lubavitch magazine 2014

100
A MULHER, O JUDAÍSMO E O SÉCULO 21

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Page 1: Lubavitch magazine 2014

a mulher, o judaísmo e o século 21

Page 2: Lubavitch magazine 2014

Carta do rebe de LubavitCh

Setembro de 1964 - brooklyn, n.y.

ela tem um dever com a sociedade de ser um agente

positivo e ativo para aperfeiçoar seu ambiente. e todos

têm a capacidade de fazê-lo, pelo menos em certo grau.

Se o exposto acima é verdadeiro a respeito de qualquer

ser humano, há um aspecto adicional e essencial no seu

caso, como judeu.

Considere: o povo judeu, cada membro dele, tem

sempre se achado na situação ímpar de ser uma

pequena minoria entre as nações, muitas das quais não

eram amigáveis e frequentemente eram hostis. Nessa

circunstância desfavorável, a sobrevivência judaica tem

sido sempre um problema e um desafio.

Consequentemente, essa situação acarreta um dever

especial e sagrado para cada judeu, homem e mulher,

a fazer o máximo para fortalecer e assegurar a

SaudaçõeS e BênçãoS,

Com referência à sua dúvida sobre ter escolhido o

caminho certo etc., confio que você sabe os princípios

básicos de nossos sábios, de abençoada memória,

que o essencial é o ato que leva ao resultado prático.

Similarmente, no seu caso, se você tomou o caminho

certo ou não, vai depender de como você utiliza sua

graduação: se a faz em direção ao bem e ao sagrado,

usando-a para iluminar seu ambiente – isso provará que

está no caminho certo.

Por outro lado, se suas qualificações e capacidades não

forem utilizadas dessa forma, ou forem usadas em outra

direção, a conclusão inevitável, com o devido respeito,

será que então não é o caminho certo. uma pessoa

não pode ser um observador passivo em seu ambiente

e sociedade, para não mencionar um fator negativo.

sobrevivência

judaica

Page 3: Lubavitch magazine 2014

sobrevivência judaica. entretanto, um judeu não deveria

olhar esse dever simplesmente como uma obrigação,

mas sim vê-lo como sua missão privilegiada e divina

neste mundo, através da qual o judeu atinge a plenitude.

além disso, não é algo que possa ser deixado à escolha

do judeu, pois sua única escolha é se ele deseja ou não

cumprir seu dever. Mas, aquilo que é seu dever sagrado

não é uma escolha sua, pois nasceu judeu. e tendo

nascido judeu, chega a este mundo com um rico legado,

que o equipa com capacidades especiais, privilégios

especiais e obrigações especiais. Não tem o direito de

argumentar dizendo que não foi consultado etc., pois

seja esse argumento válido ou não, de forma alguma

muda a realidade, da mesma maneira que a realidade

para todo homem é que, visto como alguém que recebe

da sociedade uma variedade de benefícios positivos, é

obrigado a compensar a sociedade com seus melhores

esforços. retrucar dizendo que essas obrigações lhe

foram impostas sem o seu consentimento, não serve

como desculpa para esquivar-se às responsabilidades.

Sinto-me no dever de adicionar mais um aspecto. a

sobrevivência de nosso povo judeu e o impacto que

isso tem em cada indivíduo, não é algo que deva ainda

ser investigado e experimentado. o povo judeu é um

dos mais antigos do mundo, e sua longa história como

nação tem passado incólume por muitas condições

e circunstâncias, a maioria desfavoráveis, conforme

mencionado acima. Se alguém deseja saber o segredo

da sobrevivência judaica sob circunstâncias que

obliteraram nações maiores e mais poderosas, deve

Page 4: Lubavitch magazine 2014

aplicar os mesmos métodos científicos que em outros

casos. em outras palavras, é necessário encontrar o

fator ou fatores comuns em todos os vários períodos da

história judaica, o que teria que ser considerado como

a base da sobrevivência judaica. Se forem encontrados

dois ou três fatores, devemos questionar se todos foram

indispensáveis à sobrevivência, ou talvez apenas um ou

dois teriam sido suficientes. Porém, se apenas um fator

comum for encontrado, então não pode haver dúvida

de que essa é a única base da sobrevivência. isso, como

mencionado acima, é a abordagem científica e não um

problema de falta de fé. além disso, como em todos

os campos da ciência, não importa se alguém entende

ou não as descobertas científicas. de fato, em ciências

mais exatas, os fatos e fenômenos reais são primeiro

verificados, somente então uma explicação científica é

procurada.

voltando à longa história de nosso povo por um período

de 35 séculos, vê-se que há apenas um fator que tem

preservado a identidade e sobrevivência judaicas

durante os vários períodos de nossa história. esse fator

não foi o idioma ou país, nem qualquer dos fatores que

são normalmente associados com nacionalidade e

nacionalismo, pois em todas essas coisas têm ocorrido

mudanças radicais de um período a outro, como

qualquer um que esteja familiarizado com a história

judaica sabe. o único fator, e enfatizando, o único fator,

que tem preservado nosso povo judeu através das

eras, sob todos os tipos de circunstâncias, tem sido o

cumprimento das mitsvot na vida cotidiana, como a

observância do Shabat, vestir tefilin e a educação de

torá ministrada às nossas crianças. essas e todas as

outras mitsvot já estão incorporadas na torá e têm sido

cumpridas pelos judeus desde a outorga da torá no

Monte Sinai, e têm sido observadas da mesma maneira

no decorrer dos séculos, sem mudanças.

uma prova adicional de que esse é o “segredo” da

sobrevivência judaica, se alguma prova mais se

faz necessária, é o fato de que sempre têm havido

dissidentes. a própria torá relata que imediatamente

após a outorga da torá no Monte Sinai, houve os

adoradores do bezerro de ouro. Similarmente, através

do período dos Juízes, Profetas e reis, bem como no

período pós-bíblico do Segundo beit hamikdash, e mais

tarde. esses dissidentes tentaram tomar outro rumo, à

parte do judaísmo tradicional, mas nunca puderam se

enraizar dentro do povo judeu. até mesmo esses que

se desviaram acabaram por perceber seu equívoco e

retornaram ao aprisco da observância da torá e mitsvot,

ou então foram completamente assimilados entre as

nações do mundo, sem ter mais nada a ver com o povo

judeu, menos ainda com a sobrevivência judaica.

baseado no fundamento de que o principal é a ação,

como foi citado antes, quero expor a conclusão prática

dos pensamentos expressados nessa carta. isto é, que

independentemente de como sua vida diária expressou-

se no passado, é meu dever, visto que estabelecemos

contato entre nós, mostrar-lhe que seu dever consigo

mesmo, com o que o cerca e com nosso povo judeu

como um todo, é ordenar sua vida em total concordância

com a torá e mitsvot na conduta diária.

desnecessário dizer que entendo que tais mudanças

acarretam dificuldades e a desistência de várias coisas,

mas certamente é um pequeno sacrifício em relação ao

enorme privilégio de cumprir uma obrigação sagrada

com nosso povo, em adição à sua obrigação com a

comunidade judaica na qual vive com sua família. Possa

d’us garantir que você tenha boas novas a dizer sobre

tudo que foi discutido acima.

Com estima e bênçãos,

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Page 7: Lubavitch magazine 2014

habitamos um mundo povoado por ambos os gêneros, cada qual

com seu propósito, suas respectivas potencialidades, habilidades

e meios de expressão. No entanto, as pessoas ainda encontram

dificuldade em definir a participação e contribuição do público

feminino contemporâneo. a tendência no último meio século era

de escalar a causa feminista pela inclusão da mulher em uma

sociedade estruturada e gerenciada pelos homens, onde o êxito

é calculado na medida em que mulheres assumiram posturas e

posições masculinas.

a torá sempre valorizou a mulher nos seus próprios termos e enalteceu a sua influência na sociedade

encarregando ela da formação das futuras gerações. Lembramos das matriarcas do povo judeu como

modelos e a personificação das virtudes femininas. a nossa esperança com a Lubavitch Magazine deste

ano é de provocar um olhar objetivo e aberto sobre a participação da mulher atual no judaísmo, sabendo

que o escopo desta publicação não permite uma abordagem de todas as suas facetas. Serão muito bem

recebidos os comentários e observações de nossos leitores a respeito das questões abordadas.

Prestamos uma homenagem singela em nossas páginas sobre a operação borda de Proteção, em israel,

aos que deram as suas vidas para proteger o nosso povo e estendemos condolências às suas queridas

famílias, das quais fazemos parte.

desejamos que as luzes de Chanucá em 5775 se espalhem e iluminem mentes e corações, casas e ruas,

culturas e povos e que sejamos merecedores da revelação de Mashiach já. Feliz Chanucá!

luBaVITchM a G a Z i N e

Rabino Mendel Liberow

editorial

rabiNo: Mendel Liberow

PreSideNte: Leandro Kolodny

viCe-PreSideNte: renato Stifelman

1° SeCretÁrio: roberto Schotkis

2° SeCretÁrio: Newton birman

1° teSoureiro: James Kravetz

2° teSoureiro: Jacob burd

dir. adMiNiStrativo: Julio Katz

dir. aSSiSteNte: ricardo Sondermann

dir. de PatriMÔNio: daniel ruwel

aSSuNtoS reLiGioSoS:

Julio ratzkowski

dir. de reLaÇÕeS: Sidney ochman

dir. de SÓCioS : Gilberto raskin

Sede: Sinagoga beit Lubavich -

rua Felipe Camarão, 748.

Fone: 3335.1264 - www.chabadpoa.org

CNPJ: 03712761/0001-64

ConSelHo edItorIAl:

Mimi Liberow e rivka Liberow

ProdUÇÃo edItorIAl e

dIAGrAmAÇÃo:

verde design de Conteúdo

Paulo Maia - Mtb 14.228

ProJeto GrÁFICo:

emílio r. Martins

CorreÇÃo textUAl:

Cíntia Motta

ImPreSSÃo: odisséia

tIrAGem: 4.000

Foto CAPA: Loorana

diStribuiÇÃo Gratuita

Page 8: Lubavitch magazine 2014
Page 9: Lubavitch magazine 2014
Page 10: Lubavitch magazine 2014

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CENTRAL DE RESERVAS 0800 707 6444Av. Carlos Gomes, 565 | www.holidayportoalegre.com.br

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gratuita, room service 24h e área

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confortável e tranquilo.

Page 11: Lubavitch magazine 2014

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Lubavitch magazine 14

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30

58

Um pelo outro

Paza caminho

Contido na semente

Já era, e agora?

escolha ou dever

Além do esforço

A mulher sem terra

Go home!

oPeraÇÃo borda de

ProteÇÃo

CoMPortaMeNtoa MuLher No JudaíSMo

a MuLher No JudaíSMo

a MuLher No JudaíSMo

a MuLher No JudaíSMo

CoMPortaMeNto

vida e SoCiedade

34A divisória que

não exclui

a MuLher No JudaíSMoíNdIce

Page 15: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 15

Sirva-se, por favor

nos bastidores

73eu, que estava lá

67 76

74

68

8070

78

82

o poder do 1

Valoressem fronteiras

tudo chega ao mesmo endereço

regando com lágrimas

A chamada silenciosa

o encontro que ficou para sempre

oPeraÇÃo borda de

ProteÇÃo

PerSoNaGeNS da

hiStÓria JudaiCa

PerSoNaGeNS da

hiStÓria JudaiCa

oPeraÇÃo borda de

ProteÇÃo

PerSoNaGeNS da

hiStoria JudaiCa

oPeraÇÃo borda de

ProteÇÃo

PerSoNaGeNS da

hiStoria JudaiCa

oPeraÇÃo borda de

ProteÇÃo

reLatoS

1

86minhas esperas e

esperanças

reLatoS

Page 16: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 16

eu nunca vou esquecer como me senti no dia em

que meu professor de sociologia fez a alegação de

que não há absolutamente nenhuma diferença entre

homens e mulheres. olhei à minha volta, chocada com

a proposição, e ponderei se alguém sentiu o mesmo.

durante a maior parte do semestre, ele enfatizou

repetidas vezes que todas as distinções entre pessoas

de diferentes raças, posições geográficas ou habitats

não faziam sentido, e que foi apenas a sociedade que

insistiu que realmente havia diferenças.

talvez ele estivesse certo, achamos. talvez nós

realmente nos entregássemos à sociedade com suas

definições e seu desejo de criar separações. talvez fosse

racismo afirmar que, de modo geral, os homens negros

são mais altos que homens asiáticos. e machista sentir

que homens são fisicamente mais fortes que mulheres.

Mas então, certo dia, quando não pude mais resistir, eu

tive que fazer uma pergunta. Se fôssemos realmente

iguais, quero dizer, praticamente idênticos, então por

que mulheres nascem com um ventre e a capacidade

de carregar e ter filhos, e os homens não? e se as

diferenças físicas são tão claramente evidentes e

incontestáveis, então como poderia ser tão absurdo

supor que, talvez, ao lado dessas diferenças físicas

existam diferenças emocionais, psicológicas ou

espirituais também?

acho que a minha pergunta só serviu para enfurecer o

meu professor, que não podia acreditar que eu ainda

era tão ignorante ao ponto de atribuir às diferenças

físicas algo mais do que o físico. Mas para mim, essa

pergunta foi um ponto decisivo na minha vida. Se eu

tinha habilidades e capacidades que os homens não

têm, eu precisava descobrir o poder daqueles aspectos

em mim, por que eu os possuía e o que significavam.

embora a ideia do meu professor de que uma mulher

poderosa era alguém que dificilmente poderia ser

distinguida de um homem, eu queria celebrar as

diferenças inerentes aos gêneros, em vez de diminuí-

los. e eu não apenas queria desvendar os mistérios

do que significava ser uma mulher, mas ainda mais

importante, o que significa ser uma mulher judia.

e assim a minha jornada começou. . . eu iniciei a minha

busca com a primeira mulher na torá. o nome dela

é Chava, em hebraico conhecida como “eva”. ela é

Um pelo outro

a MuLher No JudaíSMo

Por SArA eStHer CrISPe

Page 17: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 17

referida como “a mãe de toda a vida” e

foi criada logo após o primeiro homem,

adão, no sexto dia da Criação, pouco

antes do Shabat. Seu propósito era

de ser um “eizer kenegdo”, que pode

ser traduzido de duas maneiras: ou

“uma companheira para ele” ou “uma

companheira contra ele”.

os sábios explicam que em um

relacionamento há momentos em

que é mais importante dar apoio ao

seu cônjuge e estar ao seu lado e há

outros em que a ajuda necessária

requer contrariar seus desejos e suas

opiniões. o objetivo é saber quando

cada posição é apropriada.

Parece, então, que uma mulher foi

criada com o único propósito de ajudar

um homem. Pode-se perguntar: “a

definição de ser uma mulher judia

é apenas em termos de sua relação

com outros?” e, na prática, como isso

seria feito? a resposta óbvia seria:

casar e ter filhos.

No entanto, encontramos algo

fascinante. Na lei da torá, uma mulher

não é obrigada a fazer nenhum dos

dois. ela não tem nenhum requisito

legal que o exija. Mas o homem tem.

ele é obrigado tanto a casar como ter

filhos. É subentendido que ele não

pode fazer isso sem uma mulher que

seja sua esposa e mãe de seus filhos,

mas ela não é obrigada a fazê-lo.

Page 18: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 18

então, a única maneira para ele poder cumprir suas

responsabilidades é se a mulher estiver disposta a

ajudá-lo ao preencher esses papéis.

de acordo com a filosofia cabalística, os seres humanos

foram criados em duas categorias, homens e mulheres.

No entanto, geralmente os textos referem-se a traços

masculinos e femininos, e não declarações sobre

homens e mulheres. isso significa que ambos possuem

características masculinas e

femininas. Geralmente um homem

é predominantemente masculino e

uma mulher predominantemente

feminina. Porém, sempre há

exceções e por isso nem toda

mulher deseja naturalmente o que

é considerada uma propriedade

feminina, e nem o homem uma

propriedade masculina.

as diferenças entre masculino e

feminino são grandes e vastas.

e essas diferenças afetam a

forma como homens e mulheres

pensam, sentem, falam e agem.

as diferenças são de natureza

psicológica, emocional, física,

intelectual e espiritual. e, ao mesmo

tempo em que podemos ser uma

combinação de ambos os traços,

masculinos e femininos, no fim, nós

somos ou homem ou mulher. No entanto, as nossas

diferenças não foram feitas para causar distância

entre nós, mas para nos aproximar, para equilibrar

um ao outro e se conectar, ao se tornar motivos de

celebração, não de separação.

a maior diferença entre um homem e uma mulher,

ou mais apropriadamente, entre o masculino e o

feminino, pode ser vista nas primeiras duas qualidades

intelectuais de um ser humano. a filosofia Chassídica

ensina que existem três propriedades intelectuais,

juntamente com sete propriedades emocionais. a

primeira das propriedades é a de chochmá, traduzida

livremente como “sabedoria”, que é um princípio

masculino. Chochmá é descrita como o conceber

de uma ideia. Fisicamente falando, é comparada à

semente de um homem. É o começo de toda a vida,

a fundação. Sem ela, nada é capaz de existir e, assim

como uma semente enterrada, é invisível a olho nu.

ela não tem forma nem sentido.

ainda não. ela tem potencial, um

potencial incrível, mas ela não pode

se desenvolver, crescer ou formar-

se por si só.

a próxima propriedade, a de

biná, é feminina. Livremente

traduzida como “entendimento”,

a biná é o desejo de se unir a

sabedoria e dar-lhe sentido. É o

processo de formação, o vínculo,

o desenvolvimento. em um

exemplo físico, biná é a gravidez.

ela literalmente abriga a semente

e, em seguida, faz com que cresça,

se desenvolva e se forme, até que

esteja pronta para nascer e existir

por si só.

É a biná que recebe o potencial da

semente e a cultiva, tornando-a

algo tangível e significativo. É uma

situação em que cada um é dependente do outro para

criar uma realidade. a semente não pode se tornar

qualquer coisa por si só. da mesma forma, sem a

semente, biná não pode criar nada, pois não lhe foi dada

a matéria prima com a qual trabalhar. espiritualmente,

a mulher também tem a propriedade masculina de

chochmá, assim como o homem tem a propriedade

feminina de biná. Mas na prática, uma mulher não

pode produzir sementes, e um homem não pode dar

à luz. a criação física de um bebê é a representação

aS diFereNÇaS eNtre

MaSCuLiNo e FeMiNiNo

aFetaM a ForMa CoMo hoMeNS

e MuLhereS PeNSaM, SeNteM,

FaLaM e aGeM.

a MuLher No JudaíSMo

Page 19: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 19

mais profunda e eterna do amor e da união entre

homem e mulher. É o melhor dos dois mundos e é a

representação do futuro, a realização do potencial de

seu pai e sua mãe.

Fisicamente, os órgãos reprodutivos de uma mulher

são internos, ao passo que no homem são externos.

essa capacidade de internalizar e desenvolver dentro

de si é, mais uma vez, entendida como uma questão

além do meramente físico. uma das indicações mais

claras disso é a diferença entre as obrigações judaicas

de homens e mulheres. as mitsvot que o homem é

incumbido a cumprir são designadas em um tempo

determinado, como também são externas e físicas. Por

exemplo, o homem usa kipá, tefillin, talit, lembrando-o

sempre que d’us está acima, e a sua obrigação de

cumprir os 613 mandamentos. outro exemplo é o dever

do homem rezar três vezes ao dia em um minyan, um

grupo de dez homens. em essência, tudo isso significa

que outras pessoas possam testemunhar se o homem

está cumprindo ou não as suas obrigações.

os preceitos da mulher, no entanto, são particulares e

internos. Quase todos são realizados dentro de casa;

em alguns casos, ninguém além dela está ciente do

fato. um exemplo disso é manter uma cozinha casher;

a mulher conta com a total confiança de seu marido

e família. talvez o exemplo mais pungente disso seja

em relação às leis de pureza familiar e imersão no

banho ritual da Micvê. essas leis, que são consideradas

a fundação do casamento, dos filhos e da casa, estão

completamente entregues à sua confiança. Sua palavra

cria uma nova realidade, e a sua palavra deve ser

confiável.

Portanto, ao contrário do masculino - que é o aspecto

externo do nosso eu e pode ser visto por outras

pessoas - o feminino é completamente interno, não

envolvendo mais ninguém, entregue a ela apenas.

Considerando que as propriedades masculinas são

externas, o homem necessita maior retificação. ao

contrário de uma mulher, a ele não é dado esse mesmo

tempo e oportunidade para reflexão, interiorização e

contemplação. este é o processo feminino de biná, em

hebraico bein, “entre” o que está em sua mente e o que

emerge através de sua ação. essa é a fase da gravidez,

o meio-termo da concepção e do nascimento. e esse é

o tempo do desenvolvimento e da retificação.

Por essa razão, nos é ensinado que, assim como a

mulher precisa do homem para a concepção, o homem

precisa da mulher para a gestação, o desenvolvimento.

essa não é apenas uma realidade física, mas espiritual

também.

É por isso que a torá afirma que uma mulher exemplar

é aquela que “ossá retzon ba’alah”, uma frase em

hebraico que tem algumas camadas de tradução. a

primeira é: “ela faz a vontade de seu marido.” Mas, em

hebraico, o verbo ossá pode ser traduzido tanto como

“fazer” ou “formar”. assim, a frase pode ser entendida

também como a mulher é quem “forma (ou seja,

determina) a vontade de seu marido”.

Mas, nenhuma dessas possibilidades é muito saudável

em um relacionamento. Se um parceiro é obrigado a

fazer a vontade do outro, sem nenhuma participação,

isso não é uma relação; é uma ditadura. da mesma

forma, se um determina a vontade do outro, isso

implica que não há nenhuma troca de comunicação ou

equilíbrio entre os dois, uma vez que um decide pelo

outro. a principal diferença entre os dois é apenas

quem é que manda - o homem ou a mulher - sendo

que ambos são problemáticos.

isso nos traz de volta ao início da nossa discussão,

o significado de “eizer kenegdo”. Será a mulher

uma companheira para ele, ou contra ele? Quando

traduzimos ossá como “fazer” ou “formar”, ela é o

oposto dele. os ensinamentos Chassídicos esclarecem

o significado dessa palavra. rashi, o proeminente

comentarista talmúdico revela que o termo ossá,

quando usado na torá tem outro significado, que é

“corrigir.” a retificação é o equilíbrio entre “fazer” e

“formar”. ou seja, quando uma mulher está usando

LubavitCh MaGaZiNe 19

Page 20: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 20

LH-0195-14 - Revista Lubavitch_AF

sexta-feira, 24 de outubro de 2014 16:48:19

Page 21: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 21

seu potencial de forma adequada, ela é capaz de se

conectar ao seu cônjuge e ajudar a corrigi-lo. através

de sua capacidade de desenvolver, ela pode receber

dele as suas ideias, seus talentos, seu potencial, e

internalizá-los, tornando-se impregnada deles, até que

estejam prontos para nascer de forma pública, externa.

e assim ela se torna uma “eizer kenegdo” adequada,

uma companheira para ele.

Com isso voltamos a um dos

primeiros pontos que foram

levantados: No judaísmo, a mulher

é definida em termos de sua relação

com o homem? a resposta é sim

e não. Se cada ser humano é um

composto de ambos os traços,

masculinos e femininos, então

devemos compreender como essas

duas qualidades extremamente

diferentes podem coexistir e

complementar uma a outra dentro

de cada um de nós, e reconhecer

que os dois devem trabalhar juntos.

isso nos ensina que o verdadeiro

caminho para nos definir, e vir

a compreender e revelar nosso

potencial, é através do foco no

outro. Às vezes, isso é um “outro”

dentro de nós mesmos; às vezes, é

o “outro” fora da gente. Porque cada mulher, solteira

ou casada, com ou sem filhos, é capaz de dar frutos,

é capaz de ser um “eizer kenegdo”. Quando usamos

nossos talentos para criar, através de quaisquer

meios – através da nossa arte, escrita, poesia,

música –cumprimos o mandamento de “ser frutífero e

multiplicar-se”; criar e trazer mais luz a este mundo.

dentro de um casamento, a relação íntima é a nossa

oportunidade de cumprir essa lei, a primeira na torá,

de forma física. Mas, não é apenas cumprida ao dar à

luz filhos, pois infelizmente nem toda mulher consegue.

o Zohar nos ensina que na intimidade de um casal,

almas são criadas. Às vezes, essas almas entram em

um corpo físico, outras vezes elas permanecem na

esfera espiritual, mas mesmo assim são criadas.

e cada vez que criamos, ocorre

um processo de dar e receber.

uma parte de nós deve ser capaz

de abrir mão, soltar, para dar ao

outro; e uma parte deve ser capaz

de se abrir, para receber, aceitar

e nutrir o que foi dado. Quando a

nossa preocupação não é sobre

o que somos obrigados a fazer,

mas sim sobre como podemos

ajudar o outro a cumprir as suas

obrigações, é apenas então que

brilhamos e revelamos a nossa

verdadeira força. Mas temos de

começar olhando para dentro,

através da compreensão de nós

mesmos, nossas forças e as

nossas fraquezas. assim ajudando

a nós mesmos.

e quando reconhecemos que

somos capazes de dar e receber, e que ambos

são papéis muito ativos, somente então podemos

nos alegrar com as qualidades e atributos que são

exclusivamente nossos, como mulheres, e começar a

celebrar o que somos, em vez de competir com quem

não somos.

ao CoNtrÁrio do MaSCuLiNo o FeMiNiNo É

CoMPLetaMeNte iNterNo, NÃo eNvoLveNdo

MaiS NiNGuÉM, eNtreGue a eLa

aPeNaS.

Page 22: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 22

a MuLher No JudaíSMo

o estado de pré-redenção atual do mundo é comparado

em fontes judaicas a um sonho. Sonhos consistem

em uma mistura de acontecimentos desarticulados

em que a verdade e a ilusão estão inexplicavelmente

misturadas. em nenhum lugar a analogia de um sonho é

mais aplicável do que na interação entre os gêneros. a

relação entre homens e mulheres é, e tem sido, caótica,

confusa e contraditória. Nenhum outro domínio da

vida tem os opostos de atração-repulsão, dominância-

submissão, amor-ódio, tão entrelaçados. a questão do

enigma masculino-feminino tem dominado os campos

da psicologia, literatura e agora sociologia e política.

embora muitas soluções impressionantes estejam

sendo propostas, o paradoxo dos gêneros continua

sendo tão intratável como sempre. Nem Freud nem

Friedan fizeram a menor diferença. eles simplesmente

propuseram novos equívocos, desencadeando cascatas

de novas frustrações e problemas sociais. Casamentos

e famílias continuam a falhar, enquanto homens e

mulheres persistem em não entender a si mesmos e

uns aos outros.

Por que as espécies são divididas em dois gêneros?

o que significa ser homem? o que significa ser mulher?

Podemos logo eliminar as explicações biológicas óbvias,

uma vez que essas não são as respostas, e sim outros

aspectos da pergunta. acontece que masculinidade

e feminilidade são construídas no próprio tecido da

existência. originam-se em dois distintos modos de

manifestação divina, a interação da qual compõe o

processo da Criação.

o conceito de criação surgiu como uma consequência da

vontade de d’us de dar e de fazer o bem. obviamente,

a fim de satisfazer o desejo para dar, deve haver alguém

para receber. o problema é, no entanto, que d’us é um

só. Não há nada além d’ele e, portanto, não há ninguém

a quem dar. a solução de d’us para esse problema

é a criação, o surgimento de seres autoconscientes,

aparentemente independentes que estão dissociados de

Seu ser.

isso é provocado por uma diversificação ou uma

particularização da vontade essencial de d’us, o que

resulta em dois modos diferentes de expressão divina

que colaboram entre si para produzir a criação. essas

duas influências aparecem infinitas vezes em diferentes

CoNtido Na

SEMENTEPor yAAkoV brAwer

Page 23: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 23

SEMENTE

formas em toda existência. assim, sempre parece ter dois

de tudo, por exemplo, sol e lua, natural e sobrenatural,

sagrado e profano, finito e infinito etc. além disso, os

“dois” não são apenas diferentes um do outro, eles são

opostos e, portanto, aparentemente incompatíveis uns

com os outros. No entanto, surpreendentemente, eles

são casados e os filhos desse casamento são a criação.

talvez a maneira mais fácil de abordar o papel

desempenhado por essas duas categorias de emanação

divina no processo criativo é examinar outra metáfora

conhecida para a criação, a fala. Conforme consta em

Gênesis, d’us criou o mundo através da fala. embora as

crianças, e muitos adultos, tendam a retratar os vários

componentes do mundo estalando do nada, produtos de

um truque espetacular de magia cósmico, não é isso que

significa a fala divina.

o uso da metáfora antropomórfica na torá, neste caso

a fala, permite-nos abordar ainda que indiretamente, o

fenômeno fundamentalmente inefável da Criação, usando

a linguagem humana como modelo. do vasto leque de

potenciais humanos, a fala é o único que é desprovido

de conteúdo intrínseco. o significado ou o conteúdo da

fala é fornecido por outras faculdades. a faculdade da fala

recebe informações ou revelações de outras partes da

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ober

toar

ti

Page 24: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 24

mente. uma pessoa é capaz de expressar-se em uma

notável variedade de maneiras, a partir das mais altas

percepções intelectuais até as emoções mais intensas.

Sentimentos e pensamentos são gerados constantemente

pela mente e estes produzem um mundo interior rico e

único que revela o pensador a si mesmo. Na verdade,

a atividade da mente e o pensador são realmente uma

realidade inseparável. a pessoa é o seu pensamento.

Poucas pessoas se contentam em viver com os seus

pensamentos, ou seja, consigo mesmos. as pessoas

querem fazer uma diferença, dar de si mesmos. o

problema é a forma de exteriorizar ou concretizar o

espaço interno de autoexpressão de modo que outras

pessoas possam receber.

a resposta óbvia é a linguagem. Pode-se revestir ideias

ou sentimentos em letras e palavras de fala. a faculdade

da linguagem, assim recebe revelações de uma rica

variedade de potenciais criativos e fornece “vestes”, ou

seja, palavras em que as autorrevelações se concretizam

e transformam em algo objetivamente real, que pode ser

apreciado por outros.

Linguagem, então, é um ato milagroso de criação em que

uma iluminação da alma, por assim dizer, é separada da

sua fonte e recebe uma vida independente. Não só pode

essa faísca da alma sobreviver à sua origem, mas a sua

influência pode ser superior ao imaginado pelo autor.

o ponto essencial é que a linguagem é composta por

dois elementos distintos. a “alma” da linguagem, o seu

conteúdo, consiste de revelações abstratas e não verbais

das faculdades intelectuais e emotivas. o “corpo” da

linguagem consiste de palavras, roupas tangíveis em que

a “alma” pode se manifestar. Linguagem, então, é um

produto da sinergia entre duas funções necessariamente

distintas. o poder de revelar o que está escondido nas

faculdades intelectuais e emocionais da mente ou da

alma é o componente masculino. o poder de receber

iluminações de potenciais da alma e de concretizá-los é o

aspecto feminino da linguagem.

Para compreender melhor a natureza e o significado de

“homem” e “mulher”, devemos considerar outra analogia,

complementar à da linguagem. Suponha que você tem

um querido amigo que aprecia imensamente a beleza da

cerejeira na primavera. devido à sua grande amizade por

esse amigo, você envia no seu aniversário o caroço de

uma cereja que você acabou de comer.

Seu raciocínio faz sentido. o caroço contém todas as

características, componentes e possíveis cenários de

desenvolvimento de uma árvore de cereja do brotar até

morrer. tudo está lá: raízes, galhos, flores, cerejas e mais

caroços de cereja. É um pacote de informação perfeito e

completo. No entanto não é provável que agrade o seu

amigo.

o raciocínio dele também faz sentido. você de fato não

lhe deu nada, ou melhor, nada palpável. a cerejeira,

com suas flores, é apenas uma possibilidade latente

dentro do caroço. É puro potencial. a fim de libertar as

inúmeras revelações contidas no caroço da cereja, é

preciso fazer uma coisa muito estranha; deve-se enterrá-

lo na terra. a terra não contém nenhuma informação. É,

no entanto, capaz de receber toda e qualquer revelação

diversificada do mundo vegetal (sementes) e dotá-las

MaSCuLiNidade e FeMiNiLidade oriGiNaM eM doiS diStiNtoS ModoS de MaNiFeStaÇÃo

diviNa, a iNteraÇÃo da QuaL CoMPÕe o ProCeSSo da CriaÇÃo.

a MuLher No JudaíSMo

Page 25: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 25

a natureza do elemento feminino reflete a sua origem.

ela se mantém em silêncio e imóvel, à espera de receber

possibilidades. essa característica feminina tem sido

muitas vezes mal interpretada como passividade ou

submissão decorrente de fraqueza. a extrema visão de

seu papel, embora popular e politicamente correta, é a de

uma vítima, condicionada pela necessidade masculina de

dominar. essa percepção é superficial, egoísta e errada,

como deve ser óbvio a partir da análise anterior.

talvez possamos apreciar melhor esse ponto fazendo um

paralelo com o Conselho de Pesquisa Médica do Canadá

- MrC. ele, embora possua esse nome, não faz pesquisa

médica, não gera teorias e não faz nenhum experimento.

No entanto, como a principal agência de financiamento

do governo, o MrC é o poder máximo ao decidir quais

pesquisas biomédicas serão realizadas no Canadá. Seus

responsáveis sentam calmamente, esperando por ideias.

as ideias vêm dos cientistas. Cientistas borbulham com

especulações, hipóteses e projetos experimentais. No

entanto, mesmo a proposta inovadora mais brilhante

conjurada pelo cientista mais ilustre é apenas um sonho

não realizado, um potencial frustrado sem o financiamento

necessário. assim, os cientistas buscam agressivamente

o MrC. o MrC, no entanto, não procura os cientistas. Sua

função é receber possibilidades (pedidos de subvenção) e

tornar as que aprovam em realidade, fornecendo o apoio

necessário. Como não há ciência médica sem o MrC, a

contribuição dessa agência dificilmente pode ser descrita

como fraca ou passiva.

Podemos levar essa analogia um pouco mais adiante.

Sendo que o MrC tem o poder de transformar qualquer

formulação teórica em realidade, ele deve agir com

extrema vigilância ao decidir quais propostas aceitar. Não

é por acaso que os painéis do MrC são compostos das

melhores mentes científicas no Canadá.

a necessidade de discernimento, inteligência e cautela

se aplica a todas as expressões do elemento criativo

feminino, incluindo as próprias mulheres. o papel central

das influências masculinas e femininas no processo de

com realidade objetiva. a terra pode desenvolver uma

cebola tão facilmente como uma banana, um repolho tão

prontamente como uma orquídea.

Mãe terra, então, assim como o aspecto feminino da

linguagem, é um receptor. ela não tem nada de si própria.

isso, à primeira vista, poderia ser entendido como uma

deficiência. No entanto, a razão pela qual o elemento

criativo feminino carece de propriedades definitivas

é porque sua fonte é ilimitada e transcendente. a

proveniência da fala, por exemplo, é a essência da alma

intelectual. em contraste, as várias revelações do intelecto

ou emoção que informam e animam a fala (elementos

do gênero masculino) são originárias de faculdades

específicas que nada mais são do que derivados limitados

ou emanações da essência da alma. a faculdade da

inteligência só pode produzir inteligência, enquanto a fala

pode desenvolver qualquer coisa: inteligência, estupidez,

amor, ódio etc.

assim, a contribuição para o processo criativo

de elementos masculinos e femininos difere

consideravelmente. o componente masculino fornece

informações ou iluminação, o produto de um atributo

específico. o componente feminino fornece a energia

essencial para traduzir a iluminação na criação objetiva.

É um poder ilimitado, refletindo a raiz do componente

criativo feminino na essência do Criador (ao contrário de

um de Seus atributos).

a natureza da relação entre essas duas forças

fundamentais é determinada pelas suas características

definitivas. assim, é o elemento masculino que é atraído

para, e busca ativamente, o elemento feminino. ele é

repleto de possibilidades com as quais ele não pode

fazer nada. uma vez que ele é um aspecto particular

do desejo de d’us de dar, sua própria essência reflete

essa intenção. Consequentemente, o elemento criativo

masculino procura o elemento feminino. ela, estando

arraigada na infinita vontade de d’us, participa do poder

criador infinito de d’us e, portanto, pode transformar o

potencial do masculino em realidade.

LubavitCh MaGaZiNe 25

Page 26: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 26

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Page 27: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 27

criação pode levar a um grave equívoco. É fundamental

ter em mente que esses dois modos não são poderes

autônomos, e sim emanações da mesma, e na verdade

a única realidade. Não é por nada que a oração de “adon

olam” enfatiza o fato de que “ele é um, e não dois ...”.

Considerando que os elementos masculinos e femininos

são enraizados na unicidade de d’us, eles são, antes de

sua evolução como modos separados, uma essência.

isso é aludido na literatura do Midrásh, que descreve

o ser humano primordial como um único indivíduo

composto de aspectos masculinos e femininos. os

dois elementos foram posteriormente separados,

dando origem ao homem e a mulher. assim, quando o

elemento masculino, sob qualquer forma e em qualquer

nível de existência encontra e “se casa” com sua

contraparte feminina, a unidade original é restabelecida.

Casamento, por conseguinte, não é uma união de dois

indivíduos diferentes, mas sim uma reunião das duas

metades de um único ser.

isso não é, no entanto, apenas um retorno ao estado

inicial. a dissociação original de dois elementos um do

outro permite a cada um desenvolver e expressar os

seus próprios potenciais. assim, quando eles finalmente

são reunidos, cada um é dotado de qualidades

específicas e únicas necessárias para realizar o milagre

da criação.

agora que temos uma ideia da natureza, origem e

comportamento dos dois elementos criativos primordiais

podemos aplicar essa informação para a relação entre

homens e mulheres. uma vez que tudo o que existe é

o produto da interação entre o masculino e as forças

criativas femininas, esses dois modos são onipresentes.

No entanto, o objetivo final da criação deste mundo

material, e tudo que há nele, são homens e mulheres.

Na verdade, a intenção principal de d’us é que homens

e mulheres utilizem suas respectivas competências para

criar divindade na terra.

em outras palavras, a interação máxima entre o modo

masculino e feminino é destinada a ser realizada

por nós, vivendo e concretizando a vontade divina

conforme estabelecido na torá. Nós, então, somos

responsáveis por transformar o mundo em uma “nova”

criação, cumprindo assim a intenção original de d’us.

Quando contemplado nesse contexto, muitos aspectos

da vida judaica que tenham sido sujeitos a críticas

podem ser compreendidos e apreciados. a família judia,

então, é fundamental para alcançar o objetivo final da

Criação. É essa a entidade que está destinada a realizar

a vontade de d’us, que é sinônimo de Sua torá. o noivo

traz para o casamento uma capacidade de revelar a

divindade. o dote da noiva é a força de concretizar

essas revelações divinas. Juntos, eles são capazes

de revelar a essência de d’us, uma realização que vai

trazer alegria abundante para o seu Criador, para si,

para o povo judeu, e de fato para o mundo.

adaptado de “the Loving Friends”.

a iNteraÇÃo MÁxiMa eNtre o Modo MaSCuLiNo e FeMiNiNo É deStiNada a Ser reaLiZada Por

NÓS, viveNdo e CoNCretiZaNdo a voNtade diviNa CoNForMe eStabeLeCido Na torÁ.

Page 28: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 28

a MuLher No JudaíSMo

escolha ou deVer?

LubavitCh MaGaZiNe 28

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cici

Page 29: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 29

Por que o Judaísmo não oferece às mulheres a opção de

participar dos rituais religiosos limitados aos homens,

como minian, tefilin etc?

Na verdade, a questão é mais ampla: ou você acredita

que o Judaísmo é concedido por d’us ou acredita que

é feito pelo homem. Seja como for, não há sentido em

as mulheres fazerem o que os homens fazem. Se o

Judaísmo é dado por d’us, então suas leis são absolutas e

não podem ser mudadas. e não deveriam ser mudadas,

porque d’us sabe o que está fazendo. Se o Judaísmo

afirma que os homens colocam talit e leem a torá, e as

mulheres não, isso não é discriminação ou injustiça. ao

contrário, recebemos diferentes papéis porque d’us –

que criou homens e mulheres diferentemente – sabe o

que cada um precisa para sua realização espiritual. d’us

não é machista.

outros dizem que o Judaísmo é feito pelo homem e,

portanto, suas leis são mutáveis. Segundo essa opinião,

seria justo presumir que o Judaísmo discrimina as

mulheres, porque as regras foram feitas por homens

que viveram muito tempo antes que se ouvisse um grito

pelos direitos da mulher. todas as culturas antigas eram

injustas e opressoras, portanto, por que um Judaísmo

feito pelo homem seria diferente?

Porém, se esse de fato é o caso, por que as mulheres

desejariam adotar práticas que foram planejadas por

homens misóginos há três mil anos? as mulheres

realmente se realizam imitando práticas masculinas?

isso parece insultar as mulheres, em vez de libertá-las.

essas práticas são divinamente ordenadas e devem

continuar como sempre foram ou são invenções

humanas e devem ser substituídas?

eu acredito que o Judaísmo é divino. Não precisa de

atualização. Precisa que nós nos aprofundemos ainda

mais no sentido de encontrar sua mensagem para o

nosso tempo.

entendemos então que a torá é divina, mas será que

não resta espaço para escolhas individuais? temos

que definir as palavras, escolha e mitsvá. Literalmente,

mitsvá significa mandamento, removendo-o da

liberdade de opção. Quem for incumbido pela mitsvá

é obrigado a observá-la, como também é responsável

por negligenciá-la. Por definição, escolha e mitsvá são

antitéticos, um equiparado a opção, o outro além de

opção. eu não tenho nenhuma “escolha” no que diz

respeito ao uso de tefilin; é exigido de mim.

Se eu posso aceitar ou rejeitar uma ação específica, não

é um dever, mesmo se eu escolher aceitá-la. em última

análise, se sou eu quem decide; não é um mandamento.

Nós não estamos brincando com palavras ou semântica,

mas trabalhando com ideias e são elas que fazem com

que os seres humanos sejam humanos.

No conceito da torá o homem tem liberdade de

tomar decisões morais, de “escolher o bem ou o mal”,

de observar ou violar mitsvot. escolha e liberdade

consistem na decisão de aceitar ou fugir do dever, não

na liberdade em defini-lo, definindo “bom” e “mal”.

Não somos livres para dizer: “o assassinato não é um

pecado”. Não devemos confundir “consigo” com “tenho

permissão”. Podemos pecar, mas não devemos.

Somos abençoados por viver em uma geração na

qual as mulheres recebem toda a oportunidade para

descobrir por si mesmas aquilo que o Judaísmo tem a

oferecer. Que a voz feminina do judaísmo seja escutada,

pois o mundo precisa agora mais do que nunca.

adaptado das obras de aron Moss e Zalman i. Posner

Page 30: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 30

a MuLher No JudaíSMo

Por ZAlmAn I. PoSner

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lena

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Page 31: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 31

o assunto gera curiosidade, opiniões, mudanças e

muito debate, mas a pergunta é muito simples: qual

é o lugar da mulher no judaísmo? essa questão pode

ser vista de forma mais ampla. Se nos questionarmos

qual a instituição central na vida judaica, logo se pensa

na sinagoga – afinal, toda semana passamos algumas

horas lá. Mas, ironicamente, a vivência do nosso povo

ao longo dos milênios, mostra uma realidade diferente.

Não é a sinagoga e nem o centro comunitário, não

é o colégio judaico e nem a dança israeli, não é a

arrecadação de fundos e nem a “defesa” de ameaças,

mas sim a casa, a família. assim como o coração é

o íntimo do indivíduo, podemos chamar a família, o

coração da comunidade.

Quem é a pessoa fundamental na família, em casa?

Quem cria o astral do lar, para ser mais do que um hostel

lanchonete? Quem tem a influência mais profunda sobre

os filhos, especialmente durante os anos de formação?

Quem decide e geralmente implementa as observâncias

judaicas seguidas na casa? Claro, certamente é ela.

assim, a contribuição singular para tornar a casa mais

importante do que a sinagoga, é da mulher, da mãe. e o

que nós, judeus ocidentais, fizemos? esvaziamos a casa

de qualquer vestígio de judaísmo, sem deixar nada que

possa distinguir o lar judaico de outro que não seja. Nós

simplesmente roubamos a mulher judia de sua função,

destruindo o lar judaico. Soa muito mal, não é? Sim.

e seu consolo é que agora ela é contada no minyan,

agora ela pode ter uma aliyá na torá, agora ela pode

ser um rabino ou um cantor. Nas palavras de um velho

ditado ídiche, “se não fosse a minha corcunda eu iria rir

também”.

a mulher judia tem algumas sérias acusações a fazer.

“eu sei hebraico tanto quanto o meu marido, e muito

mais. eu frequento os serviços religiosos mais que ele.

ele não coloca tefilin e eu também não. ele não usa o talit

e eu também não. ele nunca estuda torá e eu também

não. então, porque ele é mais do que eu? Mas, quando

vamos para a sinagoga, ele é o tal.” Que sentido faz

isso? então, qual é a resposta para as suas alegações?

em vez de incentivar o marido a ir à sinagoga, colocar

talit e tefilin e estudar a torá, a resposta à sua queixa

perfeitamente justificada foi de contá-la no minian,

aceitar que ela use talit e tefilin e desempenhe um papel

importante na sinagoga. Com isso ela seria importante.

É questionável pensar que o prestígio das mulheres tem

sido enaltecido. o prestígio do minian não foi, já que

nem os homens nem as mulheres parecem se importar

em frequentar os serviços. isso, eu suspeito, é o

verdadeiro problema, o declínio do status do minian, do

tefilin, ser chamado à torá e assim por diante. homens

claramente não dão a mínima para nenhum deles. em

sua magnanimidade eles consentem em conceder

esses “privilégios” para as mulheres, honra essa que

os homens têm rejeitado facilmente. a concessão de

igualdade ou escolha em assuntos sem valor e sem

sentido nada acrescenta para as mulheres.

temos abandonado o slogan “a casa é o centro da vida

judaica”. assim, destruímos a função da mulher e em

troca lhe damos um brinde: que ela seja um rabino, um

cantor, contada no minyan de alto status para o qual

não se consegue dez homens para participar, que use

um talit e tefilin que um homem só usaria quando não

consegue evitá-lo. Nós criamos uma nova sociedade

“sem-terra”, a da mulher judia. e independente do que

uma pessoa possa ter, se ela não tiver uma casa, diz o

talmud, algo está faltando em sua humanidade.

Mas o que é, em última análise, o lugar da mulher

na vida judaica? em várias ocasiões perguntei a

grupos de mulheres religiosas, qual proporção da vida

religiosa de seus maridos acontece na sinagoga, e qual

em casa. diga-se de passagem, que esses homens

frequentam a sinagoga todas as manhãs e todas as

noites, religiosamente, é claro, e passam lá horas

Page 32: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 32

Chanucávivenciando milagres.

Xandel Weinstein & Família

Que cada um encontre o seu.

Page 33: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 33

regularmente em estudo. Sugeri 60% em casa. elas

ficaram indignadas, 90% em casa! então, essas horas

diárias de preces e estudo são apenas 10 por cento.

Qualquer sugestão de que ela poderia invejar o homem

por seu papel superior seria rejeitado.

É amplamente aceito que o principal âmbito da religião

é no interior da pessoa, o coração, os sentimentos, a

alma, em vez do visível, o externo, o público. essas

mulheres sabem o que é importante para o judeu,

homem e mulher, e que o particular prevalece sobre o

público. e é isso que elas mantêm para si, o interior, o

pessoal. esse é o lugar da mulher na vida judaica.

Macho e fêmea, homem e mulher. essas palavras

descrevem indivíduos, mas também um relacionamento.

o masculino não existe sem o feminino, assim como

suas funções também existem em relacionamento.

Quando a mulher judia vê os homens no seu meio – pai,

marido, irmãos, filhos – cumprindo o papel do homem

judeu, ela não tem problema algum em identificar e

valorizar seu papel como uma mulher judia. ela não tem

dúvidas sobre sua importância.

a relação sinagoga/casa e sua centralidade comparativa

também não estão em questão. ela e os homens da sua

família sabem muito bem onde é o “mundo real”, e é

onde as pessoas vivem, na casa. Nenhum de nós, pelo

que eu saiba, mora na sinagoga. Mas é absolutamente

crucial que esta área da vida judaica, a família/casa,

seja uma realidade, não um símbolo. esse é o desafio

do judeu contemporâneo, da comunidade judaica atual.

ignorar ou fugir do problema, passar a bola até que ela

pare em lugar nenhum, não é opção.

há um pressuposto aqui, que o judaísmo não é uma

consideração periférica ou secundária. aqui está o

problema. Se outros cálculos transcendem o judaísmo

na tomada de decisões e na formulação de valores,

como acontece tantas vezes, então temos um

judaísmo truncado. então, a pergunta “qual é o lugar

da mulher no judaísmo?”, deve ser reformulada para

qual “o lugar da mulher em um judaísmo periférico?”.

tentativas de dar “cidadania de primeira classe” para

as mulheres, significa oferecer o serviço de primeira

classe em um judaísmo de classe econômica. difícil

tornar isso significante. Podemos enfrentar esse desafio

em seus próprios termos, mas devemos estar sempre

conscientes da base de toda a questão.

Nesse contexto podemos começar a entender como foi

sábia a campanha do rebe de Lubavitch promovendo o

acendimento das velas de Shabat. o rebe sabia que a

luz da mulher precisaria ser acesa para levar sua família

de volta ao lar, para que pudesse lembrar-se daquilo

que é importante na vida judaica. a mulher judia precisa

ser lembrada de que no Judaísmo seu lar vem primeiro;

e ela está sempre na primeira classe.

a CoNtribuiÇÃo úNiCa Para torNar a CaSa uMa iNStituiÇÃo MaiS iMPortaNte do Que a

SiNaGoGa É da MuLher, da MÃe.

Page 34: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 34

a MuLher No JudaíSMo

a divisóriaque não exclui

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eerla

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Page 35: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 35

rabino, essa insistência da exclusão por gênero

já durou demais. o que pode ter sido bom para a

antiga babilônia e europa medieval não vai rolar

no mundo de hoje da equivalência e igualdade.

Começando com a sinagoga, quanto tempo mais

vai durar o clube do bolinha?

rafael.

Meu caro,

todas as práticas judaicas têm seus motivos simples,

bem como explicações mais profundas e espirituais.

um benefício óbvio dos assentos separados na sinagoga

é que isso ajuda a assegurar que o foco principal seja

na prece e não no gênero oposto. Não há dúvida que

agimos de maneira diferente em um público misto e

em um do mesmo gênero. Não há nada de errado com

isso. É bom e saudável que sejamos atraídos uns pelos

outros, mas durante as preces não deveríamos tentar

impressionar ninguém, exceto d’us.

além disso, uma sinagoga deve ser um local

aconchegante e receptivo. Ninguém deve se

sentir deixado de fora. Muitos solteiros sentem-se

desconfortáveis em uma função ou evento no qual todos

parecem estar com um parceiro, exceto eles. Ninguém

deveria sentir-se dessa maneira numa sinagoga.

Quando homens e mulheres se sentam separadamente,

não há discriminação entre solteiros e casais, e sempre

haverá a chance de os solteiros se conhecerem depois,

no Kidush.

Porém, a questão é mais profunda. homens e mulheres

são seres bastante diferentes. Não apenas fisicamente.

Nossos processos de raciocínio, estados emocionais e

psicologia são distintos. isso porque nossas almas são

diferentes – elas vêm de fontes complementares, mas

opostas.

Para as mulheres, as emoções fluem espontaneamente,

enquanto os homens têm dificuldade com isso. toda a

modalidade da prece é uma expressão feminina. os

homens não gostam de chorar, admitir desamparo,

expor seu “eu” interior e discutir as suas verdadeiras

necessidades. essas são coisas que geralmente

associamos com mulheres. e, a propósito, os homens

têm mais receio ainda quando há mulheres por perto.

assim, as diretrizes da prece têm de criar um contexto

em que os homens possam fazer tudo isso.

uma metáfora ilustrativa poderia ser um vestiário.

Quando homens e mulheres trocam de roupa, é

necessária uma separação. e quando homens e

mulheres se despem espiritualmente, também há

uma vulnerabilidade e uma intimidade que precisam

ser resguardadas e protegidas. Portanto, a separação

– conhecida como mechitzá que separa homens e

mulheres na sinagoga – é necessária.

Certamente, se estamos assistindo a um show, ou

até a uma apresentação importante e significativa,

poderíamos nos sentir bem sentando juntos. Mas,

quando estamos verdadeiramente nos despindo em

prece – louvando, pedindo e agradecendo em reverência

e humildade – nossa alma está nua. e a sinagoga, com

sua cortina cerrada, é um “vestiário”. Só que estamos

trocando algo mais profundo que nossas roupas.

a experiência da prece deve ser uma oportunidade para

sentir o seu íntimo eu, de comunicar-se com sua alma.

homens e mulheres precisam de espaço uns dos outros

para ajudá-los a ficarem sintonizados com seu ser mais

elevado. ironicamente, é sentando separadamente para

a prece que somos capazes de nos unir em outras áreas

de nossas vidas; porque é somente quando as energias

feminina e masculina florescem que somos completos

como indivíduos, como famílias e como comunidade.

adaptado das obras de aron Moss, david Nessenoff e

tzvi Freeman .

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Page 42: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 42

CoMPortaMeNto

Já era,

E AGORA? Por Aron moSS

CoMPortaMeNtoalém do esforço

LubavitCh MaGaZiNe 42

Page 43: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 43

Pergunta:

o que está feito está feito. Fiz um aborto anos atrás.

Fiz isso para evitar a vergonha, mas sinto-me coberta

de culpa. embora eu não possa reverter o que foi feito,

existe alguma maneira de aliviar o fardo que estou

carregando? Posso de alguma forma consertar isso?

estou condenada a uma vida inteira sentindo culpa?

resposta:

a culpa é para a alma aquilo que a dor é para o corpo. a

dor em si não é algo bom, mas tem um propósito positivo.

alerta você sobre um problema que necessita de ação, e

a faz procurar sua fonte para aliviá-la.

a culpa também serve a um propósito positivo. a culpa

que nos devora é sem sentido. Porém, a culpa também

pode ser usada como um catalisador para tornar a pessoa

melhor, quando nos alerta a reconhecermos os erros que

cometemos, assumir responsabilidade por eles e não

culpar os outros – mesmo que os outros tenham uma

parcela de culpa – e então resolver melhorar por causa

da experiência. devemos transformar os sentimentos

negativos para que possam nos impelir a fazer o bem.

No caso de alguém que fez um aborto, talvez uma

maneira de canalizar a culpa em algo positivo seja entrar

em um projeto que cuide de crianças abandonadas ou

indesejadas. o melhor, na verdade, seria adotar uma

criança assim, mas isso nem sempre é possível. aqui

estão algumas sugestões: trabalhe como voluntária ou

doe dinheiro a um orfanato; torne-se uma “grande irmã”

para uma criança que precisa de apoio extra; ou ajude um

amigo ou membro da família que esteja criando os filhos

com dificuldades, como uma mãe solteira ou alguém que

tenha uma doença grave.

a culpa cria um vácuo na alma. Preencha esse vácuo

com algo significativo. redirecione sua energia a um

novo empreendimento que beneficie alguém com

necessidades. dessa maneira você não apenas alivia

sua culpa, como a transforma em uma força para o bem.

você não pode trazer de volta o potencial que foi perdido.

Não deixe que a culpa a paralise por mais tempo. Peça

perdão a d’us. então transforme a sua culpa em um

trampolim para ações positivas. Faça daquilo que foi um

capítulo negativo em sua vida a introdução para um novo,

um capítulo direcionado para amor e vida.

E AGORA?

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enfo

tos

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além do esforço

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Lubavitch magazine 45

Se realmente confiamos em d’us, por que trabalhar

para ganhar o sustento?

Se ficarmos sentados esperando o dinheiro cair do céu,

isso não significa fé – significa falta de fé. esse tipo de

atitude significa que estou basicamente dizendo: se o

dinheiro cai do céu, é de d’us; porém, se o dinheiro é

ganho por meio de investimentos inteligentes ou trabalho

duro, d’us não o fez, fui eu que fiz. eu limitei d’us

relegando Seus poderes ao sobrenatural. estou dizendo

que quando eu faço alguma coisa da maneira natural, eu

a fiz por mim mesmo; d’us nada teve a ver com isso.

o Judaísmo diz o contrário: aquele que realmente acredita

é aquele que trabalha, mas sabe que o sucesso ou falha

de seus esforços não está em suas mãos, mas nas mãos

de d’us. Nossos esforços são o recipiente, mas é d’us

que preenche o recipiente com Sua bênção.

essa filosofia é tanto libertadora quanto exigente. ela nos

liberta de preocupações com o resultado – que está nas

mãos de d’us. Porém, coloca o ônus sobre nós – temos

que fazer o trabalho para que d’us nos dê Sua bênção.

isso não se aplica apenas a ganhar o sustento, mas em

todas as áreas do esforço humano. Quer estejamos

procurando nossa alma gêmea, a cura para uma doença

ou sendo atacados por um inimigo, não esperamos que

d’us faça um milagre. Nós nos levantamos e fazemos

o que precisa ser feito, sabendo o tempo todo que o

sucesso de nossas ações vem do alto.

em última análise, quando fazemos o esforço, mas damos

o crédito a d’us, até nós podemos fazer milagres.

Por Aron moSS

CoMPortaMeNto

além do esforço

LubavitCh MaGaZiNe 45

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Lubavitch magazine 46

FeStividadeS

a comemoração foi realizada na praça Sílvio ughini, em

dezembro de 2013, com a presença do prefeito José

Fortunati. No evento foi lançada a Lubavitch Magazine e

os convidados saborearam sushis kasher do Sushi drive. chanucá

11

Créditos: Léo Platcheck e tuti Flores

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Lubavitch magazine 48

a festa aconteceu no hotel Laghetto viverone Moinhos, em março.

durante o almoço foi feita a leitura da Meguilá. a ocasião contou ainda

com atividades especiais para as crianças. Purim

FeStividadeS

Créditos: tuti Flores

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Lubavitch magazine 50

FeStividadeS

queijos em maio o hotel Laghetto viverone Moinhos recebeu mais de 120

pessoas em comemoração ao Lag baomer. o evento contou com a

apresentação de vídeo sobre israel e um buffet de queijos e vinhos. e vinhosCréditos: alex do amaral bandeira

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FeStividadeS

selichote insPiração

o evento, realizado em setembro, é uma preparação ao ano

Novo Judaico e contou com mais de 200 presentes. durante

a comemoração o jovem pianista Marcelo ratzkowski tocou

canções tradicionais para os convidados. Á meia-noite foi

realizada a reza de Selichot.

Créditos: alex do amaral bandeira

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8 9

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FeStividadeS

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vida e SoCiedade

Go Home!Por Por dAVId neSenoFF

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icca

ya

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Lubavitch magazine 59

era o início de maio de 2010 e eu estava sentado à

mesa em meu escritório em casa olhando para a tela do

computador. eu tinha sido um rabino conservador por

20 anos, mas todos nós temos o nosso momento, ou

momentos, em que avaliamos a vida e refletimos sobre

o nosso propósito, quando nos fazemos essas grandes

questões: o que eu realmente quero fazer? o que é

importante para mim? o que vou realizar no meu futuro?

enquanto contemplamos esses pensamentos profundos

podemos até começar a pensar que estamos perto de

uma resposta. Nesses momentos é tão difícil lembrar que

a história já foi escrita.

a terra de israel estava em minha mente. Minha esposa

Nancy e eu tínhamos retornado recentemente de lá; e

eu chorei no avião. estou com vergonha de dar detalhes,

mas sempre ao sair, eu choro.

decidi que queria fazer alguma coisa por israel. Gostaria

de fazer clipes de vídeo de judeus que falam sobre o país.

eu perguntaria: “tens algum comentário sobre israel?”, e

eles diriam o quanto eles gostam da espiritualidade, ou

do falafel, ou da arqueologia, ou das praias. Pensei em

colocar os comentários pró-israel no meu site, e pronto,

todo mundo iria assistir. todos os males e preconceitos

seriam corrigidos.

Na época, eu estava usando o meu site, rabbiLive.

com, para transmitir serviços religiosos para os soldados

judeus americanos no afeganistão, no iraque e em porta-

aviões, e também para alguns judeus muito preguiçosos

em boca raton, Flórida. achei que isso seria o melhor

lugar para postar meus clipes do falafel de israel. Gostaria

de empurrar esse botão mágico “vídeo viral” no meu

teclado e ajudar as relações públicas de israel no mundo.

enquanto isso, meu filho adolescente, adam Natan, estava

em seu quarto, também ocupado (nós o chamamos de

adam Natan, porque ele foi o primeiro homem no lado

da minha esposa em 90 anos). ele tem o seu próprio

site para adolescentes conhecerem e discutirem temas

judaicos. ele é um jovem bastante notável - foi para

Washington por si próprio e transmitiu toda a conferência

aiPaC ao vivo em seu site.

No mesmo mês, adam contatou a Casa branca e pediu

para participar da celebração de Chanucá oferecida pelo

presidente, no próximo dezembro (de algum jeito ele

sabe como entrar em contato com as pessoas certas).

Perguntaram se ele estava confuso: “tem certeza que

você quer dizer a festa de Chanucá e não a celebração

da herança judaica no fim do mês?”. “ah, a celebração

da herança judaica”, ele respondeu (é um momento

de orgulho para pais quando nossos filhos aprendem o

poder de uma mentira branca). a assessoria de imprensa

da Casa branca teve a gentileza de fornecer credenciais

de imprensa para adam, seu amigo daniel Landau e eu.

tirei um tempo da minha agenda lotada de contemplar a

minha vida e fui com os dois adolescentes comemorar o

Mês da herança Judaica com o presidente. talvez esse

fosse um bom lugar para encontrar um grupo de judeus

para minha pergunta “tens algum comentário sobre

israel?” e colocar um holofote sobre a minha preciosa

terra natal. No dia 27 de maio de 2010, eu estava na

sala de imprensa da Casa branca com o meu celular,

ligando para toda e qualquer pessoa que eu conhecia,

me exibindo, “você nunca vai adivinhar onde estou”.

de repente vi o ex-presidente bill Clinton passar. todos

correram para a porta quando ele passou. ele nos

cumprimentou rapidamente enquanto caminhava e eu

me virei para a pessoa ao meu lado e disse: “esse é o

bill Clinton”. o homem respondeu: “eu sei. eu sou Joe

biden”.

Participamos da primeira conferência de imprensa do

presidente obama em 10 meses, no Salão Leste da Casa

branca. o tema foi o vazamento de petróleo no Golfo.

Nós três tínhamos perguntas brilhantes preparadas para

fazer caso fôssemos chamados, mas infelizmente, não

tivemos essa sorte. o salão estava lotado de repórteres

experientes do mundo todo e apenas a um punhado foi

dada a honra de fazer uma pergunta. helen thomas,

diretora de imprensa da Casa branca, foi uma deles.

após a sessão tínhamos uma hora até a celebração da

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Lubavitch magazine 60

herança Judaica. Pensamos em sair do complexo da

Casa branca para um pequeno passeio. À medida que nos

dirigíamos à porta notei que helen thomas caminhava

em nossa direção. estávamos prestes a cruzar. eu dei

ao meu filho e seu amigo um rápido resumo: “ela é uma

das repórteres mais famosas do mundo e tem atuado

na Casa branca desde os tempos de eisenhower e

Kennedy”. ela era o único membro da imprensa a ter um

assento próprio designado na primeira fila, no centro, na

sala de imprensa da Casa branca. ela era uma jornalista

por 60 anos, eu era um jornalista por 60 segundos. achei

que era hora de nos conhecermos. então a paramos e

trocamos gentilezas. Minhas câmeras estavam na Casa

branca, mas eu tinha uma mini câmera de vídeo comigo

e comecei a filmar. ela olhou diretamente para a lente

e deu alguns conselhos graciosos sobre o jornalismo:

“você sempre vai manter as pessoas informadas e você

vai sempre continuar aprendendo”.

eu estava esperando o final do dia para largar a minha

pergunta sobre israel para os convidados da celebração

judaica, mas algo me fez começar um pouco mais cedo.

“tens algum comentário sobre israel?”, falei à helen.

Providência divina. o Criador-Mestre dessa história, e de

todas as histórias, colocou em minha câmera o trecho de

vídeo que ajudaria israel e mudaria a minha vida. “diga a

eles para darem o fora da Palestina”, disse ela.

Se eu estivesse em um beco de Nova York e um skinhead

me dissesse isso, ia dar porrada. Mas estávamos na

Casa branca, ela tinha 89 anos e, se você já viu a minha

foto, eu sou o skinhead. Foi tudo muito confuso. então

eu decidi ser jornalista e lhe perguntei: “Para aonde eles

devem ir?”. “Para casa”, ela falou. “onde é a casa deles?”,

eu perguntei.

“a Polônia e a alemanha”, ela disse.

de volta para casa, para a Polônia e alemanha. Quem

me dera poder voltar para os shtetelach e shtiebelach da

Polônia. a cidade dos meus avós, drobnin, onde na sexta-

feira à noite o cheiro de chalá sem dúvida permeava a

cidade, e as velas brilhavam nas janelas de cada casa.

eu gostaria de poder voltar. Mas não tem um shtetl, uma

vela, ou um judeu sequer ainda lá. os antissemitas os

apagaram.

Nós voltamos para Nova York com esse vídeo. Liguei

para um escritor do jornal the Jewish Week e lhe contei

o que aconteceu. ele falou apenas duas palavras: “No

story”. eu senti antissemitismo no gramado da Casa

branca e agora eu experimentei apatia judaica secular,

em Nova York.

eu queria postar o vídeo imediatamente no meu site.

Mas, mesmo se você for um Ceo bilionário, com jato

particular e milhares de funcionários, você precisa

contratar um adolescente para descobrir como colocar

algo em um site. eu precisava do meu filho para postar

o vídeo e, infelizmente, ele estava amarrado com provas

finais e autoescola. uma semana inteira se passou e o

vídeo ficou na minha câmera.

Providência divina. algo aconteceu no oriente Médio

nessa semana. isso trouxe israel para as manchetes. em

31 de maio de 2010, soldados israelenses embarcaram

para averiguar alguns barcos que insistiram em desafiar

o bloqueio de segurança da Faixa de Gaza. os “pacifistas”

em um dos barcos bateram nos israelenses com hastes

de metal e os atacaram com facas. vários dos ativistas

foram baleados durante o confronto.

o mundo inteiro estava contra israel. helen thomas

estava na Casa branca, poucos centímetros à frente

do presidente, diante de toda a imprensa internacional,

e disse: “Foi um massacre deliberado por israel contra

ativistas da paz em alto mar”.

Naquela noite, meu filho tinha algum tempo. Nós

postamos o vídeo em torno das duas horas da madrugada

de sexta-feira. repassamos para algumas pessoas,

incluindo o blogueiro judeu Jeff dunetz, editor do blog

“Yid With Lid”. Meu filho viajou no fim de semana para

um Shabaton juvenil.

depois do Shabat liguei o computador para ver se

vida e SoCiedade

LubavitCh MaGaZiNe 60

Page 61: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 61

alguém tinha assistido ao vídeo. eram mais de 700 mil

visualizações. No domingo se tornou viral, alcançando os

milhões.

No momento em que as notícias da flotilha alimentavam

os pontos de vista poluídos de pessoas anti-israel e

antissemitas, o meu vídeo limpou o ar. helen thomas foi

forçada a se demitir em vergonha, seu coautor e agentes

literários a abandonaram. ela foi banida da Casa branca;

seu nome foi retirado do lugar na primeira fila e de vários

prêmios em todo o país.

Cada meio de comunicação no mundo se dirigiu a mim,

o bom, o mau e o feio. recebi mais de 25 mil e-mails

de ódio e ameaça. a polícia e agências privadas se

envolveram. todos queriam saber sobre o cara por trás

da câmera. Minha caixa de entrada foi inundada com

toda a imprensa internacional pedindo uma entrevista.

Sentado em frente ao computador no quarto do meu filho,

com o papel de parede de bola de futebol e a pequena

mesa, eu estava sobrecarregado. eu pensei que esse

seria um bom momento para uma Providência divina.

então o telefone tocou. era ari Fleischer, o secretário de

imprensa do ex-presidente bush, da Casa branca. ele me

aconselhou a manifestar uma mensagem definitiva. era

importante que eu soubesse qual era a mensagem que

eu queria transmitir ao mundo.

Meu filho chegou da escola e eu lhe contei que ari

Fleischer tinha ligado. Meu filho disse: “eu sei. Fui eu que

falei para ele te ligar” (quem é esse garoto?). ele falou:

“Pai, tu pode falar com qualquer pessoa no mundo. Para

quem queres que eu ligue para te aconselhar sobre

o que a nossa mensagem deve ser?”. eu pensei por

um momento e disse um nome. Logo o meu filho me

entregou o telefone para falar com elie Wiesel.

Conforme o conselho de ari, eu perguntei: “Professor

Wiesel, qual é a minha mensagem para o mundo?”. ele

disse que tinha lido no jornal que eu frequento o Chabad

todas as manhãs e ele sugeriu que eu procurasse saber

o que o rebe gostaria que eu dissesse. eu não sabia o

que me deixava mais confuso e surpreso: que elie Wiesel

me aconselhou a descobrir o que o rebe de Lubavitch

gostaria que eu dissesse, ou que eu estava agora em um

mundo surreal, onde elie Wiesel estava lendo sobre qual

minian eu frequento, tomando o seu café da manhã.

Liguei para o meu rabino Chabad e lhe disse que elie

Wiesel havia me aconselhado a descobrir o que o rebe

gostaria que eu dissesse. “ok, vamos descobrir”, disse

ele, sem qualquer hesitação. Contatamos um renomado

rabino Chabad, uma pessoa que conheceu o rebe e tem

um grande conhecimento de seus ensinamentos, bem

como da política mundial e da mídia. Perguntamos a

ele o que achava que seria a mensagem do rebe nessa

situação.

“Se você tem um amigo e você não o vê por um tempo,

ele ainda é seu amigo. Mas, se você não o vir por 50

anos, você não tem como saber com certeza se ele ainda

é seu amigo”, disse ele. “agora, se o seu filho vai embora

por pouco tempo, ou se o seu filho vai embora por meses

e até mesmo anos, ele ainda será seu filho. e se d’us

não o permita, você não vê o seu filho por 50 anos, ele

continua sendo seu filho. Nós não somos amigos de israel.

QueM Me dera voLtar Para a Cidade doS MeuS avÓS,

drobNiN, oNde Na Sexta-Feira À Noite o Cheiro de

ChaLÁ PerMeava a Cidade, e aS veLaS briLhavaM NaS

JaNeLaS de Cada CaSa.

Page 62: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 62

Page 63: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 63

Nós somos os filhos de israel. estávamos afastados por

algumas centenas de anos no egito, milhares de anos na

Pérsia, na espanha, na américa do Norte. estávamos

longe por alguns anos em auschwitz. Mas nós ainda

somos os filhos de israel. israel e os filhos de israel são

um. Não importa onde ou quando você nasceu e vive, ou

que língua você fala. Somos sempre os filhos de israel.

Nós e israel existimos um pelo outro; foi dado por d’us.

o judeu andando na rua em Nova York, independente de

saber ou se preocupar com israel, está vivo por causa de

israel, e israel existe por causa dele.”

dois dias depois, eu estava no programa “reliable

Sources” da CNN com howard Kurtz. Não lembro o que

ele me perguntou, mas eu sei que a resposta foi de que

os Filhos de israel e a terra de israel são um só e é isso

que helen thomas e aqueles que querem deslegitimar

israel estão negando. dois meses depois eu atravessei

os estados unidos com o meu filho, entrevistando todos,

desde Jackie Mason até o Grande dragão da KKK para

um documentário sobre o antissemitismo e o ódio (o filme

estreou mais tarde no Simon Wiesenthal Center Museum

of tolerance).

ao voltar para casa fui convidado para ser o orador

principal no simpósio inaugural da universidade de Yale

sobre antissemitismo global. antes da minha fala, o

presidente do simpósio, professor Charles asher Small,

fez uma pausa para explicar para a plateia de professores

do mundo todo porque eu era o orador principal. ele

explicou que nunca assiste televisão, mas um dia ele foi

visitar seus pais e por acaso estava passando o programa

“reliable Sources” da CNN. ele me ouviu dizer que “os

filhos de israel e a terra de israel são um. Nós e israel

existimos um pelo outro; foi dado por d’us”. ele disse que

essas palavras fizeram com que ele me convidasse para

falar, pois essas palavras precisavam ser escutadas na

universidade de Yale por todos os professores reunidos.

Providência divina. helen thomas disse: “vá pra casa”.

e eu fui. depois de ser um rabino conservador por mais

de 20 anos, viajei para casa, para as minhas raízes. e a

minha família também. No ano passado, meu filho adam

estudou na Yeshiva Mayanot de Chabad em Jerusalém

e este ano ele está estudando no rabbinical College of

america, em Morristown, New Jersey. Na festa de

Sucot, ele construiu sucót no Guatemala com o programa

Merkos Shlichus. em Pessach entregou matzót e realizou

um Seder para os judeus no interior de Cuba.

Minha filha Shira está estudando em Nova York no instituto

Machon Chana de estudos Judaicos para Mulheres e, se

d’us quiser, ela vai estudar em um seminário Chabad em

Montreal no próximo ano. Minha esposa e eu estamos

muito orgulhosos de nossos filhos.

eu não só fui para casa; fui a 100 casas. tenho viajado e

falado em mais de 100 Chabad houses em todo o mundo.

a partir do Chabad house de Sydney e Melbourne para

Manchester e Liverpool, de boca para boston, de Fairfield

a Flamingo à Nova Jersey, eu tenho sido inspirado e eu

tenho, graças a d’us, inspirado outros também.

Cada vez que eu conto a minha história ofereço minhas

conclusões sobre a forma de combater o antissemitismo.

eu digo ao meu público que o caminho para combater

o antijudaico é fazendo o judaísmo. Faça torá. Faça

mitzvot. Faça Shabat. Faça casher. eu sei que isso é o

que o rebe quer que eu diga.

a Providência divina me levou da Casa branca para mais

de 100 Chabad houses. há mais de 4.900 para visitar;

cada uma me traz mais perto de casa.

adaptado de um artigo na N’shei Chabad Newsletter, uma revista

para mulheres judias de todo o mundo.

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Lubavitch magazine 65

Por Aron moSS

de aprender como fazer guerra”. em um mundo que

via a guerra como um fato inevitável da vida, a religião

judaica introduziu um novo conceito radical: que a guerra

é, em última análise, indesejável e a paz é o estado ideal

de se alcançar.

Judaísmo não é pacifismo. Nós não acreditamos em

assistir de braços cruzados enquanto somos atacados,

mas sempre consideramos a guerra como uma

necessidade lamentável que rezamos para que se torne

obsoleta. isso não é um posicionamento de princípios,

é um artigo de fé. acreditamos que um dia a guerra

vai acabar e fazemos todo o esforço para tornar isso

realidade.

É verdade, a religião tem sido usada por muitos como

um pretexto para a guerra. Mas isso não invalida toda

religião, da mesma maneira que quando fãs de futebol

excessivamente raivosos atacam uns aos outros, não

invalida o jogo de futebol. a abolição do futebol não

faria nada para promover a harmonia, e livrar o mundo

de toda religião não acabará com a guerra. de fato, a

religião ainda oferece o argumento mais forte para a paz

entre as pessoas: de que todos nós fomos criados pelo

mesmo d’us. Que possamos todos viver para presenciar

a transformação dessa crença em verdadeira paz.

eu sou judeu, mas não consigo abraçar o judaísmo

como minha religião. A religião é a causa de todas

as guerras e eu acredito que estaríamos mais

perto da paz mundial sem ela. basta olhar ao redor

do mundo. Será que não seria tudo melhor se não

fosse a religião?

rejeitar o judaísmo porque você acredita na paz mundial

é como se recusar a entrar em um restaurante japonês

porque você gosta de sushi. Simplesmente não faz

sentido. Guerra faz parte da natureza humana, já existia

muito antes de qualquer religião. a paz não. a paz não

é natural à condição humana, tem que ser ensinada. e

isso começou como uma ideia religiosa.

as duas guerras mundiais são prova suficiente de que

as pessoas podem matar sem qualquer justificativa

religiosa. o comunismo e o nazismo rejeitaram a religião

e, no entanto, tinham como objetivo matar milhões de

pessoas. Mas sem religião, o termo “paz mundial” não

teria entrado em nosso léxico. Ciente ou não, o seu

sonho da paz mundial é de inspiração bíblica.

a primeira e mais poderosa visão de paz mundial foi

apresentada à humanidade pelos profetas do antigo

israel. eles previram um tempo em que “uma nação não

levantará a espada contra outra nação, e eles deixarão

P A Za CaMINHO

Page 66: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 66

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Page 67: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 67

estou me sentindo chateado e inútil em relação

à situação judaica no mundo. Israel está cercado

por inimigos que tentam nos matar, e o mundo

nos demoniza por nos defendermos. A mídia só

aborda o outro lado da história, e o antissemitismo

voltou à moda. estamos completamente em

desvantagem de todos os lados. estou sentado

aqui a quilômetros de distância de Israel, e eu

sinto que não há nada que eu possa fazer para

combater isso.

israel tem uma arma secreta. e nós a estamos vendo

ser usada neste conflito, talvez pela primeira vez. essa

arma é tão poderosa que faz israel impenetrável e o

povo judeu intocável. Nenhum inimigo pode resisti-la

e ninguém mais a possui.

a arma secreta é a união. o povo judeu é um. e isso nos

dá a vantagem sobre os nossos adversários. Quanto

mais unidos nos tornamos, mais forte somos. Judeus,

por natureza, discutem bastante. Com frequência,

nós não concordamos uns com os outros. Mas

neste conflito, houve amplo consenso. os judeus da

diáspora estavam unidos com os judeus de israel. os

numerosos partidos políticos israelenses expressaram

uma só voz, apoiando o governo e o exército de israel.

há uma corrente de solidariedade que tomou conta do

povo judeu como nunca antes.

tudo começou com o sequestro dos três meninos,

quando o povo judeu trancou a respiração e rezou

por seu retorno seguro. todos nós lamentamos sua

perda como uma grande família e nós sentimos o

mesmo sobre cada soldado enviado para a guerra. É

impossível essa união existir entre os nossos inimigos.

o ódio não é uma força unificadora. embora diferentes

facções possam trabalhar juntas em um objetivo

comum, elas não se unem verdadeiramente. Cada um

busca o seu próprio interesse. então, eles continuam

indivíduos isolados contra um povo judeu unido. São

eles que estão em desvantagem, não nós.

1O POder dOPor Aron moSS

oPeraÇÃo borda de ProteÇÃo

LubavitCh MaGaZiNe 67

Page 68: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 68

tenho estado muito perturbado desde que escutei

uma gravação da ligação de emergência do menino

sequestrado. ele diz claramente: “eu fui sequestrado”,

mas no outro lado da linha não deram importância. essa

ligação só foi relatada horas mais tarde para o exército,

quando já era tarde demais. eu sei que isso não ajuda, mas

estou chateado que essa chamada foi quase ignorada.

eu realmente não tenho uma pergunta, já que não há

resposta. acho que só quero saber como posso lidar com

a minha indignação.

o povo judeu está de luto. temos vivenciado mais um

daqueles momentos trágicos que nos unem na dor. Não

podemos trazer os meninos de volta à vida. Mas, nós

podemos viver nossas vidas de forma diferente tendo sido

tocados por sua história comovente. Podemos tirar uma

lição daquele telefonema horrível também.

admiramos a coragem e a presença de espírito de um

rapaz de 16 anos de idade para chamar a emergência sob

o nariz de seus captores. e nós estamos chocados com a

resposta dolorosamente lenta para essa ligação. a polícia

está investigando o que deu errado. Mas, para o resto de

nós, talvez possamos fazer a nossa própria investigação

sobre as nossas respostas aos pedidos de ajuda.

ao nosso redor há pessoas necessitadas. Chamam a

nossa atenção, mas será que escutamos? Como pais e

professores, estamos sempre atentos às necessidades

dos nossos filhos? Se eles aprontam, investigamos a

causa?

Como rabinos e líderes comunitários, percebemos

os pedidos de socorro das almas à beira de nossa

comunidade? Como amigos e vizinhos, será que alguma

vez fizemos vista grossa a uma crise em formação?

Nesta era de cada um por si, passamos reto deixando os

outros sofrerem sozinhos? Nós todos temos remorsos -

eu deveria ter visitado aquela pessoa doente antes que

fosse tarde demais; eu deveria ter passado mais tempo

com o meu filho quando tive a oportunidade; eu deveria

ter lido nas entrelinhas e escutado o pedido de ajuda; eu

deveria ter dito alguma coisa; eu deveria ter me oferecido

para ajudar.

vamos resolver que, deste triste momento em diante, não

vamos esperar a crise estourar para reagir. em vez de nos

arrependermos mais tarde, vamos atender ao pedido de

socorro e responder com amor e carinho. aos nossos três

irmãos, eyal, Gilad e Naftali: “escutamos a sua chamada.

Nunca vamos nos esquecer e nunca vamos ficar em

silêncio”.

Achamada silenciosa Por Aron moSS

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Page 69: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 69LubavitCh MaGaZiNe 69

três adolescentes foram sequestrados em israel no mês de junho deste ano e em qualquer sinagoga que se entrasse,

por três semanas, estavam rezando por eles. de Cingapura ao alaska, desde Palm Springs a Sidney, os nomes

desses meninos estavam nos lábios e nos corações daqueles que vinham rezar. os tweets, a whatsapps, os likes no

Facebook vinham de todo o tipo de judeu que se possa imaginar. as pessoas que nunca viveram em israel, talvez

nunca sequer visitaram o local, se importaram. verdadeiramente se importaram.

um povo que tem sido espalhado por todo o mundo durante dois milênios estava rezando por essas crianças,

acendendo velas de Shabat por essas crianças, unidos por essas crianças, porque eles são crianças judias. Porque

somos todos um.

Eyal, Gilad e Naftali

eyal Yifrah hY”d Gilad Sha’er hY”d Naftali Frenkel hY”d

Page 70: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 70

TUDO CHEGA AO MESMO ENDEREÇO Por tZVI FreemAn

oPeraÇÃo borda de ProteÇÃo

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Lubavitch magazine 71

o rabino visitou a minha clínica hoje e me pediu

para colocar tefilin. ele disse que era para os

nossos meninos em Gaza. então coloquei. na

sexta-feira minha esposa acendeu velas de Shabat

- algo que ela não faz sempre. ela disse que era

para os nossos meninos em Gaza. de alguma

forma isso fez sentido para

ela. e para mim também.

mas agora eu comecei a

pensar. eu sou um homem

instruído, um médico, e eu

procuro entender as coisas.

Pensando bem, percebi que

eu não tenho uma explicação.

Como funciona esse quebra-

cabeça? Qual é o mecanismo

de causa e efeito? e por que

isso fez sentido para mim

antes de pensar?

Um judeu intrigado.

Caro judeu intrigado,

de fato, um quebra-cabeça é

um bom exemplo. um quebra-

cabeça, onde todas as peças

se conectam para formar uma

unidade. É a mesma coisa com

judeus e mitsvot. Cada um de

nós e todas as nossas mitsvot se

encaixam para formar um todo

único e integral. e cada peça é

necessária.

Sugiro uma metáfora melhor

ainda, algo que você como

médico certamente pode

compreender. Pense no povo

judeu como um único organismo

vivo e assim tudo faz sentido. um ser vivo não é

como uma máquina. Para começar, máquinas são

compostas por peças que originalmente não tinham

nada a ver uma com a outra. uma vez construída, a

máquina ainda é um amontoado de peças. Porém, um

organismo vivo começa como uma única célula que

depois se desdobra em uma criatura complexa de tal

forma que, mesmo quando totalmente desenvolvida e

em funcionamento, mantém a sua singularidade. em

outras palavras, ao contrário de uma máquina, um ser

vivo é um ser único.

em um ser único, a localidade é secundária.

aquilo que acontece em uma parte do ser vivo

muda imediatamente o organismo todo. o mesmo

acontece com o povo judeu. Somos um, essencial e

integralmente. temos um d’us, uma torá, uma história

para contar e um destino a alcançar. Cada um de nós

tem a sua parte e, portanto, todo ato e toda iniciativa,

imediatamente redefine o estado de todo o nosso

povo.

Localidade não faz diferença - não se trata de causa

e efeito. Não é preciso de tempo para o sinal viajar,

ou algum meio para transmiti-lo, e não diminui com o

tempo ou o espaço. o povo judeu se espalhou por todo

o globo, desde abraão até você e eu. Somos todos

uma singularidade irredutível. um judeu cumpre uma

mitzvá e todo o povo é imediatamente enriquecido,

algo que é sentido em cada indivíduo.

isso também responde à sua última pergunta: por

que isso fez sentido antes de pensar? interessante:

eu também pedi para muitos judeus colocarem tefillin,

acenderem as velas de Shabat ou fazerem alguma

outra mitzvá “para os nossos meninos em Gaza”.

Qualquer um que pedi logo aceitou. “Claro, é uma

mitzvá”, respondem. Porque o judeu sente o efeito da

mitzvá e sabe que somos um povo além de tempo e

espaço. Nós somos um. todo o resto é comentário.

TUDO CHEGA AO MESMO ENDEREÇO ©

rab

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Page 72: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 72

Page 73: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 73

então é isso...finalmente em casa. Não que eu seja

poeta, mas escrevi algumas palavras que resumem

este período recente.

eu, que vi eles estirados, heróis e inertes. eu, que

enxuguei com carinho e admiração mãos e rostos.

eu, que encobri meu rosto com uma máscara do trabalho

de rotina. eu, que ouvi os incessantes toques de celular,

gritando do bolso, ansiando por uma resposta.

eu, que sobre o dedo vi a aliança, a circunstância e a

tragédia pressagiei o desenvolver.

eu, que o nome dele escutei, ainda antes que sua amada

família soubesse.

eu, que nos seus bolsos apalpei cartas de amor para

mãe, para esposa, para filhos e filhas.

eu, que as imagens das consequências das batalhas irei

recordar e resguardar na minha mochila.

eu sou quem pede a vocês, por favor, amem, vivam

e desfrutem esta riqueza – a vida! Cada um na sua fé,

afeição, singularidade e imaginação. uma vez que é

concebível que não haverá o amanhã, até mesmo uma

hora a mais é um bônus.

Palavras de um soldado reservista, que serve na unidade de

identificação de Soldados Caídos do dFi, divulgada em redes

sociais após a operação borda de defesa, em agosto de

2014. uma carta curta e dolorosa, onde ele procura transmitir

uma mensagem do conflito.

Eu, que estava lá

oPeraÇÃo borda de ProteÇÃo

© M

iriam

als

ter

Flas

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LubavitCh MaGaZiNe 73

Page 74: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 74

PerSoNaGeNS da hiStÓria JudaiCa

Nos Bastidores

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e_be

kka

Page 75: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 75

existe uma torá exterior, uma história de homens e

mulheres, de guerras e maravilhas. e existe uma torá

oculta, segundo antigas tradições, na qual cada palavra

revela sabedoria, beleza e luz insondáveis.

Por fora, as mulheres da torá parecem desempenhar

apenas um papel coadjuvante em um drama dominado

pelos homens. vista de dentro, emerge uma história

de homens influenciados por mulheres poderosas e

criados com valores femininos. uma história que revela

a qualidade interior da feminilidade que transcende a

mente do homem. este é o segredo das palavras da

sabedoria do rei Salomão: “uma mulher de valor é a

coroa do seu marido”. assim como a coroa fica acima

e além da cabeça, também a luz interior da feminilidade

possui uma qualidade essencial, em um local que a

mente não pode atingir.

Vejamos a história de Sara.

a fome na terra de Canaã faz com que avraham e Sara

viajem para o egito. Sara é vista por oficiais do Faraó e,

por causa de sua beleza, ela é levada à força ao palácio.

apenas a intervenção milagrosa de d’us a salva. ela e

avraham se preparam para deixar o país carregados de

riqueza oferecida pelo Faraó, tendo realizado com êxito

a sua missão na terra.

assim que avraham e Sara chegam ao egito, Sara é

referida apenas como “mulher”, sem mencionar o seu

nome.Para entender isso, vamos analisar os dois nomes

de Sara. Seu nome original era Yiská, que na raiz da

palavra significa “fitar”, aludindo ao dom de inspiração

divina que Sara possuía, o que lhe permitia olhar para

o futuro. Yiská também aponta a sua beleza, que atraía

olhares.

Sarai, por outro lado, foi o nome dado a ela por

seu marido avraham, e significa “minha princesa e

superior”. avraham chamou-a Sarai, em deferência às

suas características espirituais superiores, atributos que

em muitos sentidos superou até mesmo sua própria

grandeza espiritual. Mas Sara é vista dessa forma

apenas enquanto eles estavam em Canaã. a partir

do momento que atravessam a fronteira para o egito

moralmente depravado, Sara não é mais reconhecida

por suas qualidades de liderança, seus talentos e suas

capacidades proféticas aguçadas. ela é apenas “a

mulher”.

a diferença entre avraham e a comunidade egípcia era

que, enquanto a civilização egípcia visava as mulheres

apenas pela perspectiva física, ele considerava sua

esposa como Sarai, “minha governanta”, salientando a

verdadeira beleza de sua natureza. a única referência à

sua beleza exterior veio ao estarem prestes a entrar no

egito, quando isso representou uma ameaça para suas

vidas.

avraham não se limitou à perspectiva física. Pelo

contrário, as habilidades proféticas e a comunicação

íntima que Sara tinha com d’us, a tornaram uma

mentora e mestre para avraham. e era só em conjunto

que podiam alcançar sua missão de transmitir ao mundo

seus ideais espirituais.

a história de avraham e Sara desafia nosso sistema

de valores, mesmo nos tempos modernos com tantos

avanços nos direitos da mulher. o que você vê quando

olha para outra pessoa? você vê apenas os seus atributos

físicos exteriores, ou você olha mais profundamente

para ver todo o indivíduo, incluindo a beleza e enorme

profundidade de sua alma divina?

adaptado de “Women of the inner bible” por tzvi Freeman e

“Was avraham the first feminist?” por Chana Weisberg.

Page 76: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 76

PerSoNaGeNS da hiStÓria JudaiCa

a história do desafio de eliezer é familiar. avraham

enviou eliezer com uma tarefa: “encontrar uma esposa

adequada para o meu filho, isaac”. Como, porém, eliezer

poderia estar seguro de que a mulher que ele escolheu

seria de fato digna dos padrões do patriarca isaac?

Para garantir que ele iria encontrar a jovem, eliezer

pensou em um plano. depois de sua longa viagem, ele

pediria a uma jovem moça um pouco d’água e, se ela

oferecesse água para os camelos dele também, então ela

seria a pessoa certa.

eliezer chegou ao poço junto com seu grupo de homens

hábeis e não parecia ser um coitado e cansado implorando

por bebida. rebeca, filha de betuel, o governante da

Síria, era uma jovem de nobreza, não uma pobre serva

acostumada a puxar água de poços. Mas isso é onde

eliezer foi capaz de obter, precisamente, um vislumbre

das qualidades dela. a partir do momento em que ele

pediu para tomar um gole de seu jarro, sua generosidade

e grandeza irradiaram da maneira mais discreta e

despretensiosa.

rebeca imediatamente deu-lhe para beber e então

ofereceu e tirou água para todos os camelos dele. ela viu

Sirva-se, por favorPor eStHer VIlenkIn

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andr

alis

e

Page 77: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 77

uma oportunidade de fazer uma bondade e rapidamente

começou a trabalhar. ela não questionou se era realmente

necessário; em vez disso, energicamente continuou

enchendo vários bebedouros com água, até que a tarefa

de saciar toda uma manada de camelos sedentos fosse

concluída, enquanto eliezer e seus homens assistiam seu

trabalho sem ajudar. ela teve uma única motivação: de

dar à outra pessoa com bondade. esse intenso desejo de

atender os outros e estar a seu

serviço combinava com o perfil

da família de avraham.

No entanto, à primeira vista,

a conduta de eliezer parece

surpreendente. depois de ver

que rebeca passou em seu

teste, por que ele ficou parado

assistindo ela laboriosamente

enchendo os bebedouros

de água para todos os seus

camelos sozinha? Na verdade,

eliezer considerou isso parte

do teste. existem aqueles

que fazem ofertas generosas,

mas executam um trabalho

inadequado, desistem, ou não

persistem até o fim. há outros

que até fazem o trabalho, mas

apesar de não terem exigências,

eles esperam algum tipo de

compensação ou gratidão.

eliezer continuou observando cuidadosamente para

ver como ela iria realizar essa tarefa difícil. ele queria

confirmar se a oferta de rebeca resultou de um desejo

genuíno de ajudar ou se houve algum outro motivo

subjacente ao seu comportamento. Foi só depois que ela

concluiu o seu trabalho, sem ter quaisquer expectativas

dele, que ele pôde estar absolutamente convencido de

que ela era a esposa ideal.

É mais tarde na história, depois que ela é trazida à tenda

de Sara, que notamos a sua elevação espiritual imensa.

os três milagres da tenda de Sara retomaram com a

chegada de rebeca. Quando ela acendia as velas na

sexta-feira à tarde, em honra ao Shabat, as velas não se

extinguiam no período normal de tempo, permaneciam

milagrosamente acesas até a tarde da sexta-feira

seguinte. o segundo milagre era quando a chalá que

assava para o Shabat se mantinha fresca

durante a semana toda. e devido à sua

meticulosa observância de taharat

hamishpachá (Leis de Pureza Familiar),

a Presença divina pairava sobre sua

tenda na forma de uma nuvem especial.

o desafio e a importância destas mitzvot

não podem ser ressaltados o suficiente;

elas são os alicerces da continuidade

judaica no mais pleno sentido. o relato

de rebeca e o “teste do camelo”

devem ser os exemplos que direcionam

e nos inspiram quanto às nossas

responsabilidades em termos dessas

três mitzvot.

rebeca nos ensina a assumir esse objetivo

de bondade sem limites e a desafiar-nos

com verdadeiro compromisso altruísta.

rebeca nos ensina a tomar iniciativa, a

procurar oportunidades onde podemos

contribuir, a ser proativos e úteis sem

questionar se há outras pessoas ao redor

que poderiam ou deveriam fazer o mesmo.

o baal Shem tov, fundador do movimento chassídico,

nos ensina que uma alma pode vir a este mundo para

70 ou 80 anos com o único propósito de fazer um favor a

outro. essa capacidade de ajudar alguém necessitado era

o que eliezer procurava, pois ele sabia que era o traço

indispensável que iria determinar a candidata a ser uma

verdadeira matriarca da nação judaica.

rebeCa NoS eNSiNa a

aSSuMir eSSe obJetivo de

boNdade SeM LiMiteS e a

deSaFiar-NoS CoM verdadeiro

CoMProMiSSo aLtruíSta.

Page 78: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 78

“raquel começou a dar à luz. Seu trabalho de parto foi

extremamente difícil. ela estava morrendo e ao dar seu

último suspiro, ela chamou a criança ben-oni (filho da

minha tristeza). Seu pai chamou-lhe benjamin. raquel

faleceu e foi sepultada no caminho para efrat, agora

conhecida como belém. Jacó ergueu um monumento

em seu túmulo. este é o monumento que está sobre

o túmulo de raquel até os dias de hoje.” (Gênesis 35:

16-20)

o triste fim de raquel durante o parto, dando a vida por

seu filho recém-nascido, personifica o papel histórico

de raquel, da mãe por excelência que iria sacrificar-se

por seus filhos, até o fim dos tempos.

Por que raquel foi enterrada à beira da estrada, e

não na Caverna de Machpelá em hebron, junto com

os demais ilustres casais (adão e eva, abraão e Sara,

isaac e rebeca, e mais tarde Jacó e Léa)? hebron

não é tão longe de belém. Jacó não podia fazer um

esforço extra para homenagear sua amada esposa e

conceder-lhe a dignidade de um enterro apropriado,

em um lugar de descanso respeitável, ao lado de todos

os Patriarcas e Matriarcas?

Jacó conhecia a essência do caráter de raquel e seu

autossacrifício. Mais do que ninguém, raquel entendia

o mérito espiritual e o prazer de ser enterrada em um

lugar tão abençoado como a Caverna de Machpelá.

em vez disso, raquel prontamente aceitou um enterro

na solidão, ao lado de uma estrada deserta. durante

sua vida, ela abriu mão de sua própria felicidade, a

fim de poupar sua irmã, Léa, de constrangimentos. ela

nem sequer hesitou, embora o casamento de Léa com

Jacó pudesse ter impossibilitado sua própria união com

ele.

depois de tanto sacrifício em sua vida, certamente em

sua morte raquel tinha direito, como a esposa principal

de Jacó, de ser enterrada ao lado de seu marido para

a perpetuidade. Surpreendentemente, porém, raquel

deixa esse privilégio, a fim de ser enterrada à beira

de uma estrada abandonada e deserta. ela faz isso

para o bem de seus filhos, descendentes de Jacó, que

viveriam séculos mais tarde. olhando para o futuro

distante, raquel estava determinada a sacrificar seu

prazer eterno para que seus filhos pudessem passar

por seu túmulo e para que rezasse por eles.

em nenhuma outra ocasião raquel implorou a d’us

ressaltando seu próprio mérito em permitir que Léa se

casasse com seu pretendente. Mas agora, ao suplicar

em prol de seus filhos, raquel implora a d’us que leve

em consideração o seu nobre ato. durante séculos,

ela esperou pacientemente, na solidão absoluta de

uma estrada abandonada, simplesmente para que eles

pudessem encontrar encorajamento ao passarem por

seu túmulo.

Por quê? o que a levou a tamanho sacrifício? Porque

para raquel eles eram seus filhos. Filhos que podem

ter se desviado. Filhos que podem ter caído. Mas, ainda

assim, seus filhos. dignos de amor e compaixão. Com

sua infinita misericórdia e compaixão, ela olhou além

REGANDO COM LÁGRIMAS

PerSoNaGeNS da hiStÓria JudaiCa

LubavitCh MaGaZiNe 78

Page 79: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 79

de suas iniquidades e enxergou a integridade de sua

essência, a bondade inerente e a beleza de suas almas.

até os dias de hoje raquel chora por seus filhos. ela

derrama uma lágrima para cada criança solitária, para

cada jovem ou adulto que sofre. Lágrimas de uma mãe

amorosa, lágrimas que regam as sementes de nossas

almas ressequidas, permitindo-lhes dar frutos: “Suas

almas serão como um jardim regado, e eles não mais

irão pesar”. (Jeremias 31:11)

Podemos nós, mães judias, herdeiras espirituais de

raquel, aprender com o sacrifício de nossa matriarca?

Conseguimos olhar além dos pecados, falhas ou

imperfeições dos outros, e visualizar o que nossa

matriarca viu: filhos de d’us, merecedores de Sua

misericórdia e compaixão? a nossa compaixão - por si

e pelos outros - deixa a mãe raquel dentro de cada um

de nós fazer o seu trabalho, até chegarmos ao nosso

destino, quando “o seu trabalho será recompensado, e

eles voltarão da terra do inimigo. há esperança para o

seu futuro”.

enquanto buscamos no nosso íntimo essa visão, que

foi personificada por nossa Matriarca raquel, temos a

promessa de d’us: “Seus filhos retornarão para suas

fronteiras”.

adaptado das obras “a Mother’s tears” por Simon Jacobson

e “rachel” por Chana Weisberg.

REGANDO COM LÁGRIMAS

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ilosz

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Page 80: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 80

“José era o governador da terra; ele forneceu comida

para todos os seus habitantes. e os irmãos de José

vieram e prostraram-se diante dele... e José lembrou

dos sonhos que havia sonhado com eles...”

(Gênesis 42: 6-9)

vinte anos antes, José havia tido dois sonhos que

predisseram os eventos daquele dia. No primeiro

sonho: “estávamos atando feixes no campo, quando

de repente o meu feixe se levantou e ficou em pé. e

eis que vossos feixes rodeavam-no e se inclinavam ao

meu feixe.” No segundo, José viu: “o sol, a lua e onze

estrelas se curvando para mim”.

os irmãos de José, que já tinham ciúmes do carinho

especial de seu pai com ele, “o odiavam ainda mais por

seus sonhos e suas palavras”. Jacó estava bem ciente

disso, contudo “ele manteve o assunto em mente,

aguardou e antecipou o seu cumprimento”. (Gênesis 37:

7; rashi)

Para que isso acontecesse, Jacó teve que lamentar

Valores sem Fronteiras

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hung

king

Page 81: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 81

Valores sem Fronteiras

a perda de seu amado filho por 22 anos; José teve

que vivenciar a escravidão e a prisão; e seus irmãos,

remorso e angústia durante o mesmo período. vinte

e dois anos dolorosos para que os filhos de Jacó

pudessem prostrar-se diante do vice-rei do egito que,

sem o conhecimento deles, era o próprio sonhador

que haviam vendido como escravo. Por que era tão

importante que acontecesse essa submissão? Por que

Jacó aguardou e antecipou a realização dos sonhos de

José, apesar de estar ciente da séria animosidade que

isso provocou entre os seus filhos?

abraão, isaac e Jacó eram pastores, como foram os

filhos de Jacó. eles escolheram essa vocação, porque

consideraram a rotina de pastor - uma vida de reclusão,

de convívio com a natureza e com distância do tumulto

e das vaidades da sociedade - mais propícia às suas

buscas espirituais. tendendo suas ovelhas nos vales

e nas colinas de Canaã, eles poderiam virar as costas

para os assuntos mundanos do homem, contemplar a

majestade do Criador e servi-Lo com uma mente clara

e um coração tranquilo.

José era diferente. ele era um homem do mundo, um

“empreendedor fortuito” no comércio e na política.

vendido como escravo, ele logo se tornou gerente

dos negócios de seu mestre. exilado na prisão,

ele prontamente foi promovido ao alto escalão da

administração penitenciária. ele passou a ser vice-rei

do egito, perdendo apenas para o Faraó na nação mais

poderosa do planeta, e único fornecedor de alimentos

para toda a região.

No entanto, nada disso o impressionou. ele se manteve

o mesmo José, que tinha estudado a torá aos pés de

seu pai. escravo, prisioneiro, soberano de milhões,

administrador da riqueza de um império - não fez

diferença alguma: o mesmo José que tinha meditado

nas colinas e vales de Canaã andava pelas ruas do

depravado egito. Seu ser espiritual e moral veio

inteiramente de dentro e não foi afetado em nada pela

sociedade, pelo meio ambiente ou pela ocupação que

exigiu o seu envolvimento 24 horas por dia.

o conflito entre José e seus irmãos foi mais tocante

do que uma perfeita túnica colorida ou mesmo o afeto

de um pai ao seu filho favorito. Foi um conflito entre a

tradição espiritual e uma modernidade mundana, entre

uma comunidade de pastores e um político. os irmãos

não podiam admitir que uma pessoa pudesse levar uma

existência mundana, sem tornar-se mundano, que uma

pessoa possa permanecer com d’us, enquanto habita

os palácios e salões do governo do egito pagão.

durante os primeiros duzentos anos da história judaica, a

cultura do pastor dominou. Mas Jacó sabia que se os seus

descendentes fossem sobreviver ao exílio egípcio – e aos

milênios de futuros exílios: babilônico, grego, romano,

oriental, ocidental, econômico, religioso e cultural que

a história lhes reservava – eles deveriam se manter

subordinados à cultura de José. Se os judeus estão

destinados a passar por inúmeras turbulências sociais

durante os próximos quatro mil anos, e perseverar como

o povo de d’us, eles devem tornar-se sujeitos de José.

o caminho de José era o do desafio. de fato, é possível

garantir a perfeição de algo, sem antes testá-lo até o

seu limite e além? a integridade de José não era a de

um pastor meditando em um pasto tranquilo ou a de

um erudito recluso nas “tendas de estudo”. era uma

integridade que foi levada às prisões e aos palácios do

egito, colidiu com o comércio e a política, mediu forças

com a riqueza e a depravação - e perseverou.

baseado nos ensinamentos do rebe de Lubavitch - Cortesia

de Meaningfullife.com.

Page 82: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 82

O encOntrO

reLatoS

que ficOu pArA sempre

Page 83: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 83

Meu falecido pai nasceu na Polônia. durante a Segunda

Guerra Mundial sentiu na própria pele todos os tormentos

possíveis e imagináveis do inferno. No decorrer do

conflito ele esteve em vários campos de concentração

e, por último, em auschwitz.

após sobreviver aos

horrores do holocausto

por uma série de milagres,

tornou-se claro para ele que

dificilmente haveria restado

algum membro vivo de sua

grande família. desgastado

física e mentalmente, meu

pai chegou ao campo de

refugiados na Áustria, onde

conheceu a minha mãe, que

como ele é sobrevivente do

holocausto, sem amigos e

familiares. eles casaram e um

ano depois eu nasci. embora

eles ainda fossem refugiados

de guerra (morávamos em

um campo de refugiados e

ainda estávamos longe da

paz e tranquilidade) meu

nascimento trouxe aos

meus pais uma luz e nova

esperança. a nossa família

começou a se reconstruir

sobre as ruínas do terrível

holocausto.

um ano mais tarde imigramos

para os estados unidos e

moramos no east Side, em

Nova York. Meu pai não

pertencia à linha chassídica,

mas era temente a d’us e

sempre foi muito dedicado

O encOntrO a todos os assuntos judaicos. ele não poupou esforços

para me dar uma boa educação judaica e fez questão de

me matricular em escolas de alto nível.

apesar de seus esforços para cultivar em mim o amor

por estudar a torá, eu não estava entre os melhores

alunos nos assuntos judaicos, para dizer o mínimo.

infelizmente eu não me entusiasmava nesses estudos.

enquanto eu tirava notas altas no ensino laico, fracassei

nos estudos religiosos. eu passava o tempo me

divertindo com jogos e brincadeiras. aproveitei o fato

de que meus pais deixavam passar e, na verdade, não

aprendi nada.

Quando ingressei na oitava série, o nível entre os

colegas de minha turma variava muito, mas eu era o

que menos sabia. enquanto alguns conheciam tratados

inteiros do talmud de cor eu sabia um único parágrafo.

embora este fosse um dos parágrafos mais longos

que já vi, era apenas um, e eu o havia decorado como

castigo por uma malandragem que fiz. infelizmente a

situação não mudou ao longo dos meus anos de estudo

em diversas escolas.

No inverno de 1960 fiz bar Mitzvá. Para o meu pai,

era um momento muito emocionante. Quatorze anos

antes, ele não ousava sequer sonhar com isso e, agora,

depois de todas as dificuldades, tendo perdido todos os

familiares, conseguiu com grande esforço estabelecer

uma bela família. agora estava comemorando o bar

Mitzvá de seu primogênito.

a comemoração do meu bar Mitzvá foi em dezembro.

Certa noite, algumas semanas antes da festa, meu pai

me chamou assim que voltou do trabalho e disse que

pretendia me levar ao rebe, a fim de receber uma

benção pela ocasião. ele contou que já tinha marcado

um encontro particular com o rebe de Lubavitch no

brooklyn. Meu pai sempre contava com nostalgia

sobre a vida judaica-chassídica na Polônia de “antes da

guerra”, de modo que fazia sentido realizar essa visita.

embora meu pai não se considerasse um membro do

que ficOu pArA sempre©

wul

fman

65

Page 84: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 84

Clicou, comprou, chegou.

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Page 85: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 85

movimento Chabad-Lubavitch, ele admirava muito a

virtude inerente desse movimento que é enraizado de

amor a todo judeu.

Na noite anterior à visita, eu encontrei um dos meus

amigos que estudou no Chabad e lhe contei sobre a

reunião prevista para o dia seguinte. “você ao menos

sabe qual tratado do talmud estão estudando agora?”,

meu amigo me perguntou provocando. Para minha

surpresa, ele disse que é uma prática comum ter

uma audiência com o rebe antes do bar Mitzvá, que

em reuniões desse tipo, ele se interessava em saber

que matérias estão estudando, e perguntava sobre o

assunto para o rapaz de bar Mitzvá.

No começo eu pensei que ele estava brincando, mas

quando entendi que estava falando sério, meu coração

começou a bater intensamente. de repente, me dei

conta que essa ocasião que deveria dar ao meu pai

fortalecimento e ânimo, poderia causá-lo uma terrível

decepção. Já era tarde da noite e obviamente eu não

poderia vencer tanto material em tão curto prazo.

Quando voltei para casa, reclamei que não estava me

sentindo bem. tentei sugerir delicadamente que talvez

fosse melhor adiar o encontro, mas meu pai me deu

um beijo na testa e disse: “Se precisar, te levamos

numa maca”. eu não tinha humor para piadas. a noite

toda me revirei na cama, minha consciência não me

dava sossego. imaginei o olhar suplicante de meu pai

enquanto o rebe me fazia perguntas, e eu envergonhado

sem saber responder.

o dia seguinte foi para mim uma eternidade. eu estava

muito tenso e meu pai, por sua vez, vibrava com uma

emoção especial. ele chegou do trabalho mais cedo e

se preparou com reverência e antecipação. Morávamos

então no east Side e, apesar de breve, a viagem está

bem gravada na minha memória. No hall meu pai lia

os Salmos e eu me sentei ao seu lado sem conseguir

me conter, esperando impacientemente para que já

seja “depois”. Fomos recebidos pelo rebe quase à

meia-noite. Só mais tarde ficamos sabendo que o rebe

recebia pessoas até o amanhecer.

Quando entramos fiquei ainda mais ansioso. o rebe

estendeu a mão ao meu pai e o convidou a sentar-se

à mesa, mas meu pai preferiu permanecer de pé e, é

claro, eu também fiquei. o rebe conversou com o meu

pai e depois se virou para mim. eu senti seus olhos me

penetrando. o rebe me perguntou que língua eu falava

e respondi que falo ídiche.

então, sem indagar qual tratado do talmud eu estou

estudando o rebe começou a me fazer perguntas. todas

elas eram questões sobre aquele único parágrafo que

eu havia memorizado, como castigo pela brincadeira

que fiz... era um parágrafo especialmente comprido.

o rebe continuou perguntando detalhadamente e eu

fui respondendo com orgulho. respondi a todas as

perguntas como se eu fosse “o gênio do brooklyn”. o

rebe então nos abençoou muito e saímos da sua sala

enquanto seus olhos me acompanhavam.

eu não vi o rosto do meu pai durante o teste, porque

eu estava focado nas perguntas do rebe. Mas, quando

saímos da sala, meu pai não podia esconder a sua

felicidade. ele me levantou e me deu um longo abraço.

ele não falou nada por um bom tempo. eu senti como

as emoções inundaram todos os cantos do seu coração

e encheram-no com sentimentos de alegria, orgulho e

satisfação. Mesmo sem palavras, entendi o seu abraço

como quem dissesse: “eu sabia que você é um gênio

e prodígio, mas não imaginei que fosse para tanto, de

falar livremente com o rebe, sem preparação”.

Quando, de tempos em tempos, eu penso nessa história,

me emociono novamente. Nem tanto pela capacidade

profética do rebe, mas por sua genialidade em amor

ao próximo.

um relato de Chaim Slomnicki, traduzido e adaptado do livro

“abba” de harry Smith.

Clicou, comprou, chegou.

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60 Anos de Tradição

Page 86: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 86

Não há dúvida que um dos caminhos que nos traz

para a religião é o de nos sentirmos protegidos por

forças e energias que vão além da nossa compreensão

racional ocidental. Com todos os avanços da ciência e

da matemática que sempre nos remetem à divergência

da previsibilidade, ainda sobra espaço para a dúvida da

fé. essa é uma dúvida que se avoluma na medida em

que mais nos instalamos na zona de conforto e mais nos

imaginamos independentes do todo.

Mas é só ter um sinal de alerta, e no caso que vou

descrever, o de saúde, que parece que somos remetidos

ao nosso inconsciente coletivo de pertencimento a um

povo, a uma cultura e a uma religião. Como o sistema

de premiação ou de meritocracia nesses casos se dá

por um julgamento ao qual não temos acesso aos

critérios, nessas horas nos colocamos também na mão

de d’us. aliás, queremos que a mão de d’us também

guie e ilumine quem está nos tratando.

e nesse caso quero falar de outro tratamento. Não

físico, mas de um tratamento espiritual. um conforto e

uma busca de entendimento e aceitação das provações

provocadas pelas doenças. É nesse momento que, além

dos amores terrenos, filiais e afins, entra uma figura, um

personagem, um benfeitor sabido e sábio. o rabino.

Fazendo justiça à tradição de que não é ele o

intermediário dos nossos anseios junto a d’us, mas

o nosso condutor pelo melhor caminho para até ele

chegar, não teremos certezas do resultado, apenas

de estarmos no caminho por nós escolhido. Nada

de previsibilidades. Nada de trocas do tipo você me

dá isto e eu te dou aquilo. Simplesmente fazer a sua

parte, com o coração, com a fé.

então, estando em um hospital, em uma longa

internação, a visita do rabino era aguardada não só

por mim, mas por outras famílias judias que também

estavam passando por momentos de grande aflição. o

rabino, no seu desejo mais puro de que pudéssemos

entender o momento, aceitar a situação, contribuiu

com sua parte na solução e uniu-se a nós como um

verdadeiro membro da família, um verdadeiro amigo.

Minhas esperase esperanças

Por enIo lIndenbAUm

reLatoS

Page 87: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 87

e esperanças

Somou suas orações e pedidos aos nossos. eu fui um dos

abençoados por essas visitas regulares e aguardadas.

uma em especial me encanta até hoje. era rosh hashaná

e eis que surge o meu rabino, com sua longa barba e

um pequeno Shofar, após subir uma longa ladeira até o

hospital em que me encontrava. Maravilhosamente ele

me tocou o Shofar.

Não me esqueço desse som que remete a toda a minha

vida e não posso esquecer a dedicação e a generosidade

desse homem que comentou sobre a minha solidão

naquele momento, e de como ele poderia preencher

parte dela e ainda por cima deixar um resquício do som

de anunciação do ano Novo, da renovação. do seu

mais sincero desejo que eu estivesse inscrito no livro

da vida.

obrigado.

© P

amel

a M

oore

Page 88: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 88

Page 89: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 89

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Page 90: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 90

Page 91: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 91

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Page 92: Lubavitch magazine 2014

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Page 93: Lubavitch magazine 2014

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Page 94: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 94

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Page 95: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 95

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Page 96: Lubavitch magazine 2014

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Page 97: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 97

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Page 98: Lubavitch magazine 2014

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Page 99: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 99

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Page 100: Lubavitch magazine 2014

Lubavitch magazine 100