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Em parceria com a Professora Helena Abascal, publicamos os relatórios das pesquisas realizados por alunos da fau-Mackenzie, bolsistas PIBIC e PIVIC. O Projeto ARQUITETURA TAMBÉM É CIÊNCIA difunde trabalhos e os modos de produção científica no Mackenzie, visando fortalecer a cultura da pesquisa acadêmica. Assim é justo parabenizar os professores e colegas envolvidos e permitir que mais alunos vejam o que já se produziu e as muitas portas que ainda estão adiante no mundo da ciência, para os alunos da Arquitetura - mostrando que ARQUITETURA TAMBÉM É CIÊNCIA.TRANSCRIPT

Universidade Presbiteriana Mackenzie
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A ENERGIA FOTOVOLTAICA NO PROJETO DE ARQUITETURA
Lais Suemi Sunaga (IC) e Maria Augusta Justi Pisani (Orientadora)
Apoio: PIBIC CNPq
Resumo
A partir da necessidade de encontrar soluções sustentáveis para a escassez energética das cidades e o fato de o edifício ser elemento fundamental na formação destas, este trabalho visa o estudo da relação entre a energia renovável fotovoltaica e o projeto de arquitetura. Os equipamentos que produzem energia fotovoltaica incorporados na arquitetura têm que ser estudados sob o ponto de vista das possibilidades de concepção de projeto, para que os arquitetos possam utilizá-los sem prejuízo dos resultados formais de seus projetos. Os objetivos desta pesquisa foram: Identificar soluções arquitetônicas, internacionais e nacionais, que fazem uso de placas fotovoltaicas, a partir do ano de 2000; relacionar os sistemas de geração de energia fotovoltaica encontrados nos projetos de arquitetura identificados e registrar e analisar as relações entre a linguagem da arquitetura proposta e os elementos onde as placas fotovoltaicas foram acopladas. O método utilizado nesta pesquisa passou por levantamentos bibliográficos, estudo de campo e análise dos resultados. A pesquisa permitiu descobrir a diversidade de tipos de placas fotovoltaicas bem como o potencial energético do país, possibilitando o desenvolvimento de inúmeras formas de integração entre e energia fotovoltaica e a arquitetura. A compreensão e a divulgação deste tipo de componente construtivo atrelado ao interesse no emprego destes podem minimizar o consumo de energia e contribuir na busca de edifícios e cidades sustentáveis.
Palavras-chave: Arquitetura, energia fotovoltaica, sustentabilidade
Abstract
From the need to find sustainable solutions to energy scarcity in cities and the fact that the building is a key element in the formation of these, this work aims at studying the relationship between renewable energy and photovoltaic architectural design. The equipment that produces photovoltaic embedded in the architecture must be studied from the point of view of project design possibilities for architects to use them without prejudice to the formal results of their projects. The objectives were to: Identify architectural solutions, national and international, that make use of photovoltaic panels, from the year 2000; inventory systems photovoltaic power generation found in the architectural projects identified and record and analyze the relationships between language of the proposed architecture and where the photovoltaic elements were engaged. The method used in this research underwent bibliographic surveys, field study and analysis of the results. The research allowed discovering the diversity of types of photovoltaic panels and the energy potential of the country, enabling the development of many forms of integration and architecture, and photovoltaics. The understanding and dissemination of this type of constructive component linked to interest in using these can minimize energy consumption and contribute to the pursuit of sustainable buildings and cities.
Key-words: Architecture, photovoltaic energy, sustainability

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INTRODUÇAO
Diante do planeta cada vez mais escasso de recursos naturais, crescimento desordenado
de metrópoles, de população e conseqüentemente de seus impactos, torna-se necessária a
participação do arquiteto e urbanista na decisão de projetos adequados ao meio ambiente.
Segundo Pisani et al (2008, p.12): “O tema sustentabilidade está presente em todo o mundo,
ao menos há três décadas, com relevância na relação entre os recursos naturais, a
biodiversidade, o futuro da economia e as implicações no desenvolvimento social e com isso
o respeito à diversidade cultural dos povos.” Sobre a questão Kato (2007) afirma que com a
presença de um sociedade mundial que cada vez mais carece de novas demandas, surge a
preocupação com os possíveis efeitos climáticos irreversíveis na Terra e com a
dependência mundial da produção energética para realização de quaisquer atividades.
De acordo com Habitare: resultados de impacto 1995|2007 (s/d, p.20):
“As avaliações do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática
(IPCC) mostram que a eficiência energética tem um papel central na
redução do aquecimento global. Os relatórios do órgão das Nações Unidas
responsável por produzir informações científicas sobre o aquecimento global
indicam que é mais econômico investir na melhoria da eficiência energética
das construções do que aumentar a produção de energia.”
O Brasil possui aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados, com mais de sete
mil quilômetros de área litorânea e diversas condições favoráveis para ser um dos países
com maior potencial energético do mundo. A partir do século XXI, até as reservas de
combustíveis fósseis são consideradas vantajosas após o descobrimento da camada pré-
sal, porém o potencial de energia solar do território Brasileiro é suficientemente abundante
para tornar o país auto-suficiente em energia. Segundo ANEEL, (apud
CRESESB,1999,p.26) ”estima-se que a energia solar incidente sobre a superfície terrestre
seja da ordem de 10 mil vezes o consumo energético mundial.” Este dado é surpreendente,
pois demonstra quanto recurso energético os brasileiros desperdiçam, ou deixam de
aproveitar, todos os dias.
Sendo assim, no que se refere ao uso de energias renováveis encontra-se na energia solar
uma das alternativas mais promissoras para enfrentar os desafios de eficiência energética
mundial do novo milênio. De acordo a ANEEL (2002), a energia solar é responsável pela
origem de praticamente todas as outras fontes de energia, como a energia hidráulica, a
biomassa, a eólica, os combustíveis fósseis e das ondas e correntes marinhas.
Edwards (2005) calcula que os edifícios consomem aproximadamente 45% da energia
gerada, utilizando-a com iluminação, aquecimento, resfriamento, aparelhos eletrodomésticos

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e outros usos. Portanto, as cidades são as maiores consumidoras da energia gerada no
planeta, e é por esse motivo que o conhecimento de outras formas de energia se torna
fundamental para a atuação dos arquitetos e urbanistas.
A energia solar é empregada de forma passiva na história da arquitetura e urbanismo desde
o Egito antigo. Antes das invenções de sistemas mecânicos e artificiais para auxiliar o
desempenho dos edifícios, a preocupação dos projetistas em iluminar, aquecer e resfriar os
ambientes dependia exclusivamente do estudo e do emprego da energia do sol. (FRETIN,
2009)
As primeiras construções que empregaram placas fotovoltaicas, utilizaram esse sistema
apenas sobrepondo-as na arquitetura existente, como um equipamento de aquecimento
solar de água, e que muitas vezes acarreta num resultado antiestético à obra em si e
também empobrecem a qualidade do seu entorno. (FRETIN, 2009). Estas edificações não
foram frutos de um projeto arquitetônico que levasse em conta a condicionante da energia
solar desde os primeiros croquis.
Fretin (2009, p.247) comenta que, do mesmo modo que a eletricidade causou um impacto
significativo nos projetos e na arquitetura e urbanismo do século XX, é provável que o
aproveitamento de energia solar, quando for um componente do partido do projeto irá
modificar ou incrementar o produto final e, principalmente o processo projetual, pois
implicará num estudo da linguagem arquitetônica com mais um componente que possui
função pré-determinada.
Dentro destas premissas, esta pesquisa possui importância ambiental e social destacada
para a área de projeto de arquitetura e urbanismo, pois os resultados acrescentarão
conhecimentos específicos para serem aplicados nas soluções projetuais de baixo impacto
ambiental. Além dessa importância, destaca-se que um dos quesitos analisados e exigidos
nas certificações internacionais e nacionais.
O consumo energético dos edifícios é o fator que impacta de forma negativa o meio
ambiente, conforme analisam os trabalhos de Silva (2003) e Cardoso (2002). Lamberts,
Dutra, e Pereira (1997) apontam que as características da arquitetura com eficiência
energética e o consumo de energia levado em conta para avaliar um edifício não deve ser
apenas o gasto durante o período de construção, e este segundo Pisani (2008) deve ser
calibrado durante todo o ciclo de vida do edifício: projeto, construção, uso, manutenção e
pós-uso.
Os objetivos desta pesquisa foram: identificar soluções arquitetônicas, internacionais e
nacionais, que fazem uso de placas fotovoltaicas, a partir do ano de 2000; relacionar os
sistemas de geração de energia fotovoltaica encontrados nos projetos de arquitetura

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identificados e registrar e analisar as relações entre a linguagem da arquitetura proposta e
os elementos onde as placas fotovoltaicas foram acopladas.
O método utilizado nesta pesquisa passou inicialmente por duas etapas concomitantes que
foram: levantamentos bibliográficos e os estudos de campo, após estas etapas foram feitas
análises dos resultados e redação dos artigos e relatório.
A ENERGIA FOTOVOLTAICA
A crise mundial petrolífera da década de 1970 provocou maior interesse em estudar o uso
da energia fotovoltaica fora do campo dos programas espaciais para remediar o problema
de energia em diversos segmentos. Segundo VALLÊRA e BRITO (2006), impulsionada pela
crise energética houve um significativo investimento em pesquisas e aplicações práticas
para reduzir o custo da produção das células fotovoltaicas.
Nas últimas décadas o desenvolvimento da tecnologia fotovoltaica cresce ininterruptamente,
desempenhando um papel significativo na produção de energia elétrica mundial. De acordo
com a publicação “Global Market Outlook for Photovoltaics until 2014”, até o final de 2008, a
energia fotovoltaica mundial instalada estava por volta de 16 GW (gigawatt) e quase 23 GW
são instalados em nível mundial, produzindo cerca de 25 TWh (terawatt-hora) de
eletricidade por ano.
Na figura 1.1 a seguir é apresentado o cenário do crescimento futuro da produção de
energia fotovoltaica no mundo e a figura 1.2 mostra a evolução anual do mercado
fotovoltaico de 2000 a 2009.
Figura 1.1 - Cenário de uma possível evolução mundial de energia elétrica até 2040.
Fonte: Vallêra, 2006, p.38.

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Figura 1.2.- Evolução anual do mercado fotovoltaico nos anos 2000-2009.
Fonte: Despotou et al.(2010,p.6) .
Segundo Vallêra (2006), o emprego de energia fotovoltaica apresenta crescentes vantagens
tais como: Trata-se de uma energia limpa, não poluente; possui uma fonte inesgotável,
universal e gratuita; não possui componentes móveis, durando mais de 30 anos sem muitos
gastos com manutenção; é uma estrutura feita em módulos, o que facilita sua extensão;
pode contribuir na linguagem do edifício sendo capaz de substituir revestimentos;
democratiza a rede elétrica local, uma vez que descentraliza a produção de energia.
Atualmente a energia fotovoltaica é utilizada amplamente em países com potencial solar
energético relativamente fraco comparado ao do Brasil, como os europeus. Nestes a
pesquisa e o desenvolvimento da energia fotovoltaica feita ao longo dos anos acarretou em
maior interesse de mercado, na produção variada de componentes e conseqüentemente na
redução de custos da produção desta energia limpa. Assim, percebeu-se que o
desenvolvimento do processo fotovoltaico se fez possível graças ao interesse e ao
investimento na produção de novas fontes de energia de boa eficiência e de baixo impacto
ambiental.
2.Tecnologias fotovoltaicas disponíveis:
Segundo Fraile et al (2010) o material semicondutor mais comum e utilizado nas células
fotovoltaicas é o silício (Si),que é o elemento mais abundante na areia. Sua disponibilidade é
ilimitada em seu estado natural, uma vez que o silício é o segundo matéria-prima mais
abundante na face da Terra.
O processo de produção de módulos fotovoltaicos é mostrado na figura 2.1 a seguir.

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Figura 2.1: Esquema do processo de produção de módulos fotovoltaicos por tecnologia cristalina.
Fonte: FRAILE, Daniel; LATOUR, Marie; GAMMAL, Adel El; ANNET, Michael. (2010, p.4)
Tradução da autora.
3. Sistema fotovoltaico
Os sistemas fotovoltaicos possuem uma configuração básica onde o sistema deverá ter
necessariamente uma unidade de controle de potência e uma unidade de armazenamento.
Ele pode ser classificado em três categorias: sistemas isolados, híbridos e conectados a
rede. (Figura 3.6)
Figura 3.6- Configuração básica de um sistema fotovoltaico.
Fonte: CRESESB (2010)
3.1. Tipos de células
Figura3.1: célula de silício monocristalino
Fonte: NIGBO (2010)

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3.1.1 Células de Silício Monocristalino (Mono c-Si)
As células compostas de silício monocristalino são as mais empregadas e comercializadas
como conversores diretos de energia solar em eletricidade. (FRETIN, 2009, p.54).
3.1.2 Células de Silício Policristalino (multicristalino ou multi c-Si)
Nascimento (2004) explica que a produção das células cristalinas é feita a partir de blocos
de silício obtidos por fusão de silício puro em moldes especiais. Estando nos moldes, o
silício esfria lentamente e solidifica-se, resultando numa estrutura policristalina com
superfícies de separação entre os cristais, ou seja, os átomos não são organizados num
único cristal.
3.1.3. Células de filmes finos
Segundo Fraile et al (2010) as células de filmes finos são construídas por meio do depósito
de camadas extremamente finas de materiais fotossensíveis, sobre um suporte de baixo
custo, como o vidro, aço inoxidável ou plástico. Trata-se de uma forte opção para sistemas
fotovoltaicos de baixo custo. Entretanto, sua eficiência é ainda mais baixa que as células
mono e policristalinas de silício.
3.1.4. Células solares orgânicas
São feitas a partir de materiais mais baratos que as de silício e por meio de processos mais
simples, em substratos leves e flexíveis, e podem equipar iPods e laptops alimentados por
etiquetas de identificação por rádio-frequência ( Radio-Frequency Identification -
RFID).(LEMOS, 2005) . Segundo a publicação do Global Energy Network Institute, diante do
custo ainda relativamente alto as células solares de silício cristalino, as células orgânicas
apresentam-se como uma possível promessa para abrir novos mercados no campo da
energia solar.
3.1.5. Células de TiO2
De acordo com Lemos (2005) pesquisadores da Universidade Bath na Inglaterra, fizeram
uso de um elemento incomum no desenvolvimento de uma nova alternativa para a produção
de células solares. Trata-se de um branqueador, elemento presente nas pastas de dentes,
que ao cobrirem partículas de dióxido de titânio (TiO2) absorvem a luz solar.
4. Energia fotovoltaica na Arquitetura e Urbanismo
Segundo o centro de sustentabilidade aplicado ao ambiente construído BiPV Competence
Centre, localizado em Canobbio na Suíça, BIPV (Building Integrated Photovoltaics) é o
nome dado a um sistema de integração da tecnologia fotovoltaica com a arquitetura e
urbanismo, objetivando a produção de energia conectada ao edifício e demais elementos

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construídos, de forma que os componentes que a geram fazem parte das demais
condicionantes de projeto.
Na última década a integração entre os componentes fotovoltaicos e a arquitetura está
acontecendo por meio de pesquisas de novos elementos que atendem aos objetivos: boa
arquitetura e sustentabilidade energética. Os produtos para a construção civil com células
fotovoltaicas são capazes de substituir os componentes tradicionais.
A diversidade de tipos de placas fotovoltaicas permite que o arquiteto explore inúmeras
possibilidades de integração destas no edifício ainda na fase de projeto. Observou-se que
cada vez mais surgem novos tipos de células, o que indica uma tendência de maior
produção e redução de seus custos. Os diversos tipos de células fotovoltaicas possibilitam
explorar a sinergia de elementos construtivos podendo melhorar a eficiência energética do
edifício em suas instalações. Durante o processo projetual o arquiteto pode trabalhar a
linguagem da sua produção com elementos construtivos como: brises, coberturas, pisos,
esquadrias e elementos de vedos de fachadas.
Infelizmente no Brasil, o emprego da energia fotovoltaica como uma das condicionantes de
projeto ainda não é realidade. Encontram-se pesquisas sobre o assunto e protótipos, sendo
de acordo com Rüther e Dacoregio (2000), a primeira aparição de um sistema integrado em
edifício no Brasil foi inaugurada em Florianópolis, no estado de Santa Catarina no edifício de
Laboratório de Energia Solar (LABSOLAR). Apesar do grande potencial energético solar
que o país dispõe a energia fotovoltaica ainda é pouco utilizada. Há inúmeras propostas de
construção de usinas fotovoltaicas, entretanto ainda aguardam aprovações e investimentos,
sejam esses públicos ou privados, tais como as usinas fotovoltaicas da cidade de Horizonte,
no Ceará e a de Votuporanga, em São Paulo.
5. Tipos de aplicações de sistemas fotovoltaicos integradas ao edifício (BIPV):
Segundo European Photovoltaic Techology Plataform (2007) o edifício construído permite
diversas aplicações do sistema fotovoltaico em seus sistemas, tais como:
-Coberturas;
-Paredes externas;
-Fachadas semi-transparentes;
-Clarabóias;
-Brises.
A seguir são detalhados os diversos componentes de um edifício com possibilidades de
aplicações no sistema fotovoltaico.

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5.1. Coberturas
As coberturas são consideradas ideais para a integração do sistema fotovoltaico, uma vez
que possuem, normalmente, uma grande superfície sem sombras. No entanto é necessário
distinguir o uso do sistema fotovoltaico nas coberturas planas e dos telhados inclinados,
bem como a inserção do edifício na cidade, pois outras construções podem gerar sombras.
Em telhados inclinados, os módulos fotovoltaicos podem ser fixados na parte superior do
telhado. Este tipo de aplicação de baixo custo pode ser utilizado em telhados existentes e é
conhecido como Builiding Adapted PV (BAPV). (Figuras 5.1 e 5.2)
Figura 5.1: Telha composta por quatro células fotovoltaicas. Figura 5.2: Herne Hill School, Reino
Unido.
Fonte: TERGOLASOLARE (2010) Fonte: SOLAR CENTURY (2010)
As coberturas planas têm a vantagem de possuírem fácil acessibilidade e instalação, além
de proporcionar certa liberdade em relação à orientação dos módulos fotovoltaicos. Nesse
tipo de instalação, alguns cuidados devem ser tomados durante a fixação do arranjo para
evitar a quebra da integridade da cobertura. O peso adicional do arranjo fotovoltaico também
deve ser considerado, assim como a força dos ventos que podem arrebentar os módulos.
5.2. Paredes externas
Os módulos fotovoltaicos podem ser adicionados às paredes existentes e compor a fachada
do edifício. Nesse caso, os módulos são adicionados à estrutura e não há a necessidade de
uma barreira térmica protetora, uma vez que esse papel já é realizado pela estrutura sob os
módulos. As lâminas fotovoltaicas de vidro podem substituir o revestimento convencional,
funcionando de forma semelhante aos vidros fumês e servem também como proteção
prolongada contra intempéries e podem ser produzidas sob qualquer medida, forma, modelo
e cor. Assim, os módulos fotovoltaicos podem ser configurados como um elemento
multifuncional do edifício.
As figuras 5.3 e 5.4 a seguir são alguns exemplos de módulos fotovoltaicos utilizados em
paredes externas.

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Figura 5.3 Oekotherm, Schörflingen, Austria Figura 5.4 SCHOTT Ibèrica SA, Barcelona, Espanha.
Fonte: ERTEX SOLAR (2010) Fonte: PV SUNRISE(2009)
5.3. Fachadas semitransparentes
As lâminas fotovoltaicas de vidro podem ser aplicadas em esquadrias resultando numa
fachada semitransparente. A transparência é normalmente alcançada com a utilização dos
seguintes artifícios:
- Quando a espessura da célula fotovoltaica é muito fina ou apresenta ranhuras e permite a
visualização para o exterior. Módulos de filmes finos semitransparentes são especialmente
apropriados para este tipo de aplicação e outra opção é o uso de células cristalinas
semitransparentes;
-Uso de células cristalinas colocadas em lâminas espaçadas para que haja a filtração parcial
da luz através do módulo fotovoltaico atingindo a um ambiente interno. O efeito da luz vindo
desses painéis resulta num jogo de sombras no edifício.
Adicionar camadas de vidro na base do módulo semitransparente pode oferecer isolamento
térmico e acústico. Outros requisitos também podem ser projetados de acordo com a
necessidade individual de cada projeto, uma vez que tais módulos fotovoltaicos de vidro são
componentes multifuncionais do edifício. (Figura 5.5)

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Figura 5.5 : University of East Anglia, Norwich, Reino Unido.
Fonte: PV SUNRISE (2009)
Os painéis fotovoltaicos semi-transparentes de vidro também podem ser coloridos,
possibilitando composições na fachada . Segundo a OnyxSolar (2011) dependendo da
tonalidade da cor do módulo há perda de energia.
As figuras 5.6 e 5.7 mostram as diferentes tonalidades de módulos fotovoltaicos.
Figuras 5.6 e 5.7: Tonalidades de módulos fotovoltaicos.
Fonte: ONYX SOLAR (2011)
Segundo Meinhold (2009), um novo tipo de célula solar está sendo desenvolvido pela
GreeSun Energy, em Jerusalém, e pode gerar luz difusa utilizando um painel especializado
colorido. (Figura 5.8). Trata-se de painéis feitos com corantes fluorescentes e de
nanopartículas de metais que não necessitam de luz solar direta para gerar energia. Tais
painéis fluorescentes abrem possibilidades para novos partidos em fachadas fotovoltaicas.
Fig 5.8. Módulo colorido fotovoltaico.
Fonte: MEINHOLD (2009)

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5.4. Clarabóias
As estruturas das clarabóias também são lugares interessantes na aplicação do sistema
fotovoltaico por combinarem a vantagem da difusão da luz no edifício e a superfície livre e
propícia para a instalação de módulos ou lâminas fotovoltaicas. Neste tipo de aplicação, os
elementos fotovoltaicos fornecem tanto luz quanto eletricidade para a construção. Os
módulos fotovoltaicos e as estruturas de apoio utilizados nesse tipo de aplicação são
semelhantes àqueles utilizados em fachadas semitransparentes de vidro.
A figura 5.9 a seguir mostra um exemplo de clarabóia com sistema fotovoltaico.
Figura 5.9: Bastad Hotell & Tennis, Bastad, Suécia.
Fonte: ERTEX SOLAR (2010)
5.5. Sistemas de sombreamento
Os módulos fotovoltaicos de diferentes formas podem ser utilizados como elementos de
sombreamento sobre as janelas, como parte de uma cobertura de vidro ou como sobre-
cobertura. As figuras 5.10 a seguir mostram um exemplo de sistema fotovoltaico de
sombreamento.
Figura 5.10 : Sunbury Building, Ashford, Reino Unido
Fonte: BP SOLAR (2010)

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5.6. Piso
A OnyxSolar e a Butech (2011) desenvolveram um painel fotovoltaico semi-transparente
que pode ser utilizado como revestimento de piso. (Figura 5.11)
Figura 5.11: Piso fotovoltaico.
Fonte: DESIGN BUILD SOLAR (2011)
6. Referências arquitetônicas
A pesquisa detectou nove referências arquitetônicas. Foram escolhidas por apresentarem as
melhores soluções do emprego de placas fotovoltaicas na arquitetura. Os estudos dessas
referências projetuais, discriminadas na tabela 1 a seguir, são importantes para alimentar
novos processos de projeto arquitetônico com objetivos de sustentabilidade no quesito
energético.
TABELA 1- Referências Projetuais e local onde foram empregadas placas fotovoltaicas
No. Nome do Edifício
Uso das placas fotovoltaicas
Fonte da imagem
Imagens
1.
Edifício Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello
(CENPES)
Cobertura
Fonte: MELENDEZ (2007, s/p.)
2. Sino-Italian Ecological and Energy Efficient Building
(SIEEB)
Brises
Fonte: GEROLLA (2007)

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3. Colorado Court Project
Fachada
Fonte: CITY OF SANTA MONICA [20--]
4. GreenPix – Zero Energy Media
Wall
Fachada
Fonte:GREENPÍX[20--]
5. Santa Monica Civic Center Parking Structure
Cobertura
Fonte: KRISCENKI (2008)
6. Office Building of SCHOTT Iberica
Fachada
Fonte: SCHOTT (2007)
7. Talleres y Oficinas de Total Energie
Cobertura
Fonte: GAUZIN-MULLER (2003)
8. Edificio Habitat y Trabajo
Cobertura
Fonte: GAUZIN-MULLER (2003)
9. The Main Stadium for the World Games 2009
Envoltória
Fonte: SEBASTIAN (2009)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa atingiu seus objetivos ao: identificar soluções arquitetônicas de casos
internacionais que fazem uso de placas fotovoltaicas integradas ao edifício; relacionar os
sistemas de geração de energia fotovoltaica encontrados nos projetos de arquitetura
identificados e registrar as relações entre a linguagem da arquitetura proposta e os
elementos onde as placas fotovoltaicas foram acopladas identificando os tipos de aplicações
nos componentes construtivos tais como: brise, cobertura, fachada, envoltória, clarabóia,
piso, entre outros.
Conclui-se que a atual demanda mundial por energia em edifícios requer cada vez mais
pesquisa e desenvolvimento da integração entre energia e edifício, pois a construção de
uma usina fotovoltaica necessita de uma área muito extensa para seu funcionamento e, no
caso da incorporação desta no edifício tem-se uma compactação do espaço e uma maior
eficiência energética.
Os componentes construtivos estudados não são encontrados no mercado nacional, mas,
se os arquitetos se interessarem no emprego destes em seus projetos, brevemente poderão
estar à disposição para serem utilizados com eficiência, devido ao potencial solar do nosso
território.
Os resultados desta pesquisa são importantes por analisarem e divulgarem os componentes
construtivos com células fotovoltaicas e identificarem arquiteturas internacionais de boa
qualidade que já empregam o sistema, minimizando o consumo de energia das construções,
na busca dos edifícios e cidades sustentáveis.
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