o codigo florestal brasileiro e o ciberativismo ambiental

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REDES.COM N°8 | 85 O Código Florestal Brasileiro e o ciberativismo ambiental no Twitter PRISCILA MUNIZ DE MEDEIROS E JOSÉ AFONSO DA SILVA JÚNIOR ABSTRACT This paper has mapped the environmental organizations actions and influence inside the micro- blog Twitter at the time of the debates about changes in Brazilian Forest Law, especially in what concerns cyberactivism strategies. We used a quanti-qualitative methodology. We identified that the environmental organizations played the role of the most influent voice between the ones that constitute the green public sphere. We also found different patterns of cyberactivism in the campaigns against the changes in the legislation. Associations between the cyberactivism actions and the positioning of Twitter users against the changes were also found. KEYWORDS: Cyberactivsm, Forest Law, Twitter, Environment, Digital Media. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo tem como foco o uso do ambiente do microblog Twitter para ações de ciberativismo dentro da disputa política ocorrida em torno das propostas de mudança no Código Florestal Brasileiro. Os resultados são parte da pesquisa “O papel das novas mídias no debate ambiental: uma análise dos fluxos comunicativos no Twitter sobre as mudanças no Código Florestal”. O Código Florestal Brasileiro foi criado em 1965 1 com a função de regular o uso das propriedades privadas no sentido de demarcar áreas de preservação da vegetação dentro das mesmas, partindo do pressuposto que as florestas e demais formas de vegetação presentes no território nacional são bens de interesse comum a todos os habitantes do 1 O primeiro Código Florestal brasileiro foi instituído pelo Decreto no 23.793, de 23 de janeiro de 1934, revogado posteriormente pela Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, que instituiu o Código Florestal vigente até o ano de 2012 (SBPC; ABC, 2011).

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Artigo Acadêmico

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  • Redes.Com n8 | 85

    O Cdigo Florestal Brasileiro e o ciberativismo ambiental no TwitterPRisCila muniz de medeiRos e Jos afonso da silva JnioR

    AbstrAct

    This paper has mapped the environmental organizations actions and influence inside the micro-blog Twitter at the time of the debates about changes in Brazilian Forest Law, especially in what concerns cyberactivism strategies. We used a quanti-qualitative methodology. We identified that the environmental organizations played the role of the most influent voice between the ones that constitute the green public sphere. We also found different patterns of cyberactivism in the campaigns against the changes in the legislation. Associations between the cyberactivism actions and the positioning of Twitter users against the changes were also found.Keywords: Cyberactivsm, Forest Law, Twitter, Environment, Digital Media.

    1. Introduo

    O presente artigo tem como foco o uso do ambiente do microblog Twitter para aes de ciberativismo dentro da disputa poltica ocorrida em torno das propostas de mudana no Cdigo Florestal Brasileiro. Os resultados so parte da pesquisa O papel das novas mdias no debate ambiental: uma anlise dos fluxos comunicativos no Twitter sobre as mudanas no Cdigo Florestal.

    O Cdigo Florestal Brasileiro foi criado em 19651 com a funo de regular o uso das propriedades privadas no sentido de demarcar reas de preservao da vegetao dentro das mesmas, partindo do pressuposto que as florestas e demais formas de vegetao presentes no territrio nacional so bens de interesse comum a todos os habitantes do

    1 O primeiro Cdigo Florestal brasileiro foi institudo pelo Decreto no 23.793, de 23 de janeiro de 1934,revogado posteriormente pela Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, que instituiu o Cdigo Florestalvigente at o ano de 2012 (SBPC; ABC, 2011).

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    Pas. Duas figuras jurdicas so bastante relevantes na poltica ambiental instaurada pelo cdigo de 1965: as noes de reas de Preservao Permanente (APP) e de Reserva Legal. Aps Medida Provisria aprovada em 2001, as definies dessas reas foram estabelecidas da seguinte forma: rea de Preservao Permanente: rea protegida nos termos dos arts. 2 e 3 da Lei, coberta ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo g-nico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas. Reserva Legal: rea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservao permanente, necessria ao uso sustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dos processos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo e proteo de fauna e flora nativas.

    No decorrer do texto, a lei explica que as florestas e demais formas de vegetao presentes nas APPs no podem ser suprimidas pelos seus proprietrios2. A legislao entende como APPs, por exemplo, reas de mata ciliar ao longo das margens dos rios (30 metros para os cursos dgua de menos de 10 metros de largura, 50 metros para os que tenham de 10 a 50 metros de largura, 100 metros para os que tenham de 50 a 200 metros de largura, 200 metros para os cursos dgua que tenham de 200 a 600 metros de largura e 500 metros para os cursos dgua que tenham largura superior a 600 metros), a vegetao ao redor de lagoas, lagos, nascentes, no topo de morros, montes, montanhas e serras, nas encostas, nas restingas, etc.

    J a reserva legal, explica a lei em questo, consiste num percentual da propriedade rural que no pode ter sua vegetao suprimida, de acordo com o bioma em que ela se localiza. A conta da reserva legal no inclui as APPs, o que significa que a Reserva Legal e as APPs so consideradas de forma independente. Para as reas de floresta da Amaznia Legal, a rea de Reserva Legal consiste em 80% da propriedade. No caso das reas de cerrado da Amaznia Legal, esse percentual passa para 35%. No restante do Pas, 20% das propriedades devem ser mantidas como Reserva Legal.

    Aps muitas emendas ao texto original, um grupo de interesses formado basicamente por produtores rurais colocou na agenda poltica brasileira, a partir da dcada de 90, a proposta de uma reformulao na legislao. Entre os argumentos, a alegada necessidade de aumentar a produo agrcola para atender as demandas populacionais e o fato de que cerca de 90% dos proprietrios rurais estavam em condies de ilegalidade (por no haverem cumprido a lei anteriormente) e que muitos deles no tinham condies para se regularizar3. Eles

    defendem uma perspectiva conservadora de plena utilizao da propriedade imvel rural

    (por vezes at mesmo o seu uso irrestrito), como a Confederao Nacional da Agricultura,

    2 A no ser com prvia autorizao do Poder Executivo Federal, quando for necessria execuo de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse social.3 Ver: http://www.canaldoprodutor.com.br/codigoflorestal/porque-e-importante-mudar-o-codigo-florestal

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    CNA, e parlamentares que integram a bancada ruralista, ou que esto comprometidos

    com atividades produtivas que tm na ocupao e no uso da terra um de seus fatores

    de produo (AHRENS, 2003).

    Como contraponto tentativa de modificao da legislao promovida pelos rura-listas, surgiram outros atores no debate sobre o Cdigo Florestal. Tais atores, encabeados principalmente por Organizaes No-Governamentais ambientais, comearam intensas campanhas contra modificaes na legislao, argumentando que a produo agrcola brasileira poderia ser praticamente dobrada se as reas hoje ocupadas com pecuria de baixa produtividade fossem realocadas para o cultivo agrcola, que a anistia dos desma-tadores estimularia novas ilegalidades e que, por vrios motivos, a mudana na legislao aumentaria o desmatamento no Pas4. Tais campanhas foram amplamente divulgadas no ciberespao, tornando-se parte elementos fundamentais dos debates ocorridos no Twitter sobre a questo do Cdigo Florestal.

    A proposta de um novo Cdigo Florestal comeou a ser votada pelo Congresso Nacional no ano de 2011. Em maio, a Cmara dos Deputados aprovou o texto de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB). O texto seguiu para o Senado, que o modificou, apro-vando uma nova verso, relatada pelo senador Jorge Viana (PT) em dezembro do mesmo ano. Assim, o novo Cdigo Florestal voltou para a Cmara, que no ficou satisfeita com as mudanas feitas pelo Senado, aprovando, em abril de 2012, uma outra verso, redi-gida pelo deputado Paulo Piau (PMDB), mais prxima da verso aprovada inicialmente pelos deputados. A lei seguiu, ento, para o veto parcial da presidente Dilma Rousseff que, atravs de uma Medida Provisria, vetou 12 artigos do texto e fez 32 modificaes, deixando a legislao mais prxima do que havia sido acordado no Senado Federal. Depois disso, o texto do Cdigo Florestal foi novamente modificado pelo Congresso Nacional, que o flexibilizou ainda mais. No entanto, nove itens desse novo texto foram vetados pela presidente em outubro de 2012 e, no dia 18 desse mesmo ms, foi publicado no Dirio Oficial da Unio a nova legislao florestal brasileira.

    O corpus do presente trabalho foi coletado no perodo entre a aprovao da nova lei pela Cmara dos Deputados e o incio da apreciao pelo Senado Federal, portanto, as reaes analisadas dizem respeito ao resultado do texto do deputado Aldo Rebelo, publi-cado em 24 de maio de 2011. Dentre as mudanas propostas por esse texto, se destacam: a modificao na medio das reas de Proteo Permanente (APPs) e a diminuio da obrigatoriedade da recomposio da mata ciliar dos rios de at 10 metros de largura de 30 para 15 metros; a permisso da manuteno de atividades consolidadas nas APPs antes de 22 de julho de 2008, que na lei anterior tinham que ser recompostas; a generalizao da possibilidade de incluso das APPs na contabilidade da rea de Reserva Legal, que na lei anterior eram considerados elementos independentes; o tratamento diferenciado para propriedades com at 4 mdulos fiscais, entre outras. 4 Ver: http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/cartilha_codigoflorestal_20012011.pdf

    o Cdigo floRestal BRasileiRo e o CiBeRativismo amBiental no twitteR

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    2. cIberAtIvIsmo

    Comearemos por tratar das relaes complexas entre democracia e ecologia. Viola (1987) explica que o movimento ambientalista tende a redefinir o valor democracia pelo valor ecologia, ou seja, a democracia precisa ser limitada pela necessidade de preservao do equilbrio ecolgico. As questes como extenso e profundidade de participao no pro-cesso decisrio subordinam-se, (mas no se resumem) ao contedo normativo ecolgico do sistema poltico (VIOLA, 1987, p. 5).

    Ainda segundo o autor, essa tenso entre democracia e ecologia tem abordagens distintas dentro do movimento ecolgico. Enquanto uma parcela dos ecologistas, no intuito de preservar a pureza do movimento, reluta em se aproximar de outras foras sociopolticas, uma outra se preocupa em amplificar o movimento ambiental, buscando aproximao com outros setores no sentido de, paulatinamente, promover uma transio ecolgica na sociedade desenvolvimentista. Para que haja tal aproximao, so usados mtodos democrticos para persuadir a sociedade sobre a necessidade da opo ecolgica. Ou seja: tenta-se convenc-la da importncia da causa ambiental para que, atravs de um processo deliberativo, ela interfira nas decises polticas que dizem respeito a tais questes. Essa persuaso s possvel atravs de dinmicas comunicacionais, que, antes da emergncia das mdias digitais, dependiam quase que exclusivamente das mdias tradicionais, com suas regras de newsmaking5. Assim, as novas mdias surgiram como espaos potenciais de visibilidade dos discursos ecolgicos sem a obrigatoriedade do crivo dos veculos tradicionais de comunicao.

    A questo das potencialidades e limites das mdias digitais um assunto j bastante difundido, por esse motivo no pretendemos nos alongar nele. Por hora, suficiente dizer que, apesar de, devido a caractersticas como a liberao do polo de emisso (LEMOS, 2009), a velocidade de propagao de ideias e o carter colaborativo dos novos meios, eles terem o potencial de constiturem ambientes mais democrticos do que os da mdia massiva, nem sempre tal potencialidade se concretiza. Gomes (2008), por exemplo, elenca sete crticas que vm sendo feitas por autores que rechaam a retrica entusiasmada sobre o ciberespao. A primeira questiona a qualidade das informaes polticas em circulao na rede. A segunda tem a ver com a desigualdade de acesso e de distribuio de competncias tcnicas. Em seguida, apontado o fato de os meios tcnicos no se-rem capazes de modificar a cultura poltica da sociedade, por exemplo, despertando o interesse dos cidados por informao poltica. Tambm so levantadas questes sobre a permanncia da predominncia dos meios de massa, o fechamento do sistema poltico, que no foi reconfigurado com as mudanas nos meios de comunicao, a falta de con-trole sobre discursos antidemocrticos (racistas e xenfobos, por exemplo) e, finalmente, a possibilidade de controle das aes virtuais das pessoas por companhias capitalistas e agncias governamentais.

    5 Modelos de produo de informaes rotineiros dos veculos de comunicao, que levam em conta a cultura profis-sional do jornalista, a organizao do trabalho e os processos produtivos (WOLF, 20005).

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    Mesmo com todas as limitaes, alguns setores da sociedade civil (sejam cidados, ONGs, associaes...) vm conseguindo se aproveitar da estrutura descentralizada das novas mdias para fins democrticos. Nos ltimos anos, temos visto a exploso de vrias manifestaes de cunho poltico articuladas dentro do ciberespao, o que fez surgir, inclusive, o termo ciberativismo. Estratgias como as peties online se popularizaram em vrias partes do mundo. H ainda outras formas de ciberativismo, como o envio de mensagens direcionadas a governantes, empresas, entre outros atores polticos.

    Vegh (2003 apud Rigitano, 2003) elenca trs diferentes categorias de ciberativismo. A primeira delas tem a ver com o uso dos cibermeios para conscientizao e apoio sobre uma determinada causa. Neste caso, os novos meios so utilizados como fontes alterna-tivas de informao, muitas vezes na difuso de contedos negligenciados pela mdia de massa. A maioria das organizaes ativistas que podem ser classificadas nessa categoria de conscientizao e apoio, tem como objetivo proteger e reivindicar os direitos de segmentos marginalizados, como minorias tnicas e mulheres, por exemplo (RIGITANO, 2003, p. 3). A segunda categoria diz respeito organizao e mobilizao para uma determinada ao atravs do uso da internet. Essa categoria dividida em trs subcategorias: 1) o uso da internet para a convocao de pessoas para aes offline; 2) o uso da internet para aes que poderiam ser realizadas offline, mas cuja eficincia online pode ser maior, como, por exemplo, entrar em contato com governantes ou organizar uma petio, 3) O uso da internet para aes que s poderiam ser realizadas online, como a coordenao de uma campanha massiva de envio de spams com objetivo de saturar um servidor (RIGITANO, 2003, p. 4) A ltima categoria de ciberativismo seria o hacktivismo, que envolve desde invaso de sites at cibercrimes ou ciberterrorismo. importante ter em mente que as mobilizaes online a respeito de uma determinada causa podem envolver mais de uma categoria de ciberativismo.

    Aos usarem as novas mdias como ferramenta, alm de conquistarem espaos que quase sempre no esto disponveis nas mdias de massa, nas quais o controle da emisso de informaes limitado, os movimentos sociais ainda ganham autonomia ao escapar de terem sua imagem construda exclusivamente a partir das interpretaes dos profissionais das mdias tradicionais (PEREIRA, 2011). No entanto, importante frisar que isso no quer dizer que as tecnologias criam as mobilizaes. Isso indica que grupos sociais e at indivduos tm condies mais favorveis para construir redes de mobilizao, o que no era possvel em uma esfera pblica dominada pelos mass media (BENKLER, 2006 apud SILVEIRA, 2009, p. 132).

    Uma caracterstica marcante nas manifestaes online que os ciberativistas no tem uma colorao ideolgica definida nos marcos tradicionais (SILVEIRA, 2009, p.132), por isso, uma mesma causa capaz de agregar em torno dela pessoas de diferentes vises de mundo. Alm disso, as novas mdias so capazes de trabalhar com diferentes temporalidades. Dessa forma, assim como as ferramentas de comunicao instantnea so importantes por conferir velocidade comunicao (retroalimentao em tempo real, de maneira a reduzir distncias), a comunicao assncrona concederia visibilidade s demandas e ampliaria as formas e os lugares de interao no tempo e no espao (BATISTA, 2010, p. 10).

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    Para alm das citadas semelhanas, os movimentos resultantes das interaes online tambm tm caractersticas diversas, sendo uns mais deliberativos e outros de estrutura mais centralizada, ficando uns restritos ao ciberespao enquanto outros tomam o espao urbano. Os ciberativistas tambm possuem diferentes tipos de metas. Para alm da j citada diviso de Vegh (2003 apud Rigitano, 2003), podemos separar suas aes pelo tipo de atores que as manifestaes pretendem influenciar. Elencamos aqui trs atores principais: governantes, empresas privadas e os cidados. Influenciar aes governamentais uma das formas mais importantes de ciberativismo. No entanto, tais estratgias esbarram, muitas vezes, nas j apontadas blindagens antipblico do nosso sistema poltico (GOMES, 2005). As aes que visam a influenciar empresas privadas parecem, hoje, ter resultados mais imediatos, principalmente quando consumidores insatisfeitos se unem em movimentos de boicote articulados online. Tais movimentos, por vezes, tem conseguido resultados interessantes, j que o lucro das empresas advm do consumo, e o fantasma do boicote exige respostas rpidas das empresas envolvidas (MEDEIROS; LORDLO, 2012). H tambm movimentos online que pretendem influenciar as aes de cidados, como, por exemplo, a difuso de informaes sobre aes ambientalmente corretas.

    Assim como outras formas de ativismo, o ativismo ambiental vem se apropriando das ferramentas digitais como forma de propagar suas ideias. Castells (1999) percebe um destaque do movimento ambientalista no uso das novas mdias, atribuindo o sucesso que o mesmo obteve nas ltimas dcadas ao fato de que mais do que qualquer outra fora social, ele tem demonstrado notvel capacidade de adaptao s condies de comunicao e mobilizao apresentadas pelo novo paradigma tecno1gico (CASTELLS, 1999, p. 191). A internet tem ajudado distintas organizaes ambientais de vrias partes do mundo a formarem redes de ao e troca e informaes. Alm disso, tais organizaes tm criado canais de contato direto com o pblico, atravs da criao de pginas na internet, canais no Youtube, perfis nas diferentes mdias sociais, entre outras estratgias (CASTELLS, 2009).

    Pickerill (2003 apud CASTELLS, 2009) aponta cinco processos atravs dos quais as organizaes e grupos ambientais mobilizam a participao atravs do uso dos novos meios: a promoo de uma via de acesso ao ativismo, o aumento da visibilidade de suas campanhas, a mobilizao do ativismo online, o estmulo ao ativismo local e a atrao de participantes para protestos.

    A relao entre as novas mdias e a causa ambiental pode ser descrita como ambgua no que diz respeito ao espao-tempo do meio ambiente. Se por um lado, a internet responsvel pelo ritmo veloz da vida moderna, marcada pelo espao de fluxos e pelo tempo atemporal (CASTELLS, 2009), ela vem abrindo espao para a visibilidade de movimentos ambientais cujos projetos visam a redefinir os parmetros da nossa existncia, propagando a noo do tempo em cmera lenta associada ao tempo glacial (CASTELLS, 2009). A noo de tempo glacial, que percebe a relao entre os homens e a natureza numa perspectiva evolucio-naria e de longussimo prazo, prega a compreenso do tempo em cmera lenta, baseada no prprio ritmo da natureza e da evoluo das espcies. Neste sentido, a preocupao se

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    volta para o bem estar tanto das geraes atuais quanto das geraes futuras; Tal discurso contra-hegemnico, segundo Castells, vem ganhando espao nas novas mdias. Ao mesmo tempo, o tempo glacial contesta um modelo de sociedade baseado na efemeridade e no tempo acelerado de nosso cotidiano, fenmenos que esto ancorados nas novas tecnologias e seu potencial de instantaneidade e simultaneidade. Neste sentido, fica evidenciado que so as apropriaes sociais das novas tecnologias que determinam quando elas trabalham em prol das causas ambientais e quando seu uso est no caminho oposto.

    3. metodologIA

    Como j mencionado, o presente artigo foi construdo atravs de dados obtidos dentro da pesquisa O papel das novas mdias no debate ambiental: uma anlise dos fluxos comunicativos no Twitter sobre as mudanas no Cdigo Florestal. A pesquisa estudou as manifestaes online dos usurios do servio de microblog Twitter a respeito das mu-danas no Cdigo Florestal, priorizando a identificao dos atores envolvidos nas trocas comunicacionais e o mapeamento de suas posies e discursos para a identificao de processos ideolgicos atrelados s manifestaes discursivas. A partir de tais buscas, se identificou a grande relevncia obtida pelo ciberativismo promovido por ONGs e movi-mentos ambientais dentro do corpus analisado, e ser justamente esse aspecto que ser tratado neste trabalho.

    O Twitter foi usado para a coleta do corpus em virtude de seu formato e arquitetura. O servio de microblog Twitter foi criado em 2006, com a proposta de fazer com que os usurios respondessem em, no mximo 140 caracteres, pergunta O que voc est fazendo? Devido a diferentes apropriaes dadas pelos usurios, a pergunta mudou, em 2009, para O que est acontecendo (ZAGO, 2011). Uma ferramenta de microblogging uma plataforma hbrida que associa a comunicao por mensagens instantneas ideia de rede social e mobilidade (ORIHUELA, 2007 apud ZAGO, 2011). A escolha do Twitter como local de coleta da amostragem se deu pelo fato de o mesmo ser um tipo de microblog com arquitetura aberta de informao (ZAGO, 2008), o que permite o fcil acesso do pesquisador aos contedos publicados.

    A amostra representativa da pesquisa consistiu nos posts6 publicados no Twitter, durante uma semana artificial, que continham os termos cdigo florestal. A coleta dos dados por meio de uma semana artificial foi a estratgia escolhida por permitir a obteno de uma amostra estritamente aleatria. A semana composta foi formada a partir de datas sorteadas no perodo de sete semanas entre 11 de setembro e 29 de outubro de 2011. Dessa forma, foi sorteado um dia para cada semana, de modo que s pudesse haver um domingo, uma segunda-feira e assim por diante. A composio ficou da seguinte maneira: domingo, 9 de outubro; 2 feira, 24 de 6 Um post um contedo publicado em blogs ou microblogs.

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    outubro; 3 feira, 27 de setembro; 4 feira, 5 de outubro; 5 feira, 20 de outubro; 6 feira, 23 de setembro; e sbado, 17 de setembro. Para cada uma das datas sorteadas, os tweets foram coletados com auxlio do software The Archivist, que armazena, acessando o mecanismo de busca do prprio Twitter, os posts que contm as palavras-chave escolhidas, possibilitando que as informaes sejam exportadas para uma planilha do Microsoft Excel.

    Ao todo, foi coletado um total de 3.963 tweets ao longo dos sete dias pesquisados7. Aps a eliminao de alguns tweets8 para a correo de possveis distores9, restaram 3.457 a serem considerados na anlise.

    O corpus foi trabalhado numa abordagem quanti-qualitativa. Inicialmente, os tweets foram classificados de acordo com o tipo de atores que os postaram, de acordo com a tabela abaixo:

    tAbelA 1. subdIvIses dos perfIs

    C1 Perfis que postaram os tweets

    1 Pessoais

    2 Jornalsticos (perfis de Rdios, Tvs, portais jornalsticos e jornais impressos)

    3 Polticos

    4 Independentes/temticos (blogs, sites independentes, sites temticos, perfis agregadores de notcias, perfis no-pessoais)

    5 Governamentais

    6 Judicirio, Ministrio Pblico, Ordem dos Advogados do Brasil

    7 Terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundaes) e movimentos sociais

    8 Campanhas e movimentos pontuais

    9 Representaes de classe (sindicatos, associaes de categorias, cooperativas, federaes e conselhos)

    10 Iniciativa privada (empresas e agncias de comunicao que as representam)

    11 Grupos cientficos e universidades

    12 Igrejas

    13 Outros, perfis no identificados, perfis deletados, contas suspensas

    7 Tweet cada uma das postagens feitas no Twitter8 Para a obteno desse total, foram contabilizados tanto os tweets com contedos prprios quanto os retweets (quando um usurio encaminha para seus seguidores contedo que outro usurio compartilhou no Twitter) em suas duas formas: quando o usurio copia o contedo da mensagem e escrever RT no comeo dela ou mediante uma ferramenta disponvel no Twitter com a qual basta que o usurio passe o mouse sobre sua timeline e clique em Retweet. O software The Archivist capaz de captar os dois tipos de retweets, identificando, em ambos os casos, o perfil que retuitou.9 Foram desconsiderados tweets postados por perfis com caractersticas de perfis mal-intencionados (twitter-bots e perfis fakes).

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    Eles tambm foram classificados como contedos originais ou retweets. Alm disso, foi analisado o teor dos contedos publicados, de acordo com a tabela a seguir:

    tAbelA 2. subdIvIso dos tweets quAnto Ao teor do contedo

    Teor do contedo

    1 Contra o novo Cdigo Florestal

    2 A favor do novo Cdigo Florestal

    3 No emite opinio diretamente no tweet, mas possui link

    4 Cita o cdigo florestal sem emitir opinio ou remeter a link

    5 Contedo dbio, no identificado ou opinies no conclusivas

    S foram classificados nos campos 1 e 2 os posts que puderam ser avaliados, com algum grau de segurana, como manifestaes contrrias ou favorveis s mudanas na legislao flo-restal. importante deixar claro que, nessa anlise, s se consideraram esses dois eixos, o que significa que todos os que manifestaram querer mudanas na legislao foram enquadrados no campo 2, independente de quais mudanas foram ou no apoiadas ou sugeridas. Essa escolha foi feita porque, durante a anlise, essa polarizao entre sim e no foi claramente percebida nos textos dos tweets, muito provavelmente por influncia da limitao dos 140 caracteres, que impossibilitam uma avaliao das propostas ponto a ponto.

    Para a classificao dentro desses dois primeiros campos, foram adotados alguns critrios: 1) o uso de expresses como concordo discordo, sou a favor sou contra, etc.; 2) pedidos claros para que o Cdigo Florestal seja modificado ou mantido; 3) uso de adjetivos valorativos para avaliar uma posio ou a outra (projeto sensato, ridcu-lo, vergonhoso, necessrio, etc.); 4) uso de alguns substantivos que, associados ao novo Cdigo Florestal, sugerem juzo de valor (avanos, barbaridades, retrocesso, crime, destruio, etc.); 5) uso de hashtags10 criadas por ambos os lados do debate como forma de demarcar posio (os movimentos contrrios s mudanas no cdigo criaram a hashtag #florestafazadiferenca, como em @gustavonox: Marina Silva fala aos relatores do novo Cdigo Florestal, direto da CNBB em Braslia, AO VIVO! http://t.co/qDRMUvId #florestafazadiferenca, enquanto os que se manifestaram a favor criaram a hashtag #codigoflorestalja, como em @canaldoprodutor: Amanh, o sen Luiz Henrique apresentar seu relatrio sobre o novo Cdigo Florestal http://t.co/jtBVbaT4 #codigoflo-restalja). Somente em uma situao especfica o uso de tais hashtags no foi considerado 10 Palavras-chave antecedidas pelo smbolo #, que designam o assunto o qual est se discutindo em tempo real no Twitter

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    como manifestao de opinio: quando elas foram claramente citadas para nomear as campanhas em contedos informativos, como em @florestafaz: Quem acompanha o #florestafazadiferenca aqui no Facebook j sabe que o Cdigo Florestal est prestes a ser votado... http://t.co/6bfPqMBM.

    As opinies contidas nos retweets foram entendidas como opinies daqueles que os replicaram, uma vez que se partiu do pressuposto de os usurios s retuitam contedos opinativos com os quais concordam. Essa tendncia ficou clara no que diz respeito ao corpus desse trabalho, apesar de raras excees terem sido detectadas.

    Por fim, trabalhando com os contedos de tweets que possuam ligaes hipertex-tuais para contedos da web, tais links foram classificados da seguinte forma:

    tAbelA 3. subdIvIses dos sItes que hospedAm os lInKs quAnto nAturezA

    C2.1 Natureza dos sites que hospedam os links:

    1 Outras redes sociais, sites de peties online

    2 Sites jornalsticos (sites/portais de jornais impressos, rdios, televises, re-vistas, sites/portais de internet)

    3 Sites polticos

    4 Sites independentes/temticos (blogs, sites independentes, sites temticos, agregadores de notcias)

    5 Sites governamentais

    6 Sites do Judicirio, Ministrio Pblico, Ordem dos Advogados do Brasil

    7 Sites do terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundaes) e movimentos sociais

    8 Sites de campanhas e movimentos pontuais

    9 Sites de representaes de classe (sindicatos, associaes de categorias, cooperativas, federaes e conselhos)

    10 Sites da iniciativa privada (empresas e agncias de comunicao que as representam)

    11 Sites de grupos cientficos e universidades

    12 Sites de igrejas

    13 Outros, no identificados, no abrem.

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    4. os nmeros dAs orgAnIzAes AmbIentAIs no twItter

    Tomando como base a diviso de vozes presentes na esfera pblica verde proposta por Cox (2010), percebeu-se que no debate sobre as mudanas no Cdigo Florestal quase todas as vozes elencadas pelo autor estiveram presentes (movimentos locais de cidados, organizaes ambientais, grupos cientficos, corporaes e seus lobistas, grupos anti-ambientalistas, mdia e jornalismo ambiental e agentes pblicos e reguladores), com exceo da voz dos grupos anti-ambientalistas e dos movimentos locais de cidados11. No entanto, duas vozes se destacaram, polarizando e conduzido o debate: a das organizaes ambientais e das corporaes e seus lobistas.

    A voz as organizaes ambientais foi incorporada por dois dos grupos de atores elencados na tabela 1: os perfis do Terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundaes) e movimentos sociais e os perfis das campanhas ou movimentos pontuais. Os perfis de campanhas e movimentos pontuais que apareceram no corpus da pesquisa foram ligados, principalmente, a movimentos articulados por ONGs em conjunto, como a campanha Floresta Faz a Diferena, contra as mudanas no Cdigo Florestal.

    Da mesma forma, a voz das corporaes e seus lobistas foi incorporada pelos perfis das representaes de classe (sindicatos, associaes de categorias, cooperativas, fede-raes e conselhos) e da iniciativa privada. Enquanto a voz das organizaes ambientais se posicionou contrariamente s alteraes no Cdigo Florestal, a voz das corporaes e seus lobistas fez campanha pela aprovao das mudanas. Ambos os lados usaram estratgias discursivas para conquistar apoiadores dentro do Twitter, mas as vozes das organizaes ambientais tiveram mais sucesso, como demonstraro os dados da pesquisa. Desenhado o contexto da atuao das organizaes ambientais no caso pesquisado, nos concentraremos doravante especificamente na atuao dos perfis do Twitter ligados a tais organizaes.

    Os perfis dos atores que incorporaram a voz das organizaes ambientais no se destacaram entre os que mais postaram contedos no Twitter. Os perfis do terceiro setor e movimentos sociais foram responsveis apenas por 3,5% total de tweets postados, enquanto as campanhas e movimentos pontuais postaram 1,3% dos tweets., como pode ser visualizado na imagem a seguir:

    11 Apesar de diversos perfis pessoais terem postados contedos, no houve a revelao de movimentos locais exata-mente como as concebe Cox, pois as manifestaes dos perfis pessoais no demonstraram discursivamente serem feitas por pessoas que tero seus quintais atingidos por danos ambientais provocados pela mudana na lei florestal. Da mesma forma, apesar de terem ocorrido manifestaes a favor das mudanas no Cdigo Florestal, as vozes de grupos anti-ambientalistas no apareceram no debate via Twitter sobre o Cdigo Florestal, uma vez que nenhum dos grupos se manifestou abertamente contra a preservao ambiental. Se, por um lado, na ONGs e movimentos sociais condenaram o novo Cdigo alegando que o mesmo provocaria mais degradao ambiental, os favorveis s mudanas alegaram que a nova legislao garantiria a preservao. Portanto, o argumento da preservao ambiental foi usado por ambos os lados, no havendo uma argumentao explcita de que tal preservao seria algo no relevante.

    o Cdigo floRestal BRasileiRo e o CiBeRativismo amBiental no twitteR

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    Figura 1: distribuio dos tweets sobre o novo Cdigo Florestal por perfis que os publicaram

    Na verdade, o que fez com que a voz das organizaes ambientais ganhasse rele-vncia no corpus dessa pesquisa no foi uma grande quantidade de tweets postados por atores que a representam (terceiro setor e movimentos sociais e campanhas e movimentos pontuais), mas sim a reverberao dos contedos postados por esses atores. Tais contedos foram difundidos por outros atores que participaram das trocas comunicativas sobre as mudanas no Cdigo Florestal no Twitter, especialmente pelos perfis pessoais. Tal infor-mao pode ser confirmada atravs de diferentes dados numricos obtidos na pesquisa.

    Uma das forma de perceber os agentes influentes nos debates virtuais sobre o Cdigo Florestal foi a anlise dos retweeets. Verificou-se que, no corpus deste trabalho, 37,2% dos tweets (1286) foram classificados como retweets, enquanto os demais 62,8% (2171) foram considerados contedos originais. importante esclarecer que a metodologia escolhida provocou um provvel subdimensionamento da quantidade de RTs, uma vez que no foram consideradas formas alternativas de retweets, como o uso do termo via @usurio ou a simples cpia do contedo sem o uso de RT. Portanto, o percentual de 37,2% deve ser encarado como um valor mnimo de algo que, neste trabalho, no pde ser dimensionado com total segurana.

    Na lista dos 10 perfis mais retuitados, cinco foram do terceiro setor e movimentos sociais ou campanhas e movimentos pontuais (que incorporam a voz das organizaes ambientais), que ocuparam, inclusive, as quatro primeiras posies, de acordo com a tabela abaixo:

    PRisCila muniz de medeiRos e Jos afonso da silva JnioR

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    tAbelA 4. lIstA dos perfIs mAIs retuItAdos

    Perfil: Classificao do perfil: N de retweets

    @Liberdade Campanhas e movimentos pontuais

    103

    @florestafaz Campanhas e movimentos pontuais

    96

    @WWF_Brasil Terceiro setor e movimen-tos sociais

    94

    @GreenpeaceBR Terceiro setor e movimen-tos sociais

    89

    @CiroFSiqueira Pessoal 35

    @silva_marina Poltico 32

    @ecodebate Independentes/temticos 30

    @ MST_Oficial Terceiro setor e movimen-tos sociais

    29

    @psustentavel Jornalstico 26

    @reinaldoazevedo Pessoal 26

    Entre os contedos mais retuitados, tambm fica fcil perceber a influncia das vozes ligadas s organizaes ambientais. Elas foram responsveis por oito dos dez contedos mais replicados, conforme demonstra a tabela a seguir:

    tAbelA 5. contedos sobre o novo cdIgo florestAl mAIs retuItAdos

    RT @GreenpeaceBR: Hoje, no Marco Zero de Recife, a partir das 8h, seja ati-vista por um dia. Mostre que voc contra o Novo Cdigo Florestal #codigo-florestal

    36

    RT @GreenpeaceBR: Veja as fotos da mobilizao de hoje em Belo Horizonte contra mudanas no Cdigo Florestal http://t.co/nIHAfnY8

    29

    RT @WWF_Brasil: Ona, urubu e como mudanas no Cdigo Florestal podem afetar sua vida. http://t.co/ve8aVIfK

    27

    RT @silva_marina: A partir das 17h estarei na Fundao iFHC para uma pales-tra sobre o #CdigoFlorestal: http://t.co/4fpAa2sb

    25

    o Cdigo floRestal BRasileiRo e o CiBeRativismo amBiental no twitteR

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    RT @WWF_Brasil: A reforma do Cdigo Florestal continua e o movimento pelas assinaturas cresce http://t.co/8R6R2uQI

    24

    RT @WWF_Brasil: Amanh, a CCT e CRA devem apresentar o novo substitutivo do Cdigo Florestal Brasileiro relatado p/ senador Luiz Henrique da Silveira.

    21

    RT @WWF_Brasil: Senadores vo a CNBB dialogar sobre o Cdigo Florestal http://t.co/Ha9A59xf

    15

    RT @Paulinhoantello: Artistas opinando no Cdigo Florestal... o mesmo que um agrnomo comentar a entrega do Oscar! #boigordo #CODIGOFLORESTALJA

    14

    RT @GreenpeaceBR: Quem disse que s a gente tem Cdigo Florestal? Estudo derruba argumento ruralista no Congresso. Veja aqui. http://t.co/gr0aX6vU

    14

    RT @florestafaz: AO VIVO: Marina Silva fala com os relatores do Cdi-go Florestal, direto da reunio do Comit Brasil em Defesa das... http://t.co/4DSU4DUO

    13

    Outro nmero interessante diz respeito aos links publicados nas postagens no Twitter. No corpus dessa pesquisa, foi encontrado que 69,8% dos tweets (2412) continham ligaes por hiperlink para contedos externos ao Twitter, enquanto apenas 30,2% (1045) no apresentavam tal recurso. A distribuio dos tipos de pginas que hospedam os links pre-sentes nos tweets sobre o novo Cdigo Florestal pode ser visualizada na imagem a seguir:

    Figura 2: tipos de pginas que hospedam os links presentes em tweets sobre o novo Cdigo Florestal

    PRisCila muniz de medeiRos e Jos afonso da silva JnioR

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    Pela figura, possvel perceber que os sites do terceiro setor e movimentos sociais e os das campanhas e movimentos pontuais ocuparam, respectivamente, as terceira e quarta posies entre as pginas mencionadas nos tweets que compuseram o corpus da pesqui-sa, atrs dos sites jornalsticos e dos sites independentes/temticos. Os sites ligados ao terceiro setor e movimentos sociais aparecem com 16,1% das ocorrncias, enquanto os links relacionados a sites de campanhas pontuais apareceram com 9,4% das ocorrncias. Apesar de no volume total de links citados as ligaes para pginas do terceiro setor e movimentos sociais e das campanhas e movimentos pontuais ficarem atrs das pginas jornalsticas e das pginas independentes/temticas, isso muda quando olhamos para a lista dos dez links mais citados, na qual seis conectam a pginas das organizaes ambientais e campanhas, como mostrado na tabela a seguir:

    tAbelA 6. lInKs mAIs mencIonAdos nos tweets sobre o cdIgo florestAl

    Links N

    Link para Pgina da cobertura ao vivo da campanha Floresta Faz a Dife-rena

    85

    Link para pgina inicial da campanha Floresta Faz a Diferena 81

    Link para a matria Pesquisadores lanam documento por mudanas no Cdigo Florestal, da Folha.com

    41

    Link para a matria Aumenta presso social contra projeto que altera C-digo Florestal, do Brasil de Fato

    40

    Link para o texto BH se mobiliza contra o Cdigo da Motosserra, do Gre-enpeace

    38

    Link para o vdeo do Youtube Depoimento Wagner Moura 38

    Link para o texto Ona, urubu e como mudanas no Cdigo Florestal po-dem afetar sua vida, da WWF

    37

    Link para o texto Marina Silva fala sobre o Cdigo Florestal na Fundao iFHC, do blog de Marina Silva

    34

    Link para o texto A reforma do Cdigo Florestal continua e o movimento pelas assinaturas cresce, da WWF

    34

    Link para a pgina da petio da campanha Floresta Faz a Diferena 34

    o Cdigo floRestal BRasileiRo e o CiBeRativismo amBiental no twitteR

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    Os dados citados anteriormente colaboram com a avaliao de Castells (2009) quando ele afirma que hoje, aps dcadas de militncia, as organizaes ambientais so, internacional-mente, as fontes mais confiadas de informao sobre o meio ambiente (CASTELLS, 2009). O ganho de consistncia nas ideias das organizaes ambientais e a maior visibilidade de suas aes contriburam para que outros atores se incorporassem ao debate ambiental, como grupos cientficos e parte do empresariado (JACOBI, 2000). Se os dados mostrados at agora deixaram claro o papel central das organizaes ambientais nos debates via Twitter sobre as mudanas no Cdigo Florestal, a pesquisa encontrou que a maior parte dos tweets que manifestaram opinies conclusivas sobre as mudanas no Cdigo Flores-tal se posicionou contrariamente a tais mudanas, seguindo a postura das organizaes ambientais. Na figura abaixo, possvel verificar como ocorreu a demarcao de posies levando-se em conta os tweets que compuseram o corpus do trabalho.

    Figura 3. Teor do contedo dos tweets sobre o novo Cdigo Florestal

    Dos 3.457 tweets analisados, 649 (18,8%) manifestaram uma opinio conclusiva sobre as mudanas no Cdigo Florestal. Foram 567 contrrios (16,4%) e 82 favorveis (2,4%). Levando em considerao apenas esses contedos que manifestaram opinies conclusivas, temos que 87,2% deles foram contrrios s mudanas no cdigo florestal, enquanto 12,8% foram favorveis. Esse resultado demonstra uma clara influncia das organizaes am-bientais na construo da opinio pblica manifestada no Twitter, ainda mais se levarmos em conta o fato de a maior parte das manifestaes contrrias terem usado a hashtag #florestafazadiferenca, criada pela campanha Floresta Faz a diferena (356 dos 567 tweets).

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    5. As estrAtgIAs de cIberAtIvIsmo

    Podemos elencar alguns usos principais que as organizaes ambientais deram ao Twitter no sentido de promover o ciberativismo no que diz respeito s mudanas no Cdigo Florestal: pedidos para assinatura de peties online, divulgao de informaes e textos opinativos sobre o novo Cdigo Florestal e os trmites de votao, convocao para manifestaes offline e presso sobre polticos atravs da rede. Tomando como base as trs categorias de ciberativismo citadas por Vegh (2003 apud Rigitano, 2003), percebemos que, neste caso, foram utilizadas duas: o uso dos cibermeios para conscientizao e apoio sobre uma determinada causa (o que pode ser verificado na propagao de materiais informa-tivos e opinativos sobre as mudanas no Cdigo Florestal) e a organizao e mobilizao para uma determinada ao atravs do uso da internet (mobilizao para aes offline, mobilizao para a assinatura de peties contra a aprovao do novo Cdigo Florestal e mobilizao para pressionar, atravs do prprio servio de microblogging, os polticos envolvidos na votao da nova legislao). Contedos relacionados ao hacktivismo no foram encontrados.

    Divulgao de contedo informativo e opinativo A maior parte dos contedos di-vulgados pelos perfis das organizaes ambientais teve carter informativo, como nos casos a seguir:

    Amanh, a CCT e CRA devem apresentar o novo substitutivo do Cdigo Florestal Brasileiro relatado p/ senador Luiz Henrique da Silveira. Postado por @WWF_Brasil.

    Cdigo Florestal no exclusividade brasileira, mostra estudo encomendado pelo Gre-enpeace ao Imazon http://t.co/Wi2E1rPF. Postado por @OEcoAmazonia.

    Aumenta presso contra o projeto que altera o Cdigo Florestal http://t.co/9irsUxEb (via @brasil_de_fato). Postado por @Ibasenet

    No caso do primeiro exemplo, se trata de um contedo que tem o intuito de manter a populao a par dos trmites da votao da nova lei. Os dois exemplos seguintes, a pesar de se tratarem de contedos formatados nos moldes do que tradicionalmente se convencionou chamar de contedos informativos, tem notadamente a funo de res-paldar a posio contrria s mudanas no Cdigo Florestal, angariando assim o apoio

    o Cdigo floRestal BRasileiRo e o CiBeRativismo amBiental no twitteR

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    da populao. Apareceram tambm alguns contedos de carter notadamente opinativo, como no caso a seguir:

    Enquanto os senadores debatem o massacre do Cdigo Florestal brasileiro, os ndices de desmatamento voltam a subir bit.ly/sz0fwq. Postado por @ GreenpeacePOA.

    Mobilizao para aes offline As organizaes ambientais tambm utilizaram o espao do Twitter para convocar manifestantes para aes offline. Tal uso pode ser verificado nos exemplos a seguir:

    Hoje, no Marco Zero de Recife, a partir das 8h, seja ativista por um dia. Mostre que voc contra o Novo Cdigo Florestal #codigoflorestal. Postado por @GreenpeaceBR.

    Participe da reunio em Braslia hoje sobre o Cdigo Florestal com os senadores Luiz Henrique da Silveira e Jorge Viana http://t.co/bEeupiCD. Postado por @ IPAM_Amazonia.

    Mobilizao para a assinatura de peties Esse uso foi bastante evidente no corpus analisado. As organizaes ambientais mobilizaram os usurios do Twitter para assinarem diferentes peties contra as alteraes na legislao florestal, e os perfis dos demais atores, especialmente os perfis pessoais, espalharam os pedidos por assinaturas no Twitter.

    Vamos assinar o abaixo-assinado contra as mudanas no cdigo florestal ! Petio on line http://www.florestafazadiferenca.org.br/assine/ #florestafazadiferena. Postado por @Liagloomy

    assinem e se possvel divulguem a petio on-line. Abaixo assinado em defesa das florestas. http://t.co/Ka0WuFfY Postado por @GreenpeaceRJ

    Coleta de assinaturas contra o novo Cdigo Florestal: http://t.co/uit2Fr1o. Postado por @sosma.

    PRisCila muniz de medeiRos e Jos afonso da silva JnioR

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    Mobilizao para presso sobre os representantes A presena de perfis polticos no Twitter pode gerar tipos distintos de interao entre esta esfera tomadora de decises e os demais atores concernidos com os possveis resultados de uma determinada deciso poltica, em uma dinmica comunicacional at ento desconhecida (RAMALDE, 2011, p.2). As organizaes ambientais se aproveitaram dessa possibilidade para incentivar os usurios a pressionarem os senadores atravs do microblog. O destaque foi para uma campanha que, utilizando a hashtag #senadorquefazadiferenca, endereou mensagens a vrios senadores com perfis no Twitter pedindo a no aprovao do novo Cdigo Florestal. Ao todo, 19 perfis publicaram 210 mensagens para 17 senadores diferentes. O texto base das mensagens era sempre o mesmo, variando apenas o senador para o qual se dirigiam os tweets. A mensagem foi a seguinte:

    @perfildosenador um #senadoraquefazadiferenca? vote contra o novo cdigo florestal na cct! #florestafazadiferenca.

    Tais comportamentos demonstram que os mecanismos de replicao discursiva prprios do microblog tm incentivado a formao de movimentos de viglia social sobre a ao poltica (RAMALDE, 2011, p.2).

    Apesar de as organizaes ambientais terem usado o Twitter com o intuito de pro-moverem diferentes formas de ciberativismo e, dessa forma, terem conseguido influenciar usurios do microblog, a anlise do material que comps o corpus deixou clara uma ausncia de problematizao ideolgica, uma vez que os contedos no envolveram, por exemplo, a referncia a modelos civilizatrios capazes de dar conta da crise ambiental vigente. Mesmo que uma parcela significativa dos discursos tenha afirmado a necessidade de que o meio ambiente seja preservado, eles no problematizaram que tipo de sociedade capaz de dar conta dessa tarefa de preservao. Dessa forma, no foi colocada de forma explcita dentro do corpus dessa pesquisa adeso a ideologias que questionam o modelo capitalista e sua capacidade de resolver o problema ambiental, tampouco foram feitas defesas da capacidade de um modelo ecocapitalista de superar a crise ambiental. Essa no problematizao das questes ideolgicas de uma forma marcada pode ser observada por dois ngulos distintos. Por um lado, ela corrobora com a ideia de que os ciberativistas no tem uma colorao ideolgica definida nos marcos tradicionais (SILVEIRA, 2009, p.132), o que permite que pessoas diferentes, com diferentes olhares sobre o mundo, se agrupem em torno de uma causa em comum, ampliando a capacidade agregadora da causa em questo. Por outro lado, tal fenmeno pode ser encarado como a ausncia de uma profundidade ideolgica indispensvel para que a crise ambiental seja enfrentada em suas razes mais profundas, o que por si s contribui para a manuteno de um status quo. Dessa forma, as solues propostas fora de um debate ideolgico que questione o

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    modo de produo e o modelo civilizatrio atual estariam fadadas a funcionarem como meros remendos, incapazes de promover mudanas necessrias para a superao da crise. Tal argumento pode ser reforado pelo fato de no terem surgido questionamentos sobre a (im)possibilidade do crescimento econmico ilimitado ou sobre o que est por trs do uso da palavra desenvolvimento, pontos cruciais para o debate ambiental.

    6. concluso

    O Terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundaes) e movimentos sociais, juntos s campanhas e movimentos pontuais, atores que, de uma forma geral, representaram a voz das organizaes ambientais, de acordo com a diviso de Cox (2010), formaram a maior fonte de influncia dentro do corpus dessa pesquisa, algo que pde ser facilmente verificado na contabilizao dos perfis e contedos mais retuitados e dos links mais mencionados. O grande espao para sites ligados ao movimento Floresta Faz a Diferena, que ocupou os dois primeiros lugares entre os links mais citados, alm dos vrios outros dados apresentados, demonstra como as organizaes ambientais utilizaram o espao do Twitter no intuito de promover um ciberativismo, tentando influenciar outros atores a aderirem causa.

    Ao usarem as novas mdias como ferramenta, alm de conquistarem espaos que quase sempre no esto disponveis nas mdias de massa, nas quais o controle da emisso de informaes limitado, as ONGs e os movimentos sociais ainda ganham autonomia ao escapar de terem sua imagem construda exclusivamente a partir das interpretaes dos profissionais das mdias tradicionais. Tal autonomia se torna ainda mais clara se ob-servarmos, por exemplo, que na lista dos 10 links mais citados, as pginas de campanhas e movimentos pontuais e do terceiro setor e movimentos sociais superam bastante os links jornalsticos.

    Formas variadas de ciberativismo foram utilizadas, como foi descrito no trabalho. No entanto, no houve uma problematizaro ideolgica consistente no que diz respeito a que modelos civilizatrios so ou no capazes de resolver a crise ambiental vigente, fato que, apesar de contribuir para que pessoas com pensamentos distintos possam se juntar causa, acaba fazendo com que a problematizao perca profundidade. claro que essa falta de profundidade tambm pode ser atribuda ao limite de 140 caracteres imposto s postagens no Twitter.

    Apesar de as estratgias de ativismo no Twitter ter conseguido atingir usurios do microblog e faz-los publicar contedos em prol da causa da no mudana na legislao ambiental, impossvel afirmar qual foi o real papel dessas aes e mesmo da opinio pblica como um todo no resultado final da apreciao do novo Cdigo Florestal pelo poder pblico. O que percebemos nesse trabalho que a maior parte das manifestaes

    PRisCila muniz de medeiRos e Jos afonso da silva JnioR

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    via Twitter se alinharam posio contrria s mudanas, no entanto, o peso que essas e outras manifestaes tiveram sobre o texto da nova legislao, votado no Legislativo e alterado pelo Executivo atravs de vetos, permanecer uma incgnita. Se, por um lado, o nosso modelo de democracia representativa parece blindado opinio pblica, como afirma Gomes (2005), por outro a busca de dois lados opostos de uma disputa poltica pelo apoio de tal opinio pblica pode indicar que, de alguma forma, ela relevante, apesar de no deter o poder final sobre as decises polticas.

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