lesões de ombro em atletas de vôlei
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RESUMO
O vôlei foi criado em 1895, e é o segundo esporte mais praticado no Brasil sendo
também uma das modalidades esportistas que oferecem maior risco ao surgimento de
lesões no ombro. Isso ocorre porque neste esporte o complexo do ombro é muito
utilizado, e por se tratar de uma articulação hipermóvel e pouco estável, muitas vezes
não suporta as altas cargas de energia envolvidas nos movimentos e jogadas, que
ultrapassam seus limites fisiológicos gerando lesões. A maioria das lesões de ombro
ocorridas neste esporte estão envolvidas com o manguito rotador, já que este complexo
muscular é o responsável, em conjunto com os ligamentos, pela estabilidade da
articulação do ombro, e é o mais solicitado e sobrecarregado nos movimentos de
abdução e flexão, que são os mais freqüentes nas jogadas de vôlei.
O objetivo deste trabalho foi revisar os principais movimentos que ocorrem nas jogadas
de vôlei, as estruturas participantes, bem como as principais lesões de ombro
decorrentes neste esporte, seus mecanismos de ocorrência e repercussões tanto aos
atletas quanto suas equipes. Foi utilizado também uma revisão epidemiológica das
lesões, incluindo seus fatores de risco, etiologia e a taxas de incidência, assim como as
melhores formas de tratamentos e prevenção das lesões e/ou possíveis recidivas das
mesmas.
METODOLOGIA
Neste estudo de revisão bibliográfica foi realizado um levantamento de dados
através de uma revisão de literatura em 1 livro do acervo da biblioteca da Universidade
Izabela Hendrix e 15 artigos científicos.
A busca dos artigos científicos se deu através de uma pesquisa nos sites:
www.bireme.br, www.pumed.gov, nas bases de dados Scientific Eletronic Library
(Scielo), sendo pesquisados apenas artigos nas línguas portuguesa e inglesa. As
palavras-chave utilizadas para busca e identificação dos artigos foram: shoulders
injuries, volleyball, tratamentos de lesões, síndrome do pinçamento, lesões de ombro no
voleibol, tratamentos de lesões de ombro.
O critério de inclusão com relação à data das referências foi artigos a partir do
ano de 2000, sendo que foram utilizados 2 artigos científicos mais antigos dos anos de
1996 e 1997 respectivamente.
Após a busca, os artigos identificados foram selecionados através da leitura dos
resumos dos mesmos. Em seguida, os artigos indispensáveis, de grande relevância para
o estudo, identificados pela leitura do resumo foram lidos por completo na busca de
dados de relevância para este trabalho.
Durante a formulação deste trabalho, as informações importantes nos artigos
estrangeiros foram traduzidas para o português, para a inserção das mesmas no estudo.
INTRODUCAO
O vôlei é uma das modalidades esportistas que oferecem maior risco ao surgimento de
lesões no ombro. Isso porque nesse esporte o complexo do ombro é bastante utilizado.
Várias pesquisas sugerem que estas incidências estão diretamente relacionadas com o
grau de treinamento e exigência da articulação em questão (1).
O vôlei foi criado em 1895, e é o segundo esporte mais praticado no Brasil, tanto na
forma recreativa quanto na profissional. O aumento no número dos praticantes leva
também a um aumento na incidência das lesões neste esporte (2).
Nos atletas de alto nível, o menor desequilíbrio terá repercussões desastrosas sobre seu
rendimento, pois a hipersolicitação associada às forças contrárias anormais, provocam a
ativação de diferentes arcos gama dos músculos posturais concernidos e com eles a
diminuição do rendimento, os enrijecimentos, cãibras, as dores excessivas após os
exercícios, as tendinites e as distensões (2).
As lesões de ombro nos jogadores ocorrem geralmente por overuse, isso resulta em
tendinites nos rotadores do ombro, manguito rotador e no tendão do bíceps. A
articulação glenoumeral é bastante exigida (saque, manchete, levantamento e cortada) e
a energia envolvida nela é bastante elevada o que afeta e ultrapassa os limites
fisiológicos desta articulação, podendo resultar nas famosas tendinites do manguito
rotador, devido aos movimentos repetitivos (3).
ARTICULACAO DO OMBRO
A articulação do ombro, ou articulação glenoumeral é constituída pela cabeça do úmero
e cavidade glenóidea da escápula. È uma das articulações mais móveis no corpo e
também uma das menos estáveis (4). Isso porque a cabeça do úmero é maior que a
cavidade glenóidea, e o diâmetro ântero-posterior da cavidade glenóidea, é maior que a
cabeça do úmero. Portanto sua estabilidade está diretamente relacionada ao manguito
rotador e secundariamente aos músculos e ligamentos. O manguito rotador é composto
por quatro músculos (supra-espinhoso, redondo menor, infra-espinhoso e subescapular),
que são responsáveis pelos movimentos de abdução, rotação externa e rotação interna
do ombro. O manguito rotador contribui para a estabilidade dinâmica desta articulação,
rodando e comprimindo a cabeça umeral contra a cavidade glenóidea. Também mantém
um sincronismo no ritmo escápulo-umeral, prevenindo qualquer tipo de decoaptação,
durante os movimentos de rotação e abdução do ombro (4). O maior número de lesões
ocorre nos músculos do manguito rotador e se dá pelo excesso de rotação interna e
externa no saque e na cortada (5).
Os movimentos repetitivos do membro superior acima da cabeça do úmero resultam em
aumento do estresse nas estruturas da articulação e aumento no potencial de lesão, como
a laceração do manguito rotador. A anatomia do ombro é um fator de extrema
importância na gênese da dor desta articulação, sendo a causa mecânica o fator mais
estressante. A escápula serve como um “túnel” para transferência de energia cinética ao
membro superior e é também responsável para fornecer uma base estável da sustentação
de modo que o membro superior possa corretamente ser posicionado no espaço durante
o desempenho de habilidades aéreas. Conseqüentemente, os estabilizadores dinâmicos
de escápula e a cabeça umeral são críticos para manter a integridade funcional da
articulação glenoumeral, e à habilidade de sacar e “cravar” com sucesso no vôlei (1).
A maioria das lesões atléticas do ombro pode ser classificada como microtraumáticas ou
resultante de um mecanismo de uso excessivo (overuse). O mecanismo fisiopatológico
da impactação freqüente na região avascular vulnerável dos tendões do músculo supra
espinhoso e do bíceps é devido o uso excessivo, que leva a uma irritação crônica
decorrente de uma resposta inflamatória inicial. O impacto pode resultar em inflamação
em outras estruturas como o bíceps e a articulação acromioclavicular, isso se dá, pela
intima associação anatômica do ombro com outras regiões. Com o atrito exagerado
devido ao processo inflamatório, poderá ocorrer microlacerações e lacerações parciais.
Se o processo continua, pode haver alterações ósseas na articulação acromioclavicular e
levar a laceração completa do manguito (6).
Os mecanismos de lesões no ombro do atleta ocorrem por meio atraumático e
traumático. Os movimentos repetitivos, principalmente dos atletas arremessadores,
praticantes de esportes de não-contato (natação, tênis e vôlei, por exemplo), são
responsáveis por grande número de lesões atraumáticas (7).
ANÁLISE CINESIOLÓGICA DOS PRINCIPAIS MOVIMENTOS NO VÔLEI
A execução correta dos diversos movimentos do jogador de vôlei em uma partida
envolve padrões de movimentos altamente integrados e coordenados, tanto na superfície
de jogo quanto fora dela. Por isso a análise cinesiológica deve ser feita de acordo com a
seqüência dos movimentos realizados neste esporte para que seja possível fazer
recomendações para programas de desenvolvimento de habilidades e condicionamento.
Dentre os padrões específicos de movimentos, no estudo feito por Silva, Ana Paula;
Blois, Luana Valéria S.; e Rosa et al, foram utilizados as fases de aproximação, salto,
ataque e recuperação, onde cada uma consiste de vários outros padrões de movimento
integrados com precisão (2).
Aproximação: Inicia-se com o jogador em posição, com um pé a frente do outro, corpo
em posicionamento ereto, e o peso deslocado para o pé que está na frente. O pé que se
encontra colocado à frente no posicionamento é resultado de um trabalho de um número
determinado de passadas de aproximação executadas e da mão a ser usada na cortada, já
que o pé oposto à mão a ser utilizada está ligeiramente adiante do outro pé no ponto de
impulso do salto. A chave é maximizar a velocidade horizontal da aproximação de
modo que a altura vertical máxima possa ser conseguida durante a fase do salto, ao
mesmo tempo, que coloca o corpo em posicionamento espacial e temporal favorável
para a jogada. O pé mais perto da rede deverá ser aquele oposto à mão utilizada na
cortada do vôlei. O outro pé, que se encontra em posição distal à rede, então se
aproxima em direção ao pé junto à rede para o impulso do salto vertical completando a
técnica de aproximação. Quanto mais longa a passada final de aproximação leva à
flexão das três articulações dos membros inferiores que, juntamente com a
movimentação de braços para baixo e para trás em posição hiperextendida da
articulação do ombro, abaixa o centro de gravidade preparando para o salto vertical.
Também ocorre uma ligeira flexão de tronco ao final da aproximação, proporcionando
um momento vertical adicional no impulso (2).
Salto: Os jogadores de vôlei utilizam um balanço exagerado dos braços no impulso,
quando se movimentam com força para baixo a partir do início do posicionamento
hiperextendido e depois para frente e para cima em uma posição de flexão de 180 graus.
O movimento inicial para baixo dos braços aumentará a força exercida para baixo pelo
cortador contra o solo durante o impulso, aumentando assim o potencial da força de
reação que ele receberá do solo no impulso. A flexão forçada dos braços para cima antes
da extensão explosiva dos membros inferiores provoca um momento vertical adicional
que aumentará a altura do salto e juntamente com a extensão da cabeça direcionarão
melhor o movimento. O desenrolar explosivo e potente das extremidades inferiores
através da extensão seqüencial e cronometrada das articulações do quadril, joelho e
tornozelo proporciona, então, o momento vertical necessário para uma altura ótima do
salto (2).
Ataque: esta fase ofensiva do vôlei consiste em dois padrões de movimentos distintos,
geralmente chamados de "gancho-do-martelo" (cocking-the-hammer) e o "golpe"
propriamente dito. O gancho-do-martelo refere-se ao posicionamento preparatório do
corpo para o golpe na bola de vôlei, onde o braço do cortador que não está atacando
permanece acima da cabeça esticando-se em direção à bola, enquanto o tronco gira
lateralmente e se estende para trás levando o braço de ataque para trás em posição
estendida e abduzida. Durante o posicionamento preparatório do corpo para a cortada,
também ocorre flexão das pernas. Este movimento de pernas parece ser uma reação à
extensão do tronco e da cabeça, já que o movimento das partes do corpo de um lado de
um eixo de rotação causará um movimento igual e oposto das partes do corpo do outro
lado do eixo de rotação quando o corpo fica suspenso no ar. Além disso, a flexão das
pernas durante a fase preparatória aumentará a força da cortada, já que a extensão das
pernas durante o golpe na bola aprimorará a flexão e a rotação medial do tronco devido
ao mesmo princípio da ação-reação. A cortada propriamente dita da fase ofensiva inicia-
se com a extensão para baixo e adução do braço não-atacante e extensão simultânea das
pernas. A extensão forçada para baixo e a adução do braço não-atacante são importantes
para o começo da rotação medial e flexão do tronco durante a cortada, permitindo ao
cortador entrar em contato com a bola no ponto mais alto possível. Na verdade, a parte
do golpe da cortada na fase de ataque pode ser considerada como um momento
seqüencial das partes do corpo, já que o momento acumulado numa parte do corpo é
transferido para a seguinte, numa ação de "chicote" ou "carpada". O momento gerado
pelo movimento do tronco é transferido para o braço de ataque, antebraço e mão que
toca a bola (2).
Recuperação: Após o toque na bola, o braço de ataque deverá continuar até a extensão
total a fim de maximizar a linha de ação de força da cortada. Semelhante ao salto
vertical, o jogador deverá tocar o solo com ambos os pés, dissipando a força através das
três articulações das extremidades inferiores, já que os músculos do quadril e dos MMII
se contraem excentricamente em resposta à ação das forças gravitacionais sobre o
corpo. O final da extensão total do braço e o toque no solo em posição controlada
deverão colocar o jogador pronto para as demais ações do jogo (2).
A estabilidade da articulação glenoumeral durante a aceleração, desaceleração, e
acompanhamento de fases marcantes é fornecido pela musculatura do manguito rotador
atuando excentricamente para comprimir a cabeça do úmero. Mecanismos ativos e
passivos mantêm a estabilização dinâmica e compressão da cabeça do úmero na fossa
glenóidea durante a cravação e o saque. À medida que a extremidade superior acelera
através da sua amplitude de movimento, o músculo supra-espinhal, infra-espinhal e
redondo menor resistem excentricamente à rotação da cabeça do úmero e ajudam na
desaceleração do membro em movimento. Conseqüentemente, a fraqueza do manguito
rotador permite o aumento do estresse para aplicar os estabilizadores passivos do
ombro, levando a rotação negativa da cabeça do úmero. Por outro lado, na frouxidão
dos estabilizadores passivos aumenta a carga de trabalho do manguito rotador, levando
à fadiga e mau funcionamento da dinâmica dos estabilizadores. Autores de estudos
anteriores têm demonstrado a relação entre as lesões do manguito rotador e déficit de
força nos músculos glenoumerais e escapulares em participantes lesados (1).
PRINCIPAIS LESÕES DE OMBRO
O atleta de alto nível, não utiliza o esporte como meio específico de melhorar a saúde,
mas se torna um profissional do esporte sujeito a todas as demandas que profissionais
altamente exigidos de qualquer outra área de atuação apresentam. Estas demandas
podem passar por desenvolvimento de lesões por esforço repetitivo típicas das
exigências motoras da modalidade esportiva, lesões por estresse, fadiga, etc. (5). A
queixa de dor no ombro é a mais freqüente (6). Todos os movimentos do vôlei, saque,
bloqueio, ataque, defesa, sobrecarregam o ombro, afetando e ultrapassando, algumas
vezes, seu limite fisiológico. O resultado dessa sobrecarga de uso é o desenvolvimento
de lesões que acometem geralmente os músculos, ligamentos e os tendões. A baixa
incidência de fraturas ósseas em atletas de vôlei pode ser explicada pelas características
da articulação glenoumeral, que apresenta grande mobilidade e pouca superfície de
contato da cavidade glenóidea com o úmero (3).
Dentre as principais lesões, destaca-se ás lesões do manguito rotador, em especial a
tendinite. A grande incidência dessa lesão é acarretada pela própria exigência do
esporte, que obriga os atletas a uma carga excessiva de treinos. Os osteófitos na porção
inferior da articulação acrômio-clavicular ou traumas agudos da região do ombro
contribuem para o desenvolvimento de processos inflamatórios, que podem causar
tendinite do manguito rotador. Sabe-se que o impacto causando atrito e posterior
degeneração ocorre durante a elevação anterior do braço, ocorrendo contra superfície
inferior do acrômio (6).
A Síndrome do Pinçamento é também uma das principais lesões crônicas que acometem a articulação do ombro em atletas. É uma tendinopatia que comprime o tendão (por isso, também é chamada de Síndrome do Impacto) do músculo supra-espinhoso, do infra-espinhoso ou cabeça longa do bíceps braquial no arco córaco-acromial, caracterizada por uma dor na face ântero-lateral do ombro, e é provocada pela elevação excessiva do braço acima de um ângulo da linha do ombro. Fatores como, esporões degenerativos, espessamento crônico da bursa, depósitos crônicos de cálcio, tensão da cápsula posterior do ombro, frouxidão ligamentar e hipovascularização do tendão do supra-espinhoso, juntamente associado à atividade que envolva elevação do ombro acima dos 90 graus (que ocorre repetidas vezes nos movimentos do vôlei), têm sido apontados como fatores importantes na incidência desta patologia. Alguns dos responsáveis pela ocorrência desta patologia em jogadores de vôlei são: a sobrecarga de treino, o uso excessivo dos movimentos do ombro e também fatores degenerativos, que podem ocorrer em qualquer faixa etária de atletas (5).
Outro tipo de lesão reconhecida em atletas de vôlei é a compressão do nervo supraescapular, uma causa relativamente rara de dor no ombro e fraqueza subjetiva. O nervo supra-escapular é um nervo misto periférico decorrentes do tronco superior do plexo braquial, que é formado pelas raízes nervosas de C5 e C6. Ele passa pelos músculos trapézio e Omo - hióideo depois atravessa a fossa supra-escapular, inervando o músculo supra-espinhal. A causa mais comum de compressão do nervo supraescapular é o trauma, com fraturas proximal da escápula e úmero e luxação do ombro na maioria dos casos. A compressão do nervo supra-escapular deve ser considerada no diagnóstico diferencial da dor no ombro intratável no atleta de vôlei principalmente se associada á fraqueza do manguito rotador (9).
Casos de instabilidades, lesões na articulação acromioclavicular e luxações primárias e recidivas também foram citadas como lesões de ombro freqüentes em jogadores de vôlei em estudo feito por B. Ejnisman; C.V. Andreoli; E. F. Carrera; R.J. Abdalla & M. Cohen et al (3).
PRINCIPAIS CAUSAS DAS LESÕES
As lesões, na maioria das vezes, são ocasionadas por choque direto de características
violentas ou não, e alguns casos por contato direto com outra pessoa ou uma superfície
rígida. Também podem ser provocadas pelas repetições de gestos, acelerações,
deslocamentos para bloqueio e cortadas, que são os principais fundamentos deste
esporte. Por este motivo o vôlei é uma atividade esportiva de grande variabilidade de
lesões (2).
As lesões de ombro em atletas têm a segunda incidência, sendo mais comum entre o
sexo feminino do que o masculino. Isso é resultado de uma série de fatores, incluindo a
mecânica do movimento do braço e da distribuição de movimentos entre a prática e a
competição. O ombro é exposto à grande carga acumulativa como resultado da
repetição de cravações e de saques. As conseqüências da sobrecarga crônica, têm sido
bem descrita por Kugler et al, (10) que identificou um conjunto de achados clínicos
comumente vistos na cintura de ombro dominante de um pequeno grupo de atacantes do
vôlei de elite. Os achados característicos incluem depressão e lateralização da escápula
dominante em relação com o lado não-dominante. Estes achados têm sido
caracterizados na literatura como Escápula Doente (mau posicionamento da escápula,
destaque da borda inferior medial, dor coracóide, e má posição e discinesia escapular).
A Escápula Doente está associada com dor no ombro devido ao espectro da patologia do
manguito rotador e instabilidade funcional. Também pode contribuir para o
desenvolvimento de neuropatia supra-escápular, uma mono neuropatia periférica que
ocorre em até 45% de atletas de voleibol de elite (1).
Oka et al (8) descreveu dois tipos de estilos de cravação e saque, embora estudos
posteriores sugerem que esses estilos não podem descrever com precisão as técnicas
mais comuns utilizadas nos últimos anos, parece lógico supor que como e onde um
atleta de voleibol contacta a bola durante o "cravar" ou o saque influenciaria a carga na
articulação glenoumeral. Se razões de força (como o que está entre a rotação externa
isocinética excêntrica e rotação interna concêntrica) são fatores preditivos de
desenvolvimento de dor no ombro, ou mesmo se é razoável usar essas variáveis
mensuráveis como referência para determinar quando um atleta lesionado deve ser
liberado para voltar a jogar, precisa de ser determinado por pesquisas futuras (1).
CONSEQUENCIAS DAS LESÕES
Em estudo feito com jogadoras adolescentes de volêi que sofreram lesões de ombro em
comparação com jogadoras que nunca sofreram este tipo de lesão, determinou que
aquelas que tiveram lesão glenoumeral anteriormente tinham menor porcentagem de
levantamento e quase apresentavam porcentagens menores de cravação comparados as
jogadoras sem histórico de lesão, indicando uma força excêntrica insuficiente entre as
do primeiro grupo (11).
Outra conseqüência é a demora no retorno aos treinos e competições, ocasionadas pelas
lesões da articulação glenoumeral, que é o tipo de lesão mais comum em atletas de
vôlei. Estas lesões são freqüentemente associados com picos freqüentes e que exigem
estabilização dinâmica para manter a integridade da articulação glenoumeral nos
movimentos de cravação e saque (6,7).
AVALIAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICOS DAS LESÕES- MTAF
O esporte competitivo de alto nível necessita de uma avaliação dentro de um enfoque
distinto, bem diferenciado do esporte voltado a finalidades educativas, de lazer e de
saúde (6). Como a articulação do ombro é extremamente móvel e muito suscetível a
lesões atléticas, um histórico completo e exames físicos lançam as bases para a decisão
acertada sobre a natureza da lesão e o plano adequado de tratamento. Uma vez que a
avaliação clínica foi concluída, a natureza da lesão, na maioria dos casos, se torna
aparente. Se necessário, testes de diagnóstico apropriados são ordenados, e, em seguida,
um plano de tratamento adequado para o atleta de acordo com o ferimento é instituído
(12).
O histórico consiste em tomar informações sobre o paciente e seu estilo de vida (mão
dominante, profissão, nível de atividade no vôlei, por exemplo) e em seguida,
concentrar-se na queixa específica. Deve- se perguntar sobre a localização, qualidade e
natureza da dor e as atividades que a provocam, além de questionar intervenções
realizadas anteriormente e seus efeitos. O exame físico consiste em inspeção, amplitude
de movimento, palpação, teste manual do músculo, e testes provocativos (12).
Histórico: Começa com a avaliação clínica do ombro, que muitas vezes pode estreitar o diagnóstico diferencial e serve para orientar o exame físico. As formas clínicas de dados são meios úteis para registrar e organizar os dados obtidos durante a avaliação inicial (12).
O primeiro sintoma manifestado pelos atletas, indicando que há algo de errado com o ombro é a dor, que afeta não somente o atleta de alto nível, como o atleta amador e recreacional (6,7). A dor deve ser investigada pela equipe médica, a qual deverá estabelecer as relações do quadro atual com os possíveis fatores que possam levar a uma lesão grave. A busca da etiologia da dor, assim como a obtenção de um diagnóstico preciso é importante para a implantação de um tratamento adequado (6). A localização da dor nos atletas também deve ser minuciosamente avaliada. Uma dor clínica ântero-lateral, pode, por exemplo, tanto ser sugestiva de síndrome do impacto, quanto pode estar relacionada à instabilidade glenoumeral (7). Dor na parte superior do ombro, especialmente após uma queda é suspeita de lesão da articulação acromioclavicular (12). A dor pode ser temporária e desaparecer em pouco tempo ou pode tornar-se crônica e continuar por tempo indeterminado (6). È importante questionar ao paciente sobre alívio, agravantes, posição ou movimento que provoca a dor e sua radiação. Se ela
está associada à dormência ou formigamento é sugestivo de envolvimento das atividades neurológicas (12).
Exame Físico: A exposição adequada é uma obrigação. Homens devem retirar a roupa da cintura para cima, permitindo o acesso a ambos os ombros. Para as mulheres, é usado um top ou vestido modificado para expor os ombros. O exame começa com uma inspeção dos ombros. Deve-se prestar atenção particularmente nas articulações acromioclavicular e na região da escápula. Avaliar as fossas infra e supra-espinhal para identificar possível atrofia muscular, sugestiva de neuropatia supra escapular ou crônica do manguito rotador. Durante a avaliação do movimento, o ritmo escapular deve ser observado a fim de garantir que a escápula se move em sincronia com a articulação glenoumeral. Caso a disritmia escapular for evidente, devem-se avaliar os estabilizadores da escápula do paciente (12).
Para avaliar a força muscular usa-se uma escala de 5 pontos, que é comparada com o lado ileso:
* Grau 5: força simétrica
* Grau 4: diminuição notável da força contra a resistência
* Grau 3: resistência à gravidade apenas
* Grau 2: resistência à gravidade com a ajuda
* Grau 1: contração visível do músculo
* Grau 0: ausência de contração visível do músculo (12).
O restante do exame é composto por testes de provocação realizados com o paciente, seja sentado ou em decúbito dorsal. Estes testes provocativos são guiados pela histórico e exame geral (12).
O uso de métodos de imagem como a radiografia, ultra-sonografia e ressonância
magnética, por exemplo, são importantes para o auxílio no diagnóstico das possíveis
lesões de ombro nos atletas de vôlei. Nos últimos anos houve um avanço da ressonância
magnética, tornando-a mais específica e sensível para lesões ligamentares e labrais,
destacando a artrorressonância, que aumentou a precisão diagnóstica. Através dela,
pode-se fazer um exame de imagem, com o ombro em posição abduzida e rodada
externamente, podendo assim evidenciar o impacto póstero-superior da glenóide ou
translação anterior da cabeça umeral aumentada, auxiliando no diagnóstico diferencial
do ombro doloroso dos atletas. Outro exemplo de exame de imagem é a
eletroneuromiografia que possibilita a identificação de lesão nervosa, em casos de
neuropatia do supra escapular (3).
Porém para que esta avaliação clínica do paciente seja assertiva e possa designar o
tratamento mais adequado o avaliador deve primeiro entender a anatomia básica da
articulação glenoumeral e estruturas articulares adjacentes. Conhecimentos estes,
básicos á qualquer examinador físico. Uma vez que esta fundação está em vigor, a
habilidade no exame clínico pode ser refinada (12).
EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES
Um importante objetivo da epidemiologia das lesões no esporte é fornecer informações
sobre as lesões que ocorrem com freqüência e tem conseqüências graves, e descrever a
sua etiologia, a fim de fornecer uma base para medidas preventivas. Frente à taxa de
participação global e a incidência relativamente alta das lesões do vôlei em sua
comparação com esportes de alta intensidade de contato, as medidas preventivas são
definitivamente justificadas (7).
Como vôlei é um jogo sem contato, onde os jogadores das equipas adversárias são
separados por uma rede, a incidência de lesões deveria ser baixa. No entanto, é um
esporte que envolve movimentos rápidos e fortes do corpo como um todo, tanto
horizontal quanto verticalmente, e devido às grandes forças envolvidas em tais
movimentos é inevitável que as lesões ocorram. Além destes fatores de sobrecarga outro
fator de risco achado durante os estudos, causador de lesões de vôlei é o “overuse”
(excesso de uso) (7).
Síndromes de dor no ombro representam a terceira lesão mais comum entre ambos os atletas de vôlei do sexo feminino e masculino, e é a segunda condição mais usada e mais comum relacionada, sendo responsável por 8-20% de todas as lesões de vôlei (1).Os fatores de risco para o desenvolvimento de dor no ombro em atletas de vôlei não têm sido rigorosamente definidos. Parece intuitivo que os fatores de risco devem incluir uma história de dor no ombro anterior e a magnitude da carga que o atleta está exposto. Outros fatores de risco suspeitos que ainda têm de ser verificados através de investigação epidemiológica inclui o efeito do ambiente sobre a trajetória da bola ao ar livre durante o jogo e quanto ao peso da bola (1).
O sexo pode ser um fator de risco para dor no ombro. Atletas de elite do sexo feminino
podem ser mais propensas do que os atletas do sexo masculino para o desenvolvimento
de instabilidade sintomática. Não está claro até que ponto as considerações
biomecânicas influenciam a prevalência de dor no ombro (1).
De acordo com E. A. L. M. Verhagen; A. J. Van der Beek; L. M. Bouter; R. M. Bahr; W. Van Mechelen et al o risco de lesão é significativamente maior durante a competição do que durante o treinamento. A porcentagem de incidência global de lesões achada em seu estudo foi de 1,8 por 1000 horas jogando durante os treinamentos e 4,1 por 1.000 horas jogando, durante as competições. Estes valores foram semelhantes aos achados em estudos anteriores. Uma possível explicação para este acontecimento é devido a uma maior intensidade de jogo durante as competições, e mais fatores de riscos que têm ocorrido durante as mesmas (7).
Em estudo de coorte feito durante a temporada de vôlei nacional holandesa foi verificada uma incidência total de lesões por sobrecarga de 0.6/1000 horas de jogo, sendo a costas e o ombro os locais mais comuns das lesões. 25 lesões por overuse foram relatadas. Em relação á ausência de jogo devido á lesões por esforço, a média foi de 4,0 semanas, com o ombro causando a maior ausência 6,2 semanas, seguido pelo joelho, 2,9 semanas. A ausência de vôlei, após uma lesão aguda, foi de 4,0 semanas. O número e incidências das lesões relatadas durante a temporada estão demonstrados na tabela 1. Esta pesquisa foi feita utilizando um questionário sobre variáveis demográficas (somente na linha de base), esporte de participação (no caso o vôlei), utilização de medidas preventivas, e as lesões anteriores. O acompanhamento dos jogadores foi feito desde o preenchimento do questionário feito no inicio da temporada de jogos até o seu final (7).
Tabela 1 Exposição no vôlei, número de lesões, e incidência durante a temporada de 2001 a 2002 TOTAL TREINAMENTO COMPETIÇÃO
Exposição (h)
Leões (H) Incidência (N/ 1.000h)
Exposição (h)
Leões (H) Incidência (N/ 1.000H)
Exposição (H)
Leões (H) Incidência (N/ 1.000H)
Homens 14.867 44 3.0 (2.1 A 3.9) 12.193 28 2.3 (1.5 a .32) 3.974 15 3.8 (1.9 a 5.7)Mulheres 23.245 56 2.4 (1.8 a 3.0) 1.331 27 1.5 (0.9 a 2.0) 6.392 24 4.2 (2.6 a 5.8)Total 38.112 100 2.6 (2.1 a 3.1 30.524 55 1.8 (1.3 a 2.8) 10.367 42 4.1 (2.8 a 5.3)
O vôlei é um dos esportes mais populares no mundo e é jogado por cerca de 200
milhões de jogadores. Apesar de sua popularidade e do grande número de jogadores que
têm crescido cada vez mais, estudos sobre a incidência de lesões neste esporte durante o
treino e competições, principalmente informações retrospectivas e confiáveis de longos
estudos prospectivos ao longo de temporadas tem sido escassos. Este fato sugere que
mais estudos devem ser feitos ao longo das temporadas de campeonatos de vôlei, para
que se tenham dados epidemiológicos mais confiáveis, e através destes, medidas
preventivas mais assertivas possam ser tomadas (7).
ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO E PREVENÇÃO
A fisioterapia desportiva possui atuação preventiva e de reabilitação de lesões, basicamente utilizando os mesmos recursos da fisioterapia ortopédica, traumatologia, diferenciando-se desta na especificidade, intensidade, freqüência e objetivos de tratamento (2).
Na instabilidade multidirecional o tratamento conservador é bem sucedido. Um programa de fortalecimento muscular específico do deltóide, do manguito rotador e estabilizadores da escápula tem resultados satisfatórios em 83% dos pacientes com instabilidade atraumática. Todos os atletas são inicialmente tratados com um programa de exercício supervisionado, semelhante ao descrito por Burkhead e Rockwood. Estes exercícios podem ser facilmente ensinados para o atleta e eles devem realizá-los em casa em uma base diária. Atletas que não são submetidos ao tratamento conservador, incluindo fisioterapia supervisionada, repouso e atividade modificação são candidatos à cirurgia de intervenção. A patologia primária em instabilidade multidirecional é atenuada e redundante na cápsula inferior. No caso de tratamento operatório é feito uma abertura capsular inferior onde é feito um procedimento de mudança, onde a cápsula inferior inteira é liberada e deslocada superiormente, o que reduz o volume global da articulação glenoumeral. Em geral, a abordagem operatória deve ser subordinada à direção da instabilidade sintomática. Muitas vezes, o paciente é uma fonte confiável para a determinação de que lado (anterior ou posterior) é a direção da instabilidade mais problemática. O paciente é colocado em uma cadeira de posição de praia e é desnecessário que esteja em decúbito lateral na mesa em hiperextensão e completa exposição da face posterior do ombro para uma mudança capsular inferior a partir de uma abordagem anterior. O exame é realizado sob anestesia. A redundância capsular é avaliada através da realização de exames com o braço em adução e 30 graus de abdução (para relaxar os ligamentos superior e coracoumeral). Depois disso, um exame de carga e mudança é realizado, estressando a articulação anteriormente e inferiormente para testar o componente de instabilidade anterior. Em seguida é realizada a carga e teste de deslocamento realizado com o braço em rotação interna e 90 graus de elevação frontal para avaliar a instabilidade posterior da articulação. A direção de maior instabilidade geralmente tem sido determinada no pré-operatório a partir do histórico do paciente e exame físico. É raro alterar o dispositivo de abordagem intra-operatório, baseado numa análise sob anestesia (13).
Referente ao tratamento da Síndrome do Pinçamento observa-se na literatura uma ampla possibilidade de intervenções que devem ser determinadas de acordo com o grau da lesão e das áreas anatômicas afetadas, podendo ser utilizado desde o tratamento conservador até técnicas cirúrgicas. O tratamento conservador é feito com analgesia, afastamento da atividade esportiva e um programa de reforço do manguito rotador por até seis semanas. No tratamento cirúrgico, é feito a reparação do manguito rotador ou
descompressão subacromial artroscópica, em geral o retorno à prática esportiva está prevista para quatro a oito meses. Em pacientes com Síndrome do Pinçamento de grau II o tratamento cirúrgico é denominado acromioplastia, e tem o objetivo de eliminar a descompressão mecânica e prevenir desgaste nas áreas críticas do manguito rotador, e pode ser realizadas por técnicas de artroscopia ou artrotomia. A restauração da amplitude de movimento tanto passiva quanto ativa assistida, é esperada entre duas a três semanas (13).
Nos casos de compressão no nervo supra escapular o tratamento inicial inclui a modificação da atividade, repouso, analgésicos e um programa de reabilitação graduado em mais de seis meses (13). Tratamento fisioterápico com ênfase no fortalecimento global da musculatura do ombro também é utilizado (6). Quando os sintomas são persistentes e intratáveis, é necessária a descompressão cirúrgica do nervo supra-escapular com a aproximação tradicional do posterior. No pós-operatório os pacientes são aconselhados a tomar antiinflamatórios por duas semanas, seguido por um programa de reabilitação precoce á partir de 24 horas. No decorrer de seis meses, acabam-se os sintomas de dor, o contorno dos músculos escapulares melhoram e as forças de abdução e rotação externa do ombro voltam ao normal. Após este tratamento é possível voltar ao mesmo nível do esporte em relação ao nível pré-lesão (9).
Em outros estudos feitos sobre o tratamento das luxações primarias e recidivas, foi apontado tratamento cirúrgico para o retorno à prática esportiva (5).
Outros recursos mais utilizados de intervenção fisioterápica são eletroterapia, crioterapia, hidroterapia, massoterapia, cinesioterapia e mecanoterapia. Observando-se suas indicações e contra-indicações, além das alterações fisiológicas ocorridas com tais técnicas, cujas principais finalidades são: manter a imagem psico-sensorial e motora do atleta; promover a recuperação muscular, tendinosa e articular; melhorar a circulação arteriovenosa e linfática; promover o relaxamento com movimentos rítmicos e dinâmicos; melhorar a coordenação; aumentar o tônus, trofismos musculares e amplitude de movimentos; combater algias e edemas (2).
Uma das formas de prevenção é instruir os atletas sintomáticos de lesão de ombro, em uma técnica de cravação que minimize a carga cinética na articulação glenoumeral, visto que este movimento no vôlei é um dos principais responsáveis causadores de lesões no ombro (1).
A redução na carga e volume de treinamento deve conduzir a menor sobrecarga do ombro e fornece uma oportunidade maior para a recuperação tecidual. Burkhart et al (14) afirma que uma redução dramática na predominância de queixas do ombro em jogadores de tênis e em de beisebol abordando a tensão capsular posterior e o déficit de rotação interna glenoumeral é resultante de um programa consistente de sessões de alongamento. Porém este tipo de intervenção ainda deve ser investigada em jogadores de vôlei (1).
A relação das diferenças de força nos rotadores medial e lateral do ombro parece estar mais relacionada com a prevalência de lesões do que a força absoluta. Programas preventivos de fortalecimento do ombro focado em melhorar a força excêntrica e corrigir os desequilíbrios entre rotadores mediais e laterais podem ser a garantia para
prevenir as lesões de ombro (11). Portanto é indicado que os jogadores de vôlei devem participar de um programa anual de treinamento de resistência, predominantemente excêntrico, projetado para manter a função, força e resistência coordenada do manguito rotador. Por último, no caso do atleta de voleibol de elite afigura-se importante mantê-lo em um programa de treinamento de fortalecimento e estabilidade (1).
A prevenção secundária de dor no ombro é quase inteiramente dependente de reabilitação efetiva. Isto significa fornecer ao atleta sintomático um diagnóstico preciso e abrangente desde o início. E posteriormente, restringir sua volta ás partidas de jogo até que ele / ela não apresente mais sintomas e seja submetido a uma cuidadosa análise biomecânica para garantir que não existam más-adaptações subjacentes remanescentes que poderiam causar uma nova lesão (1).
Na literatura não há estudos que comprovem que o uso de órteses no ombro ou imobilização da cintura escapular para controlar sua mecânica, sejam úteis na prevenção de lesões e síndromes de dor no ombro (ou no tratamento em longo prazo) (1).
Embora a medicina esportiva, por meio de investigação, bem como de tentativa e erro, fez grandes avanços no tratamento e na reabilitação de lesões graves, o seu objetivo final deve ser na prevenção de acidentes para que os atletas possam permanecer na arena competitiva ao invés de inativos na sala de treinamento.
Apesar do vôlei ser um esporte relativamente seguro, os participantes correm o risco de um padrão característico de lesões agudas e de uso excessivo que pode ter ambas as seqüelas a curto e longo prazo para ambos os atletas individualmente como para suas equipes. Apesar de um crescente entendimento da origem dos fatores de risco para gerar lesões específicas relacionadas ao vôlei, a literatura existente sobre a prevenção dessas lesões é relativamente escassa. Mais pesquisas se fazem necessárias para identificar as intervenções efetivas que contribuam para reduzir não apenas o risco de lesões principalmente entre os atletas de vôlei masculino e feminino, mas também uma nova lesão secundária, de modo que a sua capacidade de participar e apreciar o esporte não seja comprometida (1).
CONCLUSÃO
A fisioterapia se faz indispensável na atenção dada a vários esportes, incluindo o vôlei. Seus métodos e práticas são destinados ao tratamento, reabilitação e prevenção das lesões passíveis de ocorrer durante a prática esportiva profissional e/ou de lazer. Para o profissional fisioterapeuta que atuará na área desportiva do vôlei, é essencial que tenha o conhecimento das principais jogadas, saiba fazer análise cinesiológica assim como tenha conhecimento dos músculos, ligamentos e articulações envolvidos em cada movimento realizado pelos jogadores. O conhecimento das principais lesões que podem acometer estes jogadores e suas repercussões é fundamental, para que o fisioterapeuta possa desenvolver um programa de treinamento que possa prevenir o acontecimento ou recidiva destas, através de fortalecimento muscular, alongamento, e preparação
adequada das estruturas anatômicas participantes em cada movimento, para que estas trabalhem de forma adequada, e específica a cada tipo de jogada. O conhecimento epidemiológico das lesões (fatores de risco, taxas de incidência, e etiologia das lesões) também são as bases para que as medidas preventivas sejam tomadas. Todos estes conhecimentos associados aos métodos de diagnóstico que hoje dispomos (avaliação física, exames de imagem, como as ressonância magnética, radiografia, ultra-sonografia, por exemplo) permitem ao fisioterapeuta, traçar planos de tratamento adequados a cada tipo de lesão, objetivando a recuperação rápida e eficaz principalmente aos jogadores profissionais de alto nível, para que possam permanecer o menor tempo possível longe dos jogos e campeonatos.
Bibliografia
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