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LONDRINA 2006

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LONDRINA2006

JULIANE RODRIGUES GUERRA

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS FENÔMENOS EL NIÑO E LA NIÑA NO

DESEMPENHO DAS CULTURAS DO MILHO E DO TRIGO NO ESTADO DO PARANÁ,

NO PERÍODO DE 1974 A 1999

Monografia apresentada ao Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Orientadora: Profª. Drª. Deise Fabiana Ely

LONDRINA

2006

TERMO DE APROVAÇÃO

JULIANE RODRIGUES GUERRA

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS FENÔMENOS EL NIÑO E LA NIÑA NO

DESEMPENHO DAS CULTURAS DO MILHO E DO TRIGO NO ESTADO DO

PARANÁ, NO PERÍODO DE 1974 A 1999

Monografia aprovada como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Geografia, da Universidade Estadual de Londrina, pela seguinte banca examinadora:

Orientadora: Profª. Drª. Deise Fabiana Ely

Departamento de Geociências, UEL

PhD. Paulo Henrique Caramori

Engº Agrº PhD, pesquisador na área de Agrometeorologia, IAPAR

Profª. Ms. Rosely Maria de Lima

Departamento de Geociências, UEL

Londrina, 8 de dezembro de 2006

A Deus e aos meus pais Cledenir (in memoriam) e Genuveva, pelo apoio e incentivo recebido todos os dias.

AGRADECIMENTOS

A minha família, pela confiança e motivação.

Aos amigos, professores e colegas de curso pela força e troca de experiências.

Ao Dr. Paulo Henrique Caramori, pela oportunidade que me foi concedida para estagiar na área de Agrometeorologia do IAPAR.

Ao IAPAR, pela estrutura e ao PIBIC/CNPq pela bolsa de iniciação científica.

A minha orientadora, Profª Drª Deise Fabiana Ely, pela atenção, dedicação e paciência dispensadas em todas as etapas deste trabalho.

A todos que, de alguma forma, colaboraram para a realização e finalização deste estudo.

Valeu a pena?

Tudo vale a pena,

Se a alma não é pequena.

(Fernando Pessoa)

RESUMO

Ao se verificar que o clima e a agricultura estão intrinsecamente ligados, buscou-se aprofundar as análises dessa relação, principalmente correlacionando o evento ENOS (El Niño-Oscilação Sul) com a produtividade das culturas de milho e trigo no Estado do Paraná. O evento ENOS é um fenômeno de escala global, influenciando a dinâmica climática, a agricultura, alterando a dinâmica térmica e pluviométrica de vários lugares do globo. Sua fase quente (El Niño) é caracterizada por aumentar a precipitação, deixando-a acima da média juntamente com a temperatura; enquanto a fase fria (La Niña) determina precipitações abaixo do normal. O evento pode durar de 6 a 18 meses, com intervalos irregulares de 2 a 7 anos. Foram utilizados dados de produção e rendimento das culturas de milho e trigo e precipitação, analisando-se a influência do fenômeno ENOS sobre a precipitação e seus impactos no ciclo produtivo dessas culturas. Verificou-se grande variabilidade nos dados, que não possibilitou caracterizar uma tendência de aumento ou diminuição da produtividade em anos com El Niño e La Niña. Entretanto, durante eventos fortes de La Niña, detectou-se melhores rendimentos nos cultivos em áreas do sul do Estado; enquanto que nos anos com ocorrência de El Niño forte, em geral, os rendimentos decresceram devido ao excesso de chuva.

Palavras-chave: ENOS, variabilidade climática, produtividade, rendimento, milho e trigo.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Regiões geográficas naturais do Estado do Paraná e Mesorregiões Geográficas ....27

Figura 2: Classificação climática .............................................................................................31

Figura 3: Domínios naturais ....................................................................................................32

Figura 4: Remanescentes florestais .........................................................................................33

Figura 5: Paraná: divisão municipal e postos pluviométricos .................................................34

Figura 6: Mesorregiões Geográficas Paranaenses ...................................................................37

Figura 7: Ciclo da cultura do milho .........................................................................................45

Figura 8: Zoneamento da cultura do milho ..............................................................................46

Figura 9: Ciclo do trigo ............................................................................................................48

Figura 10: Zoneamento da cultura do trigo ..............................................................................49

Figura 11: Alterações da TSM do Pacífico Tropical ...............................................................52

Figura 12: Localização dos Niños em latitude e longitude ......................................................53

Figura 13: Comparação dos processos convectivos .................................................................54

Figura 14: Diagrama de caixa ..................................................................................................59

Figura 15: Série histórica de desvio da média da cultura do milho .........................................61

Figura 16: Rendimento com tendência tecnológica e rendimento corrigido ...........................62

Figura 17: Estudo de caso ........................................................................................................63

Figura 18: Rendimento da cultura do trigo ..............................................................................66

Figura 19: Desvio da média dos dados de rendimento da cultura do trigo ..............................67

Figura 20: Distribuição da chuva no ciclo produtivo do trigo .................................................69

Figura 21: Diagramas de caixa ................................................................................................70

LISTA DE TABELAS

Quadro 1: Anos de ocorrência do evento ENOS e sua intensidade de acordo com os índices de oscilação sul ............................................................................................................25

Tabela 1: Produção e rendimento da cultura do milho por mesorregião geográfica ...................................................................................................................................................57

Tabela 2: Produção e rendimento da cultura do trigo por mesorregião geográfica ...................................................................................................................................................64

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................11

2. O PAPEL DO CLIMA NO DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS ...................................................................................................................12

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................22

4. O ESTADO DO PARANÁ COMO UNIVERSO DE ANÁLISE ..................................26

4.1. Aspectos históricos e a caracterização das mesorregiões paranaenses ...............................................................................................35

4.2. O ciclo do desenvolvimento do milho e do trigo no Estado do Paraná ........................................................................................................44

5. DINÂMICA DO FENÔMENO EL NIÑO-OSCILAÇÃO DO SUL (ENOS)...............51

5.1. Correlação da produção e rendimento do milho e do trigo no

Estado do Paraná com a ocorrência do fenômeno ENOS .....................55

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................71

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................73

ANEXOS ................................................................................................................................77

11

1 - INTRODUÇÃO

A atividade agrícola, que constitui um dos setores econômicos, é grande

fornecedora de alimentos à população e de matérias-primas para a indústria. Esta atividade

representa uma forma da sociedade se organizar espacialmente, visto que ela transforma a

paisagem natural, produzindo imensos campos de cultivo.

O clima, o solo e o relevo podem dificultar ou facilitar a expansão da área

cultivada. Entre os fatores mencionados, o climático é o que exerce maior influência sobre a

produtividade agrícola.

Mas, além de condicionantes ambientais, o desenvolvimento e a

especialização agrícola dependem de outros fatores, como a demanda do produto e a política

econômica e fiscal do país.

Diante dessas considerações, o presente trabalho busca identificar o grau de

influência do evento ENOS (El Niño – Oscilação Sul) na produção das culturas de milho e

trigo do Estado do Paraná e identificar os períodos em que o evento trouxe resultados

positivos ou negativos ao rendimento das culturas em questão, já que o Paraná é o maior

produtor de trigo do Brasil.

Entende-se que os agricultores demandam pelo conhecimento acerca de

como o evento ENOS pode interferir na produção desses cultivos para que possam se

precaver de seus efeitos e garantirem bons rendimentos.

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2 - O PAPEL DO CLIMA NO DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

AGRÍCOLAS

Desde os primórdios, os seres humanos buscam o desenvolvimento

utilizando os recursos naturais, lançando mão sobre os mesmos, sem pensar, em muitos casos,

nas conseqüências de um uso indiscriminado.

O homem, ao longo de sua história, busca alternativas para controlar a

natureza, e o clima é um dos componentes da natureza que fogem ao controle do ser humano.

Entretanto a sociedade vem buscando alternativas, através da aplicação de métodos

científicos, para o entendimento de sua dinâmica e o desenvolvimento de tecnologias que

possibilitem driblar os seus efeitos, principalmente, sobre a atividade agrícola que ainda é

muito dependente dessa dinâmica.

De acordo com Une (1979, p. 3), o clima é um elemento que foge ao

domínio do homem, exigindo análises de situações habituais e excepcionais, além do cálculo

da probabilidade de recorrência das mesmas situações climáticas, pois as condições extremas

do tempo podem afetar a produção agrícola, os recursos hídricos e a produção de energia

elétrica, enfim, a vida humana.

O clima de um lugar,

particularmente perto da superfície, é influenciado pelos elementos da paisagem, da vegetação e do homem, através de suas várias atividades. Os processos geomorfológicos, pedológicos e ecológicos, e as formas que eles originam, só podem ser devidamente compreendidos com referência ao clima predominante na atualidade e no passado. (AYOADE, 1998, p. 2)

Essa compreensão propicia uma análise climática que contribua para a

compreensão do espaço (ambiente, paisagem e território), buscando entender seu

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funcionamento no sentido de gestão e planejamento geográfico e ambiental (SANT’ANNA

NETO, 1998, p. 121). Para tanto, um dos métodos mais utilizados e eficazes para se conhecer

o clima atual e suas variações é a construção de modelos físico-matemáticos, dotados de alto

grau de complexidade, mas que possibilitam uma análise mais próxima da realidade.

Os estudos climáticos voltados ao entendimento da organização geográfica

da sociedade são direcionados no sentido de entender o comportamento da atmosfera,

levando-se em consideração a ocorrência dos fenômenos em sua extensão (espaço) e sua

duração (tempo). Dessa maneira, entende-se que o clima é regido por um conjunto de

fenômenos que se fundem no espaço e no tempo e sua abstração racional exige um referencial

escalar, uma possibilidade metodológica, uma escala taxonômica como parte da própria

metodologia da pesquisa climatológica, conforme Ribeiro (1993, p. 288). Diante disso, o

autor citado discute que o comportamento do tempo e do clima

resulta das interações ocorridas na interfácie multiespectral que intercambia e modifica a radiação solar através do meio terrestre, envolvendo a litosfera, a hidrosfera, a criosfera e a biosfera repercutindo, particularmente, no estado da atmosfera. As trocas de energia, a umidade, a massa e momentum entre a atmosfera e a superfície do planeta geram estados interativos que apresentarão duração e tamanho compatíveis com a intensidade e a freqüência das referidas trocas. (RIBEIRO, 1993, p. 288)

Uma das subdivisões da climatologia está baseada na análise escalar dos

sistemas de circulação meteorológica e que leva em consideração os fenômenos atmosféricos

que vão desde as zonas planetárias até os sistemas de ventos locais, constituindo um único

espectro contínuo dos sistemas climáticos. Assim, a climatologia pode ser dividida em

macroclimatologia, que está relacionada com os aspectos dos climas de amplas áreas da Terra

e movimentos atmosféricos em larga escala; mesoclimatologia, que está preocupada com o

estudo do clima em áreas relativamente pequenas, entre 10 e 100 quilômetros, um exemplo

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seria o clima urbano; e a microclimatologia, que preocupa-se com o estudo do clima próximo

à superfície, abrangendo áreas com menos de 100 metros de extensão. (AYOADE, 1998)

Levando-se em consideração a divisão dos estudos climatológicos

mencionada anteriormente, Ribeiro (1993, p. 289) propõe ordens de grandeza têmporo-

espaciais para a análise do fenômeno climático em: zonal, regional, o mesoclima ou clima

local, o topoclima e o microclima.

Na escala do clima zonal, define-se a circulação geral da atmosfera, com

extensão horizontal entre 1000 e 5000 quilômetros e, verticalmente abrange toda a atmosfera.

Um estado climático nesta escala pode durar de uma semana a seis meses. Para seu estudo,

deve-se ter pelo menos 30 anos de observações, considerando a normal climatológica.

Destaca-se nesta escala o fenômeno El Niño, a circulação monçônica, a Zona de

Convergência dos Alísios (ITCZ), etc.

Já o clima regional, considerado um desdobramento do zonal, tem sua

definição vinculada a

[...] ação modificadora da circulação geral da atmosfera provocada por um conjunto de fatores de superfície, como a distribuição entre as áreas continentais e oceânicas, forma dos continentes, correntes marítimas, rugosidade dos continentes (incluindo as altitudes relativas) e continentalidade/maritmidade. (RIBEIRO, 1993, p. 289)

A extensão horizontal dessa escala do clima varia entre 150 e 2500

quilômetros e a vertical está limitada pelos fenômenos que ocorrem abaixo da tropopausa,

com duração média de 1 a 30 dias. Sua compreensão apóia-se no ritmo da variação anual,

sazonal e mensal dos elementos do clima, sugerindo a adoção de séries inferiores à normal.

O mesoclima, ou clima local, está relacionado à configuração do terreno,

tipo de solo e cobertura vegetal, ou seja, a superfície da Terra influencia a circulação regional,

devendo-se considerar a capacidade que a sociedade tem de modificar a cobertura do solo

15

(agricultura e edificações), introduzindo gases que interferem no balanço de radiação, na

retenção de umidade e calor. Apresenta uma extensão horizontal entre 15 e 150 quilômetros e

vertical entre 1200 e 2000 metros, sendo que a permanência dos estados atmosféricos podem

durar entre 12 horas e uma semana. São utilizadas cartas de tempo em mesoescala para obter

informações sobre a freqüência e intensidade dos fenômenos. De acordo com Ribeiro (1993,

p. 291), procura-se

associar a gênese do tempo e do clima ao seu impacto na natureza e na sociedade, tal como situações de tempo favoráveis à agricultura, transportes, turismo, dispersão de poluentes atmosféricos, etc.; ou situações desfavoráveis, como episódios de chuvas concentradas que resultam em inundações e movimentos de massa ao longo das vertentes, episódios de secas e veranicos que acarretam frustração de safras, ou mesmo episódios com acentuada inversão térmica na Camada Limite Planetária redundando na intensificação da poluição atmosférica nos centros urbanos e industriais.

O topoclima é uma derivação do clima local, devido à rugosidade do

terreno. Sua extensão horizontal restringe-se à forma do relevo ou tamanho da vertente,

coincidindo com a Camada Limite Superficial, limite considerado até onde a energia

calorífica gerada na superfície pode atingir, por meio do processo de condução, e onde a força

do atrativo supera a força de Coriolis no direcionamento dos ventos de superfície. (RIBEIRO,

1993, p. 292)

São utilizadas estações não convencionais fixas ou móveis para a obtenção

de dados nessa escala, com registros numa perspectiva de variação do tempo diurno e

noturno.

E o microclima é o clima próximo do solo. A microrugosidade,

a cor e a textura das superfícies, aliadas aos abrigos dispostos junto ao solo, como as edificações e a vegetação constituem-se nos elementos que promovem a diferenciação na magnitude das trocas energéticas e gasosas que irão, por sua vez, modificar o comportamento do ar circundante. (RIBEIRO, 1993, p. 292)

16

Os limites do microclima dependem da natureza da superfície que o origina,

sendo que os registros necessários para o seu estudo são obtidos por aparelhos de alta

sensibilidade e precisão, medindo-se as variações em minutos e até em segundos, como por

exemplo, as rajadas que, de acordo com Varejão-Silva (2001), são variações bruscas na

velocidade do vento, que é acompanhada por uma variação, também brusca, na direção, sendo

que o vento à superfície normalmente apresenta rajadas.

O evento ENOS, por ser de escala zonal, influencia o clima em várias partes

do globo, causando perturbações na precipitação e na temperatura. Na região Sul do Brasil, a

fase quente (El Niño) aumenta a precipitação pluvial e a fase fria (La Niña) diminui a

precipitação. Como a precipitação é um fator fundamental para um bom rendimento agrícola,

o evento ENOS interfere na produtividade de certos cultivos, como o milho e o trigo que

fazem parte do objeto de estudo deste trabalho, entretanto, sua influência é mais marcante no

Rio Grande do Sul, visto que no Estado do Paraná, a porção sul do Estado é influenciada pelo

evento, mas na região norte, somente eventos fortes conseguem alterar o regime de chuvas.

A discussão sobre a relação entre o clima e organização do espaço aponta

que essa depende do grau de tecnificação de cada sociedade e dos atributos fundamentais em

cada ecossistema que propiciam diferentes maneiras de organizar socioeconomicamente cada

espaço.

Segundo Monteiro (1976), a interdisciplinaridade entre estudos geográficos,

agronômicos e econômicos, converge para uma organização agrária regional. Assim,

ao contrário dos estudos oriundos da Meteorologia, que direcionam sua atenção prioritária aos fatores de grandeza global e daqueles provenientes da agronomia, mais preocupados com as relações de micro escala (clima-água-solo-planta), a Geografia encontra na escala regional (e a Geografia Física na escala do geossistema) seu melhor desempenho. (SANT’ ANNA NETO, 1998, p. 124)

17

De acordo com Monteiro (1976, p. 10),

a atmosfera passou a ser reconhecida como um recurso vital básico e o clima, pela própria dinâmica de sua essência física, como um insumidor energético ativando o ambiente por suas variações temporais e através de suas associações com os demais componentes naturais, ajudando a definir a estrutura do espaço ambiente e sua organização funcional.

O homem, através de suas decisões, é um agente modificador do ambiente, que, em termos climatológicos, reagindo e inovando, cria nas unidades taxonômicas menores, transforma nas médias e influencia nas superiores. [...] Assim, deve-se definir na climatologia atual, duas linhas de abordagem que se complementam: a econômica, onde cumpre avaliar o papel insumidor do clima na organização do espaço, e a ambiente, onde os produtos da ação humana sobre a atmosfera são referenciados em termos de qualidade.

A relação destacada faz com que o clima das áreas urbanas seja modificado

constantemente pelas transformações ocorridas no espaço, ocorrendo o aumento da

temperatura, a diminuição da umidade relativa do ar que causam o desconforto térmico à

população urbana. A instalação de edificações modificam o padrão local dos ventos, o nível

de reflectância da radiação e dificultam o escoamento das águas pluviais, dessa forma, faz-se

necessário

a gestão do espaço urbano, no sentido de sua qualidade ambiente e conforto térmico, passa pela necessidade de implementação nos planos diretores de medidas que considerem o aumento da arborização e das áreas livres e de lazer, o aumento dos espelhos de água (incrementando a umidade relativa), o zoneamento urbano (legislação sobre verticalização e tamanho mínimo dos lotes urbanos) e a política pública de contenção das emissões de poluentes na cidade (filtros industriais e controle da frota de veículos). (SANT’ANNA NETO, 1998, p. 126)

Já, nas áreas rurais a variabilidade climática afeta a produção agrícola, pois

a irregularidade dos fenômenos é mais provável e ocorre com uma freqüência maior do que a

considerada como padrão normal, levando-se em consideração que o desmatamento é uma das

mudanças de maior impacto no uso do solo, influenciando a dinâmica climática no ambiente

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local, regional ou mesmo global, alterando o balanço hídrico, a radiação e o albedo. Segundo

Sant’Anna Neto (1998, p. 128), o clima

assume importante papel na produção do espaço rural pois, somente a partir do conhecimento da dinâmica climática, sua gênese e previsão, pode-se minimizar seus efeitos negativos às atividades humanas e direcionar este conhecimento no sentido de encontrar um equilíbrio, aproveitando a sua variabilidade temporal para o planejamento econômico.

A atividade agrícola é importante para a vida e a economia humana, pois

por meio dela são produzidos alimentos e matérias-primas para as atividades agroindustriais.

Além do clima, o solo e o relevo contribuem, ou até dificultam o processo de instalação e a

expansão das áreas cultivadas, sendo que a influência climática é considerada preponderante

para a compreensão das análises que integram produção agrícola e rendimento econômico.

As variações, irregularidades, excepcionalidades e azares climáticos nas

mais variadas escalas climáticas de produção agrícola interferem na fenologia das plantas,

comprometendo os calendários agrícolas e rendimentos. A ação climática,

como mecanismo de regulação temporal da produção agrícola, manifesta-se em qualquer dos níveis de abordagem em que se desdobra esta análise de relações entre o potencial oferecido pelo espaço ecológico e a rentabilidade da produção. O primeiro nível é de tratamento fenológico, no qual se verificam as relações fundamentais entre cada tipo individual de cultivo e os parâmetros climáticos básicos de suas exigências biológicas [...]. (MONTEIRO, 1976, p. 27)

Deffune (1990) ressalta essa grande influência do clima na agricultura e

relaciona a temperatura e a precipitação como os dois elementos mais ligados à produção

agrícola. Tal conclusão é reforçada nas análises de Ezpeleta e Martínez (2002), que

verificaram a precipitação e o vento como constituintes de risco climático com maior

freqüência na Galícia, gerando perdas econômicas e humanas. Berlato e Fontana (2003)

também enfatizam a distribuição adequada da precipitação para que haja boa produtividade

19

agrícola, levando-se em consideração a influência do evento de escala global ENOS (El Nino

– Oscilação do Sul) na distribuição das chuvas no Estado do Rio Grande do Sul.

A agricultura representa uma tentativa de controle do ambiente pelo

homem, que procura homogeneizar e manipular ecossistemas naturais na tentativa de

elevação da produção de gêneros alimentícios e, quanto mais sofisticada a forma de cultivo,

maior é a interferência humana no ecossistema, transformando o frágil equilíbrio dos

ambientes naturais. (DREW, 1994, p. 145 e 147)

No tocante às manifestações espaciais do clima,

já integradas aos elementos naturais, o homem é capaz de atenuar, neutralizar ou até mesmo eliminar, mas quanto à maneira de entrada do fluxo de energia produzida pela dinâmica da atmosfera, o homem ainda não tem controle. (MONTEIRO, 1976, p. 33)

De acordo com Drew (1994), a agricultura lida com a epiderme da Terra,

gerando mudanças na maior parte do meio físico, como a erosão que interfere na textura e

umidade do solo, muda a fertilidade da terra, o rendimento das safras e, em seguida, o

microclima.

O clima exerce influência sobre todos os estágios da produção agrícola,

desde a preparação da terra, semeadura, crescimento, colheita, armazenamento, transporte e

comercialização, sendo que os principais elementos climáticos que interferem na atividade

agrícola são: a radiação solar, a temperatura e a umidade. Estes parâmetros determinam a

distribuição global dos cultivos e da pecuária, da mesma forma que definem a produção

agrícola e a produtividade dos rebanhos dentro de uma zona climática, pois todos os cultivos

possuem limites climáticos para a produção econômica. As variáveis climáticas que interferem

no crescimento e produtividade dos cultivos estão inter-relacionadas. Um exemplo é a cultura

20

do trigo, que precisa de uma distribuição adequada da precipitação desde o plantio até a

colheita para que não haja quebra na produtividade.

A busca de explicações para a relação entre clima e agricultura gera estudos

que visam diminuir perdas, além de vislumbrar o aumento da produtividade agrícola. Assim,

Zoneamentos Agroclimáticos são feitos para que os agricultores possam minimizar os

impactos causados pelo clima. Estes zoneamentos, geralmente, indicam melhores datas para

plantio e colheita, além das melhores cultivares para cada região. Entretanto, Deffune (1990)

ressalva que não se pode afirmar que existam áreas exclusivas para determinadas plantas, mas

zonas favoráveis para o plantio.

As operações agrícolas e o planejamento do desenvolvimento agrícola

devem levar em consideração a dinâmica climática. Estudos que relacionam o clima e a

agricultura permitem ajustar os cultivos e, por conseguinte, evitar conseqüências indesejáveis,

pois a quebra de uma safra repercute sobre o nível de vida dos agricultores e da população

urbana. Além dos prejuízos econômicos decorrentes da frustração de uma safra

potencialmente mais elevada,

deve-se considerar ainda os efeitos dos fenômenos climáticos sobre as populações envolvidas nas atividades agrícolas. Para elas a compensação parcial das perdas sofridas depende exclusivamente dos programas governamentais instituídos em caráter de emergência que têm maior ou menor alcance em função da presteza, da capacidade organizacional das autoridades locais e do poder de barganha das populações atingidas. (BRITO; GUITTON, 1979, p. 129)

O uso do solo no meio rural tem-se dado de forma “predatória”, ou seja, um

uso indiscriminado que visa um lucro máximo em um tempo mínimo, alterando de forma

desastrosa a paisagem, que nem sempre a natureza, mesmo com o tempo, consegue

reconstituir. De acordo com Monteiro (1976, p. 39),

21

os estudos de dinâmica de paisagem equacionando os insumos climáticos aos elementos morfo, bio e pedológicos poderiam apresentar novos subsídios, especialmente se fossem dirigidos menos academicamente, no sentido apenas de revelar as causas do fenômeno, mas fazendo-os acompanhar de dados convincentes sobre os efeitos econômicos implicados na degradação desse importante recurso natural.

Curry (1952) destaca que o clima funciona como um regulador da vida

econômica, sendo que a agricultura é a mais afetada, devido às mudanças na intensidade dos

elementos climáticos, que são diferenciados espacialmente. Desta forma, o período das

operações agrícolas variarão no espaço e no tempo.

Assim, o papel do clima na organização do espaço deve ser visto como

gerador de tipos de tempo, extremamente dinâmico, complexo e sensível às alterações feitas

pelo homem, influenciando a organização espacial da sociedade em cada parte do planeta e

nas mais variadas escalas. Assim, entende-se que a análise climática, contribui para a

compreensão do espaço e funcionamento da gestão e planejamento socioespacial das

atividades econômicas, dentre elas a agricultura.

Verificando-se que o clima e a agricultura estão intrinsecamente ligados,

busca-se aprofundar as análises desta relação, principalmente no que tange a influência do

evento ENOS no regime de chuvas e a produtividade das culturas do milho e trigo no Estado

do Paraná.

22

3– PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Dependendo da época do ano em que o evento ENOS surge e atinge o seu

ápice, ele pode beneficiar a agricultura ou prejudicá-la.

Para viabilizar a realização desse estudo, foi organizado um banco de dados

de produção e rendimento anual das culturas do milho e do trigo do Estado do Paraná. Estes

dados foram fornecidos pelo IBGE e possibilitaram a organização de uma série histórica de

dados do período de 1974 a 1999, digitalizada em planilhas do software Excel, a partir do

qual foram elaboradas as tabelas de produção e rendimento do milho e do trigo por

mesorregiões geográficas.

Também foi organizado banco de dados meteorológicos contendo séries de

precipitação, com totais mensais e anuais, analisados minuciosamente para detectar qualquer

tipo de falha e organizados em planilhas do Excel. Os dados meteorológicos foram cedidos

pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL) e Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento

Ambiental (SUDERHSA).

O banco de dados meteorológicos e de produção e rendimento do milho e

do trigo foram montados no período em que foi desenvolvido o estágio no IAPAR, atuando

como bolsista de iniciação científica do PIBIQ/CNPq, no período de julho de 2001 a

dezembro de 2003.

Os dados de precipitação e rendimento foram agrupados por mesorregião

geográfica para a quantificação dos impactos das variáveis climáticas sobre as culturas do

milho e do trigo no Estado. A tendência tecnológica dos dados de rendimento do milho e do

trigo foi retirada da série de dados por meio de análise de regressão (CUNHA et al., 1999,

23

2001), de maneira que somente os desvios de produção entre os anos foram analisados. A

tendência tecnológica dos dados foi retirada por meio da seguinte fórmula, desenvolvida por

Cunha et al (2001, p.139):

Yci={Yi-[Y(Xi)-Y(Xo)]},

em que, Yci é o rendimento do ano i corrigido, Yi o rendimento original do ano i, Y(Xi) o

rendimento do ano i estimado pelo modelo de regressão e Y(Xo) é o rendimento do primeiro

ano da série histórica estimada pelo modelo de regressão.

Seguiu-se o seguinte critério de análise:

1. Determinação dos desvios de precipitação em relação à média de cada mesorregião com o

objetivo de quantificar os impactos nos anos com eventos de El Niño, La Niña e neutros sobre

a precipitação regional, utilizando gráficos do tipo Box Plot, do software SigmaPlot,

disponibilizado pelo IAPAR;

2. Correlação entre precipitação pluviométrica e rendimento de milho por meio de análises

estatísticas. Segundo Galvani (2005, p. 175), esse tipo de análise permite que os dados

possam ser melhor trabalhados, além de permitir analisar qualquer tipo de informação. Neste

caso utilizou-se medidas de dispersão, sendo que os cálculos foram efetuados individualmente

para cada conjunto. Dentre as medidas de dispersão, utilizou-se o desvio em relação à média

para se verificar a variabilidade dos dados e regressão linear, para mostrar a correlação entre

duas variáveis. Ressaltando a utilização do software Excel para se efetuar os cálculos. Com

base nas séries de dados de precipitação do banco de dados meteorológicos, organizado

especificamente para o desenvolvimento dessa pesquisa, foram analisadas as correlações entre

os totais de precipitação anual e de outubro a março, período de cultivo do milho no Estado

24

do Paraná segundo o zoneamento climático efetuado pelo IAPAR, versus rendimento da

cultura do milho;

3. Correlação entre precipitação pluviométrica e rendimento do trigo. Com base nas séries de

dados de precipitação foram analisadas as correlações entre os totais de precipitação anual e

de março a julho, período de desenvolvimento do trigo no Estado do Paraná, versus

rendimento da cultura do trigo;

4. Correlação entre anos com eventos de El Niño, La Niña e neutros com desvios de

rendimento das culturas do milho e do trigo. A verificação dos impactos positivos e negativos

foi possível a partir da correlação dos desvios de rendimento de cada mesorregião com a

identificação dos anos de ocorrência de eventos de El Niño, La Niña e neutros.

O período estudado incluiu os seguintes eventos: 1976, 1977, 1982, 1986,

1991, 1992, 1993, 1994 e 1997 como anos de El Niño. Já, como anos de La Niña foram

identificados os anos de: 1954, 1964, 1970, 1973, 1975, 1988, 1995, 1996, 1998, 1999 e

2000. Os outros anos foram considerados neutros. Os anos de ocorrência são classificados

como anos de El Niño, La Niña e neutros, com base no índice de oscilação sul (IOS) que é

definido como a diferença entre os desvios normalizados da pressão na superfície entre às

regiões de Darwin (Austrália) e Taiti, no Oceano Pacífico (BERLATO; FONTANA, 2003, p.

19), cujo valor acima de 0,5 por mais de 5 meses indica um evento de La Niña e valores

inferiores a -0,5 indica evento de El Niño. Os eventos são também classificados como de

intensidade fraca, moderada e forte (quadro 1).

25

Quadro 1: Anos de ocorrência do evento ENOS e sua intensidade de acordo com os Índices de Oscilação Sul. (NOAA, 2001)

CWN

: episodios de La Niña: episodios de El Niño

: períodos neutros

C-/W-C/WC+/W+

: evento de fraca intensidade: evento de intensidade moderada

: evento de forte intensidade

Organizado pela autora.

26

4 - O ESTADO DO PARANÁ COMO UNIVERSO DE ANÁLISE.

O Estado do Paraná localiza-se na região Sul do Brasil, entre os paralelos

22º30’S e 26º43’S e os meridianos 48º05’W e 54º37’W, limitando-se ao norte com o Estado

de São Paulo, a Leste com o Oceano Atlântico, ao sul com o Estado de Santa Catarina e com a

Argentina e a oeste com o Estado do Mato Grosso do Sul e com o Paraguai.

Segundo Maack (2002, p. 108),

Como região parcial do espaço sul-brasileiro, estendendo-se entre os Estados de São Paulo e Santa Catarina, e devido aos seus grandes rios limítrofes e lineamentos orográficos, o Estado do Paraná tem limites nítidos e, dentro desta região, zonas naturais de paisagem. A divisão destas zonas baseia-se na posição das escarpas, vales de rios e divisores de água, assim no caráter fisiográfico unitário da paisagem dentro de tais limites naturais.

Os sistemas hidrográficos e as linhas orográficas limitam as paisagens

naturais. O Estado do Paraná é dividido em cinco grandes regiões de paisagens naturais: o

litoral; a serra do mar; o primeiro planalto ou planalto de Curitiba; o segundo planalto ou

planalto de Ponta Grossa e o terceiro planalto ou planalto de trapp do Paraná ou de

Guarapuava (figura 1).

27

Meso do Noroeste

Meso do Centro Ocidental

Meso do Norte Central

Meso do Norte Pioneiro

Meso do Centro Oriental

Meso do Oeste

Meso do Sudoeste

Meso do Centro - SulMeso do Sudeste

Meso Metropolitana

Fonte: Base Municipal - S.E.M.A. - PR - 1997/IBGE/ANEEL/SUDERHSA/MAACK (2002)

Alterações - 2006Organizadora: Juliane Rodrigues Guerra

Escala: 1:4.553.000

12

34

5

1 - ZONA LITORAL2 - SERRA DO MAR3 - PRIMEIRO PLANALTO4 - SEGUNDO PLANALTO5 - TERCEIRO PLANALTO

ESCARPAS/CUESTAS

Figura 1: Distribuição dos planaltos paranaenses. (MAACK, 2002, p. 110)

O Estado do Paraná, em primeira linha, é considerado um Estado de

planalto ou interior, geográfica e economicamente, devido ao fato de seu litoral ser estreito e

desempenhar um papel de uma zona de passagem ou uma porta para o oceano. (MAACK,

2002)

De acordo com o autor citado, a zona litorânea é constituída por um bloco

de falha do Complexo Cristalino do neo-précambriano, fundamentado num complexo

processo de tectonismo de falha que abrange a maior parte da orla continental oriental da

América do Sul, no qual os aspectos morfológicos dos degraus e blocos isolados foram

moldados pela influência climática. O litoral é dividido pelas baias de Paranaguá e Guaratuba

em três setores naturais: setor norte, denominado Praia Deserta; setor central, Praia de Leste e

28

setor sul, praia do Sul. Nas planícies da Praia de Leste e Praia do Sul destacam-se faixas de

pântanos e pequenos rios, com percurso paralelo a costa. A região, em sua maior parte, é

constituída por plagioclásio-gnaisses do arqueano e granitos intrusivos do eo-pré-cambriano.

A Serra do Mar constitui uma serra marginal típica que se eleva de 500 a

1.000 metros sobre o nível do planalto, dividida em diversos maciços por blocos altos, que

exibem suas elevações mais importantes sempre em NE, diminuindo em altura para SW e

blocos baixos, não representando apenas um degrau entre o litoral e o planalto interior.

O primeiro planalto ou planalto de Curitiba limita-se para oeste por uma

escarpa de estratos de sedimentos paleozóicos quase horizontais, com uma altitude uniforme

numa extensão de 75 km que forma uma paisagem suavemente ondulada, com planícies de

várzeas intercaladas por sedimentos fluviais e paludais. O pedestal do primeiro planalto desde

a serra do Mar até poucos quilômetros a oeste de Curitiba é formado por rochas cristalinas

suavemente dobradas, com teto acima de granitos, ou fortemente dobradas, com blocos entre

granitos pós-algonquianos. Todos os sedimentos quaternários estão diretamente sobre as

rochas cristalinas. Nas partes central e sul a superfície corta os gnaisses e granitos antigos, as

rochas algonquianas com seus granitos intrusivos e os sedimentos do quaternário antigo. Já, a

parte norte do planalto é profundamente entalhada pelos tributários do rio Ribeira, onde a

paisagem é montanhosa.

No segundo planalto ou planalto de Ponta Grossa, de acordo com Maack

(2002, p. 406),

com o segundo planalto começa a região dos sedimentos paleozóicos e mesozóicos não perturbados por movimentos orogênicos, todavia suavemente inclinados para W, SW e NW. Aqui foram encontrados todos os fósseis de importância para a determinação da idade das camadas devonianas e dos membros das camadas gondwânicas. O complexo sedimentar do Estado do Paraná circunda o suave abaulamento do Complexo Cristalino num arco quase retangular aberto para leste.

29

O degrau é uma cuesta que foi originada por erosão, sendo que a chamada

escarpa devoniana começa com o vale do rio Iguaçu. Os níveis de declive no segundo planalto

são impressionantes, caracterizados por cortes na escarpa, conhecidos por boqueirões.

Observa-se uma discordância de erosão que determina a diferença entre as camadas

permianas da série Passa Dois e as camadas da série São Bento, como arenito Botucatu do

triássico superior, que juntamente com os derrames de trapp, forma a escarpa do terceiro

planalto. (MAACK, 2002, p. 412)

O fato do sistema fluvial correr para o interior do continente e desaguar na

bacia do Paraná se deve ao plano de declive do território paranaense, que é inclinado para

oeste e, parcialmente, para noroeste.

A região limita-se a leste com a escarpa devoniana e rochas da base

cristalina do primeiro planalto e com o terceiro planalto pela escarpa mesozóica, com

extensos e espessos derrames de trapp.

No terceiro planalto ou planalto de Guarapuava, o plano de declive

forma a encosta da escarpa da serra Geral do Paraná, sendo denominada serra da Boa Esperança, ou escarpa mesozóica. Esta escarpa é constituída por estratos do arenito São Bento Inferior ou Botucatu, com espessos derrames de lavas básicas muito compactas do trapp do Paraná, que na testa da escarpa apenas evidenciam espessuras de 50 a 200 metros, atingindo entretanto mais para oeste 1.100 a 1.750 metros [...]. A constituição geológica da extensa região do terceiro planalto é relativamente simples. Sobre o pedestal areno-argiloso da escarpa mesozóica, constituída ainda em toda extensão pelos horizontes alternadamente coloridos das formações Esperança e Poço Preto, do grupo Rio do Rasto, começam os depósitos eólicos do deserto mesozóico, os arenitos São Bento Inferior ou Botucatu, com paredes íngremes protegidas pelos derrames de rochas básicas, tais como diabásios, meláfiros vesiculares, espelitos, toleiitos, vitrófiros, com os lençóis finais de diabásio porfirítico e augita-andesita-porfirito. Na base, o arenito Botucatu revela regionalmente um fácies fluvial-lacustre correspondente ao fácies Pirambóia, ou Santa Ana, do Estado de São Paulo. (MAACK, 2002, p. 419 e 421)

30

As rochas eruptivas básicas se decompõem em solos argilosos vermelhos

coesos, conhecidos como terra roxa, ocupando a maior parte da região. O terceiro planalto,

representa a região dos grandes derrames de lavas básicas do vulcanismo gondwânico do Pós-

triássico até o neo-cretáceo.

O clima do Estado do Paraná foi definido utilizando-se o princípio de

Köppen, de estrutura simples, que considera a ação conjunta da temperatura e precipitação.

De acordo com o IAPAR (2000), o clima do Estado é classificado em:

Cfa: clima subtropical; temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC

(mesotérmico) e temperatura média no mês mais quente acima de 22ºC, com verões

quentes, geadas pouco freqüentes e tendência de concentração de chuvas nos meses de

verão, contudo sem estação seca definida;

Cfb: clima temperado propriamente dito; temperatura média no mês mais frio abaixo

de 18ºC (mesotérmico), com verões frescos, temperatura média no mês mais quente

abaixo de 22ºC e sem estação seca definida (figura 2).

31

Figura 2: Classificação climática do Estado do Paraná segundo Köppen. (IAPAR, 2000)

A vegetação é uma expressão do clima em relação a latitude e a altitude. A

mata

conquistou a maior parte da área do Estado sob os fatores climáticos predominantes no quaternário recente. Ainda no quaternário antigo, os campos limpos e cerrados revestiam grande parte do Paraná como vegetação clímax de um clima alternante semi-árido e semi-úmido. Sob as condições climáticas alternantes, com precipitações abundantes durante o quaternário recente, a mata principiou a dominar os campos a partir dos declives das escarpas e dos vales dos rios, transformando o Estado do Paraná numa das áreas mais ricas em matas do Brasil até poucos decênios. (MAACK, 2002, p. 220)

A primeira cobertura vegetal (figura 3) era formada por mata pluvial-

tropical-subtropical; mata de araucária nos planaltos e na região da mata subtropical acima de

500 metros; campos limpos e campos cerrados (estepes de gramíneas baixas); vegetação das

32

várzeas e pântanos; vegetação das praias, ilhas, restinga e vegetação das regiões altas da serra

e área das baías com faixas de mangue.

fl. estacional semidecidualfl. ombrófila densafl. ombrófila mista

ESTADO DO PARANÁ

MAPA 1.10

DOMÍNIOS NATURAIS

1950Escarpa

Figura 3: Cobertura vegetal original do Estado do Paraná. (IPARDES, 2006)

Entretanto, ao longo do tempo, essa paisagem foi modificada, com a retirada

das matas (figura 4) para a implantação de cultivos agrícolas nessas áreas, pois os habitantes

precisavam de terras cultiváveis que foram, inicialmente, preparadas por meio de queimadas e

a madeira de lei era aproveitada para consumo próprio. Quantidades gigantescas de árvores

desapareceram pelo fogo.

33

ESTADO DO PARANÁ

MAPA 1.11

REMANESCENTES FLORESTAIS

2002

Figura 4: Remanescente florestal do Estado do Paraná. (IPARDES, 2006)

O processo de transformação de ocupação do espaço paranaense produziu

uma divisão municipal em 399 municípios, organizados em 39 microrregiões geográficas e 10

mesorregiões geográficas (figura 5), estabelecidas pelo IBGE. Ainda de acordo com esse

Instituto, a população paranaense foi estimada em 2005 em 10.261.856 habitantes.

34

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Figura 5: Divisão municipal, em microrregiões e mesorregiões geográficas do Estado do Paraná e postos pluviométricos (organizado pela autora).

35

4.1 - Aspectos históricos e a caracterização das mesorregiões geográficas paranaenses

No início da colonização do Estado do Paraná a atividade econômica

provinha da mineração, vindo timidamente em seguida a pecuária. Até a segunda década do

século XIX a economia paranaense estava vinculada as atividades de subsistência e a extração

do mate, acompanhada pelo beneficiamento da madeira e algumas plantações de café.

Entre 1929 e 1945 o setor cafeeiro passou por uma profunda crise,

entretanto no Estado do Paraná, ele se transformou na atividade condutora de sua economia.

Com o término da Segunda Grande Guerra o café voltou a crescer, sendo produzido até

mesmo em áreas impróprias, com solo e condições climáticas adversas ao seu cultivo.

(BRAGUETO, 1996)

O Paraná foi considerado o maior produtor de café do Brasil entre os anos

de 1950 e 1960, perdendo a hegemonia nacional em decorrência da crise do mercado mundial,

da modernização agrícola e da substituição por culturas intensivas, tais como a soja e o trigo.

O Estado do Paraná,

no e após o período do ciclo do café, nas fases de ocorrências ou modificações da agricultura até o presente momento, sempre foi considerado um dos maiores produtores agrícolas do Brasil e com bem diversificada agricultura, desde, dentre outras, milho, batata, mandioca, algodão, rami, mamona, cevada, aveia, arroz, amendoim, trigo e cana-de-açúcar e mais recente, a soja. Da mesma forma, o Paraná está entre os primeiros possuidores de rebanhos, bovinos, suínos e, de produtores de aves e ovos. (TEIXEIRA, 2002, p. 51)

A modernização tecnológica no Estado se deu a partir da década de 1970,

com as maiores alterações ocorrendo na base técnica produtiva, força de trabalho e estrutura

fundiária. O incremento na adoção de máquinas, verificado entre 1970 e 1975, pode ser

creditado às políticas agrícolas que foram estimulantes ao setor e, conforme os produtores

36

foram aderindo à modernização, as disparidades tecnológicas regionais se reduziram. As

diferenças tecnológicas regionais existem, mas

tendem a se atenuar mantidos os estímulos que, num primeiro momento, integram os produtores de regiões que já possuem certas características de acumulação e, na continuidade, atingem produtores de regiões mais “atrasadas”, mas que igualmente são atraídos pelos incentivos oficiais. (FLEISCHFRESSER, 1988, p. 25)

Essa modernização foi marcada pela aplicação de benefícios

governamentais na agricultura com créditos subsidiados, principalmente para produtos de

exportação, gerando um retraimento do planejamento agrário estruturado em pequenas

propriedades, impondo ao agricultor uma maior capitalização e expansão dos espaços

agrícolas.

Pelo fato do Estado do Paraná ser um estado de grandes extensões, com um

número considerável de municípios, e levando-se em consideração a vontade de realizar um

estudo que pudesse analisar o recorte espacial estadual, optou-se pela divisão em

mesorregiões geográficas estabelecida pelo IBGE (figura 6). Divisão esta que agrupa

municípios que tem aspectos naturais, econômicos e históricos em comum.

Como já foi mencionado, o Estado do Paraná possui 399 municípios que

foram agrupados em 39 microrregiões e 10 mesorregiões geográficas (Anexo A).

Segundo Bragueto e Carvalho (1990/1991, p. 75),

entende-se por mesorregião uma área individualizada em uma Unidade da Federação, que apresente formas de organização espacial definidas pelas seguintes dimensões: o processo social, como determinante, o quadro natural, como condicionante e, a rede de comunicação e de lugares, como elemento da articulação espacial.

E as microrregiões

37

são definidas como partes das mesorregiões que apresentam especificidades, quanto à organização do espaço [...] Estas especificidades referem-se à estrutura da produção, agropecuária, industrial, extrativismo mineral ou pesca. (BRAGUETO; CARVALHO, 90/91, p. 75-76)

Fonte:

Base

Munici pal

-

S.E.M.A.

-

PR

-

1997/IBGE/ANEEL/SU DERHSA

Alterações - 2006Organiz adora: Juliane R odrigues Guerra

Escala: 1:4.553.000

Meso do Noroeste

Meso do Centro Ocidental

Meso do Norte Central

Meso do Norte Pioneiro

Meso do Centro Oriental

Meso do Oeste

Meso do Sudoeste

Meso do Centro - SulMeso do Sudeste

Meso Metropolitana

Mesorregião Geográfica

Figura 6: As mesorregiões geográficas do Estado do Paraná. (organizado pela autora)

Desse modo, a Mesorregião Geográfica Centro Ocidental Paranaense

localizada no Terceiro Planalto Paranaense, corresponde a 6% do território estadual,

abarcando 25 municípios, dos quais o de maior destaque é o de Campo Mourão.

Essa região foi povoada por portugueses, espanhóis, paulistas, mineiros,

nordestinos, catarinenses (descendentes de europeus) e gaúchos, destacando-se que as

incursões populacionais datam do período colonial.

A partir da década de 1970, devido à modernização agrícola (mecanização,

melhoramento genético e insumos químicos) a região alterou sua trajetória produtiva,

38

econômica e populacional, ocorrendo a expansão no cultivo do milho, da soja, do trigo e do

algodão. A região é responsável por 11,5% da produção estadual de grãos. (IPARDES, 2004)

A produção agrícola está associada diretamente a produção de grãos, sendo

a soja e o milho os mais importantes.

A Mesorregião Geográfica Centro Oriental Paranaense localizada no

Segundo Planalto Paranaense, corresponde a 11% do território estadual, constituída por 14

municípios, sendo que Ponta Grossa apresenta maior destaque. (IPARDES, 2004)

Sua história de ocupação remonta ao século XVII, período dos ciclos

econômicos do ouro, tropeirismo, erva-mate e madeira. Já, no século XIX, principalmente

povos russos, alemães, poloneses e holandeses contribuíram para a ocupação da região.

A partir da década de 1970, com a modernização agrícola, a região se

tornou uma das maiores bacias leiteiras do Estado e importante produtora de derivados de

leite, soja, trigo e milho, importante componente da alimentação de rebanhos leiteiros. Além

dos grãos citados, o sorgo, o feijão e a cevada, são cultivados na região, além de produzir

batata-inglesa e melancia. A região aparece em segundo lugar na produção estadual de leite e

feijão, em terceiro lugar nos suínos e em quarto lugar, milho e soja.

A Mesorregião Geográfica Centro-sul Paranaense que encontra-se

localizada no Terceiro Planalto Paranaense e correspondendo a 13% do território estadual é

formada por 29 municípios, sendo Palmas e Guarapuava os de maior destaque. (IPARDES,

2004). A colonização dessa região se deu com a economia do ouro, tropeirismo, erva-mate e

madeira. As grandes propriedades, com mão-de-obra escrava e trabalho familiar, tinham suas

atividades econômicas baseadas numa agricultura de subsistência.

39

As principais lavouras, atualmente, são de milho e soja, produzindo também

batata-inglesa, arroz, maçã, erva-mate e cevada. Na pecuária, a maior participação é em

ovinos e caprinos e o rebanho bovino tem aumentado sua participação.

A Mesorregião Geográfica Metropolitana de Curitiba encontra-se

localizada, em sua maior parte, no Primeiro Planalto Paranaense e o restante no Segundo

Planalto Paranaense. Corresponde a 11,5% do território e é constituída por 37 municípios,

tendo destaque o município de Curitiba. (IPARDES, 2004)

Seus impulsos iniciais de povoamento remontam ao século XVII e

associam-se estreitamente à mineração, desencadeando o povoamento do litoral, o surgimento

de Paranaguá, o desbravamento e colonização do Primeiro Planalto, a fundação de Curitiba e

a abertura de picadas que ligavam o Primeiro Planalto ao litoral, transpondo a Serra do Mar.

No século XVIII, estabeleceu-se a rota do tropeirismo que determinou a

ocupação dos Campos Gerais e a expansão de Curitiba. A partir da metade do século XIX,

imigrantes de várias nacionalidades (alemães, franceses, ingleses, italianos e suíços)

influenciaram a formação econômica e cultural dessa mesorregião.

Na faixa litorânea existe uma agricultura tradicional, não diversificada,

voltada à subsistência e ao extrativismo. A agricultura é caracterizada por processos de

ocupação e uso do solo determinadas pelas condições naturais de solo, relevo e

disponibilidade hídrica. Na região do Vale do Ribeira o solo dobrado dificulta a adoção de um

padrão tecnológico baseado na mecanização, favorecendo a valorização de atividades

permanentes como a fruticultura.

A produção de grãos é pouco significativa, correspondendo a apenas 3% do

total estadual colhido em 2001 (IPARDES, 2004), sendo que as olerícolas e frutas tiveram

40

maior destaque, tais como a cebola (60,4%), a batata-inglesa (43,5%), a tangerina (91%) e a

maçã (46,5%).

Já a Mesorregião Geográfica Noroeste Paranaense, que se localiza no

Terceiro Planalto Paranaense, corresponde a cerca de 12,4% do território estadual e é

constituída por 61 municípios, dos quais destacam-se Umuarama, Paranavaí e Cianorte.

Sua ocupação foi desenvolvida, em grande parte, pelo prolongamento

agrícola da economia cafeeira paulista, baseado no regime de colonização dirigida por meio

do loteamento das terras, vendidas em pequenas parcelas. As correntes imigratórias foram

formadas basicamente por paulistas, mineiros e nordestinos, além de imigrantes provindos de

áreas pioneiras do próprio Estado.

O café demarcou a ocupação produtiva e dinamizou a economia da região.

Mas, na década de 1960, com a crise na cafeicultura nacional houve erradicação dos cafezais

e a sua substituição pela cultura do milho, do arroz, do algodão, do feijão, de cana-de-açúcar

etc.

Devido às limitações do solo (originário do arenito Caiuá, de textura

arenosa e grande suscetibilidade à erosão) para a exploração de cultivos anuais, propiciaram o

desenvolvimento da pecuária de corte nessa mesorregião. Ao lado da pecuária, ganharam

espaço o cultivo da mandioca, da cana-de-açúcar e da laranja.

A partir da década de 1990, as propriedades localizadas em solo de origem

basáltica com possibilidades de produzir soja/trigo, também introduziram o cultivo do milho

(safrinha) em substituição ao trigo e nos solos areno-argilosos são cultivados café e mandioca.

Em 2001 a produção de grãos correspondeu a 2,9% da produção estadual, já

a produção de casulos do bicho-da-seda teve uma participação de 40,9% do total produzido no

Estado e o leite correspondeu a 12%. (IPARDES, 2004)

41

No tocante à Mesorregião Geográfica Norte Central Paranaense que se

localiza, em sua maior parte, no Terceiro Planalto Paranaense e o restante no Segundo

Planalto Paranaense, constitui-se por 79 municípios, dos quais se destacam Londrina e

Maringá e corresponde a 12% do território estadual.

A ocupação dessa mesorregião foi baseada na atividade cafeeira, com um

regime de colonização dirigida por meio do loteamento das terras, vendidas em pequenas

parcelas. As correntes migratórias foram formadas basicamente por paulistas, mineiros,

nordestinos e, também, por imigrantes de áreas pioneiras de ocupação do Estado.

Em 2001 a produção de grãos dessa mesorregião correspondeu a 17,2% da

produção estadual, sendo a aveia com 23,3% da produção estadual, seguida pelo trigo, café,

soja, milho, arroz, centeio e feijão. Outros produtos de grande importância são: o tomate, a

cana-de-açúcar e o algodão. A uva com 57,4% e a laranja com 28,2% da produção estadual.

(IPARDES, 2004)

No tocante à pecuária, a região concentra 15,8% do efetivo de bovinos e

11,2% de ovinos. Quanto aos produtos de origem animal, a região é responsável por 37,7%

da produção de casulos do bicho-da-seda, 27,4% da produção de ovos e 13% da produção de

leite do Estado. Em primeiro lugar está a produção de cana nessa mesorregião, em segundo

lugar a produção de soja, milho e o rebanho bovino, em terceiro lugar a produção de feijão e

em quarto lugar a produção de leite e efetivo de aves. (IPARDES, 2004)

Outra mesorregião geográfica é aquela denominada Norte Pioneiro

Paranaense, que congrega porções do Segundo Planalto Paranaense e do Terceiro Planalto

Paranaense, correspondendo a 7,9% do território estadual e é constituída por 46 municípios,

dos quais se destacam Cornélio Procópio, Santo Antonio da Platina e Jacarezinho.

42

O seu processo de ocupação se deu no início do século XIX devido à

estratégia de interligar o litoral brasileiro à Província de Mato Grosso com a imigração de

fazendeiros mineiros e paulistas, atraídos pelas terras vastas e férteis dedicadas ao plantio de

café. Com o desestímulo na produção de café, passou-se a produzir milho, arroz, algodão,

feijão, cana-de-açúcar etc.

A sua produção de grãos em 2001 correspondeu a 7% da produção total do

Estado. O café teve uma participação de 48,1%, seguido pelo trigo, arroz e feijão. Foi

responsável também por 25,6% da produção estadual de cana-de-açúcar, 22,3% de uva e

18,9% de tomate. (IPARDES, 2004)

A Mesorregião Geográfica Oeste Paranaense, localizada no Terceiro

Planalto Paranaense, corresponde a 11,5% do território estadual e é constituída por 50

municípios, destacando-se Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo.

O território foi ocupado por imigrantes de origem alemã e italiana

provenientes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e imigrantes vindos das regiões cafeeiras

do Norte paranaense.

A soja foi o principal veículo do progresso técnico incorporado à produção,

ao lado da produção de milho. Em 2001 a produção de grãos correspondeu a 21,5% da

produção estadual. A soja teve a participação mais expressiva, seguida pelo trigo, milho, arroz

e aveia. Outros produtos importantes são o fumo, o algodão, a mandioca, o abacaxi, a manga e

a banana. No tocante a pecuária, a região detém 29,3% do plantel de aves e 28,3% do rebanho

suíno do Estado, além de ser responsável por 26,7% da produção estadual de ovos, 21,4% da

produção de leite e 16,3% da produção de mel. (IPARDES, 2003)

43

A Mesorregião Geográfica Sudeste Paranaense, que se localiza no Segundo

Planalto e corresponde a 8,51% do território estadual, é constituída por 21 municípios,

destacando-se Irati e União da Vitória.

Integra uma vasta área do chamado “Paraná Tradicional”, cuja ocupação

iniciou-se no século XVII com as economias do ouro, do tropeirismo, da erva-mate e da

madeira. A organização desse espaço foi vinculada às atividades econômicas tradicionais, de

cunho extensivo e extrativo, sendo que parte do povoamento decorreu de incursões militares,

tráfego de tropeiros e de estratégias governamentais de dinamização da navegação no vale

médio do Iguaçu e a instalação de colônias de imigrantes (principalmente poloneses,

ucranianos, alemães e russos) que se dedicaram à extração da erva-mate e a agricultura

familiar.

As principais lavouras da região são: milho, soja, trigo, feijão e fumo. A

região é responsável por 6,5% da produção estadual de grãos e 21,9% do total estadual da

produção de feijão. Produz 56,4% da erva-mate do Estado, 55,6% do fumo e 18,4% da batata-

inglesa. É responsável por 15,4% e 13,4% do rebanho estadual de eqüinos e caprinos/ovinos,

respectivamente. Sua produção de mel é de 20,6% do total estadual e a produção de lã é de

13,3%. (IPARDES, 2004)

E, por fim, a Mesorregião Geográfica Sudoeste Paranaense, localizada no

Terceiro Planalto que corresponde a 6% do território estadual, é constituída por 37

municípios, dos quais se destacam os municípios de Pato Branco e Francisco Beltrão.

O início de sua ocupação se deu, principalmente, nas décadas de 1950 e de

1960, quando as correntes imigratórias provindas dos outros estados sulistas (de origem alemã

e italiana) que utilizavam o sistema de produção da policultura combinada com a criação de

suínos, propiciando a organização de pequenas propriedades e a atividade agrícola baseada na

agricultura familiar.

44

A região é responsável por 10,2% da produção estadual de grãos, com o

milho e a soja em posição de destaque. Também produz 33,9% da batata-inglesa, 15,6% do

fumo e 10,4% da mandioca em todo o Estado. (IPARDES, 2004)

4.2 – O ciclo do desenvolvimento do milho e do trigo no Estado do Paraná

O milho constitui um dos principais cereais existentes no Brasil, cultivado

em quase todos os países e é considerado um dos quatro mais importantes produtos agrícolas

do mundo originário e domesticado na América.

Segundo Andrade (1986), o milho foi a cultura que ocupou a maior área

plantada no ano de 1980 no Brasil, sendo os Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo

e Minas Gerais os maiores produtores desse grão. O desenvolvimento dessa cultura

proporcionou o incremento da criação de porcos nos Estados do Sul e do Sudeste, já que é um

produto que não atinge altos preços, facilmente absorvido na alimentação desses animais.

O milho é uma monocotiledônea pertencente a família das gramíneas que

engloba tanto capins como os cereais. (BASTOS, 1987)

Para que se obtenha uma boa produtividade, o milho exige distribuição

adequada da chuva durante todo o ciclo (figura 7), principalmente nas fases de pendoamento e

enchimento dos grãos.

45

Giovana/2002

SEMEADURA

ESTABELECIMENTODA CULTURA

FLORAÇÃO EENCHIMENTO DOS GRÃOS

COLHEITA

Figura 7: Ciclo da cultura de milho no Estado do Paraná, podendo-se observar as fases desse ciclo distintamente. (Por: Maria Giovana, área de Agrometeorologia, IAPAR)

De acordo com Pinho; Vasconcelos (2003, p. 82),

embora a natureza forneça a maior parte da influência ambiental sobre o crescimento e a produtividade do milho, um produtor pode manipular o ambiente utilizando práticas de manejo testadas e aprovadas. Tais operações incluem preparação do solo e fertilização, irrigação, controle de invasoras e de insetos e muitas outras práticas.

Combinações dessas práticas variam para diferentes situações de produção e de níveis de manejo. Porém, independentemente da situação específica, o produtor precisa entender como ocorrem o crescimento e o desenvolvimento da planta de milho. Um produtor que a conhece bem pode usar práticas de produção mais eficientemente para obter maiores produtividades e, conseqüentemente, maiores lucros.

O ciclo de desenvolvimento do milho tem aproximadamente 140 dias de

duração. Sua colheita não deve ser efetuada depois da chuva devido a umidade e, se a colheita

atrasar, a lavoura sofre o risco de ser atacada por pragas.

Agosto a novembro é o período recomendado para o plantio do milho da

safra normal no Estado do Paraná e recomenda-se que o milho safrinha seja plantado no

período de fevereiro a março, conforme o zoneamento climático do Estado do Paraná

elaborado pelo IAPAR (2006), exposto na figura 8. As fases mais críticas do ciclo dessa

cultura são o estabelecimento da cultura (outubro-novembro) e floração e enchimento de

46

grãos (janeiro-fevereiro), pois a falta de chuvas nesses períodos pode acarretar a quebra no

rendimento, prejudicando a emergência das plantas, propiciando o surgimento de pragas e

afetando a polinização e o enchimento dos grãos.

N

S

O L

I 01 out - 10 nov21 set - 10 nov01 out - 10 nov

11 set - 10 nov

21 ago - 31 out

21 set - 10 nov

01 set - 10 nov

21 set - 10 nov

11 set - 10 nov

21 ago - 31 out

21 set - 10 nov

21 ago - 31 out

II

III

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

XI

XII

N

S

O L

A

B

C

D

F

G

E

01 fev - 10 mar01 jan - 28 fev01 jan - 20 fev

01 jan - 31 jan

01 jan - 31 jan01 jan - 31 jan

01 jan - 10 fev

A

BC

G

F

DE

A

B

Figura 8: Zoneamento climático para a cultura do milho no Estado do Paraná. Adaptações feitas pela autora (IAPAR, 2006)

47

Percebe-se que na maior parte das mesorregiões o início da semeadura para

a safra normal do milho (figura 8 A) é indicado para o mês de setembro indo até o mês de

novembro, ressaltando que algumas mesorregiões possuem alguns lugares em que a

semeadura deve começar em agosto e ir até outubro, como no caso das Mesorregiões

Metropolitana, Sudoeste e Oeste. Já para o milho safrinha (figura 8 B), apenas algumas

mesorregiões são aptas para o seu plantio, como as Mesorregiões do Norte Central, Norte

Pioneiro, Oeste, Centro Ocidental e Sudoeste, sendo que na maior parte das mesorregiões a

semeadura indicada para janeiro e o término entre os meses de janeiro a março.

No passado, o trigo ocupou posição de destaque na agricultura brasileira,

mas devido a problemas fitossanitários, de políticas públicas e de coordenação da cadeia

produtiva instalou-se um desestímulo no cultivo desse cereal o que acarretou na diminuição

de seu cultivo, ampliando a dependência brasileira das safras externas na década de 1990.

Os Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul são responsáveis por cerca de

90% da produção brasileira de trigo (ROSSI; NEVES, 2004), mas a maior parte do trigo

utilizado no país é proveniente da Argentina, mesmo assim, o trigo participa com 1% da

exportação brasileira de sementes.

O Estado do Paraná é responsável por 56% da produção nacional de

sementes de trigo, seguido pelo Rio Grande do Sul com 31%, Mato Grosso do Sul (5%),

Santa Catarina (4%), Goiás (2%) e São Paulo (2%).

Segundo Rossi; Neves (2004, p. 199)

o trigo usa a mesma área das lavouras de verão, podendo melhorar sua escala de uso, não só da terra e da mão-de-obra e maquinário na fazenda, como também estruturas de estocagem e comercialização (armazéns e infra-estrutura de cooperativas). Funciona também como cultura para a necessária rotação na produção, contribuindo para as condições do solo e de sanidade.

48

A performance do trigo na balança comercial do agronegócio brasileiro

corresponde a 45% do total das importações, demonstrando a necessidade do Brasil em

investir no cultivo desse produto como necessidade de substituição de importações, além

desse fato se constituir em um fértil campo para o desenvolvimento dessa cultura, caso

empecilhos econômicos não ocorressem, tais como os custos dessa produção.

As melhores condições atmosféricas para a cultura do trigo, de acordo com

Bayma (1960), são encontradas nos tipos climáticos temperados, pois no período de

germinação da semente e princípio do crescimento fatores como a temperatura e a umidade do

solo e do ar (dependente das chuvas) têm grande importância, enquanto na fase do

alongamento do colmo até o florescimento o fator luz (medido pelos dias de sol) é mais

importante. Já na fase de floração ao espigamento existe a necessidade de chuvas moderadas e

na fase de maturação e colheita exige-se tempo seco.

A figura 9 ilustra o ciclo do trigo, destacando as fases mais importantes.

Trata-se de uma cultura de inverno, sensível às alterações climáticas, principalmente

variações na precipitação. O déficit de precipitação pode acarretar em perdas de produção

quando ocorre nos períodos de estabelecimento da cultura e espigamento/enchimento dos

grãos. Por outro lado, o excesso de chuvas, além de estimular a proliferação de doenças, pode

causar perdas na qualidade do trigo durante a colheita.

Figura 9: Ilustração das fases do ciclo da cultura do trigo (IAPAR, 2002).

Início deperfilhamento

Início deelongação

Início deemborrachamento

Início defloração

CICLO DO TRIGO

49

O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) também elaborou o

10), partindo dos

seguintes parâme

zoneamento climático para a cultura do trigo no respectivo Estado (figura

tros: dados de experimentação conduzida a campo; tipos de solos; risco de

geadas no espigamento; excesso de chuvas na colheita e deficiência hídrica.

A2

C

D

E

F

G

I

H

E

A1

B

N

S

O L

A2 21 mar - 20 mai21 mar -10 abr

11 mai - 10 jun01 mai - 30 jun21 mai - 20 jun21 mai - 30 jun

21 jun - 20 jul11 jun - 10 jul

01 jul - 20 jul

B

C

D

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G

H

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11 mai - 31 mai

A1 11 mar - 10 mai

N

S

O L

A2 21 mar - 10 mai11 mar - 31 mar

21 abr - 10 jun21 abr - 30 jun01 mai -10 jun11 mai - 30 jun

11 jun - 20 jul01 jun - 10 jul

11 jun - 20 jul

B

C

D

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F

G

H

I

01 mai - 31 mai

A1 11 mar - 10 mai

C

D

E

F

G

I

H

E

A1

B

A2

A

B

Figura 10: Zoneamento da cultura do trigo para o Estado do Paraná. Adaptações feitas pela autora (IAPAR, 2006)

50

O início da semeadura para o trigo (ciclo intermediário) é variável para todo

o Estado (figura 10 A), indo do mês de março até o mês de julho. Para o ciclo precoce (figura

10 B), os meses indicados para a semeadura coincidem com o mesmo período do ciclo

intermediário, sendo que, para ambos os ciclos, parte da Mesorregião Metropolitana e uma

pequena parte da Mesorregião Oeste não são recomendadas para o plantio do trigo.

51

5 - DINÂMICA DO FENÔMENO EL NIÑO-OSCILAÇÃO DO SUL (ENOS)

O fenômeno El Niño – Oscilação do Sul (ENOS) é constituído por dois

omponentes, um de natureza oceânica, El Niño, e outro de natureza atmosférica, Oscilação

o Sul.

A denominação El Niño foi utilizada pela primeira vez no século XVIII, por

escadores peruanos, designando uma corrente de águas quentes que surgia no Oceano

acífico, na costa da América do Sul, no final do mês de dezembro (CUNHA, 1999). A

xpressão “O Menino”, em espanhol El Niño, foi utilizada em alusão ao Natal e ao Menino

sus.

Voituriez e Jacques (2000) citam uma outra versão, mística, divulgada pela

prensa, de que o fenômeno seria causado por um deus asteca, um substituto de Tlaloc que,

gundo sua vontade, produzia chuva e bom tempo. No entanto, “O Menino” é mais um fruto

a natureza e de sua dinâmica, que um simples capricho dos deuses.

O comportamento do fenômeno em questão influencia o clima e a

gricultura de diversas partes do globo, principalmente a circulação atmosférica, alterando a

ariabilidade da temperatura do ar e da precipitação pluvial (BERLATO; FONTANA, 1997).

ara aqueles pescadores do século XVIII significava o final da estação de pesca, pois havia

tenuação da ressurgência de águas frias e ricas em nutrientes, afastando os cardumes da

gião. Notava-se também que essas águas mais quentes que o normal ocasionavam excessos

e chuva em regiões geralmente secas do Peru e Equador. (CUNHA, 1997)

a média a

mperatura das águas da região oriental do Oceano Pacífico Tropical (figura 11), juntamente

com a ocorrência de pressões atmosféricas abaixo do normal na região do Taiti e acima do

c

d

p

P

e

Je

im

se

d

a

v

P

a

re

d

O El Niño (fase quente) tem a característica de elevar acima d

te

52

normal na região

11: Alteração da TSM do Pacífico Tropical, onde a representa ocorrência de El Niño Niña. (Fonte: NOAA, 2002)

) precipitações acima do

normal. Já na reg

Utiliza-se o Índice de Oscilação Sul (IOS), que reflete a diferença

normalizada da pressão atmosférica entre Darwin e Taiti, nas regiões dos Niños 1+2, 3, 3.4 e

4 e a Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Niño 3 (figura 12) para medir a

intensidade do fenômeno, que varia de fraco a forte, permanecendo neutro nos anos em que

ele não ocorre. (CUNHA, 1999).

de Darwin (AU). Na fase fria (La Niña), ocorre o inverso. (BERLATO;

FONTANA, 1997)

Figurae b La

No Brasil, devido a sua extensão territorial, em cada fase do evento

verificam-se conseqüências opostas. Na região Sul, a fase fria (La Niña) determina a

ocorrência de precipitação abaixo do normal e a fase quente (El Niño

ião leste da Amazônia e norte da Região Nordeste a fase fria está associada à

chuvas acima da média, enquanto a fase quente causa chuvas abaixo da média (CUNHA,

1997; BERLATO, FONTANA, 1997). Na região Sudeste, há um moderado aumento na

temperatura e não existe um padrão característico do regime de chuvas no caso do El Niño,

enquanto o La Niña deixa as temperaturas próximas da média ou ligeiramente baixas. No caso

do Centro-Oeste não há evidências de efeitos pronunciados no regime de chuvas.

(OLIVEIRA, 1999)

53

Figura 11: Localização dos Niños em latitude e longitude (BERLATO; FONTANA, 2003, p. 20).

A circulação zonal da atmosfera é influenciada pelos campos de pressão

atmosférica associados à temperatura das águas do Pacífico, em uma célula do tipo Walker,

ou seja, há ascensão de ar na parte oeste do Pacífico Tropical e descida de ar na parte leste

desse oceano, fazendo com que a parte oeste do Pacífico seja uma região de chuvas freqüentes

e a parte leste apresente chuvas escassas.

o ascendente de circulação da célula do tipo Walker torna-se

descendente com subsidência de ar seco, ocasionando secas acentuadas sobre a região

Nordeste do Brasil e norte da Amazônia. (CUNHA, 1999)

Em anos de El Niño, ocorre o deslocamento da célula do tipo Walker (figura

13) para leste e o enfraquecimento dos ventos alísios na região do Pacífico Equatorial, assim

alterando o padrão da circulação oceânica e diminuindo a ressurgência de águas frias na costa

da América do Sul. Com isto ocorre o deslocando das águas quentes do Pacífico oeste para

leste da linha internacional da mudança de data. Desta forma as águas quentes chegam até a

costa da América do Sul, fazendo com que a ascendência do ar nessa região ocasione chuva

acima da normalidade e esse ram

54

A

B

C

Figura 13: Comparação dos processos convectivos observados na região do Pacífico

2003, p. 23)

,5 (fase negativa) e a fase fria (La Niña) com

valores superiore

Tropical em anos normais (A), de El Niño (B) e de La Niña (C). (BERLATO; FONTANA,

A fase quente (El Niño) é caracterizada sempre que ocorrerem cinco meses

consecutivos de IOS com valores inferiores a –0

s a 0,5 (fase positiva). Na parte sul da América do Sul, a época de influência

do El Niño na precipitação vai de novembro do ano de ocorrência do fenômeno até fevereiro

do ano seguinte. Para a fase fria as alterações na precipitação vão de junho a outubro do ano

de ocorrência. (BERLATO; FONTANA, 1997)

Cunha (1997), em seu estudo, diz que o evento pode durar de 6 a 18 meses,

com intervalos irregulares de 2 a 7 anos.

55

Além destas perturbações atmosféricas, o El Niño altera também a célula de

circulação do tipo Hadley, sentido norte – sul, influenciando na corrente de jato (“jet stream”)

uma altitude de 10.000 m. (CUNHA, 1999)

O “jet stream” é definido como:

uma faixa de ar de alguns milhares de quilômetros de comprimento, centenas de quilômetros de largura e de alguns quilômetros de espessura, com uma velocidade mínima do ar de cerca de 120 quilômetros por hora. Reconhecem-se dois principais tipos de jet stream: o jet stream subtropical e o da frente polar, sendo que ambos são encontrados bem abaixo da tropopausa. Acredita-se que o jet stream subtropical seja de origem dinâmica, sendo um produto da rotação da Terra. (AYOADE, 1998, p. 83)

O “jet stream”, segundo Cunha (1999), nos anos de El Niño, determina

bloqueios na atmosfera, fazendo com que frentes frias fiquem semi-estacionadas,

principalmente sobre o extremo sul do Brasil, causando excessos de chuva. Em anos de La

Niña, a célula de tipo Hadley fica enfraquecida, fazendo com que frentes frias passem

rapidamente pela região Sul ou desviem sua rota, diminuindo a quantidade de precipitação

pluvial.

5.1 – Correlação da produção e rendimento do milho e do trigo no Estado do Paraná

co

a

m a ocorrência do fenômeno ENOS

A tabela 1, apresentada a seguir, foi elaborada a partir dos dados de

produção (em toneladas) e rendimento (kg/ha) do milho, fornecidos via internet pelo IBGE,

além de coleta de dados efetuada junto ao acervo do IBGE que foram agrupados por

mesorregião geográfica.

56

Os dados obtidos pela internet foram os correspondentes ao período de 1990

a 1999, sendo que, os do período de 1974 a 1989 foram copiados dos livros de Produção

Agrícola Munici

o o ENOS no desempenho da

referida cultura.

O Anexo B apresenta as estações e postos pluviométricos utilizados no

presente trabalho. Os

detecção de possíveis

selecionados 89 postos

pertencem a rede do IAPAR, ANEEL e SUDERHSA.

pal anual dos acervos dos escritórios do IBGE de Londrina e Curitiba e

depois digitalizados.

Após examiná-los, optou-se por fazer um estudo a partir das mesorregiões

paranaenses, devido a sua adequada representatividade regional para avaliar a possibilidade

de influência de fenômenos de larga escala atmosférica, com

dados coletados nesses postos passaram por uma avaliação para a

falhas ou problemas de qualidade. Após esse procedimentos foram

para compor a base de dados climatológicos de nossa análise, os quais

Os dados analisados compreendem o período de 1974 a 1999, entretanto

salientamos que algumas estações e postos pluviométricos possuem dados anteriores e

posteriores ao período selecionado para o trabalho.

57

)P

R(K

Ha)

6410

357

5808

270

4753

891

4619

030

6320

240

5457

109

5782

494

4890

763

4342

092

3793

683

4531

658

4817

728

5317

688

3696

329

3437

948

4287

318

3918

304

5033

600

421

749

8030

341

2105

324

6456

942

9043

549

9227

245

0888

345

8784

5

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alN

tePi

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Ano

P(T

)R

(Kg/

Ha)

P(T

)R

(Kg/

Ha)

P(T

R(K

3270

1014

036

3198

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3278

1075

936

8510

240

3684

1164

6238

7711

3641

3310

1067

828

2599

517

2483

6458

329

4675

352

2845

7666

832

3877

967

3450

7640

589

322

5581

355

470

4618

055

368

6798

369

863

4546

732

583

169

832

6339

751

616

2144

048

dent

alC

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Sul

)g/

H(T

a)P

(T)

g/P

((K

g/H

a)P

R)

)R

(Kg/

Ha

(T)

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9924

1875

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7044

5449

3673

444

334

196

8792

465

4522

362

3562

293

1998

1834

2429

5655

1748

435

4365

830

61

9105

2143

246

1433

238

8631

419

9720

0874

2955

5103

0754

3448

285

3311

110

8339

016

143

0929

732

1322

819

9614

7722

2890

5025

1701

3138

830

292

110

8406

685

443

0630

832

7524

819

9513

7483

2469

5195

386

3161

781

279

214

5067

234

141

8930

533

3329

119

9412

7895

2916

5550

436

3090

570

271

113

4471

206

136

9231

3280

295

1993

1226

3624

0558

2614

6528

6217

224

61

1345

598

863

3589

2926

4125

919

9285

749

1855

3946

175

2686

849

237

114

4722

880

834

1924

2564

245

1991

8219

317

4629

7124

417

0108

913

111

6508

8857

325

8523

2274

222

1990

1033

4422

5723

0713

921

2035

921

09

9289

5526

228

7828

2428

219

1989

1693

1324

4524

8776

522

0785

120

78

1002

363

453

2594

2424

3425

319

8814

5111

2286

3754

187

2071

628

194

193

3576

228

2776

1723

9725

619

8725

0682

2715

7466

928

1850

976

204

111

5674

648

444

5421

428

6425

319

8633

984

1175

1954

7416

367

2531

464

111

7539

9100

720

1516

1648

194

1985

1097

5914

4825

4379

2372

418

6844

114

28

6381

0918

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3015

2733

235

1984

1723

2218

4236

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2247

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9725

219

141

194

2845

647

2248

1821

9922

219

8318

0160

2193

3886

4425

369

1567

2450

015

51

7100

4101

421

9914

2405

230

1982

1937

4322

4935

2613

2693

915

4627

139

156

181

4035

265

2421

1626

2227

419

8114

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1901

3470

8926

980

1994

2808

617

511

9295

9958

422

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58

Verificando-se a tabela 1, nota-se o aumento na produtividade de milho em

todas as mesorregiões paranaense, visto que o rendimento passou de 1.500 kg/ha, em média,

para mais de 3.000 kg/ha.

A maior produção no ano de 1974 foi registrada na Mesorregião Norte

Central (575.981 t), e a menor produção foi a da Mesorregião Centro Oriental (148.611 t). Já

o maior rendimento para o ano de 1974 foi o da Mesorregião Centro Ocidental (2.004 kg/ha) e

o menor rendimento da Mesorregião Sudeste (1.356 kg/ha).

No tocante ao ano de 1999, o menor rendimento registrado foi o da

Mesorregião Metropolitana (2.598 kg/ha) e o maior rendimento foi o da Mesorregião Centro

Oriental (4.522 kg/ha), sendo que a maior produção foi verificada na Mesorregião Oeste

(1.888.012 t) e a menor na Mesorregião Noroeste (241.875 t).

A figura 13 mostra a distribuição da precipitação pluvial (em mm) de

outubro a março para cada mesorregião paranaense no período de 1974 a 1999. Pode-se notar

que a variabilidade é grande e o fenômeno não interfere acentuadamente na precipitação.

Nota-se que, em grande parte dos casos, choveu mais em anos de La Niña que em anos de El

Niño, exceto na mesorregião do Norte Pioneiro.

59

Figura 14: Diagrama de caixa da precipitação de outubro a março em evento ENOS, neutro e total para cada mesorregião. As barras externas inferiores correspondem a 10% da freqüência acumulada e as superiores 90%; os extremos das caixas correspondem a 25% e 75%; a mediana 50% e os círculos são os valores extremos.

60

Verifica-se que em períodos neutros, ou seja, normais, a mediana (50% da

freqüência acumulada) fica em torno de 800mm e 1200mm, com uma grande variabilidade

nas regiões do Norte Pioneiro, Oeste, Sudoeste e Centro-Sul; os extremos variaram entre

1800mm no Cent

m, com extremos chegando a

aproximadamente 1700mm na região Centro-Sul e 600mm no Sudeste paranaense.

(janeiro-fevereiro). A falta de

chuvas nesses períodos pode acarretar em quebra no rendimento, pois prejudica a emergência

das plantas, facilita o surgimento de pragas e afeta a polinização e o enchimento dos grãos.

dele ou não, pode haver uma diminuição na

produtividade devido a esses veranicos se darem em fases importantes do ciclo do milho.

A figura 15 mostra a variabilidade no rendimento médio do milho nas

mesorregiões paranaenses. Pode-se observar que no ano de 1986, considerado ano de El Niño,

houve um desvio negativo em quase todas as mesorregiões, exceto na Mseorregião Centro-

Sul. A grande variabilidade nos dados acaba por dificultar uma correlação entre o evento

ENOS e o rendimento do milho no Estado, visto que grandes desvios ocorreram inclusive em

anos considerados neutros.

ro-Sul e 600mm na região Metropolitana. Nos anos de El Niño (fase quente

do ENOS), percebe-se menor variabilidade, permanecendo a mediana entre 800mm e

1200mm, com extremos em torno de 1400mm e 700mm. Já em anos de La Niña (fase fria do

evento ENOS), a mediana varia de 1000mm a 1300m

Outubro a março é o período em que se concentra o cultivo do milho no

Estado do Paraná. As fases mais críticas do ciclo dessa cultura são o estabelecimento da

cultura (outubro-novembro) e floração e enchimento de grãos

Foram verificados períodos de veranicos, mais de cinco dias sem chuva

dentro do período chuvoso, tanto em anos normais quanto em anos de ocorrência do evento

ENOS, percebendo-se assim que, na ocorrência

61

ura 15: Série histórica de desvio da média da cultura de milho para as mesorregiões

ranaenses. Dados corrigidos conforme tendência e de acordoFigpa com as fases do evento ENOS anos neutros, do período de 1974 a 1999. e

62

A figura 16 A mostra o rendimento do milho da Mesorregião Norte Central,

associado à tendência tecnológica, que é forte, graças ao desenvolvimento das pesquisas para

que se haja uma melhora na produtividade, para todas as culturas de um modo geral, e no

caso, do milho. Pode-se observar também os dados corrigidos, que mostram esse rendimento

(figura 16 B) sem a influência da tendência tecnológica, apenas a influência do clima, haja

visto que estas são duas variáveis de suma importância para a melhora na produtividade do

milho. Foi escolhida essa mesorregião, para exemplificar como os dados se apresentam com a

influência da tendência tecnológica e após sua retirada, devido ao fato da mesma ser uma das

maiores produtor

ial

em anos de even

rência de um La Niña forte a precipitação, no geral, ficou um

ouco abaixo da média, mas quando o fenômeno aconteceu com fraca intensidade a

as da cultura em questão.

Figura 16: A figura 1 (a) mostra o rendimento com a tendência tecnológica e a figura 1 (b) o rendimento com retirada da tendência tecnológica, para a região do Norte Central Paranaense.

Foi realizado um estudo de caso para a comparação da precipitação pluv

tos fortes e fracos, para se verificar a real influência do evento ENOS na

precipitação das mesorregiões, que pode ser visualizado na figura 17. Nota-se que no ano de

El Niño de forte intensidade a precipitação ficou bem acima da média histórica em todas as

mesorregiões e no ano de fraca intensidade houve pouca diferença, ficando abaixo da média

em algumas mesorregiões.

Já na ocor

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Ano

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Ano

63

precipitação ficou acima da média, notando-se que apenas no Norte Pioneiro ela ficou abaixo

da média histórica. CENTRO

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El NiñoMédia Histórica

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m)

La Niña fraco (95/96)

La NiñaMédia Histórica

Figura 16: Impactos de eventos de El Niño e La Niña de forte e fraca intensidade sobre a precipitação pluviométrica.

Diante desses dados, percebe-se que a influência do evento ENOS no

Estado do Paraná não é verificada com grande intensidade quanto nos outros estados do Sul

do Brasil, conforme foi comprovado por Berlato; Fontana (1999).

Por meio dos mesmos procedimentos de pesquisa nos acervos de dados do

IBGE, utilizados para a análise da correlação do evento ENOS com o desempenho do milho,

foi elaborada a tabela 2 com os dados de produção (toneladas) e rendimento (kg/ha) para a

cultura do trigo em cada mesorregião paranaense.

64

Ano

P(T

R(K

2417

203

2341

173

2231

166

2531

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1223

146

1478

159

1699

131

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2084

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3413

417

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1971

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223

398

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1996

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32

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720

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1938

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12

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1995

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12

02

1992

25

2934

51

321

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1053

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7225

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13

66

1991

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916

2867

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1012

0713

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911

13

44

1990

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11

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1988

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25

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29

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237

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612

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190

220

32

347

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141

118

31

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878

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756

1969

3384

12

519

364

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3867

62

216

734

983

505

1991

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17

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145

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71

5364

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1431

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71

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21

122

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111

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21

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546

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121

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251

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1621

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0822

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da

cult

a do

tgo

por

65

Diante dos dados apresentados na tabela 2, verifica-se o aumento na

produção e no rendimento da cultura do trigo, exceto na Mesorregião Metropolitana de

Curitiba que reduziu a produção de 14.014 (t) em 1974 para 3.450 (t) em 1999. Esse aumento

é atribuído ao avanço técnico-científico, que possibilita uma melhor produtividade em

conjunto com o bom desempenho dos fatores climáticos.

A maior produção em 1974 pode ser conferida no ano de 1974 na

Mesorregião Oeste com 42.367 (t) e em 1999 com 369.376 (t), para a mesma mesorregião.

Mesmo com a diminuição na produção, o rendimento dessa mesorregião aumentou de 1.516

(kg/ha) em 1974 para 2.053 (kg/ha) no ano de 1999. Já os menores índices de produção foram

apresentados na Mesorregião Noroeste no ano de 1974 (11.273 t) e na Mesorregião

Metropilitana de Curitiba em 1999. Com relação aos rendimentos, os maiores foram

registrados pela Mesorregião do Norte Pioneiro com 1.642 (kg/ha) em 1974 e pela

Mesorregião Centro Oriental com 2.580 (kg/ha) em 1999, sendo que a Mesorregião Sudoeste

apresentou os menores rendimentos em 1974 (906 kg/ha) e em 1999 (1,352 kg/ha).

Os dados referentes aos anos de 1990 a 1999 foram obtidos via In rnet,

enquanto que os do período de 1974 a 1989 foram copiados dos livros Produção Agrícola

Municipal, anual dos acervos dos escritórios do IBGE de Londrina e Curitiba. Também foram

esmos postos pluviométricos do estudo feito para o milho (Anexo B), bem

como para o mesm

ento dessa

cultura que parte

para todas as mesorregiões, mas para

te

utilizados os m

o recorte temporal.

Os avanços tecnológicos obtidos nos últimos anos refletiram diretamente na

produtividade do trigo no Paraná, percebendo-se o crescente ganho no rendim

de 1000 kg/ha na década de 1970 para mais de 2500 kg/ha na década de

1990. Para se analisar somente a variabilidade interanual de rendimentos de trigo, se retirou a

tendência tecnológica dos dados, procedimento este que pode ser observado na figura 18. A

retirada da tendência tecnológica foi efetuada

66

exemplificar, utilizou-se os dados da Mesorregião Norte Central e Centro Oriental, por se

destacarem em termos de produção e rendimento.

Como já foi dito, o trigo está ligado ao desenvolvimento da agricultura, ou

seja, ao avanço técnico-científico que pode ser observado claramente nas figuras 18.1 e 18.2,

visto que há uma linha crescente sem grandes variações, mas observa-se também a

variabilidade do rendimento após a retirada da tendência tecnológica, no entanto, não há

nenhuma influência marcante no tocante ao evento ENOS (figura 18.3 e 18.4), verificando-se

que outros fatores, e não somente o climático, interferem na produtividade, caso da tendência

tecnológica.

MESORREGIÃO NORTE CENTRAL

MESORREGIÃO NORTE CENTRAL

MESORREGIÃO CENTRO ORIENTAL

MESORREGIÃO CENTRO ORIENTAL

Figura 18: Rendimento em kg/ha da cultura do trigo para as mesorregiões do Norte Central e Centro Oriental (1 e 2) e o mesmo rendimento após a retirada da tendência tecnológica (3 e 4).

Ao se verificar o desvio da média exposto na figura 19, pode-se notar a

grande variabilidade no rendimento, não indicando uma tendência marcante no que diz

respeito à influência do evento ENOS no Paraná. Ao se observar os gráficos da Mesorregião

Norte Central, ao norte do Estado e da Mesorregião Centro Sul, ao sul, nota-se claramente

essa variabilidade, não indicando uma tendência significativa.

67

MESORREGIÃO NORTE CENTRAL PARANAENSE

Figura 19: Desvio da média dos dados de rendimento para as mesorregiões paranaenses, mostrando uma grande variabilidade no rendimento da cultura do trigo.

68

Embora não exista tendência de ocorrerem respectivamente maiores ou

menores produtividades em anos com El Niño e La Niña, em alguns anos observa-se grandes

impactos no rend

a distribuição de chuvas adequadas nas fases de estabelecimento da cultura e

espigamento. Nesta mesorregião o pior rendimento ocorreu no ano de 1996 (La Niña), que

apresentou precipitação muito baixa durante todo o ciclo.

Com relação a Mesorregião Centro Sul, o maior rendimento ocorreu no ano

de 1989 (La Niña), que teve boa distribuição de chuvas nas fases críticas do trigo. O menor

rendimento nesta messorregião ocorreu no ano de 1982 quando ocorreu um El Niño

extremamente forte que provocou excessos de chuvas que afetaram negativamente a cultura

em questão.

Para a Mesorregião Centro Oriental, o ano de 1989 (La Niña) apresentou o

maior rendimento, com uma boa distribuição na precipitação, entretanto, o ano de 1998 (El

Ni

imento que podem estar associados ao clima. Com a finalidade de melhor

entender esses casos, foram identificados os melhores e piores dados de rendimento da série

de dados nas mesorregiões do Norte Central, Oeste, Centro Oriental e Centro Sul, que form

sobrepostos aos dados diários de precipitação durante o ciclo do trigo (figura 20).

Na mesorregião Norte Central, o ano de maior rendimento, após a retirada

da tendência tecnológica, foi o de 1974 (La Niña) que, apesar de não ter sido muito chuvoso,

apresentou um

ño), apresentou o menor rendimento, devido ao excesso de chuva no início da floração.

Já na Mesorregião Oeste, o maior rendimento foi visualizado no ano de

1988, ano considerado de La Niña, no qual observou-se pouca chuva chuva, porém, bem

distribuída. Entretanto, o ano de 1990, considerado El Niño, mostrou o menor rendimento,

atribuído ao excesso de chuva na fase de colheita.

69

Maior rendimento (1988 - La Niña)

Período

Prec

ipita

ção

(mm

)

Menor rendimento (1990 - El Niño)

Período

Prec

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ção

(mm

)

Menor rendimento (1996 - La Niña)

Período

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m)

Maior rendimento (1974 - La Niña)

Período

Pre

cipi

taçã

o(m

m)

MESORREGIÃO OESTEMESORREGIÃO CENTRO ORIENTAL

MESORREGIÃO CENTRO SULMESORREGIÃO NORTE CENTRAL

Figren

ura 20: Distribuição da chuva no ciclo produtivo do trigo, nos anos de maior e menor dimento após a retirada da tendência tecnológica.

70

Observou-se que não há uma tendência significativa no total de precipitação

em função da grande variabilidade observada no rendimento nos diferentes eventos de El

Niño e La Niña. Entretanto, detectou-se uma certa redução na precipitação em condições de

La Niña, em todos os locais (figura 21).

MESORREGIÃO OESTE

MESORREGIÃO NORTE CENTRAL

MESORREGIÃO CENTRO SUL

MESORREGIÃO CENTRO ORIENTAL

Figura 21: Diagramas de caixa. Pode-se verificar uma redução na precipitação em anos de La Niña. As mesorregiões citadas, apresentaram maior destaque no tocante a variabilidade da precipitação.

71

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A variabilidade na precipitação é determinante no rendimento das culturas

agrícolas em geral, incluindo o milho e o trigo. Estiagens ocorridas nos períodos críticos

(out/nov e jan/fev), que correspondem a semeadura e floração e enchimento dos grãos,

respectivamente, bem como excesso de chuva na fase de colheita, fazendo com que a

qualidade dos grãos seja inferior.

No presente estudo não ficou evidente a relação entre a ocorrência do

ENOS e o rendimento da cultura do milho. Somente em eventos de grande intensidade

detectou-se impactos significativos sobre o volume de chuvas, mas de uma maneira geral não

existe uma associação direta entre a produtividade do milho e a ocorrência de El Niño e La

Niña.

Assim, nem sempre que se verifica o evento ENOS significa que ocorrerão

prejuízos ou benefícios à cultura do milho. Outras variáveis que podem influenciar na

dinâmica atmosférica, como por exemplo a temperatura do Oceano Atlântico, podem trazer

perturbações que afetam o clima independentemente do fenômeno ENOS. Os impactos sobre

a cultura do milho dependem da época em que o regime de chuvas é afetado.

Já no caso do trigo, pôde-se verificar que o evento ENOS não possui uma

influência marcante sobre seu rendimento. Já que o Estado do Paraná localiza-se em uma

região de transição climática, onde os efeitos desse fenômeno mostram-se menos consistentes

do que nas áreas mais ao sul do Brasil, como os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do

Sul.

A distribuição da precipitação durante o ciclo da cultura do trigo, mostrou-

se um parâmetro mais adequado para explicar as variações de produtividade, visto que para

72

esta cultura, o m

dade, pois a distribuição das chuvas pode ser mais

portante, causando variabilidade nos rendimentos. As análises indicaram que na região sul

do Estado, o fenômeno ENOS tem uma interferência um pouco mais acentuada que na região

norte. Como nesta região ocorrem maiores precipitações durante o inverno, a redução das

chuvas favorece o cultivo do trigo, enquanto que o aumento da precipitação poderá acentuar a

ocorrência de doenças e perdas por excesso de umidade na colheita.

Deve-se destacar que o evento ENOS não deve ser analisado isoladamente,

pois os vários fatores climáticos, como o aquecimento das águas do Atlântico afetam, o clima

do Estado, mostrando que esses fatores não agem isoladamente , mas em conjunto, de acordo

com a dinamicidade da atmosfera.

ais importante é uma distribuição adequada da precipitação do que o seu

volume.

Ficou evidente que o total de chuva durante o ciclo das culturas em questão

não foi um bom indicador de produtivi

im

73

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V

VOITURIEZ, B.; JACQUES, G. El Niño. Realid

77

ANEXOS

78

Anexo A

Tabela com a divisão do Estado em mesorregião, microrregião e município e mapa com

DO NOROESTE MESORREGIÃO DO CENTRO ORIENTAL

divisão municipal e postos pluviométricos.

MESORREGIÃOPARANANESE PARANAENSE

MICRORREGIÃO DE PARANAVAÍ MICRORREGIÃO DE TELÊMACO BORBA ALTO PARANÁ IMBAÚ

AMAPORÃ ORTIGUEIRA CRUZEIRO DO SUL RESERVA

DIAMANTE DO NORTE TELÊMACO BORBA GUAIRAÇA TIBAGI

INAJA VENTANIA ITAUNA DO SUL MICRORREGIÃO DE JAGUARIAÍVA JARDIM OLINDA ARAPOTI

LOANDA JAGUARIAIVA MARILENA PIRAÍ DO SUL MIRADOR SENGES

NOVA ALIANÇA DO IVAÍ MICRORREGIÃO DE PONTA GROSSA NOVA LONDRINA CARAMBEÍ

PARAISO DO NORTE CASTRO PARANACITY PALMEIRA

PARANAPOEMA PONTA GROSSA PARANAVAÍ MESORREGIÃO DO OESTE PARANAENSE

PLANALTINA DO PARANÁ MICRORREGIÃO DE TOLEDO PORTO RICO ASSIS CHATEAUBRIAND

QUERENCIA DO NORTE DIAMANTE D' OESTE SANTA CRUZ DE MONTE CASTELO ENTRE RIOS DO OESTE

SANTA ISABEL DO IVAÍ FORMOSA DO OESTE SANTA MONICA GUAIRA

SANTO ANTONIO DO CAIUA IRACEMAMA D' OESTE SÃO CARLOS DO IVAÍ JESUITAS SÃO JOÃO DO CAIUA MARECHAL CANDIDO RONDON

SÃO PEDRO DO PARANÁ MARIPÁ TAMBOARA MERCEDES TERRA RICA NOVA SANTA ROSA

MICRORREGIÃO DE UMUARAMA OURO VERDE DO OESTE ALTONIA PALOTINA

ALTO PIQUIRI PATO BRAGADO BRASILÂNDIA DO SUL QUATRO PONTES

CAFEZAL DO SUL SANTA HELENA CRUZEIRO DO OESTE SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS

DOURADINA SÃO PEDRO DO IGUAÇU ESPERANÇA NOVA TERRA ROXA FRANCISCO ALVES TOLEDO

ICARAIMA TUPÂSSI

79

IPORÃ MICRORREGIÃO DE CASCAVEL IVATÉ ANAHY

MARIA HELENA BOA VISTA DA APARECIDA MARILUZ BRAGANEY

NOVA OLIMPIA CAFELANDIA PEROBAL CAMPO BONITO PEROLA CAPITÃO LEONIDAS MARQUES

SÃO JORGE DO PATROCÍNIO CASCAVEL TAPIRA CATANDUVAS

UMUARAMA CORBELIA VILA ALTA GUARANIAÇU

XAMBRE IBEMA MICRORREGIÃO DE CIANORTE IGUATU

CIANORTE LINDOESTE CIDADE GAUCHA NOVA AURORA

GUAPOREMA SANTA LÚCIA INDIANÓPOLIS SANTA TEREZA DO OESTE

JAPURA TRÊS BARRAS DO PARANÁ JUSSARA MICRORREGIÃO DE FOZ DO IGUAÇU RONDON CEU AZUL

SÃO MANOEL DO PARANÁ FOZ DO IGUAÇU SÃO TOME NDIA ITAIPULÂTAPEJARA DIA MATELAN

TUNEIRAS DO OESTE A MEDIANEIRMESORREGIÃO DO CENT L RO MISSAOCIDENTAL PARANAENSE RAMILÂNDIA

MICRORREGIÃO DE GOIOERÊ SANTA TEREZINHA DE ITAIPU ALTAMIRA DO PARANÁ SÃO MIGUEL DO IGUAÇU

BOA ESPERANÇA SERRANÓPOLIS DO IGUAÇU CAMPINA DA LAGOA VERA CRUZ DO OESTE

GOIOERE MESORREGIÃO DO SUDOESTE JANIÓPOLIS PARANAENSE JURANDA MICRORREGIÃO DE CAPANEMA

MOREIRA SALES AMPERE NOVA CANTU BELA VISTA DA COROBA

QUARTO CENTENÁRIO CAPANEMA RANCHO ALEGRE DO OESTE PEROLA D'OESTE

UBIRATÃ PLANALTO MICRORREGIÃO DE CAMPO MOURÃO PRANCHITA

ARARUNA REALEZA BARBOSA FERRAZ SANTA IZABEL DO OESTE CAMPO MOURÃO MICRORREGIÃO DE FRANCISCO BELTRÃO

CORUMBATAI DO SUL BARRACÃO ENGENHEIRO BELTRÃO BOA ESPERANÇA DO IGUAÇU

FAROL BOM JESUS DO SUL FENIX CRUZEIRO DO IGUAÇU

IRETAMA DOIS VIZINHOS LUIZIANA ENEAS MARQUES MAMBORE FLOR DA SERRA DO SUL PEABIRU FRANCISCO BELTRÃO

QUINTA DO SOL MANFRINÓPOLIS RONCADOR MARMELEIRO

80

TERRA BOA SPERANÇA DO SUDOESTE NOVA EMESORREGIÃO DO NORTE CENTRAL NOVA PRATA DO IGUAÇU

PARANAENSE PINHAL DE SÃO BENTO MICRORREGIÃO DE ASTORGA RENASCENÇA

ÂNGULO SALGADO FILHO ASTORGA SALTO DO LONTRA ATALAIA SANTO ANTONIO DO SUDOESTE CAFEARA SÀO JORGE D'OESTE

CENTENÁRIO DO SUL VERE COLORADO MICRORREGIÃO DE PATO BRANCO

FLORIDA BOM SUCESSO DO SUL GUARACI CHOPINZINHO

IGUARAÇU CORONEL VIVIDA ITAGUAJE ITAPEJARA D' OESTE

JAGUAPITÃ MARIOPOLIS LOBATO PA O TO BRANC

LUPIONOPOLIS SÃO JOÃO M SAUDA UAÇU ANDAGUAÇU DE DO IG

MUNH OZ DE MELO SULINA NOSSA AÇAS SENHORA DAS GR VITORINO

N MESORREGIÃO DO CENTRO - SUL OVA ESPERANÇAPRESIDENT BRANCO E CASTELO PARANAENSE

SANTA FE MICRORREGIÃO DE PITANGA S BOA VENTU O ROQUE ANTA INES RA DE SÃ

SANTO INACIO LARANJAL UNIFLOR MATO RICO

MICR ATU PALMITAL ORREGIÃO DE PORECAL L VORADA DO SU PITANGA

BELA ISO SAN STE VISTA DO PARA TA MARIA DO OEFL ORESTÓPOLIS MICRORREGIÃO DE GUARAPUAVA

MIRASELVA CAMPINA DO SIMÃO PORECATU CAMPO NOVO

PRADO FERREIRA CANDÓI PRIMEIRO DE MAIO CANTAGALO

SETANOPOLIS ESP IGÃO ALTO DO IGUAÇUMICRORREGIÃO DE FLORAÍ FOZ ÃO DO JORD

DOUTOR CAMARGO GOIOXIM FLORAI GU A ARAPUAV

FLORESTA INACIO MARTINS ITAMBE LARAN SUL JEIRAS DO

IVATUBA M ARQUINHOOURIZONA NOVA LARANJEIRAS

SÃO JORGE DO IVAÍ PINHÃO MICRORR ARINGÁ POR RO EGIÃO DE M TO BARREI

MANDAGUARI Q UEDAS DO IGUAÇUMARIALVA RESERVA DO IGUAÇU MARINGÁ RIO ÇU BONITO DO IGUAPAIÇANDU TURVO SARANDI VIRMOND

MICRO RANA MICROR LMAS RREGIÃO DE APUCA REGIÃO DE PAAPUCARANA CL IA EVELANDA CORONEL S SOARES RAPONGAS DOMINGO

81

CA IA HONÓRIO LIFÓRN SERPA C MAN HA AMBIRA GUEIRIN

JANDAIA DO SUL PALMAS MARI SUL MESORR DESTE LANDIA DO EGIÃO DO SU

M AUÁ DA SERRA PARANAENSE NOV MI MICRORRE TÓPOLIS O ITACOLO GIÃO DE PRUDEN

S ABAUDIA FERNANDES PINHEIRO M G ICRORREGIÃO DE LONDRINA UAMIRANGA

CAMBE IMBITUVA IBIPORÃ IPIRANGA

LONDRINA IVAI PIT S PRUD LIS ANGUEIRA ENTÓPO

ROLANDIA TEIX RES EIRA SOATAMARANA MICRORREGIÃO DE IRATI

MICR INAL ORREGIÃO DE FAX IRATI BOM SUCESSO MALLET

BORRAZÓPOLIS REBOUÇAS CRUZMALTINA RIO AZUL

FAXINAL M ICRORREGIÃO DE UNIÃO DA VITÓRIAKALORE BITURUNA

MARUMBI CRUZ MACHADO RIO BOM GE O NERAL CARNEIR

MICRORR RÃ P EGIÃO DE IVAIPO AULA FREITASARAPUÃ P AULO FRONTIN

ARIRANHA DO IVAÍ PORTO VITÓRIA CANDIDO DE ABREU UN IA IÀO DA VITÓR

GODOY MOREIRA MICRORREGIÃO DE SÃO MATEUS DO SUL GRANDES RIOS ANTONIO OLINTO

IVAIPORÃ SÃO JOÀO DO TRIUNFO JARDIM ALEGRE SÃO MATEUS DO SUL LID S ME E IANÓPOLI SORREGIÃO METROPOLITANA DLUNARDELLI CURITIBA

MA S NOEL RIBA MICRORREGIÃO DE CERRO AZUL NOVA TEBAS AD IS RIANÓPOL

RIO AÍ BRANCO DO IV CERRO AZUL ROSARIO DO IVAI DO S UTOR ULISSESÃO JOÃO DO IVAÍ MIC PA RORREGIÃO DA LA

SÃO VAÍ PEDRO DO I LAPA MESORREGIÃO DO NORTE POR AS TO AMAZONPIONEIRO PARANAENSE MICRORR URITIBA EGIÃO DE C

MIC AÍ RORREGIÃO DE ASS ALMIRANTE TAMANDARÉ ASSAI ARAUCÁRIA

JATAIZINHO B ALSA NOVANOVA SANTA BÁRBARA BOCAIÚVA DO SUL

RANC GRE CAM UL HO ALE PINA GRANDE DO SSANTA CE O PAVÃO CÍLIA D CAMPO LARGO SÃO JER SERRA ÔNIMO DA CAMPO MAGRO

SÃO SEBA MOREIRA STIÀO DA A COLOMBO URAI CONTENDA

MICRORREGIÃO ÓPIO DE CORNÉLIO PROC CURITIBA ABATIA FA E ZENDA RIO GRANDANDIRA ITAPERUÇU

82

B S ANDEIRANTE MANDIRITUBA CONGONHINHAS PINHAIS

COR IO NÉLIO PROCÓP PIRAQUARA ITAMBARACA Q UATRO BARRAS

LEOPOLIS RIO BRANCO DO SUL NOVA AM LINA SÃERICA DA CO O JOSÉ DOS PINHAIS

NO A VA FATIM TUNAS DO PARANÁ RIBEI HAL MICRO GUÁ RÃO DO PIN RREGIÃO DE PARANA

SANTA AMELIA AN A TONINSA A NTA MARIAN GUARAQUEÇABA

SANTO AN PARAISO TONIO DO GUARATUBA S ERTANEJA MATINHOS

MICRORRE AREZINHO GIÃO DE JAC MORRETES BAR RÉ RA DO JACA PARANAGUÁ

CAMBARA PON NÁ TAL DO PARAJACAREZINHO MICROR O REGIÃO DE RIO NEGR

JUNDIAI DO SUL AG L UDOS DO SUR IBEIRÃO CLARO CAMPO DO TENENTE

SANT INA O ANTONIO DA PLAT PIEN MICRORREGIÃO DE IBAITI QU A ITANDINHCO K NSELHEIRO MAIRINC RIO NEGRO

CURIUVA T IJUCAS DO SULFIGUEIRA

IBAITI JABOTI JAPIRA

PINHALÀO SAPOPEMA

MICRORREGIÃO DE WENCESLAU BRAZ CARLÓPOLIS GUAPIRAMA

JOA A QUIM TAVOR QUATIGUA

SALTO DO ITARARÉ SANTANA DO ITARARÉ

SÃO JOSE DA BOA VISTA SIQUEIRA CAMPOS

T OMAZINA WEN AZ CESLAU BR

83

Anexo B

Estações ostos pluviométricos selecionados para o trabalho e sua referênc

CÓDIGO ÍPIO ENTIDADE LAT ALT INICIO FIM

meteorológicas e pias necessárias.

MUNIC LONG 2251027 BE PARAÍSO IAPAR "W 22'57"S 600 1974 1999LA VISTA DO 51'122349030 JOAQUIM ORA IAPAR '30"S 512 1975 1999TÁV 49'52"W 232350002 ANDIRÁ ANEEL '05"S 375 1974 1999 50'17"W 232350010 SÃO A SERRA SUDE S 850 1974 1999 JERÔNIMO D RHSA 50'49"W 23'42"2350017 CAMBARÁ IAPAR W 23'00"S 450 1974 199950'02"2350062 CURIÚVA SUDERHSA 23'51"S 526 1974 199950'23"W2351003 LONDRINA IAPAR 23'18"S 603 1974 199951'09"W2351008 A IAPAR 23'30"S 746 1974 1999APUCARAN 51'32"W2351011 IBIPORÃ 1974 1999IAPAR 51'01"W 23'16"S 4842352017 PARANAVAI IAPAR 23'05"S 480 1974 199952'26"W2352019 CIANORTE IAPAR '40"S 480 1974 199952'35"W 232353003 ALTÔNIA SUDERH 1"S 400 1974 1999SA 53'53"W 23'52353 SUDERHS 3'43"S 380 1974 1999005 XAMBRÊ A 53'29"W 22353006 MARILUZ SUDERHS '59"S 440 1974 1999A 53'10"W 232353008 IAPAR 3'44"S 480 1974 1999UMUARAMA 53'17"W 22449000 ANEEL 39"S 180 1974 1999ADRIANÓPOLIS 49'00"W 24'2449007 CERRO 1974 1999AZUL ANEEL 49'20"W 24'45"S 400 2449013 CERRO IAPAR '49"S 443 1974 1998AZUL 49'15"W 242451010 PITANGA SUDER "S 950 1974 1999HSA 51'53"W 24'562451012 BARBOSA AZ SUDERH 4"S 330 1974 1999FERR SA 51'56"W 24'02451013 PITANGA 1974 1999SUDERHSA 51'46"W 24'45"S 9602451014 IVAIPORÃ ANEEL 24'15"S 650 1974 199951'39"W2451015 MANUEL S 1974 1999RIBA ANEEL 51'40"W 24'31"S 880 2451017 GRANDES IOS SUDERHSA 430 1974 1999R 51'25"W 24'21"S 2452008 IRETAMA SUDERHSA 24'25"S 580 1974 199952'06"W2452009 UBIRATÃ SUDERHS '32"S 500 1974 1999A 52'59"W 242452010 SUDE 520 1974 1999JANIÓPOLIS RHSA 52'46"W 24'08"S2452011 OA SUDERHSA W 24'35"S 600 1974 1999CAMPINA DA LAG 52'48"2452012 PALMITAL SUDERH 48"S 570 1974 1999SA 52'42"W 24'2452014 MAMBORÊ SUD 750 1974 1999ERHSA 52'31"W 24'17"S 245201 SUDE 730 1974 19995 RONCADOR RHSA 52'16"W 24'36"S2452016 PALMITAL SUDERHSA 24'53"S 840 1974 199952'13"W2453003 PALOTINA IAPAR 24'18"S 310 1974 199953'55"W2453008 SUDERH 02"S 420 1974 1999 ALTO PIQUIRI SA 53'28"W 24'2453009 STE SUDE 290 1974 1999FORMOSA D'OE RHSA 53'20"W 24'12"S245301 SUDERHSA 400 1974 19990 FORMOSA D'OESTE 53'19"W 24'17"S 245301 SUDERHSA 4'48"S 682 1974 19992 CORBÉLIA 53'18"W 22453 SUDERHSA 24'38"S 320 1974 1999013 CORBÉLIA 53'06"W2453014 ÉLIA SUDERHSA 24'53"S 560 1974 1999CORB 53'04"W2453016 GOIOERÊ SUDERHSA 24'10"S 480 1974 199953'01"W2453023 CASCAVEL IAPA "S 760 1974 1999R 53'26"W 24'562454003 MAR . RONDON SUDERHSA 250 1974 1999ECHAL C 54'18"W 24'40"S 2454004 MARECHAL N SUDERHSA 24'40"S 197 1974 1999C. RONDO 54'19"W

84

2454006 TERRA A SUDERHSA 360 1974 1999ROX 54'06"W 24'10"S 2548000 MORRETES ANEEL 25'28"S 8 1974 199948'50"W2548001 SUL ANEEL 25'10"S 750 1974 1999CAMPINA GRANDE DO 48'53"W2548003 ANEEL '14"S 80 1974 1999ANTONINA 48'45"W 252548038 MORRETES IAPAR 0"S 10 1974 1999 48'49"W 25'325480 SUDER "S 1048 1974 199941 PIRAQUARA HSA 48'59"W 25'292549000 LAPA ANEEL 58"S 750 1974 1999 49'49"W 25'2549003 QUITANDINHA 1974 1999ANEEL 49'23"W 25'57"S 810 2549017 SUDERHSA/ANE 25'34"S 910 1974 1999SÃO JOSÉ DOS PINHAIS EL 49'05"W2549019 CAMPO O SUDERHS '29"S 956 1974 1999LARG A 49'36"W 252549 IAPAR 25'25"S 930 1974 1998041 PIRAQUARA 49'08: W2550000 ANEEL 25'12"S 690 1974 1999PRUDENTÓPOLIS 50'56"W25 ANEEL 25'52"S 760 1974 199950001 SÃO MATEUS DO SUL 50'23"W2550003 A ANEEL 25'12"S 790 1974 1999PONTA GROSS 50'09"W2550005 MALLET ANEE 6"S 750 1974 1999L 50'41"W 25'52550024 PONTA SA 880 1974 1999GROS IAPAR 50'01"W 25'13"S 2550025 TEIXEIRA ES IAPAR '27"S 810 1974 1999SOAR 50'35"W 252551008 SUDERH 3"S 1160 1974 1999GUARAPUAVA SA 51'29"W 25'32551 IAPAR "W 25'21"S 1020 1974 1999010 GUARAPUAVA 51'30255200 ANEEL 550 1974 19990 QUEDAS DO IGUAÇÚ 52'54"W 25'28"S 2552001 VERÊ ANEEL 25'46"S 390 1974 199952'56"W2552005 LARANJEIRAS DO SUL SUDERHS 5'30"S 600 1974 1999A 52'13"W 22552007 LARANJEIRAS DO SUL SUDERHSA 52'25"W 25'24"S 900 1974 19992552008 GUARAPUAVA SUDERHSA 52'16"W 25'06"S 840 1974 19992552009 LARANJEIRAS DO SUL IAPAR 52'25"W 25'25"S 880 1974 19992553004 DOIS INHOS SUDERHSA 53'08"W 25'34"S 450 1974 1999VIZ2553005 PÉROLA ESTE SUDERHSA 53'45"W 25'50"S 420 1974 1999D'O2553009 CÉU SUDERHSA 53'51"W 25'08"S 670 1974 1999AZUL 2553010 SANTA IZABEL D'OESTE SUDERHSA 53'30"W 25'49"S 600 1974 19992553012 AMPÉRE SUDERHSA 53'29"W 25'55"S 520 1974 19992553015 PLANALTO IAPAR 53'46"W 25'42"S 400 1974 19992553018 ÇÚ IAPAR 53'01"W 25'31"S 514 1974 1999QUEDAS DO IGUA2554001 ANEEL 54'29"W 25'37"S 100 1974 1999FOZ DO IGUAÇÚ 2554005 SUDERHSA 54'00"W 25'14"W 535 1974 1999MATELÂNDIA 2554006 ÇÚ SUDERHSA 54'15"W 25'21"S 307 1974 1999SÃO MIGUEL DO IGUA2649006 ANEEL 49'48"W 26'06"S 770 1974 1999 RIO NEGRO 2650006 SUL SUDERHSA 50'35"W 26'02"S 770 1974 1999SÃO MATEUS DO 2651013 BITURUNA SUDERHSA 51'17"W 26'11"S 890 1974 19992651015 BITURUNA SUDERHSA 51'33"W 26'10"S 1000 1974 19992651016 CRUZ MACHADO SUDERHSA 51'12"W 26'03"S 800 1974 19992652003 CLEVELÂNDIA IAPAR 52'21"W 26'25"S 930 1974 19992652010 PALMAS SUDERHSA 52'00"W 26'29"S 1060 1974 19992652011 MARIÓPOLIS SUDERHSA 52'34"W 26'21"S 850 1974 19992652012 VITORINO SUDERHSA 52'48"W 26'16"S 710 1974 19992652013 PATO BRANCO SUDERHSA 52'41"W 26'14"S 800 1974 19992652015 CLEVELÂNDIA ANEEL 52'20"W 26'17"S 800 1974 19992653012 FRANCISCO BELTRÃO IAPAR 53'03"W 26'05"S 560 1974 1999