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1 MORFOLOGIA DE FOLHAS DE COUVE DO BANCO DE GERMOPLASMA DO INSTITUTO AGRONÔMICO Maria do Carmo de Salvo Soares Novo Angélica Prela-Pantano Robert Deuber Roseli Buzanelli Torres Paulo Espíndola Trani Ilana Urbano Bron Campinas, 2010

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MORFOLOGIA DE FOLHAS DE COUVE DO BANCO DE GERMOPLASMA DO

INSTITUTO AGRONÔMICO

Maria do Carmo de Salvo Soares Novo

Angélica Prela-Pantano

Robert Deuber

Roseli Buzanelli Torres

Paulo Espíndola Trani

Ilana Urbano Bron

Campinas, 2010

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MORFOLOGIA DE FOLHAS DE COUVE DO BANCO DE GERMOPLASMA DO

INSTITUTO AGRONÔMICO

Maria do Carmo de Salvo Soares Novo, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e

Biofísica, Instituto Agronômico de Campinas – APTA, [email protected]

Angélica Prela-Pantano, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica, Instituto

Agronômico de Campinas – APTA, [email protected]

Robert Deuber, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica, Instituto

Agronômico de Campinas – APTA, [email protected]

Roseli Buzanelli Torres, Jardim Botânico, APTA, [email protected]

Paulo Espíndola Trani, Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Horticultura,

Instituto Agronômico de Campinas – APTA, [email protected]

Ilana Urbano Bron, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica, Instituto

Agronômico de Campinas – APTA, [email protected]

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INTRODUÇÃO

A couve de folhas (Brassica oleracea L. var. acephala), Brassicaceae, é uma hortaliça arbustiva anual

ou bienal, cujo consumo no Brasil tem gradativamente aumentado devido, provavelmente, às novas

maneiras de utilização na culinária e às recentes descobertas da ciência quanto as suas propriedades

nutracêuticas. Em 2006, a área plantada de couve no Estado de São Paulo era de 1200 ha, aumentando

para 1424 ha em 2007, com produtividades, nesse período, entre 26,7 e 28,8 toneladas por hectare.

Comparativamente às outras hortaliças folhosas, a couve de folhas destaca-se por seu maior

conteúdo de proteínas, carboidratos, fibras, cálcio, ferro, vitamina A, niacina e vitamina C. É ainda uma

excelente fonte de carotenóides apresentando a concentração mais alta de luteína e beta caroteno entre

as hortaliças. A ingestão na dieta humana de alimentos ricos em luteína e beta caroteno está associada à

redução de riscos de câncer no pulmão e de doenças oftalmológicas crônicas como cataratas.

Algumas hortaliças apresentam grande diversidade de formas, tamanhos, cores e sabores. Para

essas, a definição e a caracterização desses atributos é muito importante para a comercialização e para o

consumidor final, pois o conhecimento mais aprofundado das diferenças pode melhorar seu

aproveitamento como alimento e aumentar seu consumo.

Na comercialização de hortaliças folhosas, aspectos da aparência como tamanho, forma, brilho

e a cor da folha, principalmente, são um dos principais atributos de qualidade observado pelo

consumidor. O aspecto cor das folhas é de fundamental importância, pois o consumidor toma a

decisão de comprar, ou não, apenas pela aparência do produto associando a este um indicador de

frescor sem considerar a textura, o valor nutricional e o sabor. A cor verde das folhas da couve deve-se

à presença de clorofila e sua intensidade está diretamente relacionada com a concentração do pigmento.

Por ocasião da escolha de uma hortaliça folhosa, uma característica também considerada pelo

consumidor é a morfologia das folhas. No Estado de São Paulo, a cultivar de couve do grupo

denominado “Manteiga” é a de maior aceitação comercial por possuir folhas com limbos verde-claros,

tenras, lisas ou pouco onduladas, com pecíolos e nervuras verdes bem claras e de rápida cocção.

Entretanto, as características morfológicas do material denominado Manteiga variam de região para

região. As cultivares com folhas mais escuras, quando comercializadas em maços, apresentam menor

preferência pelo consumidor paulista.

Nos últimos anos, em função da mudança de estilo de vida, com tempo reduzido para o

preparo das refeições, tem sido observada demanda crescente por alimentos minimamente processados,

especialmente hortaliças, tanto para consumo familiar quanto para uso em restaurantes, lanchonetes e

hotéis.

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Consideram-se como minimamente processados os produtos frescos, sem conservantes,

semipreparados, que foram fisicamente alterados, almejando praticidade e conveniência, mas que

mantém suas características sensoriais e o frescor do produto inteiro.

Para o produtor é vantajosa a comercialização desse tipo de alimento, pois essa técnica agrega

valor transformando-o em um produto diferenciado. Além disso, o produtor garante um comprador

certo reduzindo as perdas no processo de comercialização e promovendo melhor aproveitamento da

produção. Para a dona de casa, restaurantes e hotéis esse produto é mais prático por eliminar as tarefas

de seleção, lavagem, descascamento e corte no preparo de alimentos.

Nos supermercados, a couve minimamente processada é apresentada em bandejas de

poliestireno, com as folhas picadas em fatias finas de 1 a 2 mm de espessura e envoltas em filmes

plásticos com a atmosfera modificada cuja função é minimizar a respiração e a perda de água sem

causar danos ao produto. A couve minimamente processada é um produto com alta perecibilidade

devido à rápida perda de turgescência e senescência pós-colheita uma vez que esse tipo de produto, por

sofrer estresse mecânico durante o preparo, apresenta alta atividade respiratória e elevada perda de

água. Um problema bastante comum em folhosas minimamente processadas é o rápido amarelecimento

durante a comercialização. O consumidor prefere, quando busca por folhosas minimamente

processadas, aquelas mais escuras por associar a cor mais clara com folhas mais senescentes.

Existe diversas cultivares de couve de folhas em cultivo, sendo classificadas quanto à aparência,

cor e textura das folhas. No Brasil, para a couve, há grande confusão e indefinição quanto à

denominação das cultivares. Nomes diferentes são dados para a mesma cultivar dependendo da

localidade da coleta do material. Alguns genótipos são facilmente caracterizados por aspectos

morfológicos, entretanto, outros são muito semelhantes. O banco de germoplasma de couve no IAC

apresenta grande diversidade morfológica e genética entre clones. Conta com 32 genótipos sendo onze

do tipo Manteiga. Para a facilidade de identificação no campo, desde a década de 40, esses materiais

foram nomeados por letras do alfabeto conforme a cronologia de sua introdução. Mais recentemente,

após a listagem alfabética ter se encerrado, para a introdução de novos materiais adotou-se

nomenclatura baseada nos locais de origem dos mesmos ou de algumas características morfológicas dos

mesmos.

Devido a Lei de Proteção de Cultivares em vigor (Lei no 9456 de 25 de abril de 1997 e

regulamentada pelo Decreto no 2366 de 5 de novembro do mesmo ano e pela Lei no 10711 de 2003) é

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interessante que instituições que possuam banco de germoplasma caracterizem morfologicamente esse

material com vista a possíveis lançamentos de cultivares e a sua proteção.

Para a obtenção do certificado de proteção e de registro de cultivares junto ao Serviço Nacional

de Proteção de Cultivares uma das exigências é que a distinguibilidade entre material seja realizada por

meio de margem mínima de descritores específicos para cada espécie. Os objetivos do trabalho foram

caracterizar morfologicamente as folhas e, empregando-se índices de cores, avaliar quais os melhores

acessos de couve pertencente ao banco de germoplasma do IAC para serem comercializados frescos,

em maços, ou minimamente processados.

MATERIAL E MÉTODOS

Os genótipos de couve das folhas do banco de germoplasma do IAC foram cultivados em

condições de campo em Latossolo Vermelho distrófico, em Campinas, SP. A denominação dos

genótipos de couve do IAC e a respectiva identificação dos materiais no banco de germoplasma são

apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Relação dos nomes dos genótipos de couve das folhas e os símbolos empregados na

identificação destes no banco de germoplasma do IAC.

Símbolo Denominação do genótipo Símbolo Denominação do genótipo

A Manteiga de Ribeirão Pires Q Pires 1 de Campinas

B Manteiga I-1811 R Pires 2 de Campinas

C Roxa I-919 S Japonesa

D Manteiga São Roque I-1812 T Hortolândia

E Gigante I-915 U Orelha de Elefante

F Manteiga I-916 V Vale das Garças

G Crespa I-918 W Artur Nogueira 1

H Manteiga Ribeirão Pires I-2446 X Comum

I Crespa de Capão Bonito Y Artur Nogueira 2

J Manteiga Tupi Z Artur Nogueira 3

K Couve da Seção de Leguminosas AV Andradas Variegata

L Manteiga Jundiaí CB Cabocla

M Manteiga de Mococa L1 Seção de Leguminosa 1

N Manteiga São José OP Manteiga Osvaldo Pires

O Manteiga de Monte Alegre MN Mendonça

P Verde Escura SE Serrilhada

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As mudas foram formadas pelo sistema de estaquia verde coletando-se as brotações laterais,

com três a quatro centímetros de altura e dois folíolos, no terço basal das plantas matrizes. Os vasos

plásticos empregados na produção de mudas eram de cor preta, com diâmetro superior de 8 cm e 0,5 L

de capacidade. Essas foram plantadas em substrato da marca comercial Plantmax HA, composto de

casca de pinus carbonizada e vermiculita e, formadas em estufa com cobertura plástica de polietileno

transparente, com trama de 150 µm, e com laterais cobertas com tela tipo sombrite de 2 mm de

abertura, desde a superfície do solo até dois metros de altura.

Por ocasião do transplantio, 45 dias após o inicio de sua formação, as mudas estavam, com pelo

menos de sete a oito centímetros de altura, vigorosas, bem formadas e bem enraizadas e foram

transplantadas em condições de campo em solo cujos resultados das análises química e granulométrica

de amostra composta coletada no experimento foram: matéria orgânica: 21 g dm-3; pH em CaCl2: 6,1; P

(resina): 6 mmolc dm-3; K: 0,8 mmolc dm-3; Ca: 23 mmolc dm-3; Mg: 9 mmolc dm-3; H+Al: 15 mmolc dm-3;

SB: 23 mmolc dm-3; CTC: 48 mmolc dm-3; V: 69%; Fe: 8 mg dm-3; Mn: 1,6 mg dm-3; Cu: 1,1 mg dm-3; Zn:

0,5 mg dm-3e B: 0,13 mg dm-3, argila: 390 g kg-1, silte: 80 g kg-1, areia grossa: 340 g kg-1, areia fina: 190 g

kg-1.

O solo foi corrigido com o equivalente a 1 t ha-1 de calcário dolomítico fino (PRNT=90%)

trinta dias antes do transplantio. Quinze dias após a aplicação do calcário foi aplicado ao solo o

equivalente a 200 kg ha-1 de P2O5 (na forma de superfosfato simples), 90 kg ha-1 de K2O (na forma de

sulfato de potássio) e 0,5 kg ha-1 de B (na forma de bórax). As coberturas nitrogenadas iniciaram-se

catorze dias após o plantio aplicando-se o equivalente a 20 kg ha-1 de N na forma de nitrato de amônio.

Na metade do ciclo, com o crescimento das plantas, aumentaram-se as doses para o equivalente a 30 kg

ha-1 de N empregando-se o mesmo fertilizante nitrogenado. O solo foi irrigado sempre que necessário.

Para evitar a quebra das hastes, as plantas de todos os genótipos foram tutoradas com estacas de

bambu.

Sessenta dias após o transplantio, coletaram-se dez folhas comerciais de cada um dos genótipos,

desde que não apresentassem deformações decorrentes de fatores externos como pragas, doenças e

granizo. As folhas foram separadas das hastes, lavadas em água corrente, e secas em papel absorvente e

imediatamente avaliadas. Em cada folha determinou-se o comprimento do limbo foliar ao longo da

nervura principal, a largura máxima do limbo foliar perpendicular à nervura principal, a massa fresca e a

área foliar. Determinaram-se os valores dos limites superior e inferior considerando todos os genótipos

e cada um em particular. Com os valores obtidos considerando todos os genótipos, determinou-se a

amplitude das medidas e estas foram divididas em cinco classes.

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As médias das medidas realizadas para essas variáveis nos diferentes genótipos foram

classificados dentro dessas classes.

Com base em descrições organográficas avaliou-se em condição de laboratório e,

posteriormente no campo, as seguintes características botânicas: forma e cor da folha, aspectos da base

e do ápice, presença ou ausência de ala, forma e cor da margem do limbo e cor da nervura. As

características botânicas foram documentadas por meio de fotografias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A couve apresenta grande diversidade morfológica principalmente quanto à forma das folhas e

à estrutura das plantas. Na Figura 1 pode-se observar plantas de alguns genótipos de couve do banco

ativo de germoplasma do IAC como AV, V e CB que apresentam folhas com forma e cores distintas.

Couve Andradas Variegata (AV) Couve Vale das Garças (V)

Couve Cabocla (CB)

Figura 1. Plantas dos genótipos AV, V e CB do banco ativo de germoplasma de couve do IAC.

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Todas as plantas de couve apresentaram porte ereto sendo que algumas apresentavam maior

cobertura do solo e altura que as outras. Os entrenós do talo variaram bastante dentro de uma mesma

planta podendo ser observado que, no início do ciclo, estes eram mais largos e depois, mais curtos. As

folhas dos genótipos de couve do tipo manteiga, em número de onze, que apresentam limbo de cor

mais clara são apresentadas na Figura 2.

Figura 2. Folhas de genótipos de couve do tipo Manteiga do Banco de Germoplasma do IAC: A, B, D,

F, J, H, O, MN (MEN), L, M e N.

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Os valores dos limites inferior e superior de cada genótipo e de classe considerando-se as

medidas das dez folhas de cada genótipos são apresentados, respectivamente nas Tabela 2 e 3. As

médias das avaliações das diferentes variáveis para cada genótipos são apresentadas na Tabela 4. Com

essas médias as classificações para cada material é apresentado na Tabela 5.

Tabela 2. Limites inferior e superior das medidas de comprimento e largura do limbo, de massa fresca

de folhas e da área foliar dos diferentes genótipos de couve do banco de germoplasma do IAC,

Campinas, SP.

Genótipos Comprimento do Limbo

Largura do Limbo Massa Fresca da Folha

Área foliar

cm folha-1 g folha-1 cm2 folha-1

Limite Limite Limite Limite Inferior Superior Inferior Superior Inferior Superior Inferior Superior

A 24,00 26,80 19,50 23,00 23,04 32,86 282,35 372,84 B 21,50 25,50 18,70 21,50 17,48i 32,19 258,35 363,68 C 19,60 22,50 16,00 19,80 19,13 23,59 217,49 287,86 D 15,50 18,50 14,00 15,2 9,50 14,37 132,95 195,66 E 17,00 21,00 12,90 17,70 11,37 23,10 148,75 228,95 F 14,00 16,80 13,00 14,20 7,21 9,57 139,83 168,82 G 14,40 18,30 10,20 13,00 5,85 11,41 84,03 179,17 H 19,60 22,00 15,80i 17,50 16,06 20,27 211,66 246,19 I 23,40 24,80 22,00 23,80 30,97 41,70 320,04 385,99 J 13,00 17,80 10,50 15,00 7,71 13,51 101,52 175,87 K 30,00 36,50 25,20 29,00 38,62 66,61 503,81 714,23 L 17,70 27,60 18,30 26,00 24,60 35,02 376,18 505,61 M 19,90 24,00 15,10 20,10 19,64 32,40 216,21 336,03 N 19,50 24,50 14,00 22,60 17,36 31,24 170,27 348,74 O 27,60 32,10 22,00 26,50 37,88 50,28 367,68 520,73 P 26,10 34,50 23,50 27,50 28,90 44,18 423,45 555,95 Q 31,00 36,50 24,00 31,00 48,61 64,31 539,59 688,80 R 21,00 31,20 16,80 24,10 35,61 44,97 440,35 502,97 S 18,10 22,00 11,30 14,60 11,07 18,46 131,11 209,53 T 32,00 39,00 30,00 33,50 59,01 78,56 711,44 853,02 U 28,00 35,50 22,00 28,00 39,19 62,80 429,58 639,36 V 31,50 38,00 25,00 34,50 33,62 42,40 454,75 572,69 W 32,50 43,50 22,00 29,00 48,03 74,23 516,67 710,51 X 31,00 38,00 26,50 29,90 57,44 71,41 581,28 689,03 Y 30,00 36,50 24,00 27,00 37,75 53,07 448,54 600,75 Z 32,00 39,00 24,50 31,00 45,24 76,86 553,21 852,75 AV 14,10 24,0 15,00 21,50 14,47 23,46 188,58 304,08 CB 42,50 45,00 29,50 37,00 81,57 120,08 964,03 1269,72 L1 26,00 38,50 23,40 27,50 35,13 59,25 424,47 711,65 ME 30,50 35,50 29,30 35,00 56,98 68,50 800,75 1070,23 OP 30,00 40,50 23,20 35,50 31,34 84,43 454,84 1112,72 SE 36,00 39,00 21,00 24,50 42,11 56,65 426,98 599,02

10

Tabela 3. Valores dos limites superior e inferior de cada classe de couve, considerando todas as

medidas de cada variável.

Classe Comprimento do Limbo Largura do Limbo Massa Fresca da Folha Área foliar cm folha-1 g folha-1 cm2 folha-1 1 13,00 - 20,00 10,50 - 15,80 7,22 - 29,792 101,52 - 335,16 2 20,01 - 27,00 15,81 - 21,10 29,793 - 52,364 335,17 - 568,80 3 27,01 - 34,00 21,11 - 26,40 52,365 - 74, 936 568,81 - 802,44 4 34,01 - 41,00 26,41 - 31,70 74,937 - 97,508 802,44 - 1036,08 5 41,01 - 48,00 31,71 - 37,00 97,509 - 120,08 1036,09 - 1269,72

Tabela 4. Valores médios de comprimento e largura do limbo, massa fresca e área foliar dos genótipos

de couve do banco de germoplasma do IAC.

Genótipos Comprimento Largura Massa fresca de folhas

Área foliar

cm folha-1 g planta-1 cm2 folha-1 A 25,38 20,96 28,86 355,90 B 23,86 20,02 23,97 314,44 C 21,00 17,68 21,04 246,48 D 16,54 14,54 11,43 159,12 E 18,58 15,18 16,17 185,16 F 15,24 13,54 7,78 147,50 G 15,57 11,48 7,80 111,64 H 20,72 16,94 18,25 232,37 I 23,90 23,00 37,01 360,26 J 15,84 13,08 10,74 147,70 K 32,90 27,24 52,43 609,99 L 23,92 22,84 30,03 433,07 M 21,64 18,24 26,14 278,71 N 22,10 18,56 24,66 261,94 O 29,34 24,36 44,18 467,12 P 31,52 24,90 37,30 479,02 Q 34,02 27,52 58,42 645,54 R 27,24 22,18 40,05 467,78 S 20,08 13,08 14,30 164,04 T 36,94 31,66 72,05 794,06 U 31,90 25,20 51,39 548,64 V 33,20 27,90 37,72 540,79 W 34,10 25,70 65,13 640,36 X 33,90 28,08 64,03 639,41 Y 34,10 26,00 47,81 541,99 Z 34,90 26,40 58,41 643,96 AV 20,06 17,86 19,61 233,67 CB 43,60 33,60 104,85 1138,22 L1 34,18 24,96 49,33 576,28 ME 32,26 32,42 61,92 899,22 OP 34,46 27,32 46,20 657,82 SE 37,60 23,02 51,83 489,82

11

Tabela 5. Classificação das folhas dos diferentes genótipos couve, para cada intervalo considerado e

para as médias das medidas nas diferentes classes, quanto ao comprimento e largura do limbo e massa

fresca e área foliar.

Classificação Comprimento do Limbo Largura do Limbo Massa Fresca de folhas Área foliar (cm folha-1) (cm folha-1) ( g planta-1) (cm2 folha-1)

1

D, E, F, G, J

D, E, F, G, J, S

A, B, C, D, E, F, G, H, J, M, N, S, AV

B, C, D, E, F, G, H, J, M, N, S, AV

2

A, B, C, H, I, L, M, N, S, AV

A, B, C, H, M, N, AV

I, L, O, P, R, U, V, Y, L1, OP, SE

A, I, L, O, P, R, U, V, Y, SE

3

K, O, P, R, U, V, X, ME

I, L, O, P, R, U, W, Y, Z, L1, SE

K, Q, T, W, X, Z, ME

K, Q, T, W, X, Z, L1, OP

4

Q, T, W, Y, Z, L1, OP, SE

K, Q, T, V, X, OP

ME

5

CB

CB, ME

CB

CB

Considerando-se as médias das variáveis analisadas dos diferentes genótipos pode-se observar

que, de modo geral, ‘D’, ‘F’, ‘G’, ‘J’ e ‘S’ foram classificadas como 1 na escala discriminada na Tabela 3

quanto ao comprimento e largura do limbo, massa fresca e área foliar (Tabela 5). Também foi

classificado na classe 1 a massa fresca de folhas e a área foliar dos genótipos B, C, H, M, N e AV.

De modo geral, os genótipos A, B, C, E, H, I, L, M, N, S, e AV apresentaram folhas com

tamanho de limbo classificada na classe 2. Os genótipos I, L, O, P, R, U, V, Y, L1, OP e SE também

apresentam massa fresca e área foliar classificados como 2. Esses materiais que se caracterizam por

apresentarem folhas com até 27 cm de comprimento, 21,10 cm de largura e com 568,80 cm2 de área

foliar são mais adequados para serem comercializados em maços devido ao fácil manuseio e transporte

e por ocuparem um espaço adequado nas gôndolas do supermercado (Tabela 5). Verificou-se que os genótipos K, O, P, R, U, V, X e ME; I, L, O, P, R, U, W, Y, Z, L1, SE; K, Q, T, W, X, Z,

ME e K, Q, T, W, X, Z, L1, OP apresentaram, respectivamente, comprimento e largura de limbo, massa

fresca e área foliar na classe 3 (Tabela 5). Os genótipos Q, T, W, Y, Z, L1, OP, SE e K, Q, T, V, X, OP

enquadraram-se na classe 4 quanto ao comprimento e largura do limbo. Entretanto apenas ‘ME’ apresentou

área foliar nessa classe. O genótipo híbrido CB foi o único com tamanho de folhas, massa fresca e área

foliar na classe 5. Embora as folhas das plantas dos genótipos da classe 4 e 5 possam ser

comercializadas em maços, seu uso é preferencial para produtos minimamente processados em função

do tamanho e da área foliar do material

12

Em relação à morfologia das folhas dos genótipos de couve verificou-se que estes apresentaram

diferentes formas de limbo, inclusive na mesma planta. A seguir é apresentada a morfologia foliar

predominante para cada genótipo:

a) orbicular e assimétrico: A, D, F, G, L e M (Figura 3)

b) orbicular, às vezes assimétrico: B, I, K, Q e L1 (Figura 4)

c) orbicular: C, E, H, J, N, O, R, T, U, V, Z e MN (Figura 5)

d) oval-elíptico: P, AV, CB e SE (Figura 6)

e) elíptico-oblongo: X (Figura 7)

f) oval-oblongo, às vezes assimétrico: W (Figura 8)

g) elíptico: Y (Figura 9)

h) oval: O.P. (Figura 10)

Figura 3. Limbo orbicular e assimétrico: A, D, F, G, L e M.

Figura 4. Limbo orbicular, às vezes assimétrico:

B, I, K, Q e L1.

13

Figura 5. Limbo orbicular: C, E, H, J, N, O, R, T,

U, V, Z e MN.

Figura 6. Limbo oval-elíptico: P, AV, CB e SE.

Figura 7. Limbo elíptico-oblongo: X.

Figura 8. Limbo oval-oblongo, às vezes assimétrico: W.

14

Figura 9. Limbo elíptico: Y.

Figura 10. Limbo oval: OP.

Na maioria dos genótipos de couve, os pecíolos eram de cor verde (A, B, F, H, K, P, Q, R, S, T,

U, X, Y, CB, L1 e OP – Figura 11), mas também foram observados verdes com manchas roxas (E –

Figura 12), verdes levemente arroxeados na base (G, I, J, L, M, N, W, MN e SE – Figura 13),

brancos com tons arroxeados (AV – Figura 14), branco-esverdeados (D – Figura 15) e roxos (C, O

e V – Figura 16).

Figura 11. Pecíolo de cor verde: A, B, F, H, K,

P, Q, R, S, T, U, X, Y, CB, L1 e OP.

Figura 12. Pecíolo verde com manchas roxas:

E.

15

Figura 13. Pecíolo verde levemente arroxeado na

base: G, I, J, L, M, N, W, MN e SE.

Figura 14. Pecíolo branco com tons arroxeados:

AV.

Figura 15. Pecíolo branco-esverdeado (D)

Figura 16. Pecíolo roxo (C, O e V)

Nos genótipos G e O, a base era estreito-auriculada (Figura 17), em J e P auriculada-assimétrica

(Figura 18), em N e V curto-auriculada assimétrica (Figura 19) e em CB curto-auriculada (Figura

20). No outros materiais a base se apresentava amplo-auriculada (Figura 21). Todos os genótipos

apresentaram próximo da base, no pecíolo, projeções aladas irregulares (Figura 22).

16

Figura 17. Base estreito-auriculada: G e O.

Figura 18. Base auriculada assimétrica: J e P.

Figura 19. Base curto-auriculada assimétrica: N e V.

Figura 20. Base curto auriculada: CB.

17

Figura 21. Base amplo-auriculada: A, B, C, D, E, F, H, I, K, L, M, Q, R, S, T, U, W, X, Y, Z, AV, L1,

OP, MN, SE.

Figura 22. Projeções aladas irregulares no

pecíolo.

Os ápices dos genótipos de couve podem ser classificados como:

a) arredondado: D, E, F,G, I, N,O, P, Q, R, S, V, X, Y, L1 e OP (Figura 23)

b) arredondado assimétrico: N (Figura 24)

c) arredondado, emarginado: H, J, L, U, CB e MN (Figura 25)

d) agudo: W, AV e SE (Figura 26)

e) obtuso: A e B (Figura 27)

f) obtuso a truncado: C (Figura 28).

Figura 23. Ápice arredondado: D, E, F, G, I, N, O, P, Q, R, S, V, X, Y, L1 e OP.

Figura 24. Ápice arredondado assimétrico: N.

18

Figura 25. Ápice arredondado, emarginado: H, J,

L, U, CB e MN. Figura 26. Ápice agudo: W, AV e SE (L2).

Figura 27. Ápice obtuso: A e B. Figura 28. Ápice obtuso a truncado: C.

Quanto às nervuras, na maioria dos genótipos, são branco-esverdeadas (A, B, D, F, H, K, Q, R, S, T,

U, W, X, Y, Z, CB, L1 e OP – Figura 29). Entretanto, também podem ser observadas nervuras branco-

esverdeadas cm tons arroxeados (L – Figura 30), branco-esverdeadas com manchas roxas na face

adaxial e arroxeadas na abaxial (E – Figura 31), branco-esverdeadas com algo arroxeado na face abaxial

(G e N – Figura 32), branco-esverdeadas com a nervura central com tons arroxeados (J), branco-

arroxeado (AV e SE – Figura 33) e branco-arroxeado a branco-esverdeado (MN – Figura 34). No

genótipo P as nervuras são verdes (Figura 35) e em ‘C’ e ‘V’ as nervuras são roxas (Figura 36). No

genótipo O as nervuras são verde-arroxeadas na face adaxial e roxas na abaxial (Figura 37).

19

Figura 29. Nervuras branco-esverdeadas: A, B, D, F, H, K, Q, R, S, T, U, W, X, Y, Z, CB,

L1 e OP.

Figura 30. Nervuras branco-esverdeadas com tons arroxeados: L.

Figura 31. Nervuras branco-esverdeadas com manchas roxas na face adaxial e arroxeadas na

abaxial: E.

Figura 32. Nervuras branco-esverdeadas com algo arroxeado na face abaxial: G e N.

20

Figura 33. Nervuras branco-arroxeadas: AV e

SE.

Figura 34. Nervuras branco-arroxeadas a branco-

esverdeadas: MN (MEN).

Figura 35. Nervuras verdes: P.

Figura 36. Nervuras roxas: C e V.

21

Figura 37. Nervuras verde-arroxeadas na face adaxial e roxa na abaxial: O.

Quanto à forma das margens predominam entre os materiais as sinuadas e denticuladas, em

diferentes combinações:

a) levemente sinuada, denticulada: D e I (Figura 38)

b) irregularmente sinuada, denticulada: A e B (Figura 39)

c) sinuada, espaçadamente denticulada: C, E, F, N, S, T, U, V, AV, e CB (Figura 40)

d) levemente sinuada, irregularmente denticulada: U (Figura 41)

e) sinuada, irregularmente denticulada: W (Figura 42)

f) sinuada ondulada, denticulada: X, Y, Z, L1 e MN (Figura 43)

g) partida, lacerada (Figura 44).

Na maioria dos genótipos as margens são de cor roxa (Figura 45), mas alguns como K, P, S, U,

X, Y, Z, OP e MN são verdes (Figura 46) e outros como ‘G, arroxeados (Figura 47).

22

Figura 38. Margem levemente sinuada,

denticulada: D e I.

Figura 39. Margem irregularmente sinuada, denticulada: A e B.

Figura 40. Margem sinuada, espaçadamente

denticulada: C, E, F, N, S, T, U, V, AV, e CB.

Figura 41. Margem levemente sinuada, denticulada: U.

23

Figura 42: Margem sinuada, irregularmente

denticulada: W.

Figura 43. Margem sinuada ondulada, denticulada:

X, Y, Z, L1 e MN.

Figura 44. Margem partida, lacerada: G e SE.

24

Figura 45. Margem de cor roxa: V. Figura 46: Margem de cor verde: K, P. S, U, X, Y, Z, OP e MN.

Figura 47. Margem arroxeada: G.

Alguns dos genótipos denominados de Manteiga apresentam o limbo entre as nervuras bulado

(J, L, M, N e O – Figura 48) e em ‘I’, as nervuras são proeminentes, dando às folhas um aspecto de rija

(I – Figura 49).

25

Figura 48 . Limbo Bulado: J, L, M, N e O

Figura 49. Nervuras proeminentes: I

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