mineralogia e gênese das principais classes de solos de encostas
TRANSCRIPT
1
SUMÁRIO
Mineralogia e Gênese das Principais Classes de Solos de Encostas Basálticas do Estado de Santa Catarina........................................................................................ 1 1. Introdução...................................................................................................................... 1 2. Revisão Bibliográfica..................................................................................................... 5
2.1. Caracterização do Ambiente das Encostas Basálticas............................................... 5 2.1.1. Geologia........................................................................................................... 6 2.1.2. Geomorfologia.................................................................................................. 7 2.1.3. Hidrografia ...................................................................................................... 8 2.1.4 Hipsometria....................................................................................................... 9 2.1.5. Clima................................................................................................................ 9 2.1.6. Vegetação......................................................................................................... 9 2.1.7. Tipos de Solo .................................................................................................. 11
2.2. Principais Solos das Encostas Basálticas................................................................ 11 2.3. Gênese de Solos das Encostas Basálticas ............................................................... 15 2.4. Mineralogia dos Solos de Encostas Basálticas................................................... 20
2.4.1. Minerais Primários......................................................................................... 23 2.4.2. Minerais secundários...................................................................................... 25
2.4.2.1.Esmectita .................................................................................................. 25 2.4.2.2.Caulinita................................................................................................... 26 2.4.2.3. Argilominerais Interestratificados............................................................ 28 2.4.2.4. Óxidos ..................................................................................................... 30 2.4.2.4.1.Óxidos de Ferro ..................................................................................... 30 2.4.2.4.2.Óxidos de Alumínio................................................................................ 32
3. Material e Métodos ...................................................................................................... 33 3.1. Análises Físicas..................................................................................................... 34 3.2. Análises Químicas................................................................................................. 37 3.3 Análises Mineralógicas .......................................................................................... 38 3.4 Interpretações dos Resultados................................................................................. 39
4.Resultados e Discussão ................................................................................................. 41 4.1 Caracterização Geral e Classificação dos Solos das Toposeqüências................ 41
4.1.1. Toposeqüência I ............................................................................................. 42 4.1.2. Toposeqüência II ............................................................................................ 50 4.1.3. Toposeqüência III ........................................................................................... 58
4.2. Mineralogia ........................................................................................................... 63 4.2.1. Rochas............................................................................................................ 63 4.2.2. Areia e Silte .................................................................................................... 69 4.2.3. Argila ............................................................................................................. 71
6. Síntese dos resultados .................................................................................................. 98 7. Conclusões................................................................................................................. 106 8. Referências Bibliográficas.......................................................................................... 107 8.Apêndices ................................................................................................................... 121
2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa do Estado de Santa Catarina, Divisão Política.......................................... 35 Figura 2: Detalhe do Mapa do Estado de Santa Catarina destacando as regiões onde foram coletados os perfis............................................................................................................ 36 Figura 3: Difratograma do pó do núcleo da rocha aparentemente inalterada do perfil 3 . .. 64 Figura 4: Difratograma do pó da crosta da rocha alterada do perfil 3. ............................... 65 Figura 5: Difratograma do pó do núcleo da rocha aparentemente inalterada do perfil 6. ... 66 Figura 6: Difratograma do pó do núcleo da rocha aparentemente inalterada do perfil 7. ... 67 Figura 7: Difratograma do pó da crosta da rocha alterada do perfil 6. ............................... 68 Figura 8: Difratograma do pó da crosta da rocha alterada do perfil 7. ............................... 68 Figura 9: Difratogramas do perfil 3, horizonte B2, amostras de silte (superior) e areia (inferior). ......................................................................................................................... 70 Figura 10: Difratogramas do perfil 7, horizonte 3Bt, amostras de silte (superior) e areia (inferior). ......................................................................................................................... 71 Figura 11: Difratogramas do perfil 1, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo da figura. ........................................................................................... 74 Figura 12: Difratogramas do perfil 1, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior). . 75 Figura 13: Difratogramas do perfil 3, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo da figura. ........................................................................................... 76 Figura 14: Difratogramas do perfil 2, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior). . 77 Figura 15: Difratogramas do perfil 2, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente, da base para o topo da figura. ......................................... 78 Figura 16: Difratogramas do perfil 3, horizonte Bi, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo da figura. ........................................................................................... 79 Figura 17: Difratogramas do perfil 3, horizonte Bi, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior). . 79 Figura 18: Difratogramas do perfil 3, horizonte Bi, lâmina de argila orientada, amostras de argila fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da base para o topo. ......................................................... 80 Figura 19: Difratogramas do perfil 4, horizonte 2Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo................................................................................ 81 Figura 20: Difratogramas do perfil 4, horizonte 2Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior)......................................................................................................................................... 81 Figura 21: Difratogramas do perfil 5, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C. ....................... 83
3
Figura 22: Difratogramas do perfil 5, horizonte A, lâmina de argila orientada, de baixo para cima, amostra saturada com potássio, com magnésio, e tratadas com citrato, com posterior saturação de potássio e magnésio. .................................................................................... 83 Figura 23: Difratogramas do perfil 5, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da base para o topo do perfil. ........................................... 84 Figura 24: Difratogramas do perfil 7, horizonte 3Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo do perfil................................................................... 85 Figura 25: Difratogramas do perfil 7, horizonte 3Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da ba se para o topo do perfil.................................... 85 Figura 26: Difratogramas do perfil 6, horizonte 2Bt2, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base do topo. ..................................................................................... 86 Figura 27: Difratogramas do perfil 6, horizonte 2Bt2, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior)......................................................................................................................................... 86 Figura 28: Difratogramas do perfil 8, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior). . 87 Figura 29: Difratogramas do perfil 8, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da base para o topo. ......................................................... 88 Figura 30: Difratogramas do perfil 9, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo........................................................................................................... 89 Figura 31: Difratogramas do perfil 9, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior). ........................................................................................................................ 90 Figura 32: Difratogramas do perfil 10, horizonte Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C., respectivamente da base para o topo................................................................................. 91 Figura 33: Difratogramas do perfil 10 , horizonte Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior), da base para o topo.......................................................................................... 91 Figura 34: Difratogramas do perfil 10, horizonte Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila fina, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°C. ...................................... 92 Figura 35: Difratogramas do perfil 12, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo........................................................................................................... 92 Figura 36: Difratogramas do perfil 12, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior). ........................................................................................................................ 93 Figura 37: Difratogramas do perfil 13, horizonte A1, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo................................................................................. 94
4
Figura 38: Difratogramas do perfil 13, horizonte A1, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior). ........................................................................................................................ 94 Figura 39: Difratogramas do perfil 13, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C respectivamente da base para o topo................................................................................. 95 Figura 40: Representação da deconvolução do reflexo próximo a 7,2 Å. .......................... 97 Figura 41: Gráfico da CTC a pH 7,0 . 100g argila-1 (CTC) X Relação área do interestratificado: área total do reflexo (Área do reflexo a 8,0Å . Área total do reflexo a 7,2Å) (Ra)........................................................................................................................ 98
5
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Localização e caracterização morfológ ica, física e química do perfil 1............ 44 Quadro 2: Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 2............. 45 Quadro 3: Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 3............. 47 Quadro 4. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 4. ............ 49 Quadro 5. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 5. ............ 52 Quadro 6. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 6. ............ 54 Quadro 7. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 7. ............ 55 Quadro 8. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 8. ............ 57 Quadro 9. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 9. ............ 59 Quadro 10. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 10. ........ 61 Quadro 11. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 11. ........ 62 Quadro 12. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 12. ........ 62
Mineralogia e Gênese das Principais Classes de Solos de Encostas
Basálticas do Estado de Santa Catarina
1. Introdução
A área de encostas basálticas corresponde a um pouco mais da quarta parte do
território catarinense (UFSM e SUDESUL, 1973), sendo composta de muitos municípios
pequenos (SANTA CATARINA, 2000), em que a principal atividade econômica é a
agropecuária (ICEPA, 2002). Nesta região a estrutura fundiária é composta por pequenas e
médias propriedades rurais (IBGE, 2000).
A área de encostas basálticas corresponde a Formação Serra Geral, que teve sua
paisagem geológica formada há vários milhões de anos, na forma de intensa atividade
vulcânica e extravasamento de derrames de lavas na bacia do Paraná (CASTRO, 1994).
Durante e após os derrames, a região foi muito afetada pela intensa atividade climática de
eras glaciais e interglaciais (NAKATA e COELHO, 1986), que formou a unidade
geomorfológica do Planalto Dissecado dos Rios Iguaçu/Uruguai (SANTA CATARINA,
1986). A pedogênese dos solos das encostas basálticas foi bastante influenciada pelas
variações climáticas que ocorreram no final do Pleistoceno e todo o Holoceno, conforme
descrito por Ledru (1993), o que condicionou o intemperismo físico, nas épocas de seca
intensa, e nas épocas úmidas, além da predominância do intemperismo químico, houve o
2
carreamento de sedimentos e fragmentos de rochas de diferentes tamanhos pelo vale
abaixo, característica observada nos vales estudados (BIGARELLA et al., 1965).
O relevo é constituído pelo predomínio de áreas acidentadas, caracterizado por
patamares escalonados, delineados pela sucessão dos derrames (LEINZ e AMARAL,
1969). Os vales são estreitos e apresentam forma de ‘V’, possuindo características
indicativas de intensa dissecação, relativa juventude e dinamismo do relevo (BIGARELLA,
et al., 1965). Esta paisagem, ainda em evolução, apresenta intensa atividade em resposta
aos fenômenos climáticos, na forma de deslizamentos, carreamento de sedimentos,
principalmente nas áreas instáveis do relevo. Estes vales possuem características peculiares
em relação a microclimas específicos (CLIMERH, 2003), portanto podemos encontrar uma
grande variação de combinações possível, para as diferentes fases do relevo, traduzindo-se
em variações nas características dos solos em pequena distância entre pontos de coleta.
Devido a estas características específicas dos vales das encostas basálticas catarinenses, da
variedade em tipos de solo existente, a generalização das informações dos mapas de solo
não seria recomendável, e sim, a representação com detalhe, pois, permitiria a expressão
individualizada de unidades de menor extensão.
As condições de relevo e clima permitem o estabelecimento de ampla variedade de
vegetação (SANTA CATARINA, 1986), que é fator importante na formação e
estabelecimento do solo e da paisagem. Combinando estes três fatores, mais o tempo
geológico, é possível a ocorrência desde solos profundos e desenvolvidos
pedogeneticamente, até solos mais rasos e pouco desenvolvidos, incluindo a ocorrência de
solos férteis até solos quimicamente pobres.
A dinâmica do sistema de encostas basálticas é muito frágil, considerando o relevo
acidentado e as características químicas dos solos, em alguns casos, com baixa fertilidade
3
natural e baixa capacidade de manutenção de nutrientes no sistema (UFSM e SUDESUL,
1973). Estas áreas têm sido exploradas pela agricultura ao longo dos anos sem a devida
preocupação com os danos causados ao meio ambiente, principalmente na desestabilização
das encostas, mais suscetíveis à erosão, e ao esgotamento da capacidade de armazenamento
de nutrientes do solo, pois ocorrem perdas significativas de nutrientes por percolação, sem
que haja a devida reposição dos mesmos. Os agricultores que exploram o recurso nestas
regiões, muitas vezes, não tem alternativa, ou noção do dano causado com o uso intensivo
dos solos sem práticas adequadas; infelizmente há áreas com cultivos anuais, onde seria
mais adequado do ponto de vista conservacionista a manutenção de mata nativa. A
exploração deste sistema altamente frágil faz-se necessário, entretanto, para a manutenção
econômica das famílias.
Entre técnicos e até mesmo produtores, há uma crença, aparentemente generalizada,
acerca da alta fertilidade e da grande reserva química de nutrientes nos solos das encostas
basálticas, talvez pelo fato da maioria deles serem solos de origem relativamente recente e
pedregosos, o que poderia representar certo potencial de liberação de nutrientes. É
desconhecida, entretanto a existência de qualquer informação da mineralogia destes solos,
da reserva mineral eventualmente existente nas frações mais grosseiras, bem como do tipo
de argilominerais presentes nas frações mais finas. Tomando como pressupostos a relativa
juventude da paisagem e os componentes mineralógicos da rocha que deu origem aos solos,
o basalto. Seria plausível supor que tais solos poderiam apresentar substancial reserva
mineral, bem como uma mineralogia da fração argila eventualmente representada por uma
participação expressiva de argilominerais expansíveis e de alta capacidade de troca de
cátions. Entretanto, considerando as condições de alta pluviosidade em que tais solos
tiveram sua evolução, associado às condições particulares de sua posição na paisagem,
4
favorecendo em maior ou menor extensão os fluxos verticais, também é possível que tal
assertiva não seja verdadeira, e que tais solos, ao contrário, estejam em grau avançado de
intemperização com baixa reserva mineral.
Considerando o exposto, torna-se imprescindível avaliar, com maior nível de
detalhe, os componentes mineralógicos presentes nas diversas frações da ampla variedade
de solos ocorrentes em distintas situações de microclimas e de relevo, na área de encostas
basálticas do estado de Santa Catarina. Com este propósito, o presente trabalho objetivou
descrever e caracterizar, do ponto de vista físico, químico e mineralógico, 12 classes de
solo ocorrentes em três toposeqüências localizadas em diferentes regiões do estado de Santa
Catarina.
5
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Caracterização do Ambiente das Encostas Basálticas
A área de encostas basálticas corresponde a uma significativa parte do estado de
Santa Catarina, abrangendo desde o Oeste do estado até a Serra do Rio do Rastro (Serra do
Doze) a sudeste, estendendo-se até os municípios de Santa Cecília e Curitibanos a leste, e a
nordeste, até os municípios de Porto União e Timbó Grande (SANTA CATARINA, 1991).
Esta extensa região do território catarinense é caracterizada por muitos municípios
de estrutura fundiária composta por pequenas e médias propriedades rurais (IBGE, 2000),
nas quais a atividade econômica principal é a agropecuária (ICEPA, 2002).
O cultivo de plantas anuais como milho, feijão, soja; plantas perenes como
frutíferas e o abastecimento dos pólos regionais com o cultivo de olerícolas são destaques
do setor agrícola. A região é muito importante economicamente por possuir dois complexos
agroindustriais de destaque nacional, responsáveis pelo rebanho e produção expressiva de
carne de aves e suínos (ICEPA, 2002 e SANTA CATARINA, 1991).
O relevo dominante varia regionalmente desde o ondulado ao montanhoso (TESTA
e ESPÍRITO SANTO, 1992; UFSM e SUDESUL, 1973). Nos locais onde as declividades
são altas, não é recomendado o uso dos solos para culturas anuais (PUNDECK, 1994). Em
virtude da situação de minifúndio ser uma máxima e o agricultor depender da área para o
seu sustento, a exploração destes sistemas frágeis, tanto do ponto de vista químico quanto
físico, torna-se indispensável, por não haver disponibilidade de outro recurso que mantenha
economicamente a sua família.
6
As características de relevo condicionam a evolução dos solos (RESENDE et al.,
2002), onde na região, se distribuem de acordo com a sua posição no relevo e o clima
microrregional, ocorrendo desde solos profundos e bem desenvolvidos pedogeneticamente
até solos mais rasos e pouco desenvolvidos.
2.1.1. Geologia
A primeira coluna estratigráfica da Bacia do Paraná foi estabelecida em 1908 por
uma equipe de profissionais enviada pelo governo federal e comandados por Israel C.
White. O objetivo da missão era o estudo da região, principalmente do levantamento da
reserva carbonífera e de recursos minerais potencialmente exploráveis (CASTRO, 1994).
Hoje, esta coluna estratigráfica é conhecida internacionalmente como Coluna White, e
pouco tem mudado na sua concepção, tendo sido apenas adicionadas algumas unidades
menores que aparecem localmente, e um detalhamento maior de outras, como fez
SCHNEIDER et al. (1974) numa das revisões mais completas desta estratigrafia.
De acordo com a coluna White, a Formação Serra Geral faz parte do Grupo São
Bento e da megaseqüência Gonduânica da Bacia do Paraná (CASTRO, 1994).
A Formação Serra Geral cobre 51% do território catarinense (UFSM e SUDESUL,
1973, SANTA CATARINA, 1991), e se desenvolveu durante a era Mesozóica, entre o
período Cretáceo e Jurássico (entre 65 e 190 milhões de anos atrás) (MENDES e PETRI,
1975).
As rochas efusivas da Bacia do Paraná representam a maior manifestação de
vulcanismo conhecida, cobrindo cerca de 1.200.000 km2 (LAGO, 1968), e um volume total
de aproximadamente 650.000 km3 (LEINZ e AMARAL, 1975; MENDES e PETRI, 1975).
Esta intensa atividade vulcânica ocorreu no sul do Brasil, sob a forma de abertura de
7
geocláses gigantescas que extravasaram os derrames de lava da bacia do Paraná; a fase de
maior intensidade da atividade vulcânica foi a do Cretáceo Inferior (120-130 milhões de
anos atrás) (LEINZ e AMARAL, 1975; SARTORI e GOMES, 1980; CASTRO, 1994).
O vulcanismo não ocorreu homogeneamente em toda a Bacia do Paraná, pois há
descrições de rochas, desde tendendo a ácidas até as mais básicas e possuem diferentes
espessuras (CORDANI e VANDOROS, 1967; MENDES e PETRI, 1975; SARTORI e
GOMES, 1980). A espessura dos basaltos da Formação Serra Geral é de 650m ao longo da
rodovia SC-438 e, alcançaram 750m de profundidade num poço perfurado no município de
São Joaquim pela PETROBRÁS (CASTRO, 1994). De acordo com vários levantamentos,
foram assinalados de 24 a 32 derrames superpostos (LAGO, 1968; MENDES e PETRI,
1975, CASTRO, 1994). Os diques e sills de diabásio também fazem parte da Formação
Serra Geral, e cortam as rochas mais antigas da região (UFSM e SUDESUL, 1973;
MENDES e PETRI, 1975; SANTA CATARINA, 1991; CASTRO, 1994).
2.1.2. Geomorfologia
De acordo com as informações contidas no Atlas de Santa Catarina (SANTA
CATARINA, 1986; 1991), a região de encostas basálticas abrange várias unidades
geomorfológicas , sendo limitada a sudeste no estado de Santa Catarina pela Serra Geral, e
no restante parte pelo Planalto dos Campos Gerais e parte pelo Planalto Dissecado do Rio
Iguaçu/Rio Uruguai.
A unidade geomorfológica Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/Rio Uruguai coincide
aproximadamente com a região de encostas basálticas, e é onde ocorrem os afloramentos
das rochas básicas da Formação Serra Geral (SANTA CATARINA, 1986). Possui encostas
em patamares escalonados delineados pelo “trapp” dos derrames basálticos (LAGO, 1968;
8
MENDES e PETRI, 1975), e resultam em vales caracterizados pela intensa dissecação em
forma de V, com pequenas áreas de várzea (BIGARELLA et al., 1965). A constituição e o
formato destes vales indica uma relativa juventude e dinamismo do relevo, e que estas áreas
estão em formação, o que resulta principalmente, nas encostas e bordas do relevo como
locais susceptíveis a deslizamentos, principalmente na forma de solifluxão, em condições
de solo descoberto ou cobertura inadequada para suportar o regime hídrico e principalmente
as eventuais chuvas torrenciais que ocorrem em ciclos, na região (BIGARELLA et al.,
1965; LEINZ e AMARAL, 1975; CLIMERH, 2003).
O Planalto dos Campos Gerais, já fora da área de encostas basálticas, coincide com
os derrames das rochas efusivas ácidas, e se distribuem em blocos de relevo isolados pelo
Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai, onde estão situados em cotas
topograficamente acima das áreas circundantes (SANTA CATARINA, 1986).
2.1.3. Hidrografia
A vertente do interior que forma a Bacia do Prata abrange toda a área de encostas
basálticas no estado de Santa Catarina, possuindo dois rios principais, o Rio Iguaçu e o Rio
Uruguai, cada um formando uma sub-bacia, além das sub-sub-bacias como a do Rio do
Peixe e do Rio das Antas por exemplo (SANTA CATARINA, 1991). Todos os rios da
Bacia são pluviais, abastecidos pela maior ou menor intensidade de chuvas, que possuem
distribuição regular durante o ano, garantindo neles um fluxo permanente e significativo de
água (LAGO, 1968).
9
2.1.4 Hipsometria
A região é de extrema heterogeneidade altimétrica , possuindo desde os três mais
altos picos do estado de Santa Catarina, com altitudes de 1.827m, 1.823m e 1822m, na
região de Urubici e Bom Jardim da Serra, até em torno de 100m, próximo ao município de
Itapiranga no extremo Oeste do estado (SANTA CATARINA, 1986).
2.1.5. Clima
O estado de Santa Catarina possui clima mesotérmico sempre úmido, Cf segundo
Köeppen (SANTA CATARINA, 1991), dividido em Cfa nas áreas com inverno suave e
verão quente tais como o litoral e o extremo oeste do estado, onde as altitudes são menores;
e Cfb, que indica clima atual com inverno suave e verão brando nas demais áreas. A
classificação de Köeppen, não considera variações nas isolinhas de potencial de
evapotranspiração que mostrariam a distinção de microclimas característicos, que se
apresentam no estado (SANTA CATARINA, 1986; CLIMERH, 2003).
Em relação à classificação climática de Thorntwaite, grande parte da área de
encostas basálticas possui clima super úmido , e nas demais úmido (SANTA CATARINA,
1991).
2.1.6. Vegetação
A região das encostas basálticas que coincide com a unidade geomorfológica do
Planalto Dissecado dos Rios Iguaçu/Rio Uruguai, abrange quatro unidades de vegetação
distintas (SANTA CATARINA, 1986). O papel da vegetação na formação e
estabelecimento do solo é importante, pois, a cobertura vegetal exerce influência na
10
atenuação dos efeitos erosivos e além da ação de raízes, estas características, se tornam
mais importantes quanto maior o declive (KÄMPF, [198-]; RESENDE et al., 2002).
Em relação à distribuição das quatro distintas coberturas vegetais importantes neste
contexto destacam-se a Mata Atlântica, os Campos do Planalto, a Mata de Araucária e a
Mata Caducifólia.
A Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) coincide com a Serra do Mar e
adjacências, apresenta intensa influência oceânica, e grande quantidade de espécies
endêmicas; possui cobertura densa, de coloração verde forte, árvores de porte variável,
atingindo até 40 m de altura, muitas lianas e epífitas (SANTA CATARINA, 1986; LAGO,
1968).
Os Campos do Planalto (Savana) aparecem como áreas isoladas, dispersas em meio
a Mata de Araucária, coincidem com altitudes entre 900 e 1400m. Predominam gramíneas
de baixo e médio porte, além de ciperáceas, verbenáceas, leguminosas e compostas
(SANTA CATARINA,1986; LAGO, 1968).
A Mata de Araucária (Floresta Ombrófila Mista) transpõe as serras costeiras
estendendo-se pelo Planalto Catarinense abrangendo todo o meio oeste e parte do oeste
catarinense. É caracterizada pela coexistência da flora tropical e temperada, e apresenta a
Araucária augustifolia como principal espécie endêmica, possui ainda um extrato arbóreo e
outro arbustivo, presença de algumas epífitas e lianas; situam-se acima dos 500/600 m de
altitude (SANTA CATARINA,1986; LAGO, 1968).
A Mata Caducifólia (Floresta Estacional Decidual) abrange todo o sudoeste do
estado, vêm se debruçando em direção leste pelo vale do Rio Uruguai, adentrando o Vale
do Rio Do Peixe até a cidade de Ibicaré. Predomina em altitudes abaixo dos 500/600m.
Neste ambiente, marcado pela forte dissecação do relevo, de vales encaixados e pendentes
11
íngremes, possui flora típica de floresta dinâmica, e apresenta grande número de espécies
de valor econômico (SANTA CATARINA, 1986; LAGO, 1968).
2.1.7. Tipos de Solo
Pela ampla diversidade existente nas características anteriormente mencionadas, o
estado de Santa Catarina, possui uma ampla variedade em tipos de solo.
Na região de encostas basálticas, a grosso modo, a distribuição dos solos varia em
função do relevo, onde no topo e nos patamares, ocorrem solos mais profundos e
desenvolvidos pedogeneticamente tais como os LATOSSOLOS, NITOSSOLOS E
CAMBISSOLOS; nas encostas, ombro e extremidade dos patamares há solos menos
desenvolvidos como NEOSSOLOS LITÓLICOS, CHERNOSSOLOS E CAMBISSOLOS.
2.2. Principais Solos das Encostas Basálticas
As principais informações disponíveis sobre os solos de Santa Catarina estão
contidas no Levantamento de Reconhecimento dos Solos do Estado de Santa Catarina
(UFSM e SUDESUL, 1973), no Atlas de Santa Catarina (SANTA CATRINA, 1986) e no
Boletim Técnico nº 60 da Epagri, que descreve os principais solos do Oeste Catarinense,
(TESTA e ESPÍRITO SANTO, 1992). Ainda que em caráter experimental, também foi
disponibilizado, recentemente pela EMBRAPA, o mapa digital de reconhecimento dos
solos de Santa Catarina, contendo informações mais atualizadas sobre a distribuição dos
solos no estado (MAPA... ,2003).
No levantamento realizado pela UFSM e SUDESUL (1973), em escala 1:500.000
na região Oeste e Meio Oeste, destacam-se como unidades taxonômicas de maior
expressão, as unidades homogêneas VACARIA (10,2%) e ERECHIM (5,7%); além das
12
associações VACARIA + DUROX (3,8%), CIRÍACO + CHARRUA (18,0%), IRANI +
CELULOSE (2,1%); e CIRÍACO + CHARRUA + ERECHIM (2,1%). A representatividade
das áreas é considerada em relação à área total do estado.
De acordo com a classificação de solos adotada naquele levantamento a unidade
VACARIA corresponde a Latossolo Bruno Húmico álico, textura argilosa, descrito em
relevo ondulado e suave ondulado; a unidade DUROX, um Latossolo Húmico álico, textura
argilosa, relevo forte ondulado; a ERECHIM um Latossolo Roxo distrófico textura argilosa
e descrito em relevo suave ondulado e ondulado. Os Latossolos são solos com perfis
profundos, bem drenados, com pequena diferenciação de cor e textura entre horizontes,
elevado grau de estabilidade de agregados, baixo teor de argila natural, elevado grau de
intemperismo (presença irrisória de minerais primários, com exceção dos muito resistentes
ao intemperismo), argila de atividade baixa (constituída de minerais tipo caulinita e óxidos
de ferro e alumínio).
A unidade taxonômica CIRÍACO corresponde a Brunizém Avermelhado raso,
textura argilosa, relevo forte ondulado. São solos rasos, de coloração avermelhada,
argilosos, moderadamente drenados, com cerosidade moderada a forte no horizonte B; são
solos eutróficos, ligeiramente ácidos a neutros, com teores elevados de cálcio, magnésio e
potássio, resultando em saturação de bases alta e alta atividade da fração argila, não
apresentando problemas de alumínio trocável.
A unidade IRANI é classificada como Cambisol Húmico álico textura argilosa e é
descrito em relevo suave ondulado, ondulado e forte ondulado. São solos profundos (em
torno de 170 cm), moderadamente drenados, argilosos com cores pretas no horizonte A e
bruno amareladas no B. São ácidos, apresentando teores elevados de alumínio trocável e
matéria orgânica (mais que 5%); e saturação por bases, muito baixa (menor que 7%).
13
A unidade taxonômica CHARRUA é descria como um Solo Litólico eutrófico, de
textura média e relevo forte ondulado; a unidade taxonômica CELULOSE um Solo Litólico
Húmico álico, textura argilosa e de relevo forte ondulado. São solos pouco desenvolvidos,
com argila de atividade baixa, não hidromórficos. A unidade taxonômica CHARRUA, não
foi mapeada como unidade simples, está presente sempre formando associações com outras
unidades; são solos ligeiramente ácidos a neutros, apresentando elevados teores de cálcio,
magnésio e potássio, e saturação de bases alta, não apresentando problemas com alumínio
trocável, sendo desenvolvido de basalto amigdalóide. A unidade taxonômica CELULOSE
corresponde a solos rasos, litólicos e de coloração preta. São solos muito ácidos, com teores
elevados de matéria orgânica e alumínio trocável.
De acordo com o ATLAS de Santa Catarina (1986) as classes de solo de
representatividade nas encostas basálticas correspondem a Latossolos, Terras Estruturadas,
Cambissolos e Solos Litólicos.
O agrupamento de Latossolos compreende o Latossolo Bruno Húmico, o Latossolo
Bruno, o Latossolo Bruno intermediário para Latossolo Roxo, Latossolo Roxo e o
Latossolo Vermelho-Escuro. São solos profundos (em média de 2 a 3 m), com estrutura
predominantemente granular, são porosos e bem drenados, descritos em relevo suave
ondulado e ondulado. Quando o horizonte superficial é rico em matéria orgânica e possui
mais de 1% de carbono até os 80cm de profundidade, é considerado Húmico.
As Terras Estruturadas agrupam a Terra Bruna Estruturada Húmica, a Terra Bruna
Estruturada, a Terra Bruna Estruturada Intermediária para Terra Roxa Estruturada e a Terra
Roxa Estruturada. São perfis profundos (1 a 2 m de espessura do perfil), bem drenados,
com estrutura em blocos no horizonte B, e descritos em relevo suave ondulado, ondulado e
forte ondulado, principalmente, mas ocorrem também em relevo forte ondulado.
14
Os Cambissolos são solos em processo de desenvolvimento, com profundidade
menor de perfil, possuem presença de rochas na massa do solo, são descritos desde o relevo
suave até o montanhoso. Foram classificados como Cambissolo Bruno Húmico,
Cambissolo Bruno, Cambissolo e Cambissolo Húmico. São pouco profundos (50 a 150
cm), possuem mais de 15% de argila e sua fertilidade natural é muito variável, de baixa a
alta. Quando há alto teor de matéria orgânica do A até o BA é classificado como Húmico.
Os Solos Litólicos são rasos (15 a 40 cm de profundidade do perfil), de fertilidade
natural variável. Aparecem em relevo acidentado, o que aliado a presença de pedras na
superfície e a pequena espessura limita a drenagem e o armazenamento de água por
períodos de seca medianos.
Os dados de classificação mais detalhados dos solos das áreas de encosta estão no
Boletim Técnico publicado pela Epagri para os solos do Oeste Catarinense (TESTA e
ESPÍRITO SANTO, 1992), onde o detalhamento permite a identificação de classes de solo
não descritas nos anteriores pelo fator de pequena expressividade ou escala de
levantamento. Encontramos Latossolos, Terras Estruturadas e Brunizéns, Cambissolos,
Gleis e Solos Litólicos. Tais Classes já foram anteriormente descritas, com exceção dos
Gleis, que são solos pouco desenvolvidos e hidromórficos ocorrentes principalmente nas
pequenas várzeas mal drenadas.
De acordo com os últimos dados atualizados sobre solos no estado de Santa
Catarina, disponibilizado em mapa digital pela EMBRAPA (MAPA..., 2003), as seguintes
classes de solo podem estar representadas na área de encostas basálticas: LATOSSOLOS
BRUNO e VERMELHO, NITOSSOLO VERMELHO e HÁPLICO, CAMBISSOLOS
HÁPLICO e HÚMICO, CHERNOSSOLOS e NEOSSOLO LITÓLICO; são descritos em
relevo desde ondulado a montanhoso, com características químicas desde eutróficas a
15
álicas, e muitos pedregosos. Em relação a legenda utilizada no mapa, somente a classe
NITOSSOLO VERMELHO, é descrito como unidade simples, as demais classes aparecem
formando associações de duas ou mais classes, formando unidades de legenda mistas e
distintas, de acordo com o relevo dominante.
2.3. Gênese de Solos das Encostas Basálticas
No início da era Mesozóica, no período Triássico (entre 225 e 190 milhões de anos)
todo o centro-sul do continente sul-americano era ocupado por uma grande área desértica
(LEINZ e AMARAL, 1969; CASTRO, 1994), que deu origem, posteriormente, aos arenitos
da Formação Botucatu. A partir do avanço da era Mesozóica, nos períodos Cretáceo e
Jurássico, houve intensa atividade vulcânica na região (entre 190 e 65 milhões de anos
atrás) (MENDES e PETRI, 1975; CASTRO, 1994). A atividade vulcânica ocorreu na forma
de imensos e sucessivos derrames de lavas, na forma de aberturas de geocláses gigantescas,
originando derrames de diferentes espessuras. Os derrames ocorreram na forma de “trapps”
(termo suíço, que significa escada) (LAGO, 1967; LEINZ e AMARAL, 1985), e na
sucessão destes está presente um zoneamento da base para o topo, em cada derrame,
provocado pelas diferentes condições de resfriamento do magma, atuando sobre a
constituição textural e mineralógica de cada derrame (LEINZ e AMARAL, 1969). Isto
originou uma sucessão de rochas com diferentes graus de resistência à alteração (SARTORI
e GOMES, 1980). A formação da unidade geomorfológica Planalto Dissecado Rio
Iguaçu/Rio Uruguai, consistindo no planalto, com superfícies em patamares, típica das
áreas de derrames basálticos foi moldada pela decomposição seletiva da rocha subjacente,
16
associada à dissecação pela erosão, segundo Leinz e Amaral (1985); Sartori e Gomes
(1980) e Uberti (1981).
Entretanto, Quinn (1957), Butler (1959), Uberti (1981) e Bigarella et al., (1965)
consideraram que a partir do estabelecimento da paisagem geológica, o desenvolvimento do
relevo em degraus ou patamares se deve a interação dos fatores grau de resistência a
alteração da rocha subjacente e processos geomórficos condicionados pelo clima. Este
desenvolvimento do relevo, ocorrido nos últimos 70 milhões de anos, principalmente no
período Pleistoceno (NAKATA e COELHO, 1986), sofreu influência de glaciações e
interglaciações. Durante as interglaciações, ocorreram eventos climáticos extremos, como
períodos extremamente secos, alternados com épocas muito úmidas, além de frio intenso e
fenômenos de acomodação do terreno como terremotos (QUINN, 1957).
A conclusão de Bigarella et al., (1965), adveio da análise da textura e da observação
de sedimentos do basalto, através dos quais pôde pressupor a influência de dois tipos
climáticos distintos, um úmido e outro árido ou semi-árido, que predominaram na região
dos derrames basálticos. Com a estabilização da paisagem, aproximadamente entre o final
do Pleistoceno e todo o Holoceno, deu-se início a formação e o desenvolvimento dos solos,
que passaram por eventos climáticos distintos nos últimos 30.000 anos, como descreveu
Ledru (1993), confirmando a hipótese inicial de Bigarella et al. (1965), das oscilações
climáticas durante a pedogênese dos solos do estado de Santa Catarina.
A pedogênese proposta por Bigarella, et al., (1965) leva em conta duas situações
climáticas onde, durante a predominância do clima árido ou semi-árido a vegetação se
torna escassa, com ausência de cobertura superficial, promovendo um aumento da
intensidade do intemperismo físico. As precipitações pluviométricas, intensas e ocasionais,
dissecam a paisagem principalmente pela erosão dos produtos do intemperismo, assoreando
17
os vales. Este ciclo é caracterizado pela intensa instabilidade da paisagem. Em clima
úmido ocorre um exuberante desenvolvimento vegetal e intenso intemperismo químico,
permitindo o aprofundamento dos perfis de solo, favorecido pela proteção da cobertura
vegetal e da drenagem vertical ao longo do perfil ser eficiente permitindo um menor
escoamento superficial na forma de enxurrada, e um aumento das descargas dos rios
ocasionado pela intermitência do regime pluvial, permitindo o carreamento dos detritos que
possivelmente estavam presentes no leito dos rios, devido aos ciclos de clima seco. A
característica predominante neste período é a estabilidade da paisagem e a formação e
aprofundamento dos solos.
Ledru (1993), estudando o Salitre de Minas (em Belo Horizonte, MG), definiu as
épocas das mudanças climáticas, confirmando períodos muito secos, com pouca vegetação
ou predominância de gramíneas e vegetação rasteira; períodos frios e úmidos com
predominância de coníferas como a floresta de araucárias, e quente e úmido com ausência
da araucária e presença de vegetação mesofítica semidecídua. As épocas de distinção
climática, de acordo com o estudo palinológico, são separadas em oito. A primeira entre
aproximadamente 17.000 a 30.000 anos atrás, teria um clima úmido com períodos de frio
curtos, mas bem definidos – com predominância da floresta de Igapó; a segunda entre
17.000 e 13.000 anos atrás, ainda com predominância da floresta de Igapó, e plantas
indicando que o clima estava mudando, possuindo curtos períodos de seca e média de
temperaturas no inverno de menos de 15oC. A terceira época entre 13.000 e 10.500 anos
atrás, com aumento do período de baixas temperaturas, apresentando vegetativamente a
mistura de floresta de Igapó com floresta de Araucária. A quarta época entre 10.500 e
9.000 anos atrás apresenta-se de forma desfavorável ao desenvolvimento de florestas, diz a
autora, provavelmente devido a invernos prolongados secos e muito frios. A quinta época
18
foi dividida em período a e período b, o primeiro entre aproximadamente 9.200 e 8.000
anos, com predomínio de floresta de Araucária, com clima frio e úmido, sem estação seca e
com inverno com temperaturas abaixo dos 10oC; o período b, possui clima úmido e quente,
com altas temperaturas , uma estação seca durando cerca de 2 meses, uma estação fria com
temperaturas entre 10-15oC – predominando a floresta mesofítica semidecídua. O sexto
período, entre 5.500 e 4.500 anos atrás apresenta um forte estresse hídrico, permitido por
uma estação seca de pelo menos 5 meses, segundo a autora. A última época, entre 4.500 e
3.000 anos, possui vegetação predominantemente de floresta mesofítica semidecídua,
indicando condições climáticas de uma curta estação seca de aproximadamente 1 a 2 meses
de duração e inverno com temperaturas médias entre 10 e 15oC. Estes eventos climáticos
descritos dos últimos 30.000 anos, coincidem com as hipóteses de intensa movimentação
coluvial e aluvial descrita por Bigarella et al. (1965), além das condições adequadas a
formação de solos os quais podem ser observados nos vales catarinenses.
A importância do tipo de vegetação é diretamente relacionada à taxa de formação
do solo (ALMEIDA, 2000; KÄMPF, [198-]) que pode ser influenciada tanto pelo tipo de
cobertura, definindo o predomínio de percolação vertical ou horizontal de água
(ENSWARAN e DE CONNICK, 1971); como pela população microbiológica que tenha
afinidade com determinadas espécies vegetais que podem intensificar o intemperismo
químico ao longo de muitos anos com seus compostos exudados (ROBERT e
BERTHELIN, 1986; Mc KEAGUE et al., 1986) (tanto ácidos quanto básicos e agentes de
agregação que influem na estrutura do solo (EMERSON, et al., 1986)).
A formação do solo nas encostas basálticas é diretamente ligada a alternância das
fases de estabilidade e instabilidade, segundo Uberti (1981), e originam quatro zonas
distintas na paisagem: zona de remoção (erosional, que resulta na formação de solos
19
jovens), zona de adição (solos deposicionais), zonas de alternância (onde erosão e
deposição se alternam), e zona de estabilidade (solos desenvolvidos). Estas zonas da
paisagem podem ser relacionadas aos segmentos da paisagem propostos por Rhue e
Walker (1968), o topo ou interflúvio, ombro, encosta, pedimento e várzea. O interflúvio é a
porção convexa, relativamente plana localizando-se no ponto mais alto da paisagem;
quando relativamente extenso, apresenta maior fluxo vertical de água no perfil, sendo
considerado o segmento mais estável da paisagem, ou zona de estabilidade, apresentando os
solos mais desenvolvidos. O ombro é o segmento da paisagem que apresenta a maior taxa
de declive, uma zona essencialmente de remoção; o afloramento de rochas, ou solos rasos
são comuns. A encosta é o segmento onde a vegetação é a principal responsável pela
manutenção de solos mais profundos, possui declives elevados e pode ser dividida em três
partes (terço superior, médio e inferior), os quais apresentam variação nas características do
solo, em relação a profundidade de perfil, características morfológicas e propriedades
físicas e químicas, devido principalmente a se tratar de uma zona de alternância, onde os
movimentos de massa podem ser predominantes. O pedimento é o segmento
essencialmente deposicional, recebendo material alóctone das demais porções do relevo; os
solos são geralmente heterogêneos devido a contribuição de material. A planície aluvial,
quando presente, é de pequena extensão, e constitui um segmento caracterizado por ser
zona de adição. A planície aluvial propriamente dita é quase sempre ausente na área de
encostas basálticas, pelo predomínio de vales em forma de V. Os solos que recebem
adições de materiais aluviais e coluviais, são formados do intemperismo da rocha matriz,
juntamente com estes materiais residuais, apresentando características intrínsecas, e muitas
vezes descontinuidade ou heterogeneidade quando considerando todo o segmento
(WAMBEKE, 1962).
20
2.4. Mineralogia dos Solos de Encostas Basálticas
Os sucessivos derrames da Formação Serra Geral, com ênfase na Seqüência Básica,
são constituídos principalmente de basálto, e alguma intermediária. O termo básico referido
a esta seqüência é a predominância de rochas com teores de óxido de silício entre 45 e 52%,
e as rochas intermediárias menos expressivas com teores entre 52-65% (ALMEIDA, 2000;
SANTA CATARINA, 1991; SARTORI e GOMES, 1980; MENDES e PETRI, 1975;
LAGO, 1968).
Os derrames dos “trapps” possuem uma zona vítrea, graças ao rápido resfriamento
da lava; a segunda zona é de textura microcristalina, com diáclases predominantemente
horizontais; a terceira de um basalto com granulação um pouco mais grosseira, com
diáclases verticais, com o topo rico em vesículas (LEINZ e AMARAL, 1969; UBERTI,
1981). Nesta zona de topo, com vesículas, os basaltos também são chamados de meláfiros
ou amigdalóides, que são encontrados corroídos e/ou com orifícios e geodos. Os minerais
mais comuns encontrados nas vesículas e nos geodos são quartzo (ametista), calcedônia,
calcita e zeolítas (POTSCH, [194-]). Este zoneamento é importante, pois determina
algumas características da rocha que podem interferir tanto na constituição percentual de
alguns minerais como na susceptibilidade ao intemperismo da rocha como um todo
(SARTORI e GOMES, 1980).
Esta sucessão de derrames formou a paisagem composta por patamares escalonados
(LEINZ e AMARAL, 1969). Com o final da atividade vulcânica, inicia-se o Terciário, com
a Era Cenozóica (aproximadamente a 70 milhões de anos) e a formação geomórfica dá-se
início na região, que sofre transformações intensas no período Pleistoceno (últimos 700 mil
21
anos atrás) com quatro grandes glaciações, que tiveram períodos interglaciais distintos com
o primeiro e terceiro quente e úmido e o segundo frio e seco (NAKATA e COELHO,
1986). Após o estabelecimento da paisagem geomórfica, inicia-se a pedogênese,
provavelmente a partir de 30.000 anos atrás e se intensifica no período Holoceno (11.000
anos atrás). As mudanças climáticas citadas por Ledru (1993) e descritas anteriomente,
tiveram grande importância na formação e evolução dos solos.
A rocha, submetida à ação dos agentes do intemperismo, constitui a matriz dos
solos (WAMBEKE, 1962; MELFI e PEDRO, 1978). Os constituintes do solo dependem
primeiramente das características da rocha matriz, ou do sedimento que lhe deu origem
(físicas e constituição mineral) e dos agentes de intemperismo (água e temperatura).
Portanto, o solo se forma, dependendo de seu grau de evolução e intensidade do
intemperismo a que foi submetido (WAMBEKE, 1962), que é relação direta da percolação
horizontal e vertical de água, intensidade, periodicidade e fluxo da pluviosidade, condições
do meio (pH de abrasão, concentração de nutrientes) (MELFI e PEDRO, 1978) e das
temperaturas ao longo do desenvolvimento do perfil de solo. Todos os fatores juntos, ao
longo do tempo, imprimem características intrínsecas de uma unidade de solo específica. O
solo é resultado das ações acima citadas, que têm como conseqüências suas características
químicas, físicas e mineralógicas específicas (JACKSON e SHERMAN, 1953;
WAMBEKE, 1962; ESWARAN e DE CONINCK, 1971; MELFI e PEDRO, 1977; MELFI
e PEDRO, 1978).
Nas regiões tropicais e subtropicais, após a ação do intemperismo físico, através da
individualização das partículas, o intemperismo químico age com maior intensidade, e o
mecanismo essencial de alteração é a hidrólise (MELFI e PEDRO, 1977). De acordo com a
intensidade da hidrólise e a lixiviação ocorrida, didaticamente podemos dividi-la em três
22
graus: menos intensa ou bissialitização, mediana ou monossilalitização e muito intensa,
drástica ou alitização. Quando ocorre a hidrólise parcial, e a lixiviação é fraca, a
dessilicação é limitada, mantendo silício suficiente no sistema para a formação de
argilominerais 2:1 do tipo esmectita, nos quais parte dos cátions básicos permanecem no
sistema, ocupando as estrecamadas do argilomineral; a este processo denomina-se
bissialitização ou margalitização (MELFI e PEDRO, 1977; KÄMPF e CURI, [198-];
RESENDE et al., 2002). Ocorrendo hidrólise parcial com lixiviação mais forte permitindo
uma dessilicação moderada, o silício remanescente formará argilominerais do tipo 1:1 ou
caulinita; processo este chamado de monosialitização ou caulinitização (MELFI e PEDRO,
1977; KÄMPF e CURI, [198-]; RESENDE et al., 2002). Sendo o ambiente de formação do
solo com fluxo de percolação vertical intenso ocorre uma lixiviação muito forte permitindo
a dessilicação completa, mantendo no sistema somente o alumínio que precipitará na forma
de óxidos, posteriormente cristalizando na forma de gibbsita; este processo de perda
drástica de cátions básicos é denominado alitização (MELFI e PEDRO, 1977; KÄMPF e
CURI, [198-]; RESENDE et al., 2002).
No que diz respeito ao grau de alteração dos solos, segundo Melfi e Pedro (1977)
podemos ter didaticamente três situações: a) grau de alteração superior a 100%, solo
completamente desenvolvido ou maduro pedogenicamente, onde a alteração da rocha se dá
completamente, tendo como resultado um solo geralmente argiloso, com presença
predominante de argilominerais neoformados (caulinita e/ou esmectita, por exemplo) e
predominantemente quartzo nas frações areia e silte. b) grau de alteração inferior ou igual a
100%, solo em processo de desenvolvimento, as frações areia, em menor proporção, e silte
ainda apresentam minerais primários passíveis de intemperismo, e a fração argila possui
menor teor de argilominerais neoformados. c) grau de alteração nulo ou imperceptível,
23
solos jovens, pouco desenvolvidos pedogenicamente e sem ocorrência de evolução
geoquímica notável, com presença de grandes teores de minerais primários na fração areia e
pouco teor de argila.
No Brasil, especificadamente no sul, temos alguns trabalhos que ilustram os tipos de
minerais encontrados nos solos derivados dos basaltos da Formação Serra Geral, onde são
encontrados caulinita (PÖTTER e KÄMPF, 1981; CURI et al., 1984; ALMEIDA et al.,
1992), esmectita, geralmente com polímeros de alumínio nas entrecamadas (CURI et al.,
1984; KÄMPF, et al., 1995 a; KÄMPF, et al., 1995 b), óxidos de ferro, (ALMEIDA, el al.,
2003; PÖTTER e KÄMPF, 1981; CURI et al., 1984; KÄMPF e SCHWERTMANN, 1995),
e interestratificados caulinita esmectita (KÄMPF, et al., 1995b).
2.4.1. Minerais Primários
Os minerais primários são aqueles herdados da rocha matriz ou sedimento que lhe
deu origem. Geralmente se encontram nas frações grosseiras do solo, e sua identificação no
solo pode indicar uma reserva de nutrientes a longo prazo (SCHULTZE, 1989; ALLEN e
HAJEK, 1989), além de indicar o grau de alteração sofrido pela rocha para a formação do
solo (MELFI e PEDRO, 1977; MELFI e PEDRO,1978).
O basalto é uma rocha homogênea, que possui pequena variação na proporção de
seus constituintes minerais, os minerais presentes são feldspatos, plagioclásios, piroxênios,
olivinas, quartzo e mica do tipo biotita, eventualmente há presença de anfibólio
representado pela hornblenda.
Os feldspatos calco-sódicos ou plagioclásios são aluminossilicatos, do tipo
tectosilicatos, e são fontes importantes de cálcio e sódio para o solo, possuem uma ampla
variação que vai desde a albita (essencialmente sódica) até a anortita (essencialmente
24
cálcica), encontramos variações destes tipos como a labradorita, muito comum em solos
derivados de basalto (ALLEN e HAJEK, 1989; HUANG, 1989; CURI e KÄMPF, [198-]).
Os piroxênios são minerais de coloração verde escura a preta, do tipo inossilicatos,
cujo principal representante é a augita, fonte importante de cálcio, magnésio e elementos
traços (ALLEN e HAJEK, 1989; HUANG, 1989; CURI e KÄMPF, [198-]).
As olivinas são minerais de coloração verde oliva, do tipo nesossilicatos, são
importante fonte de magnésio, ferro e elementos traços; são de fácil intemperismo. As
olivinas são representadas por uma série de minerais que vai da fosterita (essencialmente
magnésio) até a fayalita (essencialmente ferro) (ALLEN e HAJEK, 1989; HUANG, 1989;
CURI e KÄMPF, [198-]).
As micas são aluminossilicatos do grupo filossilicatos, tipo 2:1, não hidratados,
importante fonte de potássio para o solo. A mica encontrada no basalto é a biotita, de
coloração escura, pelo alto conteúdo de ferro em relação às outras micas. A biotita é
trioctaedral, sendo suscetível ao intemperismo, a tornando praticamente ausente no solo
(ALLEN e HAJEK, 1989; FANNING et al., 1989; CURI e KÄMPF, [198-]).
O quartzo é um exemplo de mineral primário altamente resistente ao intemperismo,
dada a ausência de substituições isomórficas durante sua formação, ao caráter forte das
ligações que unem os seus átomos (covalência), conferindo ao mineral um balanço de
cargas nulo e uma alta estabilidade, sua fórmula mínima (SiO2)n, sendo inerte, ou
quimicamente inativo. O quartzo é um mineral que ocorre na maioria dos solos,
freqüentemente constituindo entre 50 e 95% da fração areia dos mesmos, e forma o
chamado “esqueleto” do solo, diluindo a intensa atividade dos argilominerais e da matéria
orgânica, possui área superficial específica de somente 2-3 m2.g-1 (TAN 1982,
ALMEIDA, 1999). É raro o solo sem presença de quartzo, é o componente mais comum
25
da fração silte e areia, e também em argila grossa, possui alta estabilidade. A respeito disto,
pode ser submetido à dissolução sob intemperismo intenso, especialmente quando os grãos
são muito pequenos, portanto o teor de quartzo num solo é diretamente relacionado a
quantidade que havia no material de origem e ao grau de intemperismo do solo. (DRESS, et
al., 1989; ALLEN e HAJEK, 1989). O basalto, entretanto, possui muito baixa quantidade
de quartzo na sua composição e desse modo os solos derivados desta rocha são geralmente
pobres em quartzo.
2.4.2. Minerais secundários
2.4.2.1.Esmectita
É um grupo de minerais, que engloba a montmorilonita, a beidelita e a nontronita,
sendo a montmorilonita, a mais comum no solo (BORCHARDT, 1989).
A montmorilonita é um mineral do grupo dos filossilocatos, cuja camada é
constituída por duas lâminas de tetraedros de silício e uma de octaedros de alumínio,
dioctaedral, possui substituição isomórfica de Si por Al nas lâminas tetraedrais, mas ocorre
em maior proporção a substituição de Fe+++ por Mg++ ou Fe++, nas lâminas octaedrais
(BORCHARDT, 1989). Pela substituição isomórfica ser alta e, em maior proporção, na
lâmina octaedral, a montmorilonita possui um espaçamento basal variando de 9,6 a 18Ǻ
(WILSON, 1987), o que permite desde a entrada de água até compostos orgânicos simples.
Em condições naturais a montmorilonita possui cálcio e sódio hidratados nas suas
entrecamadas. A característica de maior expansividade permite uma alta área superfícial
específica de 500-700 m2.g-1 e uma capacidade de troca de cátions de 70-130 cmolckg-1
(TAN, 1982). Solos com presença significativa de esmectitas possuem características de
26
alta pegajosidade e plasticidade (EMBRAPA, 1999). Os cristais de montmorilonita ao
microscópio eletrônico são geralmente de forma irregular, e com dimensões muito
reduzidas, normalmente com diâmetro inferior a 0,1µ. (KLAMT e MEURER, 2000; TAN,
1982).
A esmectita é encontrada em solos pouco intemperizados, de material de origem
básico, onde a perda de bases é pouco significativa, o pH é alto e a perda de silício do solo
não é acentuada. A esmectita pode formar-se a partir da alteração de minerais primários
máficos (ALLEN e HAJEK, 1989; BORCHARDT, 1989), sendo por esse motivo sua
presença esperada em solos jovens desenvolvidos de basalto.
2.4.2.2.Caulinita
Caulinita é a denominação para um grupo de minerais, mas aqui discorremos sobre
o mineral específico. A caulinita é um mineral de argila encontrado em grande parte dos
solos (ALEN e HAJEK, 1989; DIXON, 1989), podendo ser herdada do material de origem
ou produzida por neogênese (JACKSON e SHERMAN, 1953; ESWARAN e DE
CONINCK, 1971).
É um mineral do grupo dos filossilicatos, formado por uma camada constituída por
uma lâmina de tetraedros de silício e uma de octaedros de alumínio, ou do tipo 1:1; é
dioctaedral com cerca de dois terços de seus octaedros ocupados pelo alumínio, possuindo
muito pouca substituição isomórfica. Não é expansivo, possuindo o espaçamento basal fixo
de 7,2 Ǻ, fato pelo qual não há cátions nem água nas suas entrecamadas. Sua fórmula
estrutural mínima é Si4Al4O10. Possui uma pequena área superficial específica, em torno de
10 a 20 m2g-1 de argila, e por possuir mínima substituição isomórfica, esta traduz-se em
capacidade de troca de cátions restrita a 3 a 10 cmolckg-1 de argila (carga permanente)
(KLAMT e MEURER, 2000; WILSON, 1987; TAN, 1982; DIXON, 1989).
27
As caulinitas de solo, por terem sua formação predominantemente por neogênese,
apresentam em geral, elevada desordem estrutural (HUGHES, 1980; APARICIO e
GALÁN, 1999), que resulta de um empilhamento desordenado das camadas, e estas podem
possuir distorções em um ou mais planos do cristalito (JACKSON, 1965; CULLITY, 1978;
BRINDLEY e BROWN, 1980). A caulinita desordenada analisada por difratometria de
raios X apresenta picos mais largos e assimétricos, com menor intensidade (WILSON,
1980; APARICIO e GÁLAN, 1999) Se a amostra tiver pequena quantidade de caulinita,
que, em geral, possui tamanho muito pequeno em relação aos outros minerais, ou algum
mineral com expressividade muito intensa, o reflexo menos intenso da caulinita
desordenada pode ser mascarado pelo efeito do achatamento deste pico menor e
assimétrico, que se tornará de difícil visualização (CULLITY, 1978; WILSON, 1987;
APARICIO e GALÁN, 1999; POTSCH, [194-]).
A caulinita, ao microscópio eletrônico, apresenta-se na forma de placas hexagonais,
ou por desgaste de intemperismo extremo na forma elíptica ou circular (TAN, 1982;
DIXON, 1989).
A caulinita ocorre preferencialmente em solos formados em climas quentes e
úmidos, onde há acentuada lixiviação de bases, pH baixo e dessilicação parcial durante o
intemperismo da rocha matriz (MELFI e PEDRO, 1977). Os minerais que podem dar
origem a caulinita por neogênese são olivinas, micas, piroxênios, plagioclásios e feldspatos
alcalinos, por esse motivo é geralmente o argilomineral dominante nos solos desenvolvidos
de basalto, mesmo nos mais jovens. A caulinita está presente em quantidades altas na
maioria dos solos das regiões tropicais e subtropicais (ALLEN e HAJEK, 1989; DIXON,
1989).
28
2.4.2.3. Argilominerais Interestratificados
Apresentam-se no solo como produtos parciais de um processo de síntese ou
intemperismo de filossilicatos, e por isto apresentam características que são comuns a dois
ou mais minerais de argila (micas, vermiculita, esmectita, caulinita). Podem ser do tipo
caulinita-esmectita, encontrados em solos derivados de basalto do Rio Grande do Sul por
Kämpf et al., (1995b) e Klamt e Meurer (2000).
São muito comuns nos solos, mas sua identificação é difícil, por ocorrerem,
normalmente, em pequenas quantidades (SAWHNEY, 1989). Há dificuldade em separar
esses argilominerais dos demais componentes da fração argila, em especial os não regulares
(JACKSON, 1969). Quando o cristalito é muito pequeno, ou há vários estágios de
interestratificação na amostra, os reflexos no difratograma podem ser pouco expressivos, o
que muito prejudica a identificação precisa tanto da morfologia do interestratificado
(proporção de cada mineral), quanto da quantidade e tamanho de cristalitos da amostra
(CULLITY, 1978), em relação ao tamanho, segundo Sawhney e Reynolds (1985) há
indicativos de que uma população de partículas muito pequenas (fração argila fina) juntas,
apresentam padrão de difração similares a de minerais interestratificados.
Além da interestratificação, de acordo com as condições de intemperismo, é muito
comum a intercalação dos argilominerais 2:1 com polímeros, principalmente de hidróxi-
alumínio nas entrecamadas (em especial da esmectita no caso do basalto) (BARNHISEL e
BERTCH, 1989). Este processo aumenta estabilidade termodinâmica do argilomineral,
que assim se torna menos susceptível ao intemperismo (KARATHANASIS,1988), além de
dificultar a expansão e contração dos argilominerais e a diminuir a capacidade de troca de
cátions por neutralização das cargas pelos polímeros (BARNHISEL e BERTCH, 1989).
29
Dentre as informações existentes sobre a mineralogia de solos de basalto existente
no mundo podemos citar Hughes (1980), que estudou solos na Colômbia, Nigéria e
cerrado brasileiro encontrando haloisita, caulinita (bem e mal cristalizada) e material
amorfo na forma de óxidos e oxihidróxidos de ferro e alumínio, tendo constatado que onde
teores de óxidos eram mais altos, a cristalinidade da caulinita era menor. Yerima et al.,
(1985) estudando Vertissols de basalto em El Salvador, encontrou caulinita mal
cristalizada, interestratificados caulinita-esmectita e óxidos de ferro, tendo verificado
também que as camadas esmectíticas do interestratificado sofriam intensa intercalação com
polímeros de alumínio. Bühmann e Grubb (1991) estudando uma seqüência de solos desde
vermelhos até escuros tendendo a preto de Spingbok Flats, província de Transvaal, África
do Sul, onde encontraram caulinita, interestratificado caulinita-esmectita, esmectita e
óxidos de ferro do tipo hematita e goethita, observando que a possível perda de ferro da
decomposição das camadas esmectíticas permitiam a formação inicial de hematita, e mais
tarde uma neogênese de hematita em goethita e ao mesmo tempo neogênese da caulinita
com formação inicial da hematita. Righi, et al. (1999) sobre a toposeqüência desenvolvida
de basalto, na Sardenha (Itália), encontrou interestratificados caulinita-esmectita, onde os
solos do topo apresentavam 90% das camadas do interestratificado constituídas de de
caulinita, e esta proporção ia decrescendo conforme os solos tinham menores altitudes.
No sul do Brasil, em solos de rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, Curi et
al., (1984) identificaram caulinita, minerais com menor grau de alumínio nas
entrecamadas, hematita e goethita. Almeida et al (1992) identificaram caulinita
desordenada. Kämpf et al., (1995a), em solos mais jovens da Campanha do Rio Grande do
Sul, identificou esmectita, caulinita e óxidos de ferro, além de haloisita, caulinita-esmectita.
30
Kämpf et al., (1995b), na região de Vacaria encontrou esmectita do tipo montmorilonita-
beidelita com forte intercalação de polímeros de hidroxi-alumínio entrecamadas;
2.4.2.4. Óxidos
2.4.2.4.1.Óxidos de Ferro
O ferro ocorre nas rochas como constituinte principal de muitos minerais primários,
como olivinas, piroxênios (comuns no basalto) e anfibólios. O intemperismo destes
minerais libera ferro, que após oxidar forma precipitados amorfos, que vão gradualmente se
recombinando e desidratando, adquirindo forma cristalina (SCHWERTMANN e TAYLOR,
1989). Podem ocorrer concentrados ou associados aos demais colóides
(SCHWERTMANN, 1985). Seu formato quando cristalinos é geralmente acicular ou
hexagonal. Os óxidos de ferro são anfóteros, com suas cargas sendo dependentes do pH do
meio. Em condições naturais de solos ácidos suas cargas positivas são atuantes na fixação
do fósforo adicionado ou presente no solo. (ALMEIDA et al, 2003).
a) Hematita
A hematita representa a forma oxidada e desidratada de ferro. Sua estrutura atômica
é resultante da polimerização de átomos de ferro, com seis oxidrilas, com um átomo de
ferro ocupando o centro de cavidades octaedrais (KÄMPF e CURI, 2000;
SCHWERTMANN, 1989).
Constitui um mineral secundário muito comum nos solos mais intemperizados das
regiões tropicais e subtropicais, de clima quente e úmido, derivados de materiais de origem
ricos em minerais ferro-magnesianos, desde que haja condições de boa drenagem e teores
pequenos de matéria orgânica. Estas condições favorecem uma rápida oxidação,
desidratação e cristalização dos géis de ferro liberados pelo intemperismo das rochas. Os
31
cristais, vistos ao microscópio eletrônico, apresentam forma hexagonal (TAN, 1982;
SCHWERTMANN e TAYLOR, 1989).
A hematita imprime uma coloração tipicamente avermelhada aos solos, mesmo
quando ocorre em pequenas quantidades. (SCHWERTMANN e TAYLOR, 1989;
ALMEIDA et al, 2002; ALMEIDA, 2000; KÄMPF e CURI, 2000)
b) Goethita
A goethita representa a forma oxidada e hidratada do ferro, sua estrutura atômica é
semelhante à da hematita, com um ferro ocupando o centro das cavidades octeadrais
formadas por um sexteto de oxidrilas, constituindo cadeias duplas de octaedros, formando a
estrutura mais estável dentre os óxidos de ferro (KÄMPF e CURI, 2000;
SCHWERTMANN, 1989; FITZPATRICK, 1985).
Fatores que favorecem a formação de goethita no solo estão normalmente
associados a materiais de origem pobres em ferro e climas úmidos, onde os solos tenham
certa restrição de drenagem, induzindo a manutenção de um maior tempo de residência da
água no solo, conjuntamente com o baixo fluxo de íons de ferro (Fe++), pH ácido e teores de
alumínio trocável elevados (SCHWERTMANN, 1985; SCHWERTMANN e TAYLOR,
1989; ALMEIDA, 2000). Da mesma forma, climas mais frios, por propiciarem maior
acúmulo de matéria orgânica, exercem uma tendência a formação de goethita em
detrimento da hematita (SCHWERTMANN, 1985; ALMEIDA et al., 2003). A goethita
imprime uma coloração tipicamente brunada ou amarelada aos solos. Os cristais de goethita
vistos ao microscópio eletrônico apresentam forma acicular, principalmente quando
sintéticos e com alta cristalinidade; as goethitas de solo geralmente são de baixa
cristalinidade e com alta substituição isomórfica de ferro por alumínio, apresentando forma
isodimensional (SCHWERTMANN, 1985; KÄMPF e CURI, 2000).
32
2.4.2.4.2.Óxidos de Alumínio
Os óxidos de alumínio do solo originam-se da decomposição dos aluminossilicatos,
principais constituintes da maioria das rochas. A liberação do alumínio para a solução do
solo forma géis amorfos, com polímeros muito hidratados, que ao perder a água
cristalizam-se, formando a gibbsita. A gibbsita possui estrutura cristalina octaédrica,
constituída por dois planos de oxidrilas, com um plano de átomos de alumínio entre eles
(HSU, 1989).
A gibbsita é um óxido de alumínio encontrado na fração argila de diversos solos
altamente intemperizados das regiões tropicais. Nas condições tropicais, onde as
precipitações pluviométricas são altas e a temperatura média também é alta, ocorre intensa
lavagem da sílica liberada durante a intemperização dos minerais primários, criando
condições favoráveis a precipitação do alumínio na forma de gibbsita. Em solos ácidos da
região sul do Brasil, ocorre pouca gibbsita. Por outro lado, são altos os teores de alumínio
trocável, as vezes, alta também a quantidade de polímeros amorfos (ALMEIDA, 2000;
HSU, 1989).
33
3. Material e Métodos
A escolha das áreas de coleta deu-se com base na geologia, abrangendo os derrames
basálticos da seqüência básica no estado de Santa Catarina, ocorridos entre de 120-135
milhões de anos atrás, predominando os basaltos e fenobasaltos, que fazem parte da
Formação Serra Geral, (SANTA CATARINA, 1986). Foram selecionadas três
toposeqüências, todas coincidindo com a região geomorfológica classificada como Planalto
Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai, que é caracterizado por uma intensa dissecação do
relevo, onde se formaram vales profundos e encostas em patamares (SANTA CATARINA,
1991), que fazem parte da área chamada de “Encostas Basálticas” do Estado de Santa
Catarina.
Foram selecionados em cada toposeqüência quatro perfis representativos dos
diversos segmentos da paisagem, incluindo topo, encosta e pedimento.
A região da primeira toposeqüência, classificação clima Cfb (SANTA CATARINA,
1986), segundo Köeppen, que indica clima atual com inverno suave e verão brando e
sempre úmido (CARDOSO, 2003), as demais possuem classificação climática Cfa,
segundo Köeppen (SANTA CATARINA, 1986), que indica clima com inverno suave,
verão quente e sempre úmido (CARDOSO, 2003). De acordo com a classificação climática
de Thorntwaite é considerado super úmido e úmido, que são divididos em subtipos
(SANTA CATARINA, 1986), dos quais serão detalhados nos resultados, de acordo com a
toposeqüência específica onde foram amostrados os solos.
34
Os perfis da toposeqüência I foram descritos e coletados entre os municípios de
Água Doce e Luzerna, os da toposeqüência II entre Ipira e Peritiba, ambos no vale do Rio
do Peixe; e a toposeqüência III entre Descanso e Iporã do Oeste, no Vale do Rio das Antas,
ambos contribuindo na bacia do Rio Uruguai (SANTA CATARINA, 1991). A localização
dos municípios se encontra nas Figuras 1 e 2.
As primeiras análises de caracterização, tais como descrição da paisagem local e
regional, relevo, vegetação, entre outros, além da descrição morfológica dos perfis, foram
realizadas de acordo o Manual de Descrição e Coleta de Solo no Campo (LEMOS e
SANTOS, 1996) e, foram executadas no local de coleta das amostras.
As análises de caracterização executadas no Laboratório de Solos do CAV -
UDESC foram realizadas em amostras que depois de serem secas ao ar foram destorroadas,
moídas e peneiradas a seco em malha 2mm para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA) –
quando não usada esta fração do solo foi indicado. As análises laboratoriais podem ser
divididas em físicas e químicas (EMBRAPA, 1997) e mineralógicas, descritas a seguir.
3.1. Análises Físicas
Foi realizada a separação do material grosseiro por seleção manual seguida da
pesagem de cada fração e da terra fina seca ao ar (TFSA) para a estimativa de contribuição
de cada um na massa de solo, tais como cascalhos, calhaus, matacões e TFSA.
Na fração TFSA a areia foi separada por peneiramento e quantificada
gravimetricamente, a argila pelo método do densímetro de Boyuoucus (EMBRAPA, 1979)
com e sem uso de dispersante químico (NaOH 1mol L-1). Os teores de silte foram
calculados por diferença. A partir dessas determinações calculou-se o grau de floculação e
relação silte/argila, segundo EMBRAPA (1979).
35
Figura 1: Mapa do Estado de Santa Catarina, Divisão Política.
36
Figura 2: Detalhe do Mapa do Estado de Santa Catarina destacando as regiões onde foram coletados os perfis.
III - Descanso – Iporã do Oeste
I - Água Doce – Luzerna II - Ipira – Peritiba
37
O grau de floculação (GF) foi obtido pela seguinte expressão GF= 100 (At-An)/At,
onde At é a argila total, obtida com o uso de dispersante químico e An é a argila natural,
naturalmente dispersa em água.
A relação silte argila é obtida pela razão entre o teor de silte e o de argila
encontrados, usando os valores de argila total e silte total da análise com NaOH.
3.2. Análises Químicas
O pH em água e solução salina (KCl 1mol L-1), na proporção 1:1, foi determinado
com potenciômetro.
O carbono orgânico foi determinado por oxidação via úmida com dicromato de
potássio em meio ácido (H2SO4) com posterior titulação com sulfato ferroso em presença
de ferroín (TEDESCO et al., 1995).
O alumínio foi extraído com solução de KCl 1mol L-1 e quantificado por
titulometria de neutralização com base (NaOH) padronizada em presença de fenolftaleína.
O cálcio e magnésio também foram extraído com KCl 1mol L-1, sendo dosados por
espectrometria de plasma. O potássio e o sódio foram extraídos com acetato de amônio
1mol L-1 e quantificados por fotometria de chama. A acidez potencial (H+Al) foi extraída
com acetato de cálcio 0,5mol L-1 (tamponado a pH 7,0), sendo seus teores quantificados por
titulometria de neutralização com base padronizada em presença de fenolftaleína. Todas
essas análises foram realizadas seguindo o Manual de Métodos de Análises da EMBRAPA
(1979). Da quantificação destes elementos foram obtidos os seguintes parâmetros: a soma
de bases (S), CTC efetiva, CTC a pH 7,0, saturação por bases (V), e saturação por alumínio
(m).
38
A soma de bases (S) é obtida pelo somatório do cálcio, magnésio, sódio e potássio.
A CTC efetiva foi obtida da soma de bases mais o alumínio trocável (S + Al). A CTC a pH
7,0 é a soma da bases adicionada à acidez extraível (H+Al) (S + (H+Al)). A saturação por
bases V% é a contribuição percentual da soma de bases na CTC a pH 7,0 e a saturação por
alumínio m% é a contribuição percentual do alumínio na CTC efetiva do solo.
O ataque sulfúrico, segundo EMBRAPA (1979) foi realizado na fração TFSA para
extração de Al e Fe totais, em seguida sobre o precipitado é realizado um ataque básico
(com NaOH) para quantificação do Si total, sendo dosados por espectometria de plasma e
expressos na forma de óxidos. Com estes parâmetros foi obtido o índice Ki que a partir da
relação molar (SiO2)/(AlO3).
De acordo com o trabalho de Bennema (1966), foi feita a estimativa da contribuição
da fração argila e do carbono na CTC. Para isto foi realizada uma regressão linear entre
percentagem de carbono por 100g de argila com a CTC por 100g de argila em cada
horizonte.
3.3 Análises Mineralógicas
Nas frações grosseiras de alguns perfis foram analisados, a crosta da rocha e o
núcleo da rocha inalterada moídos e submetidos a radiação em difratômetro de raios X
(DRX) da marca Philips, com goniômetro vertical e geometria θ/2θ, sendo utilizado o tubo
de CuKα.
Na fração TFSA, a areia foi separada por peneiramento úmido; e o silte da argila
por sedimentação com base na Lei de Stokes (JACKSON, 1965).
As frações areia, após moída, e silte, ambas após secagem, foram analisadas na
forma de pó, por DRX.
39
A argila total foi separada em três partes. A primeira foi submetida a saturação com
potássio (KCl), onde foram confeccionadas lâminas de argila orientada (LAO) que após
secas ao ar foram submetidas a aquecimentos de 25°, 100°, 350° e 550° C . A segunda foi
saturada com Mg (MgCl2), e desta foram confeccionadas três LAO, a primeira somente
com Mg, a segunda embebida com glicerol a 5% e terceira foi submetida a uma atmosfera
saturada com etilenoglicol a 65° C. Cada um dos tratamentos foi submetido ao DRX
resultando dele uma curva característica ou difratograma (EMBRAPA, 1997).
A terça parte da argila total foi submetida a tratamento de remoção de matéria
orgânica com H2O2, após a amostra foi seca e finamente moída (EMBRAPA, 1997). A
remoção dos óxidos de ferro foi realizada com solução de citrato-ditionito-bicarbonato de
sódio (EMBRAPA, 1997) após este tratamento. O fracionamento da argila total, em argila
fina e argila grossa, foi baseado na Lei de Stockes, segundo o procedimento de
centrifugação sugerido por JACKSON (1965). Para cada amostra o sedimento foi
ressuspendido por três vezes.
Após o fracionamento, a argila fina e a grossa foram divididas em três partes uma
para saturação com K e aquecimentos, outra para saturação com Mg e a terceira para
saturação com Mg e impregnação com vapor de etilenoglicol, sendo posteriormente
submetidas ao DRX, da mesma forma como os tratamentos anteriomente descritos.
3.4 Interpretações dos Resultados
A classificação dos solos foi baseada no Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos, (EMBRAPA, 1999).
40
A identificação dos minerais foi feita com base nos recursos do software APD
(Automatic Powder Diffraction) e PC Identify (determinado pelo JCPDS Joint Comitte for
Diffraction) da Philips (PDF – Card, 1996). Critérios adicionais de identificação foram
obtidos de Whittig e Allardice (1986) e Brown e Brindley (1980).
41
4.Resultados e Discussão
4.1 Caracterização Geral e Classificação dos Solos das Toposeqüências
O estado de Santa Catarina é recortado por vales, o que propicia a presença de
microclimas distintos, em distâncias horizontais muito pequenas, o que em muitos casos, é
benéfico para o cultivo de espécies com exigências específicas, fato este não possível em
outras regiões do país.
As três toposeqüências selecionadas para estudo dos solos da região das encostas
basálticas objetivaram contemplar uma possível influência de variações climáticas
regionais na diferenciação dos solos com material de origem de mesma formação geológica
(Formação Serra Geral) e unidade geomorfológica (Planaltos Dissecados do Rio Iguaçu e
Uruguai).
Portanto, temos duas toposeqüências descritas e coletadas no Vale do Rio do Peixe,
no meio Oeste catarinense, a primeira em altitudes mais elevadas, em região de clima mais
ameno; a segunda com altitudes medianas (entre 690 e 485 m) e temperaturas não tão
amenas, nem muito quentes. A terceira toposeqüência foi coletada e descrita no extremo
Oeste catarinense, no vale do Rio das Antas, buscando menores altitudes, o que se reflete
num microclima regional mais quente e seco do que os das primeiras toposeqüências.
O basalto é rocha rica em cátions básicos, micronutrientes e possui alto teor de
minerais primários de fácil intemperismo. Assim, presume-se que todos os solos derivados
desta rocha tenderiam a ser potencialmente eutróficos, ricos em bases e com fertilidade
natural alta. Isto nem sempre ocorre, pois os agentes de intemperismo e o grau de atuação
destes, juntamente com grau de evolução do solo, podem determinar que um solo derivado
42
de rocha tão rica, mas submetido aos agentes de intemperismo como água e temperatura,
atuando de forma a gerar temperaturas altas, intenso fluxo lixiviante de bases, drenagem
constante e livre de água no perfil, favorecem a ‘perda’ destas bases, ao longo da formação
do solo, gerando solos ‘pobres’, desde medianamente como os distróficos até aqueles
essencialmente álicos, com reduzida capacidade de troca de cátions (CTC). Portanto
somente a rocha matriz do solo, não garante a potencialidade química do solo.
Em relação às características físicas, o fato do basalto ser formado principalmente
por minerais de fácil intemperismo, como plagioclásios e piroxênios, favorece que solos em
grau mediano a avançado de intemperismo, apresentem baixos conteúdos de areia total,
devido ao intemperismo rápido dos minerais primários mais suscetíveis que formam
argilominerais e óxidos.
4.1.1. Toposeqüência I
Os solos da toposeqüência I foram descritos e coletados entre os municípios de
Luzerna e Água Doce, na região de encostas basálticas, ao longo da SC-452 (Estrada Água
Doce-Luzerna). Foram coletados quatro perfis representativos das principais classes de solo
dominantes.
O clima da região possui temperatura média anual entre 16 e 17oC, máxima de 21 a
22oC e mínima de 11 a 12oC. A precipitação média anual é entre 1000 e 1200mm
distribuídos entre 120 e 130 dias de chuva por ano (SANTA CATARINA, 1986). Na
classificação de Thortwaite corresponde ao tipo Ar’ B2a’, que é clima super úmido com
pequeno déficit de água, mesotérmico com vegetação durante todo o ano. E de acordo com
Köeppen, Cfb, ou seja clima mesotérmico úmido com verões brandos.
43
O perfil 1 foi coletado em topo de elevação, em superfície geomórfica residual, aos
785m de altitude, em torno de 15% de declividade, e o perfil 2 coletado em segundo
patamar de encosta com declividade entre 10-12%, altitude em torno dos 710 m (vide
descrições no Apêndice 1). Estes perfis apresentam alto grau de desenvolvimento
pedogenético, evidenciado pela maior profundidade de seus perfis, em torno dos 200 cm. A
soma de bases é baixa e a saturação por bases também, podendo não suprir plantas
exigentes (Quadros 1 e 2 ). Somente nos horizontes superficiais, onde os teores de matéria
orgânica são altos (7,3 e 4,6%), é que estes perfis possuem um valor de CTC mais alto, em
torno dos 19 e 15 cmolc.kg-1 respectivamente. Estes valores de matéria orgânica são
evidências da influência de clima mais frio e úmido, que favorecem a formação de
goethita, imprimindo aos solos colorações bruno-escuras no primeiro, e bruno-
avermelhadas no segundo perfil. O grau de evolução desses dois solos é elevado, o que
resulta em baixa fertilidade química, relação silte/argila muito baixa, em torno de 0,25 no
primeiro e 0,60 no segundo perfil. Os perfis 1 e 2 apresentam relação textural (gradiente de
argila calculado pela média dos subhorizontes Bs, inclusive BA, em relação à média dos
horizontes superficiais As) baixa, ficando em torno de 1,0 (Quadros 1 e 2); mas a presença
de estruturas em blocos bem desenvolvida, com cerosidade em grau moderado ou forte, os
remete a classificação de Bnítico (EMBRAPA, 1999).
44
Quadro 1: Localização e caracterização morfológ ica, física e química do perfil 1. LOCALIZAÇÃO : Luzerna (S. C.) CLASSIFICAÇÃO : NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
Cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl ------------------------------- % ---------------------------- -- % --
A1 0 – 21 Úmida: 10YR 3/2 0,34 09 33 58 27 0,57 4,40 3,60 7,33 Seca: 10YR 4/3
A2 21 – 45 Úmida: 10YR 3/3 0,39 08 24 68 37 0,35 4,40 3,70 5,28 Seca: 10YR 4/3
A3 45 – 67 Úmida: 7,5YR 3/3 0,57 08 20 72 37 0,28 4,50 3,70 3,05 Seca: 7,5YR 3/4
AB 67 – 86 Úmida: 7,5YR 3/3 1,38 06 18 76 45 0,24 4,60 3,70 2,84 Seca: 7,5YR 4/4
BA 86 – 119 Úmida: 7,5YR 3/4 0,83 06 17 77 05 0,22 4,80 3,90 1,64 Seca: 7,5YR 4/6
B1 119 – 155 Úmida: 7,5YR 4/4 0,33 06 16 78 00 0,20 5,00 4,20 1,74 Seca: 7,5YR 4/6
B2 155 – 200 Úmida: 7,5YR 4/4 0,21 04 16 80 00 0,20 5,13 4,10 0,47 Seca: 7,5YR 4/6
B3 200 – 270+ Úmida: 7,5YR 4/4 0,32 05 20 75 00 0,27 5,20 4,10 0,28 Seca: 7,5YR 5/6
Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1) Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca+Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m
------------------ % ------------- ------------------------------------------- cmolckg-1 ------------------------------- ------ % -------- A1 24,96 28,56 18,42 1,49 3,55 0,24 3,44 15,21 3,82 19,03 20 47 A2 25,44 21,20 17,99 2,04 2,12 0,11 3,53 13,95 2,26 16,21 14 61 A3 26,85 18,53 17,62 2,46 1,52 0,09 3,10 10,17 1,64 11,81 14 65 AB 29,29 22,29 18,72 2,23 1,19 0,09 2,89 8,07 1,30 9,37 14 69 BA 31,66 21,50 19,22 2,50 0,96 0,09 2,81 5,80 1,08 6,88 16 72 B1 31,15 21,33 17,50 2,48 1,10 0,08 0,51 3,44 1,21 4,65 26 30 B2 34,26 23,19 19,54 2,51 0,77 0,06 0,55 3,36 0,86 4,22 20 39 B3 34,17 22,41 19,85 2,59 0,76 0,05 0,60 3,36 0,84 4,20 20 42
45
Quadro 2: Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 2.
LOCALIZAÇÃO : Luzerna (S. C.) CLASSIFICAÇÃO: NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl ------------------------------- % ---------------------------- -- % --
A 0 – 28 Úmida: 5YR 4/4 1,07 07 26 67 30 0,39 4,73 3,80 4,65 Seca: 5YR ¾
BA 28 – 50 Úmida: 5YR 4/4 0,28 05 27 68 02 0,40 4,60 3,70 2,45 Seca: 5YR ¾
B1 50 – 100 Úmida: 4YR ¾ 0,00 05 43 52 00 0,83 4,60 3,60 1,78 Seca: 4YR 4/4
B2 100 – 155 Úmida: 4YR 4/6 0,80 04 28 68 00 0,41 4,72 3,62 0,86 Seca: 4YR 4/4
B3 155 – 190 Úmida: 4YR 4/6 1,20 05 33 62 00 0,53 4,88 3,74 0,48 Seca: 4YR 4/4
BC 190 – 250 Úmida: 4YR 4/6 1,37 04 44 52 00 0,85 4,90 3,63 0,22 Seca: 4YR 5/6
Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1) Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca+Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m
------------------ % ------------- ------------------------------------------- cmolckg-1 ------------------------------- ------ % -------- A 23,64 14,07 14,45 2,85 6,51 0,51 0,98 8,23 7,06 15,29 46 12
BA 4,40 11,64 11,64 0,64 2,20 0,15 2,98 8,15 2,38 10,53 23 56 B1 28,59 19,38 22,46 2,51 1,58 0,09 3,19 7,31 1,69 9,00 19 65 B2 37,88 22,15 19,62 2,91 1,80 0,09 3,06 7,80 1,89 9,69 19 62 B3 36,22 22,23 20,52 2,77 1,36 0,11 4,80 8,15 1,49 9,64 15 76 BC 40,24 22,26 21,04 3,07 1,09 0,12 7,52 10,00 1,20 11,20 11 86
46
Os perfis 1 e 2 foram classificados como NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico
(EMBRAPA, 1999), embora a coloração do segundo seja bruno-avermelhada. Mesmo o
perfil 2 sendo já tipicamente de ‘encosta’ a posição que ocupa na paisagem de segundo
patamar, permitiu um grau de evolução acentuado, similar ao dos perfis do topo, ou de
superfície geomórfica residual.
O perfil 3, situado em terceiro ou quarto patamar de encosta, em altitude de 670m,
com declividade em torno dos 20% (vide descrição no Apêndice 1), possui valor de soma
de bases baixo e pHH2O em torno de 5,0, com intensa presença de pedras na massa do solo
do B (Quadro 3), o que nos permite considerar que apesar da juventude o intemperismo foi
alto, deixando pouco conteúdo de bases e mantendo os cátions de reação ácida no perfil
(hidrogênio e alumínio trocáveis). Situa-se em ‘encosta’ com restrição leve de drenagem,
com teores de matéria orgânica de 3,4%, em área deposicional. Apresenta características
químicas melhores que os perfis anteriores, e possui um relativo grau de juventude
evidenciado pela presença expressiva de pedras na massa do solo (em torno de 35%), com
saturação por bases em torno dos 54%, pHH2O em torno de 5,0; 40% de argila e estrutura
fraca no horizonte B, com CTC a pH 7 de 13,4 cmolc.kg-1 de argila. O menor
desenvolvimento deste perfil é evidenciado pela estrutura fraca, pequena e muito pequena
granular, pouco incremento de argila, CTC mais alta da fração argila (34 cmolc.kg-1) e alto
conteúdo de areia total (38%), o que o habilita como horizonte Bincipiente. O perfil 3 foi
classificado como CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico (EMBRAPA, 1999).
O perfil 4 se encontra mais próximo à calha do Rio do Peixe, em terço médio de
encosta, em torno dos 575 m de altitude e aproximadamente 25% de declividade (vide
descrição no Apêndice 1). Por estar situado em cota mais baixa do relevo e ter condições de
drenagem boas, é predominantemente vermelho, com teor de matéria orgânica baixo, de
47
Quadro 3: Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 3. LOCALIZAÇÃO: Luzerna (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedra
s Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
Cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % --
A 0 – 34 Úmida: 7,5YR 3/3 6,64 33 19 48 13 0,40 4,90 3,80 3,43 Seca: 7,5YR 3/4
Bi 34 - 70/100 Úmida: 7,5YR 3/4 35,53 38 22 40 00 0,55 5,20 4,10 1,62 Seca: 5YR 3/4 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca+ Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m ----------------------- % ---------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % --------
A 27,54 16,27 18,97 2,88 3,17 0,85 2,42 10,25 4,03 14,28 28 38 Bi 19,00 14,49 16,98 2,23 6,77 0,46 0,47 6,22 7,25 13,47 54 6
48
2,8%; esta situação do perfil beneficia-se de condições climáticas mais quentes, pela
atuação da área de influência do microclima proporcionado pela proximidade do rio (fundo
do vale), com profundidade de 160 cm. Possui grau de evolução elevada, parece ter sido
submetido a um intemperismo e lixiviação em grau um pouco mais leve que o perfil 3, pois
mantém um pouco mais de bases, em torno dos 7 cmolc.kg-1, e o teor de cátions de reação
ácida (H++Al+++) é a metade do perfil 3, conseguindo manter uma saturação por bases
superior a 50% (Quadro 4), sendo considerado um perfil eutrófico, mesmo com saturação
por alumínio próxima a permitir prejuízos, ou mesmo dano às plantas, 15 % abaixo dos 78
cm encontrado no perfil.
O perfil 4 semelhante aos perfis 1 e 2, apresenta relação textural baixa, ficando em
torno de 1,2; apresentando estrutura em blocos bem desenvolvida e cerosidade em grau
comum no horizonte B, foi identificado como Bnítico (EMBRAPA, 1999), sendo
classificado como NITOSSOLO VERMELHO Eutrófico típico (EMBRAPA, 1999).
Os perfis desta toposeqüência, apesar de alguns serem eutróficos, apresentam reação
ácida, pHH2O e pHKCl abaixo de 5,5. No perfil 1, a saturação por alumínio é alta em todos
os horizontes, havendo prejuízo às plantas. Também no horizonte superficial dos perfis 2 e
3, o alumínio trocável disponível pode causar desde prejuízos à danos às plantas. Os teores
de matéria orgânica, decrescem do topo (perfil 1) para o fundo do vale (perfil 4),
acompanhando o decréscimo de altitude.
Em relação à contribuição individual do carbono e de argila para a CTC dos solos,
usando o método de Bennema (1966), as equações demonstraram que para o perfil 1, solo
bem desenvolvido, a argila contribui com apenas 3,9 cmolc.kg-1 (r2=0,97), já cada 1% de
carbono contribui com 4,1 cmolc.kg-1. Os perfis 2 e 4 apresentam uma contribuição maior
49
Quadro 4. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 4.
LOCALIZAÇÃO: Luzerna (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: NITOSSOLO VERMELHO Eutrófico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
Cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A 0 – 30 Úmida: 3,5YR 3/4 6,71 21 37 42 23 0,88 5,40 4,60 2,79 Seca 3,5YR4/6
AB 30 – 78 Úmida: 2,5YR3/6 23,19 19 36 45 00 0,80 5,50 4,80 1,55 Seca 2,5YR4/6
Bt 78 – 160 Úmida: 2,5YR4/6 3,77 08 40 52 00 0,77 5,38 4,00 0,59 Seca 2,5YR4/7
BC 160 - 195 Úmida: 2,5YR3/6 5,52 10 47 43 00 1,09 5,52 4,01 0,28 Seca: 2,5YR4/6 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca+ Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m ----------------------- % ---------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % --------
A 22,06 14,70 19,47 2,55 7,93 0,16 0,21 3,86 8,10 11,96 68 3 AB 25,12 16,57 19,46 2,58 6,23 0,11 0,09 2,44 6,35 8,79 72 1 Bt 28,81 21,58 14,38 2,27 4,90 0,08 0,85 3,53 5,00 8,53 59 15 BC 30,77 22,11 16,49 2,37 5,01 0,08 0,89 4,28 5,11 9,39 54 15
50
da argila com 13 cmolc.kg-1, e a unidade de carbono com menos que o perfil 1, 2,2
cmolc.kg-1(r2=0,83) para o perfil 2 e 3,8 cmolc.kg-1(r2=1) para o perfil 4. Isto implica que
deve haver diferenças na composição mineralógica dos solos, que influem na CTC. No que
diz respeito a matéria orgânica, ela influi consideravelmente na CTC e varia de acordo com
sua composição.
A toposeqüência I é a que apresenta os solos com maior grau de intemperismo , seu
relevo é representado por vales, com patamares extensos, evidenciando prováveis eventos
cíclicos de variação de clima (secas e chuvas torrenciais), e onde os fluxos lixiviantes
devem ter sido intensos, restando pouca reserva química no topo, e um pouco mais de
bases no fundo dos vales, que provavelmente podem ter sido carreados dos perfis
superiores pelos eventos de transporte de material. O clima mais ameno (temperaturas mais
baixas) e muito úmido, permitiu a formação de solos bem desenvolvidos (à excessão do
perfil 3, que está em grau de desenvolvimento um pouco inferior aos demais), todos com
fertilidade baixa ou mediana , teores de matéria orgânica relativamente altos, mas boas
condições físicas.
4.1.2. Toposeqüência II
Os solos da toposeqüência II foram descritos e coletados no Vale do Rio do Peixe,
próximo a cidade de Piratuba, ao longo da SC – 462, na estrada que liga Ipira a Peritiba.
O clima do vale da toposeqüência II possui temperatura média anual entre 18 e
19oC, máxima de 22 a 23oC e mínima de 14 a 15oC. A precipitação total é maior que
2400mm distribuídos entre 100 e 110 dias de chuva por ano (SANTA CATARINA, 1986).
Na classificação de Thortwaite corresponde ao tipo B4r’ B2a’, que é clima úmido com
51
pequeno déficit de água, mesotérmico com vegetação durante todo o ano. E de acordo com
Köeppen, Cfa ou seja clima mesotérmico úmido com verões quentes.
O perfil 5, localiza-se em topo de elevação relativamente extenso, com 690m de
altitude, declividade em torno dos 10%, com desenvolvimento pedogenético não muito
avançado, evidenciado pela profundidade do perfil de 150 cm (vide descrição no Apêndice
2), e pequeno conteúdo de areia total; situa-se em superfície geomórfica residual. Possui
matéria orgânica em torno dos 5,0%, o que escurece o horizonte superficial, num tom
bruno escuro; já os horizontes subsuperficiais são bruno avermelhados, provavelmente pela
influência de um clima relativamente mais quente do que os perfis 1 e 2 da toposeqüência
I, os quais situam-se em cota topográfica ligeiramente superior. Apresenta boas
características químicas , com pHH2O de 5,8, saturação por bases em torno dos 80%, pouco
alumínio trocável e CTC (capacidade de troca de cátions) a pH 7,0 em torno de 15
cmolc.kg-1 (Quadro 5). Solo com textura argilosa, relação textural de 1,52, indicando
migração de argila, do horizonte A para o B, expressa também através de cerosidade
moderada e comum na face dos agregados, o que permite classificar o horizonte
subsuperficial em Bnítico (EMBRAPA, 1999). O perfil 5 é classificado como
NITOSSOLO VERMELHO Eutróférrico típico (EMBRAPA, 1999).
O perfil 6, situado em área de ‘encosta’ propriamente dita, em terço médio, mais
precisamente, está em altitude de 585 m, e possui 150 cm de profundidade. Solo com grau
de evolução não muito avançado, e com boas características químicas , pHH2O em torno de
6,0, saturação de bases alta (88%) e ausência de alumínio trocável, com CTC alta, em
torno dos 23 cmolc.kg-1 (Quadro 6). Evidência de contribuição de material coluvial, tanto
52
Quadro 5. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 5.
LOCALIZAÇÃO:Ipira (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A 0 – 30 Úmida: 7,5YR 3/3 4,90 17 46 37 30 1,24 5,90 5,00 5,14 Seca 7,5YR3/4
BA 30 – 43 Úmida: 5YR3/3 10,18 11 32 57 30 0,56 5,80 5,10 2,14 Seca 5YR4/4
Bt1 43 – 75 Úmida: 2,5YR2,5/4 0,21 03 42 55 00 0,76 5,80 5,00 1,48 Seca 2,5YR3/6
Bt2 75 - 150 Úmida: 2,5YR2,5/4 0,05 03 40 57 00 0,70 5,40 3,80 0,79 Seca: 2,5YR3/6
BC 150 - 190 Úmida: 2,5YR2,5/3 0,0 03 50 47 00 1,06 5,40 3,85 0,52 Seca: 2,5YR3/6 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m ----------------------- % ---------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % -----
-- A 16,06 13,27 20,96 2,06 11,89 2,87 0,55 0,0 3,95 15,31 19,26 79 0
BA 22,66 15,81 20,11 2,44 8,22 2,63 0,30 0,13 2,77 11,16 13,93 80 1 Bt1 37,06 23,05 19,54 2,73 8,92 4,13 0,17 0,09 2,02 13,24 15,26 87 1 Bt2 37,53 24,09 20,29 2,65 5,18 3,50 0,13 2,38 5,38 8,81 14,19 62 21 BC 37,23 23,93 20,57 2,65 4,68 3,45 0,13 2,21 5,12 8,29 13,41 62 21
53
na presença de linhas de pedra entre os horizontes BA e 2Bt1, quanto com a alta presença
de pedras na massa do solo, em diferentes proporções, em todos os horizontes, além da
oscilação dos teores de Fe2O3 do ataque sulfúrico em torno de 20 e 17%. Solo com relação
textural em torno de 2,0 (confirmando a ocorrência de argiluviação), o que aliado as demais
características do horizonte diagnóstico subsuperficial permite enquadrá-lo em Btextural e
classificar o perfil como CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico típico (EMBRAPA,
1999).
O perfil 7, situado na base de encosta, altitude em torno dos 550m, com
aproximadamente 25-30% de declividade, apresenta profundidade em torno dos 110 cm
(vide descrição no Apêndice 2). Solo com presença de duas linhas de pedra distintas, a
primeira entre o horizonte A e 2AB e a outra entre o horizonte 2AB e 3 Bt, confirmando a
posição do perfil no relevo em área de forte influência deposicional; apresenta alto teor de
matéria orgânica (5,6%) e ótimas características químicas, com pHH2O alto (6,3), saturação
por bases alta (em torno de 93%) e CTC a pH 7,0 em torno de 20 cmolc.kg-1 no perfil
(Quadro 7). O que limita, e muito o desenvolvimento de plantas cultivadas neste solo é a
condição física do excesso de pedras no perfil, visto que as características químicas são
ótimas, inclusive com ausência de alumínio. Possui gradiente textural alto (1,8), cerosidade
comum e moderada no horizonte B o que permite enquadrá-lo como Btextural
(EMBRAPA, 1999). O perfil 7 é classificado como ARGISSOLO AMARELO Eutrófico
típico (EMBRAPA, 1999).
O perfil 8, situado a 485m de altitude, em posição no relevo de terço inferior de
‘encosta’, e declividade em torno de 35% (vide descrição no Apêndice 2), localiza-se onde
a perda de material é maior que a contribuição coluvial, permitindo a formação de um perfil
54
Quadro 6. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 6.
LOCALIZAÇÃO: Ipira (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A 0 – 28 Úmida: 5YR 3/3 20,36 33 44 23 07 1,91 6,00 5,20 3,15 Seca 5YR4/4
BA 28 – 50 Úmida: 2,5YR2,5/4 40,71 24 40 36 17 1,11 6,10 5,00 0,85 Seca 5YR4/4
2Bt1 50 – 80 Úmida: 3,5YR3/6 16,36 07 40 53 18 0,75 6,10 5,00 1,17 Seca 3,5YR4/6
2Bt2 75 - 150 Úmida: 3,5YR3/6 12,67 07 43 50 00 0,86 5,40 4,40 0,46 Seca: 3,5YR4/6 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m ----------------------- % ---------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % -----
-- A 27,61 14,96 20,61 3,14 17,16 4,86 1,09 0,00 3,86 23,14 27,00 86 0
BA 29,87 17,55 16,28 2,89 13,90 5,70 0,27 0,09 2,60 19,91 22,51 88 0 2Bt1 39,96 22,22 17,71 2,83 11,77 7,80 0,16 0,04 1,68 19,78 21,46 92 0 2Bt2 36,49 22,41 16,47 2,77 8,36 9,19 0,15 0,17 2,86 17,80 20,66 86 1
55
Quadro 7. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 7.
LOCALIZAÇÃO:Ipira (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
Cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A 0 – 25/30 Úmida: 7,5YR 3/3 17,40 25 42 33 13 1,27 6,30 5,60 5,59 Seca 7,5YR3/4
2BA 25/30 – 50/60 Úmida: 5YR3/3 41,57 31 06 63 17 0,00 6,50 5,40 1,67 Seca 5YR4/4
3Bt 50/60– 112+ Úmida: 2,5YR2,5/4 19,86 09 33 58 00 0,57 6,60 5,70 0,69 Seca 2,5YR3/6 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m ----------------------- % ---------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % -----
-- A 24,44 14,08 22,17 2,95 15,24 5,16 1,05 0,09 1,93 21,44 23,37 92 0
2AB 24,59 17,04 20,21 2,45 13,20 3,47 0,18 0,04 1,68 16,89 18,57 91 0 3Bt 30,63 21,10 21,10 2,47 8,87 4,61 0,17 0,00 0,92 13,69 14,61 94 0
56
raso, com grau de evolução incipiente, ou seja muito jovem, pois possui apenas
horizonte superficial A, profundidade de 25 cm, 58% de silte. Como características
químicas, a matéria orgânica é de 3,2%, CTC de 23 cmolc.kg-1 e saturação por bases de
83% e por alumínio nula (Quadro 8). O perfil 8, em situação de relevo de fundo do vale é
classificado como NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico chernossólico (EMBRAPA, 1999).
Na toposeqüência II, a contribuição individual do carbono e argila para a CTC dos
solos (BENNEMA, 1966), também foi avaliada, e houve grande variação nos resultados,
provavelmente porque o grau de evolução em que estes solos se encontram seja
intermediário. As equações resultantes indicaram para os perfis 5, 6 e 7 a contribuição de
argila de 18,5 cmolc.kg-1, 36,7 cmolc.kg-1 e 21,8 cmolc.kg-1, respectivamente e a
contribuição unitária do carbono foi de 4,1 cmolc.kg-1(r2=0,96), 10,2cmolc.kg-1(r2=0,94) e
5,0 cmolc.kg-1(r2=1). Pela variabilidade na atividade da fração argila podemos supor
variações na mineralogia da fração argila destes solos.
A toposeqüência II é mais fértil que a primeira, possui um grau de intemperismo
mediano, o vale em que esta se encontra é mais fechado, formando patamares estreitos o
que favorece a intensa atividade coluvial encontrada em todo o vale e exemplificada nos
perfis 7 e 8. Estes solos possuem muitas pedras na massa do solo, o que não permitiria a
exploração agrícola, principalmente no relevo forte ondulado, onde se encontram, mesmo
tendo apresentado condições químicas favoráveis. A limitação do perfil 8 é a incipiência da
formação, principalmente pela pequena profundidade do perfil, que não permite o
armazenamento de água por períodos curtos de estiagem, outro fator muito importante é a
alta declividade onde este solo se encontra que inviabiliza o cultivo.
57
Quadro 8. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 8.
LOCALIZAÇÃO:Ipira (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico chernossólico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A 0 – 20/25 Úmida: 7,5YR 3/3 8,50 14 58 28 13 2,07 5,50 4,40 3,28 Seca 7,5YR3/4 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki Ca Mg K Al H+Al S CTC pH 7,0 V m ----------------------- % ---------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % -----
-- A 26,74 17,21 30,45 2,64 13,75 4,93 0,44 0,09 4,03 19,15 23,18 83 0
58
4.1.3. Toposeqüência III
Os solos da toposeqüência III foram descritos e coletados no extremo oeste
catarinense, no Vale do Rio das Antas. Os perfis desta toposeqüência foram descritas no
sentido vale→topo, ao contrário das anteriores, e coletados ao longo de uma estrada vicinal
no município de Descanso – SC , na localidade de Ervalzinho, a excessão do perfil 13, o
qual foi coletado na BR 386, no entroncamento.
O clima da área coletada possui temperatura média anual entre 19 e 20oC, máxima
de 22 a 23oC e mínima de 13 a 14oC. A precipitação total é de 2000-2200mm distribuídos
entre 90 e 100 dias de chuva por ano. Classificação de Thortwaite Ar’ B3a’, que é Clima
super úmido com pequeno déficit de água, mesotérmico com vegetação durante todo o ano.
E de acordo com Köeppen, Cfa ou seja clima mesotérmico úmido com verões quentes
(SANTA CATARINA, 1986).
O perfil 9, foi coletado e descrito no fundo do vale, próximo ao rio, com declividade
por volta dos 10 % e altitude de 440m (vide descrições no Apêndice 3). Este solo, foi
desenvolvido em clima mais quente, com 4% de matéria orgânica no horizonte superficial,
e tons bruno avermelhados, possui pHH2O em torno de 5,0, com pouco alumínio trocável,
CTC em torno dos 12 cmolc.kg-1, saturação por bases em torno dos 67%. Solo pouco
evoluído, com alto teor de areia, em torno dos 22% (Quadro 9). O horizonte subsuperficial
é Bincipiente, e o perfil classificado como CAMBISSOLO HÁPLICO Eutroférrico típico
(EMBRAPA, 1999).
O perfil 10, localizado em primeiro patamar de ‘encosta’ do vale para o topo, em
59
Quadro 9. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 9.
LOCALIZAÇÃO: Descanso (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: CAMBISSOLO HÁPLICO Eutroférrico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A1 0 – 25 Úmida: 5YR 3/4 3,58 27 23 50 33 0,46 4,98 4,25 4,07 Seca 5YR 4/4
A2 25 – 42 Úmida: 5YR 3/4 3,57 24 24 52 42 0,46 4,99 4,17 2,55 Seca 5YR 4/4
AB 42 – 60 Úmida: 5YR 4/4 13,32 22 21 57 43 0,37 4,90 4,03 2,22 Seca: 5YR 4/6
BA 60 – 72 Úmida: 5YR 4/4 32,43 20 20 60 03 0,33 5,32 3,91 1,84 Seca 5YR 4/6
B 72 – 92/97 Úmida: 5YR 4/4 17,69 20 22 58 08 0,38 4,88 3,74 1,45 Seca: 5YR 4/6 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki K Ca Mg Na Al H+Al S CTC pH 7,0 V m -------------------- % -----------------
-- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % ------
- A1 19,91 13,86 25,94 2,44 1,43 6,55 1,60 0,98 0,09 4,78 10,65 15,34 69 1 A2 21,22 15,59 26,17 2,31 0,96 5,85 0,85 1,06 0,09 3,99 8,81 12,71 69 1 AB 22,46 17,09 27,56 2,23 0,77 4,90 0,69 0,86 0,14 3,70 7,36 10,92 67 2 BA 24,64 20,10 25,88 2,08 0,75 4,95 0,94 0,83 0,24 4,67 7,71 12,14 63 3 B 20,38 23,18 25,92 1,49 0,87 4,55 0,97 0,80 0,43 4,73 7,61 11,92 64 5
60
superfície geomórfica residual, em altitude de 480 m (vide descrições no Apêndice 3).
Possui boas características químicas, pHH2O por volta do 5,6, 3% de matéria orgânica no
horizonte superficial, saturação por bases em torno de 93% e CTC entre 30 e 40 cmolc.kg-1
no horizonte B, e 27% de pedras na massa do solo no BA, além de possuir uma variação
nos teores de ferro do ataque sulfúrico (Quadro 10). O horizonte subsuperficial possui
estrurura em blocos bem desenvolvida e cerosidade moderada e forte, e argila de atividade
alta (mais de 80 cmolc.kg-1) assim podemos classificá-los como Bnítico, e o perfil como
CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico típico (EMBRAPA, 1999).
O perfil 11, situado em terço médio de encosta , com 35% de declividade e altitude
de 510 m (vide descrições no Apêndice 3), possui fertilidade muito alta, pHH2O 6,2, matéria
orgânica de 5% no horizonte superficial, saturação por bases em torno de 93%, CTC por
volta de 30 cmolc.kg-1, e ausênciade alumínio trocável, atividade de argila muito alta, de 82
cmolc.kg-1e até 68% de pedras na massa do solo (Quadro 11). O horizonte subsuperficial é
Bincipiente e o perfil classificado como CHERNOSSOLO HÁPLICO Férrico típico
(EMBRAPA, 1999).
O perfil 12 foi descrito no topo do vale, com 10% de declividade, em superfície
geomórfica residual, em altitude de 580 m (vide descrições no Apêndice3). Possui
fertilidade natural alta, pHH2O em torno de 5,7 até 50 cm e de 5,0 até os 200 cm, matéria
orgânica de 4,5% no horizonte superficial, saturação por bases em torno de 88% até os 50
cm e 77% até os 200cm, CTC próximo a 15 e 11 cmolc.kg-1 respectivamente (Quadro
12).Os valores de óxido de ferro do ataque sulfúrico justificam estas diferenças, sendo em
61
Quadro 10. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 10.
LOCALIZAÇÃO: Descanso (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A1 0 – 12 Úmida: 5YR 3/3 6,19 22 36 42 28 0,86 5,64 4,91 2,99 Seca 5YR 4/3
A2 12 – 32 Úmida: 5YR 3/3 8,19 21 39 40 33 0,97 5,66 4,80 2,74 Seca 5YR 4/3
AB 32 – 42 Úmida: 5YR 3/3 46,66 24 39 37 30 1,05 5,82 4,74 1,37 Seca: 5YR 4/3
BA 42 – 53/60 Úmida: 5YR 3/4 27,40 25 35 40 30 0,87 5,81 4,59 0,97 Seca 5YR 4/3
Bt 53/60 – 84/90 Úmida: 2,5YR 2,5/4 12,41 18 35 47 10 0,74 5,63 4,30 0,88 Seca: 2,5YR 3/4
Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki K Ca Mg Na Al H+Al S CTC pH 7,0 V m -------------------- % ------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % -----
-- A 16,38 11,41 32,19 2,44 2,83 11,15 3,03 0,96 0,06 2,21 18,03 20,18 90 0
A2 18,66 13,33 40,87 2,38 1,30 11,65 2,61 1,11 0,85 2,86 17,52 19,53 90 5 AB 22,85 13,86 28,99 2,80 1,48 16,30 4,49 1,21 0,22 2,01 23,70 25,49 93 1 BA 25,71 15,27 22,76 2,86 1,70 18,00 6,92 1,49 0,65 2,09 28,76 30,20 95 2 Bt 30,91 18,04 19,26 2,91 2,18 24,15 11,81 1,61 0,62 2,07 40,37 41,82 97 1
62
Quadro 11. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 11.
LOCALIZAÇÃO: Descanso (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: CHERNOSSOLO HÁPLICO Férrico típico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A 0 – 34 Úmida: 5YR 3/4 50,83 32 37 31 27 0,84 6,04 4,92 5,36 Seca 5YR 4/4
AB 34 – 70 Úmida: 5YR 3/4 59,96 33 35 32 30 0,91 6,32 5,00 2,45 Seca 5YR 4/4
B 70 – 100+ Úmida: 5 YR 4/6 68,85 30 33 37 27 0,63 6,24 4,90 1,45 Seca 5YR 4/6 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki K Ca Mg Na Al H+Al S CTC pH 7,0 V m -------------------- % ------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- ------- % -----
A 21,68 15,88 25,39 2,32 3,57 18,00 2,21 0,73 0,11 2,63 24,62 27,14 91 0 AB 25,96 16,48 22,98 2,68 2,66 23,45 3,61 1,21 0,25 2,04 31,18 32,97 94 1 B 27,18 15,87 22,63 2,91 4,11 18,30 5,09 0,86 0,37 2,01 28,73 30,37 95 6
61
torno de 25% até os 50 cm e 23% até 200cm. Solo com grau de evolução pouco avançado
(EMBRAPA, 1999) denotando uma temperatura de formação mais elevada, e drenagem
livre de água, pela coloração bruno avermelhado escuro, predominante no perfil. O
horizonte B com cerosidade moderada e forte, atende as qualificações para Bnítico e o perfil
para NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico (EMBRAPA, 1999).
As equações de regressão feitas com base nas contribuições da fração mineral e do
carbono segundo Bennema (1966), demonstraram que a contribuição do carbono é tanto
menor quando mais jovem é o solo. Com valores de 14 cmolc.kg-1 (r2=0,89), 96cmolc.kg-1
(r2=0,96) e 9,7 cmolc.kg-1 (r2=0,97) para contribuição da fração mineral para os perfis 9, 10
e 12, respectivamente e contribuição unitária de carbono de 3,5cmolc.kg-1, 12,2 cmolc.kg-1
e 5,0cmolc.kg-1.
Toda a toposeqüência é fértil. Há problemas relação às pedras, e com a declividade
do relevo, o que impossibilitaria o uso dos solos com culturas anuais, nos perfis 10 e 11. O
vale é aberto, com pendentes medianas, e declividade acentuada nestas pendentes entre 10 e
30%. O grau de intemperismo é um mediano nestes perfis, o que garante a fertilidade alta
destes solos, possivelmente relacionados com menores taxas de percolação vertical de água
nos perfis, o que pode explicar a alta permanência de bases, e presença de argilominerais
2:1 (o que será discutido nas propriedades mineralógicas) em alguns perfis.
Quadro 12. Localização e caracterização morfológica, física e química do perfil 12.
LOCALIZAÇÃO: Descanso (S. C.). CLASSIFICAÇÃO: NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico.
GRANULOMETRIA Horiz. Prof. Cor Pedras Areia Silte Argila Argila dis- Relação pH pH M. O.
cm persa H2O Silte/Argila H2O KCl -------------------------------------- % --------------------------------- --- % ---
A1 0 – 21 Úmida: 7,5YR 3/4 1,22 18 27 55 48 0,49 5,71 4,92 4,51 Seca 7,5YR 3/3
A2 21 – 35 Úmida: 5YR 3/3 0,06 15 28 57 47 0,49 5,83 5,00 3,35 Seca 5YR 4/4
BA 35 – 50 Úmida: 2,5YR 2,5/4 0,01 11 20 69 13 0,29 5,65 4,90 2,12 Seca: 5YR 3/4
B1 50 – 84 Úmida: 5YR 3/4 0,04 09 16 75 23 0,21 5,04 4,24 1,60 Seca 5YR 3/3
B2 84 – 150 Úmida: 5YR 4/4 4,09 07 15 78 13 0,19 5,00 4,05 1,38 Seca 5YR 4/6
B3 150 – 200+ Úmida: 5YR 3/4 3,19 06 21 73 08 0,29 5,07 3,97 0,84 Seca 5YR 4/4 Ataque Sulfúrico (H2SO4 1:1)
Horiz. SiO2 Al2O3 Fe2O3 Ki K Ca Mg Na Al H+Al S CTC pH 7,0 V m -------------------- % ------------------- ------------------------------------ cmolckg-1 ---------------------------- --------- % -----
-- A1 20,28 14,07 25,95 2,45 1,81 9,65 3,55 0,75 0,14 1,70 15,90 17,46 91 1 A2 20,26 12,78 25,70 2,69 1,02 9,45 2,94 0,74 0,17 2,29 14,32 16,44 87 1 BA 22,85 18,26 26,35 2,13 0,88 7,30 2,11 0,77 0,08 1,95 11,14 13,01 86 1 B1 26,25 16,97 21,49 2,63 0,88 6,30 1,49 0,77 0,34 3,11 9,78 12,55 78 3 B2 27,81 22,62 24,79 2,09 0,75 4,85 1,22 0,59 0,91 3,54 8,32 10,95 76 10 B3 26,82 21,07 24,82 2,16 0,82 3,85 1,11 0,72 1,22 2,55 7,72 9,05 85 14
63
4.2. Mineralogia
4.2.1. Rochas
Nas rochas basálticas podemos encontrar, principalmente plagioclásios cálcicos,
como a augita, a pigeonita e a labradorita; feldspatos potássicos; piroxênios; olivinas, e
micas do tipo biotita. Em alguns casos mica do tipo muscovita e o quartzo; também
presentes, mas não de forma regular, concreções de calcedônia, apatitas, calcitas, e zeolitas
(ERNEST, 1996; KIRSCH, 1972; POTSCH, [194-]). As concreções se formam na fase
final de um derrame, onde o magma apresenta-se geralmente mais denso, quando resfria
mais lentamente e pode manter bolsões de ar que originam geodos, que podem conter
calcedônia, apatita, calcita, zeolita ou quartzo (ametista) (LEINZ e AMARAL, 1975;
UBERTI, 1981).
a) Toposeqüência I
Todas as rochas desta toposeqüência apresentaram características similares, em
relação aos minerais presentes. O difratograma do pó do núcleo do basalto presente na
porção inferior do perfil encontra-se na Figura 3 .
64
Figura 3: Difratograma do pó do núcleo da rocha, aparentemente inalterada do perfil 3.
Observa-se a presença de piroxênios do tipo pigeonita (2,90 Ǻ-100%, 3,2 Ǻ-80%;
(PDF – Card, 1996)) e também de composição similar a augita, provavelmente mais
aluminosa. Ficou caracterizada a presença de plagioclásios com composição intermediária
entre a albita (sódica) e anortita (cálcica), com mais albita que anortita, indicada pelos picos
4,02Ǻ (80%); 3,74Ǻ (80%); 3,63Ǻ (70%); 3,20Ǻ (100%); 3,17Ǻ (80%); 3,13Ǻ (70%);
3,01Ǻ (60%); 2,94Ǻ (70%); 2,57Ǻ (60%); 2,52Ǻ (70%) (PDF – Card, 1996).
Parece, portanto, que as características da rocha subjacente aos perfis indicados não
diferem ao longo da toposeqüência, embora isto não exclua a possibilidade de que os solos
possam ter tido contribuição de materiais oriundos de magma de composição diferente,
uma vez que a presença de linhas de pedras é indicativa de contribuição de material
retrabalhado.
As crostas externas de alteração destas rochas também foram analisadas, sendo um
destes difratogramas apresentados na Figuras 4, para o perfil 4. As amostras são
constituídas essencialmente de caulinita, indicada pelos picos a 7,3 Ǻ bem como outros
65
secundários (3,59 e 2,4 Ǻ, por exemplo), e óxidos de ferro como indicado pelos reflexos a
5,9Ǻ - 10%; 2,9Ǻ – 40%; e 2,5Ǻ – 100% da maghemita (PDF – Card, 1996) e nos reflexos
a 3,68Ǻ – 30%; 2,69Ǻ – 100%; 2,51Ǻ – 60% da hematita (PDF – Card, 1996). Pequenos
reflexos a 4,03 e 3,02 Å em algumas amostras (Perfis 4 e 5) indicam também baixa
quantidade de minerais primários como os plagioclásios e piroxênios , minerais essenciais
do basalto.
Figura 4: Difratograma do pó da crosta da rocha alterada do perfil 3.
Tais componentes da crosta, com pequena quantidade de minerais primários
facilmente intemperizáveis indicam que o intemperismo dos plagioclásios e piroxênios
ocorre muito rápido, constatando-se que o ambiente de lixiviação atual é suficientemente
intenso para remover a maior parte das bases e de sílica do perfil, mantendo apenas a sílica
suficiente para formar argilominerais do tipo 1:1 (MELFI e PEDRO, 1977). Praticamente
nenhum argilomineral 2:1 foi formado, o que contribui ainda mais para que as bases sejam
removidas do perfil. Este ambiente de drástica lixiviação permite que, se formados
argilominerais 2:1, estes sofram intensa intercalação com polímeros de alumínio, o que
reduz muito a superfície de troca (capacidade de troca de cátions – CTC) do argilomineral,;
66
fazendo com que a CTC ativa da partícula esteja localizada principalmente na superfície
externa e arestas quebradas dos argilominerais.
b) Toposeqüência II
Esta toposeqüência possui evidências claras de presença de materiais coluviais
principalmente nos perfis 7 e 8, onde há presença de linhas de pedras. O material coluvial
pedregoso presente possui composição semelhante ao das rochas matrizes dos solos (dados
não mostrados).
Figura 5: Difratograma do pó do núcleo da rocha, aparentemente inalterada do perfil 6. Nos difratogramas do núcleo das rochas dos perfis 6 e 7 (Figuras 5 e 6) constata-se
a presença de plagioclásios e piroxênios, minerais essenciais do basalto, semelhante às
rochas da toposeqüência I. A anortita (intermediária, com reflexos a 4,03Ǻ - 40% , 3,72Ǻ-
70%, 3,24Ǻ-40%*, 3,20Ǻ-100%; e ordenada, 4,03Ǻ-80%, 3,64Ǻ-70%, 3,17Ǻ-90%*) (PDF
– Card, 1996) é o principal plagioclásio presente, seguido da albita em menor proporção
(desordenada, reflexos a 4,03Ǻ-80%, 3,14Ǻ-70%, 2,52Ǻ-70%; e ordenada 3,20Ǻ-70%,
3,17Ǻ-100%, 3,14Ǻ-10%)(PDF – Card, 1996). A augita é o principal piroxênio presente
(bruna, com reflexos a 3,22Ǻ-20%, 2,95Ǻ - 50%, 2,53Ǻ-80%* (PDF – Card, 1996) ; e
67
aluminosa, com reflexos a 3,22Ǻ-70%, 2,99Ǻ-100%, 2,94Ǻ-63%, 2,51Ǻ-50% (PDF –
Card, 1996)), seguido da pigeonita (com reflexos a 3,21Ǻ-80%, 3,02Å-100%, 2,90-100%,
1,63Ǻ - 60%, 1,49Ǻ-60% *, 1,39Ǻ-60%*). Temos também presente na rocha o quartzo
com reflexos a 4,26Ǻ-20%* 3,33Ǻ- 100%*, 2,28Ǻ-10%* (PDF – Card, 1996). (Os
‘asteriscos indicam reflexos que não se apresentam sozinhos, e sim com contribuição de
mais de um mineral presente). O reflexo a 16,24Å e 15,26 Å das Figuras 5 e 6, parece
indicar alguma formação de esmectitas, a partir do intemperismo do basalto nos dois casos.
Figura 6: Difratograma do pó do núcleo da rocha aparentemente inalterada do perfil 7.
Os difratogramas das Figuras 7 e 8, representam o pó da camada externa de
alteração do basalto dos perfis 6 e 7, nas quais são constatados ainda alguns reflexos de
plagioclásios e piroxênios . A caulinita (reflexos a 7,3; 3,6 e 2,4 Ǻ), e os óxidos de ferro
(maghemita, hematita e goethita), também estão presentes, como produtos de
intemperismo, e pelos teores relativos, indicam ambiente atual de alta lixiviação, o que
mantém pouca quantidade de bases, tornando pouco provável a formação de argilominerais
2:1 nesse ambiente (MELFI e PEDRO, 1977).
68
Figura 7: Difratograma do pó da crosta da rocha alterada do perfil 6.
Figura 8: Difratograma do pó da crosta da rocha alterada do perfil 7.
Comparando o pó da crosta das rochas podemos dizer que a rocha do perfil 6
(Figura 7), sofre um intemperismo drástico, praticamente não mantendo minerais primários,
e sua decomposição dá origem diretamente a caulinita neoformada, indicando alto grau de
alteração (MELFI e PEDRO, 1977). Ao contrário, o perfil 7 (Figura 8), está em ambiente
com menor grau de intemperismo, pois ainda restam reflexos de minerais primários em
grande quantidade, além da formação de argilominerais 2:1 estar sendo possível (reflexo a
14,87 Å); é visível também a presença do quartzo (reflexos a 4,26Å; 3,33Å e 2,28Å).
69
Com base nesses resultados, constata-se que as rochas possuem certa reserva
potencial de nutrientes a longo prazo, como os plagioclásios do tipo anortita fornecendo
cálcio e a augita fornecendo cálcio e magnésio para o solo. No entanto, o ambiente úmido e
de fluxo livre favorece a rápida decomposição dos minerais presentes na rocha e a intensa
lixiviação das bases e do silício liberado nessas reações, criando condições propícias aos
processos de monossiliatização, com formação de caulinitas (MELFI e PEDRO, 1977).
4.2.2. Areia e Silte
Nas três toposeqüências estudadas, observou-se quantidades muito baixas de
minerais primários facilmente inteperizáveis nas frações grosseiras, mesmo nos perfis com
menor grau de evolução. Quando detectados por DRX, suas quantidades foram sempre
mais altas na fração silte conforme demonstraram os resultados a seguir, para algumas
amostras selecionadas de duas toposeqüências.
a) Toposeqüência I
O difratograma da areia (Figura 9) permite identificar caulinita (reflexos a 7,2 Ǻ,
3,5Å e 2,46Å), quartzo (reflexos a 4,24Å e 3,34Å), óxidos de ferro (goethita e hematita) e
óxido de alumínio (gibbsita). A caulinita na areia deve-se a presença de fragmentos de
basalto fortemente intemperizados nesta fração.
70
Figura 9: Difratogramas do perfil 3, horizonte B2, amostras de silte (superior) e areia (inferior).
No silte, além dos citados minerais constata-se ainda a presença de minerais
primários facilmente intemperizáveis do grupo dos plagioclásios e piroxênios em
quantidades consideráveis, o que pode se constituir uma reserva natural do solo que
poderá ser gradativamente liberada pelo processo de intemperização, contribuindo para a
nutrição de plantas que vegetem sobre este substrato, semelhante ao que descreveu Ugolini
et al. (1996), indicando que fragmentos grosseiros de solos não são quimicamente inertes.
b) Toposeqüência II
Na fração areia não há indicativos da presença de minerais primários facilmente
intemperizáveis. Constata-se a ocorrência do quartzo (4,24Å; 3,34Å e 2,28Å) em maior
proporção, seguido da caulinita (7,2Å, 4,4Å, 3,6Å ), e dos óxidos de ferro como a goethita
(4,43Å e 2,13Å) e hematita (2,7 Å) e a hematita e maghemita (2,5Å). Esta mineralogia
indica que este material foi bastante intemperizado.
71
Figura 10: Difratogramas do perfil 7, horizonte 3Bt, amostras de silte (superior) e areia (inferior). Na fração silte, há novamente a presença dos minerais primários, revelada pelos
reflexos de baixa intensidade (4,0Å, 3,7Å 3,2Å e 3,0Å), indicando pouca reserva de
nutrientes, mas presente. O quartzo é o mineral dominante (4,2Å; 3,3Å e 2,28Å) seguido
da caulinita (7,2Å, 4,4Å, 3,6Å). Os óxidos de ferro e minerais primários vêm em terceiro
plano.
Estes resultados vêm corroborar, em parte, as constatações de Ugolini et al. (1996),
de que as frações grosseiras do solo podem contribuir expresivamente no aumento da
reserva mineral do solo.
4.2.3. Argila
A fração argila é aquela menor que 0,002 mm, sendo a fração mineral mais ativa
quimicamente, pois está em equilíbrio dinâmico com a solução do solo, concentrando
cargas elétricas, nos argilominerais, óxidos e oxidróxidos de ferro e alumínio. A
importância das cargas elétricas tanto positivas, como negativas, se traduz em reserva de
nutrientes disponível eventualmente para as plantas.
72
A proporção e o tipo de argilomineral presente na fração argila pode condicionar
características físicas e químicas do solo. Os argilominerais em sua interação com as
partículas do solo podem condicionar algumas propriedades físicas do solo tais como
permeabilidade, drenagem vertical e horizontal de água, capacidade de expansão e
contração da massa do solo, traduzindo-se em efeitos diretos na percolação de água no
perfil e até mesmo, susceptibilidade a erosão.
Em relação às características químicas, os minerais presentes na fração argila,
desconsiderando-se o efeito da matéria orgânica, são os principais responsáveis pela
capacidade de troca (cátions e ânions) do solo, é função direta dos argilominerais e
óxidróxidos de ferro e alumínio.
Em relação a considerações a respeito da cristalinidade da caulinita, tomou-se como
base os trabalhos de Hughes (1980), Chittleborough e Walker (1988) e Bühmann e Grubb
(1991). No que diz respeito a esmectita e interestratificados a referência foi Schultz et al.
(1970), Yerima et al. (1985), Delvaux et al. (1989), Jaynes et al.(1989), Bühmann e Grubb
(1991), Kämpf et al. (1995 a), Kämpf et al. (1995 b), Corti et al (1998) e Righi et al. (1999).
Para minerais com intercalação de polímeros de oxidróxidos foram considerados os
trabalhos de Herbillon et al. (1981) Pötter e Kämpf (1981); Wada e Kakuto (1983); Yerima
et al. (1985) e Kämpf et al. (1995 a).
- Considerações a respeito da identificação de argilominerais
interestratificados do tipo filossilicatos:
O solo é composto por várias fases minerais (minerais, óxidos, sais), as quais não é
possível individualizar, somente é existem alguns tratamentos que melhorem a expressão
73
ou identificam um comportamento padrão de certo componente específico que se deseja
enfatizar. Durante a pedogênese alguns minerais (em especial os filossilicatos, pela
semelhança estrutural), podem sofrer dissolução e neogênese parciais (RIGHI et al, 1999),
mantendo características de dois ou mais argilominerais ao mesmo tempo, como ilitas,
vermiculitas esmectitas e caulinitas (SAWHNEY, 1989). Esta feição interestratificada do
novo argilomineral, por ser formado em ambiente heterogêneo e susceptível a muitas
variáveis em geral, não se apresenta de forma regular ou proporcional, e sim as camadas do
interestratificado se posicionarão de forma aleatória, o que pode dificultar muito sua
identificação por DRX (SAWHNEY, 1989). Outra questão que não deve ser esquecida é a
capacidade dos filossilicatos expansíveis serem preenchidos com polímeros de oxihidroxi
nas entrecamadas, o que pode provocar na difração da amostra uma feição semelhante à de
argilominerais com interestratificados (HSU, 1989).
Portanto as feições de uma difração de interestratificado podem se comportar da
seguinte forma: ocorrência de reflexo de baixa intensidade em torno de 7,2 Å na amostra
sautrada com Mg, expansão paulatina a valores em torno de 8,5Å no tratamento com
etileno-glicol e a permanência de reflexo em torno de 8,0 Å na amostra saturada com K e
aquecida a 350oC, indicariam a presença de interestratificados caulinita-esmectita
(SCHULTZ, et al, 1971; BÜHMANM e GRUBB, 1991). O reflexo em torno de 8,0Å a
9,0Å na amostra saturada com magnésio e submetida a atmosfera saturada com
etilenoglicol seria resultante da combinação do espaçamento d001 da caulinita (7,2Å) e o
espaçamento d002 da esmectita expandida (8,7Å) (REINOLDS, 1980). O reflexo em torno
de 8,0Å na amostra saturada com potássio e aquecida a 350oC, segundo Schultz et al.
(1971) seria resultante de combinação do espaçamento d001 da caulinita (7,2 Å) com o da
esmectita aquecida a 350oC (9,6 Å). O tratamento de saturação com potássio e posterior
74
aquecimento a 550oC deveria contrair as camadas até 10,0 Å, mantendo ainda assimetria ou
“ombro” em direção valores mais altos, feição também diagnóstica de interestratificados
1:1-2:1 (WILSON e CRADWICK, 1972).
a) Toposeqüência I
Figura 11: Difratogramas do perfil 1, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo da figura.
No difratograma da amostra do perfil 1, horizonte B2, um NITOSSOLO
HÁPLICO Distrófico típico, saturada com potássio e aquecida (Figuras 11), podemos
notar a presença de a caulinita, com reflexos a 7,2Å 3,6Å e 2,4Ǻ , como componente
dominante. Estes reflexos se apresentam com bases largas, próximo ao 7,2Ǻ e, com ligeira
assimetria para os espaçamentos maiores, o que indica caulinita desordenada, com baixa
cristalinidade.
Nas amostras saturadas com magnésio (Figura 12), a expressão do reflexo a 14Å foi
melhor, porém não houve modificação deste após a adição de glicerol, indicando
argilominerais 2:1 com forte intercalação, com polímeros de hidróxi-alumínio nas
75
entrecamadas, conforme pode ser melhor evidenciado na Figura 11, onde a amostra
saturada com potássio e aquecida a 550oC ainda mantém um reflexo largo, não bem
definido em torno dos 14Å, com posição variável entre 10,0Å e 11,6 Å, indicando material
entrecamadas.
Tratamentos com citrato de sódio realizados para a remoção dos polímeros de
hidroxi-alumínio das entrecamadas (dados não mostrados) indicaram a presença de
argilominerais 2:1, provavelmente esmectita de alta carga, com forte intercalação de
polímeros de hidroxialumínio nas entrecamadas, o que deve reduzir acentuadamente a
capacidade de troca de cátions desses argilominerais .
Mesmo a estimativa semiquantitativa indicando cerca de 8% de argilominerais 2:1
na amostra, a forte intercalação sofrida por estas entrecamadas com polímeros de óxi-
hidróxi, resulta numa CTC baixa, de apenas 4,22 cmolc.kg-1 (Quadro, 1).
Figura 12: Difratogramas do perfil 1, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior).
76
Os perfis 2, 3 e 4, são ligeiramente menos desenvolvidos que o perfil 1, e se
localizam na área de encostas basálticas propriamente dita, apresentaram composição
mineralógica semelhante, com dominância de caulinita e pequenas quantidades de
argilominerais 2:1, mas a proporção, e as características desses foram variáveis entre os
perfis, conforme discutido a seguir.
No perfil 2 (Figuras 13) um NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico, observa-se
o predomínio de caulinita (reflexos a 7,15Å 2, 3,56Å e 2,4Ǻ), seguido de argilominerais
2:1, (reflexos em torno dos 14Å e 13,6 Ǻ na amostra saturada com potássio 25oC e
saturada com magnésio), gibbsita (reflexo a 4,8Å), goethita (reflexos a 4,15Å e 2,7Å) e
quartzo (4,26Å e 3,33Å).
Figura 13: Difratogramas do perfil 3, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo da figura.
Na amostra saturada com magnésio (Figura 14) observa-se que a adição de glicerol
promoveu uma ligeira expansão das camadas de 13,7Å para valores acima de 14Å,
configurando-se um patamar elevado a partir desse valor, sem entretanto, haver definição
77
de um valor para o reflexo. Essa reduzida expansão, associada a uma contração apenas
parcial da amostra saturada com potássio após aquecida a 550oC (Figura 13), indica tratar-
se provavelmente de esmectitas com alguma intercalação com polímeros de hidroxi-
alumínio entrecamadas.
Figura 14: Difratogramas do perfil 2, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior).
A presença de argilominerais interestratificados do tipo esmectita-caulinita, é
indicada pela assimetria de reflexo da caulinita formando uma “saia” entre 7,15Å e 9Å,
tanto nas amostras saturadas com potássio como nas de magnésio. A ausência de definição
de um reflexo entre 8,0Å e 8,5Å nas amostras saturadas com magnésio e glicerol e nas
saturadas com potássio aquecidas a 350oC, as quais segundo Schultz et al. (1971) e
Bühmann e Grubb (1991) seriam definidoras destes interestratificados, parece confirmar
que se trata de caulinita-esmectita com menos de que 20% de camadas 2:1 compondo o
argilomineral.
A análise semiquantitativa revelou baixa quantidade de argilominerais 2:1, em torno
de 3%, no horizonte B2 deste perfil, o que aliado a baixa taxa de interestratificação na
78
caulinita desse solo, é compatível com os baixos valores de CTC da fração argila
encontrados para este solo, em torno de 9,69 cmolc.kg-1 no horizonte B (Quadro 2).
A presença de interestratificados caulinita-esmectita torna-se mais clara na fração
argila fina (Figura 15), com indicativo do reflexo a 8,0Å na ampla saia do reflexo da
caulinita a 7,2Å.
Figura 15: Difratogramas do perfil 2, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente, da base para o topo da figura.
No perfil 3, um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, a proporção de
argilominerais do tipo 2:1 foi maior do que no perfil anterior, em torno de 5%. Do mesmo
modo, houve uma ligeira expansão das camadas no tratamento de saturação com magnésio
e glicerol (Figura 17), mas ao contrário, a amostra saturada com potássio após aquecida até
550oC, evidenciou um reflexo mais nítido em torno dos 10Å (Figura 16), indicando que
esses argilominerais apresentam baixa intercalação com polímeros de hidroxi-alumínio
entrecamadas. Esse comportamento distinto dos argilominerais 2:1 no CAMBISSOLO, é
compatível com os maiores valores de CTC da fração TFSA encontrados nesse solo de
79
13,47 cmolc.kg-1 (Quadro 3) os quais também podem estar relacionados com a presença de
interestratificados do tipo caulinita-esmectita evidenciados neste solo pela assimetria dos
reflexos da caulinita.
As esmectitas encontradas possuem menor intercalação com polímeros, pois se
contraem a 10Ǻ quando tratados com potássio e aquecidos (Figura 16) e, se expandem para
valores acima de 14,3Ǻ, quando tratados com magnésio e glicerol (Figura 17).
Figura 16: Difratogramas do perfil 3, horizonte Bi, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo da figura.
Figura 17: Difratogramas do perfil 3, horizonte Bi, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior).
80
A esmectita está em maior proporção na argila fina (Figura 18), podemos notar que
neste perfil onde a intercalação com polímeros é menor a capacidade de troca de cátions é
maior, contribuindo para a manutenção da fertilidade do solo.
Figura 18: Difratogramas do perfil 3, horizonte Bi, lâmina de argila orientada, amostras de argila
fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da base para o topo.
Nos difratogramas das Figuras 19 e 20, o comportamento da amostra do perfil 4
(horizonte 2Bt) tanto nas amostras saturadas com potássio como nas saturadas com
magnésio demonstraram pequena proporção de argilominerais 2:1, na forma de um
background que se manteve baixo, sem a formação de reflexos bem definidos. Apenas no
tratamento de saturação com potássio e aquecimento a 550°C formou-se uma banda entre
15,4 Ǻ e 10 Ǻ, indicando que argilominerais 2:1, com forte intercalação com polímeros
hidroxi entrecamadas como a caulinita são os minerais dominantes e estão em proporção
81
elevada. A expressão da pequena quantidade de argilominerais 2:1 só foi possível com a
destruição da caulinita a 550°C (CORTI, et al., 1998).
O predomínio de caulinita no perfil 4, um NITOSSOLO VERMELHO Eutrófico
típico, associado a baixa proporção de argilominerais 2:1 com forte intercalação com
polímeros entrecamadas são responsáveis pelos baixos valores de CTC da fração TFSA
deste solo, de 8,53 cmolc.kg-1 (Quadro 4).
Figura 19: Difratogramas do perfil 4, horizonte 2Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo.
Figura 20: Difratogramas do perfil 4, horizonte 2Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior).
82
b) Toposeqüência II
Todas as amostras da fração argila dos perfis desta toposeqüência apresentaram
caulinita como argilomineral dominante. A caulinita presente na argila fina possui
cristalinidade menor do que a da argila total, além do fato dos argilominerais 2:1 ocorrerem
em maior proporção na argila fina, confirmando dados de Curi et al. (1984).
Nas figuras 21 e 22, são apresentados os difratogramas do horizonte A do perfil 5,
um NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, onde aparece caulinita dominante, com
reflexos a 7,2, 3,6 e 2,45Å, seguido de argilominerais 2:1, que se expressam melhor no
difratograma das amostras tratadas com citrato, para remoção dos polímeros de hidroxi-Al
entrecamadas. Na amostra natural, saturada com potássio, observa-se a contração paulatina
das camadas com o aquecimento, formando reflexo em torno de 10Å, a 350oC e 550ºC,
indicando pouca intercalação das esmectitas com polímeros de alumínio. Os reflexos da
caulinita são largos, e com assimetria em direção aos espaçamentos maiores, indicando
possível presença de interestratificados do tipo caulinita-esmectita, cuja proporção de
camadas 2:1 deve ser inferior a 20%. De qualquer forma, a quantidade de argilominerais
2:1, determinada por análise semiquantitativa, neste solo é pequena (em torno de 2%), o
que está de acordo com os valores mais baixos de CTC da fração argila deste solo em
relação aos demais perfis da toposequência.
83
Figura 21: Difratogramas do perfil 5, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C.
Figura 22: Difratogramas do perfil 5, horizonte A, lâmina de argila orientada, de baixo para cima,
amostra saturada com potássio, com magnésio, e tratadas com citrato, com posterior saturação de potássio e magnésio.
As amostras do horizonte Bt e BC deste solo apresentaram comportamento
mineralógico semelhante ao do horizonte A, porém foram perdidos (por problemas de
vírus nos computadores) alguns difratogramas de tratamentos de aquecimento e de
impreganação com glicerol, por esse motivo são apresentados apenas os dados do horizonte
A.
84
Figura 23: Difratogramas do perfil 5, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila
fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da base para o topo do perfil.
Em relação aos perfis 6 e 7, respectivamente um CHERNOSSOLO ARGILÚVICO
Férrico típico e um ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico o padrão mineralógico da
fração argila foi semelhante, com caulinita muito mal cristalizada dominante (reflexos a
7,2Å, 3,6Å e 2,45Å ), seguida de argilominerais 2:1 (reflexos a 15Å no tratamento de
saturação com magnésio) e interestratificados caulinita-esmectita (Figuras 24 e 25). Em
ambos os casos ocorreu ligeira expansão das camadas no tratamento magnésio mais
glicerol, sem entretanto haver uma definição da posição do reflexo (Figura 25), e uma
contração praticamente total das camadas quando as amostras foram paulatinamente
aquecidas até 550 ºC, indicando ausência ou muito baixa intercalação com polímeros de
hidroxi-Al entrecamadas. Este comportamento é indicativo de esmectitas, cuja proporção é
maior no perfil 6 (5%) do que no perfil 7 (1%), compatível com os maiores valores de CTC
da fração TFSA constatadas (21,46 cmolc.kg-1 e 14,61cmolc.kg-1 respectivamente). Em
ambos os casos, portanto, tanto as esmectitas, como os interestratificados caulinita-
85
esmectita devem contribuir para os maiores valores de CTC destes dois solos em relação ao
NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico (Perfil 5), presente no topo da elevação.
Figura 24: Difratogramas do perfil 7, horizonte 3Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila total,
saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo do perfil.
Figura 25: Difratogramas do perfil 7, horizonte 3Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila
fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da ba se para o topo do perfil.
86
Figura 26: Difratogramas do perfil 6, horizonte 2Bt2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base do topo.
Figura 27: Difratogramas do perfil 6, horizonte 2Bt2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior).
No perfil 8, um NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico chernossólico, também a
caulinita é dominante, mas foi nesse solo que ocorreu a maior quantidade de esmectitas
dentre os solos da toposequência, cuja estimativa foi de 18%, com base nos difratogramas
da Figura 27. Observa-se claramente a definição do reflexo a 12Å e 10Å na amostra
saturada com Mg, e a expansão das camadas formando reflexo em torno de 19,6 Å no
87
tratamento posterior com glicerol. Nos tratamentos de saturação com potássio e
aquecimentos, observa-se uma resolução clara do reflexo da esmectita em torno de 10Å,
indicando tratar-se de esmectita praticamente pura, sem intercalação com polímeros de
hidroxi-Al entrecamadas.
A presença de esmectitas neste solo é melhor evidenciada nos difratogramas
obtidos na argila fina, onde sua quantidade parece ser muito semelhante à da caulinita.
Aliado a presença destes dois argilominerais, os reflexos fortemente assimétricos da
caulinita parecem indicar também a presença de interestratificados do tipo caulinita-
esmectita, possivelmente com muito baixa proporção de camadas 2:1 nos cristais. Esta
composição mineralógica é perfeitamente compatível com os altos valores de CTC da
fração TFSA deste perfil (Quadro 8), os mais altos desta toposequência, de 23,2 cmolc.kg-1.
Figura 28: Difratogramas do perfil 8, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais glicerol (superior).
88
Figura 29: Difratogramas do perfil 8, horizonte A, lâmina de argila orientada, amostras de argila
fina, saturada com magnésio (inferior) e saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100° e 350°C, respectivamente da base para o topo.
Na amostra do perfil 8, horizonte A, a presença de interestratificados é confirmada
pelo amplo reflexo a 7,2Ǻ, com assimetria forte para espaçamentos mais altos. Os reflexos
amplos da caulinita também indicam que este argilomineral possui alta desordem estrutural,
comum em horizontes superficiais, provavelmente pela presença de matéria orgânica que
influi tanto na cristalização dos argilominerais como dos óxidos, mantendo sempre um grau
de cristalinidade menor que seus horizontes subsuperficiais (CHITTLEBOROUGH e
WALKER, 1988).
c) Toposeqüência III
A toposeqüência III estando mais no extremo Oeste do estado, está submetida
atualmente a ambiente mais “seco” e quente que as demais, o que define algumas
características mineralógicas em relação a teor de argilominerais 2:1, relativamente maior
que os perfis das demais toposeqüências.
89
No perfil 9, um CAMBISSOLO HÁPLICO Eutroférrico típico, situado no fundo do
vale, apresenta esmectita na amostra de argila saturada com potássio (Figura 30), onde
observa-se a contração irregular da esmectita com background entre 18,4 e 10,1 Ǻ, podendo
indicar tanto a presença de polímeros de hidroxialumínio nas entrecamadas como de
interestratificados (BÜHMANN e GRUBB, 1991). A expansão irregular entre 14 e 19Ǻ
(Figura 31), entretanto, parece confirmar a presença esmectita e de interestratificados
caulinita-esmectita; a caulinita aparece a 7,2Ǻ, com padrão de interestratificados, que pode
ser visualizado pela ampla “saia” e irregularidade do pico. Este perfil possui cerca de 12%
de esmectita, possivelmente responsável pelos valores relativamente altos da CTC da
fração argila do solo, em torno de 21 cmolc.kg-1 (Quadro 9).
Figura 30: Difratogramas do perfil 9, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo.
90
Figura 31: Difratogramas do perfil 9, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior).
Os difratogramas do perfil 10 (horizonte Bt) (Figuras 32 e 33), de um
CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico típico, situado na encosta propriamente dita, em
patamar, indicam que a esmectita é o argilomineral dominante e não possui intercalação
com polímeros, contraindo até 10Ǻ e no aquecimento a 550°C (Figura 32) expandindo a
17,4 Ǻ de forma regular no tratamento com saturação de magnésio e impregnação com
etilenoglicol, mantendo as características do argilomineral puro. Apresenta também
interestratificados possivelmente com mais de 20% de esmectita, pela forma do reflexo a
7,2Ǻ com ampla “saia” e comportamento de distensão do reflexo para espaçamentos
maiores, formando um discreto pico entre 8,0Å e 8,5Å na ‘saia’ do reflexo a 7,2Å. A
caulinita também está presente, com reflexo a 7,2 e 3,6 Ǻ. A estimativa semiquantitativa
expressa cerca de 35% de esmectita, o que é compativel com a alta CTC do solo de 41,82
cmolc.kg-1, na TFSA (Quadro 10).
91
Figura 32: Difratogramas do perfil 10, horizonte Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C., respectivamente da base para o topo.
Na argila fina (Figura 34) a esmectita aparece em proporção maior, e seguida de
caulinita com alta desordem estrutural e interestratificados, provavelmente não regulares e
com alto grau de desordem estrutural pela feição geométrica dos reflexos, de acordo com
Chittleborough e Walker (1988).
Figura 33: Difratogramas do perfil 10 , horizonte Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior), da base para o topo.
92
Figura 34: Difratogramas do perfil 10, horizonte Bt, lâmina de argila orientada, amostras de argila
fina, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°C.
No perfil 11, um CHERNOSSOLO HÁPLICO Férrico típico, horizonte B,
(Figuras 35 e 36), há uma contração regular entre 10 e 11Ǻ, o que pode-se identificar como
contração da esmectita, e saia de interestratificado caulinita-esmectita no reflexo a 7,2 Å,
com discreto pico a 8,0Å. A estimativa semiquantitativa indicou em torno dos 21% de
esmectita, o que explica os altos valores de CTC deste solo, de 30,37 cmolc.kg-1 na fração
TFSA (Quadro 11).
Figura 35: Difratogramas do perfil 12, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo.
93
Figura 36: Difratogramas do perfil 12, horizonte B, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior).
O perfil 12, um NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, situado no
topo de elevação, apresenta no horizonte A, caulinita e esmectita mal cristalizada (Figuras
37, 38 e 39). Como visto anteriormente, pela interferência dos organismos, há tendência a
má cristalização, fenômeno descrito por muitos autores e observado nestas amostras.
Observamos a presença de esmectita tanto sem como com polímeros de oxihidroxi
nas entrecamadas, evidenciado pela decomposição do reflexo a 15,24 Å em amostra
saturada com potássio em dois reflexos, um a 14,2Å e outro a 16,7Å na amostra saturada
com magnésio e impregnada com etilenoglicol (Figura 38), além do reflexo a 7,4Å com
base larga indicar a presença dos interestratificados caulinita esmectita (Figura 37).
94
Figura 37: Difratogramas do perfil 13, horizonte A1, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C, respectivamente da base para o topo.
Figura 38: Difratogramas do perfil 13, horizonte A1, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com magnésio (inferior) e com magnésio mais etilenoglicol (superior).
95
Figura 39: Difratogramas do perfil 13, horizonte B2, lâmina de argila orientada, amostras de argila
total, saturadas com potássio e aquecidas a 25°, 100°, 350 e 550°C respectivamente da base para o topo.
No horizonte B observamos a contração não regular do argilomineral indicando
forte intercalação com polímeros, maior que a do horizonte A, além da análise
semiquantitativa indicar menor proporção esmectita no horizonte B (de 11%, contra 19%
do horizonte A). Além da expressão dos reflexos serem mais claras no horizonte B
demonstrando uma cristalinidade relativamente maior.
-Considerações a respeito da identificação de interestratificados encontrados
nas amostras acima descritas:
Em relação a dificuldade de identificação descrita anteriormente, pelo fato dos
interestratificados não serem regulares e possuírem menos de 20% de camadas
esmectíticas, sua confirmação foi obtida através da comparação com a CTC e atividade da
argila, e de, uma análise detalhada da difração das amostras, principalmente na região entre
10Å e 6Å, evidenciando a posição a 8,0Å.
96
A análise da difração entre os espaçamentos foi realizada através da deconvolução
do reflexo a 7,2Å de forma a poder observar tanto o reflexo desta quanto a do
interestratificado caulinita-esmectita (entre 8,0-8,5Å) na amostra saturada com magnésio,
sendo assim medidas as áreas e largura a meia altura dos reflexos, oferecendo mais garantia
da identificação da presença de interestratificados caulinita-esmectita nas amostras.
O gráfico a seguir da Figura 39 ilustra como foi realizado o “Fit”, com a
deconvolução dos reflexos da caulinita e dos interestratificados caulinita-esmectita para
quatro amostras distintas, onde se pode observar mais claramente que, onde a quantidade de
interestratificado é maior, ocorre um aumento da assimetria para ângulos 2θ mais altos.
Como o software APD, através do recurso “fit profile”, promovendo a decomposição do
reflexo e fixando as posições para ombro ou assimetria onde ocorrem os interestratificados.
É possível calcular a área de cada reflexo (7,2 e 8,0 Å), e com isso estimar, pelo aumento
da assimetria da área na região de 8,0 Å, quando a presença de interestratificados aumenta.
97
Figura 40: Representação da deconvolução do reflexo próximo a 7,2 Å, amostras dos perfis 3 (horizonte BC), 3 (BA), 12 (A1) e 1 (A2), respectivamente do topo para a base.
Este detalhamento gerou os resultados apresentados na Figura 40, onde observa-se
uma correlação positiva entre a CTC da fração argila dos solos e relação área do reflexo a
8,0Å x Área total (7,2Å+8,0Å), demonstrando que o aumento da assimetria do reflexo da
caulinita relaciona-se o possível incremento na quantidade de interestratificados e por
conseqüência na CTC do solo.
98
Ra = -6E-05CTC2 + 0,007CTC + 0,29R2 = 0,58
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 20 40 60 80 100
CTC
Ra
Figura 41: Gráfico da CTC a pH 7,0 . 100g argila-1 (CTC) X Relação área do
interestratificado: área total do reflexo (Área do reflexo a 8,0Å . Área total do reflexo a 7,2Å-1) (Ra).
5. Síntese dos resultados
A área de encostas basálticas, que no Estado de Santa Catarina, coincide
principalmente com o Planalto Dissecado dos Rios Iguaçu/Uruguai, apresenta microclimas
99
distintos nos vários segmentos do declive que compõem a região. Esta variabilidade se
apresenta na forma de nuances distintas, proporcionadas pela variação dos fatores de
formação do solo presentes, que proporcionam características intrínsecas e ‘manchas’ de
solo distintas, mesmo em homogeneidade fisiográfica.
O clima e o relevo, e neste, a posição do solo no declive, parecem ter influência
preponderante na formação e diferenciação dos solos das encostas basálticas. Os elementos
ativos do clima, notadamente precipitação, evapotranspiração e temperatura, por
condicionarem os fluxos de lixiviação, exercem influência marcante na composição
mineralógica, e por conseqüência na fertilidade química dos solos. O balanço entre
precipitação e evapotranspiração, promovendo a existência de déficit ou excesso hídrico
(água excedente), é fundamental na compreensão dos processos que atuam ou atuaram na
diferenciação dos solos. Neste sentido, mesmo considerando certa homogeneidade de
precipitação pluviométrica nas encostas basálticas, as variações de temperatura média, por
afetarem a evapotranspiração, podem atuar no sentido de promover maior ou menor
excedente hídrico no solo, podendo assim facilitar ou limitar os fluxos lixiviantes, influindo
na composição mineralógica e na reserva química dos solos.
O relevo, por outro lado, também é fator condicionante dos fluxos de água. Declives
longos e suaves geralmente favorecem os fluxos verticais internos de água; já os declives
fortes estimulam os fluxos horizontais, principalmente os de superfície, favorecendo assim
os processos erosivos que levarão a formação de solos mais rasos.
Nas três toposequências selecionadas para estudo, procurou-se contemplar
variações de nuances climáticas na área de encostas basálticas do Estado. No Vale do Rio
do Peixe, pela seleção e comparação dos solos de duas toposequências, uma em clima Cfb
(toposequência I) e outra em clima Cfa (toposequência II); no Vale do Rio das Antas, no
100
extremo Oeste do Estado, outra toposequência (III) foi selecionada, também sob clima Cfa,
mas cujos solos possivelmente tenham menor excedente hídrico do que os da toposequência
II, o que poderia levar a formação de solos com mineralogia e fertilidade distintas.
Na toposeqüência I, com clima mais ameno, os solos são de maior grau de
desenvolvimento. O formato do vale é mais amplo em relação aos demais estudados. Os
perfis desta toposequência se encontram em cotas mais elevadas, entre aproximadamente
575 e 800m. O clima mais frio favoreceu maior acúmulo de matéria orgânica e cores
predominantemente brunadas nos três primeiros perfis. Os dois primeiros perfis são
classificados como NITOSSOLO HÁPLICO (EMBRAPA, 1999), sendo ambos
distróficos, com CTC baixa e soma e saturação por bases baixa.
O terceiro perfil, situado em área de patamar de encosta, com declividade em torno
dos 20%, é um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico (EMBRAPA, 1999). Com
boas características químicas, é o mais jovem desta toposequência. Apresenta significativa
presença de pedras na massa do solo (em torno de 35%), o que aliado a estrutura fraca e
ao alto grau de declividade, restringiria o seu uso para cultivos anuais. O quarto perfil é
um NITOSSOLO VERMELHO Eutrófico típico, com boas propriedades químicas, mas
também com excessiva quantidade de pedras, tanto na massa, como na superfície do solo.
Todas as rochas desta toposeqüência apresentaram características similares, em
relação aos minerais presentes, compostos de piroxênios do tipo pigeonita e também de
composição similar a augita, provavelmente mais aluminosa, e plagioclásios com
composição intermediária entre a Albita (sódica) e Anortita (cálcica), com mais albita que
anortita. As crostas externas de alteração das rochas são constituídas essencialmente de
caulinita, com muito pequena quantidade de minerais primários como os plagioclásios e
piroxênios, e óxidos de ferro. A presença pouco significante dos minerais primários em
101
comparação a caulinita e óxidos, indica que o intemperismo ocorre rapidamente no clima
atual, e que o ambiente de lixiviação é drástico, mantendo apenas a sílica suficiente para
formar argilominerais do tipo 1:1. A areia e o silte presentes nos horizontes analisados dos
perfis da toposeqüência I, apresentam pouca reserva de nutrientes. O silte apresenta uma
quantidade um pouco maior de minerais primários que a areia. Nos dois primeiros perfis os
teores não são significativos, mas no terceiro e quarto perfis existe pequena reserva.
O grau de evolução dos solos desta toposequência foi o mais elevado,
provavelmente devido ao maior excedente hídrico, o que resultou em baixa fertilidade
química na maioria dos solos. O perfil 1, um Nitossolo Háplico situado no topo da
elevação, foi o que apresentou maior grau de evolução dentre os solos estudados, com
caulinita dominante e expressiva quantidade de argilominerais 2:1 com forte intercalação
com polímeros de hidroxi-Al entrecamadas, condicionando a manutenção dos menores
valores de CTC, soma de bases e altos teores de Al trocável. Nos demais perfis, a fração
argila é também dominada por caulinita, com alta desordem estrutural. baixa quantidade
de interestratificados caulinita-esmectita, e a presença muito discreta de esmectita; estas
camadas esmectíticas pouco contribuem quimicamente, pois há forte intercalação com
polímeros de oxidróxidos de alumínio; estas características indicam solos que passaram por
intemperismo muito acentuado, desde a sua formação, e mantém pouquíssima reserva.
Os solos da toposeqüência II localizam-se em altitudes ligeiramente mais baixas
do que os da I, e com clima mais quente. O vale em que se encontram é mais fechado,
formando patamares estreitos, o que favorece intensa deposição coluvial, encontrada
principalmente nos perfis seis (CHERNOSSOLO) e sete (ARGISSOLO). Todos os perfis
apresentam cores bruno- avermelhadas , o que indica clima relativamente mais quente que
o vale da toposeqüência I, favorecendo a formação de mais hematita.Todos os solos desta
102
toposeqüência são férteis quimicamente, inclusive o NITOSSOLO VERMELHO localizado
no topo. Apresentam altos valores de soma e saturação por bases, atividade da fração argila
com valores médios e altos, pH relativamente alto e ausência ou baixa quantidade de
alumínio trocável. As principais diferenças mineralógicas ocorrem no tipo e quantidade de
argilominerais presentes na fração argila.
O perfil oito é o mais incipiente do vale, sendo um NEOSSOLO LITÓLICO
Eutrófico chernossólico, onde a perda de material é maior que a contribuição coluvial,
permitindo a formação de um perfil em constante renovação.
Os problemas para a exploração intensiva destes solos são físicos, tanto pela
presença de pedras, quanto pelo forte grau de declividade, e no caso do perfil oito pela
profundidade do perfil, sendo muito raso.
O material coluvial pedregoso presente na massa do solo, possui composição
mineralógica semelhante ao das rochas matrizes, indicando relativa homogeneidade, fato
muito comum no basalto, sendo composta de plagioclásios e piroxênios, A anortita é o
principal plagioclásio presente, seguido da albita em menor proporção; a augita como
principal piroxênio, seguido da pigeonita, além de baixa proporção de quartzo.
As crostas da rocha se alteram muito rápido, praticamente não permitindo a
formação de componentes intermediários. Os produtos diretos do drástico intemperismo
ocorrem principalmente na forma de caulinita e óxidos de ferro.
A fração argila dos solos desta toposeqüência, é composta de caulinita, teores
substanciais de interestratificados caulinita-esmectita, com baixa proporção de camadas
esmectíticas (mineral em estágio intermediário de intemperismo); e menor proporção de
esmectitas, algumas com variável grau de intercalação com polímeros de hidroxialumínio
das entrecamadas. Tal mineralogia é compatível com as melhores propriedades químicas
103
destes solos, cuja fertilidade aumenta na mesma proporção em que aumenta a participação
de esmectitas e interestratificados caulinita-esmectita na fração argila.
Os solos da toposeqüência III localizam-se em altitudes mais baixas e microclima
mais quente e seco que os anteriores. O perfil nove, é um CAMBISSOLO HÁPLICO
Eutroférrico típico (EMBRAPA, 1999), com ótimas características químicas. Os perfis dez
e onze foram classificados respectivamente como CHERNOSSOLO ARGILÚVICO
Férrico típico e CHERNOSSOLO HÁPLICO Férrico típico (EMBRAPA, 1999), ambos
com fertilidade natural alta e com linha de pedras na massa do solo. O perfil 12 é um
NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, também de fertilidade alta.
Todos os solos da toposeqüência são férteis, mas há restrições físicas ao uso
devido aos declives acentuados, e também há perfis com presença de pedras na massa do
solo. O vale é aberto, com pendentes medianas, mas com declividade acentuada nestas
pendentes entre 10 e 30%.
O grau de evolução desses solos é menor, possivelmente em decorrência dos
menores excedentes hídricos nesta região, favorecido pelas temperaturas mais altas que
induzem a uma maior evapotranspiração potencial. Estas condições garantem melhores
condições para a formação e a persistência de maiores quantidades de argilominerais 2:1,
pois o grau de intemperismo é menor que as demais toposeqüências. Na fração argila dos
perfis 11 e 13, o argilomineral dominante ainda é a caulinita pura, mas ocorrem quantidades
altas de esmectita, acompanhada de interestratificados caulinita-esmectita. Os perfis 10 e 12
apresentam dominância de caulinita, interestratificados caulinita-esmectita e esmectita,
cuja proporção diminui com o aumento do intemperismo no perfil 13.
Considerando as três toposequências, constatou-se que a CTC da fração argila
aumentou com o incremento da participação das esmectitas nos solos e que houve uma
104
correlação positiva entre a atividade da fração argila e a presença de interestratificados
caulinita-esmectita.
Os resultados encontrados apenas ilustram uma parte do muito que ainda precisa ser
explorado, em relação a caracterização básica dos solos e principalmente no que tange a
mineralogia de solos derivados de basalto.
105
106
7. Conclusões
Os solos da toposeqüência I são mais evoluídos pedogeneticamente, apresentaram
menos reserva mineral e características químicas de baixa fertilidade natural em relação aos
demais. A rocha se altera rapidamente formando predominantemente caulinita e óxidos. A
mineralogia da fração argila apresentou predominantemente caulinita com alta desordem
estrutural, com baixa quantidade de interestratificados caulinita-esmectita e esmectitas com
média a alta intercalação de polímeros de hidroxi-Al nas entrecamadas.
Os solos da toposeqüência II apresentaram grau de evolução moderada, com
intensa atividade coluvial. A rocha se altera permitindo a formação de esmectita e presença
de minerais primários, embora em quantidades pequenas. São solos férteis, com ausência
ou pequena quantidade de alumínio trocável. A mineralogia da fração argila é composta
principalmente por caulinita, e teores mais altos de interestratificados caulinita-esmectita,
seguida de baixas quantidades de esmectitas.
Os solos da toposeqüência III apresentam fertilidade natural muito elevada. O grau
de evolução dos solos é o menor de todas as toposeqüências. A mineralogia da fração argila
é constituída por caulinita, seguida de esmectitas e proporções expressivas de
interestratificados caulinita-esmectita.
A análise dos solos das três toposeqüências permitiu ilustar três situações
mineralógicas distintas, cuja evolução relacionou-se as variações nas condições climáticas
regionais.
107
8. Referências Bibliográficas
APARICIO, P. ; GALÁN, E. Mineralogical interference on Kaolinite crystallinity index
measurements. Clay and Clay Minerals, Clarkson. v. 47, n. 1, p. 12-27, 1999.
ALLEN, B.L. ; HAJEK, B. F. Mineral occurence in soil environments.. In: DIXON, J. B.
& WEED, S.B. (Ed.) Minerals in soil envinronments. Madison : SSSA , 1989. p. 199-
278.
ALMEIDA, J.A. de ; BARRÓN, V. ; TORRENT, J. ; NICHELE, E. R. Características
estruturais de populações de Goethitas sintéticas e naturais com diferentes graus de
substituição de ferro por alumínio. In : REUNIÃO SUL BRASILEIRA DE CIÊNCIA
DO SOLO : Solos e qualidade ambiental, 4., 2002, Porto Alegre. Programa e resumos...
Porto Alegre : UFRGS, 2002.
ALMEIDA, J.A. de. Apostila de gênese, morfologia e classificação de solo. Lages :
CAV/UDESC, 2000. 48 p.
ALMEIDA, J. A. ; TÓRRENT, J. ; BARRÓN, V. Cor, formas do fósforo e adsorção de
fosfatos em LATOSSOLOS desenvolvidos de basalto do extremo sul do Brasil. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, 2003. (no prelo)
108
BENNEMA, J. The calcualtion of CEC for 100 grams clay (CEC 100) with correction for
orgânica carbon. In : BENNEMA, J. Report to the goverment of Brazil on classification
of brazilian soils. Rome : FAO, 1966. 83 p. (FAO. EPTA, 2197)
BIGARELLA, J. J. ; MOUSINHO, M.K. ; SILVA, J.Z. Considerações a respeito da
evolução das vertentes. Boletim Paranaense de Geografia, Curitiba, n. 16-17, p. 84-116,
1965.
BORCHARDT, G. Smectites.. In: DIXON, J. B. ; WEED, S.B. (Ed.) Minerals in soil
envinronments. Madison : SSSA , 1989. p. 675-728.
BROWN, G. ; BRINDLEY, G.W. X-ray diffraction procedures for clay mineral
identification. In: BRINDLEY, G.W. ; BROWN, G. (Ed.) Cristal structures of clay
minerals and their X ray identification. London: Mineralogical Society, 1980. p. 305-
360.
BÜHMANN, C. ; GRUBB, P.L.C.A Kaolin-smectite interestratification sequence from a
red and black complex. Clay and clay minerals, Clarkson, v. 26, p. 343-358, 1991.
BUTLER, B.E. Periodic phenomena in landscape as basis for soil studied. Camberia:
CSRIO, 1959. 20p. (Soil Publication, 4).
CASTRO, J. C. Coluna White: estratigrafia da Bacia do Paraná no Sul do Estado de Santa
Catarina – Brasil. Florianópolis : Secretaria de Estado da Tecnologia, Energia e Meio
109
Ambiente, 1994. 68p. (Série Textos Básicos de Geologia e Recursos Minerais de Santa
Catarina, 4.)
CARDOSO, C. O. Apostila de meteorologia e climatologia agrícola. Lages:
Departamento de Engenharia Rural. CAV/ UDESC, 2003.
CHITTLEBOROUGH, D. J. ; WALKER, P.H. Cristallinity of soil kaolinites in relation to
clay particle-size and soil age. Journal of Soil Science, London, v. 39, n.1, p. 81-86, 1988.
CLIMERH. CENTRO Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Catarina.
Disponível em: < http://www.climerh.rct-sc.br/>. Acesso em: 05 mar. 2003.
CORDANI, U. G. ; VANDOROS, P. Basaltic rocks of the Paraná basin. In: BIGARELLA,
J.J. (Ed.) Problems in brasilian Gondwana geology. Curitiba : UFPR, 1967. p. 207-231.
CORTI, G. ; SANJURJO, M.J.F. ; UGOLINI, F.C. Randomly interestratified kaolinite-
smectite from Galicia (NW Spain): a new procedure for determination. Clay and clay
minerals, Clarkson, v.46, n. 6, p. 705-711, 1988.
CULLITY, B.D. Elements of X-Ray diffraction. 2. ed. Reading : Addison-Wesley, 1978.
555p.
CURI, N.; KAMPF, N. ; RESENDE, M. Mineralogia, química, morfologia e
geomorfologia de solos originados de rochas efusivas das encostas superior e inferior do
110
nordeste, no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 8, p.
269-276, 1984.
EMERSON, W. W.; FOSTER, R. C.; OADES, J. M. Organo-Mineral Complexes in
Relation to Soil Aggregation and Structure. In: HUANG, P.M.; SCHNITZER, M. (Ed.)
Interactions of Soil Minerals With Natural Organics and Microbes. Madison : SSSA,
1986. p. 521-548.
DELVAUX, B. ; MESTDAGH, L. ; VIELVOYE, L. ; HERBILLON, A. J. XRD, IR and
ESR study of experimental alteration of Al-nontronite into mixed-layer kaolinite/smectite,
Clay minerals, London, v.24, p. 617-630, 1989.
DIXON, J.B. Karolin and Serpentine Group Mineral. In: DIXON, J. B. ; WEED, S.B.
(Ed.) Minerals in Soil Envinronments. Madison : SSSA , 1989. p. 467-526.
DRESS, L. R. ; WILDING, L. P. ; SMECK, N. E. ; SENKAYI, A.L. Silica in Soils:
Quartz and Disordered Silica Polymorphs.. In: DIXON, J. B. ; WEED, S.B. (Ed.)
Minerals in soil envinronments. Madison : SSSA , 1989. p. 913-974.
EMBRAPA. CNPS. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro, 1997.
212p.
111
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa Solos. Sistema brasileiro de classificação de
solos. Brasília : EMBRAPA/ Produção de Informação ; Rio de Janeiro: Embrapa Solos,
1999. 412p.
EMBRAPA.SNLCS. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro, 1979.
ESWARAN, H. ; DE CONINCK, F. Clay mineralogy formation and transformation in
basaltic soils in tropical environments. Pedologie. v. 21, n. 2, p. 181-210. 1971.
ERNST, W. G. Minerais e rochas. São Paulo: Edgard Blüncher, 1996. 163 p.
FANNING, D.S. ; KERAMIDAS, V. D. ; EL-DESOKY, M.A. Micas. In: DIXON, J. B. ;
WEED, S.B. (Ed.) Minerals in soil Envinronments. Madison : SSSA , 1989. p. 551-
634.
FITZPATRICK, R. W. Compounds as indicators of pedogenic process: examples from de
southern hemisferes. In: STUCKY, J.W ; GOODMAN, B.A. ; SCHWERTMANN, U.
Iron in soils an Clay minerals. Holland : D. Reidel , 1985. p. 351-396.
HERBILLON, A. J. ; FRANKART, R. ; VIELYOYE, L. An occurence of interestratified
kaolinite-smectite minerals in a red-black soil toposequence. Clay Minerals, London v.
16, p. 195-201, 1981.
112
HSU, P.H. Aluminum Oxides and Oxyhidrohides. In: DIXON, J. B. ; WEED, S.B. (Ed.)
Minerals in Soil Envinronments. SSSA : Madison. p. 331-378. 1989.
HUANG, P.M. Feldspars, olivines, pyroxenes and amphiboles. In: DIXON, J. B. ; WEED,
S.B (Ed.). Minerals in Soil Envinronments. SSSA: Madison. p. 975-1050. 1989.
HUGHES, J. C. Cristallinity of kaolin minerals and their wheathering sequence in some
soils from Nigeria, Brazil and Colombia. Geoderma, Amsterdan, v. 24, p. 317-325, 1980.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades do Brasil município por
município, 2000. Disponível em : <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php>. Acesso
em : 28 jan. 2003.
ICEPA. Síntese Anual da Agricultura Catarinense. Florianópolis : ICEPA/SC , 2002.
Disponível em : <http:www.icepa.com.br>. Acesso em : 19 jul. 2002.
JACKSON, M. L. Soil Chemical Analysis. 2. ed. Madison: Department os Soil Science-
University of Wisconsin. Advanced Course, 1965. 991p. (mimeografado)
JACKSON, M.L. ; SHERMAN, G.D. Chemical weathering of minerals in soils. Advances
in Agronomy, Madison: SSSA. v. 5, p. 219-318, 1953.
113
JAYNES, W.F. ; BIGHAM, J.M. ; SMECK, N.E. ; SHIPITALO, M. J. Interestratified 1:1
– 2:1 mineral formation in a polygenetic soil from southern Ohio. Soil Science Society of
Americal Journal, Madison. v. 53 , p. 1888-1894, 1989.
KÄMPF, N.; AZEVEDO, A.C. ; DA COSTA JR. M.I. Estrutura básica de argilominerais
2:1 com hidróxi –Al entrecamadas em Latossolo Bruno do Rio Grande do Sul. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 19 , p. 185-199, 1995 a.
KÄMPF, N. ; SCHNEIDER, P. ; MELLO, P. F. Alterações mineralógicas em seqüência
Vertissolo-Litossolo na região da Campanha do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de
Ciência do Solo, Viçosa, v. 19, p. 349-357. 1995 b.
KÄMPF, N ; CURI, N. Óxidos de ferro: indicadores de ambientes pedogênicos e
geoquímicos.. In: NOVAIS, R. F. ÁLVAREZ, V. H. ; SCHAEFER, C.E.G.R. Tópicos
especiais em Ciência do Solo. Viçosa : SBCS, 2000. p. 107-138.
KÄMPF, N. ; CURI, N. Apostila de intemperismo. Porto Alegre: UFRGS, [198-]. 30p.
KÄMPF, N. Apostila de gênese do solo. UFRGS. [198-], 38p.
KARATHANASIS, A. D. Compositional and solubility relationships between Al-
hidroxiinterlayered soil smectites and vermiculites. Soil Science Society of Americal
Journal, Madison, 52: 1500-1508. 1988.
114
KIRSCH, H. Mineralogia aplicada. São Paulo: Polígono/ Ed da USP, 1972. 291 p.
KLAMT, E. ; MEURER, J.E. Composição da fase sólida mineral do solo. In: MEURER, E.
J. (Ed.). Fundamentos de química do solo. Porto Alegre : Genesis, 2000. 174p.
LAGO, P. F. Santa Catarina : a terra, o homem e a economia. Florianópolis : Ed.UFSC,
1968.
LEINZ, V. ; AMARAL, S. E. Geologia geral. Ed. Nacional, São Paulo, 1985. 397 p.
LEINZ, V. ; AMARAL, S. E. Geologia física. . Brasília : Ministério da Educação e
Cultura.\ Instituto Nacional do Livro, 1975. 95p.
LEINZ, V. ; AMARAL, S. E. Geologia geral. São Paulo: Ed. Nacional. 4. ed. 1969.
487p.
LEMOS, R.C. ; SANTOS, R.D. Manual de descrição e coleta do solo no campo. 3. ed.
Viçosa : SBCS/ CNPS, 1996.
LEDRU, M. P. Late quaternary environmental and climatic changes in Central Brazil.
Quaternary Research, Washington, v.39, p. 90-98, 1993.
115
MAPA de solos do Estado de Santa Catarina (1:250.000). Disponível em:
<http://mapserver.cnps.embrapa.br/website/pub/Santa_Catarina/Run.htm>, Acesso em: 15
set. 2003.
McKEAGUE, J. A.; CHESHIRE, M. V.; ANDREUX, F.; BERTHELIN, J. Organo-Mineral
Complexes in Relation to Pedogenesis. In: HUANG, P.M.; SCHNITZER, M. (Ed.)
Interactions of Soil Minerals With Natural Organics and Microbes. Madison : SSSA,
1986. p. 549-592.
MELFI, A. J. ; PEDRO, G. Estudo geoquímico dos solos e formações superficiais do
Brasil. Parte 2 : Considerações sobre os mecanismos geoquímicos envolvidos na alteração
superficial e sua repartição no Brasil. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v.
8, p. 11-22, 1978.
MELFI, A. J. ; PEDRO, G. Estudo geoquímico dos solos e formações superficiais do
Brasil. Parte 1 : Caracterização e repartição dos principais tipos de evolução
pedogeoquímica. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 7, p. 271-286, 1977.
MENDES,C.J. ; PETRI, S. Geologia do Brasil. Ministério da Educação e Cultura.\
Instituto Nacional do Livro. Brasília, 1975. 207p.
NAKATA, H. ; COELHO, M de A. Geografia geral. 2. ed. São Paulo : Moderna, 1986.
116
PDF Card. In: Joint Committee on Power Diffraction System (JCPDS). International Centre
for Diffraction Data (ICDD). Powder Diffraction File 1996: PDF-2 Database Sets 1-46.
Newtown Square: Dataware Tecnologies, 1996. CD-ROM.
PÖTTER, R. O. ; KÄMPF, N. Argilo-minerais e óxidos de ferro em Cambissolos e
Latossolos sob regime climático térmico údico no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira
de Ciência do Solo, Viçosa, v. 5, p. 153-159. 1981.
POTSCH, C. Mineralogia e Geologia. São Paulo : Didática Científica, [194--]. 342 p.
PUNDEK, M. Levantamento e Planejamento conservacionista de propriedades rurais em
microbacias. In: SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Agricultura e
Abastecimento. Manual de uso, manejo e conservação do solo e da água: projeto de
recuperação, conservação e manejo dos recursos naturais em microbacias hidrográficas. .2
Ed. Florianópolis : EPAGRI, 1994. p. 357-384.
QUINN, J. H. Paired river terraces and pleistocene glatiation. The Journal of Geology,
Chicago, v.65, p. 149-166, 1957.
RESENDE, M.; CURI, N.; de RESENDE, S.B. ; CORRÊA, G. F. Pedologia : base para
distinção de ambientes. 4. ed. Viçosa : NEPUT, 2002. 338p.
RHUE, R. V. ; WALKER, P.H. Hillslope models and soil formation. In: Congress of
Soil Science, 9., 1968, Adelaide. 1968.
117
RIGHI, D.; TERRIBILE, F. ; PETIT, S. Pedogenic formation of kaolin-smectite mixed
layers in soil toposequence developed from basaltic parent material in Sardinia (Italy). Clay
and clay minerals, Clarkson, v. 47, n. 4, p. 505-514, 1999.
ROBERT, M.; BERTHELIN, J. Role of Biological and Biochemical Factors in Soil
Mineral Wheathering. In: HUANG, P.M.; SCHNITZER, M. (Ed.) Interactions of Soil
Minerals With Natural Organics and Microbes. Madison : SSSA, 1986. p. 453-496.
SARTORI, P. L. P. ; GOMES, C. B. Composição químico-mineralógica das últimas
manifestações vulcânicas da região de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Anais da
Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v.52, p.125-133, 1980.
SANTA CATARINA. Mapa do estado de Santa Catarina, divisão municipal.
Florianópolis : Secretaria de estado e desenvolvimento econômico. Diretoria de Geografia,
Cartografia e Estatística. Gerência de Cartografia. , 2000.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado de Coordenação Geral e Planejamento. Atlas
escolar de Santa Catarina. Rio de Janeiro, Aerofoto Cruzeiro, 1991. 96p.
SANTA CATARINA. Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral. Subchefia de
Estatística. Atlas de Santa Catarina. Rio de Janeiro Aerofoto Cruzeiro, 1986. 173p.
SAWHNEY, B. L. ; REYNOLDS, R. C. Interestratified clays as fundamental particles: a
discussion. Clay and Clay Minerals, Clarkson, v.33, p. 559, 1985.
118
SAWHNEY, B. L. Interestratification in layer silicates.. In: DIXON, J. B. & WEED,
S.B. (Ed) Minerals in soil envinronments. Madison : SSSA, 1989. p. 789-828.
SCHNEIDER, R. L. et al. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 28., Porto Alegre. Anais... Porto Alegre : SBG, 1974.
p.41-65.
SCHULTZ, L.G.; SHEPARD, A. O.; BLACKMON,P.D. ; STARKEY,H.C. Mixed-layer
kaolinite-montmorillonite from the Yucatán peninsula, México. Clay and clay minerals,
Clarkson, v. 9, p. 137-150, 1971.
SCHULTZE, D.G. An introduction in soil mineralogy. In: DIXON, J. B. ; WEED, S.B.
(Ed.) Minerals in soil envinronments. Madison : SSSA, 1989. p. 1-34.
SCHWERTMANN, U. ; TAYLOR, P. M. Iron oxides. In: DIXON, J. B. ; WEED, S.B.
(Ed.) Minerals in soil envinronments. Madison : SSSA, 1989. p. 379-438.
SCHWERTMANN, U. Occurrence and formation of iron oxides in various
pedoenvirinments. In: STUCKY, J. W; GOODMAN, B.A. ; SCHWERTMANN, U.. Iron
in soils an Clay minerals. Holland : D Reidel, 1985. p. 267-308.
TAN, K. H. Principles of soil chemistry. New York: Marcel Dekker, 1982. 267 p.
119
TEDESCO, M.J. ; GIANELLO, C. ; BISSANI C.A. ; BOHNEN, H. ; VOLKWEISS, S.J.
Análise de solo plantas e outros materiais. Porto Alegre : UFRGS, 1995. 174 p.
TESTA, V. M. ; ESPÍRITO SANTO, F.R.C. Principais solos do Oeste Catarinense :
aspectos gerais para a identificação no campo e suas principais limitações ao uso agrícola.
Florianópolis : EPAGRI, 1992. 75p. (Boletim técnico, 60)
UBERTI, A.A.A. Características , distribuição e aptidão de uso dos solos da encosta
inferior do Nordeste do Rio Grande do Sul. 93p. Dissertação (Mestrado – Área de
Concentração Solos) - Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 1981.
UBERTI, A.A. ; KLAMT. E. Relações solo-superfícies geomórficas na encosta inferior do
nordeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 8, p.
229-234, 1984.
UGOLINI, F. C.; CORTI, G.; AGNELLI, A. ; PICCARDI, F. Mineralogical, physical, and
chemical properties of rock fragments in soil. Soil Science, Baltimore, v.161, n.8, p.521-
542, 1996.
UFSM e SUDESUL. LEVANTAMENTO de reconhecimento de solos do Estado de Santa
Catarina (1ª Parte). Revista do Centro de Ciências Rurais, Santa Maria, v.2, n.1/2, p.11-
248, jan./jun.1972.
120
UFSM e SUDESUL. LEVANTAMENTO de reconhecimento de solos do Estado de Santa
Catarina (2ª Parte). Revista do Centro de Ciências Rurais, Santa Maria, v.2, n.3/4, p.249-
459, jul./dez.1972.
WADA, K. ; KAKUTO, Y. Intergradient vermiculite-kaolin mineral in a korean Ultisol.
Clay and Clay Minerals, Clarkson, v. 31, n.3, p. 183-190, 1983.
WHITTING, L. D. ; ALLARDICE, W. R. X-ray diffraction techniches. In: KLUTE, A.
(Ed.) Methods of soil analisys. Part 1. Phisical and mineralogical methods. 2. ed. Madison
: SSSA, 1986. p. 331-362.
WILSON, M. J. A handbook of determinative methods in clay mineralogy. London :
Blakie & Son, 1987. 173 p.
WALKER, P. H. Terrace chronology and soil formation on the South Coast of N.S.W.
New Zealand Journal of Soil Science, v.13, p. 178-186, 1962.
WAMBEKE, A. R. van. Criteria for classifying tropical soil by age. Journal of Soil
Science, London, v. 13, n. 1, p. 24-132, 1962.
YERIMA, B.P.K., CALHOUN, F.G., SENKAYI, A.L. ; DIXON, J.B. Ocurrence of
interestratified kaolinite-smectite in El Salvador Vertissols. Soil Science of American
Journal, Madison. 49: p.462-467, 1985.
121
8.Apêndices
APÊNDICE 1
TOPOSEQÜÊNCIA I
PERFIL 1
Data: 22/07/97 A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO : NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico UNIDADE DE MAPEAMENTO - Erexim ( UFSM & SUDESUL, 1973) LOCALIZAÇÃO,MUNICÍPIO, ESTADO : Estrada Luzerna - Água Doce, após o entroncamento que inicia esta rodovia à 18 km de Luzerna, do lado direito, 1,5 km após o km 15 desta rodovia. Luzerna-SC. SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL : perfil coletado e descrito em barranco de corte de estrada, em topo de elevação com 15% de declive. ALTITUDE : 785 m. LITOLOGIA : Basalto FORMAÇÃO GEOLÓGICA : Serra Geral CRONOLOGIA : Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO : produto da alteração do basalto. RELEVO LOCAL - Ondulado. RELEVO REGIONAL - Ondulado. USO ATUAL - Pastagem de inverno. CLIMA – Cfb (Köeppen). DESCRITO E COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach B) DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA A1 0 - 21cm, bruno acinzentado muito escuro (10YR 3/2, úmido) e bruno/bruno
escuro(10YR 4/3 seco); argilosa; moderada muito pequena e pequena granular; ligeiramente duro, friável, plástico.
122
A2 21 - 45cm, bruno escuro (10YR 3/3, úmido) e bruno/bruno escuro (10YR 4/3 seco); moderada muito pequena e pequena granular; duro, firme.
A3 45 - 67cm, bruno escuro (7,5 YR 3/3 úmido e 7,5 YR 3/4, seco); moderada pequena granular; muito dura, friável.
AB 67 - 86cm, bruno escuro (7,5YR 3/3 úmido, e bruno/bruno escuro (7,5YR 4/4 seco); moderada muito pequena e pequena granular; muito duro, friável.
BA 86 - 119cm, bruno escuro (7,5YR 3/4, úmido) e bruno forte (7,5YR 4/6, seco); moderada muito pequena em blocos subangulares, superfícies de compressão comuns; dura friável.
B1 119 - 155cm, bruno/bruno escuro (7,5YR 4/4, úmido) e bruno forte (7,5YR 4/6, seco); moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares, superfícies de compressão comuns, duro, friável.
B2 155 - 200cm, bruno/bruno escuro (7,5YR 4/4, úmido) e bruno forte (7,5YR 4/6, seco); moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares; superfícies de compressão comuns, duro, friável.
B3 200 - 270cm+, bruno/bruno escuro (7,5YR 4/4 úmido) e bruno forte (7,5YR 5/6, seco); moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares, superfícies de compressão comuns, duro, friável.
RAÍZES - Muitas raízes nos horizontes A1, A2 e A3; comuns nos horizontes AB e BA; poucas no horizonte B1; raras no B2 e B3. OBSERVAÇÕES - Matacões e calhaus. PERFIL 2
Data : 22/07/97 A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO – NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico. UNIDADE DE MAPEAMENTO - Ciríaco - Charrua ( UFSM & SUDESUL, 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS - Estrada Luzerna - Água Doce, 8 Km abaixo do perfil 1, Luzerna,SC. SITUAÇÃO, DECLIVE e COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL - Coletado em barranco de corte de estrada, aproximadamente em uma situação de segundo patamar de encosta com forte influência coluvial, declividade de 10 -12%. ALTITUDE : 710 m. LITOLOGIA - Basalto. FORMAÇÃO GEOLÓGICA - Serra Geral CRONOLOGIA - Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO - Produto de alteração da rocha supracitada, com forte influência de coluviamento expresso pela presença de pedras na massa do solo, principalmente no BA, B1 e B2. RELEVO LOCAL - Ondulado. RELEVO REGIONAL – Ondulado CLIMA - Cfb.
123
DESCRITO E COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach B) DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA A 0 - 28cm, bruno avermelhado (5YR 4/4, úmido) e bruno avermelhado escuro (5YR 3/4,
seco); moderada pequena e muito pequena granular; ligeiramente duro, friável;
transição clara e ondulada.
BA 28 - 50cm, bruno avermelhado (5YR 4/4, úmido) e bruno avermelhado escuro (5YR3/4, seco); moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares, duro, friável, transição gradual e plana.
B1 50 - 100cm, (4YR 3/4 úmido), e (4YR 4/4 seco); moderada pequena e muito pequena
em blocos subangulares; superfícies de compressão poucas; duro, friável; transição
gradual e plana.
B2 100 - 155cm, (4YR 4/6 úmido), e (4YR 4/4 seco); moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares, cerosidade fraca e pouca; superfícies de compressão comuns; ligeiramente duro, friável; transição gradual e plana.
B3 155 - 190cm, (4YR 4/6 úmido), e (4YR 4/4 seco); moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares; superfícies de compressão comuns; duro, friável; transição gradual e plana.
BC 190 - 250cm, (4YR 4/6 úmido), e (4YR 5/6 seco); moderada muito pequena e pequena em blocos subangulares; superfícies de compressão comuns; duro, friável; transição clara e irregular.
C 250 - 270cm+. CR Coletado. R Coletado. RAÍZES - Muitas no horizonte A e BA, comuns no B1, e raras no B2 e B3, ausentes no BC, C, CR e R. OBSERVAÇÕES - Grande quantidade de concreções de calcedônea, e veios de ametista e quartzo hialino em geodos dispersos por todo o perfil, inclusive no CR, onde são abundantes.
PERFIL 3
Data :22/07/97. A) DESCRIÇÃO GERAL
124
CLASSIFICAÇÃO – CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico. UNIDADE DE MAPEAMENTO - Ciríaco - Charrua ( UFSM & SUDESUL, 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO e COORDENADAS - Estrada Luzerna - Água Doce, após a entrada para a vila Kennedy 100 metros a direita. Luzerna, SC. Exatamente 3 km abaixo do perfil 2. SITUAÇÃO, DECLIVE e COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL - Descrito e coletado em barranco de corte de estrada, em situação de terceiro ou quarto patamar em encosta com aproximadamente 20% de declive, sob vegetação de capoeira. ALTITUDE : 670 m. LITOLOGIA - Basalto FORMAÇÃO GEOLÓGICA - Serra Geral CRONOLOGIA - Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO - Produto da alteração do basalto com possível influência de material retrabalhado proveniente de intemperismo do basalto. RELEVO LOCAL - Forte ondulado. RELEVO REGIONAL - Forte ondulado. VEGETAÇÃO PRIMÁRIA - Mata subtropical com araucárias esparsas, no plano do patamar. USO ATUAL - Capoeira. CLIMA - Cfb DESCRITO E COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach B)DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0 - 34cm, bruno escuro(7,5YR 3/3, úmido e 7,5YR 3/4, seco); fraca muito pequena
granular; macio, muito friável. Bi 34 - 70/100cm, bruno escuro (7,5YR 3/4, úmido) e bruno avermelhado escuro (5YR
3/4, seco); fraca muito pequena e pequena granular; macio, friável; transição irregular.
CR 70/100cm+. R Coletado. OBSERVAÇÃO - Intensa presença de pedras na superfície e no interior da massa do solo, principalmente no Bi. PERFIL 4
Data: 22/07/97. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO – NITOSSOLO VERMELHO Eutrófico típico. UNIDADE MAPEAMENTO - Ciríaco - Charrua ( UFSM & SUDESUL , 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS - Estrada Luzerna-Água Doce, 3,3 km abaixo do perfil 3.
125
ALTITUDE – 575 m. SITUAÇÃO, DECLIVE e COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL - Descrito e coletado em barranco de corte de estrada, em terço médio de encosta com aproximadamente 25% de declive. LITOLOGIA - Basalto. FORMAÇÃO GEOLÓGICA - Serra Geral CRONOLOGIA - Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO - Produto da alteração do basalto, com forte influência de cobertura de material detrítico evidenciado por linhas de pedras entre o horizonte A e Bt. RELEVO LOCAL - Forte ondulado. RELEVO REGIONAL - Forte ondulado. CLIMA - Cfb DESCRITO e COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach . B)DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA. A1 0 - 30cm, (3,5YR 3/4, úmido), e (3,5YR 4/6, seco); moderada muito pequena e
pequena granular; ligeiramente duro, friável. AB 30 - 78cm, vermelho escuro (2,5YR 3/6, úmido) e vermelho (2,5YR 4/6, seco);
moderada muito pequena em blocos subangulares; ligeiramente duro, friável. 2Bt 78 - 160cm, vermelho (2,5YR 4/6, úmido e 2,5YR 4/7, seco); moderada muito
pequena em blocos subangulares; superfícies de compressão comuns; ligeiramente duro, friável.
2BC 160 - 195cm+, vermelho escuro (2,5YR 3/6, úmido) e vermelho ( 2,5YR 4/6, seco); moderada muito pequena e pequena em blocos subangulares; superfícies de compressão comuns; ligeiramente duro, friável.
CR Coletado. R Coletado. OBSERVAÇÕES - Grande quantidade de fragmentos: sílica, calcedônia, quartzo e silex;
126
APÊNDICE 2
TOPOSEQÜÊNCIA II
PERFIL 5
Data: 24/07/97. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO – NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico. UNIDADE MAPEAMENTO - Ciríaco - Charrua ( UFSM & SUDESUL , 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Rodovia Piratuba – Peritiba, 10 km após o Rio do Peixe em Ipira, SC. ALTITUDE – 690 m. SITUAÇÃO, DECLIVE e COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL - Descrito e coletado em barranco de corte de estrada, em topo de elevação, em área de relevo ondulado, cerca de 10% de declive, sob vegetação de mata nativa. LITOLOGIA – Basalto Amigdalóide. FORMAÇÃO GEOLÓGICA - Serra Geral CRONOLOGIA - Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO - Produtos da alteração da rocha supracitada, com influência de material retrabalhado de origem basáltica. PEDREGOSIDADE – Ligeiramente pedregoso. ROCHOSIDADE – Não rochoso RELEVO LOCAL - Ondulado. RELEVO REGIONAL - Ondulado. EROSÃO – Não aparente. DRENAGEM – Bem drenado. USO ATUAL – Área com mata nativa. CLIMA – Cfb (Köeppen). DESCRITO e COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach. B)DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA. A 0 – 25/30cm, bruno escuro (7,5YR 3/3, úmido), e (7,5YR 3/4, seco); argilosa,
moderada muito pequena e pequena granular; ligeiramente duro, friável transição clara e ondulada.
BA 25/30 – 43cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/3, úmido) e bruno vermelhado (5YR 4/4, seco); argilosa, moderada muito pequena e pequena granular; duro, friável, transição clara e plana.
127
Bt1 43 - 75cm, bruno avermelhado escuro (2,5YR 2,5/4, úmido) e vermelho escuro (2,5YR 3/6, seco); argilosa, pequena e muito pequena em blocos subangulares; cerosidade moderada e comum; superfície de compressão abundantes; muito duro, friável; transição gradual e plana.
Bt2 75 – 127/150cm, bruno avermelhado escuro (2,5YR 2,5/4, úmido) e vermelho escuro (2,5YR 3/6, seco); argilosa, moderada pequena em blocos subangulares; cerosidade moderada e pouca; superfície de compressão comuns, duro, muito friável; transição clara e irregular.
BC 127/150 – 158/190cm+, bruno avermelhado escuro (2,5YR 2,5/3, úmido) e vermelho escuro (2,5YR 3/6, seco); argilosa, moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares; superfícies de compressão comuns, duro, friável;transição clara e irregular.
CR Coletado. RAÍZES – Muitas no A e AB, comuns no Bt1 e raras no Bt2. OBSERVAÇÕES – Entre o horizonte A e o BA há grande quantidade de linhas de pedras, de tamanhos que variam desde dois a vinte centímetros de diâmetro. PERFIL 6
Data: 24/07/97. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO – CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico típico. UNIDADE MAPEAMENTO - Ciríaco - Charrua ( UFSM & SUDESUL , 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Rodovia Piratuba – Peritiba, a 6km após o Rio do Peixe, lado esquerdo após a entrada da propriedade do Sr. Edson Poll, em Ipira, SC. ALTITUDE – 585 m. SITUAÇÃO, DECLIVE e COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL - Descrito e coletado em barranco de corte de estrada, em terço médio de encosta, com influência coluvial local. LITOLOGIA – Basalto FORMAÇÃO GEOLÓGICA - Serra Geral CRONOLOGIA - Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO - Produtos da alteração do basalto, com forte influência coluvial em todo o perfil, evidênciado por linha de pedras (matacões e calhaus) entre o A e o BA; e presença de fragmentos de rocha dispersos no 2Bt1 e 2Bt2. PEDREGOSIDADE – Pedregoso. ROCHOSIDADE – Não rochoso. RELEVO LOCAL – Forte ondulado. RELEVO REGIONAL – Forte ondulado e montanhoso. EROSÃO – Não aparente. DRENAGEM – Bem drenado. USO ATUAL – Mata secundária. CLIMA – Cfb (Köeppen).
128
DESCRITO e COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach. B)DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA. A 0 – 28cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/3, úmido) e bruno avermelhado (5YR
4/4, seco); média, fraca, muito pequena granular;macia, muito friável, transição clara e ondulada.
BA 28 – 50cm, bruno avermelhado escuro (2,5YR 2,5/4, úmido) e bruno vermelhado (5YR 4/4, seco); argilosa, moderada, pequena e muito pequena granular; ligeiramente duro, muito friável, transição clara e plana.
2Bt1 50 - 80cm, (3,5YR 3/6, úmido) e (3,5YR 4/6, seco); argilosa, moderada muito pequena em blocos subangulares; cerosidade moderada e pouca; superfícies de compressão poucas; ligeiramente dura, muito friável, transição plana e gradual.
2Bt2 80 – 150cm+, (3,5YR 3/6, úmido) e (3,5YR 4/6, seco); argilosa, moderada pequena e muito pequena em blocos subangulares; cerosidade moderada e pouca; superfícies de compressão poucas; ligeiramente dura e muito friável.
RAÍZES – Muitas no A e BA, comuns no horizonte 2Bt1 e raras no horizonte 2Bt2.
PERFIL 7
Data: 24/07/97. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO – ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico. UNIDADE MAPEAMENTO - Ciríaco - Charrua ( UFSM & SUDESUL , 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Rodovia Piratuba – Peritiba, a 5 km do Rio do Peixe, em Ipira, SC. ALTITUDE – 550 m. SITUAÇÃO, DECLIVE e COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL - Descrito e coletado em barranco de corte de estrada. LITOLOGIA – Basalto. FORMAÇÃO GEOLÓGICA - Serra Geral CRONOLOGIA - Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO - Produto da alteração do basalto, com forte contribuição de material coluvial no A, BA e Bt, composto de fragmentos de basalto semi-intemperizados. PEDREGOSIDADE –Pedregoso. ROCHOSIDADE – Não rochoso RELEVO LOCAL – Forte ondulado. RELEVO REGIONAL – Forte ondulado. EROSÃO – Não aparente. DRENAGEM – Bem drenado. USO ATUAL – Mata nativa.
129
CLIMA – Cfb (Köeppen). DESCRITO e COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach. B)DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA. A 0 – 25/30cm, bruno escuro (7,5YR 3/3, úmido), e (7,5YR 3/4, seco); franco argilosa,
fraca muito pequena granular; macio, muito, friável transição clara e ondulada. 2BA 25/30 – 50/60cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/3, úmido e 5YR 3/4, seco);
muito argilosa, moderada pequena granular; ligeiramente duro, muito friável, transição clara e ondulada.
3Bt 50/60 - 112cm+, bruno avermelhado escuro (2,5YR 2,5/4, úmido) e vermelho escuro (2,5YR 3/6, seco); argilosa; moderada muito pequena em blocos subangulares; cerosidade comum moderada; superfícies de compressão comuns; duro, friável.
OBSERVAÇÕES – Não foi possível coletar a rocha substrato, pois não ocorreu sua evidência no barranco, porém coletou-se em área logo abaixo, em duas situações, rocha com núcleo intacto e crosta da rocha alterada.
PERFIL 8
Data: 24/07/97. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO – NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico chernossólico. UNIDADE MAPEAMENTO - Ciríaco - Charrua ( UFSM & SUDESUL , 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Estrada secundária a rodovia Piratuba – Peritiba, a 4 km do Rio do Peixe, em Ipira, SC. ALTITUDE – 485 m. SITUAÇÃO, DECLIVE e COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL - Descrito e coletado em barranco de corte de estrada, em terço inferior de encosta, com aproximadamente 35% de declividade, próximo ao fundo do vale (riacho). LITOLOGIA – Basalto. FORMAÇÃO GEOLÓGICA - Serra Geral CRONOLOGIA - Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO - Produtos da alteração do basalto. RELEVO LOCAL – Forte ondulado. RELEVO REGIONAL – Forte ondulado. EROSÃO – Não aparente. DRENAGEM – Bem drenado. USO ATUAL – Pastagem. CLIMA – Cfb (Köeppen). DESCRITO e COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Joelcio Gmach.
130
B)DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA. A 0 – 20/25cm, bruno escuro (7,5YR 3/3,5, úmido), e bruno escuro (7,5YR 4/3, seco);
franco argiloso, moderada muito pequena e pequena granular; ligeiramente duro, friável.
131
APÊNDICE 3
TOPOSEQÜÊNCIA III
PERFIL 9
Data: 28/09/2001. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO : CAMBISSOLO HÁPLICO Eutroférrico típico. UNIDADE DE MAPEAMENTO – Ciríaco-Charrua ( UFSM & SUDESUL, 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO : Na BR- 386, a partir do centro de Descanso, 5,2 km em direção a Iporã do Oeste, entra a esquerda onde é a localidade de Ervalzinho, mais 41,5 km. Descanso – SC SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL : perfil coletado e descrito em barranco de corte de estrada, no fundo do vale. ALTITUDE : 440 m. LITOLOGIA : Basalto FORMAÇÃO GEOLÓGICA : Serra Geral CRONOLOGIA : Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO : Produto da alteração do basalto. PEDREGOSIDADE : Ligeiramente pedregoso. RELEVO LOCAL – Suave ondulado. RELEVO REGIONAL – Forte ondulado. USO ATUAL - Pastagem de capim elefante. CLIMA – Cfa (Köeppen) DESCRITO E COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Èlen Ramos Nichéle. B) DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA A1 0 - 25cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/4, úmido) e bruno avermelhado (5YR
4/4, seco); moderada pequena granular; macio, muito friável. Transição clara e plana. A2 25 - 42cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/4, úmido) e bruno avermelhado (5YR
4/4,seco); moderada pequena granular e fraca pequena em blocos; macio, muito friável. Transição clara e plana
AB 42 - 60cm, bruno avermelhado (5YR 4/4 úmido) e vermelho amarelado (5YR 4/6, seco); moderada média e pequena em blocos subangulares; macio, muito friável. Transição clara e plana
132
BA 60 - 72cm, bruno avermelhado (5YR 4/4 úmido) e vermelho amarelado (5YR 4/6, seco); fraca a moderada e muito pequena e pequena em blocos subangulares; macio, friável. Transição clara e plana
B 72 – 92/97cm, bruno avermelhado (5YR 4/4 úmido) e vermelho amarelado (5YR 4/6, seco); moderada média a grande em blocos subangulares; macio, friável. Transição abrupta e ondulada
CR 92/97+ Coletado OBSERVAÇÕES – Presença de linha de pedra do BA para o B2.
PERFIL 10
Data: 28/09/2001. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO : CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico típico. UNIDADE DE MAPEAMENTO – Ciríaco-Charrua ( UFSM & SUDESUL, 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO : Na estrada vicinal, a 1,8km do perfil 11, voltando em direção à BR 386. SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL : perfil coletado e descrito em barranco de corte de estrada, no primeiro patamar do vale para o topo. ALTITUDE : 480 m. LITOLOGIA : Basalto Amigdalóide. FORMAÇÃO GEOLÓGICA : Serra Geral CRONOLOGIA : Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO : produto da alteração do basalto. PEDREGOSIDADE : Ligeiramente pedregoso. ROCHOSIDADE : Não rochoso. RELEVO LOCAL – Ondulado. RELEVO REGIONAL – Forte ondulado. DRENAGEM : Moderadamente drenado. USO ATUAL – Cultura de laranjeira. CLIMA – Cfa (Köeppen) DESCRITO E COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Èlen Ramos Nichéle. B) DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA A1 0 - 12cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/3, úmido) e bruno avermelhado (5YR 4/3
seco); moderada muito pequena e pequena granular, fraca e pequena em blocos subangulares; macio, muito friável. Transição clara e plana.
A2 12 - 32cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/3, úmido) e bruno avermelhado (5YR 4/3 seco); moderada muito pequena e pequena granular, fraca e pequena em blocos subangulares; ligeiramente duro, muito friável. transição gradual e plana
133
AB 32 - 42cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/3, úmido) e bruno avermelhado (5YR 4/3 seco); moderada pequena e média granular, fraca pequena em blocos subangulares; dura, friável. Transição gradual e plana
BA 42 – 53/60cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/4 úmido), e bruno avermelhado (5YR 4/3 seco); moderada média e pequena em blocos subangulares, cerosidade fraca e pouca; duro, friável. Transição clara e ondulada
Bt 53/60 – 84/90cm, bruno avermelhado escuro (2,5YR 3/4, úmido) e bruno avermelhado escuro (7,5YR 4/6, seco); moderada a forte média média e pequena em blocos subangulares e angulares, cerosidade moderada e comum; dura friável. Transição abrupta e ondulada
CR 84/90 - 104+cm, Coletado.
PERFIL 11
Data: 29/09/2001. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO : CHERNOSSOLO HÁPLICO Férrico típico. UNIDADE DE MAPEAMENTO - Erexim (UFSM & SUDESUL, 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO : Na estrada vicinal, a 39,8km do perfil 10, voltando em direção à BR 386. SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL : perfil coletado e descrito em barranco de corte de estrada, situado no terço médio de encosta com um declive mínimo de 35%. ALTITUDE : 510 m. LITOLOGIA : Basalto Amigdalóide FORMAÇÃO GEOLÓGICA : Serra Geral CRONOLOGIA : Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO : produto da alteração do basalto. PEDREGOSIDADE : Pedregoso. ROCHOSIDADE – Não rochoso. RELEVO LOCAL –Forte ondulado. RELEVO REGIONAL – Forte ondulado a montanhoso. DRENAGEM – Bem drenado. USO ATUAL – Cultura de fumo. CLIMA – Cfa (Köeppen) DESCRITO E COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Èlen Ramos Nichéle. B) DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
134
A 0 – 34 cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/4, úmido) e bruno avermelhado (5YR 4/4 seco); moderada pequena muito pequena granular, fraca e pequena em blocos subangulares; macio, muito friável. Transição gradual e plana.
AB 34 - 70cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/4, úmido) e bruno avermelhado (5YR 4/4 seco); moderada pequena granular, fraca e pequena em blocos subangulares; macio, friável. Transição gradual e plana.
B 70 – 100+cm, bruno avermelhado (5 YR 4/4 úmido) e vermelho amarelado (5 YR 4/6, seco); moderada pequena e média em blocos subangulares; macio, friável. Transição clara e plana
PERFIL 12
Data: 29/09/2001. A) DESCRIÇÃO GERAL CLASSIFICAÇÃO : NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico. UNIDADE DE MAPEAMENTO - Erexim( UFSM & SUDESUL, 1973) LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO : Na estrada vicinal, a 5,9 km do perfil 11, na BR 386, muito próximo (cerca de 200m) da entrada para a localidade de Ervalzinho em Descanso, SC. SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL : perfil coletado e descrito em barranco de corte de estrada, no topo do Vale. ALTITUDE : 580 m. LITOLOGIA : Basalto FORMAÇÃO GEOLÓGICA : Serra Geral CRONOLOGIA : Jurássico - Cretáceo MATERIAL ORIGINÁRIO : produto da alteração do basalto. PEDREGOSIDADE : Pedregoso. RELEVO LOCAL – Suave ondulado. RELEVO REGIONAL – Ondulado. DRENAGEM - Bem drenado. USO ATUAL – Pastagem. CLIMA – Cfa (Köeppen) DESCRITO E COLETADO POR - Jaime Antonio Almeida, Janaina Corrêa e Èlen Ramos Nichéle. B) DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA A1 0 - 21cm, bruno escuro (7,5YR 3/4, úmido e 7,5 YR 3/3); moderada, média e pequena
granular; ligeiramente duro, friável, plástico. transição clara e plana. A2 21 - 35cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/3, úmido) e bruno avermelhado (5YR
4/4 seco); moderada pequena e média granular; duro, friável. Transição clara e plana
135
BA 35 - 50cm, bruno avermelhado escuro (2,5 YR 2,5/4 úmido e 5 YR 3/4, seco); moderada média e grande em blocos subangulares, cerosidade forte e abundante; dura, friável.transição clara e plana
B1 50 - 84cm, bruno avermelhado escuro (5 YR 3/4úmido e 5YR 3/3, seco); moderada, média e grande em blocos angulares e subangulares, cerosidade forte e abundante; duro, friável.transição difusa e plana.
B2 84 – 150cm, bruno avermelhado (5YR 4/4, úmido) e vermelho amarelado (5YR 4/6, seco); moderada, grande em blocos subangulares, cerosidade moderada e comum; dura friável transição difusa e plana.
B3 150 – 200+cm, bruno avermelhado escuro (5YR 3/4, úmido) e bruno avermelhado (5YR 4/4, seco); moderada, grande em blocos subangulares, cerosidade fraca e pouca; dura friável transição difusa e plana.