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Ana Filipa de Jesus Pereira O Museu Municipal de Coimbra: Contributos para o Programa do Núcleo Museológico do Carro Elétrico Relatório de Estágio de Mestrado em Política Cultural Autárquica, orientado pela Doutora Maria Margarida Sobral da Silva Neto, apresentada ao Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2016

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Page 1: O Museu Municipal de Coimbra: Contributos para o Programa ... Filipa J... · O presente trabalho corresponde ao relatório de estágio do Mestrado em Política Cultural Autárquica

Ana Filipa de Jesus Pereira

O Museu Municipal de Coimbra:

Contributos para o Programa do Núcleo Museológico do Carro Elétrico

Relatório de Estágio de Mestrado em Política Cultural Autárquica, orientado pela Doutora Maria Margarida Sobral daSilva Neto, apresentada ao Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letrasda Universidade de Coimbra

2016

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Faculdade de Letras

O Museu Municipal de Coimbra: Contributos para o

Programa Museológico do Núcleo do Carro Elétrico

Fotografia da capa: José Meneses

Ficha Técnica:

Tipo de trabalho Relatório de Estágio de MestradoTítulo O Museu Municipal de Coimbra: Contributos para o

Núcleo Museológico do Carro ElétricoAutor/a Ana Filipa de Jesus Pereira

Orientador/a Doutora Maria Margarida Sobral da Silva NetoJúri Presidente: Doutor Saúl António Gomes Coelho da

SilvaVogais:1. Doutora Irene Maria de Montezuma de Carvalho

Mendes Vaquinhas2. Doutora Maria Margarida Sobral da Silva Neto

Identificação do Curso 2º Ciclo em Política Cultural AutárquicaÁrea científica HistóriaData da defesa 17-10-2016

Classificação 17 valores

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Resumo

O presente trabalho corresponde ao relatório de estágio do Mestrado em Política

Cultural Autárquica. Integra-se na preservação do património cultural da cidade de

Coimbra e visa contribuir para o conhecimento da sua memória e identidade.

Propõe-se fazer uma análise aos cerca de 100 anos da história da tração elétrica

em Coimbra, tendo sido estudado o período de 1914 a 1930, privilegiando a sua relação

com o crescimento do espaço urbano.

Tem como principal objetivo contribuir para o enriquecimento dos conteúdos do

futuro Núcleo do Carro Elétrico do Museu Municipal de Coimbra.

Palavras-chave: Tração elétrica; Coimbra; história; história urbana; Museu Municipal

de Coimbra

Abstract

The following paper represents the internship report of the Master Degree in

Municipal Cultural Policy. It integrates the preservation of the cultural heritage of the city

of Coimbra and aims to contribute to the recognition of its memory and identity.

It studies the nearly 100 years of history of electric traction in Coimbra,

considering the period from 1914 to 1930, focusing on its association with the urban space

expansion.

The principal goal is to contribute to the content enrichment of the future Electric

Car Nucleus of the Municipal Museum of Coimbra.

Keywords: Electric Traction; Coimbra; History; Urban History; Municipal Museum of

Coimbra.

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Índice

Agradecimentos _______________________________________________________ 4

Lista de Siglas _________________________________________________________ 5

Lista de Figuras ________________________________________________________6

Introdução____________________________________________________________ 7

I – O Museu Municipal de Coimbra

1.1 Caracterização Geral _________________________________________ 11

1.2 O Edifício Chiado e a Coleção Telo de Morais _____________________15

1.3 Núcleos

1.3.1 Torre de Almedina – Núcleo da Cidade Muralhada _____________18

1.3.2 Torre de Anto – Núcleo da Guitarra e do fado de Coimbra _______20

1.4 Futuros Núcleos ______________________________________________22

II – Atividades desenvolvidas durante o estágio ______________________________24

III – O Núcleo do Carro Elétrico

3.1 Contextualização Histórica _____________________________________27

3.2 Apresentação Geral do Núcleo __________________________________ 30

3.3 A Remise: Musealização do Espaço ______________________________ 32

IV – O Carro Elétrico em Coimbra (1914-1930)

4.1 Fontes ______________________________________________________36

4.2 Metodologia e Objetivos da pesquisa _____________________________ 37

4.3 O Carro Elétrico na Imprensa Local______________________________38

Conclusão ___________________________________________________________ 42

Anexos ______________________________________________________________44

Fontes e Bibliografia ___________________________________________________56

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Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço à Doutora Margarida Sobral Neto pela forma

dedicada como orientou o meu trabalho.

À Dra. Elisabete Carvalho pela excelência com que orientou o meu estágio e pelos

vastos conhecimentos de museologia que me transmitiu ao longo do mesmo.

A toda a equipa do Museu Municipal de Coimbra (Dra. Ágata Antunes, Dra. Joana

Barata, Dra. Berta Duarte, Dra. Paula Moura Relvas, Dra. Andrea Neves, Dra. Raquel

Magalhães, António Martins, João Bacelar e Maria José Firmo) pela forma como me

acolheram nesta primeira experiência no mundo do trabalho.

Agradeço aos meus pais, irmã e cunhado pelo apoio e por sempre acreditarem em

mim.

Aos meus amigos.

A todos o meu mais sincero agradecimento.

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Lista de Siglas

ICOM – International Council Of Museums

MMC – Museu Municipal de Coimbra

DBAM – Divisão de Bibliotecas, Arquivos e Museus

CMC – Câmara Municipal de Coimbra

Procentro – Programa Operacional da Região Centro

RPM – Rede Portuguesa de Museus

LQMP – Lei Quadro dos Museus Portugueses

APOM – Associação Portuguesa de Museus

BIP – Banco Intercontinental Português

NCE – Núcleo do Carro Elétrico

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Lista de Figuras

Figura 1 – Edifício Chiado/Coleção Telo de Morais

Figura 2 – Torre de Almedina/Núcleo da Cidade Muralhada

Figura 3 – Torre de Anto/Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra

Figura 4 – Remise/ Futuras instalações do Núcleo do Carro Elétrico

Figura 5 – Recorte de imprensa: Gazeta de Coimbra nº464, 5 de janeiro de 1916

Figura 6 – Recorte de imprensa: Gazeta de Coimbra nº702, 4 de abril de 1918

Figura 7 – Recorte de imprensa: Gazeta de Coimbra nº822, 11 de fevereiro de 1919

Figura 8 – Recorte de imprensa: Gazeta de Coimbra nº488, 1 de abril de 1916

Figura 9 – Recorte de imprensa: Gazeta de Coimbra nº2149, 28 de janeiro de 1928

Figura 10 – Recorte de imprensa: Diário de Coimbra nº58, 21 de julho de 1930

Figura 11 – Recorte de imprensa: Gazeta de Coimbra nº2309, 26 de fevereiro de 1929

Figura 12 – Recorte de imprensa: Gazeta de Coimbra nº510, 17 de junho de 1916

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Introdução

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Este trabalho corresponde ao Relatório de Estágio desenvolvido no Museu

Municipal de Coimbra entre outubro de 2015 e fevereiro de 2016.

Representa a conclusão do curso de 2ºciclo em Política Cultural Autárquica,

ministrado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e cujo objetivo é dotar

futuros técnicos superiores com “instrumentos científicos, metodológicos e culturais

passíveis de potenciar a sua capacidade de inovação, de trabalho interdisciplinar e em

rede com vista à dinamização de uma política cultural das múltiplas valências

patrimoniais e culturais (…)”1.

Integrando-se no âmbito do património cultural, este relatório está relacionado

com a memória e identidade de uma localidade, e tem como principal objetivo contribuir

para o enriquecimento dos conteúdos do futuro Núcleo do Carro Elétrico do Museu

Municipal de Coimbra.

Museu, que deriva do latim museum, tem a sua origem na palavra mouseion, “casa

das musas”, teve ao longo da história numerosas aplicações e significados até chegar ao

seu significado atual.

A definição utilizada atualmente é a do International Council of Museums

(ICOM)2: “O museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da

sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva e expõe o

património material e imaterial e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e

deleite”3. Em Portugal, para além da definição do ICOM, podemos utilizar também o

conceito presente na Lei-Quadro dos Museus Portugueses: “Museu é uma instituição de

carácter permanente, com ou sem personalidade jurídica, sem fins lucrativos, dotada de

uma estrutura organizacional que lhe permite: garantir um destino unitário a um conjunto

de bens culturais e valorizá-los através da investigação, incorporação, inventário,

documentação, conservação, interpretação, exposição e divulgação, com objetivos

científicos, educativos e lúdicos; facultar acesso regular ao público e fomentar a

democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da sociedade”4.

1 Veja-se a apresentação do curso em https://apps.uc.pt/courses/PT/course/1437 [consultado em12/07/2016]2 O ICOM é a maior organização internacional de museus e profissionais de museus dedicada à preservaçãoe divulgação do património natural e cultural mundial, do presente e do futuro, tangível e intangível. Criadoem 1946, o ICOM é uma organização não-governamental (ONG) que mantém relações formais com aUNESCO e tem estatuto consultivo no Conselho Económico e Social das Nações Unidas. Vd. http://icom-portugal.org/pagina,123,152.aspx [consultado em 12/07/2016]3 Vd. http://icom-portugal.org/documentos_def,129,161,lista.aspx [consultado em 12/07/2016]4 Lei nº 47/2004 de 19 de agosto que aprova a Lei Quadro dos Museus Portugueses, pode ser consultadaem http://www.patrimoniocultural.pt/static/data/conservacao_e_restauro_ljf/lei_47-2004.pdf [consultadoem 12/07/2016]

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O município de Coimbra, detentor de um vasto património histórico e artístico,

conta atualmente com cerca de 20 espaços museológicos, tais como o Museu Nacional de

Machado de Castro, o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, o Museu da Água

de Coimbra ou a Casa-Museu Bissaya Barreto, entre outros espaços.

Este trabalho foca-se numa instituição museológica polinucleada, instalada na

cidade de Coimbra – o Museu Municipal de Coimbra – resultando do estágio realizado

entre outubro de 2015 e fevereiro de 2016. O Relatório divide-se em quatro partes, sendo

que a primeira corresponde à apresentação da instituição; a segunda ao trabalho

desenvolvido durante o estágio; a terceira corresponde à apresentação do núcleo sobre o

qual foi desenvolvida a pesquisa e a quarta parte apresenta o resultado do trabalho de

pesquisa sobre o carro elétrico na cidade de Coimbra de 1914 a 1930, com vista a

enriquecer o programa museológico do futuro núcleo do carro elétrico.

O trabalho aqui apresentado enquadra-se na temática da musealização da tração

elétrica, sendo maioritariamente património material. Em Portugal existem outros

exemplos da musealização da tração elétrica como o Museu da Carris, em Lisboa e o

Museu da STCP, no Porto.

O Museu Municipal de Coimbra ciente do seu objetivo de preservar e divulgar o

património do município pretende criar um núcleo dedicado à tração elétrica, que

constituiu um dos primeiros meios de transportes públicos em Coimbra, estando

intimamente ligado à história e evolução da cidade.

Assim o objetivo do trabalho realizado ao longo do meu estágio foi contribuir para

o enriquecimento do futuro núcleo museológico do carro elétrico, núcleo que permitirá

preservar um elemento identitário da cidade e contribuir para a preservação de um

conjunto de memórias associadas a este meio de transporte.

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Parte I

O Museu Municipal de Coimbra

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1.1 - Caracterização Geral

O Museu Municipal de Coimbra (MMC) encontra-se sob a tutela da Divisão de

Bibliotecas, Arquivos e Museus (DBAM) da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e é

atualmente composto por três núcleos museológicos: o Edifício Chiado que acolhe a

coleção Telo de Morais, a Torre de Almedina que acolhe o Núcleo da Cidade Muralhada

e a Torre de Anto que acolhe o Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra. Para além

destes três núcleos, a Sala da Cidade, nos Paços do Município, integra também o MMC.

O projeto museológico do MMC centra-se na temática da história da cidade e

pretende, de forma faseada, constituir-se como uma instituição polinucleada,

privilegiando os conteúdos, corretamente contextualizados em edifícios de importante

valor patrimonial.

Em 1995 é criado o Museu da Cidade de Coimbra e apresentada a sua candidatura

ao Programa Operacional da Região Centro «Procentro»5. O projeto inicial do museu

contemplava cinco espaços distintos: o Edifício Chiado (galeria da cidade, galeria de

ofícios tradicionais e imagoteca de Coimbra), a Torre de Anto (núcleo da memória da

escrita), a Torre de Almedina (arquivo histórico municipal), o refeitório do mosteiro de

Santa Cruz (galeria de exposições temporárias) e a Remise dos elétricos (museu dos

transportes urbanos). No entanto, em 1998, quando o casal Dr. José Carlos Telo de Morais

e Dra. Maria Emília Ferreira Telo de Morais propõe doar a sua coleção de arte ao

município o projeto inicial do Museu da Cidade de Coimbra seria alterado a fim de

integrar no Edifício Chiado a coleção Telo de Morais, transformando-o no primeiro Pólo

Museológico do Museu Municipal. Abriu ao público em julho de 2001.

No ano de 2003, abre o Núcleo da Cidade Muralhada, na Torre de Almedina, da qual

iremos falar no capítulo 1.3.1. Neste ano, são também propostas alterações ao projeto

inicial, que passa a incluir os seguintes núcleos: Núcleo da “Casa das Talhas”, que irá

tratar a transição da Coimbra Medieval para a Coimbra Moderna. O Núcleo da Coimbra

Judaica, que tem como objetivo explicar a existência de comunidades judaicas em

Coimbra, bem como a função de reabilitar antigas estruturas ligadas a esta temática. O

5 Programa do Quadro Comunitário de Apoio III, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional(FEDER), que consiste no financiamento de programas de desenvolvimento regional, orientados para asregiões menos desenvolvidas.Vd. http://www.qca.pt/fundos/feder.asp e http://www.qca.pt/n_qca/estrutura.asp [consultado em21/06/2016]

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Núcleo do Carro Elétrico, a instalar na antiga Remise dos Elétricos e que irá tratar da

história da tração elétrica, integrando-a na evolução da cidade durante a

contemporaneidade. E também o Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra cujo objetivo

é preservar as memórias de um instrumento e género musical característico da cidade de

Coimbra. Este último encontra-se aberto ao público desde julho de 2015.

Quando todos os núcleos estiverem abertos ao público será possível interpretar a

história da cidade de Coimbra desde a época medieval até à contemporaneidade.

Um marco importante para a história do Museu Municipal de Coimbra foi a sua

entrada para a Rede Portuguesa de Museus (RPM) em 2010. A RPM foi criada como uma

dependência do Instituto Português de Museus e «é um instrumento essencial na execução

da política museológica nacional e na qualificação dos museus portugueses»6. O MMC

começou o processo de credenciação no ano de 2009, processo que consiste na avaliação

e no reconhecimento da qualidade técnica dos museus candidatos, com o objetivo de

promover o acesso à cultura e o desenvolvimento do património cultural. Este processo é

voluntário e decorre da verificação de todas as funções museológicas7 enunciadas na Lei-

Quadro dos Museus Portugueses (LQMP).

As funções museológicas que um museu deve cumprir são: em primeiro lugar o

estudo e investigação8 , funções que fundamentam todas as outras. Neste aspeto, os

museus devem fazer estudos de rigor científico sobre o acervo a eles afeto e

posteriormente divulgar esses estudos ao público. O MMC tem promovido vários estudos

sobre o seu acervo, dos quais se destaca o 1º volume do Catálogo da Coleção Telo de

Morais: pintura e desenho, vencedor do prémio de melhor catálogo da Associação

Portuguesa de Museus (APOM). Para além dos estudos publicados o MMC realiza

também estudos, não publicados, sobre os seus acervos.

Outra função museológica é a incorporação9, que representa a integração de um

bem numa coleção. A incorporação compreende diversas modalidades10, sendo que a

coleção Telo de Morais, por exemplo, foi incorporada no MMC através da modalidade

de doação.

6 Vd. http://www.patrimoniocultural.pt/pt/museus-e-monumentos/rede-portuguesa/ [consultado em31/03/2016]7 LQMP, art. 7º.8 LQMP, art. 8º a 11º.9 LQMP, art. 12º, 13º e 14º.10As formas de incorporação são: compra, doação, legado, herança, recolha, achado, transferência, permuta,afetação permanente, preferência, dação em pagamento. LQMP, Art. 13º nº2.

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Da incorporação surge por necessidade a inventariação 11 , isto é, a “relação

exaustiva dos bens culturais que constituem o acervo próprio de cada museu”12. Esta

relação exaustiva visa identificar e individualizar cada bem cultural, tendo em vista a sua

interpretação e exposição. Neste momento o inventário do MMC encontra-se

informatizado no software Office Access da Microsoft, aguardando pelo software de

referência nacional para inventariação, o Matriz 3.013.

Um museu, enquanto espaço de preservação14 de património cultural, tem o dever

de conservação, ou seja, o museu deve conservar os seus bens e garantir as condições

adequadas promovendo as medidas necessárias à conservação dos bens culturais nele

incorporados. Neste aspeto, o MMC leva a cabo a chamada conservação preventiva,

fazendo controlo regular dos níveis de iluminação, temperatura e de humidade relativa.

Tem também garantido as condições de segurança15 fundamentais para a garantia da

proteção do seu acervo, nomeadamente com circuitos de videovigilância, uma central de

deteção de incêndios e de intrusos e de extintores dispersos pelos edifícios que constituem

o museu.

Para além da preservação, um museu tem o dever de dar a conhecer os seus bens

culturais, através da interpretação e exposição16, de forma a proporcionar o seu acesso

por parte do público. Através de um plano de exposições, o museu apresenta a sua coleção

ao público. O Edifício Chiado conta com a exposição permanente – Coleção Telo de

Morais – e no rés-do-chão conta com uma sala de exposições temporárias que alberga

exposições de arte contemporânea. No âmbito do Ano Zero: Bienal de Arte

Contemporânea de Coimbra, esta sala acolheu, de 31 de outubro a 29 de novembro de

2015, a exposição temporária: Encriptar, revelar. Uma gruta e uma clareira da autoria

de Alberto Carneiro e Francisco Tropa. O Edifício Chiado dispõe ainda da Galeria

Almedina, que acolhe exposições temporárias tais como Candura de Terra, de Sofia

Cravo, de 4 de fevereiro a 3 de abril de 2016, ou Crónicas Fotográficas A Essência do

Eu, de Vítor Murta, de 7 de abril a 5 de junho de 2015, e da Sala da Cidade, espaço que

também acolhe exposições temporárias como A Casa de Coimbra, de Pedro Cabrita Reis

que decorreu de 31 de outubro a 29 de novembro de 2015, no âmbito do Ano Zero: Bienal

11 LQMP, art. 15º e 16º.12 LQMP, art. 16º nº1.13http://www.matriz.dgpc.pt/pt_matriz30.php [consultado em 31/03/2016]14 LQMP, art. 27º a 36º.15 LQMP, art. 37º e 38º.16 LQMP, art. 39º, 40º e 41º.

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de Arte Contemporânea de Coimbra. A Torre de Almedina apresenta como exposição

permanente uma maqueta interpretativa da cidade medieval. Dispõe ainda de uma sala de

exposições temporárias. A Torre de Anto, embora não disponha de sala de exposições

temporárias, tem em exposição permanente a história da guitarra e do fado de Coimbra

através dos tempos.

Falta referir ainda a função educativa17 dos museus. Um museu deve desenvolver,

de forma sistemática, programas de mediação cultural e atividades educativas que

contribuam para o acesso do público ao património cultural. O MMC possui um serviço

educativo que define atividades de acordo com os programas dos Ministérios da Cultura,

Educação e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, promovendo também atividades

autónomas. Estas atividades são pensadas de acordo com o tipo de público, passando

pelos públicos escolar (Jardim-de-Infância, 1º, 2º, 3º Ciclos, Ensino Secundário e

Superior) geral e sénior. De entre as atividades desenvolvidas pelo MMC, destacam-se as

visitas guiadas, as oficinas temáticas e pedagógicas, percursos temático-interpretativos,

palestras e conferências.

Para além destas, o MMC valoriza a animação cultural, sendo exemplo disso a

reconstituição histórica dos Grandes Armazéns do Chiado, realizada em abril de 2010

aquando das comemorações do Centenário dos Grandes Armazéns do Chiado em

Coimbra.

As atividades do serviço educativo, quer para o público-geral quer para o escolar,

são extremamente importantes para a consciencialização, desde cedo, do património

artístico e cultural, e são também uma importante forma de divulgação do acervo que

constitui o museu.

Sintetizando o Museu Municipal de Coimbra caracteriza-se por ser uma estrutura

polinucleada que contribui para a preservação, interpretação e difusão do património

artístico da cidade de Coimbra, seguindo as funções museológicas previstas na Lei-

Quadro dos Museus Portugueses.

17 LQMP, art. 42º e 43º.

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1.2 – Edifício Chiado – História e Coleção Telo de Morais

Corria o ano de 1905 quando a Firma Nunes dos Santos e Companhia inaugurava

os Grandes Armazéns do Chiado em Lisboa, inspirados nos modelos parisienses. Este

equipamento de comércio teve tanto sucesso que a firma resolveu abrir mais filiais por

todo o país.

No ano de 1909, a então sociedade Nunes dos Santos e Companhia adquiriu um

imóvel na antiga rua da Calçada (atual rua Ferreira Borges) com o objetivo de aí instalar

a agência dos Grandes Armazéns do Chiado em Coimbra. Em abril de 1910 eram

inauguradas as novas instalações dos Grandes Armazéns do Chiado em Coimbra,

contando com a presença dos mais importantes meios jornalísticos nacionais e regionais

da época.

A nível arquitetónico foi dada grande prioridade à fachada em detrimento do

interior, tendo sido usadas estruturas de ferro. A fachada beneficiou de grandes montras

no piso térreo para que os transeuntes pudessem apreciar os produtos, e também de uma

marquise cuja decoração se inspirou na arte nova, tinha como objetivo “a proteção dos

pedestres do sol e da chuva. Neste caso convidava-se os transeuntes a abrigarem-se e a

apreciarem a montra e a exposição de produtos”18.

Devido ao enorme sucesso deste espaço comercial, em 1921, o edifício foi alvo

de remodelações sendo ampliado para mais três andares. No piso térreo vendiam-se os

perfumes, retrosaria, atoalhados, etc.; o primeiro andar destinava-se às confeções de

senhora e homem e também acessórios; no segundo andar ficavam os artigos de bazar,

loiças, vidros, ferragens, mercearia, etc.; o terceiro piso destinava-se aos móveis de

madeira e ferro, estofador e artigos de viagem19.

Este espaço foi o mais importante espaço comercial da cidade, até que na década

de quarenta começou a entrar em decadência e a perder alguma qualidade, algo que se

verificou também nas restantes filiais.

Em 1952 o edifício é vendido a Santiago Alvarez Mendes para servir de armazém

de tecidos para revenda grossista, tendo mais tarde iniciado uma fase de produção fabril,

18 MAGALHÃES, Raquel, “Edifício Chiado. Uma das curiosidades de Coimbra”. In Caminhos eIdentidades da Modernidade. 1910, O Edifício Chiado em Coimbra. Coimbra: Câmara Municipal deCoimbra. Museu Municipal, 2010, p. 207.19 Vd. MAGALHÃES, Raquel, “Edifício Chiado...”, p.213.

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passando a chamar-se Santix20. No ano de 1963 o edifício sofreu um grande incêndio

tendo os dois últimos pisos ficado muito danificados. A empresa recuperou o prédio tendo

aproveitado a ocasião para inscrever no topo da fachada “Santix desde 1900”.

Após este incêndio a autarquia passou a insistir com o proprietário para que

cessasse a atividade fabril naquele edifício uma vez que representava um perigo para a

rua Ferreira Borges. Na sequência destes acontecimentos, no ano de 1973 o edifício é

vendido ao Banco Intercontinental Português (BIP), nacionalizado em outubro de 1974.

Três anos após a sua nacionalização, e depois de uma grave crise de tesouraria, o BIP é

extinto e todos os seus valores ativos e passivos são transferidos para a posse do Banco

Pinto e Sotto Mayor.

Em 1977, o edifício Chiado passava para a propriedade do Banco Pinto e Sotto

Mayor, cujo objetivo passava por desmantelar o edifício a fim de o transformar numa

agência bancária. Em 1978, um grupo de cidadãos iniciou um movimento cívico,

denominado “Operação Chiado”, com o intuito de salvar o edifício, tendo dinamizando

várias ações culturais com o apoio de diversas empresas21.

Em 1978, o Banco Pinto e Sotto Mayor entregou simbolicamente a gestão do

Edifício Chiado à Câmara Municipal de Coimbra, tendo ali funcionado uma escola de

fado e também os primeiros serviços de cultura da autarquia: o Departamento de Ação

Educativa e Cultural.

Na sequência da “Operação Chiado” e da ocupação do espaço pela CMC, a

autarquia comprometeu-se a comprar o edifício, o que só veio a acontecer em 1984.

Entretanto, ainda em 1978, a CMC pediu a classificação do edifício como “Interesse

Público”, baseando-se num estudo do professor Pedro Dias da Faculdade de Letras da

Universidade de Coimbra, sendo este pedido aprovado pelo Instituto de Salvaguarda do

Património Cultural e Natural e ao qual o Banco Pinto e Sotto Mayor não se opôs. Este

processo embora se tenha desenrolado com rapidez no início, acabou por só ficar

concluído em 1997 e o decreto só foi publicado em 200222.

Depois da sua aquisição pela CMC este edifício passou a ser um espaço expositivo

de temas e obras diversas até que em 2001 se tornou no núcleo-sede do Museu Municipal,

albergando a coleção Telo de Morais. Esta coleção, valioso acervo artístico

criteriosamente selecionado de acordo com uma orientação estética e histórica, pelo casal

20 Vd. MAGALHÃES, Raquel, “Edifício Chiado...”, p.215.21 Vd. MAGALHÃES, Raquel, “Edifício Chiado...”, pp. 217-218.22 Vd. MAGALHÃES, Raquel, “Edifício Chiado...”, pp. 219-220.

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Telo de Morais, é composta por seis núcleos – pintura, mobiliário, cerâmica, escultura,

pratas e outras peças heterogéneas e encontra-se distribuída por três andares do edifício.

No núcleo da pintura, destacam-se as dos autores portugueses do século XIX e da

primeira metade do século XX. Existem ainda obras alusivas à temática religiosa que

datam dos séculos XVII e XVIII. O mobiliário português e indo-português remonta aos

séculos XVII e XVIII. Em relação à cerâmica, o núcleo mais extenso, embora contenha

peças de cerâmica europeia do século XVI, predomina a cerâmica chinesa das dinastias

Ming e Qing. Tendo como destaque uma peça da dinastia Yuan, um aquamanil em forma

de leão, extremamente raro. O núcleo da escultura é constituído quase na sua totalidade

por obras de arte sacra, das quais se destaca uma Nossa Senhora do Leite, da época de D.

João V. Quanto ao conjunto das pratas, trata-se de um conjunto diversificado dos séculos

XVII e XVIII do qual merece destaque uma salva da baixela de D. João V23.

Para além da Coleção Telo de Morais o Edifício Chiado dispõe ainda de dois

espaços de exposições temporárias, sendo um no rés-do-chão do edifício e o outro nas

traseiras do edifício: a Galeria Almedina, dispõe de uma biblioteca, composta

maioritariamente por obras de história da arte, uma sala para o serviço educativo, um

gabinete de conservação e os gabinetes de gestão e administração do museu.

FIGURA 1 – EDIFÍCIO CHIADO/COLEÇÃO TELO DE MORAIS

23 Vd. http://www.cm-coimbra.pt/index.php/areas-de-intervencao/cultura/museu-municipal/item/1493-edificio-chiado [consultado em 23/08/2016]

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1.3– Núcleos

1.3.1 – Torre de Almedina – Núcleo da Cidade Muralhada

Desde julho de 2003 que, após obras de requalificação, se encontra instalado na

Torre de Almedina o Núcleo da Cidade Muralhada.

Esta torre, de construção robusta, terá sido erguida no século XI e encima uma das

principais entradas na cidade. Após a consolidação da defesa do território em finais do

século XVI passou a funcionar aqui a Casa de Audiência ou Sala do Senado da Câmara

Municipal de Coimbra.

Acolheu em 1878 a Escola Livre das Artes do Desenho pela mão do Mestre

António Augusto Gonçalves.

Em maio de 1954 passou a albergar o Museu Etnográfico, de tutela municipal,

extinto em 1977, sendo o espaço da torre ocupado pelo Arquivo Histórico Municipal, que

foi transferido para a Casa Municipal da Cultura a fim de se realizarem obras de

requalificação da torre, com o intuito de se instalar o Núcleo da Cidade Muralhada24.

O Núcleo da Cidade Muralhada tem como objetivo expor a evolução da estrutura

defensiva da cidade de Coimbra, como o castelo, muralhas, torres e portas, relacionando-

a com o desenvolvimento urbano. Para tal é utilizada uma maquete interativa,

interpretativa da cidade e uma imagem panorâmica da cidade atual, onde se sobrepõe a

muralha, dando ao visitante uma melhor noção do espaço, permitindo-lhe fazer uma

melhor interpretação das primeiras construções da urbe25.

No piso superior da torre encontra-se um mirante sobre a cidade, intramuros e

arrabalde, que permite aos visitantes ter uma noção real do desenvolvimento urbanístico

da área.

A torre dispõe ainda de uma sala de exposições temporárias e de uma sala de

Serviço Educativo, onde são realizadas atividades exclusivamente vocacionadas para a

temática do núcleo.

24 Informações retiradas do folheto de apresentação da Torre de Almedina – Núcleo da Cidade Muralhada,disponível na Torre de Almedina.25 Vd. http://www.cm-coimbra.pt/index.php/areas-de-intervencao/cultura/museu-municipal/item/202-nucleo-cidade-muralhada [consultado em 23/08/2016]

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Este núcleo permite relacionar a interpretação da muralha com elementos de

arquitetura medieval conservados no edifício, tais como “mata-cães” e “seteiras”.

Além destes equipamentos, deste núcleo faz também parte um percurso pedonal,

sinalizado através de marcos no pavimento e painéis interpretativos, onde se poderão

observar vestígios da muralha, passando pelos locais onde existiram o castelo, as portas

da cidade e também as torres incorporadas na muralha26.

FIGURA 2 – TORRE DE ALMEDINA/NÚCLEO DA CIDADE MURALHADA

26 Vd. http://www.cm-coimbra.pt/index.php/areas-de-intervencao/cultura/museu-municipal/item/202-nucleo-cidade-muralhada [consultado em 23/08/2016]

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1.3.2 – Torre de Anto – Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra

Em julho de 2015 foi inaugurado o Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra, na

Torre de Anto, Monumento Nacional desde 193527.

A Torre de Anto integra-se no complexo defensivo da urbe medieval, fazendo

parte de um vasto conjunto de edificações que constituíam a cidade fortificada. Fica nas

proximidades da Torre da Contenda e o conjunto das duas torres permitia uma ampla

visibilidade para vigiar este troço da muralha.

No século XVI a torre foi adaptada a residência, sem que, no entanto, a sua

estrutura tivesse sido muito afetada. Já no século XIX, foi alvo de uma nova reforma

introduzindo-lhe janelas revivalistas e acrescentando-se-lhe mais um piso.

Em 1965, a torre foi cedida à Câmara Municipal de Coimbra, uma vez que se

encontrava na posse de privados, e entre 1979 e 1995 foi a Casa do Artesanato da Região

de Coimbra. Entre 1996 e 2001 albergou a “Memória da Escrita”.

Em 2013, recebeu obras de requalificação com vista à instalação do Núcleo da

Guitarra e do Fado de Coimbra. Este núcleo pretende preservar, promover e divulgar o

fado de Coimbra enquanto tradição urbana de raízes académicas.

Neste núcleo da história da guitarra e do fado de Coimbra encontra-se dividida

cronologicamente pelos quatro pisos da torre.

No primeiro piso encontra-se um pequeno auditório para projeção de filmes,

realização de conferências ou atividades relacionadas com o serviço educativo.

No segundo piso encontram-se os primórdios do fado de Coimbra, isto é, as

primeiras manifestações que terão estado na origem do fado de Coimbra e que convergem

para as remotas tradições culturais da cidade, terminando com as primeiras

demonstrações da individualização deste tipo de música coimbrã. Neste piso, que

corresponde ao piso da entrada, encontra-se também uma instalação em homenagem a

Carlos Paredes.

No terceiro piso encontra-se o período cronológico que coincide com o

movimento renovador modernista da canção de Coimbra (1920) sublinhando o processo

de erudição e intelectualização que o fado foi adquirindo.

27 Informações retiradas do folheto de apresentação da Torre de Anto – Núcleo da Guitarra e do Fado deCoimbra.

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No quarto piso está instalado o período referente ao movimento de contestação

política (1960) até à canção de intervenção (1974) e ainda a contemporaneidade.

Homenageia os intervenientes no Movimento da Trova28 , bem como os artistas que

participaram e deram voz à canção de intervenção, cuja manifestação foi determinante no

processo revolucionário de 1974. Por fim, faz-se ainda referência ao fado da atualidade,

como arte performativa em permanente construção.

Em todos os pisos é feita referência aos principais construtores, compositores,

guitarristas e instrumentos de cada período29.

Por último importa referir que em junho de 2016 este núcleo foi distinguido com

o prémio de Melhor Aplicação de Gestão Multimédia pela APOM30.

FIGURA 3 – TORRE DE ANTO/NÚCLEO DA GUITARRA E DO FADO DE COIMBRA

28 Símbolo da luta contra o regime.29 Informações recolhidas de um dossier com toda a documentação sobre o Núcleo da Guitarra e do Fadode Coimbra presente no MMC.30 Vd. http://www.cm-coimbra.pt/index.php/areas-de-intervencao/cultura/atualidade/item/3873-nucleo-da-guitarra-e-do-fado-de-coimbra-distinguido-com-1-premio-nacional [consultado em 23/08/2016]

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1.4 – Futuros Núcleos

Como foi referido anteriormente o MMC pretende, de forma faseada, tornar-se

numa estrutura polinucleada, com esse objetivo, para além dos três núcleos já existentes

– Coleção Telo de Morais, no Edifício Chiado, Núcleo Da Cidade Muralhada, na Torre

de Almedina e Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra, na Torre de Anto – encontram-

se projetados mais três núcleos: Núcleo “Casa das Talhas”, Núcleo da Coimbra Judaica e

o Núcleo do Carro Elétrico.

O Núcleo “Casa das Talhas” parte de um imóvel adquirido pela Câmara Municipal

de Coimbra, na rua Fernandes Tomás, onde se encontraram vestígios arqueológicos de

grande importância, nomeadamente um troço intacto da muralha, numerosas talhas e

também elementos arquitetónicos estruturais e decorativos que poderão abranger vários

séculos da história da cidade. Para além destes elementos, o imóvel ganha importância

por estar localizado numa importante artéria ao longo da história da cidade.

Com a criação deste núcleo pretende-se abordar a história da evolução urbana da

cidade na passagem da idade média para a modernidade, complementando com a

possibilidade de ver in situ vestígios arqueológicos de importante valor 31.

O Núcleo Museológico da Coimbra Judaica pretende preservar a memória da

presença de comunidades judaicas na cidade. Esta comunidade instalou-se inicialmente

numa área que hoje corresponde à rua Corpo de Deus. Sendo uma comunidade muito

ativa e próspera, foi crescendo à margem da sociedade cristã, que gradualmente foi

afirmando a sua intolerância, sobretudo a partir de meados do século XIV.

Entre 1360 e 1380 nasce um novo bairro – a Judiaria Nova – ocupando uma vasta

área que coincide com as atuais: rua Nova e uma parte da rua Direita.

A proposta para o núcleo museológico passa pela instalação de um polo na rua Corpo de

Deus, a organização de um percurso temático abrangendo a área da Judiaria Nova, o

edifício da Inquisição e também o Mikveh32, descoberto em 201333.

31 Informações recolhidas de um dossier com toda a documentação sobre o futuro Núcleo da Casa dasTalhas presente no MMC.32 Estima-se que seja um dos mais antigos banhos rituais descobertos na Europa, segundo Jorge Alarcão.Consiste numa piscina para o banho ritual, de uso exclusivamente judeu, homens e mulheres, com afinalidade de se purificarem.33 Informações recolhidas de um dossier com toda a documentação sobre o futuro Núcleo da CoimbraJudaica presente no MMC.

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O núcleo do carro elétrico não será abordado neste capítulo, uma vez que constitui

a grande temática a desenvolver neste relatório, correspondendo ao trabalho desenvolvido

durante o estágio no Museu Municipal de Coimbra.

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Parte II

Atividades Desenvolvidas Durante o Estágio

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Quando iniciei o estágio foi-me proporcionada uma visita pelos vários núcleos a

fim de me inteirar das coleções, das exposições temporárias e da história do Museu

Municipal de Coimbra. Aqui tive oportunidade de fazer uma visita guiada pelos vários

núcleos da Coleção Telo de Morais, pelo Núcleo da Cidade Muralhada e pelo Núcleo da

Guitarra e do Fado.

A segunda atividade desenvolvida durante o estágio foi a revisão do regulamento

do MMC a fim de se proceder à atualização do mesmo, uma vez que a sua última versão

data de 2008 sendo anterior à integração do museu na RPM e à criação do Núcleo da

Guitarra e do Fado de Coimbra.

Colaborei na preparação de visitas guiadas, nomeadamente ao Núcleo da Guitarra

e do Fado de Coimbra, e acompanhei algumas atividades do Serviço Educativo com

alunos do ensino Pré-escolar. Assisti ainda a duas visitas realizadas no âmbito do futuro

núcleo da Coimbra Judaica, onde tive a oportunidade de visitar o Mikveh de Coimbra,

sendo que se trata de uma descoberta recente que não está atualmente aberta ao público.

Assisti também a atividades realizadas na Sala da Cidade, no âmbito do

Anozero’15: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, intitulada “A Casa de Coimbra”

da autoria de Pedro Cabrita Reis, tratando-se de uma escultura construída a partir da

destruição da estrutura museológica, existente na Sala da Cidade, e que se encontrava

obsoleta.

Pontualmente colaborei na receção do Museu e também na receção da Sala da

Cidade, no âmbito do Anozero’15: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra.

Por ultimo, procedi à análise de informação recolhida aquando da exposição

comemorativa dos 100 anos da tração elétrica em Coimbra, que esteve patente de 20 de

outubro de 2011 a 12 de fevereiro de 2012, intitulada “100 anos de Tracção Eléctrica em

Coimbra” a fim de me inteirar do tema e da coleção com o intuito de realizar pesquisas

em jornais de época, de notícias sobre a tração elétrica na cidade, tendo sido esta a tarefa

fundamental do meu estágio.

Ainda dentro da temática da tração elétrica, recolheu-se informação em artigos,

nomeadamente da Revista SMTUC, para se realizar uma proposta de classificação como

Bem de Interesse Municipal para a Subestação Elétrica de Montarroio, não tendo a

informação recolhida sido suficiente, esta proposta acabou por não se concretizar.

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Parte III

O Núcleo do Carro Elétrico

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3.1 –Contextualização Histórica

Corria o ano de 1864 quando se comemorou a chegada do comboio a Coimbra.

Este acontecimento teve um papel decisivo na transformação da cidade. Pela primeira

vez, a cidade dispunha de uma ligação rápida a vários pontos do país, permitindo assim a

fácil circulação de pessoas e mercadorias.

A chegada do comboio trouxe também uma outra mudança. Tendo a estação

ficado a mais de 1km do centro urbano, surgiu a necessidade de solucionar as deslocações

entre o centro e a estação. A solução para este problema surge em 1874, com o

aparecimento do primeiro sistema de transportes públicos em Coimbra, através da

empresa Rail Road Conimbricense. O transporte de pessoas e mercadorias da estação até

ao centro urbano era feito através do Carro Americano, “carruagem de transporte de

passageiros ou de mercadorias, circulante sobre carris e puxado por muares”34.

Em 1885, com a construção do novo ramal de caminho-de-ferro para o centro da

cidade, o serviço prestado pelo Carro Americano entra em declínio, acabando por ser

suprimido. No entanto, e embora o caminho-de-ferro ligasse a Estação Velha à Estação

Nova, a cidade continuava a necessitar de um sistema de transportes públicos35, sendo

constituída, em 1904, a empresa Carris de Ferro de Coimbra, que volta a trazer à cidade

o Carro Americano, mesmo assim a tração animal continua a não ser suficiente para dar

resposta às necessidades da população. Ainda neste ano a Câmara Municipal de Coimbra

entra em negociações com a empresa Carris de Ferro de Coimbra para a instalação de

uma rede de tração elétrica, sendo que, devido a um período de atrasos e desavenças, em

1908 a Câmara Municipal assume a municipalização da tração elétrica36. Após uma fase

de atrasos devido à demora das licenças e ainda ao embargo das obras junto à Estação

Velha, em dezembro de 1910 são colocados à disposição da população alguns elétricos.

A 1 de Janeiro de 1911 é então inaugurada a tração elétrica em Coimbra. Esta

primeira fase da tração elétrica era composta por três linhas37 e contava com uma frota de

34 CARVALHO, Elisabete, “Cem Anos de Tracção Eléctrica em Coimbra: A Tracção Eléctrica e oCrescimento do Espaço Urbano”. In Arquivo Coimbrão – Boletim da Biblioteca Municipal, Volume XLII,Câmara Municipal de Coimbra, Coimbra, 2012, p.15.35 Vd. CARVALHO, Elisabete, “Cem Anos de Tracção Eléctrica em Coimbra…”, pp.15-16.36 Vd. CARVALHO, Elisabete, “Cem Anos de Tracção Eléctrica em Coimbra…”, pp.18- 20.37 A Linha 1 que fazia o percurso Estação Nova – Universidade, a Linha 2 que fazia o percurso EstaçãoVelha – Alegria (Remise) e a Linha 3 que fazia o percurso Estação Nova – Santo António dos Olivais.

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5 carros, aos quais foram adicionados mais dois em 1912. Às três linhas inaugurais foi

adicionada, em 1913, a Linha Porto dos Bentos – Calhabé.

Após esta fase inaugural segue-se um período de estagnação que se pode dever às

baixas provocadas pela participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, à

emigração ou à gripe pneumónica em 1918.

O desenvolvimento da área citadina e o crescimento da população, a partir de

1920, levam os Serviços Municipalizados a duplicar algumas vias e a adquirir mais oito

veículos, aumentando assim a frota para 15 carros, permitindo a abertura de novas linhas.

Em 1928 é inaugurada a linha entre a Estação Nova e o Matadouro, sendo mais tarde

prolongada até à Cruz de Celas. Em 1929 é inaugurada a linha entre os Arcos do Jardim

e o Calhabé, ficando assim concluído o percurso Calhabé – Circulação38. Neste ano é

também estabelecida a linha Cumeada – Circulação39. Em 1930 foi construída uma linha

vinda da rua Larga até à Baixa, passando pela Avenida Sá da Bandeira, ficando assim

concluído o circuito da Universidade40.

Na década de 40 com as demolições na Alta para dar lugar aos novos edifícios da

Universidade, surge a necessidade de realojar os expropriados, nascendo assim o Bairro

de Celas, Cumeada, Conchada, o Bairro Marechal Carmona (atual Bairro Norton de

Matos), entre outros. Destas alterações urbanísticas e do consequente movimento

populacional nasce a necessidade de reforçar a oferta dos transportes públicos. Assim

neste período os Serviços Municipalizados colocam em circulação mais três carros

elétricos. Estes carros, construídos na Bélgica, foram especialmente desenhados para as

ruas sinuosas de Coimbra, contudo continuava a existir a necessidade de mais carros o

que levou os Serviços Municipalizados a construir mais dois carros nas suas oficinas.

Associado ao aumento da frota surgem também novos percursos. Em maio de

1954 é inaugurada a linha 4 que ia de Santo António dos Olivais até ao Tovim de Baixo.

No mesmo ano é prolongada a via desde a rua da Sofia até à Portagem, passando pela rua

Dr. Manuel Rodrigues, Avenida Fernão de Magalhães e Estação Nova. Em 1959 é feita

uma ligação dos Arcos do Jardim, pela rua Infantaria 23, rua Santa Teresa e Avenida Dias

38 O percurso Calhabé – Circulação passava por: Portagem, Estrada da Beira, Calhabé, rua dosCombatentes, Arcos do Jardim, Praça da República, Avenida Sá da Bandeira, Praça 8 de Maio, ruaVisconde da Luz, rua Ferreira Borges e novamente Portagem.39 O percurso Cumeada – Circulação passava por: Estação Nova, Portagem, Praça 8 de Maio, Praça daRepública, Cruz de Celas, Santo António dos Olivais, Cumeada, Penedo da Saudade, rua dos Combatentes,Arcos do Jardim, Praça da República, Praça 8 de Maio, Portagem e novamente Estação Nova.40 Na década de 40 este circuito foi interrompido pelas demolições da Alta, dando origem a duas linhas como mesmo número. Linha 1 – Universidade – Arco do Castelo e Linha 1 – Museu, que seguia pela rua AbílioRoque (atual rua Padre António Vieira) e terminava no Museu Nacional de Machado de Castro.

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da Silva, atingindo-se assim o máximo de extensão de linhas asseguradas pelo serviço de

elétricos.

Entretanto, nesta época já tinha sido introduzido na cidade o Trolley, um novo

meio de transporte mais cómodo, eficaz e silencioso que os elétricos, o que levou à sua

progressiva substituição.

Em 1947 é inaugurado o primeiro circuito de trolley entre a Estação Nova e Almas

de Freire. Em 1951 os trolleys passaram a fazer o circuito do Calhabé e também o da

Universidade e, em 1960, passaram igualmente a fazer o percurso do Museu e do Penedo

da Saudade.

Na década de 70, estavam em funcionamento apenas três linhas de elétricos41. Em

janeiro de 1980 já só funcionavam duas linhas42.

Na noite de 8 para 9 de janeiro os carros elétricos recolheram à Remise pela última

vez.

41 A linha 3 dos Olivais, cujo percurso inverso era garantido pelo trolley, a linha 4, Montes Claros – Cruzde Celas e a linha 7 do Tovim.42 A linha 3 dos Olivais e a linha 4, Montes Claros – Cruz de Celas.

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3.2 – Apresentação Geral do Núcleo do Carro Elétrico

A história da tração elétrica em Coimbra contextualiza, ao mesmo tempo que

desenvolve, a expansão urbanística da cidade. Associada a fenómenos sociais,

económicos e demográficos, a tração elétrica foi, ao longo de cerca de cem anos,

assumindo um papel de grande importância na cidade.

Tendo em conta a relevância deste meio de transporte na história da cidade e o

acervo, do qual fazem parte não só carros, como a maquinaria usada nas oficinas da tração

elétrica e também o espólio documental existente, torna-se necessário expor publicamente

a história deste meio de transporte, enquadrando-o num espaço também ele ligado à tração

elétrica na cidade, traçando o surgimento, evolução e declínio do Carro Elétrico em

Coimbra43.

Atuando como primeiro ensaio da exposição permanente a ser criada, o Museu

Municipal de Coimbra realizou, de 20 de outubro de 2011 a 11 de fevereiro de 2012, uma

exposição comemorativa dos 100 anos da tração elétrica na cidade, no Edifício Chiado,

intitulada “Cem Anos de Tracção Eléctrica em Coimbra” na qual foi realizada uma mostra

evocativa da história da tração elétrica, relacionando-a com a expansão urbanística da

cidade. Ainda inserido nas comemorações do centenário da tração elétrica na cidade

realizou-se, nos dias 20 e 21 de outubro de 2011, um ciclo de conferências sobre esta

temática, onde participaram conferencistas vindos do Museu da Carris, do Museu da

STCP, da Câmara Municipal de Sintra, da Universidade de Coimbra, entre outros.

Para a instalação do núcleo foi escolhido o edifício da antiga Remise, situada na

rua da Alegria. Este edifício não só é uma referência histórica44 como tem um enorme

potencial turístico.

Pretende-se desta forma contribuir para a divulgação do património industrial

imóvel, a Remise dos elétricos, e móvel, espólio documental, veículos e maquinaria das

oficinas. De acordo com o pré-programa existente e elaborado pelo Museu Municipal de

Coimbra, embora o edifício necessite de algumas alterações no seu interior, o Núcleo do

Carro Elétrico prevê que o conjunto da maquinaria seja preservado in situ. A sua

musealização integrará os veículos, que serão expostos seguindo uma ordem cronológica

43 Informações recolhidas no projeto do Núcleo do Carro Elétrico elaborado pelo Museu Municipal deCoimbra.44 O edifício situado na rua da Alegria serviu como garagem dos carros elétricos e também como oficina.

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e acompanhados por fichas técnicas com informações sobre a mecânica e a história de

cada um dos carros. Para complementar a informação das fichas técnicas, existirão

quiosques multimédia que a partir de imagens de época permitirão a melhor compreensão

dos objetos.

De acordo com o pré-programa do Núcleo do Carro Elétrico, realizado pelo MMC,

está ainda pensada uma viagem virtual, a partir de um dos carros, pelo sinuoso percurso

da linha do Museu45.

Será também exposta uma parte, criteriosamente selecionada, do espólio

documental, uma vez que é bastante vasto e não pode ser exposto na integra; no entanto

poderão ser realizadas exposições temporárias baseadas em investigações mais

aprofundadas dos documentos em reserva, complementando assim o espólio documental

em exposição permanente.

45 A linha do Museu seguia pela rua Abílio Roque (atual rua Padre António Vieira) e terminava no MuseuNacional de Machado de Castro.

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3.3 – A Remise: Musealização do Espaço

De acordo com o pré-programa existente elaborado pelo Museu Municipal de

Coimbra, o Núcleo do Carro Elétrico será apresentado na antiga Remise dos elétricos,

situada na rua da Alegria.

Este edifício, que data de 1909, pode hoje ser considerado um testemunho muito

importante da arqueologia industrial.

A Remise funcionou não só como abrigo de veículos, mas também como espaço

oficinal; era aqui que se efetuavam as reparações e a manutenção dos carros elétricos,

troleicarros e mais tarde dos autocarros e outros veículos afetos ao serviço prestado pelos

Serviços Municipalizados de Coimbra.

Na década de 50, o edifício foi alvo de obras de ampliação do espaço, e embora

apresente uma continuidade em relação ao edifício original, o tipo de aberturas mais

amplas acabam por denunciar essa alteração.

Entre 1998 e 2000 o edifício foi novamente alvo de obras já com o intuito de ali

se instalar o núcleo do carro elétrico.

Este imóvel integra desde o seu início o fosso e carris, que se encontram em bom

estado de conservação, maquinaria e equipamentos para a manutenção e reparação de

veículos que serão preservados in situ. Este conjunto de equipamentos integra: um torno

mecânico da marca AEG adquirido em 1910, uma forja parcialmente restaurada e o

respetivo fole que necessita de restauro, um sistema de fundição a gás e um sistema de

roldanas e maquinaria de movimentação e suspensão oficinal da empresa Herbert Morris

Lda. Estes equipamentos serão devidamente conservados, estudados e expostos com

informações técnicas, mecânicas e históricas46.

No que diz respeito aos veículos, este espólio é composto por 9 veículos,

começando com o “Chora”, também conhecido por “Carro Americano”, uma vez que se

tratava do sistema americano de Tramway. Estas carruagens de tração animal,

normalmente mulas, circulavam sobre carris assentes na estrada. Este veículo, construído

pela fábrica John Stephenson Company, em Nova Iorque, é um veículo de incalculável

46 Informações recolhidas no projeto do Núcleo do Carro Elétrico elaborado pelo Museu Municipal deCoimbra.

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valor, uma vez que é um testemunho dos primeiros transportes públicos em Coimbra

(cerca de 1864).

O grupo de elétricos inicia-se com o n.º 1, o primeiro a circular na cidade,

apresenta a cor original (vermelho) e fez parte da frota inaugural em janeiro de 1911 e

funcionou até 1980. Foi construído pela fabrica J. G. Brill em Filadélfia.

Seguem-se os elétricos n.º 3 e n.º 4 cujas características são idênticas ao anterior,

mas apresentam a cor amarela adotada pelos Serviços Municipalizados de Coimbra.

Foram também construídos na fábrica J. G. Brill em Filadélfia. O elétrico n.º 6, fez parte

da segunda encomenda de elétricos, tendo começado a circular em maio de 1912 e já

apresenta a cor amarelo-torrado, a segunda cor utilizada em Coimbra. Foi construído na

fábrica J. G. Brill em Filadélfia. O elétrico n.º 11 integrou a encomenda de mais cinco

carros elétricos. Era um modelo “open-car” o que lhe valeu a alcunha de carro

pneumónico, sendo que em 1932 foram-lhe colocadas janelas. Foi também construído na

fábrica J. G. Brill em Filadélfia. Os elétricos n.º 14 e n.º 15 correspondem à encomenda

de mais dois carros feita em 1927. Fizeram parte de um grupo de cinco veículos vendidos

para Coimbra e Arnhem (Holanda) sendo que no decurso da II Guerra Mundial os três

elétricos de Arnhem foram destruídos, o que faz com que sejam dois carros únicos na

Europa. O n.º 14 foi o último elétrico a circular em Coimbra. Foram construídos pela

fábrica J. G. Brill em Filadélfia. O grupo termina com o elétrico n.º 16, tendo em maio de

1954 inaugurado a linha para o Tovim, é um veiculo de grande valor, uma vez que foi

concebido especialmente para as ruas tortuosas de Coimbra. Contrariamente a todos os

outros, este veículo foi construído na Bélgica, pela fábrica Ateliers Familleureux47.

Como já foi referido no capítulo anterior e de acordo com o pré-programa,

executado para o Núcleo do Carro Elétrico, elaborado pelo Museu Municipal de Coimbra,

estes serão expostos cronologicamente e acompanhados por fichas técnicas com

informação sobre a sua componente histórica e componente mecânica. Para além das

fichas técnicas, existirão quiosques multimédia de pequena dimensão, que a partir de

imagens de época e texto oral permitirão compreender melhor os veículos do ponto de

vista histórico e do percurso que realizavam48.

47 Informações recolhidas no projeto do Núcleo do Carro Elétrico elaborado pelo Museu Municipal deCoimbra.48 Informações recolhidas pré-programa do projeto do Núcleo do Carro Elétrico elaborado pelo MuseuMunicipal de Coimbra.

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Serão também apresentados em formato real, ou através de reproduções alguns

documentos que testemunham o sistema de tração elétrica na cidade e que se tornam

indispensáveis à interpretação do museu como polo de arqueologia industrial e como

testemunho da história da cidade e da vivência social, nomeadamente projetos de traçado

das linhas, esquema de funcionamento do Controller, bilhética diversa, informações de

horários e recortes de imprensa. Na impossibilidade de expor todo o espólio documental

poderão ser realizadas exposições temporárias temáticas, a fim de dar a conhecer aos

visitantes o espólio das reservas.

Está ainda pensada numa primeira fase, uma viagem virtual, feita a partir de um

dos carros, repetidos na sua série, pelo sinuoso percurso da linha do Museu, que colmatará

a impossibilidade de se realizar um percurso real pela cidade.

No interior do edifício serão necessárias algumas alterações, nomeadamente para

a instalação de equipamentos fundamentais à segurança e manutenção das condições de

ambiente, imprescindíveis à preservação do espólio e ainda para a criação de espaços de

acolhimento, serviço educativo, gabinetes e reservas49.

Importa por fim referir que neste espaço funcionou de 1982 a 1995 o Museu dos

Transportes Urbanos de Coimbra, tendo sido o seu primeiro diretor António Rodrigues

da Costa.

FIGURA 4–FACHADA DA REMISE/ FUTURAS INSTALAÇÕES DO NÚCLEO DO CARRO ELÉTRICO

49 Informações recolhidas no projeto do Núcleo do Carro Elétrico elaborado pelo Museu Municipal deCoimbra.

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Parte IV

O Carro Elétrico em Coimbra

(1914-1930)

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4.1 – Fontes

Na investigação sobre o carro elétrico em Coimbra, no período de 1914 a 1930,

foram utilizadas como fontes principais as duas publicações periódicas locais, em

atividade durante o período analisado. Tentou-se com esta pesquisa encontrar notícias

que revelassem factos, contextos e vivências do dia-a-dia dos carros elétricos na cidade.

Foi utilizada a Gazeta de Coimbra para os anos de 1914 a 1930 e o Diário de

Coimbra para o ano de 193050. Ao todo foram analisados 2579 jornais, sendo que 217

correspondem ao Diário de Coimbra51 e 2362 correspondem à Gazeta de Coimbra52.

Ao longo do período analisado a Gazeta de Coimbra passou de 2 publicações por

semana (publicava-se à quarta-feira e sábado), para 3 publicações por semana (publicava-

se à terça-feira, quinta-feira e sábado) tendo a partir de julho de 1930 passado a publicar-

se diariamente com exceção da segunda-feira.

A análise destas fontes permite criar conteúdos museológicos para uma exposição

permanente e também para exposições temporárias, podendo ainda servir de apoio a

outras atividades que venham a acontecer no futuro Núcleo do Carro Elétrico.

50 O Diário de Coimbra foi utilizado apenas para o ano de 1930, uma vez que só foi fundado nesse ano,tendo tido uma edição piloto a 24 de abril e iniciando a publicação de jornais diários a 24 de maio.51 Dos quais 24 continham notícias relevantes para a pesquisa e 193 não continham notícias com interessepara a pesquisa.52 Dos quais 362 continham notícias relevantes para a pesquisa e 2036 não continham notícias com interessepara a pesquisa.

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4.2. Metodologia e Objetivos da Pesquisa

A pesquisa sobre a tração elétrica em Coimbra constituiu a atividade central do

meu estágio e teve como objetivo contribuir para criar conteúdos a integrar o futuro

Núcleo do Carro Elétrico.

Este trabalho foi essencialmente de carácter heurístico. No entanto, foi também

feito um esforço no sentido de compreender as fontes com o intuito de elaborar uma breve

síntese sobre a história do carro elétrico na cidade.

Foi escolhido o período de 1914 a 1930 por duas razões. Em primeiro lugar, por

ser um período para o qual ainda não tinham sido realizadas pesquisas e, em segundo

lugar, por corresponder ao período em que se desenrolou a 1.ª Guerra Mundial (1914-

1918), havendo a necessidade de compreender quais os efeitos que a guerra teve na cidade

e, em particular, na tração elétrica.

A pesquisa foi realizada em jornais periódicos locais53, digitalizando as notícias

relevantes e posteriormente organizando-as cronologicamente por pastas, tendo também

sido efetuadas tabelas para documentar todas as notícias encontradas.

Esta pesquisa visou perceber a influência da tração elétrica no desenvolvimento

urbanístico da cidade e vice-versa.

As notícias encontradas são bastante diversas, nomeadamente informação de

alteração de horários, rendimentos mensais e anuais, introdução de novas carreiras,

acidentes, entre outras.

53 A pesquisa foi realizada apenas em periódicos locais uma vez que contêm mais informação relativa àtração elétrica do que a imprensa nacional.

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4.3 – O Carro Elétrico na Imprensa Local

Partindo da pesquisa realizada na imprensa local, nomeadamente a Gazeta de

Coimbra e o Diário de Coimbra, entre 1914 e 1930, é possível retirar as seguintes

conclusões: mesmo com os constantes atrasos na construção de novas linhas, com as

dificuldades em adquirir novos carros e com as consequências da Primeira Guerra

Mundial, o rendimento da tração elétrica em Coimbra, no período analisado, aumentava

de ano para ano, como se comprova na notícia da Gazeta de Coimbra de 5 de janeiro de

1916.

Contrariamente ao que se

acreditava, que mesmo havendo

um número elevado de sinistros

envolvendo os carros elétricos

apenas teria existido uma vítima

mortal, esta pesquisa veio provar

que foram vários os sinistros com

vítimas mortais que ocorreram

com os carros elétricos na cidade,

alguns por acidente, outros por

descuido dos peões e outros ainda

por suicídio.

Através das notícias

analisadas conclui-se que durante

o período investigado ocorreram

cerca de cinquenta e quatro

acidentes envolvendo os carros

elétricos: destes, cerca de trinta e

oito resultaram em feridos

ligeiros, exemplo que pode ser

visto na notícia da Gazeta de

Coimbra de 4 de abril de 1918,

quatro em feridos graves onde foiFIGURA 6 – GAZETA DE COIMBRA, Nº702, 4 DE

ABRIL DE 1918

FIGURA 5 – GAZETA DE COIMBRA Nº464, 5 DE JANEIRODE 1916

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necessário recorrer à amputação de membros e

onze resultaram em mortes, como se atesta na

notícia da Gazeta de Coimbra de 11 de

fevereiro de 1919. Há ainda um caso de suicídio

envolvendo os carros elétricos.

Através da análise da informação

recolhida é também possível concluir que os

órgãos de comunicação social estavam bastante

atentos a tudo o que se passava na cidade, em

relação à tração elétrica: as notícias vão desde

informações sobre percursos e horários, relatos

de acidentes, abertura de concursos para

guarda-freios ou fornecimento de fardamentos,

reclamações tanto da população

como dos jornalistas, sugestões de

melhoramentos para os serviços

municipalizados e até

recomendações aos utilizadores dos

elétricos, como é o caso da notícia

da Gazeta de Coimbra, de 28 de

Janeiro de 1928, que aconselhava às

damas que se queixavam do frio nas pernas quando andavam nos carros abertos, que

usassem vestidos até aos joelhos, uma vez que os que usavam eram demasiado curtos, o

que nestas circunstâncias lhes poderia provocar gripes.

As comparações entre o serviço de tração elétrica de Coimbra e os serviços de

tração elétrica no restante país eram uma constante na imprensa, facto que poderá ter

levado a que os serviços municipalizados estivessem constantemente a tentar melhorar o

serviço prestado à população exemplo visível na notícia do Diário de Coimbra de 21 de

julho de 1930, uma vez que para além destas constantes comparações a população da

cidade usava os meios de comunicação social para expor os problemas que vivenciavam

no dia-a-dia dentro dos carros elétricos. Para além de expor os problemas com que se

deparavam, a população usava ainda os meios de comunicação social para fazer sugestões

e propostas de alteração de percursos e horários.

FIGURA 7 – GAZETA DE COIMBRA,Nº822, 11 DE FEVEREIRO DE 1919

FIGURA 8 - GAZETA DE COIMBRA, Nº488, 1 DE ABRILDE 1916

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O facto de os serviços

municipalizados responderem a

estes pedidos leva a crer que

estavam atentos às necessidades

da população, uma vez que foram

criados novos percursos, novos

horários, criando até novos

horários nas carreiras da

Universidade, Olivais, Calhabé e

Estação Velha, para servir a

população que assistia a

espetáculos de teatro e circo e que

dependia dos transportes públicos

para regressar a casa.

Durante as festas e

romarias, como a Festa da Rainha

Santa ou a Romaria do Espirito

Santo, o serviço dos carros

elétricos era também reforçado.

FIGURA 9 – GAZETA DE COIMBRA, Nº2149, 28 DE

JANEIRO DE 1928

FIGURA 10 – DIÁRIO DE COIMBRA, Nº58, 21 DE JULHO DE 1930

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Para além disto a comunicação social transmitia

sempre resoluções respeitantes ao serviço de tração

elétrica que a Câmara Municipal tomava: informava

quando estavam para chegar novos carros ou ser

inauguradas novas linhas e até dos festejos organizados

pela população para comemorar a inauguração das

novas linhas, como é o caso da notícia da Gazeta de

Coimbra, de 26 de fevereiro de 1929 que informa que

aquando da inauguração da linha Arcos-do-Jardim –

Calhabé, os moradores ofereceram vinho e bolos a quem

vinha nos primeiros carros a passar na nova linha.

Quanto à influência da 1ª Guerra Mundial na

tração elétrica em Coimbra, é possível concluir que

durante este período existiram alguns atrasos na

construção de novas linhas e na aquisição de novos

carros, uma vez que a circulação de materiais pela

Europa estava condicionada. A produção de energia

elétrica para os carros e até para a iluminação ficou

também condicionada. A iluminação elétrica foi

substituída, neste período, pela iluminação a gás, a

central elétrica que fornecia eletricidade aos carros

deixou de queimar carvão e passou a queimar lenha, uma vez que o carvão se tornou num

material escasso nesta época. Só nos anos que seguiram a 1ª Guerra Mundial é que estes

serviços foram lentamente retomando a normalidade.

FIGURA 11 - GAZETA DE COIMBRA Nº

2309, 26 DE FEVEREIRO DE 1929

FIGURA 12 - GAZETA DE COIMBRA Nº510, 17 DE

JUNHO DE 1916

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Conclusão

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Através deste relatório é possível concluir que o Museu Municipal de Coimbra

tem como objetivo preservar, estudar e divulgar o património artístico e cultural da

cidade, através da sua estrutura polinucleada. O MMC tem contribuído ao longo dos anos

tanto para a valorização do património imóvel (com a recuperação do Edifício Chiado, da

Torre de Almedina e da Torre de Anto), como para a valorização do património móvel e

ainda para a divulgação da arte contemporânea, através das exposições temporárias que

realiza mensalmente nos seus espaços.

Para além de ser um espaço de conservação, estudo e divulgação do património

cultural e artístico é também um espaço de animação cultural, constituindo uma peça

fundamental para a política cultural do município.

No futuro Núcleo do Carro Elétrico, o Museu Municipal de Coimbra pretende

expor, estudar e divulgar um meio de transporte que durante cerca de 100 anos foi o mais

importante na cidade.

Assim este estágio integrou-se nesta temática, tendo realizado pesquisas visando

a criação de conteúdos para este futuro núcleo.

Tinham já sido realizadas pesquisas em documentação de época, com vista à

preparação do pré-programa museológico, instrumento fundamental na prossecução do

projeto, no entanto o período de 1914 a 1930 ainda não tinha sido estudado. Assim procedi

à pesquisa em periódicos locais, durante este período, de modo a estabelecer uma base de

dados de periódicos, servindo para fundamentar o próprio núcleo.

Esta documentação é de extrema importância para o conhecimento da época e das

transformações que a cidade e a tração elétrica sofreram, servindo também de apoio

documental aos materiais a expor no futuro núcleo.

Ao longo desta investigação chegou-se à conclusão que este meio de transporte

era bastante conceituado na cidade sendo utilizado por todos, desde as classes mais baixas

até às classes mais altas. São cerca de 100 anos da história da cidade contados através da

relação do espaço urbano com a tração elétrica. Por esta razão, à história da tração elétrica

deve ser dedicado um espaço que, para além de albergar e proteger este património

material, o dinamize através da evocação da sua história que é simultaneamente uma parte

da história da cidade de Coimbra.

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Anexos

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ANEXO A – Lista de Notícias Digitalizadas

1 “Gazeta de Coimbra”

1914

• nº 258 sábado, 3 de janeiro• nº 259 quarta-feira, 7 de janeiro• nº 261 quarta-feira, 14 de janeiro• nº 262 sábado, 17 de janeiro• nº 265 quarta-feira, 28 de janeiro• nº 271 quarta-feira, 18 de fevereiro• nº 274 quarta-feira, 4 de março• nº 277 sábado, 14 de março• nº 280 quarta-feira, 25 de março• nº 281 sábado, 28 de março• nº 283 sábado, 4 de abril• nº 285 sábado, 11 de abril• nº 286 quarta-feira, 15 de abril• nº 294 quarta-feira, 13 de maio• nº 297 sábado, 23 de maio• nº 300 quarta-feira, 3 de junho• nº 302 quarta-feira, 10 de Junho• nº 304 quarta-feira, 17 de junho• nº 305 sábado, 20 de junho• nº 308 sábado, 4 de julho• nº 311 quarta-feira, 15 de julho• nº 313 quarta-feira, 22 de julho• nº 314 sábado, 25 de julho• nº 316 sábado, 1 de agosto• nº 317 quarta-feira, 5 de agosto• nº 319 quarta-feira, 12 de agosto• nº 320 sábado, 15 de agosto• nº 323 quarta-feira, 26 de agosto• nº 326 sábado, 5 de setembro• nº 333 quarta-feira, 30 de setembro• nº 335 quarta-feira, 7 de outubro• nº 339 quarta-feira, 21 de outubro• nº 340 sábado, 24 de outubro• nº 341 quarta-feira, 28 de outubro• nº 342 sábado, 31 de outubro• nº 345 quarta-feira, 11 de novembro• nº 348 sábado, 21 de novembro• nº 352 sábado, 5 de dezembro

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• nº 358 sábado, 26 de dezembro

1915

• nº 360 sábado, 2 de janeiro• nº 631 quarta-feira, 6 de janeiro• nº 373 sábado, 20 de fevereiro• nº 736 quarta-feira, 3 de março• nº 381 sábado, 20 de março• nº 384 quarta-feira, 31 de março• nº 387 sábado, 10 de abril• nº 400 quarta-feira, 26 de maio• nº 401 sábado, 29 de maio• nº 402 quarta-feira, 2 de junho• nº 409 sábado, 26 de junho• nº 413 sábado, 10 de julho• nº 415 sábado, 17 de julho• nº 420 quarta-feira, 4 de agosto• nº 429 sábado, 4 de setembro• nº 430 quarta-feira, 8 de setembro• nº 433 sábado, 18 de setembro• nº 439 sábado, 9 de outubro• nº 440 quarta-feira, 13 de outubro• nº 446 quarta-feira, 3 de novembro• nº 455 sábado, 4 de dezembro• nº 456 quarta-feira, 8 de dezembro• nº 461 sábado, 25 de dezembro• nº 462 quarta-feira, 29 de dezembro

1916

• nº 464 quarta-feira, 5 de janeiro• nº 465 sábado, 8 de janeiro• nº 467 sábado, 15 de janeiro• nº 468 quarta-feira, 19 de janeiro• nº 472 quarta-feira, 2 de fevereiro• nº 474 quarta-feira, 9 de fevereiro• nº 476 quarta-feira, 16 de fevereiro• nº 477 sábado, 19 de fevereiro• nº 478 sábado, 4 de março• nº 488 sábado, 1 de abril• nº 490 quarta, 8 de abril• nº 492 sábado, 15 de abril• nº 497 quarta-feira, 3 de maio• nº 503 quarta-feira, 24 de maio• nº 504 sábado, 27 de maio

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• nº 505 quarta-feira, 31 de maio• nº 506 sábado, 3 de junho• nº 508 sábado, 10 de junho• nº 510 sábado, 17 de junho• nº 514 sábado, 1 de julho• nº 515 quarta-feira, 5 de julho• nº 518 sábado, 15 de julho• nº 521 quarta-feira, 26 de julho• nº 524 sábado, 5 de agosto• nº 529 quarta-feira, 23 de agosto• nº 532 sábado, 2 de setembro• nº 534 sábado, 9 de setembro• nº 540 sábado, 30 de setembro• nº 541 quarta-feira, 4 de outubro• nº 544 sábado, 14 de outubro• nº 550 sábado, 4 de novembro• nº 552 sábado, 11 de novembro• nº 554 sábado, 18 de novembro• nº 562 sábado, 16 de dezembro

1917

• nº 567 quarta-feira, 3 de janeiro• nº 569 quarta-feira, 10 de janeiro• nº 576 sábado, 3 de fevereiro• nº 578 sábado, 10 de fevereiro• nº 579 quarta-feira, 14 de fevereiro• nº 580 sábado, 17 de fevereiro• nº 581 sábado, 24 de fevereiro• nº 582 quarta-feira, 28 de fevereiro• nº 583 sábado, 3 de março• nº 585 sábado, 10 de março• nº 588 sábado, 21 de março• nº 592 quarta-feira, 4 de abril• nº 593 quarta-feira, 11 de abril• nº 600 sábado, 5 de maio• nº 606 sábado, 26 de maio• nº 607 quarta-feira, 30 de maio• nº 608 sábado, 2 de junho• nº 609 quarta-feira, 6 de junho• nº 610 sábado, 9 de junho• nº 612 sábado, 16 de junho• nº 613 quarta-feira, 20 de junho• nº 617 quarta-feira, 4 de julho• nº 622 sábado, 21 de julho

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• nº 624 sábado, 28 de julho• nº 626 sábado, 4 de agosto• nº627 quarta-feira, 8 de agosto• nº 630 sábado, 18 de agosto• nº 632 sábado, 25 de agosto• nº 635 quarta-feira, 5 de setembro• nº 636 sábado, 8 de setembro• nº 642 sábado, 29 de setembro• nº 646 sábado, 13 de outubro• nº 660 sábado, 1 de dezembro• nº 661 quarta-feira, 5 de dezembro• nº 662 sábado, 8 de dezembro• nº 663 quarta-feira, 12 de dezembro• nº 664 sábado, 15 de dezembro

1918

• nº669 quarta-feira, 2 de janeiro• nº670 sábado, 5 de janeiro• nº671 quarta-feira, 9 de janeiro• nº675 quarta-feira, 23 de janeiro• nº676 sábado, 26 de janeiro• nº678 sábado, 2 de fevereiro• nº685 sábado, 2 de março• nº687 sábado, 9 de março• nº694 quinta-feira, 28 de março• nº695 terça-feira, 2 de abril• nº697 sábado, 6 de abril• nº702 quinta-feira, 18 de abril• nº708 sábado, 4 de maio• nº709 terça-feira, 7 de maio• nº715 quinta-feira, 23 de maio• nº721 terça-feira, 4 de junho• nº731 terça-feira, 2 de julho• nº733 sábado, 6 de julho• nº741 quinta-feira, 25 de julho• nº742 sábado, 27 de julho• nº743 terça-feira, 30 de julho• nº753 sábado, 24 de agosto• nº778 sábado, 26 de outubro• nº790 sábado, 23 de novembro• nº792 quinta-feira, 28 de novembro• nº799 sábado, 14 de dezembro

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1919

• nº813 terça-feira, 21 de janeiro• nº822 terça-feira, 11 de fevereiro• nº830 sábado, 1 de março• nº833 terça-feira, 11 de março• nº853 terça-feira, 29 de abril• nº865 quinta-feira, 29 de maio• nº871 quinta-feira, 12 de junho• nº878 terça-feira, 1 de julho• nº879 quinta-feira, 3 de julho• nº884 quinta-feira, 17 de julho• nº887 quinta-feira, 24 de julho• nº888 sábado, 26 de julho• nº889 terça-feira, 29 de julho• nº910 terça-feira, 16 de setembro• nº935 sábado, 15 de novembro• nº939 terça-feira, 25 de novembro

1920

• nº1044 terça-feira, 17 de agosto• nº1049 sábado, 28 de agosto• nº1055 terça-feira, 14 de setembro• nº1056 quinta-feira, 16 de setembro• nº1062 quinta-feira, 30 de setembro

1921

• nº1102 sábado, 8 de janeiro• nº1107 quinta-feira, 20 de janeiro• nº1111 sábado, 29 de janeiro• nº1130 quinta-feira, 17 de março• nº1133 quinta-feira, 24 de março• nº1156 sábado, 21 de maio• nº1163 terça-feira, 7 de junho• nº1181 quinta-feira, 21 de julho• nº1182 sábado, 23 de julho• nº1214 sábado, 8 de outubro• nº1224 terça-feira, 1 de novembro• nº1229 sábado, 12 de novembro• nº1236 terça-feira, 29 de novembro• nº1249 sábado, 31 de dezembro

1922

• nº1250 quinta-feira, 5 de janeiro• nº1283 terça-feira, 28 de março

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50

• nº1326 sábado, 15 de julho• nº1346 quinta-feira, 31 de agosto• nº1350 sábado, 9 de setembro• nº1358 quinta-feira, 28 de setembro• nº1379 sábado, 18 de novembro• nº1381 quinta-feira, 23 de novembro• nº1389 terça-feira, 12 de dezembro

1923

• nº1399 quinta-feira, 11 de janeiro• nº1400 sábado, 13 de janeiro• nº1401 terça-feira, 16 de janeiro• nº1403 sábado, 20 de janeiro• nº1428 sábado, 24 de março• nº1464 sábado, 21 de junho• nº1465 terça-feira, 23 de junho• nº1466 quinta-feira, 26 de junho• nº1467 sábado, 28 de junho• nº1470 quinta-feira, 5 de julho• nº1474 sábado, 14 de julho• nº1478 terça-feira, 24 de julho• nº1486 sábado, 11 de agosto• nº1513 quinta-feira, 18 de outubro• nº1522 quinta-feira, 8 de novembro• nº1530 terça-feira, 27 de novembro• nº1531 quinta-feira, 29 de novembro• nº1538 quinta-feira, 20 de dezembro• nº1541 terça-feira, 25 de dezembro

1924

• nº1551 terça-feira, 22 de janeiro• nº1559 terça-feira, 12 de fevereiro• nº1586 quinta-feira, 17 de abril• nº1609 sábado, 14 de junho• nº1617 sábado, 5 de julho• nº1684 quinta-feira, 11 de dezembro• nº1687 quinta-feira, 18 de dezembro

1925

• nº1693 terça-feira, 6 de janeiro• nº1750 quinta-feira, 28 de maio• nº1805 quinta-feira, 8 de outubro

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1926

• nº1851 sábado, 30 de janeiro• nº1877 terça-feira, 6 de abril• nº1878 quinta-feira, 8 de abril• nº1879 sábado, 10 de abril• nº1903 quinta-feira, 10 de junho• nº1911 terça-feira, 29 de junho• nº1925 terça-feira, 3 de agosto• nº1929 quinta-feira, 12 de agosto• nº1934 terça-feira, 24 de agosto• nº1936 sábado, 28 de agosto• nº 1969 terça-feira, 16 de novembro

1927

• nº1995 quinta-feira, 20 de janeiro• nº1996 sábado, 22 de janeiro• nº2001 quinta-feira, 3 de fevereiro• nº2026 quinta-feira, 7 de abril• nº2028 terça-feira, 12 de abril• nº2031 quinta-feira, 21 de abril• nº2071 sábado, 23 de julho• nº2089 sábado, 3 de setembro• nº2097 quinta-feira, 22 de setembro• nº2108 quinta-feira, 20 de outubro• nº2120 quinta-feira, 17 de novembro• nº2121 sábado, 19 de novembro• nº2123 quinta-feira, 24 de novembro• nº2136 quinta-feira, 29 de dezembro

1928

• nº2149 sábado, 28 de janeiro• nº2151 sábado, 4 de fevereiro• nº2172 terça-feira, 27 de março• nº2175 terça-feira, 3 de abril• nº2180 terça-feira, 17 de abril• nº2181 quinta-feira, 19 de abril• nº2183 terça-feira, 24 de abril• nº2193 sábado, 19 de maio• nº2198 quinta-feira, 31 de maio• nº2208 sábado, 23 de junho• nº2210 quinta-feira, 28 de junho• nº2214 sábado, 7 de julho• nº2215 terça-feira, 17 de julho• nº2220 sábado, 21 de julho

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• nº2223 sábado, 28 de julho• nº2225 quinta-feira, 2 de agosto• nº2229 sábado, 11 de agosto• nº2236 terça-feira, 28 de agosto• nº2239 terça-feira, 4 de setembro• nº2245 terça-feira, 18 de setembro• nº2250 sábado, 29 de setembro• nº2257 quinta-feira, 18 de outubro• nº2258 sábado, 20 de outubro• nº2261 sábado, 27 de outubro• nº2263 quinta-feira, 1 de novembro• nº2264 sábado, 3 de novembro• nº2267 sábado, 10 de novembro• nº2268 terça-feira, 13 de novembro• nº2269 quinta-feira, 15 de novembro• nº2272 quinta-feira, 22 de novembro• nº2273 sábado, 24 de novembro• nº2276 terça-feira, 4 de dezembro• nº2280 quinta-feira, 13 de dezembro• nº2282 terça-feira, 18 de dezembro• nº2283 quinta-feira, 20 de dezembro

1929

• nº2291 sábado, 12 de janeiro• nº2296 quinta-feira, 24 de janeiro• nº2297 sábado, 26 de janeiro• nº2299 quinta-feira, 31 de janeiro• nº2308 sábado, 23 de fevereiro• nº2309 terça-feira, 26 de fevereiro• nº2310 quinta-feira, 28 de fevereiro• nº2329 terça-feira, 16 de abril• nº2340 sábado 11 de maio• nº2342 quinta-feira, 16 de maio• nº2374 quinta-feira, 1 de agosto• nº2389 quinta-feira, 5 de setembro• nº2390 sábado, 7 de setembro• nº2408 terça-feira, 22 de outubro• nº2410 sábado, 26 de outubro• nº2411 terça-feira, 29 de outubro• nº2427 quinta-feira, 5 de dezembro• nº2430 quinta-feira, 12 de dezembro

1930

• nº2455 quinta-feira, 13 de fevereiro

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• nº2459 sábado, 22 de fevereiro• nº2469 quinta-feira, 22 de março• nº2479 sábado, 12 de abril• nº2486 terça-feira, 29 de abril• nº2487 sábado, 3 de maio• nº2499 terça-feira, 3 de junho• nº2505 terça-feira, 17 de junho• nº2527 domingo, 20 de julho• nº2534 terça-feira, 29 de julho• nº2537 sexta-feira, 1 de agosto• nº2545 domingo, 10 de agosto• nº2555 sexta-feira, 22 de agosto• nº2612 terça-feira, 28 de outubro• nº2631 quarta-feira, 19 de novembro• nº2636 terça-feira, 25 de novembro

2 “Diário de Coimbra”

1930

• nº3 segunda-feira, 26 de maio• nº13 quinta-feira, 5 de junho• nº19 quinta-feira, 12 de junho• nº24 terça-feira, 17 de junho• nº 25 quarta-feira, 18 de junho• nº27 sexta-feira, 20 de junho• nº38 terça-feira, 1 de julho• nº42 sábado, 5 de julho• nº44 segunda-feira, 7 de julho• nº45 terça-feira, 8 de julho• nº51 segunda-feira, 14 de julho• nº58 segunda-feira, 21 de julho• nº63 sábado, 26 de julho• nº66 terça-feira, 29 de julho• nº75 quinta-feira, 7 de agosto• nº94 quinta-feira, 28 de agosto• nº105 segunda-feira, 8 de setembro• nº173 domingo, 16 de novembro• nº174 segunda-feira, 17 de novembro• nº176 Quarta-feira, 19 de novembro• nº177 Quinta-feira, 20 de novembro• nº198 sexta-feira, 12 de dezembro• nº205 sexta-feira, 19 de dezembro• nº215 quarta-feira, 31 de dezembro

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ANEXO B – Tabelas exemplificativas da pesquisa realizada

1 “Gazeta de Coimbra”

Número Data Página Titulo Resumo

nº669 quarta-feira, 2 de janeiro Página 1 S/Título Aumento de 1 centavo por zona do preço das carreiras dos elétricos.

nº670 sábado, 5 de janeiro Página 1 Pelo Pelouro das MunicipalizaçõesPrograma da nova vereação da Câmara Municipal para os serviços

municipalizados.

₌ ₌ Página 2 S/Título Rendimento da tração elétrica no mês de dezembro de 1917.

nº671 quarta-feira, 9 de janeiro Página 2 Várias NotíciasNotícias da cidade, nomeadamente o rendimento da tração elétrica no ano

de 1917 e 1916.nº675 quarta-feira, 23 de janeiro Página 2 Boa Medida Resolução da Câmara Municipal sobre a lotação dos carros elétricos

nº676 sábado, 26 de janeiro Página 2 Lotação nos Carros EléctricosA Comissão Administrativa do Município de Coimbra informa o público de

que fixou a lotação nos carros elétricos.

nº678 sábado, 2 de fevereiro Página 2 Rendimento dos Eléctricos Rendimento da tração elétrica no mês de janeiro.

nº685 sábado, 2 de março Página 2 S/Título Rendimento da tração elétrica no mês de fevereiro.nº687 sábado, 9 de março Página 2 S/Título Alteração nos horários das carreiras dos elétricos.

nº694 quinta-feira, 28 de março Página 1 EléctricosChamada de atenção para o estado em que se encontram os letreiros dos

carros elétricos.

nº695 terça-feira, 2 de abril Página 2 Várias NotíciasNotícias da cidade, nomeadamente o indeferimento do pedido de aumento

de salário dos trabalhadores dos elétricos.

nº697 sábado, 6 de abril Página 1A Greve do Pessoal dos Serviços

MunicipalizadosGreve do pessoal dos Serviços Municipalizados pelo aumento de 50% dos

salários.

nº702 quinta-feira, 18 de abril Página 1 DesastreUm menor que, ao agarrar-se ao carro elétrico, caiu, tendo sofrido alguns

ferimentos.

nº708 sábado, 4 de maio Página 2 S/Título Rendimento da tração elétrica no mês de abril.nº709 terça-feira, 7 de maio Página 2 S/Título Aviso da redução do número de paragens da tração elétrica.

nº715 quinta-feira, 23 de maio Página 2 Rendimento dos Eléctricos Rendimento da tração elétrica durante a Romaria do Espírito Santo.

nº721 terça-feira, 4 de junho Página 2 Viação Eléctrica Rendimento da tração elétrica no mês de maio.

nº731 terça-feira, 2 de julho Página 1 S/Título Nomeação do novo chefe das oficinas da tração elétrica.nº733 sábado, 6 de julho Página 1 S/Título A Câmara eliminou o lugar de revisor supranumerário da tração elétrica.

Página 2 S/Título Tomada de posse do novo chefe das oficinas da tração elétrica.

nº741 quinta-feira, 25 de julho Página 1 Últimas NotíciasOs operários dos elétricos e das águas estão novamente em greve. O

motivo é o aumento salarial.

nº742 sábado, 27 de julho Página 2 A Greve do Pessoal dos Eléctricos e das águasContinuam em greve, os operários da tração elétrica e das águas. Foram

detidos alguns operários por suspeita de sabotagem.

nº743 terça-feira, 30 de julho Página 1 A Greve do Pessoal dos Eléctricos e das águas Foi atribuída uma fiança aos 18 operários detidos.

nº753 sábado, 24 de agosto Página 1 Eléctricos Admissão de todos os candidatos a guarda-freios dos carros elétricos.

nº778 sábado, 26 de outubro Página 1 S/TítuloA Comissão Administrativa tomou a resolução de reduzir as carreiras dos

elétricos.

nº790 sábado, 23 de novembro Página 1 EléctricosPedido para que se coloquem avisos nos carros elétricos com as normas de

conduta dentro dos carros.

⁼ ⁼ Página 2 Câmara MunicipalResoluções da Câmara Municipal, nomeadamente a nomeação de um fiel de

armazéns das águas e tração elétrica.

nº792 quinta-feira, 28 de novembro Página 2 S/Título O chefe dos serviços dos elétricos e das águas pediu exoneração do cargo.

nº799 sábado, 14 de dezembro Página 1 Pessoal dos Eléctricos Resoluções da Comissão Administrativa, relativas à tração elétrica

₌ ₌ Página 2 S/Título Aumento dos passes anuais para 30$ e os semestrais para 17$.

OUTUBRO

GAZETA DE COIMBRA

Ano de 1918

NOVEMBRO

DEZEMBRO

MAIO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

SETEMBRO

ABRIL

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO

SEM NOTÍCIAS

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2 “Diário de Coimbra”

Número Data Página Titulo Resumo da notícia

nº3 segunda-feira, 26 de maio Página 2 Choque de VeículosChoque entre um elétrico e um carro ligeiro, do qual resultaram danos

significativos no carro ligeiro. A população tentou agredir o condutor doelétrico.

nº13 quinta-feira, 5 de junho Página 4 Atropelado por um EléctricoMulher de 20 anos atropelada por um carro elétrico, tendo apenas

sofrido contusões no braço direito. A queixa foi apresentada por umguarda que acompanhou a mulher à farmácia.

nº19 quinta-feira, 12 de junho Página 4 Homem Atropelado por um EléctricoUm homem foi atroprelado por um carro elétrico na Avenida Navarro

tendo apenas sofrido escoriações e uma ferida incisa no frontal.

nº24 terça-feira, 17 de junho Página 4 A Nova Gare dos EléctricosInicio dos trabalhos para a construção da nova gare expedidora doselétricos na Avenida Navarro e que vem substituir a da Praça 8 de

Maio.

nº 25 quarta-feira, 18 de junho Página 4 EléctricosNotícia sobre o rebentamento do cabo de um elétrico que condicionou

durante algum tempo a circulação. Crítica ao estado dos carros elétricosem circulação.

nº27 sexta-feira, 20 de junho Página 4 Tracção EléctricaAnuncio do progresso da construção da nova gare expediente dos

elétricos que servirá para descongestionar a Praça 8 de Maio.

₌ ₌ ₌ Avaria Num Cabo EléctricoAvaria num cabo condutor da energia elétrica na Estrada da Beira e que

levou ao condicionamento da circulação dos carros elétricos.

nº38 terça-feira, 1 de julho Página 4 Tracção EléctricaAs avarias nos cabos condutores da energia elétrica, em dois pontos dacidade, levou ao corte da circulação dos carros durante algumas horas.

nº42 sábado, 5 de julho Página 4 Tracção EléctricaEstão quase concluídas as linhas do Largo Miguel Bombarda e da

Avenida Navarro. A linha que servia o Mercado D. Pedro V começou aser desmanchada.

nº44 segunda-feira, 7 de julho Página 6 Tracção EléctricaAs linhas do Largo Miguel Bombarda e da Avenida Navarro já seencontram concluídas, as linhas aéreas começaram também a ser

colocadas. Em breve estas linhas poderão ser inauguradas.

nº45 terça-feira, 8 de julho Página 4 Eléctrico DescarriladoUm carro elétrico que descarrilou na rua da Sofia devido às obras dereparação da linha. O descarrilamento foi provocado por uma chulipa

que se encontrava levantada como sinal de aviso.

nº51 segunda-feira, 14 de julho Página 4 Tracção EléctricaAlteração no percurso da carreira dos Olivais a fim de explorar o maior

número de carreiras.

₌ ₌ ₌ Prisões num EléctricoPai e filho foram presos no Elétrico da linha do Calhabé por

desrespeitarem o condutor e tentarem agredir um outro passageiro.

nº58 segunda-feira, 21 de julho Página 4 Viação EléctricaAlteração nos horários das carreiras dos Montes Claros e dos Olivais afim de permitir um maior número de carreiras para os Montes Claros.

nº63 sábado, 26 de julho Página 1 Tracção EléctricaPedido para que os elétricos voltem a passar na rua Ferreira Borges uma

vez que era de extrema importância para o comércio da mesma.

nº66 terça-feira, 29 de julho Página 4 Choque de VeículosChoque entre um elétrico e um carro ligeiro na Praça 8 de Maio. Do

choque apenas resultaram danos no veículo ligeiro.

nº75 quinta-feira, 7 de agosto Página 4 Menor Atropelado por um EléctricoNa rua Afonso Albuquerque foi atropelado, por um elétrico, um rapaz

de 11 anos, tendo este apenas sofrido pequenas escoriações num braço.O guarda-freio não teve culpa e por isso não foi preso.

nº94 quinta-feira, 28 de agosto Página 4 Tracção EléctricaModificação do terminus da carreira que serve a Estação Coimbra Bpara facilitar o estacionamento de carros aquando da chegada dos

comboios.

nº105 segunda-feira, 8 de setembro Página 4 Choque de VeículosChoque entre um elétrico e uma camionete da CMC, na rua da Sofia.

Do choque resultaram danos significativos para a camionete.

nº173 domingo, 16 de novembro Página 1 Linhas EléctricasEnaltecimento do presidente da CMC, dr. Mário Almeida, uma vez que

os planos que este tinha para a viação elétrica em Coimbra já seencontram, na sua maioria concluídos.

nº174 segunda-feira, 17 de novembro Página 4 Viação EléctricaInformação sobre o levantamento da planta para a continuação das vias

duplas da rua Visconde da Luz até ao Largo Miguel Bombarda.

nº176 Quarta-feira, 19 de novembro Página 1 Linhas EléctricasPublicação de uma carta, a propósito da publicação do dia 16 denovembro, a pedido do Governador Civil do Distrito de Coimbra.

nº177 Quinta-feira, 20 de novembro Página 1 Linhas EléctricasPublicação de uma carta relativa às obras de assentamento da nova linha

em frente ao Liceu, com as quais o leitor não concorda.

nº198 sexta-feira, 12 de dezembro Página 4 Atropelado por um EléctricoUm homem foi atropelado por um carro elétrico na rua da Figueira da

Foz tendo declarado à polícia que a culpa não foi do guarda-freio.

nº205 sexta-feira, 19 de dezembro Página 4 Atropelado por um EléctricoUm rapaz de 15 anos foi atropelado por um carro elétrico na Estrada da

Beira tendo sofrido ferimentos ligeiros.

nº215 quarta-feira, 31 de dezembro Página 1 Acêrca do Turismo Enumeração das diversas vantagens dos Trolleybus .

SEM NOTÍCIAS

DIÁRIO DE COIMBRA

MAIO

Ano de 1930

NOVEMBRO

DEZEMBRO

SETEMBRO

OUTUBRO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

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Fontes e Bibliografia

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Fontes

• Coimbra Judaica: Actas, Departamento de Cultura. Câmara Municipal deCoimbra, Coimbra, 2009

• Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra, Bodas de Coral dos Troleicarros emPortugal, Boletim dos Serviços Municipalizados de Coimbra, N.º1, Coimbra,Serviços Municipalizados de Coimbra, agosto de 1982

• Quebra-Costas, Revista Campeão das Províncias – Edição Especial – 100 Anosde Transportes Municipais em Coimbra, 15 de maio de 2008

• Revista SMTUC: Edição Comemorativa dos 100 anos da Municipalização dosTransportes Urbanos de Coimbra: 15 de maio de 2008, Coimbra, ServiçosMunicipalizados de Transportes Urbanos, 2008

Bibliografia

• CALADO, Maria, “Os grandes armazéns no contexto da herança cultural doséculo XX. Os exemplares lisboetas – processo e intervenções”. In Caminhos eidentidades da Modernidade. 1910, O Edifício Chiado em Coimbra. Coimbra.Câmara Municipal de Coimbra. Museu Municipal, 2010

• CARVALHO, Elisabete, “Cem Anos de Tracção Eléctrica em Coimbra: ATracção Eléctrica e o Crescimento do Espaço Urbano”. In Arquivo Coimbrão –Boletim da Biblioteca Municipal, Volume XLII, Câmara Municipal de Coimbra,Coimbra, 2012

• CARVALHO, Elisabete, Coimbra – Do Carril à Catenária: A Tracção Elcétricae o Crescimento do Espaço Urbano, Divisão de Museologia, Câmara Municipalde Coimbra, Coimbra, 2012

• DUARTE, Berta, “Coimbra, Cidade Muralhada”. In Arquivo Coimbrão – Boletimda Biblioteca Municipal, Volume XXXVIII, Câmara Municipal de Coimbra,Coimbra, 2005

• FERNÁNDEZ, Luis Alonso, Introducción a la Nueva Museologia, Madrid:Alianza Editorial, S.A. 1999.

• FERNÁNDEZ, Luis Alonso, Museologia. Introducción a la teoría y práctica delmuseo, Madrid: Ediciones Istmo, 1993.

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• FREITAS, Teresa e QUINTAS, Teresa, Edifício Chiado. Obra de conservação ereabilitação. In Caminhos e identidades da Modernidade. 1910, O EdifícioChiado em Coimbra. Coimbra. Câmara Municipal de Coimbra. Museu Municipal,2010.

• LÓPEZ de AGUILETA, Iñaki, Cultura y Ciudad Manual de Política Municipal,Gijón: Ediciones TREA, S.L., 2000

• MAGALHÃES, Raquel, “Edifício Chiado. Uma das curiosidades de Coimbra” InCaminhos e Identidades da Modernidade. 1910, O Edifício Chiado em Coimbra.Coimbra. Câmara Municipal de Coimbra. Museu Municipal, 2010

• MARNOCO e SOUSA, José, “Municipalização da Tracção Eléctrica emCoimbra”, Revista da Universidade de Coimbra, Volume I, Universidade deCoimbra, 1912

• MATOS, Mário Antunes de, “Os Transportes Urbanos de Tracção Eléctrica deCoimbra: Breve Nota Sobre a Sua Implantação e Desenvolvimento”, Cadernos deGeografia n.º 5, Coimbra, 1986

• MENDES, José M. Amado, A Área Económica de Coimbra – Estrutura edesenvolvimento Industrial, 1867-1927, Coimbra: Comissão e Coordenação daRegião Centro, 1984

• MENDES, José M. Amado, Estudos do Património: Museus e Educação,Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009

• MENDES, José M. Amado, “Novas Metodologias em História Económica: AArqueologia Industrial”, Separata da Revista Portuguesa de História, TomoXXX, Coimbra, 1995

• MENDES, José M. Amado, Património Industrial na Região Centro: Produçãoe Distribuição de Electricidade, 1900-1950, Coimbra, 1993

• NEVES, José Soares (coord.), Santos, Jorge Alves dos, Lima, Maria João, OPanorama Museológico em Portugal: Os Museus e a Rede Portuguesa de Museusna Primeira Década do Século XXI, Direção-Geral do Património Cultural,Lisboa, 2013

• ZUBIAUR CARREÑO, Francisco Javier, Curso de museologia, Gijón: EdicionesTrea, 2004.

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Webgrafia

• http://icom-portugal.org/ [consultado em 12/07/2016]

• http://www.cm-coimbra.pt/index.php/areas-de-intervencao/cultura/museu-municipal [consultado em 23/08/2016]

• www.patrimoniocultural.pt [consultado em 31/03/2016]