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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA – UNIR
NÚCLEO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS - NUCSA
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
LETÍCIA NUNES NASCIMENTO MARTINS
FATORES QUE INFLUENCIAM A GESTÃO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO NO
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO AGRONEGÓCIO LEITE. MUNICÍPIO DE
ARIQUEMES/RO.
Porto Velho/RO
Março/2013
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LETÍCIA NUNES NASCIMENTO MARTINS
FATORES QUE INFLUENCIAM A GESTÃO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO NO
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO AGRONEGÓCIO LEITE. MUNICÍPIO DE
ARIQUEMES/RO.
Monografia apresentada como requisito
parcial para a obtenção do título de
bacharel em Administração pela
Universidade Federal de Rondônia –
UNIR.
Orientação: Profa. Dra. Mariluce Paes de
Souza
Porto Velho/RO
Março/2013
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LETÍCIA NUNES NASCIMENTO MARTINS
Fatores que influenciam a gestão de unidades de produção no arranjo produtivo local do
agronegócio leite. Município de Ariquemes/RO
Monografia apresentada como requisito
parcial para a obtenção do título de
bacharel em Administração pela
Universidade Federal de Rondônia –
UNIR, que será examinada pela seguinte
banca examinadora.
Data da Aprovação: Porto Velho, ___/____/____
_______________________________
Prof. Marcos César dos Santos
Universidade Federal de Rondônia
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Profª. DrªMariluce Paes de Souza
Presidente - Orientadora
_______________________________________
Prof. Dr. Theophilo Alves de Souza Filho
Membro
_______________________________________
Prof.Ms Marco Cesar Santos
Membro
4
AGRADECIMENTOS
À Deus, por tudo o que me proporciona na vida.
À Professora Doutora Mariluce Paes de Souza pela paciência e confiança depositada
desde o inicio de minha graduação, pelo incentivo que deu para minha carreira e importância
extrema para a conclusão da minha graduação e pré-seleção no mestrado;
À minha mãe, Maria do Socorro Nunes do Nascimento, vó, irmã, tios, tias, primos,
primas e toda a minha família que com muito carinho e esforço me ajudaram a cumprir mais
essa etapa;
Aos Professores Theophilo Alves de Souza Filho, Marcos César dos Santos e Carlos
André da Silva Müller pela compreensão e apoio na apresentação desta monografia;
Aos amigos e colegas, especialmente a Ana Laís Pereira Pedraça pelo incentivo e
contribuições durante a construção da minha carreira e principalmente pela importância que
tem em minha vida;
A todos os professores do CEDSA e da UNIR que contribuíram de alguma forma para
a conclusão do meu curso.
5
MARTINS, Letícia Nunes Nascimento. Fatores que influenciam a gestão de unidades de
produção no arranjo produtivo local do agronegócio leite - Município de Ariquemes/RO.
Monografia (graduação). Curso de Administração – Universidade Federal de Rondônia. Porto
Velho, 2013.
RESUMO
A produção leiteira é de grande importância no agronegócio para o Brasil por ser uma opção
de baixo risco e pouco investimento. Buscando maior competitividade, as alianças comerciais
são uma estratégia de pouco risco e de melhores resultados para as partes envolvidas. A
integração dos atores envolvidos em determinada atividade de produção é chamada de
Arranjo Produtivo Local – APL. Este estudo tem como objetivo analisar os fatores que
influenciam a gestão de unidades de produção no arranjo produtivo local do agronegócio leite
(APLeite) no município de Ariquemes/RO, com base no framework proposto por Romeiro
(2002) através de dados coletados pelo Centro de Estudos e Pesquisas Interdisciplinar em
Desenvolvimento Sustentável da Amazônia – CEDSA em 2011. Como resultados, pode-se
observar que todos os fatores, tanto internos como externos, estão interligados, não sendo
possível citar somente um fator como principal. Os fatores que necessitam de maior atenção
na gestão da unidade produtiva são os de insumos, por ser o maior custo para a produção
atualmente; os recursos humanos, informações, capacitações e qualificações no que tange as
técnicas de gestão rural. Os órgãos de apoio aos produtores como SENAR, SEBRAE,
EMATER e demais instituições tem papel fundamental quanto a qualificação dos produtores,
pois muito tem-se preocupado com técnicas de produção e incentivos aos pequenos
produtores mas pouco referente a gestão e administração da produção.
Palavras-chave: Fatores produtivos, APL Leite, Agronegócio Leite.
6
MARTINS, Letícia Nunes Nascimento. Factors that influence the management of
production units in local productive arrangement agribusiness milk - City of Ariquemes
/ RO. Monograph (Graduation). Course Administration-Federal University of Rondônia.Porto
Velho, 2013.
ABSTRACT
The milk production is of great importance to Brazil in agribusiness be an option for low risk
and little investment. Seeking greater competitiveness, alliances are a commercial strategy of
low risk and better outcomes for the parties involved. The integration of the actors involved in
a particular production activity is called Local Productive Arrangement – APL. This study
aims to analyze the factors that influence the management of production units in local
productive arrangement agribusiness milk (APLeite) in Ariquemes / RO based on the
framework proposed by Palmer (2002) using data collected by the Center for Interdisciplinary
Studies and Research on Sustainable Development of the Amazon - CEDSA in 2011. As a
result, it can be observed that all the factors, both internal and external, are interconnected, it
is not possible to cite only one main factor. Factors that need more attention in the
management of the plant are the inputs, to be the biggest cost to produce today; human
resources, information, skills and qualifications regarding rural management techniques. The
bodies of producer support as SENAR, SEBRAE EMATER and other institutions play a
fundamental role as the qualification of producers, since much has been concerned with
production techniques and incentives to small producers but little concerning the management
and administration of production.
Keywords: productive factors, APL Milk, Dairy Agribusiness.
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LISTA DE ABREVIATURAS
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations
APL – Arranjo Produtivo Local
ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural
SIBRATER – Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMATER – Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural
SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus
APLeite – Arranjo Produtivo Local do Agronegócio Leite
PIB – ProdutoInternoBruto
OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
GTP – Grupo de Trabalho Permanente
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior
MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MI – Ministério da Integração Nacional
PROAGRO – Programa de Garantia da Atividade Agropecuária
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PROGER – Programa para Geração de Emprego e Renda Rural
SAG – Sistema Agroindustrial
C&T – Ciência & Tecnologia
UP – Unidade Produtiva
CEDSA – Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da Amazônia
IFRO – Instituto Federal de Rondônia
APRODIL – Associação de Produtores e Distribuidores de Leite de Ariquemes
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas
SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
BASA – Banco da Amazônia
SEAGRI – Secretaria Estadual de Agricultura
APRUVE – Associação dos Produtores Rurais Unidos Venceremos
APRULIS – Associação dos Produtores da Linha C-60
APROEST – Associação de Produtores Rurais Esperança e Trabalho
8
LISTA DE FIGURAS
Estrutura da Monografia ...................................................................................................... 15
Figura 1 – Arranjo Produtivo Local do Leite em Rondônia ................................................ 22
Figura 2 – Fatores que influenciam a gestão de unidades de produção .............................. 24
Figura 3 - Limites do Estado do Rondônia e principais Bacias Hidrográficas ................... 37
Figura 4 – Arranjo Produtivo Local do Agronegócio Leite no Município de
Ariquemes/RO ..................................................................................................................... 39
Figura 5 – Síntese dos Fatores que influenciam a gestão .................................................... 44
9
LISTA DE QUADROS
Quadro I - Síntese Fatores Externos ................................................................................. 35
Quadro II - Síntese Fatores Internos ................................................................................. 35
Quadro III – Perspectivas de análise do APLeite ............................................................. 36
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Produção de Leite dos Estados da Região Norte de 2000 a 2010 ................. 20
Gráfico 2 – Tamanho das unidades de produção do APLeite em Ariquemes .................. 40
Gráfico 3 – Principais medicamentos utilizados pelos produtores de leite ...................... 40
Gráfico 4 – Principais fontes de informações utilizadas pelos produtores ...................... 42
Gráfico 5 – Variáveis controladas pelos produtores de leite do município de
Ariquemes/RO .................................................................................................................. 43
11
SUMÁRIO
Resumo ....................................................................................................................................... 5
Abstract ....................................................................................................................................... 6
Lista de Abreviaturas .................................................................................................................. 7
Lista de Figuras .......................................................................................................................... 8
Lista de Quadros ......................................................................................................................... 9
Lista de Gráficos ....................................................................................................................... 10
1. Introdução ............................................................................................................................. 12
1.2 Objetivos ................................................................................................................. 14
1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos Específicos............................................................................... 14
1.3 Estrutura da monografia.......................................................................................... 15
2. Referencial Teórico .............................................................................................................. 16
2.1 Agronegócio ........................................................................................................... 16
2.1.1 Cadeias Produtivas ................................................................................... 18
2.1.2 Arranjos Produtivos Locais ...................................................................... 19
2.1.3 Arranjo Produtivo do Agronegócio Leite em Rondônia .......................... 20
2.1.4 Gestão da Produção.................................................................................. 22
2.1.5 Fatores de Produção ................................................................................. 23
3. Metodologia .......................................................................................................................... 34
3.1 Tabulação ................................................................................................................ 34
3.2 Analise dos dados ................................................................................................... 35
4. Apresentação dos Resultados e Discussões .......................................................................... 37
4.1 Descrição do APLeite no município de Ariquemes ............................................... 37
4.2 Unidades de Produção do APLeite ......................................................................... 39
4.2.1 Fatores Internos do APL Leite em Ariquemes ........................................ 39
4.2.2 Fatores Externos do APL Leite em Ariquemes ....................................... 43
4.2.3 Síntese dos Fatores ................................................................................... 44
4.2.4 Influência dos fatores da gestão das unidade de produção do APLeite em
Ariquemes ..................................................................................................................... 45
5. Considerações Finais ............................................................................................................ 46
Referência ................................................................................................................................. 48
12
1. INTRODUÇÃO
Os países em desenvolvimento buscam na produção agrícola, alternativas de renda à
sua população que habita o espaço rural. Uma das atividades que mais gera renda ao pequeno
agricultor familiar é a pecuária de leite. A produção leiteira é de grande importância no
agronegócio, pois é uma opção de baixo risco e pouco investimento, e hoje, é a principal
renda de pequenos produtores em todo o Brasil. Segundo Siqueira (2013), a Food and
Agriculture Organization of the United Nations (FAO) divulgou este ano dados preliminares
da produção de leite no mundo onde o Brasil encontra-se como 4º maior produtor.
A pecuária leiteira passou por várias transformações a partir da década de 1990
oriundas da abertura do mercado e da inserção de novas tecnologias na cadeia do leite. Essas
transformações não se deram somente na produção, mas também quanto ao armazenamento,
comercialização e distribuição do produto até o consumidor final, o que consequentemente
aumentou a competitividade do setor. (VIANA & RINALDI, 2010).
A ideia de que as empresas conseguem sobreviver sozinhas no mercado globalizado
está defasada. Buscando maior competitividade, as alianças comerciais são uma estratégia de
pouco risco e de melhores resultados para ambas as partes envolvidas. Pode-se citar como
forma de aliança desses empreendimentos o Arranjo Produtivo Local – APL. Para Amorim
(2011 p.2), “O que se observa é que este tipo de aglomeração facilita e melhora não apenas
uma organização, mas permite que todas as organizações do arranjo, possam se desenvolver e
prosperar.”
Ainda visando contribuir para a competitividade de pequenos produtores, surgiu
também formas associativas que tinham como propósito auxiliar os pequenos produtores na
sua inserção no mercado e na adequação dos requisitos de qualidade, as chamadas associações
de produtores rurais, cooperativas, grupos de produtores dentre outros.
1.1. PROBLEMA DA PESQUISA
Souza (2007) destaca a importância da agricultura familiar para o estado de Rondônia,
pois estima em 85.907 estabelecimentos rurais no estado sendo que 35.000 exploram a
produção de leite.
A agricultura familiar é responsável por cerca de 60% dos alimentos consumidos pela
população brasileira e quase 40% do Valor Bruto da Produção Agropecuária nacional, além
de apresentar-se como o segmento que mais cresceu durante a década de1990,
aproximadamente 3,8% ao ano num período que os preços caíram 4,7% ao ano. (TOSCANO,
2005 p.1).
13
Rodrigues (2010) explica que a partir dos anos de 1990, a forte interferência do
governo federal na cadeia produtiva do leite cedeu lugar à desregulamentação do setor que,
amparada por uma abertura do mercado à internacionalização, impulsionou o aumento dos
investimentos de diversas empresas multinacionais abrindo espaço para a entrada de produtos
estrangeiros.
O mesmo autor (p.11) afirma ainda que:
O modelo vigente até o ano de 1990 tinha como característica, ser formado, na grande
maioria, por pequenos e médios produtores com baixo nível de especialização, organização e
qualidade, isso começou a se modificar. Níveis de produção, qualidade e eficiência passaram
a ser exigidos, obrigando os produtores a reverem sua forma de produção e gestão.
Entretanto, Padilha (2003) apud Souza (2010) afirma que há uma carência de
profissionais especializados na cadeia produtiva do leite, assim, a necessidade de assistência
técnica é suprida por informações fornecidas por agentes denominados “especialistas” no
setor, representados por médicos veterinários, técnicos agrícolas e outros.
Souza (2008, p. 15) explica que:
Os Serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER surgiram na tentativa de
contribuir para a promoção de melhores condições de vida ao trabalhadores rurais, e que na
década de 70, passaram pelo processo de estatização, com a implantação do Sistema
Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural - SIBRATER, coordenado em nível
nacional pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural e executado pelas
empresas estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER's.
Para suprir essa necessidade de qualificação, inúmeros projetos estão sendo
implantados no estado buscando melhorar a qualidade do produto oferecido aos consumidores
bem como a vida dos produtores. A SUFRAMA em 2009 também buscou incentivar esses
produtores por meio de convênios com o Estado de Rondônia onde 23 municípios foram
beneficiados com tanques de resfriamento de leite, o que proporcionou aos pequenos
produtores de leite se adequar as normativas de qualidade do leite. Os municípios atendidos
por esse convênio foram: Alta Floresta, Alvorada D’Oeste, Ariquemes, Colorado do Oeste,
Cabixi, Curumbiara, Cacoal, Pimenta Bueno, Ministro Andreazza, Novo Horizonte,
Primavera de Rondônia, Rolim de Moura, São Felipe D’Oeste, Santa Luzia D’Oeste, Ouro
Preto do Oeste, Mirante da Serra, Vale do Paraíso, Urupá, Machadinho D’Oeste, Costa
Marques, Seringueiras, São Miguel do Guaporé e Ji- Paraná.
Neste sentido Souza (2007 p.6) ressalta que “A atividade leiteira é conhecida como
sendo um negócio de margens de lucro reduzidas e somente aqueles que conseguirem reduzir
os custos de produção e aumentarem o volume de leite comercializado é que conseguirão ficar
na atividade.”
14
Entretanto, é uma área que recebe muitos investimentos e tem sido beneficiada com
vários estudos que podem auxiliar os produtores rurais em sua produção melhorando sua
eficiência e sua produtividade. Dessa forma este estudo pretende responder a seguinte questão
de pesquisa: Que fatores influenciam a gestão de unidades de produção no arranjo produtivo
local do agronegócio leite no município de Ariquemes/RO?
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo Geral
Analisar os fatores que influenciam a gestão de unidades de produção no Arranjo
Produtivo Local do Agronegócio Leite (APLeite) no município de Ariquemes/RO, com base
no framework proposto por Romeiro (2002) e na Caracterização do APLeite elaborado por
Paes-de-Souza (2007).
1.2.2. Objetivos Específicos
Descrever o APLeite no Municipio de Ariquemes-RO;
Avaliar dados e informações sobre as unidades de produção do APLeite;
Identificar os fatores de produção que influenciam na gestão de unidades de produção
APLeite;
Descrever a influência desses fatores na gestão de unidades de produção.
1.3. JUSTIFICATIVA
Diante da importância do APLeite em todo o estado, faz-se necessário o
desenvolvimento de pesquisas que mostrem quais fatores interferem e estão presente na
gestão de unidade produtivas do APLeite em Ariquemes, já que o município vem recebendo
incentivos do governo e de órgãos como A Superintendência da Zona Franca de Manaus –
SUFRAMA, dentre outros. Por meio dessa caracterização, será possível verificar as
estratégias que estão sendo utilizadas atualmente e se há necessidade de adequações.
Em virtude do escasso material a respeito dos fatores que influenciam a gestão de
unidades produtivas, especificamente no APLeite, é necessário que a partir dessa pesquisa,
15
sejam realizados mais estudos em outros municípios do Estado de Rondônia, visando fornecer
informações para a formulação de políticas públicas que possibilitem melhorar o processo de
gestão de unidades produtivas do APLeite que estejam de acordo com as reais necessidades
dos produtores.
1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
Introdução
Problema de
Pesquisa
Objetivo
Justificativa
Referencial
Téorico
Metodologia
Apresentação de Resultados e Discussões
Considerações Finais e
Recomendações
Referências
16
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo faz-se a revisão teórica dos conceitos relativos ao agronegócio, gestão
da unidade de produção, fatores externos e internos que influenciam a gestão da produção
com enfoque no APLeite de Ariquemes visando conceituar a pesquisa para analise dos
resultados.
2.1. AGRONEGÓCIO
O agronegócio é um setor de grande importância para o Brasil, pois segundo Barros
(2011) o agronegócio cresceu 5,7% em 2011 enquanto a economia expandiu 2,7%, Com isso,
a participação do agronegócio no PIB nacional aumentou de 21,78% em 2010 para 22,74%
em 2011 e com projeções positivas para os próximos anos.
Jonh Davis e Ray Goldberg, pesquisadores de Harvard, em 1957 conceituaram
agronegócio ou agribusiness como sendo a soma das operações de produção e
distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção nas unidades
agrícolas; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e
itens produzidos a partir deles. Esses autores consideravam que as atividades
agrícolas faziam parte de uma rede de agentes econômicos que iam desde a
produção de insumos até a distribuição dos produtos e derivados agrícolas (FARINA
e ZYLBERSZTAJN, 1994 apud SOUZA, 2009. P. 4).
Lourenço (2009) acrescenta ainda, que a agricultura moderna, mesmo a familiar,
extrapolou os limites físicos da propriedade dependendo cada vez mais de insumos adquiridos
fora da fazenda e sua decisão está fortemente relacionada ao mercado consumidor.
O termo agronegócio é o resultado da evolução da agricultura, com o passar do
tempo os avanços tecnológicos transformaram bruscamente um ramo da economia, a
agricultura, fazendo com que houvesse uma verdadeira revolução no ramo; o que
resultou em mudanças tanto de ordem prática como teórica (SOUZA, 2010 p.17).
17
A Organisation for EconomicCo-operationandDevelopment (OECD) destaca a
importância das políticas publicas de desenvolvimento agrícola para a erradicação da pobreza
e para manter os produtores rurais no campo. Essas políticas devem ser concentradas em
investimentos estratégicos para aumentar a produtividade e beneficiar o pequeno produtor
reduzindo a pobreza no campo e diminuindo a migração para o meio urbano. Devem garantir
ainda a elaboração de sistemas eficazes de proteção social para as famílias rurais, pois muito
preocupa-se com a qualidade dos serviços oferecidos no meio urbano e pouco com o meio
rural.
O padrão de qualidade do produto oferecido e da exigência do mercado vem
aumentando ao longo do tempo.
O padrão vigente ate inicio dos anos de 1990, que tinha como característica uma
estrutura produtiva formada em sua grande maioria por pequenos e médios
produtores com baixo nível e especialização, qualidade e organização, começou a se
modificar. Níveis de qualidade e eficiência na produção passaram a ser exigidos,
forçando os produtores a rever sua forma de produção e comercialização.
(RODRIGUES 2009, p.11).
O Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT (2002) afirma que as mudanças nos
cenários do agronegócio no país e no mundo têm exigido um novo padrão de inserção de
políticas técnico-científicas.
[...] em razão da necessidade de se incorporar inovações às atividades produtivas.
Com isso, o agronegócio ganhou destaque pelo seu caráter estratégico para o
desenvolvimento sustentável em bases competitivas. Nesse cenário, que inclui a
intensificação da competição e da valorização do conhecimento e da informação, o
Brasil precisa adotar um novo modelo de desenvolvimento econômico e social
(MCT, 2002, p.7).
Neste sentido, tendo como base ainda o MCT, verifica-se que com o crescimento do
agronegócio, tem-se observado um grande impacto sobre a geração de empregos e de divisas.
O que pode-se atribuir a existência de vários programas de políticas públicas que direta e/ou
indiretamente apoiam o setor, pode-se assegurar que além da questão mercantil existe também
no mundo rural um novo padrão de desenvolvimento, no qual se busca a atenuação das
disparidades econômicas, sociais, regionais, com crescimento sustentado e valorização do
trabalho. Assim, este fomento promove o desenvolvimento das cadeias produtivas voltadas ao
agronegócio.
18
2.1.1. Cadeias produtivas
De acordo com Souza (2010) as cadeias de produção, inicialmente utilizada para tratar
das industrias, surgiu a partir de uma concepção das escolas francesas filiere. Encontrou mais
utilidade entre os pesquisadores de agronegócio onde após alguns ajustes teóricos serviu
como base para as ideias de cadeia produtiva.
É conceituada por Morvan apud Zylberzstajn, (1995, p. 125) como:
Cadeia (filière) é uma seqüência de operações que conduzem à produção de bens.
Sua articulação é amplamente influenciada pela fronteira de possibilidades ditadas
pela tecnologia e é definida pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização
dos seus lucros. As relações entre agentes são de interdependência ou
complementaridade e são determinadas por forças hierárquicas. Em diferentes níveis
de análise a cadeia é um sistema, mais ou menos capaz de assegurar sua própria
transformação.
De forma mais operacional Batalha et al (1997) apud Souza (2009, p.5) divide a cadeia
produtiva nos segmentos de comercialização, industrialização e produção de matérias-primas.
No segmento da comercialização encontram-se as empresas que estão em contato
com o cliente final da cadeia de produção e que viabilizam o consumo e o comércio
dos produtos finais (supermercados, mercearias, restaurantes e cantinas), incluindo
nesse segmento as empresas responsáveis somente pela logística de distribuição; no
segmento da industrialização estão localizadas as empresas responsáveis pela
transformação das matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor,
destaca que o consumidor pode ser uma unidade familiar ou outra agroindústria e, no
segmento da produção de matérias-primas estão as empresas rurais que fornecem as
matérias primas oriundas da agricultura, pecuária e piscicultura para que outras
empresas as transformem em produtos finais utilizando-se de processos de produção
automatizados ou não(BATALHA ET al,1997 apud SOUZA, 2009, p.31).
Os estudos acerca da Cadeia Produtiva Agroindustrial no Brasil intensificaram-se a
partir dos anos 1980 onde ganharam uma maior importância política e empresarial. O
Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT (2002) afirma que as cadeias produtivas do
agronegócio brasileiro englobam a produção agrícola, desde o fornecimento de insumos, do
processo agro-industrial e todas as áreas que dão suporte ao fluxo de produtos até o
consumidor final o que significa, resumidamente, que o valor agregado passa por cinco
mercados distintos: suprimento, produção, processamento, armazenamento e distribuição até o
consumidor final. No entanto, o processo de desenvolvimento e a potencialização de renda
parece somente ocorrer quando o Arranjo Produtivo Local é estimulado a se organizar e
acrescer.
19
2.1.2. Arranjos Produtivos Locais
Segundo Araujo (2005, p.23), “Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) significam a
maneira como todos os agentes de determinadas cadeias produtivas se organizam e se inter-
relacionam, inclusive com outras cadeias produtivas, em determinado espaço e território.”
Neste sentido Riva (2008 p. 7), diz:
[...] aglomerados empresariais especializados na produção de um mesmo produto
numa mesma localização geográfica, havendo um relacionamento, mesmo que
indireto entre as empresas que o compõem. O emaranhado de relações comerciais
que se fazem presentes desde a ordenha até as prateleiras dos supermercados
justificam a visão em forma de APLs utilizadas a fim de se entender a dinâmica do
mercado lácteo. Uma vez que, tal visão torna nítida a atuação de diversas empresas
em torno de um mesmo produto reforçando assim a definição de APL proposta
anteriormente(RIVA, 2008, p.7).
Assim Riva, explica que a aliança estratégica de todos os atores do APL é dada pela
cooperação, onde esse elo tem por objetivo gerar melhores ganhos para todos os envolvidos, sem
que haja nessa aglomeração uma competição acirrada.
O Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais em seu Termo de
Referência, elaborado em 2004, reconhece um APL a partir do conjunto das seguintes
variáveis:
1 - A concentração setorial de empreendimentos no território;
2 - Concentração de indivíduos ocupados em atividades produtivas relacionadas com o
setor de referência do APL;
3 - Cooperação entre os atores participantes do arranjo (empreendedores e demais
participantes), em busca de maior competitividade;
4 - Existência de mecanismos de governança.
Segundo Machado (2003) a evolução do APL Leite se dá em quatro estágios, (i) a de
nascimento ou embrionária onde não há ainda uma atração dos empreendimentos envolvidos
e a cooperação é baseada em relações familiares ou de amizade; (ii) a fase de crescimento
onde os setores influenciados pelo APL passam a ser atraídos por ele e buscam inovações
para consolidar sua economia preocupando-se também com a qualidade e os fatores de
competitividade para que possam ser inseridos no mercado; (iii) a fase de maturidade onde a
competição é mais acirrada pela estagnação do mercado e a busca por mercado distante é uma
caracteristica desse estágio tendo em vista que mais produtores começam a ingressar neste
APL; e a (iv) fase de pós-maturidade onde a proximidade geográfica não é mais uma
20
dificuldade e o APL busca agregar outros arranjos que possam auxiliar no melhor
desenvolvimento do APL.
2.1.3. Arranjo Produtivo Local do Agronegócio Leite em Rondônia
Como citado pelos autores anteriormente, o APL tem como principal característica a
importância daquela economia e numero de envolvidos, em uma determinada atividade
econômica.
O agronegócio leite em Rondônia teve seu início com o significativo crescimento
populacional, ocasião em que foi registrada uma explosão demográfica no então
território. A partir de dados do IBGE (1998), a população de Rondônia passou de
111.064 para 503.128 habitantes, na década de 1970. Ocorrendo a definição da
política de colonização e, conseqüentemente, abertura de novas fronteiras agrícolas e
a intensificação da demanda e da produção de leite (PAES-DE-SOUZA, 2007, p.
14).
De acordo com Paes-de-Souza (2007) esta atividade é favorecida pelos baixos custos
de produção prevalecentes, acompanhados de fatores como a abundância de chuvas, pouca
utilização de mão-de-obra, mercado direcionado para a industrialização e a baixa ou nenhum
emprego de insumos, sendo uma atividade onde a agricultura familiar predomina.
Com o gráfico abaixo, pode-se observar que Rondônia vem sendo o principal produtor
de leite da região norte destacando-se também a nível nacional. Sua produção em 2011 foi
estimada em 841.092 mil litros de leite segundo dados da EMBRAPA ficando em 9º lugar no
ranking de produção de leite nacional.
Grafico 1 – Produção de Leite dos Estados da Região Norte de 2000 a 2010 Fonte: Elaborado pela autora com base EMBRAPA/IBGE (2011)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
RO
AC
AM
RR
PA
AP
TO
21
Quanto às características da cadeia produtiva do leite em Rondônia, SOUZA (2009,
p.18) resume em:
Coordenação institucional; Parceria: governo x instituições x segmentos; Políticas
de incentivo;
Disponibilidade de órgão de pesquisa aplicada; Assistência técnica permeando o
estado;
Cultura não-cooperativista e associativista.
Fontes de financiamento; Relevante fiscalização e indústria com SIF; Predominância
do mercado informal;
Pequenos produtores e produção de subsistência; Empresa familiar e mão-de-obra
sem qualificação; Baixa escolaridade e baixa capacidade de gestão.
SOUZA (2009, p.18)
Em Rondônia é possível vislumbrar o agronegócio com maior adensamento na região
central do Estado nos municípios de Jaru, Jí-Paraná, Ouro Preto, Rolim de Moura, Cacoal e
Presidente Médici. Contudo há cidades que também participam desta atividade econômica
com menor produção de leite e seus derivados, mas que tem grande significado no comércio
rondoniense como o município de Ariquemes onde a pesquisa foi realizada.
Paes-de-Souza (2007) analisa o APLeite no estado de Rondônia de acordo com as
perspectivas enumeradas abaixo, as quais nortearam a analise desta pesquisa:
1 – Quanto à infraestrutura educacional;
2 – Quanto à infraestrutura institucional;
3 – Quanto à infraestrutura cientifica-tecnológica;
4 – Quanto à infraestrutura de financiamentos.
Na figura 1, a seguir, pode-se observar a caracterização do APLeite do Estado de
Rondônia, cujas perspectivas baseou-se neste trabalho para analisar o APLeite no município
de Ariquemes.
22
Figura 1 -Arranjo Produtivo Local do Leite em Rondônia Fonte: Paes-de-Souza, 2007.
De acordo com Oliveira (s.d p.3), administração da produção “é o conjunto de
atividades que criam bens e serviços por meio do processo de transformação de entradas em
saídas. As atividades que criam bens e serviços ocorrem em todas as organizações”.
Para Peinado (2007) administração da produção a uma grande variedade de assuntos
que devem ser vistas de forma sistêmica para não perderem o seu real significado devendo
preocupar-se com as estratégias de produção, os produtos e serviços oferecidos e possíveis
melhorias, o sistema de produção, os arranjos produtivos, o planejamento da produção e o
controle.
2.1.4. Gestão da Produção
A partir dos anos de 1990 com a abertura da economia brasileira geraram a
necessidade de adequação de algumas ferramentas de gestão para a produção rural, fazendo
com que o conhecimento fosse um diferencial e agregasse valor ao produto.
Segundo Pudell (2006) apud Rodrigues (2010) entende-se por gestão todo processo
sistemático de obtenção de resultados a partir de um esforço em conjunto visando uma meta
UNIR, ULBRA,
UNICENTRO,
UNESC
IDARON,
DFA;
SEMUSA’s;V
IG.
SANITÁRIA
BASA, BANCO
DO BRASIL,
COOP.
CRÉDITO
EMBRAPA;
FAZ. N. VIDA-
USP
FAZ. ZEBU
Comércio de
Produtos e
Serviços
Associações de
Produtores,
cooperativas de
produção e
sindicatos
Laticínios
Produtores de Leite
Supermercados;
Sorveterias;
Padarias;
Lanchonetes;
Casas Rurais;
Hotéis; Feiras Livres.
Micro, Pequenas e Médias
Empresas
Economia Informal
Instituições Federais, Estaduais e
Municipais: IBAMA, PROLEITE,
Câmara do Leite, Emater, SEAPS,
SEMAGRI’s,
SEBRAE,
SENAR,
SENAI
Escolas
Agrícolas
23
comum. A gestão é um processo de controle que tem por objetivo assegurar a tomada de
decisão buscando a eficácia empresarial.
A utilização de ferramentas gerenciais aplicadas tanto à gestão de redes de
agricultores como às propriedades coloca-se como condição para os agricultores
familiares explorarem novas oportunidades que se abririam a partir da formação das
redes e da aplicação de tecnologias e práticas que requerem um nível de gestão da
produção mais sofisticado (BATALHA, 2004, p.4).
Lidar com essa complexidade de funções exige qualificação em gestão, escassas na
maioria dos produtores rurais principalmente nos agricultores familiares. “Essa deficiência
provoca impactos negativos no desenvolvimento desse segmento e, conseqüentemente, na sua
integração aos mercados mais dinâmicos” (LOURENZANI, 2006, p.3).
2.1.5. Fatores de produção
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ao publicar, em 2002,
a Instrução Normativa (IN) nº 51, regulamenta a produção, qualidade, identidade, coleta e
transporte do leite A, B, C, pasteurizado e cru refrigerado padronizou a produção de leite nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a partir de 1º de julho de 2005 e nas regiões Norte e
Nordeste em 1º de julho de 2007.
Para Dürr a implementação dessa instrução normativa abrirá portas de novos mercados
para o leite brasileiro, garantindo a sustentabilidade da produção pelos próximos anos, mas
atenta que para que isso ocorra, todos os elos da cadeia devem estar integrados para
produzirem leite de qualidade.
A partir dessa normativa os produtores foram conduzidos a um novo padrão de
produção, no qual os fatores de base tecnológica estavam diretamente ligados ao
desempenho de suas atividades, já que havia a exigência por parte da normativa de
técnicas específicas de produção e transporte, garantindo, sobretudo, qualidade ao
produto (VIANA & RINALDI, 2010, p.21).
O funcionamento da unidade de produção segundo Romeiro (2002) está ilustrado na
figura 2 a seguir, na qual contem os fatores estudados nesse trabalho que influenciam a gestão
de uma unidade de produção, tanto no ambiente interno como no ambiente externo.
De acordo com Machado Filho et al. (1996) apud Romeiro (2002) a gestão da unidade
de produção que pode ser visualizada na figura acima mostra que os produtores e demais
integrantes desse sistema devem passar a se preocupar não só com os seus clientes mais
24
próximos, mas também com todos os envolvidos no arranjo observando as tendências e todos
os fatores internos e externos que influenciam a sua produção.
Figura 2–Fatores que influenciam a gestão de unidades de produção Fonte: Romeiro (2002 p. 47)
Santana (2005, p.2) define fatores de produção como “os meios utilizados pelo homem
para produzir bens e serviços, destinados à população presente e futura”.
2.1.5.1. Fatores externos
Para Romeiro (2002) os fatores externos são os fatores que estão ao redor do sistema
de produção incorporando-se ao mesmo, ou seja, fatores que não dependem exclusivamente
do produtor, mas influenciam na gestão de sua produção.
Viana & Rinaldi (2010) acrescentam ainda que os fatores externos estão vinculados a
aspectos institucionais da cadeia, questões fundamentais para a coleta de leite e entrega de
insumos às propriedades rurais.
No ambiente externo, fatores como relevo, clima, ambiente institucional, políticas
governamentais, mercado e tecnologia escapam do controle da unidade de produção.
Ainda que influenciem expressivamente a performance do empreendimento rural,
esses fatores não são controlados por seus gestores (RODRIGUES, 2010, p.17).
25
a) Condições climáticas
Ferreira (1986) apud Romeiro (2002, p. 48) “define clima como o conjunto de
condições metereológicas que envolvem temperatura, pressão e ventos, umidade e chuvas,
características do estado médio da atmosfera em um ponto da superfície terrestre”
“A perda em produção de leite devido a altas temperaturas também depende da
umidade relativa, velocidade do vento, e de outros fatores de manejo e alimentação” (SILVA,
2002, p. 2037).
b) Políticas Governamentais
Muniz (1974) apud Romeiro (2002, p.49) afirma que desde 1930, a política econômica
brasileira tem se preocupado com a industrialização do país “devido a problemas relacionado
com o mercado externo de compra e venda de produtos industriais e matérias primas, sendo
todas as forças canalizadas neste sentido”.
O tema APL destacou-se como opção metodológica, ganhando prioridade para a
política do governo federal, a partir de sua inclusão na política industrial,
tecnológica e de comércio exterior (Pitce) e da publicação da Portaria
Interministerial no 200, de 2 de agosto de 2004, criando o grupo de trabalho
permanente (GTP) para APLs, integrado pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Ministério de Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o Ministério da
Integração Nacional (MI) e mais 23 instituições, governamentais e não
governamentais, de vários focos e matizes (BARROSO, 2009, p.1440).
Paes-de-Souza (2008, p.8) diz também, que com o crescimento do estado de
Rondônia, a população ocupante optou por abrir campos para a agricultura e pecuária e
função dos fatores condicionantes para essa produção propiciarem um bom resultado.
No entanto, parece que a não sistematização ou a falta de assistência técnica e
implementação de políticas públicas e ainda, a velocidade do crescimento dessa
atividade, não favoreceram a organização e desenvolvimento do Arranjo Produtivo
Local do Leite em Rondônia (PAES-DE-SOUZA, 2008, p.8).
Romeiro (2002) ressalta a existência políticas publicas de preço e estocagem, de
crédito e programas de apoio a agricultura como o Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária – PROAGRO, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –
PRONAF, Programa para Geração de Emprego e Renda Rural – PROGER, dentre outros.
26
Paes-de-Souza (2007, p.45) sobre as estratégias de desenvolvimento da cadeia
produtiva do leite em Rondônia verificou que a principal estratégia foi a criação do
PROLEITE.
[...]em parceria com os demais atores do agronegócio com definição de políticas de
incentivo, com vistas à criação de um fundo para promover o desenvolvimento, a
competitividade do setor e, ainda, a constituição da Câmara Setorial do Leite para
possibilitar o debate entre diversos atores da cadeia produtiva do leite em
Rondônia(PAES-DE-SOUZA, 2007, p.45).
c) Mercado
Um mercado existe quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e
serviços estão em contato com os vendedores desses mesmos bens e serviços. Pode
ser entendido como o local do encontro regular entre compradores e vendedores de
uma economia determinada. É formado pelo conjunto de instituições em que são
realizadas as transações comerciais e se expressa na maneira como se organizam as
trocas realizadas em determinado universo por individuos, empresas e
governos(SANDRINI, 1994 apud ROMEIRO, 2002, p.64).
Segundo Wilkison (1993) apud Paes-de-Souza (2007, p.9) as políticas de mercado
adotadas podem ser divididas em três grandes grupos: “(I) planos de preços mínimos e
controle da oferta que regulem a produção de leite; (II) medidas que protejam o leite contra
importações e aumentem as exportações e (III) criação de organizações intimamente
envolvidas na indústria do leite”.
No que tange o mercado do APL Leite em Ariquemes, SOUZA (2010) cita como
características do mercado pequenos produtores rurais, com pouco poder de barganha e
visando adquirir maior poder, esses pequenos produtores reúnem-se em formas associativas
principalmente pela representação junto a órgãos governamentais e aos laticínios. Outra
característica importante citada pelo autor é pequena rivalidade ou concorrência entre os
produtores o que ocasiona um desestimulo quanto a busca de diferenciação no mercado.
d) Órgãos Representativos
Uma das formas de diminuir os riscos e ganhar sinergia no APL seria a formação de
alianças entre as empresas principalmente as micro e pequenas empresas trabalhando de
forma associada ou cooperada com outras organizações. Assim, os empreendimentos
participantes do APL cooperariam para sanar necessidades mútuas assim como partilhar dos
riscos para alcançar seus objetivos. (DOTTO, 2002)
No meio rural, a importância dessas necessidades dá-se da mesma forma.
27
A idéia de “sobreviver” sozinha está cada vez mais ultrapassada, o que as
organizações estão buscando são meios de diminuir suas dificuldades, e isto está
sendo feito através de associação, colaboração, parceria, aliança, redes e etc. Sendo
que para as pequenas organizações a dificuldade é maior devido a diversos fatores,
como recursos escassos, mão-de-obra especializada, mudanças tecnológicas e etc.,
nestas organizações a intenção de colaborar com outras organizações para manter-se
atuante é ainda maior (AMORIM, 2011, p.1).
Segundo Rodrigues (1999) apud Dotto (2002, p.2) a palavra “associativismo provém
do latim associare, formado de sócios ou companheiros.” Compreende associações,
entendidas como grupos de indivíduos, unidos em busca de um objetivo em comum.
Sobre os princípios que doutrinam o associativismo, Pizzolatti (s.d, p.14) afirma que
são Solidariedade, Igualdade, Liberdade e Fraternidade e que Rochdale, em seu estatuto,
acrescentou a esses princípios o “Associativismo, Retorno pro rata, Gestão Democrática,
Neutralidade Política e Religiosa, Cooperação Voluntária, Livre Entrada e Saída, Educação
Cooperativa”.
As formas de associativismo são caracterizadas principalmente pela economia
solidária, inventada por operários, nos primórdios do capitalismo industrial, como
resposta à pobreza e ao desemprego resultantes da difusão “desregulamentada” das
máquinas-ferramenta e do motor a vapor no início do século XIX(PIZZOLATTI,
s.d, p.15).
As formas de associativismo são caracterizadas pela economia solidária que segundo
Singer (s.d, p.1) "foi inventada por operários, nos primórdios do capitalismo industrial, como
resposta à pobreza e ao desemprego resultantes da difusão desregulamentada das máquinas-
ferramenta e do motor a vapor, no início do século XIX.”
Segundo Leonello (s.d) o associativismo possui especificidade e características
peculiares em cada região o que demonstra a falta de educação formal no Brasil para que se
alcance o melhor desenvolvimento desse tipo de ação no país.
[...] o associativismo instrumentaliza os mecanismos que concretizam as demandas
sociais e que tornam os homens mais próximos da busca de autonomia na promoção
do desenvolvimento local. E, a cooperação, por sua vez, passa a ser a força indutora
que modifica comportamentos e abre caminhos para incorporar novos
conhecimentos (LEONELLO, s.d, p.5).
Frantz (2001, p.242) define cooperativismo como “processo social, embasado em
relações associativas, na interação humana, pela qual um grupo de pessoas busca encontrar
respostas e soluções para seus problemas comuns, realizar objetivos comuns, busca produzir
resultados, através de empreendimentos coletivos com interesses comuns.”
28
As cooperativas tornaram-se importantes no APL Leite segundo Jank (s.d, p.193)
“durante o período em que o mercado era regulamentado pelo Estado, dentro de uma
estratégia de captação regional de leite sob inspeção.”
Algumas delas procuraram apenas aumentar o poder de barganha dos produtores
diante das grandes empresas compradoras de leite e dos fornecedores de insumos.
Outras integraram-se verticalmente, procurando atingir o consumidor final a partir
da produção de derivados lácteos JANK (s.d, p.193).
Segundo Silva (2002) as cooperativas tendem a ser mais produtivas que as empresas
capitalistas porque os seus trabalhadores, sendo eles próprios os proprietários, têm mais
incentivo econômico e moral para dedicar o seu tempo e esforço ao trabalho.
Quanto às iniciativas de cooperativas com âmbito na economia solidária no estado de
Rondônia, Zamberlan (2011) afirma que elas se apresentam em muitas comunidades e com
mais frequência nos meio rural, pois surge como uma alternativa de melhorar a vida dos
produtores gerando renda e emprego aos seus integrantes.
O cooperativismo desenvolve-se de forma mais intensa no setor primário da
economia (agricultura), devido às estruturas de mercado encontradas. Do total das
cooperativas no Brasil, dois terços estão ligadas ao setor agropecuário, em nível de
produção, processamento, crédito ou telefonia e eletrificação rural(PIZZOLATTI,
s.d, p.13).
Para Pompeu(1997) apud Romeiro (2002, p.61), as associações no APL tem
importante significado no que tange a geração de informações para seus associados e para
outros empreendimentos envolvidos diretamente e indiretamente no APL. É importante
também para “[...]geração de pressões políticas e/ou econômicas na sociedade, visando obter
resultados vantajosos para os indivíduos que representam.”
Souza (2010) aponta ainda que em Ariquemes, as associações são responsáveis
também pela qualificação dos pequenos produtores e consequente melhoria na qualidade do
leite oferecido uma vez que o leite é entregue em algumas associações e beneficiados para a
distribuição em supermercados e clientes garantidos.
e) Tecnologia
“Embora seja difícil imaginar toda a evolução tecnológica existente incorporada à
produção rural, o setor experimenta muitas inovações que possibilitam ao produtor ganhar
tempo, aumentar a produtividade e, desta forma, viabilizar sua atividade” (ROMEIRO, 2002,
p.57).
29
Souza (2009) afirma que diversas instituições nas esferas federal, estadual e municipal
tem contribuído para o desenvolvimento da pecuária leiteira em Rondônia mas que para as
ações em Pesquisa & Desenvolvimento, somente a Embrapa-RO desenvolve desde 1989 um
modelo físico de sistema de produção de leite que possibilita ajustes às condições de clima e
solo da região.
A modernização no campo ainda não ocorreu completamente na produção do leite
no município de Ariquemes tendo em vista que na primeira associação a qualidade
das máquinas e equipamentos ainda não permite a melhoria do padrão de qualidade
do leite para que possam competir no mercado em outros municípios SOUZA (2010,
p.40).
2.1.5.2. Fatores internos
Romeiro (2002) define os fatores internos como os fatores que o produtor tem
condições de controlar, como exemplo os recursos humanos, tecnológicos e físicos da unidade
de produção.
Para Viana& Rinaldi (2010) os fatores internos estão diretamente ligados a aspectos
organizacionais do APL Leite. Os autores citam a utilização de ordenhadeira mecânica,
tanques de expansão para armazenamento, qualidade genética do rebanho, manutenção das
pastagens, adoção de suprimentos como fatores diretamente relacionados com a eficiência do
produtor e que estão sob o controle de suas decisões.
a) Insumo
Para Ziglio (1996) apud Romeiro (2002, p.80), “dos três tipos de recursos - insumos,
mão-de-obra e maquinário utilizados nas operações agrícolas para formação e manutenção
dos pomares, os insumos torna-se prioritário numa administração”.
Para definir insumos, Boiko (2009, p.4) afirma que são “[...] recursos a serem
transformados diretamente em produtos e que são classificados em três categorias gerais:”
a) insumos externos - possuem caráter de informação e fornecem dados sobre as
condições externas ao sistema de produção, tais como informações sobre: política;
legislação; economia; sociedade; tecnologia; b) insumos de mercado - também
possuem caráter de informação, no entanto, fornecem informações sobre:
concorrência; produtos; desejos dos clientes; c) insumos primários/recursos
primários - são os insumos que sustentam diretamente a produção e a entrega de
bens e serviços, podendo ser públicos ou não, tais como: Recursos Físicos –
Máquinas, Equipamentos, Matérias – primas, Recursos Energéticos e Recursos
Naturais; Recursos Humanos; Recursos Econômicos – Financeiros;
30
Assim, a expressão insumo vem sendo empregada semanticamente na língua
portuguesa, com pequena variação de palavras de uma fonte para outra, para designar todos
(ou a combinação dos) fatores que entram na produção de bens ou serviços, denotando o
caráter econômico da sua utilização (BERNARDES FILHO, 2010).
Junkeira (2008, p.2) diz que para a industria de rações, produtos veterinários e
inseminação, a pecuária leiteira é de suma importância para essas atividades. “Do total do
volume de rações produzido no país, 9% é destinado a pecuária de leite, o que a coloca atrás
somente da avicultura de corte e suinocultura em termos de consumo.”
b) Recursos Humanos
Os recursos humanos devem buscar a integração profissional entre os segmentos que
compõem o APL Leite e estar atentos às fragilidades e fortalezas da sua atividade
contribuindo assim para o sucesso de todo o sistema (MILINSKI, 2008).
Como um dos fatores diretamente responsáveis pelo diferencial competitivo de
qualquer organização encontra-se a capacitação e o treinamento dos funcionários.
Para desenvolver as atividades da cadeia produtiva do leite, a qualidade da mão-de-
obra é fundamental para diferenciação entre empresas, ganhos de eficiência e
prestação de serviços (SOUZA, 2009, p.32).
Quanto a formação de recursos humanos para o agribusiness, Borras (1999, p.32)
afirma que “deve ser capaz de prover o mercado com profissionais cada vez mais capazes de
aliar qualidades subjetivas pessoais com qualidades objetivas técnicas[...] com grande
capacidade para se expressar, além de conhecimentos técnico produtivos.”
O futuro dos produtores não-especializados, na sua maioria pequenos, é função de
uma equação complexa composta por vários fatores. Por um lado, a racionalização
das linhas de coleta, a busca da qualidade da matéria-prima, a redução dos custos de
transação, a granelização e o frio, as economias de escala e a regularidade de oferta
são itens que ganham importância no SAG do leite e que fatalmente atuarão no
sentido do redução do número de produtos nãoespecializados. Por outro lado,
sempre que houver compradores interessados, o produtor não especializado estará
ofertando produtos de baixo preço e qualidade (JANK, 1998, p.236).
c) Recursos Financeiros
Para Milinski (2008, p.15) “os recursos financeiros necessitam estar acessíveis a todos
os componentes do sistema, para viabilizar os diversos investimentos necessários à
modernização do processo produtivo de leite e derivados”.
31
As fontes de financiamento disponíveis que se caracterizam como uma
oportunidade, podem, também, ser vista como uma ameaça, uma vez que, embora
exista o acesso, esse é complicado, necessitando de projetos técnicos, que fogem a
capacidade dos produtores e industriários locais, seja pela falta de conhecimento em
elaborar tal peça burocrática, como também, por não entender ou dispor de capital
para pagar os chamados “projetistas”(SOUZA, 2007, p.46).
d) Tecnologia
Para Muniz (1974) apud Romeiro (2002), as inovações tecnológicas estão tomando
espaço no meio rural fazendo com que haja uma supervalorização ou diferenciação para quem
as adota.
A tecnologia na Amazônia é mais escassa que nas demais regiões por ter suas
especificidades como as condições da terra, clima e força de trabalho.
Para Santana (2005, p.159) “Como a tecnologia é o principal vetor do aumento de
produtividade das atividades locais e, por meio desta são incrementadas os retornos
econômicos e as remunerações do trabalho, deve-se contribuir para diminuir esse viés.”
e) Informação
A tecnologia e a informação são para Gomes (2001) apud Souza (2009), o primeiro
passo para o processo de adoção de novas tecnologias e geração de conhecimento.
Quanto a este fator Santana (2005 p.159) diz que [...] os principais problemas que as
empresas estão enfrentando são: falta de informação, falta de orientação técnica, baixo nivel
de qualificação pessoal, falta de recursos financeiros e deficiente geração de C&T na região
amazônica.
f) Tamanho
Para Santos & Marion (1993) apud Romeiro (2002, p. 71), “o tamanho de uma
unidade de produção agrícola deve ser medido pela capacidade de produção”. Ressalta
também que quanto maiores forem os fatores de produção, como os citados anteriormente,
maior será a sua capacidade de produção desde que ela seja bem administrada.
g) Relações Familiares
32
Teló (2001, p.19) define empresas familiares como “a junção de esforços e recursos
para um dado fim, com a presença de uma determinada família no empreendimento”.
Segundo Abramovay et al (1998) apud Romeiro (2002) o relacionamento familiar na
agricultura familiar ocorre diferente dos empreendimentos fundados no emprego assalariado,
pois nela não se pode separar a gestão em dois ou mais irmãos sucessores por perder tamanho
mínimo que garante aquela família a viabilidade econômica do que está sendo produzido.
“[...] nas grandes e médias empresas familiares os conflitos geracionais são, com
frequência, da terceira geração, na agricultura familiar eles aparecem na relação direta de uma
geração para a outra” (ABRAMOVAY et al, 1998 apud ROMEIRO, 2002, p.72).
h) Custo da Produção
“Custos são gastos com bens e serviços que visam a produção de outros bens e
serviços.” (ROMEIRO, 2002 p.74)
Para Reis (2001) Os custos de produção de leite, nos dias atuais, despertam grande
interesse, pois são decisivos na estratégia de negociação entre a classe produtora e a indústria,
bem como na discussão de políticas internas e de importação.
Existem numerosas formas de estimar custos e grandes controvérsias sobre a
maneira de fazer esse cálculo. No entanto, todos concordam que o custo deve ser um
instrumento de decisão e gestão para as Ups. Há grande dificuldade de medir a
competitividade dos diferentes sistemas de produção, porque não se conhecem os
indicadores médios técnicos e os custos das UPs homogêneas e, muito menos, das
UPs dos diferentes sistemas, que são bastante heterogêneas (ASSIS et al, 1997 apud
KRUG 2001, p.43).
i) Operações
Romeiro (2002, p.82) afirma que durante o processo de transformação do produto,
inúmeras “[...] operações são desencadeadas e os recursos, à medida que são corretamente
utilizados geram a eficiência e, uma vez atingidos os objetivos da família e da unidade de
produção chega-se à eficácia.”
j) Finanças
“Além do controle operacional dos recursos físicos utilizados na unidade de produção
agrícola, é fundamental classificar, registrar e controlar os recursos financeiros envolvidos na
propriedade e na atividade” (ZIGLIO, 1996 apud ROMEIRO, 2002, p.87).
33
k) Tomada de Decisão
“Baseado e desenvolvido a partir de organizações urbano-industriais e é definido
como a análise e escolha de alternativas para a execução de ações que levam à eficiência
organizacional” (CARRIERI, 1992 apud ROMEIRO, 2002 p.89).
“A decisão ocorre sempre que nos deparamos com cursos alternativos de ação, ou seja,
quando podemos fazer algo de duas ou mais maneiras diferentes”(CHIAVENATO, 2004,
p.252).
Nas unidades de produção familiar são as decisões que fazem com que ocorra o
funcionamento e a evolução do sistema família – unidade de produção. O gestor
toma decisões e as implementa em níveis e escalas diferentes, relativas à produção,
investimento e utilização de recurso. Trata-se de decisões estratégicas e operacionais
que condicionam o sucesso da unidade de produção, pois determinam os resultados
físicos e econômicos (ROMEIRO, 2002, p.90).
34
3. METODOLOGIA
Marconi e Lakatos (2003) apud Rodrigues (2010) afirmam que a finalidade da atividade
científica é a obtenção da verdade, por meio da comprovação de hipóteses, que, por sua vez,
são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade. O
método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objetivo.
A pesquisa é de cunho descritivo, exploratória e qualitativa utilizando-se de dados
secundários uma vez que as informações foram obtidas através de acesso às informações do
Banco de dados do Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia – CEDSA, o qual foi constituído a partir de visitas feitas aos produtores de leite
daquela região, com aplicação do questionário qualitativo e quantitativo, obtendo-se as
informações necessárias para a pesquisa.
Em um primeiro momento foi feita uma pesquisa bibliográfica visando contextualizar
o agronegócio, a cadeia produtiva e o arranjo produtivo local do leite no Brasil bem como os
fatores que influenciam a produção agrícola. Posteriormente buscou-se analisar os dados
coletados pelo CEDSA visando atender aos objetivos específicos deste trabalho.
O universo da pesquisa consiste em 42 produtores de leite beneficiados com tanques
de resfriamento pela SUFRAMA no município de Ariquemes/RO.
3.1. TABULAÇÃO
A tabulação dos dados foi efetuada utilizando software específico, denominado Sphinx
que permitiu a comparação dos dados de 2009 e 2010 dentre outras análises que responderam
ao problema da pesquisa.
De acordo com o site do software SPHINX:
O Sphinx é um software completo, que integra todos os processos de uma atividade
de pesquisa: concepção do questionário, digitação ou importação das respostas e
posterior análise dos dados, tanto quantitativos como qualitativos. Contando com os
mais importantes testes estatísticos e ferramentas para análise de textos, aliados à
sua interface amigável e totalmente em português, o Sphinx figura, atualmente, entre
uma das mais respeitadas ferramentas nessa área.
35
3.2. ANALISE DOS DADOS
A análise dos dados referentes a caracterização do Arranjo Produtivo Local do
Agronegócio Leite no Município de Ariquemes deu-se a partir do mapeamento efetuado por
PAES-DE-SOUZA (2007) conforme especificado no objetivo geral e ilustração da figura 2.
Para análise dos fatores que influenciam a gestão de unidades de produção utilizar-se-
á o framework de Romeiro (2002), também explicitado no objetivo geral, descrito no
referencial teórico e demonstrado na figura 3.
Os esquemas propostos pelos autores foram redesenhados a partir dos resultados
obtidos com os resultados do Município de Ariquemes-RO.
Os quadros abaixo representam a síntese dos fatores externos e internos que foram
descritas e analisadas nesta pesquisa.
Quadro I - Síntese Fatores Externos
Fator Definição Autores
Condições
Climáticas
Conjunto de condições metereológicas que envolvem
temperatura, pressão e ventos, umidade e chuvas, características
do estado médio da atmosfera em um ponto da superfície
terrestre.
Ferreira (1986) apud
Romeiro (2002)
Políticas
Governamentais
A política economica brasileira tem se preocupado com a
industrialização do país “devido a problemas relacionado com o
mercado externo de compra e venda de produtos industriais e
matérias primas
Muniz (1974) apud
Romeiro (2002)
Mercado Quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e
serviços estão em contato com os vendedores desses mesmos
bens e serviços.
Sandrini (1994) apud
Romeiro (2002)
Órgãos
Representativos
Tem importante significado no que tange a geração de
informações para seus associados e para outros empreendimentos
envolvidos diretamente e indiretamenteno APL.
Pompeu (1997) apud
Romeiro (2002)
Tecnologia A evolução tecnológica existente incorporada à produção rural
experimenta muitas inovações que possibilitam ao produtor
ganhar tempo, aumentar a produtividade e, desta forma, viabilizar
sua atividade.
Romeiro (2002)
Fonte: Elaborado pela autora
Quadro II - Síntese Fatores Internos
Fator Definição Autores
Insumo Recursos a serem transformados diretamente em produtos e que são
classificados em três categorias gerais
Boiko (2009)
Recursos
Humanos
Deve buscar a integração profissional entre os segmentos que
compõem o APL Leite e estar atentos às fragilidades e fortalezas da
sua atividade contribuindo assim para o sucesso de todo o sistema.
Milinski (2008)
Recursos
Financeiros
Devem estar acessíveis a todos os componentes do sistema, para
viabilizar os diversos investimentos necessários à modernização do
processo produtivo de leite e derivados
Milinski (2008)
Tecnologia As inovações tecnológicas estão tomando espaço no meio rural
fazendo com que haja uma supervalorização ou diferenciação para
quem as adota.
Muniz (1974) apud
Romeiro (2002)
36
Informação O primeiro passo para o processo de adoção de novas tecnologias e
geração de conhecimento
Gomes (2001) apud
Souza (2009)
Tamanho Deve ser medido pela capacidade de produção ressaltando que
quanto maiores forem os fatores de produção maior será a sua
capacidade de produção desde que ela seja bem administrada.
Santos &Marion
(1993) apud Romeiro
(2002)
Relações
Familiares
A junção de esforços e recursos para um dado fim, com a presença
de uma determinada família no empreendimento.
Teló (2001)
Custo da
Produção
São gastos com bens e serviços que visam a produção de outros
bens e serviços decisivos na estratégia de negociação entre a classe
produtora e a indústria
Romeiro (2002)
Reis (2001)
Operações São desencadeadas a partir de um investimento inicial visando
atingir o objetivo da produção
Romeiro (2002)
Finanças
Classificar, registrar e controlar os recursos financeiros envolvidos
na propriedade e na atividade.
Ziglio (1996) apud
Romeiro (2002)
Tomada de
Decisão
Análise e escolha de alternativas para a execução de ações que
levam à eficiência organizacional.
Carrieri(1992) apud
Romeiro(2002) Fonte: Elaborado pela autora
Pode-se visualizar no quadro abaixo, a definição utilizada por PAES-DE-SOUZA
(2007) quanto as perspectivas que utiliza para descrever o APLeite no Estado de Rondônia.
Quadro III – Perspectivas de análise do APLeite
Perspectiva Definição
Infraestrutura
educacional
Atores envolvidos no APLeite responsáveis pela inserção da educação no meio rural
através de capacitações e qualificações, como exemplo escolas técnicas, institutos de
ensino, universidades, dentre outros.
Infraestrutura
institucional
Atores envolvidos no APLeite responsáveis pela representação dos produtores rurais
junto aos demais atores do APLeite como associações, sindicatos, cooperativas, grupos
de produtores, entre outros.
Infraestrutura
científica-tecnológica
Atores envolvidos no APLeite responsáveis pela difusão do conhecimento adquirido no
meio rural, realizando pesquisas científicas e tecnológicas, como institutos de pesquisas.
Infraestrutura de
financiamentos
Atores envolvidos no APLeite responsáveis pela disponibilização de crédito ao
produtores rurais visando incentivas a atividade praticada. Fonte: elaborado pela autora a partir de PAES-DE-SOUZA (2007)
37
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capitulo apresenta os resultados obtidos com a pesquisa bem como a análise e
discussão desses resultados. Pode-se observar a descrição do APLeite no município de
Ariquemes, a identificação dos fatores de produção , as informações obtidas sobre a gestão de
unidades de produção e os fatores que influenciam essa gestão.
4.1. DESCRIÇÃO DO APLEITE NO MUNICIPIO DE ARIQUEMES-RO
O Município de Ariquemes está localizado na região central do estado de Rondônia a
198 km da capital do estado, Porto Velho. Instalado em 1977 segundo o IBGE o mesmo
possui uma população de aproximadamente 82mil habitantes. Na figura 1, a seguir, encontra-
se o mapa do Estado de Rondônia.
Figura 3 - Limites do Estado do Rondônia e principais Bacias Hidrográficas FONTE: http://www.portalbrasil.net/estados_ro.htm. Apud PAES-DE-SOUZA (2007)
Souza (2010) afirma que sobre o APL do Leite no município de Ariquemes, os atores
envolvidos nesse arranjo são Associações de produtores, laticínios, Casas Agropecuárias,
redes varejistas, órgãos governamentais, instituições financeiras e instituições de apoio aos
produtores rurais.
Sobre as vantagens do APL do Leite no Município de Ariquemes Souza (2010)
destaca o fácil acesso aos atores do arranjo sendo possível o intercambio de produtos como
insumos e troca de informações, fortalecendo assim o APL.
38
Considerando o que estabelece Paes-de-Souza (2007) quando mapeia e analisa o
APLeite no estado de Rondônia, considerando as perspectivas enumeradas abaixo, procedeu-
se a analise dos dados desta pesquisa:
1 – Quanto à infraestrutura educacional;
2 – Quanto à infraestrutura institucional;
3 – Quanto à infraestrutura cientifica-tecnológica;
4 – Quanto à infraestrutura de financiamentos.
A infraestrutura educacional do APLeite em Ariquemes conta com capacitações e
qualificações técnicas fornecidas pelo Instituto Federal de Rondônia - IFRO instalado no
estado e no município a partir de 2010 oferecendo cursos técnicos em agropecuária, meio
ambienta, alimentos, administração, dentre outros; a Associação de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Rondônia – EMATER/RO desenvolvendo tecnologia para o
meio rural.
No que tange a infraestrutura institucional, destaca-se no APLeite de Ariquemes as
associações, cooperativas e grupos de produtores rurais que possuem papel importante quanto
à representação dos produtores e, no caso de associações como a Associação de Produtores e
Distribuidores de Leite de Ariquemes – APRODIL, são importantes também no
beneficiamento do leite agregando valor a este produto.
A infraestrutura científica-tecnológica compõe-se de um Campi da Universidade
Federal de Rondônia que fornece cursos de Engenharia de Alimentos e pesquisa com o
Departamento Interdisciplinar de Tecnologia e Ciências; Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - EMBRAPA auxiliando nas pesquisas e desenvolvimento da produção;o
Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas – SEBRAEe o Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural – SENARcomo centros de capacitação.
Quanto à infraestrutura de financiamentos, observamos que políticas de crédito como
PRONAF são as mais utilizadas pelos produtores rurais do APLeite de Ariquemes. Para
subsidiar o APLeite de Ariquemes, os produtores contam também com linhas de
financiamento disponibilizadas pelo Banco do Brasil, Banco da Amazônia - BASA e
cooperativas de crédito em todo o município.
Na figura 3 a seguir pode-se observar de forma ilustrativa o APLeite no município de
Ariquemes.
39
Figura 4 – Arranjo Produtivo Local do Agronegócio Leite no Município de Ariquemes/RO Fonte: Adaptado de PAES-DE-SOUZA (2007 p. 268).
Como pode ser observado na figura 4, o APLeite em Ariquemes reproduz a maioria
dos atores do arranjo mapeado no estado de Rondônia.
4.2. UNIDADES DE PRODUÇÃO DO APLEITE
Neste item serão analisados os fatores que influenciam a gestão de unidades de produção
no arranjo produtivo local do agronegócio leite, Município de Ariquemes/RO, a partir do
framework de Romeiro (2002).
4.2.1 Fatores Internos do APL Leite em Ariquemes
Quanto ao tamanho das propriedades pode-se verificar no gráfico abaixo que a média
dos é de 76 ha para a produção o que de acordo com o código florestal são classificadas como
pequenas propriedades. A pesquisa mostrou também que a produção média desses produtores
é de 27.000 litros por ano, tendo maior produção no período compreendido por “período das
águas” e menor produção no “período da seca”.
UNIR, EMATER,
EMBRAPA
IDARON, DFA;
SEMUSA’s;VIG.
SANITÁRIA
BASA, BANCO
DO BRASIL,
COOP. CRÉDITO
EMBRAPA
Comércio de
Produtos e Serviços
Associações,
cooperativas e
grupos de
produtores
Laticínios
Produtores de Leite
Supermercados;
Sorveterias;
Padarias;
Lanchonetes;
Casas Rurais;
Hotéis; Feiras Livres.
Micro, Pequenas e Médias
Empresas
Economia Informal
Instituições Federais, Estaduais e
Municipais: IBAMA, PROLEITE, Câmara
do Leite, Emater, SEAPS, SEMAGRI’s,
SEBRAE,
SENAR
Escolas
Agrícolas, IFRO
40
Gráfico 2–Tamanho das unidades de produção do APLeite em Ariquemes Fonte: Base de dados CEDSA, 2011
O relacionamento familiar no APL Leite em Ariquemes a maioria dos produtores
possuem filhos e 47,6% acreditam que os filhos irão dar continuidade da atividade de
produção de leite, 28,6% acreditam que os filhos deixarão o meio rural, 11,9% não tem filhos,
7,1% vão vender a propriedade e 4,8% acreditam que os filhos vão trocar de atividade.
Quanto ao envolvimento da esposa para auxiliar na atividade leiteira, 66,7% afirmam contar
com o auxilio da esposa.
Quanto aos insumos utilizados a pesquisa mostra que os produtores de leite utilizam
como insumos para sua produção medicamentos como vacinas, vermífugos e mata bicheira
como podemos observar no gráfico abaixo.
Gráfico 3 – Principais medicamentos utilizados pelos produtores de leite
Fonte: Base de dados CEDSA, 2011
Vermifugo 12%
Carrapaticida 9%
Bernicida 2%
Vacina - Aftosa 13%
Vacina - Brucelose
12%
Vacina - Carbunculo
9%
Vacina - Paratifo 0%
Vacina - Raiva 7%
Outras vacinas 1%
Antitóxico 5%
Antibiótico 9%
Complexo Vitamínico
4%
Deficiência de Calcio
3%
Mata Bicheira
11%
Modificador Orgânico
2%
Outros medicamentos
1%
41
Utilizam ainda como insumos da produção energia e combustível, sendo que 30% dos
entrevistados informaram utilizar energia elétrica para a produção de leite, 27% utilizam
gasolina, 21% utilizam lubrificantes e 17% utilizam também o óleo diesel.
A técnica de rotação de pastagem auxilia a produção de leite quanto a alimentação do
rebanho, diminuindo assim o desgaste e o investimento no pasto e em suplementações. A
pesquisa mostra que 64% dos entrevistados optam por utilizar essa ferramenta sendo que
metade opta ainda por utilizar algum tipo de suplementação alimentar. A suplementação mais
utilizada pelos produtores é a cana-de-açucar onde 48% dos produtores disseram utilizar,
seguida da capineira com 37% e silagem com 15%.
Quanto aos recursos humanos no APLeite do município de Ariquemes, pode-se
observar que somente 11% dos produtores de leite contam com mão de obra auxiliar sendo
que nenhum oferece algum tipo de treinamento ou qualificação para seus empregados.
No que tange os recursos financeiros disponibilizados para a produção de leite, 45%
afirmam possuir algum tipo de financiamento sendo o PRONAF o mais citado dentre os
produtores e o BASA como segunda fonte de financiamento.
A tecnologia utilizada ainda é baixa e pouco acessível. No processo de ordenha por
exemplo, pode-se verificar que 91% realiza ordenha manual. Isso pode ser explicado pelo
valor alto de investimento em ordenhadeira mecânica ficando inviável ao pequeno produtor
investir em tal tecnologia. Podemos verificar a baixa tecnologia empregada ainda na
realização de controles, pois 83% dos produtores disseram realizar algum tipo de controle da
produção como receita, custo, data de nascimento de bezerro, mas nenhum utiliza micro
computador ou algum sistema de gestão de custos para este controle.
Quanto ao tipo de reprodução do rebanho 35% dos produtores afirmam investir em
inseminação artificial, melhorando assim a qualidade do seu rebanho. Políticas publicas como
as desenvolvidas pela EMATER em conjunto com a SEAGRI intensificam e auxiliam o
pequeno produtor no acesso a esse tipo de tecnologia.
Quanto à informação disponibilizada para os produtores, observou-se que como
principais fontes de informações, o produtor de leite possui os programas de TV, os técnicos
da EMATER e as trocas de experiências com os vizinhos, conforme gráfico abaixo. Sobre a
qualidade da informação que eles recebem, 64% afirmam que são de boa qualidade e auxiliam
de alguma forma na sua produção.
42
Gráfico 4 – Principais fontes de informações utilizadas pelos produtores
Fonte: Base de dados do CEDSA, 2011
Os produtores entrevistados afirmam que as informações que mais necessitam são
referente aos cálculos de custo da produção, técnicas de comercialização de seus produtos e
planejamento da empresa rural. Sobre sanidade do rebanho e o melhoramento genético os
produtores afirmam que recebem muita informação sobre estes itens.
Os principais custos de produção das unidades entrevistadas são com os insumos
sendo que os gastos em média com medicamentos para o rebanho são de aproximadamente
4.300,00 reais, 980,00 reais com suplementações e concentrado para o rebanho e 470,00 reais
com energia e combustível, mensalmente.
De acordo com o apresentado no referencial teórico, precisa-se de um conjunto de
operações para que se chegue ao produto desejado. Quanto a disponibilidade de tempo do
produtor para a pecuária leiteira, a média de horas por dia obtidas com a pesquisa foi de
aproximadamente 3h por dia. A pesquisa mostrou ainda que o produtor gasta 3h30min com
outras atividades no campo citando como principais as benfeitorias na sua propriedade e
outras culturas como a agricultura, piscicultura, gado de corte, dentre outros.
Para controle da produção, é necessário o mínimo de controle dos custos, receita e
estabelecimento de metas para a propriedade. Como apresentado anteriormente, esse controle
é feito por 83% dos produtores de forma manual, ou seja, sem o auxilio de nenhum software
ou tecnologia para tal. Esses produtores afirmam ainda controlar as variáveis mostradas no
gráfico a seguir:
Vizinho 18%
treinamento (curso,
palestra). 9%
programas de TV
27%
técnico da EMATER-RO
19%
leitura de jornais
agropecuários 10%
leitura de revistas
agropecuárias 17%
43
Gráfico 5 – Variáveis controladas pelos produtores de leite do município de Ariquemes/RO
Fonte: Base de dados CEDSA, 2011
No que tange a tomada de decisão, pode-se observar com relação ao controle feito
sobre a unidade produtora que as informações para a segurança na tomada de decisão é
escassa. Poucos são os controles feitos sobre os custos de produção e receitas obtidas com os
produtos vendidos. A busca por consultoria ou assessoria especializada para gerir a produção
poderia auxiliar as unidades produtoras, mas 57,1% dos entrevistados assumem a
administração da produção sozinhos e 42,9% contam com a família sendo que nenhum
produtor afirmou buscar esse tipo de serviço.
4.2.2 Fatores Externos do APL Leite em Ariquemes
Quanto às condições climáticas, a produção é afetada em dois períodos, no período das
águas onde o leite é produzido em grande abundância e o período da seca onde a produção
cai. Visando estimular o produtor de leite nesses períodos, políticas de preço como a de
pagamento de leite diferenciado para leite-cota e leite-excesso que consiste no pagamento
maior pelo litro de leite no período da seca (leite-cota) visando cobrir possíveis gastos que o
produtor também possui nesse período e pagamento menor no período das águas (leite-
excesso).
Como políticas governamentais do APLeite em Ariquemes, podemos citar as políticas
de crédito para os pequenos produtores como o PRONAF utilizado por 45% dos
entrevistados, políticas de inseminação artificial desenvolvidas pela EMATER em conjunto
com a SEAGRI, o Pro-leite e o projeto SUFRAMA também foram de suma importância para
o desenvolvimento do APLeitenão só em Ariquemes mas em todo o estado.
Data de cobertura da novilha
20%
Data de nascimento do
bezerro 34%
Controle leiteiro
28%
Anotação de despesas e
receitas com o gado de leite
14%
Outros 4%
44
Quanto ao mercado do APLeite em Ariquemes, 66% dos produtores afirmam destinar
o leite produzido exclusivamente para os laticínios não vendendo diretamente para o
consumidor e nem na forma de derivados. Para o total da amostra, apenas 16,7% concordam
com o pagamento diferenciado para o leite-cota e leite-excesso, que consiste em uma política
de preço onde no período da seca (leite-cota) o pagamento seria mais elevado, visando cobrir
os custos do produtor que também são mais elevados do que no período das águas (leite-
excesso). Isso pode ser explicado pelo fato de 54,8% desconhecerem esse tipo de política.
Como órgãos representativos, a pesquisa identificou 4 associações, APRUVE -
Associação dos Produtores Rurais Unidos Venceremos, APRULIS - Associação dos
Produtores da Linha C-60, APROEST - Associação de Produtores Rurais Esperança e
Trabalho e APRODIL - Associação de Produtores e Distribuidores de Leite de Ariquemes
sendo que 90,4% dos entrevistados são associados desses órgãos. Quanto ao motivo dos
produtores buscarem as associações, a maioria dos entrevistados dizem que o principal papel
da associação junto aos produtores é o de criação de fóruns e ambientes para discussões
seguido da apresentação de reivindicações em comuns aos demais atores envolvidos no
APLeite.
4.2.3 – Síntese dos Fatores
Figura 5 – Síntese dos fatores que influenciam a gestão Fonte: Elaborado pela autora
45
4.2.4 Influência dos fatores da gestão das unidades de produção do APLeite em
Ariquemes
Os fatores externos são os que menos influenciam na gestão da unidade produtiva mas
não deixam de ter sua importância. As condições climáticas afetam as produções no periodo
das águas e periodo da seca mas políticas de preço de pagamento diferenciado para o leite
buscam estimular a produção em ambos os períodos. Como políticas governamentais as
políticas de crédito para os pequenos produtores se destacam como principal incentivo do
governo a produção de leite. O mercado do APLeite em Ariquemes é limitado sendo o
principal cliente direto do pequeno produtor o laticínio e a maioria desconhecem as políticas
de preço aplicadas pelo governo. Como principal fator externo, observou-se os órgãos
representativos como as associações de produtores que possuem como principal papel a
criação de fóruns e ambientes para discussões e apresentação de reivindicações em comum
junto aos demais atores do arranjo.
46
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível com a pesquisa descrever o APLeite de Ariquemes nos âmbitos da
infraestrutura educacional, infraestrutura institucional, infraestrutura cientifica-tecnológica, e
a infraestrutura de financiamentos no arranjo.
Quanto aos fatores internos e externos apresentados na figura 1 de Romeiro (2002), foi
possível mostrar que eles interferem na gestão da unidade de produção cada um com suas
peculiaridades.
Sobre o tamanho das propriedades pode-se verificar que os produtores de Ariquemes
são pequenos produtores que moram em pequenas propriedades com tamanho médio de 76ha
e produção anual de 27.000 litros de leite. No que tange o relacionamento familiar observou-
se que a maioria dos produtores acreditam que seus filhos darão continuidade a atividade de
produção de leite. Como insumos para a produção, os produtores utilizam medicamentos,
energia, combustível e suplementação alimentar para o gado principalmente durante o período
da seca.
Os recursos humanos do APLeite de Ariquemes são caracterizados pela pouca mão de
obra contratada e sem qualificação em gestão e administração de unidades produtivas. Os
recursos financeiros são de fácil acesso sendo que alguns produtores possuem financiamentos
do PRONAF e do BASA. Pouca tecnologia é aplicada no arranjo, foi observado somente a
utilização de tanques de resfriamento para o leite, o que pode ser explicado pelo auto custo de
implantação dessas tecnologias o que inviabilizaria a produção. Os produtores acreditam que
as informações que recebem principalmente de programas de TV e técnicos da EMATER são
de boa qualidade e auxiliam de alguma forma na sua produção.
Necessitam de informações sobre gestão da produção e possuem bastante
conhecimento técnico referente a produção. Os principais custos da produção são referente
aos insumos, o que torna este fator importante quando se busca maior produtividade desses
produtores. Quanto ao tempo disponibilizado para a produção de leite, verificou-se que não há
necessidade de muitas horas para a atividade uma vez que as operações feitas seriam ordenha
e alimentação do rebanho. O controle da produção é feito pela maioria dos produtores e de
forma manual, ou seja, sem utilização de tecnologia como micro computadores e softwares de
gestão. Quanto a administração da unidade de produção e tomadas de decisões, observou-se
que a busca por consultorias ou assessorias em gestão da produção não é utilizada sendo
47
responsável pela tomada de decisão o produtor e em alguns casos conta com o auxilio da
família.
Todos os fatores, tanto internos como externos, estão interligados, não sendo possível
citar somente um fator como principal. Os fatores que necessitam de maior atenção na gestão
da unidade produtiva são o de insumos, por ser o maior custo para a produção atualmente; e
os recursos humanos, informações, capacitações e qualificações no que tange as técnicas de
gestão rural. Os órgãos de apoio aos produtores como SENAR, SEBRAE, EMATER e demais
instituições tem papel fundamental quanto a qualificação dos produtores, pois muito tem-se
preocupado com técnicas de produção e incentivos aos pequenos produtores mas pouco
referente a gestão e administração da produção.
Por fim, pode-se concluir que a pesquisa foi de suma importância para a produção de
conhecimento sobre o APLeite no município de Ariquemes/RO.
48
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