inteligencia multifocal 01

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Inteligência Multifocal e Transtornos Psíquicos HÉLIO PEREIRA DOS ANJOS Psicanalista Clínico Especialista em Teoria Psicanalítica e Filosofia Mestrando em Ciência da Educação [email protected] Sabe r INSTITUTO Excelência em Excelência em cursos de cursos de Pós-Graduação Pós-Graduação

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Page 1: Inteligencia Multifocal 01

Inteligência Multifocal e Transtornos

PsíquicosHÉLIO PEREIRA DOS ANJOS

Psicanalista ClínicoEspecialista em Teoria Psicanalítica e Filosofia

Mestrando em Ciência da Educaçã[email protected]

SaberINSTITUTO Excelência em cursos de Excelência em cursos de Pós-GraduaçãoPós-Graduação

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Teoria da Inteligência Multifocal: conceitos preliminares

- Todos os seres humanos tem consciência de que possuem “consciência”.

- Essa “consciência” é, em primeira instância, gerenciadora ou gerente dos pensamentos e ações dos indivíduos.

- Atua como um guia ético, moral, profissional, etc.

- Entretanto, o que é a própria “consciência”?

- Seria ela o resultado da análise interpretativa de uma infinita quantidade de informações contidas e armazenadas de forma físico-química no córtex cerebral?

- Seria ainda o resultado de fatores genéticos?

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- Seria uma associação desses e de outros fatores?

- Considerando quaisquer dos fatores anteriores, eles se correlacionam de quais maneiras?

- Quais são os mecanismos agentes nas produções de idéias e ações dos seres humanos?

- Como são realizadas as interpretações e as produções de pensamentos sobre este ou aquele assunto?

- Quais as partes do cérebro são “lidas” para a idealização dos pensamentos?

- Se áreas do cérebro são “lidas”, quem lê?

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- Quem interpreta?

- Quem escolhe ou define as regiões do cérebro a serem “lidas”?

- Sem dúvida, é possível conjecturar e idealizar um enorme universo de perguntas sem respostas. Obviamente, as ciências médicas possuem teorias a respeito. Entrementes, lacunas incrivelmente grandes são observadas na tentativa de elucidar indagações dessa natureza.

- Teorias filosóficas, psicológicas também apresentam argumentações sobre o tema sem, no entanto, apresentar consolidação “explicacional”.

- A raça “Inteligente” pensa sobre a própria raça. Porém, pouco pensa sobre o “Pensamento”.

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- Considerando os aspectos anteriormente mencionados e, assim, buscando encontrar a ponte entre o mundo das idéias e o mundo exterior, surge, então a inédita e, por conseguinte, interessante, intrigante, contestável, porém, consistente em si mesma, Teoria da Inteligência Multifocal, que aborda praticamente todos os questionamentos a pouco destacados, além de outros mais.

- A Inteligência Multifocal é uma nova teoria, de extrema complexidade, sobre o funcionamento da mente humana e os processos de construção dos pensamentos, sendo uma das poucas no mundo abordando esses aspectos.

- Foram quase vinte anos de pesquisa, envolvendo observações, análises, etc; resultando na “Teoria da Inteligência Multifocal”.

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- Essa teoria estuda fenômenos ligados à construção dos pensamentos e os mecanismos envolvidos nesse processo.

- Através da Inteligência Multifocal é possível compreender alguns dos complexos papéis da memória e dos fenômenos que transformam a energia emocional e constroem as cadeias de pensamentos.

- Vale ressaltar que esta teoria não é concorrente às outras existentes na ciência.

- Ela vem no sentido de colaborar para suas complementações e fundamentações, pois foram produzidas empregando o pensamento pronto, enquanto que a Inteligência Multifocal estuda como são construídos os pensamentos.

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- A “Teoria da Inteligência Multifocal” estuda diversos fenômenos, como:

Os papéis da memória; Os fenômenos que constroem as cadeias de pensamentos; Transformação da energia psíquica.

- Ela é multifocal porque investiga múltiplas áreas da inteligência humana e das relações do homem consigo mesmo e com o mundo.

- Toda a produção e construção dos pensamentos é realizada inconscientemente nos bastidores da mente. É impossível interromper o fluxo vital de energia psíquica.

- Deste modo, é impossível interromper a construção das idéias e as transformações emocionais.

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- Gerenciar a inteligência é um trabalho intelectual complexo e difícil, porque grande parte dos pensamentos é produzida sem a determinação e elaboração do consciente humano.

- É impossível submeter o mundo das idéias ao nosso controle racional.

- A construção dos pensamentos envolve diversos pontos complexos que são dificílimos de serem observados e, conseqüentemente, de se produzir conhecimento sobre eles, dentre os quais destacam-se:

A natureza dos pensamentos;

Os três tipos básicos de pensamentos produzidos pela mente;

Os sistemas de relações existentes entre os tipos de pensamentos;

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Os sistemas de relações que os pensamentos mantêm com o mundo intrapsíquico e extrapsíquico;

A lógica dos pensamentos;

Os processos psicodinâmicos que vão além da lógica;

Os sistemas de códigos que reorganizam a construção dos pensamentos;

O gerenciamento da construção dos pensamentos pelo “eu”;

A leitura da memória e a formação das matrizes de pensamentos essências históricos;

A construção dos pensamentos gerada pela autochecagem da memória;

O fluxo da construção vital dos pensamentos devido ao autofluxo;

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O resgate e utilização das experiências passadas no ciclo da construção dos pensamentos e no processo da formação da personalidade, etc.

- Esses pontos associados a outros inúmeros produzem, na psique, a indústria de energia emocional e motivacional que move a humanidade e, conseqüentemente, fomenta as ações, reações e devaneios dos seres humanos.

- Quantas e tantas vezes paramos e nos deparamos com um mundo criado pela nossa mente que, no mínimo, nos massacra e nos torna vermes humanos?

- Esse mundo não existe realmente mas, mesmo assim, dentro da sua virtualidade, nos torna escravos dele.

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- Nossa criatividade se torna submissa, nossa energia física é exaurida, nossa vontade de expressão é emudecida, nosso discernimento é enclausurado, nosso raciocínio lógico é reduzido a praticamente nada.

- Como tudo isso acontece?

- Somos realmente tão pequenos e insignificantes?

- Se tudo fosse realmente tão simples e fácil, haveria sofrimento emocional?

- Ocorreriam suicídios incrivelmente inacreditáveis?

- Massacres raciais poderiam ser evitados?

- Aviltamentos existiriam?

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- Discriminações e intolerância seriam tão presentes na sociedade moderna?

- As respostas para essas e tantas outras perguntas estão entrincheiradas na psique que, constrói cadeias de pensamentos e, conseqüentemente ações que, fundamentalmente, são resultados do complexo e incrível processo de produção desses pensamentos.

- Esses pensamentos são produzidos por mecanismos tão maravilhosos e correlacionados que chegam a assustar os estudiosos do assunto.

- Assim, diante de tudo isso, ou seja, ante aos inúmeros, complexos e intrigantes dispositivos produtores da inteligência, podemos julgarmo-nos insignificantes?

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- Quantas favelas criamos dentro de nós mesmos?

- Mais do que isso, porque não conseguimos nos livrar delas?

- Quanto sofrimento e ansiedade produzimos sob os auspícios dos nossos pensamentos?

-Tudo isso e muito mais nos torna seres gigantescamente complexos ao ponto de, sem dúvida, não podermos admitir, em nenhuma circunstância ou hipótese, sermos insignificantes.

- Os distintos e incrivelmente incomensuráveis caminhos da mente humana impedem-nos de nos curvarmos diante de afirmações dessa natureza.

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- Segundo a teoria da Inteligência Multifocal, os pensamentos são desencadeados, fundamentalmente, por quatro grandes fenômenos:

Fenômeno da Auto-checagem;

Fenômeno do Auto-fluxo;

Fenômeno da Janela da Memória;

O “Eu”.

- Estes fenômenos contribuem à formação da inteligência, contudo, sem constituírem a total e complexa gama de elementos que compõem e influenciam o amplo e vasto campo da inteligência, embora sejam de essencial importância para o processo do desenvolvimento da inteligência humana.

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A Formação do “Eu”

- Como o “eu” é formado?

- Como ele lê a memória e resgata com extremo acerto, em milésimos de segundos e em meio a bilhões de opções, cada RPS que representa as experiências passadas?

- Como ele organiza essas RPSs, formando complexas cadeias psicodinâmicas das matrizes de pensamentos essenciais históricos, antes que essas matrizes sofram um processo de leitura virtual?

- Como o processo de leitura virtual das matrizes de pensamentos essenciais gera os pensamentos dialéticos e antidialéticos?

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- Como ele conjuga complexamente os verbos, antes que tenhamos consciência dos tipos de verbos que serão utilizados nas cadeias de pensamentos?

- Como o “eu” gerencia “inconscientemente”, e com extrema fineza, os processos de construção dos pensamentos nos bastidores da mente para administrar a racionalidade humana?

- Essas perguntas estão no cerne da psicologia e não foram respondidas ate hoje.

- Se não estudarmos com detalhes a construção dos pensamentos e não questionarmos continuamente nossa produção de conhecimento, fatalmente caminharemos nas trajetórias do psicologismo e não progrediremos na compreensão dos fenômenos que nos torna uma espécie inteligente.

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- Um dos mais complexos paradoxos intelectuais é expresso pelo gerenciamento do “eu”, embora ocorra nos palcos conscientes da inteligência, vive um paradoxo intelectual indescritível, pois gerencia “inconscientemente” a construção de pensamentos, a racionalidade humana; ele lêinconscientemente a memória, organiza inconscientemente as RPSs e produz inconscientemente as cadeias de pensamentos conscientes.

- A construtividade do mundo das idéias, que promove toda racionalidade dialética, toda ciência, toda produção de arte, toda comunicação social, enfim, toda “consciência existencial do eu” sobre o mundo que somos e em que estamos, é produzida por processos inconscientes que sãooperacionalizados nos bastidores da psique.

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- O homem, em detrimento de possuir uma inteligência complexa, expressa pela construção de pensamentos, gerenciada ou não pelo eu, historicamente pouco se interiorizou e se interessou em procurar conhecer os processos e fenômenos que estão envolvidos na construção dos pensamentos, em procurar conhecer os elementos mais íntimos que nos constituem como seres pensantes.

- É mais confortável se postular como um semideus do que ser alguém que se investiga, que se indaga, que duvida de si mesmo, que questiona a validade, os limites e o alcance das suas idéias.

- Toda macro ou microditadura nasce da aversão à arte da formulação de perguntas, à arte da duvida, à arte dacrítica.

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- Ao longo da história humana, o homem viveu inevitavelmente sob o regime da revolução da construção das idéias.

- Ler a memória e resgatar informações, produzir cadeias de pensamentos, construir o mundo das idéias, ainda que não-qualitativas, sempre foi o destino histórico do Homo Sapiens.

- Porém, a construção das idéias, que ocorre clandestinamente nos bastidores da mente, nem sempre foi reorganizada, promovida e redirecionada, enfim, administrada pelo eu para a produção das artes, das relações sociais, das ciências, do humanismo, da cidadania.

- O ser humano é um engenheiro que constrói uma grande quantidade de idéias, porém, freqüentemente, não é um engenheiro que constrói idéias com qualidade, que administra com coerência e humanismo sua construção de pensamentos.

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- Por isso, o espetáculo da construção dos pensamentos em muitos períodos da historia foi conduzido para promover as mazelas humanas, fomentar a destrutividade social, as guerras, as dores biopsicossociais, a violação dos direitos humanos etc.

- A trajetória intelectual humana espontânea não é o processo de interiorização, não é a expansão do humanismo, a maturidade intelecto-emocional, mas a síndrome da exteriorização existencial.

- Tal conclusão não tem nada a ver com uma postura negativista, pessimista, diante da vida, mas é derivada da análise da construção de pensamentos.

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Fenômeno da autochecagem da memória

- É difícil realizar a conquista psicossocial das funções mais nobres da inteligência.

- O gerenciamento do eu sobre os processos de construção dos pensamentos é difícil de ser conquistado, pois construir pensamentos não é apenas um atributo do eu, mas, pelo menos, de três outros fenômenos intrapsíquicos.

- Por isso, o homem tem uma produção intelectual extremamente complexa, o que gera alguns entraves importantíssimos no gerenciamento do eu sobre a racionalidade humana.

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- O fenômeno da autochecagem da memória, o fenômeno do autofluxo e a ancora da memória funcionam como três mordomos psicodinâmicos que, associados a outras variáveis, organizam, nutrem e educam o “eu” como o grande gerenciador e redirecionador dos processos de construção da inteligência.

- O “eu”, neste tópico, será pejorativamente denominado de “rei-eu”.

- O exercício mais importante do “rei-eu” na mente é o de gerenciar e administrar, pelo menos parcialmente, os processos de construção da inteligência, fazendo com que o homem não seja apenas vitima da revolução das idéias, vitima da sua carga genética, principalmente das propensões genéticas do humor, e vitima dos estímulos do ambiente socioeducacional, mas agente modificador de sua própria historia psicossocial.

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- Nos sonhos, nos delírios e nas alucinações há uma rica construção de pensamentos produzida pelos mordomos da mente, principalmente pelo fenômeno do autofluxo.

- Porém, o gerenciamento da construção dos pensamentos exercida pelos mordomos da psique não é, como disse, histórico-crítica.

- Pois a “cadeia psicodinâmica dos pensamentos”, expressa pela identidade dos personagens, pelas circunstancias psicossociais, pela conjugação tempo-espacial dos verbos, enfim, pelos discursos teóricos e antidialéticos dos pensamentos, não se submeteu a uma análise e a uma reciclagem crítica construtiva que leva em consideração os parâmetros da historia intrapsíquica e da realidade extrapsíquica.

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- Portanto, apesar de os mordomos psicodinâmicos da psique produzirem uma rica construção de matrizes de pensamentos essenciais históricos e, conseqüentemente, uma rica construção de pensamentos dialéticos e antidialéticos, somente o “eu” (do “rei-eu”) tem a capacidade, ainda que parcial, de gerenciar, de reciclar, de reorganizar e de reorientar a construção de pensamentos e todos os demais processos de construção da inteligência a partir dos parâmetros histórico-críticos da memória e da realidade extrapsíquica.

- Todos esses três mordomos contribuem para produzir o eu num determinado momento existencial. À exceção de uma parcela dos pensamentos essenciais que não chegam a sofrer um processo de leitura virtual, o eu se conscientiza de todos os pensamentos dialéticos e antidialéticos produzidos pelos mordomos psicodinâmicos, embora não determine consciente e logicamente a construtividade dos mesmos.

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- Se o homem não aprende a gerenciar seus pensamentos e emoções, ele se torna marionete dos estímulos estressantes, vitima do meio em que vive e dos focos de tensão que ele mesmo cria no palco de sua mente, através de sua rigidez, sentimento de culpa, perfeccionismo, antecipação de situações futuras.

- O eu, embora tenha limites para exercer a governabilidade psíquica, como “rei-eu”, embora tenha limites para gerenciar todos os processos de construção dos pensamentos, pode e deve atuar nas cadeias psicodinâmicas dos pensamentos iniciadas pelos “mordomos” da mente.

- Pois somente assim ele deixa de ser vítima e passa a conquistar terrenos como agente modificador da sua historia psicossocial. A grande maioria das pessoas é vítima e não agente modificadora da sua personalidade.

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- Diversas doenças psíquicas, tais como os transtornos obsessivo-compulsivos e a farmacodependência, tem suas origens nas sofisticadas relações entre o eu e os três fenômenos intrapsíquicos inconscientes que constroem multifocalmente as cadeias de pensamentos.

Os mordomos da inteligência

- Os mordomos da inteligência são fenômenos que lêem continuamente a memória e reorganizam o caos da energia psíquica.

- Portanto, são fenômenos que promovem os processos de construção da inteligência.

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- Promovem também o desenvolvimento da historia intrapsíquica desde a vida intrauterina, preparando caminho para que o eu comece a se desenvolver nos primeiros anos de vida extra-uterina, através da produção das primeiras cadeias psicodinâmicas de pensamentos dialéticos e antidialéticos que expressam as intenções, os desejos das crianças.

- Os mordomos da mente exercem um trabalho psicodinâmico-educacional clandestino para com o eu, preparando-a como “rei-eu”.

- Foram anos e anos de dúvidas e questionamentos sobre como o eu lê com extremo acerto, em frações de segundos e em meio a bilhões de opções, cada RPS organiza essas cadeias.

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- O resultado foi a compreensão que os mordomos da mente realizam uma refinadíssima educação psicodinâmica do eu, conduzido-a, paulatinamente, a ler “inconscientemente” a história intrapsíquica e a resgatar, com incrível acerto, as RPSs que participarão das matrizes dos pensamentos essenciais históricos.

- À medida que esses mordomos ou “mestres-mordomos” lêem a memória e produzem milhares de pensamentos diários, o eu aprende a traçar os mesmos caminhos psicodinâmicos e a realizar sua construção de pensamentos.

-A atuação dos mordomos da mente no processo de desenvolvimento do eu é psicodinâmica e psicossocialmente complexa e sofisticada.

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- Com o decorrer do tempo, o eu se desenvolve e se torna um “rei-eu” que adquire indescritível liberdade criativa e plasticidade construtiva para gerenciar os processos de construção dos pensamentos e produzir idéias no tempo que deseja, na freqüência que deseja e na cadeia psicodinâmica que deseja (conteúdo). O “rei-eu” torna-se, assim, um exímio engenheiro de idéias, um exímio construtor de pensamentos dialéticos e antidialéticos.

- Toda a construção de pensamentos é produzida inconscientemente nos bastidores da mente. Dezenas de milhares de cientistas estão pesquisando e produzindo uma enormidade de pensamentos dialéticos e antidialéticos, embora não tenham consciência de que aprenderam com os fenômenos que estão contidos nos bastidores da inteligência os caminhos psicodinâmicos que permitem que eles leiam a memória em milésimos de segundos e resgatem, com extrema fineza, cada RPS que constituirá suas idéias.

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- O desenvolvimento do “eu”, o “rei-eu”, deve muito mais aos mordomos da mente do que ao processo educacional.

- Se não houvesse a educação psicodinâmica e psicossocial dos mordomos da mente, poderíamos colocar as crianças nas melhores escolas e ensiná-las por décadas, mas elas não assimilariam nenhuma informação, pois não desenvolveriam a consciência existencial.

- Sem a existência dos fenômenos intrapsíquicos, que constroem as cadeias de pensamentos desde a vida intra-uterina, a história da personalidade não se desenvolveria, o eu não conseguiria aprender os caminhos psicodinâmicos da memória, não conseguiria ler as RPSs da história intrapsíquica e construir e administrar as cadeias de pensamentos. Não haveria ciência, livros e qualquer comunicação consciente.

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- A grande maioria dos membros da nossa espécie desconhece a complexidade e a beleza impar dos processos de construção do mundo das idéias ocorridos em cada ser humano. os laços genéticos nos acusam como espécie, mas a falta de contemplação do espetáculo dos pensamentos indica que perdemos historicamente a perspectiva de espécie.

O Fenômeno da autochecagem: O gatilho da memória

- O fenômeno da autochecagem é o fenômeno que lê automaticamente a memória.

- É o primeiro fenômeno que atua na inteligência.

- Diante de um estímulo qualquer, seja um pensamento ou um estímulo físico, ele é acionado e em milésimos de segundos lê a memória, assimila seu conteúdo.

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- E, conseqüentemente, produz as primeiras reações no cerne da inteligência.

- Como temos contato com centena de milhares de estímulos por dia, o fenômeno da autochecagem é acionado também centena de milhares de vezes.

- Cada vez que vemos um estímulo e o identificamos automaticamente como uma poltrona, uma mesa, um pássaro, uma pessoa, temos que ter consciência que essa identificação automática não foi produzida de maneira mágica e nem muito menos pelo desejo do eu em produzir esta identificação, mas pela ação deste fenômeno.

- Possuir uma historia intrapsíquica, onde são arquivadas as experiências existenciais, é um privilegio da espécie humana.

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- O registro da história intrapsíquica na memória é involuntário e automático, produzido, como disse, por um fenômeno que chamo de fenômeno RAM – registro automático da memória.

- Do mesmo modo, a leitura da memória diante de um estímulo também não é opcional, mas inevitável.

- Entre os fenômenos que lêem inevitavelmente a memória, encontra-se o fenômeno da autochecagem da memória.

- O fenômeno da autochecagem inicia as primeiras leituras da memória, por isso ele também pode ser chamado de fenômeno do gatilho da memória.

- A reação frente a um objeto fóbico não é produzida pelo eu, mas pelo fenômeno do gatilho da memória.

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- Do mesmo modo grande parte dos movimentos musculares, inclusive aqueles que meneiam a cabeça, concordando ou discordando das palavras que ouvimos, são freqüentemente produzidos pelo gatilho da memória, ou seja, são autochecados nos arquivos da memória e produzidos espontaneamente sem a autorização do eu.

- As reações impulsivas também são produzidas por este fenômeno.

- Toda vez que reagimos sem pensar somos dirigidos não pelo eu, mas pela autochecagem espontânea e automática da memória.

- O eu pode administrar seletivamente determinadas leituras da memória, mas grande parte dessa leitura é realizada involuntariamente.

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- Quando essa leitura é produzida pelos “mordomos da mente”, o eu tem grande dificuldade e, as vezes, ate a impossibilidade de administrá-la.

- Ao contemplar auditiva ou visualmente uma palavra pertinente a uma “língua” que dominamos, a definição da palavra torna-se um processo automático e inevitável, pois foi checada automaticamente na memória.

- Ao contemplarmos uma criança, um veiculo, uma residência, a cor das roupas, um barco pintado num quadro, enfim, qualquer estimulo extrapsíquico que tem RPSs (diretivas e associativas) na nossa história intrapsíquica, elas serão lidas automaticamente pelo fenômeno do gatilho da memória.

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- Essa autochecagem da memória produz cadeias de pensamentos essenciais que, lidas virtualmente, geram os pensamentos antidialéticos e dialéticos, estabelecendo, assim, a consciência existencial do estímulo.

- Não é atributo do eu definir a maioria das imagens e sons que sensibilizam nossos sistemas sensoriais; eles simplesmente são autochecados na memória e compreendidos automaticamente.

- O eu só entra em ação numa fase posterior do processo de interpretação, segundos depois, para discorrer, discursar, enfim, produzir cadeias de pensamentos mais complexas sobre os estímulos contemplados.

- É impossível conter no estado de vigília a operação psicodinâmica do fenômeno da autochecagem da memória.

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- A não ser que o processo de observação esteja comprometido pelo intenso efeito de alguma substancia psicotrópica, ou se a energia emocional estiver submetida a um forte stress.

- Neste caso, poderia se comprometer qualitativamente a assimilação do conteúdo do estímulo, mas não conter o processo de leitura automático da memória.

- O fenômeno da autochecagem atua na etapa inicial do processo de interpretação.

- A primeira etapa do processo de interpretação é produzida pela sensibilidade do estimulo no sistema sensorial até ocorrer a autochecagem da memória do mesmo na memória.

- Através dela se inicia a definição histórica do estímulo contemplado.

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- Pela definição histórica, desencadeamos a produção intelectual.

- Porém, apesar da importância fundamental da atuação psicodinâmica do fenômeno da autochecagem da memora, podemos colocar o estímulo observado a um cárcere, pó submetê-lo exclusivamente às dimensões das informações contidas na memória.

- Uma pessoa que tem preconceitos contra alguém pode autochecar seus comportamentos e produzir reações que desprezam completamente o conteúdo dos mesmos, sem submetê-los a uma análise posterior.

- Uma pessoa que só gravita em torno dos pensamentos produzidos pelo gatilho da memória é incapaz de repensar suas reações e gerenciar suas idéias, portanto, vive debaixo da ditadura do preconceito.

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- O gatilho autocheca o estímulo na memória e produz os primeiros pensamentos, mas cumpre ao eu refletir sobre eles e criticá-los depois de produzidos.

- Ao observar uma pessoa tensa, ansiosa, irritada, desesperada, é fácil julgá-la superficialmente através das cadeias de pensamentos produzidas pelo fenômeno da autochecagem, sem considerarmos, através do gerenciamento do eu, as causas intrapsíquicas e psicossociais que geraram esses comportamentos.

- Os estímulos extrapsíquicos, captados pelo sistema sensorial, são assimilados pelo córtex cerebral,gerando sistemas de códigos físico-químicos.

- Esses sistemas de códigos são transmutados, através de sítios específicos do cérebro, no campo de energia psíquica, transformando-se nos sistemas de códigos dos pensamentos essenciais, que ainda são “a-históricos”.

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- Estes sistemas de pensamentos essenciais “a-históricos” são autochecados na memória, em regiões especificas do córtex cerebral, conquistando historicidade.

- A atuação do fenômeno da autochecagem gera as mais diversas formas de preconceito dos estímulos que interpretamos.

- Se o eu não gerenciar esses preconceitos, gera-se, então, a ditadura do preconceito e do preconceituosismo que comprometem a democracia das idéias.

- Os sistemas de códigos dos pensamentos essenciais “a-históricos, advindos dos estímulos extrapsíquicos, são histórico-dependentes, ou seja, são autochecados automaticamente pela ação do fenômeno da autochecagem na memória.

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- A autochecagem da memória é produzida através das leituras das RPSs diretivas (ligada diretamente ao estímulo extrapsíquico) e das RPSs associativas (relacionada com o mesmo).

- Nesse processo de leitura existe uma correspondência entre os sistemas de códigos físico-químicos recebidos pelo sistema sensorial, os sistemas de códigos dos pensamentos essenciais “a-históricos” e os sistemas de códigos físico-químicos (provavelmente eletrônicos) que representam psicossemanticamente as experiências psíquicas que foram registradas no arquivo existencial da memória, localizada no córtex cerebral.

- Os estímulos extrapsíquicos são histórico-dependentes, ou seja, precisam ser invariavelmente autochecados na memória intrapsíquica para serem compreendidos.

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- Antes de serem compreendidos no palco consciente da mente, eles são autochecados na memória, produzindo as matrizes de pensamentos essenciais históricos.

- As matrizes de pensamentos essenciais históricos têm de ter, por sua vez, um sistema de correspondência entre a leitura virtual dos pensamentos dialéticos e os sistemas de códigos físico-químicos das RPSs.

- Sem esses sofisticados sistemas de relação, não seria possível haver determinados níveis de “correspondência ou relação lógica” entre o pensamento dialético sobre uma determinada pessoa e a pessoa em si.

- Por isso, embora a construção de pensamentos ultrapasse os limites da lógica, ela possui um sistema de relação lógica; caso contrario, não seria possível produzir ciência, não haveria verdade científica.

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- Entre os pensamentos dialéticos e antidialéticos, e a realidade dos objetos e pessoas que nos circundam, há uma distancia infinita, insuperável, pois os pensamentos são virtuais, antiessenciais, e os objetos e as pessoas são reais, essenciais.

- Essa distância nunca é superada, na realidade; nós apenas temos a sensação, a impressão e a consciência dessa superação pelos níveis de “relação lógica” produzidos pelos sistemas de relações existentes nos processos de construção dos pensamentos.

- Como já comentado, apesar da intransponibilidade entre a consciência da essência e a realidade intrínseca da própria essência, é possível que as construções de pensamentos possa gerar conseqüências cientificas.

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- Tais como previsão de fenômenos, comprovação dos argumentos teóricos e aplicações cientificas, através dos sistemas de relação lógica e de materialização das matrizes dos pensamentos essenciais históricos que estão na base dos pensamentos dialéticos e antidialéticos.

- As matrizes dos pensamentos essenciais, produzidas pelo fenômeno da autochecagem, não apenas sofrem um processo de leitura virtual e geram os pensamentos dialéticos e antidialéticos; elas também reorganizam o caos da energia como um todo.

- Elas atuam psicodinamicamente no processo de transformação da energia emocional e motivacional e, em pequenas frações de segundos depois, sofrem um processo de leitura virtual que gera a construção dos pensamentos conscientes.

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- Assim, as ofensas, os elogios, as situações fóbicas, as circunstâncias existenciais, etc.

- Antes de serem conscientizadas pelo eu, são autochecadas na história intrapsíquica, tornam-se matrizes de pensamentos essenciais históricos, que transformam primeiramente a energia emocional e motivacional para, em fração de segundos, sofrerem uma leitura virtual que gerarão os pensamentos dialéticos e antidialéticos no palco da consciência intelectual.

- Há vários exemplos que, se observados através de uma “pesquisa empírica aberta” disciplinada, e que reorienta continuamente o processo de observação, interpretação e produção de conhecimento, podem comprovar indiretamente que os estímulos extrapsíquicos são autochecados historicamente antes de ocorrer a assimilação ou compreensão intelectual do mesmo.

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- Uma pessoa que assiste a uma filme de terror pode resolver não sofrer nenhuma sensações fóbica com as cenas de terror, devido à conscientização de que existe um diretor de cinema, um artista plástico, um câmera, um iluminador por detrás de cada cena bem como devido à conscientização de que o “monstro” do filme é meramente um ator, que repetidas vezes ensaiou seu comportamento e, provavelmente, ironizou os textos que interpreta.

- Porém, se o espectador estiver sozinho na sua sala de TV e se ela estiver à meia-luz, quando a porta começa a ranger, sugerindo a iniciação da cena de terror, o espectador, ainda que esteja racionalizando os estímulos e determinado a ficar indiferente a eles, sofrera a ação inconsciente do fenômeno da autochecagem, que lerá automaticamente a sua memória.

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- Nessa leitura, ele resgatará um grupo de RPSs ligadas às experiências fóbicas vividas na sua infância e que se relacionam ou se associam aos estímulos extrapsíquicos contidos nas cenas.

- Assim, ele sofrerá, ainda que não deseje determinado grau de ansiedade fóbica, principalmente se seu passado for rico em fobias e superstições.

- Esse exemplo evidencia um dos segredos do funcionamento da mente humana.

- O fenômeno da autochecagem lê a memória, constrói pensamentos e transforma a energia psíquica sem a autorização do eu.

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O fenômeno do autofluxo da energia psíquica e a ansiedade vital

- O fenômeno do autofluxo é o fenômeno que lê continua e diariamente inúmeros territórios da memória produzindo uma “usina” de emoções e de pensamentos cotidianos.

- O campo de energia psíquica nunca encontra o equilíbrio estático e nem o psicodinâmico.

- Os jargões da psicologia, tais como “equilíbrio emocional”, “pessoa equilibrada”, são superficiais; não procedem do ponto de vista científico.

- O campo de energia psíquica nunca de “equilibra”, mas vive continuamente um “desequilíbrio psicodinâmico”, que alavanca o processo de organização dos microcampos de energia psíquica, expandindo, assim, continuamente suas possibilidades de construção.

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- O conceito do “desequilíbrio psicodinâmico” é extremamente importante e esta ligado ao fluxo vital da energia psíquica, denominado aqui de “ansiedade vital”.

- O fluxo vital da energia psíquica possui intrinsecamente uma ansiedade vital ou desequilíbrio psicodinâmico continuo em toda a trajetória da existência humana.

-Todo ser humano vive continuamente, nos bastidores da sua mente, uma ansiedade vital. Ninguém pode se livrar da ansiedade vital.

- A ansiedade vital é diferente da ansiedade patológica, da tensão emocional doentia, que normalmente é angustiante e, freqüentemente, é acompanhada de sintomas psicossomáticos.

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- A ansiedade vital é fundamental no processo de leitura da história intrapsíquica e de construção da inteligência.

- A ansiedade vital anima e provoca psicodinamicamente os processos de construção dos pensamentos, da consciência existencial e as transformações da energia emocional e motivacional.

- Embora todo ser humano tenha essa ansiedade vital, ela é qualitativamente diferente de pessoa para pessoa.

- As crianças hiperativas ou hipercinéticas têm uma ansiedade vital intensa; por isso, provocam inconscientemente e de maneira exacerbada os fenômenos que fazem a leitura da memória, gerando um hiperfluxo de transformações emocionais e motivacionais e uma hiperconstrutividade de pensamentos, que se expressa na hiperatividade psicomotora.

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- Algumas crianças autistas, ao contrário, têm sua ansiedade vital diminuída e, com isso, têm uma estimulação psicodinâmica reduzida dos fenômenos que fazem a leitura da memória, que se traduz numa redução da transformação da energia emocional, numa redução da construção quantitativa dos pensamentos e numa redução pela interação e interesse social. Por isso, elas criam um mundo particular dentro de si mesmas.

- Nas crianças autistas o grande desafio psicoterapêutico é estimular os mordomos psicodinâmicos que constroem os pensamentos a contribuírem para formar o eu (a consciência de si mesmo e a consciência do mundo extrapsíquico).

- A ansiedade vital está intimamente ligada aos níveis de desorganização e reorganização pelos quais as experiências psíquicas passam no campo da energia psíquica.

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- A ansiedade vital é o estado de desequilíbrio psicodinâmico continuo e irrefreável que anima o fluxo vital da energia psíquica, que, como já mencionado, é o “princípio dos princípios” do processo de transformação da própria energia psíquica, do processo de formação da personalidade.

- A ansiedade vital está ligada psicodinamicamente tanto à qualidade quanto à velocidade da leitura da memória e, conseqüentemente, à qualidade e velocidade dos processos de construção da psique, e também, conseqüentemente, à qualidade do processo de formação da personalidade.

- Diversas variáveis atuam psicodinamicamente na ansiedade vital determinando seus níveis qualitativos.

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- Tais como os microcampos de energia físico-química determinadas pelo metabolismo neuroendócrino (determinado geneticamente), o pool de experiências vivenciadas no meio ambiente intra-uterino, a qualidade da história intrapsíquica, a estimulação socioeducacional, a operacionalidade psicodinâmica do fenômeno da psicoadaptação, etc.

- A ansiedade vital é, portanto, uma variável intrapsíquica influenciada psicodinamicamente por variáveis de origem genética, sócioeducacional e intrapsíquica.

- O fenômeno do autofluxo é acionado através dos estímulos extrapsíquicos, intraorgânicos e intrapsíquicos.

- Porém, independentemente desses estímulos ele é acionado pela atuação psicodinâmica da ansiedade vital, gerando um fluxo por si mesmo, um fluxo vital e espontâneo da energia psíquica.

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- Na ausência de pensamentos essenciais, dialéticos, antidialéticos (estímulo intrapsíquico), de estímulos extrapsíquicos (ex., imagens e sons) e de estímulos intraorgânicos (ex., endorfinas, drogas psicotrópicas, mensagens dos neurotransmissores) o fenômeno do autofluxo é psicodinamicamente ativado pela ansiedade vital que o constitui.

- A ansiedade vital provoca um processo de leitura espontânea, sem motivação consciente da memória, gerando pensamentos essenciais que transformarão a energia emocional e motivacional e que servirão de base para a produção de pensamentos dialéticos e antidialéticos sem a autorização do eu, promovendo, assim, o autofluxo vital da energia psíquica.

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- Os estímulos extrapsíquicos provocam primeiramente a atuação do fenômeno da autochecagem da memória, que produz cadeias de pensamentos essenciais, dialéticas e antidialéticas e, depois, acionam o fenômeno do autofluxo.

- Ao observar o comportamento de uma pessoa (estímulo extrapsíquico), produzimos o primeiro grupo de pensamentos através do fenômeno da autochecagem da memória, porém, o segundo grupo de pensamentos será fruto do gerenciamento do eu ou do fenômeno do autofluxo.

- Se o segundo grupo de pensamentos foi aleatório, sem uma agenda lógica e coerente, ele normalmente foi construído pelo fenômeno do autofluxo.

- O fenômeno do autofluxo produz aquelas viagens intelectuais em que nos distanciamos da situação real e divagamos por nossas idéias.

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- Os estímulos intra-orgânicos também acionam primeiramente o fenômeno da autochecagem da memória. Se os estímulos intraorgânicos forem decorrentes de distúrbios metabólicos graves ou se forem drogas psicotrópicas alucinógenas, a autochecagem da memória será totalmente bizarra, incoerente, Ilógica, gerando cadeias de pensamentos alucinatórios e delirantes, que não possuem um sistema de relação com a realidade extrapsíquica e intrapsíquica (memória).

- Após a atuação do fenômeno da autochecagem da memória e, conseqüentemente, após a produção das primeiras cadeias de pensamentos e das primeiras reações emocionais, o fenômeno do autofluxo é acionado.

- Uma vez acionado, ele continuará a construção das cadeias de pensamentos e das experiências emocionais.

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- Porém, a qualquer momento, o eu pode se conscientizar de que não está gerenciando a construção de pensamentos e retomar esse gerenciamento, dando coerência a essa construção.

- Muitas vezes estamos fazendo viagens intelectuais absurdas em nossas mentes e, de repente, nos conscientizamos desse processo e, assim, interrompemos a produção das fantasias e das idéias incoerentes e redirecionamos a construção dos pensamentos.

- Durante a pesquisa que culminou na Teoria da Inteligência Multifocal, foi possível perceber a complexidade da construção dos pensamentos sem a autorização do eu. Inicialmente, acreditava-se que todos os pensamentos produzidos na mente tinham algum tipo de ligação com o eu, que por sua vez, de alguma forma, atuaria administrando a sua construtividade.

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- Porém, como explicar a rica construção de pensamentos e das experiências emocionais ocorridas nos sonhos?

- Como explicar a multiplicidade de pensamentos e fantasias que diariamente são construídas em nossa mente e que, às vezes, nos causam intensa ansiedade e angústia existencial, tais como resgatar situações angustiantes do passado e antecipar situações traumáticas do futuro, e que são produzidas à revelia da determinação consciente do “eu”?

- Como explicar as idéias fixas de conteúdo negativo, como ocorre nos transtornos obsessivos, ligadas a acidentes, a perdas, a doenças graves, a mortes etc., que geram forte tensão emocional e que são rejeitadas sem sucesso pelo eu?

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- Nos transtornos obsessivos há uma hiperconstrutividade de idéias de conteúdo negativo que não é explicada por nenhum principio que rege o processo de formação da personalidade estabelecido pelos teóricos da personalidade.

- O princípio do prazer de Sigmund Freud, o self criador de CarI Gustav Jung, a busca da superioridade de Adler, a busca do sentido existencial de Viktor Frankl etc., não explicam a hiperconstrutividade de idéias fixas de conteúdo negativo ocorrida nos transtornos obsessivo-compulsivos (TOC) e que não são administradas pelo eu.

- Porém, os transtornos obsessivos podem ser explicados pelo fluxo vital da energia psíquica, que é o princípio dos princípios da psique, pois evidencia que ocorre um processo vital e inevitável de autotransformações da energia psíquica.

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- O fluxo vital da energia psíquica é o principio vital que anima e promove o processo de formação da personalidade e o desenvolvimento da história psicossocial do homem.

- Os fenômenos psíquicos estão imersos no fluxo vital da energia psíquica; por isso lêem continuamente a história intrapsíquica, produzindo as cadeias de pensamentos.

- O fluxo vital da energia psíquica sofre um “ciclo psicodinâmico de construção”, expresso por um processo contínuo e inevitável de organização, desorganização e reorganização.

- Quando estudamos os processos de construção dos pensamentos, compreendemos que ocorre uma riquíssima operacionalidade dos fenômenos que estão na base do funcionamento da mente, bem como uma riquíssima participação das variáveis intrapsíquicas que atuam nessa leitura.

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- Assim, é impossível interromper o fluxo vital da energia psíquica; por isso, como já comentado, é impossível interromper a construção das idéias e as transformações emocionais.

- Se fosse possível interromper o fluxo vital da energia psíquica, a vida humana seda um tédio insuportável, uma solidão angustiante, pois a construção das idéias e a produção das emoções e motivações, geradas sem a autorização do eu, são a mais importante fonte de entretenimento humano.

- Gastamos, diariamente, grande parte do nosso tempo mergulhados em nosso mundo intrapsíquico, envolvidos com a construção continua e inevitável das idéias, emoções e desejos produzidos à revelia da determinação do eu.

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- Até mesmo a vida dos autistas seria intensamente angustiante se não houvesse a operacionalização espontânea dos fenômenos que realizam a construção dos pensamentos.

- Toda a indústria do turismo e todas as demais fontes de entretenimentos, tais como o cinema, a TV, as artes, a literatura etc., produzidas pelo homem são restritivas se comparadas à “fábrica” de idéias e de emoções produzidas espontaneamente no campo de energia psíquica.

- O fenômeno do autofluxo é uma variável que contribui significativamente para produzir o processo continuo de transformação da energia psíquica, conduzindo o homem em toda a sua trajetória existencial, dormindo ou em estado de vigília, a viver sob o regime dos pensamentos e das emoções.

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- O fenômeno do autofluxo é o grande gerador inconsciente do fluxo vital da energia psíquica, independentemente das características doentias ou saudáveis dos pensamentos que produz.

- Quem é que teria coragem de chamar os amigos e os parentes para fazer uma conferência sobre o universo de pensamentos que produzimos no silêncio de nossas mentes?

- Pensamos tantas coisas bizarras, que provavelmente nem o mais puritano dos homens teria coragem de fazer uma exposição de todos os pensamentos construídos em sua mente.

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O fenômeno do autofluxo contribuindo para a formação da história intrapsíquica e do eu

- A atuação psicodinâmica e construtiva do fenômeno do autofluxo, associada à atuação psicodinâmica e construtiva do fenômeno da autochecagem da memória, produz desde a aurora da vida do feto um grupo continuo de experiências psíquicas que, registrado automaticamente pelo fenômeno RAM, enriquece a história intrapsíquica.

- À medida que a história intra-psíquica se enriquece, os fenômenos intensificam o ciclo psicodinâmico de construção de matrizes de pensamentos essenciais que, na vida extra-uterina, gerará a produção de pensamentos dialéticos e antidialéticos.

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- Com a expansão da produção de pensamentos dialéticos e antidialéticos, o eu começa a se organizar e a ler continuamente as informações pertinentes à história intrapsíquica para construir pensamentos e produzir emoções sob uma determinação consciente.

- Na criança, em seus primeiros anos de vida, o eu constrói conscientemente pensamentos simples, que expressam pequenos desejos, tais como tomar água, deslocar-se para determinado ambiente, querer determinado objeto etc., embora a leitura da história intrapsíquica e a produção inconsciente das matrizes de pensamentos, que estão na base desses simples pensamentos, sejam altamente complexas.

- Com o passar do tempo, à medida que o eu aprende com os mordomos da mente os caminhos psicodinâmicos da leitura e utilização da memória, ele começa a enriquecer a construção de pensamentos e o gerenciamento dessa construção.

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- Penetrar nos arquivos da memória, utilizar os parâmetros e as informações neles contidos, processar a construção dos pensamentos e expandir cada vez mais o gerenciamento dessa construção, são os mais sofisticados trabalhos intelectuais do eu.

- O processo de leitura da memória e da construção dos pensamentos pelos fenômenos intrapsíquicos, que gera uma aprendizagem psicodinâmica e psicossocial lenta e gradual do eu, é uma das áreas mais importantes e complexas da Psicologia.

- Sem compreendê-lo, haverá grandes lacunas teóricas não apenas na Psicologia, mas também nas demais ciências que estudam a psique e suas manifestações.

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- No ambiente clandestino e inconsciente dos bastidores da mente, o “eu” aprende um dos mais refinados, complexos e sofisticados paradoxos da inteligência, que é aprender silenciosamente os caminhos psicodinâmicos “inconscientes” da leitura da história intrapsíquica e do gerenciamento dos processos de construção dos pensamentos.

- O eu só pode se organizar e gerenciar o processo de construção dos pensamentos, e os demais processos de construção da inteligência, se ele paradoxalmente aprender a ler “inconscientemente” a história intrapsíquica e produzir também, “inconscientemente”, as cadeias psicodinâmicas das matrizes de pensamentos.

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- Os mais complexos trabalhos intelectuais da mente humana não são a construção dos computadores, as grandes obras de engenharia, a produção da ciência, mas são a leitura da memória, a construção dos pensamentos e o gerenciamento dessa construção, pois esses trabalhos, além de serem sofisticadíssimos, são produzidos por processos totalmente inconscientes.

- A ciência, as artes e a tecnologia estão apenas na ponta do iceberg da inteligência multifocal.

- Ao observar as pessoas que nos circundam produzindo idéias e expressando-as, deveríamos ficar intrigados com o gerenciamento sobre fenômenos inconscientes que participam do espetáculo da construção dessas idéias, mesmo das mais ínfimas.

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- Todos pensamos, mas não nos surpreendemos com os mistérios contidos no espetáculo da construção dos pensamentos, mesmo dos mais débeis.

- Quando observamos um cientista produzindo pensamentos complexos e uma pessoa deficiente mental produzindo uma pequena idéia, não temos a consciência de que as enormes diferenças desses pensamentos existe apenas na sua expressão consciente, exterior, pois interiormente ambos foram produzidos pela sofisticada operacionalidade dos mesmos fenômenos inconscientes.

- Se a pessoa deficiente mental não tivesse uma memória comprometida, e se tivesse um ambiente sócioeducacional adequado, ela poderia desenvolver toda a agenda de formação do eu e, assim, ter um gerenciamento e uma construção de pensamentos também complexa.

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- O caos intelectual, por um lado, pode ser desconfortável, pois desorganiza nossos paradigmas intelectuais, postulados, conceitos históricos e teóricos, mas, por outro lado, expande as possibilidades de compreensão e de construção do conhecimento. A luz que emerge do caos é reveladora.

- O processo socioeducacional apenas contribui com um pequeno empurrão extrapsíquico”, um pequeno redirecionamento socioeducacional para a silenciosa e inevitável formação do eu a partir da operação psicodinâmica espontânea dos mordomos inconscientes da mente.

- O eu, ao se conscientizar das cadelas de pensamentos produzidas inconscientemente pelo fenômeno da autochecagem da memória e pelo fenômeno do autofluxo, interrompe ou continua essas cadeias.

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- A continuação da construção dessas cadeias é também uma forma silenciosa e importante de aprender a se organizar e desenvolver o gerenciamento dos processos de construção dos pensamentos.

- Nos adultos, é fácil verificar isso. O fenômeno do autofluxo faz uma leitura da memória e produz pensamentos referentes a uma situação ocorrida na infância, por exemplo, um atrito com algum colega de escola.

- Nesse exemplo, o fenômeno do autofluxo pode ter sido ou não desencadeado por algum pensamento anterior (ex., pensamento sobre a dificuldade nas relações interpessoais) ou por algum estimulo do meio ambiente (ex., imagem de duas crianças brigando) ou, então, pela leitura aleatória da memória estimulada pela ansiedade vital.

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- Durante a produção de pensamentos dialéticos e antidialéticos produzidos pelo fenômeno do autofluxo, o eu se conscientiza dessa produção e começa a gerenciá-la.

- Assim, ele penetra nos meandros da memória, utiliza informações e continua a construção de pensamentos iniciados pelo fenômeno do autofluxo.

- Nesse caso, é possível que o eu comece a questionar por que o atrito surgiu, de que maneira ele poderia ser solucionado, como está o colega depois de tantos anos que esse fato ocorreu, etc.

- Embora não percebamos, freqüentemente o eu continua a construção de pensamentos não iniciada por ele, mas pelo fenômeno do autofluxo ou pelo fenômeno da autochecagem da memória. Essa frase evidencia que a inteligência humana é multifocal, pois é formada sobre os alicerces da construção de pensamentos.

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- O eu se conscientiza de toda cadeia psicodinâmica virtual dos pensamentos dialéticos e antidialéticos produzida ou não por ele, embora nunca chegue a se conscientizar da cadeia psicodinâmica das matrizes dos pensamentos essenciais.

- Gastamos boa parte do nosso tempo pensando, produzindo idéias, antecipando situações do futuro, resgatando situações do passado, construindo pensamentos sobre os problemas existenciais etc.

- Enfim, gastamos boa parte do nosso tempo voltados para o mundo das idéias e das emoções desencadeadas pelos fenômenos inconscientes da mente.

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- Uma pessoa dirigindo um veículo, uma pessoa assistindo a uma palestra, a um culto religioso, a uma peça teatral etc., faz com freqüência inserções dentro do seu próprio ser, produzindo ricas viagens intelectuais que o desconecta da realidade exterior, expressa por idéias e emoções que muitas vezes não têm relação com os estímulos que estão à sua volta. Uns viajam mais outros menos, mas no mundo intelectual todos são viajantes.

- É impossível se concentrar ou se fixar plenamente no mundo extra-psíquico, a não ser por determinados períodos.

- Os psicoterapeutas viajam intelectualmente quando atendem a seus pacientes; os alunos viajam quando estão diante dos seus professores; os juizes viajam quando estão julgando os réus; os jornalistas viajam quando tentam organizar os fatos.

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- Os filósofos e os dentistas estão sempre viajando e se entretendo intelectualmente.

- Claro que precisamos nos concentrar no mundo extrapsíquico, principalmente para ouvir atentamente o “outro”; mas quando o “outro” reclamar que estamos distraídos, temos que pedir desculpas e assumir que somos viajantes no mundo das idéias.

- Viajar muito, às vezes, é um problema, pois dificulta a concentração nos estímulos externos, comprometendo as construções dos pensamentos, a materialização da produção intelectual, a práxis dos pensamentos; mas deixar de viajar é impossível, pois pensar é o destino do homem.

- Fazemos, diariamente, centenas ou milhares de viagens curtas ou longas no mundo das idéias.

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- Porém, o problema freqüentemente não está na quantidade das viagens intelectuais que fazemos, mas na qualidade dessas viagens, que pode refletir as dificuldades de gerenciamento da construção dos pensamentos pelo eu.

- As pessoas portadoras de transtornos obsessivos sofrem pela quantidade exagerada e, principalmente, pela qualidade ruim das suas viagens Intelectuais produzidas pelo fenômeno do autofluxo.

Posturas do Eu diante da revolução das idéias. Os transtornos obsessivos.

- O eu pode assumir três posturas diante da construção de pensamentos e das transformações emocionais:

a) Ser um espectador passivo, que apenas se conscientiza das mesmas.

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b) Ser um agente psicodinâmico coadjuvante, que tem pequena participação na construção das mesmas.

c) Ser um agente psicodinâmico principal, que tem grande controle qualitativo e quantitativo das mesmas.

- Na maior parte do tempo, o eu é um espectador passivo ou um agente coadjuvante da revolução das idéias ocorrida no palco de nossas mentes.

- Nos transtornos obsessivos, a passividade ou atuação psicodinâmica coadjuvante é evidente.

- Nesses transtornos, os mordomos da mente produzem uma espécie de “conspiração construtiva” contra o eu, produzindo idéias fixas, geralmente de conteúdo negativo, que não são autorizadas pelo eu.

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- Imagine um jurista de alto nível cultural produzindo a idéia fixa de que tem um câncer na garganta, indo toda semana a médicos otorrinolaringologistas, durante anos, para tirar suas dúvidas com respeito a ter ou não essa doença.

- Imagine um cientista produzindo obsessivamente, durante vinte anos, centenas de vezes ao dia, imagens mentais (pensamentos antidialéticos) sobre um acidente de carro em que seu corpo está preso nas ferragens retorcidas.

- Imagine um engenheiro e professor de faculdade produzindo obsessivamente, centenas de vezes ao dia, pensamentos dialéticos e antidialéticos sobre uma faca penetrando no corpo dos filhos que ele ama.

- A análise minuciosa da intencionalidade do eu e das cadeias psicodinâmicas desses pensamentos evidencia claramente que esses pacientes rejeitam a idéia de câncer, de acidente e de morte dos filhos.

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- Precisamos compreender que não apenas o desejo consciente e inconsciente de algo ou de alguma coisa privilegia o arquivo de uma experiência em áreas mais nobres ou disponíveis da memória, facilitando sua leitura e a construção obsessiva de determinadas idéias.

- Há teorias psicológicas ingênuas e psicoiatrogênicas que, desconhecendo os processos de construção dos pensamentos, sobrecarregam de culpa os pacientes obsessivos, afirmando que o desejo inconsciente que possuem é a fonte que sustenta sua produção de idéias fixas.

- Ao contrário, freqüentemente, a aversão a algo ou a alguma coisa, tal como a aversão ao câncer, ao infarto, aos acidentes de carros, à morte dos filhos, etc., gera experiências tão angustiantes que estimula a ansiedade vital e a construção de idéias fixas pelo fenômeno do autofluxo.

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- Essas idéias são registradas de maneira privilegiada na memória e, por isso, são lidas continuamente pelo fenômeno do autofluxo e inseridas em novas cadeias de pensamentos, gerando um “ciclo de construção de idéias obsessivas” que dificulta o gerenciamento dos processos de construção dos pensamentos.

- Há possibilidade de haver a participação da variável genético-metabólica na construção das obsessões através da ansiedade vital.

- Nesse caso, é possível inferir um postulado biológico dizendo que a alteração de determinados neurotransmissores cerebrais ou qualquer outra substância neuroendócrina pode estimular a ansiedade vital e, conseqüentemente, estimular exageradamente o fenômeno do autofluxo, gerando uma propensão genética para as obsessões.

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- Porém, toda a agenda complexa e sofisticada da construção de pensamentos é estritamente psicológica, por isso é possível que os fatores psicodinâmicos e psicossociais possam produzir um eu, que é capaz de realizar um gerenciamento eficiente dessa construção e, assim, redirecionar a propensão genética para as obsessões e para outras doenças psíquicas.

- A construção psicodinâmica do fenômeno do autofluxo, o registro das experiências psíquicas na memória, a leitura das mesmas e as cadeias psicodinâmicas dos pensamentos são mais complexas do que qualquer achado metabólico que, porventura, possa participar da gênese dos transtornos obsessivos ou de qualquer outra doença psíquica, psicossocial e psicossomática.

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- Se as neurociências podem explicar pouco a gênese das doenças psíquicas, elas, por outro lado, podem ser mais eficientes na produção de pesquisas para o tratamento das mesmas, pois a ação terapêutica das drogas psicotrópicas pode, em determinadas doenças, contribuir indiretamente com o gerenciamento do eu, por reorganizar os humores e atuar nos níveis da ansiedade vital.

- Portanto, as neurociências não anulam a Psicologia e vice-versa, mas são coexistentes e complementares.

- A aversão a uma experiência gera, à medida que ela se desorganiza caoticamente no campo de energia psíquica, um registro privilegiado na memória, fazendo com que as RPSs que as representam estejam mais disponíveis para serem lidas e utilizadas na produção de idéias dialéticas e antidialéticas de conteúdo semelhante.

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- Uma vez produzidas, essas idéias provocam uma experiência emocional angustiante e uma reação aversiva, que expande a ansiedade vital e facilita novamente o arquivo das mesmas, aumentando sua disponibilidade histórica, sua leitura e reinterpretação, o que gera novas cadeias semelhantes de pensamentos, que são expressas por idéias fixas de conteúdo angustiante.

- Assim se produzem psicodinamicamente e psicossocialmente os transtornos obsessivo-compulsivos (TOC).

- Nos transtornos obsessivo-compulsivos, os fenômenos da mente, principalmente o fenômeno do autofluxo, lêem continuamente as RPSs de conteúdo negativo e reconstroem-nas interpretativamente gerando experiências angustiantes que o eu não consegue administrar.

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- Com isso, formam-se na história intrapsíquica “tramas de RPS” doentias que alimentam a produção de idéias fixas, gerando, assim, o “ciclo de construção de idéias obsessivas”.

- O nascedouro das obsessões ocorre, em sua grande maioria, na infância e se desenvolve ao longo do processo de formação da personalidade, principalmente se não aprendermos a exercer uma administração dos pensamentos. Infelizmente ninguém nos ensina a intervir no nosso mundo e gerenciar nossos pensamentos e emoções.

- Crescemos aprendendo a intervir no mundo de fora, mas ficamos inertes diante de nossas dores emocionais, pensamentos antecipatórios, ansiedades.

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- Um dia, depois de explanar a construção dos pensamentos para um executivo de uma grande empresa, ele concluiu que, apesar de ter atingido o topo da carreira, de estar acima de milhares de funcionários, não sabia atuar no seu medo, sintomas psicossomáticos, angústias. Era um líder no mundo de fora, mas um prisioneiro no mundo de dentro.

- Todos os três exemplos de transtornos obsessivos citados evidenciam que o fenômeno do autofluxo “conspirou construtivamente” contra o eu, porque este assumiu, ao longo do processo de formação da personalidade, um papel de espectador passivo ou pobremente atuante no gerenciamento da construção dos pensamentos.

- O último exemplo citado, referindo-se ao caso do pai produzindo idéias fixas sobre uma faca que penetrava no peito do filho, perdurou por vinte anos e foi tratado por vários psiquiatras.

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- Sua doença psiquiátrica era tão grave que houve psiquiatras que a tratavam como psicose esquizofrênica.

- Porém, essa pessoa, em detrimento do absurdo das suas idéias fixas, não era psicótica, porque o eu conservava os parâmetros da realidade, tinha consciência critica de que essas imaginações obsessivas eram irreais, de que não passavam de fantasias, embora não conseguisse gerenciá-las e reciclá-las.

- Esse paciente tomou alguns tipos de neuroléticos e, praticamente, todos os tipos de antidepressivos disponíveis, principalmente os tricíclicos e em diversas dosagens, porém não obteve melhora.

- Nos últimos quatros anos, antes de se tratar através do método da Inteligência Multifocal, ele se isolou do mundo, não desenvolvia mais nenhuma atividade socioprofissional, isolou-se, inclusive, dos seus próprios filhos.

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- Ao longo do tratamento, foi revelado a ele os processos de construção da inteligência e os fenômenos que produzem idéias fixas sem o “aval” do eu.

- Além disso, ele foi estimulado a desenvolver algumas importantes funções da Inteligência, tais como a arte da crítica, para descaracterizar o conteúdo intrapsíquico das suas idéias fixas, a arte da contemplação do belo, para resgatar o prazer de viver, o gerenciamento dos processos de construção dos pensamentos, para resgatar a liderança do eu nos focos de tensão.

- Com isso, pouco a pouco, após um período de seis meses, esse paciente, que parecia ser um caso sem solução na Psiquiatria e Psicologia clínica, aprendeu a reorganizar e redirecionar a construção das idéias obsessivas e voltou a ter uma vida psíquica e socioprofissional normal, para espanto das pessoas que com ele conviviam.

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- Os outros dois pacientes citados anteriormente, felizmente, aprenderam a administrar a revolução das idéias obsessivas ocorridas em suas mentes, redirecionando-a para a construção de pensamentos, emoções e desejos saudáveis.

Teoria da Inteligência Multifocal na Práxis Educativa

A construção do indivíduo e o mal estar na civilização

- Quem não tem vivenciado a sociedade contemporânea em sua complexidade?

- Todos os dias somos confrontados em diversas situações que nos remetem a reflexões e posturas que, na verdade, nem sempre retratam quem somos.

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- Na tentativa de compreender os indivíduos inseridos nesta sociedade complexa, necessário se faz analisar conceitos que até então nos permitia apreendê-lo em sua perspectiva social e também individual.

- As ciências especializadas trataram com maestria de tais percepções e enfoques acerca do indivíduo.

- Todavia não podemos mais compartimentalizá-lo pois, embora pareça múltiplo, cada ser humano é único.

- Não podemos ainda delegar a um especialista a busca de explicações e/ou generalizações para tudo aquilo que aparentemente tem sido expressões do cotidiano e da realidade social.

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- Compreender as pessoas na complexidade de suas ações, bem como em suas diversidades sociais, requer portanto, a busca de uma configuração de pressupostos teóricos e/ou interpretações.

- Uma tentativa desta compreensão é a oportunidade de percepção daquilo que enquanto indivíduos somos capazes de produzir mesmo que involuntariamente, ainda que inconscientemente, ou seja, suas emoções.

- Falar de emoção pressuponha inicialmente uma tarefa para áreas do conhecimento da psicologia, psicanálise, enfim ciências que poderiam lidar com o indivíduo em sua relação consigo mesmo.

- A proposta desta discussão se dá na perspectiva de evidenciar que variados instrumentos podem ser utilizados para uma melhor percepção dos indivíduos enquanto agentes transformadores de sua própria realidade.

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- À luz da teoria multifocal, significa compreender a construção do indivíduo a partir do gerenciamento do ser “eu”, ou seja como um ser capaz de decidir e gerir pensamentos e portanto sua história.

- Se a sociedade contemporânea tem causado mal estar nos indivíduos, como bem pontuou Freud ao afirmar que isto é resultado da própria civilização, surge então outra possibilidade: o indivíduo como agente transformador do seu eu interior.

- Significa afirmar que apesar das turbulências externas que em grande maioria fogem ao alcance das pessoas, todaviasuas emoções, seu intelecto, seus pensamentos poderão ser administrados, tornando-o feliz independente da realidade.

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- Isto não significa fazer o jogo do contente - como proposto na literatura juvenil – Poliana, significa o auto- conhecimento e domínio próprio.

- Desta forma, o conhecimento pessoal se dá definitivamente em sua relação como o outro e também consigo mesmo.

Inteligência Multifocal e emoção

- Mas afinal o que é gerir a emoção? O que é ser autor de sua história? Boa parte de nossas atitudes são movidas por uma emoção. A qualidade dos registros da memória se darão conforme a emoção.

- Os indivíduos se constroem e são construídos, tendo como embasamento suas emoções, ou seja, os alicerces da afetividade.

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- Ao observarmos, portanto, a complexidade de comportamentos e pensamentos dos indivíduos em uma sociedade também complexa, é que a Teoria da Inteligência Multifocal poderá ser uma destas possibilidades de compreensão dos mesmos e propostas para novas posturas.

- A Inteligência Multifocal é uma nova teoria, de extrema importância, sobre o funcionamento da mente humana e os processos de construção dos pensamentos.

- Através desta teoria é possível compreender alguns dos complexos papéis da memória e dos fenômenos que transformam a energia emocional e constroem as cadeias de pensamentos.

- Ela é multifocal porque investiga múltiplas áreas da inteligência humana e das relações do homem consigo mesmo e com o mundo.

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- Toda a produção e construção dos pensamentos é realizada inconscientemente nos bastidores da mente.

- Segundo a Teoria da Inteligência Multifocal o “eu” é o único fenômeno consciente que produz e gerencia os processos de construção da inteligência, uma vez que o mesmo se refere à “consciência de si mesmo”, ou seja, consciência de que existimos, de que pensamos e nos emocionamos e de que podemos administrar a inteligência.

- O eu é o fenômeno que expressa a vontade consciente do homem.

- Sem esta, o homem é um ser que vaga irracionalmente como os demais seres da natureza.

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- Se fôssemos capazes de destruir o eu, estaríamos encerrados na mais terrível solidão, existiríamos sem ter consciência de que existimos.

- As psicoses esquizofrênicas comprometem a estrutura e a lógica do eu, por isso elas são graves.

- A construtividade diária de pensamentos ultrapassa os limites do controle do “eu”.

- Ela é gerada pelo fluxo vital dos fenômenos que produzem os processos de construção da inteligência.

- Se os processos de construção dos pensamentos fossem produzidos apenas pelo “eu”, e não também pelos fenômenos que estão nos bastidores da mente, esse período fundamental do desenvolvimento da personalidade não ocorreria.

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- Assim, todas as etapas do processo de formação da personalidade não ocorreriam, pois o eu jamais atingiria por si próprio o mínimo de maturidade para se auto-organizar, produzir pensamentos conscientes e administrá-los.

- A medida em que compreendemos a importância da emoção para a construção dos pensamentos, do registro da memória e por fim na elaboração da inteligência, verificamos a importância dos nossos papéis como gestores educativos ou educacionais.

- Em todas as situações somos agentes e atores do processo educacional, quer profissionalmente quer nas nossas relações cotidianas como pais e cidadãos que somos.

- Por assim dizer, somos responsáveis em boa parte sobre as emoções que provocamos.

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- Quantos de nós não fomos submetidos a emoções conflitantes e estressantes em sala de aula ou em nossas relações familiares por um descuido de um educador, pais ou parentes e até de nós mesmos?

-Quantos de nós não submetemos outras pessoas a emoções conflitantes por não termos o conhecimento necessário sobre a relevância das emoções ?

- O que fica registrado depende da emoção.

- A teoria multifocal reporta à existência das janelas da memória, ou âncora da memória que fará com que pensamentos sejam produzidos no impacto de determinada situação ou emoção.

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- Temos portanto, as janelas killer que poderão nos bloquear para novas situações, até mesmo de aprendizagem, se o registro da emoção tenha sido algo desprazeroso.

Gerenciamento da Inteligência

- Mas como gerenciar pensamentos e inteligência?

- Gerenciar a inteligência é um trabalho intelectual complexo e difícil, pois grande parte dos pensamentos é produzida sem a determinação e a elaboração do eu.

- Todos podemos afirmar que é impossível submeter totalmente o mundo dos pensamentos ao nosso controle consciente.

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- Porém, se a inteligência não contasse com os três mordomos da mente nas quatro primeiras etapas da interpretação, o eu, que é o grande gerenciador da inteligência, não chegaria a se formar.

- O processo socioeducacional, produzido pelos pais e educadores, é apenas um ator coadjuvante da complexa e sofisticada tarefa de produzir pensamentos.

- É claro que, quanto mais eficiente e profundo for o processo socioeducacional, quanto mais levar em consideração o desenvolvimento da inteligência e o processo de interiorização, mais chances tem o homem de expandir e aprimorar sua racionalidade, sua produção de pensamentos.

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- Ao considerarmos o significativo papel que os educadores apresentam no sentido de contribuir, para uma expressiva produção dos pensamentos do indivíduo, neste caso seu respectivo educando, perceberemos que também, enquanto tarefa educativa, compete ao educador o desenvolvimento de ações educativas que viabilizem um melhor gerenciamento da inteligência do educando, e com o exercício desta habilidade, através da educação seja possível também ser um agente de transformação e contribuição para o gerenciamento do eu.

- A aprendizagem é um fenômeno que poderá ser analisado sob vários enfoques e olhares e desta maneira cada área do conhecimento poderia tratá-la conforme seu método.

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- Ao analisarmos a possibilidade de aprendizagem sob um enfoque multifocal, significa admitir que a aprendizagem é automotivada, cada indivíduo ao abrir suas janelas da memória fará de forma singular e única.

- Portanto serão as emoções registradas os coadjuvantes no sentido de promovê-la.

- Todavia não devemos confundir aprendizagem com o armazenamento de informações e sim considerarmos a mesma enquanto mudança de comportamento.

Práxis Pedagógica e afetividade

- Qual seria portanto, do papel do educador como provedor de emoções em sala de aula?

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- Seria o educador o responsável pelo processo de gerenciamento do eu do educando?

- Até que ponto as salas de aula poderão promover a liberdade de pensamentos do indivíduo se por tanto tempo significou o cárcere das emoções?

- Objetivando discutir a aplicabilidade da inteligência multifocal na realização da atividade pedagógica é preciso entender que inúmeras estratégias foram e são discutidas no âmbito da pedagogia.

- A pedagogia moderna chega até mesmo a renunciar a educação ao admitir as que as impossibilidades e dificuldades detectadas durante um processo educativo poderá ser diagnosticado e/o resolvido pela (psico) pedagogia. Sob este olhar é preciso evidenciar que não se trata de uma renuncia de seu objeto, nem omissão de papéis.

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- A partir de uma proposta multifocal, o que é trabalhado e observado é a interpretação dos fenômenos e ações sobre os mesmos, sem a perspectiva da generalidade.

- É preciso ressaltar que os indivíduos, ainda que apresentem suas múltiplas características , são únicos.

- Para viver este fato, qual seja, uma práxis pedagógica baseada na multiplicidade de intervenções é que a afetividade emerge enquanto estratégia e possibilidade de um ato educativo efetivo.

- Todavia é preciso estar atento ao conceito e aplicabilidade de afetividade.

- Segundo (SALTINI 2002) “o ato amoroso consiste em se querer alguém que nos entenda, nos ouça e nos veja. Não são necessários grandes carinhos, precisamos apenas de alguém que nos veja, observe, perceba que existimos e que estamos aqui - a isso chamo de relação afetiva”.

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- Portanto, falar em práxis pedagógica, consiste em observar a capacidade que o educador possui ou propõe em transformar a realidade de seu educando, bem como a sua a partir da atividade docente.

- Neste sentido, a teoria multifocal permitirá ao educador compreender os fenômenos da construção da inteligência não apenas a sua, mas em especial a de seu educando.

- Desta forma, poderá aprender a se interiorizar, a criar raízes profundas dentro de si mesmo, a melhorar a qualidade dos seus pensamentos a fim de gerenciar dores, perdas, frustrações psicossociais e, sobretudo, a desenvolver a consciência crítica, o que possibilita se transformar em agente da sua própria história, ou seja, um sujeito da práxis.

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- Nesta perspectiva afirma SALTINI (2002):

“A educação é uma arte. Não é uma mera profissão ser educador. Manipulamos a educação com as duas mãos: a do afeto e a da lei e das regras. Enganam-se aqueles que vêem na educação construtivista, uma educação caótica. O afeto buscando o prazer se transforma em interesse e este

por sua vez provoca a interação com o meio”.

- A afetividade está intimamente ligado ao exercício da docência.

- Ser educador consiste em exercitar o afeto com os educandos.

- Neste caso o afeto ressurge enquanto estratégia pedagógica. Só é capaz de aprender quem conseguir amar, só é possível ensinar quem for capaz de amar .

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- Para tanto, faz-se necessária a construção de vínculos entre educadores e educandos, no sentido de solidificar os laços de confiança, carinho, proteção e cuidado, de ambas as partes.

- Uma vez estabelecidos os vínculos saudáveis, a afetividade permeará as relações e assim elas só tenderão a estabelecer um “eu” mais seguro e confiante nos educandos.

Princípios e Possibilidades para um Educador Multifocal

- Várias são as propostas pertinentes á formação de educadores.

- Boa parte delas imbuídas num único propósito, a capacitação de mestres a fim de exercerem com prudência e maestria a importante tarefa de educar.

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- Assim ao questionarmos valores e princípios para a formação do bom educador, observamos alguns princípios que deverão nortear sua práxis pedagógica.

- Significa a ruptura com antigos paradigmas e a vontade de uma nova possibilidade.

- Ser educador um multifocal é muito mais do que exercitar as habilidades exigidas pelo magistério.

- Para realização desta proposta, é de extrema importância um bom curso de licenciatura ou docência planejado com cuidado por estudiosos da área.

- Trata-se portanto, do envolvimento e da paixão, da boa vontade e da crença, do desafio e da esperança.

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- Esperança de uma sala de aula melhor, de um laboratório de idéias, do gozen (paraíso - separado) ao invés do cárcere.

- Ser um educador multifocal significa gerenciar sua própria emoção antes de gerir as emoções do educandos, significa construir e reconstruir sua história sob novos alicerces.

- Saber conduzir focos de tensão produzidos no cotidiano acadêmico superando o homo bion para alcançar o homo sapiens (inteligente).

- Traduzindo estas reflexões em diretrizes e possibilidades para operacionalizações práticas, descrevo a seguir algumas competências do educador multifocal:

Buscar atuar no processo de construção dos pensamentos, na transformação da energia emocional, na formação da história intrapsíquica e na formação do eu do educando.

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Estimular a capacidade de pensar do educando para que ele não apenas seja capaz de criticar o mundo que o envolve, mas também de criticar a. interpretação do educador, suas técnicas e seus procedimentos.

Estimular a capacidade de análise multifocal do educando para que possa superar as contradições e as contrariedades da vida.

Levar o educando a proteger sua emoção diante dos estímulos estressantes e trabalhar suas perdas e frustrações.

Estimular os educandos a desenvolverem a arte da contemplação do belo, o prazer pela vida e o sentido existencial.

Conduzir os educandos a compreenderem os papéis da memória e a reescrever a história consciente e inconsciente nela arquivada.

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Estimular os educandos a terem como meta não apenas a resolução de sua aprendizagem, mas a procurar a sabedoria como meta de vida.

Levar o educando a resgatar a liderança do eu nos focos de tensão.

Possibilitar ao educando a expansão do território de leitura da memória (Âncora da memória).

Conduzir o educando a gerenciar a construção dos pensamentos e a transformação da energia emocional produzidos pelo fenômeno do autofluxo e pelo gatilho da memória.

Aplicando a Teoria Multifocal em Sala de Aula

- Educar multifocalmente é sem dúvida uma proposta didático pedagógica e que cada educador poderá adotar como princípio profissional.

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- Quando trabalhamos na formação de novos profissionais, no caso das licenciaturas, ou seja a formação de novos educadores, estas concepções poderiam tornar-se sistemáticas se fizessem parte de uma matriz curricular.

- Recentemente tive a oportunidade de ler em um depoimento de uma aprendiz que após fazer magistério e tornar-se acadêmica do curso de Licenciatura em História, que inicialmente seus primeiros contatos com a disciplinas da área de didática levaram-na a pensar que seria tudo a mesma coisa.

- No entanto, enquanto educadora que busca um aporte teórico-metodológico na teoria da inteligência multifocal, foi possível a mim, resgatar elementos que viabilizaram um novo olhar para esta futura educadora.

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- Em um primeiro momento ela achou algumas idéias utópicas, hoje ela concorda que o exercício docente só se realiza a partir do sonho inicial dos educadores.

- Entre os desafios do ensinar e do aprender está o de compartilhar... educandos e educadores imbuídos em um só propósito. O importante é acreditar no sonho...

- Para ser portanto um educador multifocal é preciso sonhar e também cuidar da qualidade de vida.

- Como administrar uma sala de aula se o educador não souber administrar sua emoções?

- Como abrir as janelas da memória dos educandos se a dele estiver fechada, bloqueada para o novo, desencantada para o belo?

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- A universidade incumbiu de lhes repassarem metodologias, porém suas decisões pessoais e seus entendimentos do que é se ser um educador multifocal e que houve por parte delas trabalharem para serem educadoras fascinantes.

“Para ser válida toda educação, toda ação educativa, deve necessariamente ser precedida de uma reflexão sobre o homem e de uma análise do meio de vida concreto, do

homem concreto a quem queremos educar ou melhor: a quem queremos ajudar a que se eduque. Se vier a faltar tal reflexão sobre o homem, corre-se o risco de adotar métodos

educativos e maneiras de agir que reduzem o homem à condição de sujeito quando a sua vocação é a de ser sujeito

e não objeto”. Paulo Preire

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- A teoria da inteligência multifocal vem justamente respaldar a necessidade de aproximação de variadas ciências no sentido de compreender a essência da mente humana.

- No caso dos educadores, especificamente, necessário se faz, apreender os mecanismos que viabilizem o processo de ensino/aprendizagem, sendo que parte deles estão relacionados a aproximação entre educador-educando sob o âmbito afetivo.

- E ainda que parte das dificuldades de aprendizagem podem ser detectadas ao identificar a limitação de educadores em compreender o funcionamento da mente e portanto, comportamentos considerados desviantes se o referido educador pautar-se em pressupostos de uma pedagogia tradicional.

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- As contribuições da teoria multifocal na educação servirão para instrumentalizar educadores para que o ato educativo, seja de fato a expressão de uma práxis-pedagógica, em que elementos e conceitos como o inconsciente permitam que tal ato ultrapasse os limites do giz e construa a trama e o drama da educação a partir da compreensão de instâncias que não perpassam apenas pelas questões cognitivas, mas pelas afetivas e também educativas.

Depressão

Sinônimos e nomes relacionados

- Transtorno depressivo, depressão maior, depressão unipolar, incluindo ainda tipos diferenciados de depressão, como depressão grave, depressão psicótica, depressão atípica, depressão endógena, melancolia, depressão sazonal.

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O que é a depressão?

- Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza.

- Todas as pessoas, homens e mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens.

- Em crianças e idosos a doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também freqüente.

Como se desenvolve a depressão? - Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre é possível haver clareza sobre quais acontecimentos da vida levaram a pessoa a ficar deprimida.

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- Diferentemente das reações depressivas normais e das reações de ajustamento depressivo, nas quais é possível localizar o evento desencadeador.

- As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença.

Deve-se a questões constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos (neurotransmissores cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como:

Estresse

Estilo de vida

Acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, morte na família, climatério, crise da meia-idade, entre outros.

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Como se diagnostica a depressão?

- Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a maior parte do dia por pelo menos duas semanas, nem sempre sendo possível saber porque a pessoa está assim.

- O mais importante é saber como a pessoa sente-se, como ela continua organizando a sua vida (trabalho, cuidados domésticos, cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se iniciar um tratamento médico eficaz.

O que sente a pessoa deprimida?

- Freqüentemente o indivíduo deprimido sente-se triste e desesperançado, desanimado, abatido ou " na fossa ", com " baixo-astral ".

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- Muitas pessoas com depressão, contudo, negam a existência de tais sentimentos, que podem aparecer de outras maneiras, como por um sentimento de raiva persistente, ataques de ira ou tentativas constantes de culpar os outros, ou mesmo ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras causas médicas que as justifiquem.

- Pode ocorrer também uma perda de interesse por atividades que antes eram capazes de dar prazer à pessoa, como atividades recreativas, passatempos, encontros sociais e prática de esportes.

- Tais eventos deixam de ser agradáveis.

- Geralmente o sono e a alimentação estão também alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso.

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- Em relação ao sono pode ocorrer insônia, com a pessoa tendo dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo voltar a dormir.

- São comuns ainda a sensação de diminuição de energia, cansaço e fadiga, injustificáveis por algum outro problema físico.

Como é o pensamento da pessoa deprimida?

- Pensamentos que freqüentemente ocorrem com as pessoas deprimidas são os de se sentirem sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por acontecimentos do passado.

- Muitas vezes questões comuns do dia-a-dia deixam os indivíduos com tais pensamentos.

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- Muitas pessoas podem ter ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para concentrar-se. ou para tomar decisões antes corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando os efeitos "catastróficos" de suas possíveis decisões erradas.

Pensamentos de morte ou tentativas de suicídio

- Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em outras pessoas que já morreram, ou na sua própria morte.

- Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se matar, achando ser esta a " única saída " ou para " se livrar " do sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria depressão, que fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros.

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- Esse aspecto faz com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que vivem solitariamente.

- É bom lembrar que a própria tendência a isolar-se é uma conseqüência da depressão, a qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta na perda da esperança em melhorar naquelas pessoas que não iniciam um tratamento médico adequado.

Sentimentos que afetam a vida diária e os relacionamentos pessoais

- Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa.

- Muitas vezes é difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela tristeza ao acordar.

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- Assim, cuidar das tarefas habituais pode tornar-se um peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros afazeres podem tornar-se apenas obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos sintomas.

- Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuar-se, inclusive com a diminuição do desejo sexual; desinteresse por amizades e por convívio social podem fazer o indivíduo tender a se isolar, até mesmo dificultando a busca de ajuda médica.

Como se trata a depressão?

- A depressão é uma doença reversível, ou seja, há cura completa se tratada adequadamente.

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- O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado ao perfil de cada paciente.

- Pode haver depressões leves, com poucos aspectos dos problemas mostrados anteriormente e com pouco prejuízo sobre as atividades da vida diária.

- Nesses casos, o acompanhamento médico é fundamental, mas o tratamento pode ser apenas psicoterápico.

- Pode haver também casos de depressões bem mais graves, com maior prejuízo sobre o dia-a-dia do indivíduo, podendo ocorrer também sintomas psicóticos (como delírios e alucinações) e ideação ou tentativas de suicídio.

- Nessa situação, o tratamento medicamentoso se faz obrigatório, além do acompanhamento psicoterápico.

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- Os medicamentos utilizados são os antidepressivos, medicações que não causam “dependência”, são bem toleradas e seguras se prescritas e acompanhadas pelo médico.

- Em alguns casos faz-se necessário associar outras medicações, que podem variar de acordo com os sintomas apresentados (ansiolíticos, antipsicóticos).

Fobia Social

O que é?

- Timidez é uma característica apresentada por grande parte da população, seja em maior ou menor grau, e não necessariamente constitui-se em doença.

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- Ela está presente em diversas situações, como por exemplo, nos relacionamentos sociais e no início de relacionamentos amorosos, nas situações de falar ou se expor em público.

- Quando esse quadro de timidez se apresenta de maneira exagerada, pode vir a se tornar fobia social.

- Também conhecido como transtorno de ansiedade social, é uma doença de curso crônico, potencialmente incapacitante e com altos índices de comorbidades.

- Apresenta-se como um medo excessivo de humilhação ou embaraço em vários contextos sociais, como falar, comer, escrever ou praticar atividades físicas e esportivas em público.

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- Muitas vezes, o que motiva o paciente a procurar tratamento é a dificuldade nos relacionamentos com os pares românticos.

- Pode evitar-se se aproximar da outra pessoa por medo de ser rejeitado, de não agradar e de ser ridicularizada.

- O simples fato de pensar nessa possibilidade já pode desencadear ansiedade e fazer com que se evite a situação.

- O resultado é uma importante limitação na vida da pessoa pela evitação dessas situações ou atividades sociais temidas.

- Também podem ocorrer prejuízos na vida profissional e afetiva do indivíduo.

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O que se sente?

- A pessoa com fobia social sente medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho quando é exposta a avaliação de outras pessoas.

- Pode haver temor por acabar agindo de forma humilhante e embaraçosa para si próprio.

- A exposição à situação social temida causa ansiedade.

- Ansiedade é caracterizada por sudorese, batimentos rápidos do coração, tremor das mãos, falta de ar, sensação de "frio" na barriga.

- O indivíduo reconhece que o medo é irracional ou excessivo.

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- As situações sociais e de desempenho temidas são evitadas ou suportadas com intensa ansiedade e sofrimento.

Como se faz o diagnóstico?

- O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado no relato dos sintomas do paciente.

- Nenhum exame laboratorial ou de imagem é utilizado para o diagnóstico.

Como se trata?

- O tratamento deve ser individualizado, dependendo das características e da gravidade dos sintomas que o paciente apresenta.

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- O tratamento atual baseia-se no emprego de medicações antidepressivas combinadas com psicoterapia, de orientação analítica ou cognitivo-comportamental.

Transtorno de Ansiedade Generalizada

O que é?

- A ansiedade é um sentimento desagradável, vago, indefinido, que pode vir acompanhado de sensações como frio no estômago, aperto no peito, coração acelerado, tremores e podendo haver também sensação de falta de ar.

- É um sinal de alerta, que faz com que a pessoa possa se defender e proteger de ameaças, sendo uma reação natural e necessária para a auto-preservação.

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- Não é um estado normal, mas é uma reação normal, esperada em determinadas situações.

- As reações de ansiedade normais não precisam ser tratadas por serem naturais, esperadas e auto-limitadas.

- A ansiedade patológica, por outro lado caracteriza-se por ter uma duração e intensidade maior que o esperado pra a situação, e além de não ajudar a enfrentar um fator estressor, ela dificulta e atrapalha a reação.

- O transtorno de ansiedade generalizada costuma ser uma doença crônica, com curtos períodos de remissão e importante causa de sofrimento durante vários anos.

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- É uma preocupação exagerada que pode abranger diversos eventos ou atividades da vida da pessoa e pode vir acompanhado de sintomas como irritabilidade, tensões musculares, perturbações no sono, entre outros.

- Costuma causar um comprometimento significativo no funcionamento social ou ocupacional da pessoa, podendo gerar um acentuado sofrimento.

O que se sente?

- A pessoa pode sentir tremores, inquietação, dor de cabeça, falta de ar, suor em excesso, palpitações, problemas gastro-intestinais, irritabilidade e facilidade em alterar-se.

- Esses sintomas podem ocorrer na maioria dos dias por pelo menos seis meses.

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- É muito difícil controlar a preocupação, o que pode gerar um esgotamento na saúde física e mental do indivíduo.

Como se faz o diagnóstico?

- Como os sintomas podem ser os mais diversos e vários aspectos podem estar comprometidos, o trabalho inicial do médico está em excluir outras doenças que possam ter sintomas semelhantes ao transtorno de ansiedade generalizada.

- Para tanto, alguns exames clínicos podem ser necessários, sendo que mais importante do que isso é o relato detalhado de informações do paciente.

Como se trata?

- O especialista utiliza técnicas psicoterápicas de apoio.

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- Muitas vezes faz-se necessário o uso de medicação (antidepressivos e/ou ansiolíticos) por um determinado período.

- A maioria das pessoas experimenta uma acentuada redução da ansiedade quando lhes é oferecida a oportunidade de discutir suas dificuldades com um profissional experiente.

Transtorno de Pânico

O que é?

- O Transtorno de Pânico se caracteriza pela ocorrência espontânea de ataques de pânico.

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- Os ataques de pânico duram quase sempre menos de uma hora com intensa ansiedade ou medo, junto com sintomas como palpitações, respiração ofegante e até mesmo medo de morrer.

- A pessoa pode ter múltiplos ataques durante um único dia até, apenas, alguns ataques durante um ano.

- Estes ataques podem ocorrer acompanhados por agorafobia, que é o medo de estar sozinho em locais públicos, especialmente, locais de onde uma rápida saída seria difícil em caso de ocorrer um ataque de pânico.

O que se sente?

- O primeiro ataque de pânico muitas vezes é completamente espontâneo, embora os ataques de pânico, em geral, ocorram após excitação, esforço físico, atividade sexual ou trauma emocional.

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- O ataque freqüentemente começa com um período de 10 minutos de sintomas que aumentam rapidamente.

- Pode se sentir extremo medo e uma sensação de morte e catástrofe iminente.

- As pessoas, em geral, são incapazes de indicar a fonte de seus medos.

- Pode haver dificuldade de concentração, confusão, aceleração do coração, palpitações, falta de ar, dificuldade para falar e um enorme medo de morrer.

- O ataque dura de 20 a 30 minutos, raramente mais de uma hora.

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Como se faz o diagnóstico?

- O médico diagnostica o transtorno de pânico através do relato contado pelo paciente, procurando diferenciar de outras doenças físicas ou psicológicas.

- Muitas vezes a pessoa procura ajuda quando nota que não está mais conseguindo sair sozinha de casa por medo que ocorra um ataque de pânico.

Como se trata?

- A pessoa deve procurar um médico que provavelmente irá associar um modelo de psicoterapia com uma medicação.

- Os sintomas melhoram dramaticamente nas primeiras semanas de tratamento.

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- Atualmente os medicamentos mais empregados são os antidepressivos.

- Os sintomas melhoram consideravelmente nas primeiras semanas de tratamento.

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

O que é?

- A hiperatividade e déficit de atenção é um problema mais comumente visto em crianças e se baseia nos sintomas de desatenção (pessoa muito distraída) e hiperatividade (pessoa muito ativa, por vezes agitada, bem além do comum).

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- Tais aspectos são normalmente encontrados em pessoas sem o problema, mas para haver o diagnóstico desse transtorno a falta de atenção e a hiperatividade devem interferir significativamente na vida e no desenvolvimento normais da criança ou do adulto.

Quem apresenta?

- Estima-se que cerca de 3 a 6% das crianças na idade escolar (mais ou menos de 6 a 12 anos de idade) apresentem hiperatividade e/ou déficit de atenção.

- O diagnóstico antes dos quatro ou cinco anos raramente é feito, pois o comportamento das crianças nessa idade é muito variável, e a atenção não é tão exigida quanto de crianças maiores.

- Mesmo assim, algumas crianças desenvolvem o transtorno numa idade bem precoce.

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- Aproximadamente 60% dos pacientes que apresentaram TDAH na infância permanecem com sintomas na idade adulta, embora que em menor grau de intensidade.

- Na infância, o transtorno é mais comum em meninos e predominam os sintomas de hiperatividade.

- Com o passar dos anos, os sintomas de hiperatividade tendem a diminuir, permanecendo mais freqüentemente a desatenção, e diminuindo a proporção homem x mulher, que passa a ser de um para um.

Como se desenvolve? - Geralmente o problema é mais notado quando a criança inicia atividades de aprendizado na escola, pelos professores das séries iniciais, quando o ajustamento à escola mostra-se comprometido.

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- Durante o início da adolescência o quadro geralmente mantém-se o mesmo, com problemas predominantemente escolares, mas no final da adolescência e início da vida adulta o transtorno pode acompanhar-se de problemas de conduta (mau comportamento) e problemas de trabalho e de relacionamentos com outras pessoas.

- Porém, no final da adolescência e início da vida adulta ocorre melhora global dos sintomas, principalmente da hiperatividade, o que permite que muitos pacientes adultos não necessitem mais realizar tratamento medicamentoso para os sintomas.

O que causa?

- Os estudos mais recentes apontam para a genética como principal causa relacionada ao transtorno.

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- Aproximadamente 75% das chances de alguém desenvolver ou não o TDAH são herdadas dos pais.

- Além da genética, situações externas como o fumo durante a gestação também parecem estar relacionados com o transtorno.

- Fatores orgânicos como atrasado no amadurecimento de determinadas áreas cerebrais, e alterações em alguns de seus circuitos estão atualmente relacionados com o aparecimento dos sintomas.

- Supõe-se que todos esses fatores formem uma predisposição básica (orgânica) do indivíduo para desenvolver o problema, que pode vir a se manifestar quando a pessoa é submetida a um nível maior de exigência de concentração e desempenho.

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- Além disso, a exposição a eventos psicológicos estressantes, como uma perturbação no equilíbrio familiar, ou outros fatores geradores de ansiedade, podem agir como desencadeadores ou mantenedores dos sintomas.

Como se manifesta?

- Podemos ter três grupos de crianças (e também adultos) com este problema.

- Um primeiro grupo apresenta predomínio de desatenção, outro tem predomínio de hiperatividade/impulsividade e o terceiro apresenta ambos, desatenção e hiperatividade.

- É muito importante termos em mente que um "certo grau" de desatenção e hiperatividade ocorre normalmente nas pessoas, e nem por isso elas têm o transtorno.

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- Para dizer que a pessoa tem realmente esse problema, a desatenção e/ou a hiperatividade têm que ocorrer de tal forma a interferir no relacionamento social do indivíduo, na sua vida escolar ou no seu trabalho.

- Além disso, os sintomas têm que ocorrer necessariamente na escola (ou no trabalho, no caso de adultos) e também em casa.

- Por exemplo , uma criança que "apronta todas" em casa, mas na escola se comporta bem, muito provavelmente não tem hiperatividade.

- O que pode estar havendo é uma falta de limites (na educação) em casa.

- Na escola, responde à colocação de limites, comportando-se adequadamente em sala de aula.

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- No adulto, para se ter esse diagnóstico, é preciso uma investigação que mostre que ele já apresentava os sintomas antes dos 7 anos de idade.

Quais são os sintomas da pessoa com desatenção?

- Uma pessoa apresenta desatenção, a ponto de ser considerado como transtorno de déficit de atenção, quando tem a maioria dos seguintes sintomas ocorrendo a maior parte do tempo em suas atividades:

freqüentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras; com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades recreativas; com freqüência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais, não chegando ao final das tarefas;

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freqüentemente tem dificuldade na organização de suas tarefas e atividades;

com freqüência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa);

freqüentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades;

é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa principal que está executando;

com freqüência apresenta esquecimento em atividades diárias.

Quais são os sintomas da pessoa com hiperatividade?

- Uma pessoa pode apresentar o transtorno de hiperatividade quando a maioria dos seguintes sintomas torna-se uma ocorrência constante em sua vida:

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freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;

com freqüência abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;

freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isso é inapropriado (em adolescentes e adultos, isso pode não ocorrer, mas a pessoa deixa nos outros uma sensação de constante inquietação);

com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer;

está freqüentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor";

freqüentemente fala em demasia.

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- Além dos sintomas anteriores referentes ao excesso de atividade em pessoas com hiperatividade, podem ocorrer outros sintomas relacionados ao que se chama impulsividade, a qual estaria relacionada aos seguintes aspectos:

freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas;

com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez;

freqüentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por exemplo, intrometendo-se em conversas ou brincadeiras de colegas).

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Importância de tratamento médico para os portadores do transtorno

- São vários os motivos que mostram ser de grande importância médica fazer o diagnóstico e se tratar a criança (ou o adulto) com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

- Primeiro, é importante se fazer o tratamento desse transtorno para que a criança não cresça estigmatizada como o "bagunceiro da turma" ou como ou "vagabundo", ou como o "terror dos professores".

- Segundo, para que a criança não fique durante anos com o desenvolvimento prejudicado na escola e na sua vida social, atrasado em relação aos outros colegas numa sociedade cada vez mais competitiva.

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- Terceiro, é importante fazer um tratamento do transtorno para se tentar minimizar conseqüências futuras do problema, como a propensão ao uso de drogas (o que é relativamente freqüente em adolescentes e adultos com o problema), transtorno do humor (depressão, principalmente) e transtorno de conduta.

Como se diagnostica?

- O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde capacitado, geralmente neurologista, pediatra ou psiquiatra.

- O diagnóstico pode ser auxiliado por alguns testes psicológicos ou neuropsicológicos, principalmente em casos duvidosos, como em adultos, mas mesmo em crianças, para o acompanhamento adequado do tratamento.

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Como se trata?

- O tratamento envolve o uso de medicação, geralmente algum psico-estimulante específico para o sistema nervoso central, uso de alguns antidepressivos ou outras medicações.

- Deve haver um acompanhamento do progresso da terapia, através da família e da escola.

- Além do tratamento medicamentoso, uma psicoterapia deve ser mantida, na maioria dos casos, pela necessidade de atenção à criança (ou adulto) devido à mudança de comportamento que deve ocorrer com a melhora dos sintomas, por causa do aconselhamento que se deve fazer aos pais e para tratamento de qualquer problema específico do desenvolvimento que possa estar associado.

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- Um aspecto fundamental desse tratamento é o acompanhamento da criança, de sua família e de seus professores, pois é preciso auxílio para que a criança possa reestruturar seu ambiente, reduzindo sua ansiedade.

- Uma exigência quase universal consiste em ajudar os pais a reconhecerem que a permissividade não é útil para a criança, mas que utilizando um modelo claro e previsível de recompensas e punições, baseado em terapias comportamentais, o desenvolvimento da criança pode ser melhor acompanhado.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo

O que é?

- É uma doença em que o indivíduo apresenta obsessões e compulsões.

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- Ou seja, sofre de idéias e/ou comportamentos que podem parecer absurdos ou ridículos para a própria pessoa e para os outros e mesmo assim são incontroláveis, repetitivas e persistentes.

- A pessoa é dominada por pensamentos desagradáveis de natureza sexual, religiosa, agressiva entre outros, que são difíceis de afastar de sua mente, parecem sem sentido e são aliviados temporariamente por determinados comportamentos.

- As obsessões são pensamentos recorrentes caracterizados por serem desagradáveis, repulsivos e contrários à índole do paciente.

- Tais pensamentos não são controláveis pelos próprios pacientes e causam significativa perda de tempo, sofrimento pessoal e queda no rendimento em atividades.

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- Há perda do controle sobre os pensamentos, e às vezes ocorrem atitudes ou comportamentos que visam neutralizar a ansiedade causada por tais pensamentos.

- Assim, compulsões podem ocorrer secundariamente às obsessões.

- As compulsões são comportamentos, gestos, rituais ou atitudes muitas vezes iguais e repetitivas, conscientes e quase sempre incontroláveis.

- Os pacientes mantêm a crítica sobre suas atitudes, percebem o fato como absurdo e não sabem ou não entendem o que está acontecendo.

- Têm medo de ficar loucos e sentem vergonha de contar a outras pessoas, ou até mesmo a um médico o que está acontecendo.

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- Acomete 2 a 3% da população geral.

- A idade média de início costuma ser por volta dos 20 anos, porém pode ter início ainda na infância, e acomete tanto homens como mulheres.

- Depressão Maior e Fobia Social são doenças que podem acometer os pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo ao longo da vida.

O que se sente?

- Freqüentemente as pessoas acometidas por este transtorno escondem de amigos e familiares essas idéias e comportamentos, tanto por vergonha quanto por terem noção do absurdo das exigências auto-impostas.

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- Muitas vezes desconhecem que esses problemas fazem parte de um quadro psiquiátrico tratável e cada vez mais responsivo à medicamentos específicos e à psicoterapia.

- As obsessões tendem a aumentar a ansiedade da pessoa ao passo que a execução de compulsões a reduz.

- Porém, se uma pessoa resiste a realizacão de uma compulsão ou é impedida de fazê-la surge intensa ansiedade.

- A pessoa percebe que a obsessão é irracional e a reconhece como um produto de sua mente, experimentando tanto a obsessão quanto a compulsão como algo fora de seu controle e desejo, o que causa muito sofrimento.

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- Pode ser um problema incapacitante porque as obsessões podem consumir tempo (muitas horas do dia) e interferirem significativamente na rotina normal do indivíduo, no seu trabalho, em atividades sociais ou relacionamentos com amigos e familiares.

- Algumas vezes os sintomas obsessivos, dependendo da severidade, podem se confundir com sintomas psicóticos e delirantes, ou estarem associados a eles, o que torna o tratamento ainda mais difícil.

Como se faz o diagnóstico?

- O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado nos sintomas do paciente.

- Nenhum exame laboratorial ou de imagem é utilizado para o diagnóstico.

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Como se trata?

- O tratamento deve ser individualizado, dependendo das características e da gravidade dos sintomas que o paciente apresenta.

- Em linhas gerais, contudo, utiliza-se a psicoterapia de orientação dinâmica ou cognitivo-comportamental associada com tratamento farmacológico (antidepressivos) em doses bem elevadas.

- Em casos resistentes às terapias convencionais e naqueles em que há a concomitância com sintomas delirantes, a associação com medicações antipsicóticas pode ser feita com melhor resposta.

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Referências Bibliográficas

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_________________12 Semanas para Mudar uma vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

___________________ (2002): Revolucione sua qualidade de vida: navegando nas águas da emoção. Editora Sextante. Rio de Janeiro.

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FREUD Sigmund. Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago, 1969.

KRATZ, Lúcia; MORAES, Leonardo; YOSHIDA, Gláucia. Educação Afetivo Emocional – Estudo de Casos de práticas docentes. Goiânia, Kelps, 2008.

Colaboradoras Dra. Alice Sibile Koch Dra. Dayane Diomário da Rosahttp://www.abcdasaude.com.br

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