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OFICINA NA SALA DE AULA: HISTÓRIA DE CAMPINA GRANDE
EM IMAGENS – CONSTRUINDO O ESPAÇO URBANO.
Autor: Paula Sonály Nascimento Lima; Co-autor: Maria Aline Souza Guedes
Co-autor: Wenda Mayse Amorim Chaves.
Universidade Federal de Campina Grande, E-mail [email protected] ;
Universidade Federal de Campina Grande, E-mail [email protected]
Universidade Federal de Campina Grande, E-mail [email protected];
RESUMO:
Este artigo tem por objetivo refletir sobre a importância da aprendizagem sobre patrimônio no ensino
de História, utilizando a experiência em sala de aula do 9º ano do ensino Fundamental, por meio de
uma Oficina intitulada “História de Campina Grande em Imagens – Construindo o Espaço Urbano”,
na escola Estadual Dom Luiz Gonzaga em Campina Grande - PB, visando problematizar sobre a
formação e a prática docente neste contexto. O artigo enfatiza sobre o estudo do período de 1930,
quando a cidade campinense iniciou a sua urbanização e sobre os 150 anos da cidade. Para isso,
dialogaremos com autores que possuem uma maior compreensão sobre a importância do ensino da
história local e o como pode contribuir para a prática docente e aprendizado do discente,
problematizando com metodologias que contribuam um ensino de História de forma mais dinâmica e
diferenciada.
Palavras-chave: Ensino de História, Oficinas, Prática Docente, Patrimônio, Campina Grande.
INTRODUÇÃO
As Oficinas no ensino de História são ferramentas que nos afasta da ideia de aula
expositiva, na medida em que pressupõe um aprendizado que envolve a participação dos
estudantes e implica na realização de leitura, de análise e de reflexão sobre os materiais
propostos e dos textos selecionados. O propósito foi desenvolver reflexões relacionadas com
atividades práticas, seja de documentos, música, imagens, vídeo, entre outros, que
possibilitem uma indagação sobre noções de cidade, história, identidade, memória,
patrimônio, isto é, o assunto ou eixo temático que o professor deseja que se encontre presente
em práticas diversas de ensino-aprendizagem de história.
Visto assim, este artigo tem por objetivo discutir sobre a realização da Oficina sobre
História de Campina Grande em Imagens – Construindo o Espaço Urbano, realizada pelo
Programa de Educação Tutorial – Pet História1, no 9º ano do Ensino Fundamental, na Escola
Estadual Dom Luiz Gonzaga, localizada no bairro das Malvinas na cidade de Campina
Grande - PB. Como esta Oficina pode oferecer uma possibilidade de refletir sobre o ensino
sobre cidades, discutindo sobre as ressonâncias que a oficina proporcionou aos alunos, além
de analisar a experiência obtida na Escola, como alunas Petianas, e quais as implicações sobre
a metodologia para o Ensino de História.
A oficina apresentada neste artigo discute sobre a memória, história local e patrimônio
histórico2 em sala de aula, trazendo uma problematização dos temas e conceitos, por meio das
imagens da Cidade de Campina Grande. Como esses temas estão no cotidiano dos alunos (as)
e qual o papel do professor para que este ensino se torne cada vez mais dinâmico e faça com
que o mesmo adquira um conhecimento sobre tais assuntos. Por meio da experiência, observa
como pode possibilitar uma formação docente, um ensino de história relacionada a Oficinas
de História.
1 O Programa de Educação Tutorial do Curso de História da UFCG foi aprovado pelo MEC/SESU no ano de
2009. A proposta do grupo está direcionada para aperfeiçoar a formação científico-acadêmica de estudantes do
curso de História do Centro de Humanidades/UFCG a partir do desenvolvimento articulado de atividades de
ensino, pesquisa e extensão referendados nos princípios formativos que embasam o projeto pedagógico do curso
através da relação teoria e prática, tanto em seu processo de produção quanto de difusão do saber histórico. Para
mais informações <http://www.ufcg.edu.br/~historia/pet/ > Acesso em 07/07/2015. 2 “O estudo do patrimônio é um campo que, de forma ‘gulosa’, se serve de tudo o que estiver disponível – das
cartas, aos prédios, da literatura a um bairro inteiro – e que for capaz de representar a dinâmica da história”
(MARTINS, IN: PINSKY, 2009, p. 281).
METODOLOGIA
A Oficina realizada pelo Programa de Educação Tutorial tem como objetivo estimular
os alunos(as) nas aulas com o intuito de problematizar sobre a História de Campina Grande,
fazendo com que eles passem a conhecer a história de sua cidade.
Eram diversas Oficinas sobre os 150 anos de Campina Grande3, realizados no ano de
2014 que foram divididas entre os integrantes do PET em grupos que se distribuíram por
turmas. A Oficina sobre História de Campina Grande em Imagens – Construindo o Espaço
Urbano ocorreu na Escola Estadual Dom Luiz Gonzaga, para os estudantes do 9º Ensino
Fundamental. Ela foi realizada em duas aulas de 40 min em dois dias. Primeiramente, os
universitários petianos encarregados de coordenar a oficina estabeleceram um diálogo sobre a
História da Urbanização de Campina Grande, por meio de vídeos e um folder que continham
informações sobre a cidade, fazendo com que os alunos compreendesse sobre como a cidade
foi expandida. Como pode ser analisado na imagem do folder:
Folder entregue aos alunos do 9º ano da Escola Don Luiz Gonzaga
Foi então discutido sobre a modernização de Campina Grande, abordando que a
cidade passou por um intenso processo de modernização no começo do século XX,
especialmente entre as décadas de 1930 a 1950, com as reformas urbanas postas em
funcionamento no momento em que o Brasil passava por um processo de modernização
capitalista. Era o discurso abordado na sociedade por higienistas e sanitaristas que associavam
aos problemas de saúde, adequando também, às exigências capitalistas, desde a elaboração de
3 Em um primeiro momento, nos reunimos com a professora da Escola Dom Luiz para que soubéssemos a
necessidades dos estudantes, e foi escolhido e planejado o tema de acordo com o interesse dos alunos, já que no
final do ano eles realizaram uma Mostra Pedagógica com o mesmo tema. Assim, o que foi discutido na oficina
ajudou para que dialogassem o tema e a maneira que foi trabalhado.
posturas municipais, cadastros, até as áreas centrais até as condições econômicas locais e
regionais. (SOUSA, 2003)
E, em Campina Grande, graças ao comercio de algodão, a cidade experimentou um
considerável crescimento econômico, modificando a vida cotidiana das pessoas, tanto pela
reforma quanto pelas mudanças de hábitos. Essas reformas iniciam com o prefeito Vergniaud
Wanderley, alargando as ruas, derrubando as casas que eram vistas como antigas, e
construindo casas e edifícios de acordo com os padrões modernos, os padrões europeus.
[...] entre as décadas de 1930 e 1940, Campina Grande passou pela intensificação de
um processo de reformulação urbana pautado nos ideais de higiene, circulação e
embelezamento, alicerçado no mesmo lema positivo de PROGRESSO,
MODERNIDADE e BELEZA que ainda hoje guia as intervenções sobre o
município. (QUEIROZ, 2008, p. 15).
Este progresso, modernidade e beleza já vinha surgindo com o crescimento do
município e com o crescimento econômico, como supracitado, que intensificou as iniciativas
de urbanização, iniciando em 1907 com a chegada do trem na cidade. Assim, houve uma
necessidade de construir uma imagem de um local civilizado, que trouxesse uma nova
arquitetura: “uma cidade sadia, arejada, arborizada, com belas casas e edifícios,
descongestionada, fluída para o movimento do ar e da água, das mercadorias, pessoas e
veículos” (QUEIROZ, 2008, P.16). Dentro disso, as décadas de 1930 e 1940 foram de
transformações na paisagem urbana campinense. O prefeito da cidade campinense, Vergniaud
Wanderley, desejava que a cidade fosse moderna, bonita; então, decretou4 que houvesse
mudanças sobre a cidade. Então, casas foram colocadas abaixo, ruas foram alargadas,
relocando moradores para outros locais, em muitos casos, a elite campinense.
Essa busca, e a escolha dos lugares para as novas moradias, foi feita de acordo com
as posses e o patrimônio de cada família ou morador, e não se deve esquecer, estava
ancorada nas dimensões simbólica e venal atribuídas aos diversos territórios e
espaços da cidade.(SOUSA, 2003, sp)
Dessa maneira, a elite campinense foram para um novo bairro, ao sul do centro, que
vinha se valorizando com novos moradores, além do bairro da Prata, que estava sendo
incorporada a extensão da cidade dentro dos novos padrões de urbanismo. Já os moradores de
4 O Decreto nº51, de Antônio Pereira Diniz na época sua iniciativa caiu nas graças do cronista Cristino Pimentel,
que passou, a partir de então, a agir como um severo fiscal para que o decreto fosse respeitado e implementado
pelos prefeitos que sucederam Pereira Diniz nos dez anos seguintes, entre 1935-1945. (SOUSA, 2003, sp).
menor poder aquisitivo foram para bairros mais distantes do centro, considerados marginais
(SOUSA, 2003). Além do mais, esta modernização também teria que retirar “os feiosos” –
mendigos, prostitutas, loucos e pessoas pobres - das ruas centrais da cidade, pois não eram
vistos como pessoas do ambiente moderno, sendo afastados para os locais distantes do centro,
o que vai também dar inicio às periferias.5 Após a explicação realizada por meio deste
assunto, foi passado dois vídeos que proporcionou uma maior compreensão sobre a
modernização da cidade, mais nitidamente do centro de Campina Grande e a sua
modernização urbana.6
No segundo dia fizemos uma atividade em que os alunos(as) trabalharam em duplas e
foram entregue a eles algumas imagens da cidade de Campina Grande entre as décadas de
1930 a 1960 e imagens atuais para cada dupla, as quais foram analisadas e apresentadas por
eles, explicando o que identificaram a partir da sua imagem (as ruas do centro da cidade). A
dupla que tinha a imagem mais recente ou mais antiga sobre aquela localização na cidade
comparava para saber o que mudou. Após as apresentações, foi feito um mural, pelos
estudantes, para serem fixadas nas escolas.
Apresentada a descrição das Oficinas, nossa preocupação é a problematização sobre
patrimônio, história das cidades, e como as oficinas pode (re)siginificar o olhar do aluno e
pode trazer novas abordagens para a formação e prática docente.
Ao considerar que vivemos em uma era de imagens, que chegam cada vez de forma
mais rápida e inovadora. E cabe ao professor utilizar o uso da imagem em história, não como
uma simples ilustração, mas de maneira significativa, intencional. De acordo com John
Berger, em seu livro Modos de Ver,
La vista llega antes que las palabras. El niño mira y ve antes de hablar. Pero esto es
cierto también en otro sentido. La vista es la que establece nuestro lugar en el mundo
circundante; explicamos es mundo con palabras, pero las palabras nunca pueden
anular el hecho de que estamos rodeados por él. [...]Lo que sabemos o lo que
creemos afecta al modo en que vemos las cosas. (BERGER, 1972, P. 05).
Percebe-se então que o olhar chega antes das palavras, ou seja, a criança, o ser humano
aprende a se comunicar primeiramente pela visão, e que o que vamos aprendendo durante as
nossas vidas, vai modificando a forma que vemos as coisas. Podemos entender que a imagem
5 A contextualização foi apresentada no folder do primeiro dia da Oficina, de forma suscinta.
6 Vídeo Campina – Retalho de Saudade (https://www.youtube.com/watch?v=LPHe4WyxRCU) e Cidade
Campina Grande Pb Brasil (https://www.youtube.com/watch?v=DYR7EhzVtq4).
incorpora uma maneira de ver. Partindo para o ensino com o uso das imagens, tem que refletir
sobre a possibilidade de realizar atividades com os alunos que os façam entender sobre as
outras formas de linguagem, que podem auxilia-los a questionar e a desconstruir as formas
ideologias, entendidas como a intencionalidade dos conteúdos curriculares. As imagens
representam uma determinada época, e a sua interpretação, a sua análise é pertinente para a
compreensão de algo fato histórico, sendo uma fonte de informação, de conhecimento.
Trabalhar com a análise de fotos, slides, transparências, filmes, músicas, mapas,
imagens que sejam significativos e relacionados aos assuntos que estão sendo
estudados, instigam o senso de observação e de percepção. Quando se apresenta uma
imagem ao aluno (fotografia, pintura, gravura, etc) ele pode associar a imagem que
está vendo às informações que já possui, levando em conta o seu conhecimento
prévio. (LITZ, 2009, p. 06)
A autora Valesca Litz ressalta o senso de observação e percepção que é ativado no
discente, de acordo com a associação que pode ser feita com o conhecimento que este já
possui. Dessa forma, o estudante pode perceber diferenças e semelhanças entre épocas, por
exemplo, e de acordo com a Oficina realizada, seria o lugar que moram em diferentes épocas,
observando o que mudou e o que permaneceu. Portanto, o uso de imagens e fotografias,
possibilita o ensino de história, com riqueza de informações e detalhes, sendo uma importante
fonte de pesquisa na atualidade. Na Oficina aqui apresentada, foi estudadas imagens de
Campina Grande, por meio de dinâmicas e inseridas no folder, como podemos observar:
Imagem apresentada no folder (Antes/Depois).
Assim, como Boris Kossoy afirma em seu livro Fotografia e História, “a descoberta da
fotografia propiciaria, de outra parte, a inusitada possibilidade de autoconhecimento e
recordação, de criação artística, de documentação e de denúncia graças a sua natureza
testemunhal”. (2001, p. 27). A fotografia para o ensino de História é um documento que
preserva a memória visual de inúmeros fragmentos do mundo, destacando aqui, Campina
grande, como um método de visualizar a sua transformação.
Por isso, vemos que a oficina trouxe uma forma de ressoar o conhecimento sobre a
História da cidade em que os (as) alunos(as) moram, como forma de conhecimento e
informação, permitindo estabelecer metodologias de pesquisa e de análise, como foi feita
pelos alunos. Em que os mesmos tentavam associar as imagens, buscando as diferenças e
semelhanças no local, e o papel dos professores em tentar recuperar os fatos históricos de
forma mais papável para os aprendizes.
Visto que “a observação de Marc Bloch é decisiva: “O passado é, por definição, um
dado que coisa alguma pode modificar. Mas o conhecimento do passado se transforma e se
aperfeiçoa”. (BLOCH, 1974. In: KOSSOY, 2001, p. 32). Dessa maneira, entendemos que o
estudo da imagem é importante para direcionar um caminho para o passado, de forma mais
aproximativa com os alunos e a forma que eles terão de observar as imagens e a História de
Campina Grande é diferenciada por estarem presentes nesta história localmente e
cotidianamente.
Na perspectiva do documento fotográfico como fonte histórica, o papel de professores
de histórias, é fazer que o aluno reflita sobre a identificação do patrimônio como um processo
de esclarecimento, de memória e de história de algum local; neste caso, a cidade campinense.
O patrimônio histórico, por ser uma produção cultural, encerra em si características
que favoreçam, facilitam a relação de ensino/aprendizagem por parte de quem o
utiliza, por parte daqueles que o usam como fonte documental para a obtenção de
conhecimentos a respeito de uma determinada época, de determinadas condições
socioeconômicas de produção de determinado bem, das relações de poder que
demonstram que tal móvel ou imóvel, por pertencer a uma determinada parcela mais
abastada da sociedade, então, foi construído com material de melhor qualidade, pode
explicitar continuidades e mudanças ocorridas em determinados locais, entre várias
outras potencialidades que estes documentos apresentam. (OLIVEIRA; 2008, p.98).
Portanto, as imagens das mudanças de Campina Grande, traz uma produção cultural
em si, pois representam uma determinada época, e os patrimônios que foram preservados,
sejam materiais ou imateriais, são utilizados como forma de ensino da disciplina de História,
de forma a entender a Cidade. A fotografia então facilita o desenvolvimento da percepção
visual e simbólica, como forma metodológica de compreender patrimônio, permitindo ao
pesquisador recuperar as reproduções do passado, como recuperação do patrimônio. Então, o
estudo das imagens de Campina Grande, no “ontem e hoje”, como modo de entendimento da
história da cidade, também traz o estudo patrimonial – os vídeos apresentados anteriormente
também são fontes patrimoniais.
Por isso, as discussões em relação ao patrimônio está interligado com à memória –
individual ou coletiva – e ao ensino de história, desenvolvimento um sentimento de
pertencimento, de identidade e da história local.7 São estas memórias e sentimentos que faz o
aluno ver de modo crítico as antigas construções, modificadas ou permanecidas, no período
histórico. E cabe, ao professor, levar esta prática à sala de aula como uma forma metodológica
de ensino de história.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao adentrar o universo da sala de aula como Petiana, vendo que a sala não é um lugar
de transmissão de informações, mas um lugar que se estabelece significações e sentidos, foi
planejado juntamente com os outros discentes petianos, e a Tutora do programa, as oficinas
que buscasse uma proximidade para os alunos e que estes pudessem ver um presente
problematizado, e não apenas um estudo do passado.
A Oficina realizada na Escola Dom Luiz Gonzaga, em Campina Grande- PB,
coordenada pelo Programa de Educação Tutorial – PET História, teve como intuito fazer com
que os estudantes universitários, Petianos, trocassem saberes, como também aprendessem na
escola uma história de maneira dinâmica, e que trouxessem uma proximidade histórica com o
estudante, assim, com a história de Campina Grande. A fim de realizar o que foi pensado em
conjunto com a escola, trabalhamos com imagens e a urbanização de Campina Grande, já que
o ano de 2014 era o aniversário de 150 anos da cidade. Como já foi explicitado sobre o que
foi realizado nos dias da Oficina, trago uma imagem do segundo dia de atividade com os
alunos do 9º ano do Ensino Fundamental,
7 OLIVEIRA, 2008, p. 99.
Professora de História da Escola Estadual Dom Luiz Gonzaga, Gorete Emiliano (segunda à esquerda), juntamente com alunas
do 9º ano no mural feito pela turma.
A professora da Escola disponibilizou a Oficina como meio de criarmos juntos uma
reflexão sobre a História Local, visto que no ano de 2014 a cidade de Campina Grande fez
150 anos e que os alunos tinha que fazer, no mês de outubro, uma mostra sobre o mesmo. Foi
então, uma oportunidade de uma relação da universidade com a comunidade e, um meio de
aprender sobre a História de Campina Grande, de maneira que trouxessem análises, reflexões
de teoria e prática. Atividades assim faz com que o aluno desenvolva e se envolva em
trabalhos que favoreçam a sua autonomia para aprender, e introduzir em seu estudo a história
mais próxima, a história cotidiana, possibilita contextualizar uma vivência individual a uma
história coletiva, e nesta atividade por meio da iconografia e vídeos.
Assim, como a autora Isabel Barca (2004) afirma em seu texto sobre a Aula Oficina
em História, em que a aula deve ser um espaço dinâmico, em que existe um diálogo entre
professor e aluno(a) na busca de sentidos e significações, e a aula não se centra somente no
professor, mas uma abordagem em que o saber-fazer pedagógico se concentra na criatividade
de recursos e estratégias a apresentar aos alunos, e a forma como estes vão receber e dialogar
de forma que demonstrem o conhecimento prévio e o que foi captado pelos vídeos e pela
explicação das imagens.
O ponto de partida da oficina, de acordo com a nossa experiência como bolsista do
PET, era que os discentes pudessem trazer o seu cotidiano e o seu conhecimento prévio sobre
o que sabiam de Campina Grande. Como foi surgiu o centro e os bairros? Será a cidade em
que moram é moderna? Como ela se tornou urbana? Eram preocupações para que eles
percebessem o motivo de trazermos a década de 1930 como construção do espaço urbano, e
em que contexto estava inserido essa urbanização da cidade.
Logo, por meio de vídeos e fotografias, os (as) alunos(as) puderam perceber como era
a cidade, quais as mudanças ocorridas, o que permaneceu e como a cidade é vista hoje. Como
por exemplo, a imagem que foi trazida durante o segundo dia da Oficina, na construção do
mural, foi uma fotografia da Rua Maciel Pinheiro, no centro de Campina e foi discutido as
mudanças que já havia ocorrido com a urbanização de Campina (foto de 1960), e quais as
mudanças e permanências que podia ser percebida na imagem atual. Explicando então, que
vivemos em constantes mudanças, como também o espaço físico vai sendo modificado e
reconstruído de acordo com o período histórico.
Rua Maciel Pinheiro, em 1960 e atualmente.
Durante essa montagem do mural, foi perceptível que a maioria dos estudantes
estavam curiosos para saber o que podiam ou não reconhecer, quais as mudanças, o que eles
encontravam de novo. Quais as ruas eles conheciam, os nomes das ruas. E todo o movimento
que fizeram de conhecimento prévio e obtido por cada imagem, trouxe um dialogo e uma
curiosidade sobre o que eles sabiam da história da cidade em que moram.
Assim, diante das fontes fotográficas, o historiador não pode prescindir de métodos
de análise que partam das especificidades da imagem, mas que devem alcançar
sempre uma perspectiva plural, quer dizer, relacionando-a com outras. Além disso,
as fontes fotográficas sozinhas não se bastam. A problemática histórica é que deve
guiar a abordagem das fontes. (LIMA; CARVALHO; IN PINSKY, 2009).
Utilizando-se do que foi dito das fontes fotográficas, pode ser analisado que a atenção
da problematização apresentada conjuntamente com os alunos foi a preocupação dos alunos
tentarem buscar sobre a sua história local, e principalmente, o patrimônio histórico, em que
transmitem lembranças ou tradições de algum local. Além do mais, o uso das fontes históricas
nas aulas de História é de fundamental importância para o aprendizado, pois o aluno vai
estabelecer familiaridade com os eventos passados e auxiliando o seu raciocínio histórico.
Nessa perspectiva, os documentos não serão tratados como fim em si mesmos, mas
deverão responder as indagações e as problematizações de alunos e professores, com
o objetivo de estabelecer um diálogo com o passado e o presente, tendo como
referência o conteúdo histórico a ser ensinado.” (SCHMIDT; 2009, p. 117)
Então, visto a experiência como uma forma de ensino sobre a prática docente,
podemos problematizar que os documentos históricos são formas de alcançar os objetivos,
tornando o ensino mais amplo e dinâmico, e percebendo os aspectos do conhecimento obtido
pelos alunos. A relação entre professores e alunos(as) foi essencial para que os objetivos que a
oficina promovia fossem alcançados.
O método de ensino escolhido pelo PET possibilitou uma relação entre a formação e a
prática docente, refletindo o ensino de história, a sua função e desenvolvimento em sala de
aula e a possibilidade de ultrapassar as barreiras de um ensino tradicional, optando por
métodos dinâmicos e recortes diferentes que pode trazer uma valorização do cotidiano do
aluno.
CONCLUSÃO
Ao longo da experiência, a utilização da Oficina como metodologia do ensino de
História, revelou-se uma maneira importante de realizar atividades com os discentes, visto
que a importância de compreensão do(a) aluno(a) e a forma dinâmica, faz com que o mesmo
se interesse perante o estudo de História. A interação com o discente no decorrer das
abordagens, traz uma construção de sentido e significados para que o processo de
aprendizagem fosse melhorado, e trouxesse possibilidades de articular com a vida cotidiana
deles, com suas experiências.
Esses primeiros passos percorridos com a experiência da atividade do PET, juntamente
com os alunos, mostra um caminho que pode ser percorrido, futuramente, como Professoras
de História, e que é possível um ensino dinâmico e esclarecedor, que traz às novas gerações
um conhecimento da história e cultura local, contribuindo na formação desses alunos.
Visto então, que a experiência do ensino de História, tanto por nós, como Petianos, como
para os discentes, em sala de aula, incentivou um pertencimento ao local, à valorização do
cotidiano e uma forma de relacionar as mudanças e permanências histórias, tanto em seu local
como em contextos mais amplos.
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Vídeos:
Vídeo Campina – Retalho de Saudade (https://www.youtube.com/watch?v=LPHe4WyxRCU)
Cidade Campina Grande Pb Brasil (https://www.youtube.com/watch?v=DYR7EhzVtq4).