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o que todo profissional da saúde deveria saber sobre hipnose

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  • o que todo profissional da saúde deveria saber sobre hipnose

  • Introdução

    O que você vai encontrar aqui

    O que é a hipnose

    4 mitos da hipnose

    Exemplos científicos da eficácia

    Como acontece a hipnoterapia?

    Indução hipnótica

    Sugestões

    O que é possível tratar com hipnose?

    Entrevista com Irving Kirsch

    A regulamentação da hipnose clínica

    Amparo legal no Brasil

    Conselho Federal de Medicina (CFM)

    Conselho Federal de Odontologia (CFO)

    Conselho Federal de Psicologia (CFP)

    Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO)

    Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)

    Indicações de leituras

    Um último (e importante) recado

    Índice dinâmicoClique nos links abaixo e vá direto para

    o conteúdo que deseja ler.

  • A hipnose é uma ferramenta valiosa para a área da saúde pelos seus resultados comprovados cientificamente e ausência de efeitos colaterais. É comum que muitas pessoas questionem sobre o método, especialmente, sobre os resultados – mas contra fatos não há argumentos, certo?

    É possível, por exemplo, ajudar um paciente a controlar uma dor ou crise de ansiedade de uma forma rápida e não medicamentosa. Imagine só essa ferramenta em contextos de emergência. Seria incrível, não é?

    Segundo Erick Heslan, psicólogo e cofundador da Sociedade Brasileira de Hipnose, todo profissional da saúde deveria aprender a teoria e a prática da técnica durante a graduação, mesmo que apenas para conhecer suas possibilidades. O que vemos hoje nas universidades, contudo, são informações desatualizadas e carregadas de preconceito.

    Assim como a evolução das pesquisas na área da psicologia e da neurociência, a hipnose também se transformou. Hoje, temos resultados mais consistentes e, além disso, muito espaço para associar a hipnose aos trabalhos já executados no campo da saúde.

    É por isso que, ao longo deste ebook, vamos aprofundar no que diz respeito à regulamentação, às pesquisas científicas e às possibilidades profissionais nas áreas da saúde.

  • O que você

    vai encontrar neste ebook :

    Depois de ler este material, você saberá:

    - O que é a hipnose- Mitos da hipnose- Como funciona a hipnose clínica - Exemplo científico da eficácia de um tratamento com hipnose- O que é possível tratar com a hipnose e suas aplicações clínicas- A regulamentação da hipnose por Conselhos de Saúde - Detalhes sobre a aplicação da hipnose na Medicina, na Odontologia, na Psicologia, na Fisioterapia e em Terapias Ocupacionais- Dicas de leituras científicas - Orientação de cursos para se tornar um hipnoterapeuta

    É hora de conhecer o melhor do mundo da hipnose e suas inúmeras possibilidades. Boa leitura!

  • O que é a hipnoseDe acordo com a Associação Americana de Psicologia – e com algumas considerações da Sociedade Brasileira de Hipnose (SBH) –, a hipnose é um estado de consciência induzido intencionalmente que envolve atenção concentrada e consciência periférica reduzida, caracterizada por uma maior capacidade de resposta à sugestão. Nesse estado, o sujeito é conduzido a experimentar mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamentos, sempre orientado a um objetivo.

    Em um recorte clínico, a hipnose no campo da saúde é uma realidade para diferentes profissionais da área, sejam eles psiquiatras, psicólogos, dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos ou enfermeiros.

    Para entender a potência de um tratamento com hipnose e ajudar a desmistificar o que dizem por aí, é importante saber que um “estado hipnótico” é facilmente atingido em tarefas corriqueiras do dia a dia.

  • Isso pode acontecer durante, por exemplo, a resolução de uma equação matemática complexa, ao assistir um filme ou mesmo quando você está super envolvido na leitura de uma história que prende completamente a sua atenção. Em momentos como esses, em que estamos totalmente imersos e concentrados em determinada atividade, estamos mais suscetíveis às sugestões – e esta é uma boa explicação para você chorar em filmes ou se emocionar com propagandas de TV.

    É por ter cada vez mais sucesso em diferentes tratamentos que a hipnose vem ganhando adeptos. Uma de suas principais vantagens é o fato de não causar efeitos colaterais ou riscos consideráveis à saúde. Mas vale lembrar, sempre, que os profissionais que aplicam a hipnoterapia devem ter a devida qualificação para seguir com a técnica.

    Agora, vamos conhecer algumas teorias que existem por aí (e certamente você já ouviu pelo menos metade delas) que não são verdadeiras. Esse pode ser, aliás, um ótimo início de caminho para introduzir os seus pacientes à possibilidade de tratamento com a hipnose clínica. Vamos lá!

  • 4 mitos da hipnose

    1 - Estar em estado hipnótico e estar dormindo é a mesma coisa

    Definitivamente não.

    Embora o paciente fique em um estado de relaxamento, na hipnose, a mente dele está totalmente concentrada e, até mesmo por isso, ele poderá se lembrar depois de tudo que ocorreu.

    2 - O paciente será forçado a contar seus segredos ou revelar o que não quer

    Imagine uma sessão de terapia convencional. É comum que os pacientes contem coisas que não contariam em outras situações não por não querer, mas por entender que aquela revelação é importante para o seu processo terapêutico.

    O mesmo acontece na hipnose. O paciente pode até revelar um segredo, mas jamais contra a sua vontade ou sem saber que está fazendo aquilo. Ele escolhe o que falar, e o profissional respeitará a confidencialidade da sessão.

  • 3 - O paciente corre o risco de perder a consciência

    Não há nenhuma possibilidade disso acontecer. Ele pode, no máximo, entrar em um estado de relaxamento tão profundo que acabará dormindo – e somente isso.

    Existem pessoas que manifestam uma amnésia espontânea, dando uma sensação de “apagão”, mas, nesses casos, basta o profissional dar uma sugestão para ele lembrar de tudo.

    4 - Apenas pacientes fracos conseguem ter sucesso com a hipnose

    De maneira alguma. Todas as pessoas com plenas capacidades cognitivas podem ser hipnotizadas, porque o estado hipnótico é muito parecido com o alto grau de concentração que se atinge ao fazer um exercício de lógica, por exemplo. É um estado comum de consciência, então, não há nada de mágico ou anormal no processo.

    O sucesso da hipnose no campo da saúde, contudo, depende do quanto o paciente está aberto e realmente disposto a realizar o processo. Como em qualquer outra atividade, será mais difícil ter êxito caso ele não acredite ou esteja extremamente resistente.

  • Um (de vários)

    exemplos científicos

    que comprovam

    a eficácia da hipnoterapia Em 2003, a Gut, uma publicação internacional líder em gastroenterologia e hepatologia, publicou um estudo que revela de forma simples o potencial da hipnose.

    Intitulado Benefícios de longo prazo da hipnoterapia para a síndrome do intestino irritável, o estudo selecionou 204 pessoas (com síndrome do intestino irritável) e fez com elas um tratamento composto por 12 sessões, com uma hora cada.

    Depois das sessões, 75% das mulheres e 58% dos homens disseram que sentiram um alívio significativo dos sintomas imediatamente após o fim do tratamento.

    Dentro desse mesmo grupo que relatou a melhora imediata, mais de 80% sentiram as melhoras até seis anos depois.

    E os dados incríveis não param por aí: apenas menos de 10% dos participantes escolheram seguir com outro tratamento após esse teste.

  • E como, afinal,

    acontece a

    hipnose clínica ou a hipnoterapia?

    Como já falamos no início deste ebook, a hipnose é definida pela Associação Americana de Psicologia como um processo em que um profissional de saúde, devidamente capacitado e especializado, sugere mudanças nas sensações, crenças e comportamentos de um paciente.

    O seu uso para fins terapêuticos – ou seja, a prática da hipnoterapia – é, basicamente, a indução do paciente a um estado de concentração e relaxamento, que naturalmente provoca um rebaixamento crítico, onde é conduzido um processo terapêutico através de sugestões.

  • Basicamente, as etapas de um processo terapêutico de hipnose passa por 5 fases:

    1 - uma conversa prévia, em que há uma explicação de como funciona o processo e o recolhimento de informações sobre o objetivo do paciente;

    2 - a entrevista, também conhecida como anamnese, em que há uma conversa e investigação por parte do profissional para conhecer melhor o paciente e entender os problemas que quer tratar;

    3 - a indução hipnótica, que conduz o paciente para se engajar no processo por meio de sugestões mais simples, como a imaginação de sons e cenários;

    4 - as sugestões, quando acontece efetivamente a hipnose, em que o especialista sugere frases, imagens e desenhos de acordo com o objetivo para seguir com o processo terapêutico;

    5 - a dehipnotização, por fim, em que o paciente é conduzido para a saída daquele estado de relaxamento e concentração.

  • Entenda melhor sobre

    a indução hipnóticaSe você ficou em dúvida assim que leu o termo no parágrafo acima, vamos um pouco mais a fundo.

    A indução hipnótica é simplesmente o procedimento que o profissional utiliza para que a pessoa experimente o estado hipnótico. Ela pode ser conduzida de diferentes maneiras, e é natural que cada profissional tenha a sua. Mas, mais importante do que a técnica é a expectativa, o resultado e o ritual em si.

  • Saiba mais

    sobre as

    sugestõesNesta etapa do processo, o profissional faz uma sugestão ao paciente – isto é: um recurso da comunicação que sugere ao paciente um comportamento não intencional (e o fato de ser não intencional é a principal diferença entre sugestão e instrução).

    Entenda melhor: se ele disser ao paciente “levante a mão”, está dando uma instrução; mas, se ele sugerir que a mão do paciente está calmamente subindo, ficando mais leve, é uma sugestão.

  • Quando falamos

    da hipnose

    no campo da

    saúde, o que é possível tratar?

    Há uma série de possibilidades e, entre elas, estão:

    - Depressão - Bipolaridade- Ansiedade- Cessação do tabagismo- Emagrecimento- Alergias - Problemas sexuais - Transtornos alimentares- Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)- Insônia - Enxaqueca- Dores crônicas - Bruxismo

  • Palavras

    de quem domina o assunto Uma entrevista com Irving Kirsch, nomeado professor e investigador referência na hipnose clínica, revela informações importantes sobre a hipnose no campo da saúde. Ela foi disponibilizada na publicação Análise Psicológica e conduzida por Cláudia Carvalho.

    Abaixo, selecionamos alguns trechos que trazem esclarecimentos fundamentais para você entender a importância e os potenciais que a hipnose clínica pode trazer para o seu trabalho.

    Importante: alguns trechos foram editados e reduzidos para uma leitura mais rápida, sem comprometer a essência do conteúdo.

  • De que falamos quando falamos de hipnose?

    Em primeiro lugar, deixe-me esclarecer que o que vamos falar é de hipnose clínica e não de hipnose de palco, que é uma coisa muito diferente.

    A hipnose clínica consiste numa situação em que uma pessoa, um hipnotizador ou um terapeuta, faz sugestões de mudanças específicas na experiência de um sujeito ou paciente. Estas sugestões poderão ser, por exemplo, a sugestão de que vai sentir menos dor, ou menos ansiedade numa situação particular (...)

    Assim poderemos usar a hipnose num quadro de referência cognitivo-comportamental, psicanalítico, ou qualquer outro. Qualquer abordagem terapêutica pode ser incrementada com a adição da hipnose.

    Quais as aplicações clínicas da hipnose?

    Tudo o que se pode fazer num contexto clínico pode fazer-se utilizando a hipnose. Por exemplo, se se vai utilizar técnicas de relaxamento num contexto de intervenção clínica, por exemplo para tratar um distúrbio do sono (de origem psicológica) ou de ansiedade, o procedimento de relaxamento pode utilizar a hipnose e pode-se ensinar aos pacientes auto-hipnose (...)

    Sabemos a partir dos estudos empíricos que a hipnose aumenta a eficácia das intervenções, ou seja, as pessoas experimentam ainda menos ansiedade do que se lhes apresentarmos o procedimento apenas como relaxamento.

  • Do mesmo modo pode-se explorar temas pessoais no contexto da hipnose, situação em que a hipnose fornece uma atmosfera relaxada e facilitadora da introspecção pessoal onde o paciente poderá se sentir mais confortável ou compreender melhor qual o seu papel no contexto da psicoterapia.

    E no âmbito da Psicologia da Saúde?

    Um dos mais estudados, melhor avaliados e mais úteis aspectos da hipnose no campo da Psicologia da Saúde é a sua capacidade para reduzir a dor. Isto é algo que é conhecido e estudado há mais de 150 anos. Sabemos que quanto mais sugestionável a pessoa for, mais benefício poderá retirar de uma redução de dor através da hipnose. Sabemos também que cerca de 75% da população pode alcançar uma redução da dor significativa através da utilização da hipnose e da sugestão auto hipnótica.

    A hipnose tem sido estudada em muitos contextos de doenças que envolvem dor, como a doença oncológica, queimaduras e dor pós-operatória e em todos estes contextos tem-se conseguido obter uma redução substancial da dor, que iguala ou ultrapassa qualquer outro procedimento psicológico conhecido para controle da dor. As pessoas, depois de aprender hipnose e auto-hipnose, não só referem sentir menos dor, como também consomem menos medicação para redução da dor. Uma outra aplicação bastante bem documentada é a do tratamento da obesidade (...)

  • De acordo com a investigação realizada até a data em programas de controle do peso coadjuvados com hipnose, esta parece prevenir a recuperação do peso, tendo-se verificado a manutenção do peso desejado ao fim de dois anos.

    A investigação empírica em hipnose tem já uma longa história de cerca de 75 anos. Quais as questões de investigação que já estão respondidas e quais as que permanecem por responder?

    Os efeitos da hipnose na memória foram já bem estabelecidos. Nós sabemos que a hipnose aumenta os relatos mnésicos, mas metade dessas novas memórias não são precisas, ou seja, a hipnose não aumenta a precisão com que nos recordamos das coisas.

    Sabemos também que há fortes diferenças individuais na responsividade à hipnose: a maior parte das pessoas é capaz de responder a algumas sugestões hipnóticas mas não a outras, há algumas pessoas que são capazes e responder a praticamente qualquer sugestão, e algumas pessoas não respondem a nenhuma (...)

    Sabemos que a responsividade à hipnose é bastante estável, tem uma correlação teste-reteste de cerca de .75 num período de 25 anos, o que é bastante impressionante (...)

  • O melhor correlato da hipnotizabilidade é a expectativa. A crença da pessoa de que vai ser capaz de experimentar a hipnose é um bom predictor da extensão com que ela a experimenta. Não é uma correlação muito alta, mas é a mais alta correlação encontrada para um predictor da resposta hipnótica. O segundo melhor predictor é a motivação, que adiciona um pouco de poder predictivo. Em terceiro lugar temos um conjunto de variáveis que estão altamente correlacionadas entre si e que medem coisas como a tendência à fantasia, isto é, a capacidade para se deixar envolver em atividades imaginativas, como deixar-se envolver a ver o pôr do sol (...)

    Sabemos também alguma coisa acerca dos determinantes sociais da resposta hipnótica. Estes fatores sociais são as expectativas, as crenças e a motivação. As crenças das pessoas determinam como é que elas vão responder à hipnose, se vão ou não ficar relaxadas, e o que é que vai acontecer quando elas estão hipnotizadas. As crenças parecem ser o maior determinante do que acontece quando se está hipnotizado. Este tema está bastante estudado e é bem conhecido.

    O que é menos bem conhecido, e eu penso que esta é talvez a área mais importante na investigação de base em hipnose, é quais são os processos cognitivos pelos quais as pessoas são capazes de ter as experiências alteradas que têm quando respondem a uma sugestão hipnótica. Por exemplo, sabemos que se dermos uma sugestão a uma pessoa para olhar para algo e não ver esse algo, as pessoas

  • muito sugestionáveis verão apenas duas bolas, não verão a terceira bola, e nós podemos verificar que elas não estão a mentir por meio de estudos (...) Nós sabemos que as pessoas são capazes disso, mas não sabemos como o fazem. Provavelmente está relacionado com um fenômeno similar que tem lugar fora da hipnose e que é a cegueira não intencional (um fenômeno no qual a pessoa não vê algo que é claramente visível porque a sua atenção está dirigida para outro lado).

    Quais deverão ser os cuidados a ter por parte de uma pessoa que esteja interessada em utilizar a hipnose para tratar uma determinada condição clínica?

    Em primeiro lugar, deverá procurar um terapeuta que deverá estar qualificado para fazer o tratamento que a pessoa procura, não possuir apenas formação em hipnose. Ter uma pessoa que apenas sabe hipnose mas que não está qualificada para uma intervenção clínica é como ter alguém que apenas sabe dar uma injecção de novocaína e, a seguir, faz um tratamento dentário, o que é evidentemente insuficiente, pois é preciso ter estudado medicina dentária para se poder praticar intervenções dentárias. Já agora é útil referir que muitos dentistas utilizam a hipnose para controlar a ansiedade e a dor que algumas pessoas sentem durante os tratamentos dentários.

  • É importante compreender que a hipnose não é uma terapia, é uma ferramenta que se usa no contexto de uma terapia. Por essa razão, não existe hipnoterapia isoladamente. Um psicólogo clínico ou da saúde pode usar a hipnose, tal como um médico ou um enfermeiro ou outro profissional de saúde qualificado pode considerar a utilização da hipnose útil para incrementar um tratamento. A chave para saber se alguém está a usar a hipnose de forma legítima é perguntar “esta pessoa está fazendo um tratamento para o qual estaria qualificada se não estivesse a usar hipnose?” Se a resposta for sim, trata-se de um uso legítimo e a hipnose é potencialmente muito útil. Se a resposta for não, então está perante uma pessoa que está a praticar a psicologia ou a medicina (ou outra profissão no âmbito da saúde) sem possuir as credenciais para tal.

    A entrevista na íntegra pode ser consultada aqui.

  • A regulamentação da hipnose clínica

    A partir da entrevista com o professor Irving Kirsch, é muito óbvio quando e como um especialista pode utilizar a hipnose no campo da saúde, certo? E a principal delas diz respeito ao profissional já saber e ser especializado para seguir com determinado procedimento com ou sem a hipnose. Ou seja: se você é psiquiatra e deseja incrementar seus atendimentos com a hipnose, isso é perfeitamente possível. Não é possível, contudo, que uma pessoa que saiba hipnose queira aplicá-la para fins psiquiátricos sem mesmo ter formação na área.

    Mas, para você entender que é completamente plausível utilizá-la em seu trabalho como médico (ou outras áreas da saúde), trouxemos algumas evidências listadas abaixo. Diferentes Conselhos de Saúde já regulamentaram a prática e direcionam algumas utilizações. Acompanhe!

  • O amparo legal sobre o uso da

    hipnose clínica

    no BrasilNão existe uma legislação específica sobre o uso da hipnose no Brasil. As regulamentações de cada uma das áreas da saúde, que serão mais detalhadas a seguir, trazem amparo legal para a prática.

    Cada uma dessas regulamentações trazem conceitos e fundamentos para o uso científico das técnicas de hipnose, tendo em vista que elas podem ser alternativas que auxiliam ou complementam tratamentos convencionais.

    O seu paciente que sofre de depressão, por exemplo, pode conciliar o tratamento fisiológico, com os remédios que você receitar, com a hipnose clínica. O mesmo vale para outras áreas da saúde.

    Aqui no Brasil, o Conselho Federal de Odontologia foi o pioneiro no reconhecimento da hipnose como recurso clínico, em 1993. Depois, em 1999, veio o Conselho Federal de Medicina, seguido do Conselho Federal de Psicologia (2000). Em 2010, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapias Ocupacionais fez o mesmo, e mais recentemente, em 2018, o Conselho Federal de Enfermagem.Vamos aos detalhes!

  • Conselho Federal de Medicina (CFM)

    Na regulamentação da hipnose em Medicina, a ementa garante que “hipnose é reconhecida como valiosa prática médica, subsidiária de diagnóstico ou de tratamento, devendo ser exercida por profissionais devidamente qualificados e sob rigorosos critérios éticos. O termo genérico adotado por este Conselho é o de hipniatria”.

  • Veja os tópicos presentes na regulamentação e entenda os principais direcionamentos para aplicação da hipnose na área da Medicina:

    - Como uma técnica que promove saúde e exercícios profiláticos em indivíduos sujeitos a estresse;- Como um método através do qual o indivíduo pode controlar funções autonômicas e, deste modo, superar sintomas desagradáveis ou perturbações autônomas;- Como um tratamento para uma ampla variedade de condições psicossomáticas;- Como um subsidiário na psicoterapia, liberando memória reprimida e sensações, especialmente produzindo catarse em pacientes que sofrem de sintomas histéricos;- Como um método que alivia dor e induz anestesia ou analgesia;- Nos diferentes setores da clínica e cirurgia, notadamente em obstetrícia;- Como tranquilização para o alívio dos estados de ansiedade e apreensão, qualquer que seja a sua causa;- Em qualquer condição na qual a psicoterapia possa ser útil;- No controle de alguns hábitos (ex.: tabagismo);- Experimentalmente em qualquer pesquisa, no campo psicológico e/ou neurofisiológico, e outros.

  • Existem, por outro lado, indicações para a não utilização da hipnose na Medicina. São elas:

    - Na remoção de sintomas, sem primeiro se saber a que finalidade servem;- Em qualquer condição onde o estado emocional do paciente não foi determinado;- Sem objetivo definido, apenas para satisfazer insistentes pedidos do paciente;- Para abolir determinadas sensações, a fadiga por exemplo, o que pode levar o paciente a ir além dos limites de sua capacidade física;- Em psicóticos, a hipnose só pode ser usada por um psiquiatra experiente, tendo em conta que não constitui uma boa indicação e pode até ser contra-indicada, como na esquizofrenia.

  • Conselho Federal de Odontologia (CFO)

    No artigo 1o, o documento prevê o reconhecimento “do exercício pelo cirurgião-dentista das seguintes práticas integrativas e complementares à saúde bucal: Acupuntura, Fitoterapia, Terapia Floral, Hipnose, Homeopatia e Laserterapia”. O mesmo documento traz, no artigo 20, algumas atribuições do hipnólogo na área. São elas:

    - Tratar e/ou controlar as ansiedades, os medos e as fobias relacionadas aos procedimentos odontológicos e/ou condições psicossomáticas relacionadas à Odontologia;- Condicionar o paciente para a adoção de hábitos de higiene, adaptação ao tratamento, ao uso de medicamentos, à reeducação alimentar, aos hábitos para funcionais, dentre outros;- Tratar e controlar distúrbios neuromusculares e intervir sobre reflexos autonômicos;- Preparar pacientes para cirurgias, contribuindo para a melhora do quadro do paciente;- Preparar pacientes para serem atendidos por outros profissionais;- Atuar na adaptação e motivação direcionada ao tratamento odontológico;- Utilizar anestesia hipnótica em casos pertinentes;- Uso em outros processos/situações relacionados ao campo de atuação do cirurgião-dentista.

  • Conselho Federal de Psicologia (CFP)

    A regulamentação da hipnose em Psicologia aprova o uso do recurso como complemento e auxílio ao trabalho do psicólogo, indicando que:

    - O uso da hipnose inclui-se como recurso auxiliar de trabalho do psicólogo, quando se fizer necessário, dentro dos padrões éticos, garantidos a segurança e o bem-estar da pessoa atendida; - O psicólogo poderá recorrer à hipnose, dentro do seu campo de atuação, desde que possa comprovar capacitação adequada, de acordo com o disposto na alínea “a” do artigo 1º do Código de Ética Profissional do Psicólogo (que diz que é um dever fundamental dos psicólogos conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir o Código);- É vedado ao psicólogo a utilização da hipnose como instrumento de mera demonstração fútil ou de caráter sensacionalista e que crie situações constrangedoras às pessoas que estão se submetendo ao processo hipnótico.

  • Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO)

    A resolução deste Conselho autoriza “a prática pelo fisioterapeuta dos atos complementares ao seu exercício profissional regulamentado”, o que inclui a hipnose e outras práticas (como fitoterapia, terapia floral, magnetoterapia, fisioterapia antroposófica e mais).

  • Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)

    Neste Conselho, o uso da hipnose está incluso como especialidade possível ao enfermeiro na área de abrangência I, referente à “Saúde Coletiva; Saúde da Criança e do Adolescente; Saúde do Adulto (Saúde do Homem e Saúde da Mulher; Saúde do Idoso; Urgências e Emergências)”.

  • É possível consultar mais detalhes acerca da regulamentação de cada uma dessas áreas da saúde acessando os próprios links dispostos no título de cada um dos tópicos acima.

  • O que ler para se aprofundar no assunto e ter fundamentos científicos Existem diversos estudos que relacionam a prática da hipnose no âmbito da saúde que analisam e trazem comprovações científicas sobre a prática.

    Além dos que já foram citados neste post, listamos outros abaixo, com seus respectivos links. Aproveite para já salvar cada um deles e incluir em sua rotina de leitura, combinado?

    - Hipnose na cessação tabágica - Mudando a mente: hipnose e diabetes - Hipnose como prática complementar no controle da dor, ansiedade e depressão em pacientes oncológicos do trato digestório

    - Psicologia da Saúde: desafios à promoção da saúde em doenças crônicas

    - Um estudo psicossomático em pacientes com câncer de próstata

    - A prática de hipnose e a ética médica - O uso da hipnose na medicina dentária - A hipnose como aliada terapêutica - O diagnóstico da depressão pós-parto e o uso da hipnoterapia cognitiva no tratamento

  • Se você chegou ao fim deste ebook e entendeu que, definitivamente, a hipnose no campo da saúde pode se tornar uma verdadeira aliada ao tratamento dos seus pacientes, não perca tempo! A SBH tem formações profissionais em hipnose clínica para profissionais da saúde.

    Clique aqui para saber mais.