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PAULO TIGRE, GESTÃO DA INOVAÇÃO Capítulo 1 Teorias Econômicas Clássicas da Tecnologia Curso de Economia da Inovação Paulo Bastos Tigre

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PAULO TIGRE, GESTÃO DA INOVAÇÃO

Capítulo 1Teorias Econômicas Clássicas da Tecnologia

Curso de Economia da InovaçãoPaulo Bastos Tigre

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Evolução das teorias da firma

Paulo Tigre, GESTÃO DA INOVAÇÃO

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PAULO TIGRE, GESTÃO DA INOVAÇÃO

O processo de destruição criadora: A face destrutiva da inovação A mudança tecnológica é um processo de criação que

traz em seu bojo a destruição de formas pré-existentes de produção, acarretando prejuízos eventuais tanto ao capital quanto ao trabalho.

Ao substituir equipamentos e métodos de produção já amortizados, a inovação sucatea parte do capital físico e organizacional já investido.

Do ponto de vista do trabalho, inovações costumam resultar em desemprego, ocasionando a oposição dos trabalhadores.

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Diante de tais dificuldades, que forças foram vigorosas o suficiente para desencadear a revolução industrial? 1. Oportunidades de aperfeiçoamento em

razão da inadequação das técnicas vigentes ou necessidade de aprimoramentos criada por aumentos autônomos dos custos dos fatores;

2. Uma superioridade de tal ordem que os novos métodos fossem compensatórios para cobrir os custos de mudança” (Landes, 1969)

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Princípios aglutinadores das inovações da Revolução Industrial1. Substituição da habilidade e do esforço humano pelas

máquinas;

2. Substituição de fontes animadas de energia por

fontes inanimadas, em especial a introdução de

máquinas para converter o calor em trabalho;

3. Uso de matérias primas novas e muito mais

abundantes, sobretudo a substituição de substâncias

vegetais ou animais por minerais.

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O processo de destruição criadora: A face criadora da inovação A combinação de novos recursos produtivos mais eficientes e

abundantes permitiu um progressivo aumento auto-sustentado

na produtividade e na renda.

A oportunidade de lucros passou a gerar investimentos em

ativos fixos e inovações tecnológicas.

O efeito combinado das invenções acabou por ter um impacto

radical nos processos produtivos, dando origem à revolução

industrial.

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Primeira Revolução Industrial (1780-1830) Caracterizada pela introdução da maquinaria e da divisão do trabalho

na indústria têxtil e centrada na economia de tempo

A introdução de novos equipamentos e processos produtivos resultava

em melhorias incrementais obtidas pela melhor combinação de

princípios mecânicos básicos como alavancas, catracas, polias,

engrenagens e roldanas

As melhorias eram também derivadas da observação prática sobre

diferentes formas de organizar máquinas e trabalhadores

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Tecnologias da Primeira Revolução Industrial

A principal fonte geradora de energia primária para a automação da manufatura na primeira revolução industrial foi a roda d’água.

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Transmissão de força em um moinho d’água

Embora os princípios da máquina a vapor já fossem conhecidos desde fins do século XVII, a baixa qualidade do ferro e das transmissões mecânicas limitavam seu uso.

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A Tecnologia e o Capitalismo

O capitalismo antecede a Revolução Industrial (capitalismo

mercantil e sistema putting-out).

Advento da fábrica transforma relações sociais, separando

o trabalho e o capital.

O desenvolvimento tecnológico não é neutro, assumindo a

direção apontada pelas forças econômicas e sociais em um

processo de interação dialética.

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Putting-out system

Sistema produtivo adotado antes do surgimento das fábricas no qual empresários proviam famílias pobres com matérias primas para que fiassem, tecessem e confeccionassem manualmente em suas próprias casas.

O sistema antecedeu a idéia de fábrica separando o trabalho do capital.

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Porque a revolução industrial começou na Inglaterra ? Penetração das idéias liberais na sociedade

Investimentos em infra-estrutura

Redução privilégios das classes dominantes

Estabilidade do Estado

Poder de compra relativamente elevado e melhor

distribuição de renda (em comparação com o resto da

Europa)

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Manufatura têxtil no início do séc. XIX

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A invenção da máquina a vapor Thomas Newcomen (1663-1729), ferreiro e

mecânico inglês, é considerado o pai da máquina a vapor. Em 1698 inventa uma máquina para drenar a água acumulada nas minas de carvão, patenteada em 1705, a primeira movida a vapor.

James Watt, mecânico escocês, aperfeiçoa em 1765, o modelo de Newcomen. Seu invento deflagra a revolução industrial e serve de base para a mecanização de toda a indústria.

George Stephenson revoluciona em 1814 os transportes com a invenção da locomotiva a vapor.

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PAULO TIGRE, GESTÃO DA INOVAÇÃO

A invenção da máquina a vapor Thomas Newcomen (1663-1729), ferreiro e mecânico inglês, é considerado o pai da máquina a vapor. Em 1698 inventa uma máquina para drenar a água acumulada nas minas de carvão, patenteada em 1705, a primeira movida a vapor.

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A máquina de Newcomen em funcionamento: continha uma bomba separada do cilindro que recebia o vapor

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Limitações da máquina de Newcomen Os cilindros produzidos com o ferro então

disponível apresentavam pouca resistência. Quando a pressão aumentava os cilindros se rompiam. O rendimento da máquina era de apenas 1%, ou seja, transformava 100 unidades de energia em apenas 1 de força.

Única aplicação viável: retirada de água das minas de carvão onde o insumo energético era disponível abundantemente.

A maquina a vapor necessitava de inovações complementares (principalmente o aço) para poder se difundir.

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A máquina de James Watt

Em 1763 a Universidade de Glasgow pediu a James Watt que reparasse uma máquina a vapor de Newcomen. Ele não só a reparou como aprimorou a técnica registrando a patente de um dispositivo que melhorava a produtividade da máquina, com a ajuda de um condensador e uma bomba de ar.

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Vantagens da máquina de James Watt Reduzia a perda de temperatura; Era 75% mais potente que a máquina de

Newcomen; Era mais econômica no consumo de

carvão; Melhoramentos incrementais nos motores

a vapor foram o fator-chave do avanço da revolução industrial no século 19.

As máquinas ficaram menores e puderam ser montadas em vagões e barcos.

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A inovação de Stephenson e o boom ferroviário

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Locomotiva a vapor em funcionamento

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Clermont: primeiro barco a vapor, 1807 Rio Hudson

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Adam Smith e “A Riqueza das Nações”

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Adam Smith e a divisão do trabalho Para Smith a essência da industrialização

residia na divisão do trabalho. A especialização dos trabalhadores em uma

única tarefa permitia melhorar habilidades e aumentar a produtividade em relação ao trabalho feito individualmente pelo mesmo número de trabalhadores.

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David Ricardo: impactos da automação sobre o emprego

Em “Princípios de Economia Política” (1817) Ricardo constata que a introdução de uma nova máquina substitui o trabalho humano provocando desemprego.

Porém, inovações tecnológicas permitem a redução dos custos de produção, estimulando a expansão do mercado através do mecanismo de elasticidade-preço da demanda.

A redução dos preços aumenta a demanda e estimula o investimento, reempregando assim parte dos trabalhadores.

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Ludismo: a revolta contra a tecnologia Martin Ludd liderou em

1811 uma revolta contra as fábricas têxteis inglesas que dispensavam trabalhadores substituindo-os por máquinas.

O movimento de destruição de máquinas terminou tragicamente com enforcamentos em massa em York

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Ludismo: a revolta contra a tecnologia Até hoje, o termo

ludismo simboliza os argumentos éticos e morais contra os excessos da tecnologia moderna que são utilizados para nos controlar e não para nos servir.