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UNIVERSIDADE DE UBERABA
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE INTERLABORATORIAL: GARANTIA DA QUALIDADE NO LABORATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO
MINERALÓGICA DE FOSFATO
UBERABA - MG 2009
LÍVIA ADRIANE COSTA
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE INTERLABORATORIAL: GARANTIA DA QUALIDADE NO LABORATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO
MINERALÓGICA DE FOSFATO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia de Produção da Universidade de Uberaba, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenheira de Produção. Orientador: Prof. Msc. Fernando Pedra Oliveira
UBERABA - MG 2009
LÍVIA ADRIANE COSTA
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE INTERLABORATORIAL: GARANTIA DA QUALIDADE NO LABORATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO
MINERALÓGICA DE FOSFATO
Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Curso de Engenharia de Produção da Universidade de Uberaba, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenheira de Produção.
Área de concentração: Sistemas da Qualidade
Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em 18 de Novembro de 2009, pela Banca Examinadora constituída pelos professores:
________________________________________________________
Prof. Msc. Fernando Pedra Oliveira – Orientador (a)
UNIVERSIDADE DE UBERABA
________________________________________________________
Prof. Msc. Valeska Guimarães Resende Cunha – Avaliador (a)
UNIVERSIDADE DE UBERABA
“O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior”.
(Albert Einstein)
À minha família pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida e a todos que me acompanharam e me ajudaram desde o início... “Qualquer que seja o fim a que o homem se proponha, qualquer que seja a idéia que tenha em vista desenvolver, experimenta sempre grande prazer quando o tem conseguido, e grande alegria quando a vê realizada...”
(Claude Henri Gorceix)
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador o Professor Fernando Pedra Oliveira.
À a minha professora e orientadora de TCC Valeska G. R. Cunha, pelo
grande apoio, estimulando e apoiando durante toda a realização deste trabalho.
À Geóloga, Márcia Saito, que indiretamente me ensinou e me fez
compreender a importância do tema desenvolvido e abordado neste trabalho.
Ao meu Supervisor o Engenheiro de Minas Igor Pinheiro e ao meu colega de
trabalho o Tecnólogo Mineralogista Flávio Bruno, pelo tempo a mim destinado
quando necessário e pelo apoio, estes foram de suma importância.
A ex-assistente pedagógica Jacqueline, pela amizade conquistada e pela
sinceridade em todas as críticas, estas levarei sempre comigo.
A todos os Professores do curso de Engenharia de Produção, que foram
grandes mestres, acreditando na formação de um caráter, compartilhando de suas
experiências, me fazendo enxergar e me mostrando o valor da profissão de
engenheiro e que há sempre algo a mais para se aprender.
Aos meus colegas de faculdade, com vocês pude compartilhar de
aprendizados para uma vida inteira, sempre unidos com o mesmo objetivo buscando
um mesmo ideal, muitos de alguma forma eu nunca vou esquecer.
Aos meus pais, que são as pessoas mais importantes na minha vida, José
Maria e Lazinha, que sempre apóiam todas as minhas decisões, e que foram
agentes diretos de permanente incentivo, a vocês, serei eternamente grata.
Às minhas irmãs Sílvia e Letícia, e meu irmão Cássio, pela serenidade de
suas atitudes e pelo apoio incondicional em todos os momentos, vocês foram vitais
na condução de todos os meus trabalhos, durante todo o curso.
E ao meu namorado Cássio Henrique, pelo apoio, companheirismo
paciência, suporte, amor e compreensão em todos os momentos em que estive
ausente.
E a mim mesma, por mais um desafio vencido.
RESUMO
Podemos considerar o controle Interlaboratorial como uma ferramenta
essencial para a garantia da qualidade aos laboratórios que visam uma
confiabilidade no mercado econômico mineral. Para uma perfeita implantação deste
controle é definitivamente importante que todos os envolvidos conheçam a norma
NBR ISO/IEC 17025:2005. Esta disponibiliza todos os requisitos necessários que os
laboratórios precisam atender se desejarem demonstrar que possuem um bom
sistema de gestão da qualidade, onde são tecnicamente competentes e que são
capazes de produzir resultados confiáveis. Neste trabalho, apresentaremos os
principais procedimentos para implantação do controle Interlaboratorial provendo
aos laboratórios de caracterização mineralógica de um mecanismo, através do qual
este possa, periodicamente, comparar seus resultados, exatidão e precisão, geradas
de seus processos, com os resultados de outros laboratórios que atuam no mesmo
setor tecnológico. As análises dos resultados podem gerar oportunidades de
melhoria, a detecção de fraquezas e ameaças ao processo, somada com uma visão
estratégica dos responsáveis técnicos. Logo que o Controle Interlaboratorial for
implantado, a aplicação e operação de seus procedimentos serão auditadas por
profissionais devidamente credenciados dentro do próprio Laboratório. Esta
verificará a qualidade do monitoramento de seus resultados, garantindo uma maior
confiabilidade a seus clientes e usuários, pois tem o objetivo de atingir algumas das
finalidades de Compatibilização entre resultados obtidos por dois ou mais
laboratórios, avaliação de Métodos de Ensaios, certificação de Materiais de
Referência e avaliação de desempenho dos Laboratórios e operadores. Ao final,
quando todos os requisitos da norma ISO/IEC 17025:2005 estiverem sendo
aplicados de forma correta, o Laboratório de Caracterização Mineralógica estará
pronto para ganhar a certificação pelos órgãos competentes.
Palavras Chaves: Controle Interlaboratorial, Sistemas da Qualidade, Confiabilidade
ABSTRACT
We consider the control Interlaboratory as an essential tool for quality assurance
laboratories aimed at reliability in a market economic mineral. For a perfect
implementation of this control is definitely important that everyone involved knows the
standard ISO / IEC 17025:2005. This provides all the necessary requirements that
laboratories must meet if they wish to demonstrate that they have a good system of
quality management, where they are technically competent and are able to produce
reliable results. In this paper, we present the main procedures for implementing the
control Interlaboratory providing laboratories to characterize the mineralogy of a
mechanism by which it can periodically compare their results, accuracy and
precision, generated from their processes, with results from other laboratories in the
same sector technology. Analysis of the results can generate opportunities to
improve the detection of weaknesses and threats to the process, coupled with a
strategic vision of technical experts. Once the Interlaboratory Control is deployed, the
implementation and operation of its procedures will be audited by properly accredited
professionals within the Laboratory. This will check the quality of the monitoring
results, ensuring greater reliability to its customers and users, it aims to achieve
some of the purposes of Compatibility between results obtained by two or more
laboratories, evaluation of methods of testing, certification of materials Reference
and performance evaluation of laboratories and operators. In the end, when all the
requirements of ISO / IEC 17025:2005 is being applied correctly, the Laboratory for
Mineralogical ready to earn certification by the competent bodies.
Keywords: Interlaboratory Control, Quality Systems, Reliability
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Britador de Mandíbulas (Superior e frontal)...........................................28
Figura 02 – Moinho de Rolos.....................................................................................28
Figura 03 – Separador Magnético de alto Campo (SMAC).......................................30
Figura 04 – Fluxograma da Caracterização Mineralógica de Fosfato.......................31
Figura 05 - Hierarquia de documentação do (SGQ)..................................................39
Figura 06 - Diagrama de elaboração interno das exigências da Norma...................40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tabela Descritiva por Tipologia de Minério..............................................42
Tabela 2 – Tabulação de Análises de Minério Estéril................................................42
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 GARANTIA DA QUALIDADE ................................................................................ 15
3 INICIANDO O CONTROLE INTERLABORATORIAL NA CARACTERIZAÇÃO
MINERALÓGICA ...................................................................................................... 27
3.1 Definição de Caracterização Mineralógica de Fosfato ......................................... 27
3.2 Padronização do Laboratório de Caracterização Mineralógica .......................... 32
3.2.1 Processos Pré-Analíticos .................................................................................. 33
3.2.2 Processos Analíticos .......................................................................................... 34
3.2.3 Processos Pós- Analíticos ................................................................................ 35
4 DESENVOLVENDO O CONTROLE INTERLABORATORIAL NO LABORATÓRIO
DE CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DE FOSFATO ...................................... 37
4.1 Aplicações da Norma NBR ISO/IEC 17025:2005 ................................................. 38
4.2 Gerando Amostras de Controle ............................................................................... 41
4.3 Procedimento Interno do Controle Interlaboratorial .............................................. 43
4.4 Procedimento Externo do Controle Interlaboratorial ............................................ 45
5 AUDITORIA DO CONTROLE INTERLABORATORIAL ....................................... 47
5.1 Auditoria Interna do Controle Interlaboratorial ....................................................... 48
5.2 Auditoria Externa do Controle Interlaboratorial ..................................................... 50
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 51
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 53
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1 INTRODUÇÃO
Com o grande avanço da tecnologia, o aumento da competitividade do
mercado e as exigências dos consumidores, os laboratórios tem se preocupado
cada vez mais com a qualidade de seus resultados e ensaios.
Manter a competitividade no mercado tem sido cada vez mais difícil, a
maioria dos laboratórios, em diversas organizações, tem buscado continuamente a
melhoria contínua de seus produtos, visto que a qualidade passou a ser um fator
básico de decisão na escolha de produtos e serviços oferecidos ao consumidor e
aos processos.
Existem várias definições para a palavra qualidade, mas uma que se
enquadra bem ao que pretendemos desenvolver neste projeto é o conceito de que
qualidade é a adequação as normas e às especificações de um determinado
produto. Nos dias atuais a qualidade esta no conceito de gerenciamento das
empresas, pois não há como sobreviver no mercado sem qualidade, e esta tem
definido a posição delas.
As empresas de mineração têm observado estes aspectos como primordiais
e de grande relevância, e todas elas fazem o uso destes critérios de qualidade.
Conseqüentemente, a qualidade se tornou a chave para o sucesso, o
crescimento e a liderança da empresa dentro do mercado. Desta forma, no setor de
mineração este controle de qualidade se torna ainda mais indispensável, devido à
grande variedade de informações e dados que são gerados dentro das pesquisas
geológicas especificamente nos Laboratórios de Caracterização Mineralógica.
O sucesso de um produto final, como o fertilizante, por exemplo, em uma
mineradora, depende de um controle de qualidade minucioso, principalmente no
início do processo, onde a pesquisa geológica é o ponto forte.
Este trabalho destaca a importância de se implantar o Controle
Interlaboratorial, como forma de controlar a qualidade dos resultados dos ensaios
que são realizados no início do processo da produção do fertilizante, que são as
13
pesquisas geológicas realizadas na caracterização mineralógica para o
dimensionamento da lavra.
O objetivo principal da implantação do controle Interlaboratorial é atender as
necessidades da empresa com qualidade, e assim manter o comprometimento com
os clientes e fornecedores respeitando os prazos estipulados e o meio ambiente,
permitindo que o laboratório seja acreditado por órgãos competentes e ganhe a
credibilidade dentro do mercado, visto que este se encontra cada vez mais exigente.
Toda a rota do processo de produção do fertilizante depende diretamente
dos dados geológicos gerados através de ensaios realizados pela caracterização
mineralógica. Para se conseguir ensaios e resultados dentro dos padrões esperados
pelo planejamento e assim manter a produtividade do processo, todos os dados
devem ser confiáveis, caso contrário todos os planos estarão comprometidos.
O Controle Interlaboratorial permite que todos os ensaios dentro do processo
sejam controlados através de gráficos de controle, logo que forem definidos os
valores específicos padrões. Os dados serão inspecionados, monitorados e
verificados se os mesmos estão dentro do limite padrão esperados, caso existam
dados não conformes, estes mesmos serão diagnosticados e identificados as
possíveis causas destas não conformidades e logo programar uma ação corretiva
eliminando-as.
Para que a implantação do Controle Interlaboratorial seja bem sucedida,
abordamos no capítulo 2 deste trabalho a pesquisa sobre a necessidade de se
conhecer e entender claramente os requisitos exigidos na norma NBR ISO/IEC
17025:2005. O controle Interlaboratorial permite que o laboratório defina padrões de
qualidade de seus ensaios através do auxílio de outros laboratórios do mesmo
segmento, garantindo a confiabilidade de seus ensaios e resultados. Procedimentos
de Padronização devem ser seguidos, de acordo com o sistema de gestão da
qualidade, tanto na calibração e medição dos equipamentos, como no treinamento
de seus operadores e gestores.
No capítulo 3 serão apresentadas as definições necessárias para
entendimento do que se referem às caracterizações mineralógicas e sua importância
no âmbito da indústria mineral, destacando em detalhes quais são as etapas deste
processo e quais são os principais procedimentos iniciais que devem ser analisados
e trabalhados para o sucesso da implantação do Controle Interlaboratorial.
14
Logo que concluída a implantação do Controle Interlaboratorial, o laboratório
poderá ser submetido a auditorias internas e externas, como foram especificadas no
capítulo 5, estes irão avaliar todos os documentos e procedimentos exigidos pela
norma NBR ISO/IEC 17025:2005, e assim conseguir uma acreditação e
posteriormente uma certificação, e logo poderá participar de Programas Externos de
Comparação Interlaboratorial, auxiliando outros laboratórios do mesmo segmento a
também participarem.
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2 GARANTIA DA QUALIDADE
Podemos considerar como garantia da qualidade ao conjunto de atividades
planejadas dentro de quaisquer processos realizados sistematicamente dentro de
uma empresa, que servirão para garantir que o serviço ou produto final atenda a
todos os requisitos da qualidade.
O objetivo da garantia da qualidade é assegurar que o produto final esteja
adequado às necessidades e satisfação dos clientes e usuários. Para garantir esta
qualidade é necessário que o laboratório implante um Sistema de Gestão aliada a
um processo de Gestão da Qualidade regido pelos requisitos da NBR ISO 9001,
dando sustentação a todas as suas atividades.
Vários Laboratórios de calibração e ensaio de vários segmentos já foram
acreditados e certificados dentro dos padrões da qualidade, aplicando uma das
ferramentas da qualidade, o Controle Interlaboratorial. A acreditação realizada pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) é
de caráter voluntário e representa o reconhecimento formal da competência de um
laboratório ou organização para desenvolver tarefas específicas, segundo requisitos
estabelecidos por normas (PIZZOLATO, 2006). Mas para conseguir esta acreditação
é necessário que o Laboratório tenha implantado um Sistema de Gestão da
qualidade e um controle interno de qualidade.
Todo e qualquer laboratório deve ter a preocupação e missão de produzir
resultados confiáveis, com padrões de procedimentos, metodologias específicas,
para que sejam de real utilidade a todos os processos que se seguem e que
realmente dependem das informações fornecidas.
No caso dos Laboratórios de Caracterização Mineralógica, os resultados são
utilizados por engenheiros que realizam o planejamento de lavra de uma mina
específica, desta forma o laboratório deve fornecer informações confiáveis para que
não seja lavrado estéril ao invés de minério, causando perdas dentro do processo de
beneficiamento de um mineral.
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Por este motivo, estes mesmos laboratórios de caracterização mineralógica,
para garantir resultados confiáveis e serem acreditados no futuro por um órgão
certificador, implantam uma ferramenta do sistema de gestão, como o Controle
Interlaboratorial. Estes são regidos por um Sistema de Gestão de Qualidade que
atende aos requisitos pré-estabelecidos pela norma NBR ISO/IEC 17025:2005.
2.1 Definições Gerais de Qualidade
Na verdade a preocupação com a qualidade de bens e serviços não é
recente. Desde os tempos antigos quando ainda se trocavam bens e serviços, as
pessoas ou consumidores, como são tratados hoje, sempre tiveram o cuidado de
verificar e inspecionar todos os bens e serviços que então recebiam nesta relação
de troca.
Sistemas da qualidade foram pensados, esquematizados, melhorados e
implantados desde a década de 30 nos Estados Unidos e, um pouco mais tarde nos
anos 40 no Japão, e em vários outros países do mundo. Com o tempo o termo
qualidade assumiu diferentes significados, dependendo não só do enfoque teórico-
metodológico como também do período histórico e do processo produtivo a que os
autores se referem. A partir da década de 50, surgiu a preocupação com a gestão da
qualidade, que trouxe uma nova filosofia gerencial com base no desenvolvimento e
na aplicação de conceitos, métodos e técnicas adequados a uma nova realidade.
Embora o termo qualidade tenha permanecido ao longo do tempo sempre
associado à idéia de excelência ou superioridade de um produto ou serviço, o
conceito foi aos poucos incorporando outras dimensões de natureza quantitativa,
sendo a primeira delas o valor de mercado.
Um bom Sistema de Gestão da Qualidade garante que as atividades de
qualquer processo ocorram conforme planejado. As atividades de controle da
qualidade também benficiam os controladores de processo, deixando visíveis as
falhas e assim, indicar mudanças que poderiam melhorar a qualidade.
Hoje, segundo os gurus da qualidade, a idéia de controle de qualidade e
suas várias ferramentas estão totalmente associadas à redução de desperdício de
matéria-prima, de tempo, recursos humanos e ao melhor uso do equipamento para
reduzir os custos de produção.
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Turchi (1997) em seu texto para discussão nº459 aborda que a Gestão da
qualidade Total, como ficou conhecida essa nova filosofia gerencial, marcou o
deslocamento da análise do produto ou serviço para a concepção de um sistema da
qualidade. A qualidade deixou de ser um aspecto do produto e responsabilidade
apenas de departamento específico, e passou a ser um problema da empresa,
abrangendo, como tal, todos os aspectos de sua operação.
A Gestão pela Qualidade Total se tornou um sistema permanente e de longo
prazo, voltado para o alcance da satisfação dos clientes através de um processo
com o objetivo de melhoria contínua dos produtos e serviços gerados pela empresa.
Importante salientar que, de caráter geral, a TQM a estratégia de
implantação de um bom sistema de gestão da qualidade e para que o mesmo
funcione e tenha efetivamente total controle sobre a qualidade, é necessário criar
consciência de qualidade em todos os colaboradores da empresa visando a
participação de todos os colaboradores da empresa, desde a alta gerência,
executivos, supervisores até o Chão de fábrica, sempre na busca do objetivo de
melhoria contínua, estendendo esta visão a todos os fornecedores, distribuidores e
demais parceiros de negócio.
Em resumo, em qualquer lugar do mundo, a Qualidade se refere sempre a
real satisfação dos clientes e atendimento das expectativas de clientes e usuários,
onde quer que eles estejam, por isso foi criado todos os requisitos da norma ABNT
NBR ISO 9001:2000.
A globalização dos novos mercados inseriu novos clientes, usuários e
concorrentes cada vez mais exigentes. Devido a isso a certificação da qualidade se
tornou um fator primordial para conquistar um lugar no mercado, as empresas agora
se preocupam com a padronização de seus processos para ganhar estes clientes.
A conscientização para a qualidade e o reconhecimento de sua importância,
tornou a certificação de sistemas de gestão da qualidade indispensável para as
empresas de grande, médio e pequeno porte em todo o mundo.
Com este foco, é importante, especialmente em empresas ou setores de
prestação de serviços, como os laboratórios de caracterização mineralógica que
prestam serviços de amostragem e análise de materiais minerais, que são a matéria
prima de uma indústria específica, que estes laboratórios sejam acreditados dentro
do mercado através da confiabilidade das informações fornecidas.
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Desta forma o que motiva a empresa a continuar utilizando os serviços de
análises mineralógicas é o fato de o laboratório ser confiável e atender as suas
necessidades, suprir suas expectativas e preferências.
Dentro deste contexto, e com foco na superação, outras Boas Práticas
podem ser estudadas e implantadas dentro do laboratório, tais como: Boas Práticas
de Documentação, Administração, Gestão, Engenharia, Comerciais, entre outras,
consolidando um grupo de Melhores Práticas, mas que exigem um sólido Sistema
de Gestão da Qualidade.
2.2 Definição de Controle Interlaboratorial
De acordo com Oliveri (2004), entende-se por “Controle Interlaboratorial”
uma série de medições de uma ou mais propriedades, realizadas
independentemente, com o auxilio de outros laboratórios, em amostras de um
material.
O principal objetivo desse tipo de Controle é prover os laboratórios de um
mecanismo, através do qual este laboratório possa, periodicamente, comparar seus
resultados, exatidão e precisão, geradas de seus processos, com os resultados de
outros laboratórios que atuam em um mesmo setor tecnológico.
Para que o laboratório possa garantir a qualidade em seu sistema de gestão,
processo e produto são fundamentais, para ser competitivo no mercado, buscar
novas formas de obter confiabilidade e garantir suas análises e ensaios mantendo o
controle do seu sistema.
Para tanto, ele busca em métodos como os Controles Interlaboratoriais, uma
forma de medir o quanto o seu desempenho está bom ou ruim comparando com os
concorrentes. Assim como, o laboratório verifica na validação de métodos analíticos
(ferramenta que verifica se o procedimento utilizado está validado) se o método é
adequado ao uso pretendido, sendo um aspecto vital na garantia da qualidade
(BARROS, 2002).
A aplicação do Controle Interlaboratorial dentro de um Laboratório garante o
monitoramento de seus resultados, garantindo uma maior confiabilidade a seus
clientes e usuários, pois tem o objetivo de atingir algumas das finalidades de
Compatibilização entre resultados obtidos por dois ou mais laboratórios, avaliação
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de Métodos de Ensaios, certificação de Materiais de Referência e avaliação de
desempenho dos Laboratórios e operadores.
Com a implantação de um Controle interlaboratorial, os laboratórios podem
alcançar vários benefícios, e posteriormente participar de Programas
Interlaboratoriais para serem certificados, dentre eles podemos citar:
Verificação simultânea do equipamento e do operador:
A calibração de um equipamento não é o suficiente para garantir um
resultado confiável, pois ela restringe-se apenas ao aparelho, enquanto que os
resultados também podem ser afetados por técnicas inadequadas de operação ou
mesmo por erros do operador. O Controle Interlaboratorial verifica ambos
simultaneamente sob condições efetivas de ensaio.
Redução dos custos de produção:
Quando um resultado de ensaio é consideravelmente alto ou baixo, ou ainda
a sua incerteza com relação ao valor mais provável, estas análises podem afetar na
decisão ao requerer ou não quantidades adicionais de matérias-prima caras para
assegurar a obtenção de níveis satisfatórios. O Controle Interlaboratorial evitará
resultados errôneos e melhorará a precisão dos resultados de seus ensaios.
Manutenção da confiança de clientes:
O controle Interlaboratorial tem como principal objetivo garantir a
confiabilidade perante seus clientes e usuários, minimizando o risco de um
desentendimento devido a erros em ensaios. Com a implantação deste controle será
mantida a confiança no mercado e principalmente entre seus concorrentes.
Obtenção da documentação quanto a sua capacitação de realização
de ensaios:
Laboratórios independentes podem documentar sua capacitação na
realização de ensaios perante seus clientes potenciais com o controle
Interlaboratorial, visto que todas as etapas são devidamente documentadas e
detalhadas.
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Comparação do nível de precisão em ensaios, com o de concorrentes
A análise dos resultados obtidos através do controle Interlaboratorial permite
a comparação de seus resultados com a média dos resultados de outros
Laboratórios Parceiros, do mesmo segmento tecnológico, bem como um
posicionamento relativo quanto ao seu desempenho.
2.3 Entendendo a Norma NBR ISO/IEC 17025:2005 para Laboratórios
Segundo a ABNT (2005) a NBR ISO/IEC 17025:2005 possui todos os
requisitos que os laboratórios de ensaio e calibração precisam atender se desejarem
demonstrar que tem implementado um Sistema de gestão, que são tecnicamente
competentes e que são capazes de produzir resultados tecnicamente válidos.
Esta Norma especifica os requisitos gerais para a competência em realizar
ensaios elou calibrações, incluindo amostragem. Ela cobre ensaios e calibrações
realizados utilizando métodos normalizados, métodos não normalizados e métodos
desenvolvidos pelo laboratório (ABNT, 2005).
Para que os laboratórios possam implantar o Controle Interlaboratorial é
importante que conheçam e apliquem os requisitos da norma NBR ISO /IEC 17025 e
a sua relação com os Ensaios de Comparação e Controle Interlaboratorial. Se os
laboratórios de calibração e ensaios atenderem aos requisitos desta Norma, eles
operarão um sistema de gestão da qualidade para as suas atividades de ensaio e
calibração que também atende aos princípios da ABNT NBR IS0 9001.
Convém também que os organismos de acreditação como o INMETRO que
reconhecem a competência de laboratórios de ensaio e calibração utilizem esta
Norma como base para suas acreditações. A seção 4 especifica os requisitos para
um gerenciamento sólido. A seção 5 especifica os requisitos para a competência
técnica para os tipos de ensaios elou calibrações que o laboratório realiza (ABNT,
2005).
O objetivo da norma é garantir que os laboratórios sigam seus respectivos
requisitos e garantam uma maior confiabilidade das informações, resultados gerados
e serviços aos seus clientes e usuários. O crescimento do uso de sistemas de
gestão, em geral, tem aumentado a necessidade de assegurar que laboratórios que
fazem parte de organizadores maiores ou que oferecem outros serviços possam
operar de acordo com um sistema de gestão que esteja em conformidade com a
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ABNT NBR IS0 9001, bem como com a NBR ISO /IEC 17025. Portanto, foram
tomados cuidados para incorporar todos os requisitos da ABNT NBR IS0 9001 que
são pertinentes ao escopo dos serviços de ensaio e calibração cobertos pelo
sistema de gestão do laboratório (ABNT, 2005).
Dentre todos os requisitos técnicos descritos na norma NBR ISO /IEC
17025, podemos destacá-los como significativos e decisórios, são eles:
Requisito: 5.2 Pessoal
Este requisito aborda de maneira clara as responsabilidades da gerência em
garantir que operadores e demais envolvidos nas atividades sejam treinados
habilitados, competentes. Estes devem seguir todas as orientações do Sistema de
Controle de Qualidade, estabelecendo critérios para identificação de necessidades
de treinamentos, descrevendo suas atribuições, definindo quem têm habilitação para
executar as principais atividades, mantendo registros detalhados de todas as
competências desenvolvidas e treinamentos realizados.
Requisito: 5.3 Acomodações e Condições Ambientais
De acordo com este requisito, as instalações devem facilitar o desempenho
dos ensaios, quanto a: fontes de energia, iluminação e condições ambientais. O
ambiente não deve invalidar os resultados gerados ou afetar adversamente a
qualidade destes. Deve ser tomado um cuidado especial, em locais diferentes da
instalação permanente. Documentar todos os requisitos técnicos. O laboratório deve
ter: dimensões, construção, localização adequadas para atender às necessidades
da realização dos exames e minimizar as interferências que comprometam a
qualidade dos resultados dos exames.
Deve haver separação efetiva entre áreas vizinhas nas quais são realizadas
atividades incompatíveis. Devem ser tomadas medidas para prevenir a
contaminação cruzada, e devem ser tomadas medidas que assegurem uma boa
limpeza e arrumação no laboratório e se necessário devem ser preparados
procedimentos especiais.
Requisito: 5.4 Métodos de Ensaio e Calibração de Métodos.
Usar métodos e procedimentos apropriados para todos os ensaios, incluindo
amostragem, manuseio, transporte, armazenamento, preparação de amostras e
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outros itens a serem ensaiados. Definição de estimativa de incerteza e técnicas
estatísticas para análise dos resultados dos ensaios. É imprescindível ter instruções
para o uso e a operação de todos os equipamentos relevantes, Todas as instruções,
normas, manuais devem ser mantidas atualizadas e disponíveis para o pessoal do
laboratório.
Os métodos devem ser selecionados de forma que estes sejam apropriados
e que atendam as necessidades dos clientes; preferencialmente, utilizar métodos
publicados como normas nacionais, regionais e internacionais; ter a certeza de estar
utilizando a última edição da norma editada em relação ao método e utilizar métodos
desenvolvidos pelo laboratório, se estes forem apropriados ao uso e se estiverem
validados.
Todos os dados devem ser Controlados, os cálculos e transferência de
dados devem ser submetidos a verificações sistemáticas, utilizando computadores
ou equipamentos automatizados, softwares documentados e adequados ao uso.
Existem procedimentos implementados para proteção dos dados, os equipamentos
e computadores devem estar com a manutenção preventiva em dia e em perfeitas
condições de uso.
Requisito: 5.5 Equipamentos
O Laboratório deve ser aparelhado com todos os equipamentos para correta
prestação do serviço, incluindo, entre outras, as seguintes atividades: amostragem;
medição; ensaio; preparação de amostras e processamento e análise de dados.
Os equipamentos, incluindo os softwares, devem ter configuração
apropriada para alcançar a exatidão requerida e atender as especificações
pertinentes aos ensaios e exames executados.
Deve-se estabelecer e implementar um programa de calibração para
grandezas e valores-chave, quando estes tiverem efeito significativo sobre os
resultados, todos os equipamentos devem estar calibrados antes do uso, inclusive
de amostragem. Os equipamentos só deverão ser operados por pessoas
autorizadas após treinamento específico, devendo haver instruções disponíveis para
os usuários, sobre seu uso e manutenção.
Todos os equipamentos que forem significativos para o resultado devem
estar Identificados, mantendo registros de cada item respectivo ao equipamento e
seu software incluindo no mínimo: nome do item do equipamento e do software;
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nome do fabricante, identificação do modelo, número de série ou outra identificação
que julgar necessária, verificações de que o equipamento atende às especificações
e sua localização atual, quando apropriado.
O laboratório deve ter procedimentos para manuseio, transporte,
armazenamento, uso, manutenção planejada e verificações intermediárias dos
equipamentos, de forma a assegurar seu funcionamento e prevenir contaminação e
deterioração.
Alguns aspectos práticos devem ser levados em consideração: como
elaborar relação de equipamentos críticos, elaborar uma ficha histórica dos
equipamentos com todos os registros desde a sua recepção e verificação, dispor de
plano de manutenção preventiva, de plano de calibração, de instruções de operação
ou Procedimentos Operacionais, manter equipe especializada ou contratos de
prestação de serviços de manutenção e calibração qualificados, e manter registros
de avaliação de desempenho destes prestadores de serviços.
Requisito: 5.6 Rastreabilidade da Medição
Todo equipamento, incluindo aqueles para medições auxiliares, deve ser
calibrado antes de colocado em uso. Deve-se estabelecer um programa e
procedimento para calibração dos equipamentos para garantir a rastreabilidade às
unidades de medida do SI. As calibrações devem ser realizadas em laboratórios ou
por instrumentistas competentes que possam demonstrar confiança nas medições.
O Instrumento deve ser calibrado sempre: após aquisição, antes do uso;
Após uma manutenção. Para definir o intervalo entre as calibrações deve-se:
estipular um intervalo inicial; executar quatro calibrações com este intervalo e logo
avaliar os resultados.
A periodicidade de calibração deve ser também avaliada de acordo com a
freqüência de uso, a severidade das condições de uso, a fragilidade e histórico do
equipamento, com a programação da calibração, a data de validade da calibração, a
faixa de medição e incerteza.
A rastreabilidade é indispensável para se obter um resultado confiável, que
só é alcançada quando estes resultados são acompanhados de uma demonstração
clara de todas as incertezas envolvidas e baseados na rastreabilidade de todas as
referências envolvidas (químicas e físicas).
24
Requisito: 5.7 Amostragem
Segundo a ABNT 2005 Amostragem e um procedimento definido, pelo qual
uma parte de uma substância, material ou produto é retirado para produzir uma
amostra representativa do todo, para ensaio ou calibração, amostragem também
pode ser requerida pela especificação apropriada, para a qual a substância, material
ou produto e ensaiado ou calibrado.
O Laboratório deve ter um plano e um procedimento de amostragem os
quais devem estar disponíveis no local onde as atividades são realizadas, ser
baseados em métodos estatísticos apropriados, abranger os fatores a serem
controlados, de forma a assegurar a validade dos resultados. Quando o cliente
solicitar desvios, adições ou exclusões do procedimento de amostragem
documentado, estes devem: estar incluídas em todos os documentos, ser
registrados em detalhes, ser comunicadas ao pessoal apropriado.
O Laboratório deve ter procedimentos para registrar os dados e as
operações relevantes da amostragem. Tais registros devem incluir: procedimento de
amostragem usado, identificação do amostrador, as condições ambientais (se
pertinente), diagramas/meios para identificar o local da amostragem, se necessário,
as estatísticas em que se basearam os procedimentos de amostragem, se
apropriado.
Requisito: 5.8 Manuseio de itens de Ensaio e Calibração
O laboratório deve ter procedimentos para: Coleta, Transporte,
Recebimento, Manuseio, Proteção, Armazenamento Retenção e/ou remoção de
itens, incluindo providências de proteção da integridade do item e providencias de
proteção dos interesses do laboratório e do cliente.
O laboratório deve ter um sistema de identificação de itens de ensaio
durante o período em que o mesmo permanecer no local e possa: garantir que os
itens não sejam confundidos fisicamente nem quando citados em registros ou outros
documentos; possibilitar subdivisão de grupos e transferência de itens dentro e para
fora do laboratório, no ato do recebimento; registrar as anormalidades e desvios das
condições especificadas para os itens de ensaio, consultando o cliente sempre que
necessário; ter procedimentos e instalações adequadas para evitar deterioração,
perda ou dado no item de ensaio durante o armazenamento, manuseio e
preparação; seguir as instruções para manuseio fornecidas com o item; o laboratório
25
deve ter meios de armazenamento e segurança que protejam a sua condição e
integridade.
Quando os itens retornam ao serviço depois do ensaio, é necessário cuidado
especial para assegurar que não sejam avariados ou danificados durante o processo
de manuseio, ensaio ou armazenamento. Deve-se fornecer aos responsáveis pela
retirada e transporte de amostras, procedimento de amostragem, informações sobre
armazenamento e transporte, incluindo informações dos fatores de amostragem que
influenciam o resultado, razões para manter um item de ensaio seguro podem ser
razões de registro, segurança ou valor, ou para possibilitar ensaios complementares.
Requisito: 5.9 Garantia da Qualidade de Resultados de Ensaio e
Calibração
O laboratório deve ter procedimentos de controle da qualidade para
monitorar a validade dos ensaios. Os dados devem ser registrados de forma que as
tendências sejam detectáveis e, quando praticável, devem ser aplicadas técnicas
estatísticas para a análise crítica dos resultados.
Esta monitorização deve ser planejada e analisada criticamente. Alguns
critérios para monitorar a validade de resultados devem ser analisados: controles
internos, material de referência, realização de ensaio em replicata, repetição de
Ensaio / Amostra Cega, correlação de Resultados de um mesmo item.
Requisito: 5.10 Apresentação de Resultados
A apresentação dos resultados deve estar clara, exata, objetiva, sem
ambigüidade, de acordo com instruções específicas e com todas as informações
solicitadas pelo cliente e necessárias à interpretação e requerida pelo método. Nos
casos de ensaios realizados para clientes internos ou no caso de acordo escrito com
o cliente, os resultados podem ser relatados de forma simplificada, as informações
que não forem relatadas devem estar prontamente disponíveis no laboratório que
realizou os ensaios.
Alguns requisitos adicionais devem ser considerados e incluídos na
apresentação dos resultados como: desvios, adições e exclusões do método;
informações sobre condições de ensaio (ex: condições ambientais); declaração de
conformidade/não conformidade aos requisitos; incerteza estimada (quando
26
relevante para a validade e aplicação dos resultados, quando requerida na instrução
do cliente ou quando afeta a conformidade a um limite de especificação.)
No relatório de apresentação de resultados devem incluir também os dados
referentes a amostragem como: data da amostragem; identificação da
substancia,material ou produto amostrado; local da amostragem(diagramas,etc);
referência ao plano e procedimentos de amostragem; detalhes das condições
ambientais durante a amostragem que possam afetar a interpretação dos resultados;
norma ou especificação, desvios, adições e exclusões;
As emendas a um relatório de ensaio após emissão devem ser feitas sob a
forma de um novo documento, ou transferência de dados que inclua: suplemento do
Relatório de Ensaio, número de série ou forma de redação equivalente. Tais
emendas devem atender aos requisitos da Norma, quando necessário emitir um
novo relatório de ensaio completo, deve ser cuidadosamente identificado e conter
referência ao original que está sendo substituído.
27
3 INICIANDO O CONTROLE INTERLABORATORIAL NA CARACTERIZAÇÃO
MINERALÓGICA
Hoje, as grandes e pequenas mineradoras têm buscado a melhor qualidade
dos seus produtos finais, a fim de manter sua competitividade na atual economia
globalizada. Nesse contexto, os Laboratórios de Caracterização Mineralógica
exercem um papel fundamental, pela adoção de procedimentos analíticos
adequados e confiáveis aos padrões internacionais, que são indispensáveis para a
competição de suas indústrias no mercado.
Assim sendo, a adoção aos procedimentos de Controle Interlaboratorial
dentro do Laboratório de Caracterização Mineralógica, proporciona além da
confiança técnica e comercial aos clientes e usuários, as seguintes vantagens:
Determinar o seu desempenho a nível individual e apoiar na
identificação das medidas a tomar para a melhoria do seu
desempenho;
Identificação de eventuais problemas na inserção de ações preventivas
e corretivas, muitas vezes relacionadas com o desempenho dos
operadores, métodos e/ou equipamento de ensaio ou de calibração;
Demonstrar o seu bom desempenho perante o Mercado consumidor; e
confiança a seus clientes.
3.1 Definição de Caracterização Mineralógica de Fosfato
NEUMANN; et al (2004) definem Mineral como todo corpo inorgânico de
composição química e de propriedades físicas definidas, encontrado na crosta
terrestre e Minério é toda rocha constituída de um mineral ou agregado de minerais
contendo um ou mais minerais valiosos, possíveis de serem aproveitados
economicamente.
28
A história registra que o Minério vem sendo tratado e recuperado desde a
Era Cristã, quando se conhecia apenas depósito de ouro. Desde então é claro que
várias inovações foram criadas e desenvolvidas no setor de Tratamento de minérios,
e sempre com operações visando modificar a granulometria (tamanho das
partículas), recuperar a concentração relativa dos minerais presentes na matéria
prima, sem modificar a identidade química ou física dos minerais.
As indústrias de mineração buscam em suas respectivas minas, sejam elas
em céu aberto ou subterrâneo, minerais concentrados. Para um minério ser
concentrado é necessário que estes estejam fisicamente liberados, ou seja, a
partícula deverá conter uma única espécie mineralógica de interesse.
Para se obter a liberação do mineral, o minério é submetido a uma operação
de redução de tamanho, (esta operação pode ser chamada de britagem ou
moagem), que pode variar de centímetros a micrometros. Como as operações de
redução de tamanho são caras, deve-se fragmentar só o estritamente necessário
para a operação seguinte. Nestes Procedimentos os equipamentos mais utilizados
são os Britadores de mandíbulas e moinhos de rolos, como podemos ilustrar nas
figuras 1, 2 e 3 abaixo:
Figura 1 – Britador de Mandíbulas (Superior e frontal) Fonte: Laboratório Bunge Fertilizantes S/A (2008)
..... Figura 2 – Moinho de Rolos ..... Fonte: Bunge Fertilizantes S/A (2008)
29
Para evitar uma redução excessiva, faz-se uso de operações de separação
por tamanho ou classificação (peneiramento) de grãos, que também podemos
chamar de separação granulométrica. Uma vez que o minério foi submetido à
redução de tamanho, promovendo a liberação adequada dos seus minerais, estes
podem ser submetidos à operação de separação das espécies minerais, obtendo-se,
nos procedimentos mais simples, um concentrado e um rejeito.
A Caracterização Mineralógica, como seu próprio nome diz, nada mais é que
definir as características físicas e químicas de um minério específico, ela determina
e quantifica toda a mineralogia do material recolhido, define quais os percentuais de
minerais de interesse e quantifica a distribuição de outros elementos minerais úteis
ou não ao processo de produção.
A etapa de caracterização é fundamental para o aproveitamento do mineral
de forma otimizada, pois fornece ao engenheiro informações mineralógicas
necessárias para uma correta avaliação das áreas que foram amostradas para o
dimensionamento do processo que se seguirá após a lavra, para a produção do
produto final, permitindo identificar, com maior precisão ineficiências e perdas no
processo de produção.
Os procedimentos de Caracterização de uma amostra de minério podem
variar de acordo com sua mineralogia, outras propriedades existentes, pelos
objetivos do restante do processo para a produção do produto final, a disponibilidade
de tempo, capacidade de análises e também recursos financeiros.
Podemos resumir o processo de caracterização mineralógica em 4 estágios
de acordo com NEUMANN; et al (2004), são eles:
1º Estágio: É o fracionamento da amostra, que ao mesmo tempo, este
facilita identificar os minerais pela sua relativa individualização, melhora a
quantificação das fases e estabelece certas propriedades físicas dos minerais, já
incorporando informações úteis para processo.
2º Estágio: É a identificação das fases, ela é facilitada na medida em que um
ou mais minerais são concentrados no momento do fracionamento. Um
mineralogista deve dispor de variadas técnicas analíticas para a identificação dos
minerais, e as mais utilizadas e precisas são a microscopia óptica e eletrônica de
30
varredura e a difração de raios X. Esta etapa é determinante dentro da
caracterização tecnológica.
3º Estágio: É a quantificação dos minerais, ou em poucas palavras contar os
grãos, esta é mais fácil numa fração mais concentrada, e o recálculo considerando a
massa da fração reduz de forma significativa o erro. Em amostras de mineralogia
mais complexa esta etapa pode ser muito complicada.
4º Estágio: Verificar a liberação do mineral de interesse (ou dos minerais de
interesse) do restante do material. A eficiência da separação das fases de interesse,
calculada a partir dos dados das três etapas anteriores, é verificada em diversas
faixas de tamanho de partículas, é um dos métodos clássicos de se obter o grau de
liberação de um minério, assim como a estimativa de liberação por faixa de tamanho
em microscópio óptico. A liberação é uma das informações mais importantes na
caracterização. Esta é realizada por um Separador magnético de Alto Campo como
o da figura abaixo:
Figura 3 – Separador Magnético de Alto Campo (SMAC) Fonte: Laboratório Bunge Fertilizantes S/A (2008)
Em uma análise geral, a caracterização de uma amostra em uma mina de
fosfato, é planejada e executada em várias etapas, e todas são independentes uma
das outras dentro do processo.
31
Para exemplificar as etapas de caracterização mineralógica de fosfato que
são executados mais freqüentemente, abaixo destacamos um fluxograma específico
de um laboratório de Caracterização Mineralógica em uma mina de fosfato:
Figura 4 – Fluxograma da Caracterização Mineralógica de Fosfato
Fonte: Acervo interno Bunge Fertilizantes S/A (2008)
Em uma mina de fosfato, os Engenheiros, Geólogos e demais responsáveis,
ao planejarem qual material será lavrado e enviado para a usina de Beneficiamento,
realizam uma análise prévia deste material avaliando os teores de concentrado
suficientes para a produção do produto final, no caso o fertilizante.
Desta forma estes responsáveis, definem qual área necessita de ser
realizada a caracterização mineralógica, realizam amostragens desta respectiva
área e das amostras que serão geradas deste procedimento de amostragem são
compostos os blocos com aproximadamente 2 kg de material homogêneo e
representativo da respectiva área determinada e então segue o processo conforme
descrito no fluxograma.
Etapas de moagem, separação granulométrica e separação magnética são
extremamente importantes e definitivas na caracterização mineralógica de fosfato,
32
visto que esta última se torna ainda mais imprescindível devido ser a última etapa,
onde o material analisado já foi totalmente separado por tamanho de grãos, é onde é
verificado através de análise química se o mineral de interesse é liberável ou não.
Esta informação é primordial para a usina de beneficiamento que espera
uma quantidade suficiente de minério para a produção do produto final com
qualidade e dentro das especificações do mercado.
3.2 Padronização do Laboratório de Caracterização Mineralógica
A ABNT NBR ISSO 9001 no requisito 4.2.1 letra b, diz que a documentação
do sistema de gestão deve incluir documentos, incluindo registros, determinados
pela organização como necessários para assegurar o planejamento a operação e o
controle eficazes de seus processos.
Desta forma de acordo com a NBR ISO 9001 na realização de um ensaio de
Caracterização mineralógica pelo laboratório é necessário considerar que para se
obter qualidade e confiabilidade nos resultados gerados é preciso que se realize
uma padronização de todos os processos envolvidos desde a solicitação do ensaio
até a liberação dos resultados sejam em meio físico ou eletrônico.
Assim, para que possamos entender toda a sistemática da Caracterização
mineralógica é preciso reconhecer que o mesmo envolve uma série de processos,
cada um destes com suas potenciais fontes de erros.
Portanto a padronização do Laboratório de Caracterização tem a finalidade
de prevenir detectar, identificar e corrigir erros ou variações que possam ocorrer em
todas as fases da realização do ensaio de caracterização mineralógica.
Com a padronização adequada e correta de todos os processos é possível
assegurar a monitoração dos resultados finais e a qualidade desejada poderá ser
alcançada, enquanto os Sistemas de Controle de Qualidade irão avaliar e garantir a
qualidade.
Todas as atividades executadas devem ser documentadas através de
Procedimentos Operacionais (PO’s), aprovadas e colocadas a disposição de todo o
pessoal técnico, operadores e pessoal de apoio, se este existir. Todos estes
Procedimentos Operacionais são documentos que descrevem com detalhes cada
atividade realizada dentro dos processos de Caracterização Mineralógica.
33
3.2.1 Processos Pré-Analíticos
Podemos considerar como processos pré-analíticos, a maioria dos
processos que podem ocorrer fora do laboratório de Caracterização Mineralógica,
estes são difíceis de monitorar e controlar.
Considerando os diversos fatores que podem afetar de certa forma, a
qualidade dos resultados gerados pela Caracterização Mineralógica, o laboratório
deve cobrar os procedimentos Operacionais dos responsáveis por estes outros
processos que se encontram fora, para evitar possíveis erros na fase pré-analítica.
Podemos destacar alguns fatores pré-analíticos que podem provocar
variações ou erros nos resultados dos ensaios de Caracterização, e que devem ser
Padronizados:
Tomada de Coordenadas em meio físico ou eletrônico:
Os responsáveis em repassar as coordenadas onde deverão ser coletadas
as amostras devem tomar cuidado ao manusear os arquivos sejam físicos, ou
eletrônicos, deve-se evitar as práticas de copiar, colar, digitação de dados e etc.
Identificação das Amostras:
Os responsáveis em identificar as amostras devem evitar identificações
manuscritas, repetições de amostras, troca das identificações. Isso gera troca de
informações e amostras erradas.
Coleta e Homogeneização das Amostras na mina:
Os responsáveis em coletar as amostras devem ter a responsabilidade com
as mesmas evitando a contaminação, perda de amostras por manuseio incorreto, as
embalagens devem estar em prefeitas condições de uso.
Armazenamento e transporte da Amostra até o laboratório:
As amostras devem estar devidamente identificadas para que seja possível
armazenar e transportar as mesmas com qualidade, evitando a perda da amostra ou
contaminação.
34
Equipamentos:
Os responsáveis pelos equipamentos dentro e fora do laboratório devem
cuidar que estes estejam em perfeitas condições de uso dentro dos padrões de
qualidade e com as manutenções preventivas e preditivas em dia e documentadas.
Todas estas variáveis devem ser acompanhadas, analisadas e estudas
verificando a melhor forma de realizá-las dentro dos padrões de qualidade
esperados e previstos dentro do sistema de controle de qualidade.
Logo que estas análises forem realizadas e tomadas às devidas conclusões,
devem ser criados e documentados os Procedimentos Operacionais, padronizando
as atividades envolvidas em cada variável.
3.2.2 Processos Analíticos
As diversas variáveis analíticas na realização de um ensaio de
Caracterização mineralógica devem ser muito bem controladas para assegurar que
os resultados gerados sejam precisos e exatos.
Os Processos Analíticos devem ser analisados seguindo os critérios de
Confiabilidade e principalmente Praticidade, deve-se considerar o volume e
quantidade da amostra, a complexidade metodológica, a necessidade de
equipamentos, o custo da operação e segurança dos operadores. Os processos
analíticos também possuem variáveis que devem ser cuidadosamente monitoradas
como:
Qualidade da Água:
Toda Indústria mineradora recicla a água utilizada em diversos processos
dentro da planta, mas é necessário verificar a qualidade desta água quando se trata
da Caracterização mineralógica de fosfato, este ensaio deve ser realizado com água
limpa e potável para não correr riscos de contaminação química, que possa
comprometer a qualidade dos resultados gerados.
Qualidade dos equipamentos e utensílios:
Os equipamentos e utensílios utilizados durante o processo de
Caracterização Mineralógica devem estar em perfeitas condições de uso, e alguns
35
utensílios utilizados para realizar a separação granulométrica, como as peneiras,
devem estar dentro dos padrões da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) visto que nesta separação exige-se o tamanho exato do grão.
Limpeza dos equipamentos e utensílios:
Todos os equipamentos que são utilizados em comum pelas etapas do
processo de ensaio de Caracterização mineralógica devem ser realizados limpezas
antes e após a utilização dos mesmos, evitando o risco de contaminação das
amostras que entram no processo.
Calibração dos dispositivos de medição
Todos os equipamentos como balança de precisão e separadores
magnéticos que necessitam de calibração regularmente devem ser monitorados,
controlados e documentados, padronizando a freqüência e apontando a próxima
calibração. Todos os processos analíticos devem ser documentados
detalhadamente e colocados em Procedimentos Operacionais padronizando todas
as atividades e ações realizadas.
3.2.3 Processos Pós- Analíticos
Os Processos pós-analíticos consistem nas atividades executadas após a
realização do ensaio de Caracterização mineralógica e realização da Análise
química. Incluem:
Transmissão dos dados analisados
Ao receber os resultados das análises com os dados químicos, estes devem
ser transmitidos de forma precisa aos responsáveis pelo planejamento de Lavra,
visto que eles dependem destas informações para dimensionar a produção que deve
estar dentro das especificações pré-estabelecidas e repassar aos responsáveis do
próximo processo de produção que será o beneficiamento do minério.
Análise da Consistência dos resultados
Todo Laboratório de Caracterização Mineralógica deve ter pelo menos um
técnico mineralogista e pessoal bem treinado na parte analítica e instrumental com
36
um bom conhecimento dos processos de concentração e/ou de extração, que
podem ser aplicados ao minério em estudo. Estes possuem boas noções sobre as
especificações dos produtos desejados, e uma visão critica visto que deles
dependem a consistência dos resultados.
Liberação das Análises químicas
Após uma análise crítica da consistência dos resultados, o sucesso de
estudos de caracterização é potencializado quando os resultados são liberados de
forma consistente, precisa e confiável.
As análises só devem ser liberadas para o planejamento em meios eletrônicos
de forma segura para não ocorrer falhas na informação.
Todos os arquivos gerados após os ensaios de Caracterização mineralógica,
arquivos eletrônicos, contra amostras, planilhas físicas, todos devem ser
devidamente identificados e arquivados de forma a resguardar todas as informações
caso seja necessário algum levantamento de dados ao longo do tempo.
Os responsáveis pelo Laboratório de Caracterização mineralógica devem se
assegurar que todas as variáveis dos Processos Pós-analíticos sejam
detalhadamente documentadas e assim como os processos pré-analíticos e
Analíticos todas as atividades e ações devem ser padronizadas e devidamente
colocadas em Procedimentos Operacionais garantindo a qualidade das informações.
37
4 DESENVOLVENDO O CONTROLE INTERLABORATORIAL NO LABORATÓRIO
DE CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DE FOSFATO
Como forma de assegurar a sua contínua confiabilidade e qualidade Técnica
dos procedimentos, e logo após a iniciação da padronização de todas as ações e
atividades executadas dentro do Laboratório implantação, é necessário começar a
desenvolver as técnicas do Controle Interlaboratorial.
O Desenvolvimento deste Controle começa aplicando alguns requisitos
técnicos básicos da Norma NBR ISO/IEC 17025:2005 e seguindo os Procedimentos
Operacionais já padronizados dentro do Laboratório de Caracterização Mineralógica
pelos responsáveis, nenhum destes procedimentos poderá ser alterado sem uma
análise prévia. Os responsáveis pela implantação e desenvolvimento do Controle
Interlaboratorial, devem respeitar e tomar decisões em relação a alguns passos que
devem ser seguidos:
1. Identificação das Áreas de Ensaio para o desenvolvimento das Amostras
de controle;
2. Definição dos Laboratórios Parceiros que irão colaborar na análise inicial
das amostras de controle;
3. Definição dos responsáveis técnicos de acordo com os requisitos da
Norma NBR ISO/IEC 17025:2005;
4. Definição das datas da realização dos Ensaios das amostras de fosfato
pelo Laboratório de Caracterização Mineralógica;
5. Gestão e controle dos períodos estabelecidos para os ensaios;
6. Gestão e controle de ocorrências durante o processo de realização do
Controle Interlaboratorial;
7. Gestão e controle dos resultados gerados pelos ensaios do Laboratório de
caracterização mineralógica e dos Laboratórios Parceiros;
8. Tratamento Estatístico dos resultados;
9. Emissão de Relatório Final referente à comparação entre os laboratórios.
38
4.1 Aplicações da Norma NBR ISO/IEC 17025:2005
A aplicação dos requisitos exigidos na norma ABNT NBR ISO/IEC
17025:2005, é o início par se conseguir a acreditação do Laboratório, visto que esta
é um requisito fundamental para continuar no mercado e quem sabe inserir-se no
mercado internacional, também como um indicador diferencial da qualidade e
competência técnica.
Falconi (1992) define que planejamento da qualidade consiste no
desenvolvimento de produtos e processos necessários ao objetivo de se obter a
satisfação das necessidades do consumidor. Diante desta realidade, uma das
primeiras providências para a aplicação dos requisitos da norma é planejar a
implementação e adequação dos procedimentos internos com o Sistema de gestão
da Qualidade com uma atenção especial aos aspectos de competência técnica.
A NBR ISO/IEC 17025:2005 usa os termos Política, Procedimento,
Programa, Cronograma, Métodos, Sistemas, Planos e Instruções para diferenciar os
vários requisitos a serem atendidos pelos laboratórios (Müller e Diniz; 2007). Todos
estes requisitos devem estar dentro do laboratório em documentos específicos.
A documentação é composta pelo Manual do Sistema de Gestão da
Qualidade e por documentos gerenciais e de rotina denominados: Manuais, Ordens
de Produção, Ordens de Embalagem; Programas, Procedimentos Operacionais
Padronizados, Instruções de Trabalho, Especificações, Fluxogramas, Padrões de
Descrição de Materiais, bem como todos os registros provenientes dos
procedimentos realizados (Benedetti, 2008).
O Manual da qualidade, já citado deve constar a Política de qualidade, que
podemos considerar como um programa de ação gerencial e administrativa que visa
garantir a execução das respectivas atividades, e também os procedimentos
Operacionais, estes devem conter todas as informações devidamente descritas de
cada atividade interna, e cada uma destas devem possuir documentos individuais,
respeitando as exigências da Norma.
39
Figura 5: Hierarquia de documentação do SGQ Fonte: Manual do SGQ/ Bio-Manguinhos (Benedetti 2008)
Müller e Diniz (2007) ainda dizem que o manual da qualidade deve ser
composto de tal forma que focalize os seus objetivos no usuário do sistema de
qualidade quanto à leitura, clareza, compreensão do texto, objetividade, simplicidade
e concisão. Isso quer dizer que as palavras e termos usados no manual de
qualidade devem ser de fácil entendimento, elaborado com argumentos simples e
frases curtas.
Outro ponto importante é saber que este mesmo manual estará disponível a
possíveis auditorias, e este deve ser levado em consideração durante sua
elaboração, sendo que esta deve estar de acordo com a norma ABNT NBR ISO/IEC
17025:2005. Desta forma Para Slack (1999) um plano é a formalização de o que se
pretende que aconteça em determinado momento futuro.
O Laboratório deve procurar formas que facilitem a elaboração de toda a
documentação necessária e exigida pela norma. Müller e Diniz (2007) em seu artigo
para o V Congresso Sul Americano de Metrologia enfatizou, figura 6, um diagrama
de elaboração interna das exigências da norma, facilitando a visualização e o
entendimento de como proceder corretamente para se implantar e manter um
Sistema de Qualidade.
40
Figura 6: Diagrama de elaboração interno das exigências da Norma. Fonte: V Congresso Sul Americano de Metrologia (2007)
41
O diagrama aborda claramente os requisitos exigidos pela norma NBR
ISSO/IEC 17025:2005, identificando que será no manual da qualidade, onde estarão
constando todos os requisitos necessários, e este sendo devidamente cumprido o
Laboratório terá implantado um sistema com base na ISO 17025.
Assim, o objetivo da aplicação da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005, é
definir conceitos e abordar planos e metodologias claras e de fácil entendimento e
aplicação aos operadores, gestores e possíveis auditores, também com o intuito de
enfatizar a organização do ambiente de trabalho e das documentações exigidas,
deixando conciso e claro o Sistema de Gestão da qualidade.
4.2 Gerando Amostras de Controle
Os diversos materiais encontrados nos solos de uma mina durante o
processo de pesquisa e lavra, apesar de serem materiais distintos e de
apresentarem características específicas associadas aos processos de
beneficiamento industrial, têm seu comportamento geoestatístico caracterizado, de
forma completa e abrangente, através de metodologias específicas adotadas para
avaliar seus teores e nomeadas de acordo com estas características, ou seja, em
poucas palavras estes materiais são coletados, preparados, analisados e
comparados estatisticamente e nomeados de acordo com sua tipologia.
Entretanto, observa-se atualmente, diante ao crescente desafio tecnológico
dos novos projetos e dos riscos envolvidos nos projetos atuais, a necessidade de
uma abordagem mais criteriosa e detalhada, nestas amostras, levando em conta as
peculiaridades e seu comportamento mineralógico que podem comprometer algo
durante o planejamento de lavra.
Nesse contexto, a caracterização tecnológica dos fosfatos, durante o
processo de gerar as amostras de controle, consistiu-se em uma ampla campanha
investigativa das características dos diversos materiais que são encontrados em
determinada área da mina.
Logo após este trabalho investigativo, alguns materiais específicos e
distintos, são selecionados definidos e monitorados para que o planejamento seja
bem sucedido.
42
Em uma mina de fosfato, os materiais, e seus teores químicos são
selecionados por sua tipologia, e alguns são definidos para se tornarem matriz das
amostras de controle, como podemos exemplificar na tabela abaixo:
Tabela 1: Tabela Descritiva por Tipologia de Minério
TIPOLOGIA MgO SiO2 CaO / P2O5
P2O5 AP (CaO/1,356)
Estéril < 6%
Oxidado Alto < 5 < 1 < 1,4 > 6%
Oxidado Baixo < 5 > 10 < 1,4 > 6%
Cimentado P2O5 > 18%
Sílico - Carbonatado > 5 > 1,4 > 6%
Fonte: Elaborado pela Autora (2009)
Logo que as amostras são definidas e selecionadas, estas são etiquetadas
corretamente de acordo com as normas internas de controle de qualidade e
enviadas aos laboratórios escolhidos como parceiros com outra nomenclatura
aleatória e distinta, para serem analisadas, juntamente com uma folha de verificação
que também esteja dentro das normas internas de controle de qualidade. Esta nova
nomenclatura se dá para que as amostras não corram o riso de suas características
serem manipuladas, e assim já são tratadas como amostras de controle.
Desta forma os laboratórios parceiros irão analisar as amostras dos
materiais escolhidos e enviar estas análises para o laboratório de caracterização e
assim montar uma tabela com os valores padrões. A tabela 2 abaixo exemplifica as
análises de matérias com características consideradas como estéril, conforme já
descrito na tabela 1, para logo assumir um controle Interlaboratorial.
Tabela 2: Tabulação de Análises de Minério Estéril
LABORATÓRIO Nome P2O5 CaO Fe2O3 SiO2 Al2O3 MgO TiO2 CaO/P2O5 P2O5 ap
(CaO/1,356)
Laboratório Interno
BTR 01 7,60 1,11 30,92 23,63 2,18 0,26 3,25 0,15 0,82
Laboratório Parceiro 1
BTR 01 7,87 1,20 29,90 23,50 2,10 0,29 2,90 0,15 0,88
Laboratório Parceiro 2
BTR 01 7,58 1,54 26,40 22,30 2,36 0,23 3,20 0,20 1,14
Laboratório Parceiro 3
BTR 01 7,62 1,32 28,56 24,10 2,13 0,27 2,99 0,17 0,97
Média 7,67 1,29 28,94 23,38 2,19 0,26 3,08 0,17 0,95
Desvio 0,14 0,19 1,95 0,77 0,12 0,03 0,17 0,03 0,14
Desvio (%) 2% 14% 7% 3% 5% 10% 5% 15% 14%
Fonte: Elaborado pela Autora (2009)
43
Depois de tabuladas todas as análises dos laboratórios parceiros, e
estabelecidos a média dos resultados dos respectivos teores como padrão, os
materiais serão repreparados e separadas alíquotas para envio diário ao laboratório
interno para o monitoramento do processo de ensaio.
O processo de repreparação dos materiais será o mesmo realizado em
ensaios normais estabelecidos pelo laboratório de caracterização.
Estas alíquotas é que serão consideradas como amostras de controle, e
assim que as mesmas forem analisadas serão novamente tabuladas verificando se
existem desvios nos teores, se as mesmas estão mostrando alguma alteração ou
tendência não esperada.
4.3 Procedimento Interno do Controle Interlaboratorial
O Procedimento Interno do controle Interlaboratorial, consiste em analisar
diariamente os resultados analíticos já conhecidos e estabelecidos como padrão,
para avaliar a precisão dos ensaios de caracterização mineralógica.
É através do Controle Interno que o funcionamento e a eficiência dos
procedimentos operacionais podem ser avaliados e verificados sua confiabilidade,
os resultados válidos contribuem eficazmente para diagnosticar qualquer anomalia
dentro do processo. Este procedimento é feito através das amostras de controle.
Estas amostras têm a finalidade de garantir a precisão e verificar a calibração dos
sistemas envolvidos e indicam o momento de se promover ações corretivas se
necessário.
Todos os procedimentos envolvidos nos ensaios de caracterização
mineralógica devem ser documentados de acordo com o sistema de qualidade e
estes devem estar sempre disponíveis para todos os operados e demais envolvidos
dentro do laboratório.
Um laboratório que possui um bom e bem definido Sistema de Gestão da
qualidade e com competência técnica reconhecida, contribui dentro da organização
com todos os seus procedimentos e documentos, assegurando que o Controle
Interlaboratorial enquadre todas as etapas do processo, sempre agindo dentro dos
requisitos exigidos pela norma NBR ISSO/IEC 17025.
44
Vale ressaltar que a garantia da qualidade tem a responsabilidade de
implantar, controlar, avaliar e tomar decisões para eliminar qualquer causa que
possa originar as não conformidades, e o controle Interno necessita de elementos
para reconhecer estas não conformidades analisando e promovendo as ações
corretivas e/ou preventivas.
A conformidade dos resultados analíticos pode ser monitorada através dos
resultados analisados e comparados com os ensaios das amostras analisadas pelos
Laboratórios escolhidos como Parceiros. Dentro dos programas de Comparações
Interlaboratoriais existem várias ferramentas de controle onde todas são baseadas
na estatística, como a elipse de confiança e os gráficos de controle.
De uma forma geral, qualquer que seja a ferramenta escolhida para
monitorar os resultados dentro dos os vários sistemas de controle para variáveis
analíticas para implantar e desenvolver o Controle Interlaboratorial, é necessário
verificar se atendem as expectativas do respectivo laboratório e algumas variáveis
devem ser levadas em consideração como:
Ser capaz de fornecer as devidas informações sobre a precisão e
exatidão dos resultados;
Possuir uma sensibilidade suficiente para detectar variações nas diversas
fases dos ensaios;
Ser de fácil de manter e interpretar as análises;
Ser capaz de revelar qualquer possível erro ou variação que possa
ocorrer; e
Avaliar o desempenho de métodos, equipamentos e operadores
envolvidos no processo.
O procedimento interno do controle Interlaboratorial visa uma avaliação
diária, semanal e mensal para garantir que qualquer desvio ou variação seja
detectado o mais rápido possível garantindo a qualidade das informações geradas.
A avaliação diária se consiste em lançar no controle, como gráficos, e
examinar diariamente os resultados obtidos dos ensaios das amostras detectando
se os mesmos estão dentro ou fora de controle. Sendo assim quando estes
estiverem dentro do controle, o resultado é liberado aos responsáveis do próximo
processo, e quando estiverem fora do controle deve-se inspecionar e descobrir a
causa do problema, se necessário repetir os ensaios.
45
A avaliação semanal visa controlar e examinar se está ocorrendo tendências
aleatórias, desvios não esperados ou perda de exatidão.
A tendência acontece quando alguns resultados mostram um valor
consecutivo, aumentado ou diminuído, continuamente, e alguns fatores podem
causar tendência como procedimentos alterados e aparelhos com defeitos.
Podemos chamar de desvios quando os resultados obtidos e lançados no gráfico de
controle mostram que os mesmos estão se enquadrando de um lado da média e
gerando entre si pequenas variações, a variação na concentração da amostra
analisada e qualquer mudança na sensibilidade dos equipamentos podem gerar
desvios.
A perda da exatidão é verificada quando os pontos referentes aos resultados
estão próximos dos limites inferiores ou superiores de controle, vários fatores podem
interferir neste caso dentre estes podemos citar temperatura diferente da usual ou
que está dentro dos procedimentos, falta de homogeneização das amostras de
controle, mudanças na curva analítica.
A avaliação mensal é feita através de novos cálculos para verificação das
médias, desvio padrão e coeficiente de variação, comparando os novos resultados
com os valores anteriores, caso aconteça uma significativa variação é necessário
verificar todos os ativos pertencentes ao processo.
4.4 Procedimento Externo do Controle Interlaboratorial
O Procedimento externo nada mais é que a participação em Programas
externos de Comparação Interlaboratorial. Este Programa externo de Comparação
Interlaboratorial, se consiste em um grupo de laboratórios específicos de suas
respectivas áreas que realizam medições e/ou análises de uma ou mais
propriedades, independentemente, em amostras de um determinado material. Estas
análises são comparadas e inter-relacionadas entre si.
Primeiramente, para participar deste programa externo de comparação
Interlaboratorial o laboratório deve ser acreditado por um órgão certificador, como já
foi abordado nos capítulos anteriores.
No Brasil, o organismo certificador de laboratórios é o INMETRO – Instituto
Nacional de Metrologia. O INMETRO é uma autarquia federal, vinculada ao
ministério de desenvolvimento, Indústria e comércio Exterior, que atua como
46
secretaria Executiva do conselho nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Conmetro), colegiado interministerial, que é o órgão normativo do sistema
nacional de metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro). O
laboratório só conseguirá esta certificação depois de implementar as normas de
controle e Gestão da Qualidade NBR ISO 9001:2000 para sustentar e garantir a
qualidade de suas atividades.
Como a demanda por resultados de medições está cada vez mais crescente,
e com as atualizações contínuas de novas tecnologias, ainda é comum, nos dias de
hoje, que alguns acreditem ser um laboratório infalível e que os resultados de suas
medições estão sempre corretos. Na realidade esta afirmação é incorreta, qualquer
laboratório seja ele em qualquer área, pode sofrer com alterações inesperadas,
inclusive com seus operadores.
Estes programas podem determinar o desempenho individual de cada
laboratório participante em seus respectivos ensaios, monitorando a qualidade
destes continuamente, propiciando auxílio aos laboratórios na solução de
problemas, identificando diferenças Interlaboratoriais e fornecer uma confiança
adicional aos clientes diretos ou indiretos dos laboratórios. De acordo com Oliveri
(2004), o objetivo básico de Programas Interlaboratoriais não é detectar diferenças
estatisticamente significativas entre resultados de laboratórios, mas sim, encontrar a
intercambiabilidade prática dos resultados obtidos por diferentes laboratórios.
A grande maioria das medições, principalmente na área de química, está
sendo realizada, atualmente, utilizando-se instrumentos complexos e por meio de
processos metrológicos sofisticados. No entanto, medições feitas por diferentes
analistas e/ou diferentes laboratórios, freqüentemente necessitam ser inter-
relacionadas para serem utilizadas em um processo de decisão e para tal,
Programas Interlaboratoriais regionais, nacionais ou mesmo internacionais devem
ser estabelecidos.
Todos esses desenvolvimentos envolvem rígidos requisitos para a
compatibilidade e confiabilidade de resultados. E por isso que o entendimento da
norma NBR ISO/IEC 17025:2005 que é essencial para os laboratórios que se
interessem em participar destes programas Interlaboratoriais, esta norma é uma das
bases para a implantação deste programa.
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5 AUDITORIA DO CONTROLE INTERLABORATORIAL
Com decorrência do avanço do Controle da Qualidade, foram criados
procedimentos que possam garantir a produção dentro das especificações, dentre
estes podemos citar as auditorias internas e externas.
No controle Interlaboratorial, o objetivo das auditorias, é garantir que todos
os requisitos da qualidade sejam atendidos, promovendo a confiança entre
fornecedor e cliente, promovendo a manutenção da qualidade aumentando a
confiabilidade do laboratório, acompanhando e supervisionando todo o trabalho
desenvolvido, permitindo a resolução contínua de possíveis problemas que
possam surgir durante os ensaios, tendo como foco a melhoria contínua.
É importante salientar que as auditorias foram criadas com o intuito de
melhorar continuamente os processos, através das verificações. Com a
implantação do Controle Interlaboratorial dentro do laboratório de Caracterização,
padrões de qualidade foram criados, e estes devem ser monitorados
rotineiramente por pessoal qualificado e treinado dentro das normas de gestão da
qualidade.
As auditorias não devem ser tratadas com atitudes defensivas pelos
auditados, visto que se ocorrer desta forma as informações podem não fluir
adequadamente prejudicando as interpretações e engessando o processo e
impedindo que o aperfeiçoamento ou correção do processo seja corretamente
avaliado.
Estas verificações sejam elas internas ou externas ocorrem de uma forma
planejada e geralmente não cobre todo o sistema de um a única vez, os auditores
tem a responsabilidade de avaliar apenas alguns elementos essenciais na
implantação da Gestão da Qualidade, verificando se estas estão em
conformidade com os requisitos técnicos das normas regulamentadoras do
Sistema de Gestão da Qualidade.
Vale salientar que as auditorias da Qualidade são uma ferramenta essencial
para uma boa gestão, visto que estas são todas documentadas, são executadas
48
por pessoal qualificado, mas que ao mesmo tempo não possuem
responsabilidades diretas nas áreas auditadas avaliam sempre oportunidades de
melhorias, e o mais importante tudo se baseia em fatos, dados, evidências
objetivas, nunca buscando erros e/ou culpados.
Durante as avaliações tudo que for encontrado de forma inadequada,é
considerado como “não-conformidade”, a Fundação Vanzoline Carlos Alberto
Vanzoline, órgão certificador das normas NBR ISO 9000, vários fatores e atitudes
podem ser encarados como não-conformidade como os motivos descritos abaixo:
Planejamento deficiente;
Não cumprimento de cronogramas de trabalho;
Inexistência ou documentos do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)
incompletos ou obsoletos;
Não cumprimento de documentos do SGQ;
Falha no controle dos processos;
Inconsistências em sistemas de, instalações, ferramentas, utensílios e
equipamentos;
Falta de treinamento;
Recursos inadequados (humanos / materiais);
Quebra da harmonia organizacional;
Outras situações indesejadas.
5.1 Auditoria Interna do Controle Interlaboratorial
Com a implantação de novos sistemas de gestão, como o controle
Interlaboratorial, surge então a necessidade de confirmar se todos os procedimentos
e padrões que foram criados estão sendo seguidos pelos operadores e demais
envolvidos nos processos de ensaio, sendo assim deve ser criada uma metodologia
para a auditoria interna.
A auditoria Interna tem por finalidade desenvolver um plano de ação que
auxilie a organização a alcançar seus objetivos adotando uma abordagem sistêmica
e disciplinada para a avaliação e melhora da eficácia dos processos de
gerenciamento de riscos com o objetivo de adicionar valor e melhorar as operações
e resultados de uma organização (Raupp,1999).
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Desta forma, a auditoria interna confere todas as atividades detalhadas do
laboratório e relacioná-las de maneira intensa com o andamento de cada função,
procedimento e operação, avaliando o que precisa ser melhorado.
Para executar e concluir estas responsabilidades são selecionados os
auditores internos, que na maioria dos casos é formado por funcionários
independentes da área auditada, eles tem como principal função avaliar se todos os
procedimentos estão sendo cumpridos e se estão produzindo dados confiáveis aos
gestores e processos subseqüentes.
Todos os controles internos são auditados, por este grupo de auditores,
verificando se as rotinas e métodos estão em conformidade com os objetivos dos
procedimentos.
A auditoria tem o dever de considerar se a doção da Gestão da Qualidade
nas empresas pode estar associada às etapas de desenvolvimento como as
adequações às especificações e padrões, ao uso de equipamentos e também suas
medições e/ou calibrações, ao custo e às circunstâncias de utilização de quaisquer
outros produtos ou procedimentos inseridos aos ensaios.
Os responsáveis pela auditoria levantam todos os controles e verificam se o
sistema implantado esta sendo seguido na prática, avaliam a possibilidade de o
sistema revelar de imediato os erros ou irregularidades, asseguram que todos os
procedimentos de controle estão sendo executados. Como por exemplo, a
calibração rotineira dos equipamentos, as aferições de temperaturas, as análises
dos ensaios de caracterização realizados e o arquivamento de amostras e
documentos, apurando se tudo esta em conformidade.
Raupp (1999) destaca que a auditoria interna esta focada em verificar a
conformidade de nível estratégico e operacional, a consecução dos objetivos, metas
e planos da empresa, eficiência na obtenção e uso dos recursos financeiros,
materiais e humanos, na qualidade das informações, na organização interna e
procedimentos, na adequação e cumprimentos das normas de gestão dos Sistemas
de Qualidade, e cumprimento de sua respectiva Legislação.
Todos estes requisitos para a auditoria interna, não são apenas para manter
um simples controle no laboratório, mas também para preparar o mesmo para
futuras auditorias externas que podem ocorrer depois da finalização da implantação
do Controle Interlaboratorial.
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5.2 Auditoria Externa do Controle Interlaboratorial
A auditoria externa tem praticamente os mesmos requisitos que a auditoria
interna, a grande diferença é que esta por sua vez é realizada por uma organização
independente. Sua aplicação mais comum tem o propósito de certificar o Sistema de
Gestão da Qualidade, mas esta não elimina a necessidade da auditoria interna,
porque a auditoria interna quando eficiente, possibilita ao auditor externo uma maior
confiabilidade e segurança, evitando duplicidade de trabalho e reduzindo custos de
ambas as partes.
Existem inúmeras empresas que prestam estes serviços, estas empresas
são chamadas de Órgãos Certificadores, como exemplo para estes, podemos citar a
empresa Fundação Carlos Alberto Vanzolini (www.vanzolini.org.br). Estas empresas
formam grupos de auditores com pessoas altamente qualificadas, normalmente são
profissionais Administradores, Engenheiros e Contadores, todos com
especializações na área de qualidade.
Qualquer Laboratório que tenha implantado os Sistemas de Gestão da
Qualidade busca suas respectivas certificações, e é através delas que podem
ganhar credibilidade no mercado e assim conquistar novos clientes.
O Sistema de Controle Interlaboratorial uma vez implementado, deve ser
analisado criticamente pelos responsáveis e pela alta direção para avaliar e
assegurar sua contínua adequação e eficácia em relação a política de qualidade e
seus objetivos. Sendo assim os resultados das auditorias devem ser criticamente
analisados, como o desempenho dos processos através de seus indicadores, a
situação das ações corretivas e principalmente preventivas, e qualquer mudança
que possa afetar os sistemas de gestão.
Todas as análises críticas feitas pelos auditores em sua estadia no
laboratório devem ser registradas em Atas para que se possa acompanhar a
implementação das ações planejadas e as decisões tomadas.
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6 CONCLUSÃO
Os Controles Interlaboratoriais representam ferramentas úteis, subsidiando
tanto os responsáveis e analistas de dados como também todos os envolvidos no
processo de caracterização mineralógica, contribuindo para melhorar a qualidade e
confiabilidade de suas operações e ensaios.
Usando as ferramentas corretas de um bom Sistema de Gestão da
Qualidade especialmente preparadas, é possível proporcionar resultados de
análises e avaliações com aspecto visual de fácil interpretação, auxiliando o
laboratório a identificar seus problemas em métodos de operação e procedimentos
operacionais e ao tomar as ações corretivas necessárias para melhorar a
confiabilidade dos resultados analíticos.
Uma das grandes conseqüências positivas da implantação do Controle
Interlaboratorial, são as discussões em conjunto entre os atuantes diretos e indiretos
dentro do laboratório e os atuantes dos laboratórios parceiros, estas representam
uma grande oportunidade de troca de informações a respeito de técnicas e suas
aplicações, procedimentos e controles, algumas vezes não conhecidos. É possível
diminuir as variabilidades dos resultados, dos métodos e materiais, melhorando a
qualidade das análises e gerando respostas confiáveis aos clientes, principalmente
quando não estão disponíveis outros meios de estabelecer a cadeia de
rastreabilidade da medição desejada.
Com o Controle Interlaboratorial funcionando corretamente, os laboratórios
podem identificar corretamente as fontes de variabilidade e explicar eventuais
discrepâncias que podem ocorrer em seus resultados, quando comparados aos dos
demais laboratórios parceiros. Porém, é preciso salientar a importância da
distribuição de amostras homogêneas aos laboratórios, papel atribuído ao
coordenador ou aos provedores de programas Interlaboratoriais.
Tendo em vista sempre a busca pela melhoria contínua do laboratório,
principalmente para aqueles engajados no atendimento aos requisitos da norma
52
NBR ISO/IEC 17025 – Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de
Ensaio e Calibração, vários laboratórios tem implantado o Controle Interlaboratorial
para averiguação de seus ensaios e garantindo a confiabilidade de informações.
Podemos dizer que o Controle Interlaboratorial fornece um subsídio
necessário ao laboratório que o tem implantado, não apenas as análises ensaios,
mas ele abrange muito além, como a manutenção do estado de calibração de seus
equipamentos, uma vez que nem sempre é possível estipular as datas e estabelecer
a freqüência para que estas operações sejam executadas; indicam possíveis
situações em que o Laboratório deve revisar seus procedimentos; indicam a
necessidade de investir na qualidade do trabalho do pessoal técnico e operacional e,
por fim, facilita o alcance de melhorias comerciais, uma vez que o risco de um
desentendimento com clientes e usuários de serviços, devido a erros em ensaios, é
minimizado.
Desta forma o Laboratório que possui um bom sistema de gestão da
qualidade e um bom corpo técnico e operacional, será muito bem avaliado entre os
concorrentes e ganhará credibilidade e tendo como conseqüência seu espaço no
mercado econômico de mineração.
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7 REFERÊNCIAS
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