tenha herdado os traços físicos dos semitas, teremos um Moisés de rara beleza: pele morena, po-rém mais clara que a pele dos egípcios puros; porte imponente, basta cabeleira negra e anelada, barba cerrada, olhos pretos e penetrantes sob um par de sobrancelhas igualmente de ébano.

� Adicionando à beleza física a fortuna que herdaria da princesa, teremos um Moisés riquíssimo. � “E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios” (Atos. 7. 22). Se levarmos em conta que ele teve uma educa-

ção aprimorada; que freqüentou templos egípcios, que incorporou seus conhecimentos milenares e se apossou de seus mistérios, teremos um Moisés dono de grande cultura, versado na religião e nas ciências secretas daquele povo – das mais refinadas, completas e respeitáveis da antiguidade.

� Se nos lembrarmos que passou infância, adolescência e juventude naquele ambiente carregado de influências; que ouviu e assimilou cada palavra ouvida da família real, dos sacerdotes, dos altos funcionários, dos guardas, dos subordinados, dos freqüentadores costumeiros e dos visitantes eventuais, teremos um Moisés conhecedor dos problemas, dos temores, dos costumes, dos dramas, das tramas, das fraquezas, das manhas, dos se-gredos e das intrigas palacianas.

� Se adicionarmos a capacidade criadora e o gosto pela escrita – pois que possuía raro talento como escriba e, não fosse isso, não nos teria legado cinco livros da epopéia do povo hebreu –, teremos um Moisés imaginoso,

criativo, inventivo e inventador. � Se notarmos que toda pessoa criativa barganha a falta de ardor ao serviço cansativo pelas atividades artísticas

por não se afeiçoar ao trabalho rotineiro, teremos um Moisés artista, apaixonado pelo trabalho intelectual, mas não pelo trabalho rotineiro Aproveitando o ensejo, é bom lembrar que uma característica do artista é a fal-

11

ta de gosto pelo serviço corriqueiro e, por isso, cansativo. Os mais engenhosos inventos e criações artísticas que atravessam séculos partiram dos “preguiçosos”.

� Se observarmos que ele provou persistência – ou teimosia –, que não abandonava de maneira alguma os obje-tivos mentalizados, teremos um Moisés determinado, enérgico e cheio de vigor, lutando e vencendo os obs-táculos, por gigantescos que fossem.

� E, se não nos esquecermos da capacidade de liderança na consecução dos objetivos que o imortalizaram, tere-mos o homem completo, o modelo de homem.

Este é um perfil de rei, virtudes necessárias aos que têm pretensões de governar e, sem dúvida, este é o exato perfil de Moisés, objeto de nossas atenções no momento.

Um senão até pequeno, mas de uma enormidade sem tamanho para quem tinha intenções de conduzir uma: Moisés era gago e ele próprio confessa esta deficiência. Em Êxodo, 24. 10, ele disse ao “senhor”: “Eu nunca fui eloquente nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; sou pesado de boca e pesado de língua”.

Vamos imaginar agora este homem incomum com o pensamento longe, meditando. O que sonharia Moisés adolescente, quando a sós consigo mesmo? Não é difícil adentrar-lhe o íntimo. Basta que nos coloquemos, nós próprios, no seu lugar, uma vez que o ser humano é

o mesmo em quaisquer lugares, em quaisquer épocas. Os milênios transcorridos não nos aperfeiçoaram não nos diferenci-aram daqueles que nos antecederam; o psiquismo trabalha da mesma maneira e assim, é fácil saber o que se passaria em nós – e nele – em circunstâncias semelhantes.

Dentro de Moisés, contradição constante. Dotado de dons naturais que aperfeiçoou com garras de aço, preparou-se pa-

ra reinar – mas a certeza de que a coroa estava tão distante de si como o azul do céu o está para todos nós, fez dele um ser amargo e rancoroso contra os egípcios que, além de impedi-lo de se aproximar do poder, zombariam de suas pretensões.

Moisés sonhava sobrepor-se àqueles que agora o desprezavam e muita vez terá dito para si, com lágrimas escorrendo, deixando nas faces uma trilha prateada como rastro de lesma:

“-Por que não nasci egípcio? Por que ter de carregar nas veias o sangue judeu, odiado por todos? O que fiz para mere-cer destino tão doloroso traçado a priori, sem que eu tenha o poder de modificar um tantinho que seja? O que será de mim quando Thermutis e o faraó estiverem mortos? Serei escorraçado, serei expulso deste palácio feito cão doente. Para onde irei, onde viverei, quem serei eu? Além de menosprezado pelos egípcios que já me rejeitam, serei motivo de caçoada dos hebreus que agora me invejam. Não serei acolhido entre os egípcios, nem entre os semitas”.

Era natural que aquela personalidade não aceitasse ser um nada, um ignorado no meio da massa; era óbvio que não a-ceitasse submeter-se de joelhos, a outro mandatário. Dentro dele floresceu um ódio surdo, certo desejo de sobrepor-se à situação e mostrar seu valor. Aquela vontade férrea procurou – assim como procuraríamos nós, certamente – válvula de escape onde pudesse ostentar uma coroa e vingar-se contra os que o humilhavam. E como não poderia tomar a coroa e-gípcia, pensou noutra coroa: Dois povos conviviam na mesma terra: egípcios e hebreus. Se lhe era impossível reinar sobre os egípcios, por que não sobre os hebreus? Se não pudesse usar o cetro do faraó, por que não criar um cetro para si?

Tal idéia deve ter sido sua companheira constante; tinha, porém, de amadurecer os detalhes antes de tentar fazer dela

uma realidade. A ocasião teria surgido através da própria mãe, a princesa Thermutis, que teria lhe revelado o segredo do seu nascimento – e este fato poderia ter sido a gota que transbordou o balde.

Afirma o Conde J. W. Rochester em já citada obra, que a princesa Thermutis, ao sentir a morte se avizinhando, con-fessou a Moisés sua procedência. Contou sobre Itamar e seu assassinato por Chenefrés, marido dela. Naquele momento, segundo Rochester, Moisés elevou as mãos crispadas e disse por entre dentes:

“-Eu te vingarei, meu pai! Vingar-te-ei sim, não num homem, mas quebrando o jugo que pesa sobre nosso povo des-graçado, jugo este que o faz miserável e desprezível. Lutarei por este povo, dar-lhe-ei independência. O suor não mais escorrerá da fronte dos meus irmãos, nesta terra de servidão! Ninguém mais se envergonhará de apertar-nos a mão e, tem-po virá em que todos se curvarão diante do nosso povo que há de governar o mundo! Esta é a minha vingança pelos so-frimentos que temos suportado. Pais infelizes! Prometo que povoarei o deserto fundando um grande povo; morrerei acima do comum dos mortais, no trono de Israel onde governarei com sabedoria vontade férrea”.

Se esta cena foi real ou apenas um teatrozinho criado por Rochester, não se saberá nunca, mas mesmo que o tivesse si-do de outra maneira, a descoberta de sua origem foi a alavanca que faltava para Moisés cristalizar os desejos de realizar os sonhos. Faltavam-lhe ainda os meios, que vieram por caminhos inimaginados.

O restante desta narrativa com os comentários alusivos encontra-se adiante, em Êxodo, quando vamos analisar a vida

de Moisés, narrada por ele próprio. O que quisemos deixar claro nesta oportunidade é a falta de análise crítica da personalidade de Moisés pelos autores

que têm tentado decifrar os mistérios que o envolveram. Ninguém, ao ler a história dos judeus, tentou entender o estado de alma de aquele ser extraordinário. Rodeado por homens altamente intelectualizados, acostumado aos sofisticados re-

12

quintes sociais, aos delicados alimentos, às roupas elegantes, ao conforto às margens do Nilo que dava-lhe de beber e proporcionava o frescor dos banhos, passou a vagar pelas areias áridas do deserto, castigado pelo sol impiedoso por qua-renta anos com pouca água, pouca comida, cercado por uma turba sem educação, revoltada e lamurienta; forçado a enga-nar que tudo ia bem quando sabia de sobra, que havia falhado e que o castigo pelo cálculo mal feito, ele propôs-se a si mesmo: vagar sem descanso, até morrer. Condenado pela consciência a jamais entrar na posse da terra dos seus sonhos, a jamais ostentar a coroa que moldara em imaginação, como seria o íntimo daquele homem? Seria possível que, com tama-nho peso nos ombros – o destino de dois milhões e meio de pessoas – ele pudesse ser tranqüilo, risonho, bem humorado? Como seriam suas noites? E seus sonhos ou pesadelos, como seriam? Suas vítimas não lhe rondariam os passos, vigiando-o quando acordado e acusando-o quando dormindo?

Talvez tenhamos de ser duros demais nesta análise. Mas o faremos, porque o próprio Jesus procurou nos alertar contra os falsos profetas e nos ofereceu elementos para que os desmascarássemos.

Moisés foi um falso profeta, cuja vingança contra os egípcios continuou nas areias desérticas quando ele se sentava pa-ra relatar, por escrito, a história do povo hebreu à sua maneira, eximindo-se o tempo todo de alguma culpa. Segundo ele, a culpa pelo sofrimento dos egípcios foi deles próprios, por “desobediência às ordens de Jeová”.

O tamanho descomunal desta última vingança, Moisés não previu. Talvez a tivesse desejado, caso pudesse saber que seus escritos estender-se-iam para além daquelas terras e para mui-

tos e muitos séculos além daquela época, fazendo vítimas ainda hoje, no 3º milênio depois de Cristo, entre os ignaros que não sabem diferenciar Deus Único e Verdadeiro do falso deus de Moisés.

b - Jesus x Moisés

Para melhor desempenho deste trabalho optamos por, sempre que possível, colocar os escritos de Moisés frente a fren-

te com os ensinamentos do Cristo, numa acareação com finalidade de comparação. Agindo deste modo, pretendemos deixar ao próprio Mestre a tarefa de desnudar Moisés, provando que ele não passou de falso profeta. Nada melhor que as palavras de Jesus, dos profetas inspirados e dos discípulos para mostrar as intenções nada divinas de Moisés e a inexis-tência daquele deus por ele inventado: um deus com letra minúscula e designado pelo artigo definido, o que o individuali-za. “Deus” pequeno, vingativo, briguento, injusto, cruento, feroz, sanguinário, ladrão ávido por riquezas, admirador de homens belos e másculos e inimigo mortal das mulheres, hostil aos homens feios, aos deficientes físicos. E, antes que nos crucifiquem por estas afirmações, buscamos Jesus para alicerçar nossas palavras, provando a nocividade do deus de A-braão, Isaac, Jacó e Moisés. Explicações entre parênteses e grifos são nossos:

Jesus respondeu aos judeus: -Procurais matar-me, porque tenho falado a verdade e isso, Abraão não fez! (Abraão não falou verdade alguma). Vós fazeis as obras de vosso pai. (o deus de Abraão e Moisés).

Disseram os judeus: Temos um pai, que é Deus (pensavam que o deus deles fosse o Verdadeiro Deus). Replicou Jesus: Se Deus fosse vosso pai vós me amaríeis, porque eu sim sou de Deus. Vós sois do diabo, o

qual é vosso pai. Ele foi homicida e não permaneceu na verdade porque nele não há verdade; ele é mentiroso e pai da mentira. Quem é de Deus ouve a palavra de Deus; mas não me ouvis porque não sois de Deus. (João, 8: 25 a 29 – e 33 a 59). (A Bíblia de Jerusalém – Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus – SP – 1996.)

E não necessitamos de outro testemunho, pois o Mestre fala por nós. A bem da verdade, eu me espantei quando li estas

afirmativas. E me perguntei: “-Ninguém mais as terá lido?”.

Quatro escritores escreveram o Evangelho de Cristo: Mateus, Marcos, Lucas e João. Os quatro escreveram sobre a vida ativa de Jesus. Os quatro escreveram as passagens principais sobre o Mestre. Os quatro escreveram as palavras ditas por Ele. E, no entanto, escreveram coisas diferentes! São diferenças pequenas e grandes em cada versículo e capítulo, tornando impossível descobrir qual deles foi mais fiel

aos acontecimentos. Além destes quatro escritores, toda uma multidão poderia ter escrito a mesma história, porque muitos milhares assistiram de perto aos mesmos episódios, viram acontecer as cenas incríveis que marcaram a trajetória do Divi-no Mestre no mundo, uma vez que Ele não se escondia para operar – e destes milhares de participantes, muitos poderiam ter tomado nota ao vivo.

Não o fizeram. Mesmo assim, as narrativas dos evangelistas são de valor inestimável porque uma não desmente a ou-tra – ao contrário, cada qual vem dar maior credibilidade às demais desde que apresentam todas, com outras palavras e com maior ou menor ênfase, os mesmos fatos.

Na vossa lei está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. (João: 8. 17)

13

Se um só deles houvesse escrito a vida de Jesus, restariam dúvidas e risos de escárnio, considerando que um único es-

critor poderia criar fatos novos, inventar em cima daqueles já existentes, faltar com a verdade para provar seu ponto de vista. No entanto, um fato cresce em solidez à medida que aumenta o número de pessoas que dão o mesmo testemunho.

Pelo depoimento de duas ou três testemunhas é que se pode estabelecer o fato. (Deut. 19: 15) Os mesmos fatos descritos por quatro pessoas inteligentes e cônscias não podem ser considerados errôneos, deixando

pouquíssima margem às dúvidas. São os quatro evangelistas, testemunho um do outro; um dá credibilidade ao seguinte, acrescentando e esclarecendo pontos obscuros; um completa e controla os demais, transmitindo-lhes pontos de apoio.

O mesmo não aconteceu aos escritos de Moisés, o qual relatou sozinho um período muito elástico que cobre desde a confecção do planeta até a morte dele próprio. Foi historiador único, tendo oportunidade de exercer inventividade como quis; teve ampla liberdade para acrescentar, diminuir e torcer, sem que alguém exercesse o papel de censor ou controla-dor, levando em conta que escreveu a história toda em ambiente tão hostil, que era impraticável a outra pessoa registrá-la por escrito para que as pudéssemos comparar e tirar as próprias conclusões.

E muito nos leva a crer que, se Moisés registrou este período foi porque nutria interesses inconfessáveis: a) Urdir a trama da raça judaica com auréola de divindade. b) Descarregar toda a frustração contra os egípcios nos rolos de papiro. c) Captar simultaneamente as boas graças do mundo para seu povo. d) Tecer, em concomitância, sua própria história de modo romântico como doce Cinderela em corpo masculino.

Faltou-lhe, no entanto, o tempero da confiabilidade, pois nenhum outro escritor registrou a mesma história de modo que pudéssemos nos valer de mais de um testemunho para tirar dúvidas.

É sabido que, numa contenda é preciso ouvir ambas as partes para julgar com justiça. Um juiz não seria imparcial se ouvisse só um dos envolvidos. Falando nisso, é da a própria bíblia as palavras abaixo, esclarecendo-nos sobre a necessi-dade de haver mais de um depoente relatando o mesmo fato para que ele tenha veracidade:

Não aceites denúncia, senão sob o depoimento de duas ou três testemunhas. (Tim: 5. 19)

Por depoimento de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer. Por depoimento de uma só testemunha, não morrerá. (Deut. 17: 6)

Um só testemunho não se levantará contra alguém. Pelo depoimento de duas ou três testemunhas é que se pode estabelecer o fato. (Deut. 19: 15)

No relato de Moisés, no entanto, ele é apenas uma das partes. Onde estão os outros envolvidos? Onde estão os que assistiram e descreveram os mesmos fatos sob diferentes pontos

de vista? Onde estão as provas? Cadê as testemunhas que viram as cenas e ouviram a fala dos envolvidos? Nada disso houve na acusação mosaica contra o faraó e contra os egípcios. Ninguém registrou as “pragas” com que

Moisés teria vitimado o Egito nas antevésperas do êxodo. Nenhum outro escreveu sobre o famoso episódio do “mar se abrindo” para dar passagem aos fugitivos. Nenhum dos que comeram o maná sobreviveu para contar como era o tal “pão dos anjos”, nem deixou seu testemunho por escrito. Ninguém viu o Mesu “recebendo as leis” diretamente de Deus Verda-deiro e, portanto, este fato tão admirável foi anotado somente pelo legislador que, diga-se de passagem, foi se esconder de todos para entrar em contato “direto” com o deus.

As afirmações de Moisés não foram confirmadas por outro escritor para nossa melhor apreciação daquele deus apre-sentado como realizador de prodígios, mas que, na verdade, não realizou um único prodígio, como veremos adiante.

Se o êxodo dos hebreus fosse descrito por um egípcio, os leitores passariam a nutrir simpatia era pela causa egípcia – e jamais pela hebraica como acontece ainda hoje.

Ou, se além de Moisés houvesse tido também um historiador egípcio que relatasse o êxodo, seria possível tecer um paralelo e optar pelo que tivesse características de maior coerência dentro dos parâmetros humanos normais.

Ou ainda se, além de Moisés, outros hebreus tivessem registrando os mesmos episódios, a história das religiões seria bem diferente e o planeta seria talvez mais habitável, sem “povos eleitos”, sem “guerras santas”.

Se as narrações de Moisés são risíveis, o mesmo não acontece no Novo Testamento onde se percebe o esforço dos his-toriadores em manter a coerência, em anotar de modo a não levantar suspeita de criatividade de fatos tão sérios quanto necessários ao desenrolar da História da Humanidade.

No Novo Testamento as aparições de Seres Superiores não são ostensivas, certamente porque se tratam de seres real-mente elevados que não são vaidosos, nem necessitam dar mostras espetaculares da sua existência. Eles existem e pronto!

14

É grande a discrepância dos evangelhos em relação às narrações mosaicas, tão eivadas da presença do deus falando “diretamente” aos patriarcas, os quais foram tão acompanhados do deus por toda parte, a ponto de Moisés desaprender de pensar e de agir pela própria cabeça, pois, todas as decisões importantes e mesmo aquelas sem importância – como, por exemplo, em relação ao ato de evacuar e o que fazer com os excrementos –, partiam do deus, de viva voz! (Deut. 23: 13 e 14).

Está na bíblia que:

� No Novo Testamento, o Arcanjo Gabriel – e não o próprio Deus – anunciou a Maria a vinda de Jesus, o maior vulto da humanidade.

� Um Anjo – e não o próprio Deus – falou em sonhos e não de viva voz – a José, no momento mais importante de toda a história planetária: a chegada de Jesus, o Cristo.

� Os reis magos foram prevenidos em sonhos para não retornarem a Herodes, que queria matar o sagrado bebê. � Em sonho, apareceu o Senhor a José e o mandou fugir para o Egito, para que Jesus Menino não fosse morto. � Um anjo apareceu em sonho a José avisando da morte de Herodes e que podiam retornar à terra de origem.

Portanto, nem mesmo em socorro de Jesus, membro da mais elevada hierarquia cósmica, necessitado de cuidados es-peciais para completar sua gigantesca missão a nível planetário houve um deus exclusivo, vinte e quatro horas por dia. E, se para proteger Jesus, o mais límpido dos espíritos, Deus não se fez presente de maneira ostensiva, por que o faria para Abraão, Isaac, Jacó e Moisés, seres de baixíssimo padrão moral os quais, não obstante serem os fundadores da raça judaica, eram inteiramente destituídos de quaisquer missões para o bem da humanidade?

O que tinham estes senhores melhor que Jesus para, somente eles no mundo e em todos os tempos, terem a companhia constante do Senhor?

A bem da verdade é até possível que tenham recebido alguma grande missão; no entanto passaram a vida, do nasci-mento à morte, procurando o próprio bem, procurando lustrar o próprio ego, procurando acumular riquezas pessoais, des-curando-se por completo de desempenhar a missão que porventura receberam.

Para atribuir a si origem divina e carrear maior credibilidade ou amedrontar a quem não lhe desse crédito, Moisés co-meçou criando um cenário para sua família – só para a sua família – formada por ancestrais milagrosamente diferentes,

� Onde o deus aparecia em “carne e osso” por qualquer motivo e até sem motivo. � Onde as mulheres eram estéreis, mas davam à luz. � Onde mulheres infecundas, com cem anos de idade e há meio século sem ovulação, geravam e pariam. � Onde nasciam somente filhos do sexo masculino. � Onde o deus escolhia apenas um dos filhos para proteger – nunca o segundo filho, jamais filha mulher. � Onde este deus prometia ao favorito farta descendência, terras produtivas, aliança perpétua desde que ele andas-

se nos seus “mandamentos”.

No entanto, estes “mandamentos” nunca, mas nunca mesmo ficaram claros a não ser por ocasião em que foram escri-tos na pedra e, mesmo assim, por tantas vezes desrespeitados por Moisés e pelo próprio deus, que levam à certeza quanto à sua origem humana – e não divina.

c - A Lei Mosaica

Os códigos legais são compostos para atender a fins específicos na convivência social. Na análise que nos propuse-mos, vamos focalizar as leis humanas criadas por Moisés para conter aquela multidão indisciplinada, preguiçosa e lamu-rienta deserto afora e depois, as leis de Deus Verdadeiro.

1- As leis mosaicas eram predominantemente humanas. Foram feitas pelo Mesu aos poucos, de acordo com as necessidades na desincumbência do trabalho de retirar os hebreus do Egito e reinar sobre eles.

Algumas leis humanas criadas por Moisés: � Não trabalhar aos sábados. � Não comer pão levedado. � Lançar os leprosos fora da comunidade. � Não se aproximar do altar quem tiver algum defeito físico. � Não plantar dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo. � Não usar roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido. � Não tocar em cadáveres. � Sacrificar animais para apagar os pecados. � Não preparar alimento com água. � Não apara a barba, inclusive o cabelo das têmporas. � Não tocar a pele de um porco morto.

15

Fácil notar que eram leis apropriadas àquela época, ao local em que se encontravam e ao caráter daquela gente; eram destinadas a desaparecer com o tempo, de acordo com os avanços espirituais e sociais. Tanto é verdade, que o próprio Jesus determina o fim da Era de Moisés:

As leis de Moisés vigoraram até João Batista. Daí em diante vem sendo anunciado o evangelho de Deus. (Luc: 16. 16)

Assim sendo, João Batista foi o limite, a linha divisória entre Moisés e Cristo; entre as leis pagãs e as divinas; entre as leis humanas e as de Deus Verdadeiro. Significa que Jesus veio trazer a boa nova: anunciar o fim das leis de Moisés e divulgar que Deus Verdadeiro assumiria o leme. Veja por si mesmo:

Deus enviou Jesus para nos arrancar das leis humanas. (Gal: 4. 1)

As leis de Deus Verdadeiro não nasceram no Monte Sinai – mas com o nascer do próprio mundo. Elas são invariáveis em qualquer época, em qualquer lugar e não se modificam para atender a este ou àquele. Elas são a própria Natureza em ação. Elas não protegem nem condenam. Elas são e pronto! As leis de Deus Verdadeiro podem ser naturais, ou divinas.

a) Vejamos algumas leis naturais: � Os pingos da chuva fazem o percurso de cima para baixo – e não de baixo para cima. � O bebê se transforma em adolescente, em adulto e em velho – e não ao contrário. � O sangue é vermelho em qualquer ser animal – e não azul. � É salgada a água dos oceanos e insípida a água dos rios. � A água é o elemento essencial à vida e nada a substitui. � Os frutos surgem depois da florada – e não o oposto. � Cada espécie animal tem a própria linguagem com que se comunicar com seus iguais. � Todo ser vivo se extingue. Nenhum permanece vivo além dos limites de sua espécie. � À mulher está destinado o papel de ter filhos. E não ao homem.

b) Outras leis, também de Deus Verdadeiro, têm caráter divino por estarem impressas em nós, na nossa consciência, a qual nada mais é que a Voz de Deus. Quando desrespeitadas estas leis, entram em cena o arre-pendimento e o remorso. As leis divinas são idênticas em todos os povos, em todos os tempos, porque estão impressas com letras de fogo na alma, no coração, na consciência de cada um de nós.

Como leis divinas, é possível citar: � Respeitar a vida – seja própria, seja dos outros seres vivos;

Não matar, Não praticar o aborto, Não praticar o suicídio.

� Respeitar os seres vivos humanos, animais, vegetais. � Alimentar e dessedentar a quem está com fome e sede. � Cuidar das crianças, dos doentes, dos idosos.

c) Outras leis divinas que regulam as relações entre as pessoas foram trazidas ao nosso conhecimento por Moisés, sob o nome de Decálogo. Mais tarde foram validadas por Jesus e grafadas por Mateus (19: 18):

� Não matarás. � Não adulterarás. � Não furtarás. � Não dirás falso testemunho. � Honrarás teu pai e tua mãe.

Depois, Jesus simplificou mais ainda estas leis, resumindo-as em apenas duas: � Amarás a Deus. � Amarás a teu próximo como eu vos amei.

Notar que o “amarás a teu próximo como eu vos amei”, é o resumo dos anteriores, não fazendo parte daqueles trazidas por Moisés, mas adaptado por Jesus por condensar o que havia de mais importante na lei. O que restou do Decálogo, ou seja: a diferença entre o código de Moisés e as leis de Jesus, de propósito não foram mencio-nados pelo Mestre por terem caráter meramente humano, sem valor para o aperfeiçoamento moral do homem. Assim, ao declarar os Mandamentos Divinos, Jesus deixou de fora abestalhadas práticas que, a Moisés, eram de valor capital. Veja:

16

Jesus não reforçou proteção à descendência dos justos por mil gerações. Analisemos isso: Mil gerações somam 25.000 anos, considerando que duram 25 anos cada geração.

Neste caso, estaríamos nós ainda hoje sendo protegidos, pois somos todos “filhos” de Noé, um dos “protegidos” por ter repovoado o mundo após o “dilúvio universal” – e não faz ainda 25.000 anos que ocorreu o “dilúvio”. De acordo com fontes legítimas, o dilúvio bíblico aconteceu por volta de 7.500 a.C. Assim, estamos nós ainda li-vres para errarmos quanto quisermos, pois faz apenas 9.500 anos que aconteceu fato tão notável. Estamos, portan-to, dentro da faixa das mil gerações dos protegidos e seremos perdoados em consideração a Noé, que era um “jus-to”. No entanto, não estamos recebendo apoio especial nenhum e o deus nos deve amparo. Ele prometeu!

Dando continuação ao raciocínio: Se o deus está sendo injusto conosco, que não temos coisa nenhuma de espe-cial, não obstante sermos descendentes de Noé, muitíssimo mais injusto foi ao faltar com a proteção a Jesus! Sim, o Mestre foi descendente direto de Davi, um dos “justos” afilhados do deus. Mais que isso: era descendente em linha reta de Abraão, de Isaac e do patriarca mor, Israel. Tão especial foi Jesus, que nasceu de uma “virgem”, se-gundo a tradição bíblica – coisa que não aconteceu nem mesmo a Moisés, com toda a sua propalada “glória”. E Jesus foi ele próprio, um Justo, com todas as letras, merecendo a proteção do deus por si mesmo, se não o fosse por direito adquirido através da ascendência. Mesmo assim, morreu crucificado entre ladrões, maneira nada lus-trosa segundo os padrões da época. Cadê que Jeová veio em socorro do único que merecia alguma misericórdia?

Jesus não falou jamais que os filhos terão de pagar pelos pecados dos pais, como está nos “mandamentos do deus”, nestas palavras: sou deus zeloso que visito a iniqüidade dos pais nos filhos.

Jesus não deu a mínima importância à possibilidade de ter outros deuses. O horror aos “deuses estranhos” foi criação única e exclusiva de Moisés. Aliás, na bíblia há um trecho em que o próprio deus de Moisés, foi cúmplice de Ra-quel, quando esta roubou os deuses domésticos do pai dela (Gen. 31: 14 a 35). Naquela época, o deus ainda nem liga-va pra este negócio de “outros deuses”, de “ídolos esculpidos” e, só muito depois, foi que se deu conta que, na ri-validade com deuses de pedra, ele poderia sair perdendo e passou a combater tudo quanto era culto, tudo quanto era deus. Foi uma inquisição e caçada às bruxas antecipadas.

Jesus não enfatizou o “tomar em vão” o nome do Senhor, desde que há coisas bem mais graves com o que se preocu-par como, por exemplo, o que tomamos de Isaías: “Não suporto a perversidade... vossas mãos estão cheias de san-gue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos; cessai de fazer o mal...” (Is. 1: 11 a 17).

Jesus não exaltou a raça hebraica, em momento algum. “Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, em qualquer nação, aquele que faz o que é justo, lhe é aceitável”. (Atos: 10. 34 e 35). A “proteção divina” à raça judaica nasceu do ego exaltado de Moisés, que se dizia membro da raça superior, a única protegida pelo Chefe lá do Alto.

Jesus não se referiu à escravidão dos hebreus em terras egípcias, nem tomou partido dos primeiros contra os outros. “Acaso Cristo está dividido?” (Cor: 1. 13). O “mandamento” que puxa a brasa para a sardinha dos hebreus nasceu da necessidade de Moisés se mostrar aos olhos dos seus comandados.

Jesus não exaltou os feitos de Moisés contra os egípcios. As “façanhas divinas” do Mesu só existiram em arrogância desprovida de veracidade. “Toda jactância igual a essa é maligna”. (Tg: 4. 16)

Jesus não considerou ninguém como forasteiro; quem assim considerou os não hebreus foi Moisés, pela vaidade pes-soal em atribuir a si mesmo, origem genética superior. “Deus não faz acepção de pessoas”. (Atos: 10. 34 e 35 )

Jesus não repetiu a punição da descendência de quem “o aborrece”.

Jesus não reforçou a proibição de esculpir ou gravar imagens de anjos, de pessoas, de deuses, de animais e de vegetais. Esta parte da lei era prioridade na cultolatria de Moisés, mas sem respaldo nas leis divinas.

Vamos mais longe ainda: se imprimir e entalhar imagens fosse um erro, coitados dos pintores e dos escultores! Se esculpir e possuir imagens fosse pecado mortal, pobres dos católicos! Se imprimir, gravar e manter formas naturais levasse para o inferno, coitados de todos nós, porque todos nós

possuímos fotos, que nada mais são que imagens gravadas – condenadas, pois, pelo deus. E, já que estamos falando em imagens gravadas, vamos levar a coisa ao extremo: A lei de Moisés é taxativa: não

pode ser produzida semelhança alguma com coisas naturais e embaixo na terra, nem nas águas. Aí fica difícil, por-que as crianças gostam de brincar com bonecas, as quais não passam de esculturas. É complexo também porque a decoração de azulejos e painéis em parede, em madeira, em gesso, em louça, em metal, em tapeçaria, em tecido, etecétera e tal, é inconcebível sem cacho de uva, sem flor, sem fruta, sem folha, sem peixe, sem sol, sem estrela, sem nuvem – ou seja, sem coisa alguma existente em cima do céu e embaixo na terra. E tudo isso é pecado, segundo o deus do velho testamento.

A propósito: Moisés condenou toda semelhança do que há em cima do céu, mas ordenou para que a arca da aliança tivesse sobre tampa, dois anjos esculpidos. Ora veja a incoerência: imagens de anjos atarraxados num baú de suma impor-

17

tância para quem não admite imagens de nenhum ser. Ou anjo não é um ser existente em cima do céu? O Davi, esquecido do preceito criado por Moisés, foi direitinho para o inferno carregando sua famosa es-

trela de seis pontas, a qual era uma representação de um elemento existente no céu. Salomão fez companhia a Davi no inferno, porque criou uma estrela com cinco pontas. Os cristãos todos

devem estar queimando nas caldeiras do diabo, porque se reconheciam um ao outro através da figura de um peixe – ser que habita as águas.

Por fim, o que dizer de Adão, criado a partir de uma escultura de barro moldada pelo próprio deus?

Jesus não deu destaque ao sábado não o considerando diferente dos outros dias. Jamais Deus Único faria coisa tão ri-dícula quanto valorizar mais que um ser humano, um dia da semana (!). Foi Isaías quem disse que Deus Autêntico sentia asco pelos sábados! (Is 1: 11 a 17). O “sábado santo” fazia parte da cultolatria de Moisés, mas Jesus o desmas-carou: “O sábado foi feito por causa do homem – e não o homem por causa do sábado”. (Mar.: 3. 27)

Jesus, portanto, desdisse ponto por ponto o que Moisés pregou, desprezou as regras que eram as maiores causadoras de mortes por desobediência: santificar o sábado, esculpir e adorar outros deuses. Com isso, ELE provou o caráter puramente individual e egocêntrico de Moisés que atribuiu a si e ao seu povo, qualidades não reconhecidas por Deus Autêntico.

Jesus destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu. (Atos. 6. 15)

Veja agora, como um todo, as coisas que Moisés escreveu fazendo parte dos “mandamentos da lei do deus” – mas que

Jesus desprezou, propositadamente:

Sou o senhor teu deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem semelhança alguma do que há em cima do céu nem embaixo na terra, nem nas

águas debaixo da terra. Não adorarás, nem lhes darás culto porque eu sou o senhor teu deus, deus zeloso que visito a iniqüidade dos pais nos filhos

até a terceira e quarta gerações daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam meus mandamentos.

Não tomarás o nome do senhor deus em vão, porque ele não terá por inocente quem tomar seu nome em vão. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas no sétimo dia é o sábado do senhor teu deus; não farás nenhum trabalho

nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para den-tro porque em seis dias fez o senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia descansou; por isso o se-nhor abençoou o dia de sábado e o santificou. (Mateus 20. 2 a 11).

Para dar autoridade às suas leis, Moisés lhes atribuiu origem divina, como o faziam os legisladores dos primeiros po-vos. A idéia de um deus terrível impressionava – e impressiona ainda – criaturas ignorantes, nas quais estavam pouco desenvolvidos o senso moral e o sentimento de uma justiça reta. Por isso tudo, as leis mosaicas, que nasceram para ter caráter essencialmente transitório, estão ainda hoje, em vigência em religiões cujos fiéis estão proibidos de ler livros ou-tros que não sejam a bíblia, para que continuem com os olhos vendados; e proibidos estão de ler a bíblia de modo investi-gativo, para que não possam captar incoerências. São cegos dirigindo cegos...

Ou não? São isso sim, impostores ambiciosos ávidos por riquezas conduzindo iludidos.

Hipócritas! Vós não entrais no reino dos céus, nem deixais entrar os que querem entrar. Ai de vós! Dais o dízimo e negligenciais o mais importante: a justiça, a misericórdia e a fé.

Sois guias cegos que afastais o mosquito e engolis o camelo! (Mat 23: 13 a 24).

Repetimos aqui a voz do Novo testamento:

A lei de Moisés e os profetas vigoraram até João Batista. Daí em diante vem sendo anunciado o evangelho de Deus. (Luc: 16. 16).

João Batista foi, pois, a linha divisória entre Moisés e Cristo; entre as leis pagãs e as divinas; entre as leis humanas e as de Deus Verdadeiro. Jesus veio anunciar o fim de Moisés!

18

d - Os Falsos Profetas

Não escuteis as palavras dos profetas que vos profetizam e que vos enganam. Eles falam de suas visões e não o que aprenderam da boca do Senhor.

Qual dentre vós ouviu a voz de Deus? Qual o que escutou o que ele disse? Eu não enviei estes profetas, mas eles foram correndo.

Eu não lhes falava; eles profetizavam por si mesmos, coisas de suas cabeças. Eis que sou contra esses profetas que pregam sua própria palavra e afirmam:

‘Ele disse’ e, com mentiras e leviandades, fazem errar o povo. Eu não os enviei, nem lhes dei ordem e eles, nenhum proveito trouxeram.

(Jeremias – 23: 16 a 21 e 30 e 32)

Os falsos profetas vêm sob pele de ovelhas e que por dentro são cobiçosos. Vós os conhecereis pelos frutos.

Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos.

Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. (Mateus. 7: 15 a 20).

Ao profeta atribui-se o dom de adivinhar o futuro, sendo que se tornaram sinônimas as palavras profecia e previsão. Na bíblia, o vocábulo profeta tem significado mais extenso, não se resumindo ao dom de adivinhar o futuro.

Profeta no sentido bíblico acabou sendo todo enviado com missão de instruir os homens, revelar-lhes as coisas ocultas e os acontecimentos da vida espiritual. Assim sendo, pode um homem ser profeta sem prever ou predizer o por vir, sendo que este era o significado da palavra há dois mil anos.

Houve sim, profetas que previam o futuro – por intuição ou revelação – a fim de transmitir advertências aos homens. Com a realização destas previsões, o dom de predizer o futuro foi considerado atributo da qualidade de profeta.

Prodígios ou milagres: “Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas que farão grandes prodígios” (Mateus 24. 24) O sentido da palavra prodígio é milagre ou fenômeno excepcional fora das leis da Natureza; obra operada por Deus,

por contrariar Suas próprias determinações, ou operadas por Seus Enviados Diretos – jamais, porém os prodígios serão de

autoria de seres inferiores, os quais não têm poder para operar maravilhas, nem para desfazer o que Deus tenha feito. Os fatos sobrenaturais deixam de ser prodígios quando são encontradas causas naturais ou explicações científicas para eles, o que leva à seguinte verdade: os milagres deixam de ser milagres à medida que a Ciência os aclara com explicações irrefutáveis – e a Ciência somente explica fenômenos naturais, possíveis de acontecerem.

Tempos atrás, enquanto a Ciência dormia, houve quem se aproveitasse para explorar alguns conhecimentos naturais e assim alcançaram a fama de “enviados de Deus”. São estes os falsos Cristos, falsos deuses e falsos profetas.

Mas o surgimento e a popularização dos estudiosos dos fenômenos científicos, não deixando pedra sobre pedra, puse-ram a nu a intenção de cada charlatão que atribuía a si mesmo o dom profético. Hoje, os “missionários milagreiros” são em muito menor quantidade; seus poderes são limitados e seus admiradores vão decrescendo em número. O fato de operar prodígios não mais constitui sinal de missão divina. Com os avanços da Ciência e à medida que os homens se esclarecem, os prodígios estão muito restritos não oferecendo ao autor dos “milagres”, o prestígio de “enviado divino” por resultar de conhecimentos, cuja aquisição está ao alcance de qualquer pessoa.

Fale a verdade, leitor: As “mágicas” causavam mais admiração antes de Mister M desvendar seus segredos, não é mesmo? A partir daí, elas perderam o encanto aos nossos olhos, que passaram a considerar as mágicas como simples tru-ques e a procurar-lhes os mecanismos.

Atualmente, para quem é desprovido dos dados científicos para desnudar o falso profeta, valem os parâmetros forneci-dos pelo próprio Jesus:

Vós os conhecereis pelos seus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. (Mat. 7: 15 a 20

O verdadeiro enviado é reconhecido por suas características morais; daí, afirmarmos sem medo de errar: Moisés foi

falso profeta.

19

e - Julgamento De Olhos Vendados O Velho Testamento retrata uma época distante, quando as pessoas comuns não possuíam a mais leve noção dos fe-

nômenos que a Natureza produzia quando bem manipulada, e algumas coisas feitas por Moisés foram tidas por milagres ou interferências divinas como, por exemplo, ter encontrado água no deserto com a ajuda de um bastão. Hoje a Ciência nos mostra o fenômeno da rabdomancia que consiste em segurar uma forquilha de pau ou dois pedaços de metal dobrados a 90 graus, ou ainda empunhar um pêndulo de maneira conveniente, para que seja apontado o lugar onde a água está mais à flor da terra. Falso prodígio; milagre nenhum; interferência divina nenhuma. Apenas fato científico.

O que nos deixa admirados é que pessoas esclarecidas do século XXI, pessoas íntimas dos fatos científicos preferem fechar os olhos e mantê-los fechados às “criatividades” mosaicas e crer nelas como verdades irrefutáveis, quando uma só passada de olhos críticos pela própria bíblia faria tremer nas bases quaisquer convicções.

Moisés diz ter feito prodígios, mas quem garante ter ele promovido, de fato, algum fenômeno? Veremos adiante, que seus “feitos” não possuem a mínima estrutura para manterem-se por si mesmos; veremos que eles não se seguram em pé, não suportam olho crítico quando vistos através de lentes com algum grau de raciocínio.

E, se são as características morais que revelam o verdadeiro profeta, Moisés está longe de sê-lo, levando em conside-ração que não se destaca por nenhuma virtude moral. Por mais que buscássemos em cada dobra, em cada atitude, em cada palavra, não foi encontrada em Moisés a menor sombra de bondade, fé, indulgência, perdão, humildade, simplicida-de, justiça – virtudes, estas sim, dignas de um profeta verdadeiro na concepção de Jesus:

Ai de vós, guias cegos, que tendes negligenciado os preceitos mais importantes: A justiça, a misericórdia e a fé! (Mateus 23: 23)

Apesar de exaltar-se a si mesmo como sendo varão muito manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra

(Num 12: 3), as atitudes iradas e vingativas de Moisés desmentem-no a cada página.

Em 1862, em Paris, Erasto deixou registradas suas considerações sobre os falsos profetas: Os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos. Eles se revelam por seus atos; são adivinhados, ao passo

que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O profeta verdadeiro é humilde e modesto. O falso é orgu-lhoso e cheio de si, fala com altivez e está sempre temeroso que não lhe dêem crédito. Alguns destes impostores têm pretendido passar pelo próprio Deus e, para vergonha da humanidade, encontraram pessoas ignorantes o bastante para lhes acreditar nas mentiras. Entretanto, uma ponderação bem simples bastaria para abrir os olhos do mais cego: Possuem todas as virtudes aqueles que se fazem passar por intérprete do Senhor? Essa é a questão. Observai-os e reconhecereis que lhes faltam as quali-dades distintivas: a humildade e a caridade, sobrando-lhes a cupidez e o orgulho. São criaturas que exploram a credulidade de outrem satisfazendo à sua vaidade, mas terrível justiça os espera, podeis estar certos.

Os falsos profetas retardam a emancipação da humanidade. Espalham o antagonismo entre os grupos, impelindo-os a se isolarem uns dos outros e a se olharem com prevenção. Isso por si só bastaria para desmascará-los, pois são os primeiros a dar o mais formal desmentido às suas pretensões. Cegos são os que se deixam cair em tão grosseiro embuste. (O Evangelho segundo o Espiritismo).

Analisando estas palavras, veremos que o retrato dos falsos profetas feito por Erasto é o retrato do próprio Moisés, que

tentou equiparar-se ao grande Mestre Nazareno, ao afirmar, cheio de arrogância:

“O Senhor me disse que vos suscitará um profeta semelhante a mim”. (Deut. 18. 15).

Moisés semelhante a Jesus? Que disparate! Haverá algum ponto de contato? Haverá alguma similaridade seja de caráter, seja de ensinamentos, seja de valor real para a humanidade? Não! Moisés em nada se assemelha a Jesus.

20

Capítulo 2

ADÃO E EVA

11-- Moisés abre seu primeiro livro falando que Deus criou os céus e a terra. Que criou a luz, fez a separação das á-

guas e das partes secas, denominando-as mares e terras, respectivamente. Que Deus disse: “Haja luzeiros no firmamen-to para separar o dia e a noite e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. E sejam os luzeiros dos céus para alumiar a terra”. Que os dois grandes luzeiros governariam o dia e a noite: o maior governaria o dia e o menor, a noite. E assim Deus produziu o sol, a lua, as estrelas. Diz Moisés que Deus produziu relva, ervas, árvores. Que Ele po-voou as águas com seres aquáticos, os ares com aves, a terra com animais selvagens, domésticos e répteis. (1. 1 a 25)

Comentário: Impossível crer que Deus Único e Verdadeiro haja criado céu, sol, lua e estrelas por causa da Terra.

Sabemos que sol e estrelas não existem em função do nosso planetinha anônimo, nem foram criados para “alumiar a terra”. Dados científicos mostram que o sol é uma estrela – uma entre as centenas de milhares existentes somente na nossa galáxia. Mesmo a galáxia que consideramos nossa, é apenas mais uma entre milhões de outras, todas incri-velmente distantes. A luz que nos chega dos longínquos sistemas estelares começou sua jornada em nossa direção muito antes da Terra existir, há mais de quatro mil e quinhentos milhões de anos.

O sol, embora domine a vida na Terra, desaparece em total obscuridade na escala dos valores Universais. O sol e nosso sistema solar são insignificantes, mancha microscópica perdida entre grandes amontoados de estrelas. Sabe-mos também que há no nosso sistema solar outros planetas que se servem do mesmo sol para obter luz e calor, sendo a Terra apenas mais um dentre eles – e bem pequeno por sinal – mostrando, logo de início, a ignorância de Moisés a respeito do Universo e de fatos naturais.

2- Os exegetas da “Bíblia Sagrada” (Edições Paulinas – 1967 – SP) dão seu parecer sobre o texto. Dizem que um dos ob-

jetivos do sol e da lua é “recordar as festas ou datas memoráveis, que periodicamente ocorrem” (!). Talvez eu não tenha entendido direito, mas veja por você mesmo. Está lá, com todas as letras: “No quarto dia, Deus semeia o céu de astros, entre os quais o sol e a lua que têm mais relevância com a terra. O

seu fim, além de fornecer luz e calor..., é regular o tempo de trabalho (dia) e de repouso (noite), indicar as estações oportunas às várias operações e recordar as festas ou datas memoráveis que periodicamente ocorrem”. (pág.24)

Vem cá. Imagine se os movimentos do Universo ocorrem em função de alguma festinha ou data de aniversário! 3- A narrativa bíblica vem mostrar o que Moisés deixou claro: Deus Verdadeiro é poderoso, pois construiu céu, ter-

ra, água, sol, estrelas, lua, animais e vegetais... Do nada! Moisés deixou claro que Deus tem poderes sim, todos sa-bemos disso e a bíblia apenas atesta este poder. Portanto, foi Deus Verdadeiro quem fez tudo.

Deus Único e Autêntico fez tudo. Usaremos muitas vezes esta afirmação, porque muitas vezes o Moisés vai se esquecer que a escreveu. 4- Está escrito que o grande luzeiro governaria o dia e o luzeiro menor governaria a noite. No entanto há ocasiões em que, a lua aparece também de dia, enquanto que há noites que ela nem dá as caras.

Assim sendo, há às vezes um desperdício de claridade com ambos os luzeiros se exibindo concomitantemente, ao passo que nenhum deles se mostra na escuridão da noite.

**********

22-- Depois, Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança”. (1. 26)

Comentário: A quem Deus disse isso? Haveria alguém mais com ele? Algum ser com os mesmos poderes que o

ajudava a decidir? A impressão que fica é que ele não estava sozinho, conquanto dá a ordem no plural: “façamos” e “à nossa ima-

gem”. Estando sozinho na imensidão universal, diria: “Farei o homem conforme a minha imagem”.

**********

21

33-- Criou Deus, pois, o homem à sua imagem. Formou o homem da terra molhada pela neblina e lhe soprou nas nari-nas. E o homem passou a viver (1. 27 a 2. 7).

Viu Deus tudo o que tinha feito, e que era muito bom. (1: 31) Comentário: Eis o deus promovendo, com as próprias mãos, aquilo que, posteriormente, veio a condenar feroz-

mente: esculpir imagens de barro!

2- Viu Deus o que tinha feito, e que era muito bom. Aqui, Deus estava satisfeito com sua criação. Mais adiante se arre-pendeu o Senhor de haver feito o homem sobre a terra (6: 6) e mandou o dilúvio para acabar com a humanidade.

********** 44-- Deus disse a Adão: “far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. Então fez cair pesado sono sobre o homem e este adormeceu; tomou uma de suas costelas e transformou-a numa mulher; e fechou o ferimento feito em Adão com car-ne. (2.18 a 22).

Comentário: O resto do mundo ele fez do nada, porque havia nada no mundo. Para fazer o homem, usou barro. Seus poderes estão diminuindo, pois já precisou usar algo construído antes. Para fazer a mulher, no entanto, esqueceu-se como fazia, considerando que foi preciso recorrer a uma costela para

construí-la. Ora, se soube fazer animais, vegetais, lua, estrelas e sol do nada, por que não fez o mesmo com o ho-mem e a mulher? Aqui, seus poderes estão bem abaixo do esperado para um criador.

2- Para fazer a fêmea do homem, o deus usou uma costela do homem. Mas para fazer a fêmea dos animais, ele

não precisou de costela nenhuma. Por quê?

3- E por que costela? Por que não algo mais nobre como o coração, por exemplo, ou o cérebro? Ou pelo menos,

algum órgão que funcione como o fígado, o pâncreas, o estômago? Por que algo tão estéril e imóvel quanto um pe-daço de osso?

Talvez Moisés quisesse dizer com isso que mulher é uma parte desprezível da criação; sem sentimentos, sem inte-ligência, sem função alguma; só carne de terceira, com sebo e osso.

4- O deus, ao fazer a Eva, disse a Adão: “far-lhe-ei uma auxiliadora”. E tirou-lhe uma costela. Os verbos aparecem no singular, diferentemente de quando falou a alguém: “Façamos o homem à nossa imagem”,

significando que, ao fazer a mulher, Jeová estava sem a companhia de algum ser mais tarimbado, e a decisão de fa-bricar uma fêmea foi de sua inteira responsabilidade. É preciso dar uma colher de chá e levar em conta que, estando sozinho, o deus não soubesse direito fazer gente; daí, ser preciso usar uma costela já feita. Trabalhando sozinho ele não era tão sabido.

5- Mas se foi tão fácil abrir o corpo de Adão, retirar a costela, fechar o ferimento com carne e transformar um par de

ossos em mulher – tudo coisa complicada de fazer –, creio eu que seria mais fácil fabricar uma mulher inteira sem re-correr a costela nenhuma!

Além disso, uma clonagem dá origem a um ser exatamente igual ao original. No caso presente, a cópia não era i-dêntica, possuindo caracteres e órgãos femininos: formas arredondadas, seios, útero, ovários, vagina e hormônios próprios da mulher. De onde vieram estes aparelhos, órgãos e secreções, se o original não os possuía?

6- “far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. Vamos ao dicionário: Idôneo = Apto, capaz, conveniente, próprio para alguma coisa, habilitado, competente. Interessante que a Eva teve de se contentar com Adão que, pelo jeito, não era idôneo. Mas para Adão, o deus es-

merou-se na mulher que lhe arranjou. Não sou machista nem tolero as feministas, mas justiça seja feita: Jeová errou em caprichar na companheira que

deu ao homem e não ter caprichado tanto para que a mulher também se sentisse satisfeita. Foi exatamente aqui que começou o preconceito contra a mulher.

**********

22

55-- “Esta mulher é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (2. 23). “Por isso deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. (2: 24) “Deus os abençoou, e lhes disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’.” (1.28).

Comentário: Se Eva saiu do corpo de Adão, então Adão foi mãe de Eva!

2- O deus falou que o homem devia se unir à mulher, tornando-se uma só carne; que “proliferasse, que se multipli-

casse indefinidamente, que povoasse a terra” (1: 28). No entanto, quando Adão e Eva se uniram formando uma só carne, o que os levaria a proliferar, a se multiplicar

conforme lhes havia sido ordenado, o deus deu a maior bronca da História da Humanidade; falou que comeram do fruto proibido, patati, patatá e os expulsou do paraíso!

3- E, se era pra unir-se à mulher, então o próprio deus estava sugerindo – ou seja: estava decretando – o pecado

original; aquele pecado que daria origem aos filhos e que nós pagamos por ele até hoje, segundo algumas religiões.

4- Jeová falou também que o homem devia deixar pai e mãe para unir-se à mulher. E o casalzinho deve ter entrado

em parafuso, porque não sabiam o que era pai nem mãe, tendo aparecido na face do mundo já em fase adulta, sem ancestrais, sem infância, sem passado, sem lembranças nem nada.

********** 66-- Depois de criar o jardim do Éden e rios para regá-lo, Deus colocou o Adão lá para cultivá-lo e guardá-lo, com a ordem de comer livremente os frutos de todas as árvores, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal, “porque no dia em que dela comerdes, certamente morrerás” (2. 10 a 17). Para a Eva, o Senhor disse: “do fruto desta árvore não comereis para que não morrais. (3. 2 e 3).No entanto, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. ”(3. 1 e 5)

Comentário: Jeová falou que, se comessem as frutas, morreriam. A cobra falou que, se comessem as frutas, não morreriam. Adão e Eva comeram e não morreram. Quem mentiu: a cobra ou o deus? Ou o morrer teria outro sentido? Neste caso, o deus deveria ter explicado melhor qual sentido era este. Afinal, aque-

le primeiro casal não sabia ainda o que significava morrer em nenhum sentido, pois estavam ambos acabando de nascer, não tinham visto nenhum morto ainda.

2- A serpente era algo maléfico, mas era criação divina. Jeová criou, portanto, uma coisa negativa e a deixou agin-

do! Não sabia que a serpente podia desviar o homem e a mulher? Desconhecia que aqueles dois eram puros e ino-centes, que eram como crianças sem malícia, sem maldade, mal acabados de sair da fábrica, não sabendo diferenci-ar a mentira da verdade? Eles não estavam acostumados a ser enganados, e, neste caso, o pecado foi da serpente ou do próprio deus; mas, Eva e Adão receberam toda a culpa. Grande justiça!

3- Como o deus pôde ter deixado dois recém nascidos curiosos e inexperientes a sós, num lugar onde havia uma

exuberante árvore carregada de lindíssimos frutos maduros, vermelhinhos, cheirosos e apetitosos, nos quais era pro-ibido tocar? Ele sabia dos perigos aos quais expunha Eva e Adão e os deixou junto ao perigo, só para testá-los!

É o mesmo que deixar uma criança sozinha ao lado de um fogão aceso contendo panelas quentes, gordura fervente e água em ebulição, só pra ver o que acontece. E a coisa ocorre mais rapidamente ainda, se a gente disser: “É proi-bido mexer nestas panelas!” E sair de perto. Desastre na certa.

Onde Jeová estava com a cabeça? E depois que armou tudo direitinho, quem arcou com a culpa?

4- “O que contamina o homem é o que sai da boca – e não o que entra por ela”. (Mat. 15. 11)

O deus não sabia disso. Decerto é porque o mundo estava começando e ele era adolescente ainda.

Ô Petros abestalhado, você não percebe que era tudo em sentido figurado? Não percebe que comer a fruta não era comer a fruta? Que a serpente não era cobra? Que morrer não era morrer? Você não sabe que existem cur-sos bíblicos com estudos profundos para entender a palavra sagrada? Não sabe que há cursos de teologia para que ninguém saia falando besteira? Como é que você vai criticando assim, sem ter ao lado uma bíblia atualiza-

23

da, comentada, interpretada? Sem um dicionário bíblico?Por que não lê uma das interpretações da bíblia?

Sei que muita, mas muita gente vai falar isso aí, vai me pegar no pé, vai me considerar um ignorantão por causa desta tal linguagem figurada que fala isso, mas quer dizer aquilo. Minhas respostas:

Primeira: Quem pode saber qual das interpretações feitas pelos sábios eruditos é a correta? São tantas!

Segunda: O escritor da bíblia – estou falando do Antigo Testamento – o escritor do Antigo Testamento, mais precisamente do Pentateuco, não procurava dar nenhum significado oculto aos seus textos. Escrevia o que sentia vontade e pronto! Pois bem; eu, Petros, não fiz curso para ler a bíblia e não tenho o dever de correr atrás de senti-dos figurados. Está escrito? Então leio para saber o que escreveram e isso tem nome: Entendimento de Texto.

Terceira: Quem quiser se fazer entendido que escreva de modo a ser entendido, oras! Como exemplo: Jesus, o maior dos Mestres, falava através de parábolas, pequenas histórias de fácil interpretação porque se dirigia a gente simples e não aos letrados. Se fosse para doutores, Jesus teria feito como Nostradamus, que ainda hoje ninguém sabe o significado de suas previsões. Grande benefício Nostradamus trouxe ao mundo! Enrolou tanto que, ele próprio, se reaparecesse no cenário da terra, não entenderia o que deixou escrito.

Mas Moisés não escrevia por parábolas, não fazia previsões, nada de alegorias, simbologias, não sei que nome dar. Ele punha no papiro fatos reais, outros inventados criando assim, a saga dos hebreus, a qual se constitui num monte de coisas sem sentido.

Quarta: Se for para ler a bíblia tendo ao lado um dicionário explicando cada frase, qual benfeitoria as escrituras teriam trazido à humanidade? Sim, porque os dicionários bíblicos são recentes e estão fora do alcance da maioria. Desta forma, os que leram a bíblia antes de nós ou que não possuem o tal dicionário, ficam boiando, entendem nadinha.

Por fim, veja se concorda comigo: se a bíblia foi mesmo inspirada por Deus conforme diz muita gente, então ela é destinada a TODOS os humanos, não podendo ser exclusividade dos formados em Teologia. Sendo assim, ela diz exatamente aquilo que está escrito, sendo desnecessário algum estudo para alcançar seu significado. Imagine se a cozinheira, para entender uma receita de bolo, precisasse fazer curso de Gastronomia!

Portanto, você aí que fez um cursinho bíblico não queira me corrigir. Vai lendo; pode ir me criticando, mas sem parar a leitura e verá que as mesmas dúvidas que eu tenho, você abriga também. Até Santo Agostinho, lembra? Ele falou assim: “Aqui há algum engano de copista ou de tradutor – ou sou eu que não compreendo”.

Muitos não entendem, mas não expressam suas dúvidas temendo aparentar falta de instrução; ou por medo de ir para o inferno.

********** 77-- “Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore que te ordenei que não comesses?” (3. 11).

Comentário: E quem poderia tê-lo feito saber que estava nu? Quem mais estava com Adão e Eva?

2- Aí, o Adão, mui gentilmente, entregou a Eva! Com a cara mais lavada deste mundo, ostentando um arzinho de

inocência, ele apontou para a Eva e alcagüetou: “A mulher que me deste para esposa, foi ela quem me deu daquela árvore e eu comi”. (3: 12) Esta foi a primeira decepção feminina ocorrida a nível planetário. A coitada da Eva ficou numa situação desgraçada

de ruim perante o deus que a olhava com aquela expressão que queria dizer: “Bonito, heim, Dona Eva!” Que marido “idôneo”! Grande companheiro o deus deu pra mulher! Dedo duro, medroso, covarde, puxa saco!

3- E mais: Ela pode ter oferecido a fruta, mas se Adão não quisesse comer, que não comesse, uai! Que não masti-

gasse, não engolisse, porque isso ela não podia fazer por ele. No entanto, ele aceitou, mastigou, engoliu, se deliciou primeiro, pra dedar depois.

**********

24

88-- Aí, Eva não teve outro jeito, senão entregar a serpente. Sabendo que a culpada foi a cobra, o deus lhe disse: “mal-dita és dentre todos os animais domésticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás terra todos os dias da tua vida”.(3. 14).

Comentário: Serpente é animal doméstico? Criam-se cobras em casa como se criam cachorrinhos?

2- A minhoca foi também amaldiçoada? Estou perguntando, porque ela rasteja e, ela sim, come terra! Mas a cobra, não. Cobra não come terra, apesar de andar com a cabeça próxima ao chão. Cobra se alimenta é de

carne! Afora isso, ela é animal terrestre, aéreo e aquático porque rasteja, nada e sobe em árvores... e minhoca não. Assim, a minhoca, pobrezinha! Nada tinha nada a ver com o peixe e foi mais amaldiçoada que a serpente.

********** 99-- E à mulher disse: “Multiplicarei os sofrimentos da tua gravidez; em meio às maiores dores darás à luz filhos; o teu desejo será para teu marido e ele te governará”.(3. 16).

Comentário: O que é dor? O que é sofrimento? O que é gravidez? O que é dar à luz? O que são filhos? O que é

desejo? O que é governar? Com certeza Eva pensou isso tudo; deve ter ficado bestificada olhando pra cara do deus, pois nunca sentira do-

res, nunca tivera filhos, nem ficara grávida... A coitada recebeu os castigos sem saber o que significavam.

2- “teu desejo será para teu marido...”. Veja só que tolice dizer uma coisa destas. E para quem seria o desejo de Eva, se não havia ninguém mais no

mundo além daquele alcagüete do Adão?

3- Conforme já o disse, aqui começa o preconceito contra a mulher: “o teu desejo será para teu marido e ele te

governará”. Sim, a mulher foi levada no papo pela cobra e depois deu a fruta a Adão para que a comesse também. Desta for-

ma, se Adão foi enganado por Eva, Eva foi enganada pela serpente. Efeito dominó, cuja primeira pedra a empurrar as outras foi a cobra. Se Adão não merecia castigo por ter sido logrado, Eva também não o merecia porque foi igualmen-te induzida ao erro.

Mas como Jeová começa a ser injusto já no começo da criação, só Eva recebeu os martírios da gravidez, só ela teria filhos, só ela sofreria as dores de parto, só o desejo dela seria direcionado pro marido e só ela seria choferada. E apenas a mulher recebeu um hímen, cujo rompimento a deixa desnudada quanto à virgindade!

4- “Teu desejo será para tua mulher”. – Por que não disse isso ao Adão? Se segurasse também a nós, homens,

com rédeas curtas, o mundo seria bem melhor. E, mesmo gozando maiores liberdades, reconheço-as injustas.

********** 1100 -- Ele falou a Adão: “Visto que comeste da árvore, a terra é maldita por tua causa; em fadigas obterás teu sustento. Com o suor de teu rosto comerás o pão...” (3. 17 e 19).

Comentário: Olha só o castiguinho bem mais brando ao primeiro representante do sexo forte: Trabalhar! Sou homem, mas nem por isso sou parcial. A mulher também trabalha dentro e fora de casa. Também ela come à

custa de fadiga, suor, cansaço. A dona de casa faz um tipo de serviço que, apesar de leve, é fadigoso por ser rotinei-ro; sempre igual, tudo igual, refeito todos os dias e nunca fica feito. Para a mulher não existem férias, feriados, do-mingos, dias santos. Com poucas exceções, é nas costas dela que recai a educação dos filhos e a verdadeira res-ponsabilidade pelo deslizar do mundo. Assim sendo, para a mulher o castigo foi dobrado desde que, além das dores do parto, ela trabalha dentro e fora de casa, às vezes para sustentar o marido que é doente, ou então vagabundo.

Sejamos honestos: se o deus inventado por Moisés fosse justo, a mulher sofreria as dores do parto e o marido trabalharia, fazendo todo o serviço – inclusive doméstico. Cada qual com seu castigo, por que não? Adão foi culpado, porque viu a Eva comendo, não a impediu e comeu também. Ambos desobedeceram, mas só a mulher foi punida.

2- Era a primeira vez que o casal errava. Custava ter dado outra chance para melhor ensiná-lo? Não é isso que

25

faz todo pai e mãe aqui na terra? Se cada um que errar for expulso, em nenhuma casa haverá filhos. Nem pais...

Se alguém for surpreendido em falta, corrigi-o com brandura. (Gal: 6. 1).

Com brandura, ô deus! Não com tanta dureza, sobretudo a quem errou pela primeira vez. Se até nós, ruins do jeito que somos oferecemos uma segunda oportunidade a um réu primário, você também poderia tê-lo feito.

********** 1111-- “até que tornes à terra, porque és pó e a ele tornarás”.(3. 19).

Comentário: O deus deve ter dito à Eva: “Até que tornes à costela, porque és osso e ao osso tornarás”. Sobre o castigo aplicado ao homem por causa do pecado do primeiro casal, dizem os exegetas numa notinha na

Bíblia de Jerusalém (pág.35): que “o grande castigo da humanidade será a perda da familiaridade com Deus; trata-se de pena hereditária”.

Pena hereditária significa castigo que passa de pai para filho. Explicação dos teólogos não convincente, mas seria aceitável, se, a partir daí, ninguém mais viesse a “falar” com

o deus olho no olho. Foi, no entanto, um tal da “família bendita” falar com o deus! Era um, era outro, era o Noé, era o Abraão, era o Isaac, era o Jacó, era o Moisés, era o Aarão...

********** 1122-- “E deu o nome de Eva à mulher, por ser mãe de todos os seres humanos”. (3. 20)

Comentário: Eva é a mãe de todos os humanos; depois, Jeová esqueceu o pormenor e foi, ele próprio, separan-

do as raças; foi protegendo umas, foi odiando e foi brigando com outras como se não fossem derivadas da mesma mãe... E do mesmo “deus”, que era ele próprio!

********** 1133-- Então disse o deus: “O homem se tornou como um de nós...” (3. 22).

Comentário: Um de nós, quem? Eis que fala outra vez no plural. A quem, igual a ele, estava falando? Mesmo

que estivesse se dirigindo aos anjos, não poderia ter dito: “um de nós”, porque anjos são diferentes de Deus e subor-dinados a Ele. Expressando-se desta maneira, o deus somente poderia estar se dirigindo a um igual com os mesmos poderes, pois dá a dica: “um de nós”. Olhando desta maneira, conclui-se: havia outros deuses semelhantes ao deus descrito por Moisés.

2- E o “tornou-se como um de nós” ficou muito aquém do que gostaríamos, porque nós, humanos, por mais que o

papai Adão tenha comido o fruto da sabedoria, não sabemos provocar ventania, nem um ventinho comum, nem uma aragem. Que conhecimentos temos nós para sermos comparados aos deuses? A não ser que os deuses sejam igno-rantes tanto quanto nós.

********** 1144-- “... colocou querubins... no jardim do Éden” (3. 24).

Comentário: Será que era aos querubins que ele se dirigia quando falava no plural? Neste caso, os querubins ti-

nham os mesmos poderes do deus, eram iguais a ele e, para encurtar conversa, a dúvida: o deus era um querubim, ou os querubins eram deuses. Neste caso, a tese do deus único vai pro brejo.

26

2- De onde surgiram estes querubins? A bíblia diz que Jeová criou terra, água, céu, estrelas, lua, sol, animais, ve-

getais e gente – mas não fala na criação de querubins. Eles existiam antes ou foram criados na mesma época?

3- Se existiam antes, eram tão poderosos quanto o deus e, neste caso, há uma multidão de deuses. Se não exis-

tiam e foram criados naqueles seis dias, a quem o deus falou: “façamos o homem à nossa imagem, conforme nos-sa semelhança”- e – “o homem se tornou como um de nós?”.

4- Se o homem tivesse se tornado igual conforme disse o deus, Adão não seria castigado desde que ninguém

castiga a seu igual e sim, aos inferiores. Quer dizer que o homem se tornou igual, mas diferente.

Capítulo 3

CAIM E ABEL

1155-- O Senhor colocou Adão fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra. (3. 23).

1166-- Caim lavrava a terra e Abel foi pastor de ovelhas. (4. 1 e 2).

1177-- “no fim de uns tempos, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel trouxe as primeiras crias do seu rebanho, e da gordura deste”. (4. 3 e 4).

Comentário: É natural que o Caim, sendo lavrador tivesse trazido como oferta, a única coisa que tinha: vegetais. E, ao Abel, nada mais natural que trazer ovelhas, desde que ele era criador de ovelhas. Até aí, correto. Mas... Vejamos abaixo:

********** 1188-- “Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; de Caim e de sua oferenda, não se agradou”. (4. 4).

Comentário: O que mais poderia Caim ter trazido senão frutas, verduras, cereais e legumes? Vamos acompanhar: O Adão foi mandado embora do Éden para que fosse cultivar a terra. O Caim seguiu o e-

xemplo do pai; esforçado, ganhava o pão com o suor do rosto, conforme o deus mandou. O coitado pegou suas fruti-nhas e foi, todo contentinho levar pro deus; foi mostrar que havia produzido direitinho. Mas o deus não gostou, fez pouco caso dele!

O que queria que Caim trouxesse se só produzia frutas?

2- Por que Jeová não gostou das frutas do rapaz? Não foi ele mesmo quem “criou” tudo, com inclusão dos vege-

tais? Ele não apreciava a própria obra, por qual motivo? Ou aquele deus era um charlatão que não havia criado nada não sendo, portanto, o Verdadeiro Criador?

3- Que psicologia, heim, deus? Pelo menos fingisse que tinha gostado pô! Custava muito? Precisava demonstrar

desagrado? “Deus” ingrato, mal agradecido e parcial!

Apartai-vos de mim, vós que praticais a injustiça! (Luc: 13. 27).

27

4- Era a primeira vez que se faziam ofertas, não havia nenhuma experiência neste sentido. De que jeito o Caim ia saber que Jeová não gostava de frutas e verduras, se ninguém tinha contado pra ele?

5- Como deveria ter feito o Caim pra agradar ao deus? Ter roubado ovelhas pra fazer uma oferta caprichada? Ou não ter oferecido nada? De qualquer jeito, o deus não ia gostar; de qualquer modo o Caim ia ser castigado. Caim não conseguiu, mas tentou – e sua intenção tinha de ser levada em consideração.

6- O deus mandou Adão e Caim cuidarem de roça e comer seus frutos: “comerás a erva do campo” (3: 18). Mandou a família comer mato, mas o Abel foi criar ovelhas. Para quem eram as ovelhas, se os humanos iam comer grama? Pelos sintomas, as ovelhas eram pra ele, o deus.

7- Se Jeová gosta de carne e fez desfeita das frutas, então foi ele próprio, o culpado do crime do Caim. Como ser tão cruel para com um pobre trabalhador braçal que estava tentando agradá-lo? Por que não avisou antes qual era o cardápio preferido? Ou, ao menos, poderia ter dito: “- É a primeira vez que

você está errando. Desta vez passa, mas olhe lá, heim? Rhã”!

8- Observa-se que Jeová era bastante indiferente quanto à sorte das pessoas a quem “criou”. Não lhe importava

se estavam felizes ou tristes, se humilhados ou contentes. O que ele queria era comer, encher a pança de carne, pouco ligando para o estado de alma dos produtores desta carne.

Este deus é diferente daquele Deus Verdadeiro apresentado por Paulo, o Apóstolo, que disse:

Acaso é com bois que Deus se preocupa? (Cor: 9. 9).

9- O Abel com certeza, também não foi nenhum santinho. Vendo que o deus gostou das ofertas dele e desprezou as do irmão, deve ter feito aquela cara de troça; deve ter ridicularizado, zombado do Caim, humilhado o coitado até que este perdesse a paciência e partisse pra briga.

10- Os exegetas – aqueles que têm por obrigação justificar cada uma das palavras das “santas escrituras” –, en-

contraram um meio para provar a inocência do deus: dizem eles que, enquanto Caim fez sua oferta de má vontade, escolhendo o que havia de pior para oferecer, a oferenda de Abel foi “feita de coração, entregando ao deus o que ti-nha de melhor, como convém a sua majestade”.

Sinceramente, eu gostaria de saber onde os intérpretes bíblicos buscaram esta versão, se as únicas notícias que nos chegam são através da bíblia e, nela, absolutamente, não há quaisquer palavras que a endossem.

11- E este deus ingrato tem recebido os adjetivos: “infinitamente bom e misericordioso”!

********** 1199-- “Irritou-se, pois, sobremaneira Caim e descaiu-lhe o semblante. E Jeová lhe perguntou:“ Por que andas irado? Por que teu rosto está abatido?”(4. 4 a 6).

Comentário: Boa pergunta! Que deus era aquele, que não sabia o motivo da tristeza do rapaz? Tinha de pergun-

tar pra saber o óbvio? Esta pergunta atesta que o doce Mestre Jesus era superior e mais sábio que o deus, pois conhecia a precarieda-

de de toda a humanidade, enquanto Jeová não conhecia os quatro gatos pingados que acabara de “criar”!

Jesus não precisava de que lhe contassem a respeito dos homens, porque ele sabia o que era a natureza humana. (João:2. 25)

2- Qualquer um teria feito igual. Qualquer pessoa teria deixado “cair o semblante” ao ver desprezado seu esforço.

Caim era normal; Jeová é que não era.

**********

28

2200-- E falou ao Caim: “Procedendo mal, eis que o pecado jaz à tua porta; seu desejo será contra ti, e a ti cumpre do-miná-lo”. (4. 7).

Comentário: Ainda por cima, o deus passou um sabão no Caim! Veja se é possível: Queria que as frutas colhidas com amor, levadas com carinho e ofertadas com satisfação fos-

sem desprezadas e que o oferecedor saísse cantando, pulando de contente e dando risada, feliz da vida!

********** 2211-- Depois que Caim matou Abel, Jeová perguntou-lhe: “Onde está teu irmão Abel?” (4. 8 e 9).

Comentário: Jeová não sabia? Havia quatro pessoas no planeta e o deus ignorava o que faziam? O que andava fazendo que não sabia das coisas que aconteciam à “imensa população”?? Cadê o deus que tudo sabe?

********** 2222-- Sabendo da morte de Abel, o deus amaldiçoou Caim, o qual respondeu: “serei fugitivo e quem comigo se encon-trar me matará”. Retirou-se Caim e habitou na terra de Node. E coabitou com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque (4. 11 a 17).

Comentário: Este absurdo qualquer criança nota: Havia quatro pessoas no mundo: Adão, Eva, Caim e Abel. Caim matou Abel e restaram três. Caim fugiu pelo mundo com medo de ser morto por quem o encontrasse. E quem iria encontrar Caim e matá-lo, se fugiu das duas únicas pessoas que existiam, além dele?

2- E, longe de casa, na terra de Node, Caim se casou e teve um filho! Com quem casou, se a única mulher do mundo era Eva, e não foi com Eva que ele se casou?

3- E se “Eva foi mãe de todos os seres humanos” (3: 20), foi também mãe da mulher de Caim, uai! No entanto, pelo que garante Moisés, a mãe de todos os seres humanos não era mãe da nora!

4- E quem era Node, em cuja terra Caim habitou? Se Eva foi mãe de todos os humanos, então foi mãe de Node

também. Como é possível? E como é possível que existissem outras pessoas no mundo, se o deus só fez Eva, Adão e mais ninguém? Ou terá o deus ido pra todo canto da terra fabricando gente de barro e de costela para que seus filhos tivessem

com quem se acasalar? Ou outros deuses fizeram o mesmo: cada um saiu fabricando casais para que suas criações se encontrassem e

se casassem entre si? Ou já existia uma população, uma sociedade organizada e Jeová não sabia disso, pensando que ele é que havia

criado o primeiro casal? Assim, ou assado, Eva não foi mãe de todos os humanos conforme asseverou o narrador. De um jeito ou de ou-

tro, o autor do Gênesis errou feio! Moisés inventava bem, mas neste ponto a criatividade falhou e ele não percebeu. Talvez tenha percebido, mas sabia que seus seguidores eram pessoas de baixo padrão intelectual e, por este motivo, não precisava caprichar demais. Mesmo assim, poderia ter pensado em algo mais sólido, mais crível. Estava certo Paulo ao aconselhar Timóteo sobre tolas fantasias imaginosas:

Rejeita as lendas profanas e de velhas caducas. (Tim: 4. 7)

**********

29

2233-- Caim construiu uma cidade e a chamou Enoque, o nome de seu filho. Enoque, filho de Caim, se casou e teve um filho: Irade, que foi pai de Meujael, que foi pai de Metusael, que foi pai de Lameque, que se se casou com duas mulheres: Ada e Zilá. (4. 17 a 22)

Comentário: Como se vê, o mundo não estava tão despovoado conforme o afirmou Moisés. Cada homem encon-

trava mulher para se casar e teve até quem se casou com duas.

2- Incompreensível é que só nasciam filhos machos, você notou? Nenhum teve filha fêmea, mas as mulheres e-

xistiam! De onde vieram? Filhas de quem? Geração espontânea ou macacas?

3- Caim fundou a cidade chamada Enoque e aqui há outra falha de Moisés:

Cidade = concentração populacional, conjunto de habitantes, reunião de residências contendo moradores.

Ora, se o mundo era despovoado, não tinha sentido construir cidade, porque não havia quem a habitasse. O má-ximo que Caim poderia ter feito era construir uma casa para si, uma para cada filho e só. Para quem o restante da ci-dade?

Nota-se que havia muita gente nesta história e o Moisés marcou bobeira crendo que Adão e Eva eram os únicos.

********** 2244--“Os filhos de Deus vendo que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si as que lhe agradaram”. (6. 2)

Comentário: Que filhos de Deus são estes? Jeová se casou também? Sim, pois teve filhos... Machos, é claro! Agora, falando sério: Cadê a consistência nestes “filhos do deus?”. Moisés poderia ter sido criativo, mas nem tanto. Se havia algo que não soubesse explicar, que confessasse igno-

rância; fingisse não ver, que fosse adiante e não explicasse, pois ninguém ia perceber que ele pulou um pedaço.

2- Ademais, os filhos do deus tinham, com certeza, a mesma natureza divina e imaterial do pai deles. Tomando

por este aspecto, eles estariam impossibilitados de se misturar sexualmente com as terráqueas. Mas se acasalaram!

3- Eles viram que as filhas dos homens eram bonitas. Onde viram outras menos bonitas, para comparar? Bem...

Sendo “filhos dos deuses”, certamente conheciam outros planetas e, se assim for, então Erich Von Däniken, autor de “Eram os deuses astronautas?” tinha razão quando levantou a suspeita de astronautas visitando nosso globo.

4- Interessante! Só nasciam homens e, no entanto, havia tanta mulher, que até acabou sobrando para os “filhos

dos deuses”. De quem elas eram filhas? De outros deuses? Ah, não! Veja as explicações abaixo:

********** 2255-- “Naquele tempo havia gigantes na terra”. (6. 4)

Comentário: Gigantes? Que gigantes eram estes? De onde saíram? Filhos de quem? Não havia sido Eva, a mãe

de todos os humanos (3. 20)? Ou os gigantes não eram humanos? O que eram então? Anjos? Santos? Fantasmas? ETs? Ou os gigantes eram gentes que já moravam na terra antes do Adão, não sendo, pois Adão o primeiro humano? Ou existiam antes do deus?

2- Antes, os filhos do deus apareceram ninguém sabe como, nem de onde e se casaram com as terráqueas. Agora, é gigante que aparece ninguém sabe como, nem de onde também. Que banzé! Ah, Moisés, você inventa cada uma!

30

3- Olha leitor, pra mim, aquilo não era gente, não. Aquilo que a bíblia chama de gente eram coisas. Ou monstros,

com certeza. Espia só: Homem feito de bolinho de terra; Mulher feita de osso; Cobra que fala, é mais sabida e mais honesta que o deus; Deus carnívoro ignorantão que clona gente; e clonou mal, porque só criou monstruosidades; Gente se casando sabe-se lá com quem, porque havia ninguém no mundo; Não havia ninguém no mundo, mas acontecem casamentos e até geram filhos; Deus que tem filhos também; Filhos do deus que se acasalam com a mistura: mulher-osso e homem-bolinho-de-terra; Gigantes que surgem do nada e se acasalam com mulheres comuns e com netas dos filhos do deus.

E tem mais: Hoje, o ser humano é considerado apto a ter filhos ao entrar na adolescência, com 12 ou 13 anos.

Naquela época, a infância humana era bem mais demorada e podemos comprovar: Adão gerou Set aos 130 anos de idade. Set gerou Enós aos 105 anos. Enós gerou Cainã com 90 anos. Cainã, aos 70, gerou Malaleel. Malalel tinha 75 quando gerou Jared. Jared completou 62 quando gerou Enoch. Enoch tinha 65 ao gerar Matusalém. Matusalém estava com 87 ao gerar Lamec. Lamec, aos 182 anos, gerou Noé.

Como é que nesta idade, estes humanos ainda em construção, geravam filhos? Eram anomalias certamente. E há

quem gostaria que esta humanidade de laboratório, na qual Jeová fazia experiências, tivesse sido comportadinha; que Adão e Eva não tivessem caído na prosa da serpente, que Caim não tivesse matado Abel... Como exigir compor-tamento reto em tantas aberrações formadas por um deus aprendiz?

4- Os coitados dos exegetas – os intérpretes da bíblia – arrancam os cabelos tentando justificar a torrente de bes-

teirol. Algumas passagens, eles conseguem justificar – não convencem, mas justificam à sua maneira! Outras, eles queimam os neurônios, dão muita risada e acabam admitindo não acreditar na “palavra do senhor”. No caso aqui pre-sente, confessam eles que a presença dos gigantes é inexplicável: “eram homens de estatura extraordinária, de ori-gem ignorada”.

Mas estas descrenças não farão mal à religião, porque as explicações deles estão ao pé da página, escritas em letras tão pequeninicas, tão juntinhas, tão espremidinhas, tão embaralhadas, tão misturadas – de propósito – a núme-ros de capítulos e versículos, que pouquíssima gente lê. Mas eu li e, tudo o que for importante, vou passar a vocês.

Veja o que dizem na Bíblia de Jerusalém, sobre os seres estranhos que Moisés tratou com tanta familiaridade:

“O autor sagrado se refere a uma lenda popular sobre os gigantes, titãs orientais, nascidos da união entre mortais

e seres celestes... Quase todos os escritores eclesiásticos viram nesses ‘filhos de Deus’, anjos culpados. Mas, a par-tir do século IV, em função de uma noção mais espiritual dos anjos, os Padres interpretaram os ‘filhos de Deus’ como a linhagem de Set – filho de Adão – e as ‘filhas dos homens’, como a descendência de Caim”. (!!!!!!!!).

Viu só, leitor? Pra explicar o inexplicável, eles criaram uma história paralela. Vamos lá: Aceitam que a presença dos gigantes é inexplicável, que não passa de lenda. Depois inventaram tais de “anjos culpados”, que ninguém sabe o que é, uma vez que, se são culpados, não po-

dem ser anjos e vice-versa.

Em literatura racional, os “anjos caídos” encontram explicação interessante: a raça adâmica (raça - e não casal), raça atrasada e má, veio de um planeta mais evoluído (Jardim do Éden) depois de um juízo final neste outro corpo celeste (o paraíso) e desterro (expulsão do paraíso) dos maus para o nosso planetinha atrasado. Estes seres que a-qui vieram são talvez os anjos caídos. Esta explicação é encontrada no livro “Os exilados de Capela”, de Edgard Ar-mond. A explicação dos analistas bíblicos, porém, é risível.

Em frente: os analistas bíblicos, depois de séculos de estudos, quando deveriam estar mais sabidinhos, em lugar

de confessar ignorância, concluíram que a culpa da maldade dos homens estava... txan, txan txan txan... Na mulher! Vamos repetir as teorias deles, com palavras nossas:

Os homens, filhos do deus, seriam descendentes de Set, o terceiro filho de Adão. E as mulheres seriam filhas de Caim, o assassino! Puxa! Por um triz, escaparam de ser filhas da serpente! Portanto, os homens todos – os exegetas também – não são descendentes de Caim por parte de pai, mas o são

por parte de mãe, pois que nasceram de mulher.

31

No Antigo Testamento das Edições Paulinas, página 29, os comentaristas bíblicos, sem saber explicar esta mes-ma incoerência, acabaram com uma teoria semelhante à acima exposta. Eis suas palavras:

“Os filhos de deus são os descendentes de Set, que se conservaram bons e religiosos. As filhas dos homens per-

tencem à linhagem de Caim, perversa e ímpia. Do cruzamento das duas linhagens resultou – como sói acontecer, pois a companhia dos maus arruína os bons – uma corrupção maior”.

Primeiramente, se não está bem claro, vou explicar outra vez que, nesta altura do campeonato, Adão e Eva já ti-

nham um terceiro filho de nome Set, nascido depois da morte de Abel e da fuga de Caim. Correto? Segundamente, passemos juntos às considerações:

a) Que história é esta de que Set, por ser filho de Adão, era “filho do deus”? b) Em qual fato os exegetas se basearam para afirmar que Set era bom, se seu nome foi simplesmente citado

na descendência adâmica, sem alusão mais profunda? É possível ser bonzinho simplesmente por ter sido fi-lho de Adão?

c) Que outra história é esta de que as filhas dos homens eram descendentes de Caim e, portanto, perversas e ímpias, filhas do diabo?

d) Mais outra: Por que proteger Set por ter sido filho de Adão, se o próprio Adão foi expulso do paraíso por de-sobediência? Não esquecer que Adão foi bem avisado para não comer a fruta proibida, enquanto Caim não recebeu instrução nenhuma sobre não matar. É difícil estabelecer o grau de culpabilidade de cada um, mas pode servir de parâmetro o fato de que ambos foram exilados do lugar onde nasceram: Adão foi expulso do paraíso e do convívio com o deus; Caim foi expulso da terra natal e do convívio com os pais. Portanto, se a descendência de Caim não merecia um pingo de dó nem piedade, a nova descendência de Adão não me-recia também.

E por fim, é inexato dizer que as más companhias arruínam os bons. Se estes últimos se deixarem arruinar é por-que já não eram grandes coisas, podiscrê. Nunca se viu um santo sofrer influência do capeta e se capetanizar. As-sim, se os doces filhinhos do deus se perderam com as demônias filhas dos homens, é porque sentiram prazer em se misturar e em se satanizar, porque tinham tendências diabólicas também eles.

Capítulo 4

NOÉ 2266-- Jeová “viu que a maldade do homem se havia multiplicado então se arrependeu de ter feito o homem. ‘Farei de-saparecer o homem e o animal, os répteis e as aves porque me arrependo de os haver feito’” (6. 5 a 7).

Comentário: Este é outro absurdo bíblico e vamos analisar direitinho, com auxílio do dicionário: Arrepender-se = sentir pesar por falta cometida; penitenciar-se; reprovação de consciência por erro cometido. Esta definição não combina dom Deus Único e Verdadeiro, pois: É inadmissível Deus Autêntico cometendo faltas como se fosse simples mortal. É incabível Deus de Verdade com peso na consciência. É insonhável Deus Legítimo penitenciando-se a si mesmo. O que é isso, minhagente? Estamos nas mãos de um ser tão frouxo que faz e volta atrás? Um ser tão inconse-

qüente que não sabe o que faz? Que age e depois corre atrás do prejuízo? Que desconhece as implicações do que se propôs? Que solta foguete e sai correndo atrás pra apagar o pavio? Que mija na arvinha?

É difícil aceitar. Se fôssemos nós, tudo bem. Mas o Criador de todas as coisas poderia ser tão volúvel e capricho-so? Poderia ser tão inexperiente, a ponto de não saber que criar e educar filhos dá trabalho, desgosto, preocupação, noites mal dormidas?

2- Outra coisa esquisita: Aqui, Moisés escreve que o deus se arrependeu; adiante, Moisés afirma:

Deus não é homem para que se arrependa. (Num: 23. 19)

Afinal, cadê a verdade: ele se arrependeu de ter feito a humanidade, ou “não é homem para que se arrependa”?

32

3- “Farei desaparecer o homem...”. De qual homem o deus estava falando: Daquele bolinho de terra e da mulher osso? Dos filhos do bolinho de terra com a mulher-costela? Dos filhos “dele mesmo” – o deus – com as filhas da linhagem ímpia e perversa? Do cruzamento dos gigantes com as mulheres diabas? Dos filhos de Set, o santinho, com as filhas de Caim, o maligno? Por esta amostra, se Jeová destruiu alguma coisa, esta alguma coisa foi apenas umas experiências que não de-

ram certo.

4- Os exegetas da Bíblia de Jerusalém, à página 39, confessam possuir “muitas narrações babilônicas sobre o di-

lúvio, as quais apresentam notáveis semelhanças com a narrativa bíblica”. Ao se referir ao dilúvio, dizem “tratar-se de lembranças de uma ou várias inundações desastrosas no Vale do Tigre

e do Eufrates, que a tradição aumentou com as dimensões de um cataclismo universal...”. Nota-se aqui, a estranheza dos próprios comentaristas, os quais não acreditam, de modo algum, na hipótese do

dilúvio universal trazida pelo “livro dos livros”, que traz “verdades divinas, eternas e não contraditórias”.

5- De acordo com outras fontes, o dilúvio de Noé foi o resultado do rompimento do Istmo de Gibraltar, com conse-

quente precipitação das águas do Atlântico e do Mar de Tritônio na Bacia do Mediterrâneo; as terras existentes no norte da África daquele tempo, na Palestina, ou na Ásia Menor até a Assíria e Babilônia foram inundadas e os povos que ali habitavam foram destruídos. Segundo cálculos, esse dilúvio aconteceu em 7.500 a.C. conquanto a bíblia diga que sua data foi em 3.852 a.C.

Hipótese aceitável é que Moisés tenha ouvido falar em certa lenda que incluía uma tempestade de grandes pro-porções; achou lindona a história, modificou-a um tantinho, acrescentou suas fantasias e a escreveu como lance o-corrido com seus próprios ancestrais. Adiante a gente conta de onde foi que ele copiou a idéia.

********** 2277-- Jeová disse a Noé: “resolvi dar cabo de todo mortal porque a terra está cheia da violência dos homens; eu os farei perecer juntamente com a terra”. E mandou Noé fazer uma arca de acordo com suas explicações em tamanho, ma-terial, compartimentos. Mandou-o entrar na arca com a família e sete casais de cada espécie de animal limpo e um só par de cada animal imundo. Daí veio o dilúvio que durou 40 dias, tendo sido “exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra: o homem e o animal, os répteis, e as aves dos céus foram extintos; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca”.(6: 13 a 7. 24). Entraram de dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé. E aconteceu que pas-sados sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio. (7: 9)

Comentário: Para Jeová ter falado a Noé, era preciso ter se materializado em sua presença. A bíblia, porém, con-

tém passagens que mostram a impossibilidade do fato. Deus Verdadeiro não aparece, jamais apareceu a ninguém. Vejamos juntos algumas destas afirmações, as quais serão empregadas repetidas vezes neste livro:

� Aquele que não ama o seu próximo a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. (1-João: 4. 20). � Não me poderás ver a face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá. (Êx: 33: 20) � Ninguém jamais viu a Deus. (João: 1. 18). � Ninguém jamais viu Deus. Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós. (1-João: 4. 12). � O Pai que me enviou jamais tendes ouvido sua voz nem visto sua forma. (João: 5. 37). � Qual dentre vós ouviu a voz de Deus? Qual o que escutou o que ele disse? (Jer: 23: 16 a 21). � Rei dos reis, Senhor dos senhores, a quem homem algum jamais viu nem é capaz de ver. (Tim: 6. 16).

� Quem esteve presente no conselho de Deus para ver e ouvir sua palavra? (Jer. 23: 16 e 18)”. � Senhor, o que é o homem mortal, para que te lembres dele e o visites? (Sal. 8: 4)

Assim, está provado: A bíblia mente! Noé não viu, nem falou com Deus Único e Autêntico, o que deixa muita confusão na cabeça dos coitados dos fiéis

que acreditam inocentemente na “palavra do senhor”. Uma perguntinha pra você responder pra si mesmo: Em qual hora Moisés mentiu: quando garantiu que Noé viu Deus Verdadeiro e falou com ele, ou quando garantiu

que ninguém jamais poderá ver Deus Verdadeiro e permanecer vivo? (Êx: 33: 20)

O difícil é que não há como desculpar a bíblia: ou mentiu aqui, ou mentiu ali.

33

2- É justificável dizer que os homens não eram flores que se cheirassem porque, em todos os tempos, os huma-

nos têm sido maus. Mas... E os animais? Também eles entram nos mesmos padrões para morrer junto à humanidade suja e porca? Quando foi que os bichos receberam um código de ética e moral e não o obedeceram? Castigados por qual motivo?

3- O deus ia fazer morrer todo mundo, né? Ele se arrependeu de haver feito todo mortal, confere? Ele ia fazer

“perecer” os homens juntamente com a terra, certo? Neste caso, por que salvar uma família humana e animais, senão para recomeçar a civilização a partir daquela

que ele se arrependeu de haver criado? Se fosse pra recomeçar, que o fizesse com outros animais e outros homens melhores que os anteriores... E não

fazer de novo diferente, mas tudo igual!

4- Decerto ele, sabendo-se volúvel, tenha ficado com medo de vir a se arrepender de matar todo mundo e depois

não saber fazer de novo. Mandou, pois, guardar uns casais para o caso de vir a querer eles de volta. Faz sentido.

5- Se o deus quisesse Noé e família vivos, era só fazê-los ressuscitar após o dilúvio. Ou os retirasse da terra antes

do cataclismo e os recolocasse depois. Ou não houvesse dilúvio nenhum; bastava um movimento do dedo mindinho dele para que fossem eliminados os maus elementos.

Com seus poderes, qualquer uma destas opções teria sido mais fácil. Para que a arca? Para que o dilúvio? Ou não se tratava de Deus Verdadeiro?

Com um olhar para a terra, Deus a faz tremer. Com um toque, faz as montanhas fumegarem. (Sal. 104: 32).

6- Mas, se não quisesse descendentes da humanidade de antes, seria fácil também: era só fazer tudo de novo,

desde o comecinho! Ele não era poderoso? Já não tinha feito uma vez? Era só seguir a receita com cuidado para não errar onde já havia errado antes. Se ele era o Poderoso Deus Único, Autêntico e Verdadeiro...

7- E, para matar todo mundo não precisava de uma chuvarada daquele tamanho, que exterminou também tudo o

que era verde, amarelo, azul, branco, vermelho, roxo, laranja. Num piscar de olho teria feito morrer a todos e, com ou-tro piscar faria reviver os que quisesse de volta. Se ele era o Criador de verdade, qual era a dificuldade? Enfim, foi ele mesmo quem falou cheio de arrogância: “Eu mato e eu faço viver; eu firo e eu curo”. (Deut. 32: 39).

Ter-se-á encurtado meu braço? Ou já não há força em mim para te livrar? (Is: 50. 2).

8- Animal limpo e imundo? O que é isso? Existe melhor e pior para quem criou tudo com o mesmo carinho? Os reabilitadores bíblicos explicam: Dos “animais puros seriam tomados sete casais, porque a carne deles devia ser oferecida em sacrifício” ao deus

(A Bíblia de Jerusalém). Assim, Jeová aparece outra vez, como um grande guloso, considerando que, sozinho, come sete vezes mais que a humanidade inteira!

Mas Paulo, o Apóstolo de Jesus, se encarregou de limpar esta imagem negativa de Deus Único e autêntico: Acaso é com bois que Deus se preocupa? (Cor: 9. 9)

E Isaías, profeta, traduziu com fidelidade a resposta de Deus de Verdade às incoerências mosaicas:

De que me serve a mim a multidão de sacrifícios? Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura dos animais cevados. Não me agrada o sangue de novilhos, nem de carneiros, nem de bodes. Is. 1: 11)

Considerando estas últimas citações, conclui-se que não é Deus, com maiúscula, Deus Único e Verdadeiro quem se deliciava com os animais oferecidos em sacrifício – mas alguma entidade oposta a Deus.

9- Se Noé salvou alguns bichos, certamente foram os seus próprios cães e gatos, papagaios e periquitos, por cau-

sa da impossibilidade de sair à cata de bichos através de matas, desertos, oceanos e ar, porque os animais existem em todos os ambientes e climas:

Desde os confins polares passando pelos trópicos, até as regiões equatoriais. A começar pelo fundo do mar até as mais altas montanhas. E desde o oceano até as florestas, os pântanos, os manguezais. E há mais: muitos são noturnos; outros têm o hábito de se esconder e raramente são vistos.

34

Uns moram no gelo ártico, outros no calor do deserto. Uns na faixa litorânea, outros em alto mar, outros nos cam-pos e cerrados. Mas a bíblia garante que o deus mandou colocar na arca todas as espécies:

“De tudo o que vive dois de cada espécie, macho e fêmeo farás entrar na arca, para os conservares vivos...”. Então, as espécies que não fossem recolhidas não procriariam, não teriam sucessores, seriam extintas. Nenhuma

podia ficar de fora! Era uma enorme responsabilidade para Noé, que tinha nas mãos o poder de dar continuidade ou não aos seres viventes do mundo.

Pobre Noé! Com que dificuldade teria entrado nas florestas pra correr atrás, agarrar à unha, dominar, puxar, em-purrar e enfiar na arca um casal de onça! Depois de esperar sarar dentadas e arranhões, sair à caça de leões; e de-pois, correr atrás de elefante, girafa, rinoceronte, jacaré, lobo, urso, veado, raposa, sucuri, hipopótamo, gorila...

Entrou em caverna em busca de morcego. Subiu em árvore, viajou em cipó perseguindo macaco. Teve de afundar no chão pra encontrar um parzinho de toupeira, outro par de tuco-tuco. Teve de escalar montanha perseguindo carneiros monteses. A subida foi difícil. Mas a descida, muito mais, carre-

gando carneiro que queria escapar. E precisou subir quatorze vezes aquelas montanhas só em busca dos carneiros, porque eles são bichos limpos e, de animais limpos o deus pediu sete casais!

Teve de navegar muito pra apanhar baleias, golfinhos e toninhas que habitam o alto mar. Com que dificuldade apanhou sete casais de cada ave! Esteve nas regiões frias em busca de pingüim, morsa, foca, urso polar, abominável homem das neves... Do Pólo Norte trouxe renas. Na Austrália buscou canguru e ornitorrinco. Na América do Sul, aprisionou lhama, lobo marinho, arara azul, bicho-preguiça, cuíca, capivara, macuco, inhambu,

jaó, mutum, jacutinga, juriti... Nos cafundós da África, aprisionou os gorilas. Foi difícil agarrar coelhos os quais, além de bons corredores, se distribuem em várias espécies por muitos países. A falha do Noé foi em relação aos dinossauros. Ele não conseguiu, de jeito nenhum, convencê-los a acompanhá-

lo. A bem da verdade, depois de muita briga, até que conseguiu levar um casal daqueles de 20 metros de altura, mas não houve como acomodá-los na arca; eram grandes demais, maiores que a arca, maiores que um prédio de seis andares. Aí, Noé teve de optar entre os dinossauros os demais bichos. Optou pelos outros e foi nesta ocasião que os dinossauros foram extintos.

Rejeita as lendas profanas e de velhas caducas. (Tim: 4. 7).

10- Chi! Outro problema: A Austrália e a América não haviam sido descobertas! Assim, o Noé não foi lá, nem cá. E... Epa! Como foi que as espécies destes lugares se reproduziram pós dilúvio, se não foram recolhida e salvas?

11- E quanta dificuldade para caçar peixe, piranha, tubarão! Ah, desculpe, falha minha! No seu relato, Moisés não fala que os peixes foram recolhidos, nem que eles morreram

no dilúvio. Nem poderiam, porque só faltava peixe morrer afogado! Com isso, fica claro que o “pereceu todo mortal e toda carne que se movia” é outra falha, pois para ser verdadeira a afirmativa, os peixes não poderiam ser mortais; ou então, que tivessem morrido também! Se foram mortos os animais terrestres, por não os aquáticos? Por que tamanha proteção? Ou terão os peixes sido bonzinhos – mais bonzinhos que os outros bichos – e não mereceram morrer?

Mas se os peixes foram poupados, os mamíferos não o foram; portanto, baleias e golfinhos entraram na dança, ti-veram de embarcar! Pensa só no suador que deu apanhar no mar, retirar da água, empurrar em terra seca e enfiar sete casais de baleia no navio do Noé!

E há uma espécie de peixe capaz de morrer afogado. É o perioptalmo, da África Equatorial! Temos notícias de que seu organismo não lhe permite respirar embaixo da água. Sendo assim, o pobre do perioptalmo precisou, com certe-za, ser recolhido num aquário na arca, pois aquele aguaceiro todo do dilúvio não lhe daria oportunidade para respirar.

12- Aqui, uma sugestão - meio tardia, na verdade: Deveria ter perecido para sempre: mosquito, rato, barata, perni-

longo, formiga, cupim, micuim, piolho, pulga... estes sim, são animais imundos. Mas o Noé, eita Noé ce-dê-éfe! Podia ter fingido de morto e deixar de fora estes bichinhos, mas não! Fez de tudo pra salvar um casal de cada.

13- Falando nisso, foi difícil apanhar e reconhecer o macho e a fêmea de piolho, carrapato, formiga, pulga, bicho-

de-pé e de outras espécies minúsculas sem microscópio, sem lupa e sem óculos, que não existiam ainda. E, só pra exemplificar a trabalheira do Noé: São 250 mil as espécies de besouros! São 120 mil as espécies de borboletas! São 90 mil as espécies de abelhas, vespas e formigas! São 80 mil as espécies das moscas e mosquitos! São 55 mil as espécies das cigarras e percevejos! São 22 mil as espécies dos gafanhotos, grilos e baratas! Existem 1.500 espécies só de aranhas caranguejeiras!

35

Diz a Enciclopédia Mirador Internacional: “o número exato de espécies de insetos ninguém sabe; milhares de no-vas espécies são catalogados todo ano. Não é exagero admitir a existência de quatro milhões de espécies de inse-tos”. (vol 12, pág. 6.130). Não preciso dizer mais nada.

14- Outro obstáculo: animais de clima gelado, outros de clima tropical e animais de clima tórrido, tudo na mesma

arca. Como o Noé terá resolvido o problema do calor nos bichos de clima gelado e vice-versa? Terá construído jaula-ambiente de acordo com a necessidade de cada um? Ventilador, geladeira, aquecedor e freezer foram certamente, utensílios que fizeram parte da arca.

15 E há muitas outras dificuldades: Segundo a bíblia, a arca media 300 côvados de comprimento, 50 de largura e 30 de altura. Cada côvado mede 3 palmos, ou 66 centímetros. A arca media, pois, 198 m de comprimento 33 de largura e uns 18 de altura. Neste espaço era impossível abrigar: De 4 a 5 mil espécies de mamíferos e suas subespécies; As 5.663 espécies de répteis, Os 4 milhões de espécies de insetos, E as 8.600 espécies de aves.

De acordo com as ordens do deus, a arca teria uma janela medindo um côvado e uma porta. Não entendi direito onde deveriam ficar a janela e a porta, mas está escrito assim:

Farás na arca, ao seu redor, uma abertura de um côvado de alto; a porta colocarás lateralmente. Farás três anda-res, um embaixo, um segundo e um terceiro. (6:16)

Você entendeu onde ficariam estas aberturas? Nem eu. Mas veja bem, que esta arca teria apenas duas abertu-ras. Duas aberturas apenas: uma janelinha de pouco mais de meio metro e uma porta. Só. Duas aberturinhas insigni-ficantes para dez milhões de seres vivos. Este deus, onde está o juízo dele? Não sabe que os bichos e as gentes precisam respirar? Havendo três pavimentos naquela barcaça, dois deles não teriam abertura nenhuma, ventilação nenhuma, claridade nenhuma. Por onde entraria oxigênio? E o gás carbônico, gás venenoso resultante da respiração, por onde sairia? Os bichos morreriam asfixiados antes ainda de começar a viagem.

Vamos imaginar que as jaulas contendo os casais de bichos foram colocadas lado a lado na embarcação, sem espaço algum entre as fileiras.

A enciclopédia calcula de 4 a 5 mil as espécies de mamíferos, mais suas subespécies. Descomplicando isso aí a-credito que, para sermos mais ou menos justos e não humilharmos demais o autor sagrado, será conveniente des-prezarmos as subespécies e considerarmos em 5 mil redondos, as espécies dos que mamam.

Vamos supor agora, que cada par de mamíferos usasse uma jaula de uns 2 x 2 metros, uma pela outra. Serão, pois, 4 m2 de espaço útil tomado por cada casal de bicho que mama. Mas aí entram os mamíferos “limpos”, cujo número a ser recolhido é sete casais. Digamos que metade das espécies – 2.500 – era constituída por animais limpos. Está acompanhando? Continuemos, pois: Desta forma teremos que somente os considerados bichos puros usarão 17.500 gaiolas as quais, multiplicadas

pela sua área, ocuparão 70.000 m2. Sobrarão agora 2500 tipos de mamíferos impuros, dos quais somente 1 casal será recolhido e, portanto, usarão

10.000 m2 de espaço na arca. Muito bem! Somando este último número mais o anteriormente obtido, veremos que 80.000 m2 da embarcação

serão gastos somente com mamíferos. A arca media 6.534 m2 por andar. Tendo 3 pavimentos, sua medida total era 19.602 m2. Portanto, somente para

abrigar os mamíferos, faltariam na arca, 60.398 m2!!! Para os répteis, vamos construir jaulas de tamanho padrão medindo 1 m2, uma pela outra. Sendo 5.663 espécies de répteis, teremos que eles usariam 5.663 m2. As aves, nós as colocaremos em gaiolas com meio metro de lado, uma pela outra, para abrigar desde beija-flor

até ema, passando por urubu, pavão, coruja, pomba, galinha, peru, pato, ganso, papagaio, arara, sabiá, rola, azulão... Como o deus mandou Noé recolher sete casais de aves, sem distinção entre “limpas e imundas”, vamos ter 8.600 espécies multiplicado por sete pares = 60.200 gaiolas, de beija-flor a ema, que usariam 15.050 m2 de espaço físico.

Os casaizinhos de insetos serão colocados em caixas com 10 x 10 cm. Nesta proporção, usariam 400.000 m2. Somando isso tudo, saberemos que aquela bicharada necessitaria de 500.713 m2. Como a arca mede 19.602 m2, ficarão faltando 481.111 m2. Ou seja, seriam necessárias 25 arcas ao todo! Estariam, pois, faltando 24 arcas de idênticas proporções.

Tudo dentro dos conformes? Então, vamos em frente: No entanto, se tivesse sido construída tanta arca, faltaria tripulação para acompanhar e tomar conta delas. O pro-

blema será resolvido economizando gente e, para isso, vamos colocar a família inteira numa só embarcação, a qual teria suas medidas aumentadas para conter, sozinha, os animais. Ficaria assim, portanto, a barca de Noé: 4.950 me-tros de comprimento totalmente ocupados (quase 5 km); 825 metros de largura (mais de 8 quarteirões) e 450 metros de altura (um prédio de 150 andares).

36

Isso, sem contar que as jaulas ficariam juntinhas umas às outras, espremidas sem espaço nenhum entre elas, em cujos vãos não caberia ao menos uma barata. Deixando espaço maior que pudesse passar uma pessoa para alimen-tar os ocupantes das jaulas, o tamanho da arca que estamos urdindo teria de ser aumentada muito mais.

Fique claro que calculamos em metros quadrados. Certamente que, em metros cúbicos, vai haver diferença.

16- E existe outra dificuldade de difícil solução: A família ficou de fora! Fizemos uma embarcação imensa, enfiamos os animais todos dentro, usamos tudo quanto

foi espaço e esquecemos de reservar lugar para as pessoas! Toca aumentar ainda mais a barcaça de Noé!

17- Outra complicação: Como Noé alimentou tanto bicho durante um ano? Uns, carnívoros, outros herbívoros que

foram se reproduzindo e aumentando em número. Neste passo, o tamanho da arca teria de dobrar pelo menos duas vezes durante aquele ano para abrigar pais e crias as quais, por sua vez, de acordo com a espécie, iam se reprodu-zindo também.

Só pra dar uma mortificada no Moisés, tomemos como exemplo os coelhos, que se reproduzem seis vezes no a-no, com ninhada média de sete filhotes cada cria. Os filhotes, com 6 meses, já se põem a procriar também. Coelho é animal puro, segundo a concepção de Jeová, tendo 7 casais de cada espécie recolhidos na barca e, como existem várias espécies de coelhos, todos eles se reproduzindo ininterruptamente, dentro de pouco aquele navio inteiro esta-ria tomado somente por estes animaizinhos prolíferos.

18- Para alimentar tantos animais diariamente, quantas pessoas seriam necessárias? Acontece que a família de Noé era pequena: ele e a esposa, três filhos e respectivas esposas, mais os netos. E-

ram 24 pessoas para dar de comer e de beber a 171.726 animais de grande e médio porte – fora os de tamanho re-duzido – distribuídos em 85.863 engradados.

Vamos arredondar para menos este número; digamos que são 85 mil jaulas e vamos começar a calcular: Demorando dois minutos para preparar o desjejum para cada casal de bichos, mais um minuto para limpar a ga-

mela de cada jaula, mais um minuto para colocar o alimento, mais um minuto para trocar a água, no total serão gas-tos, bem por baixo, cinco minutos em cada um dos engradados daquelas imensas filas de cinco quilômetros de ex-tensão. Multiplicando 85.000 jaulas por 5 minutos, teremos que serão gastos 425.000 minutos para dar comida e á-gua somente aos bichos maiores.

Cada dia tem 1.440 minutos, mas é impossível ao trabalhador permanecer 24 horas diárias somente labutando. Digamos que os componentes da família tenham trabalhado apenas 10 horas por dia, tendo o restante do tempo sido usado em restaurar as forças: comer, dormir, evacuar e bater um papinho com o restante do grupo. Deste modo, ca-da dia terá 600 minutos de trabalho.

Dividindo 425.000 minutos indispensáveis à alimentação dos irracionais por 600 minutos diários, o resultado no to-tal será 708 dias e meio de trabalho. Isso se fosse uma única pessoa a fazer o serviço. Como a família tinha 24 com-ponentes, é preciso dividir 708,5 dias de trabalho pelas 24 almas e concluiremos que a família conseguia dar água e comida a todos os animais de grande e médio porte, em apenas um mês!

Assim, a cada mês, a bicharada comia uma vez! Tá bom, né? Podia ser pior!

19- Ah, lembrei! É pior, sim! Muito pior! Os insetos também exigiam cuidados para a continuação das espécies, e

eles estavam confinados em 4 milhões de caixinhas! Tendo de acudir também a estes bichinhos que demandavam, digamos, pelo menos dois minutos de tempo a ca-

da sessão de cuidados, encontraremos que custariam oito milhões de minutos de atenção por vez. Dividindo este número por 600 minutos diários, vamos encontrar 13.330 dias de trabalho para que uma só pessoa

pudesse cuidar dos insetos todos. Sendo 24 pessoas na barca, basta dividir 13.330 por 24. Serão gastos, pois, 555 dias para cuidar dos bichinhos todos, desde a primeira até a última caixinha.

Somando aos dias necessários aos cuidados dos outros animais, vamos descobrir que cada animal da arca comia e bebia a cada 585 dias! Ou seja, uma vez a cada ano e meio.

Sem contar que as pessoas que carreavam alimento tinha de levar um lampião para poder enxergar naquela escu-ridão dos diabos. Com uma janelinha só, em quilômetros e quilômetros de arca, era muito, mas muito mesmo difícil caminhar e fazer o trabalho todo.

Ainda assim, podia ser pior...

20 Chi! É pior, sim! Os bichos todos se reproduziam. E as crias iam crescendo e tendo filhos também! Nasciam fi-

lhotes diariamente, aos milhares! No outro dia, mais milhares de outras crias. No dia seguinte, mais outros milhares e, no dia subseqüente... Barbaridade, não acaba nunca! O número é crescente em velocidade astronômica, igual juro de banco. E os filhotes tinham de comer também – mas não vamos entrar nesta nova conta, senão Moisés morre outra vez, de tanta vergonha.

37

21- Os carnívoros teriam tanta carne à disposição para tanto tempo? Tomemos o leão como modelo: cada leão adulto necessita de 7 quilos de carne fresca todo dia. Leão é animal limpo, pois não tem os pés em forma de cascos fendidos. Entraram, pois, 14 leões na barcaça. Multiplicando 14 leões por 7 quilos de carne, concluímos que só os reis dos bichos consumiam 98 quilos de carne

fresca por dia! Isso, só os leões, sem contar os outros carnívoros. Meu Deus Verdadeiro, onde arranjar tanta carne? Mesmo que a arca tivesse uns quatro ou cinco andares conten-

do apenas carne em estoque, esta mercadoria estaria podre em poucos dias, servindo somente ao casal de urubus. E daí, o que fazer? Como manter calmo cada animal sem comida? Ou um bicho comia o outro?

22- Os herbívoros também não tinham onde arranjar mato fresco. A dificuldade é idêntica: mesmo que alguns an-

dares estivessem reservados apenas às ervas, elas fermentariam e estariam imprestáveis em poucos dias. E daí em diante, como terá sido?

23- Há morcegos que vivem de sugar sangue e estes, foram os únicos que engordaram, porque sangue era o que

não faltava naquela embarcação. Mas há morcegos que se alimentam de frutas frescas. E aí, Moisés? Os beija-flores vivem de néctar. Cadê néctar fresco pra eles? As borboletas põem seus ovos nas folhas vivas da couve. Sem couve nada de ovinhos, nada de lagartinhas, nada

de outras borboletas, fim da espécie. E há irracionais que se alimentam com folhas de amoras, outros com nozes, outros com milho, outros com formi-

gas, outros com mosquitos, outros com casca de árvore, outros com minhocas... E agora? Aquelas espécies não teriam sido extintas por falta de alimento? Sai dessa, Moisés!

24- Pronto. A dificuldade de comer já foi considerada. Agora resta o beber. Aí, você vai querer dar uma de sabido e dizer: - Larga de ser tonto, Petros! Com tanta água lá fora, você vem falar

em dificuldade em arranjar água? Sim, é verdade. Fora da arca é pura água. Mas é impossível abrir a porta senão a água lá de fora invade e afunda

a barca com seus ocupantes. Fim da humanidade, fim da animalidade. Mas... E pela janela? Sim, há uma janela. Uma só naqueles quilômetros todos de barca. Então tente visualizar: Você e eu vamos acompanhar um dos alimentadores. Ele enche seus dois baldes com água da chuva através da-

quela janelinha do terceiro pavimento. Levando um em cada mão desce as escadas, passa pelo segundo, desce mais escadas, chega ao primeiro patamar. Os animais próximos à escada já receberam sua água, mas os últimos bichos, aqueles lá do fim dos corredores, estão com sede. Aí, o alimentador anda 5 km que é o tamanho aproximado do comprimento da arca, até os animais sedentos.

Coloca os baldes de água, um em cada jaula e retorna. Mais 5 quilômetros até a escada, sobe os dois andares, enfia um balde de cada vez pela janelinha, espera encher com a água da chuva e retorna à escada. Desce dois anda-res, anda 5 quilômetros, coloca a água em mais duas jaulas. Retorna mais 5 quilômetros, sobe as escadas... Tudo is-so em meio à maior escuridão, porque não há nenhuma réstia de claridade. Sim, ele poderá levar uma tocha, aconte-ce que se fizer isso, estará com uma das mãos ocupadas, não conseguirá levar dois baldes de cada vez.

Aí, você poderá retrucar: - E se ficarem tochas colocadas, digamos, de 20 em 20 metros, não será suficiente? Sim, mas se ficarem acesas estas tochas, elas queimarão o tantinho de oxigênio e aí sim, seria uma mortandade

por asfixia, mortes por atacado.

25- Mas os animais não tinham apenas de comer e beber. As machucaduras tinham de ser curadas, as crias ti-

nham de ser cuidadas, os animais mortos tinham de ser removidos, as vacas tinham de ser ordenhadas, o estrume tinha de ser removido de todos os quilômetros e quilômetros de engradados contendo animais.

26- E, ao sair da arca, aqueles milhões de irracionais comeram o quê, se no mundo não havia mais vegetal para

os herbívoros, nem caça para os carnívoros, nem nada pra ninguém? Moisés não toca no assunto do nutrimento durante e após a permanência na arca, porque nem mesmo ele se

lembrou disso. Romanceou a história deixando-a bonitinha, sem pensar que ela era impossível; e desta falha pouca gente se apercebeu, todos continuam contando a lenda às novas gerações, como verdades irrefutáveis.

As pessoas críticas da Era do Raciocínio, seres inteligentes da Idade da Razão; população das viagens interpla-netárias, dos transplantes, da clonagem, que usa celular e internet ainda são levados por historíolas contadas pelos antepassados que nem ao menos sabiam que a terra é redonda? Que ignoravam que a água evapora e torna a cair em forma de chuva? Que pensavam que todos os animais do mundo totalizassem meia dúzia de espécies?

“Rejeita as lendas profanas e de velhas caducas”. (Tim: 4. 7).

“Destruirei aquele que der relato falso”. (Sal. 101: 5).

**********

38

2288-- E “pereceu toda carne que se movia... animal e todo homem... Assim foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca”. (7. 20 a 24).

Comentário: A mortandade “de toda carne que se movia” não aconteceu, porque os peixes e demais animais a-

quáticos não morreriam afogados, conforme já vimos.

2- Atenção para o detalhe: morreu a humanidade toda, restando Noé e família. Daí, todas as pessoas nascidas após o dilúvio – inclusive você e eu – somos “descendentes diretos” de Noé.

3- Comparando os textos bíblicos às conclusões dos comentaristas, percebemos que eles próprios, os mais crédu-

los comentaristas se reservam o direito de duvidar do “autor sagrado” e de expor estas dúvidas. Vamos às citações:

“Eliminarei da face da terra todo homem que criei” (6: 7) “Então, disse o deus a Noé: Para mim chegou o fim de todo mortal”. (6: 13). “Toda carne que se move sobre a terra, todo ser humano foi exterminado”. (7: 21). “Exterminarei da face da terra todo ser que criei” (7: 4). “Mandarei o dilúvio sobre a terra para destruir toda carne que tem vida debaixo do céu; tudo o que existe sobre a

terra desaparecerá”. (6: 17). Já está bom de citações. Através delas concluímos que, de acordo com o “livro santo”, o dilúvio abrangeu o mun-

do inteiro e matou todos os seres vivos, correto? Mas os próprios piedosos exegetas confessam que a bíblia nem sempre fala a verdade – ou seja, ela aumenta,

ela diminui, ela exagera; em suma, vale repetir: a bíblia mente! Veja as palavras deles, dos exegetas, sobre a universalidade do dilúvio: “Que o dilúvio não se tenha estendido a todo o orbe terrestre é atualmente opinião comum de todos os intér-

pretes católicos, considerando que não teria sido fisicamente possível”. (Bíblia Sagrada - Ed. Paulinas). Quero fazer uma ligeira observação: Se, só atualmente os intérpretes católicos perceberam a impossibilidade de um dilúvio universal, saiba que desde

o século XIX, os autores espíritas têm a certeza desta impossibilidade e, para comprová-lo, basta olhar no subtítulo “Dilúvio bíblico” do livro “A Gênese” de Allan Kardec, cuja primeira edição foi em janeiro de 1868!

Uma coisa interessante do citado livro vai repetida aqui:

“Embora esse dilúvio se tenha estendido por uma superfície muito grande, ele foi apenas local e não causado a-penas pela chuva, pois por muito copiosa que esta fosse e ainda que se prolongasse por quarenta dias, o cálcu-lo prova que a quantidade de água caída das nuvens não podia bastar para cobrir toda a terra, acima das mais altas montanhas.” (A Gênese – Allan Kardec –trad: Guillon Ribeiro – FEB – RJ – 34ª ed.)

4- “pereceu toda carne que se movia... animal e todo homem... Assim foram exterminados todos os seres que havia

sobre a face da terra”. Em 24 de agosto de 2011, os cientistas do Censo da Vida Marinha divulgaram na revista PLoS Biology, existir na

Terra em torno de 8,7 milhões de espécies animais. Apesar da margem de erro, é o cálculo mais preciso já feito so-bre a presença de vida no planeta. Destes, 6,5 milhões são terrestres e 2,5 milhões, marinhas.

Muito bem! Sendo 6,5 milhões as espécies de animais terrestres, digamos que houvesse um milhão de animais de cada espécie em todo o mundo que, multiplicados pelo número anterior, vai dar 6.500.000.000.000.000. Vamos ima-ginar, pois, 6,5 quatrilhões de animais – desde ratos até dinossauros mais as pessoas que existiam no mundo inteiro, tudo morto. Tudo boiando em cima daquelas águas diluvianas, sendo jogados ao sabor das ondas e atrapalhando até mesmo o deslizar da arca.

E depois que as águas baixaram, é difícil imaginar número tão grande de cadáveres espalhados pela terra. Por todo lado carcaça de gente e de bicho estufada na estufadez da morte por afogamento. Pensa só nas tripas esparra-madas expondo seu malcheiroso conteúdo nos mortos, cujo inchaço estourou a pele e os intestinos. Imagine o cheiro nauseante. Imagine a visão daquele cemitério com defunto insepulto por onde quer que se olhe.

Mas o Moisés não pensou nestes detalhes, nem tocou no assunto, como se a morte de tantos seres tivesse feito com que seus restos apodrecidos sumissem, desaparecessem, se diluíssem, se desmanchassem por milagre.

E interessante é que nós mesmos, você e eu, quando pensávamos no fim do dilúvio, imaginávamos uma quanti-dade inominável de terras limpas, desprovidas de vegetação, de destroços, de cadáveres. É ou não é?

**********

39

2299-- O deus se lembrou (!) do Noé e fez parar a chuva. Fez soprar um vento sobre a terra e as águas baixaram. As águas iam se escoando continuamente de sobre a terra e minguaram ao cabo de 150 dias. E as águas foram minguando até que apareceram os cumes dos montes. Noé soltou uma pomba e um corvo pra saber se a água já tinha minguado. À tarde a pomba voltou trazendo uma folha nova de oliveira e Noé entendeu que as águas haviam minguado. (7. 17 a 8. 12). As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo dos céus; e elevaram-se quinze côvados acima dos montes que cobriam. (Gen, 7, 19 e 20)

Comentário: O deus se lembrou, fez parar a chuva, mas não fez nada pra socorrer os coitados dos sobreviventes.

Não apareceu nem pra falar que a água tinha secado e que podiam desembarcar! Foi preciso um meio bem humano para descobrir: soltar aves para que elas lhe trouxessem um sinal.

Pergunta: Se o Noé, ignorando se a água havia baixado, resolvesse abrir a porta pra desembarcar antes da hora e morresse afogado? Jeová bem que podia ter aparecido e falar: “Calma, minha gente! Agüenta firme mais uns dias!”

Se o deus esteve desde antes do início da construção da arca dando dicas sobre tamanho, material, comparti-mentos, animais a ser recolhidos, outras minúcias e demais etecéteras, o que custava chegar e falar que já podiam sair? Ele fez parar a chuva e pronto! Que se arranjem os sobreviventes!

2- As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo dos

céus; e elevaram-se quinze côvados acima dos montes que cobriam. (Gen, 7, 19 e 20)

Façamos as contas: Um côvado mede 66 cm. Quinze côvados acima do cume mais alto são dez metros acima do Everest, pico mais

alto da terra, com 8.858 metros – quase nove quilômetros de alto. São, pois, o tamanho do Everest mais 10 metros, totalizando 8.868 metros acima do nível do mar.

Sei que você vai dizer que pego no pé, sei que vai me chamar de cri-cri; vai dizer que fico provocando, que levo tudo ao pé da letra. E eu respondo:

Sim! Está escrito, não está? Não está documentado “quinze côvados acima do cume mais alto”? Pois então, são 10 metros acima do Everest e não sei onde estou extrapolando. Se houve exagero não foi meu; foi de Moisés, que ignorava a existência do Everest. Eu estaria errando se estivesse inventando números, criando cifras; mas não estou fazendo isso. Estou apenas usando os elementos fornecidos pelo “livro que não mente”.

Ou, na sua concepção o certo seria ser enganado conscientemente, como todo mundo vem sendo há milênios, só pra não discordar, só pra não criar caso, só pra ser bonzinho, só pra não ir pro inferno, só por preguiça de racioci-nar? E muito me admira que até hoje ninguém, mas ninguém mesmo tenha levantado a lebre, ninguém tenha ousado colocar em pratos limpos tanta aberração.

Mais ainda: como choveu 40 dias sem parar, o suficiente para cobrir o Everest mais 10 metros, então dividindo 8854 por 40, o resultado é que, a cada dia, o nível das águas subia 221,35 metros. Mais de dois quarteirões de altura. Barbaridade, quanta água! Mas tenho uma duvidazinha: Quem foi que encontrou esta última medida? Qual foi a pes-soa que saiu da arca com uma trena, uma fita métrica, um sei lá o quê para medir os 10 metros acima do Everest? Moisés escreveu isso aí, mas ele nem ao menos sabia da altura do “monte mais alto” para falar com convicção.

Tá, tá tá bom, vamos em frente. Continuando onde paramos e comece a visualizar a cena: Veja, em imaginação, a terra redonda vagando no espaço, com 10 metros de água acima da mais alta montanha;

uma faixa de nove quilômetros de água acima do chão! Vá tentando “ver” isso aí e depois reconheça que o cenário que a gente consegue criar fica muito aquém do que seria, na realidade, o espetáculo do dilúvio.

Vixi, outra complicação: as águas atingiram quase nove quilômetros de altura! Mas o Atlas Internacional de Nu-vens da OMM (Organização Meteorológica Mundial) diz que as nuvens alcançam de 1.200 a 10 mil metros de altura. As-sim, aquela chuva pode ter alcançado altura mais elevada que as próprias nuvens e neste caso, choveu para cima!

3- Fecharam-se as fontes e a copiosa chuva se deteve. (Gen 8:2) Parou a chuva, mas desapareceram os rios. Os

oceanos se encontraram por cima dos continentes. Águas doces e salgadas se misturaram numa só massa. Monta-nhas, cordilheiras, maciços, tudo sumiu embaixo das águas.

Aí, ”Deus fez passar um vento sobre a terra” (Gen 8:1) é o que garante Moisés, mas pense bem: Uma aragenzinha de nada naquela vastidão de água fazia erguer ondas colossais, mais altas do que pudermos supor; eram verdadei-ros tsunamis, um atrás do outro sem parar, porquanto não havia tapume algum, muralha nenhuma, nenhum obstácu-lo para a fúria de tanta água represada. Sim, uma represa do tamanho do mundo, com dez metros de fundo no ponto mais raso e 20 quilômetros de fundura em algumas partes do oceano.

Barbaridade é muita água! Mas aí vem você com sua prosa querendo me desmentir. Você diz que, na verdade, as montanhas à época de

Noé eram mais baixas! Eu digo que não. Digo que, quanto mais a terra envelhece, mais baixos se tornam seus pon-tos culminantes e menos agressivos se tornam os picos, os quais vão se arredondando e perdendo altura. Assim sen-do, o Everest à época de Noé era mais alto que o atual.

40

4- “As águas iam se escoando continuamente, e ao cabo de cento e cinquenta dias as águas minguaram” (Gen 8:.3) Portanto, a água minguou e desapareceu. A água escoou, baixou e acabou. A terra secou e pronto! Todo mundo

aceitou, achou natural, e fim de papo. Mas calmaí! A água minguou como? Para onde foi ela? Continue, leitor; continue visualizando a terra redonda viajando no espaço, aquela bola imensa totalmente coberta

por espessa camada de água. Vá pensando e raciocinando comigo: Numa inundação normal que atinja uma região, as águas “desaparecem” porque correm para as baixadas, en-

tram nos rios e vão para o oceano. Mas no dilúvio, onde tudo se transformou numa só massa líquida a nível planetário abrangendo todos os espa-

ços em igualdade de plano, estando tudo no mesmo grau de elevação, não havia terreno em baixada para onde descer a água, que não tinha para onde ir.

Mas Moisés diz que as águas baixaram e torno a perguntar: Baixaram como? Se a terra é esférica e tudo se transformou num só oceano, para onde foi tanta água? Desceu

pra onde? Instalou-se em qual buraco? Correu em qual direção se, para qualquer lado que fosse, estaria sempre no mesmo nível?

Tomemos um mar como exemplo: Se houvesse uma baixada para onde ir, o mar se lançaria nela e, se esta ativi-dade fosse contínua, em pouco tempo o espaço antes preenchido pelo mar estaria vazio e seco. No entanto, o mar fi-ca circunscrito ao mesmo lugar e, por mais que arremesse suas ondas contra as beiradas não consegue sair da sua concha, dificilmente suas águas vão sumir, dificilmente seu leito vai secar. O mesmo aconteceu com as águas do di-lúvio, cujas águas represadas não tinham como escoar, por falta de baixadas.

Mesmo assim, as águas recuaram, baixaram, sumiram, secaram! Milagre não foi porque, se Deus quisesse fazer milagre, teria dado sumiço naquele aguaceiro todo num biilionésimo de segundo – e não teria esperado que a nature-za, por si só, desse conta do serviço.

5- Mas o fato pode ser explicado de forma deslustrosa para o “livro dos livros”: Moisés não saber que a terra é redonda e que as águas se tornaram uma só massa líquida sem ter pra onde

correr é perdoável, porque ele era bronco dos fatos geográficos a nível mundial. Mas o deus não saber que a terra é redonda? É indesculpável e mostra o baixo nível de conhecimento de quem

“criou” o mundo. Uma das características de Deus Verdadeiro é Onisciência, ou seja: ele é dono de todas as ciên-cias, tudo sabe, tudo conhece, tudo vê, tudo controla. Mas o deus de Moisés, que se diz Verdadeiro... Pelamorde-deus! Ignorar que “fez” o mundo redondo é imperdoável.

Pois nem Moisés nem Jeová sabiam que a terra é redonda! Crendo que a terra fosse reta como uma tábua, foi fácil explicar o sumiço das águas e Moisés não pensou duas vezes: tacou a água beirada abaixo da tábua e pronto! Ninguém levantaria suspeita porque eram ignorantes por igual, pensavam todos que a terra fosse reta. O difícil é ex-plicar o mesmo fato hoje, que sabemos da esfericidade do planeta.

6- E, mesmo que a terra fosse plana, Moisés e Jeová desconheciam outra lei natural: a lei da gravidade, que a-

trai e mantém os corpos firmes sobre o solo – ou seja: os corpos ficam aderidos ao chão, como que sugados por for-ça derivada do seu centro e, se assim não fosse, com o movimento de rotação tudo seria lançado fora – até nós – e entraríamos em órbita.

Para entender melhor basta pensar no solo lunar onde não há gravidade e os astronautas podem “voar” a cada passo e se divertem “dançando” ou flutuando ao andar.

Sem problema com gravidade é até possível pensar que, se as águas pudessem cair pelas beiradas do mundo, elas desapareceriam de fato, pois se perderiam no vácuo. Mas este processo é impossível neste planeta, onde tudo o que se desloca do chão tende a ele retornar.

Tomando por base este princípio, as águas não tinham como cair fora do mundo, mesmo que ele fosse reto por-que elas, as águas, ficariam aderidas ao chão. Assim, não tinham como sair e deixar o solo seco, considerando que a gravidade as mantinha apoiadas firmemente no lugar.

E cair para onde, se a terra se encontra solta no espaço? Cair em direção ao “céu”, que circunda todo o planeta? E agora, Moisés?

7- Outro problema que prova a impossibilidade do dilúvio bíblico: Suponhamos que as águas, sem poder escoar para lado nenhum, tivessem secado através da evaporação. Evaporando, elas se transformariam de massa líquida em gasosa; subiriam e foram formar... Nuvens de chuva! Sim, nuvens que, num círculo vicioso, cairiam em forma de chuva outra vez, outra vez, outra vez, muitas vezes,

porque a umidade do solo propicia a formação das chuvas. Neste caso, com tanta água evaporando, cairiam chuvas torrenciais diárias, praticamente novos dilúvios que manteriam inalterado o nível da água, impossibilitando que o solo secasse.

E agora, Moisés? Estes erros bíblicos provocam risos, mas chegam a ser desculpáveis porque Jeová era inexperiente, um deus

41

adolescente, não sabia estas coisas que somente vieram a ser descobertas milênios depois... Descobertas pelos ho-mens, que se mostraram mais sabidos que “seu criador”!

8- Mas, como tudo acompanha leis naturais – que nada mais são que Leis de Deus Único e Autêntico –, conclui-

se que, se aconteceu algum dilúvio, ele foi de caráter regional conforme acabamos de ler em Kardec, não abrangen-do a terra inteira segundo garante Moisés.

E não venha dizendo que já se sabe que o dilúvio foi regional. Se estiverem sabendo, por que a bíblia continua mentindo? Corrijam a bíblia, uai!

9- Tendo sido o dilúvio de caráter regional, o Noé não teve de juntar bicho nenhum. Eles continuaram existindo

tranqüilamente em seu habitat, reproduzindo-se normalmente.

10- De igual forma, pessoas de outras regiões nem ficaram sabendo do dilúvio que matou a humanidade inteira.

11- Tá! Supondo que as falhas não existiram, continuemos: Depois de dez meses, apareceram os cumes das montanhas mais altas. Significa que os 10 metros que ultrapas-

saram o Everest demoraram 10 meses para minguar. Se cada dez metros de água demoraram 10 meses para desaparecer, então a proporção é 1 metro por mês. Ora, o Everest mede 8.848 metros e há os 10 metros que ultrapassaram esta medida. São, portanto, 8858 metros

de águas diluvianas. Se 1 metro de água demorou um mês a desaparecer, então 8.858 metros demoraram 8.858 meses a secar. Usando estes números, chegamos à seguinte conclusão: Se tudo corresse bem, se as águas fluíssem normalmente; Se o sol fosse quente o suficiente para fazer as águas secarem; Se não houvesse mais tempestade, nem chuva nem chuvisqueiro, o mundo estaria seco em 738 anos! E agora, Moisés? Mostre a cara, vamos!

Destruirei aquele que der relato falso. (Sal. 101: 5).

O mentiroso não permanecerá ante meus olhos. (Sal. 101: 7).

12- A pomba saiu voando e retornou trazendo uma folha nova de oliveira... Mas como? Se o dilúvio matou toda a vida sobre a terra, qual planta viveria um ano inteiro sob as águas, sem oxi-

gênio? Se as oliveiras do oriente médio não forem diferentes, nenhuma erva continuaria viva naquelas condições. Mas havia uma oliveira! Acabada de nascer certamente, porque não estaria viva de outra forma. E estava verdi-

nha, já com ramos possíveis de serem colhidos! Isso sim, é milagre!

********** 3300-- A arca repousou sobre as montanhas de Ararat e desembarcaram seus ocupantes. Noé ergueu um altar e sacrifi-cou animais da arca, oferecendo holocausto ao deus. O Senhor aspirou o suave cheiro e disse: - “Não tornarei a amaldi-çoar a terra, nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz”. (8. 4; e 20 a 22).

Comentário: Outra dificuldade que Moisés, encantado com a lendazinha, nem notou e continuou inventando o

impossível: A água baixou e a arca ficou estacionada sobre o Ararat. Ora, o Monte Ararat é o ponto mais alto do maciço da Armênia, com 5.165 m de altura. Mais de 5 quilômetros! Como fez Noé para descer de lá, velho como era – seiscentos e um anos de idade – e transportar até o sopé da

montanha os apetrechos necessários para começar vida nova? E sua esposa, cuja idade era igual, como terá descido a montanha? Cheia de reumatismo, dor nas juntas, espi-

nhela caída... Quantas viagens aquele grupo de pessoas teve de fazer pra cima e pra baixo carregando móveis, ferramentas, a-

limentos e objetos de uso pessoal? O deus bem poderia ter feito a arca ancorar em lugar mais acessível; ou então, ti-vesse aparecido pra ajudar na mudança.

2- A arca estacionou sobre o Ararat. Saiu do ponto xis, boiou por tempo indeterminado sob severas condições

climáticas enfrentando ventanias que a atiravam feito uma casca de amendoim por regiões indeterminadas e foi pa-rar, mais de um ano depois, onde? Ancorou quase que no ponto de saída!

42

Se você olhar num mapa mundi de parede, verá que a distância entre saída e chegada é coisa de um centímetro! A barcaça encalhou praticamente no mesmo lugar de onde saiu, porque o que são algumas centenas de quilôme-tros dentro do planeta?

Poderia ter estacionado na Rússia, na Austrália, na Groelândia, no Japão, numa ilha do Pacífico, nas regiões árti-cas ou antárticas... Mas não! Ancorou no mesmo ponto de onde saiu, provando que o tal dilúvio “universal” não foi u-niversal coisa nenhuma. Se houve alguma chuvarada, ela se restringiu a uma região até bem pequena.

Ou então, este tal dilúvio não passou de uma fantasia de Moisés, que nem imaginava a extensão do mundo. Ele sabia da existência do Ararat, então pronto! Imaginou a barcaça ancorando lá em cima e acabou a história.

3- As jaulas não tiveram de ser trazidas para baixo; elas foram abertas e a bicharada saiu por si só, caminhou até

fora da embarcação e, daí pegou seu rumo. Mas as jaulas tiveram de ser abertas. Digamos que metade da família tenha se dedicado à tarefa de transportar mudança para a base da montanha e a

outra metade tenha ficado na arca abrindo as celas dos animais. Se cada engradado, gaiola, jaula, caixote, caixa e caixinha necessitassem de 1 minuto para ser aberta, só um mi-

nutinho de nada, o tempo gasto no total será 4.085.863 minutos os quais, divididos pelas 12 pessoas, somarão 340.488 minutos. Se os trabalhadores ralaram 10 horas por dia, o serviço todo estaria completo em 567 dias. Ou um ano e meio.

4- Outra: Como os elefantes desceram a montanha? Rolando?

5- Mais outra: Quem reconduziu os bichos aos seus países de origem?

6- Outra ainda: Como terá sido a paisagem avistada pela família ao sair da arca? Floresta nenhuma, árvore ne-

nhuma, erva nenhuma, verde nenhum... Nada! Só cadáver apodrecido resultante do dilúvio. Como sobreviveu aquele grupo de pessoas sem arroz, nem feijão, batata, macarrão, mandioca, café, pão, farinha, chocolate, tomate, chá... Fruta nenhuma, legume nenhum, verdura nenhuma. Só leite e ovo. Ficaram debilitados sem nutrientes vegetais.

E os animais herbívoros, o que comeram depois de tão demorada viagem? Nada, nadica de nada. Só encheram a pança os carnívoros, que devoraram os outros.

7- Os animais eram pra reproduzir e preencher o mundo, ou eram pro deus encher a pança?

8- Jeová gostou do cheiro do churrasco! Este ser que gostou de “perfume” da carne assada vinha a ser Deus Ver-

dadeiro ou era um espírito das trevas? Trata-se do Criador ou de um espírito maligno freqüentador de encruzilhada, matadouro e macumba?

9- Sentindo o cheiro da carne assada, ele resolveu: “Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem”. E pronto! O leitor está lembrado que o deus se penitenciou por haver criado os seres humanos. Pois agora, ele

chora por haver acabado com eles! Agora, se arrepende por haver se arrependido de haver criado o homem! Neste passo, onde vai parar a afirmação do próprio “autor sagrado”, que assim se pronunciou mais adiante:

Deus não é homem para que se arrependa. (Num: 23. 19).

É confiável um ser que não honra o que fala? Ele faz, se arrepende, toma resoluções de última hora. Será que Deus Mesmo, Deus Autêntico age feito criança, só vendo o estrago depois que fez?

E quem terá escutado o deus falando que nunca mais ia amaldiçoar a terra?

Quem ouviu a voz de Deus? Quem ouviu o que ele disse? (Jer: 23: 16 a 21).

10- Diz ele que não mais amaldiçoará a terra, nem os viventes. A este respeito, Jesus falou sobre o Final dos Tempos, o ranger de dentes, a grande tribulação:

Aqueles dias serão de tamanha tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo e jamais haverá... (Marcos 13. 19 e 24).

Veja leitor, a incoerência: o deus de Moisés garante que nunca mais haverá outro cataclismo, mas Jesus afirma que haverá outro muito maior.

Um dos dois está fantasiando. Um dos dois não sabe o que fala. Qual deles está mentindo: Jesus ou o Jeová? Eu acredito no que disse Jesus. E você?

11- E por fim, as águas baixaram à razão de um metro por mês. Pois se a arca estacionou no Ararat, com 5.165

43

metros de altura, então as águas demoraram 5.165 meses para baixar até o fim, chegar ao solo. Aquele povo e a bi-charada tiveram de amargar ainda mais 430 anos para descer a montanha e pisar em terra firme...

**********

3311-- “Tudo o que vive e se move ser-vos-á por alimento”. (9. 3).

Comentário: Gente também? 2- Detalhe: isso foi falado ao Noé pelo deus, de viva voz. Significa que Noé via e falava com o deus, apesar de

Jesus e o próprio Moisés garantirem que ninguém o viu:

Jamais tendes visto o Pai que me enviou; jamais tendes ouvido a sua voz nem visto a sua forma. (João: 5. 37).

Não me poderás ver a face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá. (Êxo: 33: 20 a 23)

Ninguém jamais viu a Deus. (João: 1. 18).

Quem esteve presente no conselho de Deus para vê-lo e ouvir sua palavra? (Jer. 23: 16 e 18).

**********

3322-- “Sangue não comereis porque eu o requererei”. (9. 4 e 5).

Comentário: Não se pode ingerir sangue, porque Jeová quer para ele! Assim, continua torturando e exigindo, 2.000 anos depois que Jesus provou que era falso aquele deus que bebia sangue:

Jesus respondeu aos judeus: Procurais matar-me porque falo a verdade. Eu falo as coisas que vi em meu Pai (Deus Único e Verdadeiro);

Disseram os judeus: Temos um pai que é Deus Replicou Jesus: “Não sois de Deus. Tendes por pai o diabo; vós sois do diabo, que é vosso pai”.

(João: 8. 25 a 59).

Será preciso mais? Jesus falou de modo muito claro que a “divindade” de Abraão, Isaac, Jacó e Moisés era o pró-prio diabo, nada tendo em comum com Deus Verdadeiro.

**********

3333-- O deus falou ao Noé: “Sede fecundos, multiplicai-vos; povoai a terra, enchei a terra. Eis que estabeleço a minha aliança convosco e com vossa descendência. Este é o sinal da minha aliança entre mim e vós e entre os seres viventes que estão convosco para perpétuas gerações. Porei nas nuvens o meu arco; será por aliança entre mim e a terra. O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna”. (9. 1, 7, 11)

Comentário: O deus manda que o povo se multiplique, estimula-o a encher a terra. Mas se ele já havia se arre-

pendido de haver feito o homem, como é que vai cair no mesmo erro, repovoando o mundo com a raça dos mesmos que não mereceram viver, antes de saber se esta nova humanidade seria melhor que a anterior? Aliás, ele não tinha poder algum de prever o futuro, pois era tão limitado!

Que diferença de Deus Verdadeiro que, Onisciente, tudo sabe, tudo vê, é dono de todos os conhecimentos.

2- Até aqui ficou claro que a humanidade inteira morreu no dilúvio e só foram salvos Noé e família, que vão repo-

voar a terra, enchê-la de gente outra vez. Portanto, todas as pessoas – absolutamente todas – nascidas a partir des-te fato, são descendentes de Noé.

3- Não esquecer que Deus fez aliança de paz com os sobreviventes do dilúvio, assim como com toda a descen-

dência deles. Os egípcios também são descendência de Noé – mas Jeová vai esquecer o detalhe e “mandar pragas” sobre eles para proteger os componentes do “seu” povo.

44

4- O sinal que o deus colocou para se lembrar da aliança entre ele e os humanos foi o arco-íris! Ignoravam ambos – Moisés e Jeová – que o arco-íris, com toda a sua beleza, com sua linha elegante e suas cores

lindíssimas, com todo aquele espetáculo maravilhoso, conquanto se mostre numa curvatura perfeita entre o céu e a terra, nada tem de místico.

O arco-íris é apenas a decomposição da luz do sol. É fato da natureza e existe desde que existe sol e água. Acontecia antes do dilúvio, porque desde a inauguração da terra, a luz era decomposta – não foi, absolutamente,

um sinal que passou a aparecer após o cataclismo, conforme afirmam alguns que, embora conhecendo a lei natural, preferem dar crédito ao “livro sagrado”, como se este trouxesse o segredo do arco-íris.

Havendo umidade no ar e sol em ângulo favorável – geralmente após uma chuva ou durante um chuvisqueiro pe-neiradinho, ou ainda no nevoeiro formado por uma cachoeira – aparece um arco-íris não necessariamente no “céu”, mas nas gotículas em suspensão, como no caso da cachoeira.

Aparece um arco-íris – e não o arco-íris, porque existem tantos arcos quanto puderem ser produzidos pela chuva, em lugares diferentes ao mesmo tempo. Às vezes observamos um segundo arco-íris acima do primeiro.

Conforme sabemos de sobra, é possível produzir nós mesmos um arco-íris esguichando água com a mangueira para o alto, em certo ângulo em relação ao sol. Podemos ver suas cores reproduzidas também em cristais, em plásti-cos, em brilhantes, em vidros e até mesmo em manchas de óleo no chão – mas Moisés se sentia maravilhado vendo o “arco no céu” e, desconhecendo o fenômeno, apropriou-se dele como se houvesse sido feito exclusivamente para o povo dele, os judeus.

5 – Antes de passar adiante, há ainda algumas observações que quero de fazer sobre o dilúvio. Na Revista Super Interessante (edição 178, julho de 2002), há um artigo de Vinícius Romanini, programação visual

de Rodrigo Maroja e ilustração de Wagner Zuri, que vem muito a propósito: Sob o título “A bíblia passada a limpo”, no capítulo destinado ao dilúvio, o autor afirma que intriga os pesquisado-

res o fato de haver uma história semelhante no texto épico babilônico de Gilgamesh, o qual sugere que uma enchente de grandes proporções teria ocorrido no Oriente Médio e na Ásia Menor.

Afirma o texto que a narrativa do dilúvio bíblico é uma apropriação do mito mesopotâmico. Segundo a hipótese de Walter Pittman e Willian Ryan, por volta de 5.600 a. C, ao final da última era glacial, o Mar

Mediterrâneo havia atingido seu nível mais alto e ameaçava invadir o interior da Ásia, região ocupada pela Turquia, mais precisamente a Anatólia. Num evento catastrófico, o Mediterrâneo irrompeu através do Estreito de Bósforo, dando origem ao Mar Negro atual. Um imenso vale de terras férteis contendo um lago no centro foi inundado em dois ou três dias. Os povos que ocupavam os vales inundados tiveram de fugir às pressas e o mais provável é que a maio-ria tenha morrido. A história contada pelos sobreviventes, porém, ecoaria por milênios.

Em 2.000, Robert Ballard, caçador de tesouros submersos – o mesmo que encontrou os restos do Titanic – en-controu, no fundo do Mar Negro, restos de construções primitivas. A análise da lama colhida nas camadas profundas do oceano provou que, há 7.600 anos, ali existia um lago de água doce. Desta maneira, “a hipótese de grande dilúvio do Mar Negro estava provada” – conclui o autor do artigo.

6- Uma outra hipótese, muito interessante: À página 180 do livro “A Gênese”, obra citada, está escrito:

“A lenda indiana sobre o dilúvio refere, segundo o livro dos Vedas, que Brama, transformado em peixe, dirigiu-se ao piedoso monarca Vaivaswata e lhe disse: ‘Chegou o momento da dissolução do mundo; em breve estará destruído tudo o que existe na Terra. Tens de construir um navio em que embarcarás depois de teres colocado a bordo sementes de todos os vegetais. O santo obedeceu. O navio foi por entre as trevas de uma tremenda tempestade, abordando afi-nal, ao cume do Monte Himawat no Himalaia.”

E continua o livro citado: “É flagrante a analogia desta lenda com a narrativa bíblica de Noé. Da Índia, a narrati-va passara ao Egito. Ora, sendo o livro dos Vedas anterior ao de Moisés, a narração que naquele se encontra sobre o dilúvio, não pode ser uma cópia da deste último.”.

a) Percebeu? A lenda do dilúvio é indiana. Significa que Moisés esteve na Índia buscando conhecimentos, antes de se estabelecer na terra de Midiã. Isso vai contrariar o que ele mesmo afirma em Êxodo: que passou 40 anos tran-qüilamente pastoreando ovelhas de Jetro, seu sogro. Esta contradição será motivo de estudos no próximo livro. b) A lenda diluviana consta no livro dos Vedas, que são anteriores aos escritos de Moisés! Isso quer dizer que es-te senhor simplesmente plagiou seu dilúvio – isto é: apresentou como sua, uma criação alheia! Ele copiou, fraudulen-tamente outra obra, fez contrafação, roubou a idéia. Veja os detalhes:

• Nos Vedas, Brama é a divindade máxima. • Em Moisés, a divindade maior é Jeová. • Na lenda hindu, Brama apareceu para Vaivaswata. • Na lenda mosaica, Jeová surgiu a Noé.

45

• Brama mandou o rei construir um navio onde ele entraria para não morrer. • Jeová mandou Noé construir uma arca, com a mesmíssima finalidade. • Nos Vedas, a destruição da Terra veio através de uma tremenda tempestade. • Na bíblia, a destruição da Terra veio através de uma tremenda tempestade. • Nos Vedas, o navio acabou no cume do Monte Himawat, alta montanha do Himalaia. • Em Moisés, a arca ancorou no Monte Ararat, o mais alto cume do Maciço da Armênia. • Brama instruiu o rei Vaivaswata para recolher todas as sementes vegetais. • Jeová instruiu Noé para recolher casais de todos os animais e esta é a única diferença.

É mais fácil transportar trilhões de sementes do que um milhão de animais. Sim, porque as sementes ocupam me-nos espaço; não comem, não bebem, não têm filhotes, não necessitam de um batalhão de pessoas para cuidar delas. Ficam lá quietinhas por dias, meses e anos sem se manifestar, sem se mexer, sem chamar a atenção, sem defecar, sem necessitar de limpeza periódica, sem morrer. Sabendo da dificuldade em manter vivo e saudável um animal, Brama não mandou embarcar bicho nenhum. Na lenda hindu, nenhum animal foi salvo. Com toda certeza, Bra-ma tinha confiança no próprio taco, confiando que sabia refazer a fauna outra vez.

Mas Moisés tinha de ser diferente! Ele tinha de ser superior! Sua lenda tinha de ser mais bonita e grandiosa. Ima-gine se Jeová ia perder tempo com umas sementezinhas, uma vez que não comia vegetal e sim, carne sanguino-lenta! Daí ter mandado recolher só animais.

Vixe, cara! É verdade! Nesta história do dilúvio, o deus não falou uma única vez em vegetais, nem em refloresta-mento. Nada de semente, nada de plantas! Nem se lembrou que, para recomeçar o mundo ia precisar de muita gra-ma para os bichos herbívoros e de muito cereal, verdura e fruta para os humanos.

E de áreas verdes! Puxa vida, eu não havia pensado nisso! Sem planta viva não há oxigênio, não há respiração, não vida na Terra! Como foi que Jeová não lembrou do por-

menor? Com toda certeza ele nunca tinha ouvido falar na fotossíntese, reação nas plantas verdes que, em presença do sol, produz o oxigênio. (Falei bonito, heim? É que copiei do dicionário) Nem Jeová, nem Moisés pensaram nisso. Ago-ra, o mundo vai recomeçar Com quais florestas? Com quais vegetais, se o Noé não guardou uma única semente?

Imagine só um mundo feito somente de terra e areia. Coloque sua imaginação pra funcionar e veja que desolação! Sem um verdinho, sem uma moita, sem uma sombra, sem uma aragem chocalhando as folhas. Só terra marrom,

só pedra cinzenta, só areia branca, só tronco seco que sobrou do dilúvio! Pelo que Moisés escreve, Jeová fez uma varredura completa nas áreas vivas do planeta sem refazer o verde em lugar nenhum. E agora, eles vêm culpando a gente pela devastação das florestas, pela desertificação de regiões imensas, pelo buraco na camada de ozônio.

Nós? Nota-se pela valorização das sementes por Brama, o hindu, que este era muito mais inteligente, prudente, sensato

e criterioso que Jeová, levando em conta que pensou no novo mundo a ser formado e se preocupou com a saúde do povo pós-dilúvio. Demonstrou conhecimento da necessidade dos componentes vegetais na saúde humana: vitami-nas, aminoácidos, proteínas, minerais, açúcares, clorofila, amido e não sei o quê mais... Enquanto que o deus he-breu, que desconhecia o valor nutritivo das plantas, nem perdeu tempo com estas coisinhas. Pensou em si mesmo, em guardar alimento pra empanturrar o próprio ventre e mais nada.

O deus ordenou que Noé recolhesse animais, exclusivamente “alimento” para ele próprio. A linha que ele, Jeová, segue é a mesma desde Caim e Abel: carne e sangue sim; vegetal, nem pensar! As plantações eram tão desprezí-veis à época de Adão, a ponto de propiciar o primeiro homicídio da Humanidade! E o deus não se emendou!

Mais uma falha: O deus vai comer boi, cabrito, ovelha. Só animal que come planta! E como é estes bichos sobre-viveram sem ter planta pra comer? E depois, culpam a gente pela extinção de animais...

Nós, de novo?

Pô, Moisés! Quanto disparate! Mentir, tudo bem, todo mundo conta uma mentirazinha vez ou outra, mas... Deste tamanho? Desta envergadura? Mentir para boa parte da humanidade por quatro mil anos você acha normal?

**********

3344-- Noé tinha os filhos Sem, Cão e Jafé “e deles se povoou a terra”. (9. 18 e 19).

Comentário: Notar que, até agora, os preferidos do deus continuam tendo filhos machos. Nada de filhas.

2- Outra vez aparece que, de Noé e seus filhos, se povoou toda a terra. Outra vez pedimos atenção para o deta-

lhe: se Noé povoou a terra, todos os nascidos no mundo daí em diante são descendência dele: egípcios, assírios, cananeus, filisteus... E nós também, com a qual o deus fez eterna aliança.

**********

46

3355-- Noé, o cultivador, começou a plantar a vinha. Bebeu vinho; ficou embriagado, tirou a roupa dentro da tenda. O filho Cão viu o pai nu e contou o fato aos irmãos, que o cobriram com uma capa. (9. 20 a 23)

Comentário: Até aí, tudo bem. Nota-se o sentimento filial daquele trio, que fez o que lhe competia: Sem querer, o filho de nome Cão viu o pai sem roupa e aquilo não era um fato comum. Sem saber o que fazer para evitar que o velho caísse no ridículo, Cão buscou sugestões com os irmãos, os quais

decidiram cobrir a nudez do pai com uma capa. Tudo certo, tudo nos conformes, mas...

**********

3366-- Quando passou a bebedeira, Noé soube que Cão o viu pelado e disse: “Maldito seja Canaã (filho de Cão); que ele seja servo dos seus irmãos. Bendito seja Sem; engrandecido seja Jafé; que Canaã lhes seja escravo”. (9. 24 a 27)

Comentário: Quando passou a bebedeira, o Noé ficou envergonhado por ter sido visto pelado e amaldiçoou... A quem? Terá amaldiçoado aquele que o viu sem roupa? Nada disso! Amaldiçoou Canaã, o neto, que nada teve a ver com o fato e que nem estava por perto quando a

confusão aconteceu. Incrível!

As obras da carne são: prostituição, impureza, bebedices e glutonarias. Não herdarão o reino de Deus aqueles que fazem estas coisas. (Gal: 5. 19 a 21).

2- Repetindo: Quem ficou bêbado e doidão foi Noé. Quem ficou nu foi Noé. Quem o viu sem roupa foi um filho. Quem o cobriu com a capa foram os outros filhos. E quem recebeu a maldição foi o neto! É possível? Se alguém tinha de ser amaldiçoado, seria o próprio Noé que, bêbado, ficou peladão. Os filhos fizeram sua obrigação: discutiram o fato, decidiram o que fazer e tamparam o pai. E o amaldiçoado foi Canaã, o neto! Onde a coerência?

O Senhor é justo e ama a justiça. O seu rosto está voltado para os retos. (Sal. 11: 7).

3- O que Noé queria? Que não o vissem? Ou, que tendo visto se calassem sem tomar providências? Ou, que o

deixassem nu e andando pelo acampamento para que fosse visto por noras, netas e netos?

4- É difícil crer no que vou dizer, antecipando-me ao que virá nos próximos volumes: Os filhos de Noé, cada um seguiu seu rumo em busca de terras onde se fixar, mas o que conseguiu o melhor solo

foi Cão, que o deixou de herança ao filho Canaã. Não esquecer este fato: as terras de Canaã eram das mais ricas naquele pequeno mundo do Antigo Testamento. Passaram-se os anos, muitos anos, séculos, milênios, e as terras de Canaã foram motivos de cobiça... Sabe de

quem? De Moisés! Justo Moisés, o escritor “sagrado”, as queria para si. Sim, ele faria qualquer coisa para ser pro-prietário do amplo território de Canaã.

Voltando à narração: Parece conversa de doido, mas, para justificar a invasão às terras do Canaã, dois milênios depois, o escritor do Velho Testamento arranjou, desde agora, uma desculpa: maldição por motivo tão vazio como es-te: o pai ter visto o avô sem roupa.

Não sei se você entendeu, mas acabará entendendo porque o Moisés de olho nas terras de Canaã voltará à baila muitas vezes.

5- Os analistas da bíblia – aqueles que têm obrigação de arranjar desculpas para o que está escrito – disseram no

rodapé da “Bíblia Sagrada” das Ed. Paulinas: “Ignorando a força do vinho e não acostumado a bebê-lo, Noé foi superado pela embriaguez; sem culpa, porém”. E, mais adiante, quando se trata da embriaguez de Ló – cujos descendentes serão amaldiçoados para que suas

47

terras também pertençam a Moisés e seus fugitivos – os exegetas caem-lhe em cima de pau: “Ló não pode ser inocentado da embriaguez, que leva à perda da razão”.

Dois pesos, duas medidas sempre que se trata de inocentar os ancestrais diretos de Moisés. Deixem-me aproveitar o gancho e colocar o que disse J. J. Benitez no seu livro “Os astronautas de Yaveh” (Ed.

Mercuryo, pág104): É curioso como os doutores em Teologia e os grandes exegetas encontram explicações para tudo. Não importa que

não sejam racionais. Não importa que pareçam muito mais incríveis do que o que realmente quis dizer o autor sagra-do. Em muitas ocasiões é apenas incapacidade de reconhecer que realmente não se sabe o que aconteceu naqueles tempos do Antigo Testamento. Jamais ouvi ou li alguns destes teólogos confessarem humildemente que não têm a me-nor ideia do que está escrito.

Afirmações como as de Bauer: “Deus se revela nos fenômenos meteorológicos” podem satisfazer aos meteorolo-gistas, mas não posso evitar um sorriso de incredulidade.

De acordo com essa premissa, Deus também se revela nas areias do deserto, nos bombardeios das guerras e na coca-cola.

6- A Bíblia de Jerusalém diz: “Noé, o cultivador, começou a plantar a vinha”. (9: 20). Não está escrito que Noé plantou uma vinha. Diz que plantou a vinha. Muito bem! Particularizando desta maneira a plantação, acabou dando a impressão de continuidade. Ora, é im-

possível crer que, na calamidade diluviana houvesse uma plantação não interrompida. O que o texto bíblico mostra não é que tenha havido continuidade - mas que a atividade era familiar a Noé.

Considerando este detalhe, é impossível afirmar, como o fizeram os exegetas: “Ignorando a força do vinho e não acostumado a bebê-lo, Noé foi superado pela embriaguez, sem culpa, porém”.

Ele tinha culpa sim, pois está documentado que ele era cultivador de uvas e, na prática, sua atividade ficou inter-rompida apenas no período que durou o cataclismo; a seguir, houve uma quase continuidade de plantação de vinha.

Sem esquecer que, à época do dilúvio, Noé contava com seiscentos anos de idade (7: 6 e 11), conclui-se que, há pe-lo menos quinhentos e oitenta anos ele conhecia vinho, fabricava vinho, bebia vinho e se embebedava.

Não há como inocentar alguém com tamanha experiência no ramo. Noé bebeu porque quis, embriagou-se porque gostava de beber, fez escândalo porque estava acostumado a promover escândalos.

Nada em seu favor.

**********

3377-- Descendência de Noé: Jafé, Sem e Cão. Filhos de Jafé: Gômer, Magogue, Javã, Tubal, Meseuque e Tiras. Filhos de Sem: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã. Filhos de Cão: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. (10. 1, 2, 6, 20)

Comentário: Viu só? É como já o disse: nenhuma menina! Em verdade, as meninas nasciam sim, com a mesma freqüência com que nascem os meninos. No entanto, Moi-

sés não faz referência a elas porque, na concepção dele, era vergonhoso produzir meninas. Desta maneira, os netos de Noé se casaram com... Quais mulheres? Boa pergunta. Vou perguntar de novo, com outras palavras: Se Noé só teve filhos machos; Se seus filhos só tiveram filhos machos; E se esta família foi a única que sobrou do dilúvio, Com quais mulheres se casaram os netos de Noé? Se acreditarmos nos fatos bíblicos, ficaremos na dúvida: ou o mundo não teve continuidade depois de Noé, ou en-

tão se casavam homens com homens! Nesta última hipótese, a maior dificuldade era a produção de filhos.

2- Em meio a tantos meninos, havia igual tantada de meninas. Mas, conforme já o frisei, o pré-conceito contra as

mulheres era tão forte em Moisés, que as ignorava completamente. Já foi falado aqui que, ao que tudo indica, ele re-lacionava-se com homens e sentia asco pela condição feminina. Não, não é exagero meu. Você mesmo vai perceber, em todas as passagens, o desprezo pelo sexo feminino e o apego aos homens, sobretudo se forem fortes e belos. Para não dar na cara, Moisés justificava sua preferência garantindo que era o deus quem escolhia os favoritos.

48

Não pode haver judeu nem grego, nem escravo nem liberto, nem homem nem mulher porque todos são um perante Cristo. (Gal: 3. 28)

3- Supondo que, como é natural, Noé tivesse tido também filhas, analisemos a situação: Se os rapazes se acasalaram com as irmãs, cometeram incesto. E aí? Sem cruzamento com o mesmo sangue se-

ria impossível a reprodução daqueles seres, pois o mundo estava sem outros habitantes. Supondo que a família não tivesse filhas, então as únicas mulheres eram esposa e noras de Noé. Assim, acasala-

ram mãe com filho, sogro com nora, tia com sobrinho numa promiscuidade asquerosa, incesto a não mais poder!

4- Aqueles moços poderiam optar por sair pelo mundo à procura de mulheres com quem se casar. Se Caim en-

controu esposa quando o mundo estava bem menos povoado, por que eles não haveriam de encontrar?

5- Ainda sobre esposas: Se os netos de Noé encontraram fora da família, mulheres com quem se casar, a bíblia é mentirosa. Se não encontraram mulheres fora da família, somos todos filhos de incesto. Se a bíblia não mentiu, nem somos filhos de incesto, então nós não existimos!

**********

3388-- Mas eles se casaram e tiveram filhos (!). A descendência de Jafé repartiu entre si as ilhas. A descendência de Sem habitou de Messa para Sefar, montanha do Oriente. Da descendência de Cão nasceu Ninrode, que foi valente caçador e muito poderoso na terra de Sinear, de onde saiu para edificar Nínive, Reobote-Ir, Calá e a cidade de Resém. Desta des-

cendência saíram também os filisteus, os jebuseus, os amorreus, os girgaseus, os heveus, os harqueus, os sineus, os arvadeus, os zemareus e hamateus - todos da família dos cananeus, cujos limites iam desde Sidon, indo para Gerar, até Gaza, indo para Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboin, até Lasa. (10. 1 a 32).

Comentário: Não esquecer estes nomes: Cananeus: jebuseus, amorreus e filisteus. Eles todos são prole de Noé,

mas nascidos de Canaã, o amaldiçoado. Veremos que Moisés não terá piedade por estes povos. A “justificativa”, por estranho que pareça foi Cão, o pai de Canaã, ter sido visto Noé nu!

Capítulo 5

ABRAÃO (1)

3399-- O povo fez tijolos para erguer uma torre muito alta e se tornar famoso. Então desceu o senhor para ver a torre e disse: Eis que o povo é um e todos falam a mesma língua. Agora não haverá restrição para o que queiram fazer. Vinde, desçamos e confundamos sua linguagem para que um não entenda o outro. (11. 1 a 7).

Comentário: Jeová precisou descer para ver de perto! De onde estava não enxergava, porque naquela época a-

inda não haviam inventado os óculos e o deus de Moisés era míope, com certeza. Ele é diferente do nosso Deus Verdadeiro e Único, que não precisa se aproximar para saber o que acontece em

cada planeta nem nos mais distantes sóis e galáxias, porque Ele é Onipresente – isto é, está sempre presente em tudo, em todos os lugares, em todas as pessoas.

O Senhor vê todos os homens. De onde está observa todos os moradores da terra. (Sal. 33: 13 – 14)

49

2- E lá vem Jeová tomando resolução de última hora, de novo! Agora, vem querendo confundir linguagem para dividir os humanos, formando grupos inimigos.

Por triste que seja admitir, está na bíblia que o próprio deus dividiu os homens, fez nascer inimizade entre eles!

Rogo-vos que não haja divisões entre vós. (Cor: 1. 10).

Peço-vos que noteis bem aqueles que provocam divisões. Afastai-vos deles. (Rom: 16: 17)

3- Falando nisso, por que o deus não confundiu também a linguagem dos bichos? Os cães latem em auauês em qualquer lugar do mundo; os gatos miam em miamês, os burros zurram no mesmo idioma e se entendem em qual-quer lugar. Por que os homens não?

4- Por qual motivo confundir a linguagem? Não seria melhor se falássemos a mesma língua e formássemos uma

só nação onde imperasse o entendimento e a paz? Hoje há um esforço na implantação do Esperanto para que se fale um só idioma objetivando o entrosamento entre

os povos; naquela época, porém, quando o povo era uno, Jeová atrapalhou tudo, dividiu os homens. Quem ganhou com isso? O que o povo ganhou? O que o mundo ganhou?

5- Desta maneira “criativa” o Moisés – que não sabia como nem o porquê a humanidade passou a falar línguas di-

ferentes – “justificou” o fato com a Torre de Babel e pronto! O que tem de comum uma construção muito alta e o lin-guajar das pessoas? Nada a ver, mas todo mundo acreditou e a lenda é tida como verdade ainda hoje.

Deixando a mentira, cada um fale a verdade, porque somos membros uns dos outros. (Ef: 4. 25)

6- “Não há restrição para o que os homens queiram fazer”. Que bom seria se não houvesse restrição para o entendimento entre os povos, não é mesmo? Que bom se não houvesse a barreira da linguagem! Que bom se todos falassem uma só língua! Que bom se o progresso e a paz não tivessem sido obstruídos pelo deus, que bifurcou os povos! Como acabar com as guerras, se o próprio “deus” se ufana de haver colocado inimizade entre as nações?

7- “Vinde, desçamos e confundamos sua linguagem”. Outra vez o deus fala no plural. Aqui, porém, há um fato novo: ele chamou alguém para acompanhá-lo: “Vinde...” A quem chamou? A outro deus?

8- Moisés tocou na pluralidade de idiomas, mas não “explicou” os motivos de haver negros e brancos, gente com

olhos puxados, gente com cabelo loiro e liso, gente com cabelo preto e ondulado, gente com cabelo pixaim, se todos “são nascidos de Noé”, o qual, de acordo com o “livro que não mente”, foi o tiro de partida para a formação de todas as raças.

Ainda bem que ele não tentou “explicar”! Melhor o silêncio que um aclaramento hilariante como a Torre de Babel.

********** 4400-- Aparecem as gerações de Sem, com filhos e filhas. Desta linhagem nasceram Abrão e Ló. (11. 10 a 28).

Comentário: Opa! Jeová mandou filhas aos descendentes dos seus protegidos! Ele errou! OBS.: os descendentes de Sem são semitas, que NÃO foram amaldiçoados.

********** 4411-- O pai de Abrão era Taré e a família morava em Ur.

A mulher de Abrão chamava-se Sarai. A mulher de Naor chamava-se Milca; esta era filha de Harã, que era o pai de Milca e de Jesca. Taré tomou o filho Abrão, o neto Ló, a nora Sarai, mulher de Abrão e saiu com eles para as terras de Harã, onde

morreu o velho. Abrão, Sarai e Ló deixaram esta região e chegaram à terra do Canaã, onde se estabeleceram. (11: 27 a 31).

50

Comentário: Aqui, Moisés detalha a origem de Milca, cuja importância histórica é nula, é o mesmo que nada; e

não fala nos pais de Sarai, cujo valor está em ter sido a “mãe” dos judeus. Moisés não fala sobre a ascendência de Sarai. Diz apenas que ela era esposa de Abrão e nora de Terá.

Adiante, fica claro que Sarai era filha de Terá; aqui, porém, diz que ela era nora dele. E já sabemos que Terá era o pai de Abrão. O casal Abrão e Sarai eram, portanto, irmãos de sangue, filhos do mesmo pai!

********** 4422-- Sarai, mulher de Abrão, era estéril (11. 29 e 30). Depois, Jeová mandou Abrão sair daquela terra e ir para a terra que lhe mostraria. Prometeu abençoá-lo e engrandecer seu nome. E falou: Abençoarei os que te abençoarem e amaldi-çoarei os que te amaldiçoarem. Em ti serão benditas todas as famílias da terra. (12. 1 a 3)

Comentário: Olha só! A esposa do protegido era estéril! O deus errou de novo!

2- Dentre tantos, Jeová escolheu Abrão para proteger. Por que esta atitude discriminatória? Por que abandona os

outros? O que fez o Abrão de extraordinário para ser escolhido? Ou o deus escolhe assim, à vontade, qualquer um?

3- Imagine se Deus Mesmo, Deus Autêntico protege, despreza ou amaldiçoa alguém!

Deus não faz diferença entre pessoas. (Atos: 10. 34).

Acontece que o motivo secreto de Moisés é que ele próprio era descendente de Abraão – e não de algum outro. A “história sagrada”, portanto, é apenas uma história de família: da família de Moisés. Ele escreveu sua biografia

contando louvores, a si mesmo, tecendo elogios à parentalha e ainda hoje, o povão fica rezando sobre o Antigo Tes-tamento, como se fosse a Palavra de Deus Verdadeiro se manifestando. É nada! É Moisés enaltecendo a si mesmo.

Se o autor “sagrado” fosse descendente do Sebastião, o Sebastião seria o escolhido do deus. Se Moisés tivesse sido descendente do Canaã, o Canaã não seria amaldiçoado por nada no mundo, por mais que tivesse visto pai, avô, bisavô, tetravô e reganhavô sem roupa.

4- Vendo um deus que amaldiçoa seres humanos, percebemos o quanto estava certo Jesus quando se dirigiu aos

hebreus, ao se referir ao deus de Moisés: “Não sois de Deus! O diabo é vosso pai” (João, 8. 44 a 47).

********** 4433-- Abrão, sua mulher Sarai, o sobrinho Ló e família saíram de viagem. Atravessaram a terra até Siquém, onde habita-vam os cananeus. Apareceu o Senhor a Abrão e lhe disse: “Darei à tua descendência esta terra” (12. 4 a 7).

Comentário: Eis o deus falando face a face com o protegido, quando já sabemos da impossibilidade de falar dire-

tamente com Deus Verdadeiro... A não ser que aquele deus que vira e mexe aparecia, não fosse deus nenhum. Vou fazer a pergunta outra vez: Quando foi que Moisés mentiu: quando afirmou que Abrão falou face a face com Deus, ou quando garantiu a im-

possibilidade de ver Deus diretamente? E vou colocar de novo a palavra de Moisés quando, no Êxodo, garantiu, com todas as letras, a impossibilidade de

ver e de conversar com Deus Verdadeiro:

Não me poderás ver a face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá. (Êxo: 33: 20 a 23)

E vou afirmar que é mentira que alguém tenha falado com Deus Autêntico, enquanto tiver dedos pra escrever.

2- Observar que foram viver em Canaã, terra daquele sujeito, cujo pai o viu o Noé sem roupa. Na terra de Canaã moravam os cananeus, seus donos pela lei de uti possidetis: direito de posse do primeiro

ocupante e usucapião: direito por tempo de ocupação – mas o deus prometeu aquela mesma terra, a Abrão.

3- E Jeová, que bonzinho! Deu de presente a Abrão, as terras que pertenciam a Canaã! Entenda bem esta passagem, porque voltaremos a ela: O deus presenteou Abrão com terras que já tinham dono! Ele não tinha mais terras para dar; não sabia construir

51

outras terras e nem sabia que o maior continente do mundo – a América – estava sem dono e desabitado. Mesmo que soubesse, não tinha meios para transportar seus afilhados para tão longe, despoderado como era.

Ora, quem chegou primeiro ao local, desbravou a terra, fez melhoramentos tornando-o habitável e ali residiu paci-ficamente por vários séculos e, por direito de antigüidade tornou-se dono, era descendente de Noé, aquele grande amigo do deus, que até que andava com o deus (6: 9).

Pouco importa se estamos falando dos descendentes de Canaã. Ele era um ser humano com todos os direitos e deveres dos demais, havendo conquistado a proteção de Jeová por ter suportado os sofrimentos dentro da arca du-rante o dilúvio; por ter ajudado a construir a embarcação e as jaulas, por haver ajudado a recolher, cuidar, alimentar e manter a ordem entre os bichos naquele espaço de tempo que durou o aguaceiro.

Se depois o Noé o amaldiçoou por causa que seu pai o viu nu, Jeová não tinha nada com isso e não tinha de se meter em briga de família. Aliás, precisava ter passado uma descompostura era no Noé, mais ou menos assim:

“Perais aí, ó Noé! Quem sois vós pra amaldiçoar os meus filhos? Bebeis, ficais bêbado, arrancais a roupa e saís pelado amaldiçoando quem vos aparece pela frente? Pois eu neutralizo a vossa maldição e olheis lá! Não me caiais noutra, heim? Rhã! Vós tendes de aprender a não a usar a língua como arma contra vossa família!”

(Desculpe leitor, se a segunda pessoa do plural não estiver correta.). Mas não! O Noé falou, Jeová baixou a cabeça, calou a boca, aceitou, assinou embaixo e obedeceu...

4- O deus apareceu também ao Abrão. No entanto, segundo Jesus, ninguém viu Deus. Até aqui, porém, ele apareceu ao Adão, à Eva e aos seus filhos; apareceu ao Noé, e agora, ao Abrão. E vai se

tornar visível e conversar olho no olho com os humanos muitas outras vezes – com uma ressalva: vai aparecer so-mente aos ascendentes de Moisés. O resto, não!

Palavras de Jesus: Jamais tendes ouvido a voz nem visto a forma do Pai que me enviou. (João: 5. 37).

Decerto eram pais diferentes, uma vez que o próprio Jesus falou com todas as letras:

Eu sim, vim de Deus. Vós tendes por pai o diabo, portanto, vós sois do diabo, que é vosso pai. (João: 8. 25 a 59 ).

********** 4444-- “Abrão ergueu um altar ao deus que lhe apareceu” (12. 7).

Comentário: Muito bem: Se o altar foi a aquele deus – e não a outro –, então está provado: há mais de um deus! E cadê o Moisés, que segundo os “conhecedores”, veio trazer ao mundo a crença num deus único?

********** 4455-- Para não passar fome em Neguebe, Abrão seguiu para o Egito dizendo a sua mulher: És formosa; os egípcios, quando te virem, dirão: “É mulher dele; e me matarão. Dize, pois, que és minha irmã, para que me conservem a vida”. (12. 9 a 13).

Comentário: Abrão foi matar a fome no Egito onde, mais tarde Moisés, seu descendente, se gaba de haver prati-

cado tantos males.

2 – Disse que a esposa era sua irmã e a entregou para ser possuída por outro e assim, manter-se vivo. E este covarde foi o escolhido do deus!

3 – Se o deus dele fosse poderoso, Abrão não precisaria de estratagema tão sujo, pois não seria morto de jeito

nenhum, ponderando que o deus o protegeria. Mas as intenções de Abrão eram outras, como veremos a seguir.

4- E os teólogos conseguem encontrar meios para legitimar a atitude do casalzinho protegido:

“Abrão não recorreu à mentira, mas sim à dissimulação de uma parte da verdade. A intervenção divina em seu favor mostra que o santo patriarca agiu em boa consciência”.

52

Hmmm! Que explicação! Olhe só: O homem não mentiu, ele só dissimulou parte da verdade. E encobrir a verdade não é ser falso? Falsear não é faltar com a verdade? Faltar com a verdade não é mentir?

A mentira jamais procede da verdade (1-João: 2. 21).

O mentiroso não permanecerá ante meus olhos (Sl. 101: 7). O Senhor destruirá o mentiroso, o sanguinário e o fraudulento (Sal: 5.6).

Nunca usamos linguagem de bajulação, nem intuitos enganadores. (Tes: 2. 2). O diabo, vosso pai, jamais falou a verdade, porque nele não há verdade (João: 8.44).

O fruto da luz consiste em bondade, justiça e verdade. (Ef: 5. 9).

********** 4466-- Os egípcios falaram de Sarai ao faraó, que a mandou buscar. E, por causa dela, ele tratou bem a Abrão, “o qual veio a ter ovelhas, bois, jumentos, camelos e escravos.” (12. 14 a 16)

Comentário: Estas eram as intenções secretas de Abrão ao entregar sua esposa ao faraó: ficar rico! Está na bí-

blia para comprovação: a armação deu certo porque, enquanto o faraó dormia com a mulher, o marido enriqueceu vindo a ter ovelhas, bois, jumentos, camelos, escravos. Não só ele, mas Ló, seu sobrinho, também ficou rico, pois es-tavam juntos.

Palavras de Jeová, o deus de Abrão: (!) Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19: 11).

Palavras de Paulo a Timóteo: Nada trouxemos para o mundo e nada levaremos dele.

Tendo o sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. (Tim: 6. 7 e 8)

********** 4477-- “O Senhor puniu o faraó e sua casa com grandes pragas por causa de Sarai, mulher de Abrão.” (12. 17).

Comentário: Incrível! Abrão mentiu a ofereceu a esposa ao faraó. Mas Jeová castigou o faraó por ter caído na

mentira! Acho que isto não está na bíblia e sou eu que estou com a vista curta, lendo absurdos! Mas está lá, para quem quiser conferir. Veja você leitor, se é possível uma coisa destas:

a) Para não ser morto, Abrão mentiu dizendo que Sarai era simplesmente sua irmã e a entregou à gula sexual do faraó, que a possuiu com inteiro consentimento do marido alcoviteiro. b) Enquanto Sarai se divertia com o rei, Abrão recebia o que lhe tocava na negociação. Sim, porque houve co-mércio: “Eu entrego ‘minha irmã’ em troca de riquezas”. c) Aí, Jeová se volta contra quem? Contra o Abrão, o espertalhão que enganou, mentiu descaradamente e foi falso a não mais poder? Nada disso! Voltou-se contra o faraó!

Este deus tem memória curta porque, mais adiante, esquece a malandragem do Abrão e determina como man-

damento: “Não mentireis, nem usareis de falsidade” (Lev. 19: 11).

2- Não esquecer que os egípcios – o faraó também – saíram das mãos deste mesmo “criador” – mas agora, Jeová protege Abrão e castiga o faraó! Grande criador!

A ninguém tratamos com injustiça, a ninguém exploramos. (2- Cor: 7. 2).

3- O mentiroso do Abrão - alcoviteiro, chifrudo, idealizador do plano que levou ao relacionamento íntimo o rei e Sa-

rai –, aceitou o suborno e não recebeu punição! Só foi castigado o tonto do faraó; justo ele, o único inocente na histó-ria, enganado por alguns bandoleiros especializados neste tipo de crime.

4- Quando eu disse que o grupo era especializado em enganar, não estava exagerando:

53

A mesma dupla de trapaceiros vai repetir esta mesma história noutro país. E outra vez Jeová vai justificar a prosti-tuta e o chifrudo, dois ladrões escolhidos como modelos de justiça!

“Eu te escolhi para que tu e teus filhos guardeis o caminho reto e pratiquem a justiça e o direito”. (18: 19)

5- Diz a bíblia que, na ocasião, o deus mandou grandes pragas sobre o monarca do Egito! Mas quais foram estas pragas? Não sei, ninguém sabe! Moisés não especifica, porque não houve praga nenhuma. Isso é fantasia do narrador

“sagrado”

********** 4488-- Vendo-se enganado, o rei chamou Abrão e disse: O que me fizeste? Por que não disseste que ela era tua esposa? Eu a tomei para minha mulher. Agora, toma a tua mulher e vai-te. (12. 18 e 19).

Comentário: Lê-se o espanto do faraó ao saber a verdade. Nota-se por estas palavras, que ele era inteiramente

inocente. Se fosse errado o faraó dormir com Sarai, por que o deus não falou antes? Por que esperar o erro ser co-metido e só depois reprová-lo? Erro é sempre erro, antes ou depois de praticado.

E, se o faraó errou, o culpado foi Abrão, que o enganou. Por que o deus não deu uma bronca no Abrão? Se al-guém merecia corretivo era o casal de delinqüentes – jamais o faraó.

2- E olhe que o casal “sagrado” foi escolhido para ensinar aos descendentes a virtude da justiça! “Eu te escolhi para que tu e teus filhos guardeis o caminho reto e pratiquem a justiça e o direito”. (18: 19) E cadê a justiça? Cadê o direito? Cadê a honestidade dos “afilhados do deus”? A um crime deste tamanho o deus protege! A um roubo descarado destes, Jeová aprova! Ou será que meu senso

de justiça é que sofreu algum dano e estou vendo por uma ótica deturpada?

3- A Sarai chegou a ser mulher do faraó! Chegou a pertencer a ele não se sabe por quanto tempo, mas Jeová só

“castigou” o rei depois que este havia presenteado o covardão do marido dela com grandes tesouros. Se a moda pega!

Louco! Esta noite pedirão a tua alma; as riquezas que acumulastes para quem serão? (Luc: 12. 20 e 21).

4- Os exegetas das Edições Paulinas conseguiram reabilitar Sarai colocando na boca de faraó, uma palavra que

não consta na bíblia: “Toma a tua esposa inviolada”. Inviolada! – e explicam que as novas esposas do rei não eram admitidas senão após longa preparação; e justifi-

cam sua posição exemplificando com Ester 2: 12 e 13. Acontece que os versículos citados em Ester referem-se à Pérsia, com moças virgens que viriam a ser rainhas

daquele país – e não às velhas hebréias prostitutas terras do Egito. Acontece também que, em Ester, os versículos citados referiam-se a passagem da vingança do Rei Assuero con-

tra a Rainha Vasti, caso que nada tinha em comum com o caso Abrão e Sarai contra o Faraó. Acontece ainda que, em Ester, a virgem a ser admitida na presença do rei viria a ser sua esposa, união com obje-

tivos sólidos em caráter permanente – e não uma concubina qualquer, numa união em caráter passageiro como no caso Sarai. Certamente, a preparação de uma jovem virgem que viria a ser esposa rainha devia sim, ser prolongada porque nesta união poderia estar o futuro de toda a Pérsia. Mas uma cortesã não necessitava – como não necessita ainda hoje – de longo preparo, desde que o objetivo da união é a satisfação sexual de modo imediato e transitório.

5- Para quem estava fugindo da fome, Abrão saiu do Egito bem estocado. Além de covarde, malandro, mentiroso

e alcoviteiro ele era ladrão, pois chegou pobre e saiu podre de rico sem ter trabalhado. O correto era ter devolvido os presentes e saído como entrou: de mãos vazias, mas honrado.

Não furtarás. (Êxodo: 20. 15). A este exemplo de “retidão moral”, o deus protegeu! E este “poço de virtudes” nos foi oferecido pelo deus - e pela

bíblia - como modelo para que adoremos e lhe sigamos as pegadas!

O reino de Deus não é comida, nem bebida. É justiça, paz e alegria no Espírito Santo. (Rom: 14: 17)

54

6- Ter sido visto nu fez recair maldição perpétua a Canaã, um inocente – mas ter tirado a roupa, ter sido vista des-

pida por um estranho, ter sido possuída por ele valeu a Sarai, o glorioso título de mãe perpétua da sua raça. Ter visto o pai sem roupa valeu a Cão a maldição sobre o filho Canaã – mas trapacear com o faraó valeu a Abrão

as bênçãos do deus e a aprovação de todos quantos lêem esta história ainda hoje. Mas será que Deus Verdadeiro, Deus Mesmo – não o de mentira – terá aceitado aquela sujeira? Abrão terá sido

justificado pelo Máximo Juiz?

**********

4499-- O faraó mandou seus homens conduzirem à fronteira a família de Abrão, sua mulher e seus bens. (12: 20) Saiu Abrão do Egito com Sarai e Ló. Abrão estava “muito rico; possuía gado, prata, ouro, escravos e escravas”. (12: 14 a 16 e 13: 1 e 2)

Comentário: Abrão foi expulso do Egito! Isso é uma vergonha! Melhor dizendo: É uma falta de vergonha! Moisés bem que tentou dar um ar natural ao fato, ao dizer bem de levinho: “O faraó ordenou que seus homens os

conduzissem à fronteira.”. Em outras palavras, a família foi encaminhada para fora da propriedade, para que não houvesse o perigo de fingir

que ia e não ir; os homens do rei queriam ter a certeza que eles foram embora mesmo.

2- E saiu muito rico, levando ouro, prata, animais e escravos egípcios, em troca da mentira que contou – e o

deus achou bom, aprovou e bateu palmas.

É melhor que sofrais praticando o bem, em lugar de serdes prósperos praticando o mal. (Pd: 3. 17)

Vossas mãos estão cheias de sangue, vossos dedos cheios de perversidade, vossos lábios falam menti-ras, vossa língua profere maldade. Ninguém clama por justiça, ninguém deseja a verdade. Confiam em

nulidades, falam mentiras, produzem o mal e dão à luz a injustiça. (Is. 59: 3 e 4)

Quando multiplicais as vossas orações não as ouço porque as vossas mãos estão cheias de sangue. (Is. 1: 15)

Mais tarde, quando os papéis se inverterem, quando alguns descendentes de Abrão se tornarem escravos dos egípcios, Jeová vai ficar todo revoltadinho, acabando por cobrir o Egito de sangue conforme veremos em Êxodo.

**********

5500-- Ló saiu do Egito com Abrão, também possuindo seus próprios rebanhos, gado e tendas. (13. 5).

Comentário: Significa que o faraó também presenteou Ló, com abundância. Assim, Ló também foi mentiroso; foi

cúmplice de um roubo e também ladrão. Enriqueceu à sombra da perfídia acoitando criminosos e recebendo sua parte daquele dinheiro sujo. Não era nenhum santinho para ser protegido no lance da destruição de Sodoma e Go-morra, que vamos analisar logo ali na frente.

Não possuais ouro nem prata, nem cobre nem bagagem, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão porque digno é o operário de seu alimento. (Mat: 10. 9 e 10).

********** 5511-- As terras para onde foram Abrão e Ló não podia sustentá-los porque eram muitos os seus bens, de sorte que não podiam habitar um na companhia do outro. Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. Nesse tempo, os cananeus e ferezeus habitavam essa terra. (13. 6 e 7)

Comentário: Chegaram ao Egito fugindo da fome; chegaram lá de mãos abanando e saíram ricos! Tão ricos que

a terra não tinha como sustentar tantos animais e escravos. A ponto de seus pastores brigarem entre si! Estes pastores eram escravos egípcios recebidos na venda de Sarai.

55

Ricos, lamentai as desventuras que vos sobrevirão. Vossas riquezas estão corruptas. Vosso ouro será testemunho contra vós mesmos. (Tg: 5. 1 a 3).

2- Os cananeus – herdeiros de Canaã, o maldito – já residiam na terra. Este assunto está sendo repisado porque,

como se verá em Êxodo, Moisés quer para si esta terra que já tem dono desde agora, muitos séculos antes.

********** 5522-- Para não brigar entre si por causa dos pastores, Abrão e Ló se separaram cada qual para uma banda. Ló esco-lheu para si a campina do Jordão e armou suas tendas até Sodoma. Abrão habitou na terra de Canaã. (13. 11 e 12)

5533-- E Jeová apareceu ao Abrão, dizendo: “Toda esta terra darei a ti e à tua descendência para sempre” (13. 14 e 15).

Comentário: Deu de novo! Deu outra vez as mesmas terras a Abrão e descendência. Como se observa, ao rela-

tar por escrito a “história sagrada”, Moisés não permite que o leitor esqueça que o deus entregou de presente aquelas terras aos seus favoritos que, “por pura coincidência”, são os antepassados de Moisés.

2- O deus ofertou a Abrão e descendentes a terra que tinha dono. Mais tarde, no entanto, constataremos que os

tais descendentes – que não são outros senão o próprio Moisés e seus fugitivos – tiveram de guerrear, derramar muito sangue para conquistar a mesma terra que o deus, teretetê, vivia dando de presente!

Em verdade, Jeová passou boa parte desta história entregando as terras cananéias a Abrão, a Isaac e a Jacó, an-cestrais de Moisés. O interessante é que eles “ganhavam”, mas não levavam. Isto é, Jeová dizia que ia dar as terras, mas nunca as deu, de fato.

Este deus é, segundo Jesus, um mentiroso. E é mentiroso sim, porque dá o que não tem.

3- Veja que interessante: Abrão e Ló se apartaram. Ló arranjou onde morar; Abrão, porém, teimou em ficar em terras cananéias. Nenhuma

vez se nota esta família procurando uma terra desocupada para si. Por quê?

********** 5544-- Ló ficou em Sodoma. Havendo guerra entre os reis da região, ele foi tomado com todos os seus bens e levado dali. Porém, um dos escravos fugiu, contou tudo a Abrão que mandou trezentos e dezoito homens dos mais capazes e os perse-guiu ”trazendo de volta Ló, os seus bens todos, mais as mulheres e o povo”. (14. 1 a 16)

Comentário: Esta passagem evidencia o poder de Abrão: ele usou 318 homens dos mais capazes, somente pra

salvar o Ló. E sobrou gente no acampamento! Pelo detalhe, nota-se o quanto Abrão foi “abençoado” pelo deus na viagem ao Egito.

2- Abraão trouxe de volta os bens todos, mais as mulheres e o povo. Um momento! Vou repetir: Ele recuperou os bens, as mulheres e o povo... Cê viu só? As mulheres não estavam contidas como “bens”, nem como “povo”! Moisés não as considerava gente e nem coisas; eram elas menos que nada! O quê Moisés tinha contra elas? Por que tanto desprezo pelas mulheres? No entanto, Deus de Verdade não faz diferença entre pessoas. (Atos: 10. 34). Deus Autêntico não protege, nem des-

preza. Quem faz distinção; quem despreza uns e protege outros é o deus de Abrão que não criou mulher, nem ho-mem, nem coisa nenhuma.

**********

56

5555-- – Depois Abrão foi recebido pelo rei de Sodoma. Melquisedeque, rei de Salem, sacerdote do Deus Altíssimo, “a-bençoou a Abrão dizendo: Bendito seja o Deus Altíssimo que entregou os adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (14. 17 a 20).

Comentário: O rei de Salem era sacerdote do deus e... Epa! De qual deus? Se fosse sacerdote do mesmo deus, então este deus já era conhecido, já havia culto a ele e houve injustiça

quando escolheu proteger Abrão, que não era melhor que os demais adeptos do mesmo deus. Se você disser que Abrão foi protegido por ser descendente de Noé, o salvador da semente humana, eu respondo

que o rei de Salem também era descendente dele; que todo mundo era – e, de acordo com a bíblia, até nós o somos, e nem por isso reivindicamos proteções extras.

Se você disser que Abrão foi escolhido por obedecer às regras do deus, perguntamos: Que regras são estas que, até neste ponto da narrativa, não vi nenhuma?

Se disser que Abrão foi escolhido por ser virtuoso, eu sinto pena pela sua ingenuidade.

2- Se o deus do rei Melquisedeque era o mesmo deus de Abrão; e se este deus é “quem possui os céus e a terra”,

então não foram os patriarcas hebreus e nem Moisés quem trouxe ao mundo a crença num deus único, pois que a crença existia antes, já bem organizada, tendo até sacerdotes – figura que só muitos séculos depois, Moisés introdu-ziu na religião por ele criada.

3- “bendito seja o Deus Altíssimo que te entregou os adversários”. Imagine leitor! Agradecer a Deus por facilitar a derrota dos inimigos, os quais também eram seres humanos, com

os mesmíssimos deveres e direitos!!! Que sofriam da mesma maneira para ter filhos e criá-los! Que desbravavam ter-ras, plantavam, colhiam, padeciam calor, frio, sede, fome, dor, doença e comiam com o “suor do rosto”.

Estes inimigos não seriam filhos dele também? Não faziam parte da “sua criação”? Se for ele quem fez tudo e todos, não tem sentido entregar uns nas mãos de outros. De acordo com o que apren-

demos nos princípios de Cristo, fica claro que aquele deus não existia, era criação de Moisés – ou, se existia não era um ser de luz, não tinha poderes e só se aproveitava do que Deus Autêntico criou.

4- Dízimo? Mas... Dízimo do quê? Da guerra? Neste caso, é dízimo de saque; dízimo de despojos, dízimo da crueldade contra os semelhantes; dízimo dos mor-

tos, dízimo de dor, de sangue, de lágrimas, de sofrimento. O quê é isso? Que profeta é este que mata os filhos para agradar ao pai? Que deus é este que exige sua parte na divisão do roubo? Que reivindica sua parcela do sangue alheio derrama-

do? Que canta vitória pelas atrocidades provocadas?

********** 5566-- O Senhor disse a Abrão: Sou teu escudo e tua recompensa será muito grande.

Respondeu Abrão: Continuo sem filhos, não me concedeste descendência. Eis que um servo de minha casa, o damas-ceno Eliezer será meu herdeiro.

E o deus garantiu que Abrão teria um filho e sua descendência seria muito grande (15. 1 a 5).

“Abrão creu e isso lhe foi levado em conta”. (15: 6)

Comentário: “a tua recompensa será muito grande”. Vejamos o que diz o dicionário:

Recompensar = gratificar em reconhecimento por serviços prestados.

Perguntas: Abrão será recompensado por causa do quê? O que ele fez de tão relevante, a ponto de receber uma recompensa, diretamente do deus?

Qual serviço este ser prestou a alguém até este ponto da narrativa? Estamos acompanhando palavra por palavra e, até este momento ele não fez coisa alguma que merecesse uma estátua, uma taça ou uma medalhinha; nada que sirva de bom exemplo, nenhum serviço prestado à humanidade nem em benefício de outra pessoa. Ele tem sido um zero multiplicado por zero.

2- Abrão acreditou que viria a ter descendência, e “esta fé mereceu a ele o título de justo, agradável ao deus”, de

acordo com os exegetas.

57

No entanto, estes mesmos exegetas não contam que, mais adiante, o deus veio “pessoalmente” dizer que Abrão teria um filho – mas Abrão riu e não acreditou, chegando a pensar:

“Um homem com cem anos poderá ainda ter um filho? E Sarai, com noventa anos, poderá ainda dar à luz?” O pensamento foi tão vivo que o deus chegou a detectá-lo! Ora, se Abrão acreditou antes e desacreditou agora, o mérito alcançado naquela oportunidade deveria ruir. Mas não ruiu! O mérito continuou valendo!

********** 5577-- E Jeová repetiu que ia dar a ele a terra de Canaã por herança.

E “a tua posteridade será peregrina em terra alheia, será reduzida à escravidão, será afligida por 400 anos. Mas eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; depois sairão de lá com grandes riquezas. (15. 13 e 14)".

Comentário: As terras de Canaã não iam ser de Abrão e descendentes para sempre? (ver nota 53) Por que ser perambulante, andante, errabundo em terra alheia, enfrentar escravidão antes de receber o “presen-

te”? Não seria muito mais simples entregar as terras prometidas logo de uma vez e pronto? Ah, não! Esqueci que a tal descendência referia-se somente a Moisés e seus fugitivos, assunto que vamos estu-

dar detalhadamente em Êxodo.

2- Ele diz que as terras de Canaã serão de Abrão “por herança”. Mas, que significado tem isso?

Herança = Bem, direito ou obrigação transmitidos por disposição testamentária ou por via de sucessão. O que é herdado dos pais, de gerações anteriores, de ancestrais; conjunto de caracteres hereditários...

Se herança é um bem ou possessão que passa de pai para filho ou de ancestrais para as gerações mais novas,

então Jeová não tinha direito nenhum de “dar por herança” a terra de Canaã.

♣ Primeiro, porque a terra de Canaã não era dele; ♣ Segundo: o deus não tinha aquela, nem outra terra nenhuma; ♣ Terceiro, o deus não era pai nem mãe de sangue do Abrão; ♣ Quarto, o pai de sangue de Abrão era Taré, que morreu pobre, sem lhe haver deixado terra alguma. Aliás,

veio ele também, Taré, comer de graça nas terras dos cananeus, por não ter um couro onde cair morto. ♣ Quinto, a terra de Canaã não era do pai de Abrão e, para ser herança, teria de vir do pai de sangue de A-

brão ou, por testamento, do verdadeiro dono – e Canaã não o nomeou herdeiro de nada; ♣ Sexto, as terras de Canaã, por herança, ficariam para os filhos de Canaã, é claro! – e jamais para Abrão, a

não ser que Abrão as comprasse e as pagasse, ou que as roubasse. Mas estas últimas hipóteses, não pode-riam ter o nome de herança e sim de roubança.

Os intérpretes do “livro sagrado” dizem que a punição dos cananeus e dos amorreus consistiu em passar as suas

terras às mãos dos hebreus. Punição por que, Meu Deus Autêntico do Céu? Porque o pai viu o avô nu? Isso lá é motivo para algum castigo?

Neste caso, médicos e enfermeiros serão todos amaldiçoados, porque veem pacientes despidos todos os dias. Tam-bém fotógrafos, pintores, farmacêuticos, esteticistas, prostitutas...

Aliás, se Jesus, o Grande Jesus, perdoou a prostituta com a famosa frase: “Atire a primeira pedra aquele que esti-ver sem pecado” (João: 8. 4 a 7), por que o deus continua punindo? Por que Moisés continua, sem um motivo robusto, amaldiçoando gente e seus descendentes por século seculorum amém e deixando por isso mesmo?

3- Jeová previu o futuro! Eita deus sabido! Avisou que a posteridade de Abrão seria escrava, mas que ia fazer os

hebreus saírem muito ricos da servidão. É fácil “prever” um fato depois que ele aconteceu. No momento em que Moisés escreveu esta “profecia”, os 400

anos de escravidão já haviam acabado e os hebreus saíram sim, muito ricos, quase sem poder carregar tudo o que roubaram dos egípcios; esta história será contada em Êxodo.

Se Jeová tivesse algum poder por que não evitou que os afilhados se tornassem escravos, a ter de libertá-los de-pois?

4- E o deus continua aparecendo a qualquer um! Interessante é que mais tarde, Deus não apareceu nem ao pró-

prio Jesus, que recebeu a mais elevada missão planetária! Eram anjos que vinham em lugar de Deus Autêntico – ou em sonhos eram transmitidos os avisos; nunca direta-

mente, nunca face a face. Ou, se aconteceram contatos face a face, Jesus nunca os alardeou para não humilhar nin-guém.

58

Que diferença entre Jesus e o povo de Moisés que, por dá cá aquela palha, estavam “falando” com o deus e fa-zendo o maior escarcéu para que todos ficassem sabendo.

Apareceu o Anjo Gabriel a Zacarias para anunciar o nascimento de João. (Luc: 1. 11 a 13). (Veio anjo – não Deus.)

O Anjo Gabriel aparece a Maria falando sobre a vinda de Jesus. (Luc: 1. 26 a 33). (Nada de aparecer Deus.)

Em sonho, José é avisado pelo Anjo para fugir para o Egito com a família. (Mat: 2.14). (Nem no sonho Deus apareceu.)

Em sonho, José é avisado da morte de Herodes e que já podia retornar à sua terra. (Mat: 2. 19 e 20). (Nada de Deus.)

Os reis magos foram prevenidos em sonhos para não retornarem à presença de Herodes, que queria matar Jesus menino. (Mat: 2. 12).

(Não apareceu Deus.)

Para Jesus, veio um Anjo confortá-lo na hora de sua angústia maior. (Luc. 22. 43). (Deus mandou representante até para Jesus, na hora de sua maior aflição.)

Maria viu dois anjos no lugar onde estivera o corpo de Jesus. (João: 20. 11 a 13). (Nada de aparecer Deus.)

Um anjo apareceu a Pedro na prisão, livrando-o das correntes. (Atos: 9 a 11). (Cadê Deus?)

E, voltamos a apresentar as citações que provam a impossibilidade das visitações do deus aos seus afetos. Sim,

já as expusemos, mas é bom falar e refalar para que ninguém esqueça o quão contraditório é o “livro santo”.

Jamais tendes ouvido a voz nem visto a forma do Pai que me enviou. (João: 5. 37)

Rei dos reis, a quem homem algum jamais viu nem é capaz de ver. (Tim: 6. 16).

Não me poderás ver a face, porque ninguém verá a minha face e viverá. (Êx: 33: 20 a 23)

Esta última citação é do próprio Moisés! Justo dele, que vive de txi-txi-txi falando, ouvindo, vendo e tratando dire-tamente com o deus.

Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. (1-João: 4. 8) Se Deus é amor, é possível senti-lo – mas é impossível vê-lo. Alguém terá batido um papinho com o amor em

pessoa, olhando em seus olhos?

********** 5588-- “Naquele mesmo dia fez o Senhor aliança com Abrão dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o Egito até o grande rio Eufrates: o heteu, o ferezeu, o amorreu, o cananeu e o jebuseu”. (15. 18 a 21)

Comentário: Aqui, o replay de sempre: Todos os aqui citados são descendentes de Canaã, filho de Cão que, por

sua vez, era filho de Noé. Difícil crer no modo como o Moisés já se justificava, por um milênio depois querer passar a perna nos cananeus e

se apossar pessoalmente de suas terras como se tivessem sido presente do deus a seus antepassados. E os exegetas das Paulinas, página 36, justificam dizendo:

“A paciência do deus tem limites. Se o réu não se corrigir, o deus aplica o castigo. A punição dos amorreus consis-tiu em passar suas terras às mãos dos hebreus”.

Pelamordedeus, até vós, exegetas? Até vós tendes a visão obscurecida? Cadê vosso senso de justiça e retidão? Cadê vossa inteligência, vosso raciocínio e equilíbrio? Terão vossos valores sido ofuscados pelo medo de pecar e, por isso, endossais e justificais tantas babaquices? Ou temeis virar carvão nas fogueiras do santo inquérito?

59

Vamos nos deter nas vossas palavras, para ligeira análise:

a) A paciência do deus tem limites (!) Que deus é este cuja paciência tem uma medidazinha curta como se ele fosse gente? Paciência significa “ci-ência da paz”. Assim, como colocar em dúvida a paz e a mansidão de Deus Único, Grandioso e Soberano? Não, este deus que eles colocaram com estopim curto não é Deus Verdadeiro, cuja paciência é ilimitada para com os nossos erros.

b) Se o réu não se corrigir... Ora, ora, de quem estão falando? Que réu é este? Será que passaram pra outro assunto e eu me perdi no ca-minho? Não. Eles estão falando ainda na prole de Canaã, filho de Cão, aquele que viu o pai sem roupa e, des-te “crime horrendamente pavoroso”, seus descendentes não têm como se livrar! Será que as novas gerações da família de Cão continuaram espiando o velho sem roupa, pela eternidade afora? Sim, só se for isso, porque é impossível que alguém possa modificar o fato do Noé ter sido visto peladão.

c) A punição dos amorreus consistiu em passar suas terras às mãos dos hebreus. Que disparate! As terras de Canaã não foram passadas calmamente, conforme os exegetas dão a entender.

1)Para começar veremos, na seqüência dos episódios que os amorreus, descendentes de Canaã, tive-ram suas terras roubadas pelos hebreus. Roubadas, sim senhores, depois de rolar muito sangue! Rouba-das por quem jamais teve o trabalho de procurar uma terra para si e achou mais fácil se apropriar de terras produtivas cultivadas por povo trabalhador.

2) Para continuar, que deus diabólico é esse, que vive cobrando das novas gerações, um “crime as-sombroso” cometido pelos seus velhos, há séculos?

3) E, para terminar, a prole de Canaã viveu em paz naquelas terras até que Moisés enfiasse na cabeça que as queria para si porque era naquele pedaço de deserto que ia fundar seu reino. Aí foi um inferno, por-que, mesmo depois de morto Moisés, seu veneno continuou agindo e suas ordens de invadir, guerrear, ar-rasar as terras dos cananeus e tomá-las para si continuaram ecoando e foram obedecidas.

********** 5599-- Sarai, mulher de Abrão era estéril e; tendo uma serva egípcia de nome Agar, disse ao marido: Toma a minha ser-va e assim terei filhos por meio dela. E Abrão aceitou. Então Sarai tomou Agar, a serva egípcia, e deu-a por mulher a Abrão, depois de haver com ele habitado dez anos na terra de Canaã (16.1 a 3).

Comentário: Agar, a serva egípcia, veio naquele lote, lembra? Naquele lote de escravos que o faraó deu a Abrão

para livrar-se do “pecado” de ter tomado Sarai por mulher. Pois ela foi entregue de bandeja a Abrão pela própria esposa, para que dela nascessem descendentes! Bela maneira de ser tratada uma escrava nas mãos dos hebreus: entregue assim, sem mais nem menos para ser-

vir como repasto sexual e desprezível reprodutora! Se Agar queria ou não, se ela preferia se casar e ter filhos para si, ninguém perguntou porque os sentimentos de

uma escrava não interessavam aos donos. Ah, que diferença de Deus Verdadeiro!

Às moças, trata como irmãs, com toda pureza. (Tim: 5. 2)

Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher,porque todos vós sois um em Cristo. (Gal: 3. 28)

2- Certamente a serva foi forçada a se deitar com aquele velho que contava quase cem anos de idade (Ex. 17:17),

um velhote lascivo, sensual, repelente, por não ter como recusar, por não ter quem a protegesse. Assim, este ato bru-tal será colocado na conta de estupro, com a cumplicidade de Sarai! Belo casal!

Eram opostos os ensinamentos do Velho e do Novo Testamento, sendo que neste último imperava o amor impes-soal e a caridade, em franco desmentido aos métodos animalizados dos “grandes” patriarcas. Como acreditar que Deus Verdadeiro presidiu a atos tão odiosos, tão contrários à lei do amor? Crer nestes absurdos e justificá-los é uma heresia, uma violência contra o meigo Mestre Jesus, contra o Criador.

Olha que doçura de ensino nos foi legado pelo Nazareno:

Ainda que eu fale a língua dos anjos, se não tiver amor serei como o bronze que soa, ou como o sino que retine.

Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada serei.

Ainda que eu distribua os meus bens entre os pobres; ainda que entregue meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”. (Cor: 13. 1 a 3)

60

3- Notar que Jeová não veio a Abrão falar para ter paciência e esperar com calma, pois Sarai viria a ter um filho,

conforme nota 56. Segundo Moisés, após o deus prometer um filho a Abrão, este creu e isso lhe foi levado em conta. (15: 6) Aí está o desmentido. Se Abrão houvesse, de fato, acreditado na promessa do deus, não aceitaria concubina ne-

nhuma para o mesmo objetivo. Ou então, a história da concubina não tinha nada a ver com o nascimento de descen-dentes, pois muito raramente um homem toma mulher como amante objetivando ter filhos.

Se, de fato, o deus havia prometido filhos a Abrão através de Sarai, não tinha sentido fazer filhos na escrava só para ter descendência; ele teria sabido esperar. Ou será que Abrão é igual ao deus, “cuja paciência tem limites”?

Aí, percebemos outra inverdade do livro que não mente: Ou é mentira que Jeová prometeu descendência a Abrão através de Sarai, ou é mentira que Sarai lhe ofereceu

Agar para ter descendência. Sim, porque ela, Sarai, teria sido a maior interessada em manter o marido para si, depois de saber que poderia ter um filho da própria barriga. Sendo assim ou assado, a história está mal contada e, onde há incoerência, há mentira.

4- O deus, mesmo “sabendo” que Abrão viria a ter um filho dentro do casamento, não veio alertar que possuir a

escrava era errado. O faraó pecou ao tomar Sarai, que se ofereceu com o maior despudor; mas Abrão tomar a escrava por mulher foi

certo... Ou também para o deus, escrava não era gente? E não me digam que escrava era propriedade do dono e não sei o quê, não sei o que lá. Esta prosa de um huma-

no ser propriedade de outro humano não vale para o Verdadeiro Autor da Vida.

5- E quem pode testemunhar que Sarai queria mesmo que Abrão tivesse filhos através de Agar? Quem garante que Abrão não era um velho libertino que vivia agarrando as escravas? Quem garante que Abrão

não se apossou da bela escrava escondidinho de Sarai e engravidou-a? De qualquer maneira, Abrão teve um filho com Agar; assim sendo, Moisés, ao escrever a história do seu povo, jus-

tificou a atitude do Pai Abrão com esta tolice de a esposa ter-lhe oferecido a serva egípcia.

6- Notar que fazia dez anos que moravam em terras do Canaã; notar que ali matavam a fome e enriqueciam sem

pagar aluguel, sem contribuir com trabalho e sem que fossem importunados pelos legítimos donos do chão. Veremos mais tarde, no entanto, que Abrão e família desprezavam os proprietários do lugar, não permitindo que

seus filhos se casassem com moças dali.

7- Os pios comentaristas das Paulinas garantem que os filhos nascidos de uma serva eram, pelo direito vigente,

considerados filhos da senhora. Ora, ora! A qual direito “vigente” os comentaristas se referem? Já havia alguma lei àquela época recuada, em

meio a aqueles pouco mais que selvagens? Se houvesse, era alguma lei suja, fugaz e interesseira dos homens. On-de estava o deus, que não apareceu para falar que escravo era um ser vivo, sentinte e pensante, digno de respeito e consideração? Que, acima das normas humanas prevaleciam as leis divinas?

Não se ocupem com as leis de homens desviados da verdade. (Tito: 1. 14)

********** 6600-- Abrão possuiu a escrava e ela concebeu. Diz a bíblia que, se vendo grávida, a escrava desprezou Sarai, a esposa de Abrão. Nervosa, a mulher brigou com Abrão, dizendo “Tu és responsável por esta injúria que me está sendo feita. Coloquei minha serva em teus braços e, desde que ela se viu grávida, começou a olhar-me com desprezo. Julgue o Se-nhor entre mim e ti” (16. 4 e 5).

Comentário: Vamos supor que a história bíblica esteja absolutamente certa. Neste caso, perguntamos: Não foi isso que a própria Sarai tramou? Não foi ela, Sarai, quem entregou Agar, como se fosse uma coisa qual-

quer ao marido para que a engravidasse? E agora, quando Agar ficou grávida a Sarai achou ruim? Isso é contraditório num casal escolhido a dedo pelo deus para ensinar a retidão e a justiça... Mas haverá algo

não incoerente nesta “história sagrada”?

2- Supondo que Sarai tenha mesmo ficado bravinha com o fato, isso demonstra que ela não entregou de boa von-

tade, a escrava ao marido. Pela reação da esposa, é possível que os fatos tenham se passado de outra maneira.

61

Veja leitor, se não fica melhor assim: Abrão se apossou de Agar. Ao aparecer-lhe a barriga crescida, a esposa se sentiu traída, humilhada e, cheia de

ciúme, fez o maior quebra-pau com o marido e, por fim, disse entre lágrimas: “Julgue o Senhor entre mim e ti”.

3- Sim, pois quem pode provar que a serva humilhou Sarai? Se mulher escrava valia menos que nada, Agar não

teria muitas oportunidades para sapatear em cima de sua dona.

4- Notar como Moisés inocenta aos da sua raça. Vai assuntando: Abrão não queria nada com Agar; foi Sarai quem o obrigou a dormir com aquela escrava jovem, linda! Coitado de-

le teve de fazer aquilo que lhe causava repugnância! E a Sarai! Estava tão contentinha vendo crescer a barriga da belíssima escrava que esperava um filho do marido

dela! A culpada pela briga foi Agar, que humilhou Sarai. Escrava má, má, má! Portanto, Sarai e Abrão eram bonzinhos, pacatos, amáveis, serenos, delicados, calmos, justos, caridosos, meigos,

ordeiros, imparciais, amorosos, honestos de fala mansa, olhar perdido no céu em comunhão permanente com o deus. E Agar era a vilã detestável, malvada, pérfida, grosseira, perversa, traidora, execrável, mesquinha, desleal, áspera, desprezível, traiçoeira, cruel, sem educação. E egípcia!

********** 6611-- Respondeu Abrão a Sarai: ”A tua serva está nas tuas mãos, procede como melhor te parecer.”Sarai a maltratou

de tal modo, que ela fugiu de sua presença”. (Bíblia de Jerusalém, 16. 6)

Comentário: Atentar para a maneira de tratar a escrava, caso a “história sagrada” esteja correta: Primeiro entrega-a ao marido, que aceita e se aproveita da situação. Depois, sentindo inveja pela barriga da escrava e ciúme por dividir o marido, Sarai demonstra todo seu egoísmo:

torna-se odienta, maledicente e briguenta. E se vinga com crueldade. Oito antivirtudes concomitantes! São muitas antivirtudes a uma afilhada do deus, que escolheu o casal justamente

para que guardassem o caminho do Senhor e praticassem a justiça e o juízo. (18. 19).

2- O marido, que havia abusado da escrava, em lugar de defender aquela que esperava o primeiro e único filho

seu, desprezou-a e a entregou à ira da esposa, desinteressando-se pela sorte dela e do bebê por nascer. O argu-mento: ‘Ela é tua serva; faz dela o que quiser’!

Grande “homem”! Grande “pai”! Grande “poço de qualidades”! Grande “patriarca”! Grande droga! E, irada, Sarai maltratou a outra. ”Sarai a maltratou de tal modo, que ela fugiu de sua presença”. (Bíblia de Jerusalém, 16. 6). De que maneira terá humi-

lhado Agar, a ponto de esta fugir dali para o deserto?

3- Jeová não vê os erros efetuados pelos favoritos. Ao contrário, justifica-os com quaisquer desculpas, por esfar-

rapadas que sejam. Aqui, o deus assistiu às cenas, calou a boca e deu razão aos dodóis. Adiante, porém, arrependido por tanta mal-

dade contra Agar, o mesmíssimo deus, contradiz o presente ato do casalzinho, com a seguinte norma:

Amareis o estrangeiro que peregrina entre vós, como se fosse vós mesmos. Amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiro fostes na terra do Egito. (Lev. 19: 33 e 34).

Não pode haver judeu nem grego, nem escravo nem liberto, nem homem nem mulher

porque todos são um perante Cristo. (Gal: 3. 28)

**********

6622-- Agar fugiu e parou junto a uma fonte no deserto, onde um anjo do Senhor a encontrou e disse: “Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos. Darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o Senhor te acudiu na tua aflição Será multiplicada grandemente sua descendência, de tal modo que não se poderá contá-la”. (16. 7 a 12).

62

Comentário: Talvez porque uma escrava não merecesse a atenção do deus de Moisés “em carne e osso”, o nar-rador foi coerente! Sim! Aleluia! Aqui, quem aparece não é o deus – e sim um anjo, ou enviado, ou emissário, ou entidade de luz, ou guia espiritual, como queiram. Um Ser Elevado, sim senhor!

2- E aconteceu a única coisa sublime até o presente ponto desta saga: uma escrava desprezada pelo preferido

do deus de mentira foi socorrida por um Mensageiro de Deus de Verdade! Sim, Deus Verdadeiro – e não o outro – mandou um emissário em socorro da mulher grávida e abandonada após

ter sido usada e humilhada.

Bem aventurados os que choram, porque serão consolados. (Luc.:6. 21)

3- E veja o conselho do anjo – o mesmo conselho que daria Jesus: “Volta e humilha-te”. Lindo! Que doçura de palavras! Parece o próprio Jesus dizendo: “Se alguém te ferir na face esquerda, oferece a

outra; aceita a humilhação e vinde a mim, que te aliviarei”. Repito, pois é um prazer anunciar uma boa notícia: Pela primeira vez, algo sublime aconteceu nesta epopéia que tem sido uma relação de sujeiras.

4- Agar aceitou os conselhos e retornou à ama. Agar, tu é gente boa! Gostei de ti! Tô contigo e não abro!

Não pagando o mal com o mal; antes, bendizendo, pois, para isto fostes chamados. (Pd: 3. 9) E, se ela teve a grandeza de aceitar o conselho e continuar suportando os maus bofes de Sarai, era porque era

mansa, bondosa, paciente e humilde, desmentindo as acusações feitas pela sua dona. Agar tinha alcançado certa elevação espiritual e, por isso mereceu ser socorrida por uma entidade de luz. Um momento! Ocorreu-me uma lembrança. Seguinte: Vamos ver em Êxodo, um dos próximos livros desta série, que os “coitadinhos” dos hebreus se tornaram escravos

em terras egípcias e foram tããão judiados pelos donos do país, que o deus fez de tudo para livrá-los de tantos “maus tratos”. Inclusive mandou dez – dez, e não sete – pragas para fazer o faraó dar a eles a liberdade. Vamos estudar is-so aí, palavra por palavra, mas estou me antecipando porque agora, conforme você está vendo, os hebreus manti-nham escravos egípcios e usavam contra eles todos os rigores da maldade, a exemplo do que fizeram com Agar. E o deus com letra minúscula não se manifestou! Não aconselhou os protegidos a minorar os maus tratos, não apareceu para livrar a pobre serva que, ela sim, sofreu horrores nas mãos dos seus senhores.

5- Agar teve um filho, a quem chamou Ismael. Ismael veio a se casar com uma egípcia e se tornou o pai de todos os árabes. Deste modo, Ismael e sua mãe acabaram em condições superlativamente melhores que os “eleitos” do deus que

protegia Abraão. O filho da escrava desprezada teve uma pátria, a Arábia, enquanto os filhos de Abrão ainda se es-premem em Israel, estreita faixa de terra que ganharam de presente em 1948, após a 2º Guerra Mundial, por decisão da ONU. Israel fazia parte da Palestina e foi doada aos judeus, que não tinham onde morar. Só uma curiosidade: na época, o Marechal Mascarenhas de Moraes – um brasileiro –, era um dos chefes da ONU.

**********

63

Capítulo 6

ABRAÃO (2) 6633-- Nasceu Ismael, filho de Agar com Abrão. (16. 15).

6644-- Quando Abrão chegou aos noventa e nove anos apareceu o deus, outra vez. Falou de novo que ia multiplicar sua descendência. Fez aliança de novo. Mudou o nome de Abrão para Abraão. (17. 1 a 8).

6655-- Em sinal à aliança que seria feita, falou: “todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. Será circuncidado tanto o escravo comprado a qualquer estrangeiro que não for da tua estirpe; será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. O incircunciso será eliminado de sua parentela porque violou a minha aliança. (17. 9 a 14).

Comentário: Eis o deus aparecendo e fazendo aliança perpétua outra vez, tudo de novo, como se apresentasse

alguma novidade! Diferente é que agora, ele vem exigindo um sinal da aliança na carne dos favoritos. Ele exige, mas até agora, não cumpriu a promessa de dar-lhes as terras de Canaã. Nem vai cumprir.

2- Por que mudar o nome? Que diferença faz Abrão – com a – ou Abraão – com aa –, se a pessoa é a mesma,

com as mesmas qualidades e defeitos de antes? Se pelo menos houvesse leve perspectiva de mudança, seria um nome novo para um novo homem. Mas sem mudar absolutamente nada na personalidade, qual é o objetivo?

Aqui, uma revelação surpreendente: a mudança nos nomes de três protegidos é a única façanha do deus cri-ado por Moisés. Vá prestando atenção, e verá que nada mais este deus faz, porque nada ele sabe fazer.

Leitor, só pra satisfazer à sua curiosidade, os outros dois favoritos a terem nome trocado serão: Sarai, que se cha-mará Sara; e Jacó, cujo nome será Israel.

Os exegetas explicaram que Abraão significa “pai de uma multidão”, referindo-se ao número de descendentes que ele viria a ter. Neste caso, o filho desprezado de Abrão com Agar poderia mudar de nome: Ismaeel, porque está escri-to que o anjo, ao se aproximar dela, no deserto, lhe disse: “Eu multiplicarei grandemente sua descendência, de tal modo que não se poderá contá-la”. (16. 7 a 12). E os exegetas da Bíblia de Jerusalém, (pág. 52) explicam que os des-cendentes de Ismael são os árabes.

E até eu poderia ter meu nome modificado para Petroos. Sim, porque virei a ser ancestral de uma multidão, não tenham dúvida! E também você, leitor! Qualquer pessoa que tenha filhos terá uma multidão de descendentes. Pode demorar, mas o número vai sendo multiplicado até o infinito. Cadê o milagre?

3- Circuncisão! Você sabe o que é isso? Circuncidar é retirar a pele que cobre a cabeça do pênis; retirar a glande através de procedimento médico. Trata-

se de operação de fimose! Esta é a aliança entre o deus e a família de Abraão, mas... Que aliança mixuruca! Por que não usou o Amor, a

Bondade, a Caridade, o Perdão como aliança em lugar de cortar a pele do pênis? Se o sujeito fosse circuncidado, podia matar o pai, a mãe, a família inteira, podia roubar, enganar – como veremos

adiante, o tanto que esta “família abençoada” roubou e matou – que continuava com a passagem comprada para o céu. Sem circuncisão, o sujeito seria eliminado de sua parentela porque violou a aliança. Taí! Não cortou a pele do pênis, bem feito! Não vai ser filho do deus, não vai fazer parte da família blindada e vai amargar inferno eterno!

Além disso, que sinal romântico Jeová inventou para saber quem pertencia à raça protegida! Será que Deus de Verdade precisa disso pra distinguir o José do João? Precisa?

Veja só a cena: O deus dá de cara com uma porção de homens. Não sabe, dentre todos, quais são os seus favoritos, quais per-

tencem à família abraânica. (Acabei de inventar esta palavra que significa: família de Abraão.) É difícil descobrir, porquanto aqueles homens da antiguidade eram todos feios, barbudos, cabeludos, usavam túnicas largas e longas que cobriam o corpo inteiro. Mas o deus precisa saber quem é quem, então vai de um em um levantando a saia para ver se tem “a marca da aliança.”. Dá pra acreditar numa solução destas?

Sem contar que o sinal é só pros homens, que possuem prepúcio. Mulher não tem, não recebe sinal nenhum. De-certo não precisa ser reconhecida, porque mulher é desprezada por este deus de mentira.

64

4- a) Escreve J.J.Benítez, à pág.120 do já citado livro, que a circuncisão era uma possível preocupação pela saú-de física do “povo eleito”, talvez para evitar a transmissão de doenças que arruinariam o plano.

O “plano” ao qual o autor se refere é que deste “povo eleito” nasceria Jesus; daí, conduzir a genética de tal manei-ra desde milênios antes, de modo que nada pudesse prejudicar a saúde física do Messias.

Eu, na dúvida quanto às palavras de J.J.Benítez, pergunto: Por que não tiveram o mesmo zelo para com a saúde espiritual do mesmo povo? Sim, porque se Jesus merecia

ancestrais perfeitos quanto ao físico, com muito maior propriedade merecia nascer de povo mais espiritualizado. b) Outra coisa que acaba de me ocorrer e que vai contrariar o autor acima citado: Jesus só veio a este mundo nosso, com o objetivo de nos arrancar das leis humanas. (Gal: 4. 1), para abrir os

olhos do povo contra as leis tolas que o “o povo eleito” inventou. Pois bem. Se aquele deus, o deus de Abraão, tives-se tido o cuidado de conduzir este pessoal para as virtudes da alma em lugar de se preocupar com circuncisão, cer-tamente teria poupado a Jesus um nascimento neste nosso mundo desgraçado de ruim, mundinho de dores, aflições e angústias, das quais nem Ele próprio se livrou.

c) Nova contradição: O deus falou que a aliança seria perpétua, querendo dizer que dobrariam os séculos e os milênios, mas a circuncisão permaneceria de geração em geração. Ora, se a circuncisão tivesse em vista a saúde fí-sica de Jesus, não tinha cabimento continuar a mantê-la após o nascimento do menino sagrado. Vê-se que a circun-cisão descaracteriza completamente a necessidade de uma genética perfeita para um nascimento especial.

d) Outra pedrinha de tropeço: Jesus nasceu de gravidez normal igual você e eu? Nasceu de uma relação sexual entre José e Maria ou, como garantem os teólogos, Ele nasceu de uma virgem? Ora, sendo obra do Espírito Santo, não tem validade nenhuma a necessidade de higiene de um órgão genital masculino, que nem sequer foi usado.

e) E mais um pinguinho num i: Se a circuncisão fosse mesmo um fator de saúde para manter a genética com alto grau de pureza, por que não proteger principalmente as mulheres, que elas sim, carregavam o bebê por nove meses no seu ventre, o qual deveria ser um “berço” limpo e sadio. Quanto ao homem... Não posso conter o riso... Por que manter higiênico seu órgão de macho se, no ato sexual, o espermatozóide sai do interior do organismo masculino sem tocar na pele externa do pênis, é depositado no interior dos órgãos femininos sem contato algum com o exterior, a não ser em certas condições que não entram neste contexto.

Continuando com o mesmo tema; O pênis é o órgão transmissor da vida; merece respeito e cuidados. Mas... E o óvulo, o que é? Nada? A vagina não será tão importante quanto o pênis? Ela não receber cuidados exclusivos?

Mas as “atenções” são apenas para o homem. f) O novo ser a se formar, enquanto está no aparelho reprodutor masculino em forma de espermatozóide, “precisa”

de zelo específico; mas o mesmo ser, quando na condição de feto no aparelho reprodutor feminino já pode ser aban-donado, não tem mais necessidade de ser protegido.

5- Jesus, no entanto, que veio com objetivo de acabar com as leis mosaicas e com as aberrações levadas a e-

feito pelos “santos patriarcas”, aboliu a circuncisão, substituindo-a pela pureza de afetos, pela elevação dos senti-mentos. O Mestre falava em “circuncisão espiritual”.

Deixe-me repetir: Jesus aboliu a circuncisão!

A circuncisão não é nada; a incircuncisão também nada é. Vale guardar as orientações de Deus. (Cor: 7. 19).

Em Jesus, nem circuncisão nem incircuncisão tem valor algum; o que vale é o amor e a fé. (Gal: 5. 6).

A circuncisão não é coisa alguma, nem a incircuncisão – o que vale é ser nova criatura. (Gal: 6. 15)

Foi alguém chamado estando circuncidado? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado estando incircunciso? Não se faça a circuncisão. (Cor: 7. 18)

6- Aqui, Moisés inventou a circuncisão. Quem fosse circuncidado passava a ser protegido pelo deus. Páginas adi-

ante, porém, esta lei será esquecida e há casos dignos de nota: � Ismael, filho de Abraão com a serva Agar, recebeu a marca da circuncisão. Depois, foi abandonado a pão

e água no deserto, para morrer de inanição. O deus não lhe deu o menor amparo, significando que não ta-va nem aí com os que levavam a “marca da aliança”!

� Os homens de Siquém, movidos por boas intenções, aceitaram a circuncisão imposta por Jacó, para que Diná, filha deste último, se casasse com o filho de Siquem. Depois de circuncidados, os homens de Siquem foram todos trucidados por Jacó e seus filhos, sem que o deus lhes desse a menor proteção!

� Adiante, veremos que o próprio filho de Moisés não era circuncidado! � E agora, prepare-se para outra revelação: Moisés não era circuncidado!!!

Estou adiantando estes pontos para que você veja a incoerência, mas tudo isso será estudado adiante, obede-cendo à cronologia dos fatos.

**********

65

6666-- O deus mudou também o nome de Sarai para Sara. (17. 15).

Comentário: Pronto! O nome dela já foi mudado. Este é o maior “milagre” que este deus sabe fazer: modificar

nome de gente.

2- Interessante! Jeová dá importância demais a Sarai; ele se ocupa muito com ela, em comparação às outras mu-

lheres da bíblia. Por que será, se ele não costuma dar a mínima ao sexo oposto? Por que, se ela não serve de mode-lo a ninguém, vendeu seu corpo ao faraó em troca de riquezas, não passando, pois de prostitutazinha qualquer? Por que tanta assistência se foi invejosa, ciumenta, maldosa, briguenta no caso de Agar com Abraão?

Com certeza Sarai – agora Sara – cantava de galo no lugar do marido e ai de quem a enfrentasse! Decerto, até Jeová, o deus de Abraão, respeitava – ou morria de medo do gênio dela.

********** 6677-- O deus prometeu abençoar Sara e dar-lhe um filho, que se chamaria Isaac. Abrão riu consigo: “A um homem de cem anos há de nascer um filho? Sara dará à luz com seus noventa anos?” (17. 16 a 19).

Comentário: Não esquecer este pensamento do Abraão: “Sara dará à luz com seus noventa anos?” Porque um rei vai se “apaixonar” por ela, quando ela estiver mais velha ainda! Este Moisés inventa cada uma!

2- Se até Abraão duvidou que a mulher dele viesse a ter filhos, por que eu deveria acreditar?

**********

6688-- E continuou o deus: “Estabelecerei com Isaac aliança perpétua para com sua descendência”. (17. 19)

Comentário: Vem aí Isaac, outro eleito do deus que “verá” sua face e falará com ele, apesar de Jesus, Paulo, Je-remias e o próprio Moisés garantirem que ninguém viu Deus Verdadeiro e ninguém ouviu sua voz.

Acontece que este deus que vivia surgindo a qualquer um não era o original – só imitação – ou melhor: só inven-tação. E vem com a mesma lenga-lenga: Já deu as terras de Canaã a Abraão, agora vai dar de presente a Isaac.

Falando nisso, é bom repetir: O deus disse que daria aquelas terras a Abrão e sua descendência. Estamos acompanhando cada passo desta família e até agora, o deus não deu coisa alguma, concorda? Abraão

já está com cem anos, com pé na cova e continua sem teto, sem terra, morando em propriedade alheia. Isaac, que será descendência de Abrão, receberia as terras na hipótese de Moisés estar dizendo a verdade nas falas do deus:

Darei esta terra à tua descendência. (12: 7)

Toda esta terra que vês, eu ta darei a ti e à tua descendência, para sempre. (13: 15)

Dar-te-ei e à tua descendência toda a terra de Canaã, em possessão perpétua. (17: 8)

À tua descendência dei estas terras, desde o rio do Egito, até o Eufrates. (15: 18) Mas Abraão morrerá sem se tornar dono das terras cananéias, nem de terra nenhuma. Só conversa! Verá também

que Isaac também morrerá sem se apossar de terra nenhuma. Só papo! Aí, o deus garganta vai prometer as mesmas terras a Jacó, que virá a ser filho de Isaac. E acabou não dando terra a ninguém! Quem quiser que vá lutar por elas, que vá invadir território alheio, que do

deus não saiu nem um palmo de chão. Nem poderia né? Ele não tinha terra nenhuma e, se quisesse presentear al-guém, teria de ir pedir a Deus Verdadeiro, que não faz injustiça para beneficiar este em prejuízo daquele.

**********

66

6699-- Num dia, o Abraão estava à porta da tenda, quando viu Jeová e dois anjos à sua frente. Todo contente, Abraão inclinou-se, prostrou-se por terra; lavou-lhes os pés cansados e deu-lhes de comer pão, um novilho assado, coalhada com leite e eles comeram. (18. 1 a 8).

Comentário: Jeová e os anjos comeram! São tão físicos, que sentem cansaço, têm pés encardidos, necessitam

lavar-se, bebem e comem um novilho inteiro com pão! Eita povo divino comilão!

2- E quem garante que este deus e anjos não eram apenas viajantes que, por acaso por ali passavam e se apro-

veitaram do engano de Abraão e da sua hospitalidade? Esta hipótese também foi levantada pelos próprios exegetas. Na Bíblia de Jerusalém, 7ª impressão, 2011, os teólogos ficam sem saber se atribuem a três homens comuns, ou

a três anjos estes visitantes. Dizem ainda que, “nestes três homens, muitos padres viram o anúncio do mistério da Trindade, cuja revelação é reservada ao Novo Testamento.”.

Que me desculpem a boa vontade dos exegetas em explicar o inexplicável, mas associar três homens que passa-vam ao mistério da Trindade é um exagero. Seria este grupo de desconhecidos o Pai, outro o Filho, outro o Espírito Santo?

3- Mais uma dúvida (tenho tantas!): Páginas atrás, eu disse que o deus aparecia “pessoalmente”, cara a cara a

qualquer um; no entanto nesta passagem, os que apareceram não se disseram deus, nem anjos, nem nada. Nem fo-ram reconhecidos por Abraão “Inicialmente, Abraão só reconhece nos visitantes hóspedes humanos” – é o que dizem os exegetas.

********** 7700-- Aquele deus falou que daí a um ano, Sara teria um filho. E diz o narrador: “Ora, Sara e Abraão eram idosos, avançados em idade e para Sara tinha cessado de ocorrer aquilo que é próprio das mulheres”. Sara ouviu e riu, duvi-dando: “Depois de velha terei algum prazer?”. O Senhor ouviu aquele pensamento e disse: “Para Deus há coisa dema-siadamente difícil?”. (18. 10 a 14)

Comentário: Não, para Deus de Verdade nada há demasiadamente difícil; Ele é Onipotente, tudo pode. Mas so-

bre o deus de mentira não se pode dizer o mesmo.

2- Segundo o próprio Moisés, que quer nos fazer crer dos “prodígios” do deus, Sara teria um filho, mas era tão ve-

lha que nem se lembrava o que era menstruação. E sem óvulos, como procriar? Para quem não sabe: Menstruação é um óvulo que não foi fecundado, então se desfaz e é expelido em forma de hemorragia. Dizem os

especialistas que as meninas já nascem com um estoque de óvulos para toda a vida fértil. A partir da adolescência, todo mês, caso não seja fertilizado, um óvulo se rompe ocasionando a menstruação. Ao se aproximar da menopausa, começam a ocorrer falha de ovulação até que a mulher deixe definitivamente de menstruar e, consequentemente de procriar, pois já perdeu todo o seu estoque de óvulos. E não existe tratamento que os possa repor.

Sara, pois, não tinha mais menstruação - aquilo que é próprio das mulheres. – porque não possuía mais óvulos. Esperar que uma mulher estéril tivesse um filho seria esperar que um rapaz engravidasse e parisse. Seria acreditar que, de um ovo que não existe – nem dentro e nem fora da galinha –, nascesse um pintinho. Seria aguardar que nas dunas do deserto surgissem rios e florestas. A Natureza tem suas leis e ciclos; não pula etapas, não volta atrás, não se desvia do caminho, não atrasa nem adianta feito relógio quebrado.

3- Sim, Deus Verdadeiro poderia ter feito milagre, mas... Por que o faria? Se fosse para Sara ter filhos, ELE os te-

ria dado na idade certa. Se aquele casal tivesse por missão ser pais de todos os judeus, ela nunca seria estéril. Se Deus de Verdade a fez infecunda é porque Sara não ia ser mãe e fim! Do jeito como conta a história, é mentira descarada que ela tivesse a missão de ser mãe de todos os judeus. Mas Moisés elegeu Abraão “pai” dos hebreus e quer de todo jeito, que ele tenha um filho dentro do casamento,

não importando quão ridícula possa ser esta história.

**********

67

7711-- O deus falou que havia escolhido Abraão e descendência para que guardassem o caminho do Senhor e praticas-sem a justiça e o juízo. (18. 19).

Comentário: Como fazer justiça, como ser imparcial quem foi mentiroso e ladrão no caso faraó? Quem foi perverso e injusto no caso Agar? Quem foi desonesto e cruel com Ismael, seu próprio filho, conforme veremos adiante?

2- O deus que visitou Abraão disse ter escolhido Abraão e descendência para... Um momento! A qual descendência Jeová fez referência, se Abraão não tinha nenhuma? O filho que lhe nasceu

era com uma escrava, mas Sara, a esposa, não o aceitou como filho; por isso, não foi tido como descendência. Mas o deus Jeová não sabia disso! Ele deve ter ficado morrendo de vergonha quando falou em descendência e

Abraão explicou em voz baixa, que o único filho que tinha era com uma serva. Foi então que o deus ficou pálido, per-deu a fala, tossiu pra disfarçar, deu uma risadinha amarela e falou que Abraão teria descendência, pois Sara teria um filho... Teve de remendar como pôde né?

Os homens transformaram Deus em mentira. (Rom: 1. 25)

Ah, falando em filho com uma escrava, lembrei! O leitor recorda de uma passagem lá atrás, que não foi comenta-

da, onde Abraão reclamava por não ter tido descendência. A passagem é a seguinte: Dizia Abraão: Continuo sem filhos, não me concedeste descendência. Eis que um servo de minha casa, o damasce-

no Eliezer será meu herdeiro. (15: 2) Lembra? Pois só agora me caiu a ficha. É possível que este menino, o Eliezer, fosse filho de Abraão com outra serva. Sim, ele não protegeria serviçal ne-

nhum; não legaria seu nome “honrado” e sua fortuna a um escravinho qualquer, a pessoa de classe inferior à sua. Pois nem o Ismael, que era reconhecidamente seu filho, Abrão fez herdeiro.

**********

7722-- “Os homens de Sodoma eram maus e pecadores”. (13. 13).

Comentário: Aqui Moisés aproveita a visita do deus e passa a outro assunto, pois deseja afastar do caminho

também o Ló... Lembra dele? Aquele sobrinho, único parente que sobrou a Abraão depois da morte de Taré. Ló apareceu na bíblia pela primeira vez quando veio de Ur naquele grupinho: o Taré mais o filho Abraão, a nora

Sara e ele próprio, Ló, que era neto de Taré e sobrinho de Abraão. Lembrou? Pois Ló e seus descendentes poderiam vir a reivindicar parte na “herança” do deus, desde que ele era

o único parente de Abraão. Eram parentes chegados; Ló esteve no Egito acompanhando o casal Abrão e Sarai, por ocasião de grande estiagem na terra dos cananeus, onde habitavam. Foi aí que Sara se deitou com o faraó em troca de tesouros fabulosos, os quais enriqueceram tanto Abraão, quanto Ló.

Depois disso, Ló e Abraão se separaram, uma vez que estavam tão ricos tão cheios de grana, de gado e de es-cravos, que uma só terra não podia sustentar tanta gente e tantas manadas. Foi quando Ló se estabeleceu em So-doma, enquanto Abraão voltava para as terras dos cananeus.

A seguir, não se falou mais em Ló. Agora, porém, Moisés quer descartar este parente, deixá-lo fora da “herança” que o deus vem prometendo à “família eleita”; daí resolveu contar uma história onde Ló e descendentes ficarão de-serdados para sempre amém, sem direito às terras que Jeová afirma distribuir aos seus protegidos.

A história que envolve Ló é longa e estranha. Só pra lembrar, ele foi morar em Sodoma – e é em Sodoma que vamos encontrá-lo agora. Deixe-me repetir o versículo a ser comentado:

“Os homens de Sodoma eram maus e pecadores”. (13. 13). Moisés não diz que alguns homens de Sodoma eram pecadores. Diz que todos eles eram depravados e maus. Moisés enfeixou-os todos num só balaio, esquecendo-se que ali no meio havia criancinhas que, certamente, agiam de modo peculiar, sem estar contaminadas pelos costumes dos mais velhos. E será que todas as mulheres do lugar eram também pervertidas? Até que ponto homens, mulheres e crianças eram corrompidos sexualmente, conforme Moisés afirma de modo velado?

Ah, sim, desculpe, leitor! Mesmo que as mulheres sodomitas fossem umas santinhas, com olhar atoleimado imóvel em direção ao céu, lírios brancos nas mãos, coroinha e tudo, o Moisés não daria o braço a torcer. Para ele, mulher não era santa, nem gente, nem animal, nem objeto.

**********

68

7733-- Tendo se levantado, os homens partiram e chegaram a Sodoma. Abraão foi com eles para encaminhá-los. (18: 16).

Aí, o Senhor ficou na dúvida: contava ou não a Abraão o que estava por fazer? E, por fim, decidiu contar, desde que Abraão havia sido escolhido para guardar o caminho reto da justiça e do direito. (18: 17 a 19).

E contou: “O clamor de Sodoma e Gomorra se multiplicou. Descerei e verei se, o que têm praticado corresponde ao clamor que vem até mim; se assim não for, sabê-lo-ei”. (18. 20 e 21).

Comentário: Os homens foram a Sodoma; mas isso não ficou bem explicado, porque neste ponto da narrativa, não

se sabe se foram os quatro – o deus, os dois anjos e Abraão – ou se foram somente os anjos, porque depois, na hora do bafafá, somente os anjos se encontravam em Sodoma.

2- Abraão ia com eles pra ensinar-lhes o caminho!

Eita deus inocente! Não sabia ao menos onde ficava a cidade que estava para destruir, necessitando de guia hu-mano! E se errasse o caminho e destruísse a cidade errada?

E este é o deus que Moisés nos apresentou como criador dos céus e da terra!

3- E, por cima, ficou na dúvida: contava ou não contava a Abraão o que estava por fazer? Barbaridade! Além de sem poderes, era indeciso! Haverá coisa pior? E este é o deus que Moisés quer nos enfiar goela abaixo, como “o todo poderoso”!

4- Jeová precisava ouvir clamor para saber que algo estava errado! Ele precisava descer para ver se, de fato es-

tava ocorrendo conforme lhe contaram! Ele não via tudo? Não sabia tudo? Se não via nem sabia, também não ouvia clamor nenhum.

As características de Deus Verdadeiro são: Onipotência = tudo pode, tudo controla, tem capacidades ilimitadas. Onipresença = está presente, simultaneamente, em todos os lugares e em cada um de nós. Onisciência = conhece todas as ciências; é o saber absoluto, a inteligência universal que tudo sabe e tudo vê. Universalidade = é o mesmo para todos os povos, único para todos os lugares do universo.

Daí ser heresia o simplesmente admitir como correto o fato de Deus Verdadeiro não saber o que estava aconte-

cendo e precisar se apresentar “pessoalmente” ver de perto para ter certeza. Seria ofensa atribuir a Deus Verdadeiro tanta pequenez, se ELE se ofendesse com tanta asneira. Em Sodoma, os homens agiam às claras, em conjunto, sem se esconder e, mesmo assim, o deus não sabia o

que acontecia por lá! Ocultar-se-ia alguém em esconderijo, de modo que eu não o veja? (Jer. 23: 24).

5- Vamos analisar com lupa de aumento estas afirmações: Os homens de Sodoma eram maus e pecadores. (13. 13).

O clamor de Sodoma e Gomorra se multiplicou. Descerei e verei se, o que têm praticado corresponde ao clamor que vem até mim; se assim não for, sabê-lo-ei. (18. 20 e 21).

Clamor = gritos tumultuados de reprovação, de descontentamento; queixa. Assim diz o dicionário; portanto, há algum erro na afirmação bíblica porque, veja bem: Se os moradores fossem todos maus e pecadores, ninguém clamaria, ninguém reprovaria, ninguém clamaria por-

que estariam todos praticando os mesmos atos pecaminosos de livre vontade e nenhum haveria de se queixar. E, inversamente: Se havia clamor, é porque nem todos os moradores de Sodoma e Gomorra eram maus e peca-

dores. Os que clamavam eram virtuosos e estavam insatisfeitos com o desregramento dos demais. Moisés mentiu ao dizer que todos em Sodoma e Gomorra eram maus e pecadores, ou terá mentido quando disse

que havia clamores por causa do pecado da população? Em algum momento Moisés mentiu!

********** 7744-- O deus ficou ao lado de Abraão enquanto aqueles outros dois – os “homens - anjos” – partiram para Sodoma. E Abraão tentou convencer Jeová para não destruir os sodomitas, dizendo: “Destruirás o justo com o ímpio? Longe de ti o fazeres tal coisa. Fará injustiça o Juiz de toda a terra?” (18. 22 a 32).

69

Comentário: Jeová não desceu para ver se os clamores que subiam até ele tinham fundamento? Por que agora

ficou de longe junto a Abraão, enquanto os outros dois foram saber o que acontecia? Do jeito como são anêmicos os poderes deste deus, é preciso chegar pertinho e ver com os próprios olhos senão,

não chega a conclusão nenhuma.

2- Abraão tentando sossegar Deus Verdadeiro? Larga mão disso, cara! Um homem teria maior clareza de raciocínio que o próprio Deus? A criação seria melhor

que o criador? Um ser inferior daria conselho a um superior? Se o desse, o superior não seria superior.

Quem conheceu a mente do Senhor? E quem terá sido seu conselheiro? (Rom: 11. 34 a 36).

Boas perguntas! E, para boas perguntas, boas respostas: Nem Abraão e nem ninguém foi conselheiro de Deus Verdadeiro, que ELE não é essa coisa frágil e tola descrita por Moisés.

3- Como é que pode um deus que escolhe um humano para que pratique a “justiça e o direito” (nota 71) não ter

equilíbrio ele mesmo, desconhecer a justiça e se exceder? O próprio deus que falou para o Caim, quanto à vontade de destruir um único ser humano: “A ti cumpre dominar teus desejos” (nota 20), Agora não consegue se dominar quanto aos desejos de destruir todos os habitantes de quatro cidades: Sodoma,

Gomorra, Adama e Seboim! (Dt. 29: 22).

4- Ou aquele deus que ali chegou não era deus nenhum? Quem seria? Um finório que por ali passava e se aproveitou da boa hospitalidade?

5- E tem uma coisa que não encaixa: o deus ia destruir as cidades por causa dos moradores que agiam de manei-

ra oposta ao bem. No entanto, se a cada vez que os humanos se excedessem em atos contrários àqueles considera-dos aceitáveis, Deus Verdadeiro acabasse com tudo, ia ser um tal de destruir cidades e humanidade inteira... Terete-tê, a cada cem, duzentos anos, ia todo mundo pras cucuias. Mas Deus Verdadeiro sabe que só o tempo e o sofri-mento melhoram o homem; sabe que a eternidade é longa e há tempo demais para que os homens se humanizem.

E Deus Autêntico sabe também que a morte do corpo não resolve o problema, pois, o espírito não morre.

Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. (Mat: 10. 28)

Morto na carne sim, mas vivo no espírito. (Pd: 3. 18) Neste caso, por que matar os moradores daquelas cidades? Não seria melhor mandar alguém ensinar o certo, as-

sim como fez quando mandou o Mestre Jesus? Tá certo que o crucificaram, mas os ensinamentos perduraram, vara-ram os milênios e continuam atuais, estando começando a dar frutos somente agora, depois de dois milênios.

6- Outra consideração: Jeová não conhecia as almas que estava colocando naquelas cidades? Se os conhecia, foi

muita burrice haver colocado os ruins tudo junto, num mesmo espaço, numa mesma cidade. Poderia ter esparramado eles pelo mundo que, assim, sua influência negativa seria diluída entre os bons... Se é que havia gente boa...

E, se não conhecia a índole das pessoas que nasciam naquelas cidades, que deus era ele? Foi preciso esperar nascer e crescer, pecar, ver a natureza dos pecados pra depois tomar providências. Que “grande” deus!

********** 7755-- Os dois anjos – os que vieram com Jeová, mas que foram sozinhos para Sodoma – chegaram à cidade e ficaram hospedados na casa de Ló. Lavaram-se e jantaram, mas, antes que se deitassem, os moradores de Sodoma chamaram por Ló, pois queriam abusar dos visitantes. O dono da casa não permitiu, mas os homens queriam arrombar a porta.

Ló ofereceu à sanha dos moradores da cidade, as suas duas filhas: “Tenho duas filhas ainda virgens, eu as trarei; fa-zei o que bem quiser com elas, mas a estes homens nada façais porque se encontram sob meu teto”.

Os dois anjos cegaram os homens que estavam lá fora e convidaram Ló e sua família a saírem dali, porque iam des-truir a cidade. De madrugada saíram Ló, sua esposa e as duas filhas do casal. (19. 1 a 15).

Comentário: Estes “anjos” não parecem anjos. Têm corpo físico; andam, lavam-se, comem, dormem e teriam sido

vítimas de agressão sexual, se Ló não os tivesse defendido. Não têm nada de angelical, assim como o deus que es-tava com eles. Mas parece que houve algo inusitado, como veremos na anotação seguinte.

70

2- Ló daria as filhas virgens em troca dos hóspedes! Isso cabe na sua cabeça, leitor? Imagine suas filhas – virgens

ou não – sendo estupradas dezenas de vezes e sendo mortas com certeza, para proteger dois desconhecidos que bem poderiam ser dois bandidos de passagem pela região.

No rodapé da página 55, a Bíblia de Jerusalém “explica” esta passagem: “A honra de uma mulher tinha, então, menor consideração que o dever de hospitalidade”. Isso é explicação que possa acalmar consciências? Não obstante, se nesta altura da narração, “a honra de uma mulher não tinha o menor valor”, veremos, lá adiante,

que as coisas mudam, quando se trata dos dodóis do deus: Jacó e seus filhos enganaram e mataram de maneira co-varde todos, absolutamente todos os homens de uma cidade inteira, para “salvar a honra” de Diná.

E, aí os exegetas “explicam” que a honra de Diná era muitíssimo importante; falam em “ultraje” e na vingança que foi “justa”. Balança desequilibrada quando Moisés pesa seus antepassados ante o resto da humanidade.

3- Eis que tenho duas filhas que nunca tiveram relações com um homem. Por favor, deixai-me trazê-las para vós.

Fazei com elas o que parecer bem aos vossos olhos (19: 8). Aí, uma contradição: Os homossexuais queriam se diver-tir com os “anjos”, por que Ló ofereceria mulheres quem preferia homens?

4- E diz o “texto sacro” que, ao raiar a aurora, os anjos tiveram de insistir com Ló para que abandonasse a cidade: “Levanta-te! Toma tua mulher e tuas filhas para que não pereças no castigo da cidade”. Por que saíram de madrugada? Por que não o fizeram imediatamente, logo após os anjos terem cegado os ho-

mens do lugar? Que providências demoradas foram tomadas naquele espaço de tempo entre o convite feito ao anoitecer e a fuga

propriamente dita, que aconteceu “ao raiar da aurora”? E, se os homens eram anjos, por que o Ló tinha de fugir para ser salvo, se anjo tem poderes para afastar perigos?

********** 7766-- Como a família de Ló se demorasse, os dois anjos pegaram-nos pela mão a ele, sua mulher e as duas moças; tira-ram-nos e os puseram fora da cidade. (19. 16).

Comentário: Algo estranho parece ter se passado e a gente vai analisar: De mãos dadas, dificultariam ainda mais a saída por não poder correr livremente em meio à escuridão da madru-

gada ainda porque, para andar depressa ou correr, ninguém precisa estar de mão dada com ninguém – exceto crian-ças.

Quem morava na cidade eram Ló e família; os “anjos” não. Assim, quem conhecia bem o terreno em que pisavam eram Ló e família; os “anjos” não. Como foi que os “anjos” conduziram os outros pela cidade – e não o contrário?

2- “os dois anjos pegaram-nos pela mão... tiraram-nos e os puseram fora da cidade”. Como teriam tirado a família e posto fora da cidade? A impressão que fica neste trecho: “tiraram-nos e os puseram fora da cidade”, é que foi muito fácil colocar a famí-

lia em segurança; parece que os visitantes pegaram a família pela mão e voaram para fora da povoação. Ou que desmaterializaram a família num lugar e a materializaram noutro local.

Aqui não tem nada de divino: Caso tenham corrido, é obra humana; caso tenham volitado, é obra de extraterrestres, porque Ló não era digno de

ser socorrido por seres angelicais, considerando sua participação no episódio com o faraó, onde demonstrou ser um vigarista que enriqueceu ilicitamente.

Por extraterrestres... É possível. Há de tudo neste mundo, assim como há Ets positivos e negativos.

********** 7777-- Lá fora, disse um dos visitantes: “Não olhes para trás, nem pares; foge para a montanha, para que não pereças”.

Ló respondeu: “Não posso ir para a montanha, pois temo que o mal me apanhe e eu morra. Eis uma cidade onde pos-so me refugiar. Ela é pouca coisa, permite que eu fuja para lá e lá viverei”. Um dos homens disse: “Dar-te-ei mais esta graça: não destruirei a cidade da qual falas. Apressa-te, refugia-te nela, pois nada posso fazer enquanto não tiveres che-gado lá”. Quando o sol se erguia sobre a terra, Ló entrou na cidade chamada Zoar (ou Segor). Então o Senhor fez cho-

71

ver enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra e morreram todos os seus moradores. A mulher de Ló, porém, olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal. (19. 17 a 26).

Comentário: Juntemos a primeira e a última oração do texto:

Não olhes para trás, nem pares; foge para a montanha, para que não pereças. A mulher de Ló, porém, olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal.

Se os visitantes fossem seres celestiais, Ló e família poderiam ter olhado para trás tranqüilamente, desde que an-jos de verdade tinham suficientes poderes para neutralizar algum mal que pudesse vir. Qual a relação entre o “olhar para trás” e a vida deles? Que perigo pode haver para a integridade física, o simples ver de longe um fato ocorrer?

E qual de nós, pessoas do século XXI, mais disciplinadas que aquela da distante antiguidade, sabendo que nossa cidade está sendo destruída, suportaria fugir sem uma olhadela para saber o que está acontecendo?

Ah! Olharíamos sim! É difícil crer que alguém vencesse a tentação; e é difícil acreditar que haja quem recrimine e castigue tão duramente aquela que voltou o olhar em direção ao lar e às filhas casadas que lá ficavam. Afinal, a natu-reza humana é imperfeita e Deus Verdadeiro sabia disso muitíssimo bem.

Aquele que estiver sem pecado, que atire a primeira pedra. (João: 8. 4 a 7).

Fica a certeza de que o deus de Moisés não é o mesmo Deus Verdadeiro apresentado por Jesus, porque a dife-rença é marcante. Enquanto o primeiro agia feito criança mexilona, curiosa, ignorante e perversa, o outro ensina co-medimento, bondade, modéstia, equilíbrio – virtudes que o deus mosaico nem sonhava que pudessem existir.

2- Se o descrito ocorreu de fato, certamente os visitantes eram seres extraterrestres que usaram naquelas cidades

algum produto, cujo fogo produzido tivesse como efeito colateral: transformar o corpo de quem o fixasse em substân-cia pétrea, a partir da retina. Ou então, a mulher de Ló ficou “petrificada” de medo, teve um colapso mortal e o caso passou para a história como se ela tivesse virado pedra no sentido literal.

Sei que você dirá: Ah, mas ela desobedeceu. Meu querido, o impossível é crer num ser divino que mata por uma coisa tão insignificante quanto olhar para trás

numa circunstância daquelas. Você não olharia caso acontecesse com você? Eu olharia, não tenha dúvida.

O Filho do homem veio para salvar os homens – e não para destruí-los. (Luc: 9. 56).

3- A mulher de Ló, porém, olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal.

A bem da verdade, ela não estava desobedecendo a ordens; olhou para trás num impulso interior, num ato mecânico, até mesmo devido ao instinto de sobrevivên-cia e isso jamais poderia ser considerado “pecado”, ainda mais numa situação a-flitiva daquelas.

Se alguém for surpreendido em falta, corrigi-o com brandura e guarda-te para que também não sejas tentado. (Gal: 6. 1)

4- E como saber que a mulher virou sal? Poderia ser açúcar. Ou farinha.Em

última análise, teria se transformado em defunto puro e simples. Talvez a apa-rência fosse sal, mas quem voltou para ver? Quem comeu um bocadinho para saber que gosto tinha? Moisés contou a história em poucas palavras e passou adiante, sem se deter nos pormenores que trariam luzes sobre o fato. Parece, no entanto, que o “escritor sagrado” não queria trazer luz nenhuma sobre o fato e sim, não estava nem ligando para o que pensasse quem lesse tanto besteirol. Ou, ele queria mesmo obscurecer o fato, para aumentar o “poder” do deus dele.

Mais uma pergunta que mostra que mentira de Moisés: Em nenhum lugar ele escreve que Ló e as filhas voltaram pelo caminho percorrido à procura da mulher. Não, não voltaram e acabaram se estabelecendo numa caverna distante.

Leitor se fosse sua mãe que tivesse se perdido no caminho, você não voltaria para procurá-la, mesmo que fosse uma semana depois? Sim, voltaria, mas em se tratando da “história sagrada”, a mulher sumiu, ninguém ligou, nin-guém voltou, num claro desmentido às reais atitudes que as pessoas tomariam em caso semelhante.

5- Para percebermos a inventividade do fato, vamos voltar um tantinho: imaginemos as cenas, levando em consi-

deração que nenhum integrante do grupo podia olhar pra trás:

a) Os quatro estavam correndo um ao lado do outro. A mulher, num dado momento, sumiu da área de visão dos outros. Como saber que ela virou estátua, se era proibido olhar para trás?

b) Vamos que ela, cansada demais, tenha parado para tomar fôlego e o fogo que alcançou a cidade a atingiu também. Neste caso, ela virou carvão – e não sal. Ninguém sabe ninguém viu, ninguém olhou para trás.

Formação rochosa faz com que turistas sejam levados a crer tratar-se da mulher de Ló transformada em estátua de sal.

72

c) Mas veja como esta situação é impossível: Estando correndo um ao lado do outro, no exato momento em que a mulher desapareceu do campo de visão dos demais, será que nenhum deles, por puro instinto, não virasse a cabeça à sua procura? Ah, olharia sim. Ló e filhas olhariam. E todos se transformariam em estátua.

d) Outra situação: Poderiam estar correndo em fila indiana, de acordo com as possibilidades físicas: as moças na frente, por serem mais ágeis; Ló em seguida e, por último, a mulher. Estando no fim da fila, como os outros poderiam saber que ela olhou para trás? Como saber em qual momento deixou o grupo e por qual motivo o fez, se nenhuma cabeça se virou para procurá-la?

e) O que Moisés escreve é que em algum ponto ela se separou dos companheiros; de resto, são conjeturas.

6- A bíblia da Editora Paulus, ao se referir à estátua em questão, mostra que os pios exegetas mantiveram o juízo,

pois não tiveram a coragem de se expor ao ridículo arriscando uma justificativa. Dizem eles, à página 56:

“Explicação popular de uma rocha de forma caprichosa ou de um bloco salino”.

Aplausos para esta neutralidade que não os compromete. Na bíblia das Paulinas, no entanto, a conversa é outra e os exegetas conseguiram a seguinte explicação:

Não se pode duvidar da realidade deste fato, ainda que ignoremos a maneira exata de sua realização. A mulher olhou para trás contrariando a ordem do anjo e foi punida com a morte; seu cadáver, devido às incrustações salinas daquela região onde existem verdadeiras montanhas de sal, pôde ser petrificado facilmente.

E perguntamos aos que deram estas últimas explicações:

Podem os senhores indicar em qual lugar do mundo, mesmo onde existam montanhas de sal, um cadáver se pe-trifica facilmente, transformando-se em pedra de sal? Será que nas salinas os defuntos se transformam em sal tam-bém? Neste caso, é possível que estejamos temperando nossa comida com cadáveres de trabalhadores das salinas.

7- Ló confessou-se com receio que o mal o apanhasse e ele viesse a morrer. Que mal era este com poderes de apanhá-lo à distância? E como sabia ele que o mal era tão abrangente?

8- Atenção para estas palavras: “Apressa-te, pois nada posso fazer enquanto não tiveres chegado”. O que impedia os “anjos” de destruir as cidades estando a família no campo, já longe o suficiente? Ou a presença de seres humanos dificultava a atividade que tinham a desempenhar? Teriam deixado na cidade

alguma espécie de bomba, cujo controle remoto não poderia ser acionado em presença de pessoas leigas?

9- Que urgência era esta, por que tamanha correria, se as cidades poderiam ser destruídas ao meio dia, ou ama-

nhã, ou na próxima semana? Os “anjos” já sabiam o suficiente sobre o povo que as habitava e já haviam decidido destruí-las; por que a urgência? Medo de algo ou de alguém?

Ou a bomba deixada seria uma espécie de bomba-relógio com hora marcada para explodir e, daí a pressa?

10- Então o Senhor fez chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra e morreram todos os seus moradores. Como saber que o que destruiu as cidades foi fogo e enxofre, se as testemunhas não olharam para trás? E co-

mo se soube que choveu – isto é, que veio de cima a destruição –, se os três sobreviventes não puderam olhar e quem olhou virou sal e não pôde contar? A destruição poderia ter vindo do seio da cidade, de algum aparelho previ-amente colocado na casa do próprio Ló, naquele espaço de tempo entre o convite para a fuga – no começo da noite – e a fuga propriamente dita – de madrugada.

11- Mais uma dúvida: Os “anjos” estiveram na casa de Ló em Sodoma, mas as cidades destruídas foram quatro:

Gomorra, Sodoma, Adama e Seboim. Eis a minha suspeita: se eles estiveram somente numa das cidades, como sa-ber se também as outras mereciam ser detonadas? Vá que os habitantes destas outras cidades não fossem depra-vados semelhantemente aos de Sodoma? Morreram assim mesmo, sem o merecer?

12- E que fim levaram os visitantes? Voltaram para as cidades em destruição? Desapareceram no ar depois de

saber que a família estava em segurança? Moisés não os menciona mais, como se sua importância tivesse acabado.

13- Se os visitantes fossem seres divinos a serviço de Deus Único, não precisariam de fogo para destruir coisa al-

guma; matariam os humanos simplesmente, sem destruir nem a grama do chão. Mas tudo foi arrasado: gente, cidade e mato. Estranho, né?

14- E, que detonação desusada era aquela para fazer um corpo humano virar sal? Estes fatos não combinam com

obra de anjos verdadeiros e não têm explicação, sem recorrer a seres interplanetários ou ao ridículo.

73

15- Veja o texto bíblico: Apressa-te, refugia-te nela, pois nada (eu) posso fazer enquanto não tiveres chegado lá. Então, o Senhor fez chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra. (19: 22 e 19: 24). As pessoas foram trocadas durante a narrativa. De início era eu; depois era ele, o Senhor. No final, ficamos sem

saber quem destruiu as cidades – os anjos ou o deus.

16- E ainda é possível que haja uma terceira versão. A primeira, que me parece impossível é que as explosões tenham sido obras do deus e dos anjos. A segunda é que tenha sido obra de extraterrestres com auxílio de algum aparelho. A terceira vem da explicação dos exegetas da Bíblia de Jerusalém, da Paulus:

O texto permite situar o cataclismo – um abalo sísmico acompanhado de erupção de gás – na região meridio-nal do Mar Morto. De fato, o abaixamento da parte sul do Mar Morto é geologicamente recente, e a região permane-ceu instável até a época moderna.

E dos comentaristas da Bíblia Sagrada, das Paulinas:

À ação dos agentes atmosféricos extraordinários devem ter se unido vastas combustões de betume, que im-pregnava o solo daquela região.

Estas notas mostram que nem todos acreditam piamente na “palavra sagrada”, uma vez que os próprios religio-

sos dão seu ponto de vista: o evento terá sido um fato natural – abalo sísmico com conseqüentes combustões de betume e explosões de gás – nada divino.

Se tudo não passou de fato natural, então a terceira versão é a seguinte: Os visitantes, que não passavam de humanos comuns bem mais cultos que os demais, previram o fenômeno e

trataram salvar-se, salvando também a família que os hospedou. Cadê o milagre?

********** 7788-- De madrugada, Abraão foi olhar para o lugar de Sodoma e Gomorra “e viu que, da terra subia fumaça, como a fumarada de uma fornalha”. (19. 27 e 28).

Comentário: As “sacras escrituras” garantem que a mulher de Ló virou estátua por ter visto a explosão. Se tal acon-

teceu, decerto o perigo estava no momento exato de acionado o controle remoto – e Abraão teria chegado pouco depois, quando teria passado o primeiro impacto.

2- Mas analisemos estas afirmativas, comparando-as:

Quando o sol se erguia sobre a terra, o Senhor fez chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra. A mulher de Ló olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal. (19. 23 a 26).

De madrugada, Abraão foi olhar para o lugar (19. 27 e 28).

A história não está bem contada, porque veja bem: A expressão “quando o dia nasceu” faz supor que o sol estava começando a botar os olhos pra fora; que seus raios já

eram sensíveis, que a escuridão estava desaparecendo, que o mundo já era visível. E a expressão “de madrugada” faz pensar nas últimas horas da noite, quando tudo está escuro feito veludo negro. A destruição das cidades começou quando o dia nasceu e Abrão viu o fato acontecer de madrugada – isto é, num

momento anterior ao próprio fato. Deu pra sentir a diferença? Mas vamos fingir que está tudo correto e vamos adiante:

3- Abraão apreciou o espetáculo inteiro. Ele chegou antes do início do episódio e viu tudo acontecer; observou o fe-

nômeno à vontade, muito mais demoradamente que a mulher de Ló e não virou estátua de sal. Por quê? Somente ela “pecou” e foi castigada. Por causa do quê?

4- Quando o sol se erguia sobre a terra, Ló entrou na cidade e o Senhor fez chover enxofre e fogo sobre Sodoma e

Gomorra e morreram os seus moradores. A mulher de Ló olhou para trás e converteu-se em estátua de sal. (19. 23 a 26)

Ora, se o sol estava se erguendo, muitas outras pessoas puderam ver o espetáculo desde que na antiguidade, as mulheres se levantavam muito cedo para as primeiras providências domésticas, o preparo do pão e o armazenamento

74

da água. Estavam todas à mesma distância de Sodoma: as pessoas da cidade e a mulher de Ló que, naquele momento, estava entrando na mesma cidade. Desafortunadamente, porém, só ela recebeu o castigo por ver o fato. Por quê?

**********

7799-- Ló e as filhas foram morar numa caverna distante. Morando numa caverna longe da civilização, as moças não tinham como arranjar marido e ter filhos. Planejaram ter filhos do próprio pai (!).

Embebedaram-no por duas noites seguidas e, a cada noite, uma delas se deitou com Ló, sem que ele se lembrasse do fato na manhã seguinte. “Assim, ambas conceberam do próprio pai”.

A mais velha teve um filho e deu-lhe o nome Moabe. A mais nova teve um filho e o chamou Bem-Ami. Moabe deu origem aos moabitas; Bem-Ami deu origem aos amonitas (19. 30 a 38).

Comentário: Incesto! O deus, “poderoso” como era, bem que podia ter arranjado marido pras moças. Afinal, Ló

era protegido e sobrinho do maior dos dodóis. Vamos relembrar os fatos: Ló veio no mesmo grupo de Abraão, quando este fez sua aparição na bíblia. Ló era tão importante, que mereceu longas citações nas narrações de Moisés. Ló foi para o Egito com Abraão e também enriqueceu ilicitamente, com a permissão do deus. Ló foi raptado por rei inimigo, mas resgatado por Abraão e 318 de seus homens. Ló foi amplamente protegido e poupado na destruição de Sodoma. Nota-se, pois, que Jeová, o deus daquela família tinha certa quedinha por Ló. Ora, se Ló era merecedor de tanta atenção, por que Jeová não providenciou dois genros pra ele? Para quem des-

truiu cidades e salvou uma família, seria extremamente fácil trazer dois rapazes para se casar com as raparigas. Mas não fez! Como pôde permitir que elas mantivessem relações com o próprio pai e dele tivessem filhos?

Já foi dito, em toda a longa epopéia da “eleita família hebréia”, Jeová conseguiu modificar o nome de três pessoas e mais nada! Nem arranjar um “bom partido” para as meninas ele conseguiu. Nem um “mau partido”. Partido nenhum!

2- Jeová não tomou providência no sentido de arranjar marido para as moças – mas “amaldiçoou”, eternidade afo-

ra, os bebês que nasceram destas uniões incestuosas e sua prole. E pronto! Aqui está Moisés descartando Ló e descendência das terras que vai “herdar” do deus! Eita Moisés sa-

cana! Virou, mexeu e arranjou um jeito de fazer a posteridade de Ló ser amaldiçoada! É que Jeová, por ser um deus certinho, justo e honrado, não suportava incesto!

Teremos oportunidade de ver, mais adiante, que moabitas e amonitas – descendentes de Ló com as filhas – tive-ram suas terras invadidas por Moisés e seus fugitivos.

E, como Deus Autêntico não amaldiçoa seja Caim, Cão, Canaã, Ló, ou filhos de Ló, conclui-se que, em verdade, este incesto foi um jeito sutil do Moisés justificar a invasão às terras dos descendentes de Ló, o qual pegou carona na preferência do deus. Tipo assim:

Filhos de incesto não têm direito a terras produtivas; estas terras serão de Moisés que, ele sim é gente fina, gente boa, civilizado, bem nascido, de origem pura!

3- Os beatos padres estudiosos da bíblia da Paulus fazem um comentário interessante:

“Assim como Tamar, as filhas de Ló não são tidas impudicas. Elas querem, acima de tudo, perpetuar a raça.”

Grande coisa! As moças são boazinhas, agiram com boas intenções, não são libertinas, mas os filhos delas per-derão suas terras por serem frutos de incesto. Para o deus, as puras intenções não têm o menor valor.

Os carolas exegetas compararam as filhas de Ló a Tamar, viúva que vai aparecer nesta história, mais adiante.

Ah! Quer saber? Tamar vai aparecer agora, porque vou abrir parênteses e justificar a presença dela aqui: Esta senhora era viúva e induziu Judá, seu sogro, a manter relações íntimas com ela; destas relações ilegítimas,

nasceram dois meninos gêmeos. O dormir com o sogro também será motivo de excomunhão pelo deus de Moisés, com uma ressalva: o sogro de

Tamar é Judá, um dos doze filhos de Israel, um dos formadores das doze tribos de Israel. Então, pode.

Percebeu a diferença? Segundo os críticos bíblicos, nenhuma das três mulheres errou; nenhuma foi considerada impudica, nenhuma li-

bertina, pois a intenção, nos dois casos, foi dar continuidade à família. Só que os filhos de Ló perderão suas terras, como castigo. E os filhos de Tamar vão entrar de posse das mesmas terras.

As mulheres são iguais, mas diferentes. Motivo da discriminação? Simples! Ló, filhas e seus filhos são parentes distantes de Moisés, enquanto que os filhos de Judá com Tamar virão a ser

netos de Israel, o formador, por excelência, do povo de Moisés. Só por isso.

75

Leitor, não esquenta a cabeça em guardar dados e nomes, que tudo isso a gente vai ver bem de pertinho, quando chegar a hora. Eu nem ao menos estou antecipando os fatos – só estou comparando lances, para que você perceba o quanto de desonesto foi Moisés, o inventador de tantas caraminholas.

E... Ah! Lembrei uma observação que vai bem aqui. Prepare-se, que é verdadeira bomba! Das relações ilícitas entre Tamar e o sogro, nasceram Zera e Perez, filhos de incesto e, por isso, tinham de ser

“deserdados” pelo deus Jeová, que “não suportava” gente impura. No entanto, foi tão abençoada a descendência de Perez, que dela nasceu o maior de todos os que pisaram neste solo, o Divino Mestre Jesus o maior de todos os seres deste planeta!

Esta revelação é tão importante, que merece ser repetida: Jesus, o Cristo, o nosso Jesus amado, é oriundo de relações incestuosas entre Tamar e Judá, nora e sogro. Se tais vínculos de incesto fossem amaldiçoados por Deus Verdadeiro, Jesus teria de nascer noutra família. Vê-

se, portanto, que Deus Único e Autêntico não dá a mínima pelota pras conversas do deus inventado por Moisés.

4- Voltando ao assunto: Já fizemos comentário sobre, mas não custa repetir: Os exegetas disseram no rodapé da bíblia das Paulinas, quando se tratou da embriaguez de Noé: “Ignorando a força do vinho e não acostumado a bebê-lo, Noé foi superado pela embriaguez; sem culpa, porém”. No entanto, quando se trata da bebedeira de Ló – cujos filhos serão amaldiçoados para que suas terras passem a

Moisés – os mesmíssimos exegetas, no mesmíssimo exemplar da bíblia caem-lhe em cima, de pau: “Ló não pode ser inocentado da embriaguez, que leva à perda da razão”. Injustiça da mais sórdida para medir pessoas com os mesmos direitos. Todas as pessoas têm os mesmos direitos, mas nem todas são ascendentes de Moisés. Toma! Quem mandou não ser ancestral dele?

********** 8800-- Deixando os episódios de Ló e sua família, voltamos a Abraão, que viajou com Sara para Neguebe e moraram em Gerar. Lá, Abraão mentiu como fez no Egito: “Ela é minha irmã; e Abimeleque, o rei de Gerar, mandou buscá-la”. Deus, porém, veio a Abimeleque em sonhos de noite e disse: “Vais ser punido de morte por causa da mulher que tomaste, porque ela tem marido”.

Ora, Abimeleque ainda não a havia possuído e explicou que foi o próprio Abraão quem garantiu ser Sara sua irmã. E continuou explicando: “Com sinceridade de coração e na minha inocência foi que fiz isso”. E Jeová lhe respondeu no sonho: “Bem sei que, com inocência fizeste isso; daí o ter impedido eu de pecares e não permiti que a tocasses. Agora, devolve a mulher a seu marido, pois ele é profeta, intercederá por ti e viverás. Se, porém não a restituíres, certamente morrerás tu e tudo o que é teu”.

De manhã, o rei contou aos escravos o que lhe acontecera e, a seguir, chamou Abraão: “O que é isso que me fizeste? Em que pequei contra tu para trazeres tamanho pecado sobre mim e meu reino? Tu fizeste o que não se deve fazer. Que estavas pensando ao fazer tais coisas?”.

E o Abraão respondeu que tinha medo de morrer por causa de sua mulher e que por isso havia mentido. (20. 1 a 11).

Comentário: Sem comentário. Mas é impossível deixar em branco:

Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? (Rom: 2. 22).

2- Abraão ofereceu Sara como amante ao rei, enganando-o e pedindo riquezas em troca, como fez no Egito, com

o faraó. A ausência de decência é indiscutível, tanto em Sara quanto em Abraão.

A falta de pudor, toda impureza ou cobiça, nem sequer nomeie entre vós, como convém aos santos. (Ef: 5. 3)

Aquele que pratica maldade contra seu irmão procede do diabo. (1-João: 3. 8)

3- E percebe-se a ausência de culpa de Abimeleque quando se estabeleceu este diálogo: “Com sinceridade e na minha inocência foi que fiz isso” Ao que o deus respondeu: - “Bem sei que com inocência fizeste isso”. Ora, se Jeová sabia do problema, por que deixou que o rei fosse enganado?

76

E por que não apareceu também ao faraó naquele primeiro episódio? Ao faraó, porém, puniu com “grandes pra-gas”, sabendo que ele também era inocente (notas 46 e 47).

Se alguém disser: ‘Amo a Deus’ e trair seu irmão, é mentiroso. Aquele que não ama o próximo a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. (1-João: 4. 20)

És indesculpável quando julgas os outros, pois praticas as coisas que neles reprovas. (Rom: 2. 1).

4- Jeová protege a mentira, a traição, a falta de pudor, a imoralidade, a covardia. Será este o nosso Deus?

5- Veja leitor, que interessante: Na nota 71 quando, por ocasião da visita do “Senhor e os dois anjos”, o deus falou

que Sara teria um filho. Tanto Abraão quanto Sara duvidaram, pois Sara era tão velha, que nem tinha mais ovulação.

Na nota 67, quando o deus prometeu dar um filho a Sara, Abraão duvidou e falou consigo mesmo: “Sara dará à luz com seus noventa anos?”.

Portanto, Sara estava com noventa à época da visita do deus, estaria com muito mais de noventa nesta ocasião em que Abraão a ofereceu ao rei Abimeleque. Nesta idade, a maioria das mulheres não passa de velha caduca, de-crépita, franzida, encarquilhada, nariguda, desdentada, queixuda, pelancuda, seios flácidos e pendentes, cabelos brancos, pernas cheias de varizes – isso no 3º milênio, quando o belo sexo conta com as facilidades dos produtos de beleza, das massagens, do silicone, da cirurgia plástica, da lipoaspiração, das ginásticas, do botox, do bronzeamento artificial, dos deliciosos perfumes, dos etecéteras e tais.

Na época de Sara, a velhice seria bem mais cruel e acentuada. Em tal decadência física, como poderia atrair olha-res de desejos de algum homem e até do próprio rei, que teria a seus pés as mais belas jovens?

O Senhor destruirá o mentiroso, o sanguinário e o fraudulento. (Sal: 5.6)

6- Deus veio a Abimeleque em sonhos de noite e disse: “Vais ser punido de morte por causa da mulher que tomas-

te, porque ela tem marido. Ora, Abimeleque ainda não a havia possuído.”. Peraí! Uma coisa não se adapta! Se o deus veio ao rei de noite, em sonhos e este ainda não havia possuído Sara, é porque se deitou sozinho,

sem ela. Mas por que dormiria sozinho, se podia se deitar com a mulher recém adquirida, acabada de chegar? Boa pergunta! Vamos espremer a cachola descobrir outra mentira... Desculpe! Outra criatividade mosaica: É possível que, em audiência com o rei, Abraão tenha oferecido “sua bela e insinuante irmã” e contado tantas ma-

ravilhas, que despertou o interesse do outro, o qual aceitou o preço estipulado para possuí-la. Negócio fechado, ela chegou pro rei numa roupa esvoaçante, coberta dos pés à cabeça por um véu para esconder as rugas, a boca sem dentes, as grossas varizes, os seios e os braços com pelancas moles balançando. Mas o monarca que, se fosse ton-to não seria rei, exigiu que ela se descobrisse, considerando que tinha o direito de ver a mercadoria pela qual pagou caro. E o susto real deve ter sido grande ao ver a beldade acabada de ser adquirida. A raiva que o rei sentiu foi tão grande, que foi dormir sozinho, sem tocar a velha e, mal amanheceu, mandou chamar Abraão para desfazer o ne-gócio, pegar seu dinheiro de volta, visto que tinha sido enganado: o produto era saldo de péssima qualidade e, nem em liquidação encontraria quem se dispusesse a adquirir. O finório do patriarca, cuja fronte se encontrava guarnecida de extensões córneas, aceitou a esposa de volta, mas cobiçoso como era, não devolveu a quantia recebida.

Foi assim que se passou. Não houve deus aparecendo em sonhos ao rei, não houve aviso, nada disso. E o fato passou para a bíblia de maneira até bonitinha, distorcida e romanceada, como se o deus Jeová tivesse, em sonhos alertado o rei, o qual estava muitíssimo interessado em Sara.

Pena que o rei não tivesse registrado o fato sob seu ponto de vista para a posteridade. Interessante é que, certos podres, Moisés não procura esconder; sente até estranho prazer em relatá-los, como

se fosse grande mérito pertencer a família tão velhaca. Bem... Se relatasse só as partes lustrosas, talvez não houvesse o que contar.

Os injustos não herdarão o reino de Deus. Nem impuros, nem adúlteros, nem ladrões. (Cor: 6. 9 e 10) Estás fora heim, Abraão! Tu também, Sara! Até tu, deus!

********** 8811-- O Abraão explicou ao rei Abimeleque: “Por outro lado ela é, de fato, minha irmã, filha de meu pai, e não de mi-nha mãe; e veio a ser minha mulher”. (20. 12)

77

Comentário: Incesto! Além de covarde, mentiroso, ladrão, chifrudo e despudorado, Abraão cometeu incesto porque irmã é sempre irmã,

não importa se o é pela metade! Sobre este particular, vejamos o que Moisés escreveu, de próprio punho:

Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe. (Deut: 27. 22).

Se o homem se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe, cometeu mácula. Serão eliminados de seu povo. Quem descobre a nudez da irmã levará sobre si a iniquidade. (Lev. 20: 17).

Quando Moisés escreveu estas normas, havia esquecido que Abraão, o pai da sua raça, era irmão de sangue de

Sara, a mãe da sua raça. Esqueceu que o casal levava a iniquidade sobre si (Lev. 20: 17). Nem se lembrou que suas raízes eram frutos de incesto entre irmãos e que ele mesmo, descendente deste casal, era fruto de um par maldito (Deut: 27. 22) merecedor de expulsão da tribo (Lev. 20: 17), conforme a lei escrita por suas próprias mãos. Não cogitou que o pai de sua raça era um chifrudo e a mãe, uma prostituta que extorquia os amantes com a ajuda do marido.

Contudo, que ironia! O casal desavergonhado e incestuosos, ao invés de eliminado, veio dar origem ao “povo eleito”! Tá certo que foi eleito por um deus que não era Deus Autêntico; era um deus de mentira, um deus criado pe-la imaginação de um delirante. Que belo ponto de partida! Bonito casal foi escolhido para dar arrancada a um povo!

2- No caso de Ló (nota 79), os filhos do incesto serão desprezados pelo deus, como veremos ainda. No caso do Abraão, o filho que nascerá desta união – fruto de incesto também – será outro dodói do deus! Dois pesos e duas medidas sempre, sempre, sempre. Um peso e uma medida para a “venerável família”, outros

para as pessoas comuns. Quem pode entender a justiça e a retidão deste deus?

********** 8822-- E falou ainda Abraão ao rei: “Quando eu andava errante, disse a ela: Este favor me farás em todo lugar em que entrarmos; dirás a meu respeito: Ele é meu irmão”.(20. 13).

Comentário: Significa que não enganaram apenas ao faraó e a Abimeleque. Estavam acostumados a mentir!

Não enganarás teu próximo, nem o roubarás. (Lev. 19: 13)

Em quantos passaram a perna além do faraó e de Abimeleque, com inteiro consentimento do deus? Quantos ou-tros o casalzinho roubou e saiu dando risada? Quantos outros o deus castigou igual fez ao faraó e ao rei?

Será este o nosso Deus?

Quem é nascido de Deus não vive na prática do mal. (1-João: 3. 9).

********** 8833-- Abimeleque tomou ovelhas e bois, servos e servas e os entregou a Abraão, restituindo-lhe Sara. E deixou o casal morar no reino, no lugar que escolhesse. E disse a Sara: “Dei mil siclos de prata a teu irmão pelo que aconteceu contigo. Isso servir-te-á de véu sobre os olhos diante de todos os que estão comigo; eis-te reintegrada e, perante todos estás justificada”. (20. 14 a 16)

Comentário: 1 siclo = 14 gramas. Mil siclos = 14 kg! Quatorze quilos de prata, mais ovelhas, bois, escravos e escravas... Mais uma vez Abraão saiu carregado de riquezas! Mais uma vez foi desonesto. Para ser justo, deveria recusar as riquezas, considerando o tamanho do embuste que usou contra o rei. Mais uma vez ficou provado que era mentiroso e ladrão. E pensar que Jeová o escolheu “para que guardasse o caminho reto e praticasse a justiça e o juízo.” (18. 19).

O deus, Abraão, Sara... Um era digno do outro. Mais adiante Moisés, o relator desta saga, vai esquecer que Abraão foi hipócrita, mentiroso e ladrão e deixará gra-

fado de próprio punho a seguinte lei: Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade para com o seu pró-ximo. (Lev: 19, 11).

78

É melhor que sofrais praticando o bem, em lugar de serdes prósperos praticando o mal. (Pd: 3. 17)

2- E faz suborno! Negocia a esposa pra depois chantagear: Dá-me as riquezas que combinamos; devolve-me a

mulher e me dá mais riquezas, senão faço Jeová se vingar. Olha que eu sou brabo, heim? Rhã!

Vossas mãos estão cheias de sangue, vossos dedos cheios de perversidade. Vossos lábios falam mentiras, vossa língua profere maldade. Ninguém clama por justiça, ninguém deseja a verdade.

Confiam em nulidades, falam mentiras, produzem o mal e dão à luz a injustiça. (Is. 59: 3 e 4)

Leitor, estes versículos que coloco a cada passo são pérolas de luz colhidas na própria bíblia. Eu os escolhi para desmentir o narrador “sagrado” e mostrar o tanto de incoerência há nos seus escritos.

E, onde há incoerência não há verdade.

Quão dificilmente entrará nos céus o que tem riquezas! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no céu. (Luc: 18. 24 e 25).

O fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade (Ef: 5. 9).

3- Para eles, tudo era fácil demais, bastando que houvesse dinheiro em jogo. Veja bem: Sara foi oferecida ao rei pelo próprio marido e, ao invés de se sentir ofendida por servir de pasto aos

apetites de um estranho, aceitou de boa vontade. Em todas as épocas, o desnudamento do corpo para negociação tem sido prática desprezível por tratar-se de in-

sulto à consciência, violação ao próprio ser, ofensa à chispa divina que habita dentro de cada ente. Nenhum indivíduo vê com bons olhos a prostituição e, mesmo nos dias atuais, quando a moral e os bons costumes tornaram-se piadas, a entrega do corpo para atos licenciosos continua sendo um ultraje ao espírito. No tempo de Abraão não era diferen-te, porque mesmo naquela época distante, o sentimento de dever e a moralidade tinham voz imperativa dentro de ca-da coração porque, no peito de cada um sempre brilhou um pedacinho de Deus Verdadeiro.

No caso Sara e Abimeleque, no entanto, ela foi “reintegrada e justificada” perante o público, como se isso fosse possível! Como se o público daquele período fugisse aos padrões normais; como se bastasse o retinir das moedas douradas para que o povo deixasse de fofocar, deixasse de se deliciar com aquele prato cheio; como se, em se tra-tando da intocável Sara, tudo pudesse ser feito, desfeito e apagado sem deixar marcas na memória da população.

Os exegetas das Paulinas afirmam que Sara saiu pura desta história e justificam que, por causa do enorme te-souro que o casal recebeu, foi fácil apagar, perante os outros, a mácula que poderia cair sobre ela pelo fato: ‘Estas riquezas que entrego ao teu irmão mostrará a todos que tua honestidade não sofreu dano e que tua honra será resta-belecida’. (página 41).

Os intérpretes sagrados têm a obrigação de acreditar! Eles têm o dever de fechar os olhos a tudo que possa en-volver negativamente as “santas raízes” de Moisés!

Mas eu não tenho! Não fiz juramento nenhum. Não sou cúmplice do erro, não me interessa ir para o céu dos co-vardes e, por isso, acuso! Acuso este casal bíblico de velhaco, despudorado e ladrão! E estou à espera que me pro-vem através da própria bíblia – e não dos seus derivados – que Abraão e Sara foram mais limpos que pau de gali-nheiro. Quero que me mostrem em qual passagem este casal demonstrou justiça e retidão. Que me provem que o di-nheiro é capaz de silenciar consciências bem formadas.

4- Sara foi a galinha dos ovos de ouro de Abraão. Foi por causa dela que Abraão se tornou o milionário descomu-

nal com lugar cativo na bíblia porque, por si mesmo, pelo próprio trabalho, próprio valor e próprias virtudes, Abraão não teria conseguido uma linha sequer no “livro dos livros”.

Foi a esposa quem impulsionou o primeiro dos patriarcas hebreus para o alto, para fora do anonimato. E mulher não tinha valor, não servia pra nada. Imagine se servisse!

********** 8844-- E, orando, Abraão curou Abimeleque, sua mulher e servas, de sorte que elas pudessem ter filhos, porque o Senhor havia tornado estéreis todas as mulheres da casa de Abimeleque, por causa de Sara. (20. 17 e 18)

Comentário: Aí, o deus perdoou a vítima! Que interessante! Se bem me lembro, o castigo por haver “pecado” contra o casal seria a morte. Morte para o rei

e para tudo o que a ele pertencesse. Vejamos de novo este pedacinho só pra ver se estou errado:

79

“E Jeová lhe respondeu no sonho: ‘Bem sei que, com inocência fizeste isso; daí o ter impedido eu de pecares e não permiti que a tocasses. Agora, devolve a mulher a seu marido, pois ele é profeta, intercederá por ti e viverás. Se, porém não a restituíres, certamente morrerás tu e tudo o que é teu”. (20. 1 a 11).

Ah, eu não estava errado. O castigo era este mesmo: a morte. Agora, porém, o castigo é outro: esterilidade para todas as mulheres do palácio. O homem da casa farreia, bebe e come, bagunça o coreto e quem recebe castigo são as mulheres! Grande justiceiro este deus!

2- O rei foi enganado, nem chegou a tocar em Sara e, mesmo assim, veio o castigo!

3- Depois de receber aquela riqueza toda, Abraão contou cada moeda, contou cada cabeça de gado, contou os

escravos e se sentiu satisfeito. Em seguida, com muita fé no coração, caiu de joelhos em terra e orou fervorosamente pedindo pela felicidade do rei.

O deus atendeu àquele pedido, invalidando o castigo de Abimeleque, da família e das servas. Inacreditável como Abraão é poderoso! Difícil crer como ele carrega Jeová embaixo do sobaco! Consegue aplacar

a ira “divina” e anular castigos por ele aplicados! E incrível como o deus atende ali, na mesma hora aos “rogos” de um mentiroso, ladrão, covarde, estuprador, chantagista, impudico, alcoviteiro, chifrudo e incestuoso – a cada momento esta lista aumenta mais.

4- O castigo que Jeová aplicou às mulheres todas do castelo real – inclusive as servas – era se tornar estéreis.

Depois que Abraão orou, elas voltaram a ficar férteis! Poderoooso!

Analisemos mais de perto o fato, as “orações” de Abraão e seus efeitos: Para saber se uma mulher é estéril não é num dia, numa semana, num mês. Uma mulher demora até dois anos

para engravidar e, se engravidar não era estéril, pois se o fosse, não conseguiria reverter o quadro. No caso Abraão e Abimeleque, porém, tudo ocorreu em pouquíssimo tempo: O rei foi dormir, sonhou e recebeu o aviso – tudo na mes-ma noite. E devolveu Sara pela manhã. O fuzuê inteiro aconteceu em questão de horas. Quantas? Entre o anoitecer de um dia e o amanhecer do dia seguinte. Entre doze e quinze horas, no máximo.

Como saber que as mulheres do palácio estavam estéreis em tão restrito espaço de tempo? Até para ter certeza que a mulher está grávida, é preciso passar mais de um mês porque é a falta da menstruação

– ocorrência mensal, daí, o nome menstruação –, o primeiro sinal de gravidez. Isso é ciência, é lei natural – e não milagre pra atribuir ao deus, à oração, à “bondade” do dodoizinho. Mesmo que fosse milagre, é preciso fazer justiça: o que as servas tinham a ver com a história? Paga o inocente

pelo pecador? Pagam as escravas pela mentira de Abraão? Cadê a honestidade do deus? Além disso, ter uma multidão de filhos era prêmio para os hebreus. Quem garante que, para Abimeleque era uma

dádiva também? Quem pode jurar que para as servas do rei, ter filhos era a maior felicidade do mundo? Que castiguinho questionável!

Mas voltemos um pouco na tese do pagamento que o rei fez a Abraão. Isso faz pensar: Em lugar de Abimeleque ser um rei poderoso que teve riquezas suficientes para comprar a “felicidade” própria e o

silêncio dos de fora, se ele fosse um rei falido sem condições de aplacar a ira do “deus” com o delicioso metal doura-do, será que a Sara voltaria para o marido com a “honestidade restabelecida” tão facilmente? Abraão aceitaria a de-volução da mercadoria sem briga? Teria “orado” para restabelecer a fertilidade no palácio?

Tudo faz crer que não. Com estas e com outras do mesmo naipe, Abraão ficou arquimilionário. Por causa de tanta riqueza, foi escolhido

por Moisés e constituído patriarca de sua família, seu ancestral número um. Tivesse Abraão sido um pobretão qual-quer, um Zé Ninguém, Moisés teria desenterrado – ou inventado – sua história? É possível que não, mesmo que ele tivesse sido o mais virtuoso dos homens. Com dinheiro, qualquer raposa velhaca serve como ancestral de alguém.

********** 8855-- – Jeová visitou Sara como dissera, e fez como prometera. Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão. Nasceu Isaac, filho de Sara e Abraão, quando eles estavam bem velhinhos. (21. 1 a 7)

Comentário: Quando o “deus e os dois anjos” visitaram o casal, você lembra que foi contado tim-tim por tim-tim:

Abraão se curvou ante eles, lavou-lhes os pés, mandou matar um novilho, ofereceu-lhes carne, pão feito na hora, lei-te e coalhada. Foi um festão; os forasteiros prometeram que voltariam daí a um ano e Sara engravidaria.

80

Muito bem; agora, do nada, sem festa nenhuma, sem lava pé, sem novilho, sem pão, nem leite com coalhada, o deus reaparece e faz Sara engravidar. Ela pariu um filho – macho, é claro – que se chamou Isaac.

2- Quem garante que o bebê era filho deles? Em minha opinião, se o deus Jeová visitou outra vez o casal de velhacos, foi para pedir desculpas por não conse-

guir fazer Sara ficar prenhe, mas apresentou uma sugestão: aconselhou o casal a ir ao reino de Abimeleque onde se-ria aplicada a mentira de sempre: Sara passaria por irmã de Abraão, se deitaria com o rei e, na fritada dos ovos, além das riquezas costumeiras, seria pedido um recém nascido do sexo masculino, para ser adotado como filho.

3- Saíram Abraão e Sara para uma longa viagem às terras de Abimeleque e foi lá que nasceu Isaac. Impossível acreditar que Sara tenha se tornado mãe, se já não tinha mais menstruação, se já não fabricava óvu-

los, pois, segundo a bíblia: para Sara tinha cessado de ocorrer aquilo que é próprio das mulheres. (18. 10 a 14) Sara engravidou por obra do deus? Impossível, porque o deus só opera com elementos criados por Deus de Ver-

dade. Ele não tem poderes para criar nem fertilizar óvulo que não existe.

4- E, quanto mais eu penso, mais chego às mesmas perguntas e respostas: O que o casal de velhotes terá ido fazer lá no reino de Abimeleque? Moisés não justifica a viagem; não fala que havia fome no lugar de onde saíram, nem que estivessem fugindo de

algum perigo, ou que fossem ao encontro de alguém que valesse a pena. Tudo se encaixa: Os fatos indicam que foram àquelas terras para pedir um bebê em troca da “oração” que apla-

casse a ira do deus.

5- Abraão fez de Isaac a sua “descendência”. Os judeus descendem, portanto, de algum casal de escravos de Abimeleque e a famosa descendência de

Abraão jamais existiu. Abraão foi sim, pai dos árabes porque Ismael, filho dele com Agar, deu partida ao povo árabe.

6- Esta teoria tem tudo para ser verdadeira. Ninguém viu, não existem testemunhas do parto de Sara, apenas a

palavra de Moisés – que não inspira muita credibilidade. Posso estar errado e não tenho como provar minha hipótese; mas também Moisés não apresenta testemunhas de

que Sara teve um filho, nem conta detalhes do evento. É a palavra dele contra a minha. A afirmação de Moisés tem atrás de si a força da tradição. A minha vem amparada pela ciência, que jamais regis-

trou um caso de mulher estéril e, já com cem anos de idade, ter engravidado e parido.

********** 8866-- Ismael, filho de Agar, passou a caçoar de Isaac. Sara mandou que o marido rejeitasse a escrava e o filho dela:

“O seu filho com esta escrava não será herdeiro com Isaac, meu filho”. Abraão não gostou de apartar-se de Ismael, mas veio Jeová e mandou que ele obedecesse a Sara “porque através de Isaac será chamada a tua descendência, mas também do filho da serva farei uma grande nação, por ser ele teu descendente”. Naquela madrugada, Abraão despediu Agar e o filho Ismael, com pão e água. E eles saíram errantes pelo deserto. (21. 8 a 14).

Comentário: Bonito, heim, Jeová! Você nutre preconceito contra as minorias sofredoras: pobres, mulheres, filhos

ilegítimos, estrangeiros e servos, para atender aos pedidos dos hebreus ricos. Bairrista! “Fará injustiça o Juiz de toda a terra?” (Gen. 18: 25) Ismael não era descendente de Canaã, o amaldiçoado,

nem era filho de incesto e, assim mesmo foi desprezado. Mas era filho de mulher estrangeira escrava e pobre, quatro coisas que o deus não suporta. Então, pode.

Não pode haver judeu nem grego, nem escravo nem liberto, nem homem nem mulher porque todos são um perante Cristo. (Gal: 3. 28)

2- Bonito, heim, Abraão? Cheio de dinheiro roubado, mandou embora mulher e filho a pão e água, mais nada! E olhe que Ismael era seu

primogênito, que os hebreus tanto valorizam.

81

3- Mesmo expulso Ismael era descendente autêntico de Abraão e, mesmo que não o fosse, era um ser vivo que merecia ser respeitado e melhor tratado. Mas foi escorraçado, injustiçado e saiu humilhado, de mãos vazias, sem coi-sa alguma do que tinha direito.

Abraão cruel, pão duro, unha de fome, avarento! Decerto ia ficar pobre se desse ao filho alguma coisa mais subs-tancial pra comer no caminho, ou se lhe entregasse algumas moedas. Mas não! Mandou embora o filho sem coisa al-guma que garantisse sua subsistência. Medo de ficar pobre, ou medo de apanhar da mulher?

Tudo indica que o patriarca Abraão usava saias e chamava-se Sara.

Guardai-vos de qualquer avareza, porque a vida não consiste na abundância de bens que possui. (Luc.:12. 15)

4- Será ainda que o deus mandou seguir as ordens de Sara de mandar Agar e o filho embora? Quem ouviu? Não

terá sido Abraão quem decidiu livrar-se de ambos? De qualquer forma, foram separados Ismael e Isaac, dois irmãos.

5- Ismael foi circuncidado aos 13 anos tendo, pois, a marca da aliança. Depois foi mandado embora, foi des-

prezado um que carregava o sinal do deus e este não ligou a mínima! E aí, deus? Era para circuncidar até os servos, lembra? Abraão esqueceu que Ismael era seu filho e que carrega-

va a marca. E você, deus, esqueceu também? Suas normas são esquecidas com muita facilidade, até por você! Que diferença de Jesus, que falou:

Passarão o céu e a terra, porém minhas palavras não hão de passar. (Luc: 21. 33).

Eita, Jesus! Ele sim, não tinha dúvidas das coisas que falava e daquelas que fazia! Ele sim, não voltava atrás e morreu sem mudar uma vírgula no discurso! Suas leis eram imutáveis por terem caráter divino, por virem de Deus Verdadeiro, Deus Único, Deus Autêntico, Deus Supremo, Deus nosso Pai Poderoso!

Jeová, não. Ele falava e desfalava com a mesma facilidade. Ontem, fez a humanidade. Hoje, se arrependeu e matou todo mundo. Amanhã, se arrepende de haver matado. Ontem, ele falava com Moisés, face a face. Hoje, se esconde e diz que ninguém poderá ver sua face. Ontem, ele dizia que incesto era pecado. Hoje, justifica o incesto entre Sara e Abraão e entre Tamar e Judá. Ontem, ele matava todos os homens de uma cidade. Hoje, dizia: “Não matarás”. Amanhã vai matar, matar, matar

a não mais poder. E por aí vai. São exemplos e mais exemplos de falta de poderes e de inconstância.

6- Onde está o sentimento desta gente, a quem tanto faz um filho ser expulso a pão e água como ficar no conforto

e na riqueza? Além disso, foi o próprio deus quem mandou Abraão aceitar as intrigas de Sara! É possível crer nesta história, ou será heresia fazê-lo? Este deus - ou seja, lá o que for que tenha usado indevidamente nome tão sublime - é cruel tanto quanto Abraão e

Sara. Estava certo Jesus ao dizer aos judeus: “O diabo é vosso pai”. (João, 8. 44 a 47)

7- E veja só o que diz o próprio Moisés, que está o tempo todo protegendo Isaac contra Ismael. Assunta só o ta-

manho da incoerência! Vai lendo e comparando com a história de Sara, Agar, Ismael e Isaac:

Se um homem tiver duas mulheres, sendo que ama só uma delas, mas o primeiro filho nasceu daquela a quem ele não ama, este homem não poderá dar o direito de primogenitura ao filho da mulher amada, porque o primeiro filho nasceu da outra.

O filho da mulher não amada será tido como primogênito, tocando-lhe porção dobrada de tudo quanto pos-suir, porque o direito de primogenitura lhe pertence. (Deut. 21: 15 a 17).

Acompanhou certinho? Releia e vá dando nome aos bois. Exatamente este é o caso de Ismael e Isaac. Não importa que o primeiro seja filho da serva. O que importa é que

ele nasceu antes e, portanto, com os direitos de primeiro filho. Onde estava Jeová na hora que o Ismael foi mandado embora sem nada, se já sabia que o direito de primogenitu-

ra lhe pertencia e que ele tinha direito a porção dobrada de tudo o que tocasse a Isaac? Ou será que esta cláusula, Jeová veio a aprender mais tarde, depois de um pouco de estudo sobre Leis e Direito?

**********

8877-- Agar e Ismael saíram pelo deserto e a água acabou. Ela se afastou para não ver o menino morrer. Deus ouviu o seu clamor e mandou um anjo em seu auxílio, fazendo surgir um poço com água, onde ambos mataram a sede. (21. 14 a 17)

82

Comentário: Não, nem tanto! O anjo não fez aparecer um poço com água. Ele pode tê-los feito encontrar um po-ço com água, porque nem mesmo Deus de Verdade contraria as próprias leis. Caso tenham achado água é porque havia água por perto e algum ser superior os levou a encontrá-la.

Ver nota nº 62 onde Agar, ao fugir de Sarai parou junto a uma fonte de água no deserto. Pois apesar de raros, os oásis existem e pode ser que, nesta segunda oportunidade, Agar e o filho tenham se dirigido à mesma fonte já anteri-ormente mencionada.

Interferência divina para encontrar um poço é possível – mas é erro supor que um poço houvesse sido fabricado naquele momento.

2- Observar o tamanho da dor daquela mãezinha, procurando ficar longe para não ver o filho morrer de sede!

Isso sim é ser mãe! Isso sim deveria ser valorizado na tal “História Sagrada”. Sarai, a outra “mãe”, recebeu todas as glórias, enquanto Agar, mãe de verdade, foi expulsa, humilhada e esqueci-

da. Jesus não a teria abandonado – mas o deus nem deu bola pra ela.

**********

8888-- Abimeleque, acompanhado por Ficol, chefe de seu exército, foi falar com Abraão – e desta vez, fê-lo jurar por Deus que não ia mentir (!). E Abrão jurou. (21. 22 a 24).

Comentário: Que vergonha ter de jurar que não ia mentir outra vez! Ô deus, você é cheio de contradições, mas... Coitado de você, heim? Passa cada vergonha! Que droga era o seu

protegido! Vê se toma cuidado na próxima vez que escolher alguém pra apadrinhar.

2- Mas os exegetas das Paulinas, contorcendo-se para encontrar explicações plausíveis para as sandices encon-

tradas na bíblia, assim se expressam referindo-se a esta passagem: “Deus fez prosperar tanto Abraão, que até os reis procuram avidamente sua amizade”. (!)

**********

8899-- Depois destes acontecimentos, Jeová colocou Abraão à prova: “Toma teu único filho Isaac, e oferece-o em holo-causto”.

Comentário: Isaac, filho único de Abraão? Que filho único é este? De onde tiraram isso? Ismael não era filho também?

2- Que absurdo um “ser superior” pedir prova de fidelidade! E que tamanho de prova! Mas não será absurdo se lembrarmos Jesus dizendo que Jeová não era um ser divino, mas o próprio satanás.

9900-- Abraão amarrou o filho sobre um monte de lenha e, na hora em que ia matá-lo com o cutelo, “do céu bradou o Anjo do Senhor”, que o impediu de matar o garoto. (22. 1 a 19)

Comentário: Interessante é que o deus nem deu tchum pro coitado do Ismael, que foi abandonado para morrer

entre fome e sede no deserto; mas, em se tratando de Isaac, acontecem coisas que até Jeová duvida! Manda matar e, na hora agá, salva o menino da morte!

Que família cheia de mistérios e proteção teve o Moisés! Isso sim é que é família!

4- Vejamos o fato sob outro prisma. Está na bíblia deste jeitinho: “Abraão disse aos servos: Ficai aqui, que eu e o

menino vamos até lá sacrificar ao deus e depois voltaremos”. (22. 5).

E saiu com o garoto sem levar testemunhas; depois voltou dizendo que havia recebido um milagre. É fácil sair a passeio junto a um garotinho e, de regresso, contar papo: “Gente! Vós não sabeis o que me aconteceu! Vede, estou todo arrepiado! O Jeová me mandou matar Isaac, mas,

na hora de dar a cutelada na cabeça dele, apareceu um anjo e me impediu!” Ninguém estava junto para saber se era verdade.

83

Pelo depoimento de duas ou três testemunhas se estabelecerá o fato. (Deut. 19: 15).

********** 9911-- Sara morreu com 127 anos de idade, na terra de Canaã. Abraão falou aos filhos de Hete (descendente de Canaã, o

amaldiçoado): “Sou estrangeiro e morador entre vós; dai-me a posse de sepultura para que eu sepulte a minha morta”. e os filhos de Hete responderam: “Sepulta numa das nossas melhores sepulturas a tua morta.” Além de obter uma das melhores sepulturas para Sara, Abraão obteve também o campo e a caverna que se encontrava no campo, obtendo o direito do campo e da caverna que nele estava. (23. 1 a 20)

Comentário: Abraão podia ter ido procurar outro local onde sepultar Sara. Onde já se viu um puro e abençoado

usar o solo de impuros amaldiçoados para sepultura? Este fato é curioso em se tratando de hebreus, que evitam o contato com toda e qualquer “impureza”.

2- Os donos daquelas terras eram descendentes de Canaã que, na qualidade de amaldiçoados, poderiam muito

bem ter negado sepultar a “abençoada” em suas terras. Mas não o negaram. Os execrados eram bons e ofereceram o que tinham de melhor.

**********

9922-- – Depois, Abraão fez Isaac jurar que não se casaria com moça de Canaã, mas que iria entre os seus parentes procurar esposa. (24. 1 a 4)

Comentário: Sim senhor! Ele que se reconhece estrangeiro; ele que morava ali de favor, por bondade dos ca-

naneus, não permitiu que o filho se casasse com uma cananéia! E é esta gente “justa e sem preconceitos” a preferida de Jeová! Desta maneira, mais qualidades se juntam à lista: Abraão era ingrato e mal agradecido.

********** 9933-- “Cautela! Não voltes para lá, meu filho (referia-se a terra onde morou anteriormente). O Senhor jurou que à minha descendência daria esta terra dos cananeus”. (24. 1 a 7)

Comentário: Abraão odiava os cananeus, mas cobiçava sua terra.

Não cobiçarás coisa alguma que pertença a teu próximo (Êx: 20. 17).

Ele queria se apossar daquele solo, mas não queria para nora uma filha daquela gente.

Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? (Rom: 2. 21 a 23).

********** 9944-- O servo de Abraão saiu para a cidade de Naor, irmão de Abraão. Lá encontrou Rebeca, que correspondia às ex-pectativas de Abraão. O pai de Rebeca, depois de ouvir o servo, consentiu que este levasse a filha para ser esposa de Isaac. (24. 10 a 67).

Comentário: O servo de Abraão falou ao pai de Rebeca sobre Isaac, dizendo que o deus havia abençoado, tendo

se tornado rico com ovelhas, camelos, bois, servos, prata e ouro. Para o deus, riqueza material era sinal de aliança. Grandeza espiritual ele desconhecia. Será este o Criador que nos foi apresentado por Jesus?

84

Os homens transformaram Deus em mentira. (Rom: 1. 25)

********** 9955--Abraão casou-se outra vez, com Quetura e tiveram filhos: Zinrá, Jocsã, Medã, Midiã, Sua e Jisbaque. Mas Abraão deu sua fortuna a Isaac; aos filhos que teve com Quetura deu presentes e os enviou para as terras do oriente. (25. 1 a 6).

Comentário: Ao Isaac, Abraão fez seu herdeiro. Ao Ismael, deu pão e água e mandou morrer no deserto. Aos outros filhos deu umas bagatelas, mandou embora e não se falou mais no assunto. E Jeová permite! Cadê o amor de pai? Cadê a justiça do deus? Cadê que ele procura preservar a união e o amor

entre as suas criaturas? A questão primordial, porém, não são as pessoas; não é a união, não é a família, não é o amor, não é o sentimen-

to, não são os filhos nem os pais. A questão primordial no caso presente era proteger o Isaac a qualquer custo, por-que Isaac era ascendente direto de Moisés e os outros não. Só por isso.

E este ser, este deus pavorosamente injusto nos foi oferecido como objeto de adoração!

2- A descendência inteira de Abraão seria abençoada, com terra e tudo: “... toda esta terra eu darei a ti e à tua descendência para sempre” (13. 14 e 15). Lembra disso? A descendência inteira receberia as terras de Canaã que o deus vinha prometendo. No entanto,

somente Isaac foi escolhido para ser protegido pelo deus. Os demais não eram também filhos de Abraão? Não eram de sua descendência?

Diz o Magno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: “Descendentes são as pessoas que, em linha reta, pro-cedem de outro: filhos, netos, bisnetos.”.

Vou repetir, para que o leitor tenha sempre em mente: Acontece que Moisés, o escritor desta história “sagrada”, era descendente de Isaac – e não de Ismael, nem dos

outros filhos que Abraão teve com a segunda esposa. Por isso, Isaac recebeu a proteção de Moisés, o qual acompa-nhou a trajetória da família em linha reta, cercando-a de cuidados e criando para ela, uma auréola de divindade, co-mo se tudo fosse verdade inquestionável. Se Moisés fosse descendente de Jisbaque, por exemplo, sexto filho da se-gunda esposa, seria Jisbaque o favorito do deus; se fosse descendente de Jocsã, seria Jocsã o protegido do deus. E por aí vai. Mais lá na frente, vamos encontrar o deus protegendo sabe quem? Uma mulher! Sim, será favorita do deus Lia uma moça feia, de olhos pequenos e embaciados! Sabe por quê? É que ela é ascendente de Moisés, então já viu.

********** 9966-- Morreu Abraão avançado em anos e foi reunido a seu povo. ”(25. 8)”.

Comentário: Foi reunido a seu povo? Então acreditavam que houvesse vida após a morte; criam que um espíri-

to poderia rever os que o antecederam na sepultura. Por que muitos não aceitam que a vida tenha continuidade, se está na bíblia que Abraão se juntou aos que o

antecederam na morte? Estes descrentes justificam dizendo que “reunir-se ao seu povo” significa reencontrar-se no túmulo; denota que cadáveres novos e esqueletos velhos se juntam embaixo da terra; que o caveiro de Abraão en-controu a caveira de Sara e foram felizes para sempre.

Em “... e a vida continua?” de A. Balbach, lê-se: “A vida dos seres animados e das plantas depende da respira-ção. Subtraindo-se da planta o bióxido de carbono e o oxigênio, ela morre. Assim, o homem possui um princípio vital que depende da respiração. Esse fôlego não é entidade consciente, pois, se fosse, a consciência do homem estaria no nariz”.

E Abraão juntou-se aos antepassados. Como pode uma coisa destas, se só seu nariz era consciente?

********** 9977-- “Sepultaram-no seus filhos Isaac e Ismael junto a Sara, a primeira esposa”. Depois da morte de Abraão, Deus abençoou a Isaac, seu filho. (25. 9 a 11)

85

Comentário: Ismael, filho de Agar, ajudou a sepultar o pai desnaturado. Que coisa, heim? Bonita lição de perdão de quem foi expulso de casa a pão e água! E este foi o desprezado pelo Jeová, não obs-

tante ter nas veias o sangue de Abraão e haver sido seu primogênito.

2- O deus abençoou Isaac. Não abençoou Ismael, por ser filho de escrava egípcia. E não abençoou os outros filhos, que eram legítimos hebreus, todos circuncidados. Por quê? Cada preferido do deus tem somente um filho abençoado, apesar de ele viver prometendo aliança perpétua com a

descendência inteira. É que somente um será ascendente de Moisés. Por este motivo, Jeová não pode proteger duas pessoas ao mesmo tempo; é um ou outro.

Mas vejamos se Jeová soube escolher melhor desta vez...

**********

Capítulo 7

ISAAC 9988 -- Isaac se casou com Rebeca, que era estéril. Isaac orou e o Senhor ouviu as orações; ela concebeu e teve gêmeos. Isaac estava com sessenta anos quando nasceram os gêmeos. (25. 21 a 26)

Comentário: Outra estéril! Já não chega a Sara? Cadê Jeová, que permite uma coisa destas entre os dodóis?

Na tua terra não haverá mulher que aborte nem estéril. (Ex: 23: 26)

2- Interessante que, para castigar Abimeleque, o deus esterilizou as mulheres todas em poucas horas; depois, em atendimento às orações de Abraão, elas todas foram desesterilizadas em poucas horas.

Agora aqui, em se tratando de Rebeca, esposa de um protegido, quando deveria ser bem mais ágil no atendimen-to, pô! Que Jeová demorado! O coitado do Isaac passou vinte anos rezando para ser atendido! Jeová, que desinferti-lizou com tanta rapidez esposas e escravas de um desconhecido, podia ter dado um jeitinho de acolher mais rapida-mente aos rogos do afilhado se não, nem valia a pena ser afilhado.

Para Deus há coisa demasiadamente difícil? (Gen: 18. 14).

Não. Para o Verdadeiro, nada é difícil, mas nem ELE, o Verdadeiro Deus passa por cima das próprias leis. E, se ELE não infringe regras, por que o deus aprendiz se pavoneia como se o fizesse?

3- Interessante também que, para castigo de Abimeleque, o deus esterilizou as mulheres do reino. Aqui, Moisés garante que a mulher de Isaac era estéril – e que, antes dela, Sara também o era – mas não fala que

foi castigo. Oh, não! Jamais um hebreu aceitaria que suas mulheres não tivessem filhos como castigo por alguma coisa. Só mulher dos outros.

4- Rebeca era estéril coisa nenhuma! Se o fosse, não teria filhos nunca, por mais que o marido rezasse. Fazer

mulher estéril ter filhos é o mesmo que fazer um homem engravidar. Impossível! Veja o que diz o Dicionário: Estéril = Que não dá fruto; infecundo. Improdutivo. Incapaz de procriar.

**********

86

9999-- Os gêmeos eram Esaú e Jacó. Esaú nasceu primeiro sendo, portanto, o primogênito; ele era ruivo e tinha a pele toda coberta por pêlos. Jacó, o irmão gêmeo, não tinha pêlos espalhados pelo corpo. (25. 25). Os meninos cresceram. Esaú tornou-se hábil caçador, correndo a estepe. Jacó era tranqüilo, morava sob tendas. (25: 27)

Comentário: Nas entrelinhas e sem querer, Moisés deixa claro que Esaú era trabalhador, esforçado, ativo e

decidido; era hábil caçador que corria pelas estepes à procura de comida para si e sua família. Moisés deixa no ar – também sem querer –, que Jacó era preguiçoso e indolente levando em conta que não lhe

atribuiu trabalho nenhum. Habilmente, criou para ele um adjetivo e um modo de vida até ajeitados: tranqüilo que mo-rava sob tendas – cuja tradução é: vagabundo que ficava na rede e abanando moscas enquanto o irmão ia à luta.

**********

110000-- Isaac, pai dos gêmeos, amava a Esaú, o filho peludo; Rebeca, a mãe, amava a Jacó, o filho pelado. (25. 27 e 28).

110011-- Jacó estava cozinhando; Esaú chegou do campo cansado e travou-se este diálogo: -Me deixes comer um pouco desse cozinhado, pois estou esmorecido – pediu Esaú. - Vende-me primeiro, o teu direito de primogenitura. - Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura? - Jura-me primeiro.” Esaú jurou e, só então, Jacó, deu-lhe o cozinhado. Esaú comeu e saiu, desprezando o direito de primogênito. (25. 29 a 34)

Comentário: Eram gêmeos, mas Esaú nasceu antes. O outro, invejoso, queria o direito de ser o mais velho.

2- O Jacó tirou vantagem da fome e do cansaço do irmão para trocar um prato de sopa pelo direito de ser o pri-

meiro. Grande aproveitador! Veremos ainda, que Jeová vai proteger a este espertinho!

3- Mesmo “negociando” o direito, e mesmo “desprezando” o direito, ninguém modificaria o fato do Esaú ter nasci-

do antes. Seria o mesmo que dizer: “Eu desprezo minha mãe e ela deixa de ser a pessoa que me gerou.”.

4- Notar o que está escrito: “Assim desprezou Esaú o seu direito de primogênito”. Pergunta: Esaú desprezou seu direito? Resposta: Não! Nada disso! Vejamos outra vez as palavras dele: - Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura? Esaú estava chegando do campo, depois de um dia de trabalho. Vinha tão esgotado pelo cansaço e faminto, que

se confessou a ponto de morrer. Nestas condições, quem é que consegue pensar em política, religião, futebol, ideo-logia, primogenitura? Quem está com fome quer comer e só depois terá condições para raciocinar e discutir com luci-dez. Foi desta fraqueza que Jacó se aproveitou do irmão.

Com a palavra “desprezou”, Moisés, autor da narrativa, justificou a preferência do deus pelo Jacó! E está na cara que Esaú aceitou abrir mão da primogenitura por saber que o fato jamais seria modificado: ele con-

tinuaria a ser o primeiro a ter nascido e ninguém mudaria uma vírgula desta verdade. A não ser que voltassem no tempo, voltassem ao útero materno e começassem tudo de novo.

5- Entretanto, a história é bem outra. Já o sabemos, mas é bom repetir: A história é que Moisés, o cronista, era

descendente de Jacó – e não de Esaú. Está visto que ele tinha de arranjar uma desculpa para trincar a imagem dos de fora e esculpir seus antepassados diretos com a melhor das pedras.

Resumindo: O Velho Testamento é a história de família de Moisés e mais nada.

**********

110022-- Havendo fome na região, Isaac foi a Gerar visitar Abimeleque, o rei dos filisteus. No caminho apareceu-lhe Jeo-vá, que o mandou habitar na terra de Gerar. “Habita nela e serei contigo e te abençoarei porque a ti e a tua descendên-cia darei estas terras e confirmarei o juramento que fiz a Abraão, teu pai”. (26. 1 a 4).

87

Comentário: Lá vai o filho imitar o pai! Como fez o velho Abraão, o Isaac procurou morada no mesmíssimo lugar

cujo rei era ainda Abimeleque, aquele velho conhecido de Abraão. (notas 80 a 84 e 88).

2- Isaac também viu Jeová, que lhe forneceu diretrizes sobre onde morar. Até agora, de acordo com a lenda cria-

da por Moisés, já viram o deus: Adão, Eva, Caim, Abel, Noé, Abraão, Sara e agora Isaac. No entanto, o próprio Moi-sés se contradiz ao escrever:

Não poderás ver minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá. (Êxo 33: 20 a 23).

Ah, eu adoro repetir isso, sempre que Moisés garante que o deus apareceu a alguém da família.

3- Notar que Jeová não dá diretrizes sobre a prática de virtudes: amor, bondade, paciência, honestidade, perdão...

Suas orientações são sobre onde morar, quais os próximos passos para ficar rico, como enganar os outros...

4- Jeová fala sempre as mesmas coisas: -Eu te abençoarei te darei as terras de Canaã, multiplicarei a tua descendência e outras abobrinhas, esquecendo-

se das demais pessoas, que também são “seus” filhos, que rezam e têm fé. Ver nota 55, onde Melquisedeque, sacer-dote do Deus Altíssimo orou e abençoou Abraão. Os afilhados do deus, no entanto, não oram; nenhuma vez apare-ceu Abraão de cabeça baixa, meditando. Nem Sara de joelhos, rezando. Nem Ló rezou nem Rebeca, nem Jacó, nem nenhum das novas gerações que vão surgindo – mesmo assim o deus aparece, dá instruções e dá de “presente” até o que ninguém pediu, como aquelas terras, por exemplo.

Isaac orou. O coitado ralou os joelhos na pedra rezando, implorando que a esposa engravidasse. E foi atendido com a maior facilidade depois de vinte anos porque para o deus nada é demasiadamente difícil. (Gen: 18. 14).

5- Finalmente, ao invés de mandar o dodói morar nas terras férteis de Gerar, por que o deus não fez chover no lu-

gar onde morava Isaac? Ou Jeová não sabe chover? Acontece que dentre os poderes do deus não se incluiu a melhora do clima, que este é assunto para Deus Único.

Para Deus há coisa demasiadamente difícil? (Gen: 18. 14).

Acaso ter-se-á encolhido a minha mão?Já não há força em mim? (Is: 50. 2).

********** 110033-- Multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e te darei todas estas terras. (26. 4).

Comentário: Jeová vive dando farta descendência, mas é fato matemático: todo casal com filhos tem descendên-

cia crescente! Não sei por que tanto bater na tecla de que os favorecidos por Jeová terão grande descendência. Para exemplo, uma continha pra mostrar que o deus estava equivocado ao prometer grande descendência: Tendo em média 5 filhos por casal, em cada geração a descendência será sempre cinco vezes maior que o nú-

mero obtido anteriormente, é claro! Supondo que tudo corra certinho, que nada falhe, eis o que vai acontecer: Quem tem 5 filhos terá 25 netos, 125 bisnetos, 625 trinetos, 3.125 filhos dos trinetos, 15.625 netos dos trinetos, 78.125 bisnetos dos trinetos, 390.625 trinetos dos trinetos. E o número vai aumentando, sempre multiplicando por 5. De 390.625 aumenta para 1.953.125, que pula para 9.765.625, que vai para 48.828.125, que sobe para

244.140.625, que passa a ser 1.220.703.125. Em apenas 14 gerações ou em 350 anos – multiplicando 14 gerações por 25 anos, que é o número de anos con-

siderado válido para cada geração – o casal, aumentando sempre na mesma proporção, acaba sendo 6 bilhões, 103 milhões, 515 mil e 625 pessoas. Este número, sendo multiplicado vai crescendo, ao infinito! Mas, graças ao Ver-dadeiro Deus, morre gente quase na mesma proporção. Muitos não se casam, outros não conseguem ter filhos, al-guns se trancam num convento, muitas mulheres não conseguem manter a gravidez até o fim senão, nosso planeta seria insuficiente para uma única família – não necessariamente hebraica.

88

O cálculo foi feito dando cinco filhos em média, por casal. À época do Antigo Testamento, porém, as mulheres ti-

nham dez, quinze filhos ou mais. Nesta proporção, não há vantagem nenhuma num deus que promete grande núme-ro de descendentes! Qualquer família pode tê-lo, sem precisar de um deus privativo.

Notar que, no cálculo acima, não foi somada a geração anterior. Considerei como se as gerações mais velhas fos-sem morrendo à medida que as novas gerações fossem nascendo. Também não foram juntados os genros e as no-ras. Se juntássemos avós, filhos, netos, noras e genros, os números seriam bem maiores que os obtidos.

********** 110044-- “Abraão obedeceu à minha palavra, guardou meus mandamentos, meus preceitos e as minhas leis”. (26. 5).

Comentário: Qual palavra Abraão guardou? Quais preceitos? Quais leis? Ele foi covarde, mentiroso, alcoviteiro, chantagista, incestuoso, ladrão, chifrudo, aproveitador. Também foi vaido-

so, ingrato, egoísta, cobiçoso, pão duro, injusto, orgulhoso, vingativo e péssimo pai. Pouca coisa lhe faltou, mas se procurar melhor, a gente vai encontrar outras qualidades negativas; veremos que

ele foi um dos maiores antivirtuosos, tendo ficado mais ou menos empatado com o neto Jacó, a quem analisaremos mais adiante. E Jeová diz que o protegeu porque ele obedeceu à sua palavra!

Isso só se justifica se lembrarmos Jesus dizendo que Jeová era o próprio diabo. Assim, Abraão terá prestado, realmente, cega obediência ao seu “mestre”.

Aquele que violar um só mandamento da Lei de Deus será o menor no reino dos céus. (Mat: 5. 19).

Tu, que te orgulhas da lei, desonras a Deus pela transgressão da mesma lei? (Rom: 2. 21 a 23).

**********

110055-- “Isaac ficou, pois, em Gerar. Perguntando-lhe os homens do lugar a respeito de sua mulher, disse: É minha irmã; pois temia dizer: É minha mulher para que não o matassem, porque era formosa”. (26. 6 e 7).

Comentário: Tal pai, tal filho! O mesmo truque para não ser morto. Covarde! Alcoviteiro! Aproveitador! Mentiroso! O cornudo do filho contou a mesma mentira no mesmo lugar onde o pai mentiu: em Gerar, onde ainda reinava o

mesmíssimo Rei Abimeleque. Que destino heim, rei? Com uma ressalva: Abraão era de fato, irmão de Sara, lembra? Mas Isaac não era irmão

de Rebeca e, portanto, não há a menor justificativa. Os exegetas sabem disso, pois não se manifestam a respeito. Nenhuma palavra. Silêncio completo.

Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19: 11)

********** 110066-- “Abimeleque, rei dos filisteus, olhando pela janela viu que Isaac acariciava Rebeca, sua esposa”. E descobriu tudo, antes que o rei tomasse Rebeca por mulher e depois Jeová mandasse alguma praga por castigo. O rei mandou uma ordem ao povo: “Aquele que tocar neste homem ou em sua mulher, morrerá.” (26. 8 a 11).

Comentário: Gato queimado com água fervente foge a léguas da água fria. Depois de se deparar com Abraão, o

Abimeleque pôs as barbas de molho antes de botar os olhos em cima de mulher que tivesse um “irmão".

2- Por este fato nota-se que o deus do rei era mais poderoso que o deus de Isaac porque, no evento com Sara, o

deus do rei avisou que ela era mulher do Abraão e ele nem chegou a tocá-la. E agora, no episódio com Rebeca, o deus dele fê-lo descobrir a mentira antes de cometer qualquer bobagem.

Não teve tanta sorte o faraó, cujo deus particular não avisou e ele teve de entregar riquezas fabulosas a Abraão e a Ló, para ser perdoado por ter sido enganado.

**********

89

110077-- “Semeou Isaac naquela terra e, naquele ano, recolheu cem por um porque o Senhor o abençoou. Prosperou, ficou riquíssimo; possuía ovelhas e bois e grande número de servos”. (26. 12 a 14).

Comentário: Isaac colheu cem por um! Puxa vida! Falando assim, parece que foi grande a vantagem dele, parece que foi grande a proteção do deus. Cem por um quer dizer que, para cada grão plantado, Isaac colheu cem grãos. Pois, se a cada grão de milho plantado você produzir cem grãos... Pode abandonar sua rocinha, que vai perder

tempo e dinheiro. Uma roça precisa produzir muito mais para dar lucro. Mas está na bíblia, que Isaac colheu cem por um e ficou riquíssimo! Bem, ele pode ter ficado arquimilionário por outros meios, porque plantando e colhendo na dimensão descrita,

ninguém enriquece. Ainda mais num só ano, como foi o caso de Isaac. Quer a prova? Analise comigo: Isaac estava naquela terra porque fugia da fome e, quem evita a estiagem, não procura abrigo numa terra também

fustigada pela falta de chuva. Quem foge da seca procura clima melhor, com mais umidade, concorda? Havendo bom solo, sol e chuva nas épocas certas, qualquer pessoa que plante um caroço de milho vai ser dono

de um pé de milho. E, quem planta um pé de milho vai colher no mínimo, três espigas. Visualize uma espiga e me acompanhe no raciocínio: Retirando a palha que a cobre, veremos que ela tem os caroços dispostos em carreirinhas que vão do pé até a

ponta do sabugo. Está visualizando? Cada carreirinha tem em média, 30 grãos um ao lado do outro, bastante juntinhos, aproveitando bem o espaço. Sendo que as espigas têm, no mínimo, 20 carreirinhas formadas por caroços, é só multiplicar para descobrir que

cada espiga normal, destas bem comuns, produz 600 grãos, sem esforço nenhum. Se cada espiga produz 600 grãos, então as três espigas de um pé de milho produzirão 1.800 grãos! Quase dois

mil por um!!! Através deste pormenor, a gente fica sabendo que Moisés, o narrador, desconhecia completamente agricultura; ou

então as terras lá deles eram mesmo muito ruins. Morando numa região que não conseguia produzir mais que o especificado pela bíblia, por que o deus não trouxe

a turma dele para o Brasil onde, num roçadinho ordinário é possível fazer uma colheita muito mais vantajosa? No Brasil, num fundo de quintal, sem trabalho e sem um deus exclusivo, qualquer criança que deixar cair um caro-

ço na terra vai colher 18 vezes mais do que colheu Isaac trabalhando sob os auspícios de Jeová! Cadê o milagre? Ah, se Jeová visse uma máquina colheitadeira em ação nos nossos campos intermináveis, ia ficar morrendo de

inveja de Deus Verdadeiro!

2- Mas, suponhamos que “cem por um” fosse uma colheita espantosa, capaz de fazer cair o queixo. Vamos dar

lambuja e “acreditar” que Isaac tenha colhido muito, muito, mas muito mesmo. Aí entra outro lado da moeda: Se Isaac colheu muito é provável que, no mesmo local e na mesma época, todos os outros habitantes colheram

na mesma proporção, devido ao bom clima. Se todos colheram bastante sem dever favor a deus nenhum, cadê a vantagem do Isaac? Aliás, quando a colheita é muito boa, entra a lei da oferta e procura: os preços caem e os lucros são pequenos.

3- Isaac estava naquele reino fugindo da fome. Pergunto eu: Por que retirar o protegido de sua terra, para fazê-lo ficar rico? Por que o deus não o “abençoou” lá onde morava, sem ter de ficar rico em terra alheia? Sendo “poderoso”, Jeová poderia provar sua capacidade em qualquer terra, em qualquer clima. Parece que o deus aprendeu com os seus favoritos, a ser um aproveitador. Ele se aproveita das obras de Deus

Verdadeiro e as assina como suas. E há quem acredite.

Para Jeová há coisa demasiadamente difícil? (18. 10 a 14).

Há, sim. Ele não sabe fazer chover.

********** 110088-- Isaac passou a ser invejado e, por isso, entulharam os poços dos quais ele se servia e que foram abertos por seu pai Abraão. Quando Isaac estava rico, o rei Abimeleque mandou-o sair de suas terras porque “estava mais poderoso” que ele. Isaac saiu e acampou no vale de Gerar, onde habitou. (26. 14 a 16).

90

Comentário: Quem prova que ele foi mandado embora por estar rico e poderoso? Daqueles tempos esquecidos não restou testemunha do poder e da riqueza de Isaac, riqueza maior que do próprio rei!

É possível que tenha sido expulso por motivo bem menos digno. Não esquecer que foi deste mesmo lugar que Sara, mãe dele, saiu com um “filho” nos braços, o qual ninguém mais era senão ele próprio, o Isaac.

Já vimos que é enorme a possibilidade de Isaac não ter sido filho de Abraão e Sara e sim, de algum casal do reino de Abimeleque. Ou filho do próprio rei com alguma escrava. É possível que Isaac tenha vindo ali, não para procurar asilo contra a fome – e sim, para reclamar direitos que lhe tocavam por herança de sangue. É possível que, recla-mando direitos, tenha causado mal estar entre os habitantes e sido expulso.

E junto deste motivo pode ter havido muitos outros. Afinal, aprendeu com o pai algumas “virtudes” que, colocadas em prática poderiam ter levado à expulsão. Se já vinha criando caso por causa dos poços, pode ter arranjado briga mais séria, perturbado a paz do reino e, daí, ser convidado a sair.

É verdade que não posso provar estas hipóteses – mas ninguém prova, igualmente, o contrário: que Isaac foi mandado embora somente por ter enriquecido. Não esquecer que o autor desta redação foi Moisés, que quis colocar-se entre o único povo protegido por suas inúmeras qualidades.

********** 110099-- Abimeleque foi ao acampamento de Isaac, acompanhado por Ficol, comandante do seu exército. Isaac pergun-tou ao rei: “Por que viestes, se me odiais e me expulsaste do vosso meio?” E responderam: “Jura que não nos fará mal, como também não te havemos tocado, e como te fizemos somente o bem e te deixamos ir em paz.” (26. 26 a 29).

Comentário: O termo expulso que usei na anotação anterior não foi pesado nem inconveniente, porque o próprio

Isaac a usou, confirmando as suspeitas: “Por que viestes a mim, se me odiais e me expulsaste do vosso meio?”

2- Além de confirmar que foi expulso, disse que era odiado. Ora, para ser expulso de um lugar, não é necessário ser odiado. Um homem pode expulsar um cachorro de sua

porta, sem odiá-lo; pode expulsar um vendedor, um cobrador, um mendigo, sem sentir ódio. Quando há ódio, porém, é porque há forte motivo. O dicionário enfatiza que ódio é algo muito mais forte que simples antipatia:

Ódio = sentimento de profunda inimizade; paixão que conduz ao mal que se fez ou que se deseja a outrem. Ira in-contida; rancor violento e duradouro. Viva repugnância, repulsa, horror.

Isaac não foi, portanto, expulso por estar rico e poderoso conforme garante o texto – mas por motivos que Moisés prefere ocultar por depor contra as próprias raízes.

O que Isaac terá aprontado de tão comprometedor para a estirpe de Moisés, que este prefere ficar calado? Ne-nhum governante expulsaria uma família por haver enriquecido honestamente, plantando e colhendo. Nenhum gover-nante seria tão abestalhado que botaria pra fora alguém que gera emprego, paga imposto, traz divisas para o país.

Quando alguém provoca pequena desordem por causa de poços, este alguém pode acabar advertido e, quando muito, amargar uns dias no xadrez – e não ser banido. Se Isaac foi expulso é porque algum lance muitíssimo forte es-tá por trás disso; alguma sujeira que poluía extremamente o ego da família mosaica ele levou a termo, podiscrê.

Minha teoria sobre o motivo da expulsão de Isaac eu já mencionei, mas vou complementar: É possível que, em todo o tempo que morou no reino de Abimelec, ele tenha feito chantagem. Com uma risada

sardônica pode ter envenenado o sossego do rei com umas coisas tipo assim: “Vós me vendestes àquele velho, o profeta Abraão, com medo dos poderes dele, estais lembrado? Agora, o profe-

ta sou eu! Entregai-me riquezas! Quero muito mais riquezas do que entregastes àquele casal que me criou, pois não vou ficar plantando pra colher aquela merreca de cem por um. Tenho direito à herança que me cabe neste reino, por-que sou filho daqui. Quero minha herança e muito mais! Vós fareis minha vontade porque sou o favoritinho do deus e, se não me atenderes, eu vos jogarei uma praga! E minha praga será maligna.”

Pode ter sido desta maneira que Isaac enriqueceu – e não plantando e “comendo com o suor do rosto”.

3- Leitor, certamente você já esqueceu, mas o Rei Abimeleque fez a mesmíssima coisa com Abraão: foi procurá-lo

e... Bem, é melhor colocar o texto outra vez à sua frente. Na nota 88, coloquei o seguinte: Abimeleque, acompanhado por Ficol, chefe de seu exército, foi falar com Abraão

– e desta vez, fê-lo jurar por Deus que não ia mentir (!). E Abrão jurou. (21. 22 a 24).

E continuei com o seguinte comentário:

Que vergonha ter de jurar que não ia mentir outra vez! Ô deus, você é cheio de contradições, mas... Coitado de você, heim? Passa cada vergonha! Que droga era o seu

protegido! Vê se toma cuidado na próxima vez que escolher alguém pra apadrinhar.

Pois Jeová não escolheu com cuidado e olha aí, no que deu! Olha o vídeo teipe daquela situação: Está o deus, outra vez em posição vergonhosa, vendo o mais novo dodói jurar que não ia enganar de novo o Abimeleque!

91

4- Veja esta frase do rei: “Jura que não nos fará mal...”. O pobre tremia de medo do Isaac. Por quê? O que apron-

tou o afilhado de Jeová para despertar tão desmedido temor no monarca, a ponto de preferir vê-lo bem longe dali? E você percebeu a coincidência? Foi o mesmo rei Abimeleque e o mesmo Ficol, chefe do exército, que encararam

a mesmíssima família. Para ver o quanto era séria a briga contra os dois ilustres hebreus, para se ter uma idéia de quanto era perigosa a

presença do pai e do filho naquelas terras, em ambas as vezes – tanto com Abraão quanto com Isaac – o exército foi convocado! A presença do exército para acompanhar a retirada “pacífica” do povo “eleito”.

E querem me fazer crer que Isaac foi convidado a sair só por que ganhou um dinheirinho lavrando o chão!

********** 111100--– Esaú, filho de Isaac, casou-se aos 40 anos com Judite e com Basemate, que vieram ser motivo de amargura para Isaac e Rebeca. (26. 34 e 35).

Comentário: Esaú era o mais velho dos gêmeos. Lembra dele? Lembra sim, é aquele que trocou a primogenitura

pelo prato de sopa... Lembrou? Pois suas esposas vieram a ser motivo de amargura aos pais dele, por serem des-cendentes de Canaã, o amaldiçoado. Só por isso.

**********

111111-- Isaac estava velho e quase cego. Mandou Esaú caçar, preparar-lhe a comida e dar-lhe de comer para que fosse abençoado por ele, antes que morresse. Rebeca ouviu a ordem e mandou Jacó, o outro filho, buscar cabritos e fez ela a comida para o marido. Desta maneira, o abençoado seria Jacó e não Esaú.

Jacó tinha poucos pêlos e cabelos, enquanto Esaú era peludo. Se o pai, quase cego, o tocasse, saberia que Jacó o es-tava querendo enganar e, em lugar de bênção, teria sua maldição.

Para enganar Isaac, Rebeca vestiu Jacó com roupas de Esaú, cobriu-o com peles de cabra e mandou levar a carne ao pai. Este o apalpou para saber se era Esaú: “A voz é de Jacó, mas as mãos são de Esaú” - pois estavam peludas, devido às peles que as cobriam. Também pelo faro ele foi enganado, pois cheirou o filho e, como este estava com roupas do irmão, pensou que era Esaú. E o abençoado foi Jacó. (27. 1 a 29).

Comentário: Naqueles tempos, ao primogênito cabia toda a herança do pai; os demais filhos nada recebiam, nem

a esposa. Aquela bênção, portanto, representava a passagem de todos os bens de Isaac a Esaú... Se Jacó não hou-vesse roubado a bênção.

2- Jacó é outro mau caráter a ser “protegido”! Incrível como Jeová é injusto! Ele aceita as malandragens dos esco-

lhidos, assina embaixo e ai de quem discordar!

3- Não seria a primeira vez que Jacó enganava o pai e isso fica evidente porque o velho o apalpou e cheirou para

ter certeza de não estar sendo levado no bico. E Jacó, o trapaceiro, será outro agasalhado pelo deus! Mas veja o que diz a bíblia a respeito de maus elementos iguais ao Jacó:

Aquele que pratica a maldade contra seu irmão procede do diabo. (1-João: 3. 8)

O Senhor destruirá o mentiroso e o fraudulento. (Sal: 5.6)

Foge dos tormentos da cobiça. Segue a justiça, a piedade, o amor, a mansidão. (Tim: 6. 11)

Não furtarás. (Êxodo: 20. 15).

Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19: 11)

4- E, calmaí! Tem uma coisa que não consigo visualizar: Que aspecto teria o Esaú? De bicho? De urso? Sim, porque se suas mãos eram tão peludas quanto à pele de ca-

bra, o corpo inteiro o seria também. O rapaz devia ser horrível! Mas a feiúra física não entra aqui, porque o que inte-ressa não é este aspecto. O furo está mais embaixo e é bem maior.

92

5- E mais uma dúvida: Enganar a um cego através do tato e do cheiro não é tão fácil quanto o Moisés pensava.

Ainda mais quando se trata de aliar tato, olfato e audição! Ora, o velho ouviu Jacó, reconheceu sua voz e, mesmo as-sim, foi enganado pelo tato e pelo cheiro? É difícil acreditar, mormente se pensarmos num detalhe até pequeno:

De que maneira a pele de cabra foi costurada nas mãos de Jacó, para não deixar vestígios das emendas? Sim, porque se o cego apalpou, teria de detectar os cinturões táteis das costuras, caso estas não estivessem bem dissimu-ladas. E não parece que estivessem, se tivermos em mente que costura sempre deixa impressões detectáveis, ainda mais naquela época, quando os objetos manufaturados eram grosseiros devido à falta de comodidades técnicas. Como é que a costura ficou tão disfarçada a ponto do cego não percebê-la através do tato?

A pele foi colocada somente nas mãos e no pescoço, ou no corpo inteiro de Jacó? Moisés fala que foi colocada nas mãos e no pescoço, mas tinha de ser coberto o corpo todo, porque o velho poderia querer apalpar braços, peito, costas e pernas, principalmente porque havia reconhecido a voz do embusteiro.

O cheiro de roupa de Esaú seria suficiente para enganar ao pai? Absolutamente não. No caso em análise, o clima seco e quente do deserto propiciava suores abundantes. O suor faz exalar odores

que não se confundem de pessoa para pessoa e, na época, o banho era uma prática pouco ou nada comum. O suor de uma pessoa tem o cheiro daquela pessoa; cheiro próprio característico, diferente dos demais cheiros,

fato que particulariza o indivíduo. A roupa de Esaú continha o cheiro de Esaú; mas Jacó, por sua vez, certamente estava suando naquele exato

momento, pois se sentia nervoso pela possibilidade de vir a ser desmascarado. O cheiro do suor de Jacó encobriria evidentemente, o cheiro da roupa de Esaú.

Não, não seria fácil enganar a uma velha raposa do deserto através deste expediente. No entanto, Isaac foi enganado tão facilmente! Considerando os detalhes, a gente percebe que Moisés subestima a inteligência dos leitores criando cena tão ridí-

cula para que seu infame ascendente engane a um velho que, para cair na armadilha, só se fosse um perfeito idiota. O problema na verdade, não é com Isaac, nem com Jacó, nem com Esaú. O problema, já o disse e torno a dize-lo.

O problema é com o Moisés, que jamais aceitaria ser descendente de um segundo filho. Isso seria uma afronta para a pureza de sua estirpe!!! Para ser descendente de um primogênito, veja bem as acrobacias que Moisés faz! Ele pre-fere nascer de um ladrão, a nascer de um segundo filho.

**********

111122-- Quando soube que havia sido enganado, o velho estremeceu e contou a Esaú o ocorrido: “Teu irmão veio com astúcia e tomou tua bênção”. Esaú pediu que também fosse abençoado, mas o pai não tinha bênção a lhe dar. E falou: “Longe dos lugares férteis e sem a água que cai do alto será tua habitação... Servirás o teu irmão...” (27. 30 a 40).

Comentário: A quem tinha o direito de primogenitura, o direito da bênção paterna, o direito dos haveres da famí-

lia, o direito de morar em lugar fértil e úmido, o direito de comandar o irmão sobrou, como único direito, morar em lu-gar seco e árido e ser escravo do irmão vigarista!

Por este lance é fácil perceber que a já mencionada “troca” do direito de filho mais velho por um prato de sopa foi só tolice inventada por Moisés, porque não foi levada a sério por ninguém. Se o fosse, a família não estaria agora se entrechocando pelos direitos do primeiro filho. Esaú, portanto, poderia ter “desprezado” mil vezes seus direitos de primogênito em troca de mil pratos de sopa, que continuaria a ter seus direitos assegurados. A história da sopa foi só bla, bla, bla; foi só um jeitinho a mais do qual Moisés lançou mão para justificar a ladroagem e a troca dos direitos.

2- Jacó mentiu e, por duas vezes passou o irmão para trás. E o deus passou a proteger a este traidor! Só se justi-

fica se ouvirmos outra vez Jesus falando que aquele “deus” trazido por Moisés era o diabo. Sendo o demo, Jeová não fazia mais que obrigação proteger aos maus elementos.

Não sois de Deus! O diabo é vosso pai. (João, 8. 44 a 47).

3- Isaac deu um restinho de bênção, uma bençãozinha de nada ao Esaú. Este coitado foi esquecido por Jeová,

tanto que pouco volta a aparecer na bíblia e, quando aparece é de raspão, não para ser elogiado. Mas veremos que, o Esaú conseguiu enriquecer mais que o próprio Jacó e viver muito bem, o que prova que a proteção ou a maldição do deus não fazia diferença nenhuma.

4- O pai não podia desfazer o erro quando descobriu que havia sido enganado? Não era ocasião para aplicar um

bom corretivo na Rebeca e no Jacó e fazer valer seus direitos de chefe de família? Mas não fez nada disso, porque Jacó viria a ser ascendente do Moisés – e não o Esaú. Então ficou o ladrão ele-

vado a herói; o dito pelo não dito, tudo por assim mesmo, não se fala mais nisso, a injustiça prevaleceu e the end!

93

5- E hoje, quando as pessoas tomam conhecimento desta passagem, sentem certa insatisfação, certo mal estar

íntimo que não sabem explicar; observam que algo está errado na bíblia; percebem que houve injustiça e que Esaú não merecia ter sido traído pela própria mãe e irmão; notam que ele foi vítima de crueldade sem merecer; sentem pe-na por ele – mas ai de quem abrir a boca contra alguma passagem bíblica, por injusta que seja!

Ai daquele que erguer a voz para dizer verdades! É heresia falar mal da bíblia! É pecado mortal duvidar da “palavra do deus”! É culpado quem raciocinar sobre as “santas escrituras”. Será excomungado quem achar erro no “livro sagrado”. Vai pro inferno quem levantar suspeita sobre Jeová. Então, todo mundo tem de ficar de boca fechada, sempre! Todo mundo tem de aceitar que Esaú merecia ser logrado, tem de dar razão a Jacó. E, por causa de tanta boca calada, o mundo avançou poucos milímetros em muitos milênios! Por causa desta obediência cega, o mundo ainda é este vale de lágrimas. Por ser proibido raciocinar sobre coisas “divinas”, só se vê sofrimento, miséria, tristeza e lamentos. O mundo, que já era pra ter dado passos de gigante, avançado rumo ao alto, rumo à espiritualidade e à felicidade,

continua nesta pequenez, tombado para um lado. E vamos continuar viajando tombados pela amplidão do nosso sis-tema solar, na penumbra da ignorância, pelo medo de levantar a cabeça e gritar: “Isso tudo é mentira! Deus não é es-ta coisa má, minúscula, volúvel, vaidosa, tola e desonesta que vocês continuam cultuando!”.

Mas as fogueiras da inquisição ainda fumegam. As minorias que lideram proíbem que a multidão abra os olhos e ponderem pela própria cabeça. Se tal acontecer, que fim terá o império daqueles que vivem e enriquecem das menti-ras bíblicas?

Oh, pobre povo! Os que te guiam te enganam e destroem o caminho por onde deves seguir. (Is. 3: 12)

********** 111133-- Passou Esaú a odiar Jacó (27. 41).

Comentário: E não era pra menos! O mesmo aconteceu entre Caim e Abel: por causa do deus, os irmãos passa-

ram a se odiar. O próprio Jeová gera a divisão entre os “seus” filhos!

********** 111144-- Esaú resolveu matar Jacó, quando o pai morresse. Mas Rebeca, “ouviu” o pensamento de Esaú e preveniu Jacó. Mandou-o para Harã ficar na casa de Labão, irmão dela e lá morar até passar o ódio de Esaú. E aconselhou o marido para que, na hora da partida de Jacó, mandasse que se casasse com moça de lá – e não com moça de Canaã, lugar onde moravam. (27. 41 28. 4).

Comentário: Continuam não querendo se misturar com as descendentes de Canaã, o neto de Noé, cujo pai viu o

velho bêbado e sem roupa! Os hebreus carregam inimizade eterna e Jeová bate palmas, quando deveria ensinar o perdão, a união, o amor, o esquecimento das ofensas – se é que houve alguma.

********** 111155-- Esaú, o enganado, sabendo que o pai não via com bons olhos as moças de Canaã, dirigiu-se à casa de Ismael e, além das duas mulheres cananenses que já possuía, tomou para si outra mulher: Maalate, filha de Ismael. (28. 6 a 9).

Comentário: Para desgosto dos pais, Esaú casou-se pela terceira vez, com moça de outra gente detestada. Ago-

ra foi com uma filha de Ismael, aquele meio egípcio filho de Abraão com a escrava Agar.

2- O tempo todo Moisés, o narrador, usa artifícios para justificar Jacó e condenar Esaú. Sem motivos para denegrir

a imagem de Esaú, o escritor lança mão de infantilidades que, de jeito nenhum o conseguem. E que infantilidades são estas?

94

a) Esaú, a desmaiar de fome, não fez questão de trocar os direitos de primeiro filho por um prato de sopa. Esaú errou neste episódio? Não. Quem errou foi Jacó, pela cobiça exagerada; errou justamente aquele que Moisés insiste em proteger.

b) Isaac, quase cego e querendo abençoar Esaú foi enganado, de modo que a bênção ficou para Jacó. Esaú errou neste episódio? Não. Quem pecou outra vez foi Jacó, pela ambição que levou ao roubo; errou Jacó, a quem Moisés insiste em dar como mascote, um deus particular. Jeová é um ser maléfico e sem poderes, mas que não deixa de ser um amuleto.

Pergunta: Por que Moisés faz pender o fiel da balança para o lado de Jacó? A resposta a gente já sabe: Moisés é descendente de Jacó – e não de Esaú. Olha leitor, você me desculpe, mas gosto de bater nas mesmas teclas, para cumprir o objetivo deste livro; daí, eu

reprisar muitas vezes as mesmas coisas. Continuando: Veremos também que Moisés vai continuar dando o deus como amuleto aos seus ascendentes dire-

tos, nesta ordem: Dentre as mulheres de Jacó, Moisés vai proteger Lia, a “moça feia dos olhos embaciados”, de quem Jacó não

gostava. Lia foi ascendente de Moisés, é claro! Dentre os filhos de Lia está Levi. Veremos no episódio do Príncipe Siquém, que Moisés justificou a carnificina le-

vada e efeito por este rapaz. E veremos outras vezes Moisés protegendo abertamente os levitas –– filhos de Levi dos quais ele próprio é um rebento.

Tomando por este lado, Moisés simplesmente narrou maravilhas sobre si e sua própria árvore genealógica.

**********

Capítulo 8

JACÓ – (1) 111166-- Jacó saiu em viagem, fugindo de Esaú. A primeira noite, Jacó passou-a ao relento e sonhou com uma escada, cujo topo atingia o céu, por onde transitavam anjos. Em sonho, o deus lhe disse: “Eu sou Jeová, Deus de Abraão e Deus de Isaac. A terra em que estás deitado, eu a darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será numerosa como pó da terra. Eis que estou contigo e te guardarei e te farei voltar a esta terra e não te desampararei”.(28. 10 a 15).

Comentário: Eis o deus aparecendo agora a Jacó e repetindo o mesmo de sempre: Eu te darei esta terra, te darei

farta descendência, te protegerei e patati, patatá. E quanto a Esaú, foi logrado mesmo.

2- Jacó sonhou? E quem o garante? É difícil desmentir um sonho e a própria bíblia nos dá a certeza que nem to-

dos os sonhos “proféticos” aconteceram:

Os falsos profetas proclamam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei! (Jer: 23. 25)

Eu não enviei estes profetas, e eles foram correndo. Eu não lhes falava, e eles profetizavam de suas cabeças.

Sou contra esses profetas que pregam a própria palavra e afirmam: ‘Deus disse’. E, com mentiras, fazem errar o povo.

Eu não os enviei, nem lhes dei ordem e eles, nenhum proveito trouxeram. (Jer: 23: 16 a 21; 30 e 32)

**********

95

111177-- Jacó acordou e disse: “Deus está neste lugar e eu não sabia...” (28. 15 e 16).

Comentário: Realmente, sabia muito pouco a respeito de seres divinos. Se soubesse, não ficaria admirado por

Deus estar “naquele lugar”. Se Ele, Deus Verdadeiro, é Onipresente, então está em toda parte e estaria naquele lu-gar também... Mas Jacó se referia a Jeová, o deus de mentira.

********** 111188-- – Tomou a pedra que lhe serviu de travesseiro e com ela fez a Coluna de Betel: “Se Deus for comigo e me guar-dar, se me der pão para comer e roupa que me vista de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então o Senhor será meu Deus; esta coluna será a casa de Deus e, de tudo o que me conceder, darei o dízimo”. (28. 18 a 22).

Comentário: Veja só, o Jacó fazendo chantagem, querendo subornar a divindade! “Se me deres isso, eu te darei

aquilo. Se fizeres o que eu quero, vou crer em ti”, como se Deus Verdadeiro precisasse de quem acreditasse nele pra continuar sendo Todo Poderoso.

Ah! Tá certo! É que Jacó estava se referindo àquele outro, o Jeová. Este sim, gosta de ser engrandecido, tem o ego inchado e aceita chantagem.

Não farás suborno, porquanto o suborno cega os olhos dos sábios. (Deut. 16: 19).

2- “Esta coluna é a casa de Deus”. Casa de Deus? De Deus Verdadeiro? E ele precisa disso? O ser que fez o Universo, o que faria com uma casa? E quem mostra o ridículo do fato é a própria bíblia:

Que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso? Sim, porque minha mão fez todas as coisas que vieram a existir. (Isaías: 66. 1 a 3).

3- E vem também do “livro dos livros” o desmentido sobre a santidade da coluna erguida por Jacó naquele lugar:

Não farás poste-ídolo nem levantarás coluna, a qual o Senhor odeia. (Deut. 16: 21 e 22)

********** 111199-- Jacó conheceu a prima Raquel, filha de Labão e permaneceu na casa deste. (29. 9 a 14).

112200-- Labão, tio de Jacó, tinha duas filhas: Lia e Raquel. Lia, a mais velha, tinha os olhos embaciados e feios. Raquel era formosa de porte e de semblante. Para casar-se com Raquel, Jacó serviu a Labão, de graça, por sete anos. (29. 16 a 20).

112211--– Jacó pediu que o tio lhe desse Raquel por esposa, conforme o combinado. Labão aceitou, deu uma festa para comemorar o casamento, mas, à noite, no quarto, em lugar de Raquel estava Lia, que ali foi conduzida pelo próprio pai. Sem perceber, Jacó possuiu Lia. De manhã, ficou furioso com a troca e Labão explicou que o costume era a mais velha casar primeiro. E prometeu entregar-lhe Raquel também, se Jacó o servisse por mais sete anos. Jacó concordou e, depois de uma semana, recebeu Raquel por esposa. Ali ficou por mais sete anos. Mas Jacó amava Raquel e não Lia. (29. 21 a 30).

Comentário: “Para casar-se com Raquel, Jacó serviu a Labão, de graça, por sete anos.”. Ah, de graça é que não foi! Pode ter certeza, que alguma ele estava tramando. Um golpista daqueles, trabalhar

de graça? Ainda mais Jacó? Ia trabalhar sem ganhar aquele preguiçoso, que ficava em casa dormindo na rede, en-quanto o irmão passava o dia caçando pra trazer mistura pra casa? Aqui, Moisés forçou a barra. Jacó pode sim, ter passado sete anos na casa de Labão. Mas trabalhando, eu duvido! E, de graça, duvido muito mais.

96

2- Naquela noite em que Jacó sonhou com a escada, o deus lhe falou, entre outras coisas: “Estou contigo, te

guardarei para onde fores e não te desampararei” (nota 116). Lembra disso? Jeová não ia desamparar Jacó; ia guar-dá-lo, mas não conseguiu prever a intenção de Labão, em substituir a noiva pela cunhada. Grande deus!

Grandessíssimo deus! Muitíssimo poderoso! Depois de sete anos naquele lugar xeretando em tudo, ouvindo tudo quanto é conversa Jeová não ficou sabendo que era costume casar a filha mais velha antes da caçula, nem percebeu que o velho pretendia fazer a troca! Deixou que o Jacó fosse enganado e não o alertou sobre o que ia acontecer.

Deus não é homem para que minta. Porventura, tendo prometido, não o fará?Ou tendo falado não cumprirá? (Num: 23. 19)

Dá licença, para uma gargalhada bem sonora: - KAKAKAKAKA!!! Aquele que promete e cumpre; que fala e faz; que vive arrotando competência, não teve capacidade para detectar

o tamanho da cilada que estavam armando para Jacó! Por sorte, Jacó era tão trapaceiro que sabia se virar sozinho porque, se dependesse da proteção do deus, estava frito.

Pergunta: Onde estava Jeová, que não notou a movimentação na casa, não viu a troca acontecer e não avisou o afilhado que Lia estava no lugar de Raquel?

E olhe que, certamente, o plano de fazer a troca vinha de longe e demandou muita conversa, muita atividade, mui-tas arrumações, correrias e disposições de última hora. Mesmo assim, o abobado do deus não notou!

Leitor, você queria um deus deste pra te ajudar? Nem eu. Jeová induz os dodóis a passar a perna nos outros, mas não é capaz de descobrir quando os outros é que vão

passar a perna neles; não consegue detectar quando serão eles os engabelados. Pobre deus! Bem limitado mesmo! E foi justamente este deus que exclamou, cheio de arrogância:

Para Deus há coisa demasiadamente difícil? (Gen: 18. 14).

3- “... depois de uma semana, Jacó recebeu Raquel por esposa.”. Jacó, que já estava casado com Lia, acabou se casando também com Raquel. Por enquanto, ele se casou com

duas irmãs, com consentimento do deus. Porém, adiante, o mesmo deus dá a Moisés a seguinte norma:

Se já tens mulher, não tomarás também sua irmã, para fazer dela uma rival e descobrir-lhe a nudez, enquanto viver a primeira. (Lev: 18. 18)

E aí, Moisés, como é que fica? Errou Jacó em ter tomado duas irmãs como esposas, ou errou o deus em ditar esta lei? Sabe o que é? É que na época, o deus não sabia das conseqüências do casamento bigâmico. Depois, por causa

de tanto rolo que deu ter uma porção de mulheres, o deus foi ganhando experiência e concluiu que uma só esposa dava menos trabalho, menos despesa, menos briga.

********** 112222-- Por Lia ser desprezada, o Senhor fê-la fecunda e deu à luz: Ruben, Simeão, Levi e Judá. (29. 31 a 35)

Comentário: Jeová fez Lia ficar fecunda? Se pudesse fazer isso teria dado um filho a Sara, do próprio ventre e na idade apropriada. Se conseguisse dar filhos a alguém, teria feito Rebeca tornar-se mãe sem necessidade do Isaac, marido dela, orar

por vinte anos. E, por que resolver tornar fértil uma mulher quando ela já é casada? Por que não fazê-la nascer fecunda? Sendo potente, sendo o criador e o modificador de tudo, o idealizador e realizador de todos os destinos, ele tinha

obrigação de saber, de antemão, a sina de Lia. Era forçoso que soubesse que ela seria feia, que se casaria com Ja-có, que seria mal amada; tinha de saber que Jacó tomaria também Raquel por esposa e que esta seria amada.

Levando em conta tudo isso, de duas, uma: O deus poderia ter feito Lia bonita, ou tê-la feito fecunda ao nascer – e não torná-la fecunda por ser feia e desprezada.

O deus continua tomando resoluções de última hora, sem planejamento. Por que esperar os acontecimentos para só depois tentar remediar os problemas que não conseguiu prever?

97

2- Notar que as coisas acontecem no Velho Testamento sem uma causa justificada, sem ser conseqüência de coisa alguma; qualquer um é escolhido, qualquer outro é desprezado sem que suas atitudes e caracteres sejam leva-dos em consideração. Tudo “obra” do deus, cujos atos Moisés moldou à vontade, de modo a plasmar um Jeová ridí-culo que “favorecia” alguns poucos a qualquer custo.

Mas por que uns sim e outros não?

Sofrimento e angústia virão sobre qualquer um que faça o mal, seja judeu ou grego. Honra e paz a todo aquele que pratica o bem seja ele judeu ou grego.

Porque para Deus Verdadeiro não há discriminação de pessoas. (Rom. 2: 9 a 11)

Vou repetir para que não se perca de vista o alvo de Moisés, que teve por antepassados diretos: Noé: Bonzinho, recebeu a missão de salvar-se a si, sua família e as espécies animais do dilúvio. Sem: bonzinho; filho de Noé – e não Cão, que viu o pai pelado, nem Canaã, o neto amaldiçoado. Abraão: fundador do povo hebreu. Era bonzinho e justo, observava os “mandamentos”. Sara: esposa de Abraão. Boazinha e justa, mas estéril, apesar de vir a ser “mãe” da “raça protegida”. Teve um filho aos cem anos, já sem ovulação, por “pura proteção do deus”. Isaac: “filho” de Abraão com Sara. Justo e bonzinho. Por causa dele foram desprezados Ismael e demais irmãos. Jacó: justo, bonzinho e protegido contra Esaú, o vilão que desprezou a primogenitura por um prato de sopa. Lia: esposa de Jacó; feia, mas boazinha e justa; coitadinha desprezada pelo marido. Moisés puxou a brasa para o peixe dela, transformando-a em “fecunda pela graça do deus” e desnecessárias outras justificativas. Levi: filho de Lia. Veremos em Êxodo, que Moisés protegerá os filhos de Levi – os levitas – transformando-os em sa-cerdotes e receptadores dos dízimos, que vão enriquecê-los.

Moisés adulterou, pois, os lances até chegar a si mesmo, um varão da casa de Levi, filho de Lia, esposa de Jacó. Analisando estes detalhes, fica a certeza do quanto Moisés manuseou os fatos para dar a si mesmo, origem divina.

Não se ocupem de genealogias sem fim; que se ocupem com o serviço de Deus, na fé. (Tim: 1.4)

**********

112233-- – Raquel era estéril e queria filhos. Para tê-los, entregou a Jacó sua serva, de nome Bila. (30. 1 a 4).

Comentário: – Outra estéril! As mulheres dos grandes patriarcas foram estéreis! Primeiro foi Sara, que teve de negociar uma criança na terra dos filisteus. Depois Rebeca, cujo marido teve de orar por vinte anos pra que ela en-gravidasse. Agora é Raquel, a esposa preferida do dodói do deus.

Que castigo heim? E querem me fazer crer que o deus operava maravilhas.

Para Deus há coisa demasiadamente difícil? (Gen: 18. 14).

Já não há força em mim? (Is. 50: 2).

Ter-se-á encurtado o braço do Senhor? (Is. 50: 2).

2- Para ter filhos, Raquel entregou a Jacó sua escrava Bila, igual fez Sara com Agar: obrigou-a a dormir com o

marido para ter filhos através da serva. Jacó, que tinha duas esposas, ficou com três. E o deus, nem tchum. Os afilhados podem tudo. Eles iam se casando com quem aparecia. Era uma promiscuidade, uma mistura desordenada e confusa, um des-

respeito aos sentimentos das escravas, um toma lá esta mulher e dá cá um filho macho, de causar asco.

3- E mais: Raquel era a esposa favorita de Jacó que, por sua vez, era o protegido do deus. Ora, na posição de

predileto, Jacó deveria ter muitos filhos era com Raquel, e não com Lia, a quem não amava. Acontece que o deus Jeová era jovem, inexperiente, estagiário em fase de aprendizado e por isso não conseguia

fazer milagre nenhum. Mas fica frio! Até agora, Moisés está só fazendo relato dos episódios antes dele próprio nascer. Quando ele apa-

recer em cena, aí, sim! O deus vai estar bamba, “fazendo os maiores prodígios”, conforme a gente vai ver.

4- Nesta narração, Moisés justifica a incoerência que estamos analisando: “Vendo que Lia era desprezada, o Se-

nhor fê-la fecunda”, dando a entender que a fertilidade era compensação pela indiferença do marido, como se Jeová ligasse pra este tipo de coisa. Se ligasse, teria compensado Esaú por ser desprezado pela mãe e traído pelo irmão.

**********

98

112244-- Bila, serva de Raquel, teve filhos: Dã e Naftali (30. 5 a 8).

112255 -- Lia, a primeira esposa, para ganhar em número de filhos pegou sua serva Zilpa, e a entregou a Jacó. Zilpa teve com Jacó, os filhos Gade e Aser. (30. 9 a 13).

Comentário: – Sem comentário, mas não vou deixar passar batidão: Que modo caridoso de tratar as servas! Entregam ao marido para que tenham descendência através delas. De-

pois se apossam das crianças, sem se importar com os sentimentos das escravas – estas sim, mães verdadeiras, que têm de entregar os filhos para saciar o egoísmo das esposas dos patriarcas. Danem-se as servas, desde que as esposas do favorito do deus tenham crianças nos braços e farta descendência.

Esta prática foi um exemplo que receberam de Sara, a qual deu a escrava egípcia ao marido e, de cuja união nas-ceu Ismael. Com uma ressalva: Lia e Raquel cuidaram melhor dos filhos das servas do que Sara, que expulsou a es-crava e o filho a pão e água, sem direito a mais nada.

Ás moças trata como irmãs, com toda a pureza. (Tim: 5. 2)

Não pode haver judeu nem grego; nem escravo, nem liberto; porque todos sois um em Cristo. (Gal: 3. 28)

Não tomarás como tua mulher outra, de sorte que lhe seja rival. (Lev: 18. 18)

2- Notável é que Jacó se casa com duas servas, não se sabe de quais nacionalidades, de quais famílias, e Moisés

trata os fatos com naturalidade. Mas quando se tratou de Esaú, que casou com duas moças cananéias e uma ismae-lita, Moisés fez questão de aclarar a nacionalidade e frisar que isso causou desgosto aos pais dele.

3- Admirável a diferença entre Abraão e o neto Jacó: Ismael, nascido de união ilegal entre Abraão e Agar, foi expulso do acampamento, com o aval do deus. Aqui, Jacó se deita com esposas e servas, sem que os filhos destas últimas sejam considerados ilegítimos. Ao

contrário do avô, Jacó considerou a todos os filhos com direitos iguais. Nisso, ele fez bonito! Pelo menos uma quali-dade positiva deu pra perceber neste senhor! Arre!

********** 112266-- Depois, de Lia nasceram Issacar e Zebulon. (30. 16 a 20).

Comentário: De Lia nasceram Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulon. De Bila, serva de Raquel, nasceram Dã e Naftali. De Zilpa, escrava de Lia, nasceram Gade e Aser. Dez filhos, tudo homem macho, você viu? Eita Jeová! Nenhuma mulher! Isso é que é deus batuta!

**********

112277-- De Lia nasceu uma filha, que se chamou Diná. (30. 21).

Comentário: – Epa! Que diabéisso minhagente? O deus bobeou e nasceu uma menina! Putis, que raiva ele sentiu quando foi espiar o nenê na hora do banho e lhe viu o sexo!

Decerto ficou vermelho de vergonha, correu se esconder atrás da horta, mas fazer o quê né? Não tinha como mandar de volta, impossível trocar a mercadoria... Reclamar com o responsável estava fora de cogitação, pois o res-ponsável era ele próprio.

“Já que tá, fica, mas que não me apareça outra!” – esta deve ter sido a fala de Jeová, ao ver que errou feio.

2- Em verdade, muitas filhas nasceram das esposas de Jacó. Em Gênesis 37: 35, a gente lê: “Levantaram-se os seus filhos e as suas filhas para o consolarem, porém Jacó recusou ser consolado”. Não, eu não errei na cópia! Está escrito: “as suas filhas”! No plural. De Jacó, sim senhores!

99

Estando escrito é porque ele teve filhas também! Quantas eram ao todo? Só Deus Verdadeiro o sabe. Diná só re-cebeu registro na bíblia porque, com ela, aconteceu um fato digno de nota e Moisés, desde agora, foi preparando ter-reno, colocando-a dentre a filharada. Não fosse isso, já viu, né!

********** 112288-- Raquel engravidou e nasceu-lhe José. (30. 22 a 24).

Comentário: Uai, uai! A Raquel não era estéril? Como foi que concebeu sem receber visita do deus? Sem que o

Jacó orasse durante vinte anos? De repente, o deus faz outra estéril conceber! Este Jeová precisava era de umas aulas de Ciências, Anatomia, Biologia, sei lá mais o quê. É muito erro num

deus só. Coitadinho, ninguém pra ensinar ele? Jeová precisa aprender que quem concebe não é estéril, e quem é es-téril não concebe. Nunca!

Moisés, o escritor, esquece o que já grafou e continua escrevendo de maneira a desmentir-se a si mesmo. Ele usa a expressão estéril, que é forte, para depois “desfazer” a esterilidade e melhor valorizar o deus... Vá, vá, sô!

********** 112299-- Raquel teve ainda outro filho, já em terras distantes, longe da casa de seu pai – mas morreu no parto. Este último filho chamou-se Benjamim. (35. 16 a 20).

Comentário: Muitas coisas aconteceram até o nascimento de Benja-

mim e a gente vai explanar tudo. Mas aqui já fica registrado o nascimento deste menino, através de Raquel, a estéril que teve filhos (!).

Temos, pois, registrados na bíblia, os seguintes filhos de Jacó: De Lia: Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulon, Diná. De Bila (escrava de Raquel): Dã e Naftali. De Zilpa (escrava de Lia): Gade e Aser. De Raquel: José e Benjamim. Total: 13 filhos - e temos motivos para crer que houve pelo menos igual número de filhas porque, pelas estatísticas, existe equilíbrio no nascimento de meninos e meninas. Há desequilíbrio em tempo de guerra, quando nú-mero expressivo de homens morre na batalha. Fora isso, o equilíbrio é mantido pela Natureza – ou seja, Deus Verda-deiro.

********** 113300-- Depois que José nasceu, Jacó quis retornar à terra de Canaã, de onde viera. O sogro Labão, para não se apartar das filhas e dos netos, pediu que Jacó continuasse com ele; que fixasse salário, que cobrasse pelos serviços prestados. Jacó fixou o seguinte salário: seriam dele todos os animais pintados, listrados, salpicados e malhados nascidos e os que viessem a nascer. E ficariam para o sogro os animais brancos e os negros nascidos e os que viessem a nascer. Disse Jacó: “Esse será o meu salário; minha honestidade testemunhará a meu favor, no futuro.”. Labão aceitou a proposta e mandou separar os animais listados, malhados, salpicados e pintados. Os brancos e pretos, entregou aos seus filhos.

E Jacó apascentava o resto do rebanho de Labão. (30. 25 a 36).

Comentário: Explicaram os exegetas da Bíblia de Jerusalém, que nos rebanhos orientais, os carneiros são geral-mente brancos e as cabras pretas. Mas nascem, de vez em quando, animais manchados e são estes que Jacó rei-vindica. Aparentemente, Jacó sairia no prejuízo, uma vez que os animais salpicados e listrados eram exceções.

2- Labão aceita a proposta sem imaginar o que tramava o genro com o objetivo de enriquecer “com retidão”, ape-

nas com a posse dos animais malhados, pintados, listados, salpicados – que chamarei de “coloridos” para facilitar a digitação e a leitura. Aparentemente, Labão desconhecia as “qualidades” do genro.

**********

100

113311-- Jacó usou um ardil para que as fêmeas coloridas dessem crias coloridas. E manipulou para que os machos coloridos enxertassem as fêmeas brancas e pretas, dando origem a crias coloridas também. Desta maneira, as fêmeas coloridas tinham apenas crias coloridas; e as fêmeas pretas e brancas tinham, igualmente, crias coloridas. Jacó manipu-lou, interferiu na cor das crias e se apoderou de animais grandemente aumentados quanto ao número. Ele tornou-se assim, mais e mais rico; teve muitos rebanhos, servas e servos, camelos e jumentos. (30. 37 a 43)

Comentário: Os teólogos explicam em detalhes o artifício usado por Jacó, acrescentando que, além do artifício,

ele escolhia para si reprodutores sadios, deixando para o sogro os reprodutores fracos e doentes. Os exegetas termi-nam a explicação com estas palavras: “Assim, Jacó se desforra honestamente de Labão.”.

2- Assim, Jacó rouba “honestamente” as riquezas de Labão – é o que dizem os teólogos, os quais são obrigados

a ver valores positivos nos pupilos do deus, mesmo quando se trata de despojamento, de pilhagem descarada.

3- Teve muitos rebanhos, servos, camelos e jumentos, conseguidos através de artifícios sórdidos. Ladrão! Mais uma prova de desonestidade na família, que parece não gerar outra coisa. Depois, Jeová vai ditar os “dez Mandamentos” e, entre eles, estará esta norma lindíssima na qual está a condena-

ção aos atos de Jacó:

Não cobiçarás a casa, nem a mulher do teu próximo, nem os seus servos, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo. (Êx: 20. 17).

Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19: 11)

E é da mesma bíblia, das palavras do Suave Mestre Galileu, que anotamos esta jóia:

O dirigente infiel tem maior sucesso financeiro porque é mais ardiloso que os filhos da luz. (Luc: 16. 8)

4- Moisés afirma que Jacó morou vinte anos com o sogro. No entanto ali esteve como fugitivo, escondendo-se do

irmão a quem roubou. E, ademais, estava interessado em se apoderar também dos rebanhos de Labão. Portanto, era do interesse dele, continuar morando nas terras do sogro, não sendo obrigado a ali permanecer.

5- Mesmo roubando com a maior cara-de-pau, Jacó continua a ser predileto do “divino”! É preciso ser muito inteligente para perceber o quanto foi incoerente o deus de Moisés? A impressão é que o au-

tor da narrativa acreditava que, quanto mais astuto e larápio fosse o homem, maior proteção de Jeová conquistava... E o pior é que no Antigo Testamento, este disparate é verdade! Moisés não escondia as antivirtudes dos ancestrais; ao contrário, sentia certa felicidade maldosa em narrá-las, como se escarnecesse dos justos que foram ludibriados.

Jesus sabia o que falava quando disse que Abraão, Isaac, Jacó e Moisés não eram de Deus; que Jeová, o deus deles era o pai da mentira. (João, 8. 44 a 47).

********** 113322-- Os filhos de Labão reclamaram: “Jacó se apossou do que era nosso”. E Jacó percebeu que o sogro não lhe de-monstrava a afeição de antes. Aí, Jeová o aconselhou a retornar à sua parentela “e estarei contigo”. (31. 1 a 3)

Comentário: O coitadinho do Jacó percebeu que já não lhe dedicavam a mesma afeição de antes... E o que ele queria? Que não percebessem seu jogo sujo? Que os cunhados não entendessem que a cor das crias

era manipulada? Queria que o mimassem depois de notar o que fazia?

2- Mas Jeová apareceu para dar uns conselhos a Jacó. O deus terá vindo recomendar para cultivar a honestidade, a retidão e a devolver o que havia roubado? Nã, nã, ni, nã, não! Não! Nada disso! Veio mandá-lo cair fora com o produto do roubo!

Este é o deus de Moisés, Abraão, Isaac e Jacó! É sempre o mesmo golpista de sempre, não mudou nadinha, desde Abraão e Sara.

101

E este é o deus cultuado até hoje por “cristãos”, que nem imaginam que estão adorando, fortalecendo e transmitindo energias a um demônio que nada possui de divino; a um deus pagão inventado por Moisés.

Quem faz injustiça receberá em troca a injustiça e nisso não há proteção a pessoa alguma. (Col: 3. 23 a 25)

Não há proteção a ninguém mesmo! Nem a Jacó!

3- Bem que o deus poderia ter mandado Jacó retornar antes de se apoderar da fortuna do sogro. Mas não! Ficou esperando que o favorito se abarrotasse à vontade, que seus rebanhos estufassem primeiro. Ora,

nestas alturas, nem era preciso que o deus sugerisse a fuga; o próprio Jacó, que não era bobo nem nada, sabia que seria suicídio permanecer por mais tempo entre suas vítimas.

Aliás, em palavras nuas e cruas, foi isso mesmo que ocorreu: Quando sogro e cunhados acusaram-no abertamen-te, Jácó juntou a tralha e sumiu de cena. Fugiu, o covardão!

Mas o Moisés tinha de romancear, né? Não ficava bonito falar que Jacó fugiu de medo. Tinha de ter a “interven-ção” do deus pra dar um toque de divindade ao desandar para casa.

Como é diferente este deus de mentira do Verdadeiro Deus! Enquanto o primeiro protege o roubo e a falsidade em defesa da riqueza, do conforto e da boa vida, o segundo recomenda calma, amor, mansidão...

Veja o que Deus Verdadeiro teria dito a Jacó:

Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e as riquezas que acumulastes para quem será? (Luc.:12. 20 e 21)

Seja a vossa vida sem a paixão por riquezas. Contentai-vos com as coisas que tendes. (Heb: 13. 5)

********** 113333-- Depois, Jacó falou com suas esposas dizendo que Labão o havia enganado e que o nascimento das crias colori-das era a mão do deus favorecendo-o: “Deus tomou o gado de vosso pai e deu a mim, pois, chegado o tempo em que o rebanho concebia, vi em sonhos que os machos que cobriam as ovelhas eram listrados e malhados...” e falou que a justi-ça estava sendo feita. (31. 4 a 13)

Comentário: Vê e sonha quando lhe apraz, o mentiroso! Aqui se encaixam as palavras:

Os falsos profetas proclamam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei! (Jer: 23, 25).

2- Aliás, não é de agora que Jacó vem mentindo, trapaceando, roubando. Lembra que procurou trocar o direito de

primogenitura por um prato de sopa? Lembrar que se fez passar por Esaú para receber a bênção paterna? Quem rouba o irmão gêmeo não roubaria os cunhados? E se justifica dizendo que seu enriquecimento se tratava de obra do deus! É claro que era – mas não de Deus Único e sim, daquele deus trevoso que sugere maldade, aquele ao qual Jesus

se referiu como sendo o próprio diabo. (João, 8. 44 a 47)

Tu, homem de Deus, foge dos tormentos da cobiça. Segue a justiça, a piedade, o amor, a mansidão. (Tim: 6. 11).

Quem pratica a maldade vem do diabo, porque o diabo pratica maldade desde o princípio. (1-João: 3. 8)

********** 113344-- Jeová mandou o Jacó sair daquelas terras e retornar para seus parentes. (31. 13).

Comentário: O deus “tornando-se visível” e sempre se intrometendo nas micuinhas domésticas, nas frivolidades, nos tolos inchaços do ego, interferindo no livre pensar e agir de um único grupinho de três ou quatro. Ele não tinha nada importante a fazer no resto do Universo, senão perder tempo com arranca-rabo de comadres?

**********

102

113355-- Lia e Raquel ouviram a reclamação de Jacó; sentiram-se injustiçadas e queriam saber se ainda tinham alguma herança a receber do pai. (31. 14 a 16).

Comentário: Olha só! Elas queriam herança! Cheias de cupidez e ambição, tanto quanto o marido.

********** 113366-- Jacó juntou esposas e filhos, juntou seu gado e seus bens para partir antes da volta de Labão, que estava tosqui-ando ovelhas. Raquel furtou os ídolos domésticos do pai. “Jacó logrou a Labão não lhe dando saber que fugia”. Atra-vessou o Rio Eufrates e rumou para a montanha de Gileade (31. 17 a 21).

Comentário: Moisés não esconde o “heroísmo” de Jacó. Usou as palavras ao pé da letra, na exata extensão do

significado: Jacó logrou; Raquel furtou, Jacó fugiu – como se fossem atos a serem aplaudidos de pé.

Aquele que é nascido de Deus não vive na prática do mal. (1-João: 3. 9)

********** 113377--Jacó foi para a Mesopotâmia e após três dias Labão foi avisado. Saiu atrás dos fugitivos e os alcançou em Gilea-de. Mas, deus falou a Labão em sonhos: “Guarda-te de não falar a Jacó, nem bem nem mal.” (31. 21 a 24).

Comentário: Jeová de novo se misturando, se intrometendo, protegendo um mau elemento. Agora ele “surge” ao sogro Labão, aquele que quer arrebentar a cara do favorito! “Aparece”, manda Labão respirar

fundo, se acalmar, contar até dez e não molestar o coitadinho do Jacó.

2- Quem é que pode afirmar o conteúdo do sonho de Labão? E quem pode jurar de pés juntos que Labão teve tal

sonho? É fácil declarar que ele sonhou com o deus pedindo para não atacar o preferido, quando sonho é uma vivên-cia de cada um, muito particular, impossível de ser testemunhado. E vai saber o tamanho da surra que o Jacó levou! Mas Moisés não deixaria registrado que seu antepassado levou a pior.

Que pena que o Labão não possa desmentir o “sonho”! Não deixou ao menos uma linha escrita contando, através de sua ótica, o que houve realmente no reencontro com o genro.

********** 113388--,, Labão aproximou-se de Jacó, dizendo: “Que fizeste? Por que fugiste furtivamente e me enganaste? Por que me lograste e levaste minhas filhas como prisioneiras de guerra? Nem mesmo me deixaste beijar filhas e netos... Por que furtaste os meus deuses?” (31. 26 a 30).

Comentário: Um pai/avô que nem pôde abraçar as filhas e beijar os netos em despedida, sabendo que nunca mais os veria... E Jeová manda que a vítima cale a boca para não melindrar o pobrezinho do bandidão!

2- O sogro foi claro: Jacó logrou, enganou, furtou, e fugiu. Falou isso aí na lata, cara a cara, bafo a bafo. Insultos

contra os quais Jacó poderia ter pedido retratação se as palavras não correspondessem à verdade. Por que calou?

3- Vamos ao roubo dos ídolos de Labão por Raquel. Desde a fundação do mundo, desde Adão e Eva a gente está acompanhando a história deste povo e até o pre-

sente fato, não me lembro de alguém falando em ídolos. Nem bem, nem mal. No entanto, adiante, Moisés vai falar muito na proibição de adorar ídolos, inclusive nos 10 mandamentos.

Isso significa que, desde a fabricação do mundo até o presente momento, o deus não tinha pensado no perigo que os ídolos ofereciam a si mesmo; mas depois, deve ter pensado assim:

“Peraí! Vá que gostem mais das estátuas do que de mim? Vá que os ídolos façam mais milagres que eu? Vá que descubram que o impostor sou eu? Preciso tomar cuidado! É melhor acabar com estas estatuetas antes que elas a-cabem com o meu cartaz”.

103

Se Jeová tivesse pensado nisso antes, teria amaldiçoado Labão por ficar brigando por causa de deuses esculpi-dos, ao mesmo tempo em que viria correndo exigir que Raquel devolvesse as imagens: Vamos, devolva já estas por-carias, porque favoritos meus não podem andar pra lá e pra cá com estas imundícies, porque elas são ídolos e eu não suporto ídolos. Vamos, vamos já, devolva essas coisas amaldiçoadas.

********** 113399-- Jacó disse que não comunicou a partida por medo que o sogro quisesse reter filhas e netos. Quanto aos deuses,

garantiu que não os roubara. Os ídolos, porém, estavam escondidos no acampamento, tendo Raquel sentada sobre eles, dizendo que não ia se levantar porque estava menstruada. (31. 31 a 35).

Comentário: Ter ídolos fundidos é “pecado”, conforme veremos. Na presente fase da narrativa, no entanto, o deus adolescente ainda não sabia disso e deixou que Raquel enganasse o pai, ficando com as estatuetas.

2- Notar como Moisés narra as trapaças da família demonstrando felicidade pelo sucesso das patifarias.

3- E mais: Adão foi feito pelo próprio deus, a partir de uma imagem esculpida em barro. De agora em diante, po-

rém, será um dos pecados maiores o uso de imagens esculpidas.

4- Não mentir é outro dos mandamentos. Raquel mentiu ao próprio pai dizendo-se menstruada quando, na verda-

de, estava escondendo os ídolos domésticos roubados. Em poucas palavras, Raquel cometeu três pecados mortais: roubar, mentir e adorar ídolos. Contudo, o deus continua a passar a mão na cabeça desta família.

**********

114400--, Jacó brigou com o sogro, dizendo que havia sido honesto naqueles anos e não havia roubado as estatuetas.

Falou dos prejuízos que teve, do trabalho pesado que fez. “Se não fosse o Deus de Abraão, me despedirias de mãos vazi-as. Deus atendeu ao meu pedido e te repreendeu ontem à noite”. (31. 36 a 42)

Comentário: Fez-se de vítima, o Jacó! Trapaceou, roubou, acovardou-se, fugiu de medo e tem o atrevimento de

falar que foi correto, que foi auxiliado por forças divinas! Por forças ocultas, pode ser – mas divinas é impossível.

2- O deus que protegeu a desonestidade nestas passagens é o mesmo cultuado hoje por algumas das maiores re-

ligiões; e é o mesmo que Jesus classificou como diabo (João 8: 44 a 47).

Ah, se não fosse o deus do Antigo Testamento ensinando a enganar e a roubar, certamente os maus exemplos não teriam atravessado os milênios e chegado até nós; e o mundo estaria melhor, cheio de paz.

Pergunto: Qual ladrão moderno não pode alegar que aprendeu a roubar na bíblia, incentivado pelo próprio deus? E quem pode acusar o ladrão de crime, se foi o deus a garantir proteção aos que mentiam, roubavam e fugiam? Foi, pois, o deus a exemplificar que roubo, mentira e desonestidade são valores desejáveis.

3- Moisés e seu deus das trevas deixaram triste herança que até hoje encontra “herdeiros” desonestos, ávidos em

observar seus preceitos. Talvez até sejam honestos, mas, simplórios, ingênuos e crédulos, percebem a farsa, sabem que há algo que não se adapta, mas acreditam ser “pecado” duvidar da “palavra do deus” e calam a boca.

Aos herdeiros mal intencionados, aos chefes religiosos que continuam profanando e conspurcando o nome de Deus Verdadeiro conscientemente e enriquecendo com as mentiras bíblicas, Jesus destinou estas palavras:

Hipócritas! Fechais o reino dos céus; vós não entrais, nem deixais entrar quem quer entrar. (Mat. 23: 13 a 28)

********** 114411--Depois, Labão e Jacó fizeram um trato. Ergueram uma coluna que recebeu o nome de Galeede, comemorando o

104

tratado. Combinaram que, para além do local não passaria Jacó para o lado de Labão, nem este para o lado de Jacó. Disse Labão: “O deus de Abraão e o deus de Naor, julguem entre nós” (31. 43 a 53)

Comentário: “O deus de Abraão mais o deus de Naor...” Só aqui aparecem dois deuses. Quantos deuses existi-

am? Cada um tinha o seu?

2- E foi colocado um limite de onde Jacó não deveria passar. Que vergonha vergonhenta! Uma família separada

para sempre por causa do péssimo caráter do genro! Um pobre pai e também avô amoroso acabou proibido de rever sua descendência com medo que Jacó regressasse e repetisse a roubalheira.

********** 114422-- A caravana de Jacó seguiu seu caminho e anjos de Deus lhe saíram ao encontro. Jacó disse ao ver os anjos: “Es-te é o acampamento de Deus.”. (32. 1 e 2)

Comentário: Acampamento de Deus? Só se for do falso porque, do Verdadeiro Deus, impossível! Ele não precisa

disso! Não precisa de casa, nem de acampamento nenhum, nem de quaisquer lugares físicos e, do próprio livro de onde foi colhida esta narração, foi colhido também este desmentido:

Deus fez o mundo e tudo o que nele existe. Ele não habita santuários feitos por humanos; não é servido por humanos como se precisasse de alguma coisa. (Atos: 17: 24 a 25)

Diz o Senhor: Que casa me edificareis vós? Minha mão fez as coisas todas que vieram a existir. (Isaías: 66. 1 a 3 )

2- Que importante era o Jacó! Chegando ao “acampamento do deus” teve até comitê de recepção formado por an-

jos! Com fanfarra, baliza, bandeiras, cartazes, tapete vermelho, e tudo! Até o deus se inclinava aos seus pés!

********** 114433-- Jacó enviou mensageiros a seu irmão Esaú no território de Edom, com a notícia de sua chegada e pedindo bene-volência. Os mensageiros regressaram dizendo que Esaú já estava a caminho acompanhado por quatrocentos homens, vindo ao encontro de Jacó. Este ficou com medo e pediu ao deus que o salvasse de Esaú que, com certeza, vinha com más intenções. “Livrai-me das mãos do meu irmão; que ele não venha matar a mim, meus filhos e suas mães.” (32. 3 a 11)

Comentário: A consciência pesou heim, Jacó? Se estivesse limpa não sentiria medo, não pediria benevolência

nem rezaria pro deus salvá-lo. Pela primeiríssima vez, aparece Jacó orando... É bem o Jacó que conhecemos; aque-le poltrão que está pálido, trêmulo, coração disparado de tanto medo de apanhar. Ele chora e implora: “Livrai-me das mãos do meu irmão!”.

Covarde!

2- E quem falou que Esaú vinha com intenção de se vingar? A bíblia diz que que Esaú vinha ao encontro do ir-

mão, em companhia de seus homens. Só isso. Quem perverteu a notícia foi o próprio Jacó, cuja consciência nunca esteve em paz naqueles vinte anos que passou escondido.

3- Interessante e suspeito: quem é recepcionado por um comitê de anjos não tremeria de medo diante de um gru-

po de homens. Ele sentiu medo de seres humanos significando que não houve ser angelical nenhum a recebê-lo ou, se houve, eram anjos opostos à Luz.

********** 114444-- Para não ser morto, Jacó resolveu presentear o irmão com duzentas cabras, vinte bodes, duzentas ovelhas, vinte

105

carneiros, trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas, dez touros, vinte jumentas e dez jumentinhos. Jacó mandou na frente os animais com os quais ia presentear Esaú, pretendendo aplacar seu ódio. (32: 15 a 17)

114455 E dizia a si mesmo: “Eu o aplacarei como presente eu me antecede e, em seguida me apresentarei a ele e talvez me conceda a graça”. O presente seguiu adiante e ele ficou aquela noite no campo (32: 21e 22)

Comentário: Estava rico o Jacó! Só uns presentinhos insignificantes para o irmão são 580 animais! Isso só uma

mostra do tanto que Jacó roubou do sogro. Não é de admirar sua revolta de Labão contra o genro!

2- Jacó criava ovelhas e recebia seu salário em ovelhas. No entanto, agora aparece uma abundância de camelos,

vacas, touros e jumentos que ele vai dar de presente ao irmão. Certamente esta quantidade era uma pequena fração de tudo o que possuía. Fica complicado avaliar o número de animais aos qual realmente Jacó fazia jus; impossível do mesmo modo saber quanto foram os subtraídos do sogro. É incalculável o tamanho do prejuízo que deixou para trás, com o consentimento das esposas, as quais queriam saber se ainda tinham alguma herança a receber do pai. (31. 14).

3- Ao fugir, certamente ele se apoderou de outras coisas da casa do sogro, além dos ídolos domésticos.

4- Moisés conta que o velho saiu ao encalço de Jacó só para “se despedir das filhas e netos”. Veja só, que inocen-

te: Demorou três dias para saber que o safado havia fugido. Gastou mais três dias em viagem pra sair de onde esta-va tosquiando ovelhas e chegar a casa. Depois, mais dois ou três dias pra organizar a comitiva. E mais uma ou duas semanas para alcançar os fugitivos. Quase um mês de estrada comendo poeira, só pra uns beijinhos nas crianças!

Dá pra acreditar? Com toda certeza, Labão correu atrás foi dos seus bens roubados!

5- E estava bem carregada a consciência de Jacó em relação ao irmão Esaú, na mesma proporção do tamanho

do presente que estava lhe mandando. Sim, ele sabia a dimensão do mal que fez e, amedrontado, mandou os pre-sentes antes de mostrar a cara, o medroso.

6- Chantagista! Depois de roubar o direito de primogenitura e a bênção de Esaú, vem agora mandando presenti-

nhos para aplacar a raiva do outro e permanecer vivo. Medo de morrer e ir para o inferno, lugar que sabia ser do seu merecimento.

7- Que família! Não canso de me admirar. Ladrões, mentirosos, exploradores, chantagistas, aproveitadores, ingratos, malandros, covardes. E Jeová, o deus, dá proteção a estas pessoas desprezíveis, enquanto Moisés sente prazer em expor as mazelas

morais deste povo sujo, do qual ele garante ser descendente.

**********

Capítulo 9

JACÓ – (2) 114466-- Naquela noite, Jacó fez passar suas mulheres, seus onze filhos, servos e tudo o que trazia para o outro lado do Rio Jaboque e ficou sozinho na margem anterior. (32: 23)

Comentário: Jacó fez passar suas esposas, os onze filhos...

106

Opa! Parado aí! Esta conta está errada! O leitor se lembra que a soma dos filhos é treze incluindo o Benjamim, que nesta altura da história, não nasceu

ainda. Até agora, porém, o total é doze. No entanto, está escrito que Jacó mandou seus onze filhos passarem o rio. Falta um. Ah! Desculpe, esqueci da Diná! Com ela, nesta época, eram doze os filhos de Jacó.

2- Moisés, que não era chegado a mulheres, que nutria pré-conceitos contra elas, que não as suportava, ignorou a

menina nesta passagem como se ela não existisse, como se não fizesse parte da família, como se não fosse gente, como se fosse um saco de roupa suja e nada mais.

3- Veja bem, que ele não incluiu a Diná em lugar nenhum. Vamos rever: Jacó fez passar suas mulheres, seus onze filhos, servos e tudo o que trazia para o outro lado do Rio... A filha não foi abrangida entre as quatro esposas, nem entre os onze filhos, nem entre os servos, nem entre os a-

nimais, tanto era o desprezo que Moisés dedicava às filhas mulheres.

********** 114477--, Ficando sozinho no lado de cá do rio, Jacó recebeu uma visita estranha: O próprio deus!

E brigaram os dois, lutaram corpo a corpo com murros, chutes e pontapés, a noite inteira! O deus, vendo que Jacó era mais forte que ele, aplicou-lhe um golpe na coxa deslocando-lhe a articulação. A partir daí, Jacó passou a mancar. (32. 22 a 24). E Jeová mudou o nome de Jacó para Israel. (32. 29).

Comentário: Este fato bíblico merece ser amaldiçoado, abominado, excomungado, execrado e mais algumas pa-

lavras que não me ocorrem no momento. Merece ser retirado da bíblia, ser esquecido para todo o sempre. Não merece receber minha atenção nem a de ninguém, mas se não for comentado, é bem capaz de você pensar

que concordo com o episódio. Não, não concordo. Sinto mal estar em pensar que alguém possa acreditar nesta aberração desproporcional, nes-

ta ofensa abominável à Divindade, nesta blasfêmia contra Nosso Criador, Deus Único e Verdadeiro. Esta “passagem bíblica” somente expressa a ignorância do escritor Moisés em relação às coisas sagradas, ao mesmo tempo em que deseja engrandecer-se a si mesmo por fazer parte desta “linhagem santificada”, da qual um membro lutou corpo a corpo com o deus e sagrou-se vencedor!

2- Este episódio só mereceu minha atenção por alguns motivos: a) Para que você saiba da minha repulsa por ele. b) Pela mudança do nome de Jacó para Israel. (Aqui surgiram as designações para o povo hebreu: filhos de Is-

rael, israelenses, israelitas...) c) Pela estranheza. É um caso tão absurdo, obscuro, esquisito, nebuloso, confuso, indigesto e mal contado, que

seria melhor pular este pedaço. Mas Moisés achou que era acontecimento mui relevante e o relatou para a posterida-de. E, já que está escrito vamos a ele. E não me culpe pelo resultado. Começando:

O deus lutou corpo a corpo com Jacó e perdeu a luta. O que o narrador quis provar com esta asneira? • Que o deus era tão humano, forçudo e briguento como quaisquer humanos? • Que o Jacó era mais possante, tinha maior preparo físico que o deus? • Que, por ter dado uma surra no deus, os semitas são privilegiados por todos os séculos amém? • Que o deus tem poderes ilimitados, mas Jacó é mais poderoso que o Criador do Universo?

No entanto, só a possibilidade de não discordar deste desvio do poder divino constitui heresia, ato que se opõe à

doutrina cristã. Só a simples tentativa de aceitar o episódio seria ato ofensivo a Deus Verdadeiro, se ELE fosse tão pequeno que se sentisse ofendido com nossas bestagens.

Ninguém jamais viu a Deus. (João: 1. 18). Homem nenhum viu, homem nenhum vê, homem nenhum verá Deus Verdadeiro. Isso eu vou repetir enquanto

Moisés garantir que alguém da sua família O viu e falou – ou lutou – com ELE

**********

107

114488-- Depois, o deus pediu: “Agora chega! Deixa-me ir, pois já rompeu o dia". (32. 27).

Comentário: Deus Verdadeiro pedindo alguma coisa? O Criador e Mantenedor das infindáveis galáxias, dos bi-lhões de mundos, dos milhões de sóis; Aquele que faz a Terra girar em torno do astro-rei produzindo estações do a-no, o dia e a noite, Aquele que mantém a Terra e os trilhões de corpos celestes suspensos no Cosmos, na mais com-pleta harmonia iria implorar para que Jacó parasse de bater nele?

Trata-se de abuso à Santidade ou de profunda estupidez? Trata-se de um deus mixuruca, ou narrador mentiroso? A partir de narrações bíblicas como esta, o povo é levado ao erro pelas autoridades que, propositadamente, enfa-

tizam o “poder” dos patriarcas, levando a crer que Jeová, o deus de Moisés – este ser volúvel, tolo, temperamental e limitado – seja Deus Único e Poderoso.

Desta idéia errônea surgem explicações lamentáveis fornecidas por pessoas tidas conhecedoras do assunto que, em lugar de manter a fé nos fiéis, trazem-lhes maior confusão. A este respeito, o jornal “Diário da Região”, de 22/10/2000, publica a opinião do Padre Geomar, da Paróquia Menino Jesus de Praga. Diz o jornal:

O padre Geomar conforta as pessoas dizendo que a morte é um fato da vida e que ninguém é responsável por is-

so - nem mesmo Deus. Eis as palavras do padre: ‘Deus não quis aquela morte, mas nem Deus pode tudo. Ele não pode evitar a dor, a doença ou a morte. Deus é

limitado porque tudo faz parte do ser humano. Nascer, crescer, ter doenças, ter filho deficiente e por fim, morrer”. Viu? O padre afirma que Deus não tem poderes sobre a morte! Que Ele não pode tudo! E a sua característica de

Onipotência, onde é que fica? Tirando este atributo, Deus não seria Verdadeiro. Sobre a opinião deste padre, diria Jesus: Um cego guiando outros cegos.

********** 114499-- “Disse Jacó: Não te deixarei ir, se não me abençoares”. (32. 27)

Comentário: Leitor, você pediria a bênção a um deus frouxo feito este, que é surrado por um homem? Nem eu. E que poder tinha este ser para abençoar alguém? Quem é este ser grosseiro e abrutalhado a quem até hoje se presta culto?

********* 115500-- O deus perguntou: “Como te chamas? Ele respondeu: Jacó”. (32. 28)

Comentário: Deus Verdadeiro é também Onisciente: tudo sabe, tudo vê, é o Saber Absoluto. Mas o deus impostor não sabia com quem lutou! Era um deus que apanhou sem saber de quem! “Grande” deus! Muito poderoso mesmo! E, com certeza, vão me perseguir, me caçar, me acossar por não me

prostrar de joelhos perante este ser horrendo, anêmico, mentiroso e covarde. Certamente, vão restaurar em mim, os costumes da “Santa Inquisição”, por eu estar dando voz àquelas dúvidas que as pessoas religiosas têm, mas que sentem medo de confessar.

********** 115511--O deus mudou o nome de Jacó para Israel: “Porque lutastes com deus e com os homens e venceste”. (32. 29)

Comentário: Jacó ganhou a briga! É possível sim, dada a natureza deste deus.

2- “Porque lutastes com deus e com os homens e venceste.”. Uai! Agora ele lutou também com os homens? Não

foi só com o deus? Com quais homens este covardão lutou se vem fugindo, sistematicamente, de um lugar para ou-tro, sempre morrendo de medo de apanhar e de ser morto?

E vamos ver logo ali abaixo, que ele vai fugir de medo, pela segunda vez, de Esaú, seu irmão. Então me diga ó deus! Diga-me, ó Moisés: com quais homens ele lutou?

108

3- O deus mudou o nome de Jacó para Israel. Este foi um dos milagres feitos pelo deus. O primeiro foi mudar o nome de Abrão para Abraão. O segundo milagre foi mudar o nome de Sarai para Sara. O terceiro milagre foi este: mudar o nome de Jacó para Israel – que, a bem da verdade é bem mais charmoso. E acabou de milagre. Você vai ver que, daqui pra frente, nenhum outro prodígio foi feito pelo deus minúsculo.

**********

115522--Jacó perguntou: Como te chamas? Respondeu o outro: Por que perguntas meu nome?

E o abençoou. Aquele lugar chamou-se Peniel, pois disse Jacó: “Vi Deus, face a face...” Nasceu o dia; Jacó atravessou o rio mancando, por causa do golpe que o homem deu na sua coxa. (32. 30 a 32)

Comentário: Você viu que o outro não falou seu nome. Também não afirmou que era o deus. No entanto, ficou o

não dito pelo dito e pronto! Foi com o deus que Jacó lutou!

2- “... disse Jacó: Vi Deus, face a face...”. Noite fechada, escuridão completa. Como afirmar que viu o outro e sabia quem era? Quem vê o quê no pretume de uma noite escura no meio da mata? E agora vem uma perguntinha daquelas bem chatinhas, que completa o comentário anterior: Se o Jacó não sabia quem era o oponente – e este não o disse – como garantir que lutou com o deus e não com o

diabo? Como ter certeza que não brigou com um ladrão da estrada ou um vagabundo qualquer? Isso só vale caso ele tenha mesmo se atracado com alguém, lutado corpo a corpo, o que duvido, de u du vê i vi– de ó- dó: duvido.

Não me poderás ver a face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá. (Êxo: 33: 20 a 23)

3- Você poderá retrucar que não era preciso claridade alguma, porque o deus resplandecia, tinha luz própria. E respondo eu: Um ser de luz, um ser superior caso se aproxime de um humano virá em missão de Paz! Virá para

orientar, aconselhar – jamais para brigar corpo a corpo feito bicho do mato! Jamais tão violento, a ponto de aleijar al-guém! E não usará força bruta, por não necessitar. Uma entidade celestial é puríssima, sem precisão de manifestar-se em corpo físico e, por isso, impossível ser tocada, inatingível com socos, pontapés, mordidas e murros.

Que ninguém tente justificar dizendo: “Naquele tempo as coisas eram diferentes; “está escrito” que o deus vinha, brigava, batia e apanhava. Depois o

tempo passou, ele foi aprendendo, adquirindo experiência até chegar ao que é hoje”. Não! Aquele tempo é idêntico ao atual, no que se refere às Leis Eternas de Deus Poderoso, Único e Verdadeiro.

Deus é imutável em quaisquer tempos, em quaisquer lugares, em quaisquer circunstâncias. Nós sim mudamos por-que evoluímos; mas Deus não modifica; não precisa evoluir, não é tão pequeno quanto fizeram dele os escritores e os leitores do Velho Testamento. Deus é e sempre foi Sabedoria Infinita, nada tem a aprender... Conosco!

Se assim não for, estamos sendo enganados, pensando amar a Deus Onipotente, Onipresente e Onisciente quando, na verdade, estamos cultuando a um ser parvo e ignorante, um ente abobalhado, um bronco estúpido e in-capaz, muito menor ainda que nós mesmos.

Não sei se já coloquei isto aqui, mas se escrevi, escrevo outra vez: As características de Deus Verdadeiro são: Onipotência = tudo pode, tudo controla, tem poderes ilimitados. Onipresença = está presente simultaneamente, em todos os lugares do Universo e em cada um de nós. Onisciência = conhece todas as ciências; é Saber Absoluto, Inteligência Universal; tudo sabe, tudo ouve, tudo vê. Universalidade= é senhor de tudo e de todos, em todas as partes do universo.

Daí ser heresia, sacrilégio supremo, profanação ao Nome de Deus e sumo desrespeito o simplesmente admitir como autêntico o fato de Jacó ter tido uma luta corporal com Deus Verdadeiro.

Os homens transformaram Deus em mentira. (Rom: 1. 25) 3- O relato desta briga faz pensar:

a) Algum fato fora do normal pode ocorrido com Jacó naquele local. Afinal, ele ficou aleijado. b) Se aconteceu que ensinamento nos traz? Como este episódio pode nos tornar melhores? Qual sua impor-

tância para constar no “Livro dos Livros”? c) Se a luta aconteceu de verdade, uma certeza nós temos: não foi o Verdadeiro Deus quem se atracou com

Jacó. O difícil é acreditar que Jacó tenha vencido a luta; nem aquela, nem outra qualquer. Nem com o falso deus, nem com um homem. Ele não estava morrendo de medo do irmão? Pois então. Covarde como era se soubesse que haveria briga no outro lado do rio teria fugido na rapidez que as pernas lhe permitissem. Na carreira, um tropeção, um baita tombo poderia ter ofendido o nervo da coxa. Nada sobrenatural, nada divino, nada heróico.

109

d) Se Jacó se agarrou com um ser não humano, este ser tem todas as características de um espírito das tre-vas, um demônio. Afinal, não fui eu e sim Jesus quem disse: “O diabo é vosso pai”. (João: 8. 44).

e) Sendo o demônio, então Jacó era manipulado pelas trevas - jamais por Deus Único e Verdadeiro. Um ser de luz é contrário à violência; não brigaria feito cachorro na rua, não rolaria na terra igual porco no chi-

queiro; não seria violento nem para provar sua existência, nem para dar mostras de grandeza. É possível visualizar seres realmente grandes se esbofeteando numa briga? Impraticável imaginar Ghandi se atracando com um marmanjo. Dificílimo pensar em Irmã Dulce numa briga de rua, dando tabefes na cara de alguém. Inexeqüível conceber Chico Xavier dando pontapés noutro homem. Impraticável pensar em Madre Tereza de Calcutá com o hábito levantado, pisando na cara de outra freira. Impossível visualizar Jesus dando murros na cara de um romano. Pois se é impossível mentalizar, mesmo de mentirinha, cenas como estas, de que maneira acreditar que Deus

Verdadeiro tenha se agarrado com outro ser numa briga? f) No entanto, mesmo um espírito das trevas que viesse perturbar, poderia ter sido expulso através de oração e

autoridade adquirida através de retidão moral - jamais com briga corporal. Jesus foi tentado e livrou-se simples-mente dizendo com a autoridade com que estava investido: Retira-te Satanás! (Mat: 4. 1 a 11).

4) Outro ponto que diminui a credibilidade do ocorrido: Como pôde Jacó, que até a idade adulta ficava dormindo na rede; que depois ficava pastoreando os animais de

Labão, tranquilamente dormindo à sombra enquanto os animais pastavam - um homem saudável sim, mas não trei-nado a lutar corpo a corpo -, ter conhecimentos de técnicas, rapidez, jogo de corpo e tamanha forma física para lutar por, pelo menos oito horas seguidas? Record mundial! Numa luta entre profissionais, um lutador pode perder por nocaute logo no primeiro minuto. No caso do Jacó, porém, a briga chegou ao fim só quando o dia clareou. E quem jo-gou a toalha foi o deus!

5) João Evangelista diz que a conversa de uma só pessoa pode ser só papo furado e que somente o testemu-

nho de duas ou mais pessoas poderá ser levado a sério. (João: 8. 17). Impossível garantir, portanto, que a “luta” de Jacó ocorreu, se mais ninguém esteve presente.

6) Fácil também ter inventado outro nome para si próprio, dizendo-se príncipe que lutou e ganhou no murro! Já

sabemos: ninguém ouviu, ninguém viu o que se passou.

7) “Vi Deus face a face” – não houve testemunhas, mas sabemos que a declaração é falsa e nos valemos da afir-

mação colhida da própria bíblia: Ninguém viu Deus. (João: 5. 37).

8- Os exegetas... Coitados! Viram-se loucos pra explicar esta briga! Vai vendo:

8-1- Os comentaristas da Paulus concluíram que é uma narrativa misteriosa e escrevem: “Luta física corpo a corpo com o deus, na qual Jacó parece primeiramente vencer. Quando reconhece o

caráter sobrenatural de seu adversário, Jacó força-o a abençoá-lo. Mas o texto evita o nome de Iahweh (Jeová) e o agressor desconhecido se recusa a dizer seu nome. O autor utiliza uma velha história para explicar o nome de Fanuel por peni’el, ‘face de deus’, e de dar uma origem ao nome de Israel. Ao mesmo tempo lhe confere um sentido religioso: o Patriarca se agarra a Deus, força-o a abençoá-lo, criando uma obrigação de Deus para os que usarão o nome de Israel. Assim, a cena se tornou a imagem de um combate espiritual e da eficácia de uma oração perseverante”. (S. Jerônimo Orígenes).

Só uma paradinha nestas considerações: a) Eles falam que a luta era misteriosa denotando que não acreditam nadinha. b) Eles falam que Jacó parece vencer. c) Eles falam que Jacó obrigou o deus a dar-lhe a bênção! Que absurdo, obrigar Deus Verdadeiro a al-

guma coisa! Imagine constranger a Suprema Divindade a alguma coisa! d) Falam também que o texto evita falar o nome de Iahweh. Significa que eles, os próprios exegetas

perceberam a mancada. Ora, se o texto não especifica que o fato se deu com Deus Verdadeiro, por que os leitores da bíblia contam esta história da carochinha como se fosse verdade irrefutável, como se o visitante briguento fosse, sim, Deus Único?

e) Dizem os teólogos que o “agressor desconhecido” se recusou a dizer seu nome. Veja bem, usaram a expressão: agressor desconhecido! E pronto! Está mais que claro que não conseguiram enxergar ne-nhum ponto de contato entre a lenda e a realidade. Para eles, o “agressor” era um desconhecido – e não Deus de Verdade.

f) Enrolaram para explicar que Jacó “viu a face do deus” e a origem da palavra Israel. Enrolaram e não explicaram.

g) E com aquela “bênção”, Jacó criou uma obrigação entre o deus e os descendentes dele. Viu só? Se

110

você e eu não estamos até hoje recebendo as “bênçãos”, é porque nossos ancestrais não brigaram com o deus, não bateram nele. Bem feito pra nós! Mas... Pensando bem... Aquela “bênção” faz falta a você? Nem a mim.

h) Os exegetas terminam explicando que “a cena se tornou a imagem de um combate espiritual e da efi-cácia de uma oração perseverante”. Você entendeu? Eu também não! Primeiro, porque a luta foi “físi-ca”, briga pra valer – e não espiritual, não a nível mental. Segundo, de qual oração perseverante eles falam se não houve oração nenhuma, só pancadaria?

i) Por fim, para se livrar da responsabilidade destas explicações risíveis, criam um autor, um bode expi-atório até ajeitado para elas: São Jerônimo Orígenes!

8-2 – Os cronistas das Paulinas dizem:

Jacó voltou sozinho à outra margem do rio para “buscar os seus, se porventura alguém tivesse perma-necido aí. – alguém: um anjo em forma de homem. O anjo representava o próprio Deus que assim quis pôr à prova o seu servo e deixar-se vencer por suas preces”.

Eles começam dando uma explicação vazia: Jacó voltou para verificar se alguém da caravana havia deixado de atravessar o rio. Depois, colocam este alguém que Jacó foi procurar como sendo um anjo em forma de homem repre-sentando o próprio deus! Voltar pra ver se algum anjo que tinha forma de gente, mas que era o próprio deus tinha deixado de atravessar o rio... Ora, quanta asneira! Sabe, vou parar aqui; não vou continuar comentando estas afirmações. São tão ingênuas e distantes da realidade, que comentá-las vai me abobar também. Portanto, deixa pra lá!

9- Mas, tenho explicações tão humanas quanto foi humano o fato. Para minha versão, começo por perguntar:

a) Por que Jacó passou animais, pessoas e pertences para a outra margem e voltou sozinho para aquele lado do rio? Logicamente, não foi à procura de alguém que poderia ter se extraviado porque, se tal pudesse aconte-cer, havia muitos servos que poderiam ter retornado para fazer o serviço. b) Jacó voltou sozinho porque quis estar a sós. A sós por quê? O que ia fazer que não pudesse ser visto? Estas perguntas levam a outras, mais pormenorizadas: 9.1) Será que ele sabia que ali havia um ser violento e quis atemorizar o outro e afugentá-lo, evitando que sua

gente sofresse alguma agressão? Impossível! Noutra pessoa, isso faria sentido - mas Jacó jamais seria herói, medroso como era.

9.2) Se soubesse que ia se deparar com um ser briguento capaz de tanta violência, Jacó não teria ficado sozi-nho. Ele era covarde demais para enfrentar qualquer perigo e provou isso ao fugir de Esaú e ao fugir de Labão. Outra pessoa teria mandado os escravos ficarem com ele para ajudar na briga. Em se tratando de Jacó, porém, o mais provável é que deixasse que os servos brigassem em seu lugar, enquanto ele fi-cava em segurança junto às mulheres. Ele era incapaz de um ato heróico e, mais uma vez, está provan-do isso, pois é assim que está agindo na entrega dos presentes a Esaú: mandando os servos com os a-nimais como escudo na frente, para só depois mostrar a cara. Se alguém tiver de apanhar, que sejam os escravos. Não Jacó!

9.3) Se ele pensasse que Deus Verdadeiro fosse aparecer, teria preferido que a família ficasse para ser aben-çoada também. Mas preferiu ficar sozinho, longe de todos.

9.4) Por que se escondia? O que ia fazer de reprovável? O texto não diz que Jacó voltou para orar, meditar ou sacrificar ao deus. Atrás desta justificativa, portanto, ele não pode se esconder porque não tinha esta in-tenção. Se o tivesse, Moisés teria alardeado – mas se cala! Por quê?

9.5) Ou Jacó terá inventado esta história de última hora ao se apresentar à família todo sujo, rasgado e man-cando, não obstante ostentar olhar tranqüilo de quem está em estado de graça?

Em meio ao mistério, continuo eu com uma interpretação nada brilhante. O leitor me perdoe, mas se a gente está analisando escritos e se depara com certas lacunas, é preciso preenchê-las socorrendo-nos do raciocínio, da análise profunda sem aceitar passivamente o que outras pessoas dão como certo e acabado. Moisés tem muitos defensores, não precisa de mais dois: você e eu. Vamos, pois, levantar o cascão de tantos milênios, pois é este nosso objetivo.

Dizia eu que, socorrendo-nos da análise da narrativa e do raciocínio, temos uma interpretação para o fato, que não depõe a favor de Jacó e tudo começa com as perguntas:

O que ele terá ido fazer sozinho naquela margem do rio? Por que se escondia? O que ia fazer de reprovável?

9.6) Este patriarca, conforme a gente pode perceber, é bastante prolífero e o fato se deve à natureza ardente que o animava conseguindo, facilmente, cumprir as obrigações conjugais para com quatro esposas. To-mando por base esta natureza ardente deduzo que, naquela noite memorável, teria escolhido uma es-crava para com ela passar a noite. Teria ordenado que ficasse escondida naquela margem do rio até que ele acompanhasse os demais para o outro lado. E depois retornou sozinho.

9.7) Neste caso, a briga não foi briga.

111

E quanto ao golpe na coxa, um ser elevado não aleijaria um mortal numa briga corpo a corpo, que isso é próprio de seres inferiores, com uma ressalva: Até mesmo os seres inferiores e trevosos somente têm poderes para danificar os mortais, se estes lhes abrirem as comportas com seu baixo padrão vibratório. Uma entidade inferior pode até tentar prejudicar um ser humano, mas não o conseguirá, se este humano lhe fechar a entrada com orações, com atitudes nobres, com pensamentos e sentimentos elevados, com amor pelos semelhantes... Virtudes que Jacó desconhecia, pois que nunca praticara, nem nunca ouvira falar nelas.

9.8) Agora, deparamo-nos com duas hipóteses: 9.8.1) A serva apreciou ter sido escolhida. Considerando o fato desta maneira, fica explicada a frase

sussurrada em tom melodioso: “Agora chega! Deixa-me ir, pois já rompeu o dia”. 9.8.2) A serva não gostou de ter sido escolhida, ficando assim explicada ainda melhor a “briga”: Jacó

tentando dominar a moça e ela lutando pra se safar, justificando talvez um grito desesperado: “A-gora chega! Deixa-me ir, pois já rompeu o dia.“. Há muitos modos de se dizer a mesma coisa e há muitas situações onde a mesma frase pode ca-ber. Impossível, porém, e falta de respeito imaginar Deus Verdadeiro implorando: “Agora chega! Deixa-me ir, pois já rompeu o dia.”

9.9) Continuemos: Caso a serva não tivesse apreciado ter sido a escolhida e, como Jacó não quisesse acabar o “combate” ela, entre puxões de cabelos, murros, mordidas, joelhadas, tapas e chutes o teria acertado sem querer na parte frágil da coxa. Faz sentido: Se ela conhecesse a técnica deste golpe, tê-lo-ia aplicado logo no início, se quisesse se safar. E, se estivesse apreciando a “briga”, o golpe no nervo da coxa teria sido igualmente, involuntário.

9.10) Aqui, fica evidente a inventividade de Moisés: Um golpe na coxa a ponto de aleijar deve ter doído muito, muito. Com certeza, Jacó se dobrou ao meio, franziu a cara inteira, urrou, afagou a perna dolorida e ficou bastante tempo gemendo e massageando o local. Nestas condições, não havia clima para continuar “lutando” e, neste caso, o deus - ou a parceira - não pediria clemência, porque o “combate” já havia acabado por si. E, como Jacó não tinha mais condi-ções físicas para continuar “brigando”, ele não venceu, mas foi vencido - seja pelo deus, seja por uma mulher.

9.11) De qualquer forma, fica justificado o fato dele ocultar o nome do deus. Se falasse a verdade, teria de ex-plicar um ser divino com nome de mulher. Se soubesse que alguém ia perguntar o nome do deus luta-dor, Jacó teria inventado um nome bem charmoso; como não previu não inventou e, na hora, não lhe o-correu nome nenhum, felizmente! Caso houvesse lhe ocorrido o nome Valdemar, por exemplo, o deus Valdemar estaria sendo cultuado ainda hoje.

9.12) Fica assim explicado também o fato da “luta” ter durado a noite inteira; certamente houve intervalos onde os “competidores” extenuados renovavam suas forças com um cochilo.

10- Vamos nós agora oferecer asas à criatividade e imaginar o que aconteceu depois da “peleja”: Amanheceu e Jacó – agora, tendo um nome mais atraente: Israel – atravessou o rio, rumo ao acampamento. Criemos a cena: Ele se aproximando todo descabelado, fraco, rasgado e sujo por ter rolado no chão. Mancava,

por causa da dor na perna. Sentia fortes dores e, mesmo assim ostentava olhar calmo, descansado, satisfeito, tran-qüilo, lânguido, sem mágoa contra quem o machucou. Parecia estar em estado de graça.

Vendo aquela fisionomia romanesca, suas esposas, filhos e servos rodearam-no querendo saber o que houvera. Para Jacó – finório, astucioso e malandro –, foi fácil inventar; fácil criar um deus briguento que apanhou, que o

deixou aleijado, que trocou seu nome e o abençoou. E os ouvintes eram ingênuos para levantar suspeita e creram. Ou os ouvintes não seriam tão ingênuos? Neste caso, só Deus Verdadeiro sabe o tamanho da briga de verdade

que sobreveio com quatro esposas ciumentas. Ninguém sabe ninguém fez o registro por escrito... Que pena! Imaginemos, porém, que a família tenha acreditado na história e vejamos o diálogo. Disse uma esposa: – Desobedeceste ao deus para que ele viesse a ti, tão furioso, ó Jacó? – Oh, não! Sigo as ordens dele; sou bom, manso, justo e honesto. Oro muito, faço jejum entre as refeições, abste-

nho-me de sexo quando estou dormindo... O que mais que ele quer? O deus não tem nada a reclamar de mim. – Então, Por que ele brigou contigo, oh, homem do deus? – Não sei, ele não falou nada. Já chegou me agredindo, brigando, dando soco e pontapé. Eu não queria, mas tive

de me defender. Fazer o quê, né? Cê queria que eu apanhasse e ficasse quieto? Não, nadadisso! Comigo é assim: apanhou, levou! Comigo não tem barriga me dói, porque eu sou macho!

– Mas o que pretendia ele? – Não sei. Parece que queria saber o meu nome e descobrir qual de nós dois é o mais forte. E eu sou o mais forte!

Veja o tamanho do músculo! Agora, ele não vem mais se meter a engraçadinho porque ficou com medo! Eita eu! – Que estranho! Mas por que não o trouxeste para nos apresentar, ó Jacó? Gostaríamos de conhecê-lo. – Bem que eu insisti, mas ele não quis vir. Precisava fazer curativo nos machucados e descansar um pouco por-

que tinha outras brigas a fazer. Mas prometeu que, quando sobrar um tempinho, retornará para conhecer minha famí-lia. – e desconversou: – Vamos, gente! Vamos matar uns bois, vamos fazer sacrifício, vamos agradecer ao deus que me deixou aleijado e não se fala mais nisso!

112

E pronto! O fato passou para a História como feito de herói. Mas alguém que atravessou furtivamente o rio rumo ao acampamento enquanto estavam todos em volta do Jacó, riu muito com certeza.

11- Se, porém, o fato ocorreu conforme o relatado por Moisés, errados estamos nós, que adoramos um ser violen-

to que se atarraca com um mortal sem causa justa e aparente; um ser briguento, fraco e vulnerável. Não é vulnerável, porém, Aquele que se caracteriza por Onipotência, Onipresença e Onisciência.

**********

115533-- “Por isso, os filhos de Israel não comem, até hoje, o nervo do quadril na articulação da coxa, porque o homem tocou na articulação da coxa de Jacó, no quadril” (32. 32). (Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil)

Comentário: O homem tocou no nervo ciático de Jacó e... Peraí, peraí! Calma, que aqui tem uma coisa esquisita: “O homem tocou no nervo ciático de Jacó...”. Homem? Que homem? Não foi o deus? Hmmm... Sem querer, Moisés deu com a língua nos dentes, porque não foi o deus e nem foi mulher, conforme

supusemos – foi um homem! Que chato, heim, Jacó? Não foi mulher... Foi homem, cara! Mas tem nada não; em todos os tempos o mundo produziu seres com certa quedinha para outros do mesmo sexo.

Sodoma e Gomorra são exemplos disso.

2- Até hoje, os judeus não comem esta parte dos animais, por causa deste acontecimento! O que tem a ver uma coisa com outra? Qual a importância do ocorrido? Se comerem esta parte da perna do boi

vão pro inferno? E deixando de comer vão pro céu?

3- E até hoje, o Moisés continua fazendo vítimas. Estar impossibilitado de comer a parte indicada no animal não

chega a ser um sofrimento, mas amarra o ser humano a um compromisso durante a vida inteira. É uma proibição e, toda proibição, por mínima que seja, é uma violência.

********** 115544-- Esaú chegou com 400 homens. Com medo, Jacó dispôs suas mulheres e filhos em forma, como num desfile cívico: à frente de tudo, colocou as duas servas com seus filhos; depois seguiu Lia e seus filhos e, por fim, Raquel com o filho. Mas Esaú não vinha com intenções de vingar-se. Ao contrário. Abraçou o irmão e, depois de conhecer sua família, disse-lhe que recusava a caravana de presentes que encontrou pela estrada; que não precisava daquilo tudo, pois estava muito rico. E, só depois de Jacó insistir muito, Esaú aceitou a oferta. (33. 1 a 11)

Comentário: Ora, vejam! O Esaú estava rico! Riquíssimo. Tão rico que recusava a oferta de Jacó/Israel.

Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. (Mat. 5. 6)

E aí, Jeová, como é que fica? Você não ligou pra ele, abandonou-o à sua sorte e, mesmo assim ele superou as di-ficuldades e acabou mais poderoso que o dodói. Esaú se tornou tão poderoso que as 580 cabeças de gado que o irmão lhe mandou não lhe fariam falta!

Pois é, deus. Isso prova que a sua preferência e proteção não valiam mais do que seu desprezo e indiferença.

Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. (Luc: 17. 3).

Perdoar! Foi o que fez Esaú. Que cena bonita! Esaú, de braços abertos, para receber o trapaceiro do irmão. Esaú, que não conheceu Jesus, que nunca ouviu falar em mansidão e bondade, trazia estas virtudes de maneira inata.

Esaú que foi traído, lesado, esquecido pelo deus e roubado pela própria mãe em favor do irmão, perdoou aquele canalha com a maior facilidade. Não guardou rancor, recebeu-o como se recebe um grande amigo.

Grande Esaú! Você é maior que Jeová!

113

2- De acordo com aquele restinho de bênção que sobrou, Esaú seria servo do irmão, viveria em terra estéril e se-ca. E nada disso aconteceu. E agora, Moisés? E agora, deus? Vocês não notaram o chute fora do gol, ou esquece-ram que o Esaú ia ser escravo do Jacó, ia ter de obedecê-lo em tudo?

3- Além de perder a bênção e o direito de primogenitura, o Esaú fez tudo que atrairia a má sorte: Contrariando a

vontade dos pais, casou-se com duas moças de Canaã, o amaldiçoado - e com uma filha de Ismael, o desprezado! Se a condenação valesse, o Esaú estaria pobre, doente, abandonado, aleijado, infeliz e mais um monte de coisas

ruins. Mas como a maldição de Jeová não vale nada...

4- Apesar das antevisões contrárias, Esaú saiu-se bem e ei-lo chefiando um grupo de 400 homens, só para recep-

cionar um malandro fora da lei! O Jacó deve ter mordido a língua, de inveja. Há quem diga que Esaú saiu ao encontro do irmão com 400 homens armados, com a intenção de massacrá-lo. No

entanto, a bíblia não faz alusão nenhuma a homens armados ou que Esaú viesse com intenção de vingar-se de Ja-có/Israel. Diz apenas que Esaú saiu ao encontro de Jacó com 400 homens. Fala assim: “Então Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; enlaçou-lhe o pescoço, beijou-o; e choraram.” (33: 1 a 4)

Quem estava com intenções de se vingar teria proporcionado cena tão bonita?

**********

115555-- Esaú ofereceu hospedagem a Jacó. Este aceitou, mas disse que era para o Esaú ir à frente, que ele seguiria junto à caravana e o alcançaria mais adiante, em Seir. Esaú seguiu na frente para aguardar Jacó e comitiva que vinha a pas-sos lerdos. Pensando em auxiliar o irmão, Esaú quis deixar alguns de seus homens para ajudá-lo no transporte dos re-banhos; Jacó agradeceu, mas não aceitou. Quando Esaú e seus homens desapareceram na distância Jacó, ao invés de seguir para Seir conforme o combinado desviou-se para Sucote, onde passou a morar. (33. 12 a 17)

Comentário: E outra vez Jacó enganou o irmão! Ao invés de segui-lo conforme o combinado desviou e fugiu! O

covardão caiu fora de novo! Raspou-se, deixando Esaú esperando em vão. Mas este não deve ter ficado surpreso, porque já conhecia de sobra as canalhices de Jacó, o qual não mudou naqueles anos todos.

Mais uma vez o sujeitinho mentiu, logrou e fugiu. Eita hominho ruim!

O diabo, vosso pai, jamais falou a verdade porque nele não há verdade. (João: 8.44)

2- Está na cara que Jacó deu o fora para não ter de admirar as riquezas do irmão o qual, aparentemente, conse-

guira muito mais que ele próprio. Isso tem um nome nada polido: inveja. Medo de sentir-se inferior na comparação! Acanhamento por ter viajado tão longe em busca de fortuna, ter trabalhado tantos anos sob as ordens de Labão, ten-do de roubar para conseguir abastança. Envergonhado por estar retornando aleijado e sem ter um lar onde descan-sar, enquanto o outro enriquecia tranqüilamente ali mesmo sem sofrimento, sem servir de empregado a ninguém.

Inveja daquele a quem roubou, o qual prosperou sem primogenitura, sem bênção, sem proteção, sem aparições, sem escravizar-se a Jeová, sem promessas do falso deus.

É evidente que Esaú teve a proteção de Deus Verdadeiro, o qual não promete; age.

3- Sinto-me inclinado a bater na mesma tecla sobre Esaú: Ele perdoou Jacó e nem queria aceitar os presentes; convidou-o para ser seu hóspede, quis deixar parte dos ho-

mens a seu serviço. Provou ter virtudes cristãs antes ainda de Cristo ensinar amor, bondade, perdão, esquecimento das ofensas. E este foi desamparado pelo deus!

4- Israel disfarçou a humilhação diante do poderio do irmão gêmeo e, de acordo com a narração bíblica, inventou

pretextos por não acompanhar Esaú na mesma velocidade. Encontrar-se-iam mais adiante. Bastou, porém, Esaú su-mir na poeira, para Israel tomar outro caminho e fugir.

Certamente Esaú deu boas gargalhadas ao notar que Jacó se safou para não ter de admitir fracasso.

5- Há quem justifique Jacó por não ter acompanhado Esaú, dizendo que este ia levá-lo a uma armadilha. No en-

tanto, a bíblia não faz a menor menção destas segundas intenções.

6- Quanto a Israel, pelo que se deduz, foi à procura de Esaú, não para fazer as pazes ou matar saudade – mas

para mostrar o tanto de coisas que roubou e o quanto estava rico. Tentou impressionar o irmão, deixá-lo boquiaberto pelo tamanho de seu poderio. Mas quem ficou de queixo caído foi ele próprio.

114

Se Esaú estivesse pobretão, Jacó/Israel aceitaria o convite e iria cheio de si, ser seu hóspede para humilhá-lo com seus haveres. Como o irmão estava em melhor situação, Jacó saiu de fininho, cabeça baixa, rabinho entre as pernas, com a inveja a lhe pesar na alma e arrependido pelas 580 reses que ofertou ao ricaço.

Esta atitude é própria de Jacó, que até este ponto da narrativa não demonstrou o menor valor moral ou espiritual.

Os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. (2-Tim: 3. 13)

********** 115566-- Jacó viajou até a cidade de Siquém, na terra de Canaã. Ali, Diná saiu para ver a cidade. Foi vista por Siquém, filho do príncipe Hamor, que a tomou para si e ela ficou morando com ele. Ciente da irregularidade da situação, Siquém pediu ao pai que pedisse a jovem para sua esposa legal. Hamor foi a Jacó e propôs o casamento dos filhos. Propôs que ele ficasse na cidade, onde teria o que quisesse; que tomasse suas jovens para os homens de Jacó e que Jacó desse suas jovens para esposas a eles. Prometeu casas, terras presentes e dote, bastando Jacó aceitar a união. (33. 18 a 20 e 34. 1 a 16)

Comentário: Observar que os hebreus saem das terras de Canaã, o amaldiçoado, e voltam sempre! Olha aí, Ja-có, família e comitiva, como se fossem donos do lugar! São pessoas que não colaboram em coisa alguma nesta terra, apenas se beneficiam delas. Aproveitadores! Ficam à espera que o deus cumpra a “promessa” de lhes dar de presen-te aquele pedaço de chão. Os cananeus por sua vez, donos da terra, não impedem aos hebreus de residirem no lo-cal; não criam confusão, não os perturbam; ao contrário, aceitam passivamente sua presença porque, mesmo des-cendentes de Canaã, o amaldiçoado, é povo bom e pacífico.

2- Quando uma jovem aceita morar com um rapaz, os pais dela obrigam que ele a despose. Até aí tudo bem, o

pretendente de Diná estava apaixonado e foi pedir a mão dela, sem que fosse obrigado. Qualquer pai aceitaria o ca-samento. O incorreto seria a filha “sem honra” e sem marido. E veja o que está escrito pela pena de Moisés:

Se alguém seduzir uma virgem pagará o seu dote e a tomará por mulher. (Ex: 22: 16)

3- Os donos da cidade ofereceram aliança, moradia, terras, presentes e dote. O que mais os pais de moça “de-

sonrada” poderiam querer? Ainda mais Israel, que estaria avaliando as vantagens deste casamento.

********** 115577-- Jacó, porém, estava indignado, “Siquém havia violentado sua filha”, todavia, não demonstrou revolta e respon-deu que Diná seria entregue como esposa a Siquém; impôs, no entanto, uma condição: que os homens da cidade fossem circuncidados. Siquém e Hamor aceitaram a condição; foram circuncidados e todos os homens da cidade. (34. 17 a 24)

Comentário: Até aí, mais ou menos de regular. Uma coisa em troca de outra. Notar que a família do noivo não es-

tava com sentimento bélico; ao contrário, tudo depôs aos pés de Jacó/Israel; tudo prometeu e até aceitou suas condi-ções, mesmo que pesadas: todos os seus homens passaram pela operação de fimose.

Uma observação que mais uma vez atesta as características desleais de Jacó: ele estava indignado com a situa-ção irregular da filha, mas não o demonstrou e aceitou o casamento. Reagiu feito covarde como de costume: à frente dos visitantes, aceitou o casamento – mas estava se sentindo ofendido e sem energia moral para mostrar desagrado e só depois agiu, como veremos na próxima nota.

Perguntas: Por que não se irou diante dos interessados? Por que esperou que saíssem para apregoar revolta? Para quem conhece Israel, as respostas são óbvias: Ele não tinha coragem para reagir diante de ninguém; jamais demonstrou intrepidez de modo a afrontar os peri-

gos de frente. Era um dissimulado, sempre o foi. Deixava a impressão de ser pacato, sensato, prudente. Mas agia pelas costas, traindo sempre que podia. Foi desta maneira que se apossou da herança do pai. Foi sem dar na cara que roubou das riquezas de Labão. Foi sem demonstrar o que lhe ia na alma, que concordou em acompanhar Esaú, quando já havia resolvido fazer um ângulo de 90 graus e sair correndo.

Esperar que, diante do pretendente à mão de Diná ele deixasse falar seus verdadeiros sentimentos seria exigir demais de quem sentia medo até de olhar o inimigo nos olhos.

E dizem que este cidadão enfrentou Deus numa luta livre e saiu vencedor! Quem acredita nisso?

**********

115

115588-- “No terceiro dia após a operação, quando os homens sentiam mais fortes as dores, Levi e Simeão, filhos de Jacó e mataram os homens todos. Mataram também o príncipe Hamor e Siquém. Resgataram Diná e a levaram”. (34. 25 e 26).

Comentário:!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! É preciso dizer alguma coisa? Cremos que não, mas façamos nossa parte:

a) Diná não era benquista, por ser mulher. O próprio Moisés a ignorou naquela contagem dos filhos de Jacó que totalizava doze e ele só considerou os onze varões, lembra? A mulher tinha menos valor que os ani-mais, os quais não eram tidos como filhos, mas como bens – e as mulheres, nem isso.

b) Admitamos que o rapaz não quisesse se casar com Diná. Não é correto lavar a honra no sangue, mas vá lá! Que lavassem a honra no sangue do moço, se ele a tivesse desprezado depois de usá-la. Mas não! Ele a queria por esposa; foi com o pai até Israel e, com boa vontade, fez o pedido. Israel, dissimulado, com medo de engrossar a voz aceitou o pedido em troca de converterem-se ao deus dele, com circuncisão e tudo.

c) A condição foi aceita e os homens da cidade foram operados. Vamos analisar aquela cirurgia: Num tempo tão recuado, quais eram as comodidades médicas? Nenhuma. Sem material cirúrgico, como te-rá sido a operação? Com uma pedra afiada ou com um metal cortante sujo e enferrujado, sem a mínima hi-giene. Sem antibiótico, sem antitetânica, sem antitérmico, sem analgésico, sem dipirona, aqueles homens estavam febris, prostrados e inchados sem ter como se defender – e neste estado foram atacados e mortos de maneira porca e desprezível pelos próprios que causaram aquele quadro lamentável de saúde coletiva.

d) Israel fingiu aceitar o casamento; ele mentiu, traiu o combinado e matou aqueles homens todos.

Seja o vosso falar: ‘Sim, sim; não, não. O que passar disso vem do maligno. (Mat: 5. 37)

e) Moisés disse que quem levou a efeito aquela matança foram os filhos de Jacó/Israel – e não ele. Ora, filhos de mentiroso, covarde, aproveitador, ladrão, invejoso e traidor, certamente serão mentirosos, co-vardes, aproveitadores, ladrões, invejosos e traidores. Com algumas exceções, cada um é o reflexo do meio onde foi criado e os filhos sentem segurança repetindo o que os pais fazem. Filho de peixe peixinho é.

Eu falo o que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazes o que vistes em vosso pai. (João. 8: 38).

f) O que foi efetuado ali foi um massacre, um assassinato em massa, uma covardia asquerosa e inominável or-denada pelo próprio Israel, que se não estivesse de acordo, os filhos não teriam traído a palavra empenha-da. O pai era respeitado pelos filhos e eles não agiriam por si mesmos, ainda mais numa carnificina superla-tivamente pavorosa como aquela. Quase pior que o ato assombroso é Moisés relatando em detalhes, o requinte de crueldade empregado pe-los antecessores, como se fosse motivo de orgulho pertencer a tal família. Observar que Moisés declara ter sido Levi um dos matadores dos homens enfermos, sendo que Levi é ascendente direto de Moisés. Daí en-vaidecer-se no expor atos criminosos como fato heróico. Veja, no entanto, o que o mesmíssimo deus ensinou aos hebreus quando eles andavam errantes pelo de-serto, já em companhia de Moisés:

Não matarás. (Êx: 20. 13)

Quem ferir a outro de modo que este morra, também será morto. (Êx: 21. 12)

Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19: 11)

Não matarás o inocente e o justo, porque não justificarei o ímpio. (Êx: 23: 7)

Estas regras eram mais que necessárias para domar os fugitivos que acompanhavam Moisés. Para refrear os maus instintos daquela multidão, Jeová ia despejando leis e mais leis. Dentre tantas, estão estas acima, que contrariam frontalmente o que Israel e os filhos fizeram. Calhou que quando Moisés escreveu as ditas normas, já havia esquecido da matança que estamos anali-sando neste ponto da narrativa.

2- Diná estava morando com o rapaz por vontade própria; se não o quisesse, teria fugido. Moisés não diz que ela

estivesse amarrada ao pé da cama, nem trancada no porão. Acrescente-se que já fazia três dias que os homens es-tavam enfermos, febris, prostrados, sem ter como deter sua fuga e ela não fugiu; foi preciso que os irmãos a buscas-sem – certamente à força, pois diz a bíblia que: “tomaram Diná da casa de Siquém”. Tomar significa: agarrar, segurar, arrebatar, capturar; são palavras fortes, que indicam certa violência. Diná estava, pois, de livre vontade naquela casa.

Diante de crime bárbaro daquelas proporções, seguramente a moça estava revoltada contra a própria família; a-crescente-se que após a mortandade, ela assistiu ao saque dentro do palácio de Siquém, onde se encontrava.

**********

116

115599-- Os outros filhos de Israel “investiram contra os feridos e pilharam a cidade; tomaram suas ovelhas, bois e jumen-tos, os rebanhos todos que estavam na cidade e os que estavam nos campos. Roubaram os seus bens, as suas crianças e saquearam o que havia nas casas”. (34. 27 a 29)

Comentário: A descrição é de Moisés, cujo orgulho pelas maldades dos antepassados é nota sempre presente. Ele usa as palavras como elas são sem tentar mascarar seu significado: investiram contra os feridos; pilharam,

tomaram, roubaram e saquearam, como se fossem atos de extrema valentia ou como se o amor entre uma moça e um rapaz fosse crime de tão grande envergadura que merecesse ação contrária tão violenta e detestável.

Por que te orgulhas da maldade, ó homem poderoso? (Sal: 52. 1)

2- Carregaram o que puderam. Escravizaram pessoas que teriam alguma utilidade: crianças e mulheres. Os homens foram todos assassinados. Moisés não conta, porém, o que foi feito das mulheres idosas. Foram es-

cravizadas? Decerto não, porque para pouca coisa serviam as velhas da bíblia, que viviam mais de 130 anos. Com certeza foram abandonadas junto aos cadáveres de marido e filhos sem ter como continuar vivendo, considerando que Israel roubou absolutamente tudo o que possuíam com alguma utilidade.

As mulheres que demonstravam qualquer serventia foram levadas como escravas; as moças e as meninas foram levadas para satisfação dos caprichos obscenos daqueles pedófilos, verdadeiros homens feras.

Deus Poderoso, quanta crueldade! Em cima de crimes desta monta foi constituído o povo de Israel! Em cima de tantos cadáveres se formou uma nação! Só se justifica se os brutos recebessem proteção diretamente do demo.

O que foi o Suicídio Coletivo comandado por Tom Jones, a Invasão do Carandiru, o Crime da Candelária, as Cha-cinas de Matupá e Juara perto do que acabamos de ver no “livro sagrado”?

3- A circuncisão era sinal da aliança entre o deus e o povo; através dela seriam reconhecidos os protegidos do

deus. Seriam circuncidados também servos e estrangeiros. “a aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua” (nota 65). Ora, o povo daquela cidade sujeitou-se à circuncisão tornando-se, pois, propriedade do deus. Por que este permitiu que fossem mortos de maneira tão repugnante aqueles que tinham a “marca da aliança”?

Cadê a palavra empenhada? Cadê a justiça? Cadê a proteção prometida aos circuncidados?

Os impiedosos transformaram Deus em depravado como se fosse animal quadrúpede ou réptil. (Rom. 1: 23)

O Senhor destruirá o mentiroso, o sanguinário e o fraudulento. (Sal: 5.6)

4- Coloco à sua frente – desta vez, um resumo – do diálogo entre o Amado Mestre da Galiléia e os judeus que o

perseguiam. As palavras de Jesus explicam os motivos do deus em proteger aquele povo cruel, traiçoeiro, assassino, ladrão: ele não era um ser elevado e sim, o próprio demo!

Tenho dito a verdade e assim não agiu Abraão (que não falava verdade).

Eu falo o que vi junto de meu Pai (Deus Verdadeiro). Vós, porém, fazei obras que vistes em vosso pai (o deus de mentira).

Vós sois do diabo, que é vosso pai. Ele foi homicida e nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso. Quem é de Deus ouve a palavra de Deus; mas não sois de Deus.

Perguntaram os judeus: - És maior do que nosso pai Abraão que morreu? Respondeu Jesus:

- Quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus. Entretanto, vós não o tendes conhecido. Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia.

Perguntaram os judeus: - Ainda não tens cinqüenta anos e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: - Antes que Abraão existisse, Eu Sou. (João: 8. 33 a 58).

Incrível! Você viu? Leu com atenção? Entendeu tudinho? Este diálogo é a repetição do que venho afirmando: O próprio Jesus chamou o deus deles por diabo! Esmagou Abraão com o pé quando disse: - “Antes que Abraão existisse, Eu Sou”. Classificou Jeová como mentiroso e homicida! Que interessante! Jamais ouvi alguém mencionar este diálogo. Por quê? Os defensores do deus, caso tenham lido este trecho, terão entendido? E se entenderam, não o terão torcido para

esconder a verdadeira natureza do deus aos olhos dos fiéis? E não venha dizer que as palavras da bíblia são em sentido figurado, pois está escrito de modo irrespondível aos

seguidores do deus: ‘Sois do diabo, que é vosso pai. ’

117

5- Com as afirmações acima retiradas da bíblia, Jesus Cristo “blasfemou” contra o deus – e “a blasfêmia contra o deus é dos piores crimes, levando sobre si o pecado.” (Lev. 24: 10 a 16)

Portanto, Jesus, o Cristo, é “pecador”!!!

********** 116600-- Jacó falou aos filhos: “Vós me deixastes aflito e me fizeram odioso entre os cananeus, ferezeus e filisteus. Eles se reunirão, serei apanhado e destruído com minha família”. (34. 30)

Comentário: Oh! Israel ficou preocupadíssimo! Por que não dizer que Israel ficou morrendo de medo? O medo era o estado normal de Jacó. Eita sujeitinho fracóide, covarde, poltrão, fujão! E deu a maior bronca na filharada. Mas não deu bronca porque os filhos foram injustos. Não bronqueou porque os filhos usaram de extrema crueldade. Não repreendeu porque desonraram a palavra empenhada. Não recriminou porque traíram, mataram e pilharam. Não! Nada disso! Censurou os filhos por puro medo da desforra, medo de ser morto conforme está nas escritu-

ras: “Eles se reunirão, serei apanhado e destruído com minha família”. Ora, se Jacó ficou mesmo furioso contra a atitude dos filhos podia, ao menos em parte, reparar o erro: Que devolvesse o que havia roubado, libertasse as pessoas que escravizou, enterrasse seus mortos, pedisse des-

culpas, e fosse embora! Mas não! O espertinho “recriminou” os filhos, mas saiu correndo, carregando o que pôde.

********** 116611-- Responderam os filhos: “Abusaria ele de nossa irmã, como se fosse prostituta?” (34. 31).

Comentário: Que prostituta é esta? A Diná estava por livre vontade em casa do noivo, com quem ia se casar com

o consentimento do pai, cuja condição foi aceita pela família do noivo. Venha comigo ao dicionário:

Prostituta = Mulher que se entrega a um número indeterminado de parceiros mediante remuneração.

Era isso que fazia Diná? Dava-se a mais de um, por dinheiro? Não. Ela se relacionava com um único homem por amor. Observe como os hebreus, abrutalhados que eram se apegavam a qualquer dá cá aquela palha para dar vazão

aos maus instintos. E note o modo como Moisés justifica os feitos abomináveis de Israel, atrás do termo “prostituta”.

2- E agora? Morto o noivo, Diná não se tornou, aí sim, desonrada e sem marido, uma “desfrutável”?

********** 116622-- Jeová mandou Jacó/Israel morar em Betel e fazer um altar “ao deus que te apareceu”. (35. 1)

116633-- Então Jacó falou à família: Farei em Betel um altar ao deus que me apareceu naquele dia... (35. 3)

Comentário: Fazer um altar ao deus que te apareceu; fazer um altar àquele deus - e não a outro. Às vezes, Moisés se embaraça e fala como se houvesse mais de um deus, como se cada pessoa tivesse um de-

les só para si! Que beleza! Cada um de nós com um criador! O mundo possui seis bilhões de pessoas; são, portanto, seis bi-

lhões de criadores, seis bilhões de deuses... Segundo os defensores bíblicos, Moisés e os hebreus tiveram papel importantíssimo no mundo, foram eles quem

trouxeram a idéia de deus único. No entanto, eles falam em deus no plural ou particularizando o deus do povo de-les, de maneira que não seria Único. Ao mesmo tempo, fazem referência a um deus que, jamais poderia ser classifi-cado de Verdadeiro.

118

Por tal motivo, insisto: Quantos deuses existem? Cada pessoa, família ou povo possui um deus exclusivo? E, se uma das características de Deus Verdadeiro é ser um só para tudo e para todos, então está provado: o deus

mosaico não é o Verdadeiro, porque lhe falta, entre outros, o atributo da universalidade, uma vez que ele é o deus dos hebreus apenas – e não de todos os povos do mundo, nem para todos os lugares do universo.

********** 116644-- “Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio e purificai-vos”. (35. 2).

116655-- Os deuses foram entregues a Jacó, que os enterrou sob o carvalho em Siquém (35. 4).

Comentário: É exatamente aqui! A partir deste ponto começam as perseguições aos ídolos, às imagens e aos “deuses estranhos”, que acabarão por constituir a meta principal para onde o deus vai apontar suas armas e gastar munição. Você lembra que Raquel, esposa preferida de Israel, roubou os deuses do pai porque acreditava no poder deles, estava acostumada a prestar-lhes culto. Jeová não ligou, nem deu bola, até colaborou para que Labão não en-contrasse as imagens no acampamento.

Quando foi que Raquel se apossou dos ídolos? Quanto faz que isso aconteceu? Faz tempo, porque o fato se pas-sou quando fugiram da casa de Labão. Naquela época, os filhos de Jacó eram crianças; o mais velho estaria com 12 ou 13 anos de idade e agora, já eram adultos; estavam tão grandes e fortes, que conseguiram matar os homens de uma cidade inteira. Portanto, faz bastante tempo que aconteceu o roubo das estatuetas e, só agora o deus manda li-vrar-se delas.

A partir deste ponto, possuir imagens será um pecado capital muito maior que roubar, matar, prestar falso teste-munho, cobiçar as coisas alheias, desonrar pai e mãe...

Esta norma é uma incoerência, pois se fosse errado esculpir e possuir imagens, sê-lo-ia desde o início da huma-nidade; e, se fosse lei divina, ela estaria impressa no íntimo de cada ser, não necessitando ser imposta à força, de fo-ra para dentro através de leis escritas.

Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? (Rom: 2. 22).

2- É até possível que, naquele dia da altercação entre Jacó e o sogro, o deus nem soubesse que os ídolos esta-

vam no acampamento, em poder de Raquel. Mas não foi culpa dele, tadinho! Como poderia saber que Raquel havia roubado os bibelôs, se não a viu roubando e ninguém lhe contou? Ele é o deus, mas não sabe tudo, né?

Naquela hora que o Labão revistava o acampamento, com certeza Jeová tinha saído pra dar uma voltinha lá fora, porque não ouviu coisa alguma, não viu o velho procurando, nem percebeu que Raquel estivesse sentada em cima das estatuetas. Decerto terá pensado que ela estivesse mesmo menstruada.

Sim, é uma hipótese, porque é um deus tão abestalhado! E não tem obrigação de saber tudo, né? Afinal, ele é um deus – um deus comum – e não Deus Poderoso, Autêntico, Verdadeiro e Único.

Pois estou lembrando isso tudo porque, se fosse errado possuir imagens, Jeová teria feito Labão encontrá-las e removê-las do acampamento. Mas concordou com a malandragem de Raquel, e só agora, depois de tantos anos, in-ventou que ter ídolos “faz mal”. Como explicar a mudança de atitude?

Eu não enviei estes profetas, mas eles foram correndo. Eu não lhes falava, e eles profetizavam coisas de suas cabeças.

Sou contra esses profetas que pregam sua própria palavra e afirmam: ‘Deus disse’. E, com mentiras, fazem errar o povo. (Jer: 23: 16 a 21 e 30 e 32)

3- E mais: Como é que simples imagens, estatuetas, bibelês quaisquer, podem ter alguma influência no decorrer

da vida de uma pessoa, de uma família, de um povo? Se tivessem alguma força maléfica, o próprio Jeová poderia neutralizar estas energias com seus “poderes”. Afinal, para quem “fez” o dia e a noite, para quem “fez” céus, sóis, ga-láxias, buracos negros, seria fácil evitar algum poder negativo vindo de uns enfeitezinhos baratos. Sabemos, no en-tanto, que quem constrói é o amor; e quem destrói é o ódio – e não ídolos; não mascotes, não bibelôs, não objetos.

4- E é interessante a interpretação das mesmas “escrituras” para os diferentes grupos religiosos. Os adeptos ao protestantismo abominam ídolo, chutam santa, quebram imagem, rasgam santinho. Os umbandistas têm nos altares miliúma estátuas e quadros de santo, anjo, índio, preto velho e outras divindades. Os católicos veneram os santos, os anjos e os mártires da igreja através de imagens que os representam. Os espíritas não são a favor nem contra, e não rasgam com ódio um papel contendo a fisionomia de Jesus. Lembrar que católicos e umbandistas têm vela, incenso, imagens e, nem por isso perderão o céu, se praticarem o

119

amor. E os espíritas, que não ligam para imagens; e nem os protestantes, que as abominam não ganharão o céu, ca-so pratiquem o ódio e a vingança.

5- Vem cá, tem uma coisa que eu não consigo engolir: Possuir imagem feita de pau, de louça, de papel, de plástico, é pecado. Contudo trair, enganar, matar os homens

de uma cidade inteira, aprisionar suas crianças e roubar os bens das velhinhas sobreviventes é correto. Imagine você, depois de morto, batendo à porta do céu e sendo argüido pelo responsável, que lê sua ficha: – “Você foi ladrão, foi criminoso, desonrou as calças que vestiu, enriqueceu roubando o leite das crianças, enga-

nou seus semelhantes, traiu, estuprou, traficou drogas, matou pai e mãe pra ficar com a herança... Mas por outro lado quebrou imagem feita de pau, chutou a santa... Ótimo! Vamos entrar e sentar, tomar café com bolinho. Fique à von-tade, escolha naquele guarda-roupa uma camisola, uma coroa e um par de asas porque você mereceu o paraíso”.

Ou então: – “Você foi bom, caridoso, matou a fome de órfãos, deixou de comer pra levar alimento aos doentes, aos velhos e

aos desempregados, promoveu atividades beneficentes, socorreu mendigos, vestiu os nus, acudiu os doentes e os inválidos... Mas... Mas o que é isso? Carregava uma medalhinha no pescoço? Vade retro! Vamos, pra fora, já! Vá pro inferno por toda a eternidade!”

Pois é exatamente isso que Moisés pregou e que uma multidão endossa sem piar.

6- Eu já disse umas duas ou três vezes lá atrás e vou repetir: Esculpir estátua é errado – mas o deus esculpiu uma estátua de barro, depois a transformou num homem. É uma

bobice esta história, mas se acreditarmos nas “santas escrituras”, somos todos nós filhos de uma estátua de lodo!

7- Há muita gente cheia de fé que, ainda hoje, no século XXI, tampa os olhos, dá as costas e sai correndo ao ver

uma imagem de Jesus, uma estampa de Nossa Senhora...

Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros nada é puro porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas. (Tito: 1. 15)

Não se ocupem com lendas judaicas, nem com mandamentos de homens desviados da verdade. (Tito: 1. 14

********** 116666-- O Jacó partiu para Betel, onde faria o altar. Na hora da partida, “o terror de Deus invadiu as cidades circunvizi-nhas e ninguém perseguiu a Jacó e seus filhos”. (35. 5).

Comentário: Jacó/Israel deixaria para trás, na cidade de Siquém, o maior rio de sangue, a maior carnificina, a

maior montanha de cadáveres, o maior terror já praticado por uma quadrilha de assassinos e partiria para erguer um altar, oferecer sacrifício ao deus em agradecimento pela vitória obtida sobre os “inimigos”!

Israel hipócrita! Cínico, falso, fingido! A quais inimigos ele se referia, se os inimigos eram eles próprios? E Jeová, aquela fera que se diz deus aceitou o sacrifício pelas vidas ceifadas e pelas riquezas que Israel juntou às

suas riquezas!

Quando multiplicais as vossas orações não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. (Is. 1: 15)

Jeová hediondo, sórdido, depravado, pervertido, bruto, assassino! E, para nossa vergonha, há quem cultue tal monstro e justifique suas proezas nojentas!

2- Para cobrir a fuga da quadrilha de malfeitores, Jeová invadiu cidades próximas e espalhou terror. Foi cúmplice

encobriu o erro, ajudou os culpados, praticou a injustiça. É possível crer em tamanho abuso de autoridade do autor da narrativa? Heresia cometeu quem a escreveu – e

heresia comete quem acredita nela, supondo tanta pequenez e sujeira em Deus Verdadeiro.

Vossas mãos estão cheias de sangue, vossos dedos cheios de perversidade, vossos lábios falam menti-ras, vossa língua profere maldade. Ninguém clama por justiça, ninguém deseja a verdade.

Confiam em nulidades, falam mentiras, produzem o mal e a injustiça. (Is. 59: 3 e 4)

Se alguém ensina uma doutrina contrariando o ensino da piedade, este alguém nada entende; é um doente, tem a mente pervertida. (Tim: 6. 3 a 5).

120

Há quem procure “sentido oculto” nas palavras de Moisés, como se ele falasse por parábolas, quando seus escri-

tos são claros, sem sentido camuflado. Aqui, por exemplo: a família de Israel enganou o povo; matou, roubou e esca-fedeu-se, enquanto o deus ficou aterrorizando os inimigos.

Cadê o sentido oculto? Cadê o sublime ensinamento?

Na obra ‘Ensinos Espiritualistas’, o pastor Stainton Moses faz a seguinte observação: Fizestes Deus pronunciar palavras que Ele nunca pronunciou; atribuís-Lhe leis que Ele reprovaria. Fizestes Deus regozijar-se punindo com mão cruel os filhos ignorantes. Que desprezível fábula, que baixa e louca concepção nascida do espírito brutal, grosseiro e limitado do homem. O Velho Testamento é uma confusão de fatos, mistura de notícias incoerentes. É admirável ver homens ainda hoje aferrados a

este livro, buscando desencravar a decifração das suas páginas. (Vida de Jesus – Antonio Lima.)

3- O próprio deus invade e aterroriza as criaturas! As mesmas criaturas que eram “filhas dele”, agora são inimigas!

Ele esqueceu que falou: “Abrão, em ti serão benditas todas as famílias da terra” (12. 3), e sai ele mesmo, o próprio deus, de arma em punho apavorando a quem jurou bendizer.

A partir do conhecimento destes fatos, como levar à prisão ladrões e assassinos, se nas “sagradas escrituras” está com todas as letras que trair, roubar e matar são atitudes desejáveis e acobertadas pelo “ser supremo?”

4- Mas de que maneira o deus espalhou o “terror”? Foi com chuva forte? Granizo? Raios e trovões? Tempestade de areia? Ventania? Fogo com fumaça? Ou o deus

“em pessoa” apareceu fantasiado de fantasma e falando “buuuu!”? Moisés não conta nem dá detalhes o que, certamente, não passa de mentira mosaica.

5- E eis o covardão do Israel fugindo de medo, outra vez! É a sua quarta fuga de grandes dimensões que a bíblia menciona. Reveja comigo:

I. Fugiu de Esaú, o irmão, por haver roubado a herança dele – e foi para a terra de Labão. II. Fugiu de Labão, o sogro, por haver roubado seus rebanhos – e foi para a terra de Esaú. III. Fugiu de Esaú, mentindo que ia segui-lo e foi para a terra de Siquém. IV. Fugiu agora de Siquém, por haver matado todos os seus moradores.

Brilhante carreira! Grande Israel! Louvável rastro de roubo, mentira e sangue este dodói de Jeová deixou atrás de si! Nadinha para ser elogiado. Todas as vezes que ele se mexeu de um lugar para outro, foi fugindo. Nunca teve a coragem de enfrentar, feito macho, as conseqüências de seus crimes. Fugir é mais fácil e menos arriscado. Quantas outras vezes terá fugido e Moisés não contou? Pela amostra, a narração detalhada das escapadas jacobinas não ca-beria num único livro.

6- E, no futuro, este senhor terá sua vida romanceada, contada em prosa e em versos! Irá para o Egito, onde receberá asilo e boas terras; as melhores terras serão entregues a ele! Vai morar e comer de graça; vai viver na sombra e água fresca sem trabalhar, feito marajá, por ser pai de José, o

Conselheiro do Faraó. – Vai ser odiado pelos donos da terra, mas ele liga pra isso? Depois de morto será enterrado com honras de herói; será lamentado – a contragosto pelos egípcios, que obede-

cerão sob coação – por setenta dias como se fosse faraó! Mas não se livrará de viver na condição de sem-terra; de morrer em chão alheio e de, depois de morto, ser conde-

nado a ver seus descendentes na triste condição de escravos; não se livrará de assistir à melancólica peregrinação dos filhos em andanças em círculos sem sair do lugar, por quarenta anos à procura da “terra prometida”. Prometida pelo deus, mas jamais entregue.

Eu sei que é uma chatice ler versículos bíblicos. Mas depois do fogaréu de dúvidas sobre as vitórias de Jacó, es-

tes versículos são pingos de água fresca para nossa fortaleza interna. São os desmentidos à felicidade conquistada naquelas atividades sórdidas que a gente acabou de comentar:

É melhor que sofrais praticando o bem, em lugar de serdes prósperos praticando o mal. (Pd: 3. 17)

Sendo afligidos suportais com paciência, pois para isto fostes chamados.. (Pd: 2. 20 e 21)

O sofrimento é passageiro e produzirá a glória eterna, acima de toda comparação. (2- Cor: 4. 17)

**********

121

116677-- Chegou Jacó em Betel, na terra de Canaã.

116688-- O deus apareceu e falou: “Já não te chamarás Jacó, porém Israel. E o chamou Israel”. (35. 6 a 10).

Comentário: - Cuméquié? O nome foi mudado outra vez? Já não havia sido mudado por aquele outro deus que lutou contra ele na beira do rio? Este outro deus de agora não ficou sabendo daquele fato? Ninguém contou pra ele?

Parece que os deuses não se comunicam, não se falam entre si, não põem em dia as novidades. É preciso maior organização entre eles, senão vira bagunça. Por sorte, houve coincidência e ambos os deuses lhe deram o mesmo nome. Se cada deus inventasse um nome diferente, o Jacó ia ficar confuso sem saber o próprio nome, coitado!

2 De qualquer modo, Moisés está faltando com a verdade. Se o nome foi mudado agora, então não foi mudado

naquela vez em que o deus e Jacó brigaram. E vice-versa.

3- Eis o deus aparecendo, de novo! E não me canso de fazer o desmentido. Falando em deus que, tre lê-lê, tra-lá-

lá aparece, fiz uma relação até que pequena sobre o assunto, em três atos. Primeiro ato, o deus não fazia questão de ser visto pelos favoritos e até por quem não o era: Jacó chamou àquele lugar Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi poupada. (Gn 32:30) Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo. (Êx 33:11) Subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel, e viram o Deus de Israel (Ex: 24: 9,10). Deus não estendeu a mão contra os escolhidos; porém eles viram a Deus, e comeram e beberam. (Êx 24: 11) Vi o Senhor em pé junto ao altar, e ele me disse: Fere os capitéis para que estremeçam os umbrais. (Am 9:1) Apareceu-lhe o Senhor, e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser. (Gn 26:2) Segundo ato: Tempo a seguir, resolveu se fazer de difícil e aceitou ser visto apenas pelas costas. Quando eu tirar a mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá. (Êx 33:23) Terceiro ato: Um tempinho após, declarou que jamais poderia ser visto: Ninguém nunca viu a Deus. (Jo 1:18) Jamais tendes visto o Pai. Jamais tendes ouvido a sua voz nem visto a sua forma. (João: 5. 37) Ninguém viu ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; só este viu ao Pai. (Jo 6:46) Ninguém jamais viu a Deus. (1Jo 4:12) Não poderás ver a minha face, pois homem nenhum pode ver a minha face, e viver. (Êx 33:20) Aquele que habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver. (1Tm 6:16)

********** 116699-- E o deus falou: “A terra que dei a Abraão e a Isaac, dar-te-ei a ti e, depois, à tua descendência”. (35. 11 e 12).

Comentário: Olha aí ele de novo, dando de presente as terras de Canaã, que não são dele! Mas... Peraí! Quais

terras Abraão e Isaac receberam do deus? Nenhuma até agora; só prometeu, mas nunca cumpriu.

Não deis ouvidos às palavras dos profetas; eles não falam o que vem da boca do Senhor. (Jer. 23: 16) 2- E já que estamos falando nas terras de Canaã, vamos nos antecipar um pouco ao Êxodo, livro de Moisés que

virá em seguida. Lá vai: Moraram em Canaã: Abraão, Isaac, Esaú e Jacó, totalizando séculos naquelas terras. Apesar, porém, de tantos acontecimentos terem tido lugar ali, as pessoas parecem normais; ninguém era gigante,

ninguém fala em gigantes que ali morassem. A única vez que Moisés fala nisso foi no início da construção da huma-nidade, quando diz em Gênesis 6: 4: “Naquele tempo havia gigantes na terra”.

Lembra? Mas isso foi antes do dilúvio (nota 25) e se, no dilúvio, morreu todo mundo, morreram também os gigantes. Pois bem: veremos em Êxodo, no momento em que os hebreus ziguezagueavam pelo deserto, que alguns ho-

mens foram – por ordem do deus, o qual nunca estivera ali, não conhecia o lugar – espiar as terras de Canaã e re-gressaram com a seguinte informação: As terras de Canaã eram habitadas por gigantes!

De onde apareceu este pessoal se, até agora, você e eu estamos entrando e saindo de Canaã, acompanhando os favoritos do deus, e não demos de cara com nenhum gigante?

**********

122

117700-- Saíram de Betel e, antes de chegar a Efrata, Raquel teve mais um filho. (35. 16 a 17)

Comentário: Este é o Benjamim, 13º filho macho de Jacó/Israel, que nasceu longe da terra de Labão.

********** 117711-- Raquel, porém, morreu no parto e o Moisés assim se expressou por escrito, em relação à morte dela: “Ao sair-lhe a alma porque ela morreu...” (35. 18).

Comentário: “Ao sair-lhe a alma”? Que alma? A grande maioria dos leitores da bíblia garante que nada existe além corpo do físico; (ver nota 174). No entanto, a

bíblia fala em alma, significando que ela existe. A prova da existência da alma está, portanto, na bíblia – livro de ca-beceira daqueles que garantem que morreu, acabou.

2- A Raquel morreu no parto! Justo a esposa amada! Cadê o deus que protegia Israel? Cadê que ele evitou a mor-

te de Raquel? E, mais adiante, ele falou cheio de orgulho: Eu mato e eu faço viver; eu firo e eu curo. (Deut.32: 39)

********** 117722-- Ruben, primeiro filho de Jacó “deitou-se com Bila, concubina de seu pai. E Israel o soube". (35. 22).

Comentário: Diz o deus de Moisés: “Se um homem se deitar com a mulher de seu pai serão mortos ambos; seu sangue cairá sobre eles”. (Lev: 20: 11).

No entanto, ficou por isso mesmo, ninguém foi morto – nem Ruben, nem Bila –; sangue nenhum caiu sobre eles, não obstante Jacó/Israel tomar conhecimento do fato.

Ah se fosse um filho de Caim! Ah se fosse um filho de Esaú! Ah se fosse um filho de Canaã! Ah se fosse um filho de Ismael!

********** 117733-- “Eram doze os filhos de Israel”. (35. 22).

Comentário: Moisés esqueceu de novo que Jacó teve 13 filhos. Ah, sim, é verdade! Foi da Diná que ele esqueceu! Justamente da Diná, que desencadeou a maior, a mais suja e

mais covarde carnificina contra os moradores da cidade de Siquém. No episódio, para justificar a matança e o roubo, a Diná era importante, sua honra não podia ficar maculada e não sei o quê, não sei o quê lá – mas não serviu depois, nem mesmo para constar entre os filhos do seu pai.

Deus não faz diferença entre pessoas. (Atos: 10. 34). Mas Moisés faz diferença. Ele não suporta mulher. Por que será?

**********

117744-- Então morreu Isaac, pai de Esaú e Jacó, sendo recolhido ao seu povo. (35. 29)

Comentário: Que povo? Os que o antecederam? Mais uma vez, o Antigo Testamento aprova a tese da sobrevi-vência do espírito! Por que seus leitores negam que exista algo além do corpo?

Em “... e a vida continua?", de A. Balbach lê-se o que coloco aqui outra vez: “A vida depende da respiração... A chama da vela depende do oxigênio. Faltando-lhe este elemento, a chama se

123

apaga, a luz desaparece. O homem também possui um princípio vital que depende da respiração. Esse fôlego ou espí-rito não é entidade consciente, pois, se fosse, a consciência do homem estaria no nariz”. (pág. 8 e 9).

Apesar de A. Balbach negar a sobrevivência do espírito, cada pessoa que morre - ou, cada nariz que morre - é re-

colhido ao seu povo, segundo a bíblia. Entretanto, o povo de A. Balbach é formado só por narizes... Estranho, né?

2- Caramba! Só agora morreu o Isaac? O leitor lembra daquele cego velho enganado pela mulher e pelo filho?

Pois é o próprio! Ele já estava bem acabadinho e às portas da morte quando foi tapeado no episódio da bênção que ia dar a Esaú e acabou dando a Jacó.

E só agora morreu! Que baita povo forte!

********** 117755-- De 35. 23 a 36. 19, Moisés fala os nomes de todos os filhos e descendência direta de Jacó e de Esaú.

117766-- Esaú levou suas mulheres, filhos e filhas e todas as pessoas de sua casa, seus rebanhos e tudo o que havia adqui-rido em Canaã para outra terra, apartando-se de Jacó. Então, Esaú, que é Edom habitou no monte de Seir. (36. 6)

Comentário: O Esaú foi embora sem que o deus ligasse pra ele, não obstante ter na própria carne o sinal do

deus: a circuncisão – e do deus haver feito “aliança perpétua” com o pai dele, o Isaac. Esaú, seus filhos e netos são descendentes diretos de Isaac, tanto quanto Jacó/Israel e respectiva descendência.

2- Esaú passou a ter uma terra – muito extensa, por sinal –, a Terra de Edom, e lá permaneceu. Justo ele, que seria escravo de Jacó, de acordo com aquela bênçãozinha de segunda mão que recebeu. Justo ele, deserdado pelo pai, traído pela mãe, invejado pelo irmão e abandonado pelo deus. Justo ele, que nem deu bola aos preconceitos do deus bairrista, se casou com três filhas de excomungados. Esaú, esquecido este tempo todo, conquistou por méritos próprios uma terra para si e sua descendência. Israel/Jacó, a menina dos olhos do deus, o biografado de Moisés, o dodói da mamãe acabou se asilando no Egito

para não morrer de fome; Israel, que ia ganhar terras do deus, acabou com sua descendência na escravidão, conforme veremos em Êxodo Foi condenado a ver seus filhos perambulando por 40 anos pelo deserto sem lar, sem pátria, sendo preciso invadir

e roubar as terras que o deus lhe prometeu!

Isso testemunha que Jeová, o deus de mentira, não tinha poder nenhum; prova que sua proteção ou o seu des-prezo não valiam grande coisa...

Ou seja: valiam sim! Os seus favoritos sentiam-se tão protegidos por ele, tão seguros de si, tão senhores do pró-prio nariz, que faziam as maiores bobagens para enriquecer, comprometendo a própria alma.

Pois o que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a alma? (Mat: 16. 26)

Todos os que pecaram sem lei, também sem lei perecerão.

Todos os que com lei pecaram, mediante a mesma lei serão julgados. (Rom: 2: 12)

Todos os que lançarem mão da espada, pela espada morrerão. (Mateus, 26. 52)

124

Capítulo 10

JOSÉ 117777-- Agora, Moisés narra a vida de José. O leitor se lembra que Raquel, esposa predileta de Jacó, era “estéril”, não tinha filhos e depois de muito tempo ela concebeu e nasceu José, ainda nas terras de Labão. Bem mais tarde nasceu o Benjamim, em terras distantes.

Comentário: Em verdade, esta narração de Moisés corresponde em muitos pontos à história escrita pelo Conde J.

W. Rochester e Vera Krijanowski no livro “O Chanceler de ferro” (FEB; RJ). Daí, resumirmos a história. Quando a-charmos algum ponto desarmônico, faremos o comentário.

********** 117788-- Jacó amava a José mais do que aos outros filhos e isso causava a inveja e ódio nos demais porque, além de ser o preferido, o rapaz dedava ao pai os erros dos irmãos. O ódio destes aumentou quando Jacó deu de presente a José uma túnica nova, quando ele completou dezessete anos de idade. Além disso, José teve sonhos e contou aos irmãos: Num sonho, cada um dos irmãos havia atado um feixe no campo e, eis que o feixe de José se ergueu e ficou em pé. Os outros feixes o rodearam e se inclinaram perante o feixe erguido. No ou-tro sonho o sol, a lua e onze estrelas inclinavam-se perante José. Ouvindo estas narrativas, os irmãos zombavam: “Você pretende ser nosso rei? Vai nos dominar?” O próprio pai o re-criminou por achar-se superior aos demais da família. Numa ocasião, os irmãos se encontravam muito longe de casa, apascentando os rebanhos. Depois de alguns dias, o pai mandou José ao encontro deles em busca de notícias, pois estava preocupado. José os encontrou nos poços de Dotã, onde se cruzavam estradas bastante freqüentadas por caravaneiros. De longe, os irmãos o viram e conspiraram contra ele: resolveram eliminá-lo e contar ao pai que uma fera selvagem o havia matado e comido. Rubem, porém, opôs-se àquela idéia, sem desprezá-la por completo. Em lugar de matá-lo com as próprias mãos, deu a sugestão de lançá-lo numa cisterna sem água. Com isso, pretendia manter José com vida; pretendia mais tarde, retirá-lo da cisterna às escondidas e devolvê-lo ao pai. José se aproximou dos irmãos e foi recebido de forma hostil. Retiraram-lhe a túnica e atiraram-no na cisterna. Vendo uma caravana que se aproximava, um dos irmãos, de nome Judá teve a idéia de vender José como escravo e todos con-cordaram – exceto Rubem, que não se encontrava nas proximidades e que, ao retornar, já não encontrou o rapaz no po-ço. Para justificar ao pai o sumiço de José, tomaram sua túnica, rasgaram-na, embeberam-na em sangue de bode e a mandaram para casa com a notícia que encontraram a roupa de José rasgada e suja de sangue. O pai reconheceu a tú-nica e creu que José tivesse sido morto e devorado por animais selvagens. Quanto a José, foi vendido aos ismaelitas e levado como escravo ao Egito...

Comentário: O José, comprado pelos ismaelitas! Ora, veja só como o mundo é pequeno: A gente reencontrou os filhos de Ismael, o resultado do cruzamento de Abraão com a escrava Agar, abandonado

a pão e água no deserto. Você sabe quem é né? Veja também como o destino é caprichoso: Os filhos de Ismael prosperaram, e isto fica evidente porque estavam comerciando substâncias aromáticas, bál-

samo e mirra, especiarias das mais caras. E veja agora, como Deus Verdadeiro não deixa sem troco quem arremessa uma pedra: José, filho, neto e bisneto dos favoritos do deus, descendente dos “sagrados anciãos” –, foi entregue justamente

aos filhos daquela escrava abusada e humilhada por Abraão e por Sara. Como o deus permitiu fato tão humilhante? Um protegidinho vendido como servo aos netos da serva egípcia! Falhou feio, heim, Jeová! Justo você, que ia dar proteção aos descendentes de um e de outro, olha só a cochilada

que acabou de dar! Só quero ver como é que vai se sair desta. E estou pensando em Sara. Ela deve ter dado viravoltas na sepultura, deve ter morrido de novo de tanta raiva, ao

saber que o bisneto dela virou escravo de Agar! Que jóia, cara! Se Jeová costuma bobear, Deus Verdadeiro está sempre alerta e não descuida de promover a Jus-

tiça! Quem com ferro fere...

125

Todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. (Mat: 26. 52)

Sofrimento e angústia virão sobre qualquer homem que faça o mal – seja ele judeu ou grego. Glória, honra e paz a todo aquele que pratica o bem – seja ele judeu ou grego.

Porque para Deus não há discriminação de pessoas. (Rom. 2: 9 a 11)

O execrável arranca da espada e estica o arco para abater o justo. O seu arco, porém, se despedaça e sua espada transpassa o próprio coração. (Sal. 37: 14 – 15)

Quem faz injustiça receberá em troca a injustiça e nisso não há proteção a pessoa alguma. (Col: 3. 23 a 25).

********** 117799-- Judá, filho de Jacó com Lia, veio a ser o pai de uma das doze tribos de Israel; casou-se com moça de origem ca-nanéia. Desta união nasceram Er, Onã, Selá. Judá tomou para o filho Er, moça de nome Tamar. Mas Er “era perverso perante o Senhor, que o fez morrer” sem filhos. Pela lei do levirato, Onã, o segundo filho de Judá deveria se casar com a viúva Tamar. Levirato é a lei que obriga o cunhado solteiro a se casar com a viúva do irmão para dar-lhe descendência, caso ele tenha morrido sem filhos. Onã passou a possuir a cunhada, mas sabendo que o filho que teriam seria considerado descendência do irmão morto, ele fazia o sêmen cair na terra, para que Tamar não engravidasse. “Isso, porém era mau perante o Senhor” e Onã veio a morrer também sem filhos, como castigo. Restou apenas Selá, o filho caçula de Judá, que era bem jovem, quase menino. Judá mandou que a nora permanecesse na casa dos pais dela até que Sela se tornasse homem e pudesse cumprir a lei do levirato, suscitando descendência a Er, o filho mais velho. Tamar retornou à casa paterna à espera que Selá pudesse gerar filhos. Selá fez-se homem, mas Judá não o deu em casamento a Tamar, sua nora, que se revoltou contra o sogro. Num dia em que Judá estava passando próximo à casa de Tamar, esta retirou as roupas da viuvez, vestiu-se muito bem, cobriu o rosto como se fosse meretriz e postou-se em lugar onde Judá pudesse vê-la. Vendo-a, Judá quis possuí-la sem saber que se tratava de Tamar, sua nora. E travou-se o seguinte diálogo: - Que me darás se eu aceitar me deitar contigo? - Enviar-te-ei um cabrito do rebanho. - Quero um penhor até que me mandes o cabrito. - Que penhor te darei? - O teu selo, o teu cordão e o cajado que seguras. Judá entregou-lhe o penhor, possuiu-a e ela concebeu. Depois ela se foi, retirou aquelas roupas e tornou a se cobrir com as vestes de viuvez. Judá mandou o cabrito para rea-ver o penhor que deixara nas suas mãos, porém ela não foi encontrada. Passados três meses, Judá soube que Tamar havia cometido adultério, pois se encontrava grávida. Irado, quis queimar a nora que não havia respeitado a viuvez, mas esta lhe disse: - Do homem a quem pertencem estes objetos eu concebi. Reconheces este selo, este cordão e este cajado? Judá envergonhou-se, dizendo: - Mais justa é ela que eu, porque não a dei a meu filho Selá. Tamar teve gêmeos: Perez e Zera. (38: 1 a 30).

Comentário: Este história tem lacunas imperdoáveis para o deus. Veja antes uma lei criada e promulgada por Je-

ová, sobre uniões abomináveis: “A nudez da tua nora não descobrirás. Ela é mulher do teu filho... com nenhuma destas coisas não vos contami-

neis, porque com todas estas coisas se contaminam as nações que eu lanço fora de diante de vós... Todo aquele que fizer alguma destas abominações serão eliminados do seu povo”. (Lev: 18. 15, 24 e 29).

No capítulo seguinte, o legislador repetiu a lei, com uma diferença:em lugar do casal ser eliminado do meio do povo, o castigo era a morte para ambos os fornicadores.

“Se um homem se deitar com a nora, serão mortos e o seu sangue cairá sobre ambos.” (Lev: 20. 12). Prosseguindo com as lacunas da narração:

126

a) Judá casou-se com uma filha de Canaã. Cometeu, portanto, pecado mortal contra Jeová, que não suporta-

va aquela gentalha. E olhe que Judá era um dos doze filhos de Jacó; era um ser “divino”, fundador de uma das doze tribos de Israel, conforme veremos. Oh, que horror! Como pôde um dos doze “dodóis” ter se con-taminado com uma moça cananéia? Como pôde ter cometido “pecado” deste tamanho?

b) E, depois de se casar com uma filha de Canaã, Judá continuou a ser afilhado do deus. Ta certo uma coisa destas? Esaú, Cão e Canaã deixaram de ser, por muito menos.

c) Er “era perverso perante o Senhor, que o fez morrer” sem filhos. Moisés não explica qual foi a perversidade tãããão grande que o rapaz fez contra o deus, o que faz crer que seja mais uma das invenções do escritor.

d) Veja só que incongruência: Onã não queria filhos e, por isso, fazia o sêmen cair na terra. Mas o bíblico es-critor afirma que ele não teve filhos, por castigo! Castigo? O coitado do rapaz fez um esforço desgraçado pra evitar filhos e ganha que não ter tido filhos foi punição. Pode haver inconsistência maior?

e) Judá desobedeceu à lei que o obrigava entregar o filho à nora, para que o primogênito morto sem filhos, vi-esse a ter descendência através do irmão. Hmmm! Que rolo! Judá desobedeceu à lei do levirato e, mesmo assim, não deixou de ser um dos preferidos do deus. Ah, se fosse com descendente de Esaú!

f) Judá possuiu a nora, batendo de frente com a lei: “Se um homem se deitar com sua nora, ambos serão mor-tos e seu sangue cairá sobre eles”. (Lev. 20: 12). Tá certo que Judá foi enganado, achando que estava com uma prostituta; mas se deitou com a nora e isso não tem perdão. E Judá continuou vivo e um dos favoritos! Como é possível casar-se com uma cananéia, deitar-se com a nora e continuar tendo proteções de Jeová?

g) Pois não foram eliminados, não foram mortos, nenhum sangue caiu em cima de ninguém; eles continuaram vivendo como se nada houvesse acontecido, porque na época em que tiveram relações ilícitas, o deus pen-sava que podia; ele ainda não sabia que não podia, entendeu?

h) Tamar concebeu do sogro e teve os gêmeos Perez e Zera. Agora, a dúvida: os gêmeos acabaram sendo fi-lhos de Er, marido de Tamar que morreu sem filhos, ou filhos de Judá, o pai de Er?

i) Apesar da proibição de ter filhos com a nora, foi exatamente da descendência de Perez, um dos gêmeos “im-puros”, que nasceu a personalidade máxima deste nosso planetinha: Jesus!

j) Este item é preciso que seja reprisado, pela sua importância: De relações ilícitas entre Tamar e o sogro, nasceu Perez. Este foi, pois, filho de incesto. Sendo filho de incesto, seria “deserdado” por Jeová, que “não suporta” gente impura. No entanto, foi tão abençoada a descendência de Perez, que dela nasceu o maior de todos os espíritos que já pisou neste solo, o maior de todos os Mestres: Jesus, o Cristo!

k) Tudo bem, os incestuosos não foram mortos porque o deus só ficou sabendo que deveriam morrer quando já estavam enterrados há séculos e não tinha como ressuscitar a ambos, para matá-los depois - isto é, até que tinha jeito, se Jeová soubesse fazer isso. Mas quando tomou conhecimento que aquilo era pecado, bem que poderia ter evitado que Jesus fosse descendente da união incestuosa. Ah, isso ele faria, se tivesse algum poder! Mas com seus poderes, o máximo que conseguiu foi trocar nome de gente...

l) Tá! Se Jesus tinha de ser descendente de Judá, por que Jeová, o poderosíssimo, não fez com que o fosse da relação entre Judá e a esposa legal? Por que teve de ser entre ele e a nora? Alguém falhou! E Deus Ver-dadeiro mostrou por a + b, que não ligava a mínima o tal levirato, nem ao incesto entre sogro e nora.

m) Os filhos de Tamar teriam de ser considerados filhos de Er, que morreu sem filhos, lembra? Do jeito como aconteceu, os filhos de Judá vieram a ser netos de Judá! Ah, Jeová! Você misturou tudo ou algo está erra-do. Ou suas leis eram de mentirinha, ou você está muito aquém para um deus que se preze. Mas liga não! Deus Único nem deu nem tchum pra tanta bobagem e o mundo continuou girando igual antes.

n) Canaã, só porque o pai dele viu o avô sem roupa, foi amaldiçoado por todo século, seculorum, assim seja. Tamar que, de modo consciente, levou o sogro ao incesto e viu-lhe a nudez, foi tão abençoada que teve, dentre os descendentes “impuros”, o maior tesouro que o mundo já recebeu.

o) Que fim levou o deus que disse: “não contrairás matrimônio com filhas dos cananeus, amorrreus, heteus... pois elas farão desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses” (Deut. 7: 3)? Cadê que a convivência com uma filha de Canaã foi nociva? Que papelão, heim, Jeová!

p) E aí, Moisés? E aí, deus, como é que fica? Vocês dois trabalharam juntos na confecção das leis e, mesmo assim deu errado! Criaram a lei proibindo deitar-se com a nora e esqueceram de Judá e Tamar... Que man-cada, heim?

q) E o pior: Nem Moisés nem Jeová sonhavam que, no futuro, ia nascer Jesus, fruto distante daquela relação. É que Moisés não tinha bola de cristal e o deus era um impostor; como é que iam descobrir né?

**********

118800-- José foi vendido aos ismaelitas e levado como escravo ao Egito, onde foi comprado por Potifar, funcionário do faraó. O Senhor era com José, que veio a ser homem próspero. José era formoso de porte e de aparência. (39. 1 a 6).

Comentário: Pelo que conta o Conde J. W. Rochester, José era sim, realmente, um magnífico exemplar da espé-

cie humana: muito alto, musculoso, porte majestoso, pele morena, olhos verdes, cabelos negros e anelados. Tão be-

127

lo, que chamou a atenção da esposa de Potifar, seu dono. E tão belo que tanto o deus quanto Moisés também vai arrastar asa pro lado dele, vão elegê-lo afilhado do deus, antes mesmo da morte de Jacó, o atual afilhado de plantão.

**********

118811-- Nesta casa, José serviu com dedicação e foi reconhecido por seu senhor, que lhe deu o encargo de superintenden-te da casa com amplos poderes, inclusive o de vigiar os demais escravos. Ranofrit, esposa de Potifar, enamorou-se de José. Este, porém, recusou seus carinhos quando ela o procurou. Como vin-gança, Ranofrit o caluniou dizendo ao marido que ele a queria possuir. Potifar, depois de mandar açoitar José, mandou-o ao cárcere onde esteve por muitos anos. Na prisão, ele portou-se de maneira digna e recebeu a incumbência de ajudar nos trabalhos junto aos outros prisioneiros. Num dia, José interpretou os sonhos de dois prisioneiros e aconteceu justamente do jeito como previu: um deles continu-ou no cargo de copeiro real a serviço do faraó e o outro foi decapitado. Dois anos após, o faraó teve um sonho e queria saber-lhe o significado. Mandou chamar os sacerdotes, contou-lhes o sonho, mas nenhum o interpretou. Foi quando o copeiro real lembrou-se de José, que estava ainda prisioneiro; lembrou que ele interpretou os sonhos de dois prisioneiros, sendo um dos quais, ele próprio. O faraó mandou buscar José e lhe contou o sonho: - Vi sete vacas gordas saindo do Rio Nilo; depois delas saíram outras sete vacas – mas estas eram muito magras e come-ram as vacas gordas. Noutro sonho, vi sete espigas cheias e boas, que foram devoradas por sete espigas mirradas. José interpretou ambos os sonhos, como se fossem um só: As sete vacas gordas e as sete espigas boas representavam sete anos de bom clima com fartura em abundância. Depois viriam outros sete anos, mas estes de fome gravíssima. José sugeriu ao rei que escolhesse um administrador sábio e ajuizado que controlasse a colheita daqueles sete primeiros anos os quais seriam fartos, para que houvesse alimento para os sete anos de fome. O rei gostou da sugestão e escolheu o próprio José para ser seu chanceler, o “braço direito”, o vice-rei, o segundo homem do Egito em importância, depois do faraó. Os oficiais do reino apoiaram a sugestão.

Comentário: Antes de darmos continuidade, queremos fazer breve estudo da situação de José no Egito: Seguramente ele não foi tão bem recebido conforme o diz Moisés em 41: 37, onde afirma que a sugestão de José

foi agradável aos oficiais do reino. Não! Nem precisamos recorrer a outras literaturas para atingir tal impossibilidade. Os egípcios, que se diziam raça pura e não se submetiam de boa vontade aos estrangeiros, agora seriam obriga-

dos a curvar-se e beijar os pés de um hebreu – raça imunda e maldita, conforme a chamavam. José, pastor obscuro, escravo sem nome, acusado de tentativa de estupro e acabado de sair do xadrez, elevado à

categoria de homem mais importante do Egito depois do faraó – posto ambicionado pelos venerandos egípcios! É ób-vio que não foi do agrado dos oficiais e demais dignatários, que se sentiram desprestigiados pela escolha em favor de forasteiro sem lustrosos antecedentes e cuja família ninguém conhecia. Percebiam-se inferiores e humilhados di-ante de um simples adivinho que os suplantou nos conhecimentos secretos e também em hierarquia, passando a ser-lhes superior na escala de valores no panorama político.

A bem da verdade, o próprio rei que acolheu José não era descendente da raça egípcia e sim, da chamada “raça dos pastores” – os hicsos – que, quase um século antes, apropriaram-se do trono egípcio. Para piorar, justamente na época que estamos focalizando, estava sendo costurado um levante dos puros egípcios contra o “faraó pastor”, vi-sando colocar no seu lugar um faraó de verdade, genuíno representante do Egito.

Assim, os egípcios verdadeiros percebiam que, com a nomeação do hebreu a chanceler, o faraó pastor debocha-va da nobre casta egípcia. Sem dúvida, a vida de José no Egito não foi tão agradável conforme Moisés contou.

**********

118822-- Os sete anos de abundância aconteceram e José estocou tudo o que sobrava da alimentação do povo e tudo o que adquiriu dos reinos vizinhos. Os celeiros ficaram abarrotados de trigo, sendo necessário construir muitos outros enor-mes celeiros que pudessem conter a super safra de sete anos. “O faraó lhe deu Asnath por esposa; ela era filha de Potífera, sacerdote de Om...” (41. 45).

Comentário: Sobre detalhes da esposa e filhos de José, o “autor sagrado” se cala preferindo deixar a impressão

de felicidade e que tudo aconteceu de modo agradável a todos. Usando o raciocínio é possível, porém, contrariar a impressão de que tudo corria bem na vida privada de José. Vemos o fato por ângulo diferente daquele que Moisés quer nos impingir, ao ler adiante, em Gênesis: 43. 32:

128

“Aos egípcios não era permitido comer com os hebreus, por ser isso para os egípcios, uma coisa desprezível”. Olha só: Os egípcios recusavam comer junto aos hebreus! Estes eram desprezados e não seria José, uma exceção.

2- Considerando o alto posto que ocupava, nada mais fácil para José que ter por esposa a mulher que escolhes-

se, porque o faraó anulava casamentos já em vias de se concretizar e promovia enlaces com a mesma facilidade, desde que a medida fosse solicitada por um dos seus favoritos. E José era seu favorito maior.

Assentado este ponto, observemos as palavras: “O faraó lhe deu Asnath por esposa”. E fica estabelecida a ver-dade: o casamento não foi aceito, mas imposto à moça, sem que fosse de sua espontânea vontade.

O enlace era vantajoso ao escravo ex-detento que, no mínimo, o pediu de joelhos ao faraó, mas para Asnath, será que aquela união trazia felicidade? Será que ela amava José, ou foi obrigada a aceitá-lo, por ser a vontade real?

E para a família da moça: egípcios puros, orgulhosos do cargo ocupado pelo pai, terá sido uma honra o pedido? É de se presumir que o episódio tenha sido ultrajante para o pai da noiva, primeiro sacerdote do templo, estendendo-se o ultraje para a classe dos sacerdotes e para com as demais famílias egípcias.

**********

118833-- Tiveram os filhos Manassés e Efraim “os quais lhe deu Asnath, filha de Potífera, sacerdote de Om”. (41. 50 e 51)

Comentário: Só faltou Moisés ter escrito: “e foram felizes para sempre”. O autor faz questão de deixar claro que Asnath era filha de um sacerdote do templo, porque era altamente honro-

so ser sacerdote de templo egípcio. Casar com a filha de um deles significava que o noivo fazia parte de seleta casta social. Não era este o caso de José, mas a nódoa de seu passado de escravo saído da prisão poderia ser apagada com aliança tão brilhante. Daí Moisés repisar que José foi genro de sacerdote, deixando no ar que ele subiu também no conceito do povo, tendo sido aceito de braços abertos pelos egípcios e pela casta privilegiada.

Não nos parece que isso tenha acontecido. Aliás, se tomarmos a vida do próprio Moisés como exemplo, verifica-mos que um hebreu não era bem vindo naquele país, mesmo que fosse criado dentro do palácio real, como foi o caso dele.

Ora, se Moisés, criado pela princesa dentro do palácio foi desprezado, o que dizer de José, hebreu escravo sem família, cujo passado ignoravam a não ser a partir do encarceramento?

Quanto aos filhos desta união: mistura de “sangue puro com sangue infame” –, também não podem ter sido bem vindos. É de se pressupor que a eles sobrou muito do desprezo votado ao povo hebreu.

Vamos verificar adiante, que esta suspeita não é exagerada, desde que os meninos Manassés e Efraim nem ao menos foram criados por Asnath, a mãe (!) – e sim, pela família de José.

Não temos certeza quanto aos motivos, mas é certo que os filhos de José foram expulsos da família de Asnath e, na dúvida, procure na bíblia e não encontrará uma única cena onde eles estivessem com a mãe, ou com a família desta.

**********

118844-- Depois dos sete anos de abundância previstos por José, começaram os sete anos de fome. “Havia fome em todas as terras, mas nas terras do Egito havia pão”. (41. 53 e 54)

Comentário: Lendo esta descrição temos a impressão que, além de sábio, José foi bom e generoso, porque os egípcios tinham fartura de alimento. Não obstante, veremos que não era bem assim.

**********

118855-- “Havendo fome sobre a terra, abriu José os celeiros e vendia trigo aos egípcios, porque a fome prevalecia tam-bém na terra do Egito”. (41. 56)

Comentário: E não fomos muito longe para concluir que o José não foi tão generoso conforme o disse Moisés. Vamos por partes. O que Moisés garante e o que deixou nas entrelinhas foi que, no Egito havia pão e o bom, o sábio, o indulgente

129

José abriu os celeiros e lhes distribuiu do trigo estocado. Que beleza! Quanta fartura! José abriu os depósitos com alegria, distribuiu trigo a mancheias e os felizes egípcios

carregavam os grãos para casa em abundância. Será? É claro que é falso, porque está escrito na mesma frase: “... e vendia trigo aos egípcios...”. Ora, se os celeiros foram abertos aos egípcios, era de se presumir que os egípcios não pagariam pelo trigo. Afi-

nal, eram donos da terra, tinham direitos sobre o alimento produzido, mesmo porque foram eles os produtores. José, porém, vendia-lhes o produto, como o faria a um estrangeiro qualquer. Que vantagem Maria leva se tinham trigo à vontade, mas precisavam pagar por ele?

********** 118866-- A fome desceu sobre a terra, sobre todos os povos os quais, sabedores que no Egito havia abundância de grão, dirigiam-se para lá, a fim de comprar alimento. A família do pai de José – Jacó/Israel e os filhos – que ainda moravam em Canaã, souberam que o Egito estava vendendo cereais e para lá se dirigiram os filhos mais velhos para fazer com-pras. À frente de José, os irmãos se ajoelharam conforme a previsão do próprio José, que em sonho viu os onze feixes dos irmãos se curvando perante seu feixe. José os reconheceu, porém eles não o reconheceram (42. 1 a 43. 32).

Comentário: O deus de José não era o mesmo de Jacó/Israel? Neste caso, por que foi embora com José, dei-

xando que Israel passasse fome? Decerto esqueceu que Jacó era favorito há mais tempo, com direitos adquiridos por antiguidade, já quase se aposentando na qualidade de preferido.

Parece que Jeová não consegue estar em dois lugares ao mesmo tempo, não consegue proteger mais de um, concomitantemente. Ele, o deus Jeová, tão cheio de poderes,

• Que demonstrou ser bom “lutador” – apesar de haver perdido a briga contra Jacó; • Que tem o grande poder de mudar nomes – de Abraão, Sara e Israel; • Que prometeu grande descendência aos eleitos – apesar de todo casal poder ter copiosa descendên-

cia sem um deus privativo; • Que, aos favoritos prometeu terras – não obstante não haver dado terras a ninguém. Enquanto Ismael,

Canaã e Esaú conquistaram suas terras sem favoritismo, os dodóis do deus continuaram sem pátria; • Que amaldiçoou a quem não gostava – se bem que qualquer pessoa pode amaldiçoar a quem quiser.

Resta saber se Deus Único leva em consideração esta maldição, pois Ele não aprecia que prejudiquem os Seus filhos;

• Que prometeu amparo aos eleitos – embora não protegesse Abraão, que se refugiou em terras egíp-cias para não passar fome; não protegesse Isaac, que teve de refugiar-se nas terras de Abimeleque, por não ter o que comer e nem protegesse Jacó contra a seca e contra os indesejáveis braços de Lia,

Cadê que tem poderes pra evitar a seca em Canaã, terra onde mora Jacó? Cadê que consegue evitar fome na família? Seria a glória perpétua de Jeová, se chovesse em cima das plantações de Jacó/Israel, mas a estiagem continuasse esturricando as terras dos infiéis que morassem em volta!

Puxa, que boa idéia! Por que Jeová não pensou nisso? Por que ele não fez chover na plantação de Jacó – só na de Jacó e de mais ninguém na vizinhança? Barbaridade, que prodígio se houvesse chuva abundante nas terras de Israel, mas a água parasse de cair justo na

cerca que separava os dois campos! Isso sim, seria milagre. Dirão alguns: “Ora, o deus queria unir a família; queria que fossem viver na fartura junto a José e, por isso, usou este artifício.” Ora, digo eu! Se o deus quisesse que Jacó e filhos fossem ao encontro de José, seria fácil aparecer pra eles e

mandar que fossem ao Egito! Ele não vivia “aparecendo” a qualquer um? Ou que os transportasse pelo ar, num esta-lar de dedos. Ele não tinha poderes? Desnecessário ardil tão complicado com resultados imprevisíveis.

Para Deus há coisa demasiadamente difícil? (Gen: 18. 14).

2- E tem mais uma coisinha que fica me aporrinhando: Bem adiante nas narrações mosaicas, depois do êxodo dos hebreus, quando estes chegaram à beiradinha de Ca-

naã, Moisés mandou doze homens cruzar a fronteira para fazer o reconhecimento da terra que “ganharam de presen-te”. Mais de um mês depois, os doze homens retornaram maravilhados, trazendo a notícia: Canaã era terra fértil de frutos suculentos; trouxeram como amostra romãs e figos gigantescos, mais um cacho de uvas que precisou ser car-regado por dois homens, porque um só deles não conseguia erguê-lo do chão! (Num: 13. 17 a 24).

Este fato mereceu destaque aqui, pelo seguinte: Se na época de Moisés, a terra de Canaã produzia frutos tão surpreendentemente grandes, como pode ter sido a-

130

tingida tão duramente pela seca à época de José? É de se presumir que uma região tão exageradamente fértil, tão “protegida” pelo deus fosse, necessariamente, imune à seca porque não coexiste aridez com fertilidade.

Se agora Canaã está expulsando seus moradores pela extrema secura é impossível que, daqui a 430 anos ape-nas, pudesse estar esbanjando fertilidade a ponto necessitar dois homens para carregar um cacho de uvas!

Meu Deus Verdadeiro, que tamanho teria cada grão de uva? Tamanho de uma melancia? Imagine só, leitor, meia dúzia de pessoas repartindo um grão de uva!

Ah, que cena! E, se uma uva era igual melancia, qual tamanho teria a melancia? Acho que daria pra morar dentro dela! Que pena que somente Moisés tenha registrado frutas destas dimensões! Contudo, não acredito nem um pingo no que ele escreveu, porque o testemunho de uma só pessoa não tem valor

nenhum... Gente, nem na Floresta Amazônica, região mais fecunda do mundo, existem frutas como as descritas por Moisés.

E olhe que a região amazônica sim, é fértil pela quantidade de vegetação intocada, pelas chuvas constantes, pelo amontoamento de material orgânico em decomposição depositado há milhões de anos.

Se Canaã era terra árida no tempo de José, continuou terra árida no tempo de Moisés e não há Jeová que modifi-que esta verdade!

**********

118877-- José usou uma trama para atrair para o Egito seu pai Jacó, irmãos e parentes, os quais foram muito bem recebi-dos pelos egípcios. A trama está explicada em detalhes nos capítulos 43 e 44 de Gênesis, sendo que nos dispensamos de repetir a história que, por outro lado, é sobejamente conhecida. Vamos repisar neste ponto também as palavras de Moi-sés: “Aos egípcios não era permitido comer com os hebreus, por ser isso aos egípcios, uma coisa abominável”. (43. 32).

Comentário: Se os egípcios se recusavam comer à mesa com os hebreus por ser a refeição em comum um ato

repelido com horror, detestável, odioso, execrável –, e estas palavras se referem a uma passagem dentro do palácio do faraó, onde José reinava mais que o próprio rei –, o que não pensar de outras atitudes para menosprezar não a-penas José, mas também seus familiares, à distância das vistas do faraó? Daí a certeza que seus familiares não fo-ram bem recebidos pelos egípcios conforme narra Moisés. Digo sem medo de errar que José e seus parentes engoli-ram sem mastigar o pão esturricado que o diabo amassou com os chifres, foram mais odiados do que amados.

Mas vamos nos demorar um pouco mais na afirmação mosaica de que os egípcios não se misturavam à mesa com hebreus e imaginemos o teatro.

Cena 1: Os egípcios na sala do palácio num almoço comum, com a presença do faraó. Onde estará José? Estará à mesa, ao lado do monarca, por ser seu homem de confiança? Estará à mesa, ao lado da esposa? Nada disso! José está no jardim, ao lado de fora, à espera que os egípcios acabem de comer, para depois se sentar à mesa e comer o que sobrou.

Cena 2: Dias depois, o cenário é semelhante ao anteriormente descrito e os personagens são os mesmos: e-gípcios à mesa em alegre jantar presidido pelo faraó. Onde estará José? Estará à mesa ao lado do rei, por ser seu braço direito? Estará sentado à mesa, ao lado da esposa? Oh, não! Hoje, como ele estava com muita fome, não teve paciência de esperar e foi almoçar na cozinha, junto aos criados não egípcios.

Cena 3: O cenário na sala de jantar ainda é o mesmo porque a refeição não terminou. Enquanto isso... José, faminto além da conta, foi comer na cozinha, junto aos criados não são egípcios, porque nem mesmo os ser-vos, sendo egípcios, admitiriam a presença de um hebreu com o prato na mão, na hora do rango. Caso José se sentasse à mesa, os escravos egípcios se levantariam. Que humilhante para o adotado do deus!

Cena 4: Enquanto Asnath está à mesa com os egípcios, por onde andará José, o marido dela? Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém quer saber porque aos egípcios é detestável a presença de um hebreu durante a refeição. Portanto, nem mesmo junto à esposa ele pode se sentar para o jantar.

Cena 5: E enquanto Asnath está à mesa com os egípcios, por onde andarão Efraim e Manassés, os filhos de-la? Estarão à mesa, ao lado da mãe, sendo servidos por suas mãos amorosas? Oh, não! Os filhos também têm sangue hebreu, raça odiada pelos egípcios. Eles ficam esperando no lado de fora e jantam depois; ou comem na cozinha junto ao pai, sendo servidos por escravas não egípcias.

Cena 6: É aniversário de Manassés, o primogênito de José. Como será comemorada a data? Com uma festa que se espalha desde o palácio real, jardins e ruas iluminadas e decoradas especialmente para a ocasião? Na, na ni, na não! A data se for lembrada, será comemorada no porão, na senzala ou na cozinha estando presentes o pai, os dois

131

filhos e alguns escravos não egípcios. Mais ninguém, porque os meninos hebreus da vizinhança não podem entrar no palácio dos egípcios e, como os meninos egípcios nem chegam perto de um menino hebreu, ninguém comparece, ninguém comemora, ninguém nada. Que festinha triste, né?

Que vergonha, José! Tão “amado” e sem poder unir-se à mesa com esposa e filhos! Que vexame, Jeová! Você não tem poderes pra modificar isso? Cadê que impediu tanta afronta na vida deste coitado?

2- Jacó e os demais filhos moravam em Canaã, terra que o deus prometeu ao trio Abraão, Isaac e Jacó/Israel. Agora, Jacó abandona Canaã e vai para o Egito, onde sua descendência permanecerá por 430 anos, continuando

a ser sem pátria e sem terra na verdadeira acepção dos termos. E o deus, cadê ele? Prometeu a mesma terra a todos da família, mas, só prometeu. O máximo que conseguiu foi

ficar vendo os protegidos morando de favor em Canaã, “a terra prometida” e vê-los quase morrendo de tanta fome e fraqueza por ocasião da seca dos sete anos.

Este é o deus que “vai fazer prodígios” em Êxodo, de acordo com o que veremos adiante.

Deus não é homem para que minta. Por acaso, tendo prometido, não o fará? Ou tendo falado não cumprirá? (Num: 23. 19)

********** 118888-- José disse aos irmãos: “Já houve dois anos de fome e restam cinco em que não haverá lavoura nem colheita. Deus me enviou adiante de vós para conservar vossa sucessão e vos preparar para um grande livramento”. (45. 6 e 7)

Comentário: Olha só! “Deus me enviou adiante de vós para conservar vossa sucessão...”. Como assim? Que história é esta de conservar a sucessão? Dá a entender que, se José não fosse para o Egito, a família de Israel deixaria de existir. Neste caso, aquele que conservou a descendência de Jacó foi José e não o deus. Para o quê servia Jeová então, deus este que vivia se gabando de dar farta descendência aos dodóis? Pelo visto,

ele só ia dar – e não garantir a sobrevivência desta mesma descendência.

2- Diz que veio antes para preparar a vida dos irmãos “para um grande livramento”. A palavra “livramento” é fanta-

siosa e não corresponde à verdade. José preparou foi o lugar para a cruel servidão como Moisés costuma chamar. Ou ele quis dizer que, depois da tempestade da escravidão viria a bonança da liberdade? Se a intenção era esta, por que propiciar a escravidão para necessitar de livramento? Eles eram livres; não tem

sentido torná-los cativos para libertá-los depois. E, de mais a mais, o êxodo não foi livramento nenhum porque aquele povo apenas troca de dono para outro pior.

**********

118899-- “Deus me enviou para cá, me pôs por pai do faraó, me tornou senhor de todo o palácio e me tornou governador de toda a terra do Egito”. (45. 8)

Comentário: Aqui Moisés afiança que José fez o papel de pai do rei; afirma que mandava mais que o faraó no

palácio e no país. Mesmo assim, os egípcios o desprezavam. Onde estava o respeito? Cadê a honra, a gratidão, o amor dos egípcios pelo vice-rei, conforme afirmativa de Moisés? É verdade que o faraó era grato a José por dispor os negócios com mão de ferro e lhe era generoso por isso. Mas daí a ser amado pelo povo, vai grande distância.

2- José afirma que o deus fê-lo o dono do palácio e do país... E não conseguiu fazer os egípcios aceitá-lo à mesa!

**********

132

119900-- “Fez-se ouvir na casa do faraó esta notícia: Estão aqui os irmãos de José; e isto foi agradável ao faraó e seus oficiais. Disse o faraó a José: Tomai vosso pai e o restante da família e vinde para mim; dar-vos-ei o melhor da terra do Egito e comereis a fartura da terra”. (45. 16 a 18)

Comentário: Como crer que a presença dos irmãos de José tenha sido agradável aos oficiais do palácio, se nem

a presença do próprio José o era? Ao contrário, os egípcios, com razão, terão dito: Mais hebreus! Putis, que raiva! Quem são estes que vêm comer

de graça no nosso país tão assolado pela fome?

********** 119911-- José mandou buscar o pai que ainda se encontrava em Canaã, com o seguinte recado: “Habitarás na terra de Gósen e estarás perto de mim... Eu te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome para que não empobreças tu, tua casa e tudo o que tens”. (45. 9 e 10)

Comentário: À própria família, José entrega de mão beijada o que havia de melhor: a melhor terra e muito alimen-

to, enquanto que aos egípcios, donos do país, cobra preço elevado pelo pão. Deste modo, ele se vinga pela maneira humilhante com que era tratado.

********** 119922 -- Israel/Jacó saiu de Canaã. Antes, porém, ofereceu sacrifícios ao deus, que lhe disse: “Eu sou Jeová, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito porque lá, eu farei de ti uma grande nação”. (46. 1 a 3).

Comentário: Qual nação o deus fez aos hebreus lá no Egito? Nenhuma! Vamos conferir no dicionário: Nação = comunidade humana fixada, em sua maioria, num mesmo território, que possui unidade étnica, história,

lingüística, religiosa e econômica mais ou menos forte. Esta comunidade com tais vínculos em comum, ao se organi-zar politicamente, forma em regra, a base para um Estado.

Nação compreende o território e o povo. Em nação fica implícita que a terra pertence ao povo que nela habita o

qual, organizado politicamente, forma um Estado. O Egito era sim uma nação. Dos egípcios, é claro! Jamais dos hebreus, como Moisés deixa no ar. Aconteceu do povo hebreu se tornar numeroso porque, um casal tendo em média cinco filhos, em cada geração

sua descendência será cinco vezes maior que o número obtido anteriormente. Mas para o povo hebreu, cinco era número pequeno demais em se tratando de filhos. Para eles, ser abençoado significava largo número de descenden-tes. Vejamos o mesmo cálculo partindo de Jacó, que tinha 13 filhos – a Diná era filha também. Teremos:

Jacó, que teve 13 filhos, se de cada um nascessem cinco netos, ele acabaria tendo: 65 netos, 325 bisnetos, 1.625 trinetos, 8.125 filhos dos trinetos, 40.625 netos dos trinetos, 203.125 bisnetos dos trinetos, 1.015.625 trinetos dos trinetos, passando a 5.078.125, que aumentam para 25.390.625 que vão para 126.953.125, que sobem para 634.765.625, que se transformam em 3.173.828.125, que passam para 15.869.140.625 pessoas com menos de 25 anos de idade. Este número não inclui cônjuges nem o número anteriormente obtido. É como se pais, avós e outros ascendentes

morressem quando cada nova geração despontava. O último número totaliza tão somente a geração mais nova. Em 400 anos, os filhos de Jacó ter-se-iam multiplicado, totalizando 79.345.703.125 pessoas até 25 anos de idade! E, como ficaram naquela terra por 430 anos, este número precisa ser revisto; precisa ser multiplicado mais outra

133

vez por 5. E a cifra é inacreditável: 396.728.515.625 pessoas! Vou tentar ler isso aí: 396 bilhões 728 milhões, 515 mil e 625 pessoas. Acho que é isso mesmo, né? Pois é este o número de hebreus que deveria ter saído do Egito acompanhando Moisés. Mas Moisés se gaba de

haver retirado 600 mil homens adultos do Egito por ocasião do Êxodo. Ficou faltando gente! Muita gente! Cadê este povo todo que deveria ter acompanhado Moisés? Ou as mulheres hebréias eram estéreis como suas famosas ante-cessoras?

Qualquer casal pode multiplicar-se como estrelas do céu, como areias do deserto. Aumentando sempre na mesma proporção, não há vantagem nenhuma num deus que promete aumentar o número de descendentes! Já o dissemos e repetimos: qualquer família pode fazê-lo, sem precisar escravizar-se a um espírito maligno.

********** 119933-- Não havia pão em toda a terra, a fome era muito severa; desfalecia o povo do Egito e de Canaã por causa da fome. José arrecadou todo o dinheiro que havia no Egito e na terra de Canaã em troca do trigo que compravam (47. 15).

Comentário: Barbaridade! Com os celeiros cheios, José nega comida aos donos da terra, deixa-os desmaiar e

morrer por desnutrição! E olhe que ele era justo e bonzinho, o deus estava com ele, os egípcios o amavam e faziam questão de ter a família de José com eles... Imagine como seria se não fosse assim!

2- “Não havia pão em toda a terra...” Como Moisés era exagerado! Ignorava que a Terra é muito maior que a foz

do Nilo e Canaã juntos e, mesmo assim, falava com convicção, com autoridade, como se tudo soubesse. Nem so-nhava que por “terra” compreende-se tamanho muito maior que nem mesmo o deus dele tinha idéia de existir.

Olha o mapa-múndi e compare aquela tripinha de terra espremida entre mares e desertos, ao resto do planeta. A região de Moisés precisa ser caçada com lupa... E Moisés afirma com arrogância, que faltava pão em toda a terra!

Não, não me venha com sermão. Você vai dizer que este é um florir de linguagem, uma figura de estilo, recurso simbólico, patati, patatá e outras conversas. Eu sei! Mas sei também que é uma alegoria hoje, aqui pra nós porque, para Moisés e Jeová, do jeito que eram ignorantes, faltava pão em toda terra de verdade, no mundo inteiro!

3- “José arrecadou todo o dinheiro que havia no Egito e na terra de Canaã em troca do trigo que vendia”. Olha aí o desmentido: Faltando pão em toda a terra, por que apenas Egito e Canaã compravam trigo de José?

Cadê o resto do mundo? Terá morrido de fome, ou não precisava de nada do Egito porque tinha chuva e alimento em quantidade necessária?

4- E observe só: Moisés fala que o Egito e Canaã foram os mais atingidos pela seca. Justamente as duas terras

onde estavam vivendo os favoritos de Jeová! Isso é que é ser protegido! Eita povo privilegiado! É de causar olho gordo no resto do mundo!

********** 119944-- E como não restasse dinheiro para comprar trigo, os egípcios foram a José, pedindo: ‘Dá-nos pão! Por que nos deixa morrer por falta de dinheiro?’ José respondeu: ‘Trazei gado que, em troca de gado, eu darei o trigo’ (47. 15 e 16).

119955-- “Então trouxeram o seu gado a José, que lhes deu pão em troca de cavalos, rebanhos de bois e de jumentos; e os sustentou de pão naquele ano em troca do seu gado” (47. 17).

Comentário: Não tendo mais dinheiro, foram os egípcios a José. Por que somente os egípcios foram a José levando animais para trocar com trigo? O resto do mundo, onde está?

Os cananeus, onde estão eles que não foram trocar rebanhos por comida? Certamente, o deus dos cananeus - que era outro deus e mais poderoso que aquele dos hebreus - esperou a sa-

ída de Jacó e depois fez chover naquela terra, não sendo preciso que seu povo fosse comprar alimento egípcio.

2- E... Calma! Calma, que tudo tem de ser bem analisado. Em quais espaços ficaram confinados todos estes rebanhos? Era quantidade imensa de animais e não podiam fi-

car soltos. Havia necessidade de currais e ou cercados para contê-los.

134

Outra: No nordeste brasileiro, por exemplo, nas longas estiagens o gado é o primeiro a morrer, só couro e osso. No Egito não seria diferente. Sem pasto e sem chuvas, como é que José daria conta de alimentar e de dar de be-

ber a todos os rebanhos do Egito que passaram para as mãos do faraó? Se não havia comida para as pessoas, cer-tamente para os animais, muito menos! Se fossem somente camelos, adaptados ao clima desértico, tá, ta, ainda pas-sa! Mas cavalos? Vacas? Cabras? Jumentos?

Outra: Os egípcios morriam de fome, precisavam de trigo e deram em troca, seus rebanhos. Ora, se tinham reba-

nhos para trocar, bem podiam ter comido os bois, podiam ter se alimentado com o leite das vacas ao invés de ir se humilhar aos pés de José.

Outra: como conduzir rebanhos através do Egito até a capital para entregá-los a José, em meio àquela seca? O que os animais comiam durante a viagem? Areia? O que bebiam? Nada? É de esperar que morressem pelo caminho, muito antes que chegassem ao destino. Há outras dificuldades que nem mencionaremos; o próprio leitor poderá ir visualizando a situação, imaginando

as cenas, puxando fios e constatando por si mesmo, que Moisés mentia.

********** 119966-- Findo aquele ano retornaram a José, dizendo: Acabou totalmente o dinheiro e os animais; nada mais nos resta, senão nosso corpo e nossa terra. Por que teremos de morrer? Compra-nos a nós e a nossa terra em troco do pão e nós e a nossa terra seremos escravos do faraó. Dai-nos somente para que vivamos e a terra não fique deserta por falta de quem a habite. Assim comprou José toda a terra do Egito e as terras todas passaram para o faraó. Quanto ao povo, José o escravizou de uma a outra extremidade da terra do Egito, com exceção da terra dos sacerdotes, aos quais também não faltava o que comer, visto que José os supria de todo o pão necessário (47. 18 a 22).

Comentário: É preciso algum? José foi o mais cruel de todos os que foram até agora revelados pela pena de Moisés. Pior que Bin Laden, Hitler, Nero, Gêngis Kan; estes foram aluninhos de creche, foram anjos com asas se comparados a ele. José foi tirano vingativo, déspota orgulhoso, rancoroso, satisfazendo-se com as fisionomias maci-lentas das crianças famintas e saciando-se com o desespero dos pais e mães sem recursos.

2- Um escravo hebreu transformou os egípcios em escravos, na própria terra do Egito! E o Jeová “continua com ele”, continua resguardando este coração de rocha!

3- Mas a roda da fortuna não cessa de rodar e, quem está em cima ficará embaixo e vice-versa. Anos depois, os papéis se inverterão: os hebreus trazidos por José virão a ser escravos dos egípcios. E aí, a por-

ca torce o rabo, o deus vai ficar desoladííííssimo e revoltadinho vendo seus dodóis escravizados. Onde está Jeová agora, que não enxerga as crueldades do seu protegido e não aparece pra dar um chega pra lá

nos seus desmandos?

********** 119977-- Estando Jacó para morrer, falou para José: “Ficarei com teus dois filhos Manassés e Efraim, mas os outros fi-lhos que gerares depois deles serão teus”. (48. 5 e 6)

Comentário: Conforme observamos na nota nº 183, os filhos de José nem ao menos foram criados pela mãe ou

avós maternos. Malgrado serem meio egípcios, foram criados pela família dos hebreus. Constataremos adiante que, parte de Canaã, a “terra prometida”, foi destinada à descendência de Manassés e de

Efraim, demonstrando que ambos permaneceram vivendo com os hebreus, distanciados dos egípcios, longe da mãe e da família materna. Por quê?

Esta será talvez a maior prova de que José era detestado pelo povo egípcio, ao contrário do que consta na bíblia. Tão odiado, que seus próprios filhos foram desprezados. Nem mesmo a mãe os amou, pois em caso contrário jamais os deixaria com a família do sogro. Onde está o tão propalado respeito, cadê o amor e a gratidão que, segundo o es-critor bíblico, os egípcios tinham por José?

135

2- “Ficarei com teus dois filhos Manassés e Efraim, mas os outros que gerares depois deles serão teus, ficarão contigo, serão criados por ti...”.

Por que Jacó disse isso? Somos levados a raciocinar: Ora, se a mãe dos meninos já nascidos não os quis em sua companhia, o que faz

pensar que ela quereria consigo os filhos por nascer? Ou José estaria separado da esposa egípcia e livre para se casar com alguma moça de seu sangue?

3- “Ficarei com teus dois filhos... mas...”. Pelo tom da conversa, conclui-se que José estava pedindo, rogando, implorando a Jacó que ficasse com seus

meninos e os criasse. A conjunção adversativa ‘mas’ denota que o velho aceitou cuidar dos meninos como que con-trariado, pois não empregou convicção; deu um toque de frouxidão nas palavras. Ele usaria outro tom caso estivesse sinceramente desejoso de cuidar dos netos.

Agora, nossa dúvida: Por que José teria entregado os filhos ao pai, sem levar em conta que este estava velhinho, doente e fraco, já “estando para morrer”?

Vamos levantar hipóteses:

a) O casal teria se separado, sem que Moisés registrasse fato tão desdourado à estirpe? Mesmo assim é estra-nho, pois em caso de separação, os filhos ficam com a mãe. Por que ficaram com a família do pai?

b) O casal estaria brigando e José puniu Asnath afastando os filhos, levando-os à sua revelia? c) Ou eles teriam sido levados a Jacó com o consentimento da mãe, que não os queria junto a si? d) Será que Asnath morreu e a família dela não quis saber dos netos?

No caso de separação ou morte de Asnath, porém, José poderia ter criado os filhos; sozinho ou com uma nova esposa, mas entregou-os à sua família. Por que?

Outras suspeitas podem ser levantadas:

a) José poderia estar fugindo do povo egípcio que estaria revoltado com seus métodos desumanos de governar. Sem saber se voltaria a ver a família viera se despedir trazendo os filhos para que não fossem alvo da vin-gança popular. Neste caso, além de não colocar a vida dos filhos em risco, poderia escapar com maior faci-lidade. Sendo assim, é mais um desta família exemplar que, para não ter de enfrentar as consequências dos seus atos, se põe a fugir igualzinho a Jacó, seu pai.

b) Teria o faraó pastor perdido o trono e José estaria condenado à prisão ou ao exílio? c) Estaria com lepra, sendo necessário separar-se dos filhos?

Seja o que for, alguma coisa muito comprometedora Moisés escondeu, pois omitiu parte da história para não des-lustrar os ancestrais. Não ficava bem contar os lances que riscassem a imagem de José, o qual tinha de continuar a ser admirado.

4- “Ficarei com teus filhos Manassés e Efraim... mas os outros que gerares depois deles serão teus”. A impressão que dá o texto é que José tenha pedido por piedade ao pai para que ficasse com os seus meninos e

que Jacó aceitou, com uma condição: Tudo bem, eu cuido destes dois que já estão nascidos; não há como mandá-los de volta, mas, olha lá, heim? Se

nascerem outros, não vem que não tem. O que se deduz disso tudo é que houve grande conflito entre José, os egípcios, a família hebréia, a esposa, a fa-

mília dela e os próprios filhos. O que terá havido de tão desagradável ao chanceler, cujos filhos foram distanciados da mãe e criados por outrem?

********** 119988-- Quando estava à morte, Jacó chamou os 12 filhos e declarou formadas as doze tribos de Israel: cada filho seria cabeça de uma tribo. (49. 1 a 28)

Comentário: Doze filhos? Cadê a Diná? Sumiu de novo? Ela não é gente? Não é filha? Não ganhou nada? O Ja-

có reparte o mundo entre os filhos e nem toca no nome dela. O preconceito contra a mulher nasceu na bíblia, com o deus! Justo com quem deveria ter sido todo amor, todo do-

çura. Quem diria heim? Ah! O deus precisava conhecer Jesus para aprender umas coisinhas básicas.

2- E estão formadas as doze tribos de Israel. Muitas vezes elas vão aparecer nos escritos futuros – mas já fica re-

gistrado o fato desde agora.

**********

136

119999-- Morreu Jacó, seu corpo foi embalsamado e os egípcios choraram setenta dias. O sepultamento foi naquela tumba que Abraão comprou para Sara, sua mulher. Para o enterro, José se fez acompanhar pelos oficiais do rei, as pessoas mais importantes das famílias dos oficiais e as pessoas mais importantes do Egito, mais toda a família de Jacó, exceto as crianças e os rebanhos. “Acompanharam-no também carros, cavaleiros e o cortejo era grandíssimo”. Chegando ao local da sepultura, Jacó foi chorado mais sete dias antes de ser enterrado. (50. 1 a 10).

Comentário: O que é isso? Enterro de faraó? Não terão os egípcios achado exagerado o culto ao velho Israel, cu-

ja raça aprenderam a odiar a partir de Abraão, o qual fez chantagem com o faraó, saindo riquíssimo do país? Afinal, o que Jacó representava para eles? Nada! Nada, a não ser que era pai daquele crudelíssimo José que o-

brigava o povo egípcio a padecer, a desfalecer, a perecer de fome e se escravizar para inchar-lhe o ego. Luto fechado por 70 dias! Ter de acompanhar o féretro por um mês inteiro até o lugar da sepultura! Ter de perma-

necer por mais 7 dias chorando quem não valia uma só lágrima e pai de quem não receberia uma única demonstra-ção de afeto se não fossem obrigados pelo faraó.

2- Aqui quero fazer uma observação. Veja bem: gastaram algumas semanas para levar o cadáver de Israel do

Egito a Canaã. Depois de quatro séculos, Moisés e seus fugitivos levaram 40 anos para fazer o mesmo percurso! Isso, porque eram “eleitos” de Jeová! Esta história será objeto de análise no próximo volume.

********** 220000-- Depois da morte de Israel, os irmãos de José ficaram apreensivos, temendo que José os fosse castigar por tê-lo vendido como escravo. Pediram clemência, ofereceram-se como escravos, mas José respondeu: “Não temais. Acaso es-tou eu em lugar de Deus?" (50. 15).

Comentário: Não, José não é o deus de mentira, nem Deus Verdadeiro, felizmente. Continuou mimando os he-

breus e castigando os egípcios. Não é de admirar que seu povo tenha sido escravizado mais tarde, no mesmo Egito onde José esteve reinando absoluto.

********** 220011-- José habitou no Egito e viveu 110 anos. Viu os filhos de Efraim, também os filhos de Maquir, filho de Manassés, os quais José tomou sobre os joelhos. (50: 22 e 23)

Comentário: Olhe, que lindo quadro familiar! José com os netos no colo, brincando de cavalinho! Mas... Cadê Asnath, a esposa de José e avó das crianças? Por que ele está sozinho cuidando dos netos no acampamento de Jacó – e não no recesso de seu lar? Acontece que a História registra aquilo que Moisés escondeu. Foi assim: O faraó pastor, ou faraó impostor, cujo termo é mais apropriado, foi deposto e morto, tendo subido ao trono um e-

gípcio legítimo, que segregou os hebreus para as terras de Gósen. Segundo o Conde Rochester em já citado livro, José veio a ser morto ainda jovem, antes de acabar os sete anos

de fome previstos pelo sonho do faraó. Este pedacinho da História já foi contado no presente livro e vou repeti-lo, agora com maiores detalhes: O faraó que acolheu José, aquele que sonhou com as sete vacas e as sete espigas, não era descendente da raça

egípcia e sim, da chamada “raça dos pastores” – os hicsos, povo de origem semítico-asiática que, em meados de 1630 a.C. fixaram-se no Egito. Com o passar do tempo acabaram derrubando do trono o faraó legítimo e tomando o poder, constituindo a XV e a XVI Dinastias Sua capital era Avaris, cidade por eles fundada. Portanto, duas dinastias passaram a governar o Egito: a XIV Dinastia egípcia na cidade de Tebas e a Dinastia de Avaris.

Retornando à nossa narração: Justamente na época em que José tinha atribuições de chanceler, os egípcios pu-

ros estavam se organizando numa conspiração contra o “faraó pastor”, visando colocar no seu lugar um genuíno re-presentante do Egito. Aconteceu o embate entre ambas as facções e, segundo o Conde Rochester, o chefe dos hic-sos teria morrido.

137

Esta versão pode estar correta, se levarmos em consideração que, quando um tirano é deposto, exilado ou morto, seus partidários geralmente o acompanham, tendo o mesmo destino. Por que com José teria sido diferente? Por que o poupariam na deposição do seu protetor?

Segundo a bíblia, porém, ele viveu até 110 anos no Egito. Alguém mentiu!

2- Para melhor dar continuidade à nossa análise, digamos que a bíblia esteja certa; que José ficou sem a proteção

do faraó, mas continuou morando no Egito. Aí eu pergunto: Por que não retornou a Canaã com seus irmãos, onde estaria se sentindo mais em casa do que no Egito? Mas não! Ficou todo mundo lá, à espera... Do quê? À espera do eterno reconhecimento dos egípcios? À espera de quem os escravizasse, como aconteceu? José desculpe o comentário meio tardio, mas você dormiu de touca heim, rapaz? Deu mancada, poderia ter se sa-

fado, mas ficou aguardando, aguardando – e deu no que deu.

3- E, se José viveu por 110 anos, acabou se tornando escravo junto com sua turma, porque logo depois dos a-

contecimentos políticos que acabamos de analisar, os hebreus foram escravizados pelos egípcios. Assim, se José permaneceu vivo, acabou na servidão também, com uma agravante: foi escravo na mesma terra onde multidões pa-deceram a mais negra fome, a mais triste miséria por causa dele.

Quem com ferro fere...

138

---- Original Message ----- Fom: Adolfo To: Petros Sent: Monday, March 12, 2001 9:32 PM Subject: Moisés sem Máscara

Querido amigo vou direto ao assunto: De todas as coisas que você escreveu, embora infelizmente eu não conheça tudo, seguramente esta é a sua obra prima. Está sendo o livro mais instigante, interessante, ideologicamente revolucionário, oportuno que já li nos meus últimos 12 anos. Talvez ninguém tivesse a idéia, vontade ou coragem de vir derrubando, i-tem a item como você fez, a grande fantasia burlesca que sustenta o império das religiões da Terra, com seus crimes, hi-pocrisias, fanatismos, dízimos e demais indisfarçáveis preferências pela glória asquerosa de Mamom. Você consegue deixar tudo tão óbvio ao desnudar o besteirol que, ousadamente, tantos denominam a "Palavra de Deus".

Ao escrever o livro você enche o leitor atento da coragem necessária para proclamar o fim do que é desnecessário e deve ruir diante do portal translúcido da nova era do Espírito! É um trabalho corajoso e certamente será polêmico. No entanto, é clamorosamente necessário.

Ao ler o livro não podemos deixar de perguntar: "mas que raio de disciplina é essa, denominada Teologia, que não per-cebe (será???) tanta incoerência e, ao contrário, combina versículos para manter a ignorância e a deseducação espiritual dos incautos?"

Inspiradamente, você soube expressar e comparar muito bem os atributos do deus de Moisés e Deus Verdadeiro apresen-tado por Jesus.

Como seu fã-leitor n.º. 1 só tenho a te abençoar, a te desejar força nessa empreitada literária, desejando muito que você prossiga com essa sua lucidez enviesada que incomoda os acomodados, mas que inspira e refrigera todo aquele que dese-ja o advento da luz na consciência e no coração, a verdadeira ligação íntima com Deus Verdadeiro.

Um forte abraço do amigo admirador, Adolfo

139

Bibliografia

1. ... e a vida continua? – A. Balbach – Ed. Missionária: A verdade Presente – Itaquaquecetuba – SP - 1986 2. A Bíblia Sagrada; Antigo e Novo Testamento – Trad: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil – DF – 1969 3. A Gênese – Allan Kardec –trad. Guillon Ribeiro – FEB – RJ – 34ª ed. 4. Atlas Mirador Internacional - Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda – RJ - SP – 1976 5. Bíblia Sagrada – Trad. E Direção: Pontífico Instituto Bíblico de Roma – Edições Paulinas – SP – 1967 6. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Mirador Internacional –- Encyclopaedia Britannica Brasil Publicações Ltda – RJ – SP – 2ª ed 7. Enciclopédia Barsa - – Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda – Rio de janeiro – SP – 1989 8. Enciclopédia Mirador Internacional – Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda – SP – 1976 9. Grande Almanaque de Férias – vol 4 – Editor e Diretor Victor Civita – Editora Abril – 17/06/86 10. Grande Dicionário Larousse Cultural de Língua Portuguesa – Ed. Nova cultural – RJ - SP – 1999 11. História Sagrada para Meninos e Meninas – Introd e Comentário: R. Tamisier – Livraria Martins Editora SA.– SP – vol. 1 - 12. História Sagrada para Meninos e Meninas – Trad. Jeanette Marillier – Livraria Martins Editora SA– SP – vol. 2 13. Iniciação Espírita (apostila)– 1º Vol. Aliança Espírita Evangélica – Ed. Aliança 7ª ed – agosto/1984 14. Novo Conhecer Abril S A Cultural e Industrial – S. Paulo 15. Novo Testamento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo – Trad: João Ferreira de Almeida – Os Gideões Internacionais – 1977 16. O Chanceler de Ferro – J. W. Rochester e Vera Krijawski – FEB – RJ – 14ª ed. 17. O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – FEB – 116ª edição - RJ 18. O Faraó Menerphtah – J. W. Rochester e Vera Krijawski – trad: Francisco Pires – Vol I e II – LAKE – SP – 4ª ed. – 1978 19. O mais importante é o amor – versão do Novo Testamento baseada na tradução: The Living Bible – Liga Bíblica Mundial – SP –72 20. Super Interessante – Edição 178 – julho 2002 – Ed. Abril –Predidente: Roberto Civita 21. Vida de Jesus – Antonio Lima – FEB – Rio de Janeiro – 3º ed.

Nos próximos volumes Estaremos analisando o restante dos escritos de Moisés, o grande legislador hebreu, nos seguintes aspectos:

+ Os 430 anos de escravidão dos hebreus no Egito + A figura de Moisés, do nascimento à morte + As “pragas” com que o deus destruiu o Egito + O êxodo – saída dos hebreus do Egito + A “abertura” do Mar Vermelho + A peregrinação através do deserto + Os dez mandamentos + As revoltas dos semitas contra Moisés + As revoltas dos semitas contra o deus sanguinário + As incoerências, os sacrifícios, o templo, o sangue no altar + O maná – a maior incógnita do Velho Testamento + As leis de Moisés que levam parte da civilização à adoração de um ser estranho em lugar de Deus Único + E mais, muito mais!

Leia mais estas obras e verá como é possível

manter multidões sob as rédeas curtas do MEDO!