Órgão oficial de divulgação da sociedade brasileira de...

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Entrevista com o João Grangeiro, diretor de serviços médicos do Comitê Rio 2016 18 Páginas amarelas N o 127 | Maio/junho 2016 Órgão Oficial de Divulgação da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia As residências em ortopedia no país Distribuição dos serviços é irregular nas regiões do Brasil www.sbot.org.br @sbotnacional /SBOTBR /SBOTNacional Hospitais públicos sem material para trabalhar 12 Matéria Foto: Bruna Nishihata

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Jornal da SBOT - Maio/junho 2016

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Entrevista com o João Grangeiro, diretor de serviços médicos do Comitê Rio 2016

18 Páginas amarelas

No 127 | Maio/junho 2016

Órgão Oficial de Divulgação daSociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia

As residências em ortopedia no país

Distribuição dos serviços é irregular nas regiões do Brasil

www.sbot.org.br @sbotnacional /SBOTBR /SBOTNacional

Hospitais públicos semmaterial para trabalhar

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4 Editorial∙ Olimpíadas

Reportagem de capa∙ O mapa das residências médicas em

ortopedia no país

Matéria∙ Hospitais públicos sem material para

trabalhar

Ortopedista no esporte∙ Ortopedista corre com a tocha olímpica

Notícias das Regionais∙ Maranhão∙ Minas Gerais∙ Pará

Notícias dos Comitês∙ Coluna Vertebral∙ Artroscopia e Traumatologia do Esporte∙ Cirurgia da Mão

Páginas Amarelas∙ De atleta a diretor do

Comitê Olímpico Brasileiro

Espaço jurídico∙ O direito à aposentadoria especial para

ortopedistas - parte I

Sumário

PresidenteLuiz Antonio Munhoz da Cunha

1o Vice-Presidente João Maurício Barretto

2o Vice-PresidentePatrícia Maria de Moraes Barros Fucs

Secretário Geral Jorge dos Santos Silva

1o SecretárioPaulo Roberto Barbosa T. Lourenço

2o SecretárioFernando Antonio M. Façanha Filho

1o Tesoureiro João Baptista Gomes dos Santos

2o TesoureiroRicardo de Paula Leite Cury

Diretor de Comunicação e MarketingPaulo Lobo Junior

Diretor de RegionaisFrancisco Carlos S. Nogueira

Diretor de ComitêsRubens Antonio Fichelli Junior

Diretor de Comitês Consultor EspecialMaurício Kfuri Junior

EditorMoises Cohen (SP)[email protected]

Conselho EditorialAlberto Pocchini (SP)Aloisio Reis Carneiro (BA)Edilson Forlin (PR)Fábio Dal Molin (RS)Marco Antonio Girão (CE)Marcelo Campos (RJ)

Edição e revisãoPatrícia Logullo - Palavra Impressa

ReportagemBárbara Cheffer e Patrícia Logullo

ComercialGislene Lemos [email protected]

EditoraçãoHeitor Bardemaker A. Neto

FotografiaAs fotografias publicadas no Jornal da SBOT têm sua autoria devidamente reconhecida em cada página, sempre que produzidas por profissionais ou bancos de imagem. As demais são provenientes de arquivos pessoais dos ortopedistas, gentilmente cedidas, e das Regio-nais, Comitês e Comissões.

Expediente

Diretoria SBOT 2016

5 Agenda de eventos∙ Confira os eventos em ortopedia e

traumatologia programados para os próximos meses e organize sua agenda!

O conteúdo dos artigos assinados não representa, necessariamente, a opinião da SBOT.

22 Notícias das Comissões∙ Preceptores∙ Defesa Profissional

16 Matéria∙ Álvaro Atallah e a vitória da saúde baseada

em evidências no STF

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Está chegando a hora! Somos dezenas de ortopedistas engajados no voluntariado, para trabalhar nas Olimpíadas. Como disse nosso colega João Grangeiro, “trabalhar no maior evento esportivo do mundo é uma experiência única”. Ele é o chefe do Comi-tê Médico que vai cuidar da saúde não somente dos atle-tas mas do público e de qualquer pessoa envolvida com os Jogos no próximo mês. Grangeiro deu uma entrevista exclusiva para o nosso Jornal, confira nas páginas amare-las. Nós e dezenas de colegas ortopedistas estaremos lá, ajudando com o que for possível e trazendo as novidades para o Jornal da SBOT. Veja também o nosso colega Bleise Felsky dos Anjos, ex-atleta do judô, que ajudou a carregar a tocha olímpica. Um gesto simbólico mas muito importante para a divulgação do esporte no nosso país.

As nossas Regionais SBOT também estimulam a prática esportiva: veja no nosso Espaço das Regionais como é possível organizar uma corrida no seu estado. As Regionais, confor-me vemos nesta edição, continuam trabalhando muito por todo este Brasil, montando cur-sos, jornadas, congressos e outros eventos, compartilhando experiências e apoiando os Co-mitês de Especialidade em cada estado. A Comissão de Preceptores também está presente em vários estados, com apoio das Regionais, levando os cursos CAPOT para mais perto do preceptor: saiba mais sobre esse importante curso pelas palavras do Sandro Reginaldo. Quem sabe isso nos ajude a conseguir uma distribuição mais justa do Treinamento em Ortopedia e Traumatologia: a situação é muito difícil, conforme mostra nossa reportagem de capa: há estados muito carentes tanto em número de Serviços de Treinamento quanto em número de vagas. Realmente a distribuição é desproporcional às populações locais e as dificuldades são enormes em algumas regiões.

As Regionais também nos ajudaram a retratar um outro problema muito sério no nosso país: a falta de material para operar nos hospitais. O Jornal da SBOT ouviu os líderes regio-nais e verificou como estão “se virando” para conseguir o material que precisam para tra-balhar. A Comissão de Defesa Profissional, capitaneada pelo Carlos Jasmin, também tem viajado bastante para discutir maneiras de facilitar e valorizar o nosso trabalho como orto-pedistas e médicos. Veja também a entrevista com Álvaro Atallah, especialista em medicina baseada em evidências, sobre uma importante decisão do Supremo Tribunal Federal.

Até os Jogos Olímpicos!

Moisés Cohen

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Conf ira os eventos em ortopedia e traumatologia programados para os próximos meses e organize sua agenda!

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Para ver mais eventos da SBOT, acesse o portal:http://www.portalsbot.org.br/agenda

Agenda de Eventos

Jornal da SBOT - Maio/junho 2016

VII Jornada Lyonesa no Brasil - A PatelaSociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)25/08/2016 a 27/08/2016The Royal Palm Plaza Hotel & Resorts - Campinas (SP)Inscrições: R$ 350,00 a R$ 850,00http://jorn.al/KMGVTelefone: 11-3283-3326

XII Congresso Catarinense de Ortopedia e TraumatologiaRegional SBOT-SC26/08/2016 a 27/08/2016Expoville Centro de Convenções e Exposições - Joinville (SC)Inscrições: R$ 150,00 a R$ 380,00http://jorn.al/NTNVTelefone: 48-3028-5154

XIV Congresso Brasileiro de Reconstrução e Alongamento ÓsseoComitê A.S.A.M.I - Reconstrução e Alongamento Ósseo08/09/2016 a 10/09/2016Hangar Centro de Convenções e Eventos da Amazônia - Belém (PA)Inscrições: R$ 200,00 a R$ 950,00http://jorn.al/PEM7Telefone: 91-3259-4472

37º Sicot Orthopaedic World CongressSICOT (Société Internationale de Chirurgie Orthopédique et de Traumatologie)08/09/2016 a 10/09/2016Rome Marriott Park Hotel & Convention Centre, Roma, Itáliahttp://jorn.al/X8VAInscrições: 219,60 a 732,00 EurosTelefone: +32-2-6486823

IV Congresso Sul Brasileiro de DorSociedade Brasileira para o Estudo da Dor16/09/2016 a 17/09/2016Centro de Eventos FIESC, Florianópolis (SC)http://jorn.al/DZOCInscrições: R$ 190,00 a R$ 380,00Telefone: (48) 3024.9390

XVI Joppaq – Jornada Paulista de Patologia do QuadrilAssociação Brasileira para o Estudo de Infecções e Implantes Osteoarticulares (AsBIO)21/09/2016 a 24/09/2016Hotel JP, Ribeirão Preto (SP)http://jorn.al/T5VMInscrições: R$ 850,00 a R$ 1.350,00Telefone: 16-3623-9399

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O mapa das residências médicas em ortopedia no paísA distribuição dos serviços de treinamento é irregular nas regiões do Brasil

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Metade dos serviços e mais da metade das vagas de residência médica em Ortope-dia no país estão na região Sudeste. Essa enorme concentração dos 159 Servi-ços Credenciados pela SBOT para treinar os residentes faz com que alguns estados não tenham um número suficiente de especialistas para tratar a população, como o Acre, por exemplo. O Jornal da SBOT investigou qual o cenário dos programas de residência médica na especialidade de Or-topedia no Brasil e verificou enorme heterogeneidade na distribuição das vagas e dos hospitais para treinamento e também nas condições de ensino entre as regiões do país. Além disso, muitos residentes saem de seu estado de origem para obter a especialização em outro e não retornam, por não encontra-rem condições de trabalho depois.

No Brasil, a residência médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação que funciona como um curso de especialização, um treinamento em serviço realizado sob orientação de médicos. Criado em 1977, o Programa de Residência Médica cumprido integralmente confere ao médico residente o título de especialista para a maioria das especialidades. No caso da Ortopedia e Traumatologia, o Título de Especialista (TEOT) é conferido somente aos residen-tes que passarem no Exame, considerado um dos melhores e mais exigentes dentre todas as especialidades médicas. “Recentemente, o Governo Federal, em sua ânsia por criar mais faculdades de medicina e levar mais especialistas ao interior, criou mais vagas de residência médica em ortopedia, que são as chamadas ‘vagas MEC’”, explica Giana Giostri, presidente da Comissão de Ensino e Treinamento (CET), que realiza a prova de título todos os anos. “Po-rém o residente dessas vagas de serviços que não são credenciados pela SBOT, apesar de ter direito de fazer a prova de título, não conta com todos os benefícios e facilidades que a SBOT oferece para seus residentes, como melhor treinamento, mais aulas disponíveis na internet, o simulado TARO1, acesso ao portal da Biblioteca Virtual e desconto na taxa para realização da prova”. A SBOT tem credenciados, em 2016, 159 serviços em todo o Brasil, que oferecem um total de 777 vagas por ano (portanto 2.331 residentes atualmente em treinamento, consideran-do R1, R2 e R3). O mapa na página ao lado representa essas vagas SBOT.

O mapa mostra que, apesar de ter 27,6% da população do país, a região Nordeste concentra somente 15,1% do número de serviços credenciados em ortopedia e 13,3% das vagas de R1 (o primeiro ano dos três de residência). Por outro lado, a região Sudeste, apesar de concen-trar 44,5% da população do país, tem 52,2% do número de serviços credenciados pela SBOT e nada menos que 61,9% de todas as vagas de R1 disponíveis no Brasil. A região Norte tem aproximadamente metade das vagas e serviços de que precisaria a julgar pela concentração populacional: com 6,3% da população, tem 3,1% dos serviços (somente 2 no Amazonas e 3 no Pará) e 2,3% das vagas de R1 (18 residentes estão em treinamento de primeiro ano para toda a região Norte).

1 O Teste para Avaliação dos Residentes e Especializandos em Ortopedia (TARO) é realizado anualmente para auxiliar os serviços credenciados SBOT na auto-avaliação do ensino do médico em treinamento.

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Distribuição de serviços em relação à população brasileira

50% mais serviços

20% mais serviços

10% mais serviços

50% menos serviços

60% menos serviços

Números de serviços por estado:(total 159 serviços)

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8Ao conversar com médicos residentes, preceptores e chefes de serviço, o Jornal da SBOT verificou que a maior parte dos recém-formados vai aos grandes centros para tentar in-gressar nas residências médicas: nessas regiões de maior concentração populacional, na-turalmente, há maiores e mais bem equipados hospitais disponíveis para seu treinamento. Os residentes fazem grandes mudanças, viajando centenas ou milhares de quilômetros, e deixam suas famílias por pelo menos três anos enquanto recebem treinamento — porém muitas vezes não voltam ao estado de origem depois de completarem o treinamento.

No Alagoas, por exemplo, há um residente (Rogério Nascimento), que veio do Pará para fazer residência na Santa Casa de Maceió, mas agora está fazendo R4 em joelho em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, a 3,4 mil km. Outras mudanças são entre estados mais próxi-mos, mas ainda assim exigem distanciamento das famílias: o ortopedista Anderson Broska Costa, do Paraná, formou-se médico e logo e foi trabalhar em Santa Catarina, e por isso preferiu permanecer ali para fazer a residência, onde também está cursando R4. “Tenho dúvidas entre permanecer em Santa Catarina ou retornar para o Paraná”, explica, “porque tenho proposta para ficar com meus staffs em Florianópolis. Mas também tenho uma pro-posta interessante na minha região, podendo ficar próximo de meus familiares”.

Dirceu Cardoso Lima Sobrinho, presidente da Regional do Amapá, sabe da dificuldade de reter os residentes, que fazem enormes viagens para frequentarem a residência. “Um de nossos residentes vem batalhando há muitos anos para obter treinamento”, conta. Demian Athanásio é carioca, mas residia no Amapá há cerca de 10 anos, onde trabalhava como perito do INSS desde 2006, quando se formou médico. Estava planejando sair do estado para fazer a residência em ortopedia em Brasília, quando foram abertas três vagas no Amapá, tipo MEC, ainda sem credenciamento pela SBOT. “A residência está começando!”, falou Athanásio ao Jornal da SBOT. “A qualidade técnica dos preceptores é muito boa, mas a estrutura do SUS é regular”, avalia o residente. “Pretendo ficar aqui, mas o mercado é pequeno. Vai depender muito das ofertas que surgirem. Por mim, não voltaria para o Rio! O mercado de lá está saturado e concentrado, os melhores serviços, nas mãos de grupos. Aqui, você tem um mercado pequeno e quase que exclusivamente dependente do Estado!” Isso ocorre, de fato, nas regiões onde a população depende do serviço público de saúde e tem pouco acesso à rede privada, como no Acre ou no Amapá.

O mercado privado pode ser pequeno em certas regiões, mas não a demanda por tratamen-to especializado. Segundo o residente Athanásio, no Amapá isso é agravado pelo o aumento populacional: “O problema maior do Estado foi o aumento da população. Os hospitais não acompanharam a explosão demográfica! Nos últimos 10 anos, tivemos muita imigração

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O caso do Acre: poucos ortopedistas e nenhum serviço credenciado SBOT“Aqui, mais da metade dos ortopedistas não tem TEOT”, calcula Marco Aurélio Branco, presidente da Regional do Acre. O fenômeno na região, se deve ao fato de que o título de especialista tem sido exigido dos médicos na rede privada, mas não na rede pública, onde eles ficam trabalhando por muitos anos sem especialização. “TEOT é uma realidade do Sul e do Sudeste”, relata Branco, “No Norte e Nordeste não é bem assim. Muitos tentam fazer o exame mais de uma vez e não passam, porque muitos veem que não precisam do TEOT para trabalhar e não estudam”, avalia. O serviço do Acre atualmente está descre-denciado justamente pela baixa taxa de aprovação de seus residentes. “Há três anos esta-mos conseguindo incutir a ideia de que tem que prestar e passar na prova! Atualmente, estamos descredenciados, mas este ano já conseguimos que dois dos nossos três residen-tes passassem”, comemora. No Acre, menos de 10% da população tem acesso a planos de saúde. “Nossa realidade é completamente diferente da de outros estados”.

O recredenciamento do serviço exige nova vistoria da SBOT, comprovando que, além de conseguir aprovar mais de 50% de seus residentes, conforme determina o Regimen-to da Comissão de Ensino e Treinamento (CET), o serviço tenha infraestrutura adequa-da e preceptores com o título de especialista, entre outras exigências.

Branco tem baixa expectativa de que os residentes que saem de seu serviço para fazer R4 em outros estados depois voltem: “temos uma fixação pequena de residentes, que vão fazer seus treinamentos em Minas Gerais, Santa Catarina, em joelho, coluna. Há pouca oportu-nidade de trabalho e aqui ficariam distantes da família.” As famílias de origem desses resi-dentes do Acre são de fora do estado: “Alguns vêm da Universidade Federal do Acre, mas a maioria é de fora do estado, de Manaus, por exemplo. No início eram médicos mais velhos que faziam residência aqui, esses ficavam, porque já estavam empregados! Hoje temos resi-dentes mais novos, que estão procurando R4 fora e, com isso, têm outras oportunidades!”

dos outros Estados, principalmente por concursos públicos e dificuldades nos outros estados vizinhos”, relata. E o programa novo tem infra-estrutura sufi-ciente para treinar bem o residente? Quando ques-tionado sobre a rotina no serviço, Athanásio explica: “Realizamos rodízio pelos serviços (emergência, espe-cialidades). O treinamento está bom! Sou oriundo de hospital público, fiz federal do Rio de Janeiro, não é muito diferente o recurso financeiro! O corpo técnico é bom e a cobrança do chefe (o Dr. Dirceu) corrobora a busca de qualidade”. A residência deve, nos próxi-mos anos, buscar credenciamento da SBOT. E deve se preparar, pois, segundo a presidente da CET, as visto-rias da SBOT são bastante criteriosas para fornecer o cadastramento: “Os critérios são claros no Regimento e o serviço precisa garantir que consegue treinar bem os residentes, de forma que a maioria passe no Exa-me TEOT”, explica Giostri.

Marco Aurélio Branco, presidente da Regional do Acre, comenta que não há atrativos para a perma-nência dos profissionais formados fora dos grandes

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10centros. “Aqui estamos muito isolados e a rede privada na área médica é fraca, portanto quem fica depende do serviço público, e a maioria não se interessa por isso”. Branco explica que, quem fica no estado, é porque consegue um contrato com o estado, por concurso pú-blico ou em regime tipo CLT. “Plano de carreira do SUS seria fundamental. Só duas cidades do Acre têm ortopedistas”. A opinião é compartilhada por Giostri, da CET, e por Sandro da Silva Reginaldo, da Comissão de Preceptores da SBOT: “Falta estabilidade e progressão na carreira de médico no hospital público”, argumenta Reginaldo. “É uma falácia que a aber-tura de faculdades resolva o problema. Não adianta ter faculdade de medicina e não dar condições para o treinamento em serviço”. Reginaldo explica que, ao se mudar com a famí-lia para os pequenos centros, para trabalhar em hospitais da rede pública, o ortopedista se submete a uma enorme falta de estabilidade, porque os contratos geralmente são fechados com as prefeituras, portanto são voláteis: “muda o prefeito, muda tudo. Quando o pre-feito é eleito, promete tudo e contrata muita gente de forma precária. Com o tempo, não consegue pagar e demite”. A precariedade do vínculo público é um problema que tem sido denunciado pela SBOT. “Muita gente que foi para o interior, no fluxo inverso ao que leva às grandes cidades, teve que voltar porque não havia estrutura no hospital, não havia estrutu-ra na cidade para a família, como boas escolas”, relata Reginaldo, que trabalha em Goiânia.

Marco Túlio de Souza, R3 no Hospital Metropolitano de Be-lém (PA), é uma exceção nesse “movimento migratório” dos residentes: ele pretende permanecer no estado após terminar a residência. Casado, com filhos, pretende prestar o TEOT em 2017 e ingressar no treinamento em Mão na mesma cidade. “A ideia é mesclar a atuação no SUS e no setor privado,” comen-tou. “A maior dificuldade do período de residência é a falta de tempo para estudar para a prova de título, porque, além da

jornada normal, das 7:00 às 19:00 h, e plantões conforme escala nos finais de semana, ainda temos reuniões clínicas duas vezes por semana à noite”, explica. “Mas o título é importante porque o mercado está cada vez mais exigente.”

O preceptor do serviço credenciado SBOT onde Marco Túlio faz residência é o presidente da Regional SBOT-PA, Marcus Pretti. Ele avalia que o serviço tem dado boa infra-estrutu-ra para o treinamento, comparado com outros da região: “Em Belém temos material para trabalhar, o que não acontece nas cidades do interior do estado”, avalia. “Precisamos mais de colegas qualificados para atender a demanda do que de material.” O residente Souza concorda: “A sobrecarga de pacientes no nosso hospital é enorme, com falta de leitos para

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Quem são o residente e o especializando?O Residente em Ortopedia e Traumatologia é o médico em treinamento na especialida-de de Ortopedia e Traumatologia em Serviço credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), portanto em vaga “MEC”. O Especializando em Ortopedia e Traumatologia é o médico em treinamento na especialidade de Ortopedia e Trauma-tologia em Serviço credenciado somente pela SBOT. As vagas dispostas no quadro são de Residência em Ortopedia, ou seja, credenciadas tanto pela SBOT quanto pelo MEC. Além dos médicos residentes dispostos no quadro, existem cerca de 15% a mais de va-gas de especializandos, que foram criadas a partir de 2014. Porém, esses especializan-dos também terão direito de realizar o exame de Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia (TEOT) ao final do curso e obter seu certificado.

internação e falta de vagas nos blocos para operar”. Pretti explica que os pacientes aciden-tados nas cidades do interior sofrem com a transferência até chegar a Belém, vindo muitas vezes de barcos e em transportes precários. “Essa falta de estrutura prejudica o trabalho do preceptor, que não tem como treinar o residente em artroscopia, por exemplo, se não há torre de vídeo no hospital”, argumenta Reginaldo. “Em muitos hospitais não há sequer arco cirúrgico para reduções”, denuncia, referindo-se a um conteúdo obrigatório no programa de treinamento, de acordo com a SBOT.

Uma ortopedista do Maranhão que terminou seu R3 em 2014 e preferiu não se identificar comentou que atualmente há ortopedistas maranhenses que fizeram residência fora e estão voltando para o estado. Porém, segundo ela, isso estaria “saturando o mercado” da região, pois há poucos hospitais privados em São Luís, com “grupos já fechados”. Há difi-culdade de abertura de concursos para vagas em hospitais públicos, então resta ao ortope-dista batalhar por um espaço no mercado privado, regido principalmente pelas operadoras de planos de saúde. A ortopedista falou também da falta de material: “Dá pra operar, porém no SUS contamos somente com material básico, sem titânio, sem haste, usamos placa de aço mesmo, sem âncora, sem artroscopia. Não temos mesa de tração. Não dá pra fazer pró-tese total, só hemiartroplastia. A empresa e o SUS não liberam o material”. Outro fenômeno destacado por Reginaldo é há serviços de treinamento que foram estruturados em hospitais de trauma. “Isso dificulta o ensino da ortopedia: da artrose, da escoliose, da lesão em tendões ou ligamentos, que são problemas clínicos, do dia a dia do ortopedista”. Os residen-tes em locais assim recebem poucos casos de ortopedia e mais pacientes traumatizados.

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Hospitais públicos semmaterial para trabalhar

Os ortopedistas de todo o Brasil estão denunciando: falta material para trabalhar. O desa-bastecimento da rede pública se deve a vários entraves burocráticos nos pregões e licita-ções. O critério de compra — geralmente, o menor preço — inviabiliza compra e estoque de OPME (órteses, próteses e materiais especiais) de qualidade. Os pregões ou licitações, realizados nos hospitais federais, são processos demorados, que geram desabastecimento. As compras por consignação (modalidade em que o preço é tabelado pelo Sistema Único de Saúde, SUS, o material fica à disposição do hospital e só é pago quando utilizado) têm sido questionadas por não envolverem concorrência de preço.

Pregão versus licitaçãoO presidente da Regional SBOT do Distrito Federal (DF), Leônidas de Souza Bomfim, co-menta: “Estamos tendo um problema grave em Brasília com o desabastecimento da rede no que se refere a órteses e próteses. O governo do Distrito Federal (DF) alega que o Tribunal de Contas do DF impediu a aquisição por consignação e os “obrigou” a comprar qualquer OPME, alegando que, na compra por consignação, não há concorrência! Com isso, não se compra nada. Aqui em Brasília está faltando parafusos e até fixador externo. O básico. As coisas de alto custo então...”

A concorrência forçada pelos pregões, no entanto, pode fazer a qualidade cair, conforme opina Rubens Aratani, presidente da Regional do Mato Grosso (MT): “Trabalhei no interior, onde tínhamos licitação... Ganhou uma empresa com -20% do valor da tabela SUS. Mas a caixa da empresa não tinha brocas adequadas, um macho quebrou dentro do osso do pa-ciente, os parafusos estavam incompletos... Tenho dúvidas se é a melhor opção; o custo-be-nefício baixo pode prejudicar o paciente...” Paulo Lobo, que atua no DF, faz coro: “Esse tipo de licitação está fracassado pois as próprias empresas, com servidores dentro da secretaria, que elaboram os editais. Há sim como fazer credenciamento das empresas com preços da tabela SUS, mas é preciso vontade dos governantes e dos Tribunais de Contas”, opina.

Por vezes, o modelo misto, de licitação e consignação, pode ser utilizado. Carlos Guilherme Weissheimer Berwanger diz que, em Porto Alegre (RS), “os dois grandes hospitais de trau-ma utilizam o modelo de licitação que garante a consignação. Codificamos 100% pela tabe-la SUS. O que está garantido é o material convencional e implantes com sobrecusto (placas bloqueadas, próteses especiais etc.) não estão incluídos”. O ortopedista explica que, após os escândalos de repercussão nacional sobre mau uso de prótese, foi preciso adaptar o uso das OPME. “Resolvemos praticamente tudo com esses implantes, com qualidade e rigor técni-co, mas isso não resolve o problema agudo dos colegas que estão sem material”, ponderou. A consignação pode, portanto, ser feita isoladamente (as empresas deixam o material no hospital, que paga conforme o uso) ou via licitação (o edital do pregão prevê que a empresa vencedora deixará o material disponível e só receberá mediante o consumo).

Berwanger explica como o modelo da consignação é utilizado em sua região: “Aqui em Por-to Alegre, a consignação é definida na licitação inicial (projeto básico), paga-se conforme o

Em todas as regiões do Brasil, os pacientes sofrem por não haver material de síntese suf iciente e de qualidade disponível, e a espera é longa

Maio/junho 2016 - Jornal da SBOT

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13consumo e o material é reposto conforme definido na inicial da licitação. Tudo sob supervi-são e auditoria. Só a empresa que ganha a licitação deixa o insumo”. Segundo o ortopedista gaúcho, é necessário, para isso, redigir um projeto básico e consistente, prevendo tudo, e instituir uma Câmara Técnica. “Dá trabalho. Mas funciona. E demora...” Claro que é neces-sário que, na Câmara Técnica, haja ortopedistas.

No Rio de Janeiro, Marcos Giordano, presidente da SBOT-RJ, explica que o INTO (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), uma entidade diretamente ligada ao Ministério da Saúde, teria material estocado, enquanto o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HSE) trabalha com consignação. O modelo da consignação, porém, não está liberado em toda par-te. Waldemar de Souza Júnior, da Regional de Santa Catarina (SC), revela que, em seu estado, o Tribunal de Contas determinou que “as compras de OPME no setor público só podem ser feitas por meio de pregão eletrônico, o sistema de consignado foi proibido. Isso serve tanto para OPME com cadastro SUS ou para não SUS, como as próteses importadas por exemplo.”

Governo versus organizações sociaisO tipo de entidade que realiza a compra do material também interfere na disponibilidade, conforme explicou o presidente da Regional do Espírito Santo (ES), Ruy Gusman: “ Aqui no ES, cada hospital compra uma pequena quantidade de material por pregão eletrônico. Pas-samos também por dificuldade para os materiais menos comuns. Para placas bloqueadas, por exemplo, a demora é de pelo menos três semanas. Só quem compra com agilidade são as organizações sociais (OS)”. “Embarcar” em compras feitas por OS é a solução encontra-da em algumas localidades. “Entendo que não dá mais para o governo gerir hospitais, es-tradas aeroportos e escolas”, defendeu Paulo Lobo, que atua no DF. “Acredito nas OS sérias ou em parceria público privada (PPP). A saúde pública em todo país está na UTI”.

Aparentemente, a compra via OS é menos travada pela burocracia: “Em nosso estado, os hospitais viraram OSs e compram por consignação”, relata Aratani. “Os materiais não co-bertos pelo SUS são pagos pelo estado, via empenho. Já no município de Cuiabá, o modelo no Pronto Socorro Municipal é o de ‘chamamento’, em que as empresas se dispõem a for-necer os materiais, pelo preço SUS, por um período determinado.” Alano Ribeiro Queiroz, de Goiás, afirma que “o sistema de administração via OSs está dando certo na capital. As empresas administradoras conseguem pagar os materiais da tabela SUS até com deságio. A qualidade do material está tentando se adequar pela concorrência. Porém, materiais que antes da crise não se enquadravam na tabela SUS e também eram adquiridos com certa facilidade via justificativa técnica, atualmente estão quase inalcançáveis”.

Celso Jorge Córdoba Mendonça, presidente da Regional do Mato Grosso do Sul (MS), dá outro exemplo de localidade em que diversos tipos de hospitais com serviço público pro-curam diferentes soluções mas enfrentam o problema de abastecimento mesmo quando o preço é de tabela: “Em Campo Grande, temos serviço público de ortopedia no Hospital Uni-versitário e na Santa Casa. No HU, a compra funciona por pregão, como licitação. Na Santa Casa, é por consignação. Os dois usam a tabela SUS. No HU, os fornecedores estão sem receber e por isso retiraram o material. Na Santa Casa, o fornecedor recebe um mês, fica um mês sem receber. No interior, nem fio de Kirchner tem”, lamenta. “O problema é geral, acho que a SBOT nacional poderia fazer uma denúncia da situação em Brasília, comuni-cando à AMB, ao Ministério Público, ao Senado, à Assembleia e à imprensa”, defendeu, no que recebeu apoio do presidente da SBOT, Luiz Antonio Munhoz da Cunha: “As águas es-tão muito turbulentas” avaliou o presidente. “Não existe dinheiro e o financiamento públi-co está muito precário. O ministro da Saúde, com quem tive oportunidade de conversar em Curitiba durante uma visita ao hospital Pequeno Príncipe, já falou que não existe dinheiro novo. Ele vai procurar melhorar a gestão”.

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Ortopedista corre coma tocha olímpica

Filho adolescente inscreve o pai como condutor da tocha

No ano passado, o garoto Adrian Gazzani Felsky dos Anjos aprontou uma surpresa para o pai, o ortopedista Bleise Felsky dos Anjos, ex-praticante de judô. Aos 12 anos, Adrian inscreveu o pai em segredo na promoção do Banco Brades-co para seleção dos condutores no revezamento da tocha olímpica. Para isso, contou um pouco da história do pai, sob sua visão, dizendo por que achava que ele deveria carregar a tocha olímpica em sua passagem por Cuiabá (MT): “Bleise acorda todos os dias para ajudar as pessoas em hospitais pú-blicos”, relatou o menino. “Apesar de todas as reclamações, todo o trabalho duro que ele faz, ele continua sendo o mes-mo, ajudando e mantendo a saúde das pessoas. Ele já chegou a trabalhar em 3 hospitais públicos simultaneamente”, ar-gumentou o menino. “Deveríamos ter mais pessoas assim”. Em dezembro de 2015, a mãe do garoto foi avisada de que o ortopedista havia sido selecionado.

Realmente, o traumatologista trabalha muito: combina dupla especialidade, e atende tam-bém como anestesista em um hospital particular em Cuiabá (MT). Pois Felsky foi um dos escolhidos para o revezamento da tocha e, na quinta- feira, 23 de junho, recebeu-a e carre-gou-a por 200 metros, já na chegada na Arena Pantanal, onde a pira olímpica foi acesa por Davi Moura, campeão Panamericano de judô em 2015. “Foi um momento de felicidade e, apesar de não poder praticar esportes devido a problemas de saúde, é como se o passado fosse reconhecido...”, relatou Felsky.

Felsky praticou atividade física dos 7 aos 23 anos, e teve de abandonar o judô no internato, quando cursava medicina. “Na reta final do curso, tive que parar... Mas consegui a faixa pre-ta... também ganhei vários campeonatos estaduais e um centro-oeste”. O ortopedista tentou retomar o esporte, mas alguns problemas de saúde e lesões no tatame o impediram: “comecei a fazer de novo para incentivar o guri, mas no penúltimo treinamento quebrei uma costela e um dedo do pé (o quinto)”. O “guri” continua firme no esporte: “Ele ficou em segundo lugar no cam-peonato centro-oeste no ano passado”, orgulha-se o pai, “é a perseverança que traz resultados!”.

O ortopedista Bleise Felsky dos Anjos

em sua aventura de receber, conduzir

e entregar a tocha olímpica em Cuiabá

(MT) e antes da “corrida”, ao lado

dos colegas de judô Fenelon Oscar Muller e

David Moura

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Em 19 de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão que mudou total-mente a história da judicialização em saúde no Brasil: ao tornar inválida a lei que autori-zava o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com câncer — uma substância ainda sem comprovação de eficácia e segurança — o Supremo reconheceu que as intervenções em saúde só devem ser aprovadas para uso por brasileiros após estudos científicos que provem que funcionam e que são seguras para a população. A decisão foi comemorada por muitos, e por Álvaro Nagib Atallah em especial. Professor titular de Saú-de Baseada em Evidências na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor do Centro Cochrane do Brasil há 20 anos (e da Cochrane Collaboration International desde 2014), o professor Atallah conversou com o Jornal da SBOT sobre o impacto da medida do Supremo na Ortopedia.

A decisão do Supremo de suspender a Lei 13.269/2016, que autorizava o uso da fosfoetano-lamina, foi uma resposta à Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.501, ajuizada pela As-sociação Médica Brasileira (AMB), que argumentou sobre a falta de evidências de eficácia e segurança da substância. Pois a Corte decidiu que, de fato, a Lei, votada às pressas em abril pelo Congresso Nacional, não tem efeito por ser inconstitucional, ou seja, não zela pela qualidade e segurança dos produtos em circulação em território nacional e “esvazia, por via transversa, o conteúdo do direito fundamental à saúde”. O texto do Supremo atesta que a liberação da substância não poderia ocorrer sem estudos clínicos que atestassem pela segurança da substância — que sequer pode ser chamada de medicamento até que seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Álvaro Atallah e a vitória da saúde baseada

em evidências no STFSupremo veta liberação da substância para tratar câncer sem prova de segurança: isso agora vale para qualquer intervenção em saúde

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17Atallah explicou que o artigo 196 da Carta diz que a saúde é um direito de todos, e que são deveres do estado prover saúde e evitar agravos à saúde. “Esse mesmo artigo diz também que é dever do estado garantir equidade e eficiência, para que você possa atingir, benefi-ciar um número maior de pessoas. Para você ter equidade e ter igualdade de direitos, se você gasta todo o dinheiro com uma pessoa só, um pouco você subtrai dos direitos de mui-tos, não é mesmo?”, explicou o professor.

Eficácia e segurança de próteses e órteses O investimento em saúde em produtos caros e com muita tecnologia embarcada seria, para o professor, muitas vezes “perdulário” e pouco eficiente. Na ortopedia, ele cita como exem-plo o fato de, muitas vezes, as próteses serem escolhidas pelo preço e não pela utilidade, já que não são realizados estudos clínicos randomizados comparando os produtos mais simples e baratos com os mais modernos e caros. “Faltam estudos adequados para verificar eficácia e segurança, e gasta-se dinheiro com estudos de menor evidência científica”, quei-xou-se. “O maior ensaio clínico sobre fraturas de colo do fêmur, que são muito frequentes, foi feito aqui na Ortopedia da Escola Paulista de Medicina”, comentou o professor, sobre trabalho realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “O estudo comparou placas com pinos, e os pinos, que são quase 100 vezes mais baratos, são mais eficientes ou iguais. Está aí um exemplo feito em casa de estudo bem conduzido, que economizou recur-sos com a mesma eficácia.”

Para o professor Atallah, as perspectivas são ótimas com a decisão do Supremo. “A área do direito é vinculante e vem de cima para baixo. Então os juízes passam a seguir essa norma”, alertou o professor, explicando que, a partir de agora, todos os juízes do Brasil precisam olhar para as evidências em saúde antes de tomarem suas decisões. “ É importante con-tinuarmos no trabalho de divulgação dessa jurisprudência, dos marcos legais, e do que é medicina e saúde baseadas nas melhores evidências científicas”.

Como a realização de estudos adequados toma tempo e recursos, pode demorar um certo tempo até que os resultados dos trabalhos sobre novas tecnologias em ortopedia cheguem ao ambulatório: “Se houver criação da cultura para tomada de decisões baseada em evidên-cias”, avalia Atallah, “será mais ou menos rápido. Quando a mídia perceber isso, vai apoiar”. A ortopedia, para o professor, seria um campo interessante para o desenvolvimento de es-tudos em segurança e eficácia: “A ortopedia é um mar de oportunidades para as pesquisas. Porque o Brasil tem uma excelente ortopedia, o que não falta são problemas ortopédicos”. Atallah citou um ortopedista como pioneiro na área: Ernest Amory Codman1. “ Codman foi o pai da medicina baseada em evidências, criador da Joint Commission inclusive”.

Papel das sociedades médicasA respeito do papel das sociedades médicas de especialidade na divulgação das melhores evidências, o professor Atallah declarou: “é importante termos os marcos legais, baseados na ética do principio da não maleficência, da beneficência, e também que todos se familia-rizem com a busca das melhores evidências nas tomadas de decisão”, ponderou. “Mas as sociedades médicas poderiam auxiliar o médico na busca das melhores evidências sobre cada intervenção, e assim o médico poderia ler só 5% a 10% do que é publicado, mas indo na melhor fonte de evidências para tomada de decisão”. Atallah acredita que, com a ajuda das sociedades, o médico poderá economizar tempo, em vez “de perder tempo estudando coi-sas que não têm nenhuma utilidade”.

1 Osvandré Lech. Ernest Amory Codman (1869-194). Um cirurgião preocupado com questões de qualidade. Jornal da SBOT 2015; número 124, páginas 18 e 19.

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De atleta a diretor do Comitê Olímpico Brasileiro

João Grangeiro fala do desaf io de engajar os colegas como voluntários nos Jogos Olímpicos e organizar o trabalho deles

Patricia Logullo

Sua primeira participação em Jogos Olímpicos foi como atleta: João Alves Grangeiro Neto jogou voleibol nos jogos de Moscou, em 1980. Era “cortador” do Botafogo, time pelo qual conquistou muitos títulos. Conciliou a vida de estudante de Medicina com a de atleta de alto rendimento e, em 1992, voltou aos Jogos Olímpicos, desta vez já como médico. Integrou várias equipes médicas em Jogos Panamericanos pela Confederação Brasileira de Vôlei. Passou a chefe médico do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) depois dos Jogos de Sidney, em 2000.

Grangeiro é o diretor do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos 2016, que ocorre no Rio de Janeiro, de 5 a 21 de agosto, e está trabalhando na organização desta edição dos jogos desde 2012. O ortopedista é especialista em Cirurgia do Joelho, Medicina do Esporte e Medicina Física e Reabilitação. Está sob sua responsabilidade a coordenação de todos os atendimentos médicos que serão realizados na policlínica que foi equipada para atender aos atletas, assim como nos postos médicos em cada local de competição.

Ao Jornal da SBOT, Grangeiro falou sobre o desafio de engajar e organizar o trabalho dos milhares de médicos e outros profissionais de saúde envolvidos com os Jogos. Comemorou o fato de que a lista de voluntários está finalmente fechada e reconhece as dificuldades, especialmente dos médicos, em fechar seus consultórios e deixar seus empregos para trabalhar nas Olimpíadas. O ganho é enorme, garante, em oportunidades e redes de relacionamento.

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19Como está sendo feita a organização dos trabalhos dos médicos, especialmente dos ortopedistas nas Olimpíadas?

Os ortopedistas, na realidade, vão trabalhar nos Jogos Olímpicos fazendo parte de um grande time. Nós temos trabalhando nos Jogos Olímpicos em torno de 1.500 médicos, de diversas especialidades, e os colegas ortopedistas vão estar integrados nesse time. A grande maioria deles é de voluntários, alguns trabalhando na policlínica, exercendo a especialidade propriamente dita, e alguns trabalhando também no atendimento de emergência ao atletas nos locais de competição.

Quais são as especialidades médicas do time?

Há ortopedistas, cirurgiões, de trauma, anestesistas, intensivistas, clínicos, as mais diversas especialidades. Cirurgiões de trauma facial também, de cabeça e pescoço, várias especialidades. A grande maioria vai exercer um atendimento de emergência pré-hospitalar. Ninguém, nenhum ortopedista vai exercer uma função pura e simplesmente ortopédica. Pode até exercer a função ortopédica, mas vai estar capacitado também para fazer um atendimento pré-hospitalar. Por exemplo, uma ressuscitação cardio-pulmonar, numa parada cardíaca, ele vai ter que atender também. Onde estiver acontecendo o jogo, na beira do campo. É importante ressaltar que todos os voluntários médicos que vão trabalhar nos jogos, ortopedistas ou não, estão recebendo um treinamento em emergências cardiológicas, emergências a respeito de trauma, eles estão recebendo informações especificas de cada modalidade, como atuar, de acordo com as regras internacionais de cada modalidade, ou seja, nós estamos tendo o cuidado, enquanto comitê organizador, de proporcionar esse treinamento a todos os profissionais que vão trabalhar durante os Jogos Olímpicos.

Cada médico vai trabalhar na sua modalidade esportiva?

Sim, se você é médico do vôlei, você vai trabalhar no vôlei. Então, por exemplo, no caso do voleibol especificamente, como o

médico do vôlei pode atuar? Ele pode ou não pode entrar dentro do campo? Ele vai atender na beira da quadra, entendeu? Como é que ele vai abordar um atleta, qual é a regra? Qual é a regra do vôlei que permite a entrada para o atleta ser atendido? Cada esporte tem a sua peculariedade na maneira como o atleta pode ser atendido, e isso também está sendo passado para esses médicos. E é claro que vai haver um treinamento mais especifico para quem vai trabalhar naquela área. Essa é a última parte do treinamento.

E quanto tempo dura esse treinamento?

O treinamento já começou, mas varia muito. Esse treinamento é planejado em função do tipo de profissional. Há programas de 4, 8 ou 16 horas, normalmente 16 horas, para médicos, enfermeiros e estudantes de medicina. Para os socorristas, por exemplo, são 4 horas: serão aproximadamente 1.500 socorristas espalhados em todas as instalações esportivas. A grande maioria é de estudantes de medicina. Esses socorristas vão abordar mais o público expectador, estarão distribuídos nas arenas onde está o público. Porque somos responsáveis não somente pelo atendimento aos atletas, mas também ao público espectador. Além dos 1.500 médicos, haverá mais 1.500 socorristas.

Os médicos trabalham voluntariamente ou contratados?

Cada equipamento esportivo, por exemplo, o Maracanãzinho, onde vai haver as competições de voleibol, é uma “venue”. Haverá um médico que vai ser o coordenador médico de cada venue —no caso do voleibol, vai ser o ortopedista Sérgio Xavier — que vai ter um assistente. Esse assistente é o administrador da venue, e não necessariamente é um médico. É um profissional da área de saúde, com formação em gestão. Porque esse assistente vai tomar conta da parte administrativa da venue. Ele é que vai verificar se todos os equipamentos de emergência estão funcionando, se os voluntários estão

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presentes, se está faltando voluntário, se o estoque de medicamentos está completo, ele vai checar todas as bolsas de emergência, vai ver se as ambulâncias estão estacionadas nos locais onde precisam ficar, ou seja temos um administrador e um responsável médico-técnico pela venue. Esses dois profissionais são remunerados pelo comitê organizador. Porque além da função médica, eles vão ter a função de coordenação. Os outros profissionais todos que vão trabalhar sob a coordenação deles são voluntários.

O enfermeiros e outros profissionais de saúde são contratados ou voluntários?

A gente trabalha com várias categorias profissionais: médicos, enfermeiros, dentistas, farmacêuticos, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem. Ou seja, há uma multidisciplinariedade, é um evento multiprofissional sem dúvida alguma. Para que a gente atenda à legislação brasileira, ele precisa ser um evento multiprofissional. Alguns desses profissionais de saúde não médicos são contratados, mas há um número muito pequeno de contratados e um número muito grande de voluntários. Eles fazem parte de um time, de uma equipe sempre chefiada por um médico.

Como vai ser organizado o trabalho dos voluntários? Haverá escala de plantões?

Há uma escala. Cada voluntário é obrigado a trabalhar no mínimo 10 dias, não necessariamente consecutivos. Ele tem que ter 10 dias disponíveis para trabalhar entre os dias 24 de julho e 21 de agosto.

Na sua opinião, o que o ortopedista trabalhando nas Olimpíadas terá como ganho pessoal ou aprendizado?

Primeiro, ele vai ter a oportunidade de vivenciar o maior evento esportivo do mundo, os Jogos Olímpicos. Não existe nada da grandeza de um Jogo Olímpico. Segundo, a oportunidade enorme de botar em prática tudo aquilo que você se preparou ao longo da sua vida profissional para fazer. Terceiro, que você tem uma oportunidade

enorme de fazer uma tremenda network. Porque haverá médicos aqui de muitas delegações, são 206 países, e mais da metade desses comitês olímpicos nacionais trazem o seu time médico. Então é uma oportunidade de você fazer uma network profissional muito grande também. Temos hoje, inscritos, em torno de 450 médicos estrangeiros também, com experiências prévias em Jogos Olímpicos, que também virão participar. São várias oportunidades.

Qual é a diferença do atendimento das equipes estrangeiras ou brasileiras? Há alguma limitação?

Os médicos voluntários que vão trabalhar com o Comitê Organizador 2016 são os responsáveis pelo primeiro atendimento a ser realizado no campo de competição. Então é de responsabilidade desse atendimento médico, responsabilidade dos médicos que vão estar lá pelo Comitê Organizador. É claro que algumas equipes têm o seu próprio médico, e aí, numa eventualidade, esse atendimento pode ser compartilhado. Mas a responsabilidade, a preferência do atendimento, é sempre do time do Comitê Organizador. Ou seja, a equipe estrangeira pode até atuar, mas o primeiro momento é da equipe brasileira.

Os médicos estrangeiros podem atuar no Brasil caso das Olimpíadas?

Podem. Eles mandam toda a documentação profissional deles, essa documentação é encaminhada para o Conselho Regional de Medicina aqui no Rio de Janeiro, e a gente concede a eles uma autorização temporária para atuarem junto aos membros das suas equipes.

Quais têm sido os cuidados com relação aos exames de antidopagem? Qual vai ser a rotina desses exames?

O exame antidopagem é sempre feito durante os Jogos Olímpicos. Há dois grandes momentos de testes de dopagem: os realizados numa fase pré-competição e aqueles exames realizados durante a competição.

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Com o bloqueio, feito pela WADA (Wordl Anti-Doping Agency), ao laboratório antidopagem no Rio, como vai ficar a testagem dos atletas?

Houve, na realidade, um bloquei temporário, a WADA virá, na outra semana, fazer uma visita de inspeção técnica do laboratório. Então essa questão do laboratório não está fechada ainda não. A gente espera que haja um desfecho favorável.

E qual tem sido o impacto da situação de calamidade que o Rio de Janeiro decretou sobre a atuação dos médicos que vão atender as equipes, o seu trabalho?

O impacto está mais relacionado àquilo que o governo do estado pode fazer frente às necessidades básicas da população. Com relação aos Jogos, não há problema, porque estamos com toda a operação aqui equacionada. As compras estão em andamento, o Comitê Organizador está absolutamente pronto para entregar o que é preciso nos Jogos, de 5 a 21 de agosto, e depois também estamos preparados para os Paralímpicos também.

A mesma equipe que vai trabalhar no Olímpicos e Paralímpicos?

Claro que a equipe diminui... Os números são outros. Para os Jogos Paralímpicos a equioe praticamente se reduz à metade. Mas temos tido muita alegria de saber que as pessoas que estão vindo para os Olímpicos vão ficar para o Paralímpico também.

Fale sobre sua enorme experiência com as Olimpíadas: qual o tamanho dessa trajetória? E qual a maior dificuldade?

Estou na minha décima Olimpíada. Comecei essa trajetória em 1980, nos Jogos Olímpicos de Moscou, como atleta. Depois disso, tive a oportunidade de participar de

alguns Jogos Olímpicos como chefe médico do Comitê Olímpico Brasileiro. Também tive a oportunidade de fazer aqui, em 2002, os Jogos Sulamericanos e, em 2007, os Panamericanos. Agora, fecho com os Jogos Olímpicos em 2016.

A grande dificuldade, o grande desafio que temos, sem dúvida alguma, é motivar. É engajar os voluntários para que eles possam entender como são parte importante dos Jogos. Porque o resto, na realidade, o dinheiro compra. O dinheiro compra equipamento, o dinheiro consegue comprar ambulância, equipar as ambulâncias, mas eu acho que o grande desafio é, sem dúvida alguma, preparar e motivar as pessoas a participarem dos Jogos.

Mas a procura não tem muito grande para ser voluntário?

A procura dos médicos é muito grande, mas o que acontece é que, muitas vezes (isso não vale necessariamente para os voluntários não médicos, estou falando dos colegas) eles têm dificuldades de se ausentar de seus trabalhos, de conseguir licença de seus plantões, tirar um período de férias, em que não vão estar com a família. A operacionalidade disso não é uma coisa assim tão fácil. As pessoas têm que se preparar com muita antecedência para poderem estar disponíveis naqueles dias aqui. A gente sabe o quanto é atarefado o dia a dia do médico. Muitos colegas têm mais que um emprego, trabalham em dois, às vezes em três lugares diferentes. Dedicam-se ao consultório. Mas há colegas que fecham o consultório e vêm para cá. Tudo isso acaba em ônus para essas pessoas. Então as pessoas que se sensibilizaram e que realmente entenderam que é uma oportunidade estar aqui estão vindo — outros desistiram pelo meio do caminho. Graças a Deus, a lista está fechada.

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CAPOT facilita avida do preceptor

Sandro Reginaldo*

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A Comissão de Preceptores da SBOT foi criada em 2009 para cuidar e acompanhar a carreira e as atividades dos pre-

ceptores nos Serviços Credenciados de Treinamento em Ortopedia e Traumatologia do Brasil. Na época, a SBOT sentiu que havia necessidade de uniformizar o ensino, e cuidar das regiões onde a infra-estrutura é mais precária. A Comissão hoje tem nove integrantes, com madatos de três anos, de forma que sua composição se renova em um

terço todo ano. O primeiro Fórum de Preceptores foi reali-zado em 2009 e, em 2016, vamos realizar a sétima edição.

A cada ano, os chefes de serviços são convidados a enviar para o Fó-rum um novo preceptor, de forma que haja rodízio e mais preceptores possam participar. No Fórum, são discutidas as maneiras como os residentes devem ser treinados, os precep-tores são orientados sobre como montar aulas, os erros mais comuns e como conduzir as discussões de casos com os residentes. Os preceptores são também ouvidos quanto às suas necessidades e realidades locais. Mais recentemente, eles se manifestaram e nós decidimos oferecer aos preceptores ferramentas mais dirigidas e práticas, em módulos mais fechados e prontos de treinamento: nesse contexto é que nasceu o CAPOT, Curso de Aperfeiçoamen-to para Preceptores em Ortopedia e Traumatologia.

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O CAPOT é um curso diferente, com formato voltado para tornar o preceptor um melhor treina-dor e a fornecer a ele as ferramentas didáticas de que ele precisa, e tem a missão de padronizar o treinamento que os preceptores oferecem aos seus residentes em todas as regiões, inclusive as mais afastadas dos grandes centros. Ao facilitar o trabalho dos preceptores, as chances de seus residentes frente ao exame do Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia (TEOT) ficam mais homogêneas. O preceptor, recebendo essas orientações, tem melhores condições de treinar seu residente. Diferentemente do Fórum de Preceptores, que convida um preceptor por serviço e é realizado uma vez ao ano, geralmente em São Paulo, o CAPOT é um curso dirigido que vai até o preceptor: há serviços em que há um a três preceptores, enquanto outros têm mais de 30, e todos precisam de ajuda no local onde estão. No período da manhã, os 30-40 alunos recebem as orientações teóricas. À tarde, porém, “colocam a mão na massa”: são divididos em grupos, nos quais um preceptor atuar em seu próprio papel e os outros preceptores em treina-mento se portam como os “residentes”, que vão fazer perguntas, discutir casos e avaliar como os conceitos podem ser transmitidos de forma mais objetiva.

*Presidente da Comissão de Preceptores

O curso CAPOT oferece orientações mais dirigidas à didática, sobre como devem ser orga-nizados os seminários dos residentes e as dicussões pré-operatórias, como falar em públi-co, como envolver os treinandos nos processos de forma mais dinâmica. Uma das ativida-des é a explicação de como montar uma aula teórica, com proposta de que um preceptor apresente uma aula real e ela seja discutida por todo o grupo e com a assistência do médico Claus Dieter, que tem doutorado em educação e realiza os treinamentos dos instrutores do programa ATLS (Advanced Trauma Life Support) no Brasil. Dieter tem trabalhado conosco para conhecer melhor a realidade dos Serviços Credenciados espalhados pelo Brasil.

Realizamos já três cursos CAPOT de um dia no Brasil, dois em Belém e Recife, no ano pas-sado, e um em junho deste ano, em Goiânia. O sucesso é enorme, as devolutivas dos partici-pantes têm sido ótimas. Os preceptores locais sentem-se apoiados pela SBOT não somente na área de ortopedia e traumatologia – para a qual já existem muitos materiais disponíveis — mas agora na área de didática e pedagogia. Em 6 de agosto, vai acontecer mais um CA-POT, em Ribeirão Preto (SP) e, em 19 e 20 de agosto, quando realizarmos o Fórum de Pre-ceptores (no Hotel Merriot, em Guarulhos), faremos mais um CAPOT, facilitando o acesso dos inscritos. Os preceptores que participarem receberão certificados.

Talvez alguns preceptores e chefes de serviço ainda não conheçam a Comissão de Precepto-res da SBOT, que já é uma comissão permanente. A divulgação dos cursos tem sido realizada localmente, com os diretores das Regionais SBOT e dos chefes de serviço que já conhecem o programa e têm estimulado a participação. Já temos mais de 120 preceptores com presença con-firmada no próximo Fórum de Preceptores, onde vai acontecer mais um CAPOT, e eles tendem a atrair mais participantes em suas regiões. Temos mais de 1.200 preceptores para atender no Brasil todo e vamos conseguir. A Comissão de Preceptores tem a missão de transformar o CA-POT em um produto tão precioso e útil quanto o TEOT dentro da nossa Sociedade.

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A Coalisão SaúdeCarlos Alfredo Lobo Jasmin*

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O custo saúde é hoje, no mundo inteiro, motivo de preocupação de dirigentes na área pública eprivada. A inflação anual na

saúde é sempre positiva, mesmo nos países onde a infla-ção está próxima do zero. Nós pensamos na saúde como um setor prestador de serviços, sem termos o cuidado de quantificar e dimensionar a sua importância no con-texto nacional. Entretanto o Setor Saúde é responsável por 9,2% do PIB (Produto Interno Bruto) Nacional e por

4,3 milhões de empregos diretos. Temos, entretanto, um sistema totalmente desorganizado, dispendioso, com inú-

meros ralos por onde escoam os parcos recursos disponíveis. Precisamos pensar a saúde nacional como um todo, entendendo que

o público e o privado são partes de um único contexto e que suas regulamentações e ações deveriam ser estruturadas para que não se tenha desperdícios.

Nesse contexto, foi criado o Instituto Coalizão Saúde, responsável pelo Seminário “O setor de saúde como modelo produtivo e de desenvolvimento econômico”, realizado em Brasília em 1 de junho de 2016, composto por diversos agentes envolvidos na saúde nacional, que apresenta como objetivo propor mudanças concretas para fazer de nosso setor um segmen-to produtivo (que já é), mas extremamente organizado e conscientizado, voltado ao aten-dimento da saúde nacional como um todo (público e privado), mas de forma eficiente, sem desperdícios, sem vícios e sem atravessadores.

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*Presidente da Comissão de Dignidade e Defesa Profissional

Há muitos anos atuando neste setor, conhecemos inúmeras outras ações que mal saíram do projeto ou que, em verdade, tiveram objetivos personalizados sobre a égide de um cunho nacional e que, por isso, morreram pouco tempo depois de seu nascedouro. Espera-mos que, desta vez, o envolvimento de inúmeros segmentos de nosso setor possa determi-nar uma análise meticulosa de nossos acertos e principalmente de nossos erros, de forma a estabelecer um planejamento que passe pela determinação dos investimentos necessários em cada segmento de nossa estrutura geopolítica, para minimizar as sobreposições de gas-tos e estabelecer as áreas de ação de cada um desses agentes no contexto geral.

Precisamos acabar com as torneiras abertas que consomem os poucos recursos existen-tes, criando, estabelecendo e cobrando políticas públicas educacionais que minimizem os custos decorrentes de acidentes no trânsito, acidentes no lar e acidentes naturais, por exemplo. Pensar na saúde é muito mais que pensar num setor sócio econômico produtivo de nossa nação. É pensar num país melhor, com mais educação, com leis que precisam ser respeitadas e ser cobradas, com ações engendradas, de intervenção dos diversos agentes públicos tornando eficiente cada ação realizada para o nosso paciente. É pensar em uma saúde que seja produtiva e eficiente. É pensar num país responsável que invista, utilize e cobre resultados em torno de seus projetos.

Avante Instituto Coalizão Saúde!Esperamos ações objetivas e concretas, impessoais e dinâmicas.

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Corrida de rua chama atenção para riscos do trânsito

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A II Corrida Trânsito Sem Fratura, promovida pela Regional SBOT-MA, reuniu cerca de 500 corredores em São Luís, na manhã de 5 de junho. Além dos atletas profissionais e amadores inscritos, vários ortopedistas também correram: “Eu mesmo, Hireno Guará, Pedro Maranhão, Thiago Menescal, Raul Franklim, Pedro Ferreira Rolim, Alexandry Dias Carvalho”, comemorou o presidente da Regional, Heetor Campora Oliveira Carvalho. “Até mesmo os convidados internacionais do XVII Congresso Norte e Nordeste de Ortopedia e Traumatologia, Jorge Cruz de Melo, ortopedista português, e o enfermeiro Manuel Padin, espanhol, participaram”.

Os trajetos, de 5 km e 10 km, estavam na Avenida Litorânea, tradicional local de realização de corridas de rua em São Luís, e foram percorridos sem registros de lesões. A infra-es-trutura foi fornecida pela Eu Corro Eventos Esportivos, que providenciou distribuição de água, batedores, ambulância, apoiadores, de filtros solares, energéticos, sucos, kit de frutas após a corrida, além de equipe para atendimento ao atleta pré e pós-corrida, com fisiotera-peutas (equipe Reabilità), médico especializado em Medicina Esportiva (Thiago Menescal), nutricionistas, educadores físicos, avaliação física completa e aferição de pressão arterial. Todos os corredores podiam procurar atendimento, realizado numa ampla tenda.

Questionado sobre as principais dificuldades na organização do evento e sobre o que as outras Regionais podem aprender com isso, o presidente da SBOT-MA disse que a maior dificuldade é a busca de patrocínio: “Na verdade, é muito mais fácil organizar uma corri-da como essa do que um evento científico ortopédico. A indústria de apoio a esses even-tos esportivos é muito forte, há uma cultura e um apelo da população para a corrida de rua”, comentou. “Mas ainda há uma certa resistência quando vamos angariar patrocínio, também a população não está habituada a ver sociedades médicas organizando corridas, pelo menos por aqui”. Ainda assim, Carvalho acredita que eventos assim são importantes “para que todos tenham esse novo olhar para a SBOT-MA como elemento inserido em eventos esportivos”. Às outras Regionais, ele aconselha: “contratar a melhor empresa de organização de corridas de rua, realizar bons serviços de atendimento durante a corrida, procurar patrocinadores de peso vinculados ao esporte e, melhor ainda, a corridas, divul-gar bastante nos meios de comunicação e redes sociais”. Durante toda a divulgação da corrida, a SBOT-MA concedeu várias entrevistas falando sobre a problemática dos aci-dentes de trânsito, tema da corrida, numa ação educativa antes da prova.

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Congresso Mineiro reúne mais de 700 especialistas

Minas Gerais

Finalizado o Congresso Mineiro de Ortopedia e Traumatologia (CMOT 2016), a SBOT-MG comemora o sucesso do evento: mais de 720 inscritos brasileiros e estrangeiros, que assisti-ram a 160 palestras, sendo nada menos que 52 internacionais. “Um evento para demonstrar o excelente momento por que passa a ortopedia em Minas Gerais, salas lotadas e com a participação efetiva de residentes e de professores”. Assim resumiu Carlos César Vassalo, presidente do evento.

O evento foi realizado, entre 29 de junho e 2 de julho no Ouro Minas, em Belo Horizonte, em conjunto com o primeiro Metcalf Meeting no Brasil, simpósio norte-americano para a discussão de temas de artroscopia e reconstrução do joelho, quadril, ombro, cotovelo, pé e tornozelo. Entre os estrangeiros palestrantes estiveram os norte-americanos Eric McCarty, da Universidade do Colorado; John Tokish, da Carolina do Sul; Misty Suri, da Universidade de Nova Orleans; e Robert Burks, chefe do Departamento de Medicina Esportiva da Univer-sidade de Utah, além de Rodrigo Pesantez da Fundação Santa Fé de Bogota, Colômbia.

Um curso pré-congresso foi realizado, sobre fixadores externos, organizado pelo Comitê ASAMI, com a participação de Marcelo Sternick. Outro curso abordou revisão de artro-plastia total do quadril e joelho, com a presença de Emerson Honda, Arnaldo Hernandez e de Todd D. Sekundiak, professor do departamento de Cirurgia da Universidade Crei-ghton, em Omaha.

José Márcio Gonçalves, presidente de honra do CMOT 2016, destacou a linda historia da ortopedia mineira fazendo um relato da historia dos ex-presidentes da SBOT Minas. Ricardo Horta e Arnbio Felix foram homenageados com uma placa pelos seus serviços prestados à SBOT-MG. Lincoln Paiva Costa recebeu o prêmio pelo melhor tema livre e Roberto Zambeli, o prêmio de melhor vídeo cirúrgico. O evento finalizou com um show do cantor mineiro Wilson Sideral.

Wagner Nogueira em curso sobre fixadores externos durante o CMOT 2016

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Carrossel vai a Belém

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A SBOT-PA recebeu 46 médicos em Belém, em 10 de junho, para participarem do Carrossel da Ortopedia, o primeiro na região. Roberto Luiz Sobania e Luiz Carlos Sobania atraves-saram o Brasil para levar o Carrossel da Ortopedia para o Norte. A iniciativa, um projeto da Comissão de Educação Continuada (CEC) da SBOT, reúne especialistas num formato totalmente inovador: seis mesas redondas em sala única, cada mesa com um professor e seis participantes e cada uma com uma especialidade. A cada 20 minutos, o grupo troca de mesa para discutir outros casos nas mesas seguintes. Dessa forma, há maior proximidade entre instrutor e alunos, que podem trocar experiências sem formalidade. Roberto Soba-nia, presidente da CEC, explica a ideia: “Em 2009, quando trabalhávamos na Regional Pa-raná, tínhamos que ir para o interior para conversar com os ortopedistas. Então, criamos o projeto Carrossel, que é uma conversa ‘íntima’, bem mais sincera, entre o coordenador e os ortopedistas”.

O evento foi realizado no restaurante Pomme D’Or, com total apoio da Regional Pará. A ca-pital paraense foi uma excelente opção para iniciar a primeira de várias outras edições que serão realizadas pelo Brasil, segundo Roberto Sobania. “A Regional Pará é uma das regio-nais mais ativas da SBOT e, especialmente por isso, foi escolhida para sediar essa primeira edição nacional. O Dr. Cunha, presidente da SBOT, fez questão que o primeiro Carrossel fosse realizado na cidade”.

Além das rodadas de aula, foram realizados dois workshops com materiais sintéticos. “Demos ênfase a temas importantes da Ortopedia, como fratura de punho, ética médica, fratura de platô tibial, fraturas expostas, fratura de úmero proximal e fratura de fêmur pro-ximal. O importante foi que conseguimos agregar colegas ortopedistas da cidade e do inte-rior do Pará. Além de tudo, foi um evento de aprendizado, reciclagem e confraternização”, destacou Marcus Aurélio Preti, presidente da SBOT-PA. 

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Congresso de Coluna transmite cirurgia ao vivo para especialistas do Mato GrossoCuiabá reuniu dezenas de ortopedistas, especialistas em cirurgias de coluna e neurocirurgi-ões no V Congresso de Cirurgia de Coluna do Centro-Oeste, realizado de 30 de junho a 2 de julho, no hotel Gran Odara. O evento foi realizado em conjunto pelas Sociedades Brasileira de Coluna, de Neurocirurgia de Mato Grosso e de Ortopedia e Traumatologia Regional de Mato Grosso (SBOT-MT). Com o tema “Cirurgia Endoscópica de Futuro de Coluna: Evolução e Futuro”, os médicos discutiram novos procedimentos e tecnologias em cirurgião de colu-na. Durante o Congresso, foi realizada a transmissão ao vivo de uma cirurgia de abordagem minimamente invasiva de uma hérnia de disco, com inserção de parafuso, no Hospital Julio Muller. O procedimento foi realizado pelo neurocirurgião Vinicius de Meldau Benites. “Pa-cientes com fraturas de diferentes tipos, como osteoporose ou vítimas de acidentes mais gra-ves, podem ser submetidos a uma cirurgia minimamente invasiva chamada cifoplastia, que tem como objetivo restaurar a vértebra fraturada e eliminar a dor do paciente imediatamente após a operação. Esse procedimento é muito seguro e como não há corte, a pessoa pode ter alta hospitalar no mesmo dia em que for operado”, diz Dr. Benites.

Na avaliação de um dos organiza-dores, o Presidente da Sociedade brasileira de Ortopedia e Trauma-tologia de Mato Grosso, Rubens Aratani, o evento foi grandioso, o que resultou em avaliações bem positivas. “A atividade científica foi intensa, com convidados inter-nacionais. Contamos com parti-cipação de muitos profissionais e concluo que melhoramos a quali-dade de conhecimento técnico da ortopedia no Estado”, finalizou. O chileno Álvaro Dowling foi um dos convidados internacionais e falou

de “Conceitos do tratamento cirúrgico das hérnias de disco lombares por via endoscópica”. O médico é diretor do Instituto Bonati, em Santiago do Chile.

Os especialistas presentes fizeram avaliações positivas do evento regional: para o ortopedista e cirurgião de coluna André Luiz Passos Cardoso, do Hospital das Clínicas da Universidade Fe-deral de Goiânia (UFGO), o Congresso foi importante por divulgar técnicas que não são ampla-mente utilizadas por todos cirurgiões. “O Congresso nos trouxe uma boa noção de indicação e aplicação da endoscopia de coluna. Por isso, avalio que foi muito proveitoso e me fez rever meus conceitos sobre a aplicação desse procedimento”, revelou. Já para o cirurgião de coluna Erico Silveira, que atua no Hospital de Base de Brasília, a educação continuada é necessária para que o cirurgião esteja apto a buscar novas técnicas para melhor resultado para os seus pacientes. “Participar do Congresso, muito bem organizado, vai fazer diferença no meu dia a dia”. O pa-lestrante Austim Malzac, de Mato Grosso do Sul, disse que foi possível notar que a experiência de alguns faz empolgar a geração mais nova. “Hoje, neste encontro, todos acabaram vendo, de nova forma, com outros olhos até mais críticos, a cirurgia endoscópica. O debate foi bastante produtivo, especialmente sobre as doenças atuais, como deformidade nos adultos”, reforçou.

Coluna Vertebral

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Nos dias 10 e 11 de junho, a SBRATE (Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatolo-gia do Esporte) realizou em Goiânia o curso “Lesões no Atleta”. Em parceria com a SBOT Regional Goiás e organizado por Sandro Reginaldo, membro da Comissão Científica da SBRATE, o evento contou com 60 participantes e teve como convidados o presidente e o vice-presidente da SBRATE, Lúcio Ernlund (PR) e Fábio Krebs (RS), além de Paulo Lobo (DF) ex-presidente da SBRATE e Leônidas Bomfim membro da SBRATE e atual presi-dente da SBOT-DF. Segundo Carlos Eduardo Fraga, Presidente da SBOT-GO, “o curso teve um alto nível científico nas palestras e discussões, sendo um dos melhores eventos realizados recentemente pela nossa Regional”. Fábio Krebs, vice-presidente da SBRATE considerou que “o evento foi muito produtivo pela qualidade das apresentações e, princi-palmente, pela interatividade com todos os colegas presentes nas discussões realizadas”. Para o presidente da SBRATE Lúcio Ernlund, “o curso atingiu plenamente as metas tra-çadas quando ele foi planejado”.

Artroscopia e Traumatologia do Esporte

SBRATE faz curso sobre lesões em atletas

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Congresso Mão Olímpica aborda as lesões no esporte

Cirurgia da Mão

A proximidade dos Jogos Olímpicos se Paralímpicos motivou a escolha dos temas lesões e fraturas nos membros superiores causadas pelo esporte e pelo excesso de treino dos atletas para a 36a edição do Congresso Brasileiro de Cirurgia da Mão. O evento ocorreu reuniu cer-ca de 700 pessoas, em São Paulo entre 26 e 28 de maio.

Na abertura do Congresso, estiveram presentes na mesa Pedro José Pires Neto, presidente da SBCM, o Profº Walter Manna Albertoni, presidente de honra do Mão 2016, João Baptista Gomes Dos Santos, coordenador da comissão científica e representante da SBOT, Maria Por-deus Gadelha, representante do Ministério da Saúde, Nívio Lemos Moreira Júnior, diretor de relações institucionais da Associação Médica Brasileira - AMB, Sérgio Yoshimasa Okane, se-cretário geral da SBCM, além de Carlos Henrique Fernandes, presidente do 36o CBCM e vice-presidente da Sociedade. “A realização deste Congresso é um exemplo de união e valorização da nossa especialidade médica. Trata-se de uma oportunidade para trocarmos experiências sobre as novas técnicas de cirurgia”, afirmou Carlos Henrique Fernandes.

Em 26 e 27 de maio, foi também realizado o Simpósio IBRA (International Bone Research Association), que debateu os traumas mais comuns dos membros superiores. A Jornada Bra-sileira de Reabilitação da Mão e Membro Superior (Terapia da Mão) aconteceu no último dia de evento (28 de maio) e trouxe debates, painéis e mesas redondas sobre diversos aspectos da cirurgia da mão. Além disso, foi oferecido aos participantes o Curso da Sociedade Paulista de Radiologia para o Cirurgião de Mão (curso de radiologia), que contou com a participação do grupo de estudos de radiologia musculoesquelética da Sociedade Paulista de Radiologia.

Além da programação científica, durante o evento, foram realizadas as eleições da Direto-ria da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), do biênio 2018/2019, e alguns even-tos sociais como jantares e o tradicional torneio de tênis, XIV Torneio de Tênis – “Hand Cup 2016/Torneio Edmur I Lopes”.

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O direito à aposentadoria especial para ortopedistas - parte I

Adriana C. Turri Joubert*

*Assessora Jurídica da SBOT

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Os ortopedistas associados à SBOT têm nos consultado a respeito da possibilidade de ob-terem aposentadoria especial pelo fato de atuarem, como cirurgiões, expostos à radiação, o que configuraria exposição a risco. Por volta de 2011, a SBOT fez uma consultoria com um escritório de advocacia especializado na área da saúde sobre o assunto. O escritório de Emerson Eugenio de Lima emitiu um parecer, bastante elucidativo, que será disponibiliza-do aos sócios na íntegra, no Portal da SBOT, e que resumo e comento a seguir, para sanar as principais dúvidas de todos.

Vamos relembrar que os médicos em geral (não somente os ortopedistas) já têm direito a aposentadoria antes do tempo regulamentado para outros trabalhadores. Os médicos podem se aposentar com 25 anos de trabalho, por terem atividade enquadrada como especial pelos Decretos no 53.831, de 1964, e 83.080, de 1979. Isso já era garantido há mais de 30 anos aos mé-dicos, por trabalharem em serviços de assistência médica e hospitalar em que geralmente há contato obrigatório com organismos doentes ou com materiais infecto-contagiantes. Os pro-fissionais que exerceram atividades reconhecidas como nocivas, sujeitas ao enquadramento como atividade especial, e alternadamente desempenharam atividades comuns, têm direito a acréscimo compensatório para cômputo do tempo de serviço prestado.

Porém, a presunção absoluta de insalubridade da atividade médica foi modificada em 1995, com o advento da Lei 9.032. A partir dessa data, passou a ser necessária a comprovação da insalubridade: ter o título de médico não era mais o suficiente, passou a ser necessário provar atividade como médico. Em 1997, a publicação do Decreto 2.172 tornou a coisa ainda mais complicada: a aposentadoria especial para médicos passou a se caracterizar somente se o trabalho fosse exercido em estabelecimento de saúde em contato com pacientes por-tadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados. As atividades médicas desenvolvidas fora dessa situação são consideradas comuns.

No entanto, têm direito à aposentadoria especial os ortopedistas que realizam cirurgias utilizando-se de equipamentos de radiação ionizante de forma continuada e com total exposição a tal periculosidade, com ou sem a utilização adequada de equipamentos de pro-teção individual (os EPIs, como o avental de chumbo). Tal exposição garante ao ortopedista também o reconhecimento do seu direito à aposentadoria especial.

De forma prática, como o direito à aposentadoria especial era garantido por categoria pro-fissional até 1995, quem já trabalhava como médico até essa data deve somente comprovar que estava inscrito na previdência com a atividade de médico, ou mesmo comprovar o exercício desta atividade, através de recibos de pagamento. A atividade especial praticada após 1995 é que precisa de comprovação. O que gera direito a contagem especial é a efetiva exposição a agentes insalubres e não a relação de emprego, portanto os médicos contra-tados por instituições (com carteira de trabalho assinada) e também os autônomos têm direito a solicitar a aposentadoria especial quando expostos à radiação, e isso tem sido pro-tegido pela jurisprudência. Como fazer essa comprovação é um assunto de que trataremos na próxima edição!

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