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Sérgio Gabriel Medeiros Mafra GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Trabalho de conclusão de curso submetido ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título em Engenharia, área civil e habilitação Produção Civil. Orientador: Prof. Dr. Glauco Garcia Martins Pereira da Silva. Florianópolis 2017

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Page 1: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

Sérgio Gabriel Medeiros Mafra

GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE

PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos

Trabalho de conclusão de curso

submetido ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas

da Universidade Federal de Santa

Catarina como requisito parcial para

obtenção do título em Engenharia,

área civil e habilitação Produção

Civil.

Orientador: Prof. Dr. Glauco Garcia

Martins Pereira da Silva.

Florianópolis

2017

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da

UFSC.

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Sérgio Gabriel Medeiros Mafra

GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE

PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e

aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Engenharia

de Produção Civil, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 06 de junho de 2017.

________________________

Profª. Marina Bouzon, Drª.

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof.Glauco Garcia Martins Pereira da Silva, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Profª. Marina Bouzon, Drª.

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Rogério Feroldi Miorando, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado a todas as

pessoas que contribuíram para o meu

desenvolvimento ao longo da

graduação, em especial, à minha

família.

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AGRADECIMENTOS

Dou inicio agradecendo aos meus pais, Sérgio e Neusete, que me

proporcionaram todo o suporte necessário para concluir essa importante

etapa da vida com estabilidade e motivação.

Às minhas irmãs, Thaise e Marina, que forneceram afeto,

conselhos, e aprendizados para que eu me desenvolvesse como pessoa

durante essa jornada.

Ao meu avô Pedro, que foi um exemplo de vida e me mostrou a

importância de fazer o bem, sempre com alegria.

A todos os amigos que fiz durante o curso, os quais

compartilharam momentos de lazer e conhecimento para que o

crescimento durante a graduação ocorresse em um ambiente agradável.

Ao meu orientador Glauco, pela sabedoria e sugestões oferecidas

durante todo o trabalho.

Ao GLean, por fornecer um grande aprendizado teórico e prático,

além do desenvolvimento interpessoal necessário para uma formação

profissional.

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“Não é o suficiente fazer o seu melhor, você

deve saber o que fazer, e então fazer o seu melhor.”

(W. Edwards Deming)

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RESUMO

Diante da crescente exigência dos consumidores por produtos cada vez

mais customizados, as empresas tendem a aumentar sua flexibilidade e

oferecer os produtos da forma exata com a qual o cliente requisita. As

empresas que operam no sistema de produção sob encomenda entram

nesse cenário, já que o pedido do cliente define a maneira com a qual o

seu produto será fabricado. Com a variabilidade e a customização dos

pedidos entrando nos processos produtivos, os devidos controles

tornam-se críticos, em especial, o controle da qualidade nesse ambiente.

Nesse contexto, é realizado nesse trabalho uma análise qualitativa em

três empresas que operam no sistema de produção sob encomenda para a

verificação de fatores críticos no que tange à sua gestão e controle da

qualidade, utilizando como coleta de dados, um questionário. Dentre os

tópicos relativos à qualidade, foram levados a campo oito principais, que

são: 1)Controle da Qualidade Total, 2)Controle de Processos, 3)Jidoka,

4)Solução de problemas, 5)Trabalho Padronizado, 6)5S,

7)Implementação de melhorias e 8)Gestão visual. Após a realização do

estudo de caso nas empresas, foram verificados fatores críticos dentre os

assuntos abordados. Na área que abrange o Controle da Qualidade Total,

a qualidade, a entrega e o custo dos produtos são fortemente impactados

pela customização do sistema. Sistemas com Parada Automática de

máquina, que está dentro do conceito Jidoka, tem sua utilização restrita

no ambiente sob encomenda. Controle de Processos, Solução de

Problemas, Trabalho Padronizado e Implementação de melhorias

também são tópicos considerados críticos de acordo com as empresas

analisadas. Os resultados apresentaram também algumas metodologias e

ferramentas aplicáveis nas empresas sob encomenda, dentre elas, a

utilização de sistema andon, do 5S e da Gestão Visual, que facilitam a

manutenção da qualidade no sistema. Por fim, concluiu-se que a gestão

e o controle da qualidade no sistema de produção sob encomenda é

impactado pelas variações nos produtos que o sistema oferece ao cliente.

Além disso, o ambiente sob encomenda sofre com a pouca quantidade

de ferramentas destinadas a reduzir o impacto que a variabilidade nos

pedidos causa para a garantia da qualidade nos procedimentos.

Palavras-chave: Produção Sob Encomenda. Controle da Qualidade.

Customização

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ABSTRACT

Faced with the increasing demand of consumers that looking for

customized products, companies tend to provide more flexibility and

offer the products in the exact way the customer orders. Companies

operating on the make-to-order system are at this scenario, as the

customer's order defines the way in which their product will be

manufactured. As this customization of the orders can change the

production processes, the due controls become critical, in particular, the

quality control in this system. In order to a better understanding about

this problem, three companies that works on a make to order system of

production were analyzed at the management and quality control area,

using as data collection, a questionnaire. Among the topics related to

quality, eight main ones were taken to the field, which are: 1)Total

Quality Control, 2)Process Control, 3)Jidoka, 4)Problem Solving,

5)Standardized Work, 6)5S, 7)Implementation of improvements and

8)Visual Management. After completing the study case in the

companies, critical factors were verified among the subjects discussed.

In the area covered by Total Quality Control, the quality, delivery and

cost of products are strongly impacted by the customization at the make-

to-order production. Systems with automatic machine stop, which is

included at Jidoka concept, has its use restricted. Process Control,

Problem Solving, Standardized Work and Implementation of

Improvements are also topics considered critical according to the

companies analyzed. The results also presented some methodologies and

tools applicable in companies make-to-order such as Andon Systems, 5S

methodology and Visual Management, which facilitate the maintenance

of quality in the system. Finally, it was concluded that the management

and quality control in the production system make-to-order is affected

by the variability in the products that this system offers to the customer.

In addition, the make-to-order system is impacted by the meager number

of tools designed to reduce the impact that the variability on customer

orders cause on quality assurance.

Keywords: Make-to-order. Quality Control. Customization

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tipologias de Produção......................................................... 33 Figura 2 - Casa do STP.......................................................................... 40 Figura 3 - Sistema poka-yoke por contato.............................................. 42 Figura 4 - TCTP......................................................................................43 Figura 5 - Ciclo PDCA........................................................................... 47 Figura 6 - Enquadramento metodológico da pesquisa............................50 Figura 7 - Condução de estudo de caso.................................................. 51

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Dimensões da Qualidade Total. ........................................... 37 Quadro 2 - Os cinco sensos. .................................................................. 44 Quadro 3 - Caracterização das empresas estudadas. ............................. 53 Quadro 4 - Dados do questionário para o tópico Qualidade.................. 58 Quadro 5 - Dados do questionário para o tópico custo. ........................ 59 Quadro 6 - Dados do questionário para o tópico Entrega...................... 60 Quadro 7 - Dados do questionário para o tópico Moral. ....................... 61 Quadro 8 - Dados do questionário para o tópico Segurança. ................ 63 Quadro 9 - Dados do questionário para o tópico Controle de Processos.

............................................................................................................... 64 Quadro 10 - Dados do questionário para o tópico Parada automática de

máquinas. .............................................................................................. 66 Quadro 11 - Dados do questionário para o tópico Sistemas a prova de

erros. ...................................................................................................... 68 Quadro 12 - Dados do questionário para o tópico Solução de Problemas.

............................................................................................................... 70 Quadro 13 - Dados do questionário para o tópico Trabalho Padronizado.

............................................................................................................... 72 Quadro 14 - Dados do questionário para o tópico 5S. ........................... 74 Quadro 15 - Dados do questionário para o tópico Implementação de

Melhorias............................................................................................... 76 Quadro 16 - Dados do questionário para o tópico Gestão Visual. ........ 77 Quadro 17 - Considerações finais dos tópicos abordados ..................... 79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de questões por tema abordado. ........................ 54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MTS - Make-to-stock

MTO - Make-to-order TQC - Total quality control

STP - Sistema Toyota de Produção

CEP - Controle Estatístico de Processo

TCTP - Tabela de combinação de trabalho padronizado

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 27

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................... 27

1.2 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA DE PESQUISA .................. 28

1.3 OBJETIVOS ..................................................................................... 29

1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................... 29

1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................... 29

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................... 30

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................ 31

2.1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO .......................................................... 31

2.2 PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA .......................................... 33

2.3 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL (TQC) ............................. 35

2.4 Jidoka ................................................................................................ 39

2.4.1 Sistemas a prova de erros ........................................................ 40

2.5 TRABALHO PADRONIZADO ....................................................... 42

2.6 METODOLOGIA 5S ........................................................................ 43

2.7 METODOLOGIA DE MELHORIAS ............................................... 44

2.8 GESTÃO VISUAL ........................................................................... 45

2.9 METODOLOGIA PDCA .................................................................. 46

2.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO............................... 47

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................... 48

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ..................................... 48

3.1.1 Estudo de Caso ......................................................................... 51

3.1.1.1 Definir uma Estrutura Conceitual Teórica ..................... 52

3.1.1.2 Planejar o Caso .................................................................. 52

3.1.1.3 Conduzir Teste Piloto........................................................ 55

3.1.1.4 Coletar os Dados ................................................................ 55

3.1.1.5 Analisar os Dados .............................................................. 55

3.1.1.6 Gerar Relatório ................................................................. 56

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3.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ........................................................ 56

3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ................................. 56

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................... 57

4.1 ANÁLISE DISCRIMINADA ........................................................... 57

4.2.1 Controle Total da Qualidade (TQC) ....................................... 57

4.2.2 Controle de Processos .............................................................. 63

4.2.3 Jidoka ......................................................................................... 65

4.2.4 Solução de Problemas .............................................................. 69

4.2.5 Trabalho Padronizado ............................................................. 71

4.2.6 5S................................................................................................ 73

4.2.7 Implementação de Melhorias .................................................. 75

4.2.8 Gestão Visual ............................................................................ 77

4.2 ANÁLISE GLOBAL ......................................................................... 78

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ................................. 79

5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 81

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 84

APÊNDICE A – Carta de apresentação à empresa ................................ 91

APÊNDICE B – Questionário .................................................................. 92

APÊNDICE C – Protocolo de pesquisa ................................................... 95

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A definição da estratégia de produção é parte fundamental para

orientar como uma empresa funcionará. Existem dois principais tipos de

produção. Um é o sistema de produção para estoque, também conhecido

do inglês por MTS (make-to-stock). O outro é o sistema de produção sob

encomenda, também chamado por MTO (make-to-order) (TUBINO,

2015).

Segundo Pires (1995), o sistema de produção para estoque (MTS)

é caracterizado por produzir de acordo com a prioridade da empresa e

antes da demanda efetiva do consumidor. Dessa forma, consegue-se ter

uma redução nos custos de produção, com a empresa fabricando em uma

quantidade maior definida para um determinado estoque, porém a

flexibilidade no pedido do cliente é reduzida.

O sistema de produção sob encomenda (MTO) parte do princípio

de que o pedido do cliente define como será o produto, sendo então

estabelecido quais processos este percorrerá até se tornar produto

acabado. Apesar do sistema de produção sob encomenda produzir de

acordo com o pedido do cliente e possibilitar a redução de estoque, isso

traz consigo diversos pontos críticos, já que a variação de encomendas

realizadas pode ser grande. Para alcançar uma produção sob encomenda

com excelência, deve-se ter uma gestão e controle dos processos eficaz

(BARTOLLI, 2008).

O sistema sob encomenda está cada vez mais consistente devido

ao aumento na demanda por produtos especializados e o consumidor

mais exigente. Desta forma, o mercado entre as indústrias que vem

trabalhando o sistema sob encomenda tem observado uma competição

acirrada para o aprimoramento dos seus recursos. Stevenson (2005)

afirma que, por o sistema de produção sob encomenda apresentar uma

variabilidade de pedidos que não se observa no sistema MTS, ele se

torna mais difícil para gerir e controlar.

Alguns exemplos de dificuldades enfrentadas pelo sistema de

produção sob encomenda, devido à variabilidade nos itens de produção,

são as restrições à utilização de algumas ferramentas na área de

produção como just-in-time, kanban, value stream map e heijunka

(BARTOLI, 2008).

Apesar do mesmo sistema proporcionar um alto grau de

customização, a qualidade de cada produto diferenciado deve

acompanhar essa variação, e atender as expectativas do consumidor.

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Com isso, uma organização que está inclusa nesse ambiente deve

trabalhar para manter o padrão de qualidade exigido para os diferentes

produtos fabricados.

No ambiente industrial, além das exigências do consumidor, as

empresas estão sujeitas a outras variações devido ao ambiente externo,

detre elas: concorrência e inovação no mercado. Diante disso, o controle

total da qualidade tem um papel de suma importância, ajudando às

organizações a ter uma permanência de longo prazo no mercado

(CAMPOS, 1992).

Ainda de acordo com o autor citado, um produto ou serviço de

qualidade é aquele que vai ao encontro das necessidades e expectativas

do consumidor, sem apresentar defeitos, ter baixo custo, garantir a

segurança do consumidor e a entrega no prazo estabelecido, em local e

quantidade certa.

O conceito de qualidade é definido pelo consumidor e pelas

variações advindas do mercado. Deste modo, pode-se dizer que o

conceito de qualidade sofre variações ao longo do tempo, ou seja, a

qualidade hoje não é a mesma de antigamente, modificando-se com o

passar do tempo.

Atualmente, para as empresas se destacarem é fundamental a

atuação na gestão e controle da qualidade de forma a garantir as

necessidades estabelecidas pelo consumidor (PALADINI, 2004).

Diante desse contexto, busca-se através de uma análise prática,

estudar o comportamento de empresas que operam no sistema de

produção sob encomenda quanto ao gerenciamento e controle da

qualidade.

1.2 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA DE PESQUISA

Em um ambiente de produção sob encomenda, muitas atividades

e equipamentos são compartilhados considerando as variações nas

exigências do cliente. Dependendo do grau de customização que a

empresa oferece e do pedido requisitado pelo cliente, os processos

produtivos e a forma com que cada atividade é realizada podem ocorrer

alterações. Com isso, torna-se difícil alcançar uma produção balanceada

e estável (ESWARAMOORTHI et al., 2010).

Smalley (2006) traz que uma produção estável não deve

apresentar variações em mão-de-obra, máquinas, materiais e métodos, o

que diz ser os 4M’s da estabilidade básica. Caso seja frequentemente

alternada a forma como cada M desempenha sua função, uma

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instabilidade é verificada, propiciando problemas de qualidade e uma

ineficiência produtiva.

Além da alta customização no ambiente sob encomenda dificultar

o gerenciamento e o controle dos processos produtivos, há outro ponto

crítico em relação ao sistema, ocasionado pela quantidade pouco

expressiva de estudos aprofundados no assunto, sendo a maioria

destinada ao sistema de produção para estoque (AMARO, 1999).

Em suas pesquisas, Oliveira (2016) constatou uma lacuna grande

entre a qualidade e o sistema sob encomenda, ressaltando a importância

e a contribuição que novas pesquisas direcionadas a este tema poderão

trazer. Com isso, é relatado que a escassez de estudos voltados para o

ambiente de produção sob encomenda é recorrente atualmente.

Diante das dificuldades enfrentadas por esse sistema de produção

e a baixa gama de estudos destinados à gestão e controle da qualidade

nesse ambiente, foi considerado de grande valia o trabalho de pesquisa

no assunto.

Em especial, a realização de um estudo de caso em três empresas

que operam no ambiente sob encomenda, com o intuito de verificar os

procedimentos utilizados para o controle da qualidade no referido

sistema, bem como, diagnosticar os pontos críticos, se haver.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a gestão e controle da qualidade em ambientes de

produção sob encomenda.

1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do estudo são atribuídos da seguinte

maneira:

● Estruturar um questionário como instrumento de análise qualitativa

para empresas que operam no ambiente de produção sob

encomenda.

● Aplicar um questionário em empresas que operam no ambiente de

produção sob encomenda.

● Verificar a existência de fatores críticos para a gestão e o controle

da qualidade no sistema de produção sob encomenda.

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30

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

A realização deste trabalho de pesquisa foi desdobrada em cinco

capítulos. Aqui, no primeiro capítulo, é demonstrada a contextualização

da problemática no tema de estudo, bem como os objetivos esperados

com a finalização da pesquisa.

No capítulo seguinte, são apresentados os conceitos teóricos que

envolvem a temática da pesquisa e trazem os insumos necessários para

sua análise e conclusão. Assim, o trabalho traz nove tópicos principais

envolvendo os assuntos que possibilitam o estudo da gestão e controle

da qualidade em sistemas de produção sob encomenda.

Para o terceiro capítulo, é demonstrada a metodologia utilizada

para o desenvolvimento da pesquisa, onde foi escolhido o método de

estudo de caso, que com suas ferramentas direciona o caminho a ser

seguido para a realização da análise.

O quarto capítulo está voltado para a análise das aplicações

realizadas em campo com o instrumento de análise desenvolvido. Aqui,

são demonstradas as situações das empresas estudadas e as análises

realizadas com os dados apresentados.

No quinto e último capítulo, é apresentada a conclusão do

trabalho, com o desenvolvimento abordado e a contextualização do tema

analisado. Também, são observadas neste tópico, propostas de estudos

futuros envolvendo a temática da pesquisa, dando continuidade a novos

estudos, principalmente, para a área que a pesquisa se dedicou.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesse capítulo é realizada a coleta e exposição dos insumos

necessários para a elaboração do instrumento de pesquisa necessário

para a conclusão do estudo. Utilizou-se relatos e temas que se

enquadram na problemática discutida por autores relevantes na área

estudada.

No início do capítulo, são abordados os diferentes tipos de

produção que uma empresa pode operar. Em seguida, o estudo será

voltado para o ambiente de produção sob encomenda, o qual se

enquadra no propósito de estudo.

Dando continuidade, são apresentados os conceitos de diferentes

autores com base na gestão e controle da qualidade, e algumas

ferramentas e metodologias envolvidas com a área.

2.1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Atualmente a concorrência no mundo empresarial está mais

acirrada, cabendo às empresas ter uma estrutura bem consolidada quanto

aos métodos de produção e suas estratégias para se destacarem. Neste

cenário, a definição de como a empresa irá operar deve ser bem alinhada

por toda a organização para que os objetivos não sejam divergidos.

Nesse ponto, a empresa deve estabelecer a maneira, a quantidade e o

momento que vai produzir, para atender as expectativas do cliente

(CORDEIRO, 2013).

A estratégia da produção deve estar de acordo com o pensamento

gerencial da empresa e as ações necessárias para a produção,

envolvendo todos os setores da empresa de uma forma consolidada

(TUBINO, 2015). As decisões estratégicas podem ser incentivadas pela

escolha de atuação na empresa como liderança de custo ou

diferenciação, por exemplo (OLIVEIRA, 2016).

Assim, a empresa deve analisar o seu produto e decidir sua

estratégia de produção, definindo inicialmente se irá produzir para

estocar ou se irá produzir sob encomenda do cliente. Os principais

sistemas de produção analisados na literatura podem ser definidos como

produção para estoque ou MTS (make-to-stock) e produção sob

encomenda ou MTO (make-to-order), porém alguns autores (ARNOLD,

1999; PIRES, 1995; CORRÊA, 2001) abordam também o sistema de

montagem sob encomenda e o sistema de engenharia sob encomenda,

respectivamente conhecidos em inglês como ATO (assemble-to-order) e

ETO (engineering-to-order).

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O sistema de produção para estoque é definido para produzir

produtos semelhantes de forma geralmente padronizada, baseado

principalmente na previsão de demanda. Neste ambiente, é verificado

um baixo grau de customização, pois o pedido do cliente não interfere

na produção, somente no estoque de produtos acabados.

O sistema sob encomenda é caracterizado por alto grau de

customização devido à produção ser iniciada somente após o pedido do

cliente, determinando os componentes e o produto final. No sistema

ATO, a produção tem um grau de padronização devido ao pedido do

cliente entrar na parte de montagem do produto, com uma padronização

determinada pela empresa até o momento da montagem e a partir daí, a

produção ocorre de acordo com as especificações requisitadas pelo

consumidor. O sistema ETO é o que apresenta maior grau de

customização, pelo fato de o cliente participar do projeto do produto,

construindo este desde o início da ideia até o produto acabado

(TUBINO, 2015).

O local em que o pedido do cliente entra na linha de produção

pode ser chamado de ponto de desacoplamento. A partir deste o ponto, o

produto segue na linha de produção conforme o cliente solicitar,

podendo ocorrer grandes variações entre os clientes (OLIVEIRA, 2016).

Na Figura 1 pode-se observar o ponto de pedido do cliente na

produção do produto e a produção via previsões, conforme os sistemas

MTS, ATO, MTO e ETO citados.

Segundo Oliveira (2016), o ponto de desacoplamento é um fator

de extrema relevância para o lead time do produto, que é o tempo que o

mesmo leva desde a entrada na fábrica como matéria-prima até a

expedição como produto acabado, pois quanto mais o cliente interferir

na produção, maior o tempo que o produto levará pra ser entregue.

Como pode ser observado na Figura 1, no sistema ETO o pedido

do cliente entre na fase inicial do produto, fazendo parte da construção

do projeto para o mesmo. Com isso, é necessária uma forte validação

com cliente primeiro para depois a matéria prima começar a ser

transformada em produto acabado, variando os processos de acordo com

as especificações do cliente. Um exemplo de atuação no sistema ETO é

a construção de vestido de noivas, onde é necessário validar o design e

as medidas com as clientes para dar início aos processos de fabricação

do vestido. No outro extremo da análise se observa o sistema MTS, que

fabrica de acordo com previsões antecipadas, sem alto grau de

personalização e, assim, apresentando um tempo de entrega do produto

mais curto. Um exemplo de produção MTS é observado em empresas

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33

que produzem parafusos, que opera em seus processos produtivos de

forma igual para a linha de produtos.

Figura 1 - Tipologias de Produção.

Fonte: Bremer (2000).

2.2 PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA

Existem determinados sistemas de produção que são

estabelecidos de acordo com a forma de atuação dos processos

produtivos da empresa. Estes sistemas podem ser definidos pela empresa

dependendo se esta produz para estocar ou por encomenda dos clientes.

Dentro destes, o sistema de produção por encomenda trabalha

paralelamente com as customizações exigidas pelo cliente, tendo intenso

contato pelas partes antes de o produto estar pronto para entrega

(PORTER, 1999).

A classificação dos diferentes sistemas de produção pode ser

atribuída à influência que o cliente exerce no processo produtivo, ou

seja, o quanto o pedido do cliente vai interferir na produção (PIRES,

1998).

Diante disso, o sistema de produção sob encomenda funciona da

maneira que o cliente precisa realizar o pedido com as informações

necessárias para formação do produto, fazendo com que seja dado início

à transformação da matéria prima em produto acabado.

Page 34: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

34

Quezado (1999) diz que um produto fabricado em um ambiente

sob encomenda geralmente apresenta um lead time mais elevado do que

o mesmo tipo de produto fabricado num ambiente para estoque, com

baixa customização.

Dessa maneira, as empresas que operam sob encomenda têm

como principal foco reduzir o lead time do produto, com a qualidade

necessária, para que a empresa possa entregar o produto que o cliente

encomendou de forma rápida e eficiente (Oliveira, 2016).

O sistema de produção sob encomenda pode ser caracterizado por

uma baixa quantidade de produtos fabricados e com uma alta

variabilidade, sendo ambos determinados pelo cliente final (KOCH E

LODDING, 2014).

Nesse sistema é difícil estabelecer o que o cliente quer, quanto

ele vai pedir e de que maneira deseja que seja feito. Assim, essas

informações só são esclarecidas com o pedido formal do cliente sobre o

produto. Por isso, é crucial no sistema sob encomenda um

relacionamento bem alinhado com o setor de Planejamento e Controle

da Produção, já que nesse ambiente de produção os pedidos podem

variar muito dependendo de cada cliente. Assim, o sequenciamento da

produção também se torna um ponto crítico para um melhor

aproveitamento dos processos na linha de produção (QUEZADO, 1999).

Diante disso, no sistema de produção sob encomenda é comum

que os produtos percorram diferentes caminhos no chão de fábrica

passando pelos processos produtivos necessários para cumprir a

necessidade estabelecida pelo cliente. Segundo Oliveira (2016), os

produtos realizam diferentes fluxos apresentando alta variabilidade e

assim, constituindo um arranjo físico conhecido por job shop. Neste

cenário, podem ser observadas as dificuldades que a empresa pode

enfrentar quanto à padronização devida do trabalho. Além disso, o

arranjo físico deve ser adequado de forma que o lead time de fabricação

seja o mais curto possível e o cliente tenha seu pedido entregue de

rapidamente, com a qualidade exigida pelo consumidor.

As empresas com alta gama de produtos fabricados também

podem definir os produtos que fabricarão via sistema sob encomenda e

aqueles que serão produzidos para estoque. Aconselha-se fazer uma

análise e definir que os produtos mais consumidos, ou seja, com alto

giro de estoque, também chamado de high runners serão fabricados no

sistema para estoque devido ao fator custo, que pode ser tido como

vantagem nesse sistema. Já os produtos com menos giro de estoque, os

low runners devem ser fabricados por sistema sob encomenda, com a

certeza de que o que for produzir será vendido (TUBINO, 2015).

Page 35: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

35

Contudo, nota-se que a forma de gerenciamento entre os sistemas

para estoque e sob encomenda diverge, possuindo dinâmicas distintas

quanto aos processos de fabricação.

De acordo com Bartoli (2008), devido ao fato desses sistemas

possuírem vertentes diferentes, eles devem ser tratados e gerenciados

separadamente para otimizar a produção.

2.3 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL (TQC)

Este conceito trata-se de um sistema aperfeiçoado no Japão, a

partir de 1950, vindo de ideias americanas apresentadas após a Segunda

Guerra Mundial, devido à necessidade de um rápido crescimento

qualitativo naquela época pelas mudanças políticas econômicas

ocorridas. No Japão esse sistema foi difundido como TQC, que em

inglês significa Total Quality Control.

No Japão, esse sistema é direcionado para que o controle da

qualidade seja desdobrado e alinhado por toda empresa e não só em

situações pontuais, fornecendo dessa forma, a qualidade intrínseca em

todas as atividades realizadas na empresa.

O TQC foi desenvolvido por insumos de muitas fontes de estudo,

como o método cartesiano desenvolvido por Taylon, o controle

estatístico de processos criado por Shewhart, o conhecimento sobre o

comportamento humano fundamentado por Maslow, unindo ao

desenvolvimento ocidental no quesito qualidade (CAMPOS, 1992).

Segundo Armand V. Feigenbaun (1956), a qualidade só será

adquirida quando todos os setores da empresa estiverem envolvidos para

apresentar qualidade no produto ou serviço. Desta forma, ele passou a

utilizar o termo TQC.

As organizações têm como função atingir determinados

objetivos, e para atingir esses objetivos, que podem ser produtos,

serviços, ações, elas apresentam determinados resultados. A questão em

análise é se os resultados gerados serão positivos, com um bom

desempenho, ou negativos, apresentando defeitos. Dessa forma, é

necessário saber onde e o que você deseja alcançar para depois trabalhar

da melhor maneira para chegar lá (CAMPOS, 1992).

O controle de qualidade, no contexto do

Controle de Qualidade Total, é exercer o

controle sobre as dimensões da qualidade, o

objetivo mais importante deste controle é

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36

garantir a qualidade do seu produto.

(CAMPOS, 1992, p. 14).

Diante disso, Campos afirma que as dimensões da Qualidade

Total são atribuídas à qualidade, custo, entrega, moral e segurança,

como pode ser observado no Quadro 1.

A qualidade está relacionada com a satisfação do cliente, por

exemplo, o quão o cliente gostou do produto fornecido ou do serviço

apresentado. Ela também está ligada com a rotina diária na empresa, a

maneira como os treinamentos são passados aos funcionários e a

qualidade na gerência da produção, de pessoas e da empresa. Assim, a

dimensão qualidade está atribuída a todos os fatores internos e externos

que impactam, de alguma maneira, nas atividades desempenhadas pela

empresa.

O custo é uma dimensão ligada a todas as despesas apresentadas

para a fabricação de um produto. Ele deve estar ligado ao valor

agregado que o produto possui, ou seja, quanto maior a quantidade de

valor agregado um produto possui, maior será o seu custo.

A entrega é atribuída ao fornecimento de um produto ou serviço

para um cliente, seja este final ou intermediário. As entregas precisam

ser feitas no prazo estipulado, sem atraso ou abstenção. Indicadores

utilizados para medir o nível de entrega podem ser atrasos na entrega ou

entregas erradas, por exemplo.

A moral é ligada ao quão satisfeita as pessoas estão em

determinado ambiente e rotina. Essa dimensão é direcionada para um

grupo de pessoas estabelecido na empresa, podendo ser o grupo de todos

os funcionários ou funcionários setoriais. Índices de absenteísmo e

reclamações podem ser analisados como indicadores nessa dimensão

A segurança é analisada perante aos empregados que operam na

empresa e aos usuários do produto fabricado. A segurança deve ser tal

que não haja número de acidentes ou até mesmo mortes pelos

funcionários ou clientes devido a ações na empresa e com o produto.

Após essa análise, concluiu-se que para alcançar a Qualidade

Total na organização, devem-se medir todas essas dimensões para

observar os resultados gerados (CAMPOS, 1992).

Numa era de economia global não é mais possível

garantir a sobrevivência da empresa apenas

exigindo que as pessoas façam o melhor que

puderem ou cobrando apenas resultados. Hoje são

necessários métodos que possam ser utilizados por

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37

todos em direção aos objetivos de sobrevivência

da empresa. Estes métodos devem ser aprendidos

e praticados por todos. Este é o princípio da

abordagem gerencial do TQC. (CAMPOS, 1992,

p.15).

Quadro 1- Dimensões da Qualidade Total.

Fonte: adaptado de Campos, 1994.

Com isso, devem-se gerenciar os métodos desempenhados na

organização de modo que eles estejam sempre de acordo com as metas

determinadas pela empresa.

Para Campos (1992), os princípios básicos que regem o Controle

da Qualidade Total são:

• Produzir e fornecer produtos e/ou serviços que atendam totalmente às

necessidades do cliente;

• Quanto maior a qualidade, maior a produtividade e, por consequência,

garante-se a sobrevivência da empresa.

DIMENSÕES DA

QUALIDADE TOTAL

PESSOAS

ATINGIDAS

produto/serviço

Qualidade

rotina

cliente,

vizinho

custo

Custo

preço

Cliente,

acionista,

empregado e

vizinho

prazo certo/local certo

Entrega

quantidade certa

cliente

Moral empregados

empregado

empregados

Segurança

usuários

cliente,

empregado e

vizinho

QUALIDADE

TOTAL

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38

• Identificar os problemas críticos e estabelecer as prioridades para

solucioná-los;

• Tomar decisões baseando-se em fatos e dados concretos;

• Adotar a prática do gerenciamento preventivo;

• Isolar as causas fundamentais dos problemas para reduzir as

dispersões;

• Não permitir a venda de produtos com defeitos;

• Procurar prevenir a origem de problemas cada vez mais a montante;

• Nunca permitir a repetição de um problema pela mesma causa;

• Manter o respeito pelos funcionários;

• Definir e seguir a Visão e Estratégia da Alta Direção da empresa.

Explorando mais o TQC, pode-se observar o controle de

processos como sendo um fator determinante para a implementação do

TQC. O controle dos processos que regem uma empresa é a chave

fundamental para um bom gerenciamento, envolvendo desde operários a

alta gerência. Outro ponto importante do controle de processos é a

possibilidade de, a partir dele, definir quais atividades devem ser

atribuídas a cada funcionário para que os processos sigam um padrão de

qualidade estabelecido (CAMPOS, 1992).

Um conceito muito abordado na literatura para auxiliar no

controle de processos é a utilização estatística para tal finalidade. O

controle estatístico de processo (CEP) é de extrema relevância para a

análise da qualidade e sua garantia, determinando padrões de qualidade

a serem seguidos e possibilitando melhorias a partir desses padrões

(PALADINI, 1995).

O controle estatístico de processo estabelece padrões de

qualidade, limitando desvios e estabelecendo todos os dados fora do

limite como sendo defeituosos. Dessa maneira é possível verificar qual

produto ou processo está de acordo com a qualidade e qual é

considerado defeituoso.

Na literatura, pode-se observar que o CEP possui 7 principais

ferramentas para a manutenção da qualidade. Dentre elas, estão

Histograma, Folha de Verificação, Gráfico de Pareto, Digrama de

Causa-Efeito, Diagrama de Concentração de Defeito, Diagrama de

Dispersão e Gráfico de Controle (MONTGOMERY, 2004). Para atingir

resultados concretos, é essencial que as ferramentas do CEP sejam

aplicadas corretamente (REIS, 2001).

O controle da qualidade segue de uma análise de processos,

sendo possível identificar as causas dos problemas. Depois, é efetuada

uma padronização para limitar possíveis desvios padrões e então,

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determinam-se os itens de controle que serão acompanhados para obter

o controle da qualidade (MIYAUCHI, 1987).

Para aplicar o TQC na empresa é essencial a atuação da alta

gerência no seu papel de liderança, gerenciando treinamentos e

alinhando a organização inteira para a mudança necessária. Assim, a

estruturação da implementação deve seguir um direcionamento top-down, ou seja, de cima para baixo na organização (CAMPOS, 2004).

Nesse contexto, pode-se dizer que o conceito TQC precisa ser

estabelecido em todos os setores da empresa para que seja alcançado.

Assim, a liderança da empresa tem papel fundamental nessa missão de

implentação do sistema TQC.

2.4 Jidoka

Essa palavra tem origem japonesa e pode ser interpretada em

português como autonomação, ou automação com toque humano. O

propósito do jidoka para os processos produtivos foi desempenhado pela

primeira vez por Sakichi Toyoda nos teares de sua fábrica no início do

século XIX. Naquela vez, Sakichi criou um sistema que fazia o tear

parar quando um fio se rompia, impedindo a transferência de erros para

o processo seguinte.

Segundo Steve Hoefet (2010), o princípio do jidoka pode ser

dividido em duas partes principais:

1. Separar o tempo das atividades manuais e o tempo de utilização

da máquina, para que as pessoas se preocupem somente com as

suas tarefas e as máquinas desempenham somente as suas

funções.

2. Fornecer para a máquina uma inteligência humana, com a

utilização de sensores que façam com que a máquina pare de

funcionar se algum erro ocorrer, não permitindo a propagação

desse erro para os processos subsequentes. Caso seja detectado

algum erro, os funcionários são acionados para corrigir o

problema.

Este conceito foi utilizado então por Taichii Ohno, sendo parte

essencial para a consolidação da qualidade no Sistema Toyota de

Produção (STP). Diante da importância que o jidoka fornece para o

STP, ele constitui um dos pilares da casa da Toyota, como pode ser

verificado na Figura 2, a seguir:

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Figura 2 - Casa do STP.

Fonte: Lei (2003).

Jidoka também pode ser conhecido como sendo um equipamento

que conta com a mentalidade humana para detectar anomalias e parar a

linha no primeiro momento. Outro fator importante gerado pela

aplicação jidoka na qualidade dos processos produtivos é evitar a

necessidade de processos de inspeção e retrabalhos, os quais o STP trata

como um desperdício (LIKER, 2007). De acordo com o modelo da casa

da Toyota, o pilar jidoka é constituído por alguns conceitos como

Sistemas à Prova de erros, por exemplo.

2.4.1 Sistemas a prova de erros

Também conhecido como poka-yoke, essa palavra de origem

japonesa pode ser traduzida como “prevenção de erros”. O conceito

surgiu no Japão nos anos 60, onde Shingeo Shingo utilizou dessa

metodologia para evitar que algum produto fosse fabricado nos processos com defeito e enviado ao cliente. A partir daí, o método poka-

yoke passou a mostrar os benefícios de utilização na qualidade do

produto e tornou um item essencial para a consolidação do modelo

Toyota de Produção.

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De acordo com Shingo (1986), os sistemas poka-yoke podem ser

classificados em cinco métodos de utilização: Método de Controle,

Método de Advertência, Método do Contato, Método do Conjunto e

Método das Etapas.

O Método de Controle é utilizado para que a máquina seja

automaticamente parada quando ocorre uma anomalia, sendo necessária

uma correção imediata do problema para a máquina voltar ao

funcionamento. Um exemplo desse método pode ser observado no nosso

cotidiano por alguns equipamentos como micro-ondas e máquina de

levar, os quais são desligados automaticamente assim que a tampa deles

é aberta.

O Método de Advertência serve para sinalizar assim que algum

defeito é verificado. Aqui, é muito comum a utilização de Sistemas

andon, os quais sinalizam por luzes para indicar se o funcionamento da

máquina está de acordo (verde), em manutenção (amarelo) ou com

falhas (vermelho). Li (2006) ressalta em sua obra que as empresas estão

cada vez mais utilizando andon para o controle de qualidade.

O Método do Contato é aplicado para que o modo correto da

realização de atividades seja garantido pelo formato adequado dos

equipamentos que serão utilizados no produto durante o processamento.

Na Figura 3 podemos ver um exemplo deste método, onde o local de

entrada é exatamente do mesmo tamanho do objeto de entrada,

impossibilitando que o encaixe seja efetuado de maneira indevida. O

Método do Conjunto garante o sequenciamento exato das atividades de

processo, de forma que o processamento ocorra na ordem exata. O

Método das Etapas evita que alguma etapa desnecessária seja realizada

pelo operador nas suas atividades, padronizando-as.

O conceito poka-yoke considera que um erro não é ocasionado

por uma pessoa e sim por alguma falha no método de procedimento.

Assim, o culpado por um erro cometido não pode ser uma pessoa e sim

o sistema que definiu o método errado. Com isso, para que ocorra uma

boa definição de um método poka-yoke, é fundamental que haja um

entendimento completo de como e porque o erro acontece (LIKER,

2002).

Portanto, o poka-yoke é trabalhado para que os métodos de

procedimentos no trabalho sejam criados de maneira adequada,

eliminando a chance de ocorrerem erros e ajudando no controle de

qualidade.

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Figura 3 - Sistema poka-yoke por contato.

Fonte: Nogueira (2010)

2.5 TRABALHO PADRONIZADO

O trabalho padronizado pode ser entendido por ser o método no

qual uma tarefa é realizada, seguindo uma ordem de procedimentos, os

quais devem ser os mais eficientes possíveis (TUBINO, 2015).

Segundo Kishida (2005), a padronização de um trabalho deve ser

realizada somente após estudo e análise feitos e procedimentos testados,

garantindo que o melhor método até o momento tenha sido alcançado.

Para uma empresa apresentar uma estabilidade nos processos

produtivos e manter o padrão de qualidade é essencial que não ocorram

variações nas atividades de trabalho. Quando são utilizados métodos

diferentes para realizar uma mesma atividade a eficiência operacional

será inconsistente, causando assim, uma instabilidade produtiva

(NISHIDA, 2006).

Liker e Meier (2007) citam algumas ferramentas para a

padronização de atividades como folha de procedimentos padronizados,

tabela de combinação de trabalho e planilha de capacidade de produção.

Na Figura 4, pode-se observar um exemplo de tabela de combinação de

trabalho padronizado (TCTP), onde são listados os elementos de trabalho necessários para determinada tarefa e seus tempos

discriminados.

De acordo com Imai (2005), o trabalho padronizado possibilita

analisar as métricas de desempenho e a realização de melhorias com

base na medida padrão. Caso não haja padrão, se torna difícil medir o

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que é uma melhoria e o que é uma piora nos procedimentos. Portanto,

para uma empresa controlar a qualidade produtiva e permitir que

melhorias sejam desempenhadas, é importante haver uma padronização

nas suas operações.

Figura 4 - TCTP.

Fonte: Mariz (2012).

2.6 METODOLOGIA 5S

O termo 5s vem de cinco sensos japoneses relacionados com a

organização do ambiente de trabalho. A aplicação dos 5s visa facilitar as

atividades e eliminar as perdas causadas pelo mau aproveitamento do

local, além de tornar o local de serviço em um ambiente agradável para

os funcionários. A denominação de cada senso da metodologia é dada

por seirei, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke (ISHIKAWA, 1986).

A aplicação da metodologia pode gerar diversos benefícios para

as empresas. Além de aumentar a produtividade e possibilitar a

manutenção da qualidade com a organização do local de trabalho, o 5s

ajuda na padronização de atividades, garantindo uma estabilidade nos

processos (GOMES et al, 1998). Outro fator relevante é a integração

criada entre os funcionários que participam da implementação 5s e uma

visão crítica gerada, a partir daí, para manter o ambiente de trabalho

adequado ao serviço (OSADA, 1992).

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Em seguida, é apresentado um quadro dos sensos no 5s, com o

significado de cada senso e as atividades com as quais eles estão

relacionados.

Quadro 2 - Os cinco sensos.

SENSO SIGNIFICADO ATIVIDADE

seiri Utilizar - separar o que é necessário

- eliminar o desnecessário

seiton Ordenar - definir um lugar para cada coisa

- criar áreas de armazenamento

seiso Limpar - identificar anomalias

- deixar o ambiente limpo

seiketsu Padronizar - estabelecer padrões para suportar os 3

primeiros sensos

shitsuke Disciplina - treinar os trabalhadores

- acompanhamento contínuo das tarefas

Fonte: elaborado pelo autor.

Cunha (2012) traz que as empresas têm buscado cada vez mais

adotar o programa 5s, considerando um procedimento de fácil aplicação

que traz consigo diversos benefícios. Entretanto, para que sejam

colhidos os frutos da sua aplicação, o 5s deve ser consolidado na

organização, o que é a parte mais crítica na implantação da metodologia.

2.7 METODOLOGIA DE MELHORIAS

Conforme apresentado por Slack (1997), é necessário que as

organizações realizem um acompanhamento contínuo das suas

operações a fim de avaliar o desempenho das mesmas e identificar

possíveis anomalias nos processos. Com isso, é possível corrigir

problemas, encontrar oportunidades de melhoria e aplicá-las. Dois

sistemas utilizados pelas empresas para encontrar melhorias são a

metodologia Kaizen e o Círculo de Controle da Qualidade.

Segundo o alfabeto japonês, “Kai” significa mudar e “Zen”

significa melhor, fornecendo uma definição para kaizen como “mudar

para melhor”. No âmbito da produção Japonesa, kaizen nos induz à

melhoria contínua, ou seja, sempre estar evoluindo aquilo que já está

estabelecido (IMAI, 1994).

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45

Essa metodologia é parte fundamental no desenvolvimento do

Sistema Toyota de Produção, auxiliando no controle e desenvolvimento

dos processos desde a identificação dos problemas até a resolução dos

mesmos, elevando o nível de produtividade e de qualidade (WOMACK;

JONES, 1998). Para os processos produtivos, a metodologia kaizen pode

ser aplicada de diversas formas em qualquer área, trabalhando com o

foco principal de alcançar resultados positivos em um curto período de

tempo (LARAIA, 2009).

Da mesma forma, o Círculo de Controle de Qualidade (CCQ)

teve sua origem no Japão, após a segunda guerra mundial, servindo

como ferramenta para o aumento da qualidade dos produtos Japoneses

(Xavier, 1983). O CCQ pode ser definido como sendo grupos de

trabalhadores que se reúnem após o expediente para discutir sobre o seu

desempenho, analisando os problemas recorrentes e sugerindo

melhorias. (SHOLTER, 1992) Segundo Ishikawa (1995), a utilização da

metodologia de CCQ para a manutenção da qualidade na empresa é

essencial para que existe o TQC. O autor afirma que sem o CCQ não

existirá o TQC.

Portanto, pode-se dizer que as metodologias kaizen e CCQ, quando aplicada de maneira adequada e consistente, contribuem para a

controle e desenvolvimento da empresa.

2.8 GESTÃO VISUAL

Uma situação comum em grande parte das organizações é a perda

de tempo constante para encontrar informações e dados úteis. Muitas

vezes, são observadas pilhas de relatórios nos escritórios,

impossibilitando os funcionários de encontrarem as informações

necessárias para a finalidade desejada.

Uma prática, que quando aplicada de modo adequada, vem

trazendo diversos benefícios é a gestão visual. Com ela, fica mais

simples passar informações importantes para um maior número de

pessoas, poupando tempo com a procura de informações. Um ponto

forte da gestão visual é fazer com que o entendimento do todo seja

passado de forma clara e objetiva (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2012).

A gestão visual também está relacionada com o controle de

qualidade, facilitando que o método correto seja praticado pelos

trabalhadores. Outro ponto importante observado na gestão visual é na

exposição dos problemas, demonstrando quando eles acontecem e

assim, facilitando o encontro de suas causas raízes e a eliminação das

mesmas para que os erros não reapareçam (WOMACK, 1998).

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Segundo Blessa (2011), após estudos realizados foi concluído que

1% das informações captadas pelo ser humano é pelo paladar, 1% pelo

tato, 4% pelo olfato, 11% pela audição e 83% pela visão. Assim, a

utilização da gestão à vista pode facilitar o gerenciamento e controle de

processos nas empresas, possibilitando um entendimento rápido de

determinada situação.

Portanto, é importante extrair o máximo de benefícios que a

gestão visual pode fornecer para a organização, sempre a adequando aos

moldes de cada empresa para obter melhores resultados.

2.9 METODOLOGIA PDCA

De acordo com Reich (1991), uma organização apresentará

vantagem competitiva se ela tiver habilidades suficientes para

identificar, analisar e solucionar novos problemas.

Uma das metodologias mais utilizadas para a resolução de

problemas nas organizações é o ciclo PDCA, também conhecido como

ciclo de Deming, já que foi este quem difundiu a metodologia no Japão,

a partir de 1950, com o sucesso da sua aplicação nas empresas

japonesas. O ciclo PDCA é baseado no diagnóstico total do problema,

com a análise e eliminação de suas causas raízes e solução do mesmo,

realizando o acompanhamento e a padronização das atividades

estabelecidas para que o problema não apareça novamente

(QUINQUIOLO, 2002).

Campos (1992) traz que o ciclo PDCA é composto por quatro

fases principais:

A primeira é a P (plan = planejar), onde você observa e analisa o

problema, identifica melhorias, estabelece metas para alcançar, com o

desenvolvimento de um plano de ação. A segunda fase é identificada

como D (do = fazer), que cabe a realização das ações estabelecidas na

fase P. A terceira fase é a C (check = verificar), destinada ao

acompanhamento dos resultados obtidos até o dado momento conforme

as metas definidas. Por fim, a quarta e última fase é a A (act = agir),

onde é analisado se as melhorias esperadas foram realmente alcançadas.

Caso o resultado esperado tenha sido obtido, a tarefa aqui é padronizar

as atividades de melhoria para que o problema não retorne. Porém, se os

resultados obtidos não foram satisfatórios é necessário realizar ações

corretivas, ou rodar o ciclo PDCA novamente, com um novo

planejamento.

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47

Figura 5 - Ciclo PDCA.

Fonte: Meireles (2001).

Desse modo, a utilização da metodologia PDCA também é vista

como essência do gerenciamento e controle da qualidade, auxiliando em

um melhor desempenho na manutenção, melhoria e inovação

(AGUIAR, 2002).

2.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

No presente capítulo, foram coletadas as ferramentas e

metodologias que fazem parte da área da qualidade, observando sua

importância e aplicação para a gestão e controle da qualidade. Além

disso, foram levantados os sistemas de produção existentes, e partir

deles, entrou-se mais a fundo no sistema de produção sob encomenda, o

qual se enquadra o tema desse trabalho.

Com a fundamentação teórica concluída, têm-se os insumos

necessários para a realização do instrumento de pesquisa, o qual será

apresentado no Capítulo 3. Os temas abordados no Capítulo 2 servirão

de base para a construção do questionário e assim, possibilitar uma

análise quanto ao gerenciamento e controle da qualidade em um sistema

de produção sob encomenda.

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo são apresentados os métodos adotados para a

execução desta pesquisa, que será voltada para um estudo de caso.

Inicialmente, é apresentado onde a pesquisa está enquadrada no âmbito

metodológico. Depois, são explicitados os procedimentos necessários

para a conclusão de cada etapa do estudo de caso.

Por fim, esta parte da pesquisa é consolidada com a elaboração

do questionário o qual foi utilizado para a análise do problema de

pesquisa em questão bem como a forma que os dados foram coletados.

Também são explicitados o protocolo de pesquisa utilizado e a carta de

apresentação à empresa estudada.

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

Nessa parte, são definidas quais as técnicas e ferramentas

metodológicas se encaixam na execução do estudo. Também será

realizada uma classificação da metodologia em relação à estrutura de

avaliação metodológica proposta por Ennslin e Ennslin (2008), que pode

ser observada na figura 6.

Com base na estruturação apresentada para a definição do

enquadramento metodológico, no domínio de Objetivo da pesquisa, que

é abrangido por Natureza do objetivo e Natureza dos artigos foi definido

como o primeiro de caráter exploratório e o segundo prático: estudo de

caso.

A pesquisa de natureza exploratória está relacionada aos estudos

que visam adquirir um conhecimento mais apurado sobre o tema e

capacitar-se para uma análise aprofundada da situação. Esse modo de

pesquisa, em geral, segue um levantamento bibliográfico dos assuntos

em questão, entrevistas questionando pessoas que estão envolvidas na

prática com o tema e análise do que se foi coletado (GIL, 2007). Como

há uma lacuna entre a gestão e o controle da qualidade relacionada ao

ambiente sob encomenda na literatura, visa-se então aprofundar o tema

para realizar o estudo e contribuir para solucionar o problema em

questão.

Yin (2001) avalia o estudo de caso como sendo a análise

embasada de um objeto, podendo ser uma pessoa, um grupo ou

múltiplos grupos. Nessa pesquisa, o objeto em estudo são três empresas

que trabalham em ambiente de produção sob encomenda.

Seguindo a estruturação, o âmbito da lógica de pesquisa foi

definido como sendo indutiva. A lógica indutiva consiste em realizar

Page 49: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

49

uma constatação de dados particulares e atribuir uma ideia generalizada

baseada na experimentação (LAKATOS, 2007). Deste modo, o trabalho

se classifica como indutivo, onde se espera que a partir das análises

feitas nas empresas estudadas, chegar a conclusões que poderão ser

expandidas para empresas com características similares.

Analisando o estudo em relação à estruturação do Processo de

Pesquisa foram definidas as partes de Coleta de Dados e Abordagem do

Problema.

No domínio de coleta de dados, foram considerados tanto os

dados primários como os dados secundários. Os dados primários são

aqueles coletados de diferentes fontes que não estão direcionados ao

problema em análise. Já os dados secundários são aqueles advindos da

coleta e análise do pesquisador para solucionar o problema apresentado

na pesquisa (MALHOTRA, 2001).

Para o domínio de abordagem do problema foi optado pela forma

qualitativa de análise, onde as conclusões são baseadas nas respostas de

pessoas com conhecimento no tema estudado e sobre suas percepções de

acordo com a prática. De acordo com Patton (2002), na abordagem

qualitativa o foco é direcionado para a percepção dos fenômenos em

estudo, analisando pessoas, grupos e organizações, bem como o

contexto em que se englobam de acordo com o problema apresentado.

Além disso, a forma qualitativa deve utilizar métodos e técnicas

adaptadas ao trabalho em questão, sendo específica para cada problema

(GÜNTHER, 2006). Assim, a análise de dados será conforme o

instrumento de análise qualitativa aplicado nas empresas acordadas.

No domínio de resultados, considerou-se a pesquisa como

aplicada devido ao fato de ser executada em casos reais e práticos. Com

isso, a pesquisa aplicada tem o intuito de gerar o conhecimento de forma

direcionada para a análise em casos práticos (BARROS; LEHFELD,

2000).

Nos Procedimentos Técnicos apresentados, escolheu-se o estudo

de caso, que será abordado especificamente no próximo tópico. Para o

domínio final, de Instrumento de Pesquisa, que visa estabelecer as

ferramentas principais para a realização da pesquisa, foi determinado a

elaboração de um questionário. A aplicação do questionário foi dada em

entrevistas com as pessoas responsáveis pela gerência das empresas em

análise, com o conhecimento da área da qualidade.

Page 50: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

50

Figura 6 - Enquadramento metodológico da pesquisa.

Fonte: adaptado de Ensslin e Ensslin (2008).

Page 51: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

51

3.1.1 Estudo de Caso

De acordo com Yin (2001), o estudo de caso é caracterizado

como uma pesquisa realizada em uma ou mais unidades, onde se

aprofunda um assunto para então executar a pesquisa nas unidades

escolhida. Nessa pesquisa, realiza-se a coleta de dados, podendo ser

qualitativa ou quantitativa, e então são analisados os dados com o

objetivo de entender determinado problema, ter um melhor

entendimento da situação e encontrar possíveis soluções para posteriores

aplicações práticas.

Para a realização do estudo de caso em questão, foi utilizada a

metodologia proposta por Cauchick Miguel (2010). Sua estruturação

pode ser analisada na Figura 7.

Figura 7 - Condução de estudo de caso.

Fonte: adaptado de Cauchick Miguel (2010).

Page 52: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

52

3.1.1.1 Definir uma Estrutura Conceitual Teórica

A primeira parte do estudo de caso envolve a estruturação dos

conceitos teóricos que estão relacionados com o trabalho de pesquisa.

Inicialmente, deve-se realizar o mapeamento da literatura, ou seja,

localizar e coletar os estudos bibliográficos produzidos que possibilitará

a análise e a conclusão do trabalho.

No estudo em questão, foram mapeados no Capítulo dois os

temas relacionados ao controle da qualidade e ao ambiente de produção

sob encomenda. Após identificar os principais temas, foram estudados

neles os fatores que contribuem para analisar a manutenção da qualidade

em um sistema de produção sob encomenda.

Inicialmente foi aprofundado o estudo que envolve os diferentes

sistemas de produção, para entender melhor sobre o que difere cada um

e quais impactos cada sistema estão sujeitos. Depois, realizou-se uma

análise mais específica quanto ao sistema de produção sob encomenda,

o qual faz parte do ambiente dessa pesquisa. A partir daí, os fatores que

cabem ao gerenciamento e controle da qualidade ganharam observação,

iniciando com o tópico do Controle Total da Qualidade e se estendendo

às metodologias de aplicação na área como Controle de Processos,

Jidoka, Trabalho Padronizado, 5s, Implementação de Melhorias e

Gestão Visual.

Concluído o estudo bibliográfico, é necessário determinar os

propósitos da pesquisa e estruturar o caminho ideal para alcançá-los.

Além disso, são verificados os limites que a pesquisa pode chegar e

quais as contribuições que o trabalho irá fornecer com o tema em

estudo.

3.1.1.2 Planejar o Caso

Para realizar a análise prática do caso, foi realizada uma pesquisa

sobre as empresas que se enquadram no ambiente estudado. A partir daí,

entrou-se em contato com as empresas para averiguar a possibilidade de

aplicação e realização do estudo de caso nas mesmas, selecionando as

empresas mais adequadas. A comunicação foi efetuada inicialmente,

através do envio de um e-mail, com uma carta de apresentação (que

pode ser observada no APÊNDICE A – Carta de apresentação à

empresa), e por via telefônica após o retorno da empresa via e-mail. As

empresas que se enquadram nesse nível, são as que operam no ambiente

de produção sob encomenda, destacada pelo alto grau de customização,

Page 53: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

53

o qual varia de acordo com o pedido do cliente e faz com que o controle

da qualidade tenha uma dinâmica possivelmente diferenciada.

Não entrou no estudo as empresas que trabalham no ambiente de

produção para estocagem, dando a essa pesquisa um alvo específico no

que diz respeito ao sistema de produção operado.

Para o estudo, foram escolhidas três empresas que operam no

sistema de produção sob encomenda. A primeira é Empresa A, que faz

parte do setor de gráficas, conta com 60 colaborares, tem 24 anos de

atuação no mercado e tecnologia avançada na área. A segunda é a

Empresa B, fabricante de produtos ópticos, com o produto principal

sendo lentes ópticas, operando com 180 colaboradores, e com 42 anos

de atuação no ramo. A terceira empresa foi a Empresa C, do setor

fabricante de embalagens plásticas, atuando há 26 anos no mercado e

com cerca de 350 funcionários em atividade. No que diz respeito à

execução dos processos produtivos nas três empresas, as empresas A e C

são de grande parte automatizada com a utilização de máquinas para a

transformação de seus produtos e poucas operações manuais nos

processos produtivos enquanto a empresa B além dos procedimentos

com maquinários, conta também com a utilização de procedimentos

manuais nos seus processos. Abaixo, é apresentado no quadro 3 aspectos

de cada empresa. As demandas para a Empresa A, B e C são

respectivamente tratadas, de acordo com as mesmas, em toneladas de

papel, quantidade de lentes e toneladas de embalagens.

Quadro 3 - Caracterização das empresas estudadas.

Empresa A Empresa B Empresa C

Setor Gráfica Produtos

ópticos

Embalagens

plásticas

N° de

colaboradores 60 180 350

Tempo de atuação

no mercado (anos) 24 42 26

Demanda mensal 12 toneladas 14.700 lentes 455 toneladas

Fonte: elaborada pelo autor.

Após a definição das unidades onde foram realizadas a coleta e

análise de dados, foi desenvolvido o instrumento de análise que será

utilizado. No estudo em questão, optou-se pela elaboração de um

questionário de aplicação prática. O questionário foi desenvolvido de

Page 54: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

54

modo a relacionar os fatores que implicam na qualidade com o sistema

de produção sob encomenda.

Depois do estudo realizado no Capítulo 2 para identificar os

principais fatores que envolvem o gerenciamento e o controle da

qualidade em uma empresa, foram definidos os tópicos principais do

questionário para aplicação. São eles: 1)TQC, 2)Controle de Processos,

3)Jidoka, 4)Solução de problemas, 5)Trabalho Padronizado, 6)5S,

7)Implementação de melhorias e 8)Gestão visual. O número de questões

que consta em cada tópico pode ser verificado na Tabela 1. As questões

são abertas, visando abranger as possibilidades de respostas para

contribuição na análise de dados. O questionário pode ser verificado no

APÊNDICE B – Questionário.

Com o questionário aplicado e os dados coletados nas empresas,

foi possível analisá-las em relação aos assuntos abordados, de acordo

com aspectos que envolvem o gerenciamento e controle da qualidade,

no seu sistema de produção sob encomenda.

Tabela 1 - Quantidade de questões por tema abordado.

Assunto Número de Questões

TQC 13

Controle de Processos 3

Jidoka 7

Solução de Problemas 3

Trabalho Padronizado 3

5 S 2

Implementação de Melhorias 3

Gestão Visual 2

Total 36

Fonte: elaborada pelo autor.

Após definida a estrutura da realização da coleta de dados, foi

estabelecido o protocolo de pesquisa, que está disponibilizado no

APÊNDICE C – Protocolo de Pesquisa. O protocolo visa auxiliar o

pesquisador e o entrevistado para a correta aplicação do instrumento de

análise. Nele, são apresentadas as etapas necessárias, os responsáveis

Page 55: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

55

por cada etapa e um campo para observações, a fim de garantir o

completo entendimento de cada etapa (GUERRA, 2010).

3.1.1.3 Conduzir Teste Piloto

Com o questionário definido e os meios de controle adequados,

foi realizada uma aplicação prática para testar o instrumento de análise.

A empresa escolhida para a aplicação do teste piloto foi a Empresa A,

do setor gráfico. O responsável da empresa entrevistado foi o diretor

presidente, que colaborou após a entrevista fornecendo feedbacks

construtivos sobre o questionário. Com os dados coletados na empresa e

os feedbacks analisados, foram identificadas algumas melhorias, com a

exclusão de uma questão, inclusão de outra e ajustes em cinco questões.

Com isso, foi definido o questionário final conforme consta no

APÊNDICE B, direcionando a pesquisa para o alcance dos objetivos

traçados.

3.1.1.4 Coletar os Dados

A coleta dos dados definitivos para análise contará com a

aplicação do questionário pessoalmente na empresa, interrogando o

colaborador com o maior nível de responsabilidade no gerenciamento e

controle de qualidade.

A realização da entrevista diretamente na empresa apresenta

benefícios tais como não permitir que dúvidas sejam acumuladas,

garantia que se tenha todo entendimento do questionário aplicado, além

do respaldo obtido para a execução da pesquisa. Dessa forma, a análise

de dados será condizente com o que acontece de fato na empresa

estudada.

É importante ressaltar que o pesquisador estará aberto aos

esclarecimentos requisitados na entrevista, entretanto não poderá

realizar qualquer direcionamento nas respostas da pessoa entrevistada.

3.1.1.5 Analisar os Dados

Após a aplicação do questionário e a compilação dos dados,

foram inicialmente analisados no trabalho, os fatores críticos para a

manutenção da qualidade no ambiente de cada empresa.

Em seguida, serão identificadas as ferramentas e metodologias

que envolvem a qualidade, mais utilizadas e menos utilizadas nas

empresas de produção sob encomenda analisadas. Além disso, são

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56

observados os pontos críticos para a manutenção da qualidade no

ambiente sob encomenda.

Em geral, as questões envolvem a aplicabilidade de determinados

métodos e ferramentas de gerenciamento e controle da qualidade, na

empresa em questão. O nível de customização de cada empresa também

será levado em conta para uma análise final.

3.1.1.6 Gerar Relatório

Por fim, a ação destinada a gerar relatório está envolvida com a

apresentação do estudo realizado. Dessa maneira, foram apresentadas as

análises realizadas em cima dos dados coletados, contribuindo para

possíveis aplicações e soluções para o problema estudado.

3.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Para a realização da pesquisa, algumas limitações foram

encontradas. Uma delas é a falta de material na literatura que esteja

relacionado ao problema do tema em questão, como já observada por

Oliveira (2016), e citado no item 1.2. Diante disso, foram buscados

insumos condizentes para possibilitar a análise da pesquisa. Outra

limitação verificada está associada ao fato de não existirem muitas

empresas que operam no ambiente de produção sob encomenda na

região, o qual a pesquisa está direcionada. Como se optou pela aplicação

do instrumento de análise de forma presencial, foi necessário enquadrar

empresas que operam no sistema sob encomenda em uma distância

geográfica que não foge do estado onde o autor vive, e a disponibilidade

dessas empresas em fornecer os dados para a pesquisa.

3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Com a finalização do presente capítulo, foram definidas as etapas

necessárias para o desenvolvimento da pesquisa, definidas por uma

estruturação metodológica, que se estabeleceu como um Estudo de

Caso. Também, foram observadas as limitações para a execução do

trabalho e a definição das empresas para o estudo da pesquisa em

campo.

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57

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesse capítulo, serão apresentadas as respostas obtidas com a

aplicação do questionário e a análise perante aos dados. A análise

buscou abordar diversos pontos como as necessidades, dificuldades,

fatores críticos e as ferramentas mais utilizadas no gerenciamento e

controle da qualidade, no sistema de produção sob encomenda. Os

tópicos abordados a seguir são relativos a uma análise discriminada de

cada tema abordado no questionário, dado por TQC, Controle de

Processos, Jidoka, Solução de Problemas, Trabalho Padronizado,

Metodologia 5s, Implementação de Melhorias e Gestão Visual. Ao final

do capítulo está apresentada uma análise global dos tópicos listados com

um quadro resumo das análises feitas.

4.1 ANÁLISE DISCRIMINADA

Aqui é abordado cada tópico do questionário separadamente, para

melhor entender a sua situação específica quanto aos fatores críticos de

aplicação no ambiente sob encomenda.

4.2.1 Controle Total da Qualidade (TQC)

Na área destinada ao estudo de assuntos relativos ao TQC na

empresa, foram analisadas as cinco “dimensões da qualidade”, que são:

1)Qualidade; 2)Custo; 3)Entrega; 4)Moral; 5)Segurança.

No Quadro 4, podem ser verificados os dados coletados no

questionário para tópico de qualidade. Nele, são mostradas as

porcentagens de defeitos de cada empresa.

A Empresa C teve destaque, já que mostrou ter um índice de 17%

de perdas relativas ao processo, que é o indicador utilizado pela empresa

para mensurar a qualidade produtiva. Quando questionado o porquê

desse alto número de perdas, o entrevistado citou as variáveis de

processo de acordo com os diferentes pedidos como sendo um item

crítico, pois a empresa tem uma demanda alta de produção de

embalagens plásticas, que se da pela impressão de grandes bobinas de

plástico. Como cada bobina tem uma especificação e uma impressão

diferente, cada troca de pedido acarreta em grande parte da bobina

perdida por ajustes de tinta, que são realizados necessariamente com a

máquina em atividade.

As Empresas A e B, apesar de apresentarem baixo índice de

defeitos em relação à empresa C, também ressaltam que a alta variedade

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58

nos pedidos do cliente é um dos principais precursores de problemas de

qualidade e deve-se trabalhar sempre para que a organização não deixe

essa variabilidade afetar a eficácia dos processos.

Quadro 4 - Dados do questionário para o tópico Qualidade.

TQC – Qualidade

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

Qual a

porcentagem de

produtos

fabricados com

defeito de

acordo com o

controle da

empresa?

Hoje tem uma taxa

de retorno de

materiais de 5%, que

é o controle de

defeitos que a

empresa utiliza.

Temos 2,9% com

quebras internas e

0,8% de retorno,

resultando em

3,7% de índice de

defeitos.

Controlamos os

defeitos por

perdas na

produção. Hoje,

temos o índice de

17% de perdas

em processo.

Quais fatores

consideram

críticos para os

problemas de

qualidade que

normalmente

ocorrem?

Variação de cor e

variação dimensional

de acordo com os

pedidos.

Diferenças de

dioptria(grau),

diferenças de

espessura das

lentes e a

finalização da

montagem, que

varia conforme o

gosto do cliente.

As variáveis de

processo como

anilox, clichês,

face do material,

etc. Variáveis

externas como

temperatura e

umidade e

também o

tamanho mínimo

de lote dos

pedidos.

Você considera

a

variedade/custo

mização um

aspecto crítico

para a

qualidade? Por

quê?

É o nosso principal

problema, se não

tivesse variabilidade

não haveria grande

parte dos defeitos.

Muito. As

variações nas

espessuras e na

dioptria de lentes

são fatores críticos

para o gosto do

cliente, então a

empresa tem que

trabalhar para não

deixar que essas

variações

acarretem em

defeitos.

Sim, porque gera

diferentes setups

e diferentes

procedimentos.

Se tivesse uma

linha única de

produto,

facilitaria o

controle de

qualidade no

processo de

produção.

Fonte: elaborado pelo autor.

No quesito custo, apesar de atribuírem de maneiras diferentes, as

três empresas falaram que são destinados esforços na redução de custos

por processo para que seja possível colocar o seu produto no mercado a

um preço competitivo, como pode ser observado no Quadro 5.

Page 59: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

59

Todas as empresas também consideraram a variedade nos pedidos

do cliente como um diferencial impactante na área de custos da empresa,

alegando que quando ocorre uma diferenciação na encomenda do

cliente, materiais, máquinas, mão de obra e procedimentos podem sofrer

modificações. Dessa maneira, os custos também são alterados, e a

empresa precisa aguardar o pedido do cliente para identificar os custos

exatos de produção, dificultando assim, o controle financeiro antecipado

da organização.

Com a alteração frequente nos custos de fabricação, pode-se dizer

que é crítico para a empresa conhecer o seu lucro em determinado

produto mediante ao preço de mercado. Assim, o preço justo que o

cliente espera se torna variável a cada pedido, necessitando atribuir as

variações requisitadas e trabalhar em cima dessas variáveis para reduzir

os custos internos nos processos.

Quadro 5 - Dados do questionário para o tópico custo.

TQC – Custo

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

A empresa

trabalha em

cima de redução

de custos em

processos?

Sim. Trabalhamos

mais focado na

redução de custos de

eficiência de material

em processo do que

hora/homem.

Sim. Sempre

estamos

trabalhando com o

foco na eliminação

dos desperdícios

nos processos.

Sim. Principalmente

redução de horas

improdutivas e

perdas de

material nos

processos.

Você considera

que a

variedade/custo

mização dos

produtos

influencia no

custo? Por quê?

Totalmente. Se não

tivesse tanta

variedade seria mais

fácil o controle sobre os produtos,

reduzindo os custos por falhas no

processo e materiais.

Sim, pois

dependendo do

pedido do cliente,

tem materiais de

lente que gastam

mais ou menos

insumos, ficam

mais ou menos

tempo em

processo, o que

também varia a

mão de obra e

maquinário.

Sim, pois a

variedade nos

pedidos alteram

as horas

improdutivas e a

quantidade de

perdas.

Fonte: elaborado pelo autor.

Page 60: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

60

Abordando a dimensão da entrega, as três empresas calculam o

tempo de entrega do produto acabado via sistema informatizado, onde o

cliente fornece as características atribuídas ao produto e o sistema então

estima o tempo necessário para produzi-lo.

Quadro 6 - Dados do questionário para o tópico Entrega.

TQC – Entrega

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

A empresa tem

um controle do

nível de

atendimento na

entrega dos

pedidos no

prazo? Se sim,

qual o nível

atual?

Tem um controle,

mas não tem um

indicador. É muito

baixo o erro porque

nós determinamos o

prazo, então tem uma

flexibilidade nos

prazos.

Sim. Fazemos um

controle diário,

mensal e por

empresa. 94% no

prazo.

Sim. 85%.

Como é feito o

controle da data

de entrega dos

produtos?

A empresa determina

um prazo de entrega

com base na

ocupação atual e com

a utilização de um

sistema

informatizado que

estima o tempo

necessário, conforme

o pedido.

O prazo é definido

conforme o

pedido do cliente.

Sabem-se quais

processos serão

necessários para

determinado

produto, e com isso

estimamos o

tempo.

Via um sistema

informatizado.

Cadastra o

cliente, que

fornece as

características

do pedido e

então se

determina um

tempo de

entrega.

Você considera

que a

variedade/custo

mização dos

produtos

influencia na

entrega do

produto

acabado? Por

quê?

Sim, pois são muitos

clientes e muita

diferença de

produtos, então

dificulta a exatidão na entrega.

Sim, pois

dependendo da

complexidade do

pedido e da

quantidade de

processos que ele

passar pode

demorar muito

mais.

Sim, pois muda

tempos de setups

e características

necessárias nos

processos.

Fonte: elaborado pelo autor.

Entretanto, como podemos observar no Quadro 6, todas

consideram a customização do cliente como um ponto crítico para o

nível de atendimento na entrega do produto acabado para o consumidor.

Como são diferentes clientes requisitando diversos produtos, há

alterações em níveis de complexidade, procedimentos dos funcionários e

Page 61: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

61

consequentemente, o tempo de entrega de cada produto é variável. Essas

variações exigem uma flexibilidade alta da empresa, para que a

produção consiga absorver as alterações necessárias e o tempo de

entrega seja condizente com o tempo prometido ao cliente.

Portanto, o tempo de entrega para cada produto se torna muito

volátil no sistema de produção sob encomenda, causando

frequentemente atrasos e alterações no sequenciamento da produção.

Com isso, a empresa nesse ambiente deve se moldar para que a

qualidade na entrega seja atendida, com o momento certo de

recebimento do material fornecido para o cliente.

No que diz respeito ao tópico moral, foram analisadas

divergências referente às respostas de cada empresa, de acordo com o

Quadro 7.

Quadro 7 - Dados do questionário para o tópico Moral.

TQC – Moral

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

Quais os índices

de absenteísmo

e reclamações

na empresa?

Não fazemos o

controle, mas pode-

se dizer que é muito

baixo o índice.

2,15% de

absenteísmo e de

reclamação não

fazemos o controle.

1% de

reclamações e

8% de

absenteísmo.

Você considera

que o ambiente

de produção sob

encomenda

apresenta um

índice baixo no

quesito Moral

devido ao

trabalhador

estar sujeito às

variações no

pedido do

cliente para

executar seu

trabalho?

Acho que não.

Considero que o

sistema sob

encomenda apresenta

a moral mais alta,

porque tem mais

variedade nas

execuções das tarefas

e o funcionário não

fica tão restrito a um

procedimento igual o

tempo inteiro.

Exige um

treinamento

muito maior e um

questionamento

constante. Perde

um pouco em

produtividade, pois

tem muitas

analises. Mas com

treinamento dos

funcionários e uma

cadeia de ajuda pra

dar suporte pra

essas pessoas,

considero que a

moral não é

afetada.

Sim, devido ao

alto índice de

variáveis de

processo como

setups, trocas de

matéria-prima e

periféricos. Isso

gera um estresse

frequente.

Fonte: elaborado pelo autor.

A Empresa A trouxe que a moral no ambiente sob encomenda é

mais elevada, devido aos funcionários não estarem sujeitos a atividades

Page 62: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

62

idênticas durante o trabalho. A Empresa B ressalta que o treinamento no

sistema operado deve ser reforçado e faz-se necessário uma cadeia de

ajuda para suportar as dúvidas na execução das atividades, já que estas

podem sofrer variações constantemente. Já a Empresa C considera que a

Moral é baixa, pois as alterações nos produtos com base nos clientes

geram ajustes e setups diferentes, o que causa um estresse frequente por

parte dos colaboradores atrelados a produção. Para Carvalho (2001), um

ambiente de trabalho onde o funcionário possui dificuldades de controle

da sua atividade e trabalha em situações de pressão, o estresse é gerado

constantemente.

Vale ressaltar, que a Empresa C também apresentou o maior

índice de absenteísmo em comparação a outras duas empresas, chegando

a 8%. Acredita-se que essas considerações podem estar de acordo com

as demandas produtivas entre as três empresas apresentadas pelo Quadro

3 no capítulo anterior, onde aquela que considerou a moral como

afetada, no sistema sob encomenda, tem um processo produtivo voltado

para máquinas de alta capacidade operando para uma grande demanda

de produtos, ou seja, as atividades nessa empresa acarretam em uma

pressão maior já que uma pequena falha na customização do produto

pode resultar em muitas quantidades perdidas de material.

Além disso, perdas em processo é um indicador de qualidade

utilizado na Empresa C, como mostra o Quadro 4. Assim, os

funcionários sabem que esses erros são analisados frequentemente pela

empresa, o que resulta em mais pressão na execução de cada tarefa.

Na última dimensão da qualidade, entramos na parte de

segurança. Quando observado no Quadro 8, a quantidade de feridos e

mortos no último semestre nas empresas, apenas a Empresa C teve

colaboradores acidentados, com quatro funcionários nesse período, e

nenhuma delas teve funcionários mortos.

Questionadas se o sistema de produção sob encomenda é

vulnerável a uma pior segurança no trabalho, a Empresa A e C

ressaltaram que há mais riscos nesse ambiente, pois os funcionários

podem estar envolvidos com diversas situações e máquinas flexíveis,

sendo difícil torná-lo adaptado a lidar com todas as necessidades de

segurança que o sistema pode exigir, porém são necessários os

treinamentos de segurança para todos envolvidos na organização. A

Empresa B, analisando exclusivamente seus processos produtivos,

identificou que a segurança não é afetada, pois as etapas que o produto

passa são diferenciadas, porém os processos são geralmente similares e

não oferecem riscos de segurança por diferenciações na especificação do

cliente.

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63

Quadro 8 - Dados do questionário para o tópico Segurança.

TQC - Segurança

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

Existem

treinamentos de

segurança na

empresa?

Sim. Apenas nos setores

com tratamento de

alguns produtos

químicos.

Sim.

Qual o número

de

colaboradores

acidentados nos

últimos seis

meses? E

mortos?

Zero. Zero. Zero. Zero. 4. Zero.

Você acha que

no ambiente de

produção sob

encomenda há

mais riscos

devido ao

trabalho estar

sempre se

moldando ao

pedido do

cliente?

Tem mais riscos

porque precisam de

maquinas mais

flexíveis assim como

processos, com isso

dificulta conhecer

todas as

necessidades no

quesito segurança

que tem que ter.

No nosso formato

não, pois há etapas

diferenciadas, mas

os processos são de

uma forma geral,

semelhantes.

Sim, pois é

difícil manter um

nível parecido de

trabalho que se

adapte a todas

as medidas de

segurança.

Fonte: elaborado pelo autor.

4.2.2 Controle de Processos

Diante da necessidade das organizações controlarem o andamento

produtivo de suas operações para a manutenção da qualidade, quando

anomalias aparecerem, foi analisado como as empresas estudadas

realizam o controle de processos e as dificuldades enfrentadas na sua

adoção, no ambiente sob encomenda.

Observando como as três empresas tratam o controle de seus

processos produtivos no Quadro 9, a utilização de um controle

estatístico é verificado apenas nas Empresas B e C. Apesar de não

utilizar controles estatísticos, a Empresa A considera um problema

crítico o controle de processos para garantia de qualidade na produção.

Com isso, a empresa A inclui pontos de inspeção durante as etapas de

produção e após último processo, o que gera um maior tempo para

transformação do material em produto acabado, e segundo Shingo

(1996), não agrega valor ao produto. Outro ponto destacado, é que a

Page 64: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

64

verificação se o produto está de acordo na inspeção é realizada a olho

nu. Portanto, para que o erro não se propague à diante, é necessário que

o operário tenha um conhecimento técnico apurado dos produtos e

processos da empresa.

Quadro 9 - Dados do questionário para o tópico Controle de Processos.

2. Controle de Processos

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

É realizado

algum controle

estatístico de

processos

(CEP)?

Não. Sim. Sim.

Se não é

realizado CEP,

como a empresa

realiza o

monitoramento

da qualidade?

Isso é um problema

chato. Tem alguns

pontos de inspeção

durante o processo e

tem um controle final

de qualidade que é no

olho.

- -

Você considera

que a

variedade/custo

mização dos

produtos

dificulta a

adoção de

controles nos

processos?

Com certeza, porque

sempre fica a dúvida

o que é qualidade para o cliente, de

acordo com o seu

pedido.

Sim, pois é algo

que se altera

constantemente.

Entretanto, como

nossa diferenciação

é principalmente as

etapas de processos

que o produto

percorrerá, fica

mais viável um

controle setorial.

Com certeza,

pois altera a

quantidade de

itens necessários

para o controle.

Fonte: elaborado pelo autor.

Quando perguntadas se a customização dificulta a adoção de

controles nos processos, as três empresas tiveram respostas afirmativas.

Em comparativa, a Empresa B informou que a sua diferenciação é mais

impactante nas etapas produtivas que cada produto passa conforme o

cliente, e assim se torna mais viável a utilização dos controles

estatísticos por setores específicos. A Empresa A trouxe que a adoção de

controles é prejudicada pela customização oferecida, pois gera a dúvida

do que é qualidade para cada cliente. Pode-se dizer então, que essa

incerteza é dinâmica e exige uma forte comunicação com o cliente para

saná-la. A Empresa C citou que a customização dos produtos dificulta o

Page 65: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

65

controle nos processos, pois varia os itens necessários para o controle de

acordo com o cliente. Assim, mais uma vez é observada a dinamicidade

na incerteza do que é necessário controlar e de que forma fazer o

controle.

4.2.3 Jidoka

Devido à importância, na área da qualidade, em buscar maneiras

para evitar a realização e a propagação de erros nos processos de

produção, a utilização do conceito de jidoka foi analisado nas empresas

entrevistadas. No Quadro 10, pode-se verificar os dados de análise.

Em relação à existência de máquinas que param automaticamente

quando um erro no processo de fabricação ocorre, apenas a Empresa B

conta com esse suporte, onde mais da metade de suas máquinas

oferecem esse monitoramento automático. Na Empresa A, existem

máquinas que param quando há erros, porém a parada é de acordo com

fatores que impedem a máquina de operar, e não conforme erros no

pedido do cliente. Já a Empresa C, nenhuma das quarenta máquinas que

a fábrica possui, param automaticamente quando anomalias ocorrem.

Com isso, a Empresa C precisa de uma acuracidade grande nas

atividades, já que alguns erros efetuados podem ser descobertos depois

de as máquinas processarem grandes quantidades de material, resultando

em um número alto de perdas.

Pesquisando sobre a definição do que seria considerado um erro,

já que a customização altera os produtos, as empresas mostraram

necessária uma especificação de cada produto para, a partir daí, definir o

que ta conforme ou não. Na Empresa C, em especial, é produzida uma

amostra conforme o pedido do cliente, e enviado para ele confirmar se o

produto está de acordo com a sua expectativa. Dessa maneira, tudo que

foge do enquadramento aprovado na amostra, é considerado um erro.

Essa medida é uma maneira que a empresa utiliza para diminuir as

chances de produzirem grandes quantidades do produto com defeito.

Entretanto, pode-se dizer que é uma etapa a mais durante o processo de

produção e exige uma comunicação bem consolidada entre a empresa e

o cliente para que se chegue a uma amostra aprovada em um menor

tempo.

Outro ponto que pode ser observado no quadro é o fato das três

empresas considerarem a implantação da parada automática de

máquinas crítica no ambiente de produção customizado. Foram citadas

dificuldades como há diferença entre as exigências de qualidade para

cada produto e cliente, onde um erro considerado para um determinado

Page 66: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

66

cliente pode ser que não afete a satisfação de outro cliente. Da mesma

forma, a variação nos pedidos dos clientes, faz com que cada produto

exija um padrão de qualidade de acordo com sua especificação. Esse

fator foi levantado pela Empresa B como parte chave em uma

implantação de parada automática nas máquinas por erros. A empresa

ressalta que é necessário fornecer as informações da customização

pedida pelo cliente para a máquina, e sem esse recurso torna-se inviável

a utilização de parada automática de máquinas numa empresa de

produção sob encomenda.

Quadro 10 - Dados do questionário para o tópico Parada automática de

máquinas.

3. Jidoka - 3.1 Parada automática de máquinas

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

Quantas

máquinas há no

total na fábrica?

Quantas param

automaticamene

quando

ocorrem erros

no processo?

18. Há 6 máquinas

param, mas somente

em situações que

dificultam a máquina

operar. Por exemplo,

com alocação errada

de material em

máquina.

Temos vinte

maquinas. 11 delas

param

automaticamente

quando há erros.

40. nenhuma

Como são

definidos os

erros de acordo

com a

customização do

cliente?

Somente se há

alguma coisa fora

da especificação

técnica definida.

Os erros são

identificados

quando há uma

característica não

conforme com a

especificação do

cliente.

Definido

conforme o

padrão pré-

aprovado pelo

cliente.

Você considera

crítico a

implantação de

parada

automática das

máquinas

devido à grande

variedade/custo

mização dos

produtos?

Sim, pois há

diferentes

exigências de

qualidade para

determinados

produtos e clientes.

É crítico, mas se

for possível

estabelecer nas

máquinas os

padrões de

qualidade de

acordo com as

características

estabelecidas pelo

cliente, é possível

implementar a

parada automática

de máquinas.

Sim, pois

existem

diferentes

padrões de

qualidade em

cada pedido.

Fonte: elaborado pelo autor.

Page 67: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

67

Na outra parte do estudo referente ao jidoka nas empresas, foi

levado a campo os sistemas a prova de erros para entender a viabilidade

de sua utilização de acordo com a realidade de cada empresa, e sua

manutenção.

Analisando o Quadro 11, a Empresa A considerou a utilização de

sistemas a prova de erros na sua fábrica como a utilização de um posto a

mais de inspeção nos pedidos considerados críticos, onde o produto

passar por dois funcionários que identificam visualmente se o produto

está conforme com as especificações. Vale ressaltar, que esse método

utilizado pela empresa não garante que os erros não ocorram, o que é a

essência de um sistema a prova de erros. Como traz Shingo (1996), os

sistemas a prova de erros são utilizados justamente para não necessitar

de processos de inspeção nos processos. Entretanto, a mesma empresa

considerou difícil a criação de sistemas a prova de erros no seu ambiente

de produção, ressaltando que a sua utilização necessita de uma

estabilidade no produto, o que não é comum ao sistema de produção sob

encomenda, já que o cliente modifica o produto.

Na mesma linha, a Empresa B, que apesar de utilizar sistemas a prova

de erros, traz que há dificuldades na criação de sistemas eficientes

devido a cada produto encomendado poder exigir diferentes formas de

tratamento nos processos. A Empresa C, mesmo não trabalhando para a

criação de sistemas a prova de erros, considera que não há dificuldades

em sua implementação no ambiente sob encomenda.

No estudo relacionado à utilização de andon nas empresas, foi

dado que as três possuem sistemas andon, que sinalizam quando

ocorrem anomalias em determinado processo.

Na Empresa A, além da utilização de andon em algumas

máquinas, ela cita a essência da utilização da ferramenta andon nas

ordens de produção, desenhando uma marca vermelha para identificar a

falha em determinada operação. Apesar desse método não ser

considerado um sistema andon, ele auxilia na identificação das

anomalias ocorridas na operação da empresa. Segundo Liker (2006), o

uso de sistema andon é atribuído à alarmes sonoros e alertas visuais que

dão a percepção real de como estão os processos em relação a

ocorrência de erros.

As Empresas B e C também utilizam andon nas máquinas. Elas

consideram que a implantação de andon não é afetada pela

customização do cliente nos processos produtivos. Porém, a Empresa C

informou que precisa estabelecer os dados na máquina a cada pedido, de

acordo com sua customização. Assim, para que a utilização de andon seja possível e eficiente é necessária que as informações sejam

Page 68: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

68

atualizadas constantemente. A Empresa A, considerou a implantação de

andon como fácil, porém como o sistema de produção sob encomenda

dificulta a definição do que está fora do padrão, a sua utilização é

dificultada.

Quadro 11 - Dados do questionário para o tópico Sistemas a prova de erros.

3. Jidoka - 3.2 Sistemas a prova de erros

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

São criadas

técnicas para

impossibilitar o

erro pelo

funcionário?

Tem a aprovação a 4

olhos, que é um

funcionário a mais

pra realizar a

inspeção à vista. É

utilizada quando um

pedido é considerado

crítico.

Sim.

Não.

Há dificuldades

em criá-los no

ambiente de

produção que a

empresa opera?

É difícil porque

sistemas a prova de

erros precisam de

uma estabilidade no

produto.

É difícil, pois têm

muitas exceções.

Cada produto pode

exigir diferentes

tratamentos.

Não.

Existe andon

pela fábrica? Se

sim, como

funciona?

Em algumas

máquinas apenas. Se

há algum problema,

bota na ordem de

produção uma bola

vermelha para

sinalizar.

Sim, todas as

máquinas que

param tem andon

para sinalizar.

Sim. O sistema

sinaliza de

acordo os alguns

dados pré-

estabelecidos na

máquina antes de

executar cada

ordem de

operação.

Você considera

que a grande

variedade de

produtos/custo

mização é

crítica para a

implantação de

andon?

Implantar é fácil o

problema é utilizar o

sistema, pois é difícil

dizer o que ta fora

do padrão pra

acionar andon.

Não. No nosso

caso a utilização de

andon não é crítica.

Não.

Fonte: elaborado pelo autor.

Page 69: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

69

4.2.4 Solução de Problemas

Para a manutenção de uma organização no mercado competitivo,

é essencial que ela saiba como tratar os problemas, quando eles

aparecem. Sampara et al. (2009) argumenta que a utilização das

ferramentas da qualidade com uma estruturação eficiente na solução de

problemas possibilita a transformação de problemas em oportunidades

de melhoria. Como parte do estudo na pesquisa, foram analisadas as

metodologias e os fatores que envolvem a forma como cada empresa

entrevistada trata os seus problemas.

Perguntadas sobre a utilização de uma metodologia estruturada

para resolver os problemas que surgem nas atividades das empresas, as

três informaram que possuem uma forma estruturada para a solução de

problemas, principalmente pela metodologia PDCA, como mostra o

Quadro 12.

As Empresas A e C focam na metodologia PDCA como

metodologia, procurando entender os problemas a fundo. A Empresa A

informou que utiliza o PDCA para os problemas que mais estão

impactando o desempenho da empresa, de acordo com suas prioridades.

A Empresa C usa a metodologia quando anomalias são identificadas e

também para as reclamações que surgem tanto dos colaboradores como

dos clientes. A Empresa B foca na metodologia 5W2H, a qual realiza

sete perguntas relacionadas ao problema em questão. De acordo com

Côrrea (2005), os 5W são referentes a What (o que?); Where (onde?);

Why (porquê?); Who (quem?); When (quando?); e os 2H são How

(como?) e How much (quanto?). Essas perguntas constituem uma forma

de analisar todos os fatores que envolvem o problema, facilitando

encontrar as ações certas para sua resolução.

Em questão sobre a variedade nos pedidos do cliente ser um fator

que dificulta a solução dos problemas e a adoção de um método

estruturado para tratá-los, ouve um posicionamento diferentes das três

empresas. Para a Empresa A, adotar uma forma estruturada de resolução

de problemas é essencial para entender que os problemas não são

ocasionados apenas pela variabilidade nos pedidos. Ela ainda ressalta

que a variabilidade ajuda a esconder as causas dos problemas e, por isso,

uma metodologia auxilia a encontrar as causas raízes de cada problema.

A Empresa B traz que a solução de problemas é prejudicada devido aos

pedidos dos clientes variarem, pois geralmente ocorrem situações que

um problema pode ser resolvido de tal maneira para um determinado

pedido e um específico cliente. Assim, é necessário encontrar solução

que se adéquam as variáveis do problema, conforme a customização

Page 70: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

70

oferecida no sistema. Já a Empresa C, considerou que o fator da

customização no pedido não dificulta a solução e tratamento de

problemas. Entretanto, ela considera que a variabilidade nos pedidos do

cliente facilita o repetição de problemas já observados antes.

Quadro 12 - Dados do questionário para o tópico Solução de Problemas.

4. Solução de problemas

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

Vocês utilizam a

metodologia

PDCA ou

alguma forma

estruturada

para solução de

problemas?

Sim, sempre

tentamos planejar a

solução de

problemas, com o

foco em encontrar as

causas raízes e

eliminá-las.

Focamos mais na

metodologia

5W2H para

solução de

problemas e

Ishikawa.

Sim. Utilizamos

o ciclo PDCA

pra retorno de

reclamações e

análises de não

conformidades.

Você considera

que a

variedade/custo

mização dos

produtos

dificulta

encontrar a

solução dos

problemas?

Eu acho que ter um

método estruturado é

o que ajuda, por não

achar que todo

problema acontece só

por causa da

variabilidade. A

variabilidade que

esconde as causas.

Sim. Pois sempre

há algum furo, tal

caso pode ter

diversas

possibilidades.

Uma correção pode

funcionar quando

ocorrem

determinados

pedidos e pode não

ter utilidade caso

ocorram variações.

Não dificulta.

Os problemas

de qualidade

geralmente

voltam a se

repetir? Você

acha que a

variedade/custo

mização dos

produtos

dificulta a

eliminação dos

problemas por

completo?

Com certeza, porque

os problemas no

modo sob

encomenda são

intermitentes, por

exemplo, acerto de

tintas em cor que

precisa. Os ajustes

não são eficazes em 1

mês e depois só em 6

meses, é constante.

Acho que sim, pois

a empresa gasta

bastante tempo

trabalhando na

eliminação total

do problema,

tentando considerar

todas as variações

possíveis.

Sim. A

customização

nos pedidos

propicia a volta

dos mesmos

problemas.

Fonte: elaborado pelo autor.

Da mesma forma, as Empresas A e B reforçam que os problemas

frequentemente voltam a se repetir nos processos. A Empresa A ainda

diz que os problemas no sistema de produção sob encomenda são

Page 71: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

71

intermitentes, pois os ajustes são necessários constantemente para se

adequar a exigência específica do cliente. A Empresa B traz que a

empresa gasta um grande esforço trabalhando na eliminação dos

problemas por total, pois tentam considerar todas as variáveis possíveis

que possam se relacionar aos problemas.

4.2.5 Trabalho Padronizado

Muitos autores consideram a padronização do trabalho sendo

essencial para obter um melhor desempenho nas atividades e possibilitar

a implementação de melhorias com base no padrão de como a atividade

é realizada. De acordo com Sandoff (2005), a padronização ajuda no

controle e previsão de erros, minimizando o surgimento de anomalias

nos processos. Campos (2004) enfatiza a importância da padronização

das atividades das empresas dizendo que não existe gerenciamento sem

padronização. Assim, considera-se a existência de trabalhos

padronizados como um dos fatores essenciais para a garantia de

qualidade nos procedimentos na organização.

Com as variáveis frequente nos processos das Empresas A, B e C,

buscou-se entender como ocorre a utilização de trabalhos padronizados

e suas barreiras.

Como mostra o Quadro 13, as Empresas A e B confirmaram a

existência de padronização de trabalho na empresa. Já a Empresa C

informou estar implementando um sistema de padronização. Quando

questionada sobre o propósito de estarem trabalhando para essa

padronização, a empresa afirmou que foi compreendida a necessidade de

padronizar os trabalhos onde for viável, para obter um controle eficiente

nas suas operações.

Buscando compreender como os funcionários conheciam a

maneira correta de se realizar o trabalho nas empresas, questionou-se

sobre o repasse de informações aos colaboradores. A Empresa A

informou que possui um manual de procedimentos, porém disse ser

muito amplo, o que deu a entender que são informações sobre macro

situações, sem uma determinada especificação das atividades.

Na Empresa B, observou-se uma estruturação melhor quanto ao

acompanhamento na execução das tarefas. Além do treinamento que os

funcionários recebem, os mesmos contam com o suporte dos líderes de

setor e com a área da qualidade, para suprir dúvidas quanto as tarefas de

cada procedimento para as especificações de cada produto

encomendado.

Page 72: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

72

Já a Empresa C disse realizar treinamento sobre os procedimentos

necessários aos colaboradores, porém ocorrem muitas variações na

eficiência das tarefas. Esse fato é um dos motivos pelo qual a empresa

esta dedicando esforços a padronização de atividades, como citado

anteriormente.

Quadro 13 - Dados do questionário para o tópico Trabalho Padronizado.

5. Trabalho Padronizado

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

Existe

padronização de

trabalho pela

empresa?

Existe. Existe.

Estamos

trabalhando para

implementar um

sistema de

padronização.

Como as

informações são

transmitidas aos

colaboradores a

fim de

esclarecer

dúvidas, e a

maneira correta

de realizar as

atividades?

Tem um manual de

procedimentos, mas é

muito amplo.

Lideres de setores,

que são as pessoas

mais técnicas do

setor. Eles treinam

os funcionários e

suprem as dúvidas,

além da área da

qualidade que da o

suporte quando os

lideres tem

questionamentos.

Por treinamentos

de

procedimentos.

Como é

trabalhada a

padronização de

trabalho na

empresa, tendo

em vista a

variedade/custo

mização nos

pedidos do

cliente?

Como não é possível

padronizar todas as

operações devido às

mudanças de

pedidos, tenta-se

padronizar mais as

atividades simples

como, por exemplo, a

movimentação de

materiais.

Padronizamos

algumas atividades

nos postos de

trabalho como a

forma de manusear

o produto e mexer

uma maquina, por

exemplo. Porém,

os pontos mais

críticos que

dificultam a

padronização do

trabalho são as

atividades que

dependem do

pedido do cliente.

Padronizando os

periféricos(clichê

,anilox,dupla

faces e tintas)

que são

frequentemente

trocados na

máquina de

Impressão e

aumentam as

variáveis no

processo. Dessa

maneira,

reduzimos a

gama de

variações.

Fonte: elaborado pelo autor.

Page 73: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

73

Questionadas sobre como elas lidam com a padronização do

trabalho, já que estão sujeitas as variáveis provenientes na customização

encomenda do cliente, as empresas mostraram limitações quanto a

padronização no seu ambiente. As empresas citaram que não é possível

padronizar tudo, devido justamente a variabilidade nos pedidos. Portanto

são destinados esforços para padronizar as atividades menos complexas,

onde há maneiras de se padronizar. Como pode ser visto no Quadro 13,

a Empresa A disse padronizar atividades que não são interferidas pela

customização, como a movimentação de materiais.

Na Empresa B, onde constam atividades com operações manuais

nos processos, procura-se padronizar formas corretas de manusear o

produto e também como operar as máquinas que a empresa utiliza. Para

a Empresa C a padronização é buscada mais para equipamentos que

devem ser trocados na máquina a cada troca de pedido, ou seja, quando

ocorrem os setups. Com isso, são reduzidas as variáveis de processo, o

que diminui de certa forma o impacto da customização no sistema sob

encomenda, facilitando o controle na execução dos procedimentos e na

qualidade com que o produto é fabricado.

Devido às dificuldades que o ambiente sob encomenda enfrenta

para padronização de trabalho, a garantia da qualidade é afetada.

Campos (2004) ressalta em sua obra, que os funcionários garantem a

qualidade nos processos com a execução dos procedimentos

operacionais padrão. Portanto, com a variabilidade ocasionada pela

customização do cliente, o sistema sob encomenda tem o trabalho

padronizado como um fator crítico, dificultando a gestão e o controle da

qualidade.

4.2.6 5S

Muita consolidada no Japão, de onde surgiu, a metodologia 5s é

referente a cinco sensos japoneses. Essa metodologia é reconhecida

atualmente pelas grandes empresas mundiais, que buscam através dela

obter um ambiente adequado de trabalho. A implantação do 5s na

organização também é considerada como um dos primeiros passos a se

seguir para inserir programas na área da qualidade nas empresas (ISHIKAWA, 1986). Para analisar a utilização dessa metodologia nas

empresas estudadas, questionou-se sobre a sua existência, manutenção e

dificuldades, como mostrado no Quadro 14.

Em relação à utilização do 5s nas empresas, a Empresa A

informou que o pessoal na sua fábrica é organizado. Entretanto,

observou-se que a empresa não aplica a essência da metodologia, que

Page 74: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

74

vai além da organização. Veloso e Soares (2013) afirmam que a

implantação do 5s em uma empresa deve visar também eliminar perdas

e educar os colaboradores para executar suas tarefas de forma a sustentar

e aprimorar a qualidade no sistema.

A Empresa B confirmou se preocupar com a metodologia 5s e

relatou existir um acompanhamento dos padrões criados referente à

manutenção do 5s. Na Empresa C, foi constatado que há pouca

aplicação da metodologia, porém esta sendo trabalho um procedimento

de auditoria semanal, de forma a garantir a correta utilização da

metodologia. A empresa ainda informou que esse projeto de

estruturação de uma auditoria para o 5s na empresa surgiu após, no

início do ano, ser realizado um evento kaizen, focado em melhorias e

implantação da metodologia 5s em um setor específico da fábrica.

Quadro 14 - Dados do questionário para o tópico 5S.

6. 5S

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

O 5s é

trabalhado nos

setores da

fábrica? Como é

sua

manutenção?

Não. O pessoal é

organizado, mas não

fazemos o 5s.

Sim. São

estabelecidos

padrões de acordo

com o 5s.

Pouco. Estamos

querendo

implantar

auditoria

semanal de 5s e

BPF (boas

práticas de

fabricação).

Você acha que a

variedade/custo

mização dos

produtos

dificulta a

implantação do

5S no sistema

sob encomenda?

Um pouco, na parte

de definir onde serão

os postos de trabalho

e as ferramentas, pois

se muda as

dimensões de cada

pedido, por exemplo,

dificulta a

manutenção do 5S.

Não. O maior

problema é o

treinamento dos

funcionários para

respeitarem os

padrões 5S.

Não.

Fonte: elaborado pelo autor.

Quanto às dificuldades de implantação da metodologia no sistema sob encomenda, as empresas B e C consideraram que o sistema

não interfere na sua aplicação. A empresa B ainda traz no Quadro 14

que a maior dificuldade envolvendo a manutenção do 5s está

relacionada às pessoas, onde considera crítico os funcionários

respeitaram os padrões 5s a serem seguidos. Aqui, vale destacar que

Page 75: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

75

essa dificuldade está mais envolvida à cultura organizacional das

pessoas em cada empresa do que ao ambiente de produção operado.

Como afirma Paladini (2004), para que o 5s seja inserido na

organização, é necessária uma mudança de hábitos e pensamentos por

parte dos colaboradores. Assim, para empresas que não estão adaptadas

aos cinco sensos japoneses, faz-se necessário uma alteração cultural na

organização como um todo. Para a Empresa A, a manutenção do 5s é

um pouco dificultada pela variedade dos pedidos no ambiente sob

encomenda, e cita situações como as variações dimensionais nos

pedidos e ferramentas que podem dificultar a organização dos postos de

trabalho e alocação padronizada de produtos e materiais.

4.2.7 Implementação de Melhorias

Diante do conceito de qualidade ser dinâmico com mudança

contínua nas necessidades requisitadas pelos consumidores, as empresas

precisam buscar constantemente por melhorias, de forma a garantir sua

permanência no mercado.

O Quadro 15 traz os pontos discutidos com as empresas A, B e C

em relação aos esforços que são dedicados para a implementação de

melhorias e como elas são sustentadas devido às alterações nos pedidos

de seus clientes.

Questionadas sobre a realização de eventos focados em melhorias

como Eventos Kaizen e CCQ, somente a Empresa A afirmou não

trabalhar com a realização desses eventos na empresa. A Empresa B,

relatou que ocorre a realização de eventos Kaizen, conforme verificam a

necessidade de melhorias mais específicas. Já a Empresa C, informou

que foi realizado o primeiro evento Kaizen esse ano, com o foco de

melhorias em um determinado setor, envolvendo a metodologia 5s e

mudança de layout.

No que diz respeito à forma como é tratada a sustentação das

melhorias obtidas, as empresas relataram realizar um acompanhamento

e controle constante nas atividades melhoradas. Mesquita e Alliprandini

(2003) enfatizam a importância do controle após a implantação de

melhorias para que todo o esforço dedicado a alcançar uma melhora não

se perca e seja algo pontual. A Empresa A também relatou a utilização

de quadros de controle para acompanhar o andamento do processo

quanto às melhorias instaladas e ainda destacou que na prática o que não

se controla se perde.

Page 76: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

76

Além disso, ressaltou novamente a importância de treinar os

funcionários para a execução das melhorias, com o acompanhamento

contínuo.

Quadro 15 - Dados do questionário para o tópico Implementação de Melhorias.

7. Implementação de melhorias

Empresa A Empresa B Empresa C

Utilizam a

metodologia

Kaizen e/ou

CCQ para

solução de

problemas e

melhorias na

qualidade?

Não. Sim, com a

realização de

Eventos Kaizen.

Sim. Utilizamos a

metodologia

Kaizen. Esse ano

realizamos o

primeiro Evento

Kaizen na fábrica.

Como é feita a

sustentação das

melhorias

quando

implementadas?

Com muito

controle. Faz

melhorias e depois

tenta sempre

realizar quadros de

controle de como

esta o andamento

do processo, pois

na experiência que

temos se não

controla se perde.

Acompanhamento e levantamento de

dados.

Acompanhamento constante das

novas técnicas

implementadas pós

kaizen.

Você acha que a

variedade/custo

mização dos

produtos

dificulta a

implementação

e sustentação de

melhorias?

Com certeza. Uma

melhoria hoje pode

não funcionar

amanhã, já que o

produto pode

variar.

Muito. Sempre tem

planos A, B e C

pois trabalhamos

com especificações

de produtos

diferentes. Como

têm muitas

variedades, a

sustentação de uma

melhoria pode

durar poucos dias

caso não haja

treinamento e um

acompanhamento

contínuo.

Sim, pois as

melhorias podem

necessitar

adaptação se

modificar ou

surgirem novas

exigências do

cliente.

Fonte: elaborado pelo autor.

Page 77: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

77

Na mesma linha, a Empresa C diz que a possibilidade de

alteração nos pedidos dos clientes podem exigir modificações nas

melhorias instaladas, dificultando a sua sustentação.

4.2.8 Gestão Visual

Com os benefícios fornecidos pela gestão visual como ter o

entendimento rápido da situação, expor anomalias e facilitar o controle

de processos, foi analisada a sua utilização nas Empresas A, B e C,

conforme seu ambiente de operação.

As três empresas relataram utilizar ferramentas de gestão à vista

nos seus processos, de diferentes maneiras, como pode ser verificado no

Quadro 16.

Quadro 16 - Dados do questionário para o tópico Gestão Visual.

8. Gestão Visual

Perguntas Empresa A Empresa B Empresa C

A empresa

utiliza a gestão

à vista nos

processos?

Como é feita?

Em muitos deles.

Em todos os postos

tem fila de entrada e

saída pra saber a

ocupação, se tem fila

e se tem material pra

ser produzido.

Sim. Todos os

processos utilizam

a gestão visual em

quadros de

indicadores de

produção, de

quebras e produção

hora/hora.

Temos pouco,

mas estão sendo

implementadas

mais ferramentas

de gestão à vista.

Você acha que a

variedade/custo

mização dos

produtos

dificulta a

utilização da

gestão visual?

Dificulta por um

lado, mas precisa

utilizar pra diminuir

o impacto da

variabilidade.

Não, mas tem

algumas situações

que poderiam ser

melhoradas com a

ajuda de gestão

visual se não

houvesse alta

variedade nos

pedidos.

Não. Eu acho

que a gestão

visual ajuda no

controle de

processos.

Fonte: elaborada pelo autor.

A Empresa A afirmou usar a gestão visual em muito dos seus

postos de trabalho, e exemplificou uma de suas utilidades na empresa

para ter uma noção rápida de como está a ocupação de cada processo,

identificando visualmente se há material a ser produzido ou não,

conforme o espaço visual demarcado na fábrica. A Empresa B mostrou

Page 78: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

78

utilizar a gestão visual com a instalação de quadros de indicadores de

produção, quebras e produção por hora, facilitando todos os

colaboradores entender pelo quadro visual como está a empresa em

relação a cada indicador de desempenho. Apesar de a Empresa C relatar

pouco uso da gestão visual na empresa, ela mostrou importância pela

ferramenta, informando que estão buscando maneiras de utilizar mais

ferramentas de gestão à vista na empresa.

Indagadas sobre a existência de dificuldades geradas pela

variedade nos produtos encomendados, as três empresas consideraram

que essa variabilidade não impacta a utilização da gestão visual, apesar

das Empresas A e B acreditarem haver limitações na sua implantação. A

Empresa A acredita que apesar da customização dificultar de certa

maneira a usar a gestão visual, sua utilização pode reduzir o impacto que

a variabilidade nos pedidos gera nos processos. A Empresa B, admitiu

que se não houvesse uma grande variabilidade no pedido dos produtos,

os benefícios gerados pela gestão visual poderiam ser melhor

aproveitados na empresa.

Contudo, as três empresas também mostraram entender a

utilização da gestão à vista como uma necessidade para o controle das

atividades no sistema de produção sob encomenda.

4.2 ANÁLISE GLOBAL

Com a aplicação do instrumento de análise em três empresas de

diferentes ramos, foi possível levar em conta os mesmos insumos de

aplicação no setor de qualidade na produção, de diferentes perspectivas

práticas. As empresas apresentam diferenças entre si no que diz respeito

ao tamanho ocupacional, quantidade de colaboradores, demanda de

produção e tipo de produto fabricado. Entretanto, os assuntos abordados

no questionário voltados para a manutenção da qualidade trouxeram

características e dificuldades semelhantes, enfrentadas pelas empresas

entrevistadas.

Observando os tópicos que foram considerados mais críticos para

o gerenciamento e controle da qualidade, pode-se dizer que grande parte

é afetada pela customização do cliente, característica do sistema de

produção sob encomenda. Esse fator mostra que é necessário um

controle de qualidade altamente dinâmico, que deve moldar-se para não

deixar a variabilidade nos pedidos afetarem o nível de qualidade que o

cliente espera.

De acordo com os dados coletados nas três empresas

entrevistadas, apenas alguns tópicos não são considerados críticos

Page 79: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

79

devido ao pedido do cliente interferir nos processos produtivos da

empresa. São eles: Sistemas a prova de erros com andon (que está

dentro do tópico 3- Jidoka); 5s; Gestão Visual. Outros, como Moral e

Segurança (que estão dentro do tópico 1- TQC); sofrem algum impacto,

dependendo da estruturação de processos da empresa e da sua demanda

produtiva.

Na maioria dos questionamentos, fatores essenciais para facilitar

o gerenciamento e controle da qualidade, ferramentas de aplicação e

suas manutenções são tratados como limitados no sistema das empresas

analisadas.

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Nesse capítulo foi estudado o comportamento de três empresas

que operam no sistema sob encomenda em relação a cada tópico

trabalhado no questionário. Com a coleta de dados nas unidades

entrevistadas, foram obtidos insumos para algumas considerações. Estas,

envolvem a abrangência da utilização das metodologias e ferramentas da

qualidade no ambiente sob encomenda, e podem ser observadas, de

forma resumida, no Quadro 17.

Quadro 17 - Considerações finais dos tópicos abordados

Tópicos Considerações

TQC

As Dimensões Qualidade, Custo e

Entrega, são afetadas pelas variações

nos pedidos do cliente, tornando difícil

a entrega no tempo certo, com a

qualidade esperada e a um preço justo.

Moral e Segurança não são críticos,

dependendo dos processos e demanda

que cada empresa está sujeita.

Controle de Processos

É dificultado pelas variações nos

pedidos e exige uma realização de

forma dinâmica, conforme as

encomendas realizadas.

Jidoka

O conceito de Parada automática de

máquinas necessita de uma

padronização dinâmica na máquina,

conforme os pedidos, para sua

utilização. Para os Sistemas a prova de

erros considerados, o sistema andon é

aplicável ao sistema sob encomenda.

Page 80: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

80

Solução de Problemas

É dificultada, devido à variedade de

situações que cada pedido pode estar

sujeito. Assim, problemas de qualidade

geralmente voltam a se repetir.

Trabalho Padronizado

É possível em operações simplificadas.

Operações que dependem da

customização para ocorrer torna a

padronização inviável e dificulta a

garantia da qualidade.

5S

Não apresenta fatores críticos, de

forma geral. Deve ser aplicado para

obter melhor qualidade no trabalho e,

consequentemente, no produto.

Implementação de Melhorias

Necessita atenção quanto à viabilidade

de aplicação e sustentação, conforme

as possíveis variações nos pedidos do

cliente.

Gestão Visual

Não apresenta fatores críticos e deve

ser utilizada para um melhor controle

de qualidade nos procedimentos.

Fonte: elaborada pelo autor.

Page 81: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

81

5 CONCLUSÃO

O que se observa no mercado atual, é um cliente cada vez mais

exigente quanto a qualidade dos produtos, ao custo requisitado, ao

tempo de entrega e a customização oferecida pelas empresas.

As empresas que oferecem uma gama de produtos customizados

tendem a uma diversidade alta de clientes, visto que às exigências

conforme suas necessidades se tornam cada vez mais diferenciadas.

Diante disso, as empresas devem oferecer uma flexibilidade nos

pedidos, com a qualidade esperada pelo consumidor.

O sistema de produção que se enquadra nesse ambiente é

chamado sob encomenda. Devido aos seus processos estarem sujeitos às

especificações do cliente, o sistema sob encomenda requer um maior

controle nas suas atividades, para que a variabilidade nos pedidos não

afete a eficiência dos processos produtivos. Assim, considerou-se

importante a realização de uma análise da gestão e do controle da

qualidade em empresas que operam no sistema de produção sob

encomenda.

Para a realização de uma análise, foi necessário coletar na

literatura, os assuntos e ferramentas que dizem a respeito ao controle da

qualidade em uma empresa. Também, foi realizado um estudo base para

o entendimento do sistema de produção sob encomenda. Com toda a

teoria englobada no referencial teórico, foi possível estabelecer a

metodologia adequada para a pesquisa, que se deu pela elaboração de

um questionário (apresentado no APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO) e

aplicação prática em três empresas que operam sob encomenda. Assim,

deu-se a realização de um estudo de caso.

Com a aplicação do questionário, foram observadas dificuldades

enfrentadas no gerenciamento e controle da qualidade em empresas de

produção sob encomenda. Além disso, foi possível identificar fatores

críticos na utilização de ferramentas e metodologias essenciais para a

manutenção da qualidade, bem como suas necessidades e formas de

aplicação. De acordo com os oito tópicos abordados no questionário, foi

visto que grande parte das ferramentas utilizadas para o gerenciamento e

controle da qualidade são afetadas pelo sistema sob encomenda, e

quando é possível sua implementação nas empresas que operam nesse

sistema, faz-se necessário adaptações frequentes.

Considerações nas dimensões da qualidade envolvendo os custos

nos quais os produtos estão sujeitos, o tempo de entrega desde a

fabricação ao envio para o cliente, e a quantidade de perdas e defeitos

são altamente impactados pela variação nos pedidos do cliente.

Page 82: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

82

Na mesma direção, segue o controle de processos, o conceito

jidoka para a parada automática de máquinas, a solução de problemas e

a implementação de melhorias. Todos esses, são críticos e geram

dificuldades de manutenção no sistema de produção sob encomenda.

Com isso, para utilizar as principais ferramentas que cabem a estes

tópicos, é preciso moldá-las de forma dinâmica, que se adaptem a

variabilidade que o produto está sujeita de acordo com o cliente. Além

disso, em algumas oportunidades, a essência das metodologias e

ferramentas não cabem ao sistema de produção sob encomenda,

tornando seu uso inviável e propiciando o aparecimento de problemas

relacionados à qualidade dos produtos.

Entretanto, dos conceitos abordados, há metodologias e

ferramentas que não sofrem grandes dificuldades quando impostas ao

sistema sob encomenda. Dentre essas, estão a utilização de sistemas

andon, a metodologia 5S e a gestão visual. Além de ser possível sua

implementação no dado ambiente, deve-se utilizar essas ferramentas

para reduzir os impactos que a customização do cliente gera no

gerenciamento e controle da qualidade.

Diante do contexto apresentado e das situações práticas

encontradas, considera-se que o gerenciamento e controle da qualidade

no sistema de produção sob encomenda é crítico, principalmente

comparado aos sistemas de produção para estoque, que não possui um

ambiente de alta customização. A variabilidade nos pedidos do cliente

entra nos processos produtivos e dificulta assim, um controle eficaz dos

processos, necessitando de uma manutenção dinâmica para a área da

qualidade. Além da realização do controle, o incremento de melhorias

na qualidade também é dificultado devido às situações incertas que o

pedido do cliente pode sujeitar a empresa.

Contudo, sugere-se que trabalhos futuros sejam direcionados para

o desenvolvimento de ferramentas da qualidade específicas ao sistema

de produção sob encomenda. Devido à carência de metodologias que se

adaptem de forma dinâmica a variação nos pedidos do cliente na qual

esse sistema está vulnerável, o controle e gerenciamento da qualidade

são prejudicados e sofrem os impactos da variabilidade. Assim, espera-

se que sejam trabalhados e analisados métodos que evitem ou diminuam

o surgimento de problemas relacionados à qualidade nesse ambiente.

Devido à limitação encontrada na quantidade de empresas que

operam sob encomenda na região onde o estudo foi possível, as análises

foram realizadas em empresas que apresentam algumas diferenças. Elas

variam quanto ao setor, aos processos produtivos, a demanda e a

utilização das ferramentas consideradas relevantes para a gestão e o

Page 83: GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE …GESTÃO E CONTROLE DA QUALIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB ENCOMENDA: Estudo de múltiplos casos Este Trabalho de Conclusão de

83

controle da qualidade. Portanto, é aconselhada a realização de um estudo

prático em empresas com características semelhantes quanto as variáveis

citadas. Aconselha-se também, em paralelo ao estudo, a implementação

das ferramentas e metodologias da qualidade consideradas nessa

pesquisa nas empresas a serem analisadas, para que as variáveis da

utilização e do conhecimento quanto à ferramenta e metodologia sejam

sanadas.

Por fim, conclui-se que o objetivo principal da pesquisa foi

alcançado, com a realização da análise prática do gerenciamento e

controle da qualidade em empresas que operam em sistemas de

produção sob encomenda, a identificação dos fatores críticos que

envolvem a qualidade nesse ambiente, e a contribuição para estudos

futuros no desenvolvimento da produção sob encomenda.

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91

APÊNDICE A – Carta de apresentação à empresa

Carta de Apresentação

Prezado(a) Sr(a),

Sou estudante do curso de Engenharia de Produção Civil, na

Universidade Federal de Santa Catarina, e estou realizando o meu

Trabalho de Conclusão de Curso. O tema do trabalho é direcionado à

análise do gerenciamento e controle da qualidade em uma empresa que

opera no sistema de produção sob encomenda.

Assim, para que o meu trabalho seja concluído é necessário a aplicação

de um questionário na empresa. O questionário é composto por

perguntas relacionadas com a manutenção da qualidade em uma

empresa. Para aplicação dele é estimado 1 hora de entrevista com um

representante da empresa, responsável pelo setor de qualidade da

mesma.

Desde já, informo que a identidade da empresa e toda informação

passada será mantida em sigilo e apenas o pesquisador terá acesso a

elas. A realização da pesquisa é de cunho acadêmico e qualquer dado

relacionada à empresa só será publicado mediante a aprovação da

mesma. Também esclareço que a utilização dos dados após a aprovação

da empresa será realizado apenas no meu trabalho e em nenhum outro

local.

Com isso, venho por meio desta carta solicitar a colaboração da empresa

para possibilitar a conclusão do meu estudo. Agradeço desde já, e estou

à disposição para eventuais esclarecimentos.

Att,

Sergio Gabriel Medeiros Mafra.

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APÊNDICE B – Questionário

As perguntas a seguir constituem o instrumento de análise

utilizado para a pesquisa em questão. O questionário é separado em oito

tópicos, referentes ao tema e objetivo da pesquisa.

1. TQC – dimensões da qualidade total –

1.1 qualidade

1.1.1 Qual a porcentagem de produtos fabricados com defeito de acordo

com o controle da empresa?

1.1.2Quais fatores consideram críticos para os problemas de qualidade

que normalmente ocorrem?

1.1.3 Você considera a variedade/customização um aspecto crítico para

a qualidade? Por quê?

1.2 Custo

1.2.1 A empresa trabalha em cima de redução de custos em processos?

1.2.2 Você considera que a variedade/customização dos produtos

influencia no custo? Por quê?

1.3 Entrega

1.3.1 A empresa tem um controle do nível de atendimento da entrega

dos produtos? Se sim, qual o nível atual?

1.3.2 Como é feito o controle da data de entrega dos pedidos?

1.3.3 Você considera que a variedade/customização dos produtos

influencia na entrega? Por quê?

1.4 Moral

1.4.1 Quais os Índices de absenteísmo e reclamações na empresa?

1.4.2 Você considera que o ambiente de produção sob encomenda

apresenta um índice baixo no quesito Moral devido ao trabalhador estar

sujeito às variações no pedido do cliente para executar seu trabalho?

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1.5 Segurança

1.5.1 Existem treinamentos de segurança na empresa?

1.5.2 Qual o número de colaboradores acidentados nos últimos seis

meses? E mortos?

1.5.3 Você acha que no ambiente de produção sob encomenda há mais

riscos devido ao trabalho estar sempre se moldando ao pedido do

cliente?

2. Controle de Processos

2.1 É realizado algum controle estatístico de processos?

Se não, como a empresa realiza o monitoramento da qualidade?

2.2 Você considera que a variedade/customização dos produtos

dificulta a adoção de controles nos processos?

3. Jidoka

3.1 Parada automática

3.1.1 Quantas máquinas há no total na fábrica? Quantas param

automaticamente quando ocorrem erros no processo?

3.1.2 Como são definidos os erros de acordo com a customização do

cliente?

3.1.3 Você considera crítico a implantação de parada automática das

máquinas devido à grande variedade/customização dos produtos?

3.2 Prova de erros

3.2.1 São criadas técnicas para impossibilitar o erro pelo funcionário?

3.2.2 Há dificuldades em criá-los no ambiente de produção que a

empresa opera?

3.2.3 Existe andon pela fábrica? Se sim, como funciona?

3.2.4 Você considera que a grande variedade de produtos/customização

é crítica para a implantação de andon?

4.Solução de Problemas

4.1 Vocês utilizam a metodologia PDCA ou alguma forma estruturada

para solução de problemas?

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4.2 Você considera que a variedade/customização dos produtos dificulta

encontrar a solução dos problemas e adotar um método estruturado para

tratá-los?

4.3 Os problemas de qualidade geralmente voltam a se repetir? Você

acha que a variedade/customização dos produtos dificulta a eliminação

dos problemas por completo?

5. Trabalho padronizado

5.1 Existe padronização de trabalho pela empresa?

5.2 Como as informações são transmitidas aos colaboradores a fim de

esclarecer dúvidas, e a maneira correta de realizar as atividades?

5.3 Como é trabalhada a padronização de trabalho na empresa, tendo em

vista a variedade/customização nos pedidos do cliente?

6. 5s

6.1 O 5s é trabalhado nos setores da fábrica? Como é sua manutenção?

6.2 Você acha que a variedade/customização dos produtos dificulta a

implantação do 5S no sistema sob encomenda?

7. Implementação de Melhorias

7.1 Utilizam a metodologia Kaizen e/ou CCQ para solução de

problemas e melhorias na qualidade?

7.2 Como é feita a sustentação das melhorias quando implementadas?

7.3 Você acha que a variedade/customização dos produtos dificulta a

implementação e sustentação de melhorias?

8. Gestão Visual

8.1 A empresa utiliza a gestão à vista nos processos? Como é feita?

8.2 Você acha que a variedade/customização dos produtos dificulta a

utilização da gestão visual?

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APÊNDICE C – Protocolo de pesquisa

O protocolo a seguir foi elaborado para apresentar os

procedimentos necessários para a realização do estudo de caso da

pesquisa. Ele está separado por atividades, responsáveis e observações,

para um melhor esclarecimento de determinada atividade/responsável.

Atividade Responsável Observações

Entrar em contato com a

empresa para verificar a

disponibilidade da

pesquisa e aplicação do

questionário

Pesquisador

O contato com a

empresa será feito via

e-mail e por telefone,

conforme necessidade.

Confirmar a data de

aplicação do questionário Autor/Entrevistado

O entrevistado deverá

ter total conhecimento

pelo setor de Controle

de Qualidade da

empresa em análise.

Realizar a aplicação do

questionário Autor/Entrevistado

O questionário será

aplicado pessoalmente,

com a previsão de 1

hora para realização.

Compilar os dados e

documentá-los Pesquisador -

Enviar os dados

documentados para o

representante da empresa

entrevistado

Pesquisador -

Analisar a documentação

dos dados em relação à

veracidade e

conformidade dos

mesmos.

Entrevistado

Caso o representante

da empresa

entrevistado não esteja

de acordo com alguma

informação

documentada, ele

poderá fazer

modificações para

adequar os dados

corretamente.

Análise dos dados

coletados e finalização da

pesquisa.

Pesquisador -

Fonte: elaborada pelo autor.