os diálogos com a natureza -‐‑ ecolinguística e ecologia humana
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Revista VITAS Vises Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade www.uff.br/revistavitas
ISSN 2238-1627, Ano V, N 10, junho de 2015
OS DILOGOS COM A NATUREZA - ECOLINGUSTICA E ECOLOGIA
HUMANA EM SNTESE
Wellington Amncio da Silva1 [email protected]
RESUMO: desejamos com este artigo correlacionar conceitos ecolingusticos (Couto, 2007, 2009) a conceitos de Ecologia Humana (Marques, 2013, 2014a, 2014b, 2014c; Alvim, 2012; Pires e Craveiro, 2012; Silva, 2014a, 2014b, 2014c; Machado, 1981; Moran, 1999, 2008, 2009, 2010, 2011). Como a ecolingustica se interessa pelas linguagens representacionais do meio ambiente no seio de uma comunidade, ou da influncia do ecossistema sobre a linguagem, e a Ecologia Humana um enfoque que visa suscitar inteligibilidade s interaes humano-ambientais, propomos pens-las como fenmenos inseparveis. Investigamos aqui as possibilidades de um dilogo entre ambas as disciplinas em vistas de um objeto de pesquisa especfico, talvez comum a ambas: dos fenmenos lingusticos em suas representaes da natureza. Palavras-chave: Ecologia Humana, Ecolingustica, Etnometodologia. DIALOGUES OF NATURE - ECOLINGUISTIC AND HUMAN ECOLOGY IN A
SYNTHESIS Abstract: this article aims to correlate ecolinguistic concepts (Couto, 2007, 2009) to the concepts of Human Ecology (Marques, 2013 2014th, 2014b, 2014c; Alvim, 2012; Pires and Craveiro, 2012; Silva, 2014th, 2014b, 2014c; Machado, 1981; Moran, 1999, 2008, 2009, 2010, 2011). As ecolinguistic deals with the representational languages of the environment within a community, or the influence of the ecosystem on the language, while the Human Ecology is a language that aims to raise intelligibility of the human-environment interactions, we propose to study both as inseparable phenomena. We investigate here the possibilities of a dialogue between the two disciplines in view of an "object" of specific research, perhaps common to both: the linguistic phenomena in their representations of nature.
1 Mestrado em Ecologia Humana e Gesto Socioambiental Universidade do Estado da Bahia/PPGEcoH. vinculado Mestrando em Ecologia Humana e Gesto Socioambiental UNEB/PPGEcoH. Especialista em Ensino de Filosofia. vinculado ao Grupo de Pesquisa Ecologia Humana (CNPq) e ao Ncleo de Estudos em Comunidades e Povos Tradicionais e Aes Socioambientais (Nectas) UNEB/CNPq e ao Grupo de Pesquisa em Socioeconomia do Desenvolvimento Sustentvel - UNEB/CNPq. Orientador: Feliciano Jos Borralho de Mira.
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Keywords: Human Ecology, Ecolinguistic, Ethnomethodology.
Introduo2
O mundo deles quadrado, eles moram em casas que parecem caixas, trabalham dentro de outras caixas, e para irem de uma caixa outra, entram em caixas que andam. Eles vem tudo separado, porque so o Povo das Caixas.
Paj Kaingang
Segundo o professor Juracy Marques, a Ecologia Humana , por assim dizer,
uma interpretao dos sistemas humanos, culturais e naturais, nascente nos anos de
1910 na Escola de Chicago, no campo das cincias humanas. Desde ento, suas
discusses revelaram importantes aspectos dos complexos sistemas ecolgicos da
experincia humana sobre a Terra. Suas anlises buscam relacionar conceitos da
ecologia com outras reas do conhecimento humano como a filosofia, a sociologia, a
antropologia, a arqueologia, a geografia, a histria, a literatura, a lingustica, entre
outras. Mas, segundo Begossi, (1993), Ecologia Humana no necessariamente vista
como uma das ramificaes da ecologia, ela transcende a ecologia. Alguns autores
afirmam que a Ecologia Humana tem objetivos e metodologias mais especficos e que
incluem entender o comportamento humano sob variveis ambientais. Cesrio (2004)
definiu a Ecologia Humana como uma disciplina aplicada, procura identificar as
foras que melhoram o desenvolvimento humano, realizam o potencial humano,
aperfeioam o funcionamento humano e melhoram a qualidade de vida das pessoas
(p. 42). Desta interao do sociocultural com o ambiente, pode-se resumir, segundo
Olivier, que a Ecologia Humana se envolve com o estudo, quer da ao do homem
2 Este artigo de reviso resultado preliminar de pesquisas tericas no mbito do Programa Ps-Graduao de mestrado em Ecologia Humana e Gesto Socioambiental, visando apresentar contribuies construo de metodologias prprias, iniciada pelo grupo de Pesquisa Ecologia Humana - CNPq/UNEB/FAMESP.
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sobre a natureza, quer da ao da natureza sobre o homem (1979, p. 10). Segundo
Dyball, seria como uma forma de construo do conhecimento sobre as inter-relaes
entre os seres humanos, suas culturas e seus ecossistemas (2010, p.275). Isso corrobora
a definio adisciplinar de Machado (1981) que compreende a ecologia humana no
como uma disciplina, ou uma cincia, mas como um nvel de pensamento (p. 21)3.
Machado ainda afirma que, em seu carter interdisciplinar, no pode ser praticada sem
a integrao das diversas cincias, visto que a complexidade das interaes
humano/ambientes requer o dilogo entre um conjunto de saberes para a sua maior
compreenso. Steiner & Nauser (1993) define Ecologia Humana como trans-cientfica
(p.24). H de se dizer que em algumas linhas de pensamento a definio de Ecologia
Humana pode ter um carter multidisciplinar, transdisciplinar, interdisciplinar
(Machado, 1981, p. 23) ou mesmo adisciplinar, (Dyball et al, 2009; Lawrence, 2001).
Segundo Couto (2007, 2009), Ecolingustica o estudo das relaes entre
lngua e meio ambiente. Alguns podem entender que Couto v com certo
determinismo a influncia primria do meio ambiente sobre a lngua dos sujeitos, ao
afirmar que ns temos contato direto com a natureza, independentemente de nossa
cultura e de nossa lngua e no simplificada pela hiptese Sapir-Whorf de que nossa
maneira de ver o mundo determinada por nossa lngua e nossa cultura (2013, p. 279).
O contato direto com a natureza se daria atravs da lida, compreendida antes em
uma linguagem interior, como um exerccio recapitulado, aperfeioado e adotado como
prtica exitosa de convvio com o meio ambiente para em seguida tais experincias
serem comunicadas pela lngua, constituindo assim uma cultura com o outro.
3 O professor no deixa claro esse tipo de pensamento, mas podemos aferir que diferente do cogito cartesiano condicionado subjetividade, o nvel do pensar Humano ecolgico envolve a condio incontornvel do humano em face do seu entorno. No apenas como o pensar teleolgico da Dialtica ou o pensar lgico-pragmtico positivista. Talvez um pensamento inspirado na fenomenologia na medida em que expande esse conceito e reconhece o ser humano como prpria a natureza.
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Conquanto a lngua surge na prxis diria de seus usurios para se entenderem no
meio em que vivem, a fim de falarem dele entre si (idem, p. 279), pensamos na
causalidade do fenmeno, isto , que o primeiro contato do ser4 com o meio ambiente
ocorre, por assim dizer, num trabalho prtico de subsistncia sempre pautado no
significado, mas, antes do dilogo com o outro, numa lngua interior ou interiorizada
pelas interaes homem/meio ambiente, num dilogo com a terra.
Os dilogos da natureza
Assim, antes de perguntamo-nos sobre a importncia da linguagem para a
Ecologia Humana e como ela se relaciona com o meio ambiente, uma primeira
observao poderia ser dada a partir da prpria Ecologia. Segundo Couto (2009), para
esta, o que interessa no so os organismos em si nem o seu meio ambiente em si, mas
as interrelaes que se do entre eles (p.12). Disto, temos um conceito geral, e porque
no, ontolgico, de comunicao5 (Schaff, 1968; Teles, 1973).
Num sentido amplo, Teles (1973) flexiona o conceito de comunicao como
sentido de interao fsico-qumica, ao afirmar que uma rocha se comunica, medida
que suas partculas nucleares se atraem ou se repelem na intimidade de sua estrutura
atmica. Como se v, comunicao implica movimento. (p.19). O autor justifica que
por conveno, chamou-se vida ao automovimento imanente. Sua extenso foi restrita
ao campo biolgico, plantas e animais, em funo da imanncia. (Teles, 1973, p. 19).
4 Tal afirmao coloca-se a uma etapa antes de Aristteles ao dizer este que o homem um animal dotado de linguagem ( , dentre todos os seres vivos, apenas o homem possui palavra) nesse sentido, ao se referir aos seus aspectos polticos, isto , linguagem como processo de comunicao entre iguais. ARISTTELES. Poltica. Traduo de Antonio Campelo Amaral e Carlos de Carvalho Gomes. Lisboa: Editora Vega, 1998/1253 a 2.3/I. 2, P. 55 5 Do latim, communicatio: tornar comum, troca de palavras, ato de fazer parte. E ainda, passagem, caminho, ligao.
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possvel assim ter uma ideia geral dos sentidos da comunicao nos debates
at o tempo presente, ao se referir ao movimento de encontro (desde encontro entre
placas tectnicas at o encontro dialgico entre sujeitos nos limites da profundidade da
linguagem terica e conceitual). Numa perspectiva humana recorremos nossa
capacidade de sociabilidade e de comunicao para sobrepujar nossas limitaes
fsicas. (Richerson, 1977, apud Moran, 2011, p. 22) e a partir dessa interao que se
constitui uma linguagem advinda das relaes da lngua com o ambiente.
Em ecolingustica os conceitos de comunicao tm importncia fundante. Esta
pode ser definida, em sentindo amplo, como um conjunto de interaes simblicas,
biolgicas, fsicas, ecolgicas, etc. com o outro e com o meio ambiente, portanto, uma
Ecologia das interaes comunicativas (Couto, 2009, p.23). Parafraseando o autor, o mais
importante nos ecossistemas so as interaes entre organismos e seu meio ambiente,
portanto o que disso se constitui em habitat6 e populao o meio ambiente da lngua.
Deste conceito, misto de ecologia e de lingustica, como se aplicaria essa ecolingustica
perspectiva das interaes humanas de dimenso tnica com meio ambiente,
determinando assim, nestas interaes uma ecologia humana7? Por outro lado,
sabemos do uso da Anlise do Discurso (AD) como ferramenta de anlise do que
chamamos etnodiscursos das comunidades tradicionais. No entanto, a AD uma
Sociologia da Linguagem de aspecto mais citadino ou urbano, enquanto a
Ecolingustica considera as interaes lingusticas de um mbito socioecolgico no
necessariamente condicionado ao campo. No queremos aqui separar o urbano do
6 O habitat sempre um lugar constitudo, isto , modificado em maior ou menor profundidade, segundo as condies e possibilidades de adaptabilidade humana; o habitat , num sentido amplo, um lugar constitudo de sentidos, sem necessariamente esvaziar-se dos seus aspectos de Natureza. 7 Aqui compreendemos a dimenso tnica da ecologia humana ao estudar o humano em face da ecologia como parte implicada da natureza.
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ecolgico8 (que, grosso modo, relacionado genericamente ao campo e menos
cidade), mas pretendemos defender que o estudo dos discursos em Ecologia Humana
pode ser executado, em determinados casos, a partir de paradigmas da sociologia
(Anlise do Discurso) no mbito das comunidades tradicionais9 do alto-serto
nordestino, apesar de tais comunidades no serem puramente rurais ou
camponesas, geralmente hbridas. Sustentamos, no entanto, que o estudo da relao
lngua/meio ambiente das comunidades tradicionais, a partir de um paradigma
ecolgico e objetivando ainda suscitar discursos e/ou prticas sustentveis fenmenos
relativos convivncia com o meio ambiente, encontrar novos subsdios na
Ecolingustica um instrumental capaz no apenas de demonstrar aspectos das
relaes concretas com o meio ambiente, mas que ainda considera os aspectos
imagticos, mnemnicos, intersubjetivos, etc., destas relaes.
Em Ecolingustica, o locus de pesquisa considerado como Ecossistema
Fundamental da Lngua (EFL). Por exemplo, se for uma comunidade quilombola, o
levantamento dos seus aspectos etnolingusticos pode confirmar um EFL quilombola
especfico. Sua Ecologia das Interaes Comunicativas (EIC) se efetivaria a partida da
convivncia com o semirido, caracterizada pelo bioma caatinga em face das
representaes peculiares da sua localizao, junto ao rio So Francisco.
Desse meio ambiente incomum pelos servios da natureza (Daily, 1997) que
oferece, efetivados em gua potvel (fenmeno quase incomum ao contexto da
8 Nas pginas iniciais do livro O Campo e a Cidade, Raymond Williams, faz algumas consideraes sobre suas representaes na histria e na literatura de modo a clarificar esses conceitos muito polissmicos. O autor ainda afirma, no contexto da Inglaterra obviamente, ter havido uma mudana paradigmtica profunda em face do campo e da cidade com a Revoluo Industrial fenmeno que ampliou os contrastes entre as representaes do campo e da cidade. 9 No somos mais inocentes quanto ao discurso romntico das comunidades rurais conservarem, em alguma medida, uma tradio buclica, dionisaca, ou mesmo puramente camponesa. Sabemos que a globalizao determinou mudanas estruturais em seus modo de vida, cultura, modos de produo e interao com o outro e com o meio ambiente, isso tardiamente, a parir da dcada de noventa.
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caatinga), apresenta-se a uma complexidade de sentidos ecolingusticos a partir dessas
interaes comunicativas, isto , dessa ecologia humana da linguagem.
Da Ecologia a Ecologia Humana
A Ecologia, sendo uma linguagem humana que visa representar10 a vida (eco)
de um modo especfico (logia), um corpus epistemolgico resultante das percepes
humanas do entorno11 onde as cincias humanas no se incluiriam diferentemente da
Ecologia Humana. Segundo Marques (2014), essa forma de interpretao dos sistemas
humanos, culturais e naturais, nascente nos anos de 1910 na Escola de Chicago, EUA,
no campo das cincias humanas, no Departamento das Cincias Sociais, inclui em suas
anlises o homem como natureza, situado ao seu entorno. Nesse aspecto, para Couto a
Ecolingustica, o estudo das relaes entre lngua e meio ambiente [...], visto que,
para o autor, a interao a base da dinmica das lnguas (2012, p. 11-12). E, por sua
vez, a linguagem, do ponto de vista das comunidades tradicionais, abrange as inter-
relaes homem/ambiente. Veja imagem 1.
Imagem 1 - Modelo das inter-relaes homem/ambiente
Fonte: MORAN, 1999, p. 82
10 Representar (), no sentido de falar: ; no sentido de palavras: . 11 Em ecologia, o entorno , por assim dizer, a casa: .
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cata de brevssima contextualizao histrica, a Ecologia Humana visa
estudar as interaes homem/ambiente (Moran, 1999, 2008, 2009, 2010, 2011; Leff, 2001,
2002, 2009, 2010, 2012), e coloca em pauta os sujeitos nesta interao com outros
sujeitos, com outros organismos e com o meio ambiente nessa perspectiva que
agrega, no mnimo, estudos de sociologia (sujeitos/sujeitos); estudos ecolgicos
(organismo/meio ambiente) e estudos da Filosofia da Linguagem
(sujeito/linguagem/conhecimento objetivo12).
Parte-se de uma anlise filosfica da Ecologia Humana, isto , como linguagem
representacional da Natureza enquanto Casa (), apenas nos limites das
representaes da linguagem humana (Da Silva, 2014a, p. 34); se fossemos tomar
como modelo a expresso de Aristteles13 sobre a linguagem como faculdade
humana essa ecologia lingstica inerente ao prprio 14, constitui possibilidades
de interao com o meio ambiente, enquanto o 15 da linguagem, constitui-se
cultura. Portanto, a linguagem aquele vnculo entre o animal e a natureza que somos
e o humano constitudo culturalmente. Disto, a Ecologia Humana nos oferece uma
compreenso ecolingustica, isto , do ser humano implicado ao meio ambiente: a)
como, por exemplo, os membros da comunidade conservam algumas expresses
lingusticas mais localizadas no EFL; b) como entendemos essas interaes no mbito
da pesquisa.
12 Nessa perspectiva, podem-se analisar os limites da linguagem em face do conhecimento a partir clssicas relaes (em ecolingustica, interaes e/ ou inter-relaes) entre sujeito e objeto o que em Ecologia Humana, poderia ser interpretadas como sujeito/meio ambiente; sujeito/fenmenos; sujeito/ecossistema, et cetera. 13 ARISTTELES - (O homem um animal dotado de palavra). 14 O (zoon) de Aristteles, significa animal, anima, vivo, bitico, natureza, que ele , porm, capacitado da palavra, linguagem, discurso ( ), e com isso, animal natural () e homem cultural () indissocivel pela linguagem (). 15 O (anthopos) significa homem.
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A prpria linguagem, como processo de conhecimento, instituidora de
sentidos ecolgicos como uma abordagem distintiva de representaes do meio
ambiente. Quando pensamos apenas que o entorno influencia na linguagem, assim,
no pensamos em termos de autonomia (Sapir, 1973; Whorf, 1956), ou determinismos
(Kormondy e Brown, 2002, p. 42), mas de interdependncias, sobretudo, quando o
humano se posiciona ontologicamente em face do mundo, do meio ambiente, dando
novo significado linguagem.
Por causa desses questionamentos, em face de resultados parciais de pesquisa
efetivada na comunidade quilombola do Povoado Cruz, a pesquisa levou em
considerao os etnodiscursos como representaes da lida da comunidade, seu modo
de produo e subsistncia como processos de interao homem/ambiente (Moran,
1999, 2008, 2009, 2010, 2011; Leff, 2001, 2002, 2009, 2010, 2012), observando a linguagem
da comunidade em interao com o meio ambiente da comunidade.
Ecolingustica: Lngua, linguagem e meio ambiente
preciso diferenciar ao menos de modo geral o conceito de lngua e
linguagem. H uma aproximao clara da lngua com o meio ambiente, est a
resultante ecolgica, geogrfica e etnossocial das interaes com o outro e com entorno,
atravs dos anos. Portanto, histrica e, sua organizao e funcionalidade
caractersticas esto relacionadas ao histrico das formas de interaes de um povo
ou cultura com seu meio ambiente o ecossistema da linguagem.
Assim, a lngua prpria da natureza humana. uma das naturezas
humanas. H deste modo, a expresso lngua natural. Segundo Greimas e Courts
(2011), - quando qualificada de natural, presume-se que se ope s linguagens
artificiais, na medida em que caracteriza a natureza humana (p. 288). As
linguagens so formas de interaes identificadas como modo de lidar com o outro e
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com o meio ambiente, como modo de produzir e produzir-se16, de significar e
representar. Num sentido biolgico:
Poder-se-ia distinguir duas perspectivas na anlise da linguagem. Por uma afirmar-se-ia que todas as formas vivas tm uma certa forma de linguagem, todos os organismos se constituem em sistemas de comunicao e reagem de algum modo aos estmulos (fonte) exteriores [...] j numa outra perspectiva ver-se-ia que a questo pode ser bipartida. De um lado o problema das relaes entre as linguagens animais e humanas. (Katz, Doria e Lima, 1971, p. 191-192).
Em sntese, a lngua o tipo de cdigo formado por palavras e leis
combinatrias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si. Sendo
entendida como um sistema, se forma por um conjunto de sinais e de regras expresso
em combinaes que propiciam entendimentos, isto , comunicao entre os sujeitos de
uma lngua comum. Mas, a lngua no se resume as interaes entre os sujeitos:
Segundo Couto (2011), o surgimento de novas palavras em determinada lngua
sempre tem por objetivo adequ-la a novas condies socioambientais, ou seja, atender
a novas necessidades comunicativas e expressivas (p. 18). Defendemos que estas
necessidades surgem das demandas de interao dos sujeitos da linguagem com seu
entorno caracterstico.
Por sua vez, a linguagem efetivada como manifestao da lngua para alm
do Verbal, nela a cultura imprescindvel para que haja entendimentos, isto ,
comunicao. Linguagem a representao do pensamento cuja finalidade17 permite a
16 Para Marx, o modo de produo tem influncia em grande medida na caracterstica de Conscincia histrica e cultural de um povo (Marx, p.); est Conscincia se deixa conhecer na e pela linguagem. 17 Para alguns estudiosos, a linguagem visa uma finalidade; a lngua um meio de alcanar tal finalidade.
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comunicao e a interao entre as pessoas a partir da comunidade, meio ambiente,
ecossistema18.
Na perspectiva da Ecologia Humana, a lngua como condio humana
expressiva pode ser compreendida como um conjunto de signos elaborados a partir da
sua estreita interao com o meio ambiente como vontade de signific-lo e apreender
dele significados, isso no s comprova o aspecto pragmtico da lngua como seus
diversos modos de aproximao com o entorno, em busca de uma cultura da presena
da natureza (Gumbrecht, 2004, 2010, 2012) na linguagem cotidiana.
A ecologia dos etnodiscursos e dos etnomtodos
Foi feita uma anlise dos etnodiscursos, isto , da linguagem prpria a partir
de qual eles explicam as prticas cotidianas da comunidade - tais prticas so
etnomtodos, sito , modos prprios de lidar com seu entorno e com o outro em seus
diversos significados etnodiscursivos, sejam eles, lingusticos, imagticos, mnemnicos,
mticos, simblicos, ritualizados, intuitivos, etc.
Antes, por etnodiscurso, se entende o modo particular de expresso lingstica
de uma comunidade em seu ethos. Os etnodiscursos so as explicaes no nvel do
senso comum em que da sua comunidade afirma-se o conjunto da sua cultura. Os
etnodiscursos so o aporte cultural caracterstico e o conjunto de expresses das
linguagens vivenciais que explicam os etnomtodos (Garfinkel, 1968). Por sua vez,
etnomtodo, so as prticas cotidianas aperfeioada paulatinamente, atravs dos anos
nas interaes comunidade/meio ambiente caracterstico.
A ecologia dos etnodiscursos se refere s interaes discursivas com o meio
ambiente pelos membros da comunidade em seus modos de denominar a partir do lidar
18 Dentro de um ecossistema coexistem a comunidade humana e bitica (organismos) e seu meio ambiente.
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com o entorno em suas instncias biticas, abitica e antrpicas. Essa ecologia prpria e
sustentvel , sobretudo, prtica em sua forma sociocultural de gerir o ambiente, no
que denominamos como etnomtodos, que por sua vez influem sobre os etnodiscursos.
Acerca dos etnomtodos, Sturtevant postulou-os na dimenso de um etnossaber
caracterstico que denominou de etnocincia, isto , de sistema de conhecimento e de
cognio caracterstico de uma determinada cultura em seu modo particular de
classificar seu universo material e social. (1964, p. 100). Nesta via de significar por meio
dos instrumentos da sua racionalidade, seu lugar de habitar compartilhado em
representaes e compreendido nos etnodiscursos.
Atos de Interao Comunicativa O problema entorno e comunidade como discurso
Na concepo de Luhmann (1998), sociedade (comunidade) e entorno so
coisas aparentemente distintas, quando postas lado a lado. Segundo o autor, para
trazer uma distino se lanceta o mundo dividindo-o entre um sistema e seu
entorno, visto que a distino tambm uma indicao: a partir de um dos lados s se
v o outro, nenhuma distino do prprio lado (Luhmann, 1998, p. 11), eis aqui o
problema da separao analtica de um fenmeno complexo como a interao
lugar/meio ambiente. Em sntese, sempre preciso a outra parte para referenciar esta
parte. A partir daqui destaca-se a artificialidade e simulacro das dicotomias em face da
anlise da Natureza. Nesta diviso aparente de ambas, a comunidade representa para
ns um topos satisfatrio de controle racional das contingencialidades da natureza,
isto , como manuteno de um padro ideal de existncia dos membros da
comunidade. Comunidade e entorno se inter-relacionam de modo que representaes
binrias j no corresponderiam s aproximaes de sentidos para essa complexidade
de inter-relaes.
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Da viso da sociedade como um sistema autopoitico, isto , como um sistema
vivo cujas unidades interagem como proposto por Maturana, (1991), Luhmann
afirmava que:
As clulas de um organismo ou as comunicaes sistema de sociais, em contraste, so produzidas no mesmo sistema do qual so uma parte. Uma vez que os sistemas autopoiticos operam enclausuradamente, a auto-referncia uma condio necessria, tanto para sua reproduo constante como para que possam diferenciar e estabelecer vnculos com seu ambiente. Sistemas sociais necessidade desenvolver uma descrio de si mesmos. (Luhmann, 1998, p. 9).
O sentido o correlato necessrio do encerramento operacional dos sistemas
cognitivos e um produto das operaes que utilizam. Os sistemas sociais so sistemas
constituintes de constitudos por - sentido. Isto significa que o sentido no preexiste
operao autopoitica do sistema, seno que se reproduza por esta operao e esteja
fazendo o possvel para delimitar o que no lhe pertence. Os limites do sentido
estabelecem uma gradiente de complexidade entre o sistema e seu ambiente.
(Luhmann, 1998, p. 11).
Essa complexidade de sentidos ecolingusticos a partir dessas interaes
comunicativas com o meio, isto , dessa ecologia humana da linguagem , segundo,
Luhmann, uma busca de conexes (Anschlusuche). Como trazer tais questes ao
contexto do semirido19 brasileiro, sobretudo no mbito do bioma caatinga?
19 O semirido brasileiro, de acordo os dados oficiais do Ministrio da Integrao, compreende uma rea de 969.589,4 km e inclui 1.133 municpios de nove estados do Brasil: Alagoas, Bahia, Cear, Minas Gerais, Paraba, Pernambuco, Piau, Rio Grande do Norte e Sergipe. Segundo dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE (2000) vivem 22 milhes de pessoas, que representam 11,8% da populao brasileira. Localizado em sua maior parcela nos estados nordestinos (84,48%), at norte do estado de Minas Gerais (11,01%) e norte do Esprito Santo (2,51%), exceto o estado do Maranho. Nessa regio, vivem 22 milhes de pessoas, que representam 11,8% da populao brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), e o Semirido mais populoso do planeta, segundo dados da Articulao do Semi-rido (ASA, 2004).
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Este complexo bioma, segundo o Ministrio do Meio Ambiente, ocupa uma
rea de cerca de 844.453 quilmetros quadrados, o equivalente a 11% do territrio
nacional. Engloba os estados Alagoas, Bahia, Cear, Maranho, Pernambuco, Paraba,
Rio Grande do Norte, Piau, Sergipe e o norte de Minas Gerais (Tabela 01).
Tabela 01 Aspectos geogrficos, polticos e populacionais do Bioma Caatinga
Bioma Caatinga (2013)
Total
% do Brasil
Populao estimada (habitantes) (2009) 23.734.361 12,9
rea do bioma (habitantes) 84.445.300 9,9
Cobertura florestal estimada (habitantes) 40.941.920 48,5*
rea protegida em Unidades de Conservao
Federal e Estadual (em habitantes)
6.357.900
7,5*
Fonte: Brasil. MMA (2009). * Em relao rea do bioma
Dos elementos de presso especficos do bioma caatinga como influenciadores
das respostas humanas (Moran, 1999, p. 81) temos como resultados os modos de
convivncia e a forma como eles so compartilhados linguisticamente (Ecolingustica).
Eis alguns dos EPEs (Elementos de presso especficos) do bioma caatinga em fce das
respostas da comunidade. (Tabela 02).
Tabela 02 - EPEs do bioma caatinga e seus efeitos no discurso das comunidades tradicionais
Elementos de presso Modos de Convivncia
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Dinmica do clima Periodicidade de chuvas Diversidade da flora e da fauna Nveis de insolao Produtividade biolgica Taxas de evaporao Fontes hdricas perenes Fontes hdricas temporrias
Agricultura familiar Pecuria de caprinos Conhecimentos fitolgicos Indumentria caracterstica Caa de animais nativos e pesca artesanal Manifestaes culturais situadas colheita Uso social ou etnossocial da gua Cisternas e outros instrumentos de
captao
Tabela 1 - Fonte: Dados dos autores
As populaes humanas do bioma caatinga desenvolveram processos de
convivncia e de sustentabilidade relativamente eficientes na tentativa, muitas vezes
bem sucedida, de interagirem de modo satisfatrio com o bioma em face da
complexidade deste. Logo, a Ecolingustica pode contribuir para a compreenso dessas
interaes ecolgicas no mbito da lingustica.
Consideraes finais neste percurso em aberto
Assim, a Ecolingustica aplicada ao Campo da Ecologia Humana visaria
analisar as resultantes das interaes, das modificaes do entorno pelos sujeitos, como
um repertrio de prticas implicadas ao meio ambiente de convivncia, sendo,
portanto, prticas etnoecolgicas aperfeioadas na lida cotidiana e que refletem em
historicidade; uma linguagem que explica essas prticas, mesmo que elas demonstrem
aspectos urbanos e/ou hbridos.
Em Ecologia Humana, o Ecossistema Fundamental da Lngua (EFL) o que
denominamos de comunidades tradicionais: povos indgenas, quilombolas,
comunidades de terreiros, comunidades pescadoras, etc. No exemplo, numa
comunidade quilombola, a classificao dos seus aspectos etnolingusticos, caso haja,
pode confirmar um EFL quilombola especfico. Sua Ecologia das Interaes
Comunicativas (EIC), caso haja, o conjunto de modos prprios, isto , tnicos de
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interaes humano/meio ambiente o que no ideal em Anlise do Discurso (AD),
por exemplo. No entanto, em Ecolingustica, pensamos, pode-se, de incio, postular
uma anlise do etnodiscurso, por assim dizer.
Poderamos pensar que a ecolingustica se interessa pelas linguagens
representacionais do meio ambiente no cerne de uma comunidade, ou da influncia do
seu ecossistema sobre a lngua, ao passo que a Ecologia Humana uma linguagem, por
vezes acadmica, que visa suscitar inteligibilidades s interaes humano-ambientais
como fenmenos inseparveis isso se faz por meios analtico-narrativos. Outro fato
interessante em Ecologia Humana a utilizao cientfica dos etnodiscursos, isto , da
adoo ipsis litteris das narrativas de comunidades tradicionais dentro dos discursos
acadmicos. Disso, defendemos as contribuies da Ecolingustica como amplo
instrumental tcnico para anlise especfica dos discursos tnicos (etnodiscursos). Em
outras palavras, em Ecologia Humana, encontraramos na Ecolingustica um caminho
preciso para anlise direta desses dados de pesquisa no mbito dos discursos o que
no possvel por meio da Anlise dos Discursos (AD)20 das escolas de Greimas,
Foucault ou Pcheux, visto que estas tm como base paradigmas ora ps-estruturalista
ora marxistas ou ps-marxistas21; a Ecolingustica demonstra um engajamento de
pesquisa mais afinado ideologicamente no trato dos etnodiscursos, ao considerar
paradigmas ecolgicos, antropolgicos e lingusticos. Defendemos a Ecolingustica 20 preciso reconhecer que a Anlise do Discurso (AD) como uma disciplina, ou menos, se for possvel, como um instrumento de pesquisa, do mbito da Sociologia da Linguagem e que grande parcela das suas investigaes se do na dimenso do urbano. Segundo Couto (2009), a Ecolingustica tem afinidade com a Anlise do Discurso (AD), bem como tem com a lingustica saussuriana, por exemplo. Esta afinidade mais patente quando a primeira visa estudar os resultados das relaes dos sujeitos com o meio ambiente tendo a lngua como instrumento de comunicao com o outro destas relaes com o meio. 21 No queremos dizer aqui que no haja relaes sociais tpicas de anlise destes dois paradigmas de pesquisa, mas que isso j tem sido feito. Acreditamos que uma abordagem ps-estruturalista, ou marxista, por exemplo, influir no apenas nos resultados de pesquisa ou interpretaes dos dados, mas no mago dos dados em si mesmo. Talvez uma abordagem antropolgica e ecolgica da lngua e da linguagem e no sociolgica sejam mais pertinentes proposta humano ecolgica de deixar falar as fontes em sua prpria voz.
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como mais pertinente s propostas da Ecologia Humana como trabalhadas no mbito
do curso de ps-graduao em Ecologia Humana e Gesto Socioambiental na
Universidade do Estado da Bahia, em Paulo Afonso, ao menos desde 2012 at o
presente momento. Assim, desejamos que este trabalho venha a contribuir s prticas
sociais, lingustica e ecolgicas transformadoras.
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