hoje macau 13 dez 2011 #2512

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 12 MAX 21 HUMIDADE 40-70% CÂMBIOS EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 13 DE DEZEMBRO DE 2011 ANO XI Nº 2512 PUB Ter para ler Liberdade de expressão ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU DEMOCRÁTICO ACUSA EXECUTIVO DE DOMINAR IMPRENSA • Página 4 PIANISTA APONTA CULPAS ENSINO DE MÚSICA EM MACAU É UMA DESAFINAÇÃO • PÁGINA 11 Casa Dai Lei tinha reaberto em regime ilegal GUERRA DA BIFANA ACABA À BRUTA • Página 6 O escritor mais emblemático da nova geração de talentos portugueses vem ao território como cabeça de cartaz do primeiro Festival Literário do Macau. No bolso, traz livros e muita expectativa. > PÁGINA 10 “Macau é o primeiro grão na Ásia” José Luís Peixoto acredita que a partir da RAEM vai vender na China

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Edição do Hoje Macau de 13 de Dezembro de 2011 • Ano X • N.º 2512

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Page 1: Hoje Macau 13 DEZ 2011 #2512

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 12 MAX 21 HUMIDADE 40-70% • CÂMBIOS EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 13 DE DEZEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2512

PUB

Ter para ler

Liberdade de expressão

ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU DEMOCRÁTICO ACUSA EXECUTIVO

DE DOMINAR IMPRENSA• Página 4

PIANISTA APONTA CULPASENSINO DE MÚSICA EM MACAU É UMA

DESAFINAÇÃO• PÁGINA 11

Casa Dai Leitinha reaberto em regime ilegal

GUERRA DA BIFANAACABA À BRUTA

• Página 6

O escritor mais emblemáticoda nova geração de talentos portugueses vem ao território como cabeça de cartazdo primeiro Festival Literário do Macau. No bolso, traz livros e muita expectativa.> PÁGINA 10

“Macau éo primeirogrão na Ásia”

José Luís Peixoto acredita que a partir da RAEM vai vender na China

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

HENRY Kissinger está no seu habitat no livro “Sobre a China”, que acaba de sair. Além de demonstrar

toda a sua perícia em relações inter-nacionais, o ex-secretário de Estado americano foi o pivot da aproxima-ção entre Washington e Pequim nos anos 70 do século passado. “Sobre a China” dá uma visão privilegiada desse momento excepcional de Kis-singer - mas, antes disso, oferece uma perspectiva histórica necessária para compreender as atitudes chinesas, tendo sempre como contraponto o Ocidente.

“Todo estadista precisa de equi-librar a experiência do passado com as exigências do futuro”, escreve Kissinger. “Em nenhum lugar isso foi mais verdadeiro do que na China que Mao e o Partido Comunista ha-viam acabado de tomar.” O passado chinês, diz Kissinger, é incontornável até para um “colosso” revolucionário como Mao. A China imperial via-se como a única civilização da Terra - os demais povos eram “bárbaros”.

Essa fantasia durou até o século

Henry Kissinger publica livro sobre a China

Um saber de experiência feito

XIX, quando a China se viu confron-tada pelas potências estrangeiras engalfinhadas na corrida colonial. “Séculos de primazia distorceram o sentido de realidade da China”, diz Kissinger ao relatar a guerra com o Império Britânico, que apressou a queda do imperador celestial.

Mas a fragilidade demonstrada pela China não pode ser tomada pelo seu valor de face. Nas suas constantes convulsões internas, milhões de pessoas foram mortas, e mesmo assim, depois de cada uma dessas tragédias, o país recompôs--se, como se isso respeitasse uma lei natural. Mais ainda, a China viveu desde sempre sob ameaça de invasão, porque tinha uma força militar inferior à de vários “bárbaros”, e no entanto conseguiu contornar esse problema por meio de uma engenhosa combinação de diplomacia e de estratégia de lançar os vizinhos uns contra os outros.

A VISITA DE 1972Kissinger mostra que os chineses nunca partem para o tudo ou nada,

ao contrário dos ocidentais. Pre-ferem a flexibilidade estratégica e vantagens parciais. Segundo os ensinamentos de Sun Tzu, autor do famoso livro sobre a “Arte da Guerra” citado por Kissinger, “a suprema excelência está não em vencer as batalhas, mas em derrotar o inimigo sem sequer combater”. A aposta chinesa é minar os oponentes pelo tempo que for necessário - o que, para um país com uma história milenar, não é exactamente um problema. Mesmo Mao manteve a tradição, e a sua política externa, como diz Kissinger, “devia mais a Sun Tzu do que a Lenine”.

É a partir dessa perspectiva que Kissinger, como conselheiro de Segurança Nacional de Richard Nixon, começa a narrar a história na primeira pessoa. Foi ele que orga-nizou a visita do então presidente americano a Pequim em 1972, com o objectivo de enfraquecer a URSS, e constatou que, em oposição ao pedantismo do bloco comunista soviético, a hospitalidade era “um

aspecto da estratégia” chinesa. O sucesso da aproximação foi tal que, segundo Kissinger, os chineses não conseguiram entender por que motivo Nixon, que abriu os EUA à China, foi “destruído” dois anos mais tarde - numa referência a Wa-tergate. Mao atribuiu o episódio a “reaccionários”.

QUEM TEM CULPA DOS INCIDENTES DE TIANANMEN?Com a morte de Mao, em 1976, uma nova China começou a ser construída. O governo de Deng Xiaoping levou ao paradoxo, à mistura de reformismo e tirania, a ponto de deflagrar forças de contestação que só a violência extrema poderia conter. Nesse ponto, Kissinger revela o seu grande apego à razão de Esta-do, porque consegue encontrar justificações para o massacre dos opositores do regime chinês, em 1989, na Praça Tianamen.

Kissinger argumenta que as revoltas “ganharam um impulso próprio à medida que as manifes-

tações escapavam do controlo de seus actores principais”. Ou seja: ele vê equivalência entre lados totalmente desiguais - o que estava armado e o que estava de-sarmado. Em seguida, Kissinger responsabiliza os manifestantes, ao dizer que a “ocupação da praça principal da capital do país, ainda que completamente pacífica, é também uma táctica para demonstrar a impotência do governo”, levando-o a “actos intempestivos”.

Kissinger admite que “não existe discussão sobre o desenlace” da crise, mas volta a relativizar o acontecimento ao qualificar o massacre como simplesmente uma “ríspida supressão do protesto” e ao dizer que a repressão foi “vista na televisão” - quando se sabe que a maior parte dos dissidentes foi morta longe das câmaras, em número jamais revelado.

E A HISTÓRIA, REPETE-SE?A geração de poder chinês pós--Deng, diz Kissinger, está mais para Bismarck do que para Mao, no sentido de que o país, como manda a Realpolitik do chanceler alemão, busca obter segurança para que os solavancos internacionais não o ameacem, tornando-o cada vez mais impermeável às pressões externas. Kissinger termina o livro comparando a China actual justamente à Alemanha do século XIX, um país recém-unificado e em franca expansão que obrigou o resto da Europa, sobretudo o Império Britânico, a alterar seus cálculos políticos. O fenómeno gerou um tipo de equilíbrio de poder baseado em “ameaças que se contrabalançam” - situação que desembocou na I Guerra.

“A história vai-se repetir?”, pergunta Kissinger, substituindo a Alemanha pela China e a Grã--Bretanha pelos EUA. A ascensão chinesa à categoria de super-potência é um facto. Essa força manifesta-se como hegemónica no Pacífico, o que afecta directamente os EUA, e isso pode significar um confronto do tipo “soma zero” - se um lado ganha, o outro necessa-riamente perde, um jogo que fez deflagrar a guerra na Europa. Mas a China, acredita Kissinger, enfren-ta problemas domésticos de tal magnitude, com seus 150 milhões de habitantes abaixo da linha da pobreza, que não se deve lançar tão cedo numa busca pelo domínio mundial. Para além do mais, China e EUA sabem que precisam um do outro, mesmo que a cooperação entre sociedades com “diferentes versões de excepcionalismo” seja “inerentemente complexa”.

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

3www.hojemacau.com.mo

“Jornalismo de investigação”, é um magnífico contributo para uma sociedade melhor, menos suja, menos corrompida, menos passiva - que é diferente de pacífica; já agora, mais harmoniosa. A principal função desse tipo de jornalismo - que requer estudo, preparação específica e coragem, não esquecer! - é denunciar publicamente ilegalidades ou irregularidades, graves tropeções na lei, factos provadamente criminosos. Helder Fernando P.15

COREIA DO SUL PESCADORES CHINESES ATACAM GUARDA COSTEIRAUm guarda costeiro sul-coreano morreu ontem e outro ficou ferido depois de terem sido atacados, com armas brancas, por pescadores chineses interceptados a pescar ilegalmente em águas da Coreia do Sul, informaram as autoridades de Seul. O ataque teve lugar no Mar Amarelo, rico em caranguejos azuis, anchovas e corvinas, mas as circunstâncias continuam por esclarecer. Segundo a guarda costeira da Coreia do Sul, duas embarcações chinesas estiveram envolvidas no ataque e nove pescadores foram detidos. Os guardas feridos foram levados para um hospital da cidade portuária de Incheon, mas um deles não resistiu aos ferimentos, encontrando-se outro ainda internado. Não há, para já, qualquer comentário sobre o incidente, por parte do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.A guarda costeira sul-coreana diz ter interceptado este ano cerca de 430 embarcações chinesas a pescarem ilegalmente nas águas do Mar Amarelo, mais 370 do que no ano passado. As autoridades sul-coreanas normalmente libertam as embarcações depois de ser paga uma multa, mas há, por vezes, registo de casos de violência.

CHINA CONFERÊNCIA DE TRABALHO ECONÓMICO CENTRAL ARRANCA COM PRUDÊNCIAAs autoridades chinesas deram ontem início à Conferência de Trabalho Económico Central, que ocorre anualmente. Na reunião, altos funcionários do governo da China vão elaborar planos económicos para o próximo ano.O gabinete Político do Comité Central do Partido Comunista deu o tom da conferência, ao dizer que o país manterá uma política monetária “prudente” e uma política fiscal “proactiva” em 2012. Na reunião comandada pelo presidente da China Hu Jintao, os líderes do partido também se comprometeram a manter controlo sobre o mercado imobiliário e a “sintonia fina” da política económica.

A Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China (CRMV) revelou ontem o maior caso de

fraude com títulos nas duas últi-mas décadas, depois de ter anun-ciado em Novembro tolerância zero contra tais crimes.

Segundo o diário chinês “Shan-ghai Daily”, “trata-se do maior caso de manipulação do mercado de valores chinês”, avançando que à fraude correspondem “benefícios financeiros ilegais no valor de MOP 537 milhões.

A empresa chinesa Zhong Hen-gxin utilizou 30 analistas de bolsa para difundirem recomendações favoráveis de compra de acções da empresa, através da televisão e outros meios de comunicação so-cial, e assim influenciar o mercado de valores chinês, extremamente sensível a rumores.

Governo chinês revela caso de manipulação financeira em bolsa

Maior fraude dos últimos 20 anosA Zhong Hengxin adquiriu

primeiro as acções a um preço baixo. Após o aparecimento de referências favoráveis nos órgãos de comunicação social, conseguiu vender milhares de lotes de acções a um preço acima do seu valor real.

Para ocultar as operações fi-nanceiras, a empresa operou 148 contas de investimento diferentes abertas, em 44 corretoras, com as quais realizou operações no valor de MOP 72 mil milhões, de acor-do com os dados avançados pela CRMV. Destes, mais de MOP 2.500 milhões serviram para financiar as suas operações e influenciar o valor das acções de 552 empresas.

A CRMV forneceu as pistas deste caso à policia e aos tribunais em Março do ano passado, mas só agora o esquema foi revelado aos media, pouco tempo após o presi-dente da Comissão, Guo Shuquing,

ter declarado “tolerância zero”, para este tipo de fraudes.

“Segundo os últimos aconteci-mentos, a CRMV está decidida es-treitar esforços de controlo” assina-lou Liu Shengjun, sub-director da Escola Internacional de Negócios China-Europa, um projecto entre a China e a Comissão Europeia.

INFLUÊNCIASE CORRUPÇÕESOs analistas coincidem na opinião de que os pontos mais fracos do mercado de valores chinês são a facilidade de utilização de infor-mação privilegiada e o peso exces-sivo da própria CRMV, de quem depende a aprovação de todas as ofertas públicas de valores (OPV) em Xangai e em Shenzhen.

Assim, as empresas que se querem cotar em bolsa, mas que não cumprem com os requisitos

necessários para o fazer, tendem a tentar subornar os burocratas da CRMV, ou a recorrer a contactos políticos ou de gestores de valores em bolsa que possam interceder por elas, de forma a conseguirem a desejada aprovação.

Segundo Liu, reformar o sistema de aprovação das OPV está para além da capacidade pessoal de Guo Shuquing e precisa dum empurrão de alguém que esteja acima dele. “Por enquanto, combater os abusos de informação privilegiada e outras ir-regularidades é tudo o que Guo pode fazer para promover a transparência, a limpeza e a justiça”, acrescentou o responsável da CEIBS, a mais pres-tigiada escola de negócios da China e uma referencia na região.

A CRMV investigou este ano 82 casos de irregularidades na bolsa tendo aplicado multas no valor de MOP 422

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

HOJE

MAC

AU

Como se controlam os média

Virginia [email protected]

MACAU, com o seu estatuto de Região Administrativa Espe-cial, gaba-se de gozar

de uma situação de liberdade de imprensa rara num território que pertence à China. A Asso-ciação Novo Macau Democrático (ANMD) acha que não é assim e anunciou ontem o seu “Relatório Direitos Humanos em Macau 2010-2011”, cobrindo áreas como liberdade de expressão e protecção de propriedade. A auto-censura nos média e a ingerência do Go-verno na informação noticiosa são realidades bem visíveis, conside-ram os pró-democratas.

O Governo está a exercer con-trolo sobre a informação noticiosa no audiovisual, acusou Jason Chao, presidente da ANMD, na conferência de imprensa de apre-sentação do relatório. Noutros lugares como Hong Kong e Taiwan, é difícil definir auto-censura dos média, uma vez que determinados meios de comunicação podem ser comprados por detentores de de-terminados pontos de vista e não demonstrarem influência política ou económica no seu tratamento noticioso da actualidade. Em Macau, no entanto, “é muito claro que houve censura e temos essa reacção de defensores dos direitos humanos”, afirmou Chao. “Além disso, destacamos violações de direitos humanos nas práticas do Governo e na sua falta de sentido do dever. Essas duas coisas têm contribuído para violações dos direitos humanos.”

NO QUARTO COM O PODERDa consulta pública da semana passada, a respeito da lei de imprensa, a ANMD destaca que o foco desta revisão legislativa tem estado na introdução de conselhos de imprensa e de au-diovisual. “O propósito desses conselhos parece ser a penaliza-ção dos média. Noutros lugares, a competição muitas vezes leva os meios de comunicação a ‘cruzar a linha’ para obterem melhores audiências, mas esse não é o caso em Macau. Os meios de comu-nicação chineses têm sido alvo de todo o tipo de influências e manipulações do Governo.”

Associação Novo Macau Democrático acusa Governo de controlar informação

Um território de censura e auto-censura

A ANMD enumerou no seu relatório uma série de factos que, no seu entender, resumem e ajudama perceber a situação actual da liberdade de expressão no território.

Jason Chao deixa ainda mais clara a posição dos pró-democratas em relação a essa revisão legis-lativa: as leis de imprensa e de radiodifusão devem centrar-se em como proteger mais eficazmente a liberdade de expressão. E dá um exemplo. “A TDM, enquan-

to emissora pública, que gasta dinheiro público, devia produzir notícias de interesse público e ter mais responsabilidade social para realmente justificar as notícias. A TDM deveria assumir-se como parte do chamado ‘Quarto Poder’ para fiscalizar a acção do Governo”.

Actualmente, diz, o que acontece parece ser justamente o contrário: é o Governo quem condiciona a acção da emissora de acordo com os seus próprios interesses.

Segundo o relatório, outras das práticas menos inocentes do Governo para obter boa publici-

PAPEL DA EMISSORA PÚBLICA

• A TDM é financiada por dinheiro público e deveria estar dedicada a servir os interesses do público de Macau. No entanto, o director executivo da TDM é indigitado pelo Chefe do Executivo da RAEM. O actual director trabalhava antes para o Gabinete de Comunicação Social (GCS).

COMBATE A JORNALISTAS “FORA DE CONTROLO”

• Missões manipuladas. Destacamento de jornalistas “incómodos” para ocasiões em que podem estar presentes responsáveis da administração é evitado de forma deliberada.

• Promoções adiadas e menos oportunidades. Jor-

nalistas demasiado críticos são privados de oportu-nidades iguais para promoção ou viagens a trabalho às atribuídas aos colegas mais “colaborantes”.

• Interiorização da auto-censura. Jornalistas críti-cos sentem-se frustrados por verem o seu trabalho sempre radicalmente “editado”.

• Abuso de processos disciplinares. Jornalistas críticos são alvo de procedimentos disciplinares por faltas menores.

• Ameaças de morte. A 22 de Junho de 2011, o editor de informação da TDM Chou Weng In recebeu duas cartas ameaçadoras, em que era aconselhado a não continuar a revelar factos sobre a situação interna da emissora.

dade nos média são o convite de editores para eventos de charme; a preparação de histórias para os jornalistas com a exigência de que estes não escrevam as suas próprias versões dos factos; o fornecimento de informação a jornalistas “de maior confiança”; os responsáveis de comunicação do Governo telefo-narem para transmitir ao director de informação o seu desagrado com determinada reportagem (conseguindo, no audiovisual, que a peça no noticiário da noite seja transmitida numa versão mais conveniente do que a emitida no noticiário anterior); entre outras formas de pressão praticadas pelo Executivo sobre os média.

ACÇÕES DIRECTASA ANMD acusou ainda o Gover-no de tentar controlar a liberdade de expressão de outras formas mais directas, como através do abuso de poder da polícia sobre manifestantes, com a detenção provisória de suspeitos com o intuito de frustrar acções de protesto, ou criando as “zonas de reportagem”, para confinar os jornalistas a espaços de menor contacto com os manifestantes, com o alegado propósito de “proteger os repórteres”.

Durante a visita a Macau do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, em Novembro de 2010, as forças policiais terão vigiado de per-to os activistas locais e os membros--chave de organizações políticas pró-democratas. Jason Chao deu o exemplo de Hoi Weng Chong, um activista frequente da luta contra os esquemas dos seguros em Macau, que chegou a ser levado à força para o hospital e atado a uma cama como se de um doente mental se tratasse, ali permanecendo até que Wen se despedisse de Macau.

“Destacamos violaçõesde direitos humanosnas práticas do Governoe na sua falta de sentidodo dever”, aponta Jason Chao. “Essas duas coisas têm contribuídopara violaçõesdos direitos humanos”

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

5www.hojemacau.com.mo

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Joana [email protected]

O Regime de Garantia de De-pósitos prevê o reembolso de

um máximo de 500 mil patacas em caso de falência dos bancos, mas o valor contempla todas as contas dos titulares. A questão levanta, por isso, dúvidas aos deputados da 3ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que pedem uma separação entre contas privadas e contas agregadas ao Fundo de Previdência.

O facto de os cidadãos poderem ter contas individuais com 400 mil patacas - automaticamente cobertas pelo reembolso em caso de falência do banco -, mas depois contribuírem para um fundo onde o montante ultrapasse o meio mi-lhão, põe em causa a segurança dos seus depósitos. “Desde que não exceda as 500 mil patacas, o reembolso será feito, mas no caso de ser uma conta colectiva, gerida por várias pessoas, como calcular o montante que se poderá reembol-sar? ”, considerou Cheang Chi Ke-

VASCO FONG NA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ASIÁTICA DE OMBUDSMANO Comissário contra a Corrupção, Vasco Fong, que esteve em Tóquio para participar na 12.ª Conferência e Assembleia Geral da Associação Asiática de Ombudsman (AOA), foi eleito como membro do Conselho de Direcção da associação. Subordinada ao tema “O papel do Ombudsman face às mudanças sociais e económicas e os consequentes desafios”, a conferência contou uma comunicação sobre o tema “O direito à informação no sistema jurídico de Macau”, apresentado pelo comissário. Macau reassumiu o cargo de Vogal do Conselho de Direcção da AOA, depois de votado por mais 70 participantes.

SEPARAÇÃO DE CONTAS INDIVIDUAIS E COLECTIVAS É HIPÓTESE

Limite de reembolso pode acabarong, presidente da comissão. “Isto tem de estar melhor clarificado.”

Segundo os membros da AL, a opção mais viável passa por sepa-rar as contas dos Fundos de Pre-vidência, permitindo, assim, que os titulares possam receber meio milhão de patacas em reembolso por cada conta que tenham aberto.

“Foi avançada a possibilidade de exclusão dos fundos desta pro-posta de lei, já que tem de se ter em conta as consequências que o regime poderá ter nos Fundos de Previdência e o impacto que poderá causar aos seus beneficiários.”

PONTO A ALTERARA proposta de lei do Regime de De-pósitos, aprovada na generalidade o mês passado, estabelece o limite máximo de meio milhão de patacas em reembolsos, mas esse é um dos pontos que poderá desaparecer.

Segundo os membros da 3ª. Co-missão, o articulado ainda carece de correcções no que toca a este assunto, já que permite que um despacho do Chefe do Executivo actualize esse montante “em caso de urgência”.

Além de ainda não estar decidido quais são os casos urgentes – assunto debatido na primeira reunião da Comissão, no início do mês passado -, um despacho alterar uma lei não é algo que agrade aos deputados. “Duvidamos que essa seja a melhor maneira”, diz Cheang Chi Keong. “Isso entra em conflito.”

O representante da Comissão assegura que o texto alternativo foi já remetido para análise do Governo, de forma a evitar qual-quer contradição da lei. A solução pode passar por eliminar o limite da proposta. “Se a proposta de lei não indicasse qualquer número, não havia problema. Ao limitar já

há conflito. Então mais valia não criar um limite e deixar previsto na lei que o montante seria definido pelo Chefe do Executivo.”

ÚLTIMA OPÇÃOSó em último caso será accionado o Regime de Garantia de Depósitos. Esta foi a única decisão tomada ontem, no encontro da 3ª. Comissão Permanente com Alexis Tam, secre-tário para a Economia e Finanças, e a assessoria do Governo. “Este

regime é apenas a última alternativa, só mesmo se nada puder ser feito», relembrou Cheang Chi Keong. «Primeiro, o Governo vai assumir a direcção do banco e só em último caso será accionado o Fundo.”

Os membros da AL mostram--se preocupados com o Fundo de Depósitos, já que, dizem, o sucesso do Regime depende inteiramente dele.

Para já, está estipulada uma contribuição de 150 milhões de patacas do Governo, mais 50 mi-lhões injectados pelos bancos do território, que contribuem com 0,05% do valor total dos seus de-pósitos durante os dez primeiros meses do ano. A dúvida passa pela suficiência do fundo, no caso de todos os bancos necessitarem de reembolsar os clientes.

O objectivo do Regime é evitar a transferência em massa dos de-pósitos para outros locais fora do território. Por agora, a Comissão que está a analisar o diploma na especialidade precisa do texto al-ternativo com as correcções eventu-ais para “prosseguir os trabalhos”.

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6www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

Virginia [email protected]

A casa Dai Lei, que vinha agindo à revelia das au-toridades para

continuar a vender “jiu pa pao” (variação local das bifanas), especialidade que celebrizou o estabele-cimento na velha vila da Taipa, recebeu um duro

O Governo anda às aranhas no que diz respeito à política

habitacional, considera o depu-tado da Assembleia Legislativa (AL) António Ng Kuok Cheong, que apresentou ontem uma in-terpelação escrita sobre o tema. Para ele, o envelhecimento da população parece não estar a ser minimamente considerado nas contas do Executivo.

“O debate em torno dos Transportes e Obras Públicas no Relatório das LAG [Linhas de Acção Governativa] para 2012 revelou que o Governo está a ter muitos problemas com as políticas habitacionais”, afirmou António Ng, na sua interpelação. O Governo, observou, está a obter receitas enormes com a venda de habitação económica, mas no Orçamento não há “nem

sombra” dessas receitas, e o Secretário para os Transportes e Obras Públicas disse que iria estabelecer um fundo de desen-volvimento para a habitação, mas até ver, não há planeamento nem recursos. “Não existe pla-neamento concreto na habitação para responder aos futuros problemas de envelhecimento da população.”

Na sua interpelação, Antó-nio Ng questionou qual era o montante da receita obtida com a venda de habitação económica e por que é que esse valor não estava mencionado no Plano Orçamental. O pró-democrata sugeriu que, se esse dinheiro fosse encaminhado para o tal fundo de desenvolvimento da habitação, iria proporcionar um apoio de longo prazo para a con-

solidação da habitação pública.O deputado aproveitou para

perguntar se o Governo poderia reabrir as candidaturas à habi-tação social no ano de 2012, e se poderia recuperar os terrenos devolutos no Fai Chi Kei, pelos quais ainda só foram pagos depósitos de 10% desde 2008, após leilões.

A ideia de Ng é que esses lo-tes pudessem depois ser usados para construir habitação pública. O deputado questionou ainda se o Governo poderia introdu-zir medidas para fazer face ao envelhecimento da população e proporcionar habitação arren-dada a longo prazo às pessoas, com instalações de apoio em áreas como a saúde, alimentação, zonas de descanso e acesso à comunicação social. - V.L.

POLÍTICA HABITACIONAL DESCURA ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

Casas com anos perdidos

IACM fecha café Dai Lei à força por operar sem a devida licença

Fim da festa da bifanagolpe à sua teimosia: uma equipa do Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM) deslocou-se ao local e acabou com a festa, ontem de manhã. Apesar de proibido e avisado, o café tinha insistido em operar sem licença válida.

Eram cerca de 10h00, quando os funcionários mu-nicipais chegaram ao local e interromperam imediata-

mente a venda de bifanas, vedando a entrada com faixas e afixando a ordem de encerramento. De acordo com o IACM, o titular da licença de operação da loja tinha cancelado essa mesma licença, deixando os actuais operadores a funcionar de forma irregular.

Sob exortação há pelo menos um ano, os operado-res fizeram orelhas moucas

aos avisos do IACM e às acusações de operação ile-gal, continuando a vender as suas afamadas bifanas.

O IACM explicou que a acção de imposição forçada da ordem de encerramento foi um último recurso, dada a teimosia dos responsáveis do Dai Lei. O organismo re-velou que o estabelecimento não se tinha candidatado à licença de operação, como

obriga a lei, dentro do prazo previsto.

OU VAI A BEM OU A MAL“Se o Café Dai Lei continuar a operar de forma ilegal, o IACM vai encerrá-lo, recor-rendo à força se necessário, e de acordo com a lei”, havia prometido Raymond Tam Vai Man, presidente do conselho de administração do IACM, à margem da Marcha do

Milhão. “Se, depois disso, a loja continuar a operar, pode vir a ser acusada do crime de desobediência e ficar sujeita a um processo criminal.”

Nem os 50 anos de história do Café Dai Lei sensibilizaram os responsáveis do IACM. “Se houver ilegalidade, o IACM terá de agir, sem abrir excep-ção a qualquer estabelecimen-to”, avisou Raymond Tam.

Por sua vez, Chan Kin Meng, representante do café, avançou que o caso iria ser transmitido ao advogado da empresa para acompanha-mento e comprometeu-se a dar uma conferência de imprensa posteriormente para explicar a situação.

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

7www.hojemacau.com.mo

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ANÚNCIO [N.º 96/2011]

Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares seleccionados da lista de espera de habitação económica abaixos mencionados:

N.º do boletim de candidatura Nome N.º do boletim de

candidatura Nome

34569 CHAN ON KEI 27591 HOI KIN MAN3046 MAK KIT SENG 35302 NG PEK IOK8461 LEONG KUONG HON 15977 CHE KUN WA29638 MAUNG KYIN MAIN 64973 LEONG UT HONG2912 FUNG KENG LONG 65302 LAO IEK SANG

65141PAULO NORONHA

ASSUNCAO LAU ALIAS LAU KAM CHIU

56488 CHU SOI PENG

31084 CHEONG KAM WA 12428 LO IOK I64901 LEONG SON HENG 33874 SI KIN HONG9184 NG KAM FAI 1929 HONG SUT CHENG

61724 LEI WA FU 14847 WONG CHON CHONG

15839 LOK IM LENG 31387 CHOI CHIO TAT66057 IEONG MAN CHEONG 3921 WONG KAM SIM1553 TAM WAI HONG 54310 LIO ON54313 CHEONG LAI IN 58013 LEONG YEU MING67053 CHEONG TONG LEONG 58485 CHOI KEI CHIN51713 HA HOI LIN 58185 CHEANG SUT IENG53572 LEONG VAI KEI 72353 UNG SOK I

De acordo com os termos do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, o Instituto de Habitação (IH) informa os representantes dos agregados familiares acima referidos, através de ofícios, para se dirigirem pessoalmente ao IH, sita na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau (perto da Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte), no dia 27 de Dezembro de 2011, às horas fixadas nos respectivos ofícios, para escolha das fracções de habitação económica disponíveis de T3 na zona de Macau.

Nessa altura, os agregados familiares da lista de espera acima referidos devem apresentar os documentos comprovativos (originais e cópias) abaixo mencionados, para efectuar a nova verificação dos requisitos da candidatura da aquisição de habitação económica. Caso as respectivas informações afectem os actuais requisitos da aquisição de fracção ou existirem mudança da composição dos agregados familiares acima referidos, este Instituto irá suspender, imediatamente, o procedimento da escolha de habitação económica:

1. Documentos de identificação de todos os elementos do agregado familiar e os seus cônjuges (caso houver) registados no boletim de candidatura de habitação económica.

2. Prova de casamento (aplicável aos indivíduos casados. Caso tenha entregue ao IH, nos últimos três meses, não é necessário a entregar de novo.)

3. Boletim de candidatura dos dados dos agregados familiares de habitação económica devidamente preenchidos e assinados.

De acordo com os termos do n.º 2 do artigo 13.º do decreto-lei acima referido, com as alterações introduzidas pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002, caso os agregados familiares da lista de espera acima referidos não tenham comparecido no IH, no dia e horas fixados, e apresentado os documentos acima referidos, para escolha de habitação ou não pretendam adquirir nenhuma das fracções de habitação económica disponíveis no momento podem optar entre, por motivo não justificado, implica a perda do direito de escolha e passagem automática para o último lugar da lista geral; ou após a apreciação dos dados apresentados, verifique que não reunirem com os requisitos da candidatura, os agregados familiares seleccionados serão excluídos na lista geral.

No intuito de proporcionar os agregados familiares seleccionados para terem mais conhecimentos sobre as informações das fracções de habitação económica disponíveis, o IH juntamente os ofícios enviará em anexo o catálogo com descrições das fracções para venda, tabela dos preços, rácio bonificado, pontos de observação, informações sobre a fracção de modelo. Caso os agregados familiares seleccionados não tenham recebidos os ofícios remetidos pelo IH, até sete dias antes da data fixada, poderão dirigir-se ao IH sito na Travessa Norte do Patane n.º 102, Ilha Verde, Macau) ou consultar através do telefone n.º 2859 4875, durante o horário de expediente.

O Presidente,

Tam Kuong Man

7 de Dezembro de 2011

O Conselho de Consumidores lançou uma aplicação móvel gratuita para iPhone

chamada ‘‘Posto das Informações de Preços dos Produtos à Venda nos Supermercados’’. Serve para que os consumidores possam consultar com facilidade os dados de preços publicados pelo Conselho e fazer comparações de preços ao irem às compras.

Tendo em conta a popularização do hábito de uso de produtos electrónicos, o Conselho de Consumidores diz-se empenhado em explorar mais canais para a publicação de preços de produtos, começando por lançar esta app de iPhone, em que se encontram os preços de venda a retalho de aproximadamente 300 produtos, encontrados em mais de 10 supermercados de Macau.

Recorrendo às funções de pesquisa ‘‘Consul-ta Rápida de Preços’’, ‘‘O Mais Barato em Toda a Cidade’’ e ‘‘Cesto de Compras’’, os consumido-res podem conhecer melhor os referidos preços em diversos supermercados, fazer comparação dos mesmos e comprar produtos a um preço mais económico. Os dados disponíveis na apps serão actualizados todos os meses.

A app do ‘‘Posto das Informações de Preços dos Produtos à Venda nos Supermercados’’ existe em versões chinesa, inglesa e portuguesa.

Virginia [email protected]

O Ministério Público (MP) concluiu as investiga-

ções preliminares do caso ocorrido na semana passada, em que um septuagenário, ex-agente da polícia, dispa-rou a sua arma depois de se ter desentendido com um turista africano. Do inciden-te não resultaram feridos, e o suspeito foi apenas subme-tido a identificação.

O caso em questão en-volveu um reformado de

OBRAS NA RUA DE LEI POU CH’ÔN ARRANCAM HOJEComeçam hoje, às 11h00, as obras de prolongamento da rua de Lei Pou Ch’ôn. Esta via localiza-se no cruzamento formado entre a avenida do Comendador Ho Yin e a estrada do Canal dos Patos (em frente da Sociedade do Mercado Abastecedor de Macau Nam Yue, Limitada).

CONSUMIDORES GANHAM APP PARA COMPRAR MAIS BARATO

Os melhores preçossabem-se no telemóvel

AGENTE REFORMADO QUE DISPAROU CONTRA UM AFRICANO

Ministério Público pronuncia-se

72 anos, antigo agente da polícia, de apelido Lao; a sua namorada, cidadã filipina em situação de excesso de permanência no território; e o ex-namorado dela, um senegalês ainda dentro do prazo de permanência.

Lao passeava com a namo-rada no dia 5 de Dezembro, quando se cruzaram com Massamba, o senegalês, de 36 anos, na Rua de Xangai. De-sentendimentos relacionados com as suas vidas pessoais acabaram por levar os dois homens a envolverem-se

numa escaramuça, que aca-bou com Lao a disparar a sua arma, e com a consequente intervenção da polícia.

O procurador encarre-gado do caso analisou as provas e concluiu haver fortes indícios de que o suspeito cometeu graves danos à integridade física de outrem e intimidação. Para já, o suspeito apenas teve recolhida a informa-ção sobre a sua identidade e residência, tendo o caso regressado à polícia para mais investigações.

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

8www.hojemacau.com.mo vida

Sabiaque...

Num lar existem, hoje, mais químicos do que existiam num laboratório há cem anos?

Maria João [email protected]

QUANDO na sema-na passada dezenas de aviões foram im-pedidos de sair de Pequim devido ao

nevoeiro, a contagem das par-tículas no ar pela embaixada dos Estados Unidos mostrava um nível de alerta, com valores superiores a 450, uma soma que “prejudicial a toda a gente”. A capital estava envolta num misto de nevoeiro e poluição que tornava esbatido o topo dos edifícios de vinte andares.

No início desta semana a situação repetiu-se, com notícias de uma nuvem tóxica sobre o céu da capital, embora o alerta chinês continue a não se ouvir.

DUAS MEDIDASA diferença da medição das partículas prejudiciais à saúde leva a uma dis-crepância de muitos dias entre o céu azul contado por Pequim ou pela embaixada norte-americana, que rece-be milhares de visitantes todos os dias na página twitter, onde a qualidade do ar é avaliada à hora.

CLIMA | ACORDO HISTÓRICO ALCANÇADO EM DURBAN COM CHINA A RESISTIR

Um acordo que não é um acordoA presidente da conferência cli-

mática de Durban (COP17), a ministra sul-africana Maité Nkoana--Mashabane, anunciou que os 195 países chegaram a acordo sobre um programa para definir um novo rumo para combater as alterações climáticas nas próximas décadas.

O plenário informal da 17ª Confe-rência das Partes da Convenção das Nações Unidas Contra as Alterações Climáticas (UNFCCC), reunido desde a 01h00 hora local (15h00 de sábado em Macau), chegou a acordo para iniciar as negociações de um novo acordo que coloque os países sob o mesmo regime legal e reforce o seu compromisso para controlar a emissão dos gases de estufa. O compromisso deverá entrar em vigor o mais tardar até 2020.

O acordo foi alcançado após a re-sistência da Índia e China, e de longas horas de negociação, que levaram a apelos da União Europeia, Estados Unidos e Brasil e da própria Maité Nkoana-Mashabane, de “não fazer de Durban uma oportunidade perdida”.

A ministra portuguesa do Ambien-te considerou ontem que a cimeira de Durban foi um passo em frente para conter as alterações climáticas, ao acei-tar um acordo abrangente, incluindo países poluidores que até agora tinham rejeitado compromissos.

“Foi um passo em frente, um passo de que muitos duvidavam, um passo num caminho que será com certeza um caminho de intensas negociações até se chegar ao instrumento de 2015, mas eu diria que nós hoje estamos muito mais

Onde EUA apontam poluição, a China vê nevoeiro

O que esconde PequimOs resultados diferentes

entre o Gabinete de Protecção Ambiental de Pequim e a embaixada norte-americana passam pela metodologia. Do lado chinês, nos últimos dois anos, em 80% dos dias o tempo esteve bom. Do lado americano, para o mesmo período, em 80% dos dias... a qualidade do ar esteve perigosa.

As queixas da população que do twitter norte-america-no fazem os dados circularem para microblogues do Sina weibo, têm-se multiplicado.

Stephen Andrews é con-sultor ambiental e há mais de dois anos que se dedica a avaliar a qualidade do ar na capital chinesa. Num es-tudo publicado esta semana sobre 2010 e 2011, há poucas dúvidas. A medição das partículas pelo governo de Pequim começa em níveis que são três vezes mais al-tos que o aconselhado pela Organização Mundial de Saúde. A concentração do ar prejudicial diz respeito às partículas finas, poeiras no ar que são inaladas fa-cilmente. Uma questão de milímetros de diâmetro leva à discrepância. E a agência chinesa faz apenas uma aná-lise por dia e não divulga, por outro lado, a concentra-ção de ozono no ar.

Com definições como “boa” ou “excelente”, a qualidade do ar para agên-cia de Pequim melhorou

mais de 70% em dez anos. O deslocar de fábricas al-tamente poluentes teve, de facto, influência nos dias de céu azul. Só que os valores chineses continuam a ser exagerados para os padrões internacionais.

A concentração das par-tículas finas pela embaixada americana é analisada à hora, o que, segundo Stephen Andrews, também origina resultados errados. A defi-

nição de ar “muito perigoso” que é comum em muitos finais de dia aparece como resultado da soma das horas anteriores. Para o consultor ambiental, nos dez primeiros meses deste ano, em 57 dias houve pelo menos uma hora em que o twitter definia o ar como “muito perigoso”. No entanto, em apenas 17 dias Stephen Andrews encontrou valores que, na média das 24 horas do dia, davam o mesmo resultado.

O TAMANHO IMPORTASituada no centro da capital, a embaixada norte-americana faz uma medição sobre o ar dentro da cidade, enquanto que a agência nacional, mede as partículas longe do centro da cidade onde circulam mi-lhões de automóveis.

Pequim já disse que não devem ser as representações estrangeiras a averiguar a

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9www.hojemacau.com.mo

Clickecológico

UM PUZZLE PELA AMAZÓNIA• O embaixador do Brasil no México, Marcos Raposo, termina um puzzle feito pelos activistas da Greenpeace às portas da sua embaixada na Cidade do México. Um grupo de activistas protestou ontem contra a devastação da floresta da Amazónia, pedindo a ajuda da Presidente brasileira Dilma Rousseff.

Foto: Carlos Jasso/Reuters

HOMEM MODERNO AJUDOU À EXTINÇÃO DE MAMÍFEROS DO GELOAlterações climáticas e actividades humanas conjugaram-se para o desaparecimento de várias espécies. Mamutes, rinocerontes-lanudos e cavalos selvagens extinguiram-se com o fim da última era glaciar, há menos de 12 mil anos. A sua dimensão e imponência tornou-os ícones de uma era em que a Europa estava sob gelo, e o desaparecimento abrupto ajudou a reforçar a sua imagem no imaginário colectivo. Um mega-estudo publicado na Nature, que pela primeira incluiu dados arqueológicos, genéticos e climáticos e que estudou o destino de alguns desses grandes mamíferos, apresenta agora uma nova resposta para o problema: o clima e os seres humanos em conjunto levaram algumas dessas espécies à extinção. O caso do mamute permanece, no entanto, um mistério.

CLIMA | ACORDO HISTÓRICO ALCANÇADO EM DURBAN COM CHINA A RESISTIR

Um acordo que não é um acordooptimistas e muito mais bem posicio-nados para conseguirmos os nossos objectivos de mantermos a subida de temperatura abaixo dos dois graus”, afirmou Assunção Cristas, à chegada a Portugal, citada pelo Público.

“Era preciso que ficasse definido com clareza, do ponto de vista do tempo, como é que se ia processar, e saímos de Durban com a plataforma a dizer-nos que vamos começar a trabalhar para em 2015 já termos um instrumento abrangente e depois, a partir daí, vermos até quando e em que moldes vai entrar em vigor.”

QUERCUS DESILUDIDAA ministra do Ambiente destacou o pa-pel “da liderança” da União Europeia (UE), que “conseguiu agregar junto

a si” os países menos desenvolvidos num bloco que juntou mais de 120 países, o que “deu força à Europa para conseguir a viragem de países como os EUA, a China e a Índia”, que não rectificaram o protocolo de Quioto.

A Quercus considera que o “Paco-te de Durban”, acordado na 17ª Con-ferência das Partes da Convenção das Nações Unidas Contra as Alterações Climáticas, tem “falta de ambição” e “é para demasiado tarde”.

Para a Quercus, “Durban deu um passo em frente para um tratado glo-bal, mas continuamos num caminho para um aumento de temperatura de 4ºC em relação à era pré-industrial e, portanto, acima de um aumento de 2 ºC que constituem o limite acima do qual as alterações climáticas serão catastróficas”. Ao acusar o “Pacote de Durban” de “falta de ambição”, a Quercus apontou que “as conversa-ções nas Nações Unidas sobre o clima apenas são fortes se as políticas foram igualmente fortes”.

qualidade do ar. Consciente das críticas por parte da po-pulação, o governo central anunciou um novo método de medição das partículas, no qual vão ser incluídas as mais finas. Mas a data para tal mudança é o ano 2016.

Por agora, Pequim dis-põe de dados que contam as partículas finas de valor 2.5 embora não os torne públi-cos. Consideradas particu-larmente perigosas, são as mais pequenas que fazem a diferença no ar que se respira.

Do lado americano, a informação disponibilizada é destinada aos cidadãos nacionais. A embaixada não assume a responsabilidade de guardiã da qualidade do ar, dizendo que os valores não são representativos de toda a cidade. A isto, junta-se o facto do medidor estar colocado numa zona de embaixadas onde a qualidade do ar terá tendência a ser melhor que no resto da cidade. Pequim des-carta o carácter científico de tal medição feita à hora. Mas a seguir via twitter ou Sina weibo, é a análise americana que mais se multiplica com os dados sobre as partículas finas na capital chinesa.

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10www.hojemacau.com.mo CULTURA

Gonçalo Lobo [email protected]

O escritor português José Luís Peixoto é um dos autores convidados para a primeira edição do

Festival Literário de Macau “Rota das Letras”, de 29 de Janeiro a 4 de Fevereiro. Espera trazer consigo, além da sua literatura, um pouco mais. “Dentro dos meus livros irá também um pouco de Portugal.”

Organizado pela Sociedade de Artes e Letras (SALT) e pelo jornal de língua portuguesa Ponto Final, o evento decorrerá quase sempre no Instituto Politécnico de Macau (IPM). Pretende juntar escritores chineses e de língua portuguesa, assim como artistas e cineastas que irão debater as suas obras, explorando diferenças e pontos em comum nas esferas criativas dos mundos lusófono e chinês.

Para Peixoto tudo isto é muito importante. “Macau é um ponto cultural na China e é um local que me vai permitir conhecer ainda me-lhor a cultura chinesa que, cada vez mais, está de uma forma crescente no plano mundial.”

Além de José Luís Peixoto, es-tarão presentes José Rodrigues dos Santos, Alice Vieira, os chineses Su Tong e Jade Chen, os brasileiros Luís Fernando Veríssimo e Tatiana Salem, entre outros autores. Fala-se, apesar de não confirmado pela organização, da possibilidade de virem a Macau Pilar del Rio, em representação da obra de José Saramago, Mia Couto

José Luís Peixoto com expectativa alta no Festival Literário de Macau

“Dentro dos livros vai Portugal”A rota está escolhida: letras. Macau terá, no início de 2012, o seu primeiro festival literário. A organização confirma nomes importantes como José Rodrigues dos Santos, Alice Vieira, Luís Fernando Veríssimo, Su Tong e José Luís Peixoto, com quem o Hoje Macau conversou.

RODRIGUES DOS SANTOS DE MACAUO pivot do Telejornal da RTP1, José Rodrigues dos Santos, começou a sua carreira de jornalista em Macau. Depois de participar na elaboração de um jornal escolar, que despertou o interesse dos responsáveis da rádio local, acabou entrevistado por uma jornalista que acabara de chegar a Macau: Judite de Sousa. Em 1981, com 17 anos, o jovem José Rodrigues dos Santos inicia-se verdadeiramente no Jornalismo, ao serviço da Rádio Macau. Depois seguiu-se a BBC, a RTP e a CNN, da qual ainda é colaborador permanente. Na carreira literária, José Rodrigues dos Santos tornou-se conhecido pelo seu livro “Codex 632”, que vendeu 198 mil cópias. O seu novo romance “O Último Segredo”, acabadinho de lançar, já vai na 7.ª edição com vendas a ultrapassar as 100 mil cópias. Como romancista tornou-se dos escritores portugueses contemporâneos a alcançar maior número de edições com livros que venderam mais de cem mil exemplares cada.

ou Gonçalo M. Tavares. “O programa ainda não está definido”, referiu Ri-cardo Pinto, membro da organização. “Até ao final do ano saberemos quem são todos os autores e o que constará do programa.”

O ADMIRÁVEL MUNDO NOVOJosé Luís Peixoto, que venceu já diversos troféus literários, com destaque para o Prémio Literário

José Saramago, em 2001, pelo ro-mance “Nenhum Olhar”, encara a vinda a Macau com muita es-perança. “São grandes as minhas expectativas. Vou ter a primeira oportunidade de estar em Macau, que é um local pelo qual nutro uma grande curiosidade. Aliás, penso que aí vou poder enten-der melhor Portugal. Todos os portugueses têm esse imaginário

na cabeça e eu quero ver com os meus próprios olhos.”

Precisa mesmo de sentir Macau, pois um dos desafios lançados aos escritores que vierem a Macau é escrever um conto sobre o territó-rio, a publicar em 2013. “Macau, durante alguns dias, será o centro de todas as minhas atenções. Quero ir à procura das características da cidade e é muito interessante esta

expectativa em que sonho tudo an-tes de aí chegar. Não quero perder este efeito surpresa.”

TENTAR A CHINAO escritor português esteve na China recentemente a promover a sua escrita e a trocar impressões com diversos autores. É seu desejo assumido que “Livro”, “Nenhum Olhar” ou “Cemitério de Pianos” seja, um dia, publicado em chinês. “Tenho a consciência da dimensão que é desenvolver projectos de textos traduzidos para chinês. Mas claro que qualquer autor gostaria de ter os seus livros publicados na China. Não fujo à regra e seria fascinante ter gente aí a ler os meus livros.”

Com o “Rota das Letras” e a consequente presença em Macau, o escritor alentejano espera que o território represente o primeiro grão de muitos. “Os ditados não enganam. Grão a grão enche a ga-linha o papo e Macau é o primeiro grão na Ásia. Acredito que Macau possa ajudar na minha entrada, mas ainda terei muito para fazer.”

FAZER LUSOFONIAA ideia da “Rota das Letras”, finan-ciado por Fundação Macau, IPM e Fundação Oriente, nasceu, de acor-do com a organização, da necessi-dade de comemorar “dignamente” os 20 anos do jornal Ponto Final. Contudo, o projecto rapidamente evoluiu para o estabelecimento de contactos regulares entre escritores, artistas, músicos e cineastas. “A ideia é também tornar possível que todos os autores se conheçam entre si”, esclarece Ricardo Pinto.

A directora do Ponto Final, Isabel Castro, referiu também que todo o projecto nasce de “puxar a literatura de Portugal para um espaço lusófono”. Nesse particular, os jornais de língua portuguesa são a ferramenta para quem lê portu-guês. “Estamos a fazer lusofonia”, afirma orgulhosa.

O evento contará ainda com a presença dos cineastas Miguel Gonçalves Mendes (responsável pelo documentário José e Pilar), Tony Ayres, e Pang Ho-cheung. A semana trará debates, workshops, novos trabalhos, uma feira do livro e até um tributo ao escritor Henri-que de Senna Fernandes.

Paralelamente serão exibidos filmes, exposições e espectáculos musicais. Aliás, a música será o ponto alto do programa. “A or-ganização está a encetar esforços para apresentar dois espectáculos que juntem músicos de Portugal, Brasil, China continental e Macau, no mesmo palco”, adianta Ricardo Pinto.

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

11www.hojemacau.com.mo

AVISO[Nº1087/2011]

Avisam-se os arrendatários e seus herdeiros abaixo mencionados que os objectos existentes nas fracções abaixo mencionadas foram, temporáriamente, guardados pelo Instituto de Habitação: Wong Chi Wa – 9ºandar sala G, do Torre B, do Bairro Tamagnini Barbosa, sito na

Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Chan Leong – 21ºandar sala A, do Torre C, do Bairro Tamagnini Barbosa, sito na

Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Ng Pou Un – 3ºandar sala M quarto B, do Edifício Jardim San Pou, sito na Praça das

Portas do Cerco, em Macau; Kam Hing – 8ºandar sala nº804, do Edifício D. Julieta Nobre de Carvalho C, sito na

Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Fu Fong Iau – 9ºandar sala CH, do Edifício Cheng Chong, da Habitação Social da

Ilha Verde, sito na Estrada Nova da Ilha Verde, em Macau; Ng Chun Chun – 33ºandar sala CB, do Edifício Cheng Chong, da Habitação Social

da Ilha Verde, sito na Estrada Nova da Ilha Verde, em Macau; Chong Chiu – 12ºandar sala Q, do Edifício Fai Fu, da Habitação Social do Fai Chi

Kei, sito na Rua da Doca Seca, em Macau; Vong In – 8ºandar sala E, do Bloco 17, do Edifício San Seng Si Fa Un, sito na

Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Caso queiram reclamar os referidos objectos, deverão dirigir-se à Divisão de Fiscalização Habitacional do IH, sita no nº 102 da Travessa Norte do Patane, no prazo de 30 dias, a contar da publicação do presente aviso. Se não reclamarem os objectos acima mencionados dentro do prazo estabelecido, o IH tratará, como melhor entender, os mesmos.

Macau, aos 21 de Novembro de 2011

A Presidente substituta,

Kuoc Vai Han

Lia [email protected]

NO mundo da cul-tura em Macau, os eventos e os concertos são de

qualidade, mas faltam bases na educação a nível artísti-co, na opinião de Kiu Tung Poon, pianista e professora de música na Universidade de São José (USJ). “As mos-tras são muitas e podem até ser boas, mas se não se sabe apreciar ou não se sabe o que se está a ver, talvez de nada sirva.”

O Hoje Macau conversou com Kiu Tung Poon para saber com que notas se toca no território. O cenário não é muito favorável aos que querem seguir música. Em Macau existe um bachare-lato no Instituto Politécnico (IPM), mas para mais só saindo da RAEM. “Macau é muito limitado para apren-der música.”

Os poucos programas de intercâmbio e a falta inves-timento por parte de quem governa não ajuda quem quer alargar horizontes no mundo da música. O mais grave é a falta de professo-res qualificados – no ensino primário e secundário – para ensinar, principalmente a to-car um instrumento. “Não há produção de professores de música em Macau. É difícil encontrá-los e muitos dos alunos mais velhos chegam à faculdade com ensinamen-tos errados.”

Uma das causas apon-tadas por Poon é não haver supervisão de professores de música. “Parece que ninguém se preocupa com

Professora aponta falta de qualificação no ensino da música

Macau anda a desafinar

QUEM É KIU TUNG POON?Pianista de nível internacional, dá concertos em sítios tão díspares como Estados Unidos, Pequim, Hong Kong e Macau. Além de professora universitária. Apesar de todas as dificuldades decidiu seguir o caminho da música. Estudou em Hong Kong, de onde é natural. Foi nos Estados Unidos que tirou mestrado e doutoramento. Além dos espectáculos, colabora com diversos artistas da ilha vizinha e mantém diferentes projectos a nível pessoal. O seu interesse neste momento é a música contemporânea chinesa, que tem sofrido influência do Ocidente. “Os compositores modernos têm a aprendizagem no Ocidente e misturam os instrumentos e os diferentes estilos chineses.” Quer explorar essa área e expandir o seu repertório, “porque a sua vida sem perseguir a música não faz sentido”.

o ensino das artes, porque é uma profissão sem futuro e que não dá dinheiro. Não há supervisão nem do Governo, nem de qualquer instituição e é preciso qualificar pessoas para ter professores que saibam o que estão a fazer.”

Esta é umas das solu-ções que Kiu Tung Poon encontra para o problema, se olharmos para o futuro. A curto prazo, a ideia poderia passar por ter mais visitas de músicos às escolas. “Podem ser feitos mini-concertos nas escolas, expondo assim os mais novos à arte.” É fácil e pode ser feito com baixo orçamento se se aproveitar os artistas locais.

Desde 2009 a ensinar a sua arte aos estudantes da USJ, Poon fala em evoluções e em vontade. “Há mudança nos comportamentos deles

e na forma como encaram a música, porque muitos deles nunca tinham tido um bom ensino a este nível.”

O QUE SABEM ELES?Surpreendentemente, os jovens alunos conhecem música estrangeira, mais até do que a chinesa. Mas apenas conhecem, não sabem. As cadeiras de opção que a USJ dispõe são uma maneira de os levar a explorar o mundo da música - do Ocidente e, principalmente, do Oriente. “Não sabem muito sobre a própria cultura e revelam pouco interesse na música chinesa”, conta a professora.

A educação chinesa des-cura a aprendizagem da arte e da componente humana em detrimento da parte económica. “Um perigo. É fulcral educar a pessoa e a

TESOUROS DA ANIMAÇÃO VÃO SER LEILOADOS EM HOLLYWOODUm megaleilão no dia 17 junta mais de 600 itens da história da animação dos EUA. Alguns estão avaliados em milhões de dólares. Um esboço da personagem de Pinóquio, para o filme animado homónimo de Walt Disney; um estudo para uma curta-metragem animada do Pato Donald, dos anos 30; uma imagem de um cartoon de Tom e Jerry autografada pelos seus criadores, Bill Hanna e Joseph Barbera. Estes são apenas alguns dos mais de 600 tesouros pertencentes à história do cinema de animação americano, que vão à praça no dia 17, em Hollywood, num leilão apropriadamente baptizado Icons of Animation, promovido pela leiloeira especializada Profiles in History. Haverá a possibilidade de licitar online.

PENSARNO FUTUROO Governo promove eventos, mas, para Kiu Tung Poon, precisa de investir mais na área e em qualificar professores. Na dificuldade de encontrar pessoas qualificadas e com a falta de um ensino musical, poderia pensar em realizar mais programas para especializar os docentes. Um investimento por parte do Executivo também pode ser um passo importante a dar, assim como ter mais programas de intercâmbio a nível escolar.

sua inserção na sociedade. A falta de cultura é uma das consequências deste tipo de ensino tão rígido.”

Apesar da ideia inicial dos jovens estudantes ser que muita da música é aborrecida, as mentes estão a mudar e estimula-se a cria-tividade. A pianista descreve a importância da arte na educação como um meio de desenvolver o pensamento e a inteligência.

“Na música não há ser exacto, há sempre que ex-plorar e encontrar soluções. Aprende-se a ser critico e a ser criativo.”

Desde que lecciona a cadeira, a professora tem as-sistido a uma cada vez maior

curiosidade em explorar este mundo e a desenvol-ver capacidades. “Através da promoção de concertos dados pelos próprios alunos. Ajuda-os a deixar a timidez

de lado, a exprimirem sen-timentos e a criar.”

Uma componente teórica e prática, que a professora espera um dia ver posta em forma de licenciatura.

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

12www.hojemacau.com.mo DESPORTO

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O 58º. Grande Prémio de Macau terminou com novos recordes

de receitas no valor de 36 milhões de patacas. 10 milhões só na venda de bilhetes e o restante valor em patrocínios e títulos de corridas.

Apesar da instabilidade do clima durante o Grande Prémio, com pe-ríodos de chuvas, os quatro dias de

ANELKA ACEITATRANSFERIR-SE PARAO SHANGHAI SHENHUA O clube chinês Shanghai Shenhua anunciou que chegou a acordo para a transferência do futebolista francês Nicolas Anelka, que ainda representa os ingleses do Chelsea. De acordo o porta-voz do clube chinês, Ma Yue, Nicolas Anelka, de 32 anos, poderá mudar-se para o Shanghai Shenhua já na reabertura do mercado, em Janeiro. A concretizar-se esta transferência o avançado francês arrisca-se a ser a principal estrela do campeonato chinês, cuja capacidade financeira continua a aumentar, apesar das notícias sobre vários escândalos de corrupção. Em Julho, o médio argentino Dário Conca protagonizou a mais cara transferência do campeonato chinês, ao mudar-se para o Guangzhou Evergrade por 78 milhões de patacas. O Shanghai Shenhua terminou o último campeonato chinês no 11.º lugar.

58º. GRANDE PRÉMIO DE MACAU BATEU RECORDE DE RECEITAS

Velocidade dá números gordosevento registaram 65 mil visitantes, incluindo equipas e comunicação social. Para além dos fãs, o evento também atraiu turistas – 453.692 visi-tantes. No geral, houve um aumento de 18,89% no número de visitantes em comparação com o ano passado, enquanto a taxa média de ocupação dos quartos chegou aos 92,32%.

Este ano, as sete corridas do Grande Prémio contaram com a participação de 226 pilotos de 34 países e regiões, dos quais 60 eram locais. O evento contou ainda com mil profissionais da comunicação social oriundos de 243 órgãos de comunicação social. 40 canais televisivos cobriram o evento, en-

quanto a página oficial do evento na Internet registou mais de 12 mi-lhões de visitas durante os quatro dias do Grande Prémio.

Paralelamente ao Grande Pré-mio realizaram-se diversas activi-dades. Houve promoção junto da população do “mini paddock” na Praça Tap Seac, a visita às Ruínas de São Paulo dos pilotos das três corridas de cartaz, onde foram recebidos com grande entusiasmo pelos turistas, com uma sessão de autógrafos para as crianças, no Museu do Grande Prémio.

O Dia da Festa do Grande Prémio no Complexo Desportivo dos Operários e Jardim do Mer-cado do Iao Hon, co-organizado com a Federação das Associações dos Operários de Macau, atraiu a participação de 23 mil residentes, enquanto as corridas tiveram transmissão directa para o Largo de Senado, Rotunda de Carlos da Maia e Rua do Cunha, criando um ambiente de festividade em toda a cidade para os residentes e turistas.

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[f]utilidadesTERÇA-FEIRA 13.12.2011www.hojemacau.com.mo

13

[Tele]visãoTDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO16:35 Liga Sagres: Marítimo - Benfica (Repetição)18:00 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Linha da Frente22:00 Passione23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões00:00 Landmarks (Ex-Líbris)00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Alta Pressão15:00 Magazine Macau Contacto15:30 Mudar de Vida16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco17:45 Resistirei18:30 A Alma e a Gente19:00 Menina Limpa Menina Suja – Documentário – Ana Vidigal20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:00 Magazine Macau Contacto22:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 Tour Down Under Classic Highlights13:30 Spar European Team Championships16:30 The Open Championship 2011 Day 1 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 The Football Review20:30 World of Gymnastics 2011 21:00 X Games 17

22:00 Sportscenter Asia 22:30 Rugby World Cup 2011 Quarterfinal #2 England vs. France

STAR SPORTS 3113:00 Planet Speed 2011/12 13:30 Rebel TV Series 14:00 V8 Supercars Championship 2011-Highlights15:00 Best Of The Championships, Wimbledon 201117:30 World of Gymnastics 2011 18:00 Spirit Of Yachting Series 2011 18:30 HSBC FEI Classics 201119:30 FA Cup 2011/12 Sheffield Wednesday vs. Aldershot Town21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Le Mans Series Magazine Shows 22:30 Best Of The Championships, Wimbledon

STAR MOVIES 4012:05 Cheaper By The Dozen 13:50 In The Line Of Fire 16:00 Aliens In The Attic 17:35 Labor Pains 19:10 Letters To Juliet 21:00 The Sorcerer’S Apprentice22:55 National Security 00:30 Labor Pains

HBO 4112:00 The Man With The Golden Gun14:05 Death Becomes Her15:50 A Bridge Too Far18:50 Ice Twisters20:30 Armored 22:00 The Spy Who Loved Me 00:05 The Losers

CINEMAX 4212:15 Funny People14:30 Deep Red 16:00 High Noon 17:30 The Kiss Of The Vampire19:00 Brothers In Arms20:30 Babylon 5

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REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Língua dos Lapões, o lapão. Género de insectos coleópteros pentâmeros. 2-Deus de Amor. Ruival. 3-Colocíntida. 4-Protagonista ou principal personagem de uma obra literária. Depois. 5-Imóvel. Som imitativo da voz do corvo. 6-Leonardo... Vinci, pintor e inventor. Encaminhar, dirigir. 7-Pequeno molusco brasileiro. Género de insectos coleópteros. 8-Género de plantas sinantéreas. Matricula de Israel. 9-Nome da letra f. Pequena taça para libações, que se usava nos sacrifícios romanos. 10-Mulheres com altura. De outro modo. 11-Admoestação, com o fim de moralizar ou tornar virtuoso. Suco vegetal concreta. VERTICAIS: 1-Lecitídeas. 2-Subúrbios de cidade. Cola muito forte. 3-Frango. Elemento de origem grega que significa uretra. 4-Tribo de plantas da família das licopodiáceas. Símbolo químico de amerício. 5-Elemento de origem grega que significa tempo. Serra de Portugal. 6-Planta indiana, painço. Espécie de cipó com que se enrolam as folhas de tabaco. 7-Tumefacção das unhas. 8-Fora, em inglês. Rataplão. 9-Que se reproduz por meio de ovos. Gritos de dor. 10-Pequenos cubos. Tecido de cascas de árvore e seda, fabricado na Índia. 11-Masculino de elas. Pequeno pássaro dentirrostro.

HORIZONTAIS: 1-LAPICO. OODE. 2-EROS. ROUVAL. 3-COLOCINTIDE. 4-T. HEROI. POS. 5-IMOTO. CRAS. 6-DA. ENTOAR. F. 7-ARUA. AFTONO. 8-CURSONIA. IL. 9-EFE. SIMPULO. 10-ALTAS. ALIAS. 11-SERMAO. ASSA.VERTICAIS: 1-LECTIDACEAS. 2-ARO. MARUFLE. 3-POLHO. URETR. 4-ISOETEAS. AM. 5-C. CRON. OSSA. 6-ORIO. TANI. O. 7-ONICOFIMA. 8-OUT. RATAPLA. 9-OVIPARO. UIS. 10-DADOS. NILAS. 11-ELES. FOLOSA.

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SALA 1SEEDIQ BALE 2 WARRIORS OF THE RAINBOW [C](Falado em japanês & seediq)(Legendado em chinês)Um filme de: Te-Sheng WeiCom: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma14.30, 17.00, 21.30

YOU ARE THE APPLE OF MY EYE [C] (Falado em putonghua, legendado em chinês e inglês)Um filme de: Giddens KoCom: Zhendong Ke, Yanxi Chen, Siu-Man Fok19.30

SALA 2NUTCRACKER IN 3D [B]SRD DOBLY SURROUND SOUND SYDTEM

Um filme de: AndreiKonchalovskCom: Charlie Rowe, John Turturro14.30, 16.39, 19.30, 21.30SALA 3ARTHUR CHRISTMAS 3D [B](Falado em cantonense)Um filme de: Sarah Smith14.15, 16.00, 17.45, 19.30

STARRY STARRY NIGHT [A](Falado em putonghua)(Legendado em chinês e inglês)Um filme de: Tom Lin Shu-YuCom: Josie Xu, René Liu, Harlem Yu21.30

UM FADODOS PIORESTanto se fala de fado e do orgulho da música portuguesa. Eu compreendo que os meus colegas do jornal estejam felizes, porque é importante. Mas fados há muitos e fado significa destino. O fado vai bem e o destino das outras músicas portuguesas? Alguém conhece além do cómico da música pimba? Pois, meus caros é ela que representa Portugal a comunidades como a vossa... emigrantes. O marco Horácio cantava: “Sou emigrante... sou emigrante”. Vocês são, têm é a sorte de não virem cá cantores pimba, não que venham coisinhas boas... mas do mal o menos. Deixo-vos aqui com algumas músicas... em português... que podem ser giras e podem fazer pensar, porque música não é só aquilo que soa bem:

E cá vai disto... Eu disse “eu não faço nada. fico horas a olhar parauma mancha na parede”Tu disseste “e nunca sentiste a mancha a alastrar, assuas formas num palpitar quase imperceptível?”Eu disse “não. a mancha continua no mesmo sítio, eucontinuo a olhar para ela e não se passa nada”Tu disseste “e no entanto a mancha alastra e tomaconta de ti. liberta-te do corpo. tu é que não vês”Eu disse “o que é que isso interessa?”Tu disseste “...nada”Mais uma...Beleza interior, natural, com saborA espontaneidade que se torna muito superiorAo reflexo de um vidro que reflecte uma faseExpressões atraentes numa mente com classeE mais um pouco...Ai, Portugal, Portugal De que é que tu estás à espera? Tens um pé numa galera E outro no fundo do mar Ai, Portugal, Portugal Enquanto ficares à espera Ninguém te pode ajudarE outra... hum... Querem mais?Bis bis bis...As cantigas e as mulheresÉ bom que sejam mimosasPr’a ficarem no sentidoAlentejanas e amorosasE não podia faltar...Em suma a soma interessavaA quem interessa algum diaDe lingotes e pimentasAinda vamos ao fundoLá para o reino da ArábiaHavia amêndoas aos centosQue grande rebaldariaE a Palestina às escurasOs Sheikes israelitasJá que estou com a mão na massaLembram-me os Sheikes das fitasQue dão porrada a quem passa

Se isto fosse um concurso quem ganhava? Hum!!! Bonito, bonito são as músicas do Tozé Brito.

Pu-Yi

JESUS, O HOMEM QUE ERA DEUS • Max Gallo Aos pés da cruz erguida no monte Gólgota, Flávio, o centurião romano encarregado de comandar o suplício, vê Jesus de Nazaré agonizar em silêncio. À sua volta, ressoam gritos de ódio e altercações, mas também orações e lágrimas. E quando o condenado morre e um trovão rasga os céus, nasce dentro de Flávio uma dúvida lancinante: e se aquele homem fosse realmente o Filho de Deus? Encarregado por Pilatos de vigiar os “onze lunáticos e as poucas mulheres” que se dizem discípulos de Jesus, o centurião decide reconstituir os seus passos, guiando-nos pelo périplo breve e intenso dos seus trinta e três anos de existência terrestre. Uma obra feita de emoção e reflexão, que nos envolve na mais extraordinária história de todos os tempos.

MULHERES DE DITADORES • Diane Ducret Chamavam-se Inessa, Clara, Nadia, Magda, Felismina, Jiang Qing, Elena, Catherine… E eles Lenine, Mussolini, Estaline, Hitler, Salazar, Mao, Ceausescu, Bokassa. Prostitutas ou mulheres da alta burguesia intelectual, paixões fugazes ou amores intensos, eles maltratavam ou adoravam-nas, mas, sistematicamente, voltavam para os seus braços. Esposas, companheiras, musas, admiradoras, todas têm em comum o facto de terem sido vencedoras, enganadas e sacrificadas. Aos seus homens cruéis, violentos, tiranos e infiéis, faziam crer que eram belos, charmosos e todo-poderosos. Sendo a virilidade um dos alicerces do poder absoluto, os ditadores sentiam a necessidade de juntar figuras femininas ao imaginário de poder e domínio que criaram. E assim controlando-os na sombra, por vezes, até à morte, como se vivessem sob a égide de um Pigmaleão.

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tégico na definição das prioridades e na organização das forças necessárias para se atingir essa meta”.

O modelo fundamentalista de livre merca-do, apenas de accionistas — tão bem-sucedido no século XX — está a ser atirado para o lixo na história no século XXI. Numa era em que os países precisam se tornar equipas, os resultados da equipa dos Estados Unidos – uma década sem emprego, 30 anos de uma média rasa de salários, um déficit comercial, uma classe média encolhendo e ganhos fenomenais em riqueza para os top 1% — são patéticos.

Isso deveria motivar líderes a repensar, em vez de replicar um extremismo de livre mercado empiricamente falido. Por mais doloroso e humilhante que possa ser, os Estados Unidos precisam fazer aquilo que uma equipa que um dia foi a melhor no seu desporto faria: estudar os ingredientes do sucesso dos concorrentes.

Enquanto nós debatemos, a equipa da China segue em frente. A nossa delegação testemunhou o desenvolvimento chinês orientado para as pessoas em Chongqing, uma cidade de 32 milhões de habitantes na China Ocidental, que é comandada por um agressivo e popular líder do Partido Comu-nista — Bo Xilai. Um mar de guindastes está a construir cerca 140.000 metros quadrados de espaço utilizável por dia — incluindo, conforme disseram à nossa delegação — 700.000 unidades residenciais anualmente.

TERÇA-FEIRA 13.12.2011

14www.hojemacau.com.mo

Andy Stern *in The Wall Street Journal

NDY Grove, fundador e presi-dente da Intel, foi provocador ao escrever no ano passado,

na revista “Businessweek” sobre uma estra-nha forma de convicção. “A nossa convic-ção económica fundamental foi trazida da observação de um truísmo inquestionável: o livre mercado é o melhor de todos os siste-mas económicos, ou seja, quanto mais livre, melhor. A nossa geração assistiu à vitória decisiva dos princípios do livre mercado sobre economias planeadas. Então nós pará-mos nessa crença, em grande parte alheios a evidências crescentes de que, embora o livre mercado supere economias planeadas, deve haver espaço para uma modificação que é ainda melhor.”

As últimas semanas comprovaram o pon-to de vista de Grove, no momento em que as relações dos EUA com a China, e os impactos daquele país sobre o futuro americano, vie-ram para o primeiro plano da política ame-ricana. O nsso Senado inerte ultrapassou a divisão política normalmente intransponível para aprovar legislação que visa lidar com a manipulação cambial da China. A secretária de Estado, Hillary Clinton, o ex-governador e candidato a candidato Mitt Romney e o presidente Barack Obama revelaram seus pontos de vista — desde avisos para que a China “cesse a discriminação injusta” (Hillary) a reclamações de que os Estados Unidos têm sido “adrabados” (Romney) e de que a China precisa parar de “brincar”com o sistema internacional (Obama).

Enquanto isso acontecia, eu participava num dialogo entre Estados Unidos e China – uma viagem organizada pela Fundação de Intercâmbio entre China e Estados Unidos e pelo Centro para o Progresso Americano — com importantes funcionários do governo chinês, actuais e antigos. Para mim, a tensão resultante do coro de críticas americanas perdeu significado se comparada à leitura do esboço do planeamento de 12 anos da China. Os objectivos: um índice de crescimento anual de 7%; um investimento de 640 mil milhões de dólares em energia renovável; a construção de 6 milhões de casas; e a expansão de tecnologias da informação de última geração, veículos com energia limpa; biotecnologia, manufactura e protecção ambiental de alta tecnologia — tudo isso enquanto se promove igualdade social e desenvolvimento rural.

Alguns americanos estão a tirar lições dis-to. No mês passado, o jornal “China Daily” citou Orville Schell, que dirige o Centro de Relações entre Estados Unidos e China na Asia Society. “Acredito que nos demos conta de que a habilidade de planear é exactamente o que está a faltar nos Estados Unidos.” O artigo também mencionou que Robert Engle, vencedor do Prémio Nobel de Economia em 2003, disse que enquanto a China está

Numa era em que os países precisam se tornar equipas, os resultados da equipa dos Estados Unidos – uma década sem emprego, 30 anos de uma média rasa de salários, um déficit comercial, uma classe média encolhendo e ganhos fenomenais em riqueza para os top 1% — são patéticos

O mOdelO ecOnómicO superiOr da chinaA

fazendo planeamentos de cinco anos para a nova geração, os americanos estão apenas planeando para as próximas eleições.

O mundo têm-se tornado “plano” devido aos milagres tecnológicos de Andy Grove, Steve Jobs e Bill Gates. Isso obrigou todas as instituições a confrontar o que é clara-mente a terceira revolução económica na história mundial. A Revolução Agrária foi uma transição de praticamente 3.000 anos, a Revolução Industrial durou 300 anos e esta revolução global liderada pela tecnologia levará apenas 30 míseros anos. Nenhuma geração sequer testemunhou tantas mudan-ças numa só vida.

Os debates actuais sobre a moeda chinesa, o desequilíbrio comercial, a nossa dívida e o uso excessivo de propriedade intelectual pirateada americana por parte da China são provas de que a Revolução Global – junto com as reformas orientadas para o crescimento do governo liderado por Deng Xiaoping – criou a segunda maior economia do planeta. Está numa trajectória clara de derrotar os Estados Unidos ate 2025.

Como Andy Grove antecipadamente articulou na edição de 1º de julho de 2010 da “Businessweek”, as economias da China, Singapura, Alemanha, Brasil e Índia de-monstraram “que um planeamento para a criação de empregos precisa ser o objectivo número um da política económica pública; e o governo precisa de ter um papel estra-

Enquanto isso, o governo chinês pode gabar-se de ter consolidado na China Oci-dental uma zona económica de informática e de produção automóvel e aeroespacial, resultando num crescimento anual de 12,5% e uma elevação de 49% na receita tributária anual, com salários a aumentar mais de 10% ao ano.

Para aqueles entre nós que amam este país e acreditam que os Estados Unidos têm tudo o que precisam para continuar a ser o motor económico número 1 do mundo, é perturbante que não tenhamos qualquer plano – e que, em vez de um plano, estejamos só a “demonizar” o governo e a adorar o livre mercado, num momento histórico que requer a reavaliação dessas duas crenças.

Os Estados Unidos precisam de elaborar um plano para crescimento e inovação, com um governo que seja parceiro do sector privado. Revoluções económicas requerem instituições para mudar e, quem sabe, fazer história, pois se permanecerem no status quo, depressa se tornarão história.

O imperativo para mudar é simples. Como Andy Grove disse: “se quisermos continuar a ser uma economia líder, ou mudamos por nós mesmos ou continuamos a ser forçados a mudar”.

* Membro do Centro Richman da Universidade Columbia

OPINIÃO

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011

15www.hojemacau.com.mo

Ciclone A frase “salvar a vida a alguém” está errada. Seria mais correcto dizer “atrasar a morte a alguém”. Por Fernando

IMuitos cidadãos em Macau insistem no mesmo desejo: que Macau seja uma “sociedade do conhecimento”. Não é necessário ser sábio para ser dono desse desejo. Serão necessários muitos sabedores para desenvolver esse padrão de sociedade em Macau. Não somente do “conhecimento”, mas, cumulativamente, “em rede” e tendo como pilar a fluente circula-ção de informação credível perante uma educação pública mais culta e esclarecida, habituada a ter opinião, construindo competentemente os seus próprios produtores de conhe-cimento.

Depois disto, pensemos no tal “jornalismo de investigação” aplica-do aos profissionais a exercer em Ma-cau. Estou certo que a ideia, louvável, é um jornalismo que investigue para além da burocracia, recortes, boletins oficiais e um ou outro testemunho ób-vio. Que investigue, não pela espuma das ondas, mas pelo seu fundo, o que eventualmente se passe em vários palcos relacionados com o jogo, com os múltiplos tráficos, com associações secretas, com negócios obscuros, com fortunas repentinas, com lavagens de dinheiro, com corrupção sob vários disfarces, com compra e venda de influências várias. Na existência de casos jornalisticamente investiga-dos e publicados, poderá o leitor, o ouvinte ou o telespectador falar neles tranquilamente. Antes disso, temas quentes como esses, só podem abrilhantar, porventura, algumas conversas de café.

“Jornalismo de investigação” é um magnífico contributo para uma sociedade melhor, menos suja, menos corrompida, menos passiva - que é diferente de pací-fica; já agora, mais harmoniosa. A principal função desse tipo de jornalismo - que requer estudo, preparação específica e coragem, não esquecer! - é denunciar publi-camente ilegalidades ou irregula-ridades, graves tropeções na lei, factos provadamente criminosos, designadamente cometidos por

à f l o r da pe leHelder Fernando

Mesmo tendo tirado os jornalistas da rua na procura de notícias, mesmo sendo vezes demasiadas uma fonte pouco segura e pouco livre, a internet tem o mérito de fornecer algumas fontes importantes de notícia e de análise

Jornalismo de investigação

pessoas ou instituições, públicas ou privadas, com responsabilidades principalmente acima da média. Ou, em situação oposta, concluir investigação que venha a provar ou ajudar a provar que o bom nome de pessoas ou instituições foi manchado indevidamente. Atente-se, autoridades e cidadãos: numa sociedade aberta, justa, culta e harmoniosa, não pode negar-se ao jornalista de boa fé, que faça a sua investigação. Naturalmente, sem estar à mercê de umas “mi-galhas” ou “peixe miúdo”, estrate-gicamente fornecidos, que podem escorregar discretamente da mesa de alguns senhores e senhoras. Di-rão que existem, no “jornalismo de investigação”, outros cambiantes como o de investigação histórica, científica, industrial, desportiva. Todos com os seus riscos. Venha, pois, o aparentemente tão desejado entre a classe, e bem, “jornalismo de investigação” no terreno de Macau. Por mim, estou ansioso por poder contribuir. E, se for preciso, até pago para ver.

IIAinda falando de um certo jorna-lismo “em rede” - cada vez mais vulgarizado, e nem sempre de for-ma eficaz - ele faz parte das novas realidades na extensa área da cha-mada comunicação social. A relação dessas tecnologias com os governos ou decisores influentes é outro as-sunto. A internet como alternativa ou complemento, pode informar, educar e mobilizar; sobretudo pode ser vital para uma informação crítica, oposta à informação sistematizada de contornos propagandísticos. Por isso a forte vigilância sobre a internet - não se pense que essa vigilância

tremenda só existe em determina-dos locais do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 800 mil funcionários são utilizados para espiar milhares de milhões de emails, blogues, sítios, chamadas na internet. Sempre por causa da segurança, claro. O mesmo país que através de diversificadas pontes chamadas agências noticiosas, jornais, cadeias de televisão e outras especificida-des, despeja diariamente, em todas línguas, toneladas de informação nas bancas de trabalho dos órgãos de informação de todo o mundo,

principalmente daqueles que depen-dem quase exclusivamente desses despachos.

Mesmo tendo tirado os jornalistas da rua na procura de notícias, mesmo sendo vezes demasiadas uma fonte pouco segura e pouco livre, a internet tem o mérito de fornecer algumas fon-tes importantes de notícia e de análise; e de possuir um papel fundamental na divulgação cultural, no espalhar a notícia de tantos indignados, no cha-mar a atenção para as lutas contra as injustiças. Neste tempo, quem traba-lha em meios de comunicação social tem a convicção de que o seu leitor, ouvinte ou telespectador, consome simultaneamente, ou em antecipação, no computador e no telemóvel, muito do que deseja e não deseja conhecer e reflectir. É a tal superabundância de notícias e análises disponíveis na internet. Falsas, verdadeiras, distor-

cidas, mal-amanhadas, mas estão lá, na forma extraordinariamente fácil e rápida de comunicação e de permuta.

Não se iludam, profissionais e consumidores: o tempo da grande “cacha” jornalística trombeteada por um órgão de comunicação, dando em verdadeiro “exclusivo”, em “primeiríssima mão” a notícia de um qualquer acontecimento, praticamente já passou. Apenas pontualmente e por mera circuns-tância, isso acontece no actual mun-do global que vivemos. A internet é a tecnologia e a energia motora no crescimento imparável, goste-se ou não, da globalização.

No fundo, esta acessibilidade à escala mundial é a democratiza-ção ao estilo da internet. As viga-rices, as pilhagens, as mentiras, as manipulações, mas também a denúncia do muito que vai mal, das guerras sem sentido, das al-drabices ditas candidamente nas grandes reuniões dos decisores, e até daqueles que sobrevivem tentando imitar os maneirismos da gente “graúda”.

car toonpor Steff

TRAVESSIA DO DESERTO

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Carlos M. Cordeiro; Boi Luxo; Correia Marques; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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TERÇA-FEIRA 13.12.2011www.hojemacau.com.mo

ÉOLICA SIEMENS QUER INVESTIR MAIS NA CHINA A Siemens quer investir mais no equipamento de energia eólica que tem instalado na China. A empresa anunciou, na sexta-feira, que vai formar duas joint-ventures com a China’s Shangai Electric, com a intenção de expandir o negócio da energia eólica no país. “A China continua a ser um mercado forte”, disse a um jornal alemão Felix Ferlemann, director do sector da energia da Siemens. “Vamos inaugurar mais turbinas eólicas na China nos próximos anos”, acrescentou. Para o responsável, se o negócio off-shore correr bem, o sector da energia da Siemens será um “mercado multimilionário”.

PEQUIM EUROPA AFECTA SECTOR DAS MANUFACTURAS“Prevejo que no próximo ano seja ainda pior”, disse Danny Lau, presidente da Associação das Pequenas e Médias Empresas de Hong Kong, a que pertencem muitos donos de fábricas na China, sobre a quebra das exportações na área das manufacturas. Acrescentou que os seus associados já reportam quebras de 15%, sentindo em particular a crise a Ocidente. “É como se toda a Europa estivesse sem água, sem dinheiro. Se continuar assim, vai ser muito complicado para nós.” Um problema agravado pelas condições mais restritivas ao crédito ordenadas pelo Governo chinês em Novembro, penalizando em particular as PME.

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes

(DSSOPT) não tomou ainda a decisão final sobre a atribuição de um terreno no Cotai à Sociedade de Jogos de Macau (SJM).

Segundo o que disse a entidade ao Hoje Macau, “o pedido está de momento a ser apreciado e a Ad-ministração ainda não tomou uma decisão final”.

Recorde-se que no domingo, Ambrose So, director executivo da SJM, confirmou ter recebido uma carta do Executivo que afirmava a concessão, “em princípio”, de

TERRENO NO COTAI AINDA EM DISCUSSÃO

Talvez jogo, talvez não

um lote de terras na zona entre a Taipa e Coloane.

A DSSOPT nega poder divulgar alguma coisa ao público, uma vez que os “procedimentos relativos ao pedido não foram ainda totalmente concluídos”. Ambrose So disse, contudo, não saber ainda quais as condições – como o preço – para a SJM se apropriar do terreno, mas avançou que as obras começam no próximo ano “assim que os proce-dimentos estiverem concluídos”.

Ao jornal Macao Daily News, Ambrose So já adiantou que o Governo “tinha acordado em con-

ceder o lote no Cotai”. O director Executivo avançou inclusive com um valor para o investimento nas terras – 16 mil milhões de patacas.

A DSSOPT não confirma, nem desmente, mas faz questão de dizer ao Hoje Macau que procede à conces-são de terrenos “rigorosamente nos termos do disposto na Lei de Terras”.

Recorde-se, no entanto, que a Lei de Terras está à espera de revisão, precisamente pela sua caducidade na forma de atribuição dos ter-renos, muitas vezes contestada pelos deputados da Assembleia Legislativa. - J.F.

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