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PAULO TIGRE, GESTÃO DA INOVAÇÃO Capítulo 3 A Era Fordista e a Concorrência Oligopolista Paulo Tigre Gestão da Inovação: A Economia da Tecnologia no Brasil.

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PAULO TIGRE, GESTÃO DA INOVAÇÃO

Capítulo 3A Era Fordista e a Concorrência OligopolistaPaulo Tigre

Gestão da Inovação: A Economia da Tecnologia no Brasil.

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PAULO TIGRE, GESTÃO DA INOVAÇÃO

A era fordista e a concorrência oligopolista No início do século XX,

inovações tecnológicas e

organizacionais que há

décadas estavam em

gestação entraram em fase

de rápida difusão, ampliando

a escala e a dimensão

geográfica dos negócios.

Surge nesta época a

grande empresa

industrial, uma força

capaz de acelerar o

processo de

concentração

econômica; O oligopólio se

transformou na

estrutura característica

de vários segmentos

da indústria européia e

norte-americana .

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A era fordista e a concorrência oligopolista

Alfred Chandler (1990), considerado o pioneiro no estudo histórico

das grandes corporações, identifica a origem e o crescimento da

grande empresa moderna em uma cadeia de eventos interligados;

O primeiro elo da cadeia foi o cluster de inovações que provocaram

uma revolução no campo dos transportes e das comunicações;

Outros elos são três conjuntos de inovações que contribuíram

significativamente para alterar a estrutura da indústria, gerando novos

modelos de firmas e mercados: a eletricidade, o motor a combustão

e as inovações organizacionais conhecidas como “fordistas-

tayloristas”.

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Inovações da era fordista

Cluster de inovações nas áreas dos transportes e comunicações (telegrafo)

Difusão acelerada da eletricidade em iluminação, máquinas, eletrodomésticos, transportes, etc.

Motor a combustão interna Indústria do petróleo Administração científica do trabalho:

Taylor, Ford e a linha de montagem.

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A invenção do telégrafo

Samuel Morse iniciou em 1832 o desenvolvimento de um sistema telegráfico que utilizava energia elétrica para transmitir sinais à distância.

O dispositivo que inventou era constituído por um transmissor que continha uma bateria, um interruptor de circuito - chave Morse - e uma pequena campainha que era o sistema receptor conectado ao emissor por um condutor elétrico a dois fios.

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Comunicações transcontinentais

Em 1850 um cabo

marítimo ligava a Grã

Bretanha ao continente

Europeu e em 1858 já

existia uma ligação

entre a América do

Norte e a Inglaterra

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Principais linhas telegráficas em 1891

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A “fábrica de invenções” de Thomas Edison

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A patente da lâmpada elétrica

Apesar da conversão de energia

elétrica em luz ter sido

demonstrada em laboratório em

1801, foram necessários cerca de

100 anos para que a moderna

forma da lâmpada elétrica fosse

desenvolvida, com a contribuição

de muitos inventores.

A invenção da lâmpada elétrica é

atribuída na Inglaterra a Joseph

Wilson Swan e nos Estados

Unidos a Thomas Alva Edison, o

primeiro a introduzi-la no mercado

com sucesso.

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A lâmpada precisou de inovações complementares para se difundir: sistema de geração e distribuição de energia elétrica.

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A eletrificação permitiu o surgimento de novas indústrias Os eletrodomésticos

como geladeiras, gramofones e aspiradores de pó resultam de atividades de P&D e exigem muitos conhecimentos técnicos e capitais para serem lançados. A indústria já nasceu concentrada

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Taylorismo-Fordismo: a revolução organizacional

A essência da filosofia de Taylor era que as leis científicas poderiam definir a forma de organizar as atividades dos trabalhadores e a operação dos sistemas produtivos.

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Aprofundamento da divisão do trabalho Taylor propõe a

completa divisão entre o trabalho manual, limitado a execução de tarefas previamente definidas, e o trabalho intelectual de buscar as formas mais rápidas e produtivas de realizar uma tarefa.

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Normas e regras fundamentais para o trabalho industrial, segundo Taylor (1) Para cada tipo de indústria, ou

para cada processo, estudar e determinar a técnica mais conveniente.

Analisar, metodicamente, o trabalho do operário, estudando e cronometrando os movimentos elementares.

Transmitir, sistematicamente, instruções técnicas ao operário

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Normas e regras fundamentais para o trabalho industrial, segundo Taylor (2) Selecionar, cientificamente,

os operários. Separar as funções de

preparação e execução, definindo-as com atribuições precisas.

Especializar os agentes nas funções de preparação e execução

Predeterminar tarefas individuais ao pessoal e conceder-lhe prêmios, quando realizadas.

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Normas e regras fundamentais para o trabalho industrial, segundo Taylor (3) Unificar o tipo de ferramentas

e utensílios. Distribuir, eqüitativamente,

por todo o pessoal, as vantagens que decorressem do aumento de produção.

Controlar a execução do trabalho.

Classificar mnemonicamente as ferramentas, os processos e os produtos

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Aplicação dos princípios tayloristas Estudo de tempos e movimentos Psicologia industrial Técnicas de sequenciamento e divisão do

trabalho Mecanização do processo, Padronização de peças, tarefas e

procedimentos Intercambio de peças Administração científica racional.

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A linha de montagem do Ford T Antes da introdução da linha

de montagem, em 1913, cada chassi era montado por um trabalhador em 12 horas e meia.

Quando a linha já estava em seu formato final, com cada trabalhador realizando apenas uma tarefa específica e o chassi sendo movido mecanicamente, o tempo médio de mão de obra foi reduzido para 93 minutos

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Tempos modernos: a crítica de Chaplin ao fordismo

O sistema fordista de produção foi criticado pela sua excessiva ênfase na especialização, conferindo rigidez ao processo produtivo.

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O homem e a máquina.

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Ondas de inovações organizacionais que contribuíram para romper os limites ao crescimento da firma

1. Integração vertical de atividades encadeadas em unidades distintas, a exemplo da indústria do petróleo.

2. Organização multidivisional, onde as diferentes áreas de atividades da empresa eram separadas em unidades de negócios distintas.

Ambas contribuíram para viabilizar a administração eficiente da grande corporação, eliminando assim as deseconomias internas de escala.

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A organização multidivisional de Chandler

O escritório central planeja, coordena e avalia o trabalho de diversas divisões operacionais e aloca pessoal, instalações, capital e demais recursos necessários para realizar a produção.

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A empresa multidivisional chandleriana

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Críticas a noção de rendimentos decrescentes: Pietro Sraffa (1926) Observou a

incompatibilidade dos princípios neoclássicos de rendimentos decrescentes com economias de escala

Sraffa levanta “o dilema de Marshall” – como conciliar concorrência com retornos crescentes de escala?

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Economias de escala e concentração econômica

Diferentes escalas determinam diferentes custos de produção. Produtores mais eficientes podem comandar preços menores e/ou maiores lucros, desequilibrando o mercado e provocando concentração

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Joan Robinson Joan Robinson

(1933) formulou sua teoria ao perceber o irrealismo da situação de concorrência perfeita, onde nenhum produtor teria individualmente condições de afetar os preços.

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Joan Robinson A evidência empírica das grandes firmas usufruindo

economias de escala levou-a a afirmar que cada empresa tinha um monopólio para seus produtos, que era resultado da preferência dos consumidores, apesar da existência de substitutos muito próximos produzidos por outras firmas.

A Economia da Concorrência Imperfeita (1933), foi inspirada simultaneamente em Sraffa e Keynes, e suas respectivas críticas à teoria vigente que se baseava nos pressupostos da concorrência perfeita e do equilíbrio com pleno emprego.

Robinson coined the term "monopsony," which is used to describe the buyer converse of a seller monopoly

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Schumpeter e a destruição criadora

Schumpeter (1911) critica os economistas de sua época por estarem preocupados em analisar como o capitalismo administra as estruturas existentes, deixando de lado a questão mais relevante que é como ele as cria e destrói.

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Schumpeter e a destruição criadora A destruição criadora, decorrente da introdução no

mercado de novos produtos, novos processos e novas

formas de administração da produção, é motivada pela

possibilidade de auferir lucros monopolistas associados

à inovação; Estes lucros, ainda que temporários, mobilizam as

inversões em bens de capital e a introdução de novos

produtos; Schumpeter questiona também a relação estabelecida

pela teoria convencional entre tipo de competição e

benefícios para os consumidores.

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Schumpeter: inovação e desenvolvimento Assim como Marx, Schumpeter considera que a

mudança tecnológica constitui o motor do desenvolvimento, revolucionando a estrutura econômica por dentro em um processo de criação destruidora.

Schumpeter considera o capitalismo um “método de mudança econômica” que nunca poderia ser considerado estacionário.

O impulso fundamental que coloca e mantêm o motor capitalista em movimento não advém de fenômenos naturais ou sociais como guerras e revoluções, mas sim dos novos bens de consumo, novos métodos de produção e transportes, novos mercados e novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cria e destrói.

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Schumpeter e a destruição criadoraSchumpeter, apesar de ter sido o autor que mais desenvolveu as

idéias de Marx sobre o papel da tecnologia na economia capitalista,

não assume suas implicações políticas;

Para ele, Marx não tinha uma teoria da empresa, e falha ao não

distinguir o capitalista do empreendedor;

Por outro lado, Schumpeter desenvolve a idéia de Marx de que o

capitalismo é um processo evolucionário, criticando os neoclássicos e

sua visão estática do funcionamento do capitalismo;

Schumpeter introduz também uma distinção entre crescimento e

desenvolvimento. Para ele, o desenvolvimento deriva de “métodos

diferentes de emprego”.

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Inovação e tamanho da firmaSchumpeter reconhece a importância da grande empresa no

processo de concorrência capitalista ao observara relação positiva

entre concentração de capital e progresso técnico. Por um lado, o

processo de diferenciação do produto induz a expansão e a criação

de novos mercados monopolistas; por outro lado, os altos custos de

P&D exigem a presença de grandes empresas no mercado;

As idéias de Schumpeter abrem caminho para a consolidação de

novas teorias da firma, onde são enfatizados o comportamento

organizacional (firma organização), o comportamento institucional

(firma instituição) e o conceito de custos de transação.

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Inovações e teorias da firma As teorias da firma entre os anos 30 e 60 também receberam contribuições de outros campos do saber, como psicologia industrial, estudos organizacionais e sociologia. Os principais autores que contribuíram para sua evolução nesta direção são Herbert Simon, J.March e Richard Cyert.

Estes autores avançam no entendimento do comportamento da firma, mostrando que nem sempre ela age visando a maximização de lucros a curto prazo, podendo ter outros objetivos como aumentar o market-share e aumentar lucros a longo prazo.

Eles mostram também o papel da incerteza e da assimetria de informações no comportamento da firma.

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As contribuições de H. Simon para o pensamento econômico (Nobel 1978) Responsável pelo conceito de tomada de decisão organizacional em um ambiente de incertezas.

“É impossível ter informação completa perfeita em qualquer tempo dado tomar uma decisão.”

Argumentou que os empresários não seguem os princípios neoclássicos de maximização de lucros/ e minimização de custo em organizações por causa da falta de informação completa.

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Inovações e teorias da firma Steindl em 1952 se inspira diretamente na realidade do

processo de concorrência de seu tempo, reconhecendo o

papel crucial da propaganda, da diferenciação do produto

e da inovação tecnológica no processo de acumulação do

capital; As assimetrias entre firmas constituem um fator

essencial na explicação da configuração e transformação

das estruturas de mercado; As empresas com menores custos e margens de lucros

maiores são, segundo Steindl, as que têm maiores

possibilidades de crescer em longo prazo.

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Penrose e o crescimento da firma Edith Penrose em 1959 mostra o papel do conhecimento e da tecnologia para o crescimento da firma, ao postular que a firma é uma coleção de recursos, que não podem ser enquadrados numa função de produção; Para ela, a criação de novos serviços produtivos depende da capacidade da firma de internalizar os conhecimentos necessários para desenvolvê-los e produzi-los de forma eficiente; Os serviços gerados a partir de novos conhecimentos dependem da capacitação dos homens envolvidos na sua utilização, enquanto que o desenvolvimento da capacitação destes homens é definido pelos recursos a que eles têm acesso.

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Edith Penrose (1914-1996) Sua análise, desenvolvida na década de

1950, supôs uma ruptura rápida e imprevista com a visão ortodoxa da empresa a partir de um ponto de vista dinâmico e evolutivo.

Em vez de buscar equilíbrios imaginários em tamanho, em combinação de fatores, ou em preços, prestou atenção a temas relacionados com o crescimento das empresas, as razões da função de empresas, a sobrevivência das pequenas e médias empresas e a gestão do conhecimento.

Principal obra: Penrose, E. (1959). Teoria do Crescimento da Firma

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A empresa Penrosiana Para Edith Penrose, a empresa é um conjunto de

recursos organizados administrativamente que cresce e procura sobreviver em torno da concorrência.

"Os serviços que produzem os recursos dependem da forma em que são usados. Exatamente o mesmo recurso pode prover diferentes serviços segundo a forma em que se use ou se lhe combine com diferentes tipos ou quantidades de outros recursos".

Qualquer recurso em qualquer empresa está subutilizado. O gerente da empresa trata de melhorar o rendimento dos recursos de que dispõe já que essa é a melhor forma de aumentar a produção e as receitas, sem que se aumentem os custos. O conhecimento da empresa sobre a tecnologia e o mercado é chave para permitir um melhor aproveitamento dos recursos.

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Para Edith Penrose o conceito neoclássico de indústria, como um conjunto de empresas homogêneas que produzem produtos idênticos, se torna totalmente sem sentido. Não há duas empresas iguais, já que os conhecimentos que as empresas possuem são diferentes e o rendimento que obtém de seus recursos também é diferente.

O conhecimento empresarial é um recurso básico para a empresa, já que determina os limites na capacidade de gestão e na capacidade de aproveitamento pleno dos serviços que podem prestar os demais recursos disponíveis da empresa.

Os recursos podem ser adquiridos no mercado, no exterior da empresa, mas os conhecimentos necessários para o controle, a gestão e o crescimento são criados no interior da empresa e, portanto, estabelecem um limite à velocidade de crescimento.

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Representação tecnológica na microeconomia: as Isoquantas

A tecnologia é representada por diferentes proporções de capital (X1) e trabalho (X2) que permitem produzir distintas quantidades de um bem sem alterar a proporção de insumos.

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Função de produção

Cada método de produção

representa uma forma

tecnicamente eficiente de

combinar fatores produtivos. A

função de produção sintetiza

matematicamente a quantidade

produzida de um bem e a

quantidade de insumos (capital

e trabalho) necessária para a

produção deste bem;

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A visão convencional do ponto de vista macroeconômico• A solução objetiva para o cálculo do aumento de

produtividade proposta por Solow ainda é utilizada na visão convencional;

• Entretanto, a mudança tecnológica depende de outros fatores e insumos não especificados nos modelos de produtividade total de fatores;

• A teoria também não permite compreender as causas que explicam a mudança tecnológica, em particular quando sabemos que é resultado de um fenômeno contínuo que resulta não apenas de variáveis econômicas, mas também do próprio processo de produção.

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Produtividade total de Solow: economia cresce em função da inovação tecnológica

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A visão convencional do ponto de vista macro: produtividade total dos fatoresP= Q . αL + ßKonde: Q é um índice de produçãoL é um índice de insumo de trabalhoK é um índice de insumo de capitalα é a parcela de produção de trabalho em um período

baseß é a parcela de produção de capital em um período

base (α+ß=1) quando os rendimentos são constantes.

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Produtividade total dos fatores

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Críticas à visão convencionalO conhecimento é considerado um bem da informação que todos os agentes

econômicos podem obter de forma igual e sem custos derivados de

investimentos passados (hipótese neoclássica da exogeneidade tecnológica) ;

A teoria microeconômica foi criticada por sua incapacidade de incorporar o ator

central da firma: o empreendedor (Dobb, 1925). Esta idéia foi desenvolvida mais

tarde por Schumpeter;

Outra crítica importante é a da Escola Austríaca, a partir de Hayek, que

questiona a hipótese de livre acesso à informação;

Finalmente, a forma convencional de analisar a organização e gestão da

produção é questionada a partir do desenvolvimento das idéias sobre

racionalidade limitada.

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Velhos Institucionalistas: A Escola AmericanaA Escola Institucionalista surgiu no final do século XIX

nos Estados Unidos por meio de Thorstein Veblen, John Commons e Wesley Mitchell e foi muito influenciada pela Escolas Historicistas alemã e inglesa.  

Eles criticaram as teorias economicas neoclássicas e principalmente os apologistas que dominavam a cena americana, que teriam pretenções universalistas sobre o funcionamento das “leis” economicas.

Os Institucionalistas argumentavam que o mundoeconomico não era imutável e sim condicionado pela influencia de uma história em constante mutação que afeta o indivíduo, as instituições e a sociedade que o cerca. Consideram que o mundo economico é afetado por fatores historicos, sociais e institucionais que limitam as teorias sobre o seu funcionamento.

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Novos Institucionalistas A Nova Escola Institucionalista se refere as

correntes de pensamento que procuram explicar instituições políticas, sociais e econômicas tais como governo, leis, mercados, firmas, convenções sociais, família, etc. a partir da teoria econômica neoclássica.

Os novos institucionalistas são influenciados pela Escola de Chicago e usam a economia neoclássica para explicar áreas sociais normalmente consideradas fora da esfera econômica. Por isso, podem ser vistos como a antítese da velha Escola Institucionalista Americana que procura aplicar os princípios de outras ciências sociais na economia.

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