odisseia em revista 1

18
Edição de Lançamento - Julho de 2011—Nº 01 www.cpodisseia.com/odisseiaemrevista

Upload: centro-de-pesquisas-odisseia

Post on 30-Mar-2016

250 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Odisseia em Revista - Centro de Pesquisas Odisseia

TRANSCRIPT

Page 1: Odisseia em Revista 1

1

Edição de Lançamento - Julho de 2011—Nº 01

www.cpodisseia.com/odisseiaemrevista

Page 2: Odisseia em Revista 1

2

Direção Geral

Marcelo Lambert

[email protected]

Redação

Raquel Lambert

[email protected]

Editorial

Alexandre Abramson

[email protected]

Criação e Diagramador

Leandro Zermiani

[email protected]

Web Design

Leandro Zermiani

www.leandrozermiani.com

Colaboradores nesta edição

Audrey Maceá

Flavio Augusto Camilo

Marici Harumi Bando

Otávio Pires

Samuel Candido de Oliveira

Thiago Abramson

Vanilson Fickert

Marketing e Circulação

Leandro Zermiani

Alexandre Abramson

Central de atendimento

[email protected]

Equipe

Editorial - 5

A Matemática e o

tempo - 06

Uma viagem, quatro

prazeres - 07

Literatura - 08

Alimentos

orgânicos - 10

Propaganda e vida

cotidiana - 11

Filosofia - 12

Sumário

Psicologia - 14

Page 3: Odisseia em Revista 1

3

Amigos do Odisseia,

É com muita satisfação que estamos publicando este primeiro número da Odisseia

em Revista, que tratará dos mais diversos temas, tais como psicologia, história,

alimentação, filosofia, ciências, tecnologia, enfim, serão muitos assuntos curiosos e interes-

santes, que tenho certeza que atingirá em cheio o público que já nos acompanha nos blogs,

fóruns, redes sociais e também pelo nosso portal.

Lembro-me de quando esse nosso sonho começou: só tínhamos uma filmadora (a nossa

querida 01), um computador e um microfone muito simples. Tínhamos uma vontade em co-

mum: levar o conhecimento a todos e democratizá-lo o máximo possível por todos os meios

que conseguíssemos.

E assim, nasceu o Centro de Pesquisas Odisseia, que agora é um sonho não só de duas

pessoas, e sim de muitos outros que agora compartilham conosco mais essa alegria, de mais

um projeto concretizado.

Não foi fácil chegar até aqui, pois nossos recursos foram quase nulos: tudo foi na von-

tade e na raça, seja desde as pessoas que colaboram com o Odisseia, até a captação de todo

e qualquer tipo de material que chega com muito carinho para vocês.

Claro que tudo isso está sendo gratificante para nós e sabemos que isso significa cres-

cimento e aprendizado, que só nos deixa ainda mais orgulhosos de nosso trabalho.

Enfim, este está sendo mais um importante passo para aqueles que buscam o conhecimento,

livre de preconceitos, rótulos e, acima de tudo, feito por pessoas que podem ser chamadas

de livres, pois fazem tudo por amor e paixão, honrando aquela idéia inicial que nos transfor-

mou em pessoas melhores e mais atentas com o mundo e com o próximo. Apreciem todas

as matérias e não deixem de dar-nos suas opiniões, que sempre são muito importantes para

nós.

A concretização desse projeto veio de um sonho que nasceu há dois anos atrás, e que

ainda nos faz sonhar todos os dias!

Um grande abraço a todos e até a próxima revista!

Alexandre Abramson

Sócio Fundador do Centro de Pesquisas Odisseia

Page 4: Odisseia em Revista 1

4

CENTRO DE PESQUISAS ODISSEIA

Nossa missão é a democratização do conhecimento e a luta constante

pela emancipação humanas, através da contínua busca de respostas e

construções de questionamentos que levará a humanidade a um equilí-

brio mental, físico e espiritual.

Visite nosso site:

w w w. c p o d i s s e i a . c o m

Conheça nossos projetos

C14 Antares

Page 5: Odisseia em Revista 1

5

Civilização Maia História e Pensamento

Adquira o livro do Professor Marcelo Lambert pelo site:

www.marcelolambert.com

Page 6: Odisseia em Revista 1

6

A Matemática e o Tempo

“Na maior parte das ciências, uma geração

põe abaixo o que a outra construiu, e o que a

outra estabeleceu a outra

desfaz. Somente na Mate-

mática é que cada geração

constrói um novo andar

sobre a antiga estrutura”.

Hermann Hankel

Quando pensamos em matemática, logo

nos vem livros empoeirados, nas velhas fór-

mulas, nos fantasmas pitagóricos, nas árduas

tarefas de faz e refaz. Será que a matemática

é assim tão previsível, sempre o resultado de

dois mais dois é realmente quatro? A mate-

mática foi desenvolvida como uma filosofia

e como toda boa filosofia tem mais elemen-

tos reflexivos do que racionais. A racionali-

dade é um rótulo que a matemática carrega

até os dias de hoje, muito pelo desconheci-

mento da ciência matemática dando a ela o

caráter de ciência sem alma, que visa apenas

resultados que devem ser rápidos e precisos.

Voltemos a pensar em números, um nú-

mero pode representar o nada e deste nada o

tudo, pode ser o infinito finito. Vamos expli-

car melhor isso, quando temos dois caminhos

na verdade temos infinitas possibilidades de

ir, de voltar, de parar e o quão veloz estiver-

mos podemos sentir o tempo passar ou não,

ou até mesmo fazê-lo parar com matemática

precisão. Somos resultado de números, com-

binação geneticamente perfeita, e com isso

manipulamos estes números para que o tem-

po passe rapidamente ou de forma branda.

Como é possível isto, manipular algo tão ma-

tematicamente preciso que é o tempo, que é

nosso escravo e nos deixamos escravizar por

ele. Podemos subtrair o tempo quando nos

esquecemos de agradecer ao outro, multipli-

camos o tempo de um abraço, dividimos o

tempo quando olhamos para nossas vidas,

potencializamos o tempo quando sorrimos,

equacionamos o tempo ao resolvermos um

problema, decompomos o tempo em peque-

nas frações quando o tempo nos é pequeno,

somos credores e devedores do tempo pode-

mos até mensurar isto em números, às duas

horas perdidas no banco, às oito horas ga-

nhas de sono, construímos e desconstruímos

matematicamente o tempo para tentarmos o

milagre da onipresença, somos um único ser

com inúmeros outros seres que se revezam

nas diferentes situações do dia, o ser que

contempla ser que sorri o ser que entristece o

ser que lê e o ser que escreve.

Professor Flavio Augusto Camilo

Mestre em Ensino de Ciências e Matemática

[email protected]

Page 7: Odisseia em Revista 1

7

Olá Caroneiros

Começo esta coluna com um texto que

recebi no meu primeiro ano da faculdade de

Turismo. O texto é de Sólon Borges dos Reis,

segundo a indicação que veio com o texto e

achei interessante começar uma coluna sobre

turismo falando dos prazeres que uma viagem

proporciona. Espero que gostem !

UMA VIAGEM, QUATRO PRAZERES

O prazer de uma viagem não acaba com o retorno. Multiplica-se por quatro. Usufruir-

se em quatro tempos distintos, em quatro fases sucessivas. Todas muito boas. Cada uma,

melhor do que a outra.

Não é a toa que a sabedoria milenar acumulada pela experiência humana opina sem-

pre: o melhor da festa é esperar por ela... Antes de sair para a viagem, ela já nos proporcio-

na o primeiro proveito. Sonhar, projetar, planejar, preparar, preparar-se, antegozar a viagem,

na expectativa da partida. Saborosa expectativa dourada pela magia criativa da imaginação.

O segundo prazer consiste na viagem em si mesma. Desde a partida, durante o trans-

curso, até o fim. A expectativa tornada realidade.

O terceiro prazer é voltar. Reaninhar-se entre as pessoas e as coisas do seu pequeno

mundo, na rotina acolhedora e cômoda do cotidiano, nas simples, mas, por isso mesmo,

inestimável, satisfações do dia-a-dia, às quais

só damos o valor que têm, quando nos encon-

tramos longe delas. Por mais agradável que a

viagem seja, a gente gosta de voltar pra casa...

Quanto ao quarto prazer da viagem, dura

a vida toda. É a lembrança que permanece para

sempre. Quanto mais distante, mais saudosa.

Recordamos o resto da vida. Há cenários; figu-

ras; roteiros; passagens, episódios inesquecí-

veis que ficam retidos na mente e no coração.

E os requentamos, usufruindo-os sempre.

Lembrando, lembrando ...Recordar é viver. Re-

vivendo, vivemos...

(Sólon Borges dos Reis – Depois da Volta)

Vanilson Fickert [email protected]

Page 8: Odisseia em Revista 1

8

Literatura

“Arte literária é mimese (imitação); é a arte

que imita pela palavra.”

(Aristóteles, Grécia Clássica)

A literatura é a expressão da arte de es-

crever, é esculpir uma palavra, lapidá-la e

saber coordenar seus pensamentos, ideias na

mais perfeita harmonia.

Numa conversa descontraída, entre

“roda de amigos”, as letras se organizam,

surgem os vocábulos e, rapidamente os

“muros” são construídos, tijolo por tijolo,

operários a favor de sua arte.

Sentimentos, críticas, instruções... O

que seria da vida sem as Letras?

Há quem diga que é “chato” estudar li-

teratura, mas é nela que se encontra escondi-

da a essência do Homem, disseminar senti-

mentos numa tempestade de emoção com a

finalidade de atingir e transformar o íntimo

de quem a lê.

Seja através de sonetos, cantigas ro-

mances ou comédias, a literatura informa e

forma, de maneira criteriosa “mentes bri-

lhantes”, não importa se expressas de manei-

ra conotativa ou denotativa (seu verdadeiro

objetivo é expor opiniões) dentre as quais

caracterizam e marcam uma época.

Quantas personalidades femi-

ninas estão veiculadas nas mu-

lheres de Alencar, tantas incer-

tezas e suspeitas não compro-

vadas fazem de Dom Casmur-

ro o personagem mais polêmi-

co da obra machadiana. Um

cadáver que resolve narrar sua

própria história e um ogro que

revela o caráter de um verda-

deiro príncipe.

Essas sagas não seriam

possíveis se por trás dessas fa-

çanhas não estivesse a pena de

um escritor, uma mente em “frenesi” produ-

zindo e buscando olhares multifacetados vol-

tados a um só foco: o prazer de ler.

A literatura é atemporal. A literatura é

sentimento. A literatura é o agora...

A sociedade busca facilidade, praticida-

de, pois não há tempo para se perder. A

“selva de pedra” devora as pessoas diante a

incessante e cansativa corrida pelo dinheiro.

O cotidiano torna o tempo uma brevidade.

Notícias econômicas, bastidores da drama-

turgia, vidas de estrelas são assuntos discuti-

dos entre um cafezinho ou, até mesmo, no

trajeto de retorno ao lar. A sociedade está

ocupada demais para pensar.

Não temos uma literatura de formação e

sim de especulação. Para que?

É chegada a hora de recuperar os valo-

res que ficaram esquecidos, de dar a devida

importância a verdadeira cultura nacional e a

valorizar o que se tem de mais intrínseco, as

letras, porque...

“No meio do caminho tinha uma pedrati-

nha uma pedra no meio do caminho” (Carlos Drummond de Andrade)

Audrey Macéa

Professora de Gramática e Literatura

e-mail: [email protected]

Page 9: Odisseia em Revista 1

9

Expedição Odisseia no Mundo Maia

w w w. m u n d o m a i a . c o m . b r

Expedição Odisseia no Mundo Inca

w w w. m u n d o i n c a . c o m . b r

Page 10: Odisseia em Revista 1

10

Engenharia

de Al imentos

Prezados leitores,

É com muita alegria que escrevo a pri-

meira matéria desta coluna. Gostaria de agra-

decer imensamente a equipe Odisseia pela

oportunidade, e espero sinceramente que pos-

sa contribuir com informações importantes

sobre o setor.

Escolhi como tema para esta primeira

edição os Alimentos Orgânicos. Muito tem se

falado sobre esta categoria de produtos, que

vem crescendo a cada ano no Brasil.

A denominação mais conhecida para os

alimentos orgânicos é que são livres de agro-

tóxicos e adubos químicos. Contudo, o orgâ-

nico está relacionado a um conceito muito

mais abrangente, que envolve principalmente

uma consciência ecológica e ambiental da

necessidade de preservação dos recursos na-

turais de forma sustentável. A agricultura or-

gânica visa à produção de um alimento vivo

e saudável, em equilíbrio com o meio ambi-

ente e que permita a interação e a harmonia

entre a natureza e o ser humano.

Para que o produto seja comercializado

como orgânico, é necessário que esteja de

acordo com a lei 10.831 de 23 de dezembro

de 2003, que regulamenta a produção, pro-

cessamento, rotulagem e comercialização dos

produtos orgânicos.

É necessário também que a empresa seja

certificada por uma certificadora acreditada

pelo INMETRO e credenciada pelo Ministé-

rio da Agricultura. O leitor poderá verificar

na embalagem do produto orgânico o selo da

certificadora, que é obrigatório para a comer-

cialização do produto.

Uma grande limitação para o consumo

de orgânicos no Brasil é o seu alto preço, que

é em média pelo menos 30% superior ao do

produto convencional. Isso porque o produto

orgânico exige uma série de cuidados especí-

ficos pertinentes à categoria, tanto no plantio

quanto no beneficiamento. Também existe o

custo para a certificação e auditoria das certi-

ficadoras. Um outro ponto a ser considerado

é que como ainda há pouca procura destes

produtos, a escala de produção é pequena e

consequentemente os custos, elevados. Para

algumas categorias, também é importante

que a embalagem seja diferenciada para me-

lhor conservação das propriedades sensoriais

e nutricionais do produto, por exemplo, para

grãos e farinhas, é interessante que seja pre-

servada em embalagem a vácuo, o que tam-

bém encarece o produto final.

A boa notícia é que existem muitos pro-

jetos de pesquisas que procuram estudar o

plantio orgânico de forma a minimizar os

seus custos, e é possível que no longo prazo,

os preços estejam mais próximos ao do pro-

duto convencional, o que viabilizaria a aqui-

sição de produtos orgânicos por um maior

número de consumidores e possibilitaria a

expansão da categoria no Brasil.

Fico por aqui por hoje, desejo a todos

um ótimo mês, um grande abraço e até a pró-

xima edição!!!

Marici Harumi Bando

Engenheira de Alimentos

[email protected]

Page 11: Odisseia em Revista 1

11

Propaganda e vida cotidiana

Hoje em dia muitos de nós ao deparar-

mos com a propaganda de um determinado

produto ou serviço, conseguimos reconhecer

quase que de forma natural, a relevância da

propaganda dentro de nossa sociedade capi-

talista. O nosso sistema de econômico, base-

ado em produção e consumo, é principal mo-

tivador e formador da publicidade atual.

Cabe lembrar que a comunicação entre

as pessoas é um processo mais antigo do que

podemos imaginar. Antes mesmo de sistema-

tizarmos qualquer tipo de linguagem verbal

ou escrita, os seres humanos já se comunica-

vam através de gestos.

A sistematização da

comunicação através

de diversas formas de

linguagem, fez com

que os processos co-

municacionais se tor-

nassem extremamente

importantes dentro das

sociedades. A publici-

dade atual é somente

uma forma de comuni-

cação entre grupos,

produtores e consumi-

dores.

Dentro desta perspectiva a quem de-

fenda que a publicidade produz efeitos extre-

mamente danosos em nossa sociedade, entre

eles o consumo exacerbado ou que a mídia

determina de forma autoritária aquilo que de-

vemos consumir. Mas seria a mídia capaz de

gerar hábitos de consumo de forma tão efi-

caz? Em minha opinião? Sim. Acredito tam-

bém que a discussão daqui pra frente seria o

porquê as propagandas são tão eficazes ou

porque os efeitos dentro de nossa sociedade

são devastadores. Mas não se engane uma

propaganda sozinha não é capaz de criar um

novo estilo de vida ou um novo hábito de

consumo, cabe a comunicação criar analogi-

as entre os valores de determinado grupo so-

cial com uma marca, por exemplo. A propa-

ganda utiliza os próprios valores que a socie-

dade constrói na comunicação de um deter-

minado produto ou serviço.

Devemos entender a publicidade como

um processo maior e mais complexo do que

anúncios em revistas ou comerciais na televi-

são. A comunicação é estudada principal-

mente como um fenômeno social interdisci-

plinar, portanto somente o estudo de diversas

ciências (entre elas a história, antropologia,

sociologia e psicologia) os processos de co-

municação podem ser entendidos em sua to-

talidade. Toda comunicação é carregada de

conceitos emocionais, psicológicos e sociais.

Somente conseguindo agregar estes valores

se torna efetiva.

As diversas formas de co-

municação são o reflexo de

nossa sociedade e como o

grande pensador da comuni-

cação moderna Marshall

Mcluhan defendia, “O meio

é a mensagem”, devemos

ter claramente o que os mei-

os de comunicação signifi-

cam em nossas vidas. Nossa

postura frente a qualquer

comunicação que induza ao

consumo de algum produto

deve ser sempre crítica, pois

afinal de contas grande par-

te dos argumentos de uma propaganda são

emocionais e tem intenção de estimular o

consumo.

A propaganda tem grande importância

em nossa vida cotidiana, para ser discutida

somente entre os intervalos da programação

de TV. Diariamente somos literalmente bom-

bardeados com propagandas de todos os ti-

pos, e se nossa posição não for crítica, com-

praremos produtos que não nos servem e ser-

viços que não precisamos.

Otávio Pires

Page 12: Odisseia em Revista 1

12

Filosof ia

“Conhece-te a ti mesmo”, é assim

que Sócrates coloca como meta ao

homem o exercício da Filosofia.

E é esse chamamento que eu faço

a todos os leitores.

Sem dúvida, os gregos possuíam motivos de sobra para ter na filosofia uma forma de

resistência ao modelo político e social instaurado na Grécia Antiga, uma civilização profun-

damente mergulhada na crença do mito, nos deuses da criação que justificavam o poder dos

homens, os tendo como escolhidos. Sócrates, sendo considerado uma ameaça à toda Grécia,

foi condenado a morte, forçado a beber cicuta... Era visto como aquele que desviaria a ju-

ventude grega de seus valores.

A Filosofia seria à seu tempo a forma racional de compreender primeiro a natureza, de-

pois o próprio homem como ser pensante e parte dessa complexa teia que nos envolve.

Entendo o mundo hoje e a busca humana como algo desesperador rumo ao preenchimento

de sentido à vida, no entanto este sentido nunca é alcançado ou definido, a força e o poder

do consumo levam o homem ao distanciamento de si mesmo, a uma profunda e coletiva an-

gústia.

Não é a finalidade dessa coluna buscar a cada texto uma definição para o que é a Filo-

sofia, mas sim, elucidar e elevar os leitores a uma interpretação mais profunda da vida e de

si mesmos.

Professor Thiago Abramson

[email protected]

Page 13: Odisseia em Revista 1

13

Com apresentação do Professor

Marcelo Lambert, sempre com

muitas novidades com uma

programação diversificada!

Todos os domingos, às 17h.

Acesse o site

www.cpodisseia.com

no Canal Odisseia.

Confira as entrevistas visitando o Arquivo do Programa Conexão Odisseia

Page 14: Odisseia em Revista 1

14

PSICOLOGIA

Dificuldade da expressão

criativa do ser humano

Queridos leitores sou Psicólogo e tam-

bém Teólogo, nesta reflexão estarei fazendo

uso destas duas formações para entendermos

algumas das dificuldades que o homem en-

frenta como para se expressar criativamente

em todas as áreas de sua existência.

O modelo clássico de fazer ciência se-

rá visto como um dos fatores inibidores da

criatividade. Falaremos a seguir da religiosi-

dade como outro fator e encontraremos atra-

vés da visão de um poeta outro fator inibidor.

Na última parte trataremos dos para-

digmas e alguns de seus desdobramentos.

Razões provenientes

de postulados científicos

A sociedade se organizava de forma

diferente anteriormente, as comunidades

eram pequenas e coesas, a interdependência

dos fenômenos materiais e espirituais tam-

bém tinham outra característica, sempre su-

bordinados às necessidades individuais e da

comunidade local, a teologia e a ética cristã

estabeleceu a estrutura conceitual durante a

Idade Média, a ciência neste período era ba-

seada na razão e na fé, em outras palavras, a

ciência estava atrelada e dependente da reli-

gião.

A perspectiva mundial mudou nos sé-

culos XVI e XVII, motivadas pôr mudanças

revolucionárias na física e na astronomia,

tendo em Copérnico, Galilei e Newton seus

maiores representantes. Descartes no século

XVII formalizou o método analítico de racio-

cínio.

A ciência que anteriormente estava

atrelada à fé e à religião, ou seja, à subjetivi-

dade, a partir deste momento tem como pre-

missa básica, para a produção científica, o

objetivo, o palpável, o mensurável e se assim

não for não será científico.

O mundo deveria ser compreendido

matematicamente, poderíamos dizer equacio-

nável, para poder obter o status ciência.

O método analítico de pensamento,

que consiste em decompor o pensamento e/

ou problema em pequenas partes lógicas con-

tribuiu muito para o progresso científico,

bem como o desejo de dominar e controlar

fenômenos e a repetição constante do experi-

mento, chegando sempre a mesma conclu-

são.

Com este tipo de raciocínio o homem

desenvolveu a medicina, teve condições de

prever chuvas e secas, chegou à lua. Pôr ou-

tro lado, a ênfase acentuada neste método le-

vou a fragmentação do pensamento, em dis-

ciplinas e uma atitude reducionista quanto à

postura científica.

Olhando o processo histórico, pode-

mos afirmar que os idealizadores, os pensa-

dores, eram homens criativos e inovadores,

que encontraram saídas para seus questiona-

mentos e dúvidas, que são válidas para mui-

tas coisas até hoje, porém, nós que procura-

mos desenvolver este tipo de raciocínio, esta

esquematização não percebemos que acabou

por reduzir drasticamente o espaço da criati-

vidade.

Page 15: Odisseia em Revista 1

15

A criatividade precisa de liberdade, de

espaço para ser profícua, mas com este tipo

de postura, a criação, a inovação existe, po-

rém, seu espaço está cerceado, pois dentro do

“universo” científico, ela (a criatividade) de-

ve seguir uma ordem, um preceito estabeleci-

do: o da comunidade científica.

Não sou contra a comunidade científi-

ca ou seus preceitos, até porque sou um pes-

quisador do comportamento humano, mas

imaginar que só é científico se estiver dentro

de um determinado padrão e modelo é pre-

sunção.

Religião como fator restritivo

Há um romance escrito pôr Fiodor M.

Dostoievski – Os Irmãos Caramazov, que

servirá de auxílio neste momento de nossa

reflexão.

A cena construída por Dostoievski, se

passa no século XVI, momento que o poder

da igreja era muito grande e a chamada Santa

Inquisição tinha o poder de decidir sobre a

vida e a morte de qualquer pessoa.

Nesta época Jesus resolve voltar à terra, se

mostrando ao povo sofredor e miserável na

Espanha, em Sevilha.

Ele aparece e procura não ser notado

pelo povo, mas estranhamente o reconhecem,

todos o rodeiam, ele caminha em meio a

multidão, cura pessoas, expulsa demônios,

ressuscita uma jovem, o povo grita e chora

quase não se contendo. Neste momento passa

pela praça o cardeal, o grande inquisidor. Um

velho de quase noventa anos, que presenciou

toda a cena.

O grande inquisidor manda prender

Jesus, o povo não faz qualquer tipo de questi-

onamento ou manifestação em relação a esta

atitude, por estarem acostumados a obedecê-

lo sem questionar.

O prisioneiro passa o dia no cárcere e

boa parte da noite. Subitamente abre-se a

porta e entra o grande inquisidor, e faz uma

pergunta:

“- Es tu? Tu?-... Não respondas, man-

têm-te calado. Sei tudo isto muito bem. Tu

não tens o direito de acrescentar cousa algu-

ma ao que já disseste outrora. Pôr que vieste

incomodar-nos? Sabia que tua presença nos

estorvaria e, no entanto, vieste. Mas tu sabes

também o que vai suceder manhã? Não sei,

nem quero saber se é mesmo Ele ou apenas

sua aparência, mas amanhã mesmo Te julga-

rei e será queimado como o pior dos hereges

(sic).

...O velho observa-lhe que Ele não tem

direito de acrescentar cousa alguma ao que

já foi dito outrora... –„Tens, acaso, o direito

de nos revelar ao menos um dos mistérios do

mundo de onde vistes? - ele próprio respon-

de: - Não. Tu não tens êste (sic) direito, Isto

seria tirar aos homens aquela liberdade que

tanto defendeste sobre a terra (Dastoievski,

1968, 195).

Neste momento o grande inquisidor,

relembra uma das passagens da Bíblia, onde

Satanás, ou como diz o texto o “grande espí-

rito” faz três perguntas a Jesus, este texto bí-

blico é conhecido como “A Tentação de Cris-

to”. (continua na próxima página)

Page 16: Odisseia em Revista 1

16

“Lembra-te da primeira pergunta, se-

não das palavras pelo menos do seu sentido

geral: „Quereis ir para o mundo e vais com

as mãos vazias, regando uma liberdade que

eles, em sua tolice e maldade natas, não po-

dem compreender e que tendem, pois não há

mais insuportável para o homem que a liber-

dade. Vês estas pedras no deserto árido?

Transforma-as em pães e toda a humanidade

te seguirá...‟ Tu não quiseste retirar dos ho-

mens a liberdade e recusaste o oferecimen-

to...respondeste „ Não só de pão vive o ho-

mem‟...Sabes tu, que depois de séculos, a hu-

manidade dirá pela voz da ciência que não

há crime nem pecado, mas apenas seres (sic)

famintos... Nenhuma ciência lhes dará o

pão , enquanto forem livres, mas por fim, vão

depor a sua liberdade aos nosso pés e nos

dirão. „ Fazei-nos escravos, mas alimentai-

nos”. Compreenderão, afinal, que a liberda-

de é incompatível com a abundância de pão,

porque eles nunca saberão reparti-los entre

si... Hão de nos venerar como deuses...Nós

diremos que te obedecemos e reinamos em

teu nome. Enganá-los-emos e não permitire-

mos que te aproximes de nós (Dostoievski,

1968, 196, 198).

A fé e a expressão espiritual são coisas

que fazem parte do mais íntimo do ser huma-

no, independentemente de ser uma cultura

chamada primitiva ou moderna e dos avan-

ços técnicos científicos, esta necessidade

existe.

As manifestações existentes deste as-

pecto religioso da humanidade são expres-

sões criativas, que surgiram se desenvolve-

ram e se sofisticaram sempre movidas por

uma necessidade social e ética.

Com as descobertas científicas e o de-

senvolvimento do método cartesiano de pen-

samento, o desejo de dominar e controlar to-

dos os fenômenos se tornaram quase uma ob-

sessão.

A igreja que lida com fenômenos sub-

jetivos, não ficou alheia; foi seduzida pelo

desejo de controlar e dominar os fenômenos

que passavam em seu meio.

No ocidente a igreja tornou-se uma es-

trutura enorme, em número de fiéis e líderes.

Não podemos esquecer que financeira e poli-

ticamente tornou-se uma instituição extrema-

mente poderosa.

Dostoievski nos mostra, em seu texto,

que as premissas da igreja com o passar dos

anos também mudou: o Cristo que veio tra-

zer a liberdade, que mostrou o caminho, foi

ludibriado por seus seguidores. Após algum

tempo o mais importante passou a ser: redu-

zir a liberdade dos fiéis para que a estrutura

pudesse ser mantida.

Como poderiam convencer os fiéis a

entregar sua liberdade de bom grado aos lí-

deres religiosos?

A solução foi criar regras, normas e

dogmas, para padronizar o comportamento

deste grupo, e consequentemente reduzindo

o espaço para a manifestação criativa da ex-

pressão de sua espiritualidade.

Quanto mais padronizado e normatiza-

do o comportamento do grupo, mais fácil se-

rá a condução do mesmo.

O mais importante era manter a ordem

vigente independente das pessoas, objetivos

e desejos do idealizador.

Todas as coisas mudam, todas as coi-

sas evoluem, mas o cerne deve ser conserva-

do para que o princípio gerador não seja de-

turpado, não foi o que ocorreu com a igreja.

A igreja abandonou o princípio da liberdade

tornando-se ditadora e despótica, tudo para

manter a ordem vigente. Consequência desta

decisão, limitação da expressão pessoal e

criativa da espiritualidade.

Samuel Candido de Oliveira

Psicólogo e Teólogo

[email protected]

Page 17: Odisseia em Revista 1

17

Page 18: Odisseia em Revista 1

18

Uma produção do

Centro de Pesquisas Odisseia

www.cpodisseia.com

Edição número 1 - Julho de 2011